capa mães coragem
Transcrição
capa mães coragem
SAÚDE & BEM-ESTAR CAPA MÃES CORAGEM Os benefícios da medicina chinesa TUDO NOVO DE NOVO Inverno: hora de tirar os casacos do armário EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO Intercâmbio cultural: uma experiência de vida ARTE & CULTURA O coreto democrático da praça São Salvador EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO Uma casa dedicada à leitura em Laranjeiras SUMÁRIO SUMÁRIO COLUNAS & ARTIGOS www.folhacarioca.com.br [email protected] 4 Fundadora Regina Luz Conselho Editorial Paulo Wagner (editor executivo) Lilibeth Cardozo (editora de conteúdo) Vlad Calado Arquimedes Celestino Fred Alves Jornalista responsável Fred Alves (MTbE-26424/RJ) Design e Criação www.Ideiatrip.com.br Projeto gráfico Vlad Calado Arte de capa Foto de Arthur Moura Diagramação e Ilustração Yuri Bigio, Carlos Pereira, Olavo Parpinelli Fotografia Arthur Moura, Fred Pacífico Revisão Marilza Bigio e Carmen Pimentel Colaboradores Alexandre Brandão, Ana Flores, André Leite, Arlanza Crespo, Carmen Pimentel, Fred Alves, Gláucia Pinheiro, Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci Malta, Juliana Alves, Lilibeth Cardozo, Marilza Bigio, Oswaldo Miranda, Renato Amado, Sérgio Lima Nascimento , Suzan Hanson, Tamas Desenvolvimento web Bruno Costa Mídias Sociais Mary Scabora Distribuição Gratuita, veja os pontos na página 42 Publicidade Verônica Lima, Angela Bittencourt, Solange Santos (21) 2253-3879 [email protected] Uma publicação: www.arquimedesedicoes.com.br Av. Marechal Floriano, 38 / 705 Centro – Rio de Janeiro – RJ CEP.: 20080-007 06 Arlanza Crespo Quem é Quem 07 Lilibeth Cardozo 17 Iaci Malta 26 Ana Flores 27 Tamas 28 Oswaldo Miranda 29 Gisela Gold 30 Bijux in the Box 32 Carmen Pimentel 33 Alexandre Brandão CAPA DE CORPO E ALMA A popularização da dança de salão em programas de televisão reaviva uma cultura há muito consagrada no Rio de Janeiro. Dançarinos profissionais fazem par com convidados. Escolas de dança atraem cada vez mais alunos e promovem encontros dançantes os mais variados. Seja em tradicionais salões de dança, bailes em restaurantes, até luaus à beira mar. Do samba de gafieira ao swing jazz, opções não faltam para quem deseja sacudir o esqueleto acompanhado. Prepare a salmoura, lustre os sapatos e entre no ritmo. 18 No Osso SAÚDE & BEM-ESTAR 11 doA elegância e o charme mês de junho 10 Osmedicina benefícios da chinesa EDITORIAL EDITORIAL Arthur Moura Dançando para esquentar No mês dos namorados o Rio fica friozinho.Para contrapor a imagem dos agasalhos em paisagem mundialmente conhecida pelas roupas leves dos cariocas sob sol forte, o céu fica mais azul e raios de luz entre poucas nuvens parecem traços de artistas. O cenário sugere passeios a dois , aconchego, mãos dadas, caminhadas em parques e jardins. Se o verão “bombou” e fez novos casais na cidade, em 12 de junho novos e antigos namorados celebram o romance, o encontro e o amor. Nada como noites de danças sob céus estrelados onde o compasso é marcado por corações apaixonados que entrelaçam braços, pernas e pés bailando ao som de ritmos escolhidos nas páginas das histórias dos casais. A Folha Carioca também namora. Namora o Rio, e, para celebrar, nossa matéria de capa mostra a festa do corpo e da alma que é a dança, quase um vício para os cariocas. Vale conferir. Para não fugir do tema de amor e namorados, Arlanza Crespo nos conta quem é Jorge Salomão , um baiano/ carioca apaixonado que adora namorar tudo da vida, inclusive mulheres. Lilibeth Cardozo mete bronca nas críticas e elogios ao vício do momento: o facebook; o facebook. Samantha Quintaes, que sempre diz não ao desperdício, mostra que é divertido fazer nosso guarda-roupa de junho ganhar vida nova. Já a Ana Flores prefere tratar do EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO desperdício dos humanos. Alexandre Brandão continua encantando com suas crônicas infalíveis no estilo dos grandes da literatura.Os textos da Gisela Gold anunciam gente de talento na arte de escrever, Oswaldo Miranda, a cada ano mais próximo do seu centenário, nos 22 Intercâmbio cultural: uma experiência para toda a vida presenteia com sua aguçada e competente arte de bom jornalista. A Bijux é atenta ao que rola na Tv e nos diverte com suas observações na hora certa. Carmen Pimentel é, sempre, nossa grande mestre do idioma. Ter a Carmen na Folha Carioca é uma honra para a equipe e um presente para os leitores. Tem muita coisa interessante pra ler, gostar, não gostar, discutir. No meio do ano, com poesia, saúde, literatura, cidade, exterior, viagens e muito mais, a Folha Carioca dança ao som de muita música romântica e oferece a seus leitores um revista charmosa e bem cuidada. Boa leitura! 5 A RLANZA CRESPO | QUEM É QUEM [email protected] Fred Pacífico Um homem apaixonado! Quando eu telefonei para marcar uma entrevista fui logo dizendo: "Oi Jorge, estamos no mês de junho, tem o Dia dos Namorados e eu me lembrei de fazer uma matéria com você para a Folha Carioca". Ele riu, achou estranho uma doida ligar para ele e falar aquilo. Marcamos a data, não podia ser na casa dele, acabou sendo na minha. Chamei o fotógrafo, reservei o dia inteiro. Tem entrevistas que duram meia hora, outras mais um pouco, e outras que a gente não quer que acabe. Foi o que aconteceu com a nossa. E quando a noite chegou já éramos "amigos de infância". 6 Jorge Salomão nasceu em Jequié, na Bahia. O pai era sírio e a mãe baiana. Foi uma linda história de amor, mas o pai morreu cedo. Com 10 anos Jorge já tinha lido os romances mais importantes, e lembra que as primeiras efervescências sexuais vieram lendo Jorge Amado. Estudou Ciências Sociais e Filosofia em Salvador, onde conviveu com o cinema de Glauber e o aparecimento do tropicalismo. Dirigiu espetáculos de teatro, ganhou todos os prêmios, mas estava muito visado. Veio para o Rio de Janeiro, era uma época muito difícil, plena ditadura. Em 1977 foi para Nova York onde ficou 8 anos fazendo todo tipo de trabalho alternativo. Voltou para o Brasil incentivado pelo irmão Waly e por Antônio Cícero, que diziam que ele tinha frases boas e deveria escrever música. Contou-me que um dia estava na praia quando passou o Nico Rezende e disse: "Bicho, vamos compor?" E foram para casa dele. Foi quando Jorge fez a música "Noite", gravada por Zizi Possi. Depois fez "Pseudoblues", que Marina gravou e é a que ele mais adora. Jorge não para. Tem vários livros publicados e atualmente está escrevendo um sobre seu irmão Waly.Também se apresenta no SESI da Graça Aranha, e em junho agora vai repetir o sucesso "Vinicius 100 anos" dividindo o palco com excelentes profissionais. Está sempre descobrindo o prazer de viver nas mínimas coisas, e fazendo das mínimas, máximas. Tem uma ótima relação social com todo mundo, mora em Santa Teresa onde recebe os amigos em reuniões animadas. Vai passando e dizendo: "Hoje tem festa lá em casa!" Tem um filho, João, guitarrista e artista plástico, que mora em Nova York. Jorge gosta de brindar o acaso, "Ele te oferece coisas boas". Gosta de andar, gosta de "traçados indefinidos que vão se definindo". Tem um espírito jovem, gosta de cantar, principalmente debaixo do chuveiro. Adora ler, ouvir música, ir à praia e olhar o mar. "O mar é um acontecimento poético completamente novo. Não tem explicação lógica em frente ao mar". Falamos muito, rimos, comemos. Identifiquei-me com ele. Nós dois amamos o mar, amamos poesia. Eu adoro frases lindas, ele diz frases lindas. Eu adoro Manoel Bandeira, ele me disse "Vou-me embora pra Pasárgada". Adorei seu chapéu, ele amou meu perfume. Tiramos fotos e ele se jogou no tapete. Sobre namoradas? "Não moraria de novo com ninguém, mas adoro namorar. Não vivo sem paixão! Pelo trabalho, pelos projetos, pelas pessoas, pela vida!!!" L ILIBETH CARDOZO [email protected] Ah, este ... O Brasil é o quinto país do mundo em usuários do Facebook. Segundo recente pesquisa, da Score, empresa de análise do mercado digital, são 35,2 milhões de pessoas postando, curtindo ou compartilhando de tudo um pouco ou um pouco de tudo! E não é para prestar atenção? E tem cada coisa! Estou lá, engrossando as estatísticas e engrossando discussões e bobagens. Leio, curto, ignoro, compartilho e posto. Aprendo algumas coisas e me assusto muito. Acho que me assusto mais do que me divirto. Por trás de uma tela, quanta coisa é dita! E quantas loucuras compartilhadas! As campanhas ganham força e protestos aparecem. Aí eu gosto! É bom ler as opiniões. “Nêgo” coloca, sem medo, as unhas de fora! Colocam sorrisos também! Quando o assunto é polêmico, adoro ler as opiniões. Foi o caso absurdo do pastor Marco Feliciano que virou o presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados! O que é aquilo, gente? E o homem é um horror e se esforça para ser pior quando, em nome de Deus, condena, exclui e até atribui a Ele assassinatos (John Lennon)! Uma encrenca só! E no Facebook, as frases de protesto cresceram, cresceram e.... sumiram! O “homem monstro” continua no mesmo lugar! Um soco no estômago de cada brasileirinho que sonha com um país por se orgulhar. Vai continuar doendo muito. Coisa para pensar! Veio a campanha pela redução da menoridade penal. A “piração” foi tanta que vi gente que conheço, pelas quais tinha algum respeito, postando fotos reais de crianças algemadas e desejando cena igual por aqui. Dá enjoo, vontade de fugir, dormir sem parar, parar de ler jornais, sair da internet para sempre. Li opiniões de gente católica, beata, defendendo pena de morte, prisão para crianças. Então, tá! Não se lê. Essa gente nunca leu a declaração universal dos direitos humanos, nunca visitou uma favela, não convive com a miséria... Li até que os direitos humanos no Brasil estão invertidos. Tem coisa mais idiota? O que será inverter os direitos humanos? Dá pra imaginar o que pensa uma pessoa assim... Coisa para irritar! Ah, outras postagens coçaram meus dedos... A do Dia das Mães, dizendo que mãe de cachorro também é mãe, eu adorei. É verdade mesmo: a mãe de cachorro é cadela e merece respeito no Dia das Mães! Não dá mesmo para fazer Dia das Mães de todos os bichinhos, né? Então, no segundo domingo de maio, comemora-se o dia de todas as mães do mundo animal: as cadelinhas afagadas como gente, as vaquinhas que são mães dos bezerros, as gatas mães dos gatinhos, as passarinhas mães dos pássaros, sapinhas mães dos girinos, de todos os animais, e até as mulheres, mães dos meninos e meninas! É possível entender carinho e carências, mas tudo tem limite, até cachorros! Coisa para chorar! E no Facebook todo mundo quer ser filósofo, poeta, escritor. Sobre cristandade, coitado de Jesus Cristo, está exausto! Dos escritores, massacram Clarisse, Quintana, Pessoa e outros: nunca vi tantas citações com seus nomes! Mas, pior, muito pior, são os textos “roubados” ou atribuídos aos escritores consagrados. Coisa para esquecer! Tem também o denuncismo barato e irresponsável: colocam a foto de alguém e “avisam” que se trata de um estelionatário, ladrão, bandido. E se o fotografado for um cara legal, “babou”, está ferrado! Milhões de pessoas o viram como um delinquente! Coisa pra processar! Mas, tem muita coisa legal. Fotos lindas, campanhas, lazer, indicações excelentes, opiniões super interessantes, bons textos esclarecedores e piadas sensacionais! O Facebook tem muitas formas de se fazer o mal. Mas, como toda comunicação, pode fazer muito bem também. Bom demais, este Facebook! Dá pra se divertir e falar coisas sérias. Dá até para ganhar amigos e, certamente, restringir muitos que só postam bobagens ou aqueles diários tipo, “vou tomar banho”, “estou com sono”, “estou no aeroporto”! Dá até para viciar e não é droga pesada. E a tela, com esperteza, pode esconder quase tudo ou quase nada! Curto e compartilho. 7 SAÚDE & BEM-ESTAR Publieditorial A recuperação do setor público de saúde 8 Todos começam a se dar conta de que pagar um plano de saúde está longe de significar garantia de atendimento médico. A desproporção entre a demanda dos associados e a oferta de serviços credenciados, as manobras protelatórias das operadoras de saúde, as negativas de autorização para procedimentos que, aos milhares, vão desaguar na Justiça, as precárias relações entre as empresas e os seus “referenciados”, tudo está a demonstrar o esgotamento do chamado sistema suplementar. Entretanto, embora admitam essas deficiências, muitos insistem em tentar resgatá-lo com medidas paliativas ou resoluções normativas claramente insuficientes, recusando-se a admitir a real dimensão do problema, analisar suas causas mais profundas e chegar a uma solução definitiva e verdadeira. Vale lembrar que esse sistema também fracassou em seu país de origem, os Estados Unidos. Lá, a administração pública, sufocada pelas despesas crescentes e pela pressão da população carente de assistência médica, luta desespe- radamente por uma reforma profunda do sistema de modo a reduzir as despesas e ampliar o atendimento a todos os cidadãos. Afirmou, a propósito, o presidente Barack Obama que a reforma do sistema não é somente um imperativo ético mas também econômico, pois que a nação não tem como arcar com o descontrole dos custos gerados pelas operadoras de saúde. No Brasil, apesar das evidências, continuamos a procurar atalhos, importando empresas estrangeiras e subvencionando, direta ou indiretamente, os planos de saúde com recursos públicos. É preciso reconhecer que o que leva as pessoas a desejarem tão intensamente adquirir um plano de saúde é a precariedade do atendimento oferecido pelo setor público. E que a solução para o problema está, portanto, na recuperação do sistema público de saúde para que ele venha a prestar a toda a população um atendimento médico de qualidade. Um sistema adequadamente financiado, gerenciado, bem remunerado e com as garantias próprias dos serviços de estado. A precariedade do atendimento médico no SUS não é algo inevitável e irreparável. Isto é comprovado pela existência de vários hospitais públicos de desempenho excelente. Além disso, há o exemplo de tantos países em que a saúde pública funciona bem e é estimada pela população. Em nações como o Canadá, a Inglaterra, a França, nos países escandinavos e em tantos outros, seria impensável não se dispor de um sistema público de qualidade. É preciso reconhecer, entretanto, que a recuperação do sistema só ocorrerá se houver uma intensa mobilização dos seus usuários, ou seja, da população em geral. Para isso, é preciso que se comece a divulgar as vantagens inegáveis de um sistema público de saúde que atenda a toda a população, de forma eqüitativa, sem discriminação. Um sistema que cuide da prevenção, do diagnóstico e tratamento da doença e da recuperação do paciente. Que se dê ênfase, por exemplo, à tranqüilidade e ao conforto que representa, para todos, a existência de um posto de atendimento médico próximo à residência, bem aparelhado, sem pedidos de autorização, sem exigências descabidas e sem quaisquer dispêndios. Que se mostre o que isso significa de economia para as pessoas e para as empresas, uma vez que, atualmente, pessoas e empresas são compelidas a pagar duplamente por um mesmo serviço; arcam, ao mesmo tempo, com o pagamento dos impostos e o do plano de saúde. Que se alerte Errata Dr. Marcio Meirelles Diferentemente do que saiu publicado na edição é diretor da Associação Movimento Participação Médica (AMPM) de abril, no artigo sobre "Endometriose", informamos que Dr. Daniel Tabak é médico oncologista e coordenador do Programa de Terapia Celular da Clínica São Vicente. para a economia resultante da unificação das ações de prevenção e assistência, ora desenvolvidas, no sistema de convênios, por instituições diferentes, com lógicas de operação distintas e consequente duplicação de procedimentos e desperdício de recursos. Mas, além de enorme economia, um sistema público universal, equitativo e integral, como o SUS, apresenta vantagens adicionais de amplo significado social. É o caso do impacto do sistema sobre a oferta de empregos, impulsionando a atividade das indústrias ligadas à saúde e a economia em geral. Para os médicos e demais profissionais de saúde, além de condições de trabalho adequadas e gratificantes, permitirá incorporar à sua área de atuação quase 150 milhões de brasileiros que hoje dependem exclusivamente do setor público e que clamam por um atendimento médico digno e humano. Por tudo isso, precisamos ter a coragem de “pensar diferente”, de fugir da rotina e de enfrentar com um novo olhar o imenso desafio que é proporcionar à população brasileira a medicina de qualidade que ela merece. A tarefa é árdua, os obstáculos são grandes, mas, não há outro caminho. Vamos começar. EMERGÊNCIA Tel.:2529-4505 GERAL Tel.:2529-4422 SAÚDE & BEM-ESTAR 9 SAÚDE & BEM-ESTAR Os benefícios da medicina chinesa Especialista Ana Fu fala sobre as aplicações de técnicas como a acupuntura e a ventosaterapia 10 Tireóide, artrose, perda de memória, doenças cardiovasculares e mais dezenas de outros males podem ser tratados sem medicamentos tradicionais e seus respectivos efeitos colaterais. Através da medicina chinesa, Ana Fu, uma das melhores especialistas no assunto no Brasil, é capaz de acabar com os sofrimentos do corpo e da mente. “Muitas pessoas ainda costumam pensar em cuidados com a saúde somente quando surge a doença. E, em alguns casos, a cura pode levar décadas ou mesmo tornar-se impossível. Quando o paciente vem ao meu consultório, faço uma avaliação completa: cabeça, coração, pulmão, fígado, joelhos, coluna vertebral (cervical, lombar, torácica etc.). Utilizo apenas o tato como técnica e, a partir da análise, prescrevo o tratamento mais adequado ao que for diagnosticado.” De acordo com Ana Fu, os traumas mais comuns ocorrem nos joelhos e ombros. São os músculos os responsáveis por segurar o tendão e se esses apresentarem algum tipo de flacidez, o tendão sairá do lugar. “A medicina convencional costuma solucionar esse problema com cirurgia, mas comigo, somente as agulhas resolvem”. Especialista em tratamentos através da acupuntura há 40 anos, Fu ressalta que, durante o inverno, o índice de dores musculares e também nas articulações aumenta. “As baixas temperaturas contraem os músculos e aumentam o sofrimento, principalmente das pessoas que têm artrose. Além da acupuntura, trabalho com ventosaterapia, ideal para relaxamento muscular e eliminação de energias negativas, e outros tratamentos complementares”. Até mesmo o princípio da reconstrução de cartilagem é baseado nas agulhas: “O primeiro procedimento é eliminar a inflamação. Em um segundo momento, elaboro uma dieta completa para fortalecer a energia do paciente e, a partir disso, inicio o processo de reconstrução. Os resultados são excelentes e todo o tratamento é feito no próprio consultório". TUDONOVODENOVO A elegância e o charme de junho SAMANTHA QUINTANS* Quando menina, no mês de junho, dia 4 era dia de ganhar presentes. Minha mãe costumava corresponder o número de agrados às primaveras por mim completadas. Ou seja, 15 anos = 15 presentes! Com a chegada da Luiza, aos 24 anos, essa brincadeira acabou. Hoje 46 presentes, não caberiam no meu armário e nem no bolso da minha mãe! Ganhei uma secadora de roupas como presente de aniversário naquele ano. Afinal era inverno e as roupinhas da Lulu não poderiam ficar secando no varal à mercê dos caprichos do tempo... Por conta dos mimos desmedidos de mamãe, essa alma organizadora criou o hábito de rearrumar o armário em junho. Voltam à cena casacos e parcas leves, botas, charmosas pashminas, echarpes e lenços para envolver o pescoço, mudando o visual sem esquentar muito. Afinal, inverno de verdade no Rio de Janeiro só de vez em quando e, ainda por cima, muitas vezes chega e se vai de surpresa. Se suas peças não estive- rem à mão, você perde a chance de desfilar a caráter na mais elegante das estações. É verdade! Tanto tempo sem uso deixa as roupas com cheiro de guardado, é preciso colocar para arejar antes de usar. É aí que a organização ajuda a economizar dinheiro e a otimizar o seu tempo. Hoje está chovendo? Está sem nada programado? Esvazie seu armário! Antes de sair às compras, dedique um dia para arrumar suas roupas e lançar, nas ruas, sua própria coleção cheia do melhor estilo: o seu. Saem de cena os vestidos decotados e esvoaçantes, as batas estampadas e bordadas que ilustraram os dias ensolarados do começo do ano; o excesso de biquínis e cangas, shortinhos desfiados... Enfim, os trapinhos divertidos e coloridos que usamos durante as altas temperaturas do verão. Tudo organizado e embalado a vácuo economiza espaço nos armários. Quando novembro chegar esquentando e anunciando a proximidade do final do ano, será tempo de resgatar o que foi guardado e re-embalar os tais casacos com cara de frio... Algumas peças no tom de maio devem permanecer penduradas junto à jaqueta de couro que estava guardada, desde que setembro trouxe estampas florais recheando de cores pastéis e romantismo o visual das raparigas mais antenadas. Você vai se surpreender! No fundo do baú guardamos preciosidades que só foram usadas uma vez, ou até, quem sabe, alguma peca ainda com etiqueta? Roupa de inverno é assim, dura... Lá em casa, o casaco de um passa para o outro. Impressionante como crescem os meninos! O mês de junho nos convida a re-estrear o sobretudo comprado no mercado das pulgas holandês, usado uma ou duas vezes. Junho convida a despertar a mulher-gato que mora dentro de você, te deixando sexy em um belo par de botas de cano longo. Você que é fã da mulher-gato, traga à tona seu Batman misterioso e sedutor, vestindo couro. Junho... Tempo de revalidar os laços, as metas. Meio ano já foi vivido, é tempo de replanejar, respirar fundo, reler a lista dos sonhos. Ainda nos resta, em 2013, meio ano a ser vivido. Envolva no pescoço um leve, longo e antigo lenço. Saia caminhando avassaladora, confiante. Abuse do batom vermelho, é inverno! E tenha certeza, aquele velho casaco vai estar com a aparência de novo. As coisas são assim sempre, o mundo gira transformando tudo em novo de novo. 11 Samantha Quintans é personal organizer G ASTRONOMIA CARIOCA 12 13 G ASTRONOMIA CARIOCA 14 15 G ASTRONOMIA CARIOCA G ASTRONOMIA CARIOCA 16 Anuncie no guia mais saboroso do Rio (21) 2253-3879 [email protected] I ACI MALTA [email protected] Sobre a verdade Gente, por várias vezes eu me perguntei o que iria escrever para este número da nossa Folha Carioca e, sempre que isso acontecia, eu começava mentalmente a construir um texto que sempre iniciava com “gente...”. Então, gente, depois de divagar por alguns “escritos mentais”, eu escolhi contar para vocês uma estória da minha história. Uma vez, quando eu era pequenininha, entre três e quatro anos de idade, eu peguei dinheiro do lugar onde meu pai o guardava - uma nota grande (não sei mais qual a maior nota da época) - atravessei uma rua movimentada e fui ao verdureiro comprar balas. O verdureiro, que conhecia minha família, me levou para casa e, honestamente, devolveu o dinheiro para minha mãe. Eu ouvi várias vezes essa estória e, agora, retornando a ela, pensei em três possíveis conclusões a que poderiam chegar meus pais: essa menina é muito inteligente, observadora e tem iniciativa, ou essa menina é perigosa e precisa ser contida, ou ainda, essa menina é muito esperta e precisa ser vigiada. Acredito que meu pai preferiu a primeira e minha mãe a terceira, mas o que me levou a contar essa estória foi a reflexão que ela provocou em mim ao ser relembrada: um mesmo fato pode levar a diferentes conclusões, a interpretações bem distintas, até opostas. Ou seja, essa lembrança me remeteu a algo da experiência dos seres humanos que me fascina: um mesmo fato pode ser visto de diversas formas por pessoas diversas. Aí vem a pergunta: o que é o real, o que é a realidade de que tantos falamos? Qual dentre diferentes visões reflete a verdade, qual expressa a realidade? Os antigos, como eu, devem se lembrar do cineasta japonês Akira Kurosawa e muitos talvez tenham assistido a seu filme Rashomon (1950), que trata exatamente dessa questão: num julgamento, quatro testemunhas oculares descrevem a cena de um crime, o que resulta em quatro versões diferentes e contraditórias tornando impossível saber o que realmente aconteceu. Esse filme, considerado uma obra prima, influenciou profundamente o pensamento filosófico sobre o con- ceito de verdade, já que aponta para a significativa influência da subjetividade de cada um na construção de sua visão sobre uma experiência vivida em comum. Será que podemos dizer que a verdade é uma questão de consenso? 17 CAPA Dançar a dois é se entregar ao movimento DE CORPO E ALMA Nos salões, nas ruas e até na praia, o Rio é o cenário ideal para os amantes da dança TEXTO_ FRED PACÍFICO ALVES FOTOS_ ARTHUR MOURA Adentrar o charmoso casarão no centro da cidade é uma viagem na história. Escadas trabalhadas em madeira, arandelas à meia luz penduradas em postes, belos painéis com imagens do Rio antigo e um grande cômodo de chão de tábua corrida tornam-se cenário para casais de todas as idades rodopiarem no salão. Uma frase na parede alerta aos visitantes: “Lembre-se que enquanto houver dança haverá esperança”. 18 Para os Hoppers e professores Luana Perrotta e Luiz Cláudio Martins qualquer lugar é próprio para dançar, principalmente ao ar livre A Estudantina Musical (www. estudantinamusical.com.br) é a mais tradicional gafieira do país. Lá se consagra a prática de dançar a dois desde 1928, quando foi criada. Após vários endereços na cidade, a casa está há mais ou menos 35 anos alojada no belo casarão de número 79, na Praça Tiradentes. “Um lugar onde a dança a dois é, antes de tudo, expressão de civilidade”, observação do antropólogo Marcel Mauss, citada na tese de doutorado “‘O Ambiente exige respeito’: Etnografia urbana e memória social da Gafieira Estudantina”, do doutor em antropologia pela UFF – Universidade Federal Fluminense, Felipe Berocan Veiga. De tão característicos, o próprio ato de dançar a dois, assim como as histórias e personagens do baile viraram até objeto de pesquisa acadêmica. “No plano individual, esse modo próprio de dançar revela os dispositivos de autocontrole, internalizados na elegância dos passos e na regulação física da distância social, que tanto caracteriza a vida urbana. A dança de salão implica em uma troca, na qual a mulher é levada pelo corpo do homem que, delicadamente, o conduz, conforme papéis sociais de gênero bem definidos. Dançar junto é, antes de tudo, considerar alguém; é ver e ser visto, nas representações da vida cotidiana”, diz o antropólogo em sua tese. Dançar faz parte da história do Rio de Janeiro. A sensualidade, a alegria e o suingue carioca, e brasileiro (diga-se de passagem), são mundialmente conhecidos. Não é à toa que o alto astral característico de quem dança na Estudantina vem embalando gerações e se reinventando com a própria cidade. O Centro do Rio concentra diversas escolas e salões de dança que perpetuam essa Estudantina - a mais tradicional gafieira do país “Dançar junto é, antes de tudo, considerar alguém” Felipe Berocan Veiga cultura. Segundo Veiga, o dono da Estudantina é hoje um precursor do lazer no Centro da cidade, antecipando a Lapa em mais de vinte anos ao adotar como estratégia comercial a reinvenção de um antigo salão de dança. “De certo modo, seus novos concorrentes também fizeram o mesmo: o Centro Cultural Carioca construiu sua memória sobre o antigo Dancing Eldorado, que ocupava o mesmo imóvel, assim como o Rio Scenarium herdou o salão e a memória do Clube Humaitá de Dança”, explica. Viajando pelos bailes Palco de encontro de grandes nomes da boêmia cultural carioca, a fama do espaço é projetada nacionalmente por meio de seus frequentadores ilustres e, também, por rotineiramente o espaço emprestar seus salões à mídia televisiva, seriados e novelas das grandes redes nacionais. É exatamente essa tradição e visibilidade que atraem turistas e excursões dos quatro cantos do país. “Sempre via na televisão e ficava me imaginando dançando na Estudantina. Amei. Esse lugar é lindo”, diz a fisioterapeuta Juliana Andrade, 29. De férias na cidade, junto com sua irmã, a veterinária Maria Cristina de Andrade, 27, e seu namorado, o analista de sistemas Diego Esmeraldo, 24, os turistas mineiros fizeram questão de colocar a casa em seu roteiro, assim como o Clube dos Democráticos e o Centro Cultural Carioca, outros tradicionais endereços cariocas para se dançar a dois. “Sempre gostei de forró e Juliana passou a se interessar depois que começamos a namorar. Aprendeu comigo e se apaixonou. Dançar aumenta nossa intimidade, além de ser um programa somente nosso. Tanto, que resolvemos fazer aulas de dança para nos aperfeiçoar. A coisa é tão boa que agora, quando viajamos, procuramos visitar também lugares para dançarmos”, conta o analista de sistemas. Mesmo sem familiaridade com a gafieira, os forrozeiros não se intimidam no salão. “Dançar junto é bom demais. Desde que aprendi, me apaixonei. Ainda mais aqui”, diz Juliana. Sua irmã faz coro. “Dançar a dois é ótimo, ainda mais nesta cidade. Qualquer lugar é palco estando em boa companhia. Não importa se há algum problema, ou se seu dia está ruim, dançando tudo se transforma para melhor. É terapêutico”, afirma a veterinária mineira. Terapia da dança Um período emocionalmente turbulento, uma viuvez que não só veio com o vazio da ausência do ser amado, como trouxe a reboque uma série de complicações de saúde originadas com o estresse. Em um momento de iluminação, daqueles que a vida às vezes nos presenteia, um médico perguntou “O que a senhora gosta de fazer na vida?”. Como resposta vieram à mente alguns prazeres ativos e abandonados, dentre os quais, um em especial elucidou um novo caminho rumo à felicidade: dançar, ou ainda melhor, dançar acompanhada. Há um clichê que diz que quem dança é mais feliz. Por mais que seja um chavão, se ele existe é por que há verdade nesta máxima ululante. Dançar mudou a vida da aposentada Ana Ceris, que está, como ela diz, com mais de 60 e menos de 70, e muito bem, rodopiando pelos salões e bailes O casal mineiro Juliana Andrade e Diego Esmeraldo dançando na gafieira cariocas há pelo menos quinze anos, desde que ficou viúva. “Casei muito cedo e me dediquei a criar meus filhos. Meu marido não dançava, consequentemente deixei esse pedaço de lado e fui vivendo a vida. Muito bem por sinal, devo dizer. Quando fiquei viúva, caí doente por estresse de fundo nervoso. Só recuperei minha saúde porque dei sorte de me tratar com um médico maravilhoso, que me auxiliou a redescobrir meus prazeres na vida. Dançar é um dos mais importantes”, conta. Ana resolveu se movimentar para recuperar as rédeas de sua vida. Após algumas aulas, passou a incentivar um grupo de amigas e, juntas, começaram a frequentar os bailes dançantes nos salões do clube militar. “Éramos cinco amigas. Todas ou já dançavam, ou queriam e estavam dispostas a aprender. Os cavalheiros nos tiravam para dançar e nós íamos. Tudo era bastante despretensioso e alegre. Eu pegava e deixava cada uma em casa. As pessoas precisam de divertimento para serem felizes”, diz a dançarina, que passou a frequentar outros bailes e ambientes de dança, além de viajar para dançar por outros salões. “As pessoas precisam de divertimento para serem felizes” Ana Ceris 19 CAPA Há salões e bailes dançantes para todos os tipos, gostos e idades 20 família, em nome da felicidade. Há pelo menos oito anos frequento um baile uma vez por semana e lá danço samba, bolero, música do caribe ou meu amado tango. Para quem gosta, o Rio de Janeiro tem baile de segunda a segunda. No baile todos se conhecem, todos somos amigos e isso é muito bom”, explica. Personal dancer Ana Ceris e o seu personal dancer “Sou doida por tango, já dancei em Bariloche e Buenos Aires. Dançar é uma terapia e, se bem me recordo, sempre dancei. Sou gaúcha e minha cidade natal, por ficar perto da fronteira, recebe muita influência do tango. Quando minha mãe estava grávida, já dançava comigo em sua barriga. Retomei esse antigo lado meu, da minha história e da minha Em uma rápida busca na internet é possível obter dezenas de endereços de salões e bailes para todos os tipos, gostos e idades. Na maioria sobram mulheres e faltam cavalheiros no salão. Muitos bailes contratam dançarinos profissionais para fazer par com as visitantes, inserindo no contexto aqueles que não possuem companhia mas desejam se divertir. Há quem ganhe a vida organizando esses eventos. “Já dançava antes mesmo de ter isso como profissão. Depois de um divórcio, comecei a sair e me divertir com minhas amigas. De repente, fui chamada para ser promoter de um dos bailes que frequentava e depois de um tempo, a própria casa me chamou para organizar um. Comecei no Restaurante Sol e Mar, em Botafogo, e já estou lá há 22 anos. Dali parti para realizar meus próprios bailes. Tenho um público fiel e conseguimos atingir a cidade toda”, conta Graça, como é conhecida a organizadora do Baile que leva seu nome (bailedagraca.blogspot.com.br). Na Churrascaria Gaúcha, em Laranjeiras, ocorre ocasionalmente o Baile de Ficha, no qual existem dançarinos especializados, contratados para dançar com as senhoras. “Se o cliente quiser, compra as fichas a três reais por música. Com um dançarino por vez, pode dançar a noite inteira”, explica Graça, que faz questão de reforçar o bom cuidado com a clientela. “As pessoas querem um ambiente em que se sintam bem. Vão para se divertir. Se é a primeira vez, sento a senhora comigo e assessoro para sentir-se bem”. A prática, curiosamente, remonta a um costume antigo e consagrado nos salões de baile, o do taxi-dancing, no qual, como sugere o nome, os clientes pagavam para dançar “alugando” os dançarinos e marcando em cartões de consumo suas danças. Se bem que, por volta de 1930, quando a prática se popularizou, alugavam-se bailarinas para dançar com os clientes, pois eram os homens que sobravam no salão. Existem bailes inclusive na hora do almoço, que atraem aqueles que comem depressa, para terem um tempo a mais no salão. Em um almoço dançante organizado no Clube Monte Sinai, na Tijuca, Ana Ceris conheceu esses profissionais e se encantou com a maestria dos movimentos de um deles. “Há senhoras que realizam eventos com almoço e dançarinos contratados. Em um desses bailes, conheci o Robert, que na época tinha 15 anos. Desde então contrato seu serviço. Já faz oito anos que me acompanha. Ele me busca e me traz em casa. Quando viaja, danço com outros amigos, mas prefiro-o, pois tenho confiança nele e me sinto muito segura em sua companhia. Pelo que sei, ele tem compromisso todo dia com as senhoras, cada dia com uma”, conta Ana. Conhecidos como personal dancers, esses profissionais têm agenda cheia. É o caso do dançarino Hélio Ricardo, professor do Rio Samba Dancer (riosambadancer.com), que organiza aulas seguidas de roteiros dançantes pela cidade. “Tive uma namorada alemã que dançava salsa. Eu não sabia e nunca ia. Ela foi embora e fiquei com isso na cabeça. Procurei saber mais sobre salsa e gostei. Como faltam parceiros, depois de um tempo a professora me chamou para participar da aula de forró de graça, depois o mesmo com a dança de salão, e fui aprendendo. Passei a acompanhar mulheres aos bailes e, assim, já se passaram 10 anos. Há cinco anos resolvi me profissionalizar”, conta. Outros balanços em meu samba Hélio, 28, se especializou como guia turístico, exercendo a atividade durante o dia, e terminando a noite dando aula para um grupo em uma sala que possui em Copacabana. Jovens estrangeiros o procuram querendo conhecer a cultural do Brasil, passear e aprender sobre samba, forró e outros ritmos. Casais e grupos de amigas fecham o pacote: aula mais lugar típico de dança, com o acordo de estarem pelo menos três horas acompanhados no salão. “Cursei administração até a metade e tranquei. Descobri-me guia. Resolvi aprimorar e trabalhar durante o dia contratado por uma agência de turismo. Dentro do próprio grupo, às vezes, surgem novos alunos. A maioria já agenda antes e fecho as turmas pela internet. É ótimo trabalhar se divertindo. Saio com muitos estrangeiros, conheço outras culturas, pessoas interessantes e aprimoro a língua”, explica o dançarino que dá aulas em inglês e espanhol. dançar salsa e outros ritmos. Conhecer as práticas, os lugares e danças do local, é muito divertido. Melhor ainda tendo aula antes”, dizem. Nas aulas, passados quinze minutos, os outros ritmos que agrupam casais pela cidade. Dos estilos existentes, o lindy hop é um que vem crescendo nos últimos anos. Dançado ao som de swing jazz, o gênero do Harlem americano tem encantado cada vez mais cariocas. A ponto de quase todas as escolas oferecerem aulas do ritmo e o Rio sediar o festival internacional BSOE – Brasil Swing Out Extravaganza (brasilswingout.com.br), que já vai para sua terceira edição, em Outubro. Imagine andar pelo calçadão de Copacabana e ir de encontro com casais requebrando ao som de baixos acústicos e divas do jazz. Não se surpreenda e entre no ritmo, pois certamente é um dos eventos A dança é a forma escolhidas por turistas estrangeiros para conhecer a cultura brasileira A maioria dos alunos fica sabendo das aulas através de indicação, guias ou redes sociais de viagem como o Trip Advisor (www.tripadvisor.com), no qual Hélio é muito bem avaliado. “Amo dançar. Existem muitas casas de dança no Rio de Janeiro. É bom ter alguém que conhece. Dá mais segurança para sair e curtir a noite dançando”, explica a produtora de eventos inglesa Caroline Holmes, 34. Viajando com duas amigas, as três britânicas descobriram o serviço pela rede e ficaram muito bem impressionadas com as recomendações que leram de outros usuários. “Ficamos somente quatro dias no Rio. É uma maneira divertida de conhecer a cultura do Brasil, além de outros viajantes. Resolvemos arriscar e ficamos muito satisfeitas. A aula é ótima e o clima muito feliz”. A rede também foi o caminho seguido pelo casal em lua de mel Joel Mora e Adria Suarez, ambos de 25, até as aulas de Hélio. “Temos duas semanas viajando pelo Brasil e amamos 21 primeiros passos desgovernados logo tomam ritmo seguindo a cadência do personal dancer professor. O forró é o mais fácil de ser absorvido, mas o embalado um dois três de passos pequenos para frente e para trás é alegria garantida de samba no pé. Ou pelo menos tentativa. Boogie-woogie de pandeiro e violão Samba, bolero, zuk, tangos e forrós são só alguns dentre muitos No baile de lindy hop o som do jazz dá o tom O Rio Hoppers organiza eventos de lindy hop pela cidade CAPA Performance de dança dos Hoppers no calçadão do Leme 22 dançantes realizados pela companhia de dança Rio Hoppers (www.riohoppers.com), que trabalha com lindy hop, jazz, charleston e burlesque. O grupo concentra as principais ações e organiza bailes do gênero na cidade, como os luaus à beira mar. Amante da música e cultura vintage, a socióloga Luana Perrotta estuda dança desde pequena. Em 2009 conheceu o lindy hop e se apaixonou. Tanto que virou Hopper – como se identificam os membros –, dá aula e namora outro professor do gênero, o cientista social americano Ezra Spira-Choen. “Fui a uma festa de rockabilly e conheci a dança. Encantei-me com o ritmo e o estilo de vida. Gosto da época e da alegria a que o lindy hop remete. A dança é um forte agente de aproximação das pessoas”, afirma a socióloga dançarina. Muitos dos integrantes do Rio Hoppers se relacionam com outro Hopper apaixonado também membro do grupo. É o caso do auxiliar de escritório Jorge Oliveira, 28, e da técnica de enfermagem, Cinthia Santos, 27, ambos também professores de dança. Buscando uma atividade que estimulasse a intimidade de casal, ajudasse com a timidez do Jorge e fosse divertida, conheceram o lindy hop e nunca mais se afastaram. “Um ajudou o outro. No lindy se mostra a música com o corpo e aos poucos fui adquirindo mais confiança, o que se refletiu em toda minha vida”, conta o dançarino, que é apoiado pela parceira. “A intimidade facilitou e a dança auxiliou em nossa dinâmica como casal. Você aprende a ouvir mais seu parceiro, prestar mais atenção aos detalhes. Isso com o benefício de conhecer mais de jazz, swing, que “A dança é um forte cinco. “Conhecemo-nos no Circo Voador, durante um show de blues jazzístico. Nunca pensei em dançar, ainda mais jazz. Como gostávamos do estilo, resolvemos assistir a algumas aulas. Gostamos e decidimos continuar. Além de ser uma excelente atividade física, me auxilia a quebrar minha timidez e traz leveza para nosso relacionamento. Você aprende a olhar o outro nos olhos, pois para dançar tem que encarar. Um parceiro tem que sentir confiança no outro e isso nos fortalece”, diz Malaguti. Para o professor de dança e Hopper, Luiz Cláudio Martins, 44, a cidade tem os mais belos cenários ao ar livre para se dançar e deveria aproveitar mais esse potencial. “Dançar insere no indivíduo algo que o Rio de Janeiro tem muito, que é a celebração da vida e da alegria. Colabora com a harmonia e o entendimento do outro, além de proporcionar mais companheirismo ao casal. Isso é cultura e bem estar social. Algumas pessoas aproveitam isso bem e dançam por aí, fazendo mais felizes as suas vidas. Mas poderia haver mais incentivo da administração pública, pois a cidade ainda possui muito potencial para crescer e pouco investimento”, afirma o professor que dá aula há mais de 25 anos, na “Dançar insere no indivíduo algo que o Rio de Janeiro tem muito, que é a celebração da vida e da alegria” Luiz Cláudio Martins tradicional Casa de Dança Carlinhos de Jesus (www.carlinhosdejesus.com. br), e, junto com sua companheira, a dançarina Denise Serpa, na academia de dança Espaço X Stelinha Cardoso (www.stelinhacardoso.com.br). O casal trabalha como professores, dançarinos e organizadores de eventos como festivais, workshops, bailes de danças de salão, samba no pé, lindy hop e charleston. Ambos são embaixadores internacionais de lindy hop no Brasil, pela Fundação Frankie Manning, cuja missão é divulgar o gênero pelo mundo. Opções, companhia e lugares não faltam na cidade, para quem deseja movimentar o esqueleto com alguém. Escolha o seu ritmo, arrume o seu estilo e vá dançar agarradinho. Afinal, como já disseram, quem dança é mais feliz. agente de aproximação das pessoas” Luana Perrotta são ritmos excelentes”, diz a Hopper. O padrão se repete entre os alunos que, ou entram nas aulas já com parceiro, ou acabam conquistando um relacionamento dentre os que dançam. O casal de designers Iara Rossmann, 28, e Daniel Malaguti, 34, juntos há oito meses, resolveram aprender a remexer o espírito há Muitos procuram escola de dança como a academia de dança Espaço X Stelinha Cardoso para aperfeiçoar os passos ARTE & CULTURA ACONTECE NA GÁVEA CONTEÚDO PATROCINADO: Broadway carioca Arthur Moura Shopping da Gávea se destaca como polo cultural da cidade Só há um lugar na Zona Sul que consegue unir o prazer de ir ao teatro com toda facilidade de serviços, como fácil opção de estacionamento e ótima variedade de restaurantes. Não é por menos que o Shopping da Gávea é reconhecido pelos cariocas como um polo cultural por excelência. Além de boas opções de compras, o espaço proporciona aos seus visitantes um programa completo para toda a família. “O Shopping da Gávea tem por essência ser um celeiro de marcas consagradas e cafés e restaurantes charmosos, além de ser conhecido como um polo cultural, com suas quatro salas de teatro onde Divulgação estão sempre em cartaz peças de renome no cenário carioca e brasileiro”, explica José Hernani Campelo, síndico do Shopping da Gávea. As salas são: o Teatro dos Quatro e o Teatro Clara Nunes, com capacidade para 402 e 500 pessoas respectivamente; o Teatro das Artes, fundado em 1998, que comporta 457 pessoas com todo conforto; e o Teatro Vannucci que, com 400 lugares, atrai público de todas as idades com sua regular programação adulta e infantil, que chega a realizar até quinze apresentações por semana. Para todos os gostos e idades Pelo polo teatral do Shopping da Gávea passam sucessos os mais variados, com opções para entreter e divertir toda a família. De sucessos da Broadway, como a comédia “6 Aulas de Dança em Seis Semanas”, em temporada no Teatro dos Quatro, até 30 de junho, que traz Suely Franco e Tuca Andrada no elenco; até espetáculos premiados, como “Freud - A última sessão”, em cartaz também até o fim de junho, no Teatro Clara Nunes, que recebeu em 2011 o Prêmio Alliance Awards de melhor peça Off Broadway do ano. A diversidade de opções surpreende o público que pode se encantar com excelentes musicais, como “Loucos por Sinatra”, em cartaz no Teatro das Artes; até divertir os pequenos com espetáculos infantis, como a superprodução “Peter Pan – O Musical”, inspirada no conto do escocês J.M. Barrie, em temporada até 27 de outubro, no Teatro Vannucci. O shopping é um marco de excelente programação infantil na cidade , pela qualidade dos espetáculos e por sua estrutura que recebe com conforto e segurança os visitantes, atraindo crianças de todas as idades. Segundo Neuza Moreira, administradora de dois teatros no shopping há mais de 30 anos, o público se beneficia com o polo cultural concentrado ali e a qualidade da programação encontrada. “Estarmos dentro de um shopping, com tão boa qualidade de estrutura e segurança para os visitantes, facilita toda experiência cultural. As famílias se sentem confortáveis ao virem ao teatro, pois sabem que tudo que pre- Divulgação Algumas das peças em cartaz nos teatros do shopping cisam encontrarão por aqui. De estacionamento a bons restaurantes. Além disso, a localização é excelente, bem central, o que atrai público de toda a cidade do Rio. Por conta disso, temos pauta fechada nos teatro até março de 2014, e nossos teatros estão sempre com um público maravilhoso”, conta. José H. Campelo lembra que o empreendimento conta também com a “Estação Vivo Cinemas”, que possui cinco salas com lugares marcados, poltronas love-seats e som Dolby-Digital. “Por esses motivos, o shopping é comumente chamado de Broadway carioca, sendo uma referência para os amantes de teatro, cinema e cultura”, pontua o síndico. Shopping da Gávea – Um programa cultural completo. É diversão garantida para toda a família! Arthur Moura 23 EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO TEXTO_JULIANA FOTOS_ARTHUR ALVES MOURA Intercâmbio cultural: uma experiência para toda a vida 24 Já pensou em sair do país em busca de novas experiências? Antigamente, o intercâmbio era feito de forma recíproca: um estudante partia mediante a chegada de outro. E já faz um bom tempo que esses tipos de viagem tornaram-se dependentes apenas de uma vontade: a sua. Especializada em programas de intercâmbios, Michelle Werfel, diretora regional da agência World Study que possui mais de 30 franquias em todo o país, explica que a maior procura é feita por pessoas entre 18 e 25 anos, mas há um crescimento significativo entre os que têm mais de 40. “O grupo acima dessa idade está mais estabilizado profissionalmente e com os filhos criados, o que torna o momento ideal para estudar e conhecer novas culturas”. A maioria dos programas é de idioma com alguma especialidade como fotografia, culinária ou arte, e pode ser feito em duas ou mesmo três semanas, de acordo com a flexibilidade de quem vai viajar. A graduação de um curso universitário requer um planejamento maior devido aos, pelo menos, quatro anos de investimentos. Já os interessados em enriquecer seus currículos com uma especialização no exterior encontram mais opções. “Muitos nos procuram para fazer a pós-graduação em diversos lugares do mundo e a primeira pergunta é se a pessoa fala o idioma. Se ainda não for o caso, nossa recomendação é que o primeiro intercâmbio seja direcionado ao aprendizado da língua do país escolhido. Trabalhamos também com a modalidade “sanduíche”, uma proposta ainda pouco conhecida no mercado que possibilita estudar no Brasil e realizar uma parte no exterior”. Que tal desde cedo? Felipe Leitão, estudante de Relações Públicas das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), resolveu fazer as malas antes mesmo de chegar à fase adulta: “Nada melhor para um adolescente de 16 anos do que morar na Inglaterra”, brinca. A oportunidade já existia porque seu pai morava em Londres há alguns anos e não faltou coragem para deixar a mãe e os amigos. “Na época (2003), meu inglês era básico e procurei uma escola para aprender o idioma. Estudava até13h, realizava atividades complementares durante a tarde e, em casa, não falava português”. Esse conjunto de ações desenvolveu rapidamente sua nova habilidade e, em três meses, Felipe estava pronto para ingressar em um colégio comum. “Conheci a Holland Park School através de brasileiros filhos de militares que moravam na Inglaterra em missão, os chamados adidos, e o processo de admissão envolvia redação e entrevista. Culturalmente, o inglês enxerga o adolescente como um indivíduo independente e as decisões podem ser sem a presença dos pais. Durante Michelle Werfel vá. As chances de mudar de vida no exterior são as mesmas que o Brasil de hoje oferece e ir para tão longe, sob condições péssimas de moradia e trabalho, como muitos que conheci, não vale a pena. É preciso tirar o melhor de sua estada em outro lugar”. Do interior para o mundo dois anos, estudei, trabalhei e aproveitei as pequenas distâncias entre os países para conhecer boa parte da Europa. O aprendizado dessa experiência foi excelente. Tudo é muito diferente”. Administrar a saudade de sua mãe foi o mais difícil e, nesse período, ele precisou da ajuda de muitos telefonemas e de duas curtas viagens ao Rio de Janeiro. Atualmente, sair do país por tanto tempo é uma ideia direcionada ao mestrado, porém, sempre que pode, Felipe se programa para visitar seu pai. “A Inglaterra é um país maravilhoso, mas quem não está acostumado estranha tanto o clima frio como as pessoas que são bem mais reservadas que o brasileiro. O mais importante é que essa viagem seja feita para aprender, estudar, construir uma vida. Infelizmente algumas pessoas ainda saem de suas casas pensando no “sonho americano” e se o intuito for juntar dinheiro, não Flávia Toledo Quem estranhou bastante os ares europeus foi Flávia Toledo, professora de Fisioterapia Neurofuncional, Cinesioterapia e Fisioterapia Preventiva do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR). Nascida em Ribeirão Preto e formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) no campus da pequena Araraquara, cidades no interior de São Paulo, a fisioterapeuta decidiu romper fronteiras rumo à Espanha. “Foi um verdadeiro choque cultural, uma experiência única. No exterior, as pessoas se misturam facilmente, diferente do Brasil que é um país muito grande, difícil de conhecer e de se misturar. Em qualquer lugar é possível ouvir vários idiomas e a diversidade cultural é fantástica. Tive alguns problemas com a falta do arroz e do feijão por estar acostumada a compensar o gasto de energia mental com estes alimentos. Eu me sentia cansada, nada ágil. E só depois que passei a consumir vitamina B, seguindo a recomendação de uma amiga peruana, comecei a me senti melhor”. Flávia concluiu seu mestrado na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP), no departamento de Neurociências, e uma das professoras da banca falou sobre um grupo em Barcelona que produzia estudos sobre o seu trabalho. “Estendi o tema para o doutorado, comecei a acompanhar as produções dessa equipe, conheci o professor responsável e, depois de um ano, fui para a Espanha”. Durante seis meses (doutorado sanduíche), Flávia hospedou-se em uma residência religiosa, gerida por freiras, onde as acomodações eram ocupadas por estudantes, mulheres, de diversos países. “Minha orientadora fez o doutorado em Nova Iorque, uma cidade Renato Fernandes cara, e também ficou em um lugar com as mesmas características cujo preço se encaixava na bolsa de estudos. Se não fosse a CAPES, jamais faria o intercâmbio. Essa oportunidade mostrou como é importante desenvolver uma visão científica, despertar a autocrítica diferenciada e viver a pesquisa em outro país”. Nada é por acaso A proposta surgiu em uma das edições de um curso da UNESCO realizada em Montevidéu, no Uruguai, com pesquisadores do mundo todo. “Lá foi apenas um convite. A partir disso, o desafio de chegar a Londres começou”. Em pouco tempo, Renato Fernandes de Paulo, Fisioterapeuta, PhD em Bioquímica Médica pela UFRJ e pós-doutorado no ICB-UFRJ, percebeu que esteve no lugar certo e na hora certa. “Inicialmente, gostaria de ir para a França, mas entendi que a língua da Ciência é o inglês, o que representou o divisor de águas na minha decisão. Cursei meu doutorado sanduíche no Imperal College London e o primeiro passo para participar desse processo foi obter, no Brasil, a aprovação e o reconhecimento do estágio no exterior. Fui o primeiro do departamento de Bioquímica Médica da UFRJ a receber a bolsa do Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior (PDEE)”. Durante os 18 meses em Londres, Renato morou em um hostel exclusivo para estudantes estrangeiros, uma indicação de seu orientador. “Percorria a distância entre a moradia e a universidade a pé, e reconheço que o fato de ser o único brasileiro da casa contribuiu muito para o desenvolvimento do idioma. Foi realmente uma grande experiência de vida. No meu estágio doutoral, trabalhei com tráfego intracelular de proteínas e investiguei seu papel especificamente em células neuronais. E o mais difícil foi adaptar-me aos termos técnicos utilizados no laboratório, que eram novos para mim. Antes o meu foco eram os músculos, só depois entrei no mundo da neurociência”. Os impactos dessa viagem só foram sentidos quando retornou ao país e percebeu como amadurecera cientificamente, e como estava orgulhoso de si mesmo não somente por fazer pesquisa na UFRJ, mas também por saber que o mundo realizava pesquisa de ponta e que ele pôde fazer parte dela. “Os processos são rigorosos e exigem dedicação de quem vai como ler muito a respeito do objeto de estudo, atentar-se aos pré-requisitos e prazos dos diversos editais e dominar o idioma do país escolhido. A saída do Brasil deve ser feita para fazer o que gosta, não apenas pelo fato de estar fora. Afinal, é o seu sonho que importa”. Felipe Leitão Informe-se também sobre os testes de proficiência • Test of English as a Foreign Language (TOEFL) • International English Language Testing System (IELTS) • Test of English for International Communication (TOEIC) 25 A NA FLORES [email protected] Desperdício humano 26 Já falei sobre isso em outra crônica, mas volto ao assunto, ainda lamentando o desperdício de crianças e adolescentes sem eira nem beira, desaproveitados e desconhecendo seus próprios talentos que não aqueles dirigidos a delitos. Hoje me refiro especificamente aos que são jogados em instituições cuja finalidade é "formular e implantar programas de atendimento a menores em situação irregular, prevenindo-lhes a marginalização e oferecendo-lhes oportunidades de promoção social" (Lei Estadual 1.534 de 27/11/1967), mas que na sua maioria não passam de um depósito de seres humanos. Nestes, os internos passam grande parte de seu tempo planejando a fuga ou especulando sobre como vão se dar bem quando fizerem 18 anos e se reintegrarem à bandidagem. Lugares como essas instituições, com estrutura semelhante à de um colégio interno, teriam tudo para ser o local certo para uma autêntica reabilitação, com atendimentos adequados, cursos bem montados e oportunidades para que se descubram aptidões e talentos nos internos, mas não o talento da esperteza e da vingança contra os que os mantêm ali. Tanto nas instituições para meninos como nas de meninas, todos eles menores e já infratores, nem mesmo eles desconfiam que são músicos, técnicos, dançarinos, atores, atletas, professores, escritores ou outros profissionais em potencial. E é nesse potencial não descoberto que estão ao mesmo tempo o problema e a solução. É problema porque a realidade continua mostrando o lado podre dessas vidas. Por que tão raramente se veem artistas e profissionais que descobriram seus talentos nessas instituições, mas lê-se aos montes sobre criminosos e delinquentes que tiveram passagem por elas? E é solução porque é esse mesmo potencial que pode ser captado, estimulado e trabalhado pelos educadores das instituições que realmente queiram fazer um verdadeiro trabalho de recuperação com os internos. Os nomes dessas instituições já foram muitos e sempre bem intencionados. Mudam-se as siglas, mas mantém-se o estigma de escolas do crime, de maus tratos, de celeiros de pequenos bandidos que agem como tais na própria instituição e que em pouco tempo atingirão o ápice da carreira marginal. E, o que dá mais vergonha: isso tudo depois de passarem por lugares criados e mantidos justamente para que eles possam ter treinamento adequado para se reintegrarem como cidadãos à sociedade de onde saíram. No moment o em q ue t ã o oportunamente se chama a atenção sobre urgentes medidas contra o desperdício de papel, de comida e de recursos naturais do planeta, bem que se poderia incluir nesse foco o desperdício que acontece sob nossas vistas com adolescentes que poderiam ter acesso a alguma oportunidade para se tornarem homens e mulheres de bem. T AMAS Não são mordidas nem quedas que me doem. Minhas dores são de tristezas, minhas e tuas. As esquecidas e as que você me recorda. Essas me doem. Mas agora posso dizer não, transpor o muro, pular o trilho. Dar as mãos, brincar de roda. Mãos quentes e felicidade. Podemos combinar assim: fique com a tua tristeza, teu olhar severo que o trem dos meus sonhos está chegando. Minha dança começou. Já fui. Pensamentos Pró-fundos Instante Fugaz [email protected] - As intermináveis perguntas não respondidas, movem a Humanidade. - Tentei voar 3 vezes. Na primeira não consegui. Na segunda não consegui. Na terceira não consegui. Vou tentar outra vez quando nas asas me crescerem as penas. - Vou fazer regime para ficar mais leve que o ar. - Correrias desatinadas, para onde? Poeta Convidado Mauro Vinicius Degraf O Sol O Vento O Mar Eu disse bom dia!!! Pra quem eu disse bom dia?? O Sol, o Vento e o Mar!!! Um dia o sol veio e com seus raios quis me queimar Mas logo veio o vento, veio para me refrescar Outro dia veio o mar e com suas ondas quis me afogar Mas logo veio o vento, veio mas parou de soprar Acalmando todas as ondas, todas ondas do mar Pra quem eu disse bom dia? Disse ao vento Mas que também pode matar - No sonho a liberdade existe. - Prepotentes impotentes deixem em paz a minha mente. 27 OSWALDO MIRANDA [email protected] Dulcinéa – 400 anos depois 28 De repende, Dulcinéa, a amada de D. Quixote, velha paixão do chamado Cavaleiro da Triste Figura, aquela a quem ele dedicava todos os seus atos. Miguel de Cervantes Saavedra deixou esta obra fantástica, quatrocentona, das mais importantes da literatura universal. D. Quixote lia as chamadas novelas de cavalaria, que falavam de homens corajosos, super-heróis que lutavam contra monstros e vilões em busca da glória. A ponto de se deixar influenciar, acreditando que lutar contra gigantes era como enfrentar moinhos de vento, embora gozado pelo fiel escudeiro, Sancho Pança, o cara que tentava chamá-lo à realidade. E por aí segue a espetacular narrativa. Isso para informar que entre as pessoas para quem eu dou esmolas aqui do Leblon, há também uma Dulcinéa. Fica postadinha ali na calçada, perto do Talho Capixaba. Encolhidinha, num bolo de corpo só, um montinho humano, tudo espremidinho, pezinhos miudinhos à mostra, o conjunto de carne coberto de ralos panos, à frente, o copinho de plástico, no qual, em cada vinte passantes um joga a moeda disponível, que, se for de má mira, cai fora... e ela apanha e bota no tosco recipiente plástico. Não, não pede. Reservadinha, não apela com o clássico ”uma esmolinha, pelamor de Deus!” Só aguarda o que lhe dão, os poucos. Discreta, reservada, fechadinha no seu modo de sofrer, resignada com seu destino, assim, à noitinha, ali, ignorada por muitos passantes. Dulcinéa. Sempre que posso, deixo um mastigo para ela, aquele pãozinho, baguete que sai quentinho da Rio-Lisboa. Uma vez ela levantou a cabecinha, olhou para mim e nem fez por menos: “Agora quero com manteiga.” Voltei e no balcão pedi para passarem manteiga na baguete e ela gostou. Já na segunda vez a moça do balcão disse que para passar manteiga eu tinha que pagar 3 reais e cinquenta centavos! Dulcinéa teve mesmo que ficar com seu pãozinho simples, sem a manteiguinha desejada, que, enfim, saboreia com o mesmo prazer. Revoltado, quase me transformei no Cavaleiro e com minha lança investir contra aquele moinho pelo abuso do preço de uma simples “manteigada” num pedaço de pão. Traduziu Sergio Molinas: “Terás porventura a mente posta no teu cativo cavalheiro, que só por servir-te e de tua inteira vontade, a tantos perigos quis se expor?” Eu na pele de D.Quixote por essa frágil Dulcinéa de hoje, que bem poderia estar no grupo dos decantados miseráveis que Dona Dilma promete erradicar, segura no lema “País rico é país sem miséria” que os anjos digam amém e Sancho Pancha a proteja... Os tapetes de Mustafá Já chegaram por aqui e estão nas mãos dos camelôs – sempre eles... Legítimo, doutor, diretamente da Turquia. 350, mas pro senhor, 300. É pegar e levar. Salve o folclore Carioca! G ISELA GOLD [email protected] JORNAL NACIONAL: “Para prevenir alto risco de câncer de mama, a linda atriz Angelina Jolie fez mastectomia dupla, ou seja, tirou os seios”. Mutilou-se para se resguardar e dar exemplo às mulheres que passam pela mesma situação. Desfez-se das mamas para não expor seus filhos à possibilidade de perderem a mãe precocemente. O gesto assombrou o mundo. Angelina foi corajosa, preventiva e heroína. GERAL: “Joaquim Barbosa diz que partidos são de mentirinha”. Repercussão entre eles, negativa, como seria de supor. Mas cá fora foi diferente. Tiro do Ancelmo: “Um sistema partidário com dezenas de partidos, quase todos inodoros, insípidos, assexuados, sem ideias ou ideologias, é ou não é de mentirinha?” E vem a blague: cartas para redação... O DIA: “O sonho das três cariocas era viver o belo cenário dos balões sobrevoando o solo de formação rochosa da Capadócia, como na novela”. Viajaram, foram e viveram o sonho, para morrer. A ficção vira realidade... GERAL: “No Rio Grande do Sul o leite fornecido aos consumidores tinha água e formol”. Essas vacas de hoje... PROGRAMA DO JÔ: “Zeca Pagodinho. Estive aqui em 91. Jogo no jogo do bicho e Jô falou que quando estudava em Petrópolis, sua mãe disse que sonhara com uma vaca deitada num sofá gritando mil e quinhentos. Jogou na vaca e ganhou. Tinha um procurador da Justiça na plateia que olhou para os dois de soslaio...” Zeca cantou sambas de Ataulfo Alves e Nelson Cavaquinho. A safra atual anda tão fraca assim? O GLOBO-ESPORTES: “Ex- atleta que transformou a FIFA em uma entidade mundial, João Havelange, 96 anos, renuncia à presidência de honra da entidade para escapar da punição por ter recebido suborno...” É triste! Nada a comentar, mas que fiquem, então, as boas lembranças do passado, a partir das vitórias da natação. GERAL: “Lula estreia como colunista do New York Times”. Grande expectativa pelo seu primeiro texto, quando deverá contar tintim por tintim como foi armado por ele o esquema do mensalão, the biggest scandal of brazilian republic... ESPORTE: Carlinhos Brown inventou e o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, aprovou. É a tal da “caxirola”, um chocalho que repetiria aqui, na Copa, a participação da torcida nos jogos, como aconteceu com a estridente “vuvuzela” na África do Sul. A primeira experiência foi no clássico baiano Ba-Vi. Distribuíram 50 mil aos torcedores. Eles devem ter chacoalhado bastante o pequeno instrumento. Mas mal acabou o jogo, jogaram a bugiganga no campo. Em tempo: Carlinhos Brown deu uma de presente para a presidente Dilma, que deve ter achado a coisa uma grande bobagem. Quem pagou? perguntou Renato Mauricio Prado. O GLOBO: “Romário: A Alemanha vai ganhar a Copa”. Será que nosso deputado ainda não ouviu dizer que o futebol é uma caixinha de surpresas? BAND NEWS: “Afif Domingues, PSD, vice governador de São Paulo, aceitou ser ministro da Dilma, PT”. Problema à vista: quando Alckimin se ausentar, ele vai ser governador e ministro ao mesmo tempo? A legislação permite uma vela a Deus, outra ao diabo? GERAL: “Atordoado com o desabastecimento, Maduro determina a importação de 50 milhões de rolos de papel higiênico”. Pelo menos, os venezuelanos poderão evacuar em paz. A Outra Silviana sempre soube que pouco sabia de si. As roupas, ganhava. Bastava vestir. Silviana pagava era com o olho. Olhar de quem não se vê. Não vê, mas percebe que é qualquer coisa diversa daquilo que embrulha o vestido. Os pés, Silviana calçava com sapatilhas pretas e nelas esquecia seu caminho. E eram de outros as pedras com que marcava uma trilha, que não ia. Os caminhantes, esses sim, tinham cara deles mesmos. Uma tarde, dessas quaisquer, transeunte interrompeu travessia para olhar-se no espelho. Faltava-lhe batom. Demorou-se no contorno. Lábios. Olhos. Queixo. Fios de cabelo fora do lugar. Bochechas a corar. Notava ainda narinas, buço, irretocável tal qual sobrancelhas. A espinha de intimação retocada com pó de arroz. No espelho não cabiam duas. Pedaço de vidro sempre afastou Silviana, quando outra se conjugava no feminino. “Não quer mesmo?” insistiu a transeunte. Silviana negou e sorrateiramente teve a boca ajeitada pela outra. A mesma que botava o vestido comprado por alguém, ainda se olhava pelos olhos de outra. 29 B IJUX IN THE BOX [email protected] Sinal dos tempos? 30 Agora tudo o que é preciso para garantir público para uma novela é um bom vilão. Vão dizer que sempre foi assim, desde Odete Roitman. É possível. Mas o que incomoda é que a coisa virou”cláusula pétrea” da nova constituição das novelas. Antes, vilão era um ser desprezível, ficava logo claro que era um mau caráter, e tinha papel secundário em relação à história de amor que vinha em primeiro lugar. Hoje em dia, não é mais assim. Histórias de amor são apenas molduras para histórias de maldades de diversos tipos. Em Amor à Vida (graças a Deus não esqueceram a crase!), o melífl uo, dissimulado e até nojento Félix já está sendo aclamado como a grande atração. O(s) caso(s) de amor da indecisa Paloma parecem não ter força suficiente para segurar a trama. E até mesmo na história vivida pela sempre bela Paola de Oliveira tem o seu lado canalha. O ripongo que a seduz nos primeiros capítulos, e que se manda quando a bela tem sua fi lha sequestrada, ainda nem começou a fazer maldades de verdade. Agora, com a cumplicidade de Félix, com certeza veremos um subvilão em ação. Mas há vilões e vilões. Creio ser mais difícil criar um vilão que pareça verossímil ao distinto público do que um “mocinho” - como se dizia antigamente. Em A Favorita, Patrícia Pilar foi muito bruxa, muito má, e o povão adorou. Em Avenida Brasil, a Carminha de Adriana Esteves era a atração principal, pois o caso de amor da chocha Falabella e do garboso Cauã não dava pro gasto. Vamos ver como se desenvolve a atuação do excelente Mateus Solano. Félix já está roubando a cena – ou melhor, ele já foi criado para isso. Mas as maldades, até aqui, me parece que representam uma “overdose” de canalhice. Roubar bebê, tentar matar um sujeito que poderia lhe tirar o sono, são duas vilanias do tipo “heavy metal”, não acham? Logo nos primeiros capítulos, gente! O que mais poderá este ser das trevas aprontar? Eu vi... Mais informação Coisa boa No jornalismo, e também nos documentários, sinto falta de mais informação sobre os lugares onde se passam os fatos. Às vezes, a gente não pega a matéria pelo início – estamos pegando um cafezinho, ou procurando um livro -, e nos escapa o lugar onde a coisa aconteceu. A informação só aparece ao lado do nome do repórter. Uma vezinha só! Sugiro que se deixe num cantinho sempre o local dos fatos, afinal a tela é grande, dá pra fazer isso, e assim não se perderia detalhe tão importante. Uma das boas coisas da vida é gostar de futebol – e outros esportes também. Há diversas atrações para quem aprecia o vôlei, o basquete, as corridas, as maratonas... É prazer garantido, nos aproxima das crianças, e tenho certeza de que evita muitas brigas de casais! Além disso, as imagens são sempre lindas. Coisa boa 2 Outra coisa boa da vida é gostar de cozinhar. As Tvs já perceberam, e a temporada está cheia de bons programas de culinária. Melhor do que ver filmes velhos. Nas últimas semanas, anotei: King Kong, Se Beber não Case (o primeiro, velho), O Orfanato, Um Lugar Chamado Notting Hill, Tubarão 1, 2, 3 e 4! Também todos os Batman, e dois Superman. Tem mais, muito mais, o espaço é que é pouco. O pior é que todos estes velhíssimos filmes passam nos canais pagos! Estamos pagando para rever antiguidades! Que coisa! 31 C ARMEN PIMENTEL | LÍNGUA PORTUGUESA [email protected] Impresso ou imprimido? Ganho ou ganhado? Pego ou pegado? Você também fica na dúvida? Pois é... é para ficar confuso mesmo! Mas por quê? Por que muitas vezes não sabemos ao certo qual particípio empregar? 32 Primeiro uma breve explicação sobre o que vem a ser o particípio: Particípio é uma forma nominal dos verbos. Complicou? É que os verbos, muitas vezes, desempenham funções de nomes. No caso do particípio, o verbo geralmente assume a função de adjetivo, além de transmitir a ideia de que o processo verbal chegou ao fim. Por exemplo: Maria está cansada. Cansada, aqui, é o particípio do verbo cansar com função de adjetivo. Repare que, inclusive, cansada concorda com o nome Maria, ficando no feminino. É justamente porque tem a função de caracterizar Maria, que tem função de adjetivo. Voltando a nossa pergunta inicial, alguns verbos apresentam duas formas de particípio: uma regular (com a terminação –do); outra irregular, proveniente do latim ou de nome que passou a ser aplicado como verbo. Como saber, então, qual delas escolher na hora de elaborar uma frase? Simples! As formas regulares são, geralmente, acompanhadas pelos verbos auxiliares ter ou haver. Já as formas irregulares, pelos auxiliares ser ou estar. Observe os exemplos: Eu tinha imprimido várias cópias do discurso, mas esqueci todas em casa! – auxiliar ter, forma regular terminada em –ido. Preparei várias cópias do discurso. Elas foram impressas na minha impressora e por mim! – auxiliar ser, forma irregular. João havia ganhado na loteria um prêmio e tanto! Mas não soube o que fazer com o dinheiro... – auxiliar ter, forma regular terminada em –ado. O prêmio da loteria fora ganho por um tal de João! – auxiliar ser, forma irregular. Pego e pegado também são usados normalmente, de acordo com os auxiliares que os acompanham: Eu tenho pegado o ônibus sempre no mesmo horário. O ladrão foi pego com a mão na massa! Mas atenção! Nem tudo são flores no reino da Língua Portuguesa! Existem alguns particípios que não são aceitos (olha ele aí!) pela norma padrão da língua: o verbo chegar só apresenta a forma chegado. Nada de dizer por aí “Ela tinha chego”. Outros casos especiais: Os verbos abrir, cobrir, dizer, escrever, fazer, pôr, ver e vir só possuem o particípio irregular aberto, coberto, dito, escrito, feito, posto, visto e vindo. Os particípios regulares gastado, ganhado e pagado estão caindo no desuso, sendo substituídos pelos irregulares gasto, ganho e pago. As gramáticas costumam trazer uma listinha dos verbos que apresentam dois particípios. Eles são chamados de verbos abundantes. Vale a pena dar uma conferida! Infinitivo Part. Regular Part. Irregular aceitar aceitado aceito/aceite acender acendido aceso corrigir corrigido correto eleger elegido eleito entregar entregado entregue enxugar expulsado expulso expressar expressado expresso expulsar expulsado expulso extinguir extinguido extinto fartar fartado farto ganhar ganhado ganho gastar gastado gasto imprimir imprimido impresso isentar isentado isento juntar juntado junto limpar limpado limpo matar matado morto murchar murchado murcho pagar pagado pago pegar pegado pego prender prendido preso salvar salvado salvo suspender suspendido suspenso tingir tingido tinto A LEXANDRE BRANDÃO | NO OSSO [email protected] Hablan español Na década de 80, éramos comunistas, pero no mucho. Na realidade, alguns mais, outros menos, e nenhum metido em lutas armadas. Ficávamos no nível dos comitês de solidariedade. Na PUC, fizemos um pró-Nicarágua. Muitos latinos metidos aí, e entre eles, sim, uns exilados argentinos e chilenos com maior comprometimento político. Líamos Cardenal, o poeta e padre da Nicarágua, país do qual ouvíamos as músicas de resistência. Uma delas nos levava a dançar como só a música de um Tim Maia ou de uma Madona ousam fazer. O refrão desse verdadeiro hit era mais ou menos assim: “los oligarcas de ayer, los verdes claro de hoy”. Bem, daí a Borges foi um pulo. Daí aos Parras outro pulo. E tome Cortázar, Garcia Marques, Sábato, Neruda, Inti Illimani e não sei mais quem. Pouco a pouco, foi-se construindo uma geografia inexistente, que definia um país que tinha início no sul do Uruguai e terminava no sul dos Estados Unidos. Tudo isso teoricamente, friso, ainda que não pareça necessário, por- que, vocês sabem, ninguém se livra de pequenos rancores. Nem sempre o abraço de um argentino caiu bem num chileno, nem o desse num boliviano ou peruano. Porém, era no mundo das ideias que transitávamos, e nele, uma América só. Não sou dos saudosistas de plantão, no máximo sinto falta de quando não tinha barriga e o cabelo era pretinho — bem, mas isso não vem ao caso. O que interessa é que essa nostalgia me veio durante a viagem que fiz a Lima, no Peru. Encontrei a cidade em obras, o que aumenta o seu contraste explícito: uma cidade moderna, transitada por veículos — em especial os do transporte público — velhos; uma cidade cosmopolita, habitada por Incas ancestrais. Povo hospitaleiro, boa comida, trânsito caótico em ruas de poucos sinais, em suma, várias camadas do tempo num mesmo lugar. Susana Baca, cantora do país, retrata bem essa síntese. Canta seus folclores, canta também a música negra americana e ainda Milton Nascimento. Se não estou enganado, foi, como nosso Tom Zé, uma das pérolas (re)descobertas e lançadas nos Estados Unidos pelo bom líder do Talking Head. Minhas visitas a países de língua espanhola sempre se transformam em uma oportunidade para conhecer novos artistas, particularmente os ligados à música. No Peru, foi, graças a uma dica de meu primo Lucas, essa Baca, de voz doce e interpretação contundente. Na Argentina, conheci uma moçada nova, que anda sacudindo o velho e bom tango. O senhor Joaquín Sabina é da Espanha. Acho estranhíssimo que se conheça tão pouco a música dessa turma. Sabina, por exemplo, é um espetáculo moderno e antenado com o mundo em que estamos vivendo assoberbados. No Brasil, o único disco dele que encontrei nas lojas foi um gravado com Fito Paez, o argentino que o pessoal do Paralamas nos apresentou. Uma pena! Sabina transita pelo mundo de Almodóvar, artista que conhecemos tão bem, ainda que o cineasta seja mais novo que o músico. Não por acaso, uma de suas músicas é intitulada “Yo quiero ser una chica Almodóvar”. Sabina é engraçado, maldito e, como soam às vezes os hispânicos, um pouco brega — um produto com açúcares de Lobão, farinhas de Chico e baunilhas do Rei. Enfim, minha viagem a Lima trouxe de volta a sensação de que estamos longe daqueles que estão aqui mesmo, ao nosso lado, grudados até. Não deveria ser assim. 33 O NDE ENCONTRAR BOTAFOGO Budha Spa Botafogo Av. Lauro Sodré, 445/G3 e G4 – Shopping Rio Sul Tel.: 2295-7941 OX Fitness Club Mourisco Praia de Botafogo 501 OX Fitness Club Praia Praia de Botafogo, 488 21 2295-2211 COPACABANA Banca do Babau Rua Inhangá esquina c/ NSC Banca Tia Vânia Rua Xavier da Silveira, 45 Banca Xavier da Silveira Rua Xavier da Silveira, 40 Empório Occhiali Rua Siqueira Campos, 143 – Loja 141-142 Espaço Brechicafé R. Siq. Campos 143 - loja 31 Tel: 2497-5041 34 Graça Brechó Av. N.S.Copabana 959 - Loja E Ao lado do Cine Roxy Le Chic Optique Av. N.S.Copa., 267 Livraria Nobel Rua Barata Ribeiro, 135 Tel.: 2275-4201 Helena's Studio R. Siqueiro Campos, 143/lj 25 Rest. Príncipe de Mônaco Rua Miguel Lemos, 18- Loja A Shopping 195 Av. N.S.Copacabana, 195 Sorveteria Lopes Av. N.S.Copa., 1.334 - loja A Theatro Net Rua Siqueira Campos - N° 143 - 2º Piso. Copacabana FLAMENGO República Animal R. Marquês de Abrantes, 178 lj. B Tel.: 2551-3491 / 2552-4755 GÁVEA 15ª DP – Gávea R. Major Rubens Vaz, 170 Tel.: 2332-2912 Banca da Bibi Shopping da Gávea 1º piso Tel.: 2540-5500 Banca da Gávea R. Prof. Manoel Ferreira, 89 Tel.: 2294-2525 Banca Dindim da Gávea Av. Rodrigo Otávio, 269 Tel.: 2512-8007 Banca Feliz do Rio Rua Arthur Araripe, 110 Tel.: 9481-3147 Ações de Rua • Livrarias • Bancas • Cafés • Restaurantes • Espaços Culturais • Lojas • Academias Banca New Life R. Mq. de São Vicente,140 Tel.: 2239-8998 Banca Planetário Av. Vice Gov. Rubens Berardo Tel.: 9601-3565 Supervídeo Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D 21 2522-6893 Banca Speranza Praça Santos Dumont, 140 Tel.: 2530-5856 Via Verde R. Vinicius de Moraes, 110, LJ. C Banca Speranza Rua dos Oitis esq. Rua José Macedo Soares Wash Club Visconde de Pirajá, 12, loja D Casa da Táta R. Prof. Manoel Ferreira,89 Tel.: 2511-0947 JARDIM BOTÂNICO Carlota Portella Rua Jardim Botânico, 119 Tel: 2539-0694 Chaveiro Pedro e Cátia R. Mq. de São Vicente, 429 Tels.: 2259-8266 Le pain du lapin Rua Maria Angélica, 197 Tel: 2527-1503 Igreja N. S. da Conceição R. Mq.de São Vicente, 19 Tel.: 2274-5448 Posto Ypiranga Rua Jardim Botânico, 140 Tel:2540-1470 Menininha Rua José Roberto Macedo Soares, 5 loja C Tel.:3287-7500 Supermercado Crismar Rua Jardim Botânico, 178 Tel: 2527-2727 Posto BR – loja de conveniência Rua Mq. São Vicente, 441 LAGOA Bistrô Guy Rua Fonte da Saudade, 187 Restaurante Villa 90 Rua Mq. de São Vicente, 90 Tel.: 2259-8695 HUMAITÁ Banca do Alexandre R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim Tel.: 2527-1156 IPANEMA Armazem do Café Rua Maria Quitéria, 77 Banca do Renato Rua Teixeira de Mello, 30 Budha Spa Ipanema Rua Visconde de Pirajá, 365/B, Sobreloja 201 Tel: 2227-0265 Centro Cultural Laura Alvim Av. Vieira Solto, 176) Mundo Verde Rua Visconde de Pirajá, 35 LARANJEIRAS Casa da Leitura Rua Pereira da Silva, 86 Mundo Verde Rua das Laranjeiras, 466 – loja D 3173-0890 LEBLON Armazém do Café Rua Rita Ludolf, 87 Tel.: 2259-0170 Banca Canto Livre Rua Gen. Artigas, s/nº Tel.: 2259-2845 Banca do Mário Rua Gen. Artigas, 325 Tel.: 2274-9446 Banca do Vavá Rua Gen. Artigas, 114 Tel.: 9256-9509 Banca Rainha R. Rainha Guilhermina,155 Tel.: 9394-6352 Banca Scala Rua Ataulfo de Paiva, 80 Tel.: 2294-3797 Banca Top Rua Ataulfo de Paiva, 900 esq. Rua General Urquisa Tel.: 2239-1874 Budha Spa Leblon Rua General Urquiza, 102/ 6º andar Tel.: 2249-5647 Café com Letras Rua Bartolomeu Mitre, 297 Café Hum Leblon Rua Gen. Venâncio Flores, 300 Tel.: 2512-3714 Central de Compras do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 556 Centro Empresarial Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 204 Cidade do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 135 Entreletras Shopping Leblon nível A 3 Embalo Bar R Dias Ferreira, 113 Fotografia Digital Av. Afranio de Melo Franco, 310 Rio Flat - Apart Hotel Rua Almirante Guilhem, 332 Vitrine do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 1079 LAPA Bar da Nalva Rua Silvio Romero, 3 - Esquina com Rua do Riachuelo LEME Maison 25 Haute Coiffeur Rua Roberto Dias Lopes, 25 Quiosque Espaço OX Av. Atlântica, Posto 1 As mulheres se identificaram com a matéria de maio da Folha Carioca, "Mães coragem" SANTA TERESA Banca Chamarelli Rua Áurea, 02 Banco do Lgo. dos Guimarães Largo dos Guimarães s/nº Bar do Gomes Rua Áurea, 26 Bar do Mineiro R. Paschoal Carlos Magno, 99 URCA Banca da Deusa Banca da Teca Banca do Círculo Militar em frente ao Círculo Militar Banca do EPV Banca Ernesto e Bia Av. Portugal, 936 Banca Garota da Urca Av. João Luíz Alves, 56 Bar Belmonte Av. Portugal 986 Bar e Restaurante Urca Rua Cândido Gafrée, 205 Dia dos Namorados Shopping da Gávea. Troque beijos e presentes com o seu amor. shoppingdagavea.com.br