Herreshoff Festival

Transcrição

Herreshoff Festival
Conversa no Píer
Clínica Literária Editora
Ano I - Outubro de 2013 www.conversanopier.com.br
Barcos de Madeira
Brasil
Herreshoff
exclusiva no dia de seu
80 aniversário
Conversa no Píer
pelo Brasil afora
l
a
v
i
t
s
e
F
denBoat
WooBrazil
Conheça o
Museu dos
Nós
Cursos
& Oficinas
Turismo Cultural Náutico
América, Europa, Australasia
- Novo BRCostal em obras
“porque a vida com um barco é melhor.”
Homenagem:
O Bruxo de Ubatuba
- Lixo, a burrice que o
JJ Magalhães
homem inventou
Comodoro do Iate Clube Tamoios
Porque a vida com um barco é melhor
©
A Conversa no Píer é uma
publicação digital da
Clínica Literária Editora, Agência
de Notícias e Serviços Ltda.
e do
Instituto Brasil Costal - BRCostal
Copyright ©
Todos os direitos reservados
Editor
Luís Peazê
(MTB 24338)
Contato:
[email protected]
+55 21 3648 5413
www.clinicaliteraria.com.br
Indíce
Simplesmente Herreshoff
[ENTREVISTA] .....5
Conheça o Museu dos Nós .................................9
Cursos & Oficinas .................................................................11
Turismo Cultural Náutico
América, Europa, Australasia ...........................................13
Novo BRCostal, em obras .........................................16
Barcos de Madeira Brasil
Wooden Boat Brazi l..............................................................................18
LIXO: a burrice que o homem inventou
...........19
©
Conversa no Píer pelo Brasil afora....20
O Bruxo de Ubatuba [homenagem] ..............................21
3
Conversa no Píer©
4
Conversa no Píer©
Simplesmente
Herreshoff
I
naugurando a nova Conversa no Píer , Halsey Herreshoff, neto do lendário arquiteto e
construtor naval Captain Nathanael Green Herreshoff, concedeu uma entrevista
exclusiva de seu escritório no Museu Herreshoff, em Bristol, Rhode Island, EUA.
A Conversa no Píer tem sido, desde a fundação da Clínica Literária editora, agência de
notícias e serviços (1997), uma coluna de crônicas e artigos online deste editor e convidados,
sobre o ambiente marítimo, marinho e costeiro. A partir deste número especial, pretende ser
uma revista, mais abrangente, seguindo a mesma pauta das colunas.
Queremos privilegiar o interesse dos entusiastas das tradições marítimas e não será difícil
notar nossa preferência pelos barcos de madeira e seu universo mágico. No DNA de nossos
sonhos, contudo, habitam os cruzeiros a vela, a vida a bordo e a confraternização em
detrimento da competividade, mas isto não quer dizer que deixaremos de incluir as regatas,
pelo contrário. Aproveitamos também, para apresentar a nova sede do Instituto Brasil Costal
- BRCostal e suas novidades, como o Museu dos Nós, entre outras.
Espero que o leitor goste, recomende aos amigos e, se você compartilha do mote “porque a
vida é melhor com um barco”, então as suas críticas e contribuições são bem vindas à
Conversa no Píer .
©
©
©
Luís Peazê
Conversa no Píer©
Simplesmente Herreshoff
Por Luís Peazê
- Olá Halsey, feliz aniversário mais uma vez e, antes de mais nada, a gente diz
“here-xó-f ou reresóf ?
- Obrigado, Luís, mais uma vez. Olha, de fato isso é interessante, alguns dizem
como você, “xóf ”, às vezes eu mesmo digo também, na família dizemos “sóf ”,
do jeito que você quiser, o importante é continuar dizendo (riso).
Com humor e delicadeza, no dia de seu 80° aniversário (16/09/2013), Halsey
Herreshoff, neto do famoso arquiteto e construtor naval Captain Nathanael Green
Herreshoff, de seu escritório no Museu Herreshoff, em Bristol (EUA),
pacientemente atendeu com exclusividade ao meu apelo para esse número especial
da revista Conversa no Píer©.
Fizeramos alguns contatos preliminares, na semana anterior, enquanto ele
acompanhava, em San Francisco, a America´s Cup da qual é uma lenda viva, como
velejador em dezenas de capítulos, organizador e criador do Hall of Fame (Galeria
da Fama) e uma dúvida pairava na minha cabeça:
O que perguntar a Halsey, de modo que possa interessar tanto a quem já ouviu
falar de Herreshoff, quanto a aos que nunca ouviram e inclusive nem sejam do
meio náutico? Então resolvi desafiá-lo a resumir em poucas palavras os seus 80
anos neste ambiente tão singular, ou melhor, acrescentei, resumir os 165 anos da
existência dos Herreshoff (seu avô o Cap. Nat, seu pai Francis e ele mesmo,
arquitetos de veleiros singulares) que tanto contribuíram para a arquitetura e
construção naval, especialmente de lazer, e continuam inspirando profissionais e
entusiastas até hoje. Você poderia fazer um resumo, Halsey, incluindo sua
experiência de America´s Cup?
- Claro. Tenho feito isso ultimamente. Espero que atenda ao que você está
querendo. Para mim é sempre uma alegria, sou feliz por isso, olhar para trás e ao
redor e ver a simplicidade de três conceitos básicos de um negócio que podem
ser a genuína razão do sucesso de uma marca e de um produto. É preciso
lembrar que o estaleiro Herreshoff não era tocado somente pelo Capt. Nat mas
também por JB (James Brown Herreshoff) seu irmão, e havia mais. Veja: apesar
de ser cego, JB era a cabeça e pernas da administração da empresa. Mantinha
tudo na ponta do lápis e organizado. Sabia onde e quando gastar cada centavo.
Por sua vez, o Capt. Nat dedicava-se a desenhar e construir o melhor produto
possível. Não faziam propaganda, o Museu Herreshoff hoje em dia tem mais
banners do que o estaleiro daquela época que tinha uma única plaquinha numa
sala do galpão: “Office” (escritório). Herreshoff confiava numa outra perna
desse tripé: treinava a melhor mão de obra possível, e preservava o capital
Coleção de meios-modelos feitos
pelas mãos do Cap Nat Herreshoff
Cap Nat Herreshoff
6
Cap Halsey ao timão do Eleonora
replica da escuna Westward
Herreshoff's 96'
Conversa no Píer©
Mais de uma razão me levaram
a procurar Halsey Herreshoff
nesta data especial. Primeiro,
há muito tempo eu queria
celebrar a minha ousadia, bem
sucedida, e não foi fácil, diga-se
de passagem, de construir
réplicas do menor barco
desenhado por Nat Herreshoff e
considerado uma obra prima
(como se os demais barcos
assinados e construídos pelo
Wizard of Bristol / Bruxo de
Bristol não fossem obras
primas). O Columbia 11-1/2´
dinghy de apoio do famoso 12
metros Columbia que disputou,
e venceu, cinco America´s Cup.
Aliás, a primeira que este
veleiro disputou foi em 1958,
quando eu nasci, e tinha como
proeiro o jovem Halsey
Herreshoff entrevistado aqui.
A segunda razão, de procurar
Halsey para um bate papo, é a
inauguração da Conversa no
Píer© em revista digital. Desde
1997, quando a Clínica Literária
foi criada, crônicas e artigos
sobre marinharia, meio náutico
tradicional e meio ambiente
marinho e costeiro foram
publicadas sob a coluna
©
Conversa no Píer , que a partir
deste número inaugural virou
revista.
humano que não precisasse de supervisão o tempo todo. Daí em diante era
aguardar que as outras pessoas, clientes e entusiastas, propagassem a qualidade e
virtudes dos seus barcos. Até hoje, eu suponho, tem sido assim. E tudo era muito
difícil naquela época, Herreshoff viveu na época de Ford e outros que também
inventavam coisas porque tinham que inventar. Inventou algumas das mais
importantes ferramentas e métodos de construção naval, como construir o casco
emborcado; várias ferramentas, como a de extrair as medidas de linhas (lofting)
dos modelos miniaturas que construía a mão, para cada barco que desenhava;
criou formas de corte e costura de velas, carrinhos nos mastros para correr as
velas, uma dezena ou mais de legados importantes, úteis hoje em dia. No museu,
preservamos sua sala no primeiro andar, onde ele se trancava e pensava novas
formas de facilitar e garantir o melhor produto possível, ele pensava nisso o
tempo todo, tinha um bloquinho sempre à mão, ia anotando melhorias, dúvidas...
Sobre Herreshoff, é isso o que eu posso resumir, mas eu ficaria falando aqui sem
parar e é melhor eu parar (risos). Agora, sobre a America´s Cup, eu acabo de
publicar um artigo no jornal local, aqui na costa leste, onde prevejo e dou a minha
explicação do porque os EUA perderão para os neozelandeses1*. Dê uma olhada, se
2
não for lhe aborrecer. Eu sinto saudade da época dos 12 metros *. Pareciam mais
com barcos, mas eu acho que penso assim porque estou ficando muito velho (risos).
[ 1*Os americanos acabaram vencendo de forma espetacular os neozelandeses,
recuperaram-se de um mau início e venceram 8 séries consecutivamente, deixando
2
* Eram monocascos e
competiam numa regra aprimorada criada pelo próprio Cap. Nat, diferente dos
catamarãs que voam sobre foils desta ultima America´s Cup]
para a história da America´s Cup um capítulo único.
“Beautiful little boat you have
built. It is not easy to build the
curved lines of a Herreshoff,
few people can and you have
done that very well.
Congratulations”
Impressionante ouvir esta verdadeira mini palestra, via Skype e direto do telefone
celular de Halsey. Após isso, trocamos impressões (ousadia a minha, talvez eu
devesse apenas ouvir), na verdade extraviei uma ou duas opiniões, para ver a sua
perspectiva e ele concordou, “isso mesmo, isso mesmo” disse , com relação a ter
havido pelo menos três fases bem distintas nesta que é a mais antiga competição
internacional de esporte, a America´s Cup: da era inicial (1851) até o fim da era
Herreshoff, em seguida, culminando nas décadas de 80 e 90, o salto para a
tecnologia e para as disputas judiciais fora d´água e o início dos mega patrocínios,
as mudanças de regras, a inserção de mais de um país disputando, antes eram
apenas dois, o detentor da “copa” e o desafiante do “velho caneco” (Auld Mug
como é chamada a taça no meio náutico) e, a atual fase da alta tecnologia e
superação de todos os limites inimagináveis, desde a cobertura midiática ao barco
de competição, o catamarã que substituiu o monocasco. Nisso, Halsey deu um
longo suspiro e repetiu que continua pensando nos 12 metros, acrescentando: - sem
dúvida, talvez esteja na hora de revermos tudo isso e entramos numa nova época,
mais equilibrada entre o barco, homem e os elementos naturais, sem perdermos de
vista, é claro, os avanços que conquistamos difícil tarefa.
“Lindo esse pequeno barco que
você construiu. Não é fácil
construir as linhas curvas de
um Herreshoff, poucas pessoas
conseguem e você conseguiu
muito bem. Congratulações.”
Halsey Herreshoff
Página virada (de um livro que ainda será escrito pela história da vela mundial),
abordei um assunto que me interessa pessoalmente. Perguntei a Halsey o que e
como “o tradicional” pode contribuir para o ambiente dos veleiros de lazer, neste
mundo onde a tecnologia e comodidade parecem seduzir as pessoas com tanta
facilidade?
Por fim, desde que decidi
construir o Dinghy Peazê
replicando o Columbia 11- ½ de
Herreshoff, recebo todo
orgulhoso elogios de quem
toma conhecimento do barco,
por foto ou pessoalmente;
apresentei o Dinghy Peazê no
Wooden Boat Festival, em Port
Townsend, WA (EUA) e só isso
já seria a coroação de um êxito
singular; mas faltava ouvir do
próprio Herreshoff o que ele
achou da cópia:
7
Conversa no Píer©
- Vejo essa contribuição muito necessária e ela já está sendo
dada, a meu ver, através das tantas escolas locais de
carpintaria naval e marinharia espalhadas pelo mundo. Aqui
nos Estados Unidos, de uma década para cá, parece ter
havido um boom, estou feliz com isso; vejo o mesmo na
Europa, no sul da França, por exemplo, onde estive a pouco
tempo, vi muitas experiências criativas e bem sucedidas. Sem
dúvida, esse parece ser o caminho.
Halsey gostou quando lhe propus uma visita ao Brasil, para o
a inauguração do primeiro Festival Internacional de Barcos
de Madeira (Wooden Boat Brazil), ele viria com prazer,
brincou que repetiria tudo o que “estava” falando, mas
aproveitaria para ver como nós brasileiros construimos
nossos barcos, já que temos ótimos velejadores vencedores
de medalhas olímpicas.
Eu já estava constrangido por prendê-lo tanto tempo, mas
não pude deixar de querer ouvir dele mesmo sobre o último
encontro da lenda dos cruzeiros J. Slocum com os
Herreshoff e ele repetiu com orgulho que seu pai, Francis
Herreshoff, foi a última pessoa em terra a conversar com J.
Slocum momentos antes de sua partida para a última
travessia... Como todos nós temos lido, talvez ele tenha sido
abalroado por um cargueiro, mas ninguém tem certeza e o
importante é que ele marcou de modo único a sua presença
por aqui - concluiu.
Peazê, produzindo o lofting, outubro, 2008
Primeira unidade - Lissa
Proprietário: Martin & Lissa Steinhaus-Lang, Hawaii, USA
- Sem dúvida, e eu não conheço nenhum velejador que não
tenha se inspirado um pouco em Slocum. Halsey, por mim
ficaria conversando por mais tempo, quem sabe em breve no
Herreshoff Museum?
- Estaremos lhe esperando. Obrigado, Luís. Preciso ir
mesmo, a família já está aqui no escritório para me arrastar
para casa, fizeram uma festa privada para mim, não quero
perder. I´l send you a picture you asked, by email, ok. Thank
you, Sir. (Vou te enviar a foto que me pediu, por email.
Obrigado, Senhor!).
Eu é que agradeço, Halsey, a generosidade e simplicidade.
Uma lição entre as demais.
Entrevista realizada em 16/09/2013, Rio de Janeiro/Bristol, via
Skype/Cellphone
Dinghy Peazê 0005 - Bonita (setembro 2009)
Proprietário: Lucas DaSilva, Athens, TN, USA
Conversa no Píer©
Conheça o
Museu dos
Nós
Inédito no Brasil e raro no mundo, o Museu
dos Nós é talvez a principal novidade da nova
fase do Instituto Brasil Costal - BRCostal. Meu
interesse por “nós” vem desde a infãncia,
quando assistia meu pai fazer apetrechos de
pesca e meu avô me ensinava trançar cascas de
imbira em pequenos laços e rebenques; o nó de
fiador, por exemplo, para buçal de cavalo, sei
fazer até hoje e aprendi lá naquela época
memorável. Mais tarde, quando fui infectado
pelo bom virus do mar, comecei a aprender nós
de marinharia e nunca mais parei de aprender a
dar nós, em algumas ocasiões, em meu cruzeiro
na costa da Austrália, esta aprendizagem foi
vital. Quando trabalhava na West Marine,
California (1996), atendia pedidos de clientes
para construir cabos de âncoras e “splices” em
cabos de velas, cada trabalho me permitia
encher um carrinho de supermercado com o
“rancho” da semana.
No BRCostal, realizei em Copacabana a
Gincana Nó de Marinheiro com estudantes de
escolas públicas e um dos prêmios foi um
quadrinho de nós, feito com madeira reciclada
do espelho d´água da Baía da Guanabara.
Esta é a gênese do Museu dos Nós que tenho
o prazer de apresentar, em plena construção.
9
Conversa no Píer©
nós cegos, às vezes frouxos e
adormecidos para sempre no íntimo
dos mais medrosos. Esses, nós do
medo, que só se desfazem com o
auxílio de gestos obtusos e cortes
profundos, que sulcam e cicatrizam a
nossa alma. Se nos enredemos, pois,
nos nós da vida e do dia-a-dia...
O Museu dos Nós está sendo
construido fisicamente na nova sede
do Instituto Brasil Costal - BRCostal,
em Saquarema, RJ. Inicialmente,
compreenderá uma sala de
“arquitetura” de nós, feitura de laços e
trabalhos com cabos e linhas,
macramé e embrião dos demais
projetos ora no “forno”. Mas em
todas as instalações do BRCostal, até
nos banheiros, a presença de nós será
percebida; em punhos das portas, em
torno de objetos, cadeiras, estantes,
abajures, etc.
À parte o romantismo e entusiasmo,
uma das credenciais para a ousadia desta
iniciativa é a nossa associação com a
IGKT - International Guild of Knot
Tyers (Agremiação Internacional de
Atadores de Nós), com sede na
Inglaterra.
Quipu, antigo sistema
numérico e de comunicação
dos Incas
A curadoria seguirá o contexto
temático por áreas de aplicação, o que
é ambicioso. Os nós nos remetem à
épocas inimagináveis, há mesmo
registros de sua existência antes da
palavra escrita. Se engana quem pensa
que os nós são propriedade imaterial
dos antigos homens do mar, embora
tenham sido esses atores que
diversificaram, à exaustão, a feitura e
suas utilidades a bordo das antigas
embarcações, nas primeiras travessias
oceânicas, morosas, uma das razões
dessa arte merecer tanta atenção.
Me referiro no plural, “nossa
associação”, porque espero encorajar
colaboradores para o Museu dos Nós;
especialistas, diletantes, artistas,
escoteiros, eletricistas, cowboys/girls,
curiosos, velejadores, caminhoneiros,
nós não faremos distinção a quem nos
amarrar, nos laços de amizade, nem
sempre apertados com nós
indestrutíveis... [Poesia] de família,
impossíveis de se desfazerem, feitos com
nós de sangue, não raramente esquecidos
porque outros laços nos amarram longe
das nossas raízes. Ligações emotivas
entre homem e mulher, gente e bicho,
pessoa e coisa produzem os nós da
paixão, que se fazem por acidente, no
curto espaço de um olhar, e cerram-se em
Conversa no Píer©
Cursos
& Oficinas
Em 2014, enquanto a maioria
estará atenta à Copa do Mundo de
futebol, no BRCostal pretendemos
receber entusiastas dos barcos de
madeira ou interessados em explorar
esse mercado profissionalmente.
Também e com especial atenção,
atenderemos um público talvez mais
importante do que os demais:
crianças e adolescentes. Acreditamos
que a carpintaria e laminação naval
amadora, o principal de nossos
cursos, seja uma forma lúdica e
educativa sem comparação para
entreter e inspirar os futuros passos
de uma pessoa na vida.
S e m u f a n i s m o, e s t a m o s
convencidos de que a inserção do
indivíduo no ambiente marinho e
marítimo tradicionais o torna mais
completo como ser humano (de
difícil paralelo com outras atividades);
porque ligado à natureza do mar,
estará permanentemente em contato
com a sua verdadeira origem. Se isso
não for sedução suficiente, fica em
aberto o seguinte convite: aceite que a
vida seja uma aventura, desde o
primeiro instante de gestação ao
nascimento e até o fim; afinal, “a vida
com um barco é melhor”.
Instituto Brasil Costal - BRCostal
Carpintaria naval amadora
Método tradicional tabuado - Dinghy Peazê
Objetivo: introduzir e praticar as técnicas básicas de carpintaria do
método de construção amadora de um barco de madeira em tabuado.
DURAÇÃO: uma semana em tempo integral.
Método “stich & glue”
Objetivo: introduzir e praticar as técnicas básicas de carpintaria do
método “stich & glue” de construção amadora de um barco de lazer.
DURAÇÃO: um fim de semana e inclui um kit de construção de uma unidade e
o sorteio de um barco semi acabado entre os alunos.
Método laminação e “stich & glue” - prancha SUP
Objetivo: introduzir e praticar as técnicas básicas de carpintaria e
laminação na construção uma prancha SUP em madeira e epoxi.
DURAÇÃO: um fim de semana e inclui um kit de construção de uma unidade
e o sorteio de uma prancha semi acabada entre os alunos.
Nós - uma arte milienar
Marinharia - porque a bordo os nós e laços são vitais
Objetivo: introduzir e praticar as técnicas básicas de nós e laços marítimos,
úteis e necessários a bordo de uma embarcação. Inclui “splices” entre cabos
e cabo e corrente de âncora, amarração e cultura geral sobre tipos e
materiais de cabos náuticos. DURAÇÃO: um fim de semana.
Por falar em nós - história e prática
Objetivo: introduzir a história e praticar tipos/aplicações variadas de nós.
Inclui marítimos, cavalaria, decorativos e outros. Inclui um exemplar do
livro edição brochura “Por Falar em Nós” (no prelo). DURAÇÃO: um dia
(parte).
O Mar: Eu Uso, Eu Manejo, Eu Usufruo
Conceito de responsabilidade solidária e ambiente total
Esta oficina teve origem numa palestra feita na Marinha do Brasil, no
Centro de Sinalização Náutica (DHN). Objetivo: introduzir a noção de
ambiente total e responsabilidade solidária no mais amplo sentido da
expressão, do jurídico ao filosófico. Mais informações sobre o conteúdo
no site do BRCostal www.luispeaze.com/brcostal . DURAÇÃO: um dia
(parte).
Acompanhe pelo site
www.conversanopier.com.br o calendário,
forma de inscrições, requisitos,
hospedagem, etc
Habilitação de Amadores
Capitão-Amador - Mestre-Amador - Arrais-Amador - Veleiro
Respectivamente, para conduzir embarcações: entre portos nacionais e estrangeiros,
sem limite de afastamento da costa; entre portos nacionais e estrangeiros nos limites
da navegação costeira; nos limites da navegação interior; a vela sem propulsão a
motor, nos limites da navegação interior.
Conversa no Píer©
www.luispeaze.com/loja
Conversa no Píer©
Turismo Cultural Náutico
América, Europa, Australasia
Já é frase batida que uma foto vale por mil
palavras... Várias fotos, como as exibidas aqui,
devem valer por milhões; se você concorda,
estamos na mesma página.
Então algumas palavrinhas extras para explicar
esse sonho não custarão nada. Primeiro, desde
criança eu gosto de viajar. Estou sempre pronto,
passaporte à mão, faço a mala (pequena) em
minutos, e, para o exterior, sempre é uma viagem
utilitária (Europa, Américas, África, Austrália, etc), o
que oportuniza um conhecimento a mais dos
llugares. Tenho uma teoria: a gente esquece
muitas passagens na vida, mas as viagens não,
elas ficam instaladas pra sempre na nossa
memória. E viajar “on budget”? Qual o problema?
Ainda estamos na mesma página? Pois é, quando
participei do Woodstock dos barcos de madeira,
nesse lugarzinho mágico que é Port Townsend, WA,
disse para mim mesmo: ainda vou trazer um grupo
de pessoas entusiasmadas como eu por
programas como esse... Você aprende, desfruta,
aumenta o seu repertório de sonhos, descobre
caminhos para realizá-los.... Fascinantes essas
escolas de construção e lazer de barcos de
madeira, onde frequentam mulheres e homens de
todas as idades. Alguns, eu fiquei sabendo, jamais
pretenderam construir um barco, frequentaram
pelo ambiente apenas; aprazível, relax - boa
comida, boa música, às vezes parece que você é
parte de um filme de Hollywood - inspirador.
Foi com essa inspiração que eu idealizei e
coloquei em prática este sonho. - Gostaria de
compartilhar! Faça contato comigo, se você
gostou da idéia.
Luís Peazê
Conversa no Píer©
Grupo de visita à Wooden Boat Foundation e ao
Herreshoff Museum, nos
Estados Unidos
O programa é simples e o entretenimento é garantido desde
o embarque, a tarefa difícil está sendo escolher dois ou no
máximo três pontos de visita para cada viagem/grupo. As
primeiras sondagens que fizemos foi como largar uma
criança numa loja de brinquedos. Há escolas de “wooden
boats” de norte a sul, leste a oeste nos EUA, e festivais de
barcos de madeira também. O pacote incluirá as passagens
aéreas, translados, hospedagem e as visitas. Peazê, é claro,
acompanhará o grupo; faça contato direto com ele pelo
email [email protected]
E garanta logo o seu lugar no grupo.
DESTINOS E ROTEIRO DO PRIMEIRO GRUPO:
14
Wooden Boat Foundation & Nortwest Maritime
Center, Port Townsend, WA, USA (Costa Oeste)
Herreshoff Museum, Bristol, Rhode Island, USA
(Costa Leste)
Programa de viagem: saida do Rio de Janeiro; Miami (11/2 dia); Seatle/Port Townsend (4-1/2 dias); Bristol, Rhode
Island (1-1/2 dia); Miami/Rio (retorno). Inclui visita a uma
loja West Marine, o maior shopping náutico do mundo.
Outros grupos estão sendo planejados para pontos que
incluem a Europa e a Australasia. Acompanhe no site da
Conversa no Píer©.
Conversa no Píer©
Dinghy Peazê
Desfrute o ambiente náutico com
elegância, com o Dinghy Peazê, uma obra
de arte naval. Sinta-se parte de uma
gravura nórdica, na atmosfera dos antigos
navegantes aterrando a ilha do tesouro ou
numa tela de cinema.
Num lago, num rio ou no mar, a remos, a
vela e a motor...
Réplica do Columbia 11-1/2 by Herreshoff
www.luispeaze.com/dinghypeaze
Conversa no Píer©
Novo BRCostal, em obras
Em agosto deste ano (2013), iniciei as obras de adaptação da
nova sede do Instituto Brasil Costal - BRCostal, o atelier naval e o Instituto Brasil Costal - BRCostal
Museu dos Nós. Não é à beira d´água, mas é um recanto muito aprazível, chamado Jardim, um bairro afastado do centro
de Saquarema, a cinco minutos de caminhada de duas lagoas, e de uma pequena fazenda de gado e a 15 minutos do mar,
também a pé. A sensação é de uma ancoragem protegida por todos os lados, dá para ouvir o mar, sopra uma brisa
constantemente e a fauna é exuberante ao redor. Saguis assíduos, pássaros em abundância e há um pássaro cujo canto é
uma risada pontual, todas as manhãs 04:30. Como tenho realizado a obra sozinho, sempre acho que aquele pássaro ri de
mim. Não é o João de Barro, não é uma caturra nem o famoso pássaro preto, tampouco é aquele Kokaboorra que ria de
mim na Austrália (Alvídia - Um Horizonte a Mais), ainda vou descobrir quem é esse sacana.
É neste ambiente que serão ministradas as oficinas e os cursos apresentados nesta edição da Conversa no Píer. E é
também onde será construido o Dinghy Peazê, sob encomenda.
Uma das novidades dos cursos do BRCostal é a capacidade desta nova sede hospedar os alunos. Ao estilo albergue,
ou acampamento, haverão catres à disposição, construidos no atelier naval, e o café da manhã e as demais refeições terão
o dedo do Chef Peazê (cuidado: corre-se o risco de enfrentar um churrasco), com destaque para a irresistível sobremesa
de banana frita na manteiga regada ao molho de chocolate, café e rum. Quem já provou, pediu bis de joelhos.
Conversa no Píer©
Horta de orgânicos
Ao redor da casa há bougainvillea, pingos de ouro, dois coqueiros, um pé de goiaba, um de limão e um de acerola.
Três pés de mamão foram plantados e já estão buscando o céu com voracidade. Pessoalmente estou nutrindo um espaço
para horta caseira, salvando resíduos orgânicos e transformando-os em adubo para o plantio de tomate, temperos e
outras verduras, alternativamente. É óbvio, sem o uso de agrotóxicos e produtos químicos sintéticos.
Água colhida da chuva
As calhas ao redor da casa, parte de tubos pvc e parte de bambus gigantes, colherão a água das chuvas que são
abundantes na região. Esta água será utilizada para regar plantas e lavar exteriores e serviços em geral. Será utilizada em
todo o processo a ação da gravidade, evitando assim o uso de energia elétrica.
Seleção de resíduos descartáveis e reutilizáveis
Todos os resíduos produzidos no BRCostal são selecionados para descarte e ou
reutilização apropriados.
Criação de Carpas: reuso de águas sanitárias e de serviço
Na segunda fase das reformas da casa, em 2014, será implementado um sistema de reuso das águas sanitárias e de
serviço para abastecer um tanque de carpas. Este tanque é outro sonho de Peazê, de copiar a criação caseira de carpas de
seu pai, no Rio Grande do Sul. Ajudava a fazer bolinhos de batata doce e farinha de casca de ovo para alimentar os
peixes. Fritas ao limão e alho, as carpas são memoráveis.
Energia solar
Da experiência do cruzeiro no Alvídia (Alvídia - Um Horizonte a Mais), ficou a boa lembrança de instalação e
utilização de painéis solares para recarregar baterias. Também na segunda fase de reformas, serão instalados painéis
solares para produção de energia suficiente para iluminação exterior, pelo menos.
Algas marinhas
Certas algas marinhas são uma fonte de proteinas e substâncias medicinais extraordinárias, são relativamente fáceis
de cultivar e manter. Este é mais um sonho, sem data para realização. Mas as motivações para buscá-lo não faltam e o
suporte técnico de um amigo com credenciais são perfeitas. Conheci Pateta, na certidão de nascimento Ivan Tafarel,
gaúcho oceanógrafo radicado em Santa Catarina, num congresso de oceanografia que participei em Itajaí. Pateta é dono
da fazenda marinha Moluskus, e produz as “ostras gigantes” que abastecem os melhores
restaurantes em todo o território nacional. Ele não vê a hora de me ajudar a implantar
a fazenda de algas, mas fui eu quem colocou na sua cabeça essa idéia, esse sonho e disso
ele também entende. Sua fazenda (foto) fica
na Praia dos Sonhos, litoral catarinense
Http://www.ostras.com.br
Conversa no Píer©
Barcos de Madeira
Brasil
Um dos cartões postais mais espetaculares do mundo, ao pé do Pão de Açúcar e acesso às águas
calmas da Baía da Guanabara, está pautado para ser o palco do 1° Festival de Barcos de Madeira do
Brasil - Wooden Boat Festival, que contará com a presença da comunidade de especialistas e
entusiastas nacionais e convidados do exterior. Com entrada franqueada ao público, programação
técnica e acadêmica e de lazer, pretende ser um evento singular a mais no calendário carioca e em
outras cidades. Acompanhe pelo site da Conversa no Píer©
l
a
v
i
t
s
e
F
denBoat
WooBrazil
Conversa no Píer©
LIXO - a burrice que o homem inventou
Luís Peazê
E
voluímos, rompemos a barreira da ignorância e
fizemos da inteligência humana o veículo para
atingirmos todos os séculos à nossa frente.
Escamoteado nesse aparente benefício em causa própria,
está o nosso maior paradoxo: nos tornamos incapazes de
involuir, voltar ao passado, retroagir, filosoficamente esta
possibilidade poderia ser um alívio ocasional para as febres
“modernas”... Ter o direito de retroagir. Não temos.
O conceito de “lixo” é um dos sintomas deste
corpo febril em que se tornaram as sociedades sobre a
Terra, condenadas a andar (rápido) somente em “linha
reta” tomando como base a superfície do planeta, que é
uma coisa que inexiste (a reta), pois, infinita, faria uma
curva. Se pudéssemos perguntar à Terra o que é lixo,
certamente ela diria que é algo que não existe no seu
universo, porque ela não precisa, ou não tem uso qualquer,
consequentemente não gera lixo. A natureza sábia jamais
inventaria algo que não fizesse parte de seu sistema cíclico
de transformação contínua. Então foi uma grande burrice
que o homem inventou. O homem foi capaz de inventar
algo do qual nem sequer sabe o que fazer, descarta-o sem o
menor cuidado, fora do seu repertório de interesses. Um
paradigma: todos os dias, eu crio algo que não é útil – à taxa
de 1,5kg por pessoa, média planetária. Sem contar as
indústrias e o coletivo urbano e rural...
Isso aconteceu quando, curiosamente, o homem
também perdeu o elo da medicina como uma arte não
apenas da preservação da vida, mas, fundamentalmente, de
não lesar o organismo humano. Que é muito mais do que
simplesmente mantê-lo vivo. Num dado momento, de
avanço da inteligência (século XVII), o homem descobriu a
noção e a identificação das células nos corpos vivos. Até
então não buscava compreender o organismo apenas
decompondo sua matéria corporal em pequenas partes,
com a arrogância que viria ter no futuro. A partir dali, abriu
a temporada à caça da lesão de órgãos ou pequenas áreas do
corpo, para “saná-lo” ao custo de bombardeios de balasmágicas - também descobriu as células de substâncias
inanimadas. Foi além, passou a entregar a vigilância
daquelas supostas lesões à máquinas de “varreduras”.
Aderiu cegamente ao pensamento newtoniano e cartesiano
(mal compreendido). A segmentação sem o progresso
regressivo, em partes cada vez menores (a mente humana
inclusive), até a era atual, dos fractais (e da leitura
fragmentada do mundo). Mais um paradoxo: segmentar e
massificar, ganhar em escala, produzir e crescer mais, em
tudo. A medicina passou a ser orientada pelo valor
“quantitativo”; surgiram os protocolos...
O homem condicionou-se à matemática, à física e
à química, atracando lentamente no cais (seguro) do
oceano de lixo que ainda iria construir ao redor de si
mesmo. Alimenta-se de lixo, isto é, de substâncias que nem
sabe o que é (você costuma ler os ingredientes de
industrializados alimentícios?), ingere “remédios” sem
saber de que são feitos. Não se questiona aqui se os avanços
da inteligência foram equivocados, pontua-se a submissão
às ciências exatas (limitadas) em detrimento da
sensibilidade humana que possui alcance infinito.
O homem não sabe o que fazer com o lixo porque o
inventou ignorando que o mundo gira a beira de um
precipício - o princípio da vida.
O primeiro passo em falso que o homem deu foi
quebrar as partículas da matéria sem pensar o que faria com
qualquer parte que não fosse aproveitar, do modo como a
Terra o faz tão sabiamente. Pior ainda, não preocupou-se
em descobrir como retornar vidro ao estado bruto de areia,
por exemplo. Resumindo grotescamente, lixo é tudo aquilo
que não serve para nada. Justamente a contradição ao
conceito de vida.
Esquecendo que a teoria cartesiana era para
entender o todo, o homem passou a interessar-se apenas
pelas partes. Cada especialista por uma parte. E perdeu a
possibilidade sublime de assimilar o conceito de “ambiente
total”, de si mesmo e do mundo ao seu redor. Fala apenas
“ambiente”, ou, em português, pior ainda, “meio”
ambiente (da noção de metade? da noção de mais ou
menos? da noção de centro?).
Ao esquartejar a matéria, ao deflorar
violentamente as substâncias químicas expondo suas
partículas menores, promovendo promiscuidade e o
nascimento de coisas sub naturais, construindo na
superfície de sua existência um submundo de coisas que a
Terra jamais construiria em qualquer instância dela mesma,
o homem criou o lixo. Uma onda de lixo, desabando sobre
nós...
A Terra está febril, sente a presença desse corpo
estranho, o lixo. Infinitamente maior do que os homens ela
encontrará um jeito de lidar com o lixo, mais cedo ou mais
tarde, posto que é também infinitamente mais longeva e
perene. E eu, e você? Seremos capazes de retroagirmos ao
ponto em que começamos a errar?
Coleta de pellets em Saquarema; veículos de
poluentes persistentes
Conversa no Píer©
©
Conversa no Píer pelo Brasil afora
U
ma página é menos do que uma gota d´água
num oceano, para a Conversa no Píer© pelo
Brasil afora. Na medida do possível, tentaremos
dedicar metade da revista, nas futuras edições, para
conversar sobre tudo o que acontece, não somente nos
8 mil km de extensão do nosso litoral, mas também nas
águas interiores, rios e lagoas, estaleiros em sítios,
fundos de quintal, por onde quer que haja um entusiasta
de barcos, disposto a bater um papo com a gente..
Não é por acaso que o Brasil aglutina mais
influências internacionais em embarcações aquaviárias,
costeiras, de rios e lagunares do que qualquer outro país
do mundo. A combinação histórica de evolução das
grandes conquistas territoriais e desenvolvimento de
novos cascos, tipos de vela, meios de “aventuras
marítimas” legaram ao Brasil um mosaico único de
estilos e muito mais. Aprendi isso na literatura cedida
por Luis Phelipe Andrez, idealizador e gestor do
Estaleiro Escola - Embarcações do Maranhão, do
Maranhão
Centro de Vocação Tecnológica do
.
Luis Phelipe me forneceu farto material que foi utilizado
numa apresentação inédita no Wooden Boat Festival
(2009) em Port Townsend, WA, USA. Os americanos
ficaram impressionados com a nossa diversidade
náutica. Quando relatei, e citei nomes de construtores
Bahia
tradicionais de embarcações de madeira da
,
que até hoje entram no mato e marcam as árvores que
irão cortar para cada seção dos barcos que irão construir
com ferramentas manuais rudimentares (essa será a quilha,
essa será para os costados, essa dará os mastros...), quase não
acreditaram. Ao verem fotos dos saveiros, cedidas por
Pedro Bocca, do Viva Saveiros, deu até para ouvir
gritinhos... O Estaleiro Escola de Luis Phelipe e os
Saveiros ainda serão destaque numa edição da Conversa
©
no Píer , anote aí!
Brasília
E em
? Até mesmo entre nós, há
quem não saiba que, por exemplo, longe do mar e com
um lago artificial, o Paranoá é palco do calendário de
atividade náutica mais agitado do país. No DF é
impossível não citar a atuação de Rommel Castro,
carioca radicado no planalto central, corredor de regatas
entre as nossas feras medalistas olímpicos, mantém o
site www.conhecimentonautico.com.br uma profusão de
informação sobre vela, construção, métodos, etc e que
oportuniza um desenho próprio de barco de regata para
construção amadora, ou individual, vale a pena conferir.
Http://www.conhecimentonautico.com/
Ali, ainda no DF, na UNESCO, Edson Fogaça,
idealizador do projeto Embarcações do Brasil mantém
as velas da paixão pela arte naval tradicional brasileira a
todo pano. Recentemente venceu mais um prêmio com o
documentário Jangada de Raiz, simplesmente comovente
http://www.unesco.org/archives/multimedia/index.php
?s=films_details&pg=33&id=2736
Na verdade, uma revista é pouco pra relatar
todas as iniciativas domésticas (não raro com poucos
recursos e incentivos oficiais) que desenvolvem a
arquitetura naval e atividade náutica. Saimos do nordeste
sem falar das
Canoas de Tolda, passamos por
Maceió sem citar as andanças do Capitão Sombra,
velejador que dispensa apresentações para quem é do
ramo, deu várias voltas ao mundo no valente Guardian,
recentemente aderiu a um projeto de construção de
marinas modernas autosustentáveis em todo o território
nacional... No
Espírito Santo, o projeto
acadêmico Enxó, encontro de pesquisadores; no
Rio
de Janeiro
, o combalido e subutilizado Pólo
Náutico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, após
o falecimento de seu maior entusiasta, o Prof. Amorim,
navega em águas incertas; entre aderir ao poder da
indústria offshore, ou à demandas lúdicas e educativas.
Estaremos atentos! E prontos para colaborar. Dentro da
Baía da Guanabara ouvimos alguém dizer “vamos
implementar escolas de carpintaria naval em todo o Brasil”. Opa,
que bom, vamos ver isso de perto.
Fomos nos informar sobre o que acontece em
Santa Catarina
e o gaúcho Claudio Copello,
presidente da ANI - Associação Náutica de Itajaí, nascida
do sonho dos velejadores Vilmar & Gina, do veleiro
Jornal, confirmou que o suporte da prefeitura continua,
há 10 anos, e que a agenda de cursos para crianças, vela e
carpintaria naval, está de vento em popa. Enquanto isso,
os empresários que fabricam iates de luxo tentam tirar do
papel projetos arrojados, como a Cidade do Mar, em
Tijucas... SC tem de fato vocação natural para isso tudo...
Ligamos para o Museu Oceanográfico da
Rio Grande
Universidade Federal de
, para saber
como anda o projeto de que somos testemunhas oculares
de sua construção, o CCMar - Centro de Convivência
dos Meninos do Mar, voltado exclusivamente para
comunidades carentes e/ou de baixa renda. Vernetti,
construtor naval e instrutor da escola do CCMAR nos
contou orgulhoso que vem formando turmas e mais
turmas, ano a ano, desde 2008. Mas ratifica o coro de
norte a sul: “não é fácil”.
Nada é fácil. Porém, quando a gente faz o que
gosta, se diverte, porque a vida com um barco é melhor.
Envie notícias para a Conversa no Píer©
[email protected]
Conversa no Píer©
O Bruxo de Ubatuba
S
e Herreshoff é chamado de Wizard of Bristol,
por que não podemos nomear também nossos
bruxos? Na náutica, os temos ao longo do
litoral, comecemos então pela Lat 23°27´Sul,
exatamente aonde cruza o Trópico de Capricórnio, e
isso norteia o rumo desta página: a homenagem que a
©
JJ Magalhães Netto, comodoro do Tamoios
Iate Clube, chamado carinhosamente pelos amigos de
Maga, aterrou em Ubatuba, litoral norte de São Paulo,
quando o ie ie ie ainda iria estourar nas rádios...
Nadador de piscina e mar aberto, campeão e instrutor,
mergulhador de competição e profissional, caça
submarina e instrutor do corpo de bombeiros,
velejador e fundador de escolinha de vela, construtor de
barcos e entusiasta da preservação de canoas caiçaras,
desbravador de ilhas e mantenedor de um paraiso de se
admirar com as mãos em concha coladas ao peito; o
Saco do Céu, em Angra dos Reis.
Não satisfeito com tamanha imersão marítima,
Maga fundou um iate clube num recanto não menos
paradisíaco, a praia de Itaguá, onde o cruzeirista
preguiçoso pode amarrar os cabos de seu veleiro ou
lancha e assegurar-se de que Maga lhe estará
aguardando com um sorriso, um cigarro de palha no
canto da boca e muitas histórias para contar.
Escreva um livro abaixo de cada item de sua
mini bio descrita aqui e nem sairá da arrebentação.
Magalhães é uma longa travessia. Aliás, ele revela aos
mais íntimos que sonha dar a volta ao mundo em
solitário, ao estilo J. Slocum, mas não percebe que já
realizou este sonho incontáveis vezes inspirando outros
sonhadores, pois, como se sabe “longe é um lugar que
não existe”. A frase é feita, mas não é por acaso, se
poderia inventar o mito de que Fernão Capelo Gaivota
pousou naquelas praias, assim como se acreditou que
Saint-Exupery desabou do céu ali, onde o Bruxo de
Ubatuba escreve capítulos do ambiente marinho destas
latitudes ao estilo Pe.Anchieta, escrevendo na areia,
através de obras concretas, projetos comunitários e
sonhos..
Maga: um forte abraço!
“És responsável por aquele que cativas.” O Pequeno Príncipe
Foto cedida por Paulo Pinotti e Pyter Santos - SESC Catanduva
Conversa no Píer faz ao Bruxo de Ubatuba:
Instituto Brasil Costal - BRCostal
Conversa no Píer
Ano I - Outubro de 2013 www.conversanopier.com.br
Clínica Literária Editora
Porque a vida com um barco é melhor