Revista Portuguesa de Cirurgia Ambulatória
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Revista Portuguesa de Cirurgia Ambulatória
Volume 10 Número 1 Dezembro 2009 ISSN 0874-8349 REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA AMBULATÓRIA REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA AMBULATÓRIA SUMÁRIO Unidade de Cirurgia de Ambulatório do Centro Hospitalar Gaia/Espinho EPE A segurança e o sucesso de 114 microdiscectomias lombares realizadas em regime de ambulatório Prática e segurança do Bloqueio Subaracnoideu em Cirurgia Ambulatória - Inquérito Nacional Abordagem das Náuseas e Vómitos no Pós-operatório - Artigo de revisão Volume 10 • Número 1 • Dezembro 2009 AF_REV_CIR_AMBULATORIO210x297.pdf 10/01/12 16:48:47 Água, o bem essencial à vida… C M Y CM MY CY CMY K Chegou o Novo ZALDIAR A resposta efervescente à dor. EFE. Frente a frente com a dor GRUNENTHAL, S.A. Rua Alfredo da Silva, 16 2610-016 Amadora - Portugal Tel.: 214 726 300 / Fax: 214 710 910 NC 500 101 965 - Soc. Anónima, Cap. Social 3.785.000 E Mat. nº 6815 da C. Cons. Reg. Com. Amadora - Portugal NOME: ZALDIAR EFE 37,5 mg/325 mg, comprimidos efervescentes COMPOSIÇÃO: Cada comprimido efervescente contém 37,5 mg de cloridrato de tramadol e 325 mg de paracetamol. Excipientes: Cada comprimido efervescente contém 7,8 mmol (ou 179,4 mg) de sódio (na forma de citrato monossódico, bicarbonato de sódio e sacarina sódica). Cada comprimido efervescente contém 0,4 mg de amarelo-sol FCF. FORMA FARMACÊUTICA: Comprimido efervescente. INDICAÇÕES: ZALDIAR EFE está indicado para o tratamento sintomático da dor moderada a intensa. POSOLOGIA: Dose inicial de dois comprimidos efervescentes. O intervalo entre as doses não deve ser inferior a seis horas. Dose máxima diária 8 comprimidos. Idade superior a 12 anos. CONTRA-INDICAÇÕES: Hipersensibilidade ao cloridrato de tramadol, paracetamol, amarelo-sol FCF ou a qualquer dos excipientes; Intoxicação aguda pelo álcool, medicamentos hipnóticos, analgésicos de acção central, opiáceos ou medicamentos psicotrópicos; Não deve ser administrado a doentes em tratamento com inibidores da monoamino oxidase nem após as duas semanas depois da paragem do tratamento; Insuficiência hepática grave; Epilepsia não controlada por tratamento; insuficiência respiratória grave; não está indicado como terapêutica de substituição em doentes dependentes de opiáceos. ADVERTÊNCIAS: Têm sido observadas convulsões em doentes predispostos e a receber tratamento com tramadol e/ou tratados com fármacos que podem diminuir o limiar convulsivo. Deve ser usado com precaução em doentes com dependência de opiáceos, com traumatismo craniano, predispostos a convulsões, apresentando perturbações biliares, em estado de choque, com alteração da consciência de origem desconhecida, com problemas que afectam o centro respiratório ou a função respiratória ou com aumento da pressão intracraniana. INTERACÇÕES: Inibidores da MAO não selectivos; Inibidores selectivos da MAO A; Inibidores selectivos da MAO B; Inibidores selectivos da recaptação de serotonina, antidepressores tricíclicos, antipsicóticos, analgésicos de acção central ou anestésicos locais. Não se recomenda a utilização concomitante com agonistas/antagonistas dos opiáceos (buprenorfina, nalbufina, pentazocina). EFEITOS INDESEJÁVEIS: Náuseas, tonturas e sonolência; confusão, alterações do humor, ansiedade, nervosismo, euforia, perturbações do sono; depressão, alucinações, pesadelos, amnésia; dependência do fármaco; abuso; cefaleias, tremor; contracções musculares involuntárias, parestesias; convulsões, ataxia; visão turva; acufenos; arritmia, taquicardia, palpitações; hipertensão, afrontamentos; dispneia; vómitos, obstipação, xerostomia, diarreia, dor abdominal, dispepsia, flatulência; disfagia, melenas; sudação, prurido; reacções dérmicas (por exemplo rash e urticária); alterações na micção (disúria e retenção urinária), albuminúria; arrepios, dor torácica; elevação das transaminases; DATA DA REVISÃO DO TEXTO: Abril 2009. Medicamento Sujeito a Receita Médica. Grünenthal, S.A. R. Alfredo da Silva, 16 - 2610-016 Amadora. Para mais informações deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado. PVP 5,84 E Reflexos Rápidos com Suprane ® & 0 < &0 0< &< &0< . 6 ortugal 214 710 910 Anónima, E ns. Reg. Com. cipientes: Cada de amarelo-sol s comprimidos o de tramadol, ; Não deve ser controlada por ntes predisposm traumatismo espiratório ou a es selectivos da s dos opiáceos o, alucinações, es; hipertensão, ; alterações na nenthal, S.A. - Controlo rápido e preciso da anestesia 4-6 Recuperação mais rápida e comprovada dos reflexos protectores respiratórios 1 Tempo de recobro mais rápido 2, 7-10 Recuperação mais rápida das funções cognitivas 2, 7-10 Ref.BaxterPT:067/08 DataRef.BaxterPT12/2008 1-3 da anestesia por inalação, incluiam (incidência) = tosse 34% ; retenção da respiração 30%; apneia 15%; salivação, laringospasmo, desnaturação da oxihemoglobina (3-10%). 1) DENOMINAÇÃO DO MEDICAMENTO SUPRANE 240 ml líquido para inalação para vaporização. O desflurano não deve ser usado na indução da anestesia em doentes com risco de doença coronária ou em doentes em que o aumento do ritmo cardíaco ou da pressão sanguínea sejam indesejáveis. Em doentes com doença coronária arterial é importante manter a normal hemodinâmica para evitar a isquémia do miocárdio. 2) COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Cada frasco contém 240 ml de desflurano. Foram observados náuseas e vómitos no período pós-operatório, sequelas comuns da cirurgia e anestesia geral, as quais podem ser devidas ao anestésico inalado, a outros agentes administrados durante a operação ou no pós-operatório e à resposta do doente à intervenção cirúrgica. 3) FORMA FARMACÊUTICA Líquido para inalação por vaporização. O desflurano não é recomendado para ser utilizado como um agente inalatório de indução em doentes pediátricos, devido à ocorrência frequente de tosse, retenção da respiração, apneia, laringospasmo e aumento de secreções em crianças. Tal como sucede com todos os outros anestésicos gerais, têm-se observado leucocitoses transitórias, mesmo na ausência de stress cirúrgico. 4) INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS O desflurano está indicado como um agente inalatório para a indução e manutenção da anestesia em adultos e para a manutenção da anestesia em crianças. O desflurano não é recomendado na indução da anestesia em pediatria. 5) POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO Modo de administração O desflurano é administrado por via respiratória. A administração de desflurano deve ser efectuada através de um vaporizador especificamente concebido e destinado à utilização com o desflurano. Pré-medicação A pré-medicação deve ser selecionada de acordo com as necessidades individuais do doente. Os estudos até agora realizados não mostraram um efeito da pré-medicação nas reacções do tracto respiratório associadas com a indução da anestesia por inalação. Posologia A concentração alveolar mínima (CAM) do desflurano depende da idade do doente e os valores determinados são os seguintes : IDADE 0 – 1 ano 1 – 12 anos 18 – 30 anos 30 – 65 anos Mais de 65 anos * = 3 -12 meses CAM 100% OXIGÉNIO 60% ÓXIDO NITROSO 8,95 – 10,65% 7,20 – 9,40% 6,35 – 7,25% 5,75 – 6,25% 5,17 + – 0,6% 5,75 – 7,75% * 5,75 – 7,00% ** 3,75 – 4,25% 1,75 – 3,25% 1,67 + – 0,4% ** = 1 – 5 anos Indução A inalação de concentrações de 4-11% de desflurano conduzem ao estado anestésico cirúrgico em 2 a 4 minutos. Contudo, nos ensaios clínicos foram utilizadas concentrações até 15%. Tais concentrações de desflurano vão diluir proporcionalmente a concentração de oxigénio. Concentrações elevadas de desflurano podem induzir efeitos adversos nas vias respiratórias superiores. Devem estar disponíveis equipamentos para administração de oxigénio e para reanimação. Pode haver um período curto de excitação durante a indução da anestesia. Utilização em crianças O Suprane não é recomendado para indução da anestesia geral através de máscara em crianças, devido à alta incidência de laringospasmo, aumento de secreções, retenção da respiração e tosse. Manutenção Os níveis cirúrgicos de anestesia podem ser mantidos com concentrações de 2-6% de desflurano se se utilizar concomitantemente óxido nitroso. Quando administrado com oxigénio ou ar enriquecido de oxigénio poderá ser necessária uma concentração de 2,5-8,5% de desflurano. Embora tenham sido administradas concentrações até 18% de desflurano durante curtos períodos de tempo, se forem utilizadas concentrações elevadas com óxido nitroso é importante assegurar que a mistura inalada contenha, no mínimo, 25% de oxigénio. Foi demonstrado que, à semelhança de outros agentes do mesmo tipo, a anestesia com o desflurano pode desencadear um estado hipermetabólico ao nível da musculatura esquelética, que conduz ao aumento da necessidade de oxigénio e a um síndroma clínico conhecido como hipertermia maligna (HM). O síndroma inclui sinais não especifícos tais como hipercápnia, rigidez muscular, taquicárdia, taquipneia, cianose, arritmias, e instabilidade da tensão arterial e, um aumento geral do metabolismo pode traduzir-se numa elevação da temperatura. O tratamento inclui a interrupção da administração dos agentes desencadeantes, administração endovenosa de sódio dantroleno e medidas de suporte vital. A anestesia com o desflurano desencadeou este efeito no homem, em alguns casos raros, não devendo o desflurano ser utilizado em doentes com sensibilidade conhecida à HM. 8) INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS E OUTRAS FORMAS DE INTERACÇÃO Os relaxantes musculares vulgarmente utilizados são potenciados pelo desflurano. Nos doentes medicados com opiáceos, benzodiazepinas ou outros sedativos, é necessário reduzir a dose de desflurano. Estas interacções são ilustradas adiante. Além disso, como foi atrás ilustrado em “Posologia”, a administração concomitante de óxido nitroso diminui a concentração alveolar mínima (CAM) de desflurano. Como os opiáceos podem causar depressão respiratória, devem tomar-se precauções quando se usam em simultâneo com o desflurano.Relaxantes musculares não-despolarizantes e despolarizantes As doses de pancurónio, atracúrio, suxametónio e vecurónio necessárias para causar 95% (DE95) de depressão na transmissão neuromuscular, com diferentes concentrações de desflurano estão indicadas no Quadro I. Com a excepção do vecurónio, estas doses são semelhantes para o isoflurano. O DE95 do vecurónio é 14% menor com desflurano do que com isoflurano. Adicionalmente, a recuperação do bloqueio neuromuscular é mais longa com desflurano do que com isoflurano. Não foram relatadas nos ensaios clínicos interacções clinicamente significativas com os relaxantes musculares vulgarmente utilizados. Quadro I - Dosagem (mg/kg) de relaxante muscular que causa 95% de depressão na transmissão neuromuscular. Concentração de desflurano Pancurónio Atracúrio 0,65 CAM/60% N2O/O2 0,026 0,133 *ND *ND 1,25 CAM/60% N2O/O2 0,018 0,119 *ND *ND 1,25 CAM/O2 0,022 0,120 0,360 6) CONTRA-INDICAÇÕES O desflurano não deve ser utilizado nos casos em que esteja contra-indicada a anestesia geral. O desflurano está também contra-indicado nos casos de hipersensibilidade a agentes halogenados e em doentes com susceptibilidade genética ou antecedentes de hipertemia maligna. Em doentes com doença coronária arterial, a manutenção da normal hemodinâmica é importante para evitar a isquémia do miocárdio. O desflurano não deve ser utilizado na indução da anestesia em doentes com risco de doença coronária ou em doentes em que o aumento do ritmo cardíaco ou da pressão sanguínea sejam indesejáveis. O desflurano não deve ser usado em doentes que após uma prévia administração de anestésicos halogenados sofreram uma disfunção hepática, febre inexplicada ou leucocitose. 7) EFEITOS INDESEJÁVEIS Tal como sucede com todos os anestésicos inalatórios potentes, o desflurano pode causar hipotensão dependente da dose. Foi também observada depressão respiratória dependente da dose. Efeitos secundários dependentes da dose: - Queda da pressão arterial. - Depressão respiratória. - Aumento da circulação cerebral que pode dar origem a aumento da pressão cerebral. - Perturbações do ritmo cardíaco (taquicárdia). - Isquémia do miocárdio. Efeitos secundários não dependentes da dose: - Aumento da salivação, especialmente em crianças. - Tosse. - Espasmos dos brônquios e da laringe. - Náuseas e/ou vómitos. - Leucocitose transitória. - Hepatite. Em ensaios clínicos com doentes adultos (N=370), os efeitos adversos associados ao desflurano, quando usado para indução Referências: 1.McKay RE et al.Anesth Analg 2005;100(3):697-700. 2.Tang J et al.Anesth Analg 2001;92:95-9. 3.Song D et al.Anesth Analg 2002;94:60-64. 4.Yasuda N et al.Anesthesiology 1991;74:489-498. 5. Yasuda N et al.Anesth Analg 1991;73:316-324. 6.Eger EI II et al.The Pharmacology of Inhaled Anesthetics. Ed:Edmon I Eger II. 4th edition, 2007, p46. 7.Saros GB et al.Acta Anaesthesiol Scand 2006;50:549-552. 8.Gupta A et al.Anesth Analg 2004;98:632-41. 9.Mahmoud NA et al.Anaesthesia 2001;56:171-182. 10.Eshima R et al.Anesth Analg 2003;96:701-705. Vecurónio 0.019 *ND = não disponível Opiáceos e benzodiapezinas Em doentes anestesiados com diferentes concentrações de desflurano e a quem foram administradas doses crescentes de fentanil, verificou-se uma redução acentuada da quantidade de anestésico necessária ou da CAM. Com a administração de doses crescentes de midazolam por via endovenosa, verificou-se uma pequena redução na CAM. Os resultados estão descritos no Quadro 2. Estas reduções na CAM são semelhantes às verificadas com o isoflurano. É de esperar que outros opiáceos e sedativos tenham uma influência semelhante na CAM. Quadro 2 – Desflurano 0,6-0,8 CAM/O2 Se for necessário obter um maior relaxamento, podem ser utilizadas doses suplementares de relaxantes musculares. Posologia em caso de insuficiência renal e hepática Foram utilizadas concentrações de 1-4% de desflurano em óxido nitroso/oxigénio em doentes com insuficiência renal crónica ou insuficiência hepática e durante a cirurgia de transplante renal. Devido ao escasso metabolismo não é de esperar que seja necessário um ajuste de dose em doentes com insuficiência renal e hepática. Suxametónio Ausência de fentanil Fentanil (3 ug/kg) Fentanil (6 ug/kg) Ausência de midazolam Midazolam (25 ug/kg) Midazolam (50 ug/kg) *% CAM 6,33-6,35 3,12-3,46 2,25-2,97 5,85-6,86 4,93 4,88 % de redução da CAM 46-51 53-64 15,7 16,6 * Inclui valores para as idades entre 18 e 65 anos 9) ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO O desflurano só deve ser administrado por pessoal com prática em anestesia geral e utilizando um vaporizador especificamente concebido e destinado ao uso com este anestésico. Devem estar reunidas as condições para manutenção de uma via respiratória canalizada e aplicação imediata de respiração assistida, enriquecimento de oxigénio e ressuscitação cardiocirculatória. A hipotensão e a depressão respiratória aumentam com o aprofundamento da anestesia. O desflurano não é recomendado para ser utilizado como um agente inalatório de indução nos doentes pediátricos, devido à ocorrência frequente de tosse, retenção da respiração, apneia, laringospasmo e aumento de secreções em crianças. O desflurano, tal como outros anestésicos voláteis, pode aumentar a pressão do líquido cerebroespinal ou a pressão intracraniana em doentes com lesões ocupando espaço. Em tais doentes, o desflurano deve ser administrado a 0,8 ou menos da Concentração Alveolar Mínima, e em conjugação com uma indução barbitúrica e hiperventilação (hipocapnia) no período que antecede a descompressão craneana. A utilização de desflurano em doentes hipovolémicos, hipotensos e debilitados não foi amplamente estudada. À semelhança de outros anestésicos inalatórios potentes, recomenda-se uma menor concentração quando utilizado nesses doentes. O desflurano demonstrou ser um potencial desencadeador de hipertermia maligna. Se ocorrer hipertermia maligna, deve-se administrar sódio dantroleno para reverter esta hipertermia. O desflurano não deve ser administrado a doentes que se saiba serem sensíveis à hipertermia maligna. Devido a experiências limitadas nas operações obstétricas, o desflurano não pode ser recomendado para este tipo de cirurgia. O desflurano não deve ser administrado a doentes com predisposição para desenvolver broncoconstrição, uma vez que pode ocorrer broncospasmo. Existe uma experiência limitada do uso em anestesias repetidas para se poder recomendar a sua utilização. Tal como com todos os anestésicos halogenados, as anestesias repetidas num curto período de tempo devem ser consideradas com precaução. Tal como com outros anestésicos halogenados, o desflurano pode causar hepatite de hipersensibilidade em doentes que tenham sido sensibilizados por exposição prévia a anestésicos halogenados. Medicamento sujeito a receita médica restrita Para mais informações deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado Baxter Médico-Farmacêutica, Lda. Sintra Business Park - Zona Industrial da Abrunheira, Ed. 10 - 2710-089 Sintra Telf.: 21 925 25 00 | Fax: 21 915 82 09 | www.baxter.pt é à e m , ém olar do m de oà os o a e a gia. ode Volume 10 Número 1 Dezembro 2009 ISSN 0874-8349 Índice Ficha Técnica Editorial Editores-chefes Dra. Paula Sá Couto Dr. Manuel Seca Paula Sá Couto 9 Editores Associados Dr. Paulo Lemos Dr. Silvestre Carneiro Unidade de Cirurgia de Ambulatório do Centro Hospitalar Gaia/Espinho EPE Ana Marcos, Laura Macedo, Ana Sá A Segurança e o Sucesso de 114 Microdiscectomias Lombares realizadas em regime de Ambulatório. 11 17 P. Lemos, S. Fontes, R. Pedrosa, S. Sousa, R. Rangel Prática e Segurança do BSA em Cirurgia Ambulatória - Inquérito Nacional Fátima Cruz, Paulo Lemos Abordagem das Náuseas e Vómitos no Pós-operatório Rita Poeira, Helena Filipe, Alice Fernandes, Luísa Severina, Cristina Romão, José Silva Pinto, Francisco Matos, Manuela Botelho 23 33 VI Congresso Nacional de Cirurgia Ambulatória 39 Agenda 41 Normas de Publicação 43 Conselho Científico Dr. Acácio Pimentel Serra Dra. Ana Margarida Regalado Dr. António Meireles Dr. Artur Santos Costa Dra. Beatriz Craveiro Lopes Dr. Carlos Couceiro Dr. Carlos Guinot Dr. Carlos Santos Eng. Dias da Silva Prof. Estima Martins Dr. Eurico Alves Enf. Fátima Malafaia Dr. Fernando Martinho Dr. Fernando Reis Lima Prof. Gentil Martins Prof. João Bernardes Enf. Jorge Rola Prof. Jorge Tavares Prof. José Amarante Dr. José Soares Dr. Luís Pisco Dra. Manuela Lanhoso Dra. Margarida Bentes Dra. Maria Angélica Almeida Dr. Ochoa de Castro Dr. Paulo Domingues Dr. Paulo Salgado Dr. Rui Lemos ISSN 0874-8349 Tiragem 1000 exemplares Publicação periódica, propriedade e administração da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória Depósito legal nº 161453/01 Manuscritos para publicação e correspondência devem ser dirigidos a um dos editores-chefe para: Serviço de Anestesiologia, Largo Prof. Abel Salazar 4099-001 Porto - Telefone/Fax 222 077 549 ou E-mail: [email protected] Preço avulso €5 Distribuição gratuita aos sócios da APCA Execução gráfica: Multitema Paula Sá Couto - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 9-10 EDITORIAL 9 Paula Sá Couto Caros colegas: É com bastante orgulho que editamos o 10º Volume da Revista Portuguesa de Cirurgia Ambulatória, publicação oficial da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA). Agora com uma imagem renovada e à qual se pretende associar a ideia e a certeza de uma evolução constante da nossa associação. O tempo decorrido desde o inicio da fundação da APCA (1998) até ao momento actual foi de inúmeras propostas e actividades inovadoras no apoio e desenvolvimento à prática da Cirurgia Ambulatória em Portugal. A APCA tem trabalho reconhecido quer em Portugal, quer a nível internacional, sendo um dos membros mais activos na Associação Internacional de Cirurgia Ambulatória. A APCA viu o seu trabalho finalmente reconhecido pelas entidades governamentais, com a atribuição do título de Pessoa Colectiva de Utilidade Publica, no qual se podem rever todos aqueles que participam activamente neste projecto. Com esta distinção encontra-se também facilitado o apoio à APCA por outras entidades, permitindo-lhes enquadrar as suas participações na Lei do Mecenato. Concretizando, no ano de 2009 e na continuidade dos anos anteriores, a APCA contribuiu de forma inequívoca para o desenvolvimento da CA através da sua participação no projecto da Comissão Nacional de Desenvolvimento da Cirurgia Ambulatória (CNADCA), que deu origem à execução e viabilização de inúmeras propostas pelo Ministério da Saúde. Realço entre várias medidas, a possibilidade de inclusão na cirurgia de ambulatório da quase totalidade dos procedimentos cirúrgicos, deixando apenas a critérios clínicos a decisão da aceitação neste regime cirúrgico. Este aspecto vai de encontro ao reestruturar do pensamento clínico em CA: em vez de nos interrogarmos “Se podemos realizar esta cirurgia em regime de ambulatório?”,devemos procurar a inversão da questão,:“Que contra-indicação tem esta cirurgia (ou este doente), para que tenha que ser realizada em regime de internamento?” Também não posso deixar de salientar o papel central deste documento na promoção da qualidade, através da adopção de critérios básicos, desejáveis e indispensáveis ao desenvolvimento de programas de CA para as instituições que se propõem criar novas unidades. Não se trata de crescer de qualquer modo, mas de aumentar a percentagem de CA em Portugal com qualidade. O documento ministerial pode ser consultado na sua íntegra na nossa página web. O projecto da CNADCA visava que em 2009 a cirurgia ambulatória perfizesse um total de 50 % da cirurgia programada, número este, que não estará muito desfasado da realidade. A APCA, durante o ano de 2010, irá proceder ao V Inquérito Nacional, actualizando a sua Base de Dados. Este trabalho permitirá ter números fiáveis da produção cirúrgica nacional em regime de ambulatório e servirá para monitorizar as alterações efectuadas pelo Ministério da Saúde neste âmbito. A actividade da APCA estende-se a nível internacional e, como exemplo, reúne-se a 8 de Maio em Lisboa a Assembleia-Geral da Associação Internacional de Cirurgia Ambulatória, liderada agora por um português. Nesta reunião, discutir-se-ão as novas iniciativas da associação, com destaque para a criação de “guidelines” e o desenvolvimento de projectos Internacionais multicêntricos que, a seu tempo, nos irão envolver a todos. A Comissão Europeia está também atenta a esta actividade, tendo convidado um grupo de peritos, entre os quais membros da nossa associação, para o desenvolvimento de indicadores clínicos em vários países da Europa que irão permitir o benchmarking e uma estratégia de melhoria de qualidade através de estabelecimento de objectivos-alvo a atingir. Este ano, de 10 a 12 de Maio realizar-se-á o VI Congresso Nacional de Cirurgia Ambulatória, que decorrerá em Beja. O congresso reunirá todos os participantes da CA e contará com a presença de vários convidados estrangeiros, que quer pela sua “expertise” cientifica em áreas chave da CA, quer também pela sua experiência europeia, enriquecerão o programa científico. Como temas principais do congresso teremos: a reflexão sobre a realidade portuguesa da CA, a organização de programas para centros de baixa vs. grande dimensão populacional, a optimização de programas sem pernoita hospitalar vs programas de 23 horas, uma abordagem aos sistemas de avaliação em saúde, e discussão de novos desafios como a cirurgia da obesidade mórbida em CA. Mais uma vez contamos com uma elevada e activa participação de toda a comunidade médica dedicada à CA. 10 Paula Sá Couto - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 9-10 As UCA continuam a desenvolver-se de forma acelerada no país e neste número apresentamos, à semelhança de anteriores, uma das mais recentes UCA, onde se descreve a sua organização e já os seus indicadores clínicos, apesar de contar apenas 16 meses de existência. Esta unidade cumpre todos os requisitos que a CNADCA propôs no seu documento. A selecção de doentes e de procedimentos cirúrgicos estão directamente relacionados com o sucesso dos programas de CA. Apresentamos dois artigos que mostram “o que fazemos e como”, com a apresentação de resultados e de complicações. Um demonstra a segurança do BSA que nos permite alargar o leque de doentes a incluir num programa de CA, e o outro refere-se a uma cirurgia ainda com pouca expressão na CA nacional (Discectomias), mas com resultados sobreponíveis a outros centros cirúrgicos internacionais. Apresentamos também um artigo de Revisão útil a todos, uma vez que as NVPO são uma das causas mais frequentes quer de internamento não programado como de insatisfação dos doentes. As normas de publicação foram alteradas de forma a agilizar o envio de artigos. A edição da revista convida toda a comunidade dedicada à Cirurgia Ambulatória a participar através do envio de trabalhos originais que posteriormente serão analisados pelo corpo redactorial. Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 11-15 UNIDADE DE CIRURGIA DE AMBULATÓRIO DO CENTRO HOSPITALAR GAIA/ESPINHO EPE 11 Ana Marcos* Laura Macedo** Ana Sá*** CENTRO HOSPITALAR GAIA/ESPINHO EPE AMBULATORY SURGERY UNIT Resumo Neste artigo os autores descrevem a Unidade de Cirurgia de Ambulatório (UCA) do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho EPE, nomeadamente no que diz respeito aos aspectos organizativos, infra-estruturas, recursos humanos, horário de funcionamento, procedimentos cirúrgicos, circuito do doente. Apresentam ainda o seguimento pós-operatório, a casuística e os indicadores clínicos avaliados nos primeiros 14 meses de funcionamento da Unidade. Palavras Chave gaia hospital; cirurgia de ambulatório; modelo organizacional; recursos humanos; indicadores clínicos Summary In this article the authors want to present the Ambulatory Surgery Unit of Gaia Hospital, concerning its organization, physical structure, staff, schedule, kind of procedure and patient’s circuit. They also present post-operative follow-up policies and which clinical data and clinical indicators were evaluated in 14 month period. Keywords gaia hospital; ambulatory surgery; organizational model; staff; clinical indicators INTRODUÇÃO | A actividade cirúrgica em regime de ambulatório A prestação de cuidados eficientes, centrados no utente é o objectivo no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho E.P.E., encontra-se primordial da cirurgia de ambulatório. dispersa nas três Unidades do Centro Hospitalar. Na Unidade III (localizada na cidade de Espinho), foi adaptada uma ENQUADRAMENTO DA CIRURGIA DE AMBULATÓRIO | Define-se área destinada exclusivamente à cirurgia de ambulatório, designada como cirurgia de ambulatório de acordo coma Portaria nº 132/2009, como Unidade de Cirurgia de Ambulatório (UCA) com início de de 30 de Janeiro: Intervenção cirúrgica programada realizada sob actividade em 8 de Setembro de 2008. Em Abril de 2008, foi nomeada anestesia geral, loco-regional ou local que, embora habitualmente a Direcção da Unidade de Cirurgia de Ambulatório, composta por efectuada em regime de internamento, pode ser realizada em uma Directora e duas Assessoras. instalações próprias, com segurança e de acordo com as actuais A UCA é considerada no actual regulamento Interno do Centro legis artis, em regime de admissão e alta no período máximo de Hospitalar como uma Unidade de Apoio Técnico e tem uma vinte e quatro horas. actividade transversal a todas as especialidades cirúrgicas. Os serviços De acordo com a mesma portaria os actos cirúrgicos dividem-se cirúrgicos com actividade na UCA nomearam um interlocutor e dois tipos: responsável para a área da cirurgia de ambulatório, de forma a um ou mais actos operatórios, com o facilitarem a articulação dos serviços. mesmo objectivo terapêutico e ou diagnóstico, realizado(s) por É objectivo do Centro Hospitalar o aumento da actividade cirurgião(ões) em sala operatória, na mesma sessão, sob anestesia cirúrgica em regime de ambulatório nas diferentes especialidades geral, loco-regional ou local, com ou sem presença de anestesista; e a uniformização dos procedimentos na cirurgia de ambulatório, intervenção cirúrgica com valor inferior a 50 k, independentemente do local do Centro Hospitalar onde se realize conforme tabela da Ordem dos Médicos. a intervenção. O crescimento da cirurgia de ambulatório a que temos assistido * - Anestesista e Assessora Técnica da UCA; ** - Enfermeira Chefe e Assessora Técnica da UCA; *** - Administradora Hospitalar e Directora da UCA 12 Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 11-15 a nível mundial, está associado a um conjunto de vantagens em destinado à sua direcção. relação à cirurgia convencional (com internamento) apresentadas No exterior tem espaço próprio de parqueamento destinado à carga na bibliografia e revistas no Relatório Final da CNADCA apresentado e descarga dos doentes de cirurgia de ambulatório. em Outubro de 2008 que incluem vantagens clínicas, organizativas, Apresenta um circuito circular para o utente (não havendo sociais e económicas. cruzamento de doentes operados e não operados) e com a possibilidade de circuito independente para o grupo pediátrico. ACTIVIDADE DE CIRURGIA DE AMBULATÓRIO NO CENTRO HOSPITALAR DE GAIA/ESPINHO EPE | A actividade cirúrgica Figura 1 | Circuito do doente na UCA em regime de ambulatório é realizada na UCA, onde operam as Chick-in (enfermagem/médico) especialidades de Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Cirurgia Plástica, Neurocirurgia, ORL, Cirurgia Pediátrica, Urologia e Ortopedia. Sala de preparação (punção venosa, pré-medicação) Admissão (secretariado) O serviço de Oftalmologia dispõe de um Bloco próprio integrado no espaço físico do serviço, situado na Unidade I do Centro Hospitalar. Este serviço realiza desde 1994 a quase totalidade das intervenções Sala Operatória Domicílio cirúrgicas em regime de ambulatório. Os procedimentos mais frequentes realizados com alta até ás 20 horas do dia da intervenção Gabinete de alta incluem a cirurgia de catarata, cirurgia de estrabismo, introdução de lente fáquica, injecções intra-oculares, cirurgias palpebrais (chalásios, Fase recuperação I Fase recuperação II quistos…), cirurgia de pterigio e algumas situações de vitrectomias posteriores e descolamentos de retina. De salientar que nos últimos 14 meses esta especialidade operou um total de 5321 doentes, RECURSOS HUMANOS E PROCEDIMENTOS EFECTUADOS NA contribuindo para a taxa crescente de ambulatorização do Centro UCA | Tratando-se de um espaço físico destinado exclusivamente à Hodspitalar. cirurgia de ambulatório tem a vantagem de dispor de recursos de Na Unidade II do Centro Hospitalar operam em regime de pessoal de enfermagem, administrativos e auxiliares exclusivos e ambulatório as especialidades de Ginecologia e Cirurgia Pediátrica. permanentes, que facilita a humanização e dos cuidados assim como a regularidade dos procedimentos e práticas instituídas. ESPAÇO FISICO E CIRCUITO DO DOENTE NA UCA | A Unidade de Os recursos médicos (cirurgiões e anestesistas) não são exclusivos da Cirurgia de Ambulatório (UCA) está instalada no piso I da Unidade Unidade, sendo a sua marcação da responsabilidade dos respectivos III, localizada na cidade de Espinho e é uma área exclusiva para a Serviços, havendo a preocupação por parte das Direcções de cirurgia de ambulatório. Serviço da marcação de um número restrito e rotativo de médicos, A implementação de uma Unidade de Cirurgia de Ambulatório permitindo a regularidade de metodologia e de procedimentos. Por satélite em relação à principal Unidade do Centro Hospitalar, não se tratar de uma Unidade satélite com as características definidas está dispondo de serviço de internamentos nem de urgência no mesmo assegurada a presença de um médico com formação em emergência espaço físico, requereu a avaliação cuidadosa de toda a metodologia durante todo o período de funcionamento da Unidade sendo, por e procedimentos para que os cuidados prestados ao utente regra, um médico anestesista. pudessem manter os mesmos padrões de segurança e qualidade. Actualmente são realizadas no período da manhã, das 8 ás 14 A UCA dispõe de duas salas operatórias, um espaço de recobro, horas, intervenções cirúrgicas com necessidade de presença física destinado à fase de recuperação I, para uma capacidade de quatro de anestesista. No período da tarde são realizadas intervenções camas para adultos e cinco para a população pediátrica. Um espaço (pequena cirurgia) sem necessidade de presença física de anestesista de recobro II com capacidade para 12 doentes, um gabinete de alta na sala. e um espaço preparado para pernoita hospitalar com capacidade Desde há dois meses foi iniciada actividade cirúrgica no período de oito camas. Apresenta uma área de admissão que inclui o da tarde, nas duas salas de bloco sendo actualmente ocupada com secretariado, sala de espera, sala de avaliação pré-operatória imediata doentes da Cirurgia Geral e operados doentes com alta na manhã (check-in) e área preparada para a preparação do doente. A área seguinte. de vestiários integra espaços separados para adultos masculinos, adultos femininos e para pediatria. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS CIRURGIA DE AMBULATÓRIO Dispõe de um gabinete para consulta de anestesia e um para REALIZADOS | consulta de enfermagem e colheita de sangue para estudo préoperatório, uma sala de pensos e um espaço físico administrativo - Hérnia inguinal Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 11-15 13 - Hérnia umbilical e da parede abdominal - Quisto sacro-coccígeo - Descompressões nervosas do membro superior e inferior - Cir. Tecidos moles - Correcção de contracturas - C. C de fissura - Quistos sinoviais - C.C de fistula anal - Extracção de material de osteossíntese - Hemorroidectomia - Exerese de adenopatias A distribuição actual dos tempos operatórios pelos serviços - Nódulos da mama cirúrgicos é a seguinte: - Colecistectomia Laparoscópica - Cir. Tiróide (lobectomias) - Fistulas arterio - venosas - Cir. de varizes - C.C de fimose Figura 2 | Distribuição das especialidades no bloco operatório Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira SALA A SALA B C. Geral (M+ T) C. Pediátrica C. Plástica Urologia Ortopedia C. Geral (M+T) C. Vascular Estomatologia/ORL C. Geral Neurocirurgia - C.C de hidrocelo - C.C de varicocelo CRITÉRIOS DE SELECÇÃO E PREPARAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA | - Vasectomia A segurança do acto cirúrgico realizado em cirurgia de ambulatório - C. de incontinência urinária implica a selecção cuidadosa dos doentes e dos procedimentos a - C. quisto do epididimo efectuar. - Biopsias prostáticas Essa rigorosa selecção permite, assegurar a segurança dos - Orquidopexia doentes, minimizar possíveis complicações peri-operatórias, evitar - Correcção de Dça. Peyronie cancelamentos de última hora, fornecer atempadamente informação - Lesões uretrais aos doentes e esclarecer dúvidas. Com o intuito de uma preparação adequada dos doentes foi criada - Blefaroplastia em Setembro de 2008 a consulta de anestesia realizada na UCA a - Lipoaspirações localizadas funcionar nas tardes de 2ª a 5ª feira e a par desta é realizada a consulta - Redução mamária de ensino de enfermagem, que inclui uma visita às instalações da - C.C de mamilos invertidos Unidade. Até ao actual momento foram avaliados na consulta mais - C.C de cicatrizes pós redução mamária de 50 % dos doentes operados na UCA, sendo nosso objectivo a - Excisão de lesões cutâneas, com reconstrução local avaliação por anestesia a totalidade dos doentes intervencionados. - Retalhos locais Estão definidos os critérios sócio-geográficos, clínicos e cirúrgicos - Enxertos cutâneos para a cirurgia de ambulatório. - Descompressão nervos (túnel cárpico, Quervain..) No caso do doente cumprir os critérios para cirurgia ambulatória - C.C de contracturas (S. Dupuytrain, Cicatrizes…) o estudo pré-operatório protocolado é pedido pelo médico que - Quistos sinoviais inscreve o doente, com a possibilidade de ser na sua totalidade realizado na UCA no mesmo dia da consulta de anestesia e de - Meringotomias enfermagem, minimizando assim as deslocações do doente ao - Adenoidectomias hospital. Esta metodologia tem-se mostrado uma mais valia e é - Amigdalectomias valorizado pelos doentes. Na consulta de anestesia e de ensino de enfermagem é fornecida - Extracções dentárias ao utente informação verbal e escrita sobre os cuidados pré- - C.C de quistos operatórios e recomendações gerais para o pós-operatório, que - Lesões da cavidade oral incluem indicações simples e claras sobre os comportamentos a adoptar antes, no dia e depois da cirurgia e adaptados para o grupo - Procedimentos minimamente invasivos para tratamento da dor - Tratamentos de Radiofrequência - Nucleoplastias - Cirurgia de nervos periféricos pediátrico e adulto. 14 Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 11-15 FLUXOGRAMA DO UTENTE PARA CIRURGIA DE AMBULATÓRIO com um adulto responsável. NA UCA | Uma parte importante do apoio pós-operatório imediato ao doente é assegurada pela possibilidade de comunicação telefónica, o doente Figura 3 | Fluxograma pré-operatório Consulta de Cirurgia Cirurgia de Ambulatório tem acesso a um número de telefone disponível 24 horas /dia, através Cirurgia Convencional - Critérios Cirúrgicos - Critérios Clínicos - Critérios Sócio-demográficos - Consentimento informado - Pedido de Exames complementares protocolados - Inscrição para Cirurgia de Ambulatório Unidade de Cirurgia de Ambulatório Secretariado Confirmação telefónica da marcação com o doente (48 horas) Validação do plano operatório com a especialidade se necessário Marcações (para dia único) - Exames complementares - Consulta de anestesia - Consulta de enfermagem OK Cirurgião interlocutor do qual depois da intervenção pode contactar um profissional para conselho ou orientação. Ás 24 horas de pós-operatório é realizado pelo enfermeiro da UCA o contacto telefónico para todos os doentes. A taxa de contactos telefónicos conseguidos ás 24 horas é até ao momento de 92%. A avaliação da satisfação do utente é avaliada por inquérito a enviado ao doente cerca de 30 dias da sua intervenção e que será remetido pelo mesmo à UCA em envelope RSF nos 30 dias após a intervenção. ASPECTOS ORGANIZATIVOS DA UCA | A UCA, tal como foi referido é uma Unidade satélite, localizada a cerca de 15 Km da Unidade Central, nesta Unidade não existem, serviço de urgência nem serviço - Gestão de lista de inscritos - Gestão dos tempos cirúrgicos - Marcação da cirurgia 10 dias antecedência - Convocação do doente de internamento, sendo que para que os procedimentos possam ser realizados com segurança foram elaborados protocolos de actuação e requisitos que incluem: RECOMENDAÇÕES DE ALTA E APOIO APÓS A ALTA | No sentido - Profissionais de enfermagem com SIV de informar e preparar os doentes que são intervencionados em - Profissionais Médicos de apoio com SAV cirurgia de ambulatório está disponível o guia do utente que contém - Equipamento de Emergência e Reanimação de adulto e orientações básicas dirigidas ao doente sobre o que fazer antes e pediátrico após a intervenção cirúrgica - Material para via aérea difícil As especialidades cirúrgicas colaboraram na elaboração de um - Consulta de anestesia nas instalações da UCA folheto informativo (complementar da nota de alta) onde são - Critérios de admissão referidos os cuidados pós-operatórios e as principais complicações - Protocolo de Tratamento de Dor (recobro I, Recobro II e associadas a cada intervenção realizada. O guia é entregue pelo enfermeiro da UCA, após o doente apresentar critérios de alta e a par das informações verbais fornecidas na presença do cuidador adulto responsável. domicilio) - Protocolo de prevenção e tratamento de náuseas e vómitos - Protocolo para situações de necessidade de transferência Os doentes têm alta, após validação dos critérios de alta por um de doentes para a Unidade I (internamento imprevisto ou médico e mediante uma avaliação clínica objectiva, conduzida complicação anestésica ou cirurgia, incumprimento dos segundo os critérios do Postanesthesia Discharge Scoring System critérios de alta) (PADSS), considerando os sinais vitais, a actividade apresentada, - Critérios de alta para o domicilio e avaliação de náuseas, vómitos, dor e hemorragia. São avaliados - Normas e Orientações para a Cirurgia de Ambulatório no também a capacidade de micção espontânea e tolerância alimentar. Centro Hospitalar – documento em fase de aprovação no No grupo pediátrico são usados os critérios de alta de acordo com Conselho de Administração prática do Children´s National Medical Center. A alta hospitalar tem em conta o grau de confiança do doente e DISPONIBILIDADE DE MEIOS DE DIAGNÓSTICO E cuidador, em caso algum o doente deve sentir que a alta é precoce TERAPÊUTICA NA UCA | ou sentir receio ou dúvidas no momento da saída da Unidade. A medicação analgésica e anti-emética é cedida gratuitamente - Disponibilidade de laboratório das 08 ás 20 H, com capacidade para: ao utente de acordo com a legislação em vigor, em embalagem • Hemograma com plaquetas própria contendo o número de comprimidos previstos até 5 dias • Bioquímica (com proteínas, albuminas, f. renal, f. hepática, de tratamento e de acordo com o protocolo de dor pós-operatória ionograma, glicemia) no domicílio, aprovado pela Comissão de Farmácia. • Marcadores de isquemia do miocárdio O acompanhamento do doente até à viatura no local de carga é • Estudo da coagulação com D-Dimeros efectuado por uma auxiliar de acção médica da UCA, juntamente • Gasometria arterial; Ana Marcos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 11-15 - Disponibilidade durante 24 horas de gasometria arterial com: 15 *No calculo da taxa de cancelamentos na UCA não foram • Hemoglobina e hematócrito, incluídos os doentes da Cirurgia Pediátrica por esta especialidade • Ionograma, operar em regime de ambulatório um grande número de doentes • Glicemia, fora da UCA e o actual sistema informático não permitir identificar • Lactatos; o local onde a intervenção cirúrgica foi cancelada. As duas causas - Disponibilidade de Electrocardiografo 24 horas; mais frequentes de cancelamento de intervenção agendada - Disponibilidade de Rx Pulmonar das 8 ás 20 horas; foram, a falta do doente (22,7% dos cancelamentos) e a alteração - Disponibilidade de ecografo. do plano operatório (18,9% dos cancelamentos). - Disponibilidade de sangue para transfusão em situações de emergência. Os doentes submetidos a cirurgias com COMENTÁRIO FINAL | A UCA do Centro Hospitalar de Gaia/ risco hemorrágico elevado fazem tipagem e reserva de uma Espinho EPE, tem vindo a desenvolver a sua actividade de uma Unidade de GR. forma crescente e com aumento progressivo de intervenções cirúrgicas mais diferenciadas. ACTIVIDADE NOS PRIMEIROS 14 MESES FUNCIONAMENTO Por se tratar de uma Unidade satélite apresenta algumas DA UCA | A UCA iniciou a sua actividade em Setembro de 2008, com vantagens que incluem a exclusividade do espaço e dos recursos horário de funcionamento das 8 ás 20 horas. São realizadas cirurgias de enfermagem, auxiliares e administrativos, a criação de um com necessidade de anestesia até ás 14 horas e cirurgias sem a ambiente calmo, tranquilo contribuindo para o bem estar do presença de anestesista no período da tarde. Desde há dois meses à doente e uma maior humanização dos cuidados. Estas vantagens segunda-feira são efectuadas cirurgias com necessidade de anestesia devem ser traduzidas numa maior eficácia operatória. durante todo o dia, com pernoita dos doentes e alta na manhã seguinte. Não podemos no entanto descurar as desvantagens deste tipo de Apresentamos a estatística e indicadores clínicos dos primeiros Unidades, a referir, o maior investimento inicial na readaptação das catorze meses de actividade. áreas e o aumento dos custos em equipamento, em pessoal e na duplicidade das áreas cirúrgicas. Figura 4 | Resultados Certos de que temos ainda um longo caminho a percorrer 3461 2718 1854 4572 5315 1548 Nº intervenções realizadas Nº doentes intervencionados Nº pequenas cirurgias (Cirurgia Geral) Total de doentes intervencionados na UCA Total de cirurgias realizadas na UCA Nº consultas de anestesia na UCA para atingir níveis de cuidados de excelência, com aumento de produtividade e de eficiência. A actual taxa de cancelamentos e as suas principais causas traduzem ainda uma deficiente organização e articulação dos serviços. Esperamos continuar a trabalhar no sentido de melhorar o Os indicadores clínicos são uma ferramenta fundamental para nível de cuidados, com um trabalho centrado ao nível de cada a avaliação dos cuidados prestados e para que possam ser serviço cirúrgico a operar na UCA de forma a reduzir a taxa de identificados os aspectos negativos a melhorar. Estes indicadores cancelamentos e melhorar a eficiência dos cuidados. não incluem a actividade da pequena cirurgia. Outra área de intervenção prioritária, diz respeito aos Cuidados Primários de Saúde de forma a melhorar a interligação com Figura 5 | Indicadores clínicos médico Assistente na preparação e informação pré-operatório Internamentos não previstos Nº 6 Complicação cirúrgica 5 Criança com más condições sociais 1 Complicação anestésica 0 Cancelamentos* % 0,002 13,9 Re-admissão < 24 horas 4 Hemorragia pós-extração dentária 1 Hemorragia pós-fistula arteriovenosa 1 Hemorragia pós QSC 2 Mortalidade 0 0 Re-intervenções nas primeiras 24 H 2 0,0007 Hemorragia pós-hemorroidectomia 1 Hemorragia pós-fistula arteriovenosa 1 Re-intervenções > 24 H < 28 dias 4 Hemorragia pós-circuncisão 1 Infecção pós cirurgia de QSC 1 Hemorragia pós cirurgia de QSC 2 0,0014 0,0014 e melhorar os cuidados prestados ao utente no período pósoperatório. P. Lemos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 17-21 A SEGURANÇA E O SUCESSO DE 114 MICRODISCECTOMIAS LOMBARES REALIZADAS EM REGIME DE AMBULATÓRIO. 17 P. Lemos* S. Fontes** R. Pedrosa*** S. Sousa** R. Rangel**** SAFETY AND SUCCESS OF 114 LOMBAR MICRODISCECTOMY Resumo Entre as múltiplas vantagens que se associam à prática da cirurgia em regime de ambulatório, contam-se entre outras, a redução do risco de infecções nosocomiais, a mais rápida recuperação funcional dos doentes, e a redução de custos para o serviço nacional de saúde. Doentes propostos para microdiscectomia lombar são excelentes candidatos para este tipo de programas cirúrgicos. O objectivo deste estudo é avaliar a segurança e o sucesso deste procedimento para sensibilizar outros a aumentar a sua prática neste regime cirúrgico. De Fevereiro de 2001 a Dezembro de 2008, foram submetidos de forma consecutiva a microdiscectomia lombar 114 doentes num programa de cirurgia em regime de ambulatório, sem pernoita hospitalar. Apenas seis doentes (5,3%) não tiveram alta, tendo sido internados ao final do dia: dois por laceração dural, um por apresentar agravamento neurológico, um por referir dor intensa, um por apresentar um quadro de náuseas e vómitos difícil de tratar, e um outro por razões de ordem social. Oito doentes (7%) referiram não estar satisfeitos com a sua experiência cirúrgica, muito embora 95 doentes (83,3%) expressassem a intenção de repetir a sua cirurgia em regime de ambulatório se tal voltasse a ser necessário. Nos doentes adequadamente seleccionados a microdiscectomia lombar revelou tratar-se de um procedimento seguro e de elevado sucesso quando realizada em regime de ambulatório. Palavras Chave anestesia ambulatória; cirurgia ambulatória; procedimentos cirúrgicos; microdiscectomia lombar; morbilidade. Summary Reduce risk of nosocomial infections, faster functional recovery of patients and cost savings are amongst the most important advantages associated to day surgery programmes. Patients undergoing lumbar microdiscectomy are excellent candidates for ambulatory surgery. The goal of this study was to evaluate the safety and success of this surgical procedure in order to sensitize others to increase its practice in a day surgery basis. From February 2001 to December 2008, 114 consecutive patients were entered in an ambulatory surgery without extended recovery programme. Six patients (5.3%) were admitted from the day surgery unit: two patients with dural tears, one patient with neurologic deficit, one patient with severe post-operative pain, one patient with post-operative nausea and vomiting, and one patient for social reasons. Eight patients (7%) were not satisfied with their surgical experience, although 95 patients (83.3%) expressed the intention to repeat their surgery on a day surgery basis if necessary. In adequate selected patients lombar microdiscectomy seems to be a very safe procedure with high success when performed on a day surgery basis. Keywords * ** *** **** ambulatory anaesthesia; ambulatory surgery; surgical procedure; lombar microdiscectomy; morbidity. - Chefe de Serviço de Anestesiologia – Centro Hospitalar do Porto (CHP) - Interno Complementar de Anestesiologia do CHP - Interno Complementar de Neurocirurgia do CHP - Assistente Hospitalar Graduado de Neurocirurgia do CHP Dr. Paulo Lemos Serviço de Anestesiologia Hospital Geral de Santo António Largo Prof. Abel Salazar 4099-001 PORTO E-mail: [email protected] 18 P. Lemos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 17-21 INTRODUÇÃO | As inúmeras vantagens que hoje se associam à a operação na microdiscectomia lombar com foraminotomia, uni cirurgia ambulatória (CA) aliadas ao significativo desenvolvimento ou mesmo bilateral em alguns casos. científico e tecnológico da anestesia e da cirurgia estão na base do A UCA possui uma folha específica para registo de todos os casos desenvolvimento e expansão crescentes deste tipo de programas em clínicos realizados na Unidade, onde se recolhem dados demográficos todo o mundo1. A criteriosa selecção de doentes e procedimentos dos doentes, parâmetros cirúrgicos e anestésicos, assim como as cirúrgicos2 estão directamente relacionados com o sucesso deste complicações per e pós-operatórias registadas. A avaliação da dor pós- tipo de projectos que assentam numa prática de elevada qualidade, operatória registada inicialmente numa escala analógica visual de 0 a segurança e conforto para os doentes. Condicionalismos vários 10 e transformada posteriormente numa numérica de 1 a 3 permite a têm levado à procura contínua de incluir um número crescente identificação de todos os casos em dor moderada (escala analógica de doentes e procedimentos, aqueles com patologia associada visual de 4 a 6 ou numérica igual a 2) ou severa (escala analógica visual significativa e estes de maior complexidade técnica, de forma a de 7 a 10 ou numérica igual a 3) que exigem intervenção terapêutica, expandir ainda mais o âmbito da CA. com tramadol, 100 mg, ev, diluídos em 100 ml de soro fisiológico A discectomia lombar intervertebral é a intervenção neurocirúrgica a 0,9%, ou tramadol mais fentanil (este em bolus ev fraccionados mais frequente dos Estados Unidos da América, representando mais de 25 ?g cada), respectivamente. Os doentes com escala visual de 250 mil cirurgias / ano3-4. É hoje consensual ser a sua abordagem analógica de 0 a 3 ou numérica igual a 1, apresentavam dor ligeira, e por microcirurgia uma excelente alternativa à abordagem clássica, não eram submetidos a qualquer terapêutica analgésica, a não ser a podendo ser realizada com segurança e eficácia em regime de definida prescrição analgésica pós-operatória habitual para todos os ambulatório numa população criteriosamente seleccionada. doentes sem contra-indicações, que consistiu na administração oral O presente estudo tem assim por objectivo avaliar a segurança e de paracetamol, 1 g, e ibuprofeno, 400 mg. Todos os episódios, ainda o sucesso deste procedimento quando realizado em regime de que esporádicos, de náuseas e vómitos foram registados, mesmo que ambulatório para que outros se sintam sensibilizados e motivados não exigissem intervenção terapêutica. Se necessário administrou-se a incluir esta cirurgia nos seus programas de CA. ondansetron, 4 mg, ev, como fármaco antiemético de resgaste. MATERIAL E MÉTODOS | Estudo retrospectivo que procurou avaliar RESULTADOS | Foram incluídos 114 doentes, dos quais 63 foram todas as microdiscectomias lombares realizadas entre Fevereiro de do sexo feminino (55,3%), com uma média de idade de 40,6 anos 2001 e Dezembro de 2008 na Unidade de Cirurgia Ambulatória (intervalo entre 19 e 75 anos de idade). A duração média total da (UCA) do Hospital Geral de Santo António, no Porto. Foram incluídos intervenção foi de 147 min. (intervalo entre um mínimo de 75 min. 114 doentes, após criteriosa selecção, de acordo com as normas e um máximo de 243 min.). A grande maioria dos doentes (91,2%) definidas pelo Programa de CA da UCA. Os doentes foram admitidos foi operada pelo mesmo neurocirurgião, Dr. Rui Rangel, enquanto a às 8:00 horas do dia da cirurgia, na UCA, sendo posteriormente responsabilidade anestésica se dividia por um grupo de diferentes submetidos ao procedimento sob anestesia geral. Todos os doentes anestesistas que fazem parte do grupo de anestesia ambulatória do foram submetidos a um protocolo anestésico estandardizado, que HGSA. Dos 114 doentes incluídos apenas 35 doentes (30,7%) teve incluía uma indução anestésica endovenosa com midazolam, 1-2 consulta de anestesia na preparação pré-operatória do doente. A mg, propofol, 2-3 mg/kg, atracúrio, 0,5 mg/kg, e fentanil, 3 ?g/kg. A quase totalidade de doentes seleccionados foram classificados como manutenção era feita na maioria das vezes com propofol em perfusão ASA I ou II segundo a ASA (American Society of Anesthesiology) endovenosa contínua, substituído a cerca de 10-15 minutos do fim (Figura 1). da intervenção por um agente inalatório de curta duração de acção, sevoflurano ou desflurano, de forma a permitir um acordar mais rápido dos doentes. Todos os doentes fizeram no intra-operatório Figura 1 | Doentes de acordo com o estado físico, segundo a ASA (American Society of Anesthesiology). um plano analgésico que incluía para além do narcótico utilizado ASA III 1% (fentanil), paracetamol, 1 g, ev, e um anti-inflamatório não esteróide (AINEs), ketorolac, 30 mg, ev, preferencialmente, ou parecoxib, 40 mg, ev, quando aquele se encontrava contra-indicado. Procedia-se ainda à administração de ropivacaína a 0,75%, na ferida operatória, para prolongar o efeito analgésico o mais possível e aumentar o conforto pós-operatório destes doentes. Administrou-se ainda em todos os doentes, dexametasona, 5 mg, ev, e droperidol, 0,625 mg, ev, de forma a reduzir a incidência de náuseas e vómitos no pós-operatório. Os doentes foram posicionados na posição geno-peitoral, consistindo ASA II 45% ASA I 54% P. Lemos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 17-21 19 Seis doentes (5,3%) não puderam ter alta para casa no final do dia, a intenção de repetir a sua cirurgia em regime de ambulatório se tal tendo ficado internados no Hospital. Metade dos casos teve origem voltasse a ser necessário. em causas cirúrgicas, conforme pode verificar-se no Quadro I. DISCUSSÃO | O aumento da CA em todo o Mundo Ocidental em Quadro 1 | Causas de admissão hospitalar. Cirúrgicas Anestésicas Causas de Admissão Perfuração da dura resultado, por um lado, das inúmeras vantagens que lhe estão Nº Doentes 2 % 1,7 Deficit neurológico prolongado 1 0,9 Dor severa 1 0,9 Náuseas e vómitos 1 0,9 1 0,9 aumentar a acessibilidade dos doentes a este tipo de programas 5,3 cirúrgicos. Sociais Total* * Diz respeito ao total de doentes operados associadas, por outro, em consequência de pressões economicistas, tem levado à necessidade de se equacionar a oportunidade da admissão de novos tipos de procedimentos cirúrgicos que permitam Neste âmbito a microdiscectomia lombar, sendo a intervenção De salientar a necessidade dum doente ficar internado por razões neurocirúrgica mais frequente dos Estados Unidos da América3-4, e de ordem social, por falta de apoio adequado no domicílio. O muito provavelmente da maioria dos países europeus industrializados, doente admitido por agravamento neurológico necessitou de poderá ter um papel muito importante na sensibilização de reintervenção cirúrgica urgente nas 8 horas seguintes à da cirurgia especialistas em Neurocirurgia para o seu envolvimento em para descompressão canalar. A doente teve apesar de longa, programas de CA, na dinamização e optimização destes programas uma significativa recuperação funcional. Os restantes doentes no Serviço Nacional de Saúde (SNS), assim como no aumento da tiveram todos eles alta no dia seguinte ao da cirurgia sem outras acessibilidade de doentes com transtornos dos discos intervertebrais intercorrências. Os doentes com laceração da dura foram admitidos em programas cirúrgicos e a uma eventual redução da lista de apenas por precaução, para melhor vigilância do pós-operatório espera cirúrgica nesta área. Aliás, deve referir-se que o transtorno do imediato e repouso. O doente com dor severa foi programado o disco intervertebral é um dos diagnósticos mais frequentes da lista seu internamento no final da cirurgia dado que esta implicou a de espera cirúrgica nacional, representando 3.397 doentes em 31 abordagem de dois espaços vertebrais consecutivos, numa operação de Dezembro de 2007, com uma mediana de tempo de espera de mais extensa do que inicialmente previsto. 5,93 meses, sendo depois das doenças da mama, o diagnóstico com A maioria dos doentes apresentou dor moderada no pós-operatório, mediana de tempo de espera mais elevado entre os 20 diagnósticos havendo a registar apenas um caso de dor severa (Figura 2), que mais frequentes nas listas de espera dos hospitais do SNS6. ficou internado no final do dia pelas razões anteriormente expostas. O HGSA faz microdiscectomias lombares em regime de ambulatório Registaram-se quatro casos de episódios de náuseas e vómitos desde 2001, altura em que o Serviço de Neurocirurgia iniciou o seu (3,5%), tendo um deles pela intensidade e frequência com que a programa de CA. Em 2005 fez 14 microdiscectomias lombares em situação se repetiu no pós-operatório, ficado internado durante regime de ambulatório que representaram 7,3% do total deste tipo 24 horas. de cirurgia realizada no Hospital nesse ano. Tal valor encontra-se Figura 2 | Nível de dor mais elevado no pós-operatório, segundo escala numérica. bem acima dos resultados nacionais onde apenas cerca de 4% das discectomias lombares são realizadas em regime de ambulatório (98 num total de 2.477 procedimentos, em 2005)7. Dor severa 1% Dor moderada 24% A microdiscectomia lombar é considerada um procedimento que implica um especial cuidado na analgesia pos-operatoria, por ser um dos mais dolorosos entre as intervenções cirúrgicas realizadas em regime de ambulatório8-9. Tendo esse facto em mente, a UCA do HGSA desenvolveu desde cedo um protocolo analgésico que procurava aumentar a eficácia no combate à dor e simultaneamente Dor ligeira ou ausência de dor 74% proporcionar maior conforto e satisfação aos doentes, baseandose numa analgesia multimodal, com analgésicos opióides, AINEs e anestésicos locais na infiltração da ferida operatória. Também do ponto de vista neurocirúrgico desenvolveu um procedimento Houve seis casos de recidiva com necessidade de reintervenção minimamente invasivo com utilização das técnicas de microcirurgia cirúrgica (5,3%), quatro nos primeiros doze meses de pós-operatório, e de endoscopia avançadas o que levou a uma menor agressão enquanto que dois sofreram de uma recidiva tardia. cirúrgica. Assim, não será de estranhar os resultados obtidos, com Oito doentes (7,0%) referiram não estar satisfeitos com a sua a maioria dos doentes a não precisar de analgesia de resgaste no experiência cirúrgica, muito embora 95 doentes (83,3%) expressassem pós-operatório. Cerca de um em cada quatro doentes referiu dor 20 P. Lemos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 17-21 moderada, resolvida em quase todos os casos com a administração é muito variável conforme os diferentes estudos encontrados na endovenosa lenta de 100 mg de tramadol em 100 ml de SF a 0,9%, literatura. Desde os 1,8% referidos por Best et al16 num estudo com excepção dum doente com dor severa (0,9%) que necessitou de retrospectivo que incluiu 1.346 doentes, e em que a dor foi a causa doses fraccionadas de fentanil de 25 µg / bolus, e de ficar internado mais comum da admissão (12 doentes que corresponderam a 50% por 24 horas, por ineficaz controle da dor pós-operatória. O nosso da totalidade de doentes admitidos) até aos 8,8% encontrados por estudo é contudo um pouco limitado já que não avalia o pós- Bookwalter JW et al13, num estudo prospectivo que incluiu 74 doentes, operatório imediato após a alta dos doentes, em virtude do registo e em que de novo a dor foi a causa mais frequente de admissão telefónico sistemático só ter passado a existir após Maio de 2007. hospitalar (3 doentes dum total de 6 doentes admitidos). A taxa de O aparecimento de náuseas e vómitos no pós-operatório é outro dos admissão hospitalar por nós encontrada (5,3%) foi mais próxima às problemas que ensobram o normal funcionamento dos programas referidas por Best et al15 (3,8%), Singhal et al12 (4,9%) ou Shaikh et al9 de CA. Shaikh et al, registaram uma incidência de náuseas de 16% (5,7%). A admissão hospitalar está relacionada, entre outras causas, e de vómitos de 9,4% após microdiscectomia lombar em regime ao tempo da intervenção cirúrgica17-18, o que poderá facilmente de ambulatório, pelo que aconselhavam um adequado e eficaz explicar o facto destes procedimentos terem uma taxa de admissão controlo deste tipo de episódios de forma a melhorar a experiência hospitalar mais elevada que outros realizados em programas de CA. cirúrgica dos doentes para este tipo de procedimento9. Aliás, o facto De salientar que neste estudo uma das intervenções teve um tempo deste procedimento estar associado a um tempo de intervenção total superior a mais de 4 horas. longo poderá também justificar uma maior incidência de náuseas Muitos autores referem a retenção urinária como uma causa 10 e vómitos no pós-operatório . Curiosamente, neste estudo, apenas frequente de admissão hospitalar. Aliás, 8 dos 24 doentes admitidos quatro doentes (3,5%) experimentarem esta desagradável situação, no estudo de Best et al16, foram-no por esse motivo. Curiosamente tendo um deles sido internado por um período de 24 horas, em no nosso estudo não houve qualquer registo de retenção urinária. virtude da medicação de resgaste não ter sido completamente A taxa de recidiva por nós encontrada (5,3%) é semelhante à eficaz. Esta baixa incidência encontrada pode dever-se ao facto registada em diferentes estudos de programas quer seja em regime de estar instituído na UCA um esquema profiláctico antiemético de ambulatório,9,13,16 quer seja em regime de internamento,19,20,21 que consiste na administração endovenosa a todos os doentes situando-se entre 4,6% e 8,5%. O estudo com uma taxa de recidiva de dois antieméticos: dexametasona, 5 mg, e droperidol, 0,625 mg. mais elevada foi o referido por Osterman et al22 com 14% (4943 Exceptuam-se situações em que aqueles fármacos se encontram doentes) numa série de 35.000 doentes. por qualquer motivo contra-indicados. Para além disso também a O sucesso dum programa de CA passa muito também pelo grau de opção por uma técnica anestésica total intravenosa pode justificar satisfação dos doentes em especial para intervenções cirúrgica de os valores encontrados. A opção pela profilaxia sistemática prende- alguma complexidade, como é o caso da microdiscectomia lombar. se com o objectivo de minimizar a incidência de náuseas e vómitos No nosso estudo mais de 90% dos doentes encontraram-se satisfeitos pós-operatórios, permitir a ingestão precoce de alimentos e com a experiência cirúrgica o que se encontra de acordo com a baixa aumentar a satisfação dos doentes, muito embora várias publicações morbilidade associada, e as reduzidas taxas de admissão hospitalar e internacionais não recomendem a sua utilização sistemática, recidiva, já que o grau de satisfação dos doentes após cirurgias em mas somente naqueles que têm factores de risco associados ao regime de ambulatório depende sobretudo do outcome final, da desencadear de náuseas e vómitos pós-operatórios11. informação clínica transmitida ao doente, e do eficaz controlo da dor A microdiscectomia lombar pode ser realizada em regime de pós-operatória23. Não será portanto de estranhar que mais de 80% ambulatório com segurança e eficácia5, resultando numa substancial dos doentes expressassem a intenção de voltarem a ser operados 12-13 .A em regime de ambulatório se necessitassem de nova operação. morbilidade que lhe está associada é geralmente minor, mas alguns Estes resultados são em tudo semelhantes aos encontrados na efeitos adversos anestésicos e complicações cirúrgicas têm sido literatura.15-16 relatadas. Estes efeitos podem alterar o outcome, atrasar a alta ou De referir por último que este estudo tem várias limitações em virtude mesmo implicar admissão hospitalar9. A idade não parece influenciar de ser retrospectivo, com grandes variações nos registos clínicos o outcome peri-operatório, muito embora os doentes idosos estejam avaliados, o que poderá enviesar a força dos resultados obtidos. redução no tempo de hospitalização e nos custos associados mais predispostos a desenvolver alterações hemodinâmicas intraoperatórias significativas14. Assim, Best et al descreveram uma baixa CONCLUSÕES | Nos doentes adequadamente seleccionados a taxa de complicações (2,7%), uma taxa de admissão hospitalar de microdiscectomia lombar é um procedimento seguro e de elevado 3,8%, e uma elevada taxa de satisfação em doentes com idade igual sucesso quando realizada em regime de ambulatório. Contudo ou superior a 65 anos submetidos a microdiscectomia lombar em recomenda-se um atento plano analgésico multimodal já que a regime de ambulatório15. Contudo, esta taxa de admissão hospitalar microdiscectomia lombar é um dos procedimentos em regime de P. Lemos - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 17-21 ambulatório que requer um maior controlo da dor, assim como uma estratégia profiláctica antiemética de forma a reduzir a incidência de náuseas e vómitos no pós-operatório. 21 13. Bookwalter JW, Busch MD, Nicely D. Ambulatory surgery is safe and effective in radicular disc disease. Spine, 1994;19:526-30. 14. Chung F, Mezei G, Tong D. Adverse events in ambulatory surgery. A inclusão dum número crescente de microdiscectomias lombares A comparison between elderly and younger patients. Can J em programas de CA, para além de permitir o aumento da Anesth, 1999;46:309-21. acessibilidade de doentes a programas deste tipo, possibilitirá o 15. Best NM, Sasso RC. Outpatient lumbar spine decompression aumento da diversidade e o interesse pelos programas de CA nos in 233 patients 65 years of age or older. Spine, 2007;32:1135-9. Hospitais do SNS. 16. Best NM, Sasso RC. Success and safety in outpatient microlumbar discectomy. J Spinal Disord Tech, 2006;19:334-7. 17. Barros F, Monteiro M, Matos ME, et al. Can we find predictive BIBLIOGRAFIA factors for unplanned overnight admission? Ambulatory Surgery, 2008;14:14-33 (electronic edition: www.ambulatorysurgery.com). 1. De Lathouwer C., Poullier J.P.: How much ambulatory surgery 18. Mingus ML, Bodian CA, Bradford CN et al. Prolonged surgery in the World in 1996-1997 and trends? Ambulatory Surgery, increases the likelihood of admission of scheduled ambulatory 2000;8:191-210. surgery patients. J Clin Anesth 1997;9:446-50. 2. P. Lemos. Selecção de doentes e tipos de intervenção para cirurgia ambulatória. Anestesia 2000 1997;1:3-13. 3. Hoffman RM, Wheeler KJ, Deyo RA. Surgery for herniated lumbar discs: a literature synthesis. J Gen Intern Med, 1993;8:487-96. 4. Silvers HR, Lewis PJ, Suddaby LS et al. Day surgery for cervical microdiscectomy: is it safe and effective? J Spinal Disord, 1996;9:287-93. 5. Gibson JN, Grant IC, Waddell G. Is now well accepted that 19. Schoeggl A, Maier H, Saringer W et al. Outcome after chronic sciatica as the only reason for lumbar microdiscectomy. J Spinal Disord Tech, 2002;15:415-9. 20. Davis RA. A long-term outcome analysis of 984 surgically treated herniated lumbar discs. J Neurosurg, 1994;80:415-21. 21. Pappas CT, Harrington T, Sonntag VK. Outcome analysis in 654 surgically treated lumbar disc herniations. Neurosurgery, 1992;30:682-6. performing a standard microsurgical discectomy in an outpatient 22. Osterman H, Sund R, Seitsalo S et al. Risk of multiple reoperations setting is safe and effective in a properly selected population. after lumbar discectomy: a population-based study. Spine, The Cochrane review of surgery for lumbar disc proplapse and degenerative lumbar spondylosis. Spine, 1999;24:1820:32. 6. Relatório final da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia Ambulatória (CNADCA). Ministério da Saúde, Setembro de 2008. 7. P. Lemos, A. Regalado, J. Soares, P. Sá Couto, S. Domingues. Qual a expressão nacional dos diferentes procedimentos cirúrgicos realizados em regime de ambulatório? Resultados do IV Inquérito Nacional. Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2007;8:5-34. 8. McGrath B, Elgendy H, Chung F, et al. Thirty percent of patients have moderate to severe pain 24 h after ambulatory surgery: a survey of 5,703 patients. Can J Anesth, 2004;51:886-91. 9. Shaikh S, Chung F, Imarengiaye C, et al. Pain, nausea, vomiting and ocular complications delay discharge following ambulatory microdiscectomy. Can J Anesth, 2003;50-514-8. 10. Chung F, Mezei G. Adverse outcomes in ambulatory anesthesia. Can J Anesth, 1999;46:R18-34. 11. Bustos F, Semeraro C, Lopez S et al. Management of postoperative nausea and vomiting in Ambulatory Surgery. In: Lemos P, Jarrett P, Philip B (editors). Day Surgery: development and practice. Porto, Portugal: Clássica Artes Gráficas, 2006. p. 229-240. 12. Singhal A, Bernstein M. Outpatient lumbar microdiscectomy: a prospective study in 122 patients. Can J. Neurol Sci., 2002; 29:249-52. 2003;28:621-7. 23. Lemos P, Pinto A, Morais G, et al. Patient satisfaction following day surgery. J Clin Anesth 2009;21:200-5. Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 PRÁTICA E SEGURANÇA DO BSA EM CIRURGIA AMBULATÓRIA –INQUÉRITO NACIONAL 23 Fátima Cruz* Paulo Lemos** SAFETY AND PRACTICE OF SUBARACHNOID BLOCK IN AMBULATORY SURGERY – NATIONAL ENQUIRY Resumo O aumento recente da cirurgia em regime de ambulatório deve-se à baixa morbilidade e elevada eficácia deste tipo de programa cirúrgico. A sua crescente popularidade aliada ao aumento exponencial dos custos em saúde, criaram uma grande pressão sobre as administrações hospitalares no sentido de aumentarem o número e a diversidade da sua prática nos hospitais do SNS. O bloqueio subaracnoideu (BSA) que apresenta características especiais para a prática cirúrgica pode ser uma arma importante no alargamento do universo de doentes elegíveis para cirurgia em regime de ambulatório, permitindo a inclusão de doentes com patologias mais severas. Com o objectivo de avaliar a prática e segurança do BSA a nível nacional foi realizado um inquérito com o apoio da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória. Obtiveram-se respostas de 37 (53,6%) dos 69 hospitais inicialmente envolvidos, reportando 51909 doentes submetidos a cirurgia ambulatória (CA). Dos dados disponíveis, verificou-se que a taxa de BSA a nível nacional é de 4,3%. Independentemente da técnica anestésica utilizada, 0,57% dos doentes não tiveram alta no dia da intervenção. Dos submetidos a BSA, 10 doentes (0,8%) ficaram internados por motivos relacionados com a técnica anestésica. A retenção urinária ocorreu em 0,62% dos doentes submetidos a BSA, enquanto a não recuperação atempada do bloqueio sensitivo-motor e as cefaleias ocorreram em 0,16% e 0,2% daqueles doentes, respectivamente. 82,1% dos hospitais que praticam CA de forma organizada segundo as normas da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório consideram o BSA seguro em CA. Apesar de não se poderem tirar conclusões com significado estatístico, podemos dizer que o BSA é uma técnica anestésica segura em regime de ambulatório, sendo frequentemente utilizada a nível nacional. Palavras Chave bloqueio subaracnoideu, cirurgia ambulatória, anestésico local, adjuvantes intratecais, retenção urinária, bloqueio sensitivo-motor, cefaleias pós-punção. Summary Low morbidity and high efficiency of ambulatory surgery are responsible for its recent development. Its growing popularity together with the exponential increase in health care costs has pressured hospital administrations to develop ambulatory surgery, diversifying it and increasing its numbers. Spinal anesthesia offers special characteristics for surgery and may be an important tool enlarging the pool of eligible patients for ambulatory surgery, allowing patients with more severe coexisting diseases to be included. A national inquiry on safety and practice of subarachnoid block (SB) in ambulatory surgery has been carried out with the support of the Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória. 69 hospitals were involved in the inquiry, with answers being obtained from 37 (53,6%) of them, reporting 51909 patients submitted to ambulatory surgery. The rate of SB was 4,3%. Regardless of the anesthetic technique applied, 0,57% of the patients failed to go home the same day of the surgery. Ten (0,8%) of the patients that underwent SB had to be admitted for anesthetic reasons related to the technique. Urinary retention compromised 0,62% of the patients, while failure to recover from sensitivemotor block and headache compromised 0,16% and 0,2% of those patients, respectively. 82,1% of the hospitals with an organized practice of ambulatory surgery, in accordance with the CNADCA (Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório) rules, consider SB safe for ambulatory surgery. Though it is not possible to reach statistically significant conclusions, one can stand that SB is a safe anesthetic technique for ambulatory surgery, being frequently applied nationally. Keywords subarachnoid block, ambulatory surgery, local anesthetic, intrathecal adjuncts, urinary retention, sensitive-motor block, postdural puncture headache. * ** - Assistente Hospitalar de Anestesiologia do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António - Chefe de Serviço de Anestesiologia do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António 24 Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 INTRODUÇÃO | Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento hospitais não foram capazes de responder integralmente aos notável do número de doentes operados em regime de ambulatório. dados estatísticos questionados e nalguns casos os dados não Em 2006 foram operados em regime de ambulatório, a nível correspondem à totalidade do ano de 2008. nacional, 27% dos doentes submetidos a cirurgia programada.1 Os dados que nos foram enviados dizem respeito a 51909 doentes, Em 2008, o relatório final da CNADCA (Comissão Nacional para o cerca de um terço dos doentes que foram operados em CA no ano Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório) apontava a barreira de 20082 (Quadro 1). No entanto, mesmo os dados de todos estes “mágica” de 50% para a percentagem de doentes propostos para doentes não estão completos. Este facto associado ao baixo índice cirurgia programada, a serem operados em regime de ambulatório, de respostas não nos permite tirar conclusões significativas. Apesar durante o ano de 2009.1 Em Julho de 2009, na comunicação da de tudo, pensamos que foram recolhidos dados que merecem ser CNADCA sobre o ponto da situação do 1º semestre de 2009 foi referidos. Para melhor interpretação dos resultados será indicado indicado o resultado de 49%, tendo-se já ultrapassado a meta de entre parêntesis o número de hospitais que os validam. 50% em 21 hospitais.2 Este crescimento da cirurgia ambulatória (CA) deve-se em parte RESULTADOS | Obteve-se resposta de 37 hospitais, ou seja, 53,6% à reorganização das Unidades de Ambulatório mas também, de respostas. Destes, 75,7% (28 hospitais) têm um programa de muito se fica a dever ao alargamento dos critérios de selecção de CA organizado segundo as normas da CNADCA. Destes últimos, doentes a serem anestesiados em regime de ambulatório. Para 71,4% (20 hospitais) incluem o BSA como técnica a realizar no seu que mais doentes possam ser elegíveis para cirurgia em regime de programa de CA. No quadro 1 apresentam-se os dados estatísticos ambulatório é necessário adequar a técnica anestésica de modo a recolhidos, com as limitações já referidas. Para melhor compreensão que a intervenção possa ser realizada de forma eficaz e segura.3,4 dos resultados apresenta-se o quadro 2. Deste modo é possível incluir, por exemplo, doentes com patologia Os doentes submetidos a CA foram 51909 (resultados de 25 respiratória e/ou cardiovascular, obesos e doentes com via aérea hospitais), destes, foram operados em hospitais que fazem BSA (17 (VA) difícil. hospitais com dados disponíveis) 43172 doentes e em hospitais O bloqueio subaracnoideu (BSA) apresenta características únicas que não fazem BSA (8 hospitais) 8905 doentes. Foram anestesiados que o tornam útil em regime de ambulatório, é fácil de executar e 1856 doentes sob BSA, nos hospitais que realizam esta técnica em provoca um bloqueio cirúrgico profundo, de início rápido e duração CA, o que corresponde a uma taxa de 4,3% de doentes submetidos previsível.5-8 Para além disso, o BSA proporciona alívio da dor pós- a BSA (Quadro 2). operatória e minimiza as náuseas e vómitos pós-operatórios, o que O hospital com maior percentagem de casos de BSA apresenta 58,4% pode ser útil na redução das admissões por esses motivos.3,5,9 dos doentes a serem operados sob BSA (Quadro 1). No entanto, Outro benefício associado ao BSA é o custo mais baixo, quando 64,7% dos hospitais que fazem BSA, fazem-no em menos de 5% comparado com a anestesia geral (AG).9-11 Contudo, é necessário dos doentes. Na verdade, estes resultados podem não traduzir a ter em atenção a possibilidade de ocorrência de efeitos laterais, realidade com clareza, uma vez que há hospitais que incluem no como a retenção urinária e as cefaleias, de forma a serem tomadas programa de CA cirurgias que não são passíveis de realizar sob BSA medidas no sentido de os minimizar. (Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Estomatologia) e outros não. As particularidades associadas ao BSA, principalmente a ocorrência Verificou-se que nos hospitais que praticam BSA em CA, a técnica de efeitos laterais que eventualmente necessitem de tratamento, é aplicada frequentemente em doentes com patologia respiratória justificam a realização de um folheto informativo para distribuição em 75% dos hospitais (15 hospitais) e em doentes com VA aos doentes submetidos a BSA em regime de ambulatório. previsivelmente difícil em 65% dos hospitais (13 hospitais). Existe uma percentagem elevada de hospitais onde é aplicada esta MÉTODOS | Com o objectivo de avaliar a prática e segurança do BSA técnica frequentemente em doentes com menos de 40 anos (40% - 8 a nível nacional foi realizado um inquérito (anexo 1) com o apoio hospitais), doentes com hipertrofia da próstata (35% - 7 hospitais), da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA). Este doentes para cirurgia de hérnia inguinal sem patologia associada inquérito foi submetido, por carta, a 69 hospitais do SNS, juntamente (50% - 10 hospitais) e doentes para cirurgia anorrectal sem patologia com um envelope com franquia para devolução. associada (40% - 8 hospitais). Uma dificuldade com que nos deparámos foi o facto de muitos Nos hospitais onde se realiza frequentemente BSA em doentes com hospitais terem iniciado a prática de CA de forma organizada menos de 40 anos ocorreram 2 casos de cefaleias que motivaram segundo as normas da CNADCA apenas no decorrer do ano de falha de alta, correspondendo a uma incidência de 0,2% dos BSA 2008 ou durante 2009. Há ainda hospitais que se estão a preparar realizados nestes hospitais (6 hospitais). Estes 2 casos de cefaleias para iniciar os seus programas no final de 2009. No inquérito eram ocorreram no mesmo hospital, onde é considerado obrigatório usar solicitados dados referentes a 2008 e por este motivo muitos agulhas de calibre igual ou mais fino que G27 e a técnica ser realizada Cefaleias Não recuperação do bloq. SM 0% 1 6,3% Nº total de dtes BSA % de BSA Falhas de Alta (FA) %de Falhas de Alta % de compl. do BSA por BSA realizado Retenção urinária 0 0 18 0,4% 14 0,3% 5 0,1% 3600 12 0,3% 45 1,2% 15 0,42% Hospital Distrital Santarém 2970 197 6,6% - - - - - - - - Hosp. Raínha Sta. Isabel-Torres Novas 460 41 8,9% 14 3% 8 1,7% 2 0 0 4,9% 0% 35,7% 33,3% 57% 92 1 1% 1 1% 0 0% 0 0 0 Hospital São Sebastião 4074 408 10% - - - - - - - - Hospital Egas Moniz 1140 137 12% 27 2,4% 4 0,35% 0 0 1 0,7% H. Sto. António Capuchos - CHLC,EPE - - - - - - - - - - - Hospital S. Bernardo - Setúbal - - - - - - - - - - - Hospital Distrital Figueira da Foz 2536 79 3,1% 0 0% 0 0% 0 0 0 0% C. H. Trás-os-Montes e Alto Douro 2873 17 0,6% 0 0% 0 0% 0 0 0 0% ULS Baixo Alentejo - H. J. J. F. Beja 2977 124 4,2% 3 0,1% 0 0% 0 0 0 0% C. H. Póvoa de Varzim / Vila do Conde 1464 45 3% 4 0,3% 0 0% 0 0 0 0% Hospital Reynaldo dos Santos 736 430 58,4% 22 3% 7 0,95% 32% 1 0 0 0,2% Hospital S. João 4247 1 0,02% 4 0,01% 1 0,02% 25% 0 0 0 0% C. H. Gaia / Espinho EPE 5985 42 0,7% 0 0% 0 0 0 0 0% Hosp. Pedro Hispano - ULS Matosinhos 1320 4 0% 14 1% 6 0,45% 1 0 0 25% 15% 0% 43% - - - - - - - - - - - C. H. Oeste Norte - Caldas da Raínha 1396 287 20,6% 90 6,4% - - - 2 - 0,7% Hospital de Faro EPE 2964 13 0,4% 0 0% 0 0% 0 0 0 0% C. H. Alto Ave - Guimarães 1842 0 0% - - - - - - - - IPO Porto 425 0 0% - - - - - - - - Hospital Distrital Pombal 737 0 0% 0 0% 0 0% 0 0 0 0% H. Sta. Maria M – Barcelos 1028 0 0% 4 0,4% 0 0% 0 0 0 0% C. H. Torres Vedras 680 0 0% 0 0% 0 0% 0 0 0 0% Hospital Valongo 827 0 0% 2 0,2% 0 0% 0 0 0 0% CHMA EPE 3346 0 0% 0 0% 0 0% 0 0 0 0% IPO Lisboa 20 0 0% 0 0% 0 0% 0 0 0 0% Total de hospitais com dd de FA (21 hospitais) Hospitais que fazem BSA com dd de FA (15 hospitais) Total de hospitais com dd de FA por motivos anestésicos (21 hospitais) FA relacionadas com BSA Hospitais que fazem BSA com dd (17 hospitais) FA motivos anestésicos (mot anest) Total de hospitais com dd (25 hospitais) Falhas de Alta (FA) Quadro 2 | Resumo cumulativo dos dados disponíveis (dd) nos diferentes hospitais. BSA = Dados não disponíveis = Hospitais que administram doses de bupivacaína ≤ 10 mg = Hospital que não indica dose de bupivacaína administrada 51909 1856 - - - 43172 (4,3% dos doentes op em CA) - - - 1251 244 (0,57% dos dtes op em CA) - - 1251 238 (0,66% dos dtes op em CA) - - Nº total de doentes HOSPITAIS QUE FAZEM BSA 0 2 4338 Hospital S. Teotónio Viseu EPE Hospital Cantanhede HOSPITAIS QUE NÃO FAZEM BSA 0 CHP - Hospital Santo António Hospital Santa Luzia de Elvas - Motivos Anestésicos (MA) Quadro 1 | Dados estatísticos do ano de 2008 % de MA por dte / % de MA pelas FA Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 42766 36128 41370 964 154 46 (0,1% dos dtes; 29,9% das FA) - 46 (0,13% dos dtes; 31% das FA) - Hospitais que fazem BSA com dd de FA por motivos anestésicos (14 hospitais) 34732 964 148 Hosp que fazem BSA com dd de FA por motivos anestésicos e de compl. do BSA (14 hospitais) 34732 964 148 46 8 (17,4% das FA mot anest) Hospitais que fazem BSA com dd de compl. do BSA (15 hospitais) 36128 1251 - - 10 (0,8% dos BSA) 25 26 Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 Quadro 3 | Administração de AL e adjuvantes no BSA em CA. FREQUENTEMENTE Lidocaína 0 Bupivacaína 4 18 (90%)* Levobupivacaína Ropivacaína 1 0 Fentanil Morfina (15%)** 1 * = % em que é administrada nos hospitais que fazem BSA em CA 2 não indica frequência 2 3 2 DOSE MÁXIMA 16 1 2 10 NUNCA 1 1 4 Sufentanil n.i. = não indica RARAMENTE 30 mg 100 mg 1 1 7,5 mg 10 mg 11 mg 12 mg 1 8 1 3 n. i. 2 12,5 mg 15 mg 1 n. i. 4 1 n. i. 15 mg 3 2 n. i. 0 1 14 7 17 10 µg 15 µg 3 1 50 µg 2 2 µg 2,5 µg 5 µg 20 µg 1 3 7 1 n. i. 1 150 µg 200 µg 500 µg 1 1 1 ** = % dos hospitais que fazem BSA em CA e a administram por especialista. Nos hospitais que nunca ou raramente fazem BSA que não consideram esta prática obrigatória (4 hospitais com em doentes com menos de 40 anos não foram registados casos de dados estatísticos) é de 1,2% dos BSA realizados, enquanto que nos cefaleias que motivassem falha da alta. Há ainda um hospital que hospitais (9 hospitais com dados estatísticos) onde é considerada refere um caso de cefaleias que motivou a ida da doente ao hospital prática obrigatória é de 0,43% dos BSA realizados. Entre os que 24 horas após a alta. Também neste é considerado obrigatório respondem sim, existem 4 que depois indicam doses de bupivacaína usar agulhas de calibre igual ou mais fino que G27 e a técnica ser superiores a 10 mg e outro não indica a dose. realizada por especialista mas, como no anterior, executam BSA Nos hospitais onde são administrados mais que 10 mg de bupivacaína frequentemente a doentes com menos de 40 anos. (8 hospitais) a taxa de complicações por retenção urinária ou não recuperação atempada do bloqueio sensitivo-motor é de 0,88% dos Nos hospitais onde é frequentemente realizado BSA em doentes BSA realizados e nos hospitais (5 hospitais) onde são administradas com hipertrofia da próstata/cirurgia de hérnia inguinal sem patologia doses de bupivacaína menores ou iguais a 10 mg é de 0,71% dos associada/cirurgia anorrectal sem patologia associada ocorreram BSA realizados (Quadro 4). 3 casos de falha de alta por retenção urinária o que corresponde a 0,35% dos BSAs realizados nesses hospitais (6 hospitais). Todos Analisando ambas as complicações em separado, verifica-se que a esses casos ocorreram em hospitais que administram mais que taxa de falhas de alta por não recuperação atempada do bloqueio 10 mg de bupivacaína por via intratecal. Nos hospitais onde o BSA sensitivo-motor foi de 0,15% dos BSA realizados nos hospitais (8 é realizado raramente nestes doentes (5 hospitais) ocorreram 2 hospitais) que administram mais de 10 mg de bupivacaína e de casos de retenção urinária, correspondendo a uma taxa de 2,3% 0,36% nos hospitais (5 hospitais) que administram 10 mg ou menos dos BSAs realizados. Também nesta situação, os 2 casos ocorreram de bupivacaína. A taxa de falhas de alta por retenção urinária foi de num hospital que administra mais que 10 mg de bupivacaína por 0,36% dos BSA realizados nos hospitais que administram doses de via intratecal. Houve ainda 1 caso de retenção urinária num hospital bupivacaína iguais ou inferiores a 10 mg (5 hospitais) e de 0,73% que não indica a frequência com que executa BSA neste tipo de nos hospitais que administram mais de 10 mg de bupivacaína (8 doentes. Nos hospitais (2 hospitais) que nunca realizam BSA neste hospitais). tipo de doentes não ocorreram casos de retenção urinária. No inquérito realizado, 25% dos hospitais que praticam BSA não A nível nacional, 90% dos hospitais (18 hospitais) que responderam administram adjuvantes (5 hospitais) (Quadro 3), em 2 destes é ao inquérito e que praticam BSA em regime de ambulatório administram frequentemente bupivacaína (Quadro 3). As doses Quadro 4 | Dose de bupivacaína administrada e complicações do BSA máximas administradas variam de 7,5 mg a 15 mg. 50% dos hospitais Bupivacaína > 10 mg Bupivacaína > 10 mg (5 hospitais) (8 hospitais) que administram bupivacaína (e indicam a dose máxima utilizada – 18 hospitais), administram doses superiores a 10 mg. A lidocaína é usada raramente em 4 dos hospitais que fazem BSA em CA. Outros Nº de doentes 15319 19321 Nº de BSA 280 (1,8%) 683 (3,5%) Falhas de alta 55 (0,36%) 92 (0,5%) Motivos anestésicos para falhas de alta 15 (0,1% dos dtes, 27,3% das falhas de alta) 31 (0,2% dos dtes, 33,7% das falhas de alta) Retenção urinária e não recuperação do bloqueio SM 2 (13,3% das falhas anest, 0,71% dos BSA) 6 (19,4% das falhas anest, 0,88% dos BSA) AL administrados são a levobupivacaína e a ropivacaína. Quando se pergunta se é considerado obrigatório usar 10 mg de dose máxima de bupivacaína, 35% respondem que não (7 hospitais). A taxa de falha de alta por não recuperação atempada do bloqueio sensitivo-motor ou de retenção urinária nos hospitais Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 27 administrada dose de bupivacaína menor ou igual a 10 mg e em a BSA variam entre 0 e 25% dos BSA realizados em cada hospital 3 é administrada dose de bupivacaína superior a 10 mg. 75% dos (Quadro 1). Existem 2 hospitais com esta taxa elevada (25%) de falha hospitais (15 hospitais) administram adjuvantes. Em relação à escolha de alta dos BSA realizados. Num desses hospitais são administradas do adjuvante há uma clara preferência pelo sufentanil, utilizado doses de 10 mg de bupivacaína e é apresentado 1 caso de retenção frequentemente em 66,7% dos hospitais que usam adjuvantes, urinária, no entanto o número de BSAs realizados é muito baixo (4 enquanto que o fentanil é administrado frequentemente em 13,3% casos). No outro hospital são administradas doses de bupivacaína dos hospitais que usam adjuvantes e 20% administra tanto fentanil superiores a 10 mg e este apresenta 2 casos de retenção urinária e como sufentanil. 1 caso de não recuperação atempada do bloqueio sensitivo-motor. As doses de fentanil administradas chegam aos 50 µg (Quadro 3), O número de BSA realizados neste hospital foi um pouco mais sendo que, nos 2 hospitais onde são administradas estas doses significativo – 12 casos. máximas de fentanil também é administrada dose máxima de Retenção urinária ocorreu em 0,62% dos doentes submetidos a BSA bupivacaína de 15 mg. Num destes hospitais não há admissões por (14 hospitais). Cefaleias ocorreram em 0,16% dos BSA realizados (15 complicações do BSA e no outro os dados não estão disponíveis. hospitais). Não recuperação atempada do bloqueio sensitivo-motor As doses de sufentanil chegam até aos 20 µg. ocorreu em 0,2% dos doentes que realizaram BSA (14 hospitais). As 15% dos hospitais (3 hospitais) onde é realizado BSA em CA falhas anestésicas relacionadas com BSA representam 17,4% das administram como adjuvante a morfina e num destes é administrada falhas anestésicas em geral (14 hospitais) (Quadro 2). dose máxima de morfina de 500 µg (Quadro 3)! Este hospital não 82,1% dos hospitais que praticam CA de forma organizada segundo apresenta admissões por complicações do BSA, nem por motivos as normas da CNADCA consideram o BSA seguro em CA. Apenas um anestésicos em geral. Nos outros 2 hospitais onde é administrada hospital responde que o BSA não é seguro em CA pelas possíveis a morfina, não existem admissões por complicações do BSA num complicações. Curiosamente, esta opinião vem de um hospital que deles e no outro não há dados disponíveis. faz BSA em CA e não tem falhas de alta relacionadas com o BSA. A 25% dos hospitais onde é praticado BSA em CA consideram não maioria considera que o BSA é seguro em CA desde que se atenda à ser obrigatório realizar o BSA até 8 horas antes do encerramento selecção adequada de doentes e que existam protocolos definidos da Unidade de Cirurgia Ambulatória (UCA). A taxa de falha de alta no que respeita aos critérios de alta. Há também quem considere que por este motivo é de 0,26% dos BSA realizados nos hospitais (11 a alta deve ser assinada pelo anestesista. É ainda referido o benefício hospitais) que consideram obrigatório esta prática e de 0,18% nos do BSA para reduzir a administração de fármacos emetizantes e hospitais (3 hospitais) que não seguem esta regra. diminuir a morbilidade associada a esses efeitos laterais. Em 30% dos hospitais nacionais que responderam ao inquérito e onde é praticado BSA em CA, não é considerado obrigatório o uso de DISCUSSÃO | Apesar do baixo índice de respostas (53,6%) ao agulhas de calibre igual ou mais fino que G27. Em 35% dos hospitais inquérito realizado e dos dados disponíveis corresponderem a também não é considerado obrigatório a técnica ser realizada por menos de um terço dos doentes operados, a nível nacional, durante o especialista. ano de 2008, pensamos ser útil a divulgação da informação recolhida. A taxa global de falhas de alta foi de 0,57% (resultados de 21 hospitais), Desde logo, é de realçar o empenho de vários hospitais em organizar sendo de 0,09% no grupo que não faz BSA (6 hospitais) e de 0,66% e expandir os seus programas de CA. no grupo que faz BSA (15 hospitais) (Quadro 2). Existe um hospital Uma das formas de expandir a CA é através da alteração dos com uma taxa de falhas de alta consideravelmente superior à média, critérios de selecção de doentes para regime de ambulatório, com 6,4% de falhas de alta. Este hospital não apresenta resultados permitindo que mais doentes possam beneficiar deste regime do número de falhas de alta por motivos anestésicos (Quadro 1). cirúrgico. Actualmente o tipo de doente que se apresenta para Os motivos anestésicos para a falha de alta foram de 0% no grupo cirurgia em regime de ambulatório já não é apenas o doente ASA que não faz BSA (6 hospitais) e de 0,13% dos doentes operados em I ou II a ser submetido a um procedimento simples.12 A escolha CA no grupo que faz BSA (14 hospitais) (Quadro 2). No grupo que adequada da técnica anestésica permite seleccionar doentes ASA faz BSA a contribuição das causas anestésicas para a falha de alta III para regime de ambulatório,3,4 incluindo por exemplo, doentes varia de 0% a 57%. Excepto no caso dos 57%, em todos os outros com patologia respiratória significativa (ex.: DPOC, apneia do sono), hospitais os motivos anestésicos são sempre inferiores aos outros obesos, doentes com VA previsivelmente difícil, mantendo o nível motivos de falha de alta. de eficácia e segurança. Doentes com patologia cardíaca podem As falhas de alta por motivos relacionados com o BSA (retenção também ser seleccionados, uma vez que a administração de baixas urinária, cefaleias e não recuperação atempada do bloqueio doses de anestésicos locais, por via intratecal, permite uma elevada sensitivo-motor) ocorreram em 0,8% dos doentes submetidos a BSA estabilidade cardiovascular. (15 hospitais) (Quadro 2). As falhas de alta nos doentes submetidos O BSA é uma técnica segura em CA, como se comprova pelo baixo 28 Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 índice de falhas de alta associado às suas complicações - 0,8% . mais relevantes para possibilitar a realização de BSA em regime de De igual modo, quando se analisam as falhas de alta por motivos ambulatório, ao diminuir a incidência de cefaleias pós-punção.6-8 anestésicos, as complicações do BSA representam apenas 17,4% No entanto, num grande número de hospitais não é considerado destas. Esta é também a opinião da quase totalidade dos inquiridos, obrigatório o uso de agulhas de calibre igual ou mais fino que G27. mesmo daqueles que não fazem habitualmente BSA em CA. Apesar disso a incidência de cefaleias foi muito baixa, no entanto, o Existem hospitais com uma taxa de BSA bastante expressiva, que era perguntado no inquérito eram as falhas de alta por cefaleias mesmo considerando que alguns não incluem Oftalmologia, e por isso, podem ter ocorrido cefaleias que não motivassem falha Otorrinolaringologia e Estomatologia nos seus programas. Contudo, de alta ou que ainda não estivessem presentes no momento da alta na grande maioria dos hospitais o BSA em CA é praticado em menos e se manifestassem depois. de 5% dos doentes. Para ser adequado para CA o BSA deve ser modificado de forma a Doentes submetidos a cirurgia perianal, reparação de hérnia inguinal permitir reduzir a extensão e duração do bloqueio motor, bem como e cirurgia urológica apresentam risco acrescido para retenção os seus efeitos laterais, mantendo um nível eficaz de anestesia. Uma urinária.13,14 Outros factores de risco incluem a posição de litotomia, boa opção é a combinação de baixas doses de anestésico local (AL) antecedentes de patologia prostática e o sexo masculino.13,14 A com um opióide. Existem ainda algumas técnicas que permitem idade é considerada factor de risco por alguns,13 mas a sua influência aumentar a eficácia de baixas doses de AL como o BSA unilateral e não é confirmada em outros estudos.14 o BSA selectivo.21 Nos doentes submetidos a BSA o atraso no início da micção relaciona- A lidocaína seria o AL ideal para uso em CA, no entanto, os efeitos se com a duração do bloqueio, ou seja, com a dose de anestésico laterais limitam a sua aplicação. O Síndrome da Cauda Equina pode local.13,14 Nos doentes submetidos a BSA de curta duração a ocorrer com doses de lidocaína tão baixas como 60 mg e mesmo função vesical retoma ao normal antes de ocorrer sobredistensão com administrações únicas.22 Sintomas Neurológicos Transitórios da bexiga.13 Aumentar a administração de fluidos não acelera o (SNT),6,7,16,23 que podem ser extremamente desconfortáveis, início da micção e por outro lado aumenta o volume da bexiga,15 podem surgir independentemente da concentração de sendo portanto sensato evitar o excesso de fluidos em doentes que lidocaína,24 e afectam 20% dos doentes submetidos a BSA com ainda não recuperaram do BSA. administração de lidocaína, em regime de ambulatório.19 Outro Doentes submetidos a reparação de hérnia inguinal e procedimentos factor de risco para desenvolvimento de SNT, para além do regime de perianais têm uma taxa de retenção urinária de 5% e destes, 25% ambulatório, é o posicionamento cirúrgico (litotomia, artroscopia do podem sofrer recorrência da retenção urinária, após algaliação para joelho).5,16,22Face à possibilidade de ocorrência de efeitos laterais esvaziamento da bexiga.15 e uma vez que existem alternativas seguras, deve-se questionar se Num grande número de hospitais nacionais o BSA é aplicado a lidocaína deveria continuar a ser administrada por via intratecal com frequência a doentes nos quais podem surgir complicações no séc. XXI.22 desta técnica, como doentes com hipertrofia prostática e doentes A bupivacaína está associada a uma incidência de SNT muito baixa propostos para cirurgia de hérnia inguinal ou anorrectal, sem (0-1%).6,16,25 Apesar de exibir uma duração de acção mais longa patologia associada. A incidência de retenção urinária parece estar que a lidocaína, a redução da dose (máximo de 10 mg) tornam-na aumentada nos hospitais que realizam BSA frequentemente e útil para administração em regime de ambulatório.5-7,17,23,25As mesmo raramente em doentes com risco aumentado para essa respostas individuais a baixas doses de bupivacaína são muito complicação. No entanto, é possível que esta complicação esteja mais variáveis, no entanto, existem técnicas básicas para administrar frequentemente associada nos programas em que se administram doses baixas de bupivacaína, como a associação de baixas doses doses mais elevadas de AL (mais de 10 mg de bupivacaína). de fentanil (10 µg),3 mantendo a eficácia do BSA. Actualmente os Outro grupo de risco que é frequentemente seleccionado para ser estudos clínicos apontam doses de bupivacaína cada vez mais baixas submetido a BSA é o dos doentes com menos de 40 anos. Também como sendo capazes de induzir bloqueio eficaz.26,27 neste caso a taxa de cefaleias parece ser superior por esse motivo. O uso de ropivacaína em doses equipotentes à bupivacaína é Actualmente, a incidência de cefaleias pós-punção é inferior a clinicamente semelhante e não traz vantagens em relação a 3%6,7,16,17 e está relacionada com o calibre e forma do bico das esta.6,16,28 agulhas utilizadas.8,18-20 Essa relação pode perder-se quando se A 2-cloroprocaína é um AL de curta duração de acção, associado utilizam agulhas muito finas pelo aumento da dificuldade técnica a uma incidência de SNT pouco frequente.3,21 O uso clínico deste e aumento do número de tentativas para realização do BSA.8,16,19 AL foi suspenso por surgirem casos de neurotoxicidade para a A influência da forma do bico da agulha torna-se menos aparente medula. Actualmente existe uma formulação experimental de com agulhas de calibre mais fino que G27.6,19 2-cloroprocaína que ainda não está licenciada. O avanço tecnológico das agulhas de BSA foi um dos factores A bupivacaína é o AL de preferência para a maioria dos inquiridos. Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 29 Curiosamente, são administradas doses elevadas (>10 mg) para falhas de alta por não recuperação atempada do bloqueio sensitivo- regime de ambulatório em 50% dos hospitais e numa grande motor. parte não existem preocupações em relação à dose máxima de bupivacaína. A taxa de falhas de alta por retenção urinária ou não CONCLUSÕES | Apesar de não se poderem tirar conclusões com recuperação atempada do bloqueio sensitivo-motor é 3 vezes mais significado estatístico, podemos dizer que o BSA é uma técnica alta nos hospitais que não consideram obrigatório administrar doses anestésica segura em regime de ambulatório, sendo frequentemente iguais ou inferiores a 10 mg de bupivacaína. De igual modo, também aplicada a nível nacional. a taxa de falha de alta por retenção urinária ou não recuperação A bupivacaína é o AL de eleição para administrar por via intratecal em atempada do bloqueio sensitivo-motor é superior nos hospitais CA, na maioria das vezes associada a adjuvantes, sendo a preferência que administram mais que 10 mg de bupivacaína. a nível nacional o sufentanil. Frequentemente são usadas doses de Analisado de forma isolada, a taxa de falhas de alta por retenção bupivacaína superiores a 10 mg, o que parece estar associado a urinária é o dobro nos hospitais onde se administram mais de 10 maior número de casos de retenção urinária, com compromisso da mg de bupivacaína. Já em relação à não recuperação atempada do alta hospitalar, principalmente quando praticado em doentes de bloqueio sensitivo-motor, nem as doses elevadas de bupivacaína risco para esta complicação. nem o facto de não ser considerado obrigatório realizar o BSA até É intenção dos autores repetir o inquérito realizado sobre prática 8h antes do fecho da UCA foi associado a aumento da incidência e segurança do BSA em CA no início do ano de 2010. Pretende-se de casos. avaliar os resultados de 2009, uma vez que durante este ano a maior A associação de fentanil ao anestésico local por via intratecal parte dos hospitais já estará a funcionar segundo as normas da demonstra um efeito sinergístico.16 O fentanil melhora a qualidade CNADCA e desta forma poder-se-á obter resultados mais completos da anestesia e permite administrar baixas doses de anestésico local, e significativos. sem aumentar o tempo da alta para o domicílio.23,29 Doses mais Será também necessário melhorar a recolha de dados, para tal, o altas que 10 µg de fentanil podem atrasar o tempo para o doente envio do inquérito será acompanhado de contacto telefónico no iniciar micção espontânea, aumentando a incidência de retenção sentido de aumentar a taxa de respostas. urinária3,30 e também de náuseas.3,21 O prurido causado pelo Há ainda aspectos a melhorar no próximo inquérito. Tentar-se-á fentanil normalmente é moderado e de curta duração.3,6 distinguir o tipo de especialidades cirúrgicas que operam em cada Na maioria dos hospitais é prática comum o uso de adjuvantes do hospital para comparar as cirurgias que podem ser realizadas sob AL no BSA, sendo surprendente o uso mais frequente de sufentanil. BSA. Serão ainda incluídas perguntas sobre ocorrência de prurido Não se sabe se esta escolha se associa a mais casos de prurido na durante a estadia na UCA, sobre existência de telefonema às 24h UCA.31 Existem alguns hospitais onde são administradas doses para avaliação de complicações, nomeadamente de cefaleias e muito altas de fentanil e sem intenção de reduzir a dose de AL, também sobre existência de folheto informativo para os doentes uma vez que nestes também são administradas doses elevadas de submetidos a BSA. bupivacaína. Existem ainda hospitais onde é administrada morfina como adjuvante nos BSA em CA. Pela longa duração de acção da morfina por via intratecal, com possibilidade de ocorrência de efeitos BIBLIOGRAFIA laterais tardios, fora da UCA, eventualmente até muito graves, esta prática é questionável. Apesar dos efeitos benéficos do BSA em CA podem ocorrer efeitos laterais preocupantes aos quais importa estar atento no sentido de os evitar. Eles são a retenção urinária e as cefaleias pós-punção, já referidas anteriormente e ainda o bloqueio sensitivo-motor prolongado. 1. CNADCA. Relatório Final da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia Ambulatória 2008. 2. CNADCA. Cirurgia de Ambulatório em Portugal: Ponto da situação, 1º semestre / 2009. Julho / 2009. 3. Watson B., Howell V. Spinal anaesthesia: the saviour of day surgery? Current Anaesthesia & Critical Care 2007; 18: 193-199. A administração de baixas doses de AL e a selecção de doentes 4. Molyneux M, Griffith N. An overview of anaesthesia and patient a serem submetidos a BSA para o 1º tempo cirúrgico permite selection for day surgery. Anaesthesia and Intensive Care Medicine normalmente a recuperação atempada do bloqueio sensitivo- 2007; 8 (3): 116-121. motor. Estes cuidados possibilitam o rápido retorno do parâmetro 5. Capdevila X, Ponrouch M, Morau D. The role of regional mais importante no recobro do BSA que é a capacidade do doente anesthesia in patient outcome: ambulatory surgery. Techniques deambular sem auxílio.32 Nem em relação à falta de limite de horas in Regional Anesthesia and Pain Management 2008; 12: 194-198. para realização do BSA, nem em relação às doses de bupivacaína 6. Hodgson PS, Liu SS. Spinal anesthesia for day surgery. Techniques administradas, como já referido, se consegue provar a influência nas in Regional Anesthesia and Pain Management 2000; 4 (1): 3-9. 30 Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 7. 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No seu hospital existe um programa de cirurgia em regime de ambulatório, organizado segundo as recomendações da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia Ambulatória S (CNADCA)? N Se respondeu não, o inquérito termina aqui. Queira, por favor, preencher no verso os dados de idenƟĮcação. Obrigado por parƟcipar. 3. Se respondeu sim, o bloqueio subaracnoideu (BSA) é uma das técnicas anestésicas realizadas no S programa de Cirurgia do Ambulatório? N Se respondeu não, passe à pergunta nº 4. 3.1. Se respondeu sim, 3.1.1. Em que doentes tal técnica é aplicada? Frequentemente Nunca Raramente Doentes com patologia respiratória Doentes com patologia cardiovascular Doentes obesos (IMCш30) Doentes com via aérea previsivelmente diİcil Doentes com idade inferior a 40 anos Doentes com hipertroĮa da próstata Doentes para cirurgia de hérnia inguinal, sem qualquer patologia associada Doentes para cirurgia de patologia anorrectal, sem qualquer patologia associada 3.1.2. Em relação à técnica anestésica, considera obrigatório: uƟlização de agulhas de raquianestesia de calibre ч 27G? S N ser realizada únicamente por especialistas? S N S N S N a realização da técnica até 8 horas antes do encerramento da unidade de Cirurgia do Ambulatório? não ultrapassar a dose máxima de 10 mg de bupivacaína a 0,5%? 31 32 Fátima Cruz - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 23-32 3.1.3. Indique qual/quais dos fármacos administra por via subaracnoidea e a dose máxima que administra: Frequentemente Raramente Nunca Dose máxima Lidocaína Bupivacaína Fentanil Sufentanil MorĮna Outros: 4. Qual o nº de doentes operados durante o ano de 2008, em regime de ambulatório? 5. Qual o nº de doentes anestesiados em 2008, em regime de ambulatório, sob BSA? 6. Qual o nº de doentes do programa de ambulatório que não Ɵveram alta no mesmo dia da operação? 6.1. dos referidos em 6., qual o nº de doentes que não Ɵveram alta por moƟvos anestésicos? 6.2. dos referidos em 6.1., qual o nº de doentes que não Ɵveram alta pelos seguintes moƟvos? Retenção urinária Cefaleias Não recuperação em tempo úƟl do bloqueio sensiƟvo-motor 7. Na sua opinião, considera segura a execução do BSA em regime de ambulatório? Porquê? 8. IdenƟĮcação de quem preenche: Nome: Categoria proĮssional: Contactos: Telemóvel: Cargo dentro da UCA: e-mail: S N Rita Poeira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 33-37 ABORDAGEM DAS NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO MANAGEMENT OF POSTOPERATIVE NAUSEA AND VOMITING 33 Rita Poeira* Helena Filipe** Alice Fernandes*** Luísa Severina**** Cristina Romão*** José Silva Pinto***** Francisco Matos****** Manuela Botelho******* Resumo A incidência de náuseas e vómitos no pós-operatório (NVPO) mantém-se elevada, apesar da extensa investigação nesta área e do desenvolvimento de técnicas farmacológicas e não farmacológicas para a sua profilaxia. Apesar das consequências negativas que acarretam, a profilaxia universal não está recomendada, reservando-se a indivíduos com risco moderado a elevado, identificados através do recurso a escalas de risco. Independentemente da realização de profilaxia, a ocorrência de NVPO implica a instituição de medidas terapêuticas adequadas ao doente e às intervenções efectuadas previamente. Os autores revêem a estratificação do risco de NVPO, a estratégia de profilaxia e a abordagem terapêutica de acordo com as recentes recomendações da Sociedade de Anestesia Ambulatória. Palavras Chave náuseas; vómitos; pós-operatório; profilaxia; tratamento Summary Postoperative nausea and vomiting (PONV) is still a common complication after surgery, in spite of the vast research in this area and the numerous pharmacological and non-pharmacological options. Irrespective of its negative consequences, universal prophylaxis is not costeffective and should be considered just for patients at increased risk, identified by the use of simplified risk scores. When PONV occurs, effective treatment should be administered accordingly to the measures carried out previously. A review of the available strategies for risk stratification, prophylaxis and treatment is presented, according to the guidelines recently proposed by the Society for Ambulatory Anesthesia. Keywords nausea; vomiting; postoperative; prophilaxia; treatment INTRODUÇÃO | A ocorrência de náuseas e vómitos no pós-operatório cerebral). Este recebe aferências: (1) da trigger zone quimiorreceptora (NVPO) é das experiências mais desagradáveis para o doente, é localizada na área postrema do bulbo; (2) do labirinto, através de causa de permanência prolongada na unidade de recuperação vias neuronais; (3) de centros corticais superiores; e (4) do tracto pós-anestésica e de internamento não programado após cirurgia gastrointestinal, através de vias sensoriais mediadas pelo vago. de ambulatório, com necessidade de medidas terapêuticas Outros factores que também contribuem para NVPO são a adicionais, consumo de recursos humanos e aumento dos custos desidratação, certos odores, a dor, a apreensão e o medo. A trigger hospitalares. Além disso, pode causar deiscência de suturas, aspiração zone quimiorreceptora é rica em receptores da dopamina (D2), de vómito/pneumonia de aspiração, rotura esofágica, hemorragia serotonina (5-HT3), histamina (H1) e acetilcolina (muscarínicos), gastrointestinal, aumento da pressão intracraniana e intra-ocular, existindo também receptores adrenérgicos, neurocininérgicos (NK- desidratação e alterações hidroelectrolíticas. 1) e de opióides. Os fármacos com acção anti-emética actualmente A etiologia das NVPO é multifactorial, atendendo à enorme disponíveis actuam fundamentalmente mediante o antagonismo diversidade de estímulos que podem activar o centro do vómito destes receptores. (localizado na porção lateral da formação reticular, ao nível do tronco * ** *** **** ***** ****** ******* Interna do Internato Complementar de Anestesiologia. Serviço de Anestesiologia do Hospital Curry Cabral. Assistente Hospitalar Graduada. Área de Anestesiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central - EPE, Hospital de Santo António dos Capuchos. Assistente Hospitalar. Serviço de Anestesiologia do Hospital Curry Cabral. Assistente Hospitalar. Área de Anestesiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central - EPE, Hospital de Santo António dos Capuchos. Assistente Hospitalar Graduado. Serviço de Anestesiologia do Hospital Curry Cabral. Chefe de Serviço. Área de Anestesiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central - EPE, Hospital de Santo António dos Capuchos. Directora de Serviço. Serviço de Anestesiologia do Hospital Curry Cabral. Rita Lares Poeira Rua Prof. Moisés Amzalak, 14, 7º Fte. 1600-648 Lisboa 965069665 [email protected] 34 Rita Poeira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 33-37 ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO DE NÁUSEAS E VÓMITOS NO de risco. A mais utilizada nos adultos inclui 4 FR (sexo feminino, PÓS-OPERATÓRIO | A incidência de NVPO é muito elevada na antecedentes de NVPO ou de náuseas e vómitos com o movimento, ausência de profilaxia – ocorre em cerca de 20-30% dos doentes, ausência de hábitos tabágicos e administração de opióides no podendo atingir 70-80% nos indivíduos de risco elevado. Apesar período pós-operatório), sendo o risco de NVPO estimado em 10%, dos significativos avanços na prevenção e tratamento das NVPO, 20%, 40%, 60% e 80% consoante a presença de nenhum, 1, 2, 3 ou com a introdução de novos anti-eméticos, a incidência global ainda 4 FR, respectivamente. Considera-se haver baixo risco de NVPO se o é significativa. Dado que os próprios anti-eméticos se associam número de FR for ≤1; risco moderado se forem identificados 2 FR; e a diferentes efeitos adversos, a decisão quanto à instituição de alto risco se estiverem presentes ≥ 3 FR. Foram investigadas outras profilaxia deve ser equacionada em função do risco previsível em escalas de risco com recurso a múltiplas variáveis, mas o acréscimo cada doente. de complexidade não aumentou o poder discriminativo, pelo que Têm sido identificados múltiplos factores de risco (FR) não são actualmente utilizadas. consistentemente associados à ocorrência de NVPO (Tabela I): Nos doentes pediátricos foram identificados 4 FR independentes: (1) cirurgia do estrabismo; (2) duração da cirurgia ≥ 30 minutos; (3) Tabela I | Factores de risco associados à ocorrência de náuseas e vómitos no pós-operatório em adultos. Factores Individuais Factores Anestésicos Factores Cirúrgicos história prévia de vómitos no pós-operatório ou de NVPO nos pais ou irmãos; e (4) idade ≥ 3 anos. O risco estimado de NVPO é de 9%, 10%, 30%, 55% e 70%, consoante a presença de nenhum, 1, 2, 3 ou 4 FR, respectivamente. Sexo feminino Anestésicos voláteis Cirurgia prolongada Não fumador Protóxido de azoto Tipo de cirurgia História prévia de NVPO Opióides no intra-operatório História de náuseas e vómitos com o movimento Opióides no pós-operatório ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DAS NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO | As estratégias para prevenção da ocorrência de NVPO estão recomendadas nos doentes cujo risco estimado seja moderado ou elevado. Estão ainda recomendadas nos doentes de baixo risco, caso se prevejam consequências médicocirúrgicas desfavoráveis decorrentes do vómito – ex: doentes com = recomendação suportada por revisões sistemáticas de ensaios controlados e randomizados. = recomendação suportada por ensaios clínicos controlados e randomizados. = recomendação suportada por estudos prospectivos observacionais. pressão intracraniana elevada; doentes submetidos a imobilização intermandibulomaxilar; no contexto de cirurgia gástrica ou do esófago; e em diversas cirurgias oftalmológicas. As estratégias 1.Relacionados com a técnica anestésica: (1) utilização de anestésicos clinicamente úteis incluem medidas anestésicas gerais, profilaxia voláteis (efeito pró-emético nas primeiras 2h do pós-operatório); farmacológica e profilaxia não farmacológica. (2) uso de protóxido de azoto; e (3) administração de opióides nos períodos intra e pós-operatório. 2.Relacionados com o doente: (1) sexo feminino – a incidência de Diversas medidas anestésicas são potencialmente úteis na prevenção NVPO é cerca de 3 vezes superior nas mulheres; (2) história prévia da ocorrência de NVPO nestes doentes (Tabela II): de NVPO ou de náuseas e vómitos associadas ao movimento, nomeadamente em meios de transporte; e (3) ausência de hábitos tabágicos. Tabela II | Medidas anestésicas gerais para a redução do risco de náuseas e vómitos no pós-operatório. 3.Relacionados com a cirurgia: (1) duração do procedimemto cirúrgico – o risco inicial aumenta 60% a cada 30 minutos; e (2) tipo de cirurgia – apesar do nível de evidência científica ser menos consistente, diversos estudos observacionais sugerem que o Evitar a anestesia geral, privilegiando a anestesia locorregional Privilegiar a anestesia geral endovenosa com propofol risco de NVPO é maior nas cirurgias laparoscópica, ginecológica, otorrinolaringológica, neurocirurgia, plástica, maxilofacial, abdominal major, cirurgia da mama e do estrabismo. Evitar o uso de protóxido de azoto Evitar o uso de anestésicos voláteis 4.A administração de doses elevadas de neostigmina para reversão do bloqueio neuromuscular, a obesidade e a ansiedade, não são actualmente considerados FR independentes para a ocorrência de NVPO. Minimizar a administração de opióides no intra- e pós-operatório Minimizar a administração de neostigmina Promover hidratação adequada Para facilitar a identificação dos doentes que beneficiam de profilaxia das NVPO na prática clínica, foram desenvolvidas diversas escalas = recomendação suportada por revisões sistemáticas de ensaios controlados e randomizados. = recomendação suportada por ensaios clínicos controlados e randomizados. Rita Poeira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 33-37 35 Privilegiar a anestesia locorregional – o risco de NVPO nos doentes existe diferença na eficácia e perfil de segurança entre os vários submetidos a anestesia locorregional é cerca de nove vezes inferior antagonistas dos receptores 5-HT3 para as doses recomendadas ao observado naqueles submetidos a anestesia geral, seja nos quer para profilaxia quer para tratamento de NVPO instalados. O adultos, seja em crianças. ondansetron (4mg EV), mais extensamente estudado, tem maior Evitar a utilização de anestésicos inalatórios e protóxido de azoto efeito anti-vómito (NNT=6) que anti-náusea (NNT=7). À excepção – entre os doentes submetidos a anestesia geral, existe benefício do dolasetron cujo momento de administração parece ter pouca na evicção de anestésicos inalatórios e protóxido de azoto. relevância, estes fármacos são mais eficazes quando administrados Efectivamente, nos indivíduos de alto risco, a preferência pela no final da cirurgia. Os efeitos secundários são pouco frequentes e anestesia geral endovenosa com propofol reduz a incidência de incluem obstipação, elevação das enzimas hepáticas, tonturas, rubor NVPO em cerca de 25%. e cefaleia. A ausência de efeito sedativo torna-os particularmente Evitar a administração de opióides nos períodos intra e pós- úteis em regime ambulatório. Estão particularmente indicados na operatório, assegurando analgesia eficaz através do recurso profilaxia de NVPO em crianças com risco moderado ou elevado, a fármacos alternativos (ex. Anti-inflamatórios não esteróides, pelo que a terapêutica profilática nessa faixa etária deve incluir inibidores selectivos da cicloxigenase 2, cetamina intra-operatória). sempre um antagonista dos receptores 5-HT3 associado a um ou Evitar a utilização de neostigmina – apesar da evidência científica mais fármacos de outra classe. ser menos consistente, vários estudos sugerem que a administração (2) Butirofenonas. Neste grupo farmacológico são particularmente de doses elevadas (>2,5mg) aumenta o risco de NVPO. úteis o droperidol e o haloperidol, com particulares distintas. O A oxigenoterapia suplementar, apesar de reduzir o risco de vómitos droperidol é eficaz na prevenção de náuseas (NNT 5) e vómitos precoces, não tem efeito nas náuseas e vómitos em geral, pelo que (NNT=7), devendo ser administrado no final da cirurgia (0,625- não está actualmente recomendada para este efeito. 1,25mg EV). Além disso, previne as náuseas e vómitos induzidas pelos opióides, pelo que é útil a sua utilização na analgesia controlada pelo doente (2,5mg de droperidol por cada 100mg de morfina). Nos doentes com indicação para profilaxia das NVPO, há Acessoriamente pode causar sedação, hipotensão (pela vasodilatação benefício na instituição de medidas farmacológicas anti-eméticas resultante do seu efeito antagonista 1-adrenérgico a nível periférico) específicas, sendo opções: antagonistas dos receptores da e prolongamento do intervalo QT. O seu uso diminuiu cerca de 60% serotonina (ondansetron, dolasetron, granisetron e tropisetron); nos Estados Unidos da América após a Food and Drug Administration butirofenonas (droperidol, haloperidol); esteróides (dexametasona); ter emitido em Dezembro de 2001 um aviso sobre a sua associação antihistamínicos (dimenidrinato) e anticolinérgicos (escopolamina) a taquicárdia ventricular polimórfica potencialmente fatal (torsades – Tabela III. A eficácia anti-emética de cada opção farmacológica é de pointes) em 10 doentes, ao longo de 30 anos. No entanto, as doses expressa pelo number-needed-to-treat (NNT) – número de doentes usadas na profilaxia de NVPO são baixas, sendo pouco provável a que é necessário tratar para prevenir um evento emético que teria associação a eventos cardiovasculares significativos. Além disso, ocorrido caso não fosse instituída essa terapêutica. subsistem dúvidas quanto ao nível de evidência e validade das (1) Antagonistas dos receptores da Serotonina (5-HT3). Não conclusões emitidas por aquela agência. Mais recentemente, o Tabela III | Profilaxia farmacológica das náuseas e vómitos no pós-operatório nos adultos, doses anti-eméticas e momento recomendado de administração. MOMENTO DE ADMINISTRAÇÃO FÁRMACO DOSE EVIDÊNCIA Ondansetron 4mg EV B Final da cirurgia A Dolasetron 12,5mg EV B Final da cirurgia (?) B Granisetron 0,35-1,5mg EV B Final da cirurgia B Tropisetron 2mg EV B Final da cirurgia D Dexametasona 4-5mg EV A Indução anestésica B Droperidol 0,625-1,25mg EV B Final da cirurgia A Haloperidol 0,5-2mg IM/EV A Dimenidrinato 1mg/kg EV A Escopolamina Patch transdérmico A Véspera ou 4h antes do fim da cirurgia B Proclorperazina 5-10mg IM/EV B Final da cirurgia B Prometazina 6,25-25mg EV B Indução anestésica B Efedrina 0,5mg/kg IM B Final da cirurgia B = recomendação suportada por revisões sistemáticas de ensaios controlados e randomizados. = recomendação suportada por ensaios clínicos controlados e randomizados. = recomendação suportada por opinião de peritos. EVIDÊNCIA 36 Rita Poeira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 33-37 haloperidol tem sido estudado como alternativa ao droperidol. É eficaz em doses muito inferiores às usadas em doenças psiquiátricas, Diversas medidas não-farmacológicas têm-se revelado 0,5-2mg IM ou EV (NNT=4-6), muito embora o momento ideal para a potencialmente úteis na prevenção das NVPO, tendo sido sua administração não se encontre ainda definido. Nestas doses não demonstrada a eficácia da acupunctura, acupressão e estimulação tem efeito sedativo, e apesar de causar prolongamento do intervalo nervosa eléctrica transcutânea (NNT=5) nas primeiras 6 horas do QT não estão descritas arritmias cardíacas. período pós-operatório. Estas técnicas são mais eficazes quando (3) Dexametasona. Apesar da sua reconhecida eficácia na prevenção utilizadas antes da cirurgia e evidenciam maior eficácia na prevenção de náuseas e vómitos (NNT 4 em adultos e crianças), o seu das náusea do que dos vómitos. Uma revisão sistemática de 26 mecanismo de acção permanece desconhecido. Admite-se que estudos demonstrou que a estimulação por acupunctura do possa actuar por antagonismo de prostaglandinas, por inibição ponto 6 reduz a incidência de náuseas, vómitos e a necessidade da libertação gastrointestinal de serotonina e por influenciar de terapêutica de resgate tendo a eficácia desta terapêutica sido a libertação de endorfinas. Por outro lado, devido à sua potente semelhante à do ondansetron num ensaio clínico controlado e actividade anti-inflamatória, reduz a dor no pós-operatório com randomizado. Não existe actualmente evidência que suporte a consequente redução das necessidades de opióides, o que contribui realização de hipnose como medida profilática para NVPO. adicionalmente para a diminuição da incidência de NVPO. Deve ser administrada aquando da indução anestésica (4-5mg EV), não estando descritos quaisquer efeitos adversos após bólus único. A abordagem multimodal consiste na conjugação de medidas (4) Dimenidrinato. Trata-se de um antihistamínico com propriedades anestésicas gerais, profilaxia farmacológica e profilaxia não anti-eméticas e eficácia sobreponível à dos antagonistas dos farmacológica, e está indicada sobretudo nos doentes com risco receptores 5-HT3, da dexametasona e do droperidol, na dose elevado de NVPO. A etiologia multifactorial das NVPO justifica a recomendada de 1mg/Kg EV. Não existem, no entanto, suficientes potencial superioridade da abordagem multimodal relativamente estudos comparativos com outros anti-eméticos nem dados à monoterapia. A terapêutica combinada designa a associação de disponíveis que permitam definir a dose-resposta e o momento ideal diferentes fármacos com acção anti-emética para uma profilaxia para a sua administração, bem como o perfil de efeitos acessórios mais eficaz. Efectivamente a eficácia dos diferentes fármacos associados. anti-eméticos é limitada, o que justifica que sejam utilizados em (5) Escopolamina. Previne a ocorrência de NVPO (NNT=6) quando associação, particularmente nos doentes de alto risco. Estudos administrada por via transdérmica, sendo útil em associação a outras comparativos sugerem que a eficácia do ondansetron (4mg), terapêuticas anti-eméticas e no contexto da analgesia controlada droperidol (1,25mg) e dexametasona (4mg), quando utilizados em pelo doente. O seu uso está limitado pelo início de acção tardio monoterapia, é semelhante. As associações de dois fármacos entre (requerendo administração 4h antes do final da cirurgia ou na noite os agentes mencionados suscitam aumento da eficácia de modo anterior à cirurgia) e pelos seus efeitos adversos (secura da boca aditivo (sem efeito sinérgico), parecendo ser igualmente eficazes as e mucosas, perturbações da visão, tonturas e agitação), estando associações ondansetron-droperidol, ondansetron-dexametasona desaconselhada em idosos. e droperidol-dexametasona. No entanto, as doses óptimas dos Evidências recentes sugerem que as fenotiazinas (prometazina fármacos em associação estão por definir, assim como o benefício e proclorperazina) e a efedrina terão eficácia anti-emética, muito potencial de outras associações. embora sejam necessários mais estudos para esclarecer a sua utilidade. A incidência de NVPO nos doentes pediátricos é quase duas vezes Dados preliminares mostraram também resultados promissores com superior à dos adultos, o que justifica o recurso à terapêutica combinada antagonistas dos opióides – doses baixas de naloxona (0,25µg/ também nos doentes de risco moderado. Os antagonistas dos Kg/h) reduziram a ocorrência de náuseas, vómitos e necessidade de receptores 5-HT3 são os fármacos mais consistentemente estudados terapêutica de resgate em adultos. Os antagonistas dos receptores na prevenção de vómitos nas crianças pelo que devem constituir a NK1 ainda em desenvolvimento, têm-se revelado particularmente primeira opção farmacológica – o ondansetron (NNT=2-3) está indicado promissores nos estudos preliminares já realizados – o aprepitant foi em crianças a partir de 1 mês de idade e os restantes antagonistas dos mesmo superior ao ondansetron na prevenção de vómitos nas 24- receptores 5-HT3 podem ser utilizados a partir dos 2 anos. Constituem 48h do pós-operatório. Finalmente, outras estratégias previamente outras opções para a profilaxia de NVPO nas crianças a dexametasona investigadas são consideradas actualmente ineficazes, como a (150µg/kg; NNT=4), o dimenidrinato (0,5mg/kg) e a perfenazina (70µg/ administração de raíz do gengibre e de canabinóides. Actualmente kg). Vários estudos sugerem que a eficácia anti-emética do droperidol considera-se também que a metoclopramida, na dose convencional nas crianças é inferior (NNT=5), o que aliado ao seu efeito sedativo e de 10mg EV, será ineficaz, muito embora alguns estudos sugiram que risco de reacções extrapiramidais, justifica que deva ser reservado para na dose de 20 mg possua propriedades anti-eméticas. as situações de falência das restantes opções farmacológicas - Tabela IV. Rita Poeira - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 33-37 Tabela IV | Profilaxia farmacológica das náuseas e vómitos no pós-operatório em crianças. 37 TRATAMENTO DAS NÁUSEAS E VÓMITOS INSTALADOS |A instituição de terapêutica perante NVPO requer a exclusão prévia EVIDÊNCIA de que na sua origem estejam fármacos (ex: opióides) ou factores 50-100 µg/Kg até 4mg A mecânicos (ex: deglutição de sangue, hemorragia digestiva, oclusão 350 µg/Kg até 12,5mg B intestinal). Se ocorrerem náuseas ou vómitos nas primeiras 6h após Granisetron 40 µg/Kg até 0,6mg B a cirurgia num doente em quem tenha sido instituída profilaxia Tropisetron 0,1 mg/kg até 2mg A Dexametasona 150 µg/Kg até 5mg A Droperidol 10-15 µg/Kg até 1,25mg A traz benefício adicional devendo administrar-se um anti-emético de Dimenidrinato 0,5 mg/Kg até 25mg A classe diferente. Se as NVPO surgirem mais tarde, pode administrar- Perfenazina 70 µg/Kg até 5mg B se um fármaco de classe diferente ou repetir os agentes usados FÁRMACO DOSE Ondansetron Dolasetron = recomendação suportada por revisões sistemáticas de ensaios controlados e randomizados. = recomendação suportada por ensaios clínicos controlados e randomizados. farmacológica, a repetição de fármacos usados na profilaxia não na profilaxia caso se tenha optado por terapêutica tripla e não existam alternativas disponíveis (com excepção da escopolamina ALGORITMO DE ABORDAGEM DAS NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS- transdérmica e dexametasona, atendendo à duração de acção -OPERATÓRIO | Não existe um algoritmo universal para a prevenção superior a 6h). Se não tiver sido instituída previamente profilaxia, das NVPO, sendo a abordagem decidida pelo anestesista de forma o tratamento de escolha é um antagonista dos receptores 5-HT3 individualizada, após avaliação do risco do doente e adequação aos em dose baixa (1/4 da dose tem-se revelado eficaz: ondansetron protocolos seguidos em cada instituição. Em Dezembro de 2007, 1mg, granisetron 0,1mg, tropisetron 0,5mg ou dolasetron 12,5mg). a Sociedade de Anestesia de Ambulatório propôs um algoritmo Fármacos alternativos para o tratamento de NVPO instalados incluem unificador, que assenta na estratificação do risco de NVPO – Figura 1. a dexametasona 2-4mg EV, o droperidol 0,625mg EV e a prometazina Nos indivíduos com risco moderado, além das medidas anestésicas 6,25-12,5mg EV. gerais, deve considerar-se a profilaxia farmacológica com um ou dois fármacos. Nos indivíduos com risco alto, deve optar-se pela Nos doentes sob vigilância na unidade de recuperação pós- terapêutica combinada conjugando 2 ou mais fármacos anti- anestésica, constitui ainda opção para a terapêutica de resgate o eméticos e considerar a abordagem multimodal. propofol em doses subhipnóticas (ex: bólus de 20mg), tão eficaz Figura 1 | Algoritmo de abordagem das náuseas e vómitos no pós-operatório [adaptado de Gan TJ et al] quanto o ondansetron, mas com a desvantagem de possuir curta duração de acção. CONCLUSÃO | As náuseas e vómitos são ainda frequentes no pósoperatório, têm efeitos fisiológicos adversos, impacto negativo no bem-estar do doente e nos custos hospitalares. A identificação dos doentes com risco aumentado de NVPO é crucial, já que nem todos os doentes cirúrgicos beneficiam da profilaxia, estando disponíveis para o efeito escalas de risco de fácil aplicação. As medidas anestésicas gerais constituem o primeiro elemento da estratégia de prevenção das NVPO, atendendo à sua eficácia e exequibilidade. Nos doentes adultos com risco moderado, deve adicionar-se profilaxia farmacológica com 1 ou 2 agentes anti-eméticos, e naqueles com risco elevado, deve optar-se pela associação de 2 ou mais fármacos e/ou considerar uma abordagem multimodal. Quando se instalem vómitos após cirurgia, deve ser administrada terapêutica de resgate independentemente de ter sido efectuada profilaxia. Se os vómitos ocorrerem nas primeiras 6 horas do pós-operatório não deve ser repetido o fármaco utilizado na profilaxia. Caso ocorram para além das 6 horas do pós-operatório pode ser administrado qualquer dos anti-eméticos previamente administrados, à excepção da dexametasona e da escopolamina. VI Congresso Nacional de Cirurgia Ambulatória - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 39-40 39 VI CONGRESSO NACIONAL DE CIRURGIA AMBULATÓRIA 10-12 MAIO 6TH NATIONAL CONGRESS ON AMBULATORY SURGERY MAY 2010 PROGRAMA CIENTÍFICO / SCIENTIFIC PROGRAMME 2ª FEIRA / MONDAY – 10 MAIO / MAY AUDITÓRIO PRINCIPAL / MAIN ROOM 09.00h – Abertura do Secretariado / Registration Opening 10.00h – A Cirurgia Ambulatória em Portugal / Ambulatory Surgery in Portugal Moderador / Chairperson: Dr. Paulo Lemos (APCA) – APCA – CNADCA (Prof. Dr. Fernando Araújo) – ACSS | Áreas Financeira – Dra. Cláudia Borges, Informática – Dra. Raquel Deveza Arquitectónica – Arqª. Sofia Coutinho – UCGIC - Dr. Pedro Gomes – Plataforma Saúde em Diálogo – Dra. Isabel Machado – Representantes de UCAs 12:30h – Cerimónia de Abertura / Opening Ceremony 13.00h – Almoço / Lunch 14:45h – Formação em CA – Experiências de outros países / /Medical education in DS – Experiences in other countries Moderador / Chairperson: Dr. Milheiro da Costa (CH Póvoa/Vila do Conde) / Dr. José Miguel Silva Pinto (Curry Cabral – Lisboa) – Hospital Distrital de Faro Dra. Ana Lares – Unidade Local de Saúde da Guarda Dr. Dias da Costa – Hospital da Luz Dr. César Resende 18:30h – Assembleia-Geral da APCA / APCA General-Assembly SALA A / ROOM A 15:00h – Comunicações Livres / Free papers 3ª FEIRA / TUESDAY – 11 MAIO / MAY AUDITÓRIO PRINCIPAL / MAIN ROOM 08:30h – A complexidade cirúrgica e a organização das UCAs Surgical complexity and the organization of our DSUs Moderador / Chairperson: Dr. Carlos Magalhães (CHP – Porto) Dr. Francisco Ribeiro de Carvalho (Santarém) – 3 | Experiências sem pernoita hospitalar a) Procedimentos neurocirúrgicos major Dr. Rui Rangel (CHP - Porto) b) Procedimentos laparoscópicos Espanha / Spain Dr. Fernando Docobo Reino Unido / United Kingdom Dr. Ian Jackson Holanda / The Netherlands Dr. Jan Eshuis Itália / Italy Prof. Giampiero Campanelli Dr. Fernando Docobo (Espanha) c) Cirurgia major da cabeça e pescoço Dra. Paula Tavares (Curry Cabral - Lisboa) – Qual o papel dum programa de CA de 23 horas? What’s the role of a 23h day surgery programme? Dr. Ian Jackson (York – Reino Unido) 10:15h – Café / Coffee-break 16:15h – Workshop / Covidien – Hérnia inguinal por via Laparoscópica (TEP vs TAAP) em Cirurgia Ambulatória – Laparoscopic inguinal hernia repair (TEP vs TAAP) in ambulatory surgery Moderador / Chairperson: Dr. Manuel Seca (CHP - Porto) TEP | Dr. Carlos Magalhães (CHP, Porto) TAAP | Dr. Eduardo Coutinho (CHPóvoa / Vila do Conde) 17:00h – Café / Coffee-break 17:30h – Novos Projectos / Unidades de Cirurgia Ambulatória em Portugal / New projects / Ambulatory Surgery Units in Portugal Moderador / Chairperson: Dr. Manuel Seca (CHP – Porto) / Dr. Vicente Vieira (Braga) – Centro Hospitalar Gaia / Espinho Dra. Ana Marcos 10:45h – Acessibilidade aos programas de CA Acessibility to the DS Programmes Moderador / Chairperson: Dr. Mohamede Americano (HBA - Portimão) Dr. Mesquita Rodrigues (S. Marcos - Braga) – Que soluções em áreas de baixa densidade populacional Dr. Ricardo Escrevente (ULSBA - Beja) Dr. Manuel Colaço (HLA-Santiago do Cacém) – Como ser eficiente em centros de elevada densidade populacional Dra. Margarida España (Hosp. Pediátrico D. Estefânia) Dr. Tiago Mendonça (CH Lx Norte – Unidade Santa Maria – Lisboa) 12:15h – Simpósio Satélite – Sugamadex Symposium – Sugamadex 40 VI Congresso Nacional de Cirurgia Ambulatória - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 39-40 13:00h – Almoço / Lunch 4ª FEIRA / WEDNESDAY – 12 MAIO / MAY 14:45h – Simpósio Satélite / Symposium Sugamadex: novos horizontes em anestesia New approaches in anaesthesia AUDITÓRIO PRINCIPAL / MAIN ROOM Moderador / Chairperson: Dr. Fernando Torres (Cuf Descobertas - Lisboa) – Relaxantes musculares / Muscle relaxants 09:00h – Obesidade mórbida – uma oportunidade para CA Morbid obesity – an opportunity for DS Moderadores / Chairperson: Dr. Eurico Alves (ERS) Dra. Sónia Coelho (ULS Matosinhos) Dr. Hugo Vilela (CH Lisboa Norte – Unidade de Santa Maria) – Reversão do bloqueio neuromuscular / Neuromuscular blockade reversion Dra. Amélia Ferreira (Hospital de S. João, Porto) – Que opções cirúrgicas What surgical options Dr. Carlos Magalhães (CHP - Porto) – Casos Clínicos / Case Studies Dr. Fernando Torres (Cuf Descobertas, Lisboa) 15:45h – Novas fronteiras da Cirurgia Ambulatória I New frontiers in Ambulatory Surgery I Moderadores / Chairperson: Dr. António Freitas (CHLO – Unidade Santa Cruz) / Dr. Mário Caldeira (CHLO – Unidade Egas Moniz) – ORL em regime de ambulatório – que limites? ENT on a day basis – which limits? Dra. Teresa Monteiro / Dra. Helena Ribeiro (CH Lisboa Norte – Unidade Pulido Valente) – Cirurgia Vascular em regime de ambulatório, até onde? / Limits for Vascular Surgery on a day basis Dra. Maria do Sameiro Caetano Pereira (CHP, Porto) – NOTES – O que há de novo? NOTES – What’s new? Prof. Dr. Estêvão Lima (Universidade do Minho) 17:00h – Café / Coffee-break 17:30h – Novas fronteiras da Cirurgia Ambulatória II New frontiers in Ambulatory Surgery II Moderadores / Chairperson: Dr. Filipe Guerra (Hospital Distrital de Faro) Dra. Luísa Elisiário (Beja) – Riscos de parar antiagregantes /anticoagulantes em CA Risks of stopping anti-platelet and anti-coagulant therapy in DS – A selecção de doentes Patient selection Dr. Jan Eshuis (Holanda) 10:00h – Conferência / Conference: “Sistema Nacional de Avaliação da Saúde – SINAS” “National Health Evaluation System – SINAS” Moderador / Chairperson: Dra. Paula Sá Couto (CHP – Porto) Dra. Adelaide Belo (Hospital Litoral Alentejano – Santiago Cacém) Orador: Dr. Eurico Alves (Entidade Reguladora da Saúde) 10:30h – Café / Coffee-Break 11:00h – Avaliação do Pós-operatório tardio / Evaluation of the late postoperative recovery Moderadores / Chairperson: Dr. Alberto Roxo (Santarém) Dr. Tomé Lopes (CH Lx Norte – Unidade de Santa Maria) – Analgesia após a alta Analgesia after home discharge Dr. José Miguel Silva Pinto (Curry Cabral) – Importância do contacto telefónico The importance of the phone call Enf.ª Mónica Macedo (CHPóvoa/Vila do Conde) – O papel do acompanhante The role of the escort Joana Alves / Nadine Saraiva (ICBAS - Porto) Dr. Ian Jackson (York – Reino Unido) – Que papel para a cirurgia oncológica major nos programas de CA? Major oncologic surgery in day surgery programmes Dr. Carlos da Cruz (IPO - Coimbra) – Bloqueio subaracnoideu em CA Subarachnoid blockade for DS – Incapacidade temporária ao trabalho - quanto tempo? Working absence – for how long? Dra. Edite Spenser (Centro de Saúde da ULSBA – Beja) 12:45h – Encerramento / Closing Ceremony SALA A / ROOM A Dr. Fátima Cruz (CHP - Porto) 09:00h – Comunicações Livres / Free papers SALA A / ROOM A 09:00h – VI Reunião Nacional de Enfermagem de Cirurgia Ambulatória VI National Nursing Meeting on Ambulatory Surgery (ver programa anexo) 20:00h – Jantar de Encerramento / Closing Dinner 10:30h – Café / Coffee Break 11:00h – Comunicações Livres / Free papers Agenda - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 41 41 AGENDA Data Evento / Local Morada para contactos 2010 > 29 Abril - 2 Maio 25 nd Annual Meeting Baltimore Society for Ambulatory Anesthesia Maryland [email protected] International Association International Association for Ambulatory Surgery for Ambulatory Surgery Copenhaga, Dinamarca [email protected] VI Congresso Nacional www.apca.com.pt de Cirurgia Ambulatória [email protected] Beja Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória BADS Annual Scientific Meeting 2010 www.bads.co.uk 2011 > 8 - 11 Maio 2010 > 10 - 12 Maio 2010 > 17 - 18 Junho The Guildhall Porthsmouth Normas de Publicação - Rev. Port. Cirurgia Ambulatória, 2009; 10: 43 43 REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA AMBULATÓRIA NORMAS DE PUBLICAÇÃO A REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA AMBULATÓRIA, orgão oficial da de aparecimento no texto; cada citação começará pelos apelidos e iniciais Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA), funcionará de todos os autores, seguido do título do trabalho na língua original, nome como um fórum para todos os profissionais envolvidos na cirurgia abreviado da revista, ano, volume e nº de páginas inicial e final. ambulatória. Considerará para publicação artigos sobre diversos Se a citação bibliográfica for proveniente de um livro, deverá ser indicado temas: (1) investigação básica e clínica nas áreas da anestesia, cirurgia o nome(s) do(s) autor(es), título do capítulo, nome dos editores, título do e enfermagem; (2) cuidados perioperatórios (protocolos, estudos livro, nº do volume, cidade e nome da casa editora, ano de publicação sócioprofissionais); (3) aspectos organizativos, de gestão, de formação, e nº da 1ª e última páginas do capítulo. planeamento arquitectónico, legais, avaliação de qualidade, etc. Exemplos para referências: Fundamentalmente a revista terá as seguintes secções: editorial, artigos a) Revistas – Lemos P. Selecção de doentes e tipos de intervenções para originais, artigos de revisão, casos clínicos, cartas ao director, notícias, etc. cirurgia ambulatória. Anestesia 2000, 1997; 1:3-13. b) Livros – Martin S. B. – Establishing a training program in anesthesia APRESENTAÇÃO E ESTRUTURA GRÁFICA DOS TRABALHOS | Para for ambulatory surgery – in White P. F. (ed), Outpatient Anesthesia. New todos os trabalhos deve ser solicitado ao editor-chefe pelo primeiro York: Churchill-Livingstone, 1997;pp 124-129. autor, a revisão dos mesmos através do envio de um e-mail para: Paula Sá Couto (psc9500mail.com) CASOS CLÍNICOS | O caso clínico deverá ter estruturação semelhante a um “original”,incluindo resumo em língua portuguesa e inglesa, apresentar uma Os trabalhos devem também ser enviados por e-mail para o correio descrição o mais clara e sucinta possível, e incluir discussão e conclusão. electrónico da APCA- [email protected] Poderá incluir quadros, figuras e referências bibliográficas. TRABALHOS ORIGINAIS | Não haverá restrição na extensão, no que diz CARTAS AO DIRECTOR | Trabalhos de opinião, comentários referidos ou respeito a texto, quadros e figuras. O texto deve ser conciso e explícito. não a outros trabalhos publicados na revista, que pela sua concepção Os trabalhos devem apresentar-se da seguinte forma: não possam ser considerados como “originais”, podem ser aceites como FOLHA DE APRESENTAÇÃO – incluirá o título em português e inglês. cartas ao director. Deverão ter no máximo 2 páginas, podendo incluir O nome e apelido de cada autor, com referência aos organismos, 10 citações bibliográficas. O envio de uma carta ao director, não implica instituições, departamentos ou serviços em que os autores exercem necessariamente a sua publicação, sendo alvo de apreciação pelo a sua actividade e aquele(s) onde o trabalho foi executado, a direcção conselho redactorial. (com nome, morada, telefone, fax e e-mail) do autor responsável pela correspondência e o título e cargos de todos os autores. NOTÍCIAS | A revista Portuguesa de Cirurgia Ambulatória pretende ser um veículo de informação de toda a actividade relacionada com este RESUMO | Máximo de 200 palavras. Redigido obrigatoriamente em sector, pelo que está receptiva a divulgar notícias e informações sobre português e inglês, em texto claro, com palavras-chave (mínimo 3 e eventos, projectos e iniciativas neste âmbito. máximo 6). INFORMAÇÃO ADICIONAL | MODIFICAÇÕES E REVISÕES – A direcção TEXTO | Deve incluir: introdução, material e métodos, resultados, da revista enviará aos autores, provas apenas para detecção de erros discussão e conclusões. tipográficos. A devolução ao(s) editor-chefe(s) deverá ser feita no prazo de 48 horas. Em determinadas circunstâncias, o conselho redactorial QUADROS | Cada quadro tem de ser numerado (nº romanos). Devem poderá propor alterações ao texto para posterior publicação. ter título informativo na parte superior e abreviaturas utilizadas com correspondente definição na parte inferior. Não devem reproduzir POLÍTICA EDITORIAL | As opiniões publicadas na revista são de informação, que apareça em figuras. responsabilidade do autor(es), e não necessariamente da direcção. FIGURAS | Consideram-se figuras, os gráficos, desenhos e fotografias. Os trabalhos apresentados ficarão como propriedade permanente da Devem incluir nº de ordem (nº arábe). Devem ser a preto e branco, revista, e não poderão ser reproduzidos total ou parcialmente, sem com boa qualidade, de forma a serem reproduzidos convenientemente. licença da APCA. Não se aceitam trabalhos publicados anteriormente ou enviados simultaneamente para outra revista. Se um trabalho inclui BIBLIOGRAFIA | Só se devem indicar trabalhos publicados ou a material previamente publicado noutra fonte de informação, o autor aguardar publicação. Devem evitar-se comunicações pessoais. As citações deverá obter licença para a reprodução desse material e apresentar o bibliográficas devem ser enumeradas entre parêntesis, seguindo a ordem respectivo comprovativo. APCA - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CIRURGIA AMBULATÓRIA SEDE Serviço de Anestesiologia, Hospital Geral de Santo António Largo Prof. Abel Salazar, 4099-001 Porto - Tel/Fax 222 077 549 INSCRIÇÃO INDIVIDUAL N.º Região APREENCHER PELO SECRETARIADO Nome Morada Código Postal - Distrito Telefone Data Nascimento e-mail / / Actividade Profissional Categoria Hospitalar Especialidade Local de Trabalho Morada Código Postal - Distrito Telefones Data Fax / / Assinatura Em anexo, Cheque n.º s/ Banco à ordem de APCA - Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória: € 55,00 JÓIA = € 25,00 + Quota para triénio de 2007-2009 = € 30,00