Plano MacroEstrutural
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Plano MacroEstrutural
Capítulo 04: Estrutura Estratégica 4.5 Tendências Demográficas Para traduzir o Plano Estratégico no Plano Estrutural preliminar, é necessário primeiramente mapear as tendências demográficas ao longo do tempo. Isto é porque os números populacionais têm um impacto direto na demanda e quantia de áreas necessárias para os vários usos. Para propósitos de planejamento, assumiu-se que as várias necessidades da população existente (1,97 milhões em 2007) já foram completamente supridas. Consequentemente, dois outros componentes de crescimento populacional serão considerados: a. Crescimento As-is; e b. Nova população. O crescimento As-is se refere ao crescimento natural da população existente assim como o aumento líquido da população migrante (baseado em tendências existentes). A nova população é definida como a população oriunda da introdução das sete indústrias-foco / motores do crescimento. Esta população inclui: Trabalhadores das várias indústrias-foco; Membros familiares dos trabalhadores mencionados acima; e Trabalhadores na indústria de serviços necessários para apoiar aqueles das indústrias-foco. Da população nova, foi assumido mais adiante que 70% do número total permanecerão na área de estudo, enquanto que os 30% restantes viajarão diariamente de fora para vir trabalhar. A alta porcentagem da população de trabalhadores que residem na área de estudo foi adotada para alcançar um dos principais objetivos do Plano Estrutural; especificamente, aumentar a proporção de trabalho-residência. Assim, o tempo diário de viagem dos trabalhadores e a probabilidade de congestionamento do tráfego (especialmente durante os horários de pico) serão reduzidos. NT – “As-Is”: no estado em que se encontra. 43 Relatório do Plano Estrutural – Brasil 2010 A divisão dos vários componentes populacionais e a nova população residente na área de estudo são ilustradas na Tabela 4.7. Tabela 4.7: Componentes populacionais População (milhares) Componentes Ano 2015 Ano 2020 Ano 2025 Ano 2030 0,29 0,48 0,67 0,87 0,03 0,18 0,32 0,61 0,01 0,04 0,08 0,15 0,04 0,22 0,40 0,76 0,03 0,15 0,28 0,53 0,32 0,63 0,95 1,40 (i) Crescimento As-is População de trabalhadores projetada: a) Trabalhadores família industriais + b) Trabalhadores de serviços (ii) População total trabalhadores (iii) População residente trabalhadores [= 70% de (ii)] (iv) Nova população residente [= (i) + (iii)] de de Os dados da nova população residente apresentados acima servem como base para o planejamento, quantidade e distribuição dos respectivos usos do solo que juntos compõem o Plano Estrutural preliminar. Detalhes dos vários usos do solo serão aprimorados no Capítulo 6. 4.6 Estrutura Econômica Não é suficiente selecionar meramente as indústrias-foco/motores econômicos e definir metas quantitativas a serem alcançadas. Para que uma estratégia econômica geral seja efetiva, os motores econômicos e metas devem ser definidos dentro de uma estrutura mais ampla (veja Figura 4.2). 44 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 04: Estrutura Estratégica Investidores Investidores Crescimento Econômico Futuro Motores Econômicos Crescimento Econômico Futuro Física Virtual Social Público Privado Figura 4.2: Macro Estrutura Econômica 45 Relatório do Plano Estrutural – Brasil 2010 Os pilares de suporte aos motores econômicos incluem: Infraestrutura – material e imaterial Instituições - públicas, privadas e sociais Agentes econômicos domésticos Infraestrutura: A infraestrutura material inclui o seguinte: Serviços de utilidade pública Energia/eletricidade Água Telecomunicações Rede de transporte (público e privado) Em termos de intenção estratégica, os primeiros quatro itens têm que ser apresentados e implantados no tempo certo, em conjunto com – e dando suporte a – o desenvolvimento econômico e industrial. Ao mesmo tempo, as provisões de cada item têm que ser suficientes e feitas de maneira eficiente. A rede de transporte deve ser planejada de forma que os diferentes componentes da cadeia de valor da produção estejam unidos eficazmente e efetivamente para alcançar economias de escala. Ela também deve ter como objetivo a promoção da acessibilidade ao mercado e a visibilidade global da economia. A infraestrutura material inclui: Ambientes de trabalho propícios e de qualidade: isto ajudará a atrair os investidores e a reter os trabalhadores. Recursos humanos e força de trabalho qualificados e bem-treinados: os motores econômicos só podem ser efetivos na presença e com apoio de um mercado adequado de trabalhadores treinados que possuam o conjunto de habilidades relevantes. Tal força de trabalho, cotada com salários competitivos, servirá para atrair novos investidores e reter os existentes. Ao contrário da infraestrutura física, a infraestrutura imaterial leva mais tempo e esforço para se implantar e perceber. O horizonte de tempo necessário é geralmente muito maior, já que o processo frequentemente inclui um reforço ou reajuste no foco do sistema 46 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 04: Estrutura Estratégica educacional, colocando mais ênfase no treinamento vocacional e técnico, assim como no ensino superior. Para dar o pontapé inicial na estratégia econômica, a força de trabalho relevante e os profissionais treinados podem ser importados - de outras partes do Brasil ou até mesmo de fora do país - como uma medida temporária. Enquanto isso, os processos necessários de treinamento e educação devem ser contínuos até que a economia seja autossuficiente em termos de suas exigências de recursos humanos. Instituições: Instituições públicas – especialmente as que fiscalizam aspectos legais, de prestação de contas e de cumprimento das leis – são cruciais para assegurar e manter a estabilidade sociopolítica. Isso em troca contribui para a qualidade da infraestrutura imaterial. Além disso, instituições privadas (tais como sindicatos, câmaras de comércio e associações profissionais) contribuem para a qualidade dos recursos humanos, o outro aspecto da infraestrutura imaterial. Instituições sociais são necessárias pela mesma razão. Ao ajudar a propagar valores culturais e sociais importantes, estas instituições fixarão a comunidade e promoverão sua coesão interna. Agentes econômicos domésticos: Estes agentes econômicos compreendem pequenas e médias empresas (PMEs) e outros negócios que surgem fora da formalização do setor informal existente. Eles servem para suplementar os agentes econômicos maiores (ex. corporações multinacionais) em termos de geração de empregos e aumento da produtividade, contribuindo assim para o crescimento geral da economia. Sendo menores em escala e mais ágeis, também há campo de ação inerente a estes agentes econômicos para inovação. 47 Relatório do Plano Estrutural – Brasil 2010 Com os pilares de suporte em vigor, os vários motores econômicos poderão impulsionar de forma bem-sucedida a economia para alcançar as seguintes metas: Ser diversificada e resiliente aos ciclos de mercado e de negócios; 48 Permanecer sustentável; Melhorar a produtividade; Promover a criatividade e inovação; Atrair novos investimentos; Gerar mais empregos; e Melhorar a qualidade de vida em geral. Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento 5. ESTRUTURA DE DESENVOLVIMENTO 5.1. Visão de Planejamento A visão de planejamento para a área de estudo é que ela se torne uma aerotrópolis progressiva, sustentável e competitiva, posicionando a América do Sul como parte integrante do globo. Não só Belo Horizonte está se esforçando para estar no mesmo grupo de cidades brasileiras consagradas como São Paulo e Rio de Janeiro, como também quer estar em igualdade com cidades globais e competir com elas na arena internacional. Dessa forma, Belo Horizonte estará encabeçando o crescimento da RMBH e de todo o Estado de Minas Gerais. 5.2. Objetivos Para alcançar a visão, um Plano Estrutural foi proposto para orientar o desenvolvimento da área de estudo durante os próximos vinte anos. Até lá, a população total projetada para toda a RMBH será de 7,76 milhões de habitantes, um aumento de 52,8% em relação à população existente em 2007. Dentro da própria área de estudo, a nova população residencial até 2030 é projetada para ser de 1,4 milhão de habitantes (Capítulo 4, Tabela 4.7). O desenvolvimento será baseado nos seguintes princípios: a. Distribuição espacial estratégica de usos do solo para criar uma economia competitiva, levando em consideração: Os motores econômicos e clusters industriais chaves identificados no Plano Estratégico (Capítulo 4). Padrões de uso do solo e de ocupação. Isto é para assegurar a compatibilidade entre usos propostos e existentes. Conectividade para as outras principais cidades brasileiras, como Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. b. Liberação oportuna da quantia adequada de área para acomodar a inteira gama de usos do solo e dar suporte aos tipos de atividades econômicas contempladas para as próximas duas décadas. c. Salvaguardar área suficiente para dar suporte ao desenvolvimento no longo prazo, de forma a atingir um crescimento econômico viável e sustentável, bem como uma comunidade vibrante. Isto se refere aos aspectos 49 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 quantitativos, por exemplo, assegurando que a provisão de área será suficiente para atender à demanda futura projetada para usos industriais, residenciais e outros. d. Desenvolvimento sustentável, onde o equilíbrio tem o dilema entre crescimento econômico e conservação ambiental. Impactos ambientais adversos (se houver algum) resultantes do desenvolvimento da área de estudo serão minimizados para proteger a ecologia natural e biodiversidade existente. e. Criar um ambiente de negócios favorável que seja atraente aos investidores locais e estrangeiros. f. Melhorar os ambientes de trabalho e de moradia, e oferecer escolhas de estilo de vida sem igual aos residentes e visitantes de forma semelhante. A boa qualidade de vida encorajará as pessoas a estabelecer residência, criar raízes e ter um senso de pertencimento e identificação com o lugar. g. Coordenar a implantação da infraestrutura conforme o desenvolvimento da área. Isto inclui a provisão de: Uma rede de transporte aérea, rodoviária e ferroviária eficiente, abrangente e custo-eficiente, que seja bem integrada internamente (com os usos de solo propostos) e externamente (com a macrorregião e além). Infraestrutura de serviços de utilidade pública adequada para: - Fornecimento de eletricidade, água potável e gás - Aquecimento e resfriamento - Drenagem e descarga de água superficial - Coleta e tratamento de esgoto - Gerenciamento de resíduos sólidos - Telecomunicações Instalações sociais e comunitárias suficientes para atender às necessidades dos residentes. h. Ter flexibilidade incorporada para lidar com o ambiente global rapidamente mutável, para que o Plano Estrutural permaneça pertinente com o passar do tempo. 50 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Diferentemente do desenvolvimento orientador, o Plano Estrutural é um meio e, ao mesmo tempo, uma ferramenta para o governo compartilhar sua visão com as pessoas, ganhando o suporte e a aceitação delas. Quando o Plano Estrutural for finalmente aprovado e tornar-se público, haverá transparência, facilitando assim a clara tomada de decisão para os planejadores urbanos, fomentadores imobiliários e o público em geral. Pode servir posteriormente como ferramenta de marketing para atrair investimentos locais e estrangeiros. 5.3. Estratégias de planejamento Como realçado no Capítulo 3, no geral, há um desenvolvimento desequilibrado dentro do Estado de Minas Gerais e na área de estudo em particular. Foram empregadas várias estratégias de planejamento para alcançar o desenvolvimento físico equilibrado na área de estudo, com base nos seguintes princípios: Desenvolvimento equilibrado Descentralização Abordagem integrada Desenvolvimento abrangente Aprimoramento da infraestrutura existente Estas estratégias de desenvolvimento são derivadas diretamente do enunciado da visão e dos objetivos principais declarados nas Seções 5.1 e 5.2, e foram formuladas a partir das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da área de estudo, assim como tendo em mente os desafios do ambiente global. Sendo bem-concebidas, estas estratégias assegurarão que a direção do desenvolvimento permaneça flexível com o passar do tempo, podendo ser adaptada ou modificada facilmente em resposta aos climas econômicos regionais e globais mutáveis. Estratégia 1: Padrão de crescimento definido Ao invés de permitir que o desenvolvimento continue de uma maneira aleatória e casual, o Plano Estrutural objetiva instituir um padrão de crescimento próprio e definido. O desenvolvimento equilibrado dentro da área de estudo será alcançado pela definição de corredores de atividade, ligações funcionais e núcleos de crescimento designados. 51 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Corredores de desenvolvimento são identificados com base na infraestrutura de transporte existente e planejada. A primeira ajuda a minimizar os custos de implantação, enquanto que a segunda assegura que o uso da nova infraestrutura será maximizado (justificando assim os custos de construção). Ao longo dos corredores de desenvolvimento situam-se os núcleos de crescimento primários que são os principais centros comerciais, de emprego, varejo e entretenimento. Estes também são os locais onde conurbações residenciais prósperas e vibrantes crescerão, e onde serão estabelecidas instituições de ensino superior. Essencialmente, a conectividade entre os núcleos de crescimento é provida pelo corredor que se desdobra como uma avenida para o tráfego de alta velocidade. Projetado para acomodar cargas veiculares mais pesadas, o corredor pode suportar os altos níveis de atividades que acontecem nos núcleos. O transporte público, na forma de ônibus inter-regionais, converterá o corredor em um canal de movimento de massa, com grande número de pessoas sendo transportadas de uma ponta à outra de maneira rápida e eficiente. Com o passar do tempo, o desenvolvimento adicional acontecerá naturalmente ao longo de ambos os lados do corredor. A relação conceitual entre corredores de desenvolvimento e núcleos de crescimento é mostrada na Figura 5.1. Para descentralizar a urbanização de Belo Horizonte e para promover o crescimento para outras áreas na região, foram identificados dois corredores de desenvolvimento específicos (Figura 5.2): i. Ao longo da Linha Verde; e ii. Ao longo do Rodoanel. 52 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Figura 5.1: Núcleo de Cresc. Primário Núcleo de Crescimento Secundário Nova Direção de Crescimento Mitigação da Pressão do Crescimento Desenvolvimento Existente Relação conceitual entre corredores de desenvolvimento e os núcleos de crescimento Estes dois corredores de desenvolvimento serão aumentados através dos núcleos de crescimento primários e secundários. Primário: o Belo Horizonte - capital do Estado e área construída existente o Centro Administrativo - Novo centro urbano o AITN - foco da aerotrópolis o Betim - atividades industriais e de manufatura como foco o Sabará - tecnologia agrícola como foco Secundário: o Confins - Proximidade do AITN o Lagoa Santa - Idem o Ribeirão das Neves - apoiar regiões industriais e absorver a expansão populacional de Belo Horizonte o Santa Luzia - Idem o Jaboticatubas - Ecoturismo como foco 53 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 o Núcleos Primários Núcleos Secundár. Rodoanel Linha Verde Figura 5.2: Corredores de desenvolvimento e núcleos de crescimento dentro da área de estudo Os núcleos de crescimento identificados agem como catalisadores para disseminar o desenvolvimento nas direções desejadas. Os núcleos de crescimento primários que têm vantagem comparativa pela sua localização são os principais motores de desenvolvimento, gerando atividades econômicas e oportunidades de emprego. Os núcleos de crescimento secundários ajudam a disseminar o avanço do desenvolvimento e da população exteriormente. Estratégia 2: Abordagem integrada O Plano Estrutural abrange uma abordagem integrada, tanto em termos de compatibilidade de usos do solo quanto em relação ao tempo de implantação. O primeiro se refere à proximidade espacial e/ou usos compatíveis semelhantes, enquanto o segundo é referente à 54 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento coordenação do tempo de implantação da infraestrutura e do desenvolvimento de uso do solo que devem acontecer um após o outro. O intervalo de tempo diferente para a implantação de vários tipos de infraestrutura também deve ser levado em conta. Por exemplo, um período de tempo mais longo é necessário antes que uma ampla usina de energia hidrelétrica possa ser construída e estar pronta para operação, se comparada a uma instalação de tratamento de esgoto de pequena capacidade. O tempo de execução necessário deve ser incorporado ao plano de implantação de infraestrutura, de tal forma que o fornecimento de serviços públicos esteja completamente operacional e suficiente para atender a demanda proveniente do desenvolvimento de parcelas de terrenos. Caso contrário, haverá um potencial fracasso na implantação – e interrupção – das atividades econômicas, industriais e de manufatura. Esta situação não será aceitável por grandes corporações multinacionais, que são especialmente detalhistas sobre a confiabilidade da infraestrutura como critério de seus investimentos. Tais interrupções também terão implicações severas nas indústrias de alta tecnologia e indústrias sensíveis a serviços públicos (como fabricação de circuitos integrados). Detalhes do Plano de Infraestrutura serão elaborados no Capítulo 9. Em termos de usos do solo, estes deveriam complementar e idealmente “fluir” de forma contínua de um para o outro, facilitado por um sistema de transporte eficiente e uma rede de infraestrutura efetiva. Por exemplo, o desenvolvimento de uma grande região industrial tem que ser apoiado por uma rede de transporte e infraestrutura de serviços de utilidade pública com capacidade suficiente para dar suporte ao volume e fluxo resultantes de operações e transações empresariais. Integração e compatibilidade podem ser alcançadas entre os usos de solo propostos e a natureza. Em áreas onde há flora, fauna e características geológicas únicas, etc., pode-se manter um desenvolvimento de baixa intensidade para preservar o ambiente natural. Por exemplo, áreas em Jaboticatubas e Matozinhos servirão bem como áreas recreativas ao ar livre, resorts, spas e de turismo rural. 55 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Estratégia 3: Agrupamento (Clustering) e intensificação Além de uma abordagem de planejamento integrada, indústrias semelhantes podem ser agrupadas para criar sinergias entre elas. Mais importante ainda, estas indústrias podem compartilhar instalações de armazenamento, pesquisa e tratamento comuns, reduzindo dessa forma custos operacionais. Outro exemplo é alocar um centro de conveniência no meio de um parque industrial ou de um parque empresarial, de forma que todos os seus usuários tenham acesso fácil e conveniente a lanchonetes e restaurantes, bem como outras instalações comerciais, varejistas e esportivas (como caixas eletrônicos, agências dos correios, clínicas e academias). O conceito de agrupamento pode ser estendido a usos diferentes para facilitar a intensificação do desenvolvimento. Por exemplo, desenvolvimentos residenciais e comerciais de alta intensidade podem ser construídos próximos ou ao redor dos principais núcleos de transporte, inclusive estações de trem, terminais de ônibus e outras estações de integração dos principais transportes públicos. Alocar as principais instalações sociais e comunitárias nestas áreas também assegurará que uma maior quantidade de pessoas tenha acesso fácil a eles, maximizando seu uso. Outro modo para alcançar a intensificação é através de usos múltiplos. Por exemplo, além do propósito de armazenamento de água e retenção, lagos e lagoas podem ser abertos para usos recreativos, jogos esportivos limpos e não motorizados (por exemplo, pesca, iatismo, esqui aquático, canoagem e caiaque), ou simplesmente para relaxamento pessoal e apreciação da natureza (Figura 5.3). Figura 5.3: Múltiplos usos de corpos d’água 56 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Semelhantemente, áreas ecologicamente sensíveis podem ser usadas para atividades recreativas não invasivas, como arborismo, trilhas e ecoturismo. Prevenir ou impedir o público em geral de acessar estas áreas da natureza não tem sentido econômico - um recurso precioso será desperdiçado, em vez de ser apreciado e desfrutado pelas pessoas. Estratégia 4: Utilização de recursos existentes Recursos existentes - como estradas e outras infraestruturas de serviços de utilidade pública - podem ser reconstruídos, melhorados ou atualizados para facilitar novos desenvolvimentos ou redesenvolvimentos. Dar prioridade para desenvolver ou re-desenvolver estas áreas assegurará que o investimento inicial e o desembolso de capital pelo Estado ou investidores potenciais serão menos exorbitantes. Depois que estas áreas forem desenvolvidas, elas podem se tornar regiões de faseamento no desenvolvimento adicional para fora da área de estudo. É notável que, dentro da área de estudo, a infraestrutura existente (em termos das vias, sistema de esgoto e transporte público) já está totalmente estabelecida nas áreas mais desenvolvidas. Especificamente, as seguintes áreas podem ter prioridade: Ao redor do aeroporto. Ao longo da BR-262, BR-381 e MG-050 em Betim. Ao longo da BR-040 em Ribeirão das Neves. Ao longo da MG-433 em Santa Luzia. Ao longo do Rodoanel, especialmente nas partes já construídas (por exemplo, onde termina em Sabará), ou com as principais rodovias que lá desembocarão (por exemplo, onde a MG-010 e a MG-020 conectam). O crescimento pode ser subsequentemente ampliado para fora, quando a infraestrutura estiver implantada (veja Figura 5.4). 57 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Fase 1 Fase 2 Figura 5.4: Priorizando o desenvolvimento Outra projeção desta estratégia é encorajar desenvolvimentos abrangentes onde há espaços remanescentes ou vazios dentro da estrutura urbana para tirar proveito da infraestrutura estabelecida. Esta forma de desenvolvimento ajudará a conter o crescimento urbano dentro das áreas construídas existentes, de tal forma que a abertura e liberação de novas áreas de fora possam ser adiadas ou atrasadas o quanto possível, até que a infraestrutura requerida seja adequadamente instalada. Nos casos onde os usos existentes não são compatíveis com o uso da área predominante ou proposto, incentivos atraentes podem ser dados para encorajar esses usuários a se mudarem para áreas designadas satisfatórias. Seus locais originais podem ser então totalmente re-desenvolvidos. Incentivos podem estar na forma de isenção/redução de imposto ou permissão para que usuários construam com maior intensidade no novo local, sujeito aos objetivos de planejamento conforme prescrito no plano diretor detalhado. Para ilustrar, um uso industrial poluidor existente localizado dentro de uma zona predominantemente residencial pode ser incentivado a se mudar para um parque industrial adequado pela concessão de, digamos, um bônus na taxa de ocupação. O local original pode ser desenvolvido novamente então em apartamentos residenciais que são de uso compatível e de maior valor se comparado ao original. 58 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Estratégia 5: Equilibrando natureza e desenvolvimento Globalmente, há uma consciência crescente de que o desenvolvimento não deve acontecer à custa do patrimônio natural, ecológico, histórico e cultural. Ao invés disso, uma forma equilibrada e sustentável de urbanização é almejada. Este assunto será elaborado mais adiante na Seção 5.5. Como previamente realçado, conservar a natureza e o meio-ambiente não significa mantê-los fora dos limites para o público em geral. Na verdade, estas áreas podem se desdobrar como áreas verdes e recreativas para o benefício e divertimento das pessoas, contribuindo assim para uma qualidade de vida melhor para todos. 5.4 Conceitos de desenvolvimento Serão introduzidos novos conceitos de desenvolvimento em áreas e locais específicos dentro da área de estudo. Estes novos conceitos serão elaborados a seguir. 5.4.1 Aerotrópolis O conceito de desenvolvimento da aerotrópolis (também conhecida como cidade-aeroporto ou cidade da aviação) foi proposto primeiro pelo Dr. John D. Kasarda, professor da Kenan-Flagler Business School, da Universidade da Carolina do Norte, em 2000. Dr. Karsada postulou que mudanças no modal e na infraestrutura de transporte predominante sempre têm um impacto direto no desenvolvimento urbano e na localização de centros comerciais e empresariais. A evolução dos modais de transporte e as formas urbanas correspondentes são ilustradas na Tabela 5.1. 59 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Tabela 5.1: Modal de transporte e impacto na forma urbana Onda Período de Modal de Tempo Transporte 1ª Marítimo Cidade portuária Século XVIII 2ª 3ª Forma urbana [Ex. Roterdã] Rios & Canais Século XIX Ferrovias Metrópole / Megalópole 4ª Século XX Rodovias 5ª Século XXI Aeroportos [Ex. Nova Iorque] Aerotrópolis [Ex. Cingapura] Motores da 5ª Onda: O surgimento da 5ª onda e a preeminência de aeroportos foram guiados pelos seguintes fatores: a. Globalização: Surgindo do comércio eletrônico, a fonte de demanda e vendas pode ser de qualquer lugar do mundo, e feita a qualquer hora do dia. Semelhantemente, do lado da oferta e da produção, os fabricantes procuram materiais de produção/matéria-prima de melhor qualidade a bons preços para efetivamente gerenciar custos. Isto conduziu à busca para melhorar a acessibilidade e agilidade para ser globalmente mais competitivo. b. Avanços em comunicação: O advento da - e fácil acessibilidade à - internet e equipamentos de comunicação móvel facilitaram a gestão de redes de pessoas e a expansão dos negócios de longa distância. As frequências e os volumes de viagens aéreas e telecomunicações também aumentaram de forma correspondente. 60 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento c. Aeronaves a jato maiores e mais rápidas: Avanços na tecnologia de aviação e aeronáutica conduziram à introdução de aeronaves mais econômicas, eficientes e com maior capacidade de transporte de passageiros e carga. Isto facilitou o crescimento adicional dos setores de logística aérea e de comércio eletrônico, onde a essência é a entrega rápida. d. Novos sistemas de gestão de cadeias de suprimentos: Redes e sistemas tornaram-se a unidade competitiva básica, no lugar de empresas, cidades, países ou regiões individualmente. Todo componente ao longo de toda cadeia de suprimento tem que estar bem integrado para aumentar a acessibilidade e reduzir tempo e custo. e. Competição baseada em tempo: Em relação à fabricação e entregas just-in-time, velocidade e (redução do) tempo se traduzem diretamente em rentabilidade. f. Flexibilidade de produção: Este é um pré-requisito para empresas e negócios na nova economia, sem o qual eles não poderão suportar as situações de demanda global rapidamente mutáveis. g. Customização de massa: Produção em massa é feita para minimizar o custo unitário, mas os consumidores ainda esperam exercitar seu poder de escolha e ter seus produtos de consumo feitos sob medida. h. Perecibilidade de produtos: Diferentemente da perecibilidade física (que pode ser aperfeiçoada pela criação de centros de cadeia de perecíveis), há o fator de perecibilidade econômica. Esta última se aplica à disseminação oportuna de dados, notícias, informações e imagens que perderão seu valor quando forem ultrapassados pela competição. i. Velocidade e agilidade: Operações de comércio eletrônico têm que ter velocidade e agilidade para atender às condições imprevisíveis de demanda e oferta que prevalecem no mercado global. NT: Just-in-time significa produção por demanda. 61 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 j. Alta proporção valor-peso: Produtos da nova economia, assim como suas partes e componentes, são tipicamente pequenos, compactos e de peso leve. Apesar disso, estes são mais valiosos que os produtos maiores e mais pesados, fazendo da logística e do transporte e logística aérea o modal de entrega mais coerente. Com o aeroporto sendo alavancado para encabeçar o desenvolvimento regional, as áreas circunvizinhas têm que ser identificadas e assinaladas para os usos de solo compatíveis. Isto inclui usos que são: Intensivos em aviação: Ex. manutenção, reparo e revisão de aeronaves Relacionados à aviação: Ex. logística e comércio eletrônico A forma subsequentemente segue a função, resultando na morfologia urbana da aerotrópolis, com o aeroporto localizado no meio de clusters e corredores de negócios relacionados com a aviação. A Figura 5.5 ilustra o esboço esquemático geral – e usos dentro – da macro aerotrópolis, enquanto que a figura 5.6 mostra o esboço detalhado e usos no centro da cidade-aeroporto. 62 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Borda da CidadeAeroporto (Edge City)* Recreação Esportiva & Usos Especiais Via Expressa para Subúrbio e Região Atrações Turísticas Á re a Verde Centro Comercial Corredor de Escritórios Á re a Verde Distrito Hoteleiro & de Aprimoramento Uso misto / Residencial Área Verde Tecnologia Flex Manufatura Just-in-time Complexo de Exposição Lojas de Mercadorias Varejo / Atacado Núcleo da CidadeAeroporto Lojas de Mercadorias Atacado/ Varejo Tecnoloogia da Informação e Comunicações Centro de Saúde e Bem-Estar Centro de Processamento de Pedidos Á re a Verde Armazém Alfandegado Centro de Distribuição Parque Logístico & Zona de Livre Comércio Parque Industrial Uso misto / Residencial Área Verde Recreação Esportiva & Usos Especiais Borda da CidadeAeroporto (Edge City) Parque Industrial Recreação Esportiva & Usos Especiais Área Verde Borda da CidadeAeroporto (Edge City) 5 Figura 5.5: Plano esquemático geral da aerotrópolis Núcleo da Cidade-Aeroporto Escritórios de Negócios Perecíveis Hotel Lojas do Terminal Carga Aérea Centro de Conferências Lojas do Terminal Hotel Remessas Expressas Escritórios de Negócios Anel de Contorno Figura 5.6: Plano esquemático detalhado do núcleo da cidade-aeroporto 5 * NT: Edge-city é uma solução urbanística dos tempos modernos; ocupa uma vasta área, do tamanho de cidades de médio porte e tem, inclusive, a mesma função de uma cidade, com residências, comércio, prédios de escritório e serviços. Costuma ficar no entorno de grandes metrópoles. 63 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Mais próximo do aeroporto, as densidades de desenvolvimento são tipicamente mais baixas. As amplas vias expressas dedicadas a aeroportos, assim como faixas exclusivas para caminhões, facilitam o movimento e o transporte rápido de pessoas e mercadorias. Conforme a distância do aeroporto aumenta, intensidades de desenvolvimento (para clusters residenciais, empresariais e outros tipos de clusters) aumentam. Os vários desenvolvimentos ao redor do aeroporto são todos eficientemente conectados a ele por vias expressas e trens (linhas de trem de alta velocidade dedicadas ao aeroporto). O resultado é um sistema altamente reticulado baseado em graduações de acesso conforme tempo-custo que radiam externamente a partir do aeroporto (Figura 5.7). Figura 5.7: Graduações de acesso conforme tempo-custo Conforme a aerotrópolis se desenvolve e cresce com o passar do tempo, há uma crescente diversificação abrangendo negócios e atividades que não estão estritamente relacionadas com aviação ou de base aeronáutica. Estas atividades incluem: Varejo: ex. compras na loja franca (duty-free), boutiques de marca, lojas de varejo especializadas, mega shoppings. Lazer e entretenimento: ex. estabelecimentos de alimentos/bebidas, parques temáticos, cassinos, corrida 64 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento de cavalos, centros de arte performática, atrações culturais (museus, galerias de arte). Esportes e recreação: ex. campos de golfe, academias, spas. Serviços especializados: ex. clínicas médicas, hospitais, serviços financeiros. Atividades de varejo e alimentação têm contribuído significativamente para a receita de aeroportos. Com a incorporação de tais atividades não relacionadas à aviação dentro do aeroporto e nas áreas circunvizinhas, o aeroporto se tornou mais do que uma mera instalação de transporte ou um núcleo de transferência para passageiros e bens. Na realidade, os grandes e famosos aeroportos internacionais se tornaram atrações e destinos para os turistas e habitantes de forma semelhante. Além disso, diferentemente das operações de aviação altamente reguladas, atividades não relacionadas à aviação têm um potencial muito maior e oportunidades de crescimento em ambos os níveis nacional e internacional. Estas atividades geram múltiplos canais de receita, e portanto permite às autoridades aeroportuárias compensar e reduzir os custos incorridos durante as operações aeroportuárias cotidianas, como taxas de pouso de aeronaves, arrendamento de portões de embarque e cobranças de serviço ao passageiro. Outras atividades não relacionadas à aviação incluem campos de golfe e hotéis. 65 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Não só isso, a receita destas atividades contribui para a manutenção, atualização e expansão da infraestrutura e instalações aeroportuárias, bem como a incorporação de melhores práticas ambientais. Juntas elas ajudam a tonar o aeroporto e a aerotrópolis inteira mais competitiva do ponto de vista de custo e atraente para os investidores e negócios. O modelo de desenvolvimento da aerotrópolis é comparado frequentemente com o da metrópole tradicional ou megalópole, sendo o aeroporto o reflexo do centro da cidade ou zona comercial central, e as áreas que cercam o aeroporto equivalentes aos subúrbios e áreas do centro da cidade. Porém, o perfil de densidade típico da aerotrópolis é oposto ao da metrópole ou megalópole. Para o último, desenvolvimentos mais altos e com maiores densidades são tipicamente encontrados no centro da cidade. Para a aerotrópolis, a situação é invertida, com alturas e densidades que aumentam conforme se distanciam do aeroporto (Figura 5.8). Figura 5.8: Comparando a aerotrópolis e a metrópole Funcionalmente, a aerotrópolis pode ser classificada em três zonas distintas (Figura 5.9): 1. Zona Aeroportuária: Dentro do perímetro cercado (área de segurança) 2. Zona I: 66 Fora do aeroporto, até um raio de 10 km Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento 3. Zona II: Fora do aeroporto, até um raio de 25 km Zona II Zona I Aeroporto Figura 5.9: Zonas da aerotrópolis As respectivas funções encontradas dentro de cada uma das três zonas são descritas na Tabela 5.2. Tabela 5.2: Funções das respectivas zonas de aerotrópolis Zona do aeroporto Shoppings / Galerias de Varejo Restaurantes Zona I Indústrias de manufatura sensíveis ao tempo Negócios de atendimento de comércio eletrônico Zona II Centros empresariais Parques industriais Hotéis Centros de distribuição Parq. de pesquisa e ciência Instal. de entretenimento Armazenamento Complexos/Corredores de TI Escritórios Parques logísticos Mercados atacadistas Serviços empresariais Zonas de livre comércio (FTZ) Hotéis/Resorts Centro de conferência & exposição internacional Instalações de manipulação de carga e mercadorias Zonas econômicas especiais (SEZ) Áreas de armazenagem alfandegada Edifícios-garagem Telecomunicações Interfaces intermodais Centros de exibição / Expos Edifícios comerciais Shopping centers Estabelecimentos varejistas e de alimentação/bebidas Complexos de entretenimento Instalações de esportes e recreação Desenvolvimentos residenciais e de uso misto 67 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Baseado nos vários estudos de caso de aerotrópolis ao redor do mundo, foram identificados vários fatores comuns de sucesso prevalecentes. Estes incluem: a. Planejamento abrangente Primeiramente, deve haver um plano de visão de longo prazo para o desenvolvimento da aerotrópolis. Exemplos de tais planos que foram implantados incluem o Plano Abu Dhabi 2030 para o aeroporto internacional homônimo e o Plano Estratégico da Aerotrópolis da Região de Detroit 2008. Em seguida, a abordagem para o desenvolvimento deve ser estratégica e sinérgica, incorporando o planejamento do aeroporto, desenvolvimento urbano, localidades empresariais, propriedades e bens imóveis. Na realidade, muitos dos principais aeroportos (ambos operados pelos setores público e privado) estabeleceram divisões imobiliárias para desenvolver seus espaços comerciais na área pública e alavancar o desenvolvimento além dos limites do aeroporto. Aeroportos que embarcaram em tais iniciativas incluem: BAA (operador dos aeroportos do Reino Unido), Aéroports de Paris (França), Dallas-Fort Worth (E.U.A.), Fraport (Aeroporto de Frankfurt), Schiphol (Amsterdã) e Changi (Cingapura). Além do planejamento, o aeroporto também tem que ter uma rede e cobertura de rotas satisfatória e abrangente para manter o crescimento do tráfego de passageiros e carga. Por último, mas não menos importante, uma estratégia de promoção e marketing efetiva é necessária para criar um bom posicionamento, assim como uma identidade e marca fortes para a aerotrópolis. Exemplos de tal esforço incluem: i. Aeroporto Internacional de Schiphol, sendo promovido como “Rotterdam do Ar”. ii. Aeroporto Internacional de Memphis sendo promovido como “Centro de Distribuição da América”, por sua especialização em logística aérea e distribuição. Esta identidade é fortalecida também pela presença do Hub Mundial da FedEx (sede das operações da Federal Express), concessionária âncora do aeroporto. 68 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento iii. Aeroporto Internacional de Changi, que é posicionado como o portal do mundo para o Sudeste Asiático e o resto da Ásia. b. Flexibilidade e efetividade em implementação Para facilitar o crescimento orgânico da aerotrópolis, os vários usos do solo dentro dela devem ser agrupados em termos de função e compatibilidade. Além de ter área adequada para a implantação e concretização de uma aerotrópolis completamente funcional, deve haver também área de reserva suficiente para atender às fases futuras de desenvolvimento. Ter flexibilidade para crescimento assegurará que a aerotrópolis poderá satisfazer necessidades e demandas variáveis por todo o horizonte de longo prazo. Em seguida, uma estrutura de governança apropriada tem que ser criada para inspecionar a implantação efetiva dos planos de desenvolvimento da aerotrópolis. Por exemplo, uma agência de coordenação central assegurará que a aerotrópolis cresça de modo coordenado e sustentável. Agências centrais que foram criadas incluem: i. Corporação de Desenvolvimento da Aerotrópolis da Região de Detroit: Formada sob uma estrutura mais ampla do Plano Estratégico da Aerotrópolis da Região de Detroit 2008, esta corporação provê um mecanismo unificado e jurisdicionalmente cruzado para induzir o desenvolvimento da região. ii. Comitê Dirigente da Aerotrópolis de Memphis iii. Corporação de Desenvolvimento da Área do Aeroporto de Memphis Estas duas agências foram criadas pelo Aeroporto Internacional de Memphis. c. Desenvolvimento bem coordenado da infraestrutura de apoio No contexto da aerotrópolis, a infraestrutura de apoio vai além das rodovias e ferrovias padrões para englobar instalações objetivando a distribuição e a utilização efetiva telecomunicações e tecnologia da informação. 69 de Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Uma infraestrutura de telecomunicações de alta tecnologia totalmente funcional é essencial para suprir as necessidades de homens de negócios e profissionais, especialmente nas indústrias de TI, mídia, comunicações e de comércio eletrônico. d. Multi e intermodalidade Os vários modais de transporte têm que ser completamente explorados para alcançar o intercâmbio e a circulação rápida, eficiente e sem interrupções de: i. Pessoas ii. Bens e produtos iii. Capital iv. Serviços v. Informação. Com a total integração dos modais de transporte, a conectividade resultante e acessibilidade conduzirão a uma economia de tempo significativa para operadores just-in-time, assim como tempo de viagem, trânsito e tempo de espera mais curtos para homens de negócios e passageiros frequentes. Um exemplo é o Aeroporto Internacional de Hong Kong, onde há a quádrupla intermodalidade - por via aérea, rodoviária, ferroviária e marítima. A rodovia e ferrovia conectam o aeroporto ao centro da cidade, enquanto que o SkyPier, o terminal de balsa do aeroporto, provê acesso ao Delta do Rio Pérola e todo o mercado do sul da China. Mais detalhes sobre a transformação da área de estudo em uma aerotrópolis progressiva serão mencionados na Seção 5.6. 5.4.2 Hubs funcionais Hubs funcionais são criados usando a estratégia de clustering, explicado anteriormente na Seção 5.3. Pela congregação de instituições de qualidade e organizações de uma mesma área com proximidade espacial em uma localização, haverá sinergia e oportunidades para cooperação, criando assim um centro de excelência. Exemplos incluem hubs educacionais, médicos, de pesquisa e outros centros especializados. 70 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Hub educacional: Várias instituições reconhecidas de ensino superior (IES) já existem dentro e ao redor de Belo Horizonte, incluindo: Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH) Faculdade Batista de Minas Gerais Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Belo Horizonte (FACISABH) Faculdade de Ensino Unificado de Belo Horizonte [FEUBH] Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte (FESBH) Faculdade de Tecnologia Senai Belo Horizonte (FATEC Senai BH) Estas IESs respeitáveis podem ser financiadas para criar um centro educacional dentro da área de estudo - um que sirva não só o Estado de Minas Gerais, como também o Brasil inteiro. Matozinhos, com sua topografia natural, paisagens vastas e proximidade relativa ao AITN e a outros principais centros residenciais e comerciais, é outra área satisfatória para o estabelecimento de uma cidade universitária. Para impulsionar a posição internacional do centro educacional, uma maneira é atrair e incentivar uma IES principal para instalar seu campus lá. Outra forma é que a IES local ofereça um currículo ou cursos em comum com uma universidade estrangeira reconhecida e respeitada. Os estudantes locais terão então a oportunidade de passar um semestre (ou mais) na universidade estrangeira como parte de um programa de imersão ou intercâmbio que definitivamente custa muito menos se comparado ao programa inteiro no exterior. Ao mesmo tempo, o estudante será exposto à vivência e ao aprendizado em um país estrangeiro, e dessa forma ampliará seus horizontes e experiências de vida. Hub de tecnologia agrícola A partir da globalização e da remoção de tarifas e barreiras de importação, a exportação e importação de comida e produtos agrícolas se tornaram um negócio próspero e lucrativo, trazendo com 71 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 isto uma intensa competição em ambos os mercados doméstico e internacional. Para reforçar a posição de Minas Gerais e do Brasil como fonte principal e exportador internacional de alimentos, é de suprema importância que práticas rígidas sejam adotadas em relação à segurança e qualidade alimentar. Para continuarem competitivos, deve haver também a melhoria constante nestes aspectos. Relacionado a isto, Sabará tem potencial para se desenvolver em um centro de tecnologia agrícola. Ao invés da busca por melhoria nos padrões de segurança e qualidade de alimentos, pesquisas podem ser feitas sobre a melhoria de sementes para produzir safras de melhor qualidade e colheitas robustas. A infraestrutura de apoio que pode ser construída inclui centros automatizados de embalagem, abatedouros modernos, sistemas de cadeia de perecíveis, centros de processamento de alimentos com agregação de valor, etc. Tais desenvolvimentos ajudarão a estimular todo o setor agrícola, injetando nisto nova vida e vitalidade. Posteriormente, há espaço para o estabelecimento de uma instituição de agrotecnologia dentro deste hub. Seu foco pode ser o desenvolvimento de processos e tecnologias globalmente competitivos, assim como melhores práticas internacionais nas áreas de pesquisa, gerenciamento e iniciativas relativas ao processamento de alimentos. Esta instituição deve ser criada para suprir as necessidades de todo os atores envolvidos, inclusive empresários, industrialistas, exportadores, políticos, funcionários do governo e estudantes das IESs existentes. Além de atuar como um centro de informação e recurso de ponta, o instituto pode prover também educação contínua e re-treinamento para melhorar as habilidades e atualizar o conhecimento de trabalhadores na indústria. Em troca, isto modernizará o padrão da indústria, fazendo-a mais competitiva internacionalmente. 72 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento 5.4.3 Corredores tecnológicos Um corredor tecnológico é basicamente uma área geográfica assinalada para o desenvolvimento de um ambiente total tecnológicoempresarial (Figura 5.10). Figura 5.10: Representação conceitual de um corredor tecnológico A ideia de corredores tecnológicos surgiu do conceito de polos tecnológicos fundado nos Estados Unidos e em outros países tecnologicamente avançados. Especificamente, foi observado que atividades intensivas em conhecimento prosperam melhor em uma comunidade que inclui estabelecimentos de ensino superior, centros de pesquisa especializados e empresas de pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia. 73 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Assim, um corredor tecnológico é dedicado ao desenvolvimento de parques empresariais, parques tecnológicos, hubs de ciência, instituições educacionais de alta tecnologia e entidades de pesquisa. Tipicamente, há uma mistura de escritórios, laboratórios de pesquisa, apartamentos, dependências industriais leves e até mesmo instalações logísticas. O componente residencial provê opções de moradia convenientes para empregados, trabalhadores, investigadores e tecnoempreendedores. Acredita-se que interações regulares entre eles – tanto formalmente (ex. em reuniões) quanto informalmente (em lanchonetes e restaurantes no bairro) – conduzirá a estímulos criativos e ao nascimento de novas ideias. Dentro do Plano Estrutural, foram identificados dois potenciais corredores tecnológicos para promover a concentração de indústrias intensivas em conhecimento e alta tecnologia, bem como instituições de pesquisa (Figura 5.11): 1. Belo Horizonte – Centro Administrativo – AITN 2. Pedro Leopoldo – Vespasiano – Lagoa Santa O primeiro atingiu uma fase mais avançada de desenvolvimento, particularmente com a conclusão do Centro Administrativo. Sua vantagem se deve à presença de centros comerciais bem estabelecidos, instituições financeiras e IESs, situados dentro e ao redor de Belo Horizonte. O último, embora novo, constitui uma parte da macro aerotrópolis proposta (Seção 5.6), com acesso rápido ao AITN e com área reservada suficiente para o desenvolvimento de vários parques empresariais. Estrategicamente localizada na zona de distribuição de aviação, é provável que atraia empresas de controle de estoque, gestão de frete, apoio técnico e treinamento. Também é provável que um grande centro de convenção/exposição seja localizado aqui, provendo às empresas internacionais uma escolha de espaço de exibição para o lançamento de produtos. 74 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Figura 5.11: Potenciais corredores tecnológicos Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Corredor Tecnológico 1 Corredor Tecnológico 2 75 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 5.4.3 Zonas Econômicas Especiais O conceito de Zonas Econômicas Especiais (ZEE) foi implantado prosperamente no Delta do Rio Pérola, China, permitindo que cidades litorâneas em Guangzhou, Shenzhen e Zhuhai (entre outras) experimentassem taxas de crescimento fenomenais e sem precedentes durante os últimos anos. Especificamente, foi informado que Shenzhen gerou investimentos estrangeiros diretos em manufatura da ordem de US$ 17 bilhões. Uma ZEE, também conhecida como área de livre comércio, é um enclave isento de impostos aduaneiros especificamente delineado, considerado como território estrangeiro para propósito de operações de comércio. É estabelecido para acomodar uma extensiva gama de atividades industriais, inclusive manufatura de bens e serviços, produção, processamento, montagem, comércio, reparo, restauração e re-engenharia (inclusive design e produção de joias preciosas). Para assegurar uma produção sem interrupções, uma ZEE é apoiada por um sistema eficiente de instalações e infraestrutura, inclusive uma provisão segura de energia, uma rede de telecomunicações eficiente, instalações de transporte e armazenamento, estações comuns de tratamento de efluentes, bem como suprimento de água industrial e potável. Dentro de uma ZEE, procedimentos operacionais são simplificados para o benefício dos industrialistas e fabricantes. Suspensões de impostos e outros incentivos também estão sendo oferecidos para atrair investidores e concessionários. Especificamente, impostos de importação não são taxados para matérias-primas e materiais de produção que entram na ZEE, já que estes são somente para a produção de bens para exportação a mercados internacionais. Porém, se os produtos acabados da ZEE entrarem no mercado doméstico, impostos de importação serão devidos para os materiais de produção. Este arranjo facilita a produção e ajuda a minimizar o custo para os industrialistas e fabricantes. Uma ZEE tipicamente compreende uma zona de processamento e uma zona de não processamento (Figura 5.12). Instalações industriais e de produção pertencentes a corporações multinacionais (MNC), armazenamento e centros de serviços financeiros internacionais ficam situados na zona de processamento. Na zona de não processamento 76 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento há estabelecimentos de ensino, hospitais, hotéis, instalações recreativas e de entretenimento, desenvolvimentos residenciais e complexos comerciais. Figura 5.12: Representação conceitual de uma ZEE A zona de processamento é alfandegada e cercada, como por exemplo, bens e serviços chegando e saindo desta área têm que atravessar primeiramente pontos de fiscalização alfandegária. Na Índia, uma ZEE de multiprodutos tem tipicamente 1.000 hectares. Fora da área alfandegada, algumas ZEEs contêm uma Área de Tarifa Doméstica (ATD), além da zona de não processamento. Pequenos e médios empreendimentos locais (PMEs) que apoiam o processo de produção da Multinacional - em termos de provisão de matériasprimas e serviços - ficam situados no ATD, formando uma completa cadeia de valor de produção. Dentro da área de estudo foram identificados três possíveis locais de ZEE. Estes locais estão perto das principais rotas de transporte e/ou têm ligações diretas com portos e aeroportos para acesso fácil aos mercados estrangeiros. 77 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Os três locais, conforme mostrados na Figura 5.13, são: 1. Próximo ao AITN: A proximidade do aeroporto facilitará a remessa internacional de produtos de peso leve mas de alto valor agregado. 2. Em Sabará: Localizado na extremidade leste da área de estudo, há conectividade pelas principais rodovias (como as BR-262 e BR-381) para o porto marítimo de Vitória. 3. Próximo ao Porto Seco Granbel: Estando na extremidade sudeste da área de estudo, há acessibilidade direta pela BR-040 e BR-381 para os portos marítimos do Rio de Janeiro e São Paulo respectivamente. 78 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Vias Expressas Rodovias Localização - ZEEs Porto Seco / Aeroporto Figura 5.13: Possíveis localizações das ZEEs 79 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 5.5 Área para Desenvolvimento Sustentável Antes que as várias estratégias de desenvolvimento e planejamento elaboradas na Seção 5.2 possam ser implantadas, é necessário identificar primeiramente os espaços dentro da área de estudo que são satisfatórios e disponíveis para o desenvolvimento sustentável. Sem saber a quantia exata de área disponível e onde estão situadas, não será possível avançar com o planejamento de uso do solo. 5.5.1 Metodologia Uma abordagem com duas vertentes foi adotada: Coleta de dados de políticas ambientais regulamentos/restrições legais em âmbito e local, estadual e nacional que sejam pertinentes e aplicáveis à área de estudo. Avaliação das características ambientais existentes e identificação de áreas que têm diversidade ecológica, biológica e/ou são ricas em patrimônio natural e cultural. Restrições legais: Foram obtidos dados das seguintes fontes: i. Correspondência do Zoneamento Metropolitano (SEDRU, 2008): inclui os Planos Diretores Locais, Zonas de Regulamentação e restrições de desenvolvimento urbano e densidades residenciais. ii. Restrições de declive no desenvolvimento urbano. iii. Unidades de conservação (SNUC e SAP). iv. Bioma da Floresta Atlântica (Ato Federal 750/1993). Às várias restrições legais foram designados pesos relativos em termos de importância e grau de impacto no desenvolvimento urbano, conduzindo à criação do Plano de Restrição Legal (PRL). O PRL demarca o local em cinco graus de restrições legais: 1. Restrição Muito Baixa: Onde desenvolvimentos residenciais de alta densidade e usos do solo complexos são permitidos. 80 2. Restrição Baixa. 3. Restrição Média. 4. Restrição Alta. Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento 5. Restrição Muito Alta: Onde o desenvolvimento urbano é completamente proibido. Restrições ambientais: Foram avaliadas as seguintes restrições e características ambientais: i. Áreas de perigo geológico. ii. Zonas propensas à inundação. iii. Áreas com ambientes naturais e cobertura vegetal: incluem as Florestas Atlânticas e Biomas de Cerrado. iv. Classificação da qualidade da água (conforme usos esperados). v. Captura e emissão de carbono (em relação aos vários usos do solo). vi. Conexões ecológicas propostas. O mesmo processo de avaliação foi feito para as restrições legais, com o Plano de Vulnerabilidade Ambiental (PVA) resultante tendo semelhantemente cinco graus de vulnerabilidade ambiental, variando de ‘Restrição Muito Baixa’ a ‘Restrição Muito Alta'. 5.5.2 Plano de Zoneamento Ambiental A análise combinada do PRL e do PVA conduziu ao desenvolvimento do Plano de Zoneamento Ambiental (PZA) para a área de estudo (Figura 5.14). 81 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Figura 5.14: Plano de Zoneamento Ambiental 82 Área Preservada Área Conservada Área Disponível Urbanização Lagos Existentes Rios/Córregos Existentes Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento O PZA essencialmente classifica toda a área de estudo (210.017 ha) em quatro zonas diferentes: a. Áreas urbanizadas ou construídas existentes: (Figura 5.15) O avanço do desenvolvimento urbano não é possível nestas áreas, que constituem aproximadamente 20% (42.244 ha) da área total dentro do local de estudo. b. Área a ser preservada: (Figura 5.16) O desenvolvimento urbano não é permitido nestas áreas que compõem aproximadamente 31% (64.255 ha) da área total. Estas áreas incluem unidades de conservação de alta restrição, declives íngremes [com inclinação maior que 47%], biomas de Floresta Atlântica e todas as zonas de proteção ambiental estipuladas nas regulações de zoneamento locais. c. Área a ser conservada: (Figura 5.16) O desenvolvimento urbano pode ser permitido aqui, mas somente sob condições específicas para atender às exigências ambientais. Estas áreas – que constituem 28% (59.606 ha) da área total – incluem declives menos íngremes [com inclinação entre 30% e 47%], as APAs (Áreas de Proteção Ambiental), as APEs (Áreas de Proteção de Bacias Hidrográficas) e zonas rurais assinaladas nos Planos Diretores Locais. Um exemplo é a APA Carste (veja o Anexo 1), situada na parte norte da área de estudo. d. Área adequada para desenvolvimento: (Figura 5.17) Compreendendo 21% (43.912 ha) da área total, estas áreas são locais disponíveis sem qualquer obstáculo ou restrição de desenvolvimento. O desenvolvimento urbano (incluindo vários tipos de uso do solo) deve ocorrer nestas áreas sob diferentes densidades, escalas complexidades. 83 e Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Rodovias Atuais Área Urbana Lagos Existentes Rios/Córregos Exist. Figura 5.15: Áreas urbanizadas existentes 84 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Rodovias Atuais Área de conservação Area de preservação Lago Existente Rio/Córrego Exist. Figura 5.16: Área a ser preservada e conservada 85 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Rodovias Atuais Área Urbana Lago Existente Rios/Córregos Existentes Figura 5.17: Área disponível para desenvolvimento 86 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento O detalhamento do tamanho de cada uma das quatro zonas por municipalidade é mostrado na Tabela 5.3. Tabela 5.3: Detalhamento da EZP por zona e municipalidade Municipalidade Área Urbanizada Área a ser Preservada Área a ser Conservada Área Disponível para Desenvolvimento Total Hectare Pedro Leopoldo 2.148,3 11.576,9 9.955,6 5.287,1 28.967,9 Matozinhos 1.762,1 10.972,5 10.599,3 2.126,1 25.459,9 Betim 8.848,0 5.247,9 5.134,8 5.729,0 24.959,6 Santa Luzia 4.973,0 8.116,9 1.918,6 8.454,1 23.462,6 Lagoa Santa 3.589,5 6.205,5 7.876,0 5.444,4 23.115,4 Jaboticatubas 1.911,3 6.318,8 11.442,1 1.079,2 20.751,4 Contagem 8.067,7 3.036,4 4.358,6 1.264,2 16.726,9 Ribeirão das Neves 5.380,0 2.999,1 746,4 6.298,2 15.423,7 Sabará 1.368,7 3.952,3 689,0 5.263,8 11.273,8 Vespasiano 2.317,5 1.850,1 1.681,7 1.151,1 7.000,4 São José da Lapa 957,6 1.712,9 724,5 1.469,1 4.864,1 Confins 543,4 1.596,9 1.979,5 1,6 4.121,4 Capim Branco 376,5 669,3 2.499,5 344,4 3.889,7 Total 42.243,5 64.255,3 59.605,6 43.912,4 210.016,8 Porcentagem (%) 20,1 30,6 28,4 20,9 100 5.5.3 Avaliação Com base na projeção populacional feita pelo relatório estrutural estratégico, a área de estudo terá uma população residencial de 1,4 milhão no ano de 2030 [Capítulo 4, Seção 4.5]. Baseado em uma estimativa preliminar, o total de área disponível para desenvolvimento (43.912 ha) é mais do que suficiente para acomodar esta população. 87 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Área satisfatória para desenvolvimento: Dando sequência, a decisão foi limitar o desenvolvimento urbano proposto somente dentro da área satisfatória para desenvolvimento (veja Figura 5.5). Áreas que serão conservadas não devem ser invadidas para o objetivo deste esboço do Plano Estrutural, permitindo assim alcançar o crescimento sustentável, sem impactar a ecologia natural ou sacrificar a herança natural e cultural da área. Área a ser conservada: Embora a proposta seja fazer uso apenas da área disponível para desenvolvimento, não significa que a área a ser conservada permanecerá pouco desenvolvida ou improdutiva permanentemente. As atividades agrícolas, esportivas e recreativas podem continuar nestas áreas. Além disso, elas podem servir como áreas de amortecimento e como margem de expansão para atender crescimentos populacionais e econômicos inesperados que podem não ter sido previstos com base nas premissas estabelecidas no Plano Estratégico (Capítulo 4). Estas áreas conservadas devem ser demarcadas claramente no plano diretor local da respectiva municipalidade e levadas ao conhecimento do público. Se e quando a necessidade para desenvolver as áreas conservadas surgir, as legislações pertinentes, restrições e controles de desenvolvimento devem estar em vigor para guiar a urbanização de maneira cuidadosa e sustentável. Também deve haver rígida conformidade às medidas ambientais definidas pelas autoridades pertinentes. 5.6 Caráter das zonas 5.6.1 Aerotrópolis proposta Como explicado na Seção 5.4.1, uma aerotrópolis consiste tipicamente no aeroporto como núcleo, com duas zonas de desenvolvimento ao seu redor. No caso da área de estudo, o AITN forma o núcleo da aerotrópolis proposta. De forma a acomodar uma variedade mais ampla de usos do solo e levando em consideração as condições existentes (como a APA Carste), a extensão das Zonas I e II foi modificada em relação à tipologia padrão. Como um princípio orientador geral, raios de 8 km e 20 km a 88 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento partir do AITN foram usados para demarcar respectivamente as Zonas I e II. Demais ajustes foram feitos levando em conta os limites das municipalidades. As zonas finais da aerotrópolis na área de estudo são mostradas na Figura 5.18. Zona II AITN Zona I Figura 5.18: Zonas I e II da Aerotrópolis na área de estudo A intenção do planejamento é concentrar as indústrias intensivas em aviação na Zona I, incluindo as municipalidades de Confins, Lagoa Santa e São José da Lapa. Para áreas além, a intenção é ter maior flexibilidade na determinação do caráter da zona, em vez de cumprir estritamente os usos do solo encontrados na Zona II de uma típica aerotrópolis. Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN) Da Seção 5.4.1, é evidente que o aeroporto cumpre um papel crítico e central no planejamento e desenvolvimento de toda a aerotrópolis. No caso da área de estudo, a tarefa cabe ao AITN (situado em Confins/Lagoa Santa), pois é o único aeroporto internacional no Estado de Minas Gerais. 89 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Um estudo de previsão de tráfego aéreo foi feito como parte do plano estratégico geral para a RMBH. Os dados de tráfego previstos para o AITN no ano de 2039, comparados com os dados atuais para o ano de 2008, são mostrados na Tabela 5.4. Tabela 5.4 Dados de tráfego aéreo existentes e previstos para o AITN 2039 AITN Passageiro Carga e Correio 2008 Cenário pessimista Cenário base Cenário otimista 25,97 37,10 48,23 Volume (milhões por ano) 4,93 Internacional 3% 29% Doméstico 97% 71% Volume (toneladas métricas) 40.430 Internacional 50% 60% Doméstico 50% 40% Movimentos de aeronaves 56.185 306.600 229.438 437.600 327.387 568.900 425.926 Para acomodar o crescimento projetado nos volumes de passageiro e carga nas próximas três décadas, a CAI preparou um plano diretor do aeroporto para guiar o desenvolvimento do AITN, de forma a acompanhar o crescimento da grande aerotrópolis. Os planos objetivam se aproveitar das forças e corrigir as fraquezas do aeroporto. Em resumo, os planos de expansão do AITN estão programados em quatro fases, conforme ilustrados na Tabela 5.5 e na Figura 5.19. NT: Changi Airports International. 90 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento Tabela 5.5: Desenvolvimento do AITN em fases Fase Existente Ano de conclusão Terminal de passageiros - Nº I II III IV 2013 2017 2022 2029 2 2 3 3 1 2 1 2 1 Fase Nº 1 1 2 3 3,6 4 Pista Comprimento (km) Posições para aeronaves de passageiros Capacidade (milhões por ano) 15 24 35 49 75 7 12 17 27 37 Figura 5.19: Perspectivas dos Terminais 1, 2 e 3 do AITN. Junto com a expansão da infraestrutura do AITN, as seguintes melhorias também foram propostas pela CAI: Desenvolvimento de rotas: 91 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 o Melhorar e fortalecer a conectividade doméstica (dentro do Brasil) o Melhorar a conectividade com outros países na América do Sul o Conectar-se com os principais hubs na Europa e América do Norte o Alavancar-se com a Copa do Mundo FIFA de 2014 Melhorias nas operações aeroportuárias: o Facilitação ao passageiro Partida, chegada e conexão Sinalização e informação de voos Atendimento ao cliente Monitoramento de desempenho o Operações das zonas restritas (Lado Ar) Administração do pátio Estacionamento de aeronaves Operações de bagagem o Facilitação de carga Layout do terminal Operações de carga o Segurança (Security) na aviação Inspeção de passageiros, bagagem e carga Controle de Acesso o Segurança (Safety) na aviação Processos e procedimentos de segurança (safety) essenciais Monitoramento de desempenho Estratégia comercial: o Layout das áreas de varejo o Fluxo de passageiros o Design de vitrines de lojas o Mix de produtos o Gestão de concessão o Marca, marketing e promoção As sugestões e melhorias propostas supracitadas, se implantadas, colocariam o AITN em uma forte posição para liderar o crescimento da aerotrópolis proposta. 92 Corredor Multimodal de Belo Horizonte Capítulo 05: Estrutura de Desenvolvimento 5.6.2 Outras zonas propostas Além da aerotrópolis proposta, o restante da área de estudo foi demarcado em várias zonas. A cada zona foi designado um caráter separado, levando em consideração os seguintes fatores: i. Visão geral do planejamento para toda a área de estudo [Seção 5.1]. ii. Estratégias de planejamento relevantes e direções do desenvolvimento [conforme elaborado na Seção 5.2]. iii. Reconhecimento das condições locais existentes. iv. Preservação e aprimoramento do caráter local inerente. v. Inter-relação entre as várias zonas. vi. Interação entre a área de estudo (e suas zonas) com sua vizinhança imediata e a região mais ampla. As zonas e o caráter que foram identificados para a área de estudo estão listados na Tabela 5.6, enquanto que o plano geral de zoneamento é mostrado na Figura 5.20. Tabela 5.6: Caráter das zonas Caráter Municipalidade Confins Aerotrópolis Lagoa Santa São José da Lapa Zona comercial regional Vespasiano Contagem Industrial Sabará Ribeirão das Neves Residencial Santa Luzia Betim Resi-In Capim Branco Resi-In / Resi-Rec Pedro Leopoldo Resi-In/ Recreação Matozinhos Recreação Jaboticatubas 93 Relatório do Plano Estrutural - Brasil 2010 Figura 5.20: Plano de Zoneamento 94 Corredor Multimodal de Belo Horizonte
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