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Transcrição

Revista Let n7.indd
News
A revista do Grupo LET Recursos Humanos
N0 7 | Janeiro / Fevereiro | 2008 | Ano 2
www.grupolet.com
CURRÍCULOS
TUDO o que
precisamos saber
para entrar com
o pé direito
no mercado – Pág. 6
EXCLUSIVO
TANDE – Como
gerir mudanças
entre ambientes
distintos – Pág. 12
PRIMEIRO EMPREGO
O exemplo do
Bob´s – Pág. 10
HELOISA MACHADO – TV GLOBO
PROFISSIONAL DO ANO DE RH
Os segredos para uma grande carreira na gestão com pessoas – Pág.3
INSTITUCIONAL
EDITORIAL - PAPO
COM O LEITOR
“Em 2008 mais do que prestadores,
seremos parceiros das empresas”
DICAS NEWSLET - LIVROS
“O Advento da Longevidade no Trabalho” – de Miguel Ângelo Baez Garcia
– Editora Qualitymark
A ampliação da expectativa de vida gerou um natural aumento
do número de pessoas idosas no mercado de trabalho. Com a visão própria a um médico (autor), esta obra explica como as rígidas
rotinas trabalhistas podem se flexibilizar para se aproveitar a qualidade da experiência e conhecimento de pessoas que já passaram
dos 50, 60 ou 70 anos. De forma bem didática o livro é um manual
para que gestores entendam como se comportam essas pessoas e
o que o mercado pode realmente esperar delas.
Foto: Alexandre Peconick
Caros leitores,
ejam bem vindos a
um novo tempo em
2008. Vamos passar alguns meses por um período de turbulência em
função da recessão americana, embora eu sinta que
as nossas empresas estão
se preparando com tenacidade para evitar malefícios. Por isso, em 2008
teremos que arregaçar as mangas com mais criatividade para surpreender nossos clientes atuais
e futuros. Conquistar espaço será mais difícil; porém será uma tentação estimulante para nós.
Dessa forma é importante que as empresas
sintam no Grupo LET um valioso suporte em meio
à tempestade. Senhores gestores, empresários e
líderes: não somos meros fornecedores de serviços; somos parceiros de negócios! Queremos
estar juntos das empresas também nas horas
difíceis, descobrindo meios de melhorar seus
processos. Nesta linha, em 2008 vamos, entre
outras ações, investir em Medicina e Segurança
do Trabalho. Já temos um Técnico de Segurança
do Trabalho que vai checar todos os controles
para facilitar a vida dos nossos trabalhadores em
funções cujo dia a dia possua algum risco.
Para ajudar a quem nos ajuda a crescer, esta
edição de NEWSLET esclarece o que é preciso
saber sobre um currículo competitivo. Heloísa
Machado (TV Globo), Profissional do Ano de
RH, divide com nossos leitores o que é preciso
para se tornar um bom gestor de pessoas. Das
quadras para a gestão de pessoas, Tande explica
como gerenciar mudança de negócio. Livros da
Qualitymark, a autêntica Responsabilidade Social do Bob´s e as dicas para quem quer editar
seu livro complementam nosso produto cuja razão de ser são vocês!
Boa leitura e um grande 2008 a todos!
Joaquim Lauria
Diretor Executivo do Grupo LET
S
2 | Janeiro / Fevereiro | 2008
“S.O.S. Dinâmica de Grupo” – de Abigenor Militão e Rose Militão – Editora
Qualitymark
Esta ampla relação de dinâmicas de grupo não tem como objetivo apenas orientar Analistas de Recursos Humanos, mas fundamentalmente qualquer profissional que deseja avaliar as condições
comportamentais e potenciais de interação de seu grupo de trabalho, bem como servir de suporte à condução de palestras. “Caminhando e cantando”; “A Dança da Laranja” e “Exercício da Nasa”
são três excelentes exemplos de dinâmicas eficazes.
“Como Identificar a Mentira” – de Mônica Portella – Editora Qualitymark
Sem ao menos dizer uma palavra a pessoa pode revelar que é
um mentiroso. Atualmente realizando uma série de pesquisas sobre o tema “Mentira” em seu Pós-Doutorado na PUC-RJ, a autora
deste autêntico “guia contra a farsa”, esclarece didaticamente todos os gestos, expressões e comportamentos que revelam uma
mentira, enriquecendo sua narrativa com exemplos do cotidiano. O
leitor também poderá praticar atividades que o ajudem a identificar
uma mentira oriunda de qualquer interlocutor.
EXPEDIENTE
Grupo LET Recursos Humanos
Matriz
Centro Empresarial Barra Shopping
Revista
News
Av. das Américas 4.200, Bloco 09, salas 302A, 308-A, 309-A – Rio de Janeiro – RJ
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Publicação bimestral– Setembro / Outubro 2007
Ano I – Nº 05 – Tiragem 1.500 exemplares
Jornalista responsável (redação e edição):
Alexandre Peconick (Comunicação
Filial São Paulo - Rua James Watt 84,
Grupo LET) - Mtb 17.889 / e-mail para
2º andar - Brooklin – Cep: 04576-050 -São
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Paulo (SP) – Tel: (11) 5505-2509
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Diretor Executivo: Joaquim Lauria
Diagramação e Arte:
Murilo Lins ([email protected])
Envie para nós suas sugestões, idéias e
críticas e leia as respostas às suas
solicitações no site www.grupolet.com
Impressão: Walprint Gráfica e Editora Ltda.
Diretor Adjunto: Kryssiam Lauria
Endereço: Rua Frei Jaboatão 295,
Planejamento: Guilherme Vidal
Bonssucesso – Rio de Janeiro – RJ
Comercial: Julio César Mauro
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E-mail: [email protected]
Tel: (21) 2209-1717
Capa: Erik Barros Pinto
ENTREVISTA / CAPA
Foto: Erik Barros Pinto
ENTREVISTA ESPECIAL
HELOISA MACHADO
TV Globo
Os "segredos” da
Profissional de 2007 no
RH do Rio de Janeiro.
H
á quase 15 anos Heloisa
Machado chegou à TV Globo para participar da condução de um ambicioso e estimulante projeto de mudança cultural
e estrutural da Emissora. Incluía (e
ainda inclui) renovação de lideranças, criação de programa de comunicação interna e a construção de
uma mentalidade de entertainment
business com foco em qualidade.
Ao lado de Marluce Dias da Silva,
Assessora da Presidência, a Diretora da Divisão de Desenvolvimento
e Benefícios da Central Globo de
Pesquisa e Recursos Humanos implantou o PGP (Programa de Gestão Participativa) que, entre outras
formas de atuação, utilizou comitês
internos para reformular processos
e a produção.
Os sucessos de hoje, frutos do
trabalho iniciado em 1993, tiveram
influência do “líder inspirador” Érico
Magalhães, Diretor da Central Globo
de Pesquisa e Recursos Humanos.
Heloisa conquistou em dezembro
de 2007, aos 53 anos de idade, 31
de carreira, o Prêmio de Gestão de
Pessoas Luiz Carlos Campos como
a “Profissional do Ano de RH” concedido pela ABRH-RJ.
Casada com seu ex-professor de
Desenvolvimento Econômico e Social
na EBAPE (Escola Brasileira de Administração Pública e Empresarial da
FGV), Tjerk Franken e mãe de quatro
filhos, ela define a turma com a qual
estudou e se graduou em Administração e seus mestres como os alicerces
de uma sólida carreira. “A turma de
1976 foi uma boa safra de vinho, que
cresceu com ambições de participar
da construção de um Brasil melhor”,
define Heloisa.
Antes da TV Globo, Heloisa atuou
no BNDES, onde começou a carreira
como estagiária; depois na Casa da
Moeda; Interbrás e IBAM (Instituto
Brasileiro de Administração Municipal). Na TV Globo responde pelas
atividades de recrutamento, seleção e
desenvolvimento de RH; comunicação
interna; integração e desenvolvimento
organizacional; benefícios; programas
de qualidade de vida; apoio ao elenco;
assistência social e voluntariado interno. Não à toa figurou em 2006 entre
os 10 RHs Mais Admirados do Brasil
segundo o site Gestão RH Online.
NEWSLET – Como o RH entrou em
sua vida?
Heloisa Machado – Não tinha clareza de fazer RH quando estava na
faculdade, mas quando entrei no BNDES (aos 21 anos) assisti a uma paJaneiro / Fevereiro | 2008 | 3
ENTREVISTA / CAPA
lestra de possibilidades de trabalho,
momento em que o RH se abriu como
opção imediata. Mas precisava ser
escolhida para esta área e tive essa
sorte.
NEWSLET – Por que você foi eleita a
Profissional do Ano 2007 em RH no
Rio de Janeiro?
Heloisa Machado – Creio que pelos resultados de um longo processo
de “plantio” e “maturação” de idéias
e projetos que formam, hoje, um escopo sólido de trabalho. Tivemos na
TV Globo ações importantes que mexeram com a gestão de competências
da empresa e reformularam sua estratégia para se trabalhar com valores
mais concretos. 2007 foi tempo de colheita desses resultados.
NEWSLET – A cultura TV Globo deve
realmente ser sempre repensada?
Heloisa Machado – Sim, permanentemente. Temos uma cultura forte com
alguns aspectos já no DNA e outros
que precisam ser freqüentemente revistos. Temos em nosso DNA a questão da qualidade, a crença no talento
e da inovação como fundamentais. Só
que temos que repensar o processo
de gestão para a produção de conteúdo em multiplataforma - além da TV
aberta, pensar em TV fechada, Internet, celular etc. A tecnologia nos impacta, o nosso cliente se transforma...
E temos que nos adaptar para atender
a estas novas demandas.
NEWSLET – O tema Responsabilidade Social vem ganhando mais
força na TV Globo. O RH tem cada
vez mais responsabilidade nesse
trabalho?
Heloisa Machado – Certamente!
Sem o RH envolver o corpo interno da
empresa não se faz um bom trabalho
4 | Janeiro / Fevereiro | 2008
de responsabilidade social fora dela
porque os próprios colaboradores da
empresa serão seus melhores divulgadores e realizadores dos projetos
sociais. A TV Globo sempre se envolveu em Responsabilidade Social, mas
demos uma acelerada no sentido de
refletir esses projetos internamente.
Temos hoje no RH uma estrutura que
abre portas a quem deseja ser voluntário e ter apoio em suas ações.
NEWSLET - Como tem sido o envolvimento dos líderes da empresa nas
ações de RH e qual é o relacionamento que você tem com eles?
“O bom gestor de pessoas
deve ser, sobretudo,
excelente prestador de
serviços, mas também
um agente de mudanças
e parceiro nos negócios
da empresa”
Heloisa Machado – Trabalhamos
muito em comitês e com a crença de
que não adianta termos o melhor material de divulgação se a comunicação
interna não se fizer prioritariamente
por meio dos líderes. Com a chegada da TV digital montamos o Fórum
Digital com a participação ativa do
Fernando Bittencourt, nosso Diretor
de Engenharia e ícone nacional nesta
área. Precisamos saber mostrar para
a sociedade tudo o que será a TV digital e quais serão os seus benefícios. E
isto exige mudança interna. Para esse
conjunto de ações o papel das lideranças foi fundamental.
NEWSLET – O que é hoje ser um
bom gestor de pessoas?
Heloisa Machado – A primeira dica
é que um bom gestor tem que ser excelente prestador de serviços, porque
nós, em RH, prestamos uma série de-
les. Excelente é ser o melhor em qualidade e produtividade. Também deve
ser agente de mudanças. Para tal, é
necessário que se trabalhe na cultura
da empresa, olhando para onde estamos indo e criando mecanismos para
a adaptação permanente. E finalmente, o gestor deve ser parceiro de negócios: entender do negócio e contribuir
para a estratégia da empresa. Um papel não diminui e nem exclui o outros;
eles são complementares.
NEWSLET – Conte sua última experiência de aprendizado e a aplicação
prática deste...
Heloisa Machado – Destacaria um
workshop de trabalho com as lideranças no jornalismo da editoria Rio.
Discutimos o perfil das lideranças
nos aspectos de RH, saindo da praticidade diária do jornalismo-notícia.
As lideranças adoraram discutir, por
exemplo, “como se cria uma equipe
de trabalho coesa” e compreenderam
que se trabalharem questões comportamentais em seu dia a dia colherão
melhores resultados como jornalistas
(para si) e para a empresa.
NEWSLET – Quais são os seus maiores desafios neste ano de 2008?
Heloisa Machado – Ampliar a
nossa atuação como agente de mudanças com a finalidade de preparar a TV Globo para o novo mercado da TV digital e da convergência
de mídias. Outro desafio será o de
estarmos mais próximos das áreas,
como parceiro de negócios. Devemos entender a demanda de cada
um atuando de forma estratégica em
pontos nevrálgicos, como mudanças culturais, desenvolvimento e reconhecimento de talentos, sucessão
de lideranças, divulgação de macrotendências, entre outros.
PARCEIROS LET
QUALITYMARK
Livros de RH são ponte para sucesso no mercado
O
mercado editorial de livros
tem dado contribuições
importantes para aproximar o profissional recém
formado do mercado de trabalho, seja
provendo-lhe de ferramentas necessárias para estar ambientado ou aprimorando as qualidades dos gestores
que irão prepará-lo. E dentro desse nicho a Editora Qualitymark, parceira do
Grupo LET, é uma referência imediata
para as publicações de Recursos Humanos que incluem a gestão empresarial e o empreendedorismo.
De acordo com o Presidente da
Qualitymark, Saidul Mahomed, “ao
adquirir um livro de RH, um estudante agrega muito valor ao que aprende
na sala de aula uma vez que ganha a
oportunidade de fala a mesma linguagem do mercado; a leitura ainda é uma
das melhores formas de se investir na
própria empregabilidade”, assegura.
O maior exemplo parte de grandes líderes e executivos de multinacionais,
assíduos leitores dos temas abaixo.
“Uma de nossas novidades para
2008 é um manual sobre Investigação
Apreciativa, uma ferramenta poderosa no processo de implementação
de mudanças de forma positiva”, revela Mahomed, que este ano também
pretende consolidar a promoção de
livros e autores nacionais em outros
países de língua portuguesa.
Nunca se editor tanto livro de RH
como agora. “Os desafios cotidianos exigem leitura”, justifica Mahomed. Temas como “Competências”,
“Gestão de clima”, “Capital Moral”,
“Fazer e acontecer”, “Cargos e salários”, “Proatividade”, “Talento”,
“Carreira”, “Treinamento”, “Coaching”, “Liderança”, entre outros
compõe um leque interessante de
fontes que tem trazido muito conteúdo ao catálogo desta editora, que
gentilmente cede obras para nosso
conteúdo informativo e capacitação
de profissionais. O Grupo LET irá
lançar em breve dentro de sua matriz uma biblioteca com tudo o que
há de melhor nos conhecimentos
de Recursos Humanos. “Estamos
muito contentes com esta parceria”,
define Mahomed.
APRENDA
A LANÇAR
O SEU LIVRO
V
ocê considera que tem uma boa
obra literária para dividir com o público e gerar conhecimento? Se quiser
publicá-la, eis aqui o passo a passo:
- O candidato entra em contato com a
editora (www.qualitymark.com.br no
link Autores), deixa claro seu interesse
e envia seu original para uma avaliação
prévia que analisa a clareza na exposição do tema, a consistência do conteúdo e a sinergia com o mercado.
- Aprovado o original a editora faz um
estudo de viabilidade (se a obra tem
bom potencial de venda).
- Acerta-se a data do lançamento (Qualitymark cuida de todos os detalhes de
revisão, edição e impressão).
- Autor se coloca à disposição da editora para promoção do livro.
- Autor recebe 10% sobre o preço do
livro na vendagem.
Janeiro / Fevereiro | 2008 | 5
TUDO O QUE
VOCÊ PRECISA
SABER SOBRE UM...
Foto: Alexandre Peconick
MERCADO DE TRABALHO
CURRÍCULO!
Olho clínico
Nenhum detalhe
escapa à análise
da Analista de RH
da Casa e Vídeo
(cliente do Grupo LET),
Mariana Vazquez
O
número de empregos
em 2007 (formais e informais) aumentou e esta
tendência também deve
se verificar em 2008. Em contrapartida o número de candidatos aumenta
em proporção bem maior, o que deixa
claro a necessidade atual: ser competitivo. Essa disputa pela vaga de trabalho já começa com o currículo, que a
cada momento exige mais elaboração
e mudanças.
É importante o candidato a um trabalho em qualquer área ter em mente
que um currículo é a sua impressão
digital para o mundo. Somente este
aspecto demonstra o quanto é grave
mentir em um currículo, este, aliás, é
o fator levantado por nove entre dez
consultores de RH para explicar a
eliminação de um candidato em processo seletivo. Depois de impressão
6 | Janeiro / Fevereiro | 2008
digital, currículo também é cartão de
visitas, devendo expor apenas os
dados principais do candidato para
aquela vaga específica, sem adjetivos
e superlativos.
O restante será dito na entrevista. “Nós Analistas de RH pensamos,
se alguém mente no currículo o que
pode fazer se chegar até a empresa?!
E na seleção por competência os mínimos detalhes do currículo são identificados; por isso é importante, para
começar, inserir corretamente data de
entrada e saída dos cargos que ocupou (ao menos o mês e ano)”, explica
Mariana Vazquez, Analista de Recrutamento e Seleção da Casa e Vídeo
(cliente do Grupo LET), uma de nossas fontes desta reportagem.
As Analistas de RH do Grupo LET,
Silvia Souza (Coordenadora), Gabriela
Medina e Gabriela Canella confirmam
esse raciocínio e acrescentam que
um currículo bem elaborado é meio
caminho andado para a aprovação
do candidato na entrevista, pois estas informações ajudam a Analista de
RH a preparar perguntas específicas
para aquele candidato já focadas no
perfil do cargo. “O currículo preciso
ajuda o recrutador a direcionar a entrevista, facilitando o casamento entre
candidato e vaga”, esclarece Gabriela
Medina. Exatamente por isso jamais
o candidato deve “disparar” o mesmo currículo para todas as vagas; ao
contrário, deve elaborar um para cada
vaga, imaginando que o ato de fazer
currículo já faz parte de seu trabalho,
praticando-o com disciplina e ética.
Organização, capacidade de síntese, auto-conhecimento, ética e simplicidade são algumas das ferramentas
positivas que um currículo bem elabo-
Foto: Site Sxc.hu
MERCADO DE TRABALHO
O momento e o
endereço eletrônico
corretos para se
enviar um currículo
por e-mail devem
ser cuidadosamente
pensados
rado pode revelar sobre o profissional
que o assina. Porém, não se pode préjulgar ninguém apenas pelo currículo.
“Um currículo pode não estar perfeito
e até apresentar problemas, mas às
vezes revela um ou dois sinais de que
aquele é o profissional certo para a
vaga que eu quero; nesse caso relevo
os problemas e chamo a pessoa apenas para conferir os pontos positivos
apresentados”, afirma Silvia Souza
do Grupo LET. O que pode ser esse
ponto positivo? Foco, objetivo. Se o
objetivo da pessoa está colocado corretamente, ela acaba de dar um passo
adiante.
“Objetivo não é liderar equipes, não
é aprimorar conhecimentos, não é interagir em grupo, não é ser pro ativo
e desenvolver projetos; muita gente
coloca isso e entra pelo cano; objetivo é tão somente a função, cargo ou
mesmo a área específica na qual você
deseja trabalhar”, orienta Silvia.
Pessoas “bem informadas” ainda
não sabem, mas muitas empresas
confiam às consultorias o seu recebimento, triagem e entrevista de
conferência de currículos. No Grupo
LET a triagem de currículos abrange
três etapas: o recebimento e análise
do currículo; a ligação telefônica para
confirmar dados do currículo ou para
perguntar algo que não tenha ficado
muito claro e a entrevista pessoal para
bater as informações do candidato e o
perfil da vaga com as informações do
currículo.
Analistas de RH admitem que hoje
há dificuldades para se achar bons
currículos. Mesmo pessoas com excelente nível cultural se perdem muito.
“Hoje os gestores têm muito pouco
tempo para ler currículos, então querem ver os resultados dos candidatos
em trabalhos anteriores, que devem
ser expressos em frases curtas; como
por exemplo: ´Implantei o Projeto Y na
data X pelo qual reduzi durante dois
anos em W% o custo da Empresa Z´
ou ainda ´Criei o sistema X que gerou
impacto X da empresa, beneficiando
as áreas P e Q que puderam verificar
expansão de seus negócios´”, ensina
Mariana Vazquez, que na Casa e Vídeo valoriza muito um bom currículo
também para promoções internas.
A lei da oferta e da procura deve ser
pensada por quem envia currículos.
Currículos devem ser enviados para
empresas ou que oferecem vagas ou
com potencial de aproveitamento para
o objetivo que você quer. Do contrário,
é perda de tempo. Qualquer época do
ano é boa para se enviar currículos,
porque o negócio das empresas varia muito; mas o mês de março é em
geral aquele em que se verifica maior
leitura e aproveitamento desse tipo de
documento profissional. Sempre que
13
PECADOS NOS
CURRÍCULOS – SE LHE
OCORREU ALGO PARECIDO
JÁ SABE POR QUE O SEU
FOI ENGAVETADO
OU PASSADO ADIANTE...
• Não colocar competências no currículo – Isso deve ser verificado apenas
na entrevista.
• Se não for pedido não inserir pretensão
salarial e se for pedido procure pesquisar
qual a realidade da folha de pagamentos
daquela empresa. Colocar um valor bem
acima do que aquele cargo paga ou do
que aquela empresa pode pagar é fator
de eliminação.
• Foto em currículo – Não coloque. Salvo
se for expressamente solicitado ou para
cargos do tipo Recepcionista de Feiras
e Eventos, Secretária Executiva e outros
nos quais a aparência seja relevante.
• Não coloque que tem “inglês fluente”
se você não falar, escrever, ler e traduzir
com absoluta perfeição. Isso será checado no processo seletivo.
• Falta de informações sobre os cargos
(descrição do significado e abrangência)
e sobre trabalhos realizados.
• Erro e/ou incoerência nas datas de entrada a saída dos trabalhos anteriores.
• Repetição excessiva de palavras – demonstra que você não é capaz de sintetizar e de se concentrar.
• Currículos coloridos e com fotos descontraídas – total falta de adequação aos
objetivos.
• Erros grosseiros de português – gramaticais, de concordância, de grafia de
palavras – todos são inaceitáveis salvo
para um cargo operacional de nível muito básico.
• Falta de objetividade e/ou de clareza no
texto – confunde o recrutador e afasta o
candidato da vaga.
• Currículos com texto corrido, sem padronização em tópicos.
• Erros nas datas
• Uso de gírias, de adjetivos e de superlativos.
Janeiro / Fevereiro | 2008 | 7
MERCADO DE TRABALHO
Padrão de qualidade
As Analistas de RH do Grupo
LET dispõem das mais modernas
ferramentas e técnicas para triar,
com velocidade e qualidade,
centenas de currículos por semana
puder prefira enviar currículos por email ao invés de imprimir e deixar na
empresa. Não esqueça de colocar no
assunto do e-mail o nome da vaga ou
do cargo para o qual está pretendendo concorrer.
Dois outros pontos fundamentais:
primeiro; se você conhece o perfil
da vaga para a qual está enviando o
currículo tenha antes a certeza de que
preenche exatamente esse perfil; segundo, se sabe o nome da empresa
entre no site dela e pesquise seus negócios, sua linha de ação, faça uma
autocrítica e veja se você combina
com esta empresa.
Mas currículo também é rótulo. Visualmente um bom currículo deve ter
uma (ou no máximo duas páginas),
ser digitado e impresso em computador, com letra fácil de se ler (Arial,
Trebuchet e Verdana são boas famí8 | Janeiro / Fevereiro | 2008
É importante saber
que um currículo é a
sua impressão digital
para o mundo
lias de letras), em corpo 12, em preto
e branco, com espaçamento de uma
linha entre cada tópico descrito.
Estilisticamente deve conter frases
curtas, sem abreviações, juízos de valor e muito menos erros de português.
Por isso, ao terminar de escrever um
currículo, peça a alguém com bom
nível de erudição para lê-lo pausadamente e corrigi-lo se necessário.
Muito cuidado na hora de escolher
para quem na empresa você envia o
currículo. Procure o e-mail ou endereço da área de Recursos Humanos
desta empresa, principalmente se for
de médio para grande porte. “Em boa
parte das empresas o RH tem ampla
autonomia sobre admissões e os diretores e presidentes pouco tempo têm
de se dedicar aos currículos”, justifica
Mariana Vazquez da Casa e Vídeo.
Mariana explica o foco no currículo
de um candidato também é identificado pelo recrutador ao ler os campos
“Experiência Profissional” e “Formação”. Conhecer o mercado e entender
qual é o perfil de profissional que tem
demanda na área dele é o exemplo
de um candidato que saberá usar seu
foco em um currículo. Como? Se for
um candidato à área de vendas ele só
vai descrever trabalhos que desenvolveu nesta área ou, se não os tiver,
trabalhos cujas habilidades impactem
positivamente para esta área. “Da
mesma forma no item Formação, se
o candidato é da área Comercial deve
incluir no currículo apenas cursos relevantes como Negociação, Técnicas
de Venda, Marketing, Varejo, entre outros; não precisa dizer que tem cursos
de fotografia, etiqueta e postura, ou
que fez MBA em Direito”, assegura a
Analista de RH da Casa e Vídeo.
Esteja você na posição de quem lê
ou de quem envia um currículo é interessante ter noção exata do passo a
passo de como fazer este documento,
com todos os itens descritos em tópicos. O início de tudo é o item “Dados
Pessoais” que deve conter bem visíveis, nome, endereço completo, todos os telefones pelos quais se pode
entrar em contato com a pessoa, data
de nascimento e o e-mail que ela mais
usa (de preferência diariamente). Mais
nada aqui. Esqueça coisas como número de documentos, nome dos pais
e estado civil. O item seguinte “Formação” deve ser preenchido conforme o
perfil da vaga casado com o do candidato. Ou seja, se ambos forem de nível superior é desnecessário colocar
no currículo o colégio que cursou 1º
MERCADO DE TRABALHO
e 2º grau. Inclua MBA apenas se for
interessante ao cargo que pretende.
Nesse campo é comum o exagero de relacionar várias palestras e
workshops com medo de ser eliminado só por não ter feito uma pósgraduação ou MBA. “Apenas incluam
palestras e workshops com temas intimamente ligados ao cargo pretendido”, pede Gabriela Medina, do Grupo
LET. Cursos de extensão apenas devem ser inseridos se tiverem sido concluídos. De acordo com Mariana Vazquez, a data dos cursos (dependendo
do cargo pretendido) é um fator de
triagem, pois irá mostrar se o candidato costuma se atualizar em sua área.
Em “Experiência Profissional”,
você pode até dizer que “tem 15 anos
de carreira”, mas inclua apenas um resumo de suas qualificações (da mais
recente para a mais antiga) que possa
explicar ao RH porque você é um profissional adequado para aquela vaga.
Se vai usar termos específicos de sua
área, como “auditoria”, “analista”,
“press release”, explique em poucas
palavras: “auditoria do quê?”, “analista de quê”, “o que é press release?”.
Se não tiver experiência naquela área
(exemplo: TI - Tecnologia da Informação) deve colocar experiências que
demonstrem competências semelhantes às de TI.
Crescimento profissional. São
duas palavras chaves para definir um
currículo atrativo em uma carreira recheada de grandes experiências que
se adeqüam exatamente ao cargo que
pretendido. “Uma pessoa com amplo
histórico de trabalhos no mesmo foco
da vaga deve priorizar aqueles que
trouxeram crescimento profissional a
si e a alguém, o que significa aprendizado, projeção no mercado, encarreiramento ou promoção”, explica
Gabriela Medina do Grupo LET acrescentando que trabalhos pontuais de
ELES SABEM
O QUE FAZER COM
SEUS CURRÍCULOS...
Há candidatos que se mostram competitivos com seus currículos. NEWSLET traz dois deles, captados em processos seletivos que acontecem no
Grupo LET.
prestação de serviços podem ser citados no item “Outras atividades”.
Também polêmica para muitos é
a questão de se fazer um currículo
competitivo se o candidato está há
algum tempo afastado do mercado.
Como se sair dessa? Para a Analista de RH do Grupo LET, Gabriela
Canella, nem sempre é negativo ter
ficado fora do mercado, mesmo porque às vezes o motivo é uma mudança de cidade, um acidente sofrido ou
uma opção temporária pela maternidade, entre outros. “Se você esteve
fora do mercado é interessante citar o motivo real, além de destacar
o que fez durante esse tempo, por
exemplo, algum curso ou workshop
interessante, cujo conteúdo é importante para a vaga a qual está concorrendo; pois quem recruta busca
identificação da pessoa com o trabalho em questão”, justifica.
Preencher currículos pela Internet
tem sido outra tarefa que ocupa boa
parte do tempo de quem está ou não
trabalhando ativamente. Os currículos
de site têm campos limitados que exigem descrição precisa das atividades
e atualização constante de dados.
Tome muito cuidado para não esquecer informações básicas sobre os trabalhos realizados, como descrição de
funções e resultados obtidos.
De forma geral um currículo é como
um filho: deve ser elaborado com calma, carinho, dedicação e plena consciência de seu futuro.
Nelson Fernando Henry Luz tem 30
anos é casado, graduado em Ciências
Contábeis e no momento desta entrevista
concorria a uma vaga de Auditor Fiscal.
“Mesmo estando trabalhando entendo
que é sempre importante enviar currículos. Tenho um currículo padrão e de
acordo com os pré-requisitos de cada
vaga eu vou fazendo adaptações para
deixá-lo ideal. Envio sempre por e-mail e
entro bastante em sites das consultorias
de Recursos Humanos para ver o perfil
das vagas. O currículo é a nossa vitrine
e temos que dar importância total a ele
em um processo seletivo. Sem ele, com
tudo certinho, não conquisto a vaga.”
Vivian Rodrigues tem 22 anos é solteira, cursa o 3º período de administração e no momento desta entrevista
concorria a uma vaga de Técnico Administrativo Financeiro.
“Quando estou procurando emprego
envio cerca de 20 currículos por mês para
agências e faço cadastro em sites de empregos. Meu currículo geralmente tem menos de uma página e define logo o que eu
quero naquela empresa ou naquela vaga.
Busco setores financeiros de empresas
grandes que exijam o inglês e espanhol
fluentes. Por isso enfatizo minhas competências com idiomas. Para conquistar o
meu último emprego senti que o currículo
bem elaborado foi decisivo.”
Janeiro / Fevereiro | 2008 | 9
CASE – RESPONSABILIDADE SOCIAL
Oportunidade
A Gerente Cida teve o
primeiro emprego no
Bob´s e agora transmite
sua experiência
ao jovem Atendente
Djavan que também
ganhou nesta rede de
fast food a primeira
oportunidade
no mercado
Profissionais?! Rede de Fast Food
Bob´s forma CIDADÃOS
C
onhecimentos básicos
de etiqueta, higiene, relacionamento com o público, hierarquia e bom
linguajar são legados da rede de fast
food Bob´s a jovens que chegam
para aprender a lidar com o mundo
profissional. “Eles buscam seu primeiro emprego; nós fazemos mais,
lhes damos cidadania; afinal realizar
atividades sociais está em nossa
10 | Janeiro / Fevereiro | 2008
DNA, ninguém nos verá distribuindo
sanduíches, mas sim dando meio
aos cidadãos para que eles possam
adquirir suas refeições, sua saúde e sua cultura”, enfatiza Geraldo
Gonçalves, Diretor de Recursos Humanos do Bob´s, cliente do Grupo
LET. A empresa foi em 2007 uma das
maiores contratadoras de primeiro
emprego do país com a criação de
cerca de 8 mil novos postos de tra-
balho, todos com carteira assinada
e benefícios.
Para 2008 a tendência é diversificar oportunidades no Programa Primeiro Emprego, a menina dos olhos
desta rede fast food criada em 1952
pelo tenista americano radicado no
Brasil Robert Falkenburg. Por isso o
RH da empresa assinou um projeto
com o Governo do Estado do Rio
de Janeiro para aproveitar nas lojas
CASE – RESPONSABILIDADE SOCIAL
Bob´s jovens que estão em situação
de risco nas ruas ou que enfrentam
em casa problemas domésticos
– pai alcoólatra que bate na mãe,
pais doentes, entre outros. “O governo recolhe jovens de rua, coloca
em abrigos, mas não tem como empregá-los; dentro de nossa demanda de expansão nós faremos isso,
incrementando neste ano nossa percepção do que a sociedade precisa”
revela Geraldo, que está há 18 anos
no Bob´s.
Mesmo período em que trabalha
na empresa a Gerente do Bob´s Carrefour, Maria Aparecida de Almeida,
a Cida, que aos 36 anos é hoje uma
das responsáveis pelo treinamento
dos novos funcionários. “Tudo o que
sou profissionalmente devo à empresa, entrei aqui aos 18 anos, sem
nenhuma experiência, mas com muita vontade de crescer e ajudar minha
família, hoje o trabalho de abrir portas aos jovens me motiva demais,
me vejo um pouco neles”, afirma
Cida, que teve 30% do valor de seu
curso superior de Pedagogia financiado pelo Bob´s. Motivada a evoluir
ela já está cursando pós graduação
em Gestão de RH.
De acordo com os números da
empresa, Cida está entre os 95% de
gerentes que tiveram seu primeiro
emprego e fizeram carreira no Bob´s.
A empresa não tem head hunter e
acredita no desenvolvimento de talentos. Em qualquer uma das quatro
lojas que também são escolas-treinamento duas horas antes da abertura
ao público os funcionários passam
por dinâmicas de grupo, assistem a
vídeo e recebem as tarefas do dia.
Esta rede brasileira de fast food dá
ampla flexibilidade de horário e beneficia seus funcionários com financiamento de cursos universitários, técnicos, cursos de línguas, workshops
e palestras. “Não exigimos experiência, queremos motivação e comprometimento para formar pessoas que
saibam andar no mercado com suas
próprias pernas”, esclarece o Diretor de RH da empresa que em 2006
foi classificada como a 2ª melhor do
Brasil para se trabalhar no setor de
varejo e supermercados de acordo
com o ranking da revista Dinheiro.
E há na empresa a consciência de
que nem todos vão fazer carreira em
fast food, mesmo porque no encarreiramento existe uma pirâmide que
limita o número de vagas para Monitores e Gerentes, cargos logo acima
do Atendente. A todo momento há
novos grupos de jovens chegando
ao Bob´s, alguns deles com dificuldades em se adaptar ao cumprimento de horários, hierarquias e pressões de produção. Eles recebem 30
dias de um paciente treinamento no
qual passam por todas as seções
da loja (atendimento, caixa, limpe-
za, manutenção de produtos etc). O
aproveitamento é sempre superior a
80%.
Um exemplo de desenvolvimento humano é o de Djavan Santos
de Jesus, de 17 anos, Atendente do
Bob´s Carrefour. Há apenas cinco
meses na empresa ele revela que
o treinamento e o dia a dia de Atendente o ajudaram muito a aumentar
sua confiança em si mesmo e o interesse pelo trabalho. “Aqui aprendi
a tratar bem o público e a ter força
de superação; quero fazer carreira e
um dia entrar na universidade”, sonha ele que cursa o primeiro ano do
ensino médio.
Outro fator curioso do Programa
Primeiro Emprego é que no Bob´s
ele não abrange apenas os jovens
em idade, mas também os “jovens de
espírito”. Algumas donas de casa que
nunca tiveram um trabalho formal na
vida se descobrem úteis à sociedade
após os 50 anos de idade.
O Diretor de RH
do Bob´s Geraldo
Gonçalves revela
que em 2008 o Bob´s
está ampliando seu
programa Primeiro
Emprego aos jovens
tidos como “em
situação de risco”
Janeiro / Fevereiro | 2008 | 11
PERSONAGEM
TANDE
“Fome de
desafios é
combustível
para gerenciar
mudanças”
N
o princípio era a frase: “Tá
difícil? Bota a bola na ponta
que o Tande vira!”. O talento de Alexandre Ramos Samuel, ou
Tande, aflorou ainda aos 22 anos,
quando ele conquistava a medalha
de ouro pela seleção brasileira de
vôlei nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992). Depois vieram outras
vitórias no vôlei italiano e na praia
– onde foi campeão mundial em
2001. Mas este carioca de 37 anos,
casado com a atriz Lisandra Souto
e pai de Yasmim (8) e Yago (4), desenvolveu uma habilidade maior: a
de perseguir e superar desafios.
Hoje ele ouve e se dá muito bem
com frases do tipo “desce uma batata doce orgânica com suflê de
chuchu e filé orgânico”. Com um
sorriso de orelha a orelha, superou
com planejamento e determinação
a gestão da mudança de negócios.
Dono de três restaurantes (em breve
serão cinco e mais uma cozinha especial para higienização de alimentos) treinou gerentes com a filosofia
da prioridade ao cliente. E ainda
tem uma academia de ginástica.
Em meio a isso tudo aceita convites dos usuais aos exóticos: co12 | Janeiro / Fevereiro | 2008
mentarista de TV, dançarino no gelo,
participante de gincanas da Xuxa e
muito mais. NEWSLET pede a ele
um desafio mais simples: explicar
como fazer gestão da mudança em
nível competitivo.
NEWSLET - Qual foi o principal fator para você com tão pouca idade
chegar à medalha de ouro olímpica
em Barcelona (1992)?
Tande – Sonho, mais união, talento
e motivação crescendo no momento mais importante da competição.
A divisão de tarefas no grupo de
Barcelona (1992) era perfeita. Outra
coisa: saímos do Brasil sem cobrança. O 4º lugar seria título para nós.
E fomos além.
NEWSLET - Mas depois disso vieram as pressões, ali você aprendeu muito?
Tande – Sem dúvida. Não nos preparamos para as cobranças que vieram na Olimpíada seguinte (Atlanta 1996). Temos que treinar para
agüentar pressões. Passei a treinar
muito mais. Por isso eu adorava os
finais dos jogos, aquele detalhe final, o ponto decisivo. Preparavame para não deixar o cansaço me
abater; ao contrário, aprimorava a
minha concentração naqueles momentos. Quanto mais dificuldade
mais eu gostava. Em uma empresa
o líder deve também saber avaliar
com quem ele mais pode contar na
hora da dificuldade.
PERSONAGEM
NEWSLET - Que ensinamentos
você trouxa das quadras para o
mundo dos negócios?
NEWSLET – A constante mudança
te ensinou a não deslizar nos negócios?
Tande – A visão estratégica do jogo,
espírito de equipe antenado no foco,
mas primordialmente o profissionalismo com disciplina. Se você não tiver
objetivo e nele não traçar tarefas e o
tempo certo para cumpri-las não vai
realizar negócios. E sempre tive muito vivo na minha cabeça o estado de
alerta para querer planejar o que iria
fazer quando parasse de jogar vôlei.
Temos que estar em estado de alerta,
planejando o próximo passo.
Tande – Com certeza! Adoro desafios! Todas as minhas mudanças foram movidas a desafios. Quando saí
das quadras para a praia, estava sem
patrocínio. Corria atrás dos desafios
na maioria das vezes e nunca tive
medo deles, ao contrário, sempre tive
a gana de combatê-los. O segredo
para vencer todos os desafios está
na garra de treinar sempre melhor,
sempre com mais vontade.
NEWSLET – Fale nos sobre seu
aprendizado com a cultura da Itália, onde você morou...
Tande – Trouxe profissionalismo
extremo. Lá eles te dão todas as
condições de trabalhar, te recompensam com tudo, mas cobram até
o limite. Ninguém se importa em ser
cobrado se é bem recompensado.
Em alto nível de performance temos
que estar acostumados e até exigirmos ser cobrados.
NEWSLET – Mas você rodou o
mundo e também aprendeu com
outras culturas...
Tande – Muito. Me adaptei, por
exemplo, a não jogar lixo no chão
que parece uma coisa incrível, mas
aqui no Brasil quase todo mundo
joga o tempo inteiro. Aprendi com
os orientais uma cordialidade ímpar, você respeitar a pessoa quem
quer que ela seja, ocupe o cargo
que ocupar. Também aprendi o valor de boas parcerias; não adianta
eu ser bom demais em algo que
faço se quem é meu sócio não me
completa ou me atrapalha.
NEWSLET – Em que momento surge o desafio de gerenciar um restaurante?
Tande – Mesmo jogando vôlei planejava a mudança. Se tudo está muito bem, esta é a hora para pensar
em mudança. Tinha 27 anos quando
pensei em assumir um restaurante.
Estava no auge da carreira. O ideal
para um empreendedor é saber escolher onde investir, que ele procure
se preparar muito antes de entrar no
negócio, estudando sobre aquele assunto e tendo a sorte e/ou a competência de escolher bons parceiros.
NEWSLET – Como é o Tande com
os seus funcionários?
Tande – Dou descontos em plano de
saúde e me preocupo com a qualidade de vida deles, mas cobro profissionalismo. Fora do ambiente de trabalho
adoro ser amigo, bater papo; mas lá
dentro o assunto é trabalho. Temos
que separar o lado informal do lado
profissional. Aqui no Brasil as pessoas em geral misturam o lado pessoal
com os negócios. Se você brigou em
casa, o problema é seu, não traga isso
para o ambiente de trabalho. Seja cor-
dial com o colega de trabalho e deixe
problemas em casa.
NEWSLET – Você tem a sua equipe
na mão?
Tande – Tenho. A ponto de em um
de meus restaurantes as coisas não
andavam como eu queria; na cozinha
havia alguns empregados “chupasangue”, dispensei-os e melhoramos
o processo de seleção. Passei a investir em treinamento e em aumentar
a versatilidade de todos. Pessoas que
faziam uma coisa passaram a realizar
três diferentes.
NEWSLET – E o que você faz para
fidelizar clientes?
Tande – Ter comida de qualidade é o
primeiro ponto. Mas não apenas isso.
Uso promoções de fidelização. Na metade e no final do ano fazemos sorteios
distribuindo bicicletas e laptops. Também penso no bolso do cliente: cobro
aqui o preço de custo por um filé orgânico. O lucro vem depois da felicidade
dos clientes. Por isso temos nutricionistas que explicam valores alimentares
para os clientes montarem seus pratos
conforme as calorias que podem ingerir. Nem todos os empresários deste
setor têm essas preocupações.
NEWSLET – Como você administra
a sua rotina?
Tande – Não tendo rotina. Meu negócio é não fazer sempre as mesmas
coisas em um dia; é uma filosofia desde que meus pais faleceram. Prometi
a mim mesmo. O que faço depende
da demanda do momento. Hoje o restaurante precisa mais de mim do que
a academia? Então fico lá. Mas só
consigo isso colocando pessoas certas para trabalhar comigo.
Janeiro / Fevereiro | 2008 | 13
SAÚDE
FOBIAS, PÂNICO...
Vença mais esses obstáculos na rotina profissional
M
edo é uma reação natural a uma ameaça
real, como a de ser
seguido na rua ou sofrer um assalto. Quando este medo
tem base em algo que não apresenta risco real, surge a fobia. Quando
a fobia vem seguida de palpitação,
mal estar e dores físicas temos um
caso de pânico, ou Síndrome do
Pânico.
Cerca de 10% da população mundial sofre de alguma fobia; pode ser
medo de falar diante dos outros, de
avião, de locais com muita gente,
de mudanças ou mesmo de usar
o elevador. Em geral são pessoas
competentes, inteligentes, responsáveis e sensíveis. Fobias podem
impedir ascensões profissionais ou
contratações em empresas. Como
vencê-las?
Para a Psicoterapeuta Corporal
Márcia Bruno, uma das coordenadoras do NUNAP (Núcleo de Novas Abordagens em Psicoterapia)
quem sofre de alguma fobia deve
procurar um psiquiatra que vai lhe
prescrever medicamentos para eliminar os sintomas do problema,
mas, também não pode abrir mão
de um psicoterapeuta que vai procurar eliminar a causa. “Apenas
medicamentos minam a imunidade
não suprem a angústia da pessoa;
é necessário complementar a ação
do remédio com uma investigação
do histórico familiar, com situações
nas quais o paciente vai confrontar
seus medos, bem como massagens
terapêutica e biodinâmica, além de
treinamentos para aprimorar o nível
da respiração”, esclarece Márcia.
O processo psicoterapêutico aumenta a pulsação de vida da pessoa ao trabalhar sua motivação.
De acordo com a Psicoterapeuta
do NUNAP (www.nunap.com.br),
o primeiro passo é melhorar a respiração, pois a pessoa com medo
tensiona sua musculatura e encurta
a passagem de ar, o que restringe
DEVER DE CASA para os fóbicos
•Compre um mordedor de bebê (de borracha) e comece a morder ritmadamente;
isso irá soltar a tensão que fica na musculatura do maxilar.
•Faça regularmente os exercícios de respiração orientados pelo Psicoterapeuta.
•Pessoas com fobias ou com Síndrome
do Pânico (SP) devem investir em cami14 | Janeiro / Fevereiro | 2008
nhadas e ginástica. A ginástica libera endorfinas, que são nossos antidepressivos
naturais e aumentam nosso bem estar.
•Ioga, meditação e massagem de relaxamento também ajudam muito a quem sofre
de fobias e SP.
•Diminuir álcool e cafeína (café, chá preto,
chá mate, refrigerantes) é recomendável.
seu movimento no mundo e piora
seu sono. Há várias formas de realizar esse trabalho, como, por exemplo, usando uma bola de borracha
grande na qual a pessoa se deita de
frente (ou de costas) para alongar a
musculatura do tronco.
Em seguida vem a massagem
biodinâmica, uma via de acesso na
busca da origem da fobia. “Quem
passa pela massagem biodinâmica
começa a mudar hábitos alimentares, se questionar porque nunca fez
coisas corriqueiras como entrar no
mar, dirigir um carro, falar a várias
pessoas”, revela a Psicoterapeuta.
Conforme a pessoa vai aprofundando o tratamento, os sintomas e a
raiz do problema que trouxe a fobia
gradativamente tendem a ir embora.
Tudo depende da força de vontade
com a qual ela encara o tratamento,
que tem um mínimo dois meses de
duração, incluindo oito sessões. O
custo é personalizado e deve ser negociado com o Psicoterapeuta.
A Psicoterapeuta Márcia Bruno