Março 2010 | Revista Tempo de Agir 1
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Março 2010 | Revista Tempo de Agir 1
Março 2010 | Revista Tempo de Agir 1 Editorial O ano será de muito trabalho O ano começou muito bem para o empreendedorismo no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, 67 indústrias do setor coureiro-calçadista do Estado ocuparam o maior espaço da Couromoda - o Estande Coletivo RS - com o apoio do Sebrae/RS, fechando negócios na ordem de R$ 3,5 milhões e prospectando outros em nível nacional e internacional. O resultado se deve à qualidade do produto que os empresários expuseram no Estande Coletivo RS, chamando a atenção pela criatividade e pela inovação no uso de matérias-primas. Dentro dos limites do Estado também já houve realizações animadoras. Uma delas é a bem-sucedida iniciativa que levou o empreendedorismo à beira do mar através do Sebrae na Praia, em janeiro e fevereiro. Esta ação foi planejada para tirar proveito de uma característica que é bem típica do Rio Grande do Sul: a concentração humana que ocorre nesta época do ano na praia. Mas o ano segue. E nosso calendário está cheio de oficinas, de cursos, de palestras, de feiras e de rodadas de negócios. Em março, o Sebrae Nacional deu largada a um programa de consultoria que vai ao encontro das micro e pequenas empresas. É o Negócio a Negócio, para o qual o Sebrae/RS buscou a parceria das universidades gaúchas, com a meta de aumentar em 80 mil o número de empresas atendidas pela instituição no Rio Grande do Sul. A criação de mais 50 pontos de atendimento, igualmente através de parcerias, também desempenhará papel importante no universo de empresas que o Sebrae/RS beneficia com sua orientação. Além disso, em setembro, teremos mais uma edição da Feira do Empreendedor, que será realizada na FIERGS, e a décima nona Mercopar, em outubro, cuja preparação está acelerada para que supere os números da anterior. Paulo Fernandes Tigre Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/RS Diretor-superintendente: Marcelo de Carvalho Lopes Diretor Técnico: Marco Antônio Kappel Ribeiro Entidades que compõem o Conselho Deliberativo do Sebrae/RS: • Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A BANRISUL Titular: Fernando Guerreiro de Lemos • Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS Titular: Paulo Gilberto Fernandes Tigre (Presidente) • Caixa Econômica Federal Titular: Ruben Danilo de Albuquerque Pickrodt • Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - CIERGS Titular: André Vanoni de Godoy • Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais do Rio Grande do Sul - SEDAI Titular: Márcio Della Valle Biolchi • Banco do Brasil S/A Titular: Clênio Severio Teribele • Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Titular: José Paulo Dornelles Cairoli • Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul - FARSUL Titular: Carlos Rivaci Sperotto • Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul - FECOMÉRCIO Titular: Moacyr Schukster • Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE Titular: Luís Afonso Bermúdez • Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI/RS Titular: César Rangel Codorniz • Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul - FAPERGS Titular: Rodrigo Costa Mattos • Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR/RS Titular: Carlos Alberto Schütz • Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul - FCDL Titular:Vitor Augusto Koch • CAIXA Estadual S/A - Agência de Fomento/RS Titular: Carlos Rodolfo Hartmann Sumário 5 Capa EXPEDIENTE Negócio a Negócio. Em parceria com universidades gaúchas, o Sebrae/RS adere à campanha do Sebrae Nacional para aumentar em 80 mil o número de MPEs que atende no Estado 4 10 11 22 Chamada pública. O objetivo é selecionar 50 pontos de atendimento para desenvolver o empreendedorismo em regiões do Rio Grande do Sul onde o Sebrae ainda não tem unidades Um avanço. Sebrae lança programa para estimular o desenvolvimento da indústria de plásticos e transformar o Rio Grande do Sul em polo competitivo no setor Empreendedora. Com doces e salgados, Ignês Brochetto preparou o caminho que vai levá-la a Brasília, em abril, para concorrer ao prêmio nacional Mulher de Negócios 32 51 56 As feiras. A programação do primeiro semestre. A valorização das feiras regionais e o estímulo à participação das micro e pequenas empresas no mercado internacional Boa largada. Em ação pioneira, o empreendedorismo foi às praias gaúchas em janeiro e fevereiro. E os resultados também foram bons para os gaúchos na Couromoda Costa Doce. Sebrae/RS trabalha para estimular o turismo na região e lança livro com o roteiro do patrimônio arquitetônico de Piratini, Jaguarão, Pelotas e Rio Grande É uma publicação trimestral do Sebrae/RS e desenvolvida pela Gerência de Comunicação e Marketing. Coordenação e Edição: Maria Wagner Reportagem: César Moraes, Larissa Mamouna e Renata Cerini Estagiários: Ana Cristina Basei e Ricardo Cunha Design Gráfico, Editoração e Ilustração: Gilian Gomes Impressão: Contgraf | Tiragem: 50 mil exemplares FALE COM A REDAÇÃO: [email protected] | (51) 3216 5194 Revista Tempo de Agir | Março 2010 CONTATOS COM O SEBRAE/RS • 0800 570 0800 - atendimento gratuito de segunda a sextafeira, das 8h às 18h; • www.sebrae-rs.com.br - o visitante pode fazer download de publicações; • www.sebrae-rs.com.br/asn - Agência Sebrae de Notícias do Rio Grande do Sul; • www.sebrae.com.br - Sebrae Nacional; • Espaço Pesquisa Sebrae/RS - acervo de livros, revistas, vídeos, dicas de oportunidades de negócios enfocando Gestão Empresarial. O material pode ser consultado em todas as regionais. Em Porto Alegre, na USEn - Universidade Sebrae de Negócios, localizada na avenida Siqueira Campos, 805. De segunda a sexta-feira, das 8h às 19h. Negócio a Negócio Foto: Dudu Leal Sebrae inverte o jogo e vai à procura dos empreendedores para fazer uma radiografia abrangente dos pequenos negócios >> Março 2010 | Revista Tempo de Agir 5 Por se destacar no setor de empreendedorismo, o Estado foi escolhido pelo Sebrae Nacional para deflagrar a campanha de divulgação do novo programa - juntamente com Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Norte. Com a chamada na mídia “Agora o Sebrae vai até você”, a instituiurante o ano de 2010, o Sebrae/RS vai ção comunica que pretende fazer consultorias onde o empreendedor estiver. Uma bater à porta de micro e pequenas emdas dificuldades que este costuma relatar é, justamente, a falta de tempo para procurar presas gaúchas para diagnosticar a auxílio técnico, pois muitas vezes trabalha sozinho e desempenha diferentes funções, situação de cada uma e oferecer soluções indicomo atendimento, administração, vendas, viduais. A meta é visitar 80 mil MPEs de diferenprodução. Para um perfil desse tipo, parar tudo o que se está fazendo e sair em bustes microrregiões gaúchas, num trabalho que ca de assessoria é difícil. Um dos meios de atender a esse público é pelo telefone da conta com a parceria de instituições de ensino Central de Atendimento (0800 570 0800) superior. A previsão de realizar três visitas por do Sebrae, que já está disponível, inclusive, para os interessados em receber a consultoempresa resultará em 240 mil atendimentos graria Negócio a Negócio. D tuitos, feitos por agentes especialmente destacados para a tarefa. Esse programa recebe o nome de Negócio a Negócio e está sendo implantado no Rio Grande do Sul em parceria com universidades e com um investimento de R$ 10 milhões. 6 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Através das universidades parceiras, serão escolhidos os chamados Agentes de Orientação Empresarial, entre estudantes dos cursos de Administração, Economia, Ciências Contábeis e Engenharia, que irão desenvolver o trabalho de campo. Os alunos serão selecionados pelas próprias instituições de ensino e estarão sob o comando de supervisores. O trabalho é remunerado. No pico do processo, serão cerca de mil agentes atuando no território gaúcho. As regiões com maior perspectiva de receber consultorias são aquelas de maior concentração empresarial. Esse fator é determinado a partir dos dados anuais da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais -, do Ministério do Trabalho, e da Bússola Sebrae, instrumento de geomarketing que mostra os aglomerados de negócios em cada área. “Vamos bater na porta de cada empresa”, afirma o superintendente do Sebrae/RS, Marcelo Lopes. “Esta atitude mostra a postura do Sebrae em inverter o jogo, indo até o empreendedor, e não esperando que ele venha até nós”, explica. O universo potencial abarcado pelo Negócio a Negócio representa cerca de 11,5% do total de 692 mil MPES existentes no Estado - um percentual significativo para que se possa conhecer mais os pequenos negócios. A meta gaúcha, por sua vez, corresponde a 10% do total que o Sebrae Nacional pretende atingir no País, pois o programa é de âmbito nacional. O programa é dirigido às micro e pequenas empresas com zero até quatro funcionários e também ao Empreendedor Individual (EI), desde que esteja devidamente formalizado (o EI é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário; deve faturar no máximo até R$ 36.000,00 por ano, não ter participação em outra empresa e ter apenas um empregado contratado). A Unisinos – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, de São Leopoldo, foi a primeira instituição parceira do projeto, através do Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção e Sistemas e do Projeto Geredes. Segundo o professor e pesquisador da Unisinos Daniel Lacerda, que coordenou a fase de pré-testes, foram feitas incursões em campo, com a abordagem das micro e pequenas empresas em seus locais de funcionamento. Segundo o professor, a partir do Negócio a Negócio, são esperados bons resultados: “o Sebrae vai passar a ter uma base de dados bem ampla. As empresas atendidas, por sua vez, poderão ganhar mais competitividade, aperfeiçoando sua gestão e examinando a possibilidade de ter um empregado. Enfim, é um trabalho que tem contribuição social direta”. CADA EMPRESÁRIO RECEBERÁ TRÊS VISITAS DOS AGENTES, NUM PRAZO DE DOIS MESES E MEIO ENTRE A PRIMEIRA E A ÚLTIMA. 1 Na primeira visita, o agente faz um diagnóstico, no qual recolhe os dados básicos da empresa e estabelece a situação do negócio em três grandes áreas: planejamento, mercado e finanças. São aplicadas 37 questões direcionadas, para então se definir um plano de ação. 2 Na segunda visita, cerca de 15 dias depois, na chamada etapa devolutiva, o agente entrega o plano de ação e as ferramentas necessárias para desenvolvê-lo. Para isso, foram pensadas 24 ferramentas, abordando os itens básicos de um negócio. Muitas vezes, as sugestões apresentadas poderão ser simples, como a recomendação de usar uma planilha do programa Excel para fazer o controle de estoque em vez de recorrer a um caderno de anotações. Materiais informativos sobre gestão também poderão ser entregues, dependendo da necessidade de cada um. Os agentes vão sugerir de quatro a oito ações por empresa. 3 Na terceira e última visita, será a vez da avaliação do impacto das mudanças promovidas pelo empreendedor, a partir da assessoria técnica prestada pelo Sebrae. O agente vai verificar, in loco, se foram implementadas as ações sugeridas. E poderá mostrar o que mais a instituição tem a oferecer, como consultorias e capacitações, após finalizado o programa Negócio a Negócio. Entre a segunda e a terceira visitas, o Sebrae oferecerá algumas capacitações coletivas, para manter mobilizados os empresários já visitados. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 7 Fotos: Dudu Leal CUIDADO COM OS PONTOS FRACOS MELHORA O SUPERMERCADO Proprietário de um pequeno supermercado em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, Carlos Forgiarini da Rosa teve contato com o programa Negócio a Negócio no período de testes da metodologia. Foi visitado em seu estabelecimento por um agente que diagnosticou suas principais dificuldades e sugeriu modificações. O comerciante, de 39 anos, que há um ano e meio adquiriu o Supermercado Forgiarini, conta que a consultoria foi bastante proveitosa, pois se deparou com “perguntas bem interessantes” nos questionários, que o levaram a 8 Revista Tempo de Agir | Março 2010 examinar alguns aspectos do seu negócio e partir para mudanças. A principal lição que aprendeu no período de testes da consultoria foi que deveria fazer um levantamento do estoque (ele opera com um mix bem variado), para saber quais produtos encomendar e em que prazos. Também se deu conta de que precisava fazer uma análise dos clientes, para conhecer o potencial, e colocar alguns limites, como estabelecer datas de pagamento fixas para aqueles fregueses “de caderno”. Além disso, considerou que devia cuidar bem da parte de açougue, que é um ponto sensível, pois o produto é muito perecível. HORA DE REFORÇAR A IMAGEM DA EMPRESA MEU PONTO PRINCIPAL É O BOM ATENDIMENTO AO CLIENTE, POIS QUERO QUE ELE VOLTE SEMPRE. PENSAR APENAS NO FATOR PREÇO NÃO É TUDO Quanto à operação do supermercado, Forgiarini está seguro. O período anterior em que trabalhou como representante comercial fez com que observasse como os donos de estabelecimentos conduziam seus negócios, em que pontos tinham um diferencial e se destacavam. Guardou esses exemplos até hoje. “Meu ponto principal é o bom atendimento ao cliente, pois quero que ele volte sempre. A concorrência das grandes redes não me preocupa, pois estou focado em melhorar o meu negócio. Pensar apenas no fator preço não é tudo. A limpeza da loja também é uma grande preocupação nossa”, conta. Daqui para frente, o comerciante pensa em aumentar as vendas e, talvez, dar emprego a mais gente (tem cinco funcionários). Ele está presente em todas as funções na microempresa: “compro, vendo, limpo, atendo”. Mas considera que foi justamente esse perfil empreendedor que o levou ao patamar onde está hoje. No Blond Hair Cabeleireiros, em Porto Alegre, os proprietários comemoram o aumento do espaço físico do salão, cerca de cinco vezes maior que o anterior. Há dois anos em prédio próprio, Vera Paiva coordena o atendimento. Enquanto isso, o marido, João Paiva, cuida da parte administrativa da microempresa. O salão, que começou pequeno, na rua Barão do Amazonas, conta com cabeleireiro, manicure, massagem, maquiagem, hidroterapia, entre outros serviços estéticos. O trabalho no local é dividido com profissionais autônomos. Responsável por toda a parte burocrática, Paiva conta que muitas vezes recorreu ao Sebrae – pessoalmente, por telefone ou via internet – para se informar mais. “Em primeiro lugar, procurei detalhamento para abrir a empresa. Depois, aos poucos fui buscando outras informações, pois a gente tem sempre que procurar coisas novas”. Ele viu os anúncios sobre o início do Negócio a Negócio. Agora, pensa em tratar da parte de marketing, mídia e layout. E acha que uma assessoria técnica neste aspecto seria bem-vinda. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 9 Chamada Pública em cada ponto, com a ajuda de um estagiário nas cidades com mais de 50 mil habitantes. O agente, designado pelas entidades parceiras, receberá capacitação permanente do Sebrae/RS. Seu perfil inclui ter curso superior completo, de preferência em Administração, Direito, Economia, Contabilidade ou Engenharia, além de residência na localidade onde vai atender e dedicação integral à atividade. Sebrae/RS amplia o atendimento O Sebrae/RS lançou chamada pública para Fatores importantes selecionar 50 novos pontos de atendimento O presidente do Conselho Deliberativo do Seno Estado. O objetivo é formar parcerias de brae/RS, Paulo Tigre, afirma que “com a Rede de entidades a fim de desenvolver o empreenAtendimento ao Empreendedor estamos dando dedorismo em todo o território gaúcho, de início a uma nova forma de trabalhar. As parcemodo a valorizar e impulsionar o papel das rias são necessárias para que posMPEs na economia. Será uma samos estar presentes em maior A formação de maneira de levar o trabalho da número de municípios gaúchos”. instituição a regiões onde ainparcerias com Para o Sebrae/RS, a abertura de da não existem unidades do Seentidades tem como 50 pontos de atendimento serbrae/RS. virá também de apoio à atuação objetivo aumentar o número de postos da rede de apoio ao empreendedorismo no Estado de suas dez Regionais. Agindo de forma descentralizada, a instituição terá mais alcance para seus serviços de incentivo ao empreendedorismo. A meta é ter todos os pontos operando no dia 31 de outubro. Cada um deles, posteriormente, será avaliado quanto ao cumprimento de metas, o que definirá a prorrogação ou não da parceria. A chamada pública determina a contratação de um agente que ficará encarregado de atender 10 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Foto: Dudu Leal De acordo com a Chamada Pública nº 02/2010, que já está disponível no site www.sebrae-rs. com.br, a seleção está aberta e as propostas devem ser apresentadas até o dia 30 de abril. As parcerias devem ser feitas entre três ou mais entidades representativas da comunidade – prefeituras, associações, sindicatos, entre outros. Essas entidades não podem ter fins lucrativos. Cada município apresentará uma proposta e, ao final, 50 serão escolhidas. Os parceiros ficam responsáveis por oferecer a estrutura física adequada em cada cidade, incluindo móveis e equipamentos necessários ao trabalho. É desejável que a sala seja localizada em uma zona central e com acesso para a rua, para facilitar o contato com a população. O Sebrae/RS fica encarregado da estruturação do serviço, oferecendo metodologias e soluções e também acesso aos seus sistemas. A meta é que todos os novos pontos estejam em operação no dia 31 de outubro Plásticos Indústria terá programa de desenvolvimento estadual Lançamento será realizado no dia 30, na FIERGS Consolidar o Rio Grande do Sul como polo competitivo e de excelência na indústria de transformação do plástico até 2014. Esse é o grande desafio do Programa de Desenvolvimento da Indústria de Plásticos que será lançado quinta-feira, dia 30 de março, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), em Porto Alegre. O programa terá cinco eixos - Capacitação Técnica, Empresarial, Mercado, Inovação e Articulação Institucional. O Sebrae/RS atuará por meio de dois projetos. Um deles na Região Metropolitana de Porto Alegre e outro na Serra Gaúcha. Entre as atividades que serão realizadas, destacam-se capacitação em liderança, gestão básica e avançada, empreendedorismo, gestão por indicadores e de projetos, além de sucessão familiar. “Nossa meta é aumentar a participação das empresas no mercado nacional e internacional, estimulando a inovação e criando condições para o desenvolvimento de produtos e processos de alta qualidade”, explica o superintendente do Sebrae/RS, Marcelo Lopes. Das mais de 1.200 empresas de transformação de plástico no Estado, 95% são de pequenos negócios. Para Lopes, esse dado justifica a necessidade da realização de um programa de âmbito estadual. Ele acrescenta que “a união de entidades ligadas ao setor, do Sebrae/RS e do governo, dará muito mais força às iniciativas e às metas que estamos nos propondo a atingir”. Perfil do setor Os principais polos do setor no Estado estão localizados na Região Metropolitana, muito atuante no segmento de embalagens, Região do Vale do Sinos, focada no segmento de componentes para calçados, e Serra Gaúcha, reconhecida como polo de produção de componentes técnicos. Atualmente, a indústria gaúcha participa com 8% do total produzido no Brasil, sendo o quarto maior Estado, atrás de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, nessa ordem. Aproximadamente 2,8% da produção estadual são exportados, 51% das vendas ocorrem dentro do Rio Grande do Sul e os restantes 46,2% são vendidos para outros estados do Brasil. Parceiros O Programa de Desenvolvimento da Indústria de Plásticos é uma iniciativa conjunta do Sebrae/RS, dos Sindicatos das Indústrias de Material Plástico do Rio Grande do Sul (SINPLAST-RS), do Nordeste Gaúcho (SIMPLÁS) e do Vale dos Vinhedos (SIMPLAVI), além da Braskem. O projeto também conta com apoio do governo do Estado, por meio das secretarias de Ciência e Tecnologia (SCT) e do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais (Sedai). São parceiros do programa a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a Universidade de Caxias do Sul (UCS) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Riograndense (IFSUL). Março 2010 | Revista Tempo de Agir 11 Estrutura Erechim vai ter escritório regional Superintendente Marcelo Lopes esteve no município, buscando o apoio da prefeitura A Regional Planalto e Norte do Sebrae/RS, com sede em Passo Fundo, será desmembrada em duas. Em Passo Fundo, permanecerá a Regional Planalto, e o município de Erechim será sede da Regional Norte. Para viabilizar o projeto, o superintendente do Sebrae/RS, Marcelo Lopes, reuniuse na manhã no dia 25 de fevereiro com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Walmir Badalotti. 12 Revista Tempo de Agir | Março 2010 O Sebrae/RS buscou apoio da prefeitura de Passo Fundo para instalar fisicamente a regional, a exemplo do que acontece historicamente em municípios onde tem representatividade - Osório, Novo Hamburgo e Rio Grande, entre eles. “A entidade quer servir bem à comunidade no que se refere à sua missão, e isso pretendemos fazer em parceria com a prefeitura”, afirmou o superintendente. Ele acrescentou que a criação do novo escritório regional tem o objetivo de dividir melhor o número de cidades atendidas pelo Sebrae/ RS, o que incluirá a Regional Noroeste (sede em Ijuí). “Passo Fundo abrange, atualmente, 112 municípios, e Ijuí, outros 108, ao contrário da Regional Campanha e Fronteira Oeste, por exemplo, que trabalha com apenas 16 cidades e também está sendo readequada. Temos que chegar de forma mais efetiva e com qualidade nas micro e pequenas empresas gaúchas”, reforçou Lopes. O secretário Walmir Badalotti, representando o prefeito municipal, Paulo Alfredo Polis, afirmou que é extremamente importante para Erechim sediar uma regional do Sebrae/RS. “Não podemos perder essa oportunidade”, salientou. Durante a reunião, Badalotti sugeriu alguns prédios da cidade com estrutura adequada para funcionarem como sede do escritório regional. “São algumas opções que estamos colocando à disposição do Sebrae/RS”. Depois da reunião, o grupo - incluindo o secretário municipal adjunto, Volmar Baschera, o gerente da Indústria do Sebrae/RS, Clóvis Masiero, o gerente da Regional Planalto e Norte do Sebrae/RS, Jeferson Souza, e o representante da Associação Cultural, Comercial e Industrial de Erechim, Luís Fernando Cantele - visitou os espaços sugeridos pela prefeitura. Unidade de Santa Cruz ganha novas instalações Para ampliar o atendimento às micro e pequenas empresas no município, o Sebrae/RS inaugurou, em março, as novas instalações de sua unidade em Santa Cruz do Sul. Ela funciona na rua Venâncio Aires, 647. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/RS, Paulo Fernandes Tigre, destacou a parceria com a Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul, que cedeu o imóvel de 150 metros quadrados em regime de comodato. “Com a nova unidade, estaremos melhorando e incrementando o atendimento aos pequenos negócios da região em 70%”, projetou o presidente. A cerimônia também contou com a presença do superintendente do Sebrae/RS, Marcelo de Carvalho Lopes, e da prefeita Kelly Moraes, que sancionou a Lei Geral das MPEs. A aprovação da Lei Geral das MPEs, segundo Tigre, é outro fator importante para o surgimento de oportunidades de crescimento aos empreendedores e futuros empresários de Santa Cruz do Sul. Sancionada pela prefeita Kelly Moraes durante a inauguração da unidade, a Lei Geral tem o objetivo de reduzir a informalidade. “Assinamos um grande projeto para o crescimento do município e também da região, reconhecendo sua vocação empreendedora”, disse a prefeita. Entre as vantagens do texto, está o acesso das pequenas empresas às linhas de crédito e ao sistema diferenciado de tributação e taxas. Os órgãos públicos e prefeituras poderão direcionar licitações de até R$ 80 mil, exclusivamente para pequenos negócios. No Rio Grande do Sul, 147 cidades já regulamentaram a legislação. A meta é chegar a 300 até o final de 2010. Paulo Tigre aproveitou o evento para divulgar a Chamada Pública 02/2010, que selecionará 50 novos pontos de atendimento no Sebrae/RS no Estado, em parceria com entidades representativas da comunidade. A seleção está aberta, e as propostas devem ser apresentadas até 30 de abril. Durante a inauguração, também foi lançada pelo Comitê Tributário Permanente de Santa Cruz do Sul, do qual o Sebrae/RS é integrante, a Cartilha do Empreendedor, que apresenta orientações sobre os procedimentos que devem ser adotados por quem pretende abrir uma empresa. Prefeita Kelly Moraes participou da solenidade de inauguração Paulo Fernandes Tigre na sanção da Lei Geral das MPEs no município Fotos: Luiz Fernando Bertuol Março 2010 | Revista Tempo de Agir 13 Couromoda 2010 Resultados confirmam expectativas No Estande Coletivo RS, o volume de negócios chegou a R$ 3,5 milhões, superando em 29% o resultado obtido no ano passado Nesta edição, 67 micro e pequenas empresas gaúchas mostraram seus produtos 14 Revista Tempo de Agir | Março 2010 >> África do Sul, Arábia Saudita, Bolívia, Estados Unidos, Israel e República Dominicana. “Antes do início da Couromoda, já tínhamos a boa expectativa de que o volume de negócios poderia ultrapassar os R$ 3 milhões. O total de R$ 3,5 milhões deixou os empresários do Estande Coletivo RS bastante satisfeitos em relação aos negócios fechados, apostando também no fechamento de negócios futuros a partir dos contatos feitos durante a feira”, salienta o superintendente do Sebrae/ RS, Marcelo Lopes. Falando sobre a importância que o setor calçadista tem para a economia do Rio Grande do Sul, Marcelo Lopes acrescenta que “a qualidade do calçado produzido no Estado é reconhecida no mundo inteiro. Prova disso é que pudemos ver na feira os empresários efetuando pedidos e prospectando novos clientes. Muitos deles relataram que estão praticamente com a produção do ano já fechada”. São Paulo – A Couromoda 2010, entre 18 e 21 de janeiro, no Centro de Exposições do Parque Anhembi (SP), teve um dos melhores índices de vendas dos últimos anos. Os negócios fechados e encaminhados corresponderam a 30% da produção anual da indústria brasileira de calçados, setor que produziu 725 milhões de pares em 2009. O Estande Coletivo RS, realização conjunta do Sebrae/RS, da Sedai/RS e da ACI-NH/CB/EV, registrou números extremamente positivos, animando as 67 micro e pequenas empresas gaúchas que expuseram seus produtos no espaço. Até o final da feira, o volume de negócios chegou a R$ 3,5 milhões, com 2.360 contratos firmados e outros 2.875 iniciados. Esse resultado significou um incremento de 29% nas vendas, em comparação com 2009, quando o total chegou a R$ 2,5 milhões. Na edição deste ano, ainda foram mantidos mais de 6.500 contatos com compradores e em torno de 1.100 com distribuidores. Coube a uma indústria de botas o título de maior vendedora do Estande Coletivo RS, com um faturamento de R$ 350 mil. A segunda colocada, uma fábrica de sapatos, faturou R$ 300 mil no último dia da feira. A qualidade dos produtos expostos pelos gaúchos também chamou a atenção dos lojistas e dos representantes comerciais. Os calçados femininos, por exemplo, são superiores aos seus similares chineses, o que os credencia a serem comercialmente aceitos e a se tornarem referência internacional. Os estados de maior representação no volume de vendas dos expositores gaúchos foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco. No mercado internacional de compradores, destacaram-se Fotos: Sebrae/RS OS CONTATOS FEITOS DURANTE A COUROMODA E OS NEGÓCIOS FECHADOS, EM TORNO DE R$ 3,5 MILHÕES, DEIXARAM OS EMPRESÁRIOS GAÚCHOS BASTANTE SATISFEITOS Março 2010 | Revista Tempo de Agir 15 Gestores regionais em reunião com o consultor e diretor da Couromoda, Airton Dias ano, que privilegie o contato e o relacionamento com os principais varejistas do País e do exterior. Em 2011, a Couromoda deverá ampliar seu mix de expositores, mostrando produtos dos segmentos de confecção e acessórios. Atentos a isso, os gestores do Programa de Moda do Sebrae/RS, juntamente com o coordenador Paulo César Bruscatto, participaram de um workshop ministrado pelo consultor e diretor da Couromoda, Airton Dias, para atualizarem os cenários e as tendências do mercado da moda em 2010, bem como para avaliar possíveis alianças estratégicas com o varejo. Dentro deste item, surgiu com força a possibilidade de um evento, no segundo semestre deste A Vitória Locatelli, de Estância Velha, aderiu ao projeto e suas bolsas em couro tressê foram sucesso de vendas, comemoram os diretores Marcos e Roque Chiella 16 Revista Tempo de Agir | Março 2010 O gestor do Programa de Moda do Sebrae/RS, Paulo César Bruscatto, lembra que a instituição atende em torno de 4 mil micro e pequenas empresas ligadas ao setor de moda no Rio Grande do Sul, através de projetos coletivos e individuais. Para este ano, a instituição desenvolverá dez projetos relacionados à atividade. São eles: o Arranjo Produtivo (APL) de Moda Íntima de Confecções de Guaporé (Regional Serra Gaúcha), o Polo de Couro Acabado do Vale do Sinos, o setor de Gemas e Joias de Soledade e Guaporé (Regional Vale do Taquari e do Rio Pardo), os Atelieres de Calçados do Paranhana, o Polo da Moda do Nordeste Gaúcho Fotos: Sebrae/RS Moda em confecções e acessórios ganha espaço No encontro com Dias, os gestores regionais de projetos voltados para a moda Cláudia Regina de Souza Kuhn, Fabiana Zin e Diego Tessaro, além da especialista da área de mercado Márcia Thier, ouviram que as empresas devem participar de feiras não apenas para preencher espaço. O importante é que definam os objetivos e tenham foco. Assim teremos condições de ver nossos produtos presentes em diversos pontos comerciais espalhados pelo Brasil, o que, certamente, possibilitará um incremento nas vendas (Regional Noroeste), o Polo de Confecção da Região Metropolitana, a Cadeia de Fornecedores da Indústria de Calçados, o APL de Confecções e Malharias da Serra, indústrias de confecção do Vestuário do Planalto e Norte e o Polo das Indústrias de Calçados e Artefatos do Vale do Sinos e Paranhana. Comércio Brasil recebe adesões Facilitar o acesso e o relacionamento sustentável entre as micro e pequenas empresas e novos canais de comercialização. Este é o objetivo do projeto Comércio Brasil, iniciativa do Sebrae que atende a grupos de empresas e empreendedores apoiados pelos projetos da instituição na indústria, agronegócios, comércio e serviços. Através de uma rede interestadual de consultores, chamada Rede de Agentes de Mercado, profissionais credenciados e treinados pelo Sebrae identificam novas oportunidades de negócio em praticamente todo território brasileiro. Buscam a abertura de novos mercados para as empresas que participam do projeto, utilizando, como principais canais, revendedores, atacadistas, varejistas e representantes comerciais. Partindo da premissa de que é extremamente importante para a consolidação da empresa identificar novas oportunidades de mercado em nível estadual e nacional e expandir o negócio por meio de alianças e parcerias com novos canais de venda, cerca de 20 empreendimentos calçadistas que participaram do Estande Coletivo RS na Couromoda 2010 aderiram ao projeto durante a feira. A Vitória Locatelli, fábrica de bolsas, cintos e carteiras, de Estância Velha, foi uma das empresas que optaram por se integrar ao Comércio Brasil. Para os diretores Marcos e Roque Chiella, a adesão se deveu ao fato de Euclides Bassanesi Empresário a empresa passar a contar com o suporte de um canal fidedigno como o Sebrae para ingressar em novos mercados e ampliar suas vendas. Na Couromoda, expuseram modelos de bolsas em couro tressê (tiras de couro trançadas), obtendo grande sucesso de comercialização. Querendo expandir as vendas da empresa, a dupla de empresários vê no projeto uma forma segura de cooptar representantes em diversos estados brasileiros, tendo a possibilidade de conquistar um público maior para seus produtos. Euclides e Glauber Bassanesi, da Bassanesi Calçados, de Parobé, também aderiram ao Projeto Comércio Brasil para ampliar seu leque de representatividade no País. “Assim teremos condições de ver nossos produtos presentes em diversos pontos comerciais espalhados pelo Brasil, o que, certamente, possibilitará um incremento nas vendas”, ressalta Euclides. A coordenadora estadual pelo Sebrae/RS do projeto Comércio Brasil, Márcia Thier, ressalta que estes empresários demonstraram confiança em seus produtos e na sua capacidade produtiva de dar atendimento aos mercados em que pretendem se inserir. Ela acrescenta que, para participar como empresa ofertante, é importante que o empresário ou o representante da associação ou cooperativa interessado procure a Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae ou o gestor do projeto que a atende. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 17 Uma nova marca desponta Bolsas globais Os empresários Elaine Junges e Lúcio Junges, diretores da Di Marly’s Bolsas, de Novo Hamburgo, levaram seus produtos para a Couromoda pela primeira vez. Participaram da feira comemorando o fato de terem seus artigos em exposição na televisão, em programa da Rede Globo. Na novela Tempos Modernos, das 19h, estão sendo utilizados 14 modelos de bolsas produzidas pela Di Marly’s. “É um grande reconhecimento à qualidade do nosso produto”, salienta Elaine. Para a Couromoda, Elaine e Lúcio levaram 67 modelos de bolsas e 12 de carteiras, com a expectativa de comercializarem um mês de sua produção na feira. “As bolsas expostas pela Di Marly’s são feitas em couro legítimo, com detalhes e adereços, incluindo metais cromados e forro em cetim estampado, o que as deixa mais charmosas e diferenciadas”, ressalta Elaine. Para a empresária, em 2010 existe a tendência de vermos um desfile variado de bolsas femininas nas ruas, com modelos que se diferenciam em relação à cor, formato, tamanho e estampa. A empresária acredita que as bolsas para o inverno deste ano serão luxuosas, compactas e clássicas, abandonando um pouco a excentricidade e valorizando os detalhes metalizados. Apostando no lançamento da nova marca de sapatos e botas femininas Jádina Nicoli, Franciela e Dieison Marmitt, proprietários da Via Fran Calçados, de Três Coroas, estavam muito otimistas em sua primeira participação na Couromoda. Confeccionados em couro, com várias modelagens e estampas, os produtos 120 modelos - chamaram a atenção dos compradores. Franciela salientou que os novos modelos de calçados femininos estão alinhados com as tendências deste segmento para o inverno 2010, nas quais variados formatos e cortes contrastam em um estilo moderno urbano e ao mesmo tempo rústico. Na Jádina Nicoli os sapatos e botas em estilo country e plataforma abusam de detalhes como cadarços e amarrações, quase sempre finalizados em um laço, além de ornamentos em metal e franjados. Segundo a empresária, outro ponto forte da nova linha são as cores, que vão desde as sóbrias até as mais coloridas, com destaque para o roxo, o azul e o verde. Franciela e Dieison Marmitt expuseram calçados em que o design mistura o urbano e o rústico Elaine e Lúcio Junges, diretores da Di Marly´s Bolsas, levaram 67 modelos à feira 18 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Dos bebês aos adolescentes “Uma Couromoda que traz perspectivas muito boas para a empresa”. Foi assim que o designer da NKS Vulcanizados, fabricante dos calçados Ötzi, Jandemir Nunes, definiu a feira. A empresa expôs 648 modelos das linhas Ötzi Baby e Ötzi Kids. O ponto forte foi a sapatilha tênis feminina da linha Kids, em lona e couro. O retorno foi muito significativo de parte dos lojistas e compradores. Fundada em 1995, a NKS Vulcanizados tem sede em Sapiranga e também produz a marca Usafort de sapatos de segurança e EPI, além de vasta linha de calçados para uniformes. Seus tênis vulcanizados possuem alto valor agregado, elaborados com a mais moderna tecnologia de produção e mão de obra altamente especializada. Com a marca Ötzi, a NKS abrange desde o público infantil, incluindo produtos voltados para bebês, até o público juvenil, abrangendo o universo adolescente. Assim, na Couromoda, foi possível ver tênis multicoloridos menores que uma mão, todos extremamente confortáveis, com design supermoderno. Segundo Jandemir, os calçados da linha baby são projetados para oferecer praticidade e conforto aos pequenos que dão seus primeiros passos. Por sua vez, a coleção da linha kids foi inspirada na necessidade de crianças e de adultos em acompanharem as tendências da moda. Peças leves e modernas para os meninos (estilos clássico e urbano), e confortáveis e delicadas para as meninas (inspiradas no romantismo e nos sonhos) estão presentes nos modelos. Conforto peluciado para os pés Uma atração à parte no Estande Coletivo RS foi a linha de chinelos e pantufas de pelúcia da Dilupy Indústria e Comércio de Sapiranga. De acordo com a empresária Débora Moreira, “ao longo dos anos procuramos inovar com materiais de qualidade, diversificando nossa linha em três segmentos: pantufas, bichos de pelúcia e caixas decorativas. Na Couromoda, apresentamos as pantufas e os chinelos, que abrangem desde o bebê até o adulto, levando conforto para os pés de todas as idades”. Fotos: Sebrae/RS Além dos modelos de pantufas com design inspirados em animais como pandas e cachorros, o diferencial da Dilupy na feira foram os modelos personalizados com os símbolos do Internacional – Saci - e do Grêmio - Mosqueteiro. Débora afirma que “a ideia é investir neste segmento de times de futebol, e nada mais adequado do que darmos a largada homenageando nossos dois grandes representantes em nível nacional e internacional”. Como ponto forte, a sapatilha tênis para as meninas, combinando lona e couro Pela terceira vez na Couromoda, a empresária estava satisfeita por causa dos contatos realizados com lojistas e representantes do País. Segundo ela, a empresa vende principalmente para o Rio Grande do Sul, sendo que os pedidos de pantufas acontecem principalmente nos meses de março e abril, quando começa o frio. No Março 2010 | Revista Tempo de Agir 19 Fotos: Sebrae/RS Presença valorizada No espaço da Dilupy, da empresária Débora Moreira, chinelos e pantufas muito macios segundo semestre, a produção é mais voltada para os bichos de pelúcia. Débora ressalta que a presença na Couromoda reforça a divulgação da marca como fabricante nacional de pantufas, que a maioria das empresas importa de países como China. “Alguns lojistas ficaram impressionados com a qualidade do produto e o valorizaram por ser de uma fabricante nacional, gerando empregos no Brasil”. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/RS, Paulo Tigre, enfatizou que a instituição investiu R$ 200 mil na aquisição de uma área de 1.357 metros quadrados na Couromoda. “É gratificante saber que demos condições de acesso a mercado e de agregação de valor aos produtos destas MPEs, que ganharam uma oportunidade única de se alinharem com o que o setor apresenta em termos de tecnologia de ponta e tendências de moda”. Na Francal e no exterior Com o foco da Couromoda nas tendências da moda para o outono/inverno, as empresas do Rio Grande do Sul, em sua maioria voltada ao público feminino, têm produto diferenciado do das indústrias paulistas, que fabricam sapatos masculinos. Já na Francal, que será realizada também em São Paulo, de 5 a 8 de julho, os produtos mostrados vão visar à conquista dos mercados de verão. Para essa feira, a parceria entre Sebrae/ RS, Sedai/RS e ACI-NH/CB/EV está garantida, viabilizando a presença do Estande Coletivo gaúcho pela 11ª vez no evento. O superintendente Marcelo Lopes lembra que empresas do setor coureiro-calçadista gaúcho também contam com apoio do Sebrae/RS para participar de feiras internacionais em 2010. As interessadas terão a oportunidade de obter mais visibilidade no exterior e, consequentemente, melhores chances de negócios. 20 Revista Tempo de Agir | Março 2010 A governadora Yeda Crusius (D) e o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/RS, Paulo Fernandes Tigre (C) Prefeito Empreendedor Vencedor será anunciado em abril Prêmio reconhece gestores municipais que incentivam o desenvolvimento das MPEs No dia 29 de abril, será divulgado o nome do Prefeito Empreendedor 2010. Realizado de dois em dois anos, o prêmio consagra os administradores municipais que tenham implantado projetos, com resultados mensuráveis, de estímulo ao surgimento e ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas (MPEs). A cerimônia da 6ª edição do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor será realizada na FIERGS, a partir das 11h. Das 252 prefeituras que se candidataram ao concurso, 55 enviaram os projetos. “O número foi recorde no Estado e colocou os gaúchos no primeiro lugar no País com candidatos ao reconhecimento”, destaca o gerente de Políticas Públicas do Sebrae/RS, Alessandro Machado. A final nacional do prêmio está marcada para maio, quando 11 vencedores (seis destaques temáticos e cinco regionais) receberão certificados, troféus e uma viagem internacional para conhecer experiências de sucesso relativas ao apoio às micro e pequenas empresas. Na quinta edição, em 2007, dois administradores municipais gaúchos foram reconhecidos nacionalmente: Pedro Henrique Bertolucci, então prefeito de Gramado; e José Hilário Junges, de Tupandi (premiado pela segunda vez). Bertolucci venceu como melhor projeto pela Região Sul do País e Junges no destaque temático Acesso ao Crédito. Uma das novidades dessa edição do reconhecimento é o Destaque Temático para a implantação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, reforçando a municipalização da legislação. Os demais destaques abrangem os seguintes capítulos da Lei: compras governamentais, desburocratização, educação empreendedora e inovação, além da formalização de empreendimentos - na qual está incluído o Empreendedor Individual, que está em vigor desde 1 de julho de 2009. Outra inovação no Rio Grande do Sul, onde o prêmio leva o nome do prefeito Loureiro da Silva - é o processo de escolha dos vencedores. A primeira etapa de avaliações foi realizada por uma comissão composta de colaboradores do Sebrae do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e do Sebrae Nacional. Já a escolha do grande vencedor caberá ao Conselho Deliberativo do Sebrae/RS e a representantes da Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e da União dos Vereadores do Rio Grande do Sul (Uvergs). “É a primeira vez que mobilizamos colaboradores do Sebrae de outros estados e que envolvemos todos os membros do Conselho do Sebrae/ RS para eleger o melhor projeto”, explica Alessandro Machado. Ele acredita que essa “é uma forma mais democrática e transparente de conduzir o processo, que já está servindo de exemplo”. O Sebrae Paraná já confirmou que o modelo para avaliação será semelhante ao do Rio Grande do Sul. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 21 Mulher de Negócios O sucesso também tem sabor Ignês Brochetto venceu a edição do Prêmio Mulher de Negócios no Estado em 2009 e em março garantiu lugar na grande final nacional, como uma das representantes da Região Sul. Agora, conta que deseja contratar mais pessoas e investir no Fotos: Dudu Leal crescimento do seu negócio. 22 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Além disso, tem o sonho de abrir uma franquia. Incansável aos 71 anos de idade, ela mostra que persistência, foco na qualidade e coragem para apostar em inovação são características fundamentais para o progresso de uma empresa. Todos estes ingredientes estão na receita de sucesso da Confeitaria Dona Inês, estabelecida em Porto Alegre há 38 anos. A neta de imigrantes italianos e franceses, nascida no interior de Caxias do Sul, herdou da “nona” a habilidade para fazer e dar toques de sabor especial aos seus doces e salgados. Com a avó também aprendeu a valorizar a sensibilidade feminina. Ela iniciou a atividade e ficou sozinha à frente do negócio por muito tempo, mas conseguiu concretizar o desejo de ter as três filhas como sócias. “Dizia: venham por que eu já estou ficando cansada, mas, na verdade, disposição nunca me faltou. Foi estratégia para convencê-las”, diverte-se a matriarca. Cada uma a seu tempo, desde 1990, Rita, Içara e Mara foram deixando suas profissões de lado - Pedagogia, Assistência Social e Advocacia - para trabalhar ao lado da mãe, transformando-se também em mulheres de negócio. A experiente confeiteira vê nisso um diferencial importante para o empreendimento que criou a partir dos comentários elogiosos aos docinhos e salgadinhos preparados para os aniversários das filhas, ainda pequenas. “É uma empresa familiar e genuinamente feminina; acho que essas são qualidades especiais”, afirma. As três filhas confirmam, contam que a família é bem unida, mas ressaltam que, na atividade comercial, “os maridos não podem dar pitacos”. Osvaldo, esposo de Ignês, ajudou-a em apenas um período. Depois, aposentado, retirou-se de campo, vendo que a companheira e as filhas reúnem a segurança e os quesitos necessários para estarem à frente de tudo. “Os homens >> Dezembro 2009 | Revista Tempo de Agir 23 conduzem de forma racional, e as mulheres colocam uma visão mais humana no trabalho. No ramo de alimentos, esta característica influencia bastante no resultado final”, explica Içara, apreciando as porções de emoção dedicadas ao atendimento e aos produtos “Dona Inês”. A trajetória Por quase 20 anos, Ignês conciliou empregos diurnos - faxineira e auxiliar de produção industrial, entre eles com as encomendas gastronômicas, produzidas à noite. Agora lembra que, “de boca em boca, os pedidos só aumentavam”. Então contratou quatro ajudantes e começou a dedicar-se exclusivamente ao seu empreendimento, produzindo em casa mesmo. Aos poucos, tortas, empadinhas, pastéis, trouxinhas de nozes e outros tomaram conta de toda a residência, e a família “foi convidada a se retirar”, conta a filha Mara. Atualmente, a Confeitaria tem 46 funcionários e faturamento anual de aproximadamente R$ 1 milhão. Estes números são resultados de um ano em que a empresa cresceu significativamente, impulsionada pela realização de outro sonho de sua fundadora. “Depois de planejar por anos, em 2009 reformamos toda a casa e inauguramos nossa loja. Posso receber os clientes, mostrar pessoalmente nossos produtos e oferecer refeições”, orgulha-se. Além do ponto comercial, a empresa atende a pedidos por telefone e site e realiza eventos – para os quais fornece os produtos e ainda o serviço de garçons e copeiras, dependendo da opção do contratante. Segundo Rita, responsável pelas encomendas e compras, durante muito tempo, o negócio se manteve com os pedidos de pessoas físicas para festas particulares. “Agora, a maior parte da renda é proveniente das pessoas jurídicas, com os eventos e o abastecimento de cafés e bistrôs. Nesse sentido, a loja é uma das formas de manter a proximidade e consolidar a relação com o nosso cliente original, para que ambos sejam valorizados”. Dona Ignês (ao centro) e as filhas Mara, Içara e Rita (da esquerda para direita). Empreendedoras trabalham com mais de 40 colaboradores e alcançam faturamento anual de R$ 1 milhão 24 Revista Tempo de Agir | Março 2010 FRENTE AOS DESAFIOS, NÃO DESANIMEM. LUTEM E TRABALHEM COM VONTADE, POR QUE, QUANDO A GENTE FAZ O QUE GOSTA, NADA É DIFÍCIL DEMAIS; PELO CONTRÁRIO, A CADA DIA MELHORA E SURGEM SOLUÇÕES Para o bolo crescer O dom culinário e o espírito empreendedor são virtudes de Ignês, responsáveis pela trajetória próspera da ideia, mas ela credita à entrada das filhas a ascensão empresarial. “Se não houvesse este empenho, não teríamos crescido tanto. Elas trouxeram mais qualificação para o negócio”, reconhece. Mara lembra que, no intuito de acertar, sofreram diversos tombos e fizeram tentativas frustradas até que conseguiram implantar sistemas administrativos adequados. Içara complementa, explicando que “descobrimos que tão essencial quanto saber fazer boas comidas é ter uma gestão profissional; buscar conhecimento, trocar informações, capacitar colaboradores e proprietários e gerir com base em planos de ação e metas”. A Confeitaria é adepta do Programa Alimentos Seguros (PAS) e integra o Polo de Panificação da Região Metropolitana (Codepan), iniciativas do Sebrae/RS. “Neste ano, pretendemos inserir o Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPC), do Senai, além de fazer parte do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP)”, antecipa Mara. Mas, além destes instrumentos, o controle do padrão de qualidade é feito diariamente por Ignês, que cuida de tudo minuciosamente. “Minhas receitas têm medidas que devem ser seguidas à risca. Cada salgadinho, por exemplo, tem que ter o peso e a quantidade de recheio preestabelecidos. Eu costumo conferir”. O gosto pela novidade Inovação é outra palavra-chave no vocabulário das quatro empreendedoras. No mix de produtos estão 80 tipos de salgadinhos, 40 docinhos, linha de sanduíches com 12 opções e 15 variedades de tortas. “E constantemente testamos receitas novas, porque a proposta é lançar a cada trimestre um novo produto”, ressalta Içara, explicando que também podem ser produzidos saladas e pratos salgados, como panquecas e carnes, quando o evento demanda. “Nosso objetivo é surpreender quem nos acompanha e estar à disposição para qualquer necessidade do cliente”, conclui. Apenas em 2009, no segmento dos eventos, a Confeitaria Dona Inês atendeu a mais de 126 mil pessoas. Para isso, a produção é organizada em turnos, e a empresa funciona 22 horas por dia, chegando a entregar cerca de 30 mil unidades de doces e salgados em períodos de maior procura. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 25 Em média, conforme os dados de Mara, o faturamento do negócio cresce 10% a cada ano. Mas, se depender de Ignês, nada de se acomodar. “Nunca tive receio de apostar. Há uns meses, as gurias estavam em dúvida se compravam uma máquina que custava caro, e incentivei a buscá-la. Quem não investe, não cresce”, justifica. Ela estudou até a 4ª série do Ensino Fundamental, mas com a sabedoria adquirida através da experiência, aconselha: “Digo a outros empreendedores que, frente aos desafios, não desanimem. Lutem e trabalhem com vontade, por que, quando a gente faz o que gosta, nada é difícil demais; pelo contrário, a cada dia melhora e surgem soluções”. A própria conquista do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, em nível estadual, comprova que determinação e perseverança fazem parte da vida de Ignês, já que ela estava em sua terceira tentativa. “Agora vou com fé em busca do título nacional. Quando alcançamos uma vitória, é sinal de que precisamos traçar novos objetivos”, ensina. >> O PRÊMIO Sem parar A cerimônia de premiação nacional do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios se realiza em Brasília, no dia 8 de abril. A iniciativa valoriza a trajetória de empreendedoras nas categorias Pequenas Empresas e Negócios Coletivos. Na inscrição, as candidatas seguem um roteiro em que contam a sua história. O ciclo 2009 teve o total de 3.047 inscrições, entre proprietárias de MPEs e líderes de cooperativas. As vencedoras de cada estado passam pela segunda etapa, que avalia e seleciona quatro histórias (duas em cada categoria) de cada região para a participação na fase nacional, formando um grupo de 20 finalistas. Na oportunidade, conforme julgamento de uma banca examinadora, dez empreendedoras (duas de cada região) recebem o troféu bronze e o outro grupo ganha o prata. Dessas últimas, são escolhidas as duas melhores histórias do Brasil para o troféu ouro. Como prêmios desta edição, as dez melhores pontuadas, cinco de cada categoria, poderão participar do Seminário da Fundação Nacional da Qualidade, em São Paulo, no início de junho. E as duas vencedoras nacionais ganharão uma viagem internacional (com destino a ser definido), quando visitarão um centro de referência em empreendedorismo no exterior. O Mulher de Negócios é realizado pelo Sebrae Nacional em parceria com a Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais (BPW Brasil), a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Na categoria Pequenos Negócios podem se inscrever proprietárias de empresas de pequeno porte estabelecidas formalmente, no mínimo, há um ano; a de Negócios Coletivos é voltada para integrantes de grupos de produção formal, que podem ser cooperativas e associações produtivas, geradores de trabalho e renda, desde que sejam estabelecidos dentro da formalidade há, pelo menos, um ano. A empresa funciona 22 horas por dia e chega a entregar 30 mil unidades de doces e salgados. Dona Ignês coloca a mão na massa e controla a produção diariamente 26 Revista Tempo de Agir | Março 2010 www.mulherdenegocios.sebrae.com.br Uma novidade NO MUNDO dos negócios O relatório de 2007 do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), no qual o Sebrae é parceiro, mostra que naquele ano, pela primeira vez, as mulheres representavam 52% dos empreendedores no Brasil. Esse percentual derrubou uma tendência histórica, pois desde o início da pesquisa, os homens sempre foram maioria no setor. Em 2008, esta proporção não se manteve. Ainda é cedo para verificar qual será a tendência, mas os números já demonstram que a questão de gênero deve ser olhada detalhadamente quando se estuda o mercado de trabalho. O GEM é uma pesquisa internacional liderada pela London Business School e o Babson College (EUA). O Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) é a instituição executora do Projeto GEM Brasil. Em 2007, os dados da pesquisa feita mostravam que ainda era a necessidade o fator que motivava a brasileira a empreender - 63% (no ano seguinte, esse número baixou para 43,6%). Nesse aspecto, os números convergem com os dados do IBGE, que apontam para um novo cenário nos últimos anos: a mulher complementa a renda familiar ou sustenta a casa como chefe de família. É a necessidade de sobrevivência, diz o estudo do GEM/2007, o fator principal que a leva a empreender. No que se refere às atividades típicas por gênero, o IBGE detecta que a maioria das mulheres trabalha com prestação de serviços - domésticos, de saúde, educação e vendedora autônoma. Na pesquisa do GEM, destaca-se a ação feminina empreendedora especialmente no comércio varejista. Uma ressalva: é maioria nos empreendimentos nascentes e novos, mas minoria nos já estabelecidos. Para isso, levanta duas hipóteses: por ser recente a sua participação, ainda não teve tempo para consolidar-se; ou teria dificuldades para se manter na atividade, inclusive por causa das barreiras que encontra. Além disso, o GEM identificou na mulher uma menor percepção para os negócios em relação ao homem empreendedor. O relatório da pesquisa conclui que “apesar de ter superado os homens em termos de escolaridade e de ação empreendedora, restam-lhe (à mulher) disparidades na percepção sobre o empreendimento e quanto à remuneração obtida em relação aos homens”. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 27 Seminário Foto: Sebrae/RS As ferramentas que levam à excelência O superintendente Marcelo Lopes no encontro, que faz parte do calendário anual da Fundação Nacional de Qualidade Atingir a excelência em gestão deveria ser o objetivo de todo empreendedor independentemente do porte de seu negócio. Embora muitos já utilizem sistemas adequados de controle da qualidade empresarial, outros ainda estão à margem dessa realidade, cada vez mais necessária para atingir o sucesso e permanecer no mercado. preendedor preenche um questionário de autoavaliação. Ele salientou que “no ano passado, reforçamos o trabalho junto às empresas, estimulando as inscrições ao Prêmio, e passamos de 700, em 2008, para 4,5 mil questionários preenchidos em 2009”. Desde a edição anterior, o Sebrae/RS solicita que todas as MPEs dos projetos da entidade participem do prêmio, uma iniciativa do Sebrae e entidades parceiras que reconhece métodos de gestão inovadores que tenham resultados significativos na comunidade. “É uma forma que encontramos, também, de averiguar o impacto do trabalho realizado junto a elas”, explica o superintendente. Os conceitos de No Rio Grande do Sul, o tema es- uma gestão bem- O Seminário em Busca da Exceteve em debate durante o Seminálência, evidenciando conceitos de sucedida foram rio em Busca da Excelência, uma uma gestão bem-sucedida, trouxe, tema de encontro iniciativa da Fundação Nacional da para os mais de 150 participantes, na Universidade as histórias de sucesso das empreQualidade (FNQ). O Sebrae/RS e o Programa Gaúcho de Qualidade sas vencedoras do Prêmio MPE de Negócios e Produtividade (PGQP) foram Brasil 2009 na Categoria Comérparceiros do encontro, realizado no dia 10 de cio – Di Casa (Gravataí), e na categoria Responsabilimarço. “Esta pauta está pendente no Estado, e dade Social – Quinta da Estância (Viamão). Além diso Sebrae/RS já está fazendo a sua parte no que so, foi realizada a entrega do Prêmio Sebrae Mulher de tange ao estímulo para o uso de ferramentas de Negócios 2009 para Ignês Brochetto, a proprietária da gestão pelos pequenos negócios”, afirmou o Confeitaria Dona Inês. superintendente do Sebrae/RS, Marcelo Lopes, durante o seminário. Segundo a coordenadora de Convênios e Parcerias da FNQ, Juliana Iten de Martino, a entidade realiza Para Lopes, o Prêmio MPE Brasil é um imporanualmente um calendário de seminários em diferentante instrumento norteador das ações de gestes cidades brasileiras. “Em 2010, iniciamos pelo Rio tão a serem implementadas pelas empresas, já Grande do Sul e nossa intenção é irmos para outras que entre as etapas do reconhecimento o emnove capitais até o final do ano”. 28 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Rodadas de Negócios Cronograma do primeiro semestre está definido O Sebrae/RS já tem definido o cronograma das rodadas de negócios que promoverá no Estado ao longo do primeiro semestre. Para esse período estão programadas 22, quase o mesmo número das que foram realizadas em 2009 (um total de 29). A meta é chegar a mais de 100 ao final de 2010, a fim de incentivar a colocação das micro e pequenas empresas gaúchas no mercado. Foto: Dudu Leal EVENTO O mês de março começou com a Rodada de Negócios da Festa da Uva, Projeto Comprador Nacional, Internacional e Agroindústrias Expodireto e Projeto Comprador Artesanato da Serra Gaúcha. Segue-se uma intensa programação, até junho, envolvendo as diferentes microrregiões gaúchas. LOCAL Salão Gaúcho do Turismo Caxias do Sul Projeto Comprador Móveis e Imóveis na Movelsul Bento Gonçalves Rodada de Negócios Sabores do Rio Grande Porto Alegre Rodada de Negócios Guaíba Guaíba Rodada de Negócios com a CIC Cachoeirinha Rodada de Negócios Exposol Soledade Rodada de Negócios Fenasoja Santa Rosa Projeto Comprador da Mostra Gastronômica do Vale do Sinos São Leopoldo Rodada de Negócios do Agronegócio Osório VII Projeto Comprador São Leopoldo Seminário Orizícola do IRGA Capivari do Sul Rodada de Negócios FENNI Ijuí Rodada de Negócios Pós-Colheita Panambi Rodada de Negócio Frutas In Natura Rosário do Sul Projeto Comprador da Indústria da Serra Gaúcha Caxias do Sul Rodada de Negócios - Pit Stop Caxias do Sul Rodada de Negócios Sabores do Rio Grande Pelotas SEGMENTO DATA Turismo 20 de março Indústria Moveleira 25 e 26 março Frutas e vitivinicultura Comércio 31 de março 9 de abril Metalmecânico Gemas e Joias Indústria Metalmecânica 14 de abril 5 de maio 6 de maio Gastronomia 14 de maio Agroindústria Metalmecânico Arroz Indústria Moveleira 15 de junho 17 e 18 junho 19 de maio 20 de maio Metalmecânico 26 de maio Frutas Petróleo, Metalmecânico, Plástico Oficinas Mecânicas 28 de maio Frutas A confirmar 23 de junho 25 e 26 junho Março 2010 | Revista Tempo de Agir 29 Seminários de Crédito Em 2010, a programação foi condensada em dois meses Orientação para buscar auxílio financeiro O Sebrae não oferece crédito, mas facilita o acesso das micro e pequenas empresas às melhores linhas de financiamento disponíveis no mercado. A instituição trabalha, neste sentido, para criar um canal de relacionamento do empresário com as instituições financeiras. Um dos instrumentos para efetuar esta aproximação é o seminário de crédito, que reúne empresários e representantes de bancos em jornadas de um dia para a divulgação de informações. Os empreendedores saem do evento sabendo onde e como procurar os recursos necessários para melhorar a situação de sua empresa. Em 2010, o Sebrae/RS decidiu condensar a programação do Seminário de Crédito em dois meses – março e maio. Os locais foram escolhidos procurando contemplar as diferentes microrregiões de atuação da instituição. Até o final do ano a meta é chegar ao número de atendimentos veri30 Revista Tempo de Agir | Março 2010 ficados em 2009, cerca de mil, envolvendo palestras e rodadas. Participarão dos seminários as instituições BNDES, BRDE, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Sicredi, Banrisul, Caixa/RS e GarantiSerra. Os participantes poderão, ainda, conhecer a atuação do Fampe – Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas, que viabiliza a concessão de avais complementares e facilita o acesso ao crédito para as micro e pequenas empresas legalizadas. Com recursos financeiros próprios, o Fampe permite às empresas, através do aval do Sebrae, complementar as garantias aos empréstimos que visem ao desenvolvimento de novos empreendimentos ou ao aperfeiçoamento daqueles já existentes. Uma das novidades, neste ano, será a realização de atendimentos do BNDES pelo posto de informações da FIERGS. DOS SEMINÁRIOS PROGRAMAÇÃO O gerente de Comércio e Serviços do Sebrae/RS, Rodrigo Farina Mello, afirma que o saldo destes seminários não é, necessariamente, a empresa sair com crédito já acertado. “Nosso objetivo é que o empresário saia com informação. Como, por exemplo, saber que é mais proveitoso tentar acessar uma linha de crédito do que usar seu capital de giro para resolver alguma pendência”. Muitas vezes, o participante acaba procurando, mais tarde, uma consultoria financeira do próprio Sebrae, pois percebe que precisa se capacitar em alguns itens. No ano passado, 18% dos participantes acessaram financiamento, o que foi constatado em pesquisa feita após a conclusão dos seminários. Um dado importante constatado foi que, do total, 97% se declararam melhor informados sobre as linhas de financiamento ou melhor preparados para obtê-las no mercado. O empresário Leandro Schafer, de Gravataí, deu o seguinte depoimento ao final do seminário realizado naquela cidade, em setembro de 2009: “Pessoalmente, avançamos em algumas tratativas na busca de recursos para um novo empreendimento na área de entretenimento e gastronomia.” Schafer, que já era proprietário de uma ótica, conta que o seminário de crédito lhe “abriu as portas” para tirar do papel outro projeto, o do Arena Bar. Junto com dois sócios, ele foi em busca de financiamento para esse empreendimento de perfil diferenciado – mistura de boliche, arte e gastronomia - e acabou conseguindo. Segundo o empresário, os cursos de planejamento estratégico e viabilidade econômica feitos no Sebrae também ajudaram nessa nova empreitada. Agora, ele vai em busca de capacitação na parte de operação, pois o novo negócio já está funcionando. 1º CICLO 2º CICLO Rio Grande: 22/03 das 13h30 às 18h Porto Alegre: 23/03 das 8h30 às 13h Caxias do Sul: 24/03 das 8h30 às 13h Lajeado: 25/03 das 8h às 12h30 Cachoeira do Sul: 26/03 das 8h30 às 13h Erechim: 26/05 das 8h30 às 13h Santo Ângelo: 27/05 das 8h30 às 13h Santa Rosa: 28/05 das 8h30 às 13h Março 2010 | Revista Tempo de Agir 31 Feiras Feiras nacionais e internacionais estimulam a realização de contatos e o fechamento de negócios Para APRENDER e VENDER P essoas circulam ávidas por novidades e empreendedores atrás do balcão aguardam ansiosos para realizar os primeiros negócios. Em um intercâmbio comercial permanente, as feiras democratizam as oportunidades, aproximando todos os tipos de fornecedores e clientes. Em uma era repleta de opções tecnológicas, o contato direto ainda é a melhor forma de vender ou promover produtos e serviços. De olho nessa filosofia e nos benefícios que ela traz, o Sebrae/RS promove a Feira do Empreendedor e a Mercopar - Feira de Subcontratação e Inovação Industrial. Além disso, estimula e apoia a participação das micro e pequenas empresas em eventos nacionais e internacionais. Foto: Elias Eberhardt 32 Revista Tempo de Agir | Março 2010 >> Realizada a cada dois anos, a Feira do Empreendedor tem com objetivo oferecer informação, conhecimento e oportunidades para o empreendedor decidir sobre a abertura de um negócio ou melhorar ainda mais a sua empresa. Com 9 mil metros quadrados, 3,5 mil metros a mais do que na edição anterior, a Feira do Empreendedor de 2010 será realizada entre os dias 9 e 12 de setembro, na FIERGS, em Porto Alegre. De acordo com a gestora da feira no Sebrae/RS, Adriana Hartmann Lewis, a expectativa é de receber, nos seus quatro dias de duração, mais de 13 mil visitantes presenciais e 16 mil virtuais, que terão acesso ao evento por meio do site do Sebrae/RS (www. sebrae-rs.com.br). Paralelamente à feira, em dois dias, será realizado o Fórum de Empreendedorismo. Na feira, os visitantes poderão participar de oficinas, palestras e workshops. Além disso, a edição deste ano contará com o Espaço Empreendedor do Futuro, que deverá receber 1.100 crianças para usufruírem das atrações. Do interior do Estado, estão sendo esperados 3.500 empreendedores que participarão da feira como integrantes de 90 missões empresariais. Na edição anterior no Estado, o público presente à feira e às palestras oferecidas pelo Fórum de Empreendedorismo chegou à marca de 21.957 pessoas. Pelo site, outras 15.929 pessoas também participaram da Feira do Empreendedor. O blog e os vídeos registraram o acesso de mais de três mil interessados em oportunidades de negócios. Desde 1995, a Feira do Empreendedor é realizada em diferentes estados e regiões do País. O circuito de 2010 ocorrerá, a partir de maio, em 12 municípios brasileiros (Belém, Joinville, Porto Velho, Campo Grande, Fortaleza, Aracajú, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Natal, Boa Vista e São Paulo). Seu principal cliente é o visitante que deseja empreender, abrir um negócio ou incrementar o que já possui. A feira busca estimular o espírito empreendedor e inspirar o maior número de pessoas a explorarem o seu potencial inovador e criativo para transformar ideias em oportunidades de negócios. Feira do Empreendedor Data: 9 a 12 de setembro Local: Fiergs Horário: 14h às 21h Expositores: 130 Foto: Elias Eberhardt Março 2010 | Revista Tempo de Agir 33 Foto: Claudio Bergman Mercopar Data: 19 a 22 de outubro Local: Centro de Feiras e Eventos Festa da Uva Caxias do Sul Horário: 14h às 21h Mercopar, DESAFIOS AINDA MAIORES A Mercopar, maior feira de inovação e subcontratação industrial da América Latina, é outro encontro empresarial de grande importância do Sebrae/RS, em parceria com a Hannover Fairs Sulamérica, empresa do grupo Deutsche Messe AG. Em sua 19ª edição, a Mercopar será, mais uma vez, grande cenário para a promoção de negócios entre empresas brasileiras e do exterior. Realizada entre os dias 19 e 22 de outubro, em Caxias do Sul, reunirá centenas de empresários e profissionais que atuam junto aos setores de automação industrial, borracha, eletroeletrônico, metalmecânico, plástico e serviços industriais. 34 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Foto: Claudio Bergman Na edição passada da feira, os resultados bateram todos os recordes com relação a volume de negócios (superior a R$ 57 milhões), número de visitantes (31.900) e de expositores do Brasil, África do Sul, Alemanha, Argentina, Índia e China (573), além dos contatos encaminhados pelos empresários. Em 2010, os desafios são maiores, mas os organizadores pretendem ultrapassar os números de 2009, promovendo a maior feira de todas as edições. Em abril a Mercopar 2010 será lançada internacionalmente durante a Feira Industrial de Hannover, na Alemanha – maior evento do mundo na área de tecnologia para o setor produtivo. Explorar as oportunidades do mercado internacional é a proposta do Sebrae/RS com o Programa de Internacionalização que visa a apoiar a participação de produtores rurais, micro e pequenas empresas nas principais feiras internacionais dos setores de agricultura, bebidas e alimentos, coureiro-calçadista, metalmecânico, madeira e móveis. Por meio de chamada pública nº 01/2010, serão selecionadas, durante todo o ano de 2010, MPEs interessadas em fazer negócio e/ou prospectar contatos comerciais em 12 feiras e missões internacionais. duas ações: consultoria individual focada em mercado internacional e treinamento realizado em parceria com o Banco do Brasil, que abrangerá operações de comércio exterior, totalmente adaptadas às micro e pequenas empresas. O grupo contará com apoio técnico do Sebrae/RS durante a missão, e cada empresa receberá uma agenda específica com base nos interesses detectados durante a consultoria individual. “O mercado internacional é a melhor oportunidade de estar próximo ao que há de novo em cada atividade”, afirma o gerente da Indústria do Sebrae/ RS, Clóvis Masiero. As selecionadas como expositoras receberão apoio financeiro de 70% na compra do espaço com montagem. Já as escolhidas para realizar missão empresarial terão apoio financeiro de 50% no pacote de viagem, que inclui passagens e hospedagem. O gerente explica que “essa é uma ação do Programa de Internacionalização do Sebrae/RS que pretende contribuir para a geração de novos negócios e para o aumento do volume de exportações do Estado”. Um mundo de OPORTUNIDADES Um dos primeiros destinos dos empreendedores gaúchos será a Feira Industrial de Hannover, na Alemanha, onde um grupo de 13 pequenas empresas participará da missão entre os dias 19 e 23 de abril (quadro completo abaixo). Antes de embarcar, os empresários serão capacitados através de FEIRAS INTERNACIONAIS (chamada pública em andamento) Setor Feira/Missão Empresarial Data Local Alimentos Calçados Sial Micam Chicago Shoe Expo IFLS EICI 17 a 21 de outubro 15 a 18 de setembro 1 e 2 de julho 3 a 6 de agosto 11 a 13 de maio Paris, França Milão, Itália Chicago, USA Bogotá, Colômbia Bogotá, Colômbia Canton Fair Feira Industrial de Hannover Saitex 28ª Feira Internacional de Bogotá Expo Transporte Salão de Móveis Expomueble / Tecno Mueble 15 a 19 de outubro 19 a 23 de abril 25 a 27 de julho 4 a 8 de outubro 2 a 4 de setembro 14 a 18 de abril 19 a 22 de agosto Guangzhou, China Hannover, Alemanha Johannesburg, África do Sul Bogotá, Colômbia Guadalajara, México Milão, Itália Guadalajara, México Componentes, máquinas e couro Metalmecânico Madeira e Móveis Março 2010 | Revista Tempo de Agir 35 Foto: Divulgação/Prefeitura de Não-Me-Toque A Expodireto Cotrijal foi uma das feiras que receberam incentivo Estímulo aos negócios REGIONAIS Incentivar os pequenos negócios a buscar novos espaços no mercado regional e, ao mesmo tempo, valorizar as feiras de pequeno e médio porte sediadas no Rio Grande do Sul. Com esse objetivo, o Sebrae/RS lançou no ano passado o primeiro edital para promotoras de feiras, que resultou no credenciamento de 11 importantes eventos gaúchos e um total de 162 estandes adquiridos pela entidade. “Os espaços estão sendo comercializados junto às MPEs interessadas com 50% de desconto”, informa o gerente de Comércio e Serviços do Sebrae/RS, Rodrigo Farina Mello. Para adquirir os estandes basta acessar o site do Sebrae/RS (www.sebrae-rs.com.br) e fazer um pré-cadastramento. A partir daí a entidade entra em contato com o empreendedor e acerta os detalhes da documentação necessária. Antes, os expositores participarão de uma assessoria que irá capacitá-los para participar de feiras. A primeira foi a Expobutiá, que ocorreu de 19 a 21 de março, em São Pedro do Butiá. (quadro completo ao lado). 36 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Neste ano, outro edital está aberto para o credenciamento de feiras em que o Sebrae/RS irá comprar estandes e revendê-los com desconto para as MPEs. “Estamos trabalhando dessa forma para ter certeza de que o recurso do Sebrae/RS está, de fato, beneficiando as pequenas empresas”, reforça o gerente. Antes, a entidade atuava com patrocínio para as feiras que, por sua vez, comercializavam os estandes para as MPEs. Por meio desse edital, as promotoras de feiras poderão se credenciar durante todo o ano. Na prática A Expodireto Cotrijal, uma das principais feiras do agronegócio no Brasil, é, tradicionalmente, destino certo para muitos pequenos negócios gaúchos. Em 2010, o Sebrae/RS colocou 1,5 mil metros quadrados à disposição de 31 MPEs do setor metalmecânico que expuseram seus produtos. Além disso, promoveu rodadas de negócio internacional, nacional, e da agroindústria familiar. Não basta participar, TEM QUE SE PREPARAR Veja as feiras do Estado e os estandes disponíveis O empreendedor que pretende participar de uma feira ou missão empresarial precisa se preparar para atingir seus objetivos com êxito. Para isso, deve seguir seis dicas úteis e práticas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Planejar a participação no evento; Dar atenção à apresentação pessoal; Dar atenção especial à qualidade do atendimento ao visitante; Planejar a programação visual do estande; Preparar material promocional (cartões, folders, banners etc.) Estabelecer metas de contatos a obter durante a feira. FEIRAS REGIONAIS Feira Data Local Estandes disponíveis Setor Expobutiá IV Festa do Aipim e Expo Crizeiro Vinotech Feisa Polfest IX MIP Fearg Fecis Expofeira Expovale Expoativa 19 a 21 de março 8 a 11 de abril São Pedro do Butiá Cruzeiro do Sul 22 13 Multissetorial Multissetorial 13 a 16 de abril 29 de abril a 02 de maio 27 a 30 de maio 28 a 30 de maio 24 de junho a 11 de julho 4 a 12 de outubro 12 a 21 de novembro 2 a 5 de dezembro Bento Gonçalves Sarandi Guarani das Missões Palmeira das Missões Rio Grande Pelotas Lajeado Pedro Osório 7 15 22 22 4 22 7 22 Multissetorial Indústria moveleira e têxtil Multissetorial Indústria do município Multissetorial Multissetorial Multissetorial Multissetorial Março 2010 | Revista Tempo de Agir 37 Mercado externo Terreno cheio de exigências Missão técnica organizada pelo Sebrae Nacional observa o tratamento que as frutas e as verduras recebem em países europeus 38 Revista Tempo de Agir | Março 2010 As micro e pequenas empresas brasileiras precisam investir em preparo se quiserem atuar no mercado europeu de frutas, que é muito exigente em logística, legislação e qualidade (certificações). “Trata-se de um mercado distante, complexo e competitivo, sem muita margem para equívocos comerciais”. O alerta é do diretor Técnico do Sebrae/RS, Marco Antonio Kappel Ribeiro. Em fevereiro, ele e o gerente de Agronegócios do Sebrae/RS, João Paulo Kessler, participaram de missão técnica que tinha como objetivo levantar informações sobre o mercado internacional de frutas e aprofundar os conhecimentos sobre aspectos comerciais do setor na Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha. Em Berlim, capital alemã, o foco da missão foi a Fruit Logística, a mais importante feira europeia do setor de frutas, de legumes e de produtos frescos - a exposição contou com mais de 2.100 empresas de mais de 70 países, ocupando 88 mil metros quadrados. Um dos aspectos que chamaram a atenção de Kappel e Kessler foi a diversidade de negócios, abrangendo vários segmentos da cadeia: desde a apresentação de frutas e verduras frescas, frutas secas, produtos orgânicos, tecnologia de embalagens, armazenagem, transporte e logística, software e marketing até educação. Foto: Márcio Rosalem Foto: Léa Lagares A novidade nos supermercados da Europa é o Smoothie, bebida energizante que combina sucos, sorvetes e iogurtes Oferta de frutas em porções individuais para facilitar a vida do consumidor Kappel Ribeiro explica que, circulando pela feira, foi possível observar as tendências do setor, como o direcionamento para a maior acessibilidade dos produtos ao consumidor, com as frutas em embalagens que têm alto grau de atratividade e em frações pessoais no formato pronta-para-comer. “O uso de mix variado, do jogo de cores com a utilização de diferentes frutas cortadas em pedaços foi sistematicamente percebido”, diz o diretor. são visitaram empresas de processamento e distribuição de frutas de atuação mundial, observando também a organização e o funcionamento de supermercados e mercados. Na Grã-Bretanha, circularam pelo Spitalfields Market de Londres, maior centro de distribuição de frutas, legumes e flores do país. Kessler afirma que “visitas como as realizadas ao Centro de Distribuição do Best Fresh Group em Poeldijk (Holanda) e à instalação de processamento e de envio aos supermercados da Univeg em Spalding (Grã-Bretanha) forneceram a Segundo Kessler, a feira permitiu uma visão do esforço visão detalhada de diferentes graus de exigências quandos concorrentes do Brasil na área e a do se trata de qualidade e dos procespercepção de determinadas estratégias sos destes grupos”. O diretor Kappel QUALQUER e/ou práticas de mercado. “Da mescomplementa, afirmando que “qualma forma, possibilitou maior aproxiEMPRESA QUE quer empresa que acesse este mercamação com instituições internacionais ACESSE ESTE do está pronta para atuar em qualquer que trabalham com a avaliação cadasoutro”. MERCADO tral de empresas do setor, o que pode ESTÁ PRONTA Afora isso, em termos de conceitos, servir de suporte para a triagem das PARA ATUAR empresas importadoras, diminuindo o mercado de orgânicos ainda está EM QUALQUER o risco comercial”, acrescenta. Além direcionado para nichos específicos OUTRO disso, ele observou que “a inovação de consumidores e, em certa medida, é uma constante no setor, em que o é mais aceito quando está unido aos Smoothie é a mais recente novidade no segmento de padrões do Fair Trade (Comércio Justo). “Pelo que se sucos, já fortemente comercializado nos supermercapode perceber, o Fair Trade é mais atuante no mercado dos da Europa”. inglês, principalmente com o café, e não com frutas frescas, contrariando o que a equipe imaginava”, conta Nos outros dois países europeus, os integrantes da miso gerente de Agronegócios do Sebrae/RS. >> Março 2010 | Revista Tempo de Agir 39 >> Foto: Léa Lagares O embarque e desembarque de mercadorias são constantes em Roterdã, na Holanda, que tem conexão com cerca de mil portos do mundo Kessler também observou que, nos supermercados, o consumidor é muito receptivo à maior presença das frutas, frescas e desidratadas, nas gôndolas. Os movimentos do setor respondem a essa realidade caminhando no sentido de ofertar e inovar. Ele acrescenta que ficou igualmente claro outro aspecto importante: mesmo sendo favorável aos atuais conceitos de saúde, segurança alimentar e comércio justo, de maneira geral, o consumidor europeu ainda não está pagando o diferencial que estas certificações acarretam às mercadorias. “Os produtos orgânicos, por exemplo, ainda são pouco competitivos nestes mercados e aparecem de forma bastante tímida nos supermercados”, exemplifica. Na Holanda os integrantes da missão também fizeram visita dirigida pelo porto de Roterdã, o que incluiu um passeio de barco pela área portuária, que se estende por 40 quilômetros e cobre 10 mil hectares. Roterdã faz parte de 500 linhas de tráfego de navios que se 40 Revista Tempo de Agir | Março 2010 conectam com cerca de outros mil portos; seu ponto forte é a sua localização, que permite transporte eficiente, econômico e rápido até o coração da Europa. O movimento é constante. As mercadorias vêm de muitas partes do mundo e vão para outras tantas, o que explica o interesse de algumas multinacionais em manterem ali importantes complexos industriais. O calado do porto permite que os navios carreguem até 350 mil toneladas, onde os maiores contêineres pesam em torno de sete mil toneladas. João Paulo Kessler acredita que o fortalecimento de relações comerciais em novos mercados dentro do Brasil pode servir como ótima escola comercial para as micro e pequenas empresas do País. Segundo Kessler, “o fomento para uma maior participação em feiras nacionais, assim como a constituição de uma agenda formal de ações direcionadas à capacitação empresarial são cuidados que os agentes do Sebrae deverão priorizar para fortalecer os conhecimentos de mercado das MPE’s do setor de fruticultura”. Os integrantes da missão técnica organizada pelo Sebrae Nacional também constataram que “a forma de comercialização, via consignação dos produtos, não é a mais adequada, pois mantém a responsabilidade e todo o risco de perdas sobre o exportador”. Portanto, a possibilidade de apoio oficial e de órgãos do setor para melhorar esta situação deveria ser avaliada e estudada. A Missão Técnica aos países europeus foi organizada pela coordenadora de Fruticultura da Gerência de Agronegócios do Sebrae Nacional, Léa Lagares, e pelo consultor de mercado Naji Harb. Além do Rio Grande do Sul outros 11 estados participaram da missão. Desafio Sebrae 2010 Foto: Dudu Leal Participação dos estudantes universitários no jogo pode ser assegurada pela internet As inscrições já começaram Foi dada a largada para o grande jogo virtual que todos os anos mobiliza milhares de estudantes universitários brasileiros em direção ao empreendedorismo. Já começou o período de inscrições para o Desafio Sebrae. A previsão do Sebrae Nacional é que 135 mil estudantes participem da competição, o que representa um aumento de 47% em relação à edição anterior. No ano passado, quando o Rio Grande do Sul foi representado por 9.380 alunos, duas equipes se classificaram para a final nacional, em Brasília. Um grupo era de alunos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e o outro era da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Faculdades Integradas de Taquara (Faccat). As inscrições para a edição deste ano podem ser realizadas até 15 de abril, no site www.desafio.sebrae.com.br. Os participantes simularão no jogo, em 3D, a administração ou gestão de uma fábrica de brinquedos musicais. A competição será composta por cinco fases: classifica- tória estadual (virtual); semifinal estadual (virtual); final estadual (virtual); semifinal nacional (presencial) e final nacional (presencial). As equipes devem ser formadas por no mínimo três alunos e no máximo cinco. As etapas presenciais serão realizadas em Recife (PE). Como prêmio, os vencedores ganham uma viagem internacional a um centro empreendedor e notebooks. Reconhecido pelo caráter educacional, o Desafio Sebrae resulta de uma parceria entre o Sebrae Nacional e o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A proposta é fornecer aos acadêmicos, de forma lúdica, experiências práticas importantes que ajudem a fomentar o empreendedorismo. “Jovens entre 18 e 22 anos são a maioria dos participantes, representando mais de 60% dos inscritos. Neste ano, investimos ainda mais na aproximação com esse público, dando-lhes a chance de testar as ideias virtualmente”, adianta Carla Virgínia Lima, uma das coordenadoras nacionais do jogo virtual. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 41 Gestão No centro do trabalho da norte-americana Elinor Ostrom, Prêmio Nobel de Economia de 2009, está a ideia de que a cooperação pode resultar em proveito econômico para toda uma comunidade, sem a necessidade de intervenção do Estado ou da iniciativa privada. Como alternativa, a professora da Universidade de Indiana (Estados Unidos) contrapõe a gestão compartilhada como válida para uma série de recursos naturais finitos. Entre eles, pastagens, florestas, lagos, bacias de águas subterrâneas e reservas de peixes, que podem ser administrados como propriedades comuns. Em tempos de grave crise do capitalismo financeiro, a concessão do Nobel de Economia de 2009 foi na contramão da corrente principal e distinguiu dois representantes do pensamento que vai além da teoria dos mercados. Tanto a “economista política” Elinor Ostrom como Oliver Williamson (da Universidade da Califórnia-Berkeley), com quem dividiu o Prêmio, pregam novas formas de governança econômica. Foto: stockholmresilience Tese da professora da Universidade de Indiana, EUA, vai ao encontro das preocupações mundiais com o meio ambiente 42 Revista Tempo de Agir | Março 2010 O trabalho da professora e cientista política – a primeira mulher a receber o Nobel de Economia - vai ao encontro das atuais preocupações mundiais com aquecimento global, meio ambiente e sustentabilidade. Segundo ela, quando existe boa governança, definição de regras e previsão de sanções, a administração de bens naturais baseada na cooperação entre as comunidades tem chances de sucesso. Como exemplo, ela cita o caso dos pescadores de lagosta do Maine, EUA, que se uniram para regular informalmente a pesca do crustáceo, a fim de não dizimar os estoques pela superexploração - e acabaram conseguindo melhores resultados em sua atividade econômica. Paralelo com o Brasil As ideias de Elinor Ostrom podem encontrar um paralelo no Sul do Brasil no abrangente projeto Carne do Pampa Gaúcho, no qual o Sebrae/RS é parceiro ao oferecer acompanhamento técnico-gerencial nas fases de produção, indústria e comercialização. O foco desse projeto é a carne certificada proveniente de parte de 11 municípios da Metade Sul. A carne bovina com o selo Pampa Gaúcho tem indicação geográfica concedida pelo INPI- Instituto Nacional de Proteção Industrial e prevê uma produção vinculada à proteção ambiental. A ação de uma aliança de organizações com um objetivo comum converge, no Estado, para a Apropampa. A associação de produtores da carne do Pampa Gaúcho, com sede em Bagé, tem 58 integrantes, faz as ligações com as demais entidades e, além do seu foco de ação, gerencia a concessão do selo de indicação geográfica para a carne. Para isso, verifica se estão sendo cumpridos os diversos requisitos, como os referentes à raça, à alimentação QUANDO EXISTE e à idade do animal. Os próprios BOA GOVERNANÇA, criadores ajudaram a elaborar os DEFINIÇÃO DE estatutos com os requisitos. Foto: Elias Eberhardt A manutenção do pasto nativo é garantida por se tratar de uma das exigências para a alimentação do gado. Esse tipo de cuidado com o bioma contribui, inclusiREGRAS E PREVISÃO ve, para a preservação das espéDE SANÇÕES, A cies de pássaros que fazem seus A partir da Carne do Pampa, ADMINISTRAÇÃO ninhos na região. Fator que deso caminho está aberto a DE BENS NATURAIS pertou o interesse da BirdLife ramificações, segundo o gerente International, uma parceria mundo Agronegócio do Sebrae/RS, BASEADA NA dial de organizações de proteção COOPERAÇÃO ENTRE João Paulo Kessler. Tanto que de aves. A ligação da Bird com os AS COMUNIDADES TEM foram criadas redes de referência gaúchos foi viabilizada através da CHANCES DE SUCESSO para levar este conceito a outras Alianza del Pastizal, formada por regiões gaúchas. Oito unidades organizações do Brasil, Argentiestão desenvolvendo projetosna, Uruguai e Paraguai, que lutam pela preservação do bioma piloto na bovinocultura de corte, sob Pampa, comum aos quatro países. É uma boa oportunidade a supervisão do Sebrae. A intenção é para tentar assegurar a permanência da ema - a maior ave das expandir a preocupação ambiental, com Américas -, do canário-do-campo e do sabiá-do-banhado, enagregação de valor econômico, a partir tre outras espécies que povoam nossos campos. da produção monitorada. Projeto de bovinocultura de corte no Rio Grande do Sul, que inclui a Carne do Pampa Gaúcho, contribui para a preservação dos campos nativos Março 2010 | Revista Tempo de Agir 43 Agroindústria A família no comando Com o objetivo de aumentar a renda dos agricultores e diversificar a produção, o projeto Desenvolver a Agroindústria no Planalto e Norte, iniciativa do Sebrae/RS, estimula a criação de agroindústrias familiares no município de Não-Me-Toque, distante 282 Km de Porto Alegre. A caçula Cooperativa Delícias da Colônia está em funcionamento desde janeiro, na sede da Foto: Divulgação/Prefeitura de Não-Me-Toque antiga escola municipal da cidade. Doze famílias reúnem suas produções de ovos, conversas, verduras, frutas e diversos produtos coloniais 44 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Em Não-Me-Toque a união de esforços coloca a produção diversificada em evidência As doze famílias que compõem a cooperativa oferecem uma gama de produtos, incluindo ovos in natura, conservas, verduras, morango, e uma novidade, a conserva do broto de bambu, semelhante ao palmito. Joel Fries, presidente da cooperativa, conta que o projeto da agroindústria surgiu há três anos. “Alguns vizinhos, minha família e eu nos reunimos, e chegamos à conclusão de que seria muito mais proveitoso fazermos uma única agroindústria bem diversificada do que várias menores. Dessa forma, teremos mais força, mais representatividade”. O associativismo resulta no que Fries considera como fundamental: “temos sempre que diversificar a produção”. De acordo com Nilson Valdir Kilpp, gestor do projeto, “todas as famílias já trabalhavam informalmente em pequenas propriedades, mas o trabalho associado mudou a realidade de cada uma, e os resultados estão sendo muito positivos”. A ação estimula a formalização das atividades agrícolas e, assim, os produtores podem acessar novos mercados. Entre os segmentos desenvolvidos estão os embutidos, flores, fruticultura, derivados de cana-de-açúcar e leite, panificação, ovos e vinhos. A Cooperativa Delícias da Colônia foi instalada no prédio de uma antiga escola do município, reformado com recursos da prefeitura. O secretário municipal de Desenvolvimento, Jair Kilpp, afirma que “a criação de agroindústrias é importante tanto para o município quanto para os produtores. Primeiro, porque agregam renda para a produção; segundo, porque estão gerando empregos”. Neste processo, o secretário avalia que “a agroindustrialização fornece ainda mais qualidade para os produtos”. Em 2010 deverão ser inauguradas quatro agroindústrias no município. Joel Fries estima que “nos próximos meses a cooperativa vai produzir entre 600 e 700 quilos de salame, que é o seu carro-chefe. Para os outros produtos ainda não há estimativa definida. Ele acrescenta que o grupo tem se reunido para planejar ações e definir as metas do novo negócio. Projetos O gestor Nilson Valdir Kilpp destaca que estão em planejamento ações para desenvolver o turismo do agronegócio na região. “A ideia é criar um roteiro turístico a partir desse trabalho, desenvolvendo boas práticas em serviços de alimentação e outras modalidades. Um exemplo seria o dos empreendedores de alambiques, que podem atender a turistas para o almoço; outros empreendimentos têm condições de servir café colonial; e produtores de leite podem abrir as porteiras de suas propriedades para que os visitantes conheçam o processo”, antecipa. >> CHEGAMOS À CONCLUSÃO DE QUE SERIA MUITO MAIS PROVEITOSO FAZERMOS UMA ÚNICA AGROINDÚSTRIA BEM DIVERSIFICADA DO QUE VÁRIAS MENORES Joel Fries | presidente da cooperativa Março 2010 | Revista Tempo de Agir 45 Cresce o número de agroindústrias em Não-Me-Toque, cidade onde se destacam a produção de soja e a indústria de implementos agrícolas Foto: Sebrae/RS Cenário da região A região se caracteriza pela produção agropecuária, principalmente a soja, e pelo desenvolvimento tecnológico da indústria de implementos agrícolas. Mas são as pequenas propriedades rurais que dão vigor à economia do Alto Jacuí. Há cerca de 13,5 mil propriedades rurais, sendo que 10,5 mil destas são consideradas pequenas - com menos de 50 hectares - e desde 2008 o Sebrae/RS desenvolve projetos em benefício dos produtores rurais locais. Segundo Kilpp, o trabalho já estimulou a criação de nove agroindústrias na região, através de capacitações, cursos e consultorias individuais. “O destaque cabe a Não-Me-Toque, cidade em que não existiam empresas deste segmento formalizadas e, neste curto espaço de tempo, já contabiliza oito. Representa uma nova realidade e um avanço socioeconômico para o município”, ressalta o gestor. Os empreendedores agrícolas, em sua maior parte localizados nos municípios de Não-Me-Toque, Tio Hugo, Quinze de Novembro, Carazinho, Ibirubá, Mormaço e Tapera não têm custos para participar das iniciativas. Em 2010, 140 produtores deverão ser contemplados por meio de recursos aportados pelo Sebrae/RS e apoiadores: prefeituras municipais, Emater, sindicatos rurais e de trabalhadores e cooperativas. 46 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Herança modernizada Plano é aumentar gradativamente a produção de salame misto e linguicinha Outro exemplo que vem do município é a agroindústria Embutidos Savadinschy. Quando os avós de Vilson Savadinschy começaram a fazer salames e linguiças, há 60 anos, em Não-Me-Toque, provavelmente não imaginavam que a habilidade culinária para complementar a renda da lavoura fosse transformada em atividade empresarial pelos netos. A tradição familiar em produzir embutidos de carne bovina e suína se desenvolveu entre as gerações e, modernizada por capacitações técnicas, aprendizados de gestão e boas práticas de produção, deu origem à agroindústria. Na propriedade onde vivem os pais de Savadinschy e a sua mulher, mais o irmão Lauri com sua esposa, foi construído um prédio de alvenaria em que estão instalados os equipamentos necessários. A cultura aprendida com os antepassados se transformou em uma empresa legalizada, funcio- Vilson Savadinschy | Empresário nando de acordo com as normas fiscais, de higiene e de segurança alimentar. “Quem sabe, se o negócio dá certo, os filhos voltam para cá e trabalham com a gente”, diz Vilson. Sócios no negócio, o produtor rural e Lauri têm, cada um, dois filhos adultos que, por falta de perspectivas de vida melhor na região, foram morar na cidade. Localizado próximo às margens da BR-142, o empreendimento começou a funcionar em novembro de 2009. O plano é de aumentar gradativamente a produção, que atualmente é de 800 quilos mensais, entre salame misto (preenchido por 60% de carne suína e 40% de bovina) e linguicinha. Vilson lembra que “desde guri faço isso, com o vô e a vó”. E acrescenta que “nossos produtos já são muito consumidos na cidade, mas ter uma empresa registrada e um ponto de referência aumentará bastante as vendas, principalmente entre os demais municípios da região”. Foto: Divulgação/Prefeitura de Não-Me-Toque Empreendimento da família Savadinschy está localizado próximo às margens da BR-142 em Não-Me-Toque. São produzidos mensalmente 800 quilos de salame misto e linguicinha Semente competitiva Há aproximadamente dois anos, os Savadinschy recebem orientações e apoio do Sebrae/RS. O gestor da instituição avalia que, com empresas formalizadas, a atividade rural se torna mais viável entre os agricultores. “Eles têm se especializado e umas das conquistas mais importantes foi mostrar para todos que é possível profissionalizar-se, deixar de ser fornecedor e ingressar no mercado com venda direta”, explica Kilpp. A agroindústria JL Sprandel, também de Não-Me-Toque, está entre aquelas que já comemoram crescimento. O ponto de fabricação de embutidos e beneficiamento de carnes bovinas foi inaugurado em 2008 na propriedade rural. No final do ano passado, a família ingressou com um ponto de vendas também na área urbana, contratando nove funcionários para comercializar os cortes de carnes e os produtos fabricados. Foto: Divulgação/Prefeitura de Não-Me-Toque NOSSOS PRODUTOS JÁ SÃO MUITO CONSUMIDOS NA CIDADE, MAS TER UMA EMPRESA REGISTRADA E UM PONTO DE REFERÊNCIA AUMENTARÁ BASTANTE AS VENDAS Agroindústria familiar de Não-Me-Toque inaugurada em 2008 prosperou e já contrata funcionários para aumentar a comercialização Março 2010 | Revista Tempo de Agir 47 Na Páscoa H ouve tempo em que as sementes de cacau, de tão valorizadas, viraram moeda corrente. Eram negociadas pelo explorador espanhol Fernão Cortez, por volta de 1519, em troca de ouro das civilizações maia e asteca. Décadas depois, o consumo das favas em receita de bebida foi autorizado na Europa. A permissão foi concedida pelo Papa Pio V, em 1569, para suportar o jejum religioso, dando início à democratização da degustação do chocolate. Para rezando 48 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Cada vez mais apreciado na culinária, no século XVIII os confeiteiros franceses passaram a substituir ovos cozidos e pintados a mão pelos de chocolate e, de lá para cá, este tem sido o ingrediente principal da gastronomia na celebração da Páscoa. Para a festa cristã em 2010, a Chocólatras sugere uma receita simples de fazer, mas sofisticada para o paladar. A microempresa faz parte do Polo de Gastronomia na Região Metropolitana, projeto impulsionado pelo Sebrae/RS, juntamente com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Sul (Senai/ RS), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac/RS), e o Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa). O objetivo do Polo de Gastronomia na Região Metropolitana é ampliar o faturamento e garantir a segurança alimentar na produção de alimentos através da profissionalização da gestão e da qualificação da mão de obra de micro e pequenas empresas como restaurantes, bares, lancherias e cafeterias de Porto Alegre. A proprietária da Chocólatras, Sony Monteiro, combina as misturas clássicas e ecléticas de suas receitas com as ações da iniciativa para a profissionalização da gestão do seu negócio. Sob sua chancela estão seis colaboradores para 40 tipos de produtos e 50 tipos de docinhos para festas. Ela afirma que “a participação no projeto facilita o acesso ao tipo de conhecimento necessário para organizar e planejar a Chocólatras”. A gestora do Polo de Gastronomia na Região Metropolitana, Katia Gisele de Souza, explica que o projeto é realizado desde outubro de 2007 e continua aberto a novas adesões. Até o momento, 100 MPEs recebem atendimento, divididas em dois grupos, para o desenvolvimento de ações específicas no decorrer do ano. O primeiro reúne 20 pequenos negócios. “Para estes em estágios avançados, estamos preparando um conjunto de ações mais desafiadoras, com treinamento em excelência em serviços e a realização de um festival gastronômico no verão de 2011”, adianta a gestora. Já o segundo grupo, composto por MPEs mais novas no projeto, as ações contemplam a implantação de indicadores de gestão, treinamentos básicos e o desenvolvimento de habilidades e pensamento estratégico por meio do Programa de Desenvolvimento de Líderes. Chocólatras Av. Nova Iorque, 181, Bairro Auxiliadora (51) 3337 7118 - www.chocolatras.com.br Receita | Bolo Gelado de Páscoa Foto: Dudu Leal Ingredientes 200 gramas de chocolate ao leite 100 gramas de manteiga 1 colher de sopa de glucose de milho 100 gramas de biscoito tipo maria em pedaços 50 gramas de cereja ao maraschino em pedaços 50 gramas de passas sem caroço 50 gramas de marshmallow em pedaços Modo de preparo: Derreta o chocolate, a manteiga e a glucose de milho no forno micro-ondas, por 2 a 3 min, em temperatura baixa, ou no fogão, em banhomaria. Após, acrescente na mistura os biscoitos, as cerejas e o marshmallow em pedaços e, por último, as passas sem caroço. Coloque em uma forma de silicone ou então em uma forma forrada com filme plástico ou papel alumínio. Deixe gelar por três horas, desenforme e decore com ovinhos, coelhinhos e cenourinhas de chocolate. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 49 Perguntas e Respostas Qual é a importância da elaboração de um planejamento estratégico de negócios? O empreendedor precisa perceber que o planejamento estratégico de negócio é mais que um local destinado à inserção de dados. É uma ferramenta que oferece a confiabilidade necessária nas informações colhidas, para assim serem realizadas as interpretações corretas das análises financeiras e do mercado. O planejamento de negócios contém um cronograma lógico e prático que possibilita ao empreendedor a inserção dos mais diversos dados sobre o futuro negócio. Trata-se, portanto, do primeiro contato do empreendedor com o universo empresarial, proporcionando-lhe a oportunidade de conhecer o próprio empreendimento, como também os mercados (fornecedores, consumidores e concorrentes) com os quais irá se relacionar. escoamento das mercadorias para os locais de destino, caso seja indústria. Veja se há serviços de transporte público para clientes e empregados, facilidade de acesso para carros, estacionamento de veículos, local para carga e descarga de mercadorias. Se o imóvel possui força elétrica que atende às necessidades da atividade, se há incidência de enchentes no local e na região. Lembre-se que qualquer reforma a fim de adaptar o imóvel para a atividade pretendida dependerá de autorização expressa do proprietário e, normalmente, da aprovação do projeto pela Prefeitura Municipal. Lá, você também deve verificar se o imóvel possui HABITE-SE, se as atividades a serem desenvolvidas no local respeitam a lei de zoneamento da cidade, se os impostos que recaem sobre o imóvel estão em dia (IPTU, IRT) e a legislação municipal que trata da instalação de anúncios. O que é preciso SABER Qual é o procedimento para se alugar um imóvel para a empresa? A escolha de um bom ponto comercial é fundamental para o sucesso do seu negócio. Inicialmente, faça um bom planejamento do seu futuro empreendimento para saber que tipo de imóvel será necessário para a sua atividade. Negocie o valor do aluguel, data de pagamento, prazo de locação e demais cláusulas com o locador, na forma e condições compatíveis com o empreendimento, considerando o tempo de retorno do investimento. Para a escolha do imóvel, verifique se o local do ponto comercial atinge o público desejado – em caso de comércio ou serviços – ou se favorece o É preciso verificar também, junto aos órgãos Estadual e Municipal do Meio Ambiente e de Controle de Atividades Poluentes, a possibilidade de se estabelecer na localidade. É importante ressaltar que as atividades relacionadas à saúde, tais como: bares, restaurantes, farmácias etc., dependem de alvará da Vigilância Sanitária Estadual e Municipal. Verifique, ainda, as exigências do Corpo de Bombeiro. É importante lembrar-se do Alvará de Funcionamento, documento que autoriza o exercício de uma atividade. Nenhum imóvel poderá ser ocupado ou utilizado para instalação e funcionamento de usos não residenciais sem prévia emissão, pela Prefeitura, da licença correspondente. Fique atento, a licença de funcionamento deverá estar afixada em local visível ao público. Fonte: cartilha As 40 perguntas mais frequentes dos empresários - Sebrae/SP 50 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Sebrae na Praia Foto: Dudu Leal Temporada PROVEITOSA Resultados mostram que levar o empreendedorismo ao Litoral durante o veraneio foi uma ideia muito boa >> Março 2010 | Revista Tempo de Agir 51 N a temporada do verão de 2010, o Sebrae/RS deu início a um projeto desenvolvido à beira da praia para levar informações, palestras e assessoria especializada a empresários e candidatos a empresários de pequenos negócios. Durante os meses de janeiro e fevereiro, o Sebrae na Praia movimentou os balneários de Capão da Canoa, Tramandaí, Torres e Pinhal (no Litoral Norte), além de Tapes, São Lourenço do Sul, Laranjal e Cassino (no Litoral Sul). O saldo final foi positivo, com cerca de 20 mil atendimentos durante a ação, que contou com o patrocínio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e apoio dos municípios contemplados. Atendimentos levaram em conta a grande circulação de veranistas nos balneários em janeiro e fevereiro A concepção do projeto levou em conta a circulação de mais de dois milhões de pessoas no Litoral gaúcho entre os meses de dezembro e março - turistas de todas as partes do Estado. No meio desse contingente, a instituição deu visibilidade ao seu trabalho, com reforço da marca, instalando estruturas itinerantes na areia, com a oferta de diversos serviços. O gerente do projeto no Litoral Norte, André Blos, conclui que “conseguimos mostrar, no mês de janeiro, o que faz o Sebrae/RS para pessoas de todos os cantos do Estado, muitas da quais ainda não tinham contato direto com a instituição”. Ele define como surpreendente o interesse pela qualificação e busca de informações. “Mesmo em época de descanso, as pessoas mostraram-se empenhadas em aproveitar a chance de aprimorar seus conhecimentos. Somente nas atividades de capacitações tivemos aproximadamente 400 inscritos, o que superou nossas projeções”, afirma. “Foi um trabalho pioneiro em que foi possível atender aos negócios na beira da praia e, além disso, motivar a geração de futuras demandas em nossas unidades”, constata a gerente da Regional Sul, Rosâni Boeira Ribeiro, destacando a grande procura que houve pelas oficinas de planos de negócios nas atividades realizadas em fevereiro. 52 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Fotos: Dudu Leal Litoral Litoral 3.683 1.249 330 260 53 8 8.404 1.087 454 265 121 21 Norte Registros de Pessoas Físicas Registros de Pessoas Jurídicas Assessorias especializadas Participantes nas palestras Participantes nas oficinas Plano de Negócio Registros como Empreendedor Individual (EI) Sul Na hora certa No Litoral Sul do Estado, a ação começou em Tapes Em mais de 20 anos como veranista em Tapes, esta foi a primeira vez que o profissional da Educação Física Evandro Mottin, 34 anos, foi para a sala de aula em pleno fevereiro. Quando viu a estrutura do projeto Sebrae na Praia sendo montada, pensou apenas em esclarecer dúvidas, mas, depois de participar de uma oficina e duas palestras, adquiriu o conhecimento e a motivação que podem ser decisivos para transformar em ação o seu maior objetivo: abrir um negócio próprio. “Quero ser proprietário de uma academia de ginástica. Entendo de esportes e de desenvolvimento físico, mas tenho pouca noção sobre o que é necessário para formalizar e gerir uma empresa”, afirma o candidato a empresário, morador de Montenegro. Mottin e a irmã, que é secretária, decidiram utilizar o tempo de descanso no balneário também para aprender e participaram da Oficina Elaborando um Plano de Negócio e das palestras Motivação: um diferencial competitivo e Gerenciando um fluxo de caixa com eficiência. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 53 PRECISAVA ME CAPACITAR, CONVERSAR COM TÉCNICOS ESPECIALIZADOS NA ÁREA PARA ENTENDER MAIS E CONCRETIZAR OS MEUS PLANOS DE FORMA SEGURA. FAZER ISSO NESTE PERÍODO DE TRANQUILIDADE FOI MUITO PRODUTIVO Evandro Mottin acredita que usou bem o seu tempo. “Foi muito proveitoso, porque, além das aulas, pude conversar com os palestrantes individualmente. Percebi o quanto planejar, prever riscos financeiros, pesquisar mercado e profissionalizar a atividade desde o início são itens importantes para que um negócio dê certo”. A partir das orientações que recebeu sente-se mais preparado para realizar o investimento previsto. “Agora estou pesquisando possíveis pontos para a academia. Levo em consideração os valores dos aluguéis, a localização e a estrutura que os locais têm”, explica. Para ele, a proposta do Sebrae/RS chegou na hora e no lugar certos. “Já conhecia a instituição em Montenegro, mas meus horários de trabalho não me permitiam fazer os cursos oferecidos”, conta. E acrescenta que “precisava me capacitar, conversar com técnicos especializados na área para entender mais e concretizar os meus planos de forma segura. Fazer isso neste período de tranquilidade foi muito produtivo”. Fotos: Dudu Leal 54 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Expectativa realizada Danilson Cerdeira só estava esperando que a unidade itinerante do Sebrae/RS fosse instalada em Tramandaí para iniciar 2010 dando um passo que marcará a sua história. No dia 15 de janeiro, ele se formalizou como Empreendedor Individual (EI), registrando a empresa Ki-Amor Fashion. Agora, ele e a esposa trabalham de forma regular em uma banca no centro do balneário, vendendo sapatos e bolsas. Antes mesmo do verão, em outubro, Cerdeira abriu um pequeno estande na avenida central de Tramandaí. Realizado o sonho, teria que regularizar tudo para “trabalhar e receber os fiscais bem tranquilo”. Como já tinha informações sobre o EI, providenciou os documentos necessários e buscou o auxílio que lhe faltava. “Com o técnico do Sebrae/RS, em menos de 40 minutos, mudei para melhor minha situação. Encaminhei os papéis para finalizar o processo na Junta Comercial e hoje posso dizer que tenho um negócio”, orgulha-se. A banca Ki-Amor Fashion tem dez modelos de bolsas e vende 100 tipos diferentes de calçados, com destaque para tamancos e rasteirinhas, que custam entre R$ 15,00 e R$ 30,00. Nos primeiros dias da alta temporada, registrou 80 atendimentos e vendas de aproximadamente R$ 150,00 ao dia. “Temos a proposta de continuar aqui no Litoral Norte e gostaríamos de ficar, pois Tramandaí é uma cidade que recebe um bom número de turistas ao longo de todo o ano, mas tudo vai depender das vendas do verão”, explica o novo empresário. Danilson Cerdeira conseguiu, finalmente, a formalização como Empreendedor Individual Além dos benefícios da Previdência Social, ele credita outras vantagens do EI. “Com uma empresa registrada e CNPJ, terei condições mais facilitadas para abrir conta-corrente em um banco e acessar financiamentos ou ter capital de giro”, diz. Ele vê a chance de, a partir de agora, unir trabalho e lazer. “No verão, o movimento maior na banca é à noite; em outros horários, sempre consigo dar uma escapadinha até a praia”. Foto: Sebrae/RS “Desde agosto do ano passado, quando fiquei sabendo do programa EI, quis fazer o registro, mas entrei no site da internet, encontrei dificuldades e acabei desistindo. Quando li em um folder que o Sebrae estaria em Tramandaí vi que era a oportunidade de concretizar o meu objetivo”, conta Cerdeira. O empreendedor, de 40 anos, é de São Leopoldo e trabalha há oito anos por conta própria, junto com a esposa. “Vendíamos artesanato, mas, há pouco mais de um ano, mudamos para calçados e bolsas por ser mais rentável. Vendíamos de porta em porta”, conta. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 55 Costa Doce Patrimônio arquitetônico enriquece o turismo Quatro municípios da região, com forte presença histórica, ganham roteiros formatados pelo Sebrae/RS 56 Revista Tempo de Agir | Março 2010 Teatro Esperança, bem tombado pelo Estado, é um dos destaques em Jaguarão >> Detalhe do prédio do Clube Caixeiral, em Pelotas, onde os reflexos da prosperidade deixaram marcas A Costa Doce, que se estende pelo extremo Sul do Brasil, deve o seu nome ao maior complexo lagunar da América Latina, que, formado pelas lagoas dos Patos, Mangueira e Mirim, engloba também municípios da orla marítima. As possibilidades de lazer nessa bela região do Rio Grande do Sul se enquadram nos mais diferentes objetivos: turismo cultural, rural, sol e praia, náutico, esporte e aventura. Para aumentar o aproveitamento de suas potencialidades, o Sebrae/RS está lançando os Roteiros de Arquitetura da Costa Doce, projeto viabilizado a partir de convênios firmados com as prefeituras municipais de Rio Grande, Pelotas, Piratini e Jaguarão. A Agência de Desenvolvimento (AD) do Turismo da Costa Doce também é parceira nessa iniciativa. Além de fazer o trabalho de pesquisa e formatar os roteiros, por meio da contratação de três consultores especialistas em arquitetura, o Sebrae vai qualificar os guias de turismo da região, para que eles possam informar os visitantes sobre as atrações de cada local. A intenção é que a programação seja comercializada pelas agências e operadoras de turismo. Com isso, a instituição busca aumentar o fluxo de turistas para esta parte da Metade Sul e, assim, gerar renda para as micro e pequenas empresas locais - já atendidas pelos projetos Hospitalidade na Costa Doce, Turismo Cultural, Sabores da Costa Doce e Artesanato do Mar de Dentro. Esses projetos do Sebrae já vêm qualificando as empresas para que possam melhor atender nos diferentes segmentos. A visitação aos centros históricos - incluindo prédios públicos e privados - é o foco da programação dos Roteiros, que poderá ser desenvolvida em cada cidade se- Fotos: Mario Pferscher/Sebrae/RS paradamente. Nem todas as construções incluídas nos trajetos são tombadas; algumas estão em bom estado, outras, nem tanto. Em Pelotas, por exemplo, o Centro Histórico está sendo restaurado pelo Programa Monumenta, do governo federal. Em Jaguarão, o prédio do Teatro Esperança, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), deve passar por reforma. Segundo dados do site do IPHAE, o teatro, “construído de 1887 a 1897, recebeu grandes companhias nacionais e estrangeiras, que faziam o roteiro Rio-Montevidéu; na década de 50 sofreu reformas para que fosse utilizado como cinema, assim foi parcialmente descaracterizado”. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 57 Em Piratini, segundo o IPHAE, também tombada, a Casa de Camarinha teria sido o primeiro prédio edificado na povoação (aproximadamente em 1789); a camarinha, propriamente, um pequeno torreão engastado na cobertura, foi construída posteriormente. O prédio de alvenaria de dois andares representando a arquitetura colonial portuguesa está parcialmente restaurado e abriga a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Como parte desse novo projeto, o Sebrae/RS está editando o guia de turismo Roteiros de Arquitetura da Costa Doce - Rio Grande do Sul (dos autores Ceres Storchi, Luiz Antonio Custódio e Vlademir Roman), com fotos de Mario Pferscher e design gráfico da Trama Design. A publicação, com ilustrações detalhadas, percorre os caminhos do passado rio-grandense, mostrando os destaques arquitetônicos nos quatro municípios. No entorno da Lagoa dos Patos, no Sul do Estado, surgem novas possibilidades turísticas em Piratini, Jaguarão, Pelotas e Rio Grande 58 Revista Tempo de Agir | Março 2010 O livro aborda Rio Grande, Pelotas, Piratini e Jaguarão, cidades com forte tradição política, econômica e cultural no Estado. No caso de Piratini (primeira capital farroupilha), nota-se a forte presença lusobrasileira em suas edificações, enquanto nos outros três municípios a maior influência é da arquitetura eclética. Em todos, observa-se a presença de lojas maçônicas, o que atesta a influência da maçonaria no Sul. A ideia de desenvolver os Roteiros começou por Jaguarão, o primeiro desse grupo de municípios a promover visitações a pontos de interesse. A cidade fronteiriça (com Rio Branco, no Uruguai) tem um dos maiores patrimônios edificados do Estado, com cerca de 800 imóveis catalogados para fins de preservação. Conhecida como a Cidade das Belas Portas, ostenta casas do século XIX que chamam a atenção dos visitantes. Com início em 2005, um grupo de consultores do Sebrae foi a Jaguarão, identificou os prédios, treinou os guias de turismo locais e produziu um roteiro de arquitetura para orientar a visitação. A partir daí foram realizadas quatro edições do seminário Arquitetura de Jaguarão - Ecletismo no Sul, uma iniciativa do Sebrae e parceiros que contou com palestrantes internacionais. A programação levou à cidade estudantes de faculdades de Arquitetura que visitaram pontos como o Museu Carlos Barbosa (a casa onde o político residiu), a ponte internacional Barão de Mauá e a Enfermaria Militar. Agora, o trabalho do Sebrae se ampliou e, além de Jaguarão, três outras cidades vão ganhar seus Roteiros de Arquitetura. Os circuitos podem ser feitos a pé, inclusive nas cidades maiores - Pelotas e Rio Grande - que têm um grande patrimônio contemplando várias épocas e diferentes tipologias arquitetônicas. Nos Roteiros estão listados espaços privados, públicos (como praças e largos) e bens excepcionais. Refinamento de Pelotas A partir do progresso econômico proporcionado pelas charqueadas, a cidade, enriquecida, sofisticou-se em diversos níveis e passou a importar modelos estilísticos na arquitetura. A cidade ostenta uma grande riqueza arquitetônica de todas as épocas, inclusive a contemporânea. Características coloniais, por exemplo, são encontradas na sede da Charqueada São João. Mudanças feitas em épocas posteriores no código de edificações resultaram em novas formas arquitetônicas, em que os acessos principais aos prédios ficavam nas esquinas. É o caso dos antigos bancos do Brasil, da Província e Pelotense e do Grande Hotel. No entorno da praça Pedro Osório, encontram-se edificações históricas importantes. Na catedral, destacam-se as pinturas murais do artista Aldo Locatelli. A cidade surgiu da necessidade de Portugal em marcar a posse e a defesa do território brasileiro nas áreas de fronteira. Localizado na margem esquerda do rio do mesmo nome, Jaguarão foi alvo da disputa com a Espanha até que Portugal conseguiu a sua posse definitiva. A constituição de pequenos postos de guarda, por isso mesmo, serviu de ponto de partida para a povoação. A primeira residência de que se tem notícia foi construída para os comandantes da Guarda do Cerrito, em 1802, na rua que ficou conhecida como a da Casa da Residência. Entre as 800 edificações registradas para fins de preservação destacam-se as decoradas residências com características ecléticas, com suas grandes portas muito trabalhadas com entalhes em madeira, a maioria do século XIX. A rua XV de Novembro, por esse motivo, ficou conhecida como a Rua das Portas. Mostras da riqueza e do desenvolvimento econômico da cidade fronteiriça Março 2010 | Revista Tempo de Agir 59 Foto: Mario Pferscher/Sebrae/RS Portas de Jaguarão Palácio do governo farroupilha, em Piratini, parte importante da História riograndense Rio Grande, cidade portuária Primeiro assentamento português em solo gaúcho, Rio Grande assume especial importância por ser o único porto marítimo da região. Como ponto de chegada e partida, inclusive em relação ao exterior, a cidade começou a se estruturar à beira do mar. Junto com os portos e o conjunto urbano do centro histórico, um marco importante na arquitetura da cidade é a unidade da fábrica de tecidos de lã Rheingantz (posteriormente Companhia União Fabril), formando um conjunto industrial típico das unidades europeias do século XIX. Nesse conjunto, observa-se a preocupação com a setorização, que está expressa, sucessivamente, no prédio da administração, nas casas dos mestres, nas unidades para funcionários graduados, nas moradias para os operários comuns. Outro traço do pioneirismo é o fato de a cidade ter a mais antiga biblioteca pública (Biblioteca Rio-Grandense, 1846) do Estado. Assim como Pelotas, tem caixa d’água importada em ferro fundido. Pioneirismo de Piratini Uma das primeiras cidades gaúchas a delimitar e buscar preservar o seu Centro Histórico, assim como re60 Revista Tempo de Agir | Março 2010 OS CIRCUITOS PODEM SER FEITOS A PÉ, INCLUSIVE NAS CIDADES MAIORES - PELOTAS E RIO GRANDE - QUE TÊM UM GRANDE ACERVO gular sua ocupação, Piratini ganhou reconhecimento nacional, a partir de 1938, com os processos de tombamento de três edificações de importância histórica. Hoje tem bens protegidos pelos governos estadual e municipal. Piratini esteve no centro dos acontecimentos da Revolução Farroupilha e foi a primeira capital da República Rio-Grandense. Por isso, destacam-se seus sobrados da época do governo farroupilha. A arquitetura tradicional luso-brasileira ainda é predominante entre as edificações urbanas. Entre elas, estão dois grandes prédios de esquina, a Casa de Camarinha e o imponente Sobrado da Dourada, além da Igreja Matriz. A existência de um teatro, o Sete de Abril, para saraus, audições e danças, atesta o intercâmbio cultural que existia na região. Fotos: Mario Pferscher/Sebrae/RS Alfândega de Rio Grande lembra a ligação do porto com o resto do mundo PROJETOS QUE ESTÃO SENDO EXECUTADOS Artesanato do Mar de Dentro O Sebrae/RS desenvolve este projeto com grupos de artesãos dos municípios de Aceguá, Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Arroio Grande, Candiota, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Cristal, Herval, Hulha Negra, Jaguarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santana da Boa Vista, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu. O objetivo é fortalecer núcleos de artesanato, promover o associativismo e o cooperativismo na região. Os grupos fazem produtos diferenciados e qualificados, com forte identidade regional, elaborados em biscuit, bordados, costura, crochê, madeira, lã, couro, escamas, couro de peixes e fibras naturais. A meta final é qualificar o artesanato com identidade da Costa Doce, gerando renda para os artesãos e incentivando a preservação da fauna local. Hospitalidade O projeto pretende aumentar a oferta de produtos e serviços nos meios de hospedagem e agências receptivas, de Arambaré, Barra do Ribeiro, Camaquã, Chuí, Jaguarão, Mariana Pimentel, Pelotas, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, São Lourenço do Sul, Sertão Santana e Tapes. Isso se dá pela qualificação do processo de gestão, do estímulo à cooperação entre as MPEs da região e da promoção de novos roteiros turísticos. Como meta final, o aumento da taxa de satisfação do cliente. Sabores O público-alvo inclui MPEs dos serviços de alimentação e produtores artesanais de alimentos tradicionais nos municípios de Arambaré, Barra do Ribeiro, Camaquã, Jaguarão, Mariana Pimentel, Pelotas, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Sertão Santana. O objetivo é implantar o programa Selo Sabores da Costa Doce, consolidando a Rota Gastronômica da Costa Doce com oferta de produtos típicos baseados nas etnias da região. Março 2010 | Revista Tempo de Agir 61 Artesãs do Sul No extremo sul do País, 1,1 mil famílias buscam nas águas da Lagoa da Conceição, o sustento do dia-a-dia. A Colônia de Pescadores de São Pedro depende do humor do santo padroeiro para conseguir o abençoado camarão, famoso em todo o Estado. Material descartado vira opção de renda Redeiras da Costa Doce transformam redes de camarão e derivados Para complementar a renda familiar, as mulheres também se dedicam ao artesanato e tiram do material descartado pelos pescadores a matériaprima para suas peças, na Coleção Redeiras. O couro da corvina, da tainha, da cascuda e do linguado vira bolsas, chaveiros e detalhes ornamentais de lenços. As redes de pesca, que arrastaram safras de camarão, transformam-se em bolsas, carteiras e necessaires fabricadas em um rústico tear. As biojoias são produzidas a partir das escamas de peixe. De acordo com a gestora do projeto Artesanato do Mar de Dentro, Jussara Argoud, a Coleção Redeiras traz um trabalho de criação muito bem-elaborado. Jussara explica que, “para fazer as biojoias, as escamas são tratadas, lixadas e depois recortadas no formato desejado. As redes são cortadas, tingidas e tecidas num tear manual”. O grupo já tem 11 artesãs trabalhando neste processo. O trabalho das artesãs gaúchas foi uma das grandes novidades da 17ª Paralela Gift (feira de design), que aconteceu em São Paulo, na última semana de fevereiro. A estreia da coleção em feiras rendeu R$ 11 mil em vendas, com entrega imediata de 108 peças. Além disso, as redeiras voltaram com a encomenda de outras 160 peças para entrega em abril e continuam recebendo pedidos para maio. O resultado foi considerado excelente. O artesanato do Rio Grande do Sul participa da Paralela Gift desde 2004, quando o grupo Favos do Sul esteve presente. Desde 2007, o Estado é representado por vários grupos a cada edição. Em 2010 foram seis: Ladrilã, Bichos do Mar de Dentro, Redeiras, Lã Pura, Favos do Sul e Canoa, que integram o Projeto Artesanato Mar de Dentro, desenvolvido no Território da Cidadania da Zona Sul do Estado. O projeto atinge 25 municípios, em uma área de 39,9 mil quilômetros quadrados. 62 Revista Tempo de Agir | Março 2010 64 Revista Tempo de Agir | Março 2010