Cooperação entre
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Cooperação entre
ANO 1 - Nº 11 • Edição Mensal - Março/2014 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Cooperação entre gente que se entende • Distribuição gratuita. Venda Proibida. Tentei resolver amigavelmente Dra. Júlia Cavalazzi, Promotora da Vara da Infância e Adolescência, em entrevista esclarecedora Pág. 3 Patrimônio: Conheça o nosso 3R90 Colunas de comunidade: Descubra o “borrachudo” do Rio do Meio Homenagem a Jean Yves Griot, pela contribuição dele ao surgimento da Acolhida e da Agreco Pág. 6 Esporte Total: Retomada Pág. 12 Pág. 26 Pág. 27 2 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Reportagem ESPECIAL Mariza Vandresen Um conselho, muitas advertências O Conselho Tutelar de Santa Rosa de Lima é o principal órgão encarregado pela sociedade brasileira de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente em nosso município. Só em 2013, foram mais de quarenta os casos em que o órgão foi acionado. Espanta, para a realidade aparentemente tranquila do município, uma dezena de denúncias de casos de violência sexual. “E pode haver mais”, afirmam alguns conselheiros. Desde julho do ano passado, esse órgão esteve no centro de diversas tratativas administrativas, políticas e legais. Elas giraram em torno das limitações de infraestrutura, da falta de valorização profissional dos conselheiros e, também, da falsa ideia que administradores municipais, pais, professores e pessoas em geral têm sobre o Conselho Tutelar (leia página 4). Como é fundamental que não exista qualquer impedimento objetivo para que esse importante órgão da sociedade efetive um atendimento adequado à população infanto-juvenil santarosalimense, o Canal SRL procurou apurar os fatos e as versões existentes no município, sempre procurando informar com qualidade e profundidade e, com isso, esclarecer seus leitores. Um conselho sem tutela Antes de 1990, a sociedade brasileira era mera espectadora passiva da solução dos problemas relacionados à violação de direitos fundamentais de crianças e adolescentes. Os “Juízes de Menores” centralizavam totalmente esse tipo de decisão. A partir da Constituição de 1988 e da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a sociedade passou a assumir um papel decisivo na solução desses problemas. Esse novo marco legal exigiu a instalação, em todos os municípios brasileiros, de ao menos um Conselho Tutelar, sempre como um órgão permanente e autônomo. A lei federal determina também que exista entre o Conselho Tutelar e a administração pública municipal mera vinculação administrativa, na medida em que o município está obrigado a destinar recursos orçamentários suficientes para garantir o adequado funcionamento desse órgão. Tal garantia não pode significar quebra da autonomia e/ou da independência do Conselho Tutelar. O caso recente da prisão do prefeito, de secretários e de funcionários da prefeitura de Coari, no Amazonas, por envolvimento em uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, que era comandada pelo próprio chefe do executivo municipal, ilustra como a autonomia funcional e a independência são indispensáveis para que o Conselho Tutelar possa cumprir sua função. É bom que os munícipes e os dirigentes municipais compreendam que essas condições se estendem aos conselheiros tutelares, que não podem ser considerados ou tratados como simples ocupantes de um “cargo público” qualquer. Antes de tudo, porém, os próprios conselheiros escolhidos pela sociedade necessitam entender isso muito bem. O Estatuto da Criança e do Adolescente deixa muito claro que os conselheiros tutelares não “ganham” seus cargos e que condições de trabalho adequadas não são “favor” de nenhum ocupante do executivo. Por isso, não tem sentido algum agradecer por melhorias nessas condições. Da mesma forma, a atuação dos conselheiros tutelares não pode ser comprometida pela aceitação de pressões de políticos ou por sentimentos de dívida ou de subordinação em relação a prefeituras ou a seus ocupantes temporários. A sede O Conselho Tutelar de Santa Rosa de Lima ocupa parte de uma antiga casa residencial localizada “na praça”. Na outra parte, funciona a Biblioteca Municipal. Para os atuais conselheiros tutelares, essa divisão do espaço não atrapalha a privacidade nos atendimentos. Da mesma forma, o fato de o imóvel ter apenas um banheiro não é considerado por eles prejudicial ao rendimento dos trabalhos. A localização agrada a todos: fica próximo à Unidade de Saúde, ao Centro de Assistência Social, à Delegacia, às escolas, ao correio. Conselheiros reivindicaram, sim, que a sede tivesse pelo menos um banheiro masculino e outro feminino, assim como um aparelho de ar condicionado. No momento, contudo, constatam e valorizam outras melhorias. “Carências de todas as ordens” Depois de frequentes reivindicações à prefeitura e de muita “enrolação”, que resultou, inclusive, em uma intervenção da Promotoria de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina (leia a entrevista com a Promotora Júlia Vendhausen Cavalazzi), finalmente os pedidos relativos às condições de trabalho começaram a ser atendidos. A promotora da Infância e Adolescência relata que eram carências de todas as ordens: de mobiliário, computador e outros equimentos de informática (inclusive problemas de acesso à internet), carro e, até, um simples arquivo com chave ou um aparelho celular. A falta deste último equipamento gerou preocupação no Ministério Público: “[Os conselheiros] não tinham um aparelho celular para utilizar no sistema de plantão. No caso de emergência, eles estavam usando seus próprios aparelhos. Isso, além de comprometer a segurança deles, vincula a função à pessoa, o que não é recomendado”. Kit federal Na sala do Conselho Tutelar pode-se ver que, mesmo não sendo completas, as mudanças são consideráveis. Em um canto, estão cinco computadores novinhos e encaixotados, uma impressora, um bebedouro e uma geladeira. Todos fazem parte de um Kit recentemente encaminhado pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República do Governo Federal. Trata-se de um esforço do governo Dilma Rousseff para a devida estruturação Coselheiros concedem entrevista ao Canal SRL na sede do CT. dos conselhos tutelares em todo o país. Além dos equipamentos citados, há também um carro zero quilometro para uso exclusivo neste tipo de ação. Complementos A prefeitura municipal, através da Secretaria de Saúde e Assistência Social, buscou complementar o que faltava para atender às condições mínimas para o bom funcionamento e que eram exigidas pela Promotoria de Justiça. Adquiriu cadeiras, mesas, um arquivo com chave e um aparelho celular para o plantão. Na primeira quinzena de fevereiro, a administração equipou a sede do Conselho Tutelar com antena própria e sinal 24 horas para internet. Os conselheiros tutelares afirmam que ainda falta uma máquina fotográfica. Esse aparelho não teria sido comprado pela prefeitura porque ela esperava que fizesse parte do Kit recebido do Governo Federal. Um é pouco, dois é bom... Perguntados se um aparelho celular supria as necessidades, os conselheiros se consideraram relativamente atendidos: “Um telefone foi uma grande conquista. Mas como a gente fica em sobreaviso em dois [conselheiros], com dois [celulares] seria melhor. Cinco, então, o paraíso”. Computadores, só falta ligar Dos cinco computadores que chegaram apenas dois serão usados pelo Conselho Tutelar. Para os restantes, está sendo buscado o procedimento adequado para um termo de empréstimo ou doação. Não há, entretanto, uma previsão clara para a instalação de todos os equipamentos. “A secretária de assistência social esteve aqui e disse que por enquanto não é pra gente instalar nada. Eles [da administração] estão aguardando a chegada do carro, quando deve ter uma entrega oficial. A partir daí, estará liberado para instalar”. Na rede Outro problema que vinha se arrastando há tempos era o da ligação à Internet. Para que o Conselho Tutelar tivesse acesso à rede era necessário ligar um aparelho no Centro Educacional (Núcleo). Nos períodos das férias e recessos escolares, o acesso ficava muito difícil, pois dependia de um funcionário da educação passar no Núcleo e ativar a conexão. Um conselheiro descreve: “Nas férias escolares passadas, ficamos quase o período inteiro sem internet. Nas deste ano, foi mais tranquilo. O Loreni [diretor do Centro Educacional] sempre ligava pra gente. Com algumas exceções...”. Limpeza Outro compromisso do poder público municipal é disponibilizar uma pessoa para a realização da limpeza no espaço ocupado pelo Conselho Tutelar. “No ano passado, uma pessoa vinha todas as segundas. Neste ano, ainda não sabemos como vai ficar a escala. Só depois das férias. Mas a gente tem [quem limpe]”. 3 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Os carros Especificamente em relação ao carro que era utilizado pelo Conselho Tutelar e que foi leiloado pela prefeitura, a Promotora Júlia Cavalazzi fez questão de esclarecer que, juridicamente falando, o veículo pertencia ao município. Mesmo doado via Fundo da Infância e do Adolescente, ele foi registrado no nome da municipalidade e não no do CMDCA. “Então, o que o município fez foi leiloar aquele carro, mas disponibilizou outro que, aparentemente, não reunia as melhores condições. Mas, satisfazia uma necessidade temporária”. Depoimentos de conselheiros dão conta de que, quando chegou, o carro substituto “não estava em boas condições”: “Se fossem viagens longas, a orientação era para a gente agendar outro carro, que alguém da secretaria de saúde nos levaria”. Questionados se isso implicou em deixar de prestar algum atendimento, percebeu-se uma contradição entre conselheiros. Enquanto um foi taxativo: “Não! Não deixamos de atender”. Outro interrompeu para considerar: “Como o veículo estava naquela situação, algumas visitas foram, sim, agendadas para outra semana. Ninguém queria sair com aquele carro. Não deixamos de atender, mas as visitas foram adiadas. Depois, o carro foi levado pra arrumar e o trouxeram de volta”. No que se refere à ação do Ministério Público, como as exigências apresentadas por ele foram consideradas parcialmente atendidas e como o município comprovou que a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos do Governo Federal já havia feito a aquisição do automóvel e a entrega estava prevista para o início deste ano, a Promotora decidiu arquivar o “procedimento”. Entrevista Novo carro para o CT está exposto próximo a prefeitura. Escapou de multa A comprovação e a garantia da chegada do Kit do Governo Federal e a aquisição de complementos pela municipalidade salvaram os cofres públicos de Santa Rosa de Lima de uma multa diária de R$ 500,00. No compasso de espera A principal responsável pelo cumprimento do que determinam as leis federais em relação ao Conselho Tutelar de Santa Rosa de Lima é a Dra. Júlia Vendhausen Cavalazzi, Promotora da Vara da Infância e Adolescência da Comarca de Braço do Norte. No dia 20 de fevereiro, atendendo a um pedido da reportagem, a defensora pública falou ao Canal SRL. Canal SRL: Qual a atuação da Promotoria da Justiça nas questões que envolvem o Conselho Tutelar e o município de Santa Rosa de Lima? Dra. Júlia Cavalazzi: Nós tínhamos aqui na Promotoria dois procedimentos distintos. Um ponto era justamente para adequar a legislação municipal às novas disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente. Trata-se de alterar a lei que versa sobre a política de atendimento da criança e do adolescente no ponto em que trata da eleição e da remuneração dos conselheiros. O segundo ponto foi que recebemos uma denúncia pela própria presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CMDCA) de Santa Rosa de Lima da falta de estrutura, de infraestrutura, para os conselheiros trabalhar. No ofício, ela noticiou – e comprovou – as inúmeras vezes em que ela tinha provocado a administração pública municipal para que providenciasse as melhorias. Canal SRL: Quando foi isso? Dra. Júlia Cavalazzi: Isso foi em julho de 2013. Diante da notícia, nós instauramos um procedimento e oficiamos a administração pública municipal para que prestasse informações a respeito [da denúncia]. A primeira resposta que nós recebemos foi de que estava tudo sendo providenciado. O próprio ofício da presidente do CMDCA dizia que, de fato, ela estava acompanhando, fiscalizando e as providências estavam sendo tomadas. Dra. Júlia, Promotora da Vara da Infância e Adolescência dá detalhes sobre o caso do CT. Canal SRL: E como o MP acompanhou o cumprimento das solicitações? Elas foram atendidas? Dra. Júlia Cavalazzi: Passados mais alguns meses, oficiamos novamente e algumas coisas tinham sido resolvidas. O Conselho Tutelar não tinha uma pessoa para fazer a limpeza da sede e isso havia sido providenciado. Assim como algumas outras coisas. Mas faltavam alguns mobiliários importantes para que eles trabalhassem. Eles não tinham, por exemplo, um arquivo com chave, para guardar os relatórios dos casos que eles atendem e têm obrigação, por dever de oficio, de manter em segredo. Se ficassem relatórios como esse à disposição de quem passasse por ali, quem poderia ser responsabilizado eram os próprios conselheiros. Canal SRL: E como chegaram à solução destes problemas? Dra. Júlia Cavalazzi: A gente tentou resolver tudo isso amigavelmente. Diante da impossibilidade, no início deste ano, eu fui procurada pelo conselho para renovar estes pleitos. Aí, nós realizamos uma primeira reunião com a prefeita, com o procurador do município, os conselheiros, a presidente do CMDCA e também com a secretária municipal de Saúde e Assistência Social. Lá, houve um compromisso: dali a duas semanas, nós firmaríamos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Esse termo funciona como um acordo firmado entre o Ministério Público e a administração [municipal], para que num prazo razoável todas as providências sejam tomadas. Canal SRL: E duas semanas depois? Dra. Júlia Cavalazzi: Marquei a reunião para, salvo engano, dia 10 de fevereiro. No dia nove, na véspera, o município me comprovou a aquisição de vários daqueles itens faltantes. Mas faltavam outros, que não tinham sido providenciados. Em especial, o arquivo. Canal SRL: Foi trabalhoso conseguir que eles cumprissem todos os requisitos. Qual foi a posição do Ministério Público diante de tanta falta de cuidado? Dra. Júlia Cavalazzi: Marcamos mais uma reunião. Desta vez, também com a presença do presidente da Câmara de Vereadores. Lá eu disse: se isso não for resolvido até o dia 17 [de fevereiro], eu vou entrar com uma ação. Causa-me espanto eu ter que entrar com uma ação para aquisição de um arquivo que, segundo eles próprios noticiaram, custa 280 reais. Chega a ser jocoso fazer isso. Movimentar a máquina da justiça seria mais caro do que o próprio arquivo, o que é um contrassenso. Canal SRL: E no final? Dra. Júlia Cavalazzi: Então, tudo foi providenciado e a parte da estrutura do Conselho Tutelar, dentro daquilo que os conselheiros noticiaram que havia falta, foi resolvido. Canal SRL: E o primeiro ponto? Sobre a adequação na legislação que trata da política da criança e do adolescente, o que precisa ser feito? segue Diretor: Sebastião Vanderlinde Diretora: Mariza Vandresen Estrada Geral Águas Mornas, s/n. CEP 88763-000 Santa Rosa de Lima - SC. Tel. (48) 9944-6161 / 9621-5497 E-mail: [email protected] Fundado em 10 de maio de 2013, dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima Jornalista Responsável: Mariza Vandresen Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e Planejamento): Sebastião Vanderlinde Publisher (voluntário): Wilson (Feijão) Schmidt. O Canal SRL é uma publicação mensal da Editora O ronco do bugio. Só têm autorização para falar em nome do Canal SRL os responsáveis pela Editora que constam deste expediente. Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini Distribuição: Editora O ronco do bugio Tiragem desta edição: 1000 exemplares Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio). Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do Executivo e Legislativo estadual e federal. 4 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL segue Reportagem ESPECIAL Dra. Júlia Cavalazzi: O Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu que os conselheiros tutelares são servidores públicos municipais e devem ter os mesmos direitos que os servidores públicos municipais de carreira. Não estavam previstos também [na lei municipal] a totalidade dos direitos. Isso nós queremos garantir: que a lei municipal esteja adequada àquilo que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente. Canal SRL: O projeto de lei estava na Câmara desde o dia quatro de fevereiro. Foi para as comissões. Foi retirado das comissões... Dra. Júlia Cavalazzi: O ponto de discórdia entre o Ministério Público e a administração pública municipal foi justamente a remuneração dos conselheiros. O que o Ministério Público pretende é que a remuneração dos conselheiros seja equiparada à remuneração do servidor público municipal que tem o mesmo nível de escolaridade. Se para ser conselheiro é preciso ter nível médio completo, nada mais justo que sua remuneração seja a de nível médio completo atribuída ao servidor público municipal. E o que a administração fez foi equipará-la àquela de nível fundamental. Canal SRL: Por isso ele foi retirado das comissões? Dra. Júlia Cavalazzi: Diante da verificação de que o projeto tinha esta incongruência, eu expedi uma recomendação, tanto ao presidente da Câmara, quanto à prefeita para que retirassem o projeto de lei de pauta e revissem este ponto. No dia 18, com a cópia do protocolo, eles me comprovaram que isso foi feito e que o projeto de lei voltou para a chefia do executivo para adequar esta situação. E agora nós estamos no aguardo. Canal SRL: Mas existia um prazo para o cumprimento destas exigências, que era o dia dezessete de fevereiro. Dra. Júlia Cavalazzi: Eu estendi o prazo. Porque eu recomendei a retirada. A partir da comprovação da retirada, eu dei dez dias para que eles reformulassem o projeto e o reapresentassem. Muito embora eu tenha determinado que eles digam, formalmente, se acataram ou não a minha recomendação, o município não fez isso. Ele se omitiu. Ele não disse nem que acatou, nem que não acatou. Como eu tive comprovado que, no dia 18, o projeto foi retirado de pauta, justamente para a adequação, eu entendo que a argumentação foi acatada. E, agora, estamos no compasso de espera. O término do novo prazo é 28 de março. Na Câmara O vereador Salésio Wiemes (PT) comentou o projeto de lei na sessão do dia 17 de fevereiro. Ele advertiu ao presidente da casa, Ivo Vandresen (PMDB) que, seguindo o regimento, como o projeto está sob análise das comissões, depois da retirada deve retornar para as comissões onde estava. E completou: “Nós assumimos o compromisso de que na próxima semana nós o entregaremos com os pareceres, mas o tramite legal deve ser esse. O projeto vem em regime de urgência, mas ele deve voltar às comissões”. O presidente confirmou, então, que o projeto voltaria para as comissões, mas pediu os pareceres antes da sessão seguinte. “Pelo prazo que nós temos da Promotoria. Acho que já é do conhecimento de vocês. Se nós não o protocolarmos, vamos pagar uma multa de 500 reais por dia. Então, é por isso. Porque ele vai vir com ordem da justiça”, discursou Vandresen. Em seguida, o vereador Salésio usou a tribuna para relembrar quando o projeto entrou pela primeira vez naquela casa legislativa: “Em 2012, bem no final do ano, veio uma solicitação do Ministério Público, que, inclusive, estipulava um prazo para que a Câmara tomasse providências para atender a nova legislação nacional e também algumas solicitações regulamentando o funcionamento do Conselho Tutelar. Naquela mesma época, chegaram projetos muito polêmicos à Câmara e o presidente solicitou ao Ministério Público um novo prazo. No início de 2013, essa documentação ficou comigo e eu a protocolei aqui na casa. Deixei-a com o presidente da época. Só que, durante todo o ano, não foi feita nenhuma discussão, não entrou na pauta. E, agora, tem que ser feito tudo meio às pressas. A gente poderia ter um tempo a mais para discussão com os próprios conselheiros, com o CMDCA, porque interessa muito a eles também”. O presidente da Câmara preferiu encerrar o assunto: “Só esse ano, já foram duas audiências com a promotora, justamente sobre o conselho [tutelar]. E chegou num prazo em que ela não abriu mais mão. Chegou uma hora em que tem que dar um basta!”. Conselho tutelar e educadores; uma indispensável aproximação A convite do CT, Dra. Júlia fez palestra para cerca de 60 profissionais da educação. Uma das maiores dificuldades apontadas pelo Conselho Tutelar para efetivar o zelo às crianças e aos adolescentes de Santa Rosa de Lima é a falta de conhecimento que as pessoas têm sobre o verdadeiro papel deste órgão. Segundo os conselheiros, este cenário se estende aos profissionais que atuam nas redes públicas de ensino municipal e estadual. Para atenuar esta dificuldade, no dia seis de fevereiro, a convite do Conselho Tutelar, a Promotora da Vara da Infância e Adolescência do Ministério Público – Comarca de Braço do Norte, Dra. Júlia Vendhausen Cavalazzi, proferiu uma palestra para cerca de sessenta professores e profissionais que atuam na educação no município. Medo do suposto bicho de sete cabeças A conselheira Cleimar Schmidt, em nome dos colegas de trabalho, resumiu as origens das dificuldades para a realização de um trabalho conjunto com as escolas e da ideia da palestra: “O pessoal tem muito medo do conselho tutelar. Existe uma barreira. Eles veem o conselho como um bicho de sete cabeças. Levamos estas questões para a promotora e ela se disponibilizou a vir aqui e falar sobre isso. Sobre como trabalhar escola e conselho. Explicar em que situações os educadores devem nos procurar. Deixar claro que eles podem e devem fazer uma denúncia anônima. Que é um dever e que eles não irão se comprometer. E esse era um medo dos educadores: de se envolver, de se comprometer com os pais, com o Ministério Público”. “Alguém de fora, que tenha proximidade com a criança e que consiga ver” Para a Promotora Júlia Cavalazzi, sua vinda a Santa Rosa de Lima foi muito produtiva. Ela destaca a importância de falar para os profissionais que trabalham com a educação: “É preciso incentivar os professores a acionarem mais o conselho tutelar. Os conselheiros me relataram que esta ponte entre professores e o conselho tutelar não estava acontecendo aqui em Santa Rosa de Lima. Várias vezes, a situação de risco que uma criança ou adolescente se encontra pode ser vista mais de perto pelo professor. É ele que vê a criança chegando com marcas de agressão, que identifica se a criança está sendo objeto de negligência pelos pais, se tem um machucado, tem mal cheiro. Ele pode diagnosticar mudanças de comportamento em uma criança que está sendo vítima de abuso sexual. É o profissional que mais pode fazer isso. Cerca de 80% dos casos de abuso sexual ocorrem dentro do ambiente familiar. Então, tem que ter alguém de fora, que tenha proximidade com a criança e que consiga ver. Também queremos que as pessoas entendam que o Conselho Tutelar não é um bicho papão. Na verdade, é um aliado na defesa dos direitos da criança e do adolescente”. Mais segura A visão que a professora Salete Stuepp Westphal tinha em relação ao conselho tutelar mudou bastante, depois das explanações da promotora. Ela passou a perceber que já vivenciou atitudes e comportamentos em sala de aula e que por falta de conhecimento não tomou decisões. “Eu tinha pouco esclarecimento. Faltava interpretar os direitos e deveres, tanto da criança e adolescente, como de professores em sala de aula. Foi um esclarecimento muito bom. Isso dá mais segurança em relação ao trabalho do professor. Depois desta palestra me sinto bem mais segura, caso eu precise tomar alguma atitude”. Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL 5 6 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL COOPERAÇÃO Santa Rosa de Lima demonstra seu reconhecimento a Jean Yves Griot Agricultores, dirigentes e técnicos do Centro de Formação em Agroecologia das Encostas da Serra Geral fizeram um ato público. A solenidade foi para afirmar a gratidão pela contribuição desse agricultor francês e militante internacional pelo desenvolvimento da agricultura sustentável, que teve um papel fundamental nos trabalhos que deram origem às associações Acolhida na Colônia e Agreco. Jean Yves Griot perdeu a vida no ano passado, em um acidente, enquanto trabalhava em sua propriedade rural, em Mayenne, na França. Ato concorrido e emocionante: uma parte do público, que esteve todo atento às homenagens. Ato concorrido A cerimônia, que contou com o apoio da editora O Ronco do Bugio, reuniu cerca de uma centena de pessoas, entre prefeitos ou seus representantes, vereadores, assessores parlamentares, lideranças religiosas, agricultores, dirigentes de órgãos municipais, estaduais e federais ligados à agricultura familiar e orgânica. Vieram da França, especialmente para o evento, a viúva de Jean Yves, a médica Elisabeth Griot, e o casal de agricultores Didier e Aline Boursier, ele representando a Confederação Camponesa e a Rede Sustentabilidade, ela, a Accueil Paysan. Essas são organizações não governamentais nas quais Jean Yves militou e que têm ligações com os ideais e as iniciativas do projeto de desenvolvimento das Encostas da Serra Geral. Homenagem O Centro de Formação, a partir de agora, passa a ser denominado Centro de Formação em Agroecologia Jean Yves Griot. O coordenador do Centro, Luiz (Loi) Schmidt, afirma que a organização que agora dirige sempre teve seus princípios e práticas em sintonia com aqueles defendidos pelo militante francês. Para Loi, “o reconhecimento tem o objetivo de reforçar os valores que constroem a identidade do município com a agricultura familiar”. Ele disse ainda que é importante que isso tenha acontecido em um momento de renovação e reestruturação da sede: “Nosso Casarão passou por reparos e pinturas e estaremos, a partir de agora, mais uma vez, de portas abertas, para reforçar sempre mais que defendemos os princípios da sustentabilidade e da solidariedade”. “Sem ele, nada teria acontecido” Para explicar a razão da homenagem, João Augusto de Oliveira (Joca) foi convidado a relembrar a cooperação França-Brasil que oportunizou a criação da Acolhida na Colônia. “A colaboração começou por volta de 1998 e foi impulsionada por uma organização não governamental que teve Jean Yves como esteio. Ele foi essencial”. Joca destacou que a cooperação abrangeu diversos temas: produção orgânica; agroturismo; cooperativismo de crédito; agroindústria familiar; agricultura de grupo. E, da mesma forma, que houve um intenso intercâmbio de lideranças e autoridades locais. Prefeitos, vereadores e mesmo secretários de Estado participaram das “missões” Brasil-França. Lembrou, por fim, que Jean Yves dizia que “era uma cooperação entre gente que se entende” e que “por ser feita por pessoas que tem um propósito comum, custou cem vezes menos do que custaria um projeto de cooperação que envolvesse estruturas oficiais e muita gente”. “É mais que justa a homenagem” Thaise Guzzati, co-fundadora da Acolhida na Colônia, também apresentou seu testemunho do empenho de Jean Yves neste processo. “Eu tive a honra e o privilégio de conhecê-lo em 1997. Eu era estudante de agronomia e buscava uma atividade que contribuísse para mudar a vida dos agricultores e, especialmente das agricultoras. Encontrei o Joca, que me falou que poderia ser o turismo e que na França ele era muito desenvolvido no meio rural. Fui pra França, dentro do estágio da cooperação. Cheguei lá e fui acolhida por Jean Yves e Elisabeth, na casa deles. Eles me ensinaram francês e me apresentaram ao agroturismo. Jean me ajudou a encontrar a Accueil Paysan e foi dela que nasceu a Acolhida na Colônia. E tudo foi possível porque ele não media esforços. Era uma pessoa muito doce e disponível. Ele me fez ver que não adiantava só buscar uma alternativa econômica para um ou outro agricultor. Que era preciso uma ‘saída’ que fosse coletiva, associativa, e que respeitasse o meio ambiente. Foram estes princípios, que vieram muito desse tempo de convivência com ele, que nós conseguimos trazer para cá e que hoje fazem parte da Acolhida na Colônia. Uma placa e muita emoção Para marcar o reconhecimento dos esforços de Jean Yves na luta por uma agricultura familiar sustentável e pelo empenho e dedicação ao projeto de desenvolvimento sustentável das Encostas da Serra Geral, houve o descerramento de uma placa de vidro, impressa com uma homenagem a Jean Yves. O momento em que Luiz (Loi) Schmidt e Elisabeth Griot descobriram a placa, retirando a bandeira da França, comoveu a muitos. Descerramento da placa em memória de Jean Yves Griot. Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL “Recebemos cem vezes mais do que demos” Convidado a falar em nome da Confederação Camponesa [Confédération Paysanne], Didier Boursier fez a leitura de uma carta enviada por aquela reconhecida organização sindical. Falou, em seguida, da importância da homenagem a Jean Yves Griot e agradeceu “aos militantes brasileiros que lutam pela agricultura familiar” por tê-la feito. Emocionado, ele contou: “a gente compartilhou as mesmas ideias, o mesmo combate, a mesma visão de humanidade. Como não evocar sua generosidade, discrição, modéstia, paciência e, também, determinação. Sobretudo, sua preocupação e seu cuidado com os mais fracos. Acolher estrangeiros sem documentos ou ajudar e defender agricultores em dificuldade eram, para ele, coisas óbvias. Naturalmente, ele logo se engajou nas ações de solidariedade internacional, particularmente com o Brasil. Era um homem de convicção e entre elas havia o senso de coletivo. Confrontado a novos problemas e a novas questões, Jean Yves sempre tinha vontade de compartilhar as experiências, de estabelecer ligações para impulsionar novas dinâmicas. Foi dessa forma que a Acolhida na Colônia, a cooperativa de crédito e a Ecocert chegaram aqui”. Por fim, o agricultor francês fez um balanço da cooperação e um agradecimento: “nós recolhemos desta experiência humana cem vezes mais do que nós demos. Então, por isso, em nome da Rede Agricultura Sustentável e da Confederação Camponesa, à qual eu creio poder associar a Accueil Paysan, quero exprimir a minha imensa gratidão aos amigos militantes brasileiros. E a Jean Yves, por tudo aquilo que nós devemos a ele”. “Compartilhamos os mesmos combates” Para encerrar as homenagens, Elisabeth Griot, viúva de Jean Yves, fez seus agradecimentos. “Meu marido é descrito como um sábio, humanista, tolerante, pensador... Alguns dizem que ele preparava o chão para o possível. Ele lutava por um mundo mais justo, mais respeitoso a cada ser humano e à natureza. Originário de uma família de pequenos agricultores familiares de uma região de montanha, ele queria um outro modelo de desenvolvimento para a agricultura. E sempre encontrou ‘companheiros’ que compartilhavam os mesmos ideais. Estar aqui é uma emoção muito grande para mim. Um oceano nos separa e, no entanto, eu vejo que vocês são ‘companheiros’ que compartilham as mesmas lutas. Sinto-me realmente tocada pelo dinamismo e o forte potencial humano existente em Santa Rosa de Lima. Esta escolha que vocês fizeram de dar o nome de Jean Yves a este Centro me aquece muito o coração. Isso me mostra que todas as lutas e combates que ele conduziu têm sentido. Jean Yves era discreto, nunca se colocava à frente. O que contava para ele é que as causas que ele defendia avançassem. Ele estaria muito contente se pudesse ver tudo o que vocês realizaram aqui. Obrigado a todos por serem quem vocês são. Obrigada por continuarem as suas lutas. 7 O que nos marcou Elisabeth Griot, esposa de Jean Yves Griot Eu estou muito admirada. Quando eu penso nas pequenas propriedades que eu vi, julgo que as pessoas chegaram a um bom nível de vida. As casas são novas e muito limpas. As pessoas mostram muito bom gosto e há flores por tudo. Outra coisa que me tocou muito foi o dinamismo, as ideias, a capacidade que as pessoas têm de criar, inventar e lutar. A competência das agricultoras também é impressionante. Elas sabem fazer tudo: comida, decoração, geleias, conservas, agricultura, criação... Então, a gente percebe que eles trabalham bastante, mas também sente que eles estão chegando lá. Eu visitei o Brasil há quinze anos e senti agora uma grande mudança. Eu compreendi que o atual governo brasileiro deu meios para permitir que as pessoas adquiram casa e terra. No caso de Santa Rosa de Lima, o que me deu muito prazer, em relação ao que defendia meu marido, é pensar que há sentido em ter pessoas aqui e lá [França] que defendem os mesmos valores. Isso dá sentido ao que se faz aqui e ao que se faz lá. Com o que eu vi aqui, eu tenho confiança no futuro, porque há uma proliferação de ideias que vão no bom sentido. Outra coisa importante é que as pessoas daqui estão assumindo a responsabilidade de produzir uma comida mais sã, mais sadia, para a humanidade. Não podemos continuar alimentando homens, mulheres e, sobretudo, nossas crianças com essas porcarias que a grande agricultura e a grande indústria produzem. Em Santa Rosa de Lima há uma defesa dos produtos locais e uma luta para continuar vivendo nessa região de montanha. Foi muito interessante encontrar jovens que saem para estudar em Florianópolis, mas que nos dão o sentimento que querem voltar e viver aqui. Eles adquiriram uma identidade, vendo seus pais, vivendo os valores deles: um mundo mais justo, mais solidário, que não destrói a natureza; um mundo que vai permitir às nossas crianças de continuar a viver. Eu sinto que esses jovens de Santa Rosa de Lima não se deixarão deslumbrar pela cidade, que eles voltarão e que esse município vai continuar vivo. Eu fiquei impressionada com as histórias das pessoas com as quais eu estive. Elas tiveram muita coragem e energia para enfrentar as dificuldades. Não se desesperaram... se agarraram à proposta, ao projeto. Porque eles têm valores. Porque há eles aqui e nós lá, isso nos dá uma nova esperança: que um dia a gente consiga fazer que esse mundo faça outras escolhas para que cada um ache o seu lugar, e que possamos viver sem ir para a destruição do nosso planeta. Por isso, o intercâmbio é tão importante. Fezme muito bem saber que vocês existem aqui. E eu penso que, para vocês, é bom saber que não estão isolados. Muitas pessoas lutam o mesmo combate por um mundo melhor e, para mim, é muito importante que avancemos juntos. Didier Boursier, agricultor no Oeste da França, Membro do Comitê Nacional da Confédération Paysanne (Confederação Camponesa) e representante da Rede Agricultura Sustentável. Nós vimos aqui um projeto que eu considero bastante atípico. Um projeto inovador. Nós sentimos um dinamismo muito forte. Muito forte para uma região como essa, onde não é fácil fazer agricultura. Chega a ser surpreendente ver essas pequenas propriedades, essas pessoas que se sentem ligadas ao lugar, que querem viver aqui, que voltam para viver aqui. Surpreendente, também, ver turistas que vêm aqui. Nós os vimos e isso mostra que funciona. Não são pousadas que foram feitas para nada. Ou seja, há um dinamismo real. Há uma efervescência aqui. Eu estou escrevendo um artigo para publicar na revista de minha organização na França, no qual eu digo que Santa Rosa de Lima é um laboratório para a agricultura sustentável do Brasil. Não é só um laboratório onde se faz experiência e depois se envia para outro lugar para que seja realizada, mas é também um laboratório onde as coisas são feitas, acontecem. Porque há uma vontade de inovar, de achar soluções, de experimentar coisas. Aline Boursier – proprietária de uma pousada e membro da Accueil Paysan (Acolhida na Colônia) da região de Vendée, no Oeste da França. Eu achei a Acolhida na Colônia muito dinâmica. Eu conheci, aqui, pessoas interessantes em seus lugares magníficos, com uma acolhida calorosa, com produções interessantes... Eles nos mostraram suas lavouras, suas criações. É muito vivo e com a participação de jovens, o que já é muito difícil na França. Ou seja, aqui parece mais dinâmico que na França. As pousadas ficam em lugares muito bonitos, agradáveis, verdes... Elas são muito limpas, bem decoradas, com bastante bom gosto. Por exemplo, eu achei muito lindas as réstias de cebola penduradas em uma pousada. As construções em madeira, com bastante luz natural, são belas. E eles sabem tirar partido de praticamente tudo o que eles têm na propriedade deles. Isso é muito interessante. Viver sobriamente, mas tirar partido de toda a riqueza possível que eles têm: verduras, peixes, frutas, abelhinhas, lavouras, orquídeas, galinhas e ovos, madeira, ovelhas, cascatas, paisagens etc. etc. E eles demonstram ter prazer em receber as pessoas e em realizar trocas com essas pessoas. 8 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL INOVAÇÃO Óleos essênciais orgânicos: uma nova alternativa de desenvolvimento Também no dia 27 de fevereiro, foi oficialmente lançado o projeto de desenvolvimento de uma cadeia produtiva de óleos essenciais orgânicos nas Encostas da Serra Geral. Financiada pela Agência Brasileira de Inovação (Finep), a ação de pesquisa e desenvolvimento é executada pelo Centro de Formação em Agroecologia e pela Universidade Federal de Santa Catarina. A cerimônia aconteceu no “Casarão”, na comunidade de Águas Mornas, onde está sediado o escritório central da iniciativa. São intervenientes neste processo, a Epagri, a CooperAgreco e a Prefeitura Municipal de Santa Rosa de Lima. A pesquisa e os agricultores-pesquisadores O projeto envolve, inicialmente, sessenta famílias, selecionadas em quatro municípios da região das Encostas da Serra Geral. Remunerados, os produtores cultivarão em pequenos espaços, de 200 a 400 metros quadrados, seis espécies vegetais aromáticas. João Augusto de Oliveira (Joca), um dos idealizadores da proposta, explica que se trata de uma experimentação. “Tudo será controlado pelos próprios agricultores, que irão anotar, dia a dia, o que fizeram e o que aconteceu: se irrigaram, se morreram plantas, se surgiram doenças, se insetos têm surgido no canteiro. Ao final de dois anos tudo será submetido a uma análise aprofundada junto com todos os envolvidos, especialmente com professores da Universidade Federal. Disso tudo resultará uma cartilha de produção para cada uma das espécies”. Mais uma vez: pioneirismo João Augusto esclarece que a escolha das plantas experimentadas decorre de uma análise sobre o mercado mundial e brasileiro para óleos essenciais orgânicos. E destaca: “é um mercado que está subindo como uma flecha, principalmente pela aplicação mais intensa na medicina e na cosmética”. Mas o mesmo Joca alerta: “não é fácil implantar uma cadeia de produção nova numa região. Quando ela já existe, os agricultores têm com quem conversar para resolver os pepinos que aparecem. E os insumos necessários estão por ali. Aqui estamos começando do zero. Então, tudo tem que ser construído devagar. Nos próximos meses, vamos observar, opinar... E quem puder ajudar que ajude, pois é um projeto da comunidade”. Lá na frente... Para José Luiz Schueroff, presidente da CooperAgreco e também agricultor experimentador do projeto, é fundamental que o produtor seja remunerado pelo estudo que está realizando. “Quem ousa fazer parte deste experimento, recebe gratuitamente as mudas. E vai receber para plantar, para capinar, para irrigar. Em contrapartida, ele vai ter que anotar o passo a passo de todo o processo”. Zé Luiz considera que os agricultores devem se empenhar bastante: “É uma nova cadeia. Lá na frente pode trazer muita renda para nossas famílias que estão passando por momentos difíceis na agricultura”. Em nome da CooperAgreco ele assinalou o compromisso da cooperativa na busca de recursos para a construção de uma usina de extração de óleos e na comercialização desta futura produção. Poder público e sociedade O prefeito de Anitápolis, Marco Antônio Medeiros Junior, falou da importância des- te tipo de ação: “Quando parte da comunidade, quando vem de baixo pra cima, aí tem uma grande chance de dar certo. Nós tivemos exemplos aqui em Santa Rosa de Lima, como a Agreco, a CooperAgreco, a Cresol, a Acolhida na Colônia. Foram entidades que surgiram da participação popular e que vieram de baixo pra cima”. Por acreditar na ideia e no processo Marcos colocou a municipalidade de Anitápolis “à disposição do projeto”. “Vejo uma nova cadeia produtiva surgir e ela possibilitará novas fontes de renda para nossa comunidade. Se for preciso, nosso município coloca à disposição um terreno, bem situado e com toda a infraestrutura, para a instalação da unidade de extração”. José Luiz presidente da CooperAgreco ressalta a importância e o apoio ao projeto. Depoimentos Adelir e Dauri Floriano Casal de Agricultores familiares orgânicos “A gente faz parte deste projeto porque já estamos no ramo da verdura. Entramos para a associação para ir pra frente. Não pensamos que é pra ficar rico. Se é pra associação ir pra frente, todos têm que colaborar. Quando começamos com a verdura, a gente achava que não ia dar certo. Agora, vemos que está dando muito certo para o nosso município. É outro começo de ramo. O povo vai se adaptar. Vai começar a conhecer como se trabalha com estas plantas. Se a gente chegar a conseguir montar uma fábrica para extrair os óleos, vai ser uma boa fonte de renda. Esse é um bom caminho.” Cláudia de Paula Coordenadora na área de projetos no departamento de geração de renda e agregação de valor da Secretaria Nacional de Agricultura Familiar “A Agreco já é uma entidade parceira do MDA em várias ações estratégicas, pois é uma instituição extremamente representativa na produção orgânica. Eu fiquei muito feliz que eles estão à frente também desta nova empreitada com os óleos essenciais. E acho que o projeto vai ser um sucesso. Tem dois anos para se desenvolver e tenho certeza que os resultados serão extremamente positivos, trazendo um bom retorno para os agricultores que estão se aventurando nesta nova cadeia produtiva. Desejo muito sucesso.” Romeu Assing Agricultor familiar orgânico “Se caprichar bem pode dar certo. É mais uma fonte de renda. Não é pra se fazer muito dinheiro, mas é mais uma coisa que se tem pra fazer, junto, dentro da propriedade. O cultivo é fácil, todo agricultor consegue fazer isso. E em uma área pequena pode dar um resultado muito bom. Estamos contentes em participar. Em tentar mais uma fonte de renda.” Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Exatamente aqui Por: Ayrton Kanitz (Tunico) Santa Rosa de Lima tem 2.065 habitantes e pequenas lavouras encravadas entre montanhas silenciosas, pássaros ariscos e límpidos riachos borbulhantes. Estamos a 700 km da maior cidade brasileira, a 1.400 km de Capital Federal e a 10 mil km de Paris. Pois quem poderia imaginar que exatamente aqui, nesta região em que as matas ainda guardam o aroma primitivo e bíblico da Criação, cheia de ar puro nos pulmões, que nasceria e se desenvolveria um foco de resistência contra a barbárie ecológica promovida pelo Homem? Sim, porque sabemos que agroecologia vai muito, mas muito além de ser apenas nicho de mercado. Muito mais além de uma mudança de matriz produtiva. Agroecologia e Sustentabilidade não significam nada menos do que parte da salvação dos nossos filhos e do Planeta – o que vem a ser rigorosamente a mesma coisa. Não há terceira via. Temos que mudar já se não queremos nos extinguir como espécie, disse Sebastião Salgado, que há 30 anos cruza mares e desertos fotografando a Terra e é um dos mais importantes testemunhas internacionais de sua sistemática destruição. Pois é aqui, na minúscula Santa Rosa de Lima, que a nova consciência se agiganta. É aqui que correm os óleos essenciais que vão aromatizar e lubrificar uma nova sociedade. É aqui que ronca o bugio. Sou muito grato por participar desta maravilhosa experiência. 9 10 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL COMUNIDADE RIO DOS ÍNDIOS Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra Agito na colônia Aqueles que pensam que os finais de semana de quem mora no interior são só de paz, silêncio e tranquilidade podem estar enganados. Neste mês, nossa coluna mostra que, sim, a vida no colônia também tem seus agitos. A grande vibração por aqui se deu por conta da comemoração do aniversário de Dona Hilda Becker Dutra. Ela completou seus 80 anos com muito vigor e vivacidade e o aniversário foi festejado com muita alegria, dança e comemoração. A família de Dona Hilda preparou uma linda homenagem para ela. Aos convidados foi servido um jantar colonial, seguido de um baile super animado que avançou noite adentro. Parabéns Dona Hilda Essa coluna – em nome de muita gente – deseja muitas felicidades para a querida Dona Hilda. Que Deus ilumine sua caminhada e que a guarde com muita saúde. Acreditamos que com sua vitalidade e saúde muitos anos de vida ainda estão reservados para a Senhora. Os colunistas, além de parabenizá-la, se desculpam se alguma vez a decepcionaram ou a deixaram triste. Nosso Canal SRL, o Jornal de Santa Rosa de Lima, vai completar 1 ano no dia 10 de maio. A festa será com muito Gemüse e Chope. Dona Hilda (ao centro) com seus irmãos. Bem-vindo Padre José Alegramos-nos com a vinda de um novo sacerdote para a nossa paróquia. Padre José já conhece um pouco da nossa comunidade e também algumas famílias e pessoas que vivem aqui no Rio dos Índios. Eu, Ivonete, tive a grande oportunidade de conhecê-lo. Senti que ele é uma pessoa muito legal. Seja bem-vindo Padre José. Nossas famílias o esperam de braços abertos. Carnaval, tempo de diversão O carnaval é a grande paixão que move os brasileiros nesta época do ano. E gostar dessa festa começa desde que somos muito pequenos. Por aqui, ele foi muito esperado e bem comentado. Na escola, as criancinhas e também os maiorzinhos brincaram o Carnaval. Que bom seria se todos tivessem esse espírito de diversão, se brincassem e se divertissem sempre, sem passar por cima da opinião dos outros, com respeito e dignidade. Vamos viver assim, felizes, o ano todo. Como se estivéssemos em pleno Carnaval. Canal SRL e Gemüse Fest tem tudo a ver! Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL 11 Z E L A R (A pedido) Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de SRL COMUNIDADE RIO SANTO ANTÔNIO Agradecimentos Os membros do Conselho Tutelar, agradecem a administração pública municipal por aceitação e realização dos pedidos realizados pelo Conselho Tutelar. O Conselho Tutelar, por meio da Secretaria da Saúde e Assistência Social e Prefeitura Municipal, adquiriu novos equipamentos para a realização do trabalho dos Conselheiros. Foi adquirido cadeiras, mesas, arquivo, internet 24 horas e um celular para plantão. Ainda adquiriram-se cinco computadores com impressora, um bebedouro e uma geladeira por meio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Ressaltamos aqui, que esses materiais facilitam o trabalho do Conselho Tutelar, que procura atender o município com trabalho de qualidade. Mariza Vandresen, Vimos por meio deste, esclarecê-la que a informação referente ao Conselho Tutelar publicada na edição anterior, na coluna do Coice do Macau do Jornal Canal SRL, não procede. O Conselho Tutelar ficou alguns períodos sem internet, e o responsável pela mesma, nunca se negou a ligá-la durante as férias escolares. Quanto ao veículo de uso do Conselho Tutelar, ressaltamos aqui que não ficamos a pé. O que ocorreu foi que o carro do Conselho Tutelar foi a leilão, no entanto, foi cedido um carro da Secretaria de Saúde para o Conselho Tutelar até a chegada do carro adquirido por meio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Em momento algum o Conselho Tutelar sofreu maus tratos. Sendo o que se apresenta para o momento, desde já agradecemos e aguardamos publicação. Atenciosamente, Conselho Tutelar OBITUÁRIO Felipe Willemann “O tempo passa a morte vem, feliz daquele que fez o bem!” Sentimos a tua ausência, mas temos a certeza que tens a alma em paz, e nós, o amor no coração. O que tinhas para realizar aqui o fizestes plenamente, por isso Deus te quiz. Agradecemos pela convivência que tivemos contigo. Tenha certeza que sempre te amaremos e jamais te esqueceremos. Saudades da família e dos amigos. ¶ 13/08/1940 V 18/02/2014 Mariléia Torquato | Carol Rodrigues Uma exótica que parece “da casa” O eucalipto é uma planta de origem australiana. Por isso, é reconhecido como uma espécie exótica. Foi trazido ao Brasil na metade do século dezenove, para ser utilizado na produção de madeira para a fabricação de dormentes de linhas férreas. A planta se adaptou muito bem no país e em nossa região. Comenta-se aqui na comunidade que o eucalipto foi introduzido em Santa Rosa de Lima por volta dos anos 1960. Trabalho e renda Aqui, no Santo Antônio, o cultivo desta espécie é muito intensivo e para muitas famílias se transformou em uma das principais opções de renda. O manejo exige muito trabalho, tempo e dedicação. É preciso adquirir as mudas, o adubo e ter muito cuidado com formigas e outras pragas que podem atacá-lo. Tem também o desbaste e as roçagens que aumentam os cuidados necessários. Como é preciso esperar anos para que haja o corte e a cultura gere lucratividade, as famílias precisam ter outras fontes de renda para suprir as necessidades do dia a dia. Efeitos colaterais O problema é que o eucalipto praticamente invadiu a comunidade de Rio Santo Antônio e, de forma mais ampla, todo o município e região. Muita mata nativa foi suprimida para dar lugar ao cultivo desta espécie. Como consequência, os danos causados ao meio ambiente são bastante visíveis. Por exemplo, a supressão da mata ciliar, que protege rios, córregos e nascentes, fez com que a população de peixes diminuísse significativamente. E, com isso, houve a proliferação do borrachudo, o que diminui nossa qualidade de vida. Por isso, é preciso muito cuidado. É indispensável respeitar as áreas corretas para o plantio, evitando encostas, topos de morro e áreas próximas às águas. O ideal seria plantar fora de um raio de 50 metros ao redor de nascentes e 30 metros afastados dos cursos de água. Sem agregar valor Em nossa comunidade, é preciso notar que se a área com eucalipto é grande, só há uma pequena serra-fita por aqui. A maioria da madeira não é beneficiada. Isto quer dizer, é vendida “verde”, sem qualquer agregação de valor. Acreditamos que faltam incentivos das políticas públicas para melhorar esta cadeia produtiva. Talvez faltem, também, mais organização e união dos empresários do setor madeireiro do município. Uma mudança nesse quadro poderia gerar mais empregos, o que faria com que mais pessoas permanecessem no campo. E viva nossas mulheres Queremos parabenizar todas as mulheres de nossa comunidade: agricultoras, guerreiras, mães, esposas, amigas, donas de casa. Todas que, apesar de muito trabalho, continuam com um lindo sorriso no rosto. São mulheres incansáveis, que enfrentam sol e chuva e muitas dificuldades para ajudar no sustento de suas famílias. O nosso agradecimento especial às idosas de nossa comunidade, precursoras de nossas lutas. Podemos dizer, sim, que sofremos por sermos do campo. Mas, não é por isso que vamos abaixar a cabeça. Ao contrário, pois sabemos que foi sempre com muita determinação que conquistamos direitos e nosso espaço na sociedade. 12 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE Memórias carregam a história: as lembranças de “Renato” Vandresen Todos sabem que o jogador de futebol Ronaldo Fenômeno se identificava por R9. Pois bem, nosso entrevistado desse mês foi capaz de ter três nomes. O de batismo é Renaldo. Quando veio morar na Varginha, vivendo entre os “brasileiros”, passou a ser chamado de Reinoldo. E quando se mudou para Santa Rosa de Lima, virou Renato. Como em breve será nonagenário, passou a ser o nosso 3R 90. Sem pressa, à beira do fogão a lenha Chegamos à propriedade do Seu “Renato” Vandresen em uma daquelas tardes calorentas deste último mês de fevereiro. De calção, sem camisas e com chinelos de dedo, ele nos aguarda sob uma jabuticabeira. Apesar de uma recente cirurgia de catarata no olho direito, está disposto e,com energia, levanta o seu corpo magro para o cumprimento. Avançando para os noventa anos, nosso entrevistado tem oito filhos, dezenove netos e onze bisnetos. Diz que seus planos para o futuro são apenas esperar que São Pedro o chame, mas, também, que não tem nenhuma pressa para que isso ocorra. Concorda com a filha: o objetivo maior dele, agora, é comemorar o nonagésimo aniversário. E conta, com um sorriso, que neste último ano limpou todo o pasto e cortou e empilhou lenha para dois anos. Ainda mais, que cuida do quintal, das frutas e do aipim, além das “criaçãozinhas”. Gosta muito do seu cantinho do fogão à lenha, aonde toma seu chimarrão. E adora, como fazia na juventude, jogar cartas. Diz que seus velhos e fiéis parceiros de canastra “ou foram chamados por São Pedro, ou não jogam mais”. Agora, o carteado é com os filhos e netos no domingo, ou com seus companheiros do grupo de idosos nas quintas à tarde. Seu Renato (no colo) com seus pais Maria e Henrique e sua irmã. Família Filho de Henrique Vandresen e Maria Buss, Renaldo nasceu em 1924, em São Bonifácio. Segundo ele, o avô de seu pai foi o primeiro morador daquele município. Doou, inclusive, os terrenos onde hoje estão a igreja, a prefeitura, o salão. Dos pais, ele conta: “Da minha mãe, eu não lembro muito, porque eu tinha onze anos quando ela faleceu. Do meu pai, eu lembro que ele estava sempre muito doente. Sofria muito com bronquite e morreu com 65 anos. Ele era bom. Nunca apanhei dele. Ele tinha posses. Herdou do pai dele e tocou a vida. Escola Quando morava em São Bonifácio, foi na escola por dois anos. Um ano, em Rio Fortuna, quando morou na casa de um tio (pai do Marcos Vandresen) e outro, na Vargem do Cedro, quando parou em outro tio. Depois, em casa, foi aluno do Schaden [Francisco, que é considerado o primeiro professor de São Bonifácio, um imigrante alemão autodidata, que educou muitas crianças, inclusive o filho, o antropólogo reconhecido mundialmente Egon Schaden]. Mas só foi a essa escola três ou quatro meses. Depois, a mãe faleceu e ele não foi mais. Faz questão de ressaltar que só foi em aula em alemão. Mudança Depois que a mãe morreu (em 1935), como os parentes moravam quase todos por aqui, o pai resolveu vir pra cá. O avô (pai do pai), Guilherme Fernando Vandresen, também foi um dos primeiros a vir para Santa Rosa. Ele tinha a casa onde hoje é a igreja matriz. Henrique Vandresen comprou o terreno, com casa, do Aluísio Feliciano, “que era alemão e foi embora para a Alemanha”, na Varginha (“hoje esse terreno é do Frido”). Seu Renato lembra com orgulho que, com quinze anos, veio seis semanas antes da família vir de muda, para cuidar das criações. De lá, “foram de muda pro morro onde hoje moram os Wiggers”. Lá, ele “se criou”. Nessa propriedade, faziam roça, criavam e engordavam porco, tinham vaca pra leite, plantavam cana e faziam açúcar grosso; cultivavam mandioca e faziam farinha, plantavam milho e moíam na atafona do vizinho; plantavam arroz, feijão, tudo... pro gasto. Ele relembra: “Naquele tempo, não se comprava nada. Só o querosene, o café e o sal”. Perguntado sobre as tarefas dele, responde: “Eu ajudava o pai, limpava pasto e fazia roça. Quem fazia roça tinha serviço o ano todo. Se acabava uma, já tinha na outra”. Lazer Divertimento era só sábado e domingo, quando tinha festa, baile ou domingueira. “Domingo era pra igreja, não tinha choro. Parelho, tinha que ir. Depois ia embora pra casa, almoçava e de tarde se juntava. Às vezes jogava um baralho, às vezes, uma bolinha. Ali na Varginha já tinha time de futebol naquela época. Eu não jogava no time, não era craque. Sábado de tarde ou de noite, se juntavam uns amigos, jogavam “cabeça de carneiro” (Schafkopf) ou “sessenta e seis”. esses eram os jogos que tinha. Domingo de tarde, se fazia uma domingueira em qualquer casa e se divertia. Dava uma gorjeta pro gaiteiro. Naquele tempo tinha muitos. Mas era sem acompanhamento, sem nada. Schafkopf É um jogo de cartas típico de Baviera, Alemanha. A tradução literal do nome é “cabeça de carneiro”. É um jogo complexo com regras diferentes em função das circunstâncias da partida, que se costuma jogar entre quatro pessoas, no que é comparável à canasta ou bridge inglês. Sessenta e seis A forma de disputa desse jogo não permite que mais do que duas pessoas possam jogar. Utiliza-se apenas um baralho comum, retirando-se os curingas e todas as cartas de 2 a 8, de todos os naipes. Ou seja, restam apenas 24 cartas a serem distribuídas. Cada partida é composta de sete mãos e vence quem primeiro conseguir somar os Sessenta e Seis pontos. O jogo é complexo porque as cartas e as combinações delas têm valores determinados (por exemplo, um casamento anunciado de Rei e Dama do mesmo naipe vale 40 pontos; de naipas diferentes, 20; um Às comprado na mesa vale 11 pontos). Casamento Conheceu Olinda Schmidt no casamento de uma prima. “Nós nos gostamos [risos] e continuamos até que casamos. Ela morava no Rio dos Índios – onde, hoje, mora o André Becker. Eu vinha da Varginha a pé ou a cavalo, de duas em duas semanas, pra namorar. Daí o José [Schmidt] – irmão da Olinda – queria casar e os pais deles [Antônio e Joana] queriam que se fizesse o casamento num dia só. Aí nós casamos juntos, no dia 13 de setembro de 1947”. Ele lembra que a festa aconteceu num dia de chuva, “chuva mesmo”. Foi na casa dos pais da noiva e “alguns ficaram farreando a noite toda lá” [risos]. Diz que não há fotos, “porque não tinha quem fizesse”. No dia seguinte, já foram pra Varginha, morar no terreno que o pai dele vendeu pra ele. “Nós trabalhávamos na roça, engordávamos porco, tínhamos umas criações, plantávamos pro gasto... Éramos colonos. E aí começaram a vir os filhos. Os seis mais velhos nasceram lá: Laíde, Salésio, Terezinha, Valneide, Dailson e Maria de Lourdes. Era mais ou menos dois anos entre um e outro”. Santa Rosa de Lima Depois de morar por catorze ou quinze anos na Varginha, mais ou menos em 1962, vieram para a área onde estão até hoje. No primeiro ano, trabalharam “a meia” com os pais da Olinda. “Depois, nós compramos e eles ficaram morando aqui e nós ficamos cuidando deles. Tinha noventa e poucos hectares e já tinha a casa que existe até hoje. Seu Renato relembra: “Quando eu cheguei em Santa Rosa, a igreja era onde é o Núcleo. E tinha só duas ou três casas. Aqui nasceram os filhos mais novos: o Edson, em 1963, e a Eliana, em 1966”. Ouvindo a entrevista, Eliana afirma sorrindo que nunca fez uma mudança: “nasci nesta casa e aqui fiquei”. Perguntado sobre como era a vida, Seu Renato relembra com um ar nostálgico: “Tocava a vida aqui como era costume de todo mundo. Trabalhava durante a semana. No final de semana, às vezes, recebia visita. Se era pro meio dia, fazia o almoço... De noite, fazia janta. Conversava. As crianças brincavam...Às vezes ia passear, ia fazer uma visita a um vizinho, a um parente que morava mais longe. Aos filhos que se espalharam. Naquele tempo era difícil, porque era a cavalo ou a pé. Para ir a Rio Fortuna, tinha que ir num dia e voltar Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL no outro, senão não dava. Agora, vai numa meia hora. Dificuldades e saída temporária “Como era a crise sempre e estava muito ruim, era escasso de arrumar dinheiro pra pagar o terreno, em 1973-74, fui trabalhar com o Paulino Schmidt, em Concórdia, em uma fabriqueta de tubo pra construção da BR 116”. Fumo “Fiquei lá um ano e, quando voltei, nós começamos a plantar fumo de galpão (mais ou menos em 1976). Trabalhamos dez anos com fumo de galpão, daí como a maior parte dos filhos já tinha saído, resolvemos botar estufa, mas com arrendeiros”. Afirma que com o fumo melhorou, “porque sempre fazia uma safra boa e dava dinheiro”. Relembra que decidiu plantar fumo “porque tinha um instrutor que queria que nós plantássemos fumo de rancho [galpão] e era uma coisa que tinha venda mais garantida”. Seu Renato conta, ainda: “O instrutor disse que dava dinheiro. E já tinha o Tino Schmidt, o Jacó Nack, o Daniel Roecker que plantavam e faziam uma safra boa. Aí resolvi plantar. Foi um tempo bom. Dava trabalho, mas tudo é serviço. Plantamos dez anos. Depois, como o Dedé foi trabalhar de pedreiro, ele inventou de nós botarmos uma estufa. Aí nós botamos e arrendamos. Os arrendeiros trabalharam dez anos também”. Aposentadoria “Daí nós nos aposentamos e ficamos assim...Só fazendo umas rocinhas pro gasto. E dividimos o terreno. Demos sete hectares para cada filho. E uma parte foi vendida. De passar isso tudo que passamos, ficamos velhos”. [risos] Mutirões “No Salão Velho, tudo foi feito a mão. O concreto era mexido de enxada, não tinha betoneira, nem nada. O trabalho era parelho. Eram os sócios todos... a comunidade. Tinha seis turmas. A mesma coisa que foi feito para a igreja. Vinha uma turma por dia de semana. O pedreiro era pago e nós tudo trabalhávamos de servente, de graça. Tirava areia do rio e puxava de caminhão. Para a igreja, os alicerces foram feitos com pedra rachada e puxada a boi. Cada turma tinha dez pessoas. Nós estávamos em sessenta sócios. Ia de manhã e voltava de noite. Cada um levava sua comida. Os que eram de mais longe levavam uma trouxa com a comida. Era ovo cozido, carne frita... o que podia levar. E os de per- 13 to, alguns iam em casa ou alguém trazia para eles. Para botar energia, fincar postes, puxar fios, fazer a rede, também foi de mutirão. O Núcleo [hoje Centro Educacional], também. Eu gostava de tudo. A gente se ajudava. Conversava. Dizia besteira. Era divertido. Hoje, é bem diferente!” Brigas “Aqui, o pior eram aqueles da Varginha que vinham e provocavam. Eles diziam desaforo. Chamavam de alemão batata... – eram os brasileiros – e aí já se achavam no pau [risos]. Ô! Era briga de acabar com a festa. Um dia, deram uma paulada num lá, que acharam mesmo que não vivia mais. Eu nunca entrava na briga, saía fora. Porque nós morávamos na Varginha e vínhamos às festas aqui. Minha mulher era daqui”. Participação cívica Foi da Caep, presidente do colégio, presidente do sindicato rural... “No sindicato, o que era pra fazer a gente acompanhava. A sede é a mesma, onde está a Agreco hoje. Começou com o Gregório Heidemann, o Aluízio Heidemann e eu. Eu conhecia o Marco Vandresen que era meu primo duas vezes [os pais eram irmãos e as mães eram irmãs]. Ele era forte na Federação [de Agricultura de Santa Catarina]. O Aluízio era presidente e eu vice. Aí, ele saiu pra prefeito e eu tive que assumir. Tinha médico, dentista, como agora é o posto de saúde. Não dava muita ‘dor de cabeça’, não. Naquele tempo, escassinho se arrumava um médico ou um dentista. Vinha um dia, um meio dia por semana, era mais difícil. Atendia con- Bodas de ferro – 65 anos de casados: “A Olinda estava doente, mas naquele dia queria conversar. Olhou pra mim. Olhou para o lado e reconheceu o Zé [Schmidt]”. sulta para os sócios do sindicato e se ia”. Política “Muito pouco. Eu não gostava muito de política. E já tinha o sogro, o José, o Paulino, o Tino, já tinha o que chega com os Schmidt [risos]. E na política, quem se mete tem que prometer muito e fazer pouco.” [risos] Educação Afirma que sempre se preocupou em mandar os filhos para a escola. “Os mais velhos, até a quarta série. Os outros já iam para Rio Fortuna, à noite, de Kombi com o Seu Helmuth, pra fazer até a oitava. Os dois últimos já puderam estudar em Santa Rosa mesmo”. Os segredos da Sopa da Tia Olinda A receita de base é a de sopa de galinha caipira. Mas a da “Tia Olinda” era especial. Procurou-se saber se ela tinha deixado alguns de seus segredos. O que se apurou é que ela dizia que, primeiro, era preciso escolher uma galinha caipira, bonita e nova. Se com ovinho, melhor. Galinha de granja, nem pensar. Galo, muito menos. Isso não dá sopa boa. Os temperos especiais parecem ser o “alho de sopa” (ou alho porro ou poró) e a salsinha. E há alguns truques: bater bem o ovo com um pouquinho de trigo; o arroz só entra na hora em que a carne está bem cozida, uma meia hora antes de servir. Com quase 90 anos, muitas atividades. A rocinha de aipim é uma delas. Contando causos Choveu pedra Uma vez, na Varginha, deu uma trovoada de pedra num dia 22 de dezembro. Não sobrou uma folha numa árvore. Aquela foi feia. E nós fomos obrigados a se enfiar debaixo da mesa da cozinha. Porque a casa encheu de pedra. No outro dia, os morros ainda estavam brancos. Destruiu tudo. Feijão maduro na roça não sobrou nenhum. Baraço, não ficou nada. Nenhuma rama também. A Olinda teve que esperar o rio baixar, pra pegar água, lavar todas as roupas e fazer a faxina tudo de novo para o Natal. Tatú Um dia estávamos vindo da roça, estava escurecendo e a Olinda vinha na minha frente. Tinha um tatú na estrada, pulou o barranco, ela grudou na cola, bateu no chão e pegou o tatú. Foi ela, eu só vi [risos]. Medo ela não tinha... Carteado Lembram do Fata [Antônio Schmidt] jogando Solo a noite toda. Às vezes, de manhã eles iam no culto e voltavam para jogar. Era ele, o Henrique Heidemann, O Henrique Siebert, o Zé Heidemann, o Alberto Becker, o Paulo Wiggers, o João Herdt e o Huberto Dircksen, este de Rio Fortuna. O jogo era à luz de querosene e de manhã os homens estavam com o rosto preto. De vez em quando, toda a família acordava com as fortes batidas na mesa. 14 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL EDUCAÇÃO Rede municipal de educação inicia reestruturação pedagógica e administrativa A Secretaria municipal de educação e desporto (SMED), cumprindo o seu programa de volta às aulas, realizou, no dia seis de fevereiro, a exposição de uma proposta de trabalho para os próximos anos letivos. Participaram do encontro gestores, professores, merendeiras, motoristas e outros profissionais e membros da comunidade escolar. Para ter objetivo comum Segundo a SMED, em 2014 foram cerca de 280 matriculas na rede municipal, o que resulta em uma média de 13,4 alunos por turma. Ao mesmo tempo, são 72 os funcionários. O secretário Rudinei Pacheco afirmou em seu pronunciamento: “Todos devem ter um objetivo comum, para uma melhor qualidade da educação de nossas crianças. Por isso é preciso haver uma restruturação pedagógica e administrativa na educação de Santa Rosa de Lima”. Mudanças: corte e controle Em seguida, Pacheco apresentou as mudanças que julga serem cruciais para o bom andamento da gestão municipal. Segundo ele, uma delas está relacionada às folgas semanais dos profissionais que atuam em regime de quarenta horas. “A folga não tem nenhum amparo legal, foi um acordo verbal feito em outras gestões para resolver o problema das faltas. Mas isso não resolveu o problema das faltas. Daqui a pouco o Tribunal de Contas pode questionar. Se o professor ganha por isso, porque não trabalha? Este ano vamos repensar isso”. Com relação ao sistema de controle, o secretário também foi enfático, “vamos fazer um sistema de controle com o ponto digital, vai ter fiscalização”. Um Norte Para dar “um rumo” à educação na rede municipal de ensino, a SMED contratou a empresa de consultoria organizacional Humanity, que tem sede em Navegantes e atua no setor público, na área educacional e administrativa. Com tal contratação, que custará aos cofres públicos cerca de trinta e cinco mil reais, a SMED pretende conseguir uma melhoria do ensino, a valorização do bom profissional da educação e a consequente geração de riquezas culturais e socioeconômicas para o município. São previstas ações como a elaboração do Plano Municipal de Educa- Anote aí Profissionais ligados à educação em palestra com o professor Marcos Meurer. ção; a reestruturação da Lei Municipal de Ensino; a reestruturação da Lei de Planos de Cargos e Salários do Magistério e a criação das Diretrizes Curriculares Municipais. Palestra e perguntas Uma palestra com o professor Marcos Meurer, sócio da empresa Humanity, abriu as discussões sobre a reestruturação da rede de ensino. O consultor enfatizou que o investimento nas pessoas, na educação delas, é o que mais apresenta resultados para uma sociedade mais igualitária. Uma questão do palestrante chamou a atenção dos educadores: “Vocês sabem o que é um Plano Municipal de Educação?” No ar, ficaram outras perguntas. Será que o consultor não sabe – porque não foi informado – que os educadores de Santa Rosa de Lima já construíram coletivamente dois planos decenais de educação? Ele desconhece que esses planos foram elaborados de forma coletiva, durante muito tempo e com trabalho e participação da comunidade escolar? Essas dúvidas são uma possível explicação para o relativo insucesso de Meurer nas sucessivas tentativas de motivar o público e de provocar sorrisos. E para a apatia frente à pergunta final do consultor: “Todos aqui acreditam que Santa Rosa de Lima poder ser um município referência em educação?” ! Orgânico é conteúdo de formação O Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) realiza inscrições para o curso Agricultor Orgânico. O objetivo é desenvolver a produção de orgânicos com base na legislação vigente. Realizado através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) e desenvolvido pelo SENAR, o curso tem duração de 160 horas, com aulas teóricas e práticas. A cada aluno será ofertado um vale transporte e alimentação, no valor de R$ 2,50 a hora aula. Conteúdos abordados História da agricultura; Introdução à agricultura orgânica; Princípios da agricultura orgânica; Aplicação das técnicas; Mercado; Certificação orgânica; Medidas de segurança no trabalho, meio ambiente, novas exigências profissionais e cidadania; e Empreender no Campo Inscrições com vagas limitadas e perfil Até o dia 15 de março, no CRAS. As vagas são para pessoas que podem ser inseridas no Cadastro Único para Programas Sociais. Por isso, para a inscrição é preciso trazer documentos pessoais de todos os membros da família (CPF, RG, conta de luz e comprovante de renda). Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL ANO 1 - Nº 9 • Edição Mensal - Março/2014 • Jornal da Criança de Santa Rosa de Lima • 15 Distribuição gratuita. Venda Proibida. QUERIDA LEITORA, QUERIDO LEITOR, NESTA EDIÇÃO, O CRIANÇA SRL CONTINUA A PUBLICAÇÃO DAS CARTILHAS DA SÉRIE “NOSSO AMBIENTE”. O TEXTO E AS ILUSTRAÇÕES SÃO DO TALENTOSO ALEXANDRE BECK E A EDIÇÃO É FEITA PELA POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL DE SANTA CATARINA. DECIDIMOS PUBLICAR JUNTAS DUAS CARTILHAS: “MATA ATLÂNTICA” E “ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE”. VOCÊ VAI VER QUE ELAS TÊM TUDO A VER UMA COM A OUTRA. E TUDO A VER COM A VIDA QUE VOCÊ LEVA AQUI EM SANTA ROSA DE LIMA E NAS ENCOSTAS DA SERRA GERAL. NOSSO MUNICÍPIO FICA EM PLENA MATA ATLÂNTICA E TEM ÁREAS ONDE ELA CONTINUA PRESERVADA. É ISSO QUE OS TÉCNICOS CHAMAM DE “REMANESCENTES”. O QUE QUER DIZER “O QUE SOBRA”. OU SEJA, A MATA ATLÂNTICA VEM SENDO TÃO DESTRUÍDA, QUE SOBRA POUCA COISA. HOJE, ELA É MENOS DE UM DÉCIMO DO QUE ERA. SIGNIFICA QUE NOVE DE CADA DEZ ÁREAS DELA FORAM DESTRUÍDAS. POR ISSO, OS ANIMAIS QUE VIVEM NA MATA ATLÂNTICA PEDEM SOCORRO. COM A LEITURA DAS PAGINAS SEGUINTES VOCÊ VAI SABER COMO A MATA ATLÂNTICA É IMPORTANTE PARA NÓS, PARA NOSSA VIDA E PARA O NOSSO FUTURO. E SABER COMO É POSSÍVEL AJUDAR A PRESERVÁ-LA. CONVERSE SOBRE ISSO COM SEUS COLEGAS. PEÇA A SEUS PROFESSORES PARA FALAR DA MATA ATLÂNTICA EM NOSSO MUNICÍPIO. QUEM SABE A ESCOLA ORGANIZA UMA VISITA A UMA ÁREA DE MATA NATIVA PARA QUE TODOS POSSAM APRENDER MAIS. BOA LEITURA! 16 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL 1 2 3 FIM Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL 1 2 3 FIM 18 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL COMUNIDADE NOVA FÁTIMA 15 Meine Meinung Minha Opinião Wilson Feijão Schmidt Alexandre Oenning Bittencourt | Valesca Weber Cantinho encantador A temporada de verão, casada com as férias escolares, fez com que muitos turistas e visitantes passassem aqui por nossa comunidade. Em especial, no Cantinho da Família, de propriedade do casal Ângela e Ney Feldhaus. Em um destes ensolarados finais de semana, nossos colunistas estiveram por lá para conversar com hóspedes e conhecer as impressões deles sobre o lugar. Do litoral para o interior O casal Ana Maria e Antônio Luiz, de Imaruí, se encantou com o local. Eles contam que em novembro do ano passado conheceram o espaço. Passaram lá rapidamente, a convite do casal de amigos Leonir e Maria Alice. “Na época, a gente veio passar um final de semana na casa de sítio destes nossos amigos, que moram na nossa cidade. Alice tem raízes aqui – nasceu em Nova Fátima – e eles vêm de vez em quando aqui. Daquela vez nos convidaram e foi um passeio muito bom”. Retorno certo Na volta para Imaruí já tínhamos uma certeza: voltaríamos com mais tempo. Agora, nas férias, resolveram presentear os filhos com uma estadia de final de semana. Além dos filhos, convidaram mais alguns amigos. “Encantamos-nos com o Cantinho, com a paisagem, a tranquilidade, a segurança e as belezas naturais. Foi muito divertido”. Impressões Uma das amigas convidada, Maria de Fátima, falou a nossa coluna: “É tudo muito bem cuidado, muito limpo e organizado. Tem um bom atendimento. A comida é muito boa. As camas são confortáveis e muito bem arrumadas. E é tudo cheirosinho. Gostei demais”. Eles também afirmam ter adorado os amplos espaços de lazer, “por ter todas as características interioranas combinadas com muita beleza”. E completa a visitante Maria de Fátima: “É um lugar para o qual, com certeza, queremos voltar. Além disso, vamos recomendar para outras pessoas. Ficamos com a boa sensação de que quando a gente compra a estadia, vem incluído um atendimento super especial. E isso é muito gratificante”. Esta não é uma coluna literária. Contudo, acabei de ler um dos romances mais importantes do grande escritor Mario Vargas Llosa: “A Festa do Bode”. Esse livro foi considerado “um retrato implacável do poder absoluto”. “Bode” era o apelido do ditador Trujillo, que governou com tirania, por trinta e um anos, a República Dominicana. A leitura desta obra literária torna impossível não se lembrar de certos “Chefes” de municípios espalhados pelo Brasil. Semelhanças Afinal, o romance retrata gente com “um talento infinito para a intriga e a conversa fiada”. Descreve homens que diante do Chefe veem sumir sua valentia e seu sentido de honra. E deles se apoderar “uma espécie de paralisia da razão e dos músculos, uma docilidade e reverência servis”. E, então, esses mesmos homens se perguntam (pelo menos esses se perguntam) “por que a presença do Chefe os aniquila moralmente”. Parecença Apresenta o Chefe como um “mestre e manipulador de ingênuos, bobos e babacas”, um “astuto aproveitador da vaidade, da ambição e da estupidez dos homens”. Que se diverte ao perceber que seus subordinados e pessoas que querem ficar ao redor dele fazem “manobras sutis”, dão “cutucadas sigilosas”, promovem “intrigas um contra o outro”, tudo “para tirar o companheiro da jogada, tomar a dianteira, estar mais perto e merecer maior atenção, ouvidos e brincadeiras do Chefe”. Passagem marcante... Uma frase do livro chama a atenção e pede uma parada e reflexão: “O Chefe extirpara de to- dos os homens o atributo sagrado concedido por Deus: o livre-arbítrio”. Marcante porque essa expressão é usada para significar a vontade livre de escolha, as decisões livres. É o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho quer seguir. Para os Católicos, é o poder que Deus dá aos seus fiéis de serem livres e fazerem o que bem entenderem, arcando sempre com suas escolhas. Segundo a Bíblia, Deus nos dignifica por nos dar livre-arbítrio, a capacidade de tomarmos decisões por conta própria. Para os filósofos, é a faculdade própria do homem que, pela capacidade de ser racional, é capaz de escolher entre várias possibilidades. Livre-arbítrio é, assim, o poder de agir de determinada forma, ou deixar de agir, sem nenhuma razão para tal escolha a não ser a sua própria vontade, sem qualquer constrangimento ou pressão. Presume, portanto, que o indivíduo age de certa maneira porque assim quer e sente-se responsável pelo ato praticado. Para que o livre-arbítrio seja exercido em sua plenitude não deve haver impedimentos externos ao movimento. Isso vale tanto para a liberdade de palavra, quanto para a de ação ou de crença. ... Para refletir Imagino que isso faça pensar sobre o servilismo a nossa volta; sobre pessoas que só tem opinião depois de escutar aquela do Chefe; de gente que reproduz e amplifica as mentiras criadas pelo Chefe; de indivíduos que gostam e detestam as pessoas que o Chefe diz para eles gostarem ou detestarem; de servidores públicos que têm medo do que o Chefe vai pensar ou fazer se eles reconhecerem os problemas ou pontos de melhoria de um serviço. A diferença pode estar apenas no apelido Não se sabe se “Bode” é a melhor alcunha para os Chefes que temos por aqui. Para alguns seria melhor “Hiena”. Para outros, o nome de certos peixes. Para outros, ainda, “Pinguim manco”. Lições O que o livro mostra é que os chefes passam e o país ou município fica. E que, com o tempo e condições para pensar, toda a população acaba reconhecendo os males que o “Chefe” causou para todos. Espaço d’Acolhida Solange Wiemes Heidemann e Robson Meyer Sítio EcoSol e Estância Frio da Serra Com uma paisagem deslumbrante e uma magnífica vista para o paredão da Serra Geral, nossa propriedade recebe turistas para visitação e gente que busca a aventura de uma cavalgada. Estamos localizados na comunidade de Mata Verde, a 3 km do centro de Santa Rosa de Lima. Fazemos parte da Acolhida na Colônia desde a fundação da associação. Edificando sonhos Nós começamos a construir nossos sonhos em meados de 2008. Eu, Solange, acabara de me formar no curso técnico de Turismo e Hospitalidade, ofertado pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Havia sido premiada, pelos meus êxitos escolares, com uma viagem para Itália e Portugal e dela retornava. Após viver esta experiência, recebi várias propostas para atuar no setor hoteleiro urbano. Esta ideia, porém, não me animava. Nesta época, Robson, que já havia trabalhado em supermercados na grande Florianópolis, retornava à sua terra natal, Anitápolis, e trabalhava na padaria da família. Foi aí que veio a vontade de empreender. Fomos atraídos pela Acolhida na Colônia, pelo agroturismo e pelas práticas de agroecologia que minha família já tanto conhecia e participava. O pedaço de terra onde nos instalamos pertencia aos meus pais, que me deram como herança. Sem arrependimentos Com apenas cinco anos de trabalho, eu e Robson acreditamos que construímos uma bela propriedade, com uma estrutura considerável. Nossa situação atual e nossa qualidade de vida seriam inimagináveis no cenário de trabalho assalariado urbano que nos provocava. As oportunidades de crédito Pronaf e o apoio de outros programas viabilizados por nossas entidades tornaram possível que nós, ainda jovens, nos estabelecêssemos, projetássemos nossos sonhos no meio rural e, fundamentalmente, descobríssemos que é possível realizá-los. Acreditamos que outros jovens de Santa Rosa devem pensar sobre essa “janela de oportunidades”. Para vir, ver e viver A propriedade possui atividades diversificadas: produção de biscoitos caseiros, criação de porcos soltos na natureza e uma pequena granja de frangos orgânicos. E conta com paisagens exuberantes e muitos pássaros silvestres. Além disso, temos um empreendimento inovador que chamamos de Estância Frio da Serra. Trata-se de uma baia para hospedagem de cavalos e uma cancha de laço, com um galpão para eventos campeiros, que reúne amigos, e turistas para momentos muito agradáveis. Futuro Estamos nos preparando para, em breve, trabalhar também a hospedagem. Investimos na construção de um chalé, priorizando o aconchego e a vista privilegiada. Pretendemos, ainda, complementar o sítio com outros atrativos, como lago para pesca, trilhas ecológicas e espaço para camping. Estância Frio da Serra, reúne cavaleiros, amigos e turistas. Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL 17 PELO MUNDO “A sorte do encontro com Santa Rosa de Lima” Final da tarde de 25 de fevereiro. Na frente do Hotel do Vilmar, como sempre faz, o Ambrósio parou no meio da rua o micro da ZTL que faz a linha para a capital. Aqueles que estão no bar, tomando umazinha, notam que desceu gente que não é daqui. Parecem formar uma família. O casal é composto por uma bela mulher e um homem muito alto com cabelos desgrenhados e espetados para cima. E há três meninas. Duas iguaizinhas aparentam ter doze ou treze anos. A menorzinha, três ou quatro. Eles não falam quase nada de português. Dizem que a língua deles é o francês, que dominam o inglês e “arranham” o espanhol. Ficaram as perguntas: Quem são eles? O que fazem esses viajantes na pequena Santa Rosa de Lima? A família e o sonho da “volta ao mundo” Jérômine Derigny, 42 anos, é uma jornalista fotográfica independente (freelancer) que mora em Paris e se diz “uma típica parisiense”. É casada com Aladin Jouini, um tunisiano, também de 42 anos, que ela define como autodidata e capaz de “fazer de tudo” (música, informática, sites na internet, filmes em 3D etc.). Desde sua infância e adolescência, Jérômine acalantava o sonho de fazer “a volta ao mundo” com a família que constituísse. Em 2010, quase chegando aos quarenta anos e curtindo o nascimento de Vênus, a terceira filha, conversou com o marido. Era o momento de fixarem uma data para a viagem, para terem certeza de que o sonho de partir para a aventura e a busca de encontros seria mesmo realizado. Concordaram que era preciso esperar que a pequena crescesse um pouco. Mas que deveriam cuidar para que não se passasse tempo demais e Indira e Athéna, as duas primeiras filhas, que são gêmeas e estavam com nove anos, estivessem “grandes demais”. Decidiram, então, que quando Vênus completasse três anos eles “fariam as mochilas” e partiriam. Preparativos Em agosto de 2012, criaram um blog (www.duglobeaublog.com), “para se motivar e para informar todo mundo”. E começaram a fazer os preparativos para uma viagem de um ano de duração – entre 12 de agosto de 2013 e 14 de agosto de 2014. No planejamento, os grandes deslocamentos seriam feitos de avião e em cada país usariam os transportes locais: especialmente ônibus e trem. Procurariam se hospedar sempre em pousadas, especialmente de agricultores familiares. O roteiro foi definido: dois meses na Índia, um mês na Tailândia, um mês no Camboja, um mês na Indonésia, quinze dias na Austrália, cinco meses na América do Sul (Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Peru e Bolívia), um mês no México. Foi preciso pensar em como dar conta do orçamento de uma viagem desse tipo. Para uma família de cinco pessoas, mesmo que com “mochila nas costas”, calcularam que seria preciso pensar em “por de lado” 50 mil euros (160 mil reais). Doze mil (39 mil reais) para as passagens de avião e três mil (9,7 mil reais) por mês, para as outras despesas. A parceria com revistas e sites, para os quais eles devem enviar textos, fotos e filmes ajudaram a completar as economias de muito tempo. O projeto Como jornalista e fotógrafa, Jérômine Derigny trabalha em torno do desenvolvimento sustentável e das agriculturas familiar, local e urbana. “Como nesta volta ao mundo eu iria visitar muitos países, pensei que seria a ocasião de fazer fotos e perfis de agricultores familiares em cada país. Vênus e uma de suas irmãs gêmeas degustam a comida da Dida, que a família avaliou como “ótima e orgânica”. Família Jouini em fotomontagem do blog em que publicam sua viagem pelo mundo. Porque 2014 é o ano da agricultura familiar. Minha ideia é publicar artigos e fotos em revistas e jornais europeus”. Ela afirma que o importante é acumular informações sobre as diferentes situações dos agricultores familiares pelo mundo, e descreve: “Entre os que eu conheci na Índia e os daqui há semelhanças, mas há condições diferentes. Por isso, não pretendo fazer artigos sobre cada um deles, mas, tendo posto as mesmas questões, eu poderei fazer comparações”. Mas por que a Acolhida e por que Santa Rosa de Lima? Quando pisaram nos pavers da Germano Hermesmeyer os cinco membros da família Jouini já tinham passado pela Índia, Tailândia, Laos, Camboja, Indonésia, Austrália, Chile, Argentina e Uruguai. Os planos deles na América Latina eram bem abertos. As passagens de avião foram de chegada em Santiago do Chile no dia 30 de janeiro e serão de partida, no dia 15 de julho, de Cidade do México. “A gente não sabia muito bem aonde iria e não sabe aonde vai. Em que sentido vamos e o tempo que passaremos”. Ela conta com um sorriso aberto que a ideia de passar em Santa Rosa de Lima nasceu em Montevidéu. Os planos eram de rumar para São Paulo, para passar o Carnaval. Consultando o guia internacional da Accueil Paysan (que é a Acolhida na Colônia francesa), decidiram que era importante passar três dias com agricultores da Acolhida na Colônia. Temendo dificuldades de comunicação, pediram a um amigo, também francês e que mora em São Paulo, que telefonasse e fizesse uma reserva na Pousada Vitória. Em seguida, pegaram um ônibus para Porto Alegre. De lá, outro para Florianópolis, onde, por cinco minutos, perderam o ZTL da segunda. Persistentes, aguardaram até a terça e mantiveram a ideia vir a Santa Rosa de Lima. E, assim, aqui chegaram e permaneceram por quase três dias. Balanço Na noite de quinta-feira, anterior à partida dos Jouini (eles pegaram o ZTL das 5:45 horas de sexta), pouco antes do jantar, a reportagem do Canal SRL pediu a Jérômine que fizesse uma avaliação de sua estadia na Capital da Agroecologia. “Consideramos um grande prazer estar aqui. É uma felicidade ter esse ‘porto de paz e de tranquilidade’, com uma comida que é ótima e orgânica... Desde o Chile, passamos por tantas cidades grandes e comemos mal em pequenos restaurantes de estrada. Foi maravilhoso chegar aqui e sermos tão bem acolhidos e servidos com essas refeições de ótima qualidade. Na verdade, em um lugar como esse, nosso desejo seria de passar uns dez dias. Mas tínhamos combinado de ir para São Paulo”. Tudo se combina A jornalista francesa prosseguiu dizendo que em toda a viagem pelo mundo, a experiência de Santa Rosa de Lima é a “mais bem acabada” que ela encontrou, no que se refere à combinação de agricultura familiar e turismo. Para ela, “aqui, tudo se combina”: “Há a força de um projeto de agroturismo que resultou numa qualidade de hospedagem que julgo especial e que pode atrair turistas estrangeiros e do Brasil. Isto se junta a um projeto de desenvolvimento que ajuda a tornar conhecida a região. E há, também, a força de se poder conviver com o saber fazer dos agricultores e agricultoras, os produtos locais, o tipo de construção das pousadas... Isso nós não encontramos nas outras pousadas em que nós estivemos até agora, pelo mundo. É até difícil acreditar que esse é um processo que começou há apenas quinze anos”. Relacionamento com o turista Estranho foi constatar a grosseria do motorista da ZTL no momento de embarque dos viajantes pelo mundo, para o retorno deles a Florianópolis. Não podendo entender qualquer tentativa de explicação, exigia que materiais frágeis fossem colocados no bagageiro ou que uma mochila pagasse passagem, mesmo com o ônibus completamente vazio. Ao final, pulava e sapateava, gritando: “No país deles, eles podem mandar. Mas no meu ônibus mando eu”. Definitivamente, isso não combina com um lugar que é destino de referência em turismo rural. 18 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA – CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO N. 01/2014. MODALIDADE: CONVITE I – DO OBJETO Aquisição de um lote de 66.000 (sessenta e seis mil) mudas de plantas aromáticas com as seguintes características: Óregano (Origanum vulgare): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Tomilho (Thymus vulgaris): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Camomila (Matricaria chamomilla L): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %.Sálvia (Salvia officinalis L.): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Vetiver (Chrysopogon zizanioides): 11.000 (onze mil), com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no Convênio nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – Florestal Rio Verde Ltda - ME; Jane Schuelter Schmoeller Dela Giustina, ME e Metalúrgica Dako Ltda - EPP. VENCEDOR DA LICITAÇÃO – FLORESTAL RIO VERDE LTDA VALOR PROPOSTO: R$ 32.600,00 ( trinta e dois mil e seiscentos reais) Santa Rosa de Lima, em 13 de fevereiro de 2014. Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA – CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO N. 02/2014. MODALIDADE: CONVITE I – DO OBJETO Um veiculo MARCA FIAT MODELO STRADA WORKING SIMPLES 1.4 FLEX 2012014, pelo valor de R$ 40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais), um veiculo Zero KM, tipo camionete, combustível flex, cabine simples 02 lugares, duas portas, fabricação nacional, ano 2014, CV potencia 75 CV-5 marchas e uma ré, caoacidade da caçamba 1220 litros, vidros elétricos, cor predominantemente branca, Ar condicionado, direção hidráulica, volante com regulagem de altura e travas elétricas e travamento automático das portas a 20 m/h air bag duplo, (motorista e passageiro) ABS com EBD, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-130189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo Licitatorio n. Nº 02/2014. PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – Unita Veiculos Ltda, Kolina Araranguaense Veiculos Ltda e Napoly Comercial de Veiculos Ltda. VENCEDOR DA LICITAÇÃO – UNITA VEICULOS LTDA VALOR PROPOSTO: R$ 40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais) Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014. Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA – CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO N. 03/2014. MODALIDADE: CONVITE I – DO OBJETO Aquisição de 5.500 litros de gasolina comum, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo Licitatorio n. Nº 03/2014. PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – J.ELLER & CIA LTDA, VANDRESEN & HERMESMEYER LTDA E AUTO POSTO SANTA ALBERTINA LTDA. VENCEDOR DA LICITAÇÃO – J.ELLER & CIA LTDA VALOR PROPOSTO: R$ 16.775,00 ( dezesseis mil setecentos e setenta e cinco reais) Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014. PUBLICAÇÃO LEGAL Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA – CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO N. 04/2014. MODALIDADE: CONVITE I – DO OBJETO Aquisição de 02 Notebook, NB ACER V5431-Intel Sistema Operacional Windows em Portugues, Memória RAM 4 GB, Disco Rigido 500 GB, Tela Led 14 a 15 polegadas, Wireless, processador Intel core, software Incluso 01 impressora HP Leserjet color pro 200 mult M 276NW, Multifuncional ( Scaner e Cópia) Bivolt, Software, 01 Pojetor Multimidia Epson/Powerlite 518/3000 Lúmens, Adaptador Lan Wireless/Preto/ Resolução ( 1024x768), 01 Antena Internet Airgrid M2 27 DBI UBIQUITI, 01 Antena Base Direcional 20 DBI 90 GF-1020 c/CABO, 01 Interface Celular ITC 4000 Intelbras, 03 Telefones s/f intelbras TS-40 Preto, 01 Central Telefonica Intelbras Conecta 2 linhas/8 Ramais, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo Licitatorio n. Nº 04/2014. PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA, MARCELO BOEING LTDA E TM SCHLICKMANN & CIA LTDA – ME. VENCEDOR DA LICITAÇÃO – SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA VALOR PROPOSTO: R$ 7.925,14 ( sete mil novecentos e vinte e cinco reais e quatorze centavos) Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014. Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA EXTRATO DO CONTRATO Nº 01/2014 OBJETO: Aquisição de um lote de 66.000 (sessenta e seis mil) mudas de plantas aromáticas com as seguintes características: Óregano (Origanum vulgare): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Tomilho (Thymus vulgaris): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Camomila (Matricaria chamomilla L): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %.Sálvia (Salvia officinalis L.): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Vetiver (Chrysopogon zizanioides): 11.000 (onze mil), com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no Convênio nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE. CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40, CONTRATADO: FLORESTAL RIO VERDE LTDA CNPJ/MF 08.209.234/0001-55, VALOR DO CONTRATO: R$ 32.600,00 (trinta e dois mil e seiscentos reais). VIGENCIA: 13/02/2014 à 31/12/2014 REAJUSTE: Sem reajuste. ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen Santa Rosa de Lima, em 13 de fevereiro de 2014. LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE FLORESTAL RIO VERDE LTDA - Contratada CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA EXTRATO DO CONTRATO Nº 02/2014 OBJETO: Um veiculo MARCA FIAT MODELO STRADA WORKING SIMPLES 1.4 FLEX 2012014, pelo valor de R$ 40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais), um veiculo Zero KM, tipo camionete, combustível flex, cabine simples 02 lugares, duas portas, fabricação nacional, ano 2014, CV potencia 75 CV-5 marchas e uma ré, caoacidade da caçamba 1220 litros, vidros elétricos, cor predominantemente branca, Ar condicionado, direção hidráulica, volante com regulagem de altura e travas elétricas e travamento automático das portas a 20 m/h air bag duplo,(motorista e passageiro)ABS com EBD, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo Licitatorio n. Nº 02/2011. CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE. CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40, CONTRATADO: UNITA VEICULOS LTDA CNPJ/MF 01.956.015/0001-90, VALOR DO CONTRATO: R$ 40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais). VIGENCIA: 28/02/2014 à 31/03/2014 REAJUSTE: Sem reajuste. ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014. LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE UNITA VEICULOS LTDA - Contratada CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA EXTRATO DO CONTRATO Nº 03/2014 OBJETO: Aquisição de 5.500 litros de gasoline comum para o veiculo do Centro de Formação em Agroecologia com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo Licitatorio n. Nº 03/2011. CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE. CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40, CONTRATADO: J.ELLER & CIA LTDA CNPJ/MF 01.827.995/0001-21, VALOR DO CONTRATO: R$ 16.775,00 ( dezesseis mil setecentos e setenta e cinco reais). VIGENCIA: 28/02/2014 à 31/12/2015 REAJUSTE: conforme autorizado pelo Governo Federal. ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014. LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE J. ELLER & CIA LTDA - Contratada CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA CFAE SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA EXTRATO DO CONTRATO Nº 04/2014 OBJETO: Aquisição de 02 Notebook, NB ACER V5-431-Intel Sistema Operacional Windows em Portugues, Memória RAM 4 GB, Disco Rigido 500 GB, Tela Led 14 a 15 polegadas, Wireless, processador Intel core, software Incluso 01 impressora HP Leserjet color pro 200 mult M 276NW, Multifuncional ( Scaner e Cópia) Bivolt, Software, 01 Pojetor Multimidia Epson/Powerlite 518/3000 Lúmens, Adaptador Lan Wireless/Preto/ Resolução ( 1024x768), 01 Antena Internet Airgrid M2 27 DBI UBIQUITI, 01 Antena Base Direcional 20 DBI 90 GF-1020 c/CABO, 01 Interface Celular ITC 4000 Intelbras, 03 Telefones s/f intelbras TS-40 Preto, 01 Central Telefonica Intelbras Conecta 2 linhas/8 Ramais, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo Licitatorio n. Nº 04/2014. CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE. CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40, CONTRATADO: SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA CNPJ/MF 09.399.126/0001-55 VALOR DO CONTRATO: R$ 7.925,14 ( Sete Mil Novecentos e vinte e cinco reais e quatorze centavos). VIGENCIA: 28/02/2014 à 30/04/2014 REAJUSTE: Sem Reajsute. ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014. LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA Contratada Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Família SRL Adolfo Wiemes A busca de um verdadeiro sentido Com minhas vistas cansadas de oitenta e cinco anos de tanto enxergar, percebo, ao olhar para o mundo atual, uma constante luta para descobrir o sentido de tudo o que está “por aí”. O que vejo é só uma realidade dura e sem nexo. Os valores parecem desacreditados; os papéis da família estão invertidos; as ideologias são muitas e os ídolos, diversos. A grande pergunta é: hoje, as pessoas fazem as coisas por amor ou por imposição do mundo? Desesperança e falta de rumo Na sociedade deparo-me com inúmeras realidades totalmente distantes dos valores que podem nos levar à verdadeira felicidade. Você percebe isso também? Muitas vezes é preciso respirar fundo diante dos olhares sem esperança que nos rodeiam. Parece que muitos perderam o sentido da vida, uma vez que os ideais valorizados pela sociedade são o poder, o ter e o prazer. E tudo isso, custe o que custar. Insaciáveis Se fazemos uma faculdade, queremos um mestrado. Se conhecemos um grande amor, ele precisa ser perfeito. Se temos um carro, queremos dois. Se possuímos um celular, desejamos sempre o mais moderno. Enfim, o “mundo” corre e achamos que não podemos ficar para trás. Não é assim? Mas surgem as perguntas: “Aonde realmente quero chegar?” “Porque tenho tudo e não tenho nada?” Nesses momentos de questionamento, parece que as coisas perdem o seu valor, seu real sentido. Seguimos, contudo, a tendência de “deixar a vida nos levar”. O resultado: nossos sonhos escapam por entre os dedos; o essencial sempre fica bem longe. “É o amor!” Com minha experiência, me dou o direito de questionar aos meus queridos leitores: Em, um mundo tão superficial, tão cheio de “perfis”, o que é realmente essencial? O que, de fato, nos fará ter uma vida com sentido? Para mim, uma vida com sentido é uma vida com amor. É fazer tudo por amor. E com amor. Amor até o último suspiro. Já tentou Imaginar que linda será nossa aventura de viver se fizermos dela um constante ato de amor? Tudo muda Somos desafiados a assumir o sentido em nossa vida. Somos desafiados a amar! Um amigo meu me ajuda muito nessa aventura. Uma frase dele diz: “Viver sem uma fé, sem um patrimônio para defender, sem sustentar a verdade numa luta contínua, não é viver, mas fingir que se vive”. Viver de verdade, viver diferente Por isso, devemos afirmar frente ao mundo do nosso tempo: Não quero fingir viver, quero viver de verdade! Não quero minha vida igual a tudo que se vê! Que tal buscarmos uma vida com sentido, uma vida com amor? Caros leitores, se vocês estão na busca de um verdadeiro sentido de vida, construam no dia a dia uma família baseada no verdadeiro amor, na compreensão, no perdão, no diálogo e na ajuda mútua. Isso, sim, é o que trará felicidade para vocês e para seus filhos. 19 COMUNIDADE RIO BRAVO Karla Folster | Júnior Alberton | Ana Paula Vanderlinde Inauguração Aconteceu no último dia 23 de fevereiro a inauguração da piscina no Sítio Águas Mornas, da Dona Tabita. Apesar de o dia ter sido de chuva, atrapalhando o uso da principal atração, muitas pessoas prestigiaram a inauguração. Durante todo o dia foram oferecidos serviços de bar e cozinha. O churrasco estava especial e a cerveja gelada “no ponto”. Quem participou, aprovou. É um bom ambiente e mais uma opção para aquele encontro com os amigos. Estará aberto aos finais de semana e também mediante reservas. Parabéns à Dona Tabita e ao Nilson (Néia) pelo empreendimento. Mutirão Quem passou nos últimos dias na estrada de Águas Mornas percebeu que o Centro de Formação em Agroecologia (Casarão) foi restaurado. O prédio histórico recebeu pintura nova e está muito bonito. Agora, ele vai abrigar o escritório do projeto de óleos essenciais orgânicos. (veja matéria nesta edição). Vale destacar que boa parte dos serviços foi feita em forma de mutirão. Pessoas ligadas aos projetos de desenvolvimento sustentável fizeram um grande esforço para ajudar neste trabalho. Ficou bonito e saiu barato. O mutirão, além de ser eficiente para realizar certas atividades, resgata um hábito antigo. Nós todos sabemos que essa ajuda mútua era muito comum nos tempos de nossos pais e avós. Infelizmente, ela vai ficando no esquecimento. Parece que cooperação e o voluntariado passaram a ser vistos até como algo negativo. Por isso, foi muito bom ver, em nossa comunidade, pessoas exercitando a solidariedade e fazendo um mutirão em prol do bem comum. Visita honrosa A propriedade “Encanto Verde”, de Rosângela e Sebastião Vanderlinde, teve a honra de receber o trio de franceses que vieram para a homenagem a Jean Yves Griot e para o lançamento do projeto de óleos essenciais orgânicos. No primeiro dia deste mês de março, Elizabeth Griot e o casal Didier e Aline Boursier, acompanhados pelo João Augusto (Joca), que “trabalhou” como tradutor, conheceram a propriedade. Fizeram questão de dizer que ficaram muito bem impressionados com a beleza do local e que admiraram muito a bela vista para o paredão da Serra Geral. Segundo Didier e Aline, que têm uma pousada rural no Oeste da França, o potencial da propriedade para o agroturismo é muito bom. Rede AGRECO Volnei Luiz Heidemann | Adilson Maia Lunardi Agroindústrias orgânicas em rede Empreender em iniciativas que respeitam o ambiente e promovem a vida em todos os aspectos é sustentar a existência do planeta. É preciso defender esta ideia. Só teimosos, para buscar saídas Plantar e colher desafios, esse foi o grande objetivo da Agreco nos anos noventa. Para quem não lembra, vivíamos, em Santa Rosa de Lima, a crise da terra e da fumicultura. Nossos terrenos estavam desgastados, os agricultores, desanimados. A agroecologia apareceu no cenário como uma esperança. Era possível produzir de acordo com as condições naturais, de forma sustentável e agregando valor. As críticas pela baixa remuneração do fumo, do leite e de outras produções e culturas eram muito frequentes. Beneficiar produtos dentro de casa, em garagens ou varandas de paióis era impossibilitado pela vigilância sanitária. Só “teimosos” poderiam reverter uma situação como aquela. Mais ainda, diante da fragilidade de políticas públicas, da falta de crédito e de outras dificuldades. Naquele quadro, surgiram iniciativas ousadas. Entre elas, a construção de agroin- dústrias modulares em rede no espaço rural. Todas de pequeno porte e geridas pelos próprios componentes das famílias de agricultores. Mobilização e seus resultados Em 1999, aconteceu a grande mobilização de lideranças e agricultores no município e se montou o projeto da construção, no município, de catorze agroindústrias em diversas cadeias produtivas orgânicas. Foram constru- ídas seis unidades de hortaliças minimamente processadas, uma de abate de suínos, duas de fabricação de conservas, uma de beneficiamento de mel, uma de embalamento de ovos caipiras, uma queijaria e duas de processamento de derivados de canade-açúcar. Tudo foi construídos com financiamento do Pronaf Agroindústria. Hoje, apenas três delas não estão funcionando e algumas se readaptaram. Também houve condomínios, ou grupos de famílias, que se desligaram do processo. Os frutos do pioneirismo É inegável a grande movimentação que a Rede Agreco promoveu em nossa Santa Rosa de Lima. Além de dar novas oportunidades de renda para as famílias envolvidas, gerou muitos empregos indiretos, o que resultou em uma considerável movimentação econômica no município. Não sabemos se os santarosalimenses fazem o exercício de pensar o que estariam fazendo as pessoas ligadas às agroindústrias da Rede Agreco se esse processo não tivesse acontecido. É claro que ele foi marcado por crises. Essa é a norma para os pioneiros. E foram elas que permitiram que a rede esteja consolidada hoje. Foram os pioneiros que abriram o caminho para que novos empreendedores e oportunidades surgissem. Atualmente, vemos mais agroindústrias em construção, além de projetos que aguardam recursos financeiros para promover significativas ampliações. 20 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL SRL: Eu conheço e Valorizo! COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA Yolanda Flores e Silva é docente e pesquisadora da Universidade do Vale do Itajaí. Atua no Doutorado e no Mestrado em Turismo e Hotelaria, assim como no Mestrado Profissional em Saúde. Jaqueline Tonn Esquenta miolo Santa Rosa de Lima em minha vida Longe do meu lugar, até que... Há 30 anos, cheguei a Santa Catarina. Confesso que nos primeiros cinco anos vivi contando os meses para que as férias chegassem e eu pudesse correr para o Nordeste. Para mim, a vida aqui significava estar longe da família e do que eu conhecia como sendo o meu lugar neste país. Foram anos difíceis estes primeiros que passei em Florianópolis, no bairro da Trindade. A universidade e os amigos que eu tinha na capital não conseguiam tirar do meu pensamento a ideia de que o melhor lugar do mundo ficava no Nordeste e mais especificamente em Fortaleza. Tudo isto até a chegada dos anos 90, quando conheci Wilson Schmidt e a proposta de cooperação que hoje conhecemos como Agreco. Um encontro emocionante e transformador Recordo da primeira viagem a Santa Rosa de Lima como se fosse hoje. Eu com Wilson e família, num carro Gol, por uma estrada de terra e barro ladeada por uma encosta de um lado e um precipício com rio e pedras do outro. Não estava frio, o tempo ensolarado deixava a paisagem mais viva e brilhante. Nunca em toda a minha vida eu tinha me deparado com tanta água e mata exuberante, tudo tão verde e florido, tão belo, que me emocionei. No ar um cheiro de mato molhado pela relva da noite e morros altos, muito altos, algo absolutamente diferente de tudo que eu havia vivido em minha terra. Vejam, há lugares de minha terra parecidos com Santa Rosa de Lima, contudo, onde nasci o lugar é caracterizado pela seca, vegetação de litoral ou de caatinga e falta de água. Portanto, estar nessa região foi como encontrar o paraíso perdido, algo que me faltava... E muito mais do que isto, encontrei nas reuniões de agricultores que participei naquela época, uma consciência política, ambiental e social, que transformaram minha vida pessoal e profissional. Nascimentos e um exemplo Posso dizer que tudo que sou hoje, considerando minhas escolhas alimentares, meus cuidados de saúde, minha participação nos caminhos de discussão do que desejo de melhor para mim e meu país começaram em Santa Rosa de Lima. Neste município, nasceu a Yolanda antropóloga, docente e pesquisadora. Aqui também nasceram o meu amor pelo meio rural, terra, água, animais e pessoas. Creio que me tornei uma pessoa melhor porque tive o privilégio de conhecer esta terra e sua gente. Sobre as pessoas, há nomes que guardarei em meu coração enquanto viver e não posso deixar de nesta coluna ressaltar que meu maior exemplo de amizade, amor à vida, ética e honestidade eu conheci em Santa Rosa de Lima. Estou falando de um homem maravilhoso, um professor com um dom especial que eu, com todos os meus estudos e diplomas, jamais poderei igualar. Porque ele era único! Odair Baumann, meu querido e gentil amigo foi uma pessoa tão íntegra, cheia de sonhos e de planos que sempre incluíam sua terra querida: Santa Rosa de Lima. Este grande professor é minha grande inspiração ainda hoje quando cito Santa Rosa de Lima em minhas aulas no doutorado e no mestrado em Turismo e Hotelaria da Univali. Um lugar que pode ensinar mais coisas O que posso ainda falar desta terra mágica que faz parte das Encostas da Serra Geral Catarinense? Acho que é um município com muitas possibili- 21 dades e um futuro fantástico se seus moradores puderem se unir em uma grande ‘campanha’ pela confiança, pela solidariedade, pelo trabalho coletivo no interesse das pessoas, das famílias e da comunidade como um todo. Como em vários lugares deste planeta, muitas vezes as pessoas pensam muito mais em seus interesses individuais do que nos interesses de todos. E, à medida que o progresso e o desenvolvimento chegam, as separações e as diferenças parecem aumentar. Numa dimensão tão grande que se não houver o cuidado solidário e respeitoso entre as pessoas, ocorrerá a destruição do maior bem de uma coletividade: a solidariedade e a amizade respeitosa entre seus habitantes. Penso, contudo, que Santa Rosa de Lima pode e vai superar muitas dos seus problemas. Sinto que este lugar pequeno e lindo ainda vai ensinar muito mais coisas a outros municípios de Santa Catarina, assim como a outros lugares do Brasil e, porque não dizer, do mundo! Orgulho, amor e gratidão Este ano, enquanto estudava e pesquisava na Europa, falei muito de Santa Rosa de Lima, de seus ideais, de seus agricultores, de sua agricultura orgânica, de seu turismo rural de base comunitária que aqui chamamos de agroturismo. Falei do orgulho que sinto de fazer parte da sua história e do meu amor por esta terra. Por isto, mesmo com as grandes mudanças dos últimos anos, eu continuo voltando sempre que posso. É a forma que eu encontro para energizar meu corpo e minha alma! Em função de todo este contexto, a única frase que posso encontrar para encerrar este texto é: Te amo Santa Rosa de Lima. Obrigada por me ajudar a ser uma pessoa melhor e mais consciente neste Planeta Terra! Fevereiro veio com tudo. Aqui na Nova Esperança, foi sol escaldante e calor quase insuportável. A maioria dos agricultores optou por trabalhar apenas meio período. Como dizem por aqui: “O restante do dia, não tem como. Pois é de esquentar os miolos da cabeça”. Sombra, protetor e água fresca Há anos não se via um verão tão calorento aqui em nossa comunidade e em toda a região. Os rios e piscinas foram grandes alternativas para nos refrescarmos. E haja água para isso! E não nos esqueçamos, nunca, da total importância do protetor solar. E não apenas no verão. Fala-se muito que esse produto é indispensável para quem está curtindo uma praia ou uma piscina. Ele é, contudo, indispensável para nossos agricultores. Afinal, aqui temos a pele mais alva e trabalhamos muito expostos ao sol. A hidratação do corpo também é fundamental. Por isso, devemos, literalmente, abusar da ingestão de líquidos. Principalmente de água. A chuva chegou... Com essa onda de calor intenso, as plantações sofreram consideravelmente. As altas temperaturas combinadas com a falta de chuva estavam preocupando muitos os nossos agricultores familiares. Felizmente, enfim, a chuva caiu. E São Pedro não economizou. A água veio com bastante intensidade e foi recebida com muita alegria, uma vez que ela é essencial para que tenhamos um bom cultivo. Quedas Além de muito incômodas, as constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica têm causado atrasos e prejuízos em nossa comunidade. Esse problema afeta a vida de muitos moradores, agricultores e empreendedores da Nova Esperança. A coluna recebeu relatos das dificuldades sentidas por quem trabalha na fabricação de tijolos ou no processamento em agroindústrias de verduras e hortaliças. Hoje, a energia elétrica é insumo indispensável ou condição mínima para o funcionamento destes empreendimentos. Da mesma forma, as quedas de energia causam prejuízos na ordenha, no trato dos animais, no armazenamento de produtos refrigerados, entre outras coisas. Uma das reclamações mais frequentes sobre estas quedas e “religamentos” bruscos é que muitos aparelhos eletrônicos que usamos no nosso dia a dia acabam “queimando”. E dá-lhe mais prejuízos e incômodos. Em resumo: é muita gente sofrendo com a baixa qualidade do fornecimento de energia elétrica. Minha opinião Hoje, o povo necessita de luz elétrica para produzir, trabalhar, ter lazer. O problema é que nos períodos em que mais precisamos dela é, justamente, quando ela falta. Aí, são horas de espera para podermos seguir em frente com nossos trabalhos. Ou ficamos privados de muitas atividades. Na hora de uma votação, quem precisa do seu voto sabe correr atrás. E nós? O que fazemos para exigir que a concessionária melhore a qualidade da energia que fornece? Precisamos lutar por aquilo que temos direito. Vivemos em um paraíso e isso deve fazer com que busquemos, a cada dia, melhorar nossa qualidade de vida. 22 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL EDUCAÇÃO COMUNIDADE SANTA BÁRBARA Professor Wilson Schmidt lança livro na comunidade de Santa Catarina Rodinei Beckhauser E dá-lhe bocha Depois da prática do futebol, acredito ser a bocha a competição esportiva que mais atrai adeptos em nosso município. Aqui na Santa Bárbara é tradição há anos. E para perpetuar esta modalidade sempre organizamos campeonatos e torneios de bocha. O último deles aconteceu nos dias 25 e 26 de janeiro. Nesses dias, como é costume, nossa comunidade recebeu, com muita cerveja gelada, amigos, competidores e torcedores. No sábado, primeiro dia da competição, combinada com um suculento churrasco. O domingo, respeitando nossa religiosidade, iniciou com um culto para pedir a proteção de nossa Santa Bárbara. Em seguida, a cancha foi tomada pela maioria dos presentes. Todos queriam assistir as partidas finais do torneio. Depois da competição, ao meio dia, foi servido um almoço típico colonial. Considerações e agradecimentos Avaliamos que, como entretenimento, a competição foi muito boa. E, em termos financeiros, superou as expectativas dos organizadores. Queremos, por isso, agradecer a todos que comparecerem e prestigiaram nossa comunidade. Ao mesmo tempo, nos desculpamos por qualquer fato indesejado que tenha acontecido. Reafirmamos que, nestes casos, prevalece nosso “modo antigo” de resolver as coisas. Queremos reforçar o convite para que voltem sempre e venham passar agradáveis momentos entre amigos. Muito Obrigado! Baixando o nível de estresse No segundo dia de fevereiro, um grupo de amigos partiu da sede de nossa comunidade em direção ao pé da Serra Geral. Foi um domingo diferente, desfrutando das belezas naturais e de um delicioso churrasco. A presença das mulheres e das crianças deu um clima bem familiar a esta aventura. A diversão e as risadas foram garantidas com a brincadeira de “moto na lama”. Agradecemos ao Valério Boeger pela boa receptividade em seu rancho, onde todos ficaram muito bem instalados. Logo, logo, tem mais. Visita ilustre Santa Bárbara já vive a expectativa de receber a visita da imagem do padroeiro de nossa paróquia, São Marcos. A imagem deve chegar aqui no dia 25 de março, trazida pela comunidade de Rio Santo Antônio. No dia 27, nós a acompanharemos até à vizinha Rio dos Índios Alto. O “Nono” de parabéns Exemplo de vida e de ser humano, o senhor Remi Bonetti recebe o reconhecimento e os parabéns dos membros de nossa comunidade. No dia 27 fevereiro mais uma velinha foi acrescentada no bolo desse patriarca da família Bonetti. Ele recebeu amigos e familiares para comemorar seus 86 anos de vida. E todos nós queremos lhe desejar muita saúde, felicidade e tudo de bom nesta data especial. Nono, és um homem forte e temente a Deus. Todos os domingos, independentemente de qualquer coisa, estás na igreja para rezar e pedir a benção de Deus. Parabéns pelo exemplo que és para todos nós. Seu Remi, “o nono”. A obra do professor santarosalimense é sobre educação e a dedicatória já deixa claro como o autor valoriza essa atividade humana e como reconhece quem a garante: “Aos meus pais, Tino e Ida, e à minha irmã Salete que, trabalhando a terra, asseguraram a mim e aos meus outros seis irmãos o acesso ao Ensino Médio quando o Estado só oferecia a educação primária”. O livro é o resultado da tese de doutorado que o professor defendeu na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 2000. O foco da obra é a defesa da implantação de uma escola pública em tempo integral. A escolha do lugar e da data do lançamento foi cuidadosa. Em Santa Rosa de Lima e na Comunidade de Santa Catarina, para valorizar o interior de um pequeno município rural; oito de março para homenagear as mulheres, para ele, as maiores inspiradoras do Universo. Para compreender melhor a defesa veemente que o professor faz, no livro, do acesso a uma educação pública e de qualidade, é preciso conhecer um pouco da trajetória de formação e atuação desse filho do Seu Tino e da Dona Ida. As primeiras letras No ano de 1960, Wilson, com sete anos completos, ingressou na escola primária. Estudava no Rio do Meio, “de paiol em paiol, de professora em professora”, como ele conta. As professoras foram suas tias Mina e Rosa, além de Dona Nelza, mulheres pelas quais ele nutre um carinho muito especial. Para o seminário Finalizado o primário, o que fazer para prosseguir os estudos? Afinal era um tempo em que pouca gente do interior ficava na escola mais de quatro anos. A opção para os meninos eram os distantes seminários. Para as meninas, os longínquos conventos. Assim, aos onze anos, Wilson foi para o Seminário da Congregação do Divino Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria, em Salete, próximo à cabeceira do Rio Itajaí. E foi lá que cursou todo o “ginasial”. Ele destaca: “O seminário era uma es- cola de formação integral. Além das aulas, oferecia educação física – com campo, pista olímpica e ginásio de esportes – e música. Tinha também uma fazenda de produção de uva e de vinho. Por isso, para aquela época, era um lugar privilegiado para os estudos”. Padre ou professor? Foi a própria congregação responsável pelo seminário que enviou Wilson Schmidt para cursar Filosofia com os padres Jesuítas, em São Paulo. Nesse período, foi atraído pela política e começou a fazer militância estudantil, tendo ajudado a constituir o diretório acadêmico da faculdade. Depois da formação superior, em 1976, veio uma oferta de trabalho: lecionar em uma escola pública em Porto Walter, na cabeceira do Rio Juruá, no Acre. “Foi o que apareceu na minha frente. E as oportunidades é que fazem a gente. Acredito que um projeto de vida é construído por uma parte que é quase determinada, mas por outra, muito significativa, que é aberta. O importante é o que fazemos com a que é aberta, com aquilo que podemos assumir”. Quem ensina, aprende A opção por seguir a profissão de mestre foi marcada por seus primeiros alunos: “Eram filhos de seringueiros, uma mistura de nortistas e índios. As crianças vinham do meio do mato. Elas andavam duas horas por dentro da floresta, chegavam num córrego, se banhavam, botavam o uniforme trazido dentro de uma sacolinha de plástico e vinham para a escola. Então, num contexto como aquele, eu passei a ser chamado de professor, eu passei a criar condições para ser professor, eu virei professor”. E ele relembra sorrindo: “Eu me virei bem, mas meu colega de trabalho era da área de Letras e motivava aquela criançada bem mais do que eu. O incrível é que, depois que voltamos, eu virei professor de carreira, enquanto aquele meu colega virou padre”. Princípios Nos dois anos seguintes, foi professor em Cruzeiro do Sul, uma das maiores cidades acreanas. Em seguida, foi convidado para lecionar na Universidade Federal do Acre e teve a oportunidade de trabalhar com expoentes da Teologia da libertação e com líderes seringueiros como Chico Mendes. “Existia uma militância muito mais firme a partir da teologia da libertação e eu aprendi muito com a ação política realizada por eles. Com o Chico Mendes, aprendi um princípio fantástico: “a mata de pé dá mais dinheiro do que a mata derrubada”. De volta às Encostas Tempos depois, uma bolsa de estudo possibilitou que Wilson retornasse a São Paulo, então para fazer um mestrado em educação na PUC-SP. Como naquela época muitos exilados políticos voltavam ao Brasil, teve o privilégio de ter mestres do gabarito de Florestan Fernandes, Demerval Saviani e Paulo Freire, que foi seu orientador. Nesse período, tomou uma grande decisão: “voltar para as Encostas da Serra Geral”. Aqui, em um tempo que julga “de muita agitação”, encontrou espaço para dar aulas na Unisul e entrou para a militância política. Filiou-se ao PMDB e se candidatou a prefeito de Santa Rosa de Lima. Mas não se elegeu. Às voltas com a Educação Em 1982, foi convidado a realizar um projeto educacional em Tubarão. Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL rural. É o abandono e o esvaziamento do campo feito pelo Estado. A finalidade do Estado democrático deve ser de incluir toda a população. Transporte escolar gratuito, sim. Mas mantendo as escolas no campo”. “O Wilson entrega livro à Maria Vitória e se questiona: Como podemos oferecer uma escola integral pra ela? Sua participação foi crucial para a criação da Secretaria de Educação daquele município, que, em seguida, ele próprio assumiu. “Foi uma vivência maravilhosa, porque tínhamos uma equipe muito boa e muita determinação”. Em 1986, diversas organizações indicaram e apoiaram sua candidatura a Deputado Federal Constituinte. Hoje, ele avalia: “como ainda ocorre atualmente, a sociedade não tinha como enfrentar os candidatos que tinham o poder financeiro e, infelizmente, o dinheiro acabou sendo determinante”. Estadual e federal A convite do governador Pedro Ivo Campo (PMDB), assumiu o cargo de secretário-adjunto da educação e participou diretamente dos esforços para a implantar o transporte escolar gratuito em toda Santa Catarina, nos anos de 1987 e 1988. “Obviamente, eu conhecia a realidade daqui. E constatei que era igual em todos os municípios pequenos: a maioria dos jovens só podia estudar até a quarta série primária. Com o transporte escolar gratuito, houve uma inclusão enorme por este estado afora, de crianças que puderam continuar a estudar, cursar até a oitava série”. Depois deste período, Wilson Schmidt tornou-se professor na Universidade Federal da Santa Catarina. Em 2000, defendeu tese de doutorado, também na PUC-SP, trabalho acadêmico que deu origem ao livro lançado no dia 8 de março. A obra O livro defende a implantação de uma escola pública em tempo integral e ideal. “Apresento elementos para construir essa possibilidade junto com a população. Agora é hora de dizer que queremos uma escola de tempo integral, na qual possamos deixar com tranquilidade nossos filhos. É hora de falarmos que exigimos que aqueles que educam nossas crianças tenham estudado, sejam muito bem preparados e sejam bem pagos”. Wilson deixa claro que não quer fazer críticas a este ou aquele prefeito da época, mesmo que eles sejam nomeados no livro. Para o autor, a questão é política, que é induzida pelo Estado. “Se o Estado é democrático, ele deve atender todo mundo de forma igual. E esse é o desafio atual: temos que pagar essa dívida histórica”. “A estupidez humana caminha junto com o processo civilizatório. O ser humano pode escolher fazer o pior. Pode ou não pode?” Transporte e esvaziamento O livro relata um problema vivenciado aqui em Santa Rosa de Lima com a “municipalização”, que significou fechar as escolas no nosso interior e transportar as crianças para o perímetro urbano: “Isso é uma omissão enorme, porque o Estado acabava fomentando o esvaziamento do interior, prejudicava a identidade da população do meio Estado foi omisso e permitiu que o campo se esvaziasse e se descaracterizasse ainda mais. Tanto que aqui tem muita gente que ainda pensa que morar na praça dá uma distinção superior a morar no interior. Vem da política pública. Se viesse do mercado, da propaganda na TV... Mas, não, vem da política pública!” A voz tem que ser do povo Wilson diz que nós, enquanto sociedade, temos que pensar no que podemos oferecer para as futuras crianças. “Eu olho pra Maria Vitória [referindo-se a netinha do saudoso Odair Baumann] e me pergunto: como podemos oferecer uma escola integral pra ela? As respostas devem ser apontadas pelos santarosalimenses, pela população.” Mudança e educação Wilson Schmidt se considera um otimista. Acredita muito em uma mudança e crê na transformação da educação pública brasileira. Segundo ele, “existe uma luta social travada permanentemente entre aqueles que ainda têm os privilégios e aqueles que lutam por uma mudança social”. E afirma que aqueles que serão beneficiados pela mudança a “apoiam de forma frouxa”, enquanto que aqueles que serão atingidos por ela “reagem rangendo os dentes”. “Olhem para Santa Rosa de Lima. Quem range os dentes? Quem apoia de forma frouxa? Eu diria que a maioria apoia a mudança de forma frouxa. Eu entendo que a educação pode ajudar muito a criar as soluções. As pessoas precisam de informação e necessitam entender o que é melhor pra elas. Nós todos estamos diante de alternativas que estão sendo construídas e eu não me vejo no papel de dar as respostas. Eu também estou aprendendo. Apenas duas coisas são certas. A primeira: a escola em tempo integral tem que ser construída nas paredes e com as pessoas. A segunda: com a escola as pessoas se humanizam”. 23 COMUNIDADE MATA VERDE Kátia Vandresen | Ronaldo Michels A Secretaria de Obras do município empreende todos os seus esforços para que as estradas municipais fiquem em boas condições de trafegabilidade. Aqui na Mata Verde, pode-se dizer que, apesar da temporada de chuvas, até que os leitos delas estão em boas condições. Mas é preciso fazer uma ressalva: as pontes também fazem parte da via e precisam estar seguras e em condições de trafegabilidade. O descuido com estas importantes “obras de arte” viárias está dando o que falar. É conversa certa nas rodas e nas redes sociais, além de ser assunto muito discutido na Câmara de Vereadores. Pontes, peneiras ou camas de prego? Quem vem a Mata Verde pela ponte que nos liga com a rodovia SC 108 pode perceber esta falta de cuidado. Várias pranchas estão soltas e quebradas e muitos pregos expostos, fato que já ocasionou diversos incidentes com pneus cortados e furados. A ponte que dá acesso à propriedade do Senhor Silvio Becker não é diferente e apresenta vários buracos resultantes de pranchas quebradas. Riscos Os prejuízos financeiros decorrentes de algum incidente são reparáveis e são um mal menor. O problema é que a cada dia se agravam as condições para que aconteçam acidentes, que podem ser leves, mas também fatais. Principalmente nos dias de chuva, quando a pista da ponte fica muito escorregadia. Por isso, fazemos um alerta: atenção motociclistas, motoristas, ciclistas e pedestres, tenham muito cuidado quando transitarem por estas vias. Pontes necessitam de reparos urgentes. Reivindicação conjunta No ano passado, o vereador Alberto Becker já havia levantado esse problema na Câmara. Infelizmente, nada foi feito. Nesse mês, o vereador Robson Siebert protocolou mais um ofício na casa legislativa municipal, reforçando a mesma solicitação. Destaque-se que, nos dois casos, os pedidos foram apoiados por todos os demais edis. Agora, esses colunistas se juntam a esse esforço, já que foram procurados por muitos moradores, que solicitaram que este espaço servisse como uma espécie de porta voz deste pleito junto à Secretaria de Obras. Nossos representantes Com o retorno das atividades normais da Câmara de Vereadores, no último dia quatro de fevereiro, gostaríamos de ressaltar a importância da representação das comunidades rurais no poder legislativo. Se a Câmara é de fato a casa do povo, lá devem ser discutidas e decididas as matérias mais importantes para o desenvolvimento do município. Nossa comunidade, apesar de ser uma das menores do município, tem o privilégio de ter dois nobres representantes: os vereadores Robson Siebert (Chaveta), do PP, e Alberto Henrique Becker (Beto), do PMDB. Eles estão lá para buscar atender aos interesses da nossa comunidade, mas também do município como um todo. Desejamos a eles um ano de muito trabalho e realizações. E pedimos que busquem sempre estar atentos aos interesses coletivos. Ou seja, que o bem comum esteja muito acima de controvérsias partidárias. 24 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Maratcha Edésio Willemann M&M Mentira Edson Baumann A beleza de tocar um instrumento Como amantes da boa música e por acreditarmos nos talentos musicais de Santa Rosa de Lima, estamos muito felizes com uma iniciativa da Secretaria de Juventude, Turismo e Cultura de Santa Rosa de Lima. A partir deste mês de março, teremos novamente aqui no município aulas de violão, viola, contrabaixo, teclado, acordeom (gaita) e bateria. Os interessados, independentemente da idade, devem procurar a referida secretaria, na sede da prefeitura. Para as inscrições, é preciso apresentar comprovante de residência, documento de identidade e CPF. João Batista Willeman, irmão do Maratcha aqui de cima e fiel entregador do nosso jornal, festejou, no dia 20 de fevereiro, mais um ano de vida. “Parabéns pelo aniversário meu irmão. Desejo-lhe agradáveis surpresas e felizes acontecimentos. Que este dia e tantos outros possam lhe trazer muitas aventuras e alegrias”. Toda a sua família, a equipe do Canal SRL e seus tantos amigos apresentam sinceros votos de felicidades. Maria Vitória, seja bem vinda a esse nosso mundo louco. Congratulações ao casal Gilberto e Ana Paula, pela chegada de uma menina tão linda. Esses colunistas podem atestar que o pai está mais faceiro que mosca em tampa de geleia. E enviam um abraço especial para mãezona Paulinha que, no dia 26 de fevereiro, comemorou seu aniversário em clima de intimidade familiar. Além da filha amada, estavam o maridão Gilberto e a Dida, mãe e, agora, avó. Um abraço especial para a turma que se reúne todas as sextas feiras no mais famoso bar do Rio do Meio, o Bar do Jundiá. No final do mês de janeiro eles convidaram mais amigos para uma peixada deliciosa, com caldo e peixe frito. Muitas pessoas compareceram e se deleitaram. Parabéns ao menino Richard Heidemann que, no dia 28 de fevereiro, comemorou mais um ano de vida. Homenagem de seus pais Wilson e Adriana. Alencar Ribeiro, que este ano seja cheio de bênçãos. No ano que passou, você venceu uma grande batalha. O Tio Maratcha e seus familiares e amigos desejam muita saúde e paz. A gatinha Camili Torquato da Silva completou seus 10 aninhos no dia 4 de março. “Desejamos muitas felicidades, saúde, sucesso e que você continue sendo esta menina amiga, companheira, e estudiosa. Um presente de Deus em nossas vidas”. Essas palavras são de sua mãe Mariléia, de seus avós e de toda a sua família. Ah! E também de suas amigas, Ana Clara e Ana Carolina. Emma Vandresen Magalhães festejou seus cinco aninhos com muita alegria, no dia 21 de fevereiro. A mamãe Mariza é toda prosa! Felicidades Emminha! Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Felicitações ao casal Luiz e Olinda. Que Deus abençoe esses 52 anos de união, completados no dia 17 de fevereiro. Os familiares e amigos desejam muitas felicidades e que vocês continuem tendo uma vida repleta de conquistas. Rafael Israel completou mais um ano de vida no dia 28 de fevereiro. Seus pais, Isoleide e Mauricio lhe desejam muitas felicidades. Rodinei Michels completou seus 27 anos no dia 18 de fevereiro. O parabéns especial é de sua esposa Cátia Heidemann, de sua afilhada Franciny e dos nossos colegas colunistas do Canal SRL: Ronaldo e Kátia. 25 Verônica e a vovó Zita comemoraram juntas seus aniversário nos dia 05 de março de 2014. O registro é feito por Tininha, leitora assídua do Canal SRL lá em São Paulo. Felicidades à família. Bela iniciativa de um grupo de mamães que organizou um alegre Carnaval para a criançada. A festa teve muita música, confetes e quitutes. As crianças adoraram! O Carnaval de Santa Rosa de Lima, tradicionalmente realizado no salão comunitário, acontecia nas “terças feiras gordas”, antes das cinzas da quarta. Este ano ele foi antecipado para a sexta. A Banda Musicamp tocou para um público considerado diminuto. De qualquer forma, o que não faltou foi animação. Principalmente do Bloco da Mata Verde, que compareceu em peso. Seu Maneca, comemorou mais um ano de vida no dia 28 de fevereiro. Homenagens de seus familiares e amigos. 26 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL Promoção da SAÚDE COMUNIDADE Flora Bazzo – Interina RIO DO MEIO Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel Se liga! Moradores precisaram fazer o que a prefeitura não fez No começo do mês de fevereiro, aqui na sede da comunidade do Rio do Meio, bem próximo à lombada, um enorme buraco se formou. Começou pequeno, mas com o fluxo de caminhões pesados e de outros veículos, a terra foi amolecendo e ele aumentando. Logo ganhou um apelido: era o “borrachudo”. Sinalização, informação e promessas Como o buracaço estava muito perigoso e podia causar acidentes graves, os próprios moradores colocaram sinalização de alerta. Uma moradora da comunidade informou a prefeitura sobre o problema. Ela conta que, numa sexta-feira, levou o caso ao secretário da Agricultura, Rogério Schotten. A resposta que a moradora recebeu foi que nada poderia ser feito naquele dia, mas que na segunda feira seguinte, uma equipe estaria lá para concertar o estrago. Da mesma forma, a informação também foi levada, por outro morador, ao presidente da Câmara, Ivo Vandresen, que prometeu tomar providências. Chegada a segunda feira, o vice-prefeito, Mario Benedett, e o secretário da agricultura foram, de fato, até o local. Mas apenas para ver o buracaço e para prometer o concerto para dois dias depois. Infelizmente, a quarta feira chegou e absolutamente nada foi feito. Já que quem deveria fazer não faz... Passadas cerca de duas semanas desde que o “borrachudo” tinha se formado, os moradores se deram conta que não poderiam esperar mais nada do poder público e, preocupados com os riscos de acidente, resolveram colocar a “mão na massa”. Sem dispor de máquinas apropriadas, usaram enxadas e pás. Foram necessários muito esforço e muita areia para tapar o “borrachudo”. O que poderia ter sido feito em uma hora ou pouco mais, exigiu um dia inteiro de trabalho a braço. Força e responsabilidade da comunidade Queremos registrar nesta coluna os agradecimentos de todos aos voluntários sempre dispostos: Adolfo, Geraldo Lino, Alfonso, Alberto, Valentin, Diego e Silverio. Foram eles que suaram, mesmo debaixo de chuva, para pôr fim ao “borrachudo”. No apoio, as cozinheiras, Vitória, Valdete e Valdira, prepararam a alimentação e garantiram a energia para os trabalhadores. Isso nos orgulha, pois podemos ver que por aqui ainda existe a união de algumas pessoas em prol do bem estar de todos. Depoimentos de moradores à coluna “O buraco estava horrível. As pessoas que passavam na comunidade estavam correndo risco. A prefeitura está muito devagar, não está atendendo nem mesmo aos pedidos de urgência”. “É a segunda vez que pedi a máquina. A primeira, que era para uma estrada, foi negada pelo vice-prefeito. E agora, mais uma vez, deixaram de fazer”. Ficaram dúvidas A prefeitura não realizou o concerto do estrago no leito da estrada municipal por falta de máquinas? Por falta de pessoas? Por falta de verbas? Por falta de gestão? Ou será que pensou que estaria punindo outro “lado” político-partidário? Essas são as perguntas de “todos” que correram riscos com o “buraco público”. Comunidade realiza multirão para tapar buraco Amamentação: mulheres de peito também precisam de colo Peço licença para, neste mês, rechear a coluna de Promoção da Saúde com palavras femininas, fundadas mais na vivência do que no saber técnico da Medicina de Família. Os leitores devem ter percebido uma pequena virada neste espaço, desde a chegada de nosso filho ao mundo, dois meses atrás. Estamos imersos na experiência da maternidade/paternidade e da maternagem/paternagem, o que se reflete em todos os aspectos da vida. A coluna do mês de fevereiro tocou, sob o olhar paterno, processos vividos na gestação e no parto. Quero falar neste mês do processo que é, para mim, o mais intenso do pós-parto, e no qual a natureza continua nos revelando sua força: nosso filho cresce a olhos vistos, alimentado exclusivamente pelo leite que, pouco depois do parto, meu corpo passou a produzir. Melhor opção A amamentação exclusiva é recomendada pelo Ministério da Saúde como a melhor opção alimentar para a saúde física dos bebês de até seis meses, por conter, além dos nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável, anticorpos que os protegem de doenças. Amamentar contribui também para a saúde psíquica, por constituir momentos de vínculo, em que a dupla mãe-bebê alimenta-se também de afetos; em que os pequeninos podem sentir o calor, os sons e o cheiro do corpo que os carregou por tantas semanas. Não penso estar trazendo, com isso, grandes novidades aos leitores desta coluna: os cartazes e as propagandas televisivas realizadas pelas entidades de saúde enfatizam os benefícios da amamentação, mostrando lindas cenas de bebezinhos grudados nos seios de sua mãe. Introduzido o assunto, quero falar, justamente, da parte que as propagandas não mostram: o lado que eu só conheci sendo mãe – apesar de ter também registradas lindas cenas do Rodrigo grudado no meu seio. Apoio é indispensável Se a amamentação depende dos processos naturais desempenhados por uma nova dinâmica dos hormônios no corpo da mulher, me parece inegável que depende também de uma parte social – que é, na minha opinião, a responsável pelo número de bebês alimentados com fórmulas infantis. Dados da Pesquisa Nacional Sobre Demografia e Saúde indicam que nove em cada dez crianças são amamentadas no início da vida, mas que a amamentação diminui muito rapidamente: aos dois meses, apenas seis de cada dez crianças se alimentavam exclusivamente de leite materno; aos seis meses, apenas metade dos bebês eram amamentados (o Ministério da Saúde recomenda a amamentação complementada com alimentos sólidos até os dois anos de idade). Para a maioria dos bebês, o leite materno era complementado ou substituído por fórmulas infantis. Parece-me ser possível dizer que falta às mães apoio para que sigam amamentando. Apoio para que possam ter disponibilidade e a tranquilidade que seu corpo e seu envolvimento com o bebê requerem para a amamentação. Apoio do companheiro, da família, dos profissionais de saúde, da comunidade como um todo. A ciência indica que a ansiedade e outros desconfortos emocionais dificultam – ou mesmo impossibilitam – a “dança” dos hormônios necessária à amamentação. Um estudo realizado na Universidade Penn State, nos Estados Unidos, acompanhou 1.100 mulheres nos seis meses que se seguiram ao parto, e constatou que 17% apresentaram sinais de ansiedade, em níveis variados. É fato que as primeiras semanas com um bebê requerem uma série de ajustes, e que certa dose de ansiedade é comum. E é aí que entra o apoio, para superá-la. O que é apoiar? Apoiar a mulher nesse mo- mento começa, no meu ponto de vista, por ouvi-la em suas angústias e necessidades, e buscar fazer isso com empatia e sem julgamento. Por reconhecer que há desafios. Por ajudar a mulher a se sentir capaz, a saber que seu corpo produz exatamente aquilo de que seu bebê precisa naquele momento. Apoiar pode ser dividir suas experiências, compreendendo, porém, que as escolhas em relação à amamentação podem ser múltiplas, e que as recomendações dos profissionais da saúde se alteram com o passar do tempo – eu, por exemplo, optei por oferecer o peito em livre demanda, sempre que meu bebê desejar, fugindo do esquema de oferecer de três em três horas; e para mim (e muitas outras mulheres) tem sido a melhor opção. Apoiar pode ser fazer para a mãe uma comida gostosa (cuidando para evitar os alimentos que possam provocar cólica no bebê), pois é fundamental que esteja bem alimentada para amamentar. Pode ser se oferecer para cuidar do bebê um pouquinho para que a mãe durma, pois é fundamental que esteja descansada para o leite descer. É descobrir o que a ajuda a relaxar, pois é disso que ela precisa para que a natureza possa agir com toda sua sabedoria no corpo. Podem ser coisas simples: lá em casa o leite abundou depois que me acarinharam com chazinho de capim limão e massagem no ombro. Apoiar é encontrar, enfim, formas de oferecer colo. Permitir que as mães também se cuidem e sejam cuidadas. Mulheres de peito também precisam de colo. Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL 27 Esporte Total Ana Maria Vandresen Retomada Dizem que no Brasil o ano só começa depois do carnaval. No esporte não é diferente. Ainda mais com o calorão que andou fazendo por aqui. Experientes A Equipe do Veterano já tem definidos os jogos para o mês de março. Serão partidas “pegadas”. Esperamos que a pré-temporada tenha deixado o time “voando”. DATA EQUIPES LOCAL 08/03/2014 Bragantino X Santa Rosa Rio Fortuna 22/03/2014 Santa Rosa X Atlas Santa Rosa 29/03/2014 Rio Bonito X Santa Rosa Braço do Norte A cada edição de nossa coluna, divulgaremos os jogos previstos para o mês, para que as torcidas organizadas possam seguir a equipe. Rio do Meio, equipe vencedora do Campeonato Meio Rural 2013. Campeonatos No dia 9 de março, a Comissão Municipal de Esportes de Santa Rosa de Lima, juntamente com a Secretaria da Educação, dá inicio às competições “internas”. O primeiro torneio organizado é Campeonato do Meio Rural. Ele ocorrerá em paralelo com o da Praça, que está com suas inscrições abertas até o dia 10 de março. Sete equipes disputarão o Campeonato Meio Rural: Santa Bárbara, Rio dos Índios, Mata Verde, Nova Fátima, Águas Mornas, Rio do Meio e Rio Bravo Alto. Os primeiros confrontos já estão marcados. HORÁRIO JOGOS em 9 de março (Domingo) 18:00 h Rios dos Índios X Nova Fátima 19:00 h Águas Mornas X Mata Verde 20:00 h Rio do Meio X Santa Bárbara Folga: Rio Bravo Alto HORÁRIO JOGOS em 16 de março (Domingo) 18:00 h Aguas Mornas X Rio Bravo Alto 19:00 h Santa Barbara X Rio dos Índios 20:00 h Mata Verde X Rio do Meio Folga: Nova Fátima No próximo Esporte Total você terá uma cobertura completa das rodadas. Time do Bambi em 1985. De pé: Sérgio, Siuzete, Ado, Rubens e Irene. Agachados: Odair, Dilnei e Lúcio. As crianças: Suzi e Renata. 28 Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL tos? Não discutem os assuntos polêmicos? Existem somente para cumprir formalidades? Ler é conhecer Corria a sessão da Câmara de Vereadores. Em discussão o projeto de lei complementar Nº 03/2014, que trata da política de atendimento à criança e ao adolescente de Santa Rosa de Lima. Depois de dar entrada na casa, o projeto foi para as comissões e depois veio a plenário para votação. Da mesa surgiu a pergunta: “tem que ler todo o projeto?”. Ficou claro que nem todos os vereadores tinham conhecimento do teor do projeto. A justificativa: “o projeto é extenso, tem umas 20 páginas”... Senhores vereadores, como votar (bem) um projeto sem ao menos fazer uma boa e cuidadosa leitura dele? Pra dar parecer ou para parecer que existe? Ao projeto Nº 03/2014, cinco vereadores apresentaram uma emenda modificativa, alterando o artigo 23. A emenda foi lida e a discussão iniciada. De repente, alguém tira da cartola que ela seria inconstitucional. De pronto, o assessor jurídico produziu argumentos a favor da suposta inconstitucionalidade e sugeriu ao presidente que não aceitasse a emenda. Não houve qualquer questionamento às comissões permanentes da casa. No ar, ficam muitas perguntas: Para que as comissões? Elas não analisam os proje- Matemágica Na hora da votação, os vereadores que haviam apresentado a emenda e haviam sido “atropelados” se abstiveram de votar. Sendo assim, o projeto teve 4 votos favoráveis e 5 abstenções. Podese considerar que a votação foi normal. Ocorre que, em projetos de lei complementar, como era o caso, a lei orgânica municipal determina que a aprovação se dá por maioria absoluta. Entrou em cena, mais uma vez, a assessoria jurídica para emitir sua opinião e conselho. Segundo o jurisconsulto, 4 votos favoráveis de um total de 9 significariam maioria absoluta. Seriam suficientes, portanto, para a aprovação do projeto. Será? É absoluta! Pelo que se sabe, maioria absoluta é um número fixo. Ela corresponde a mais da metade do total de membros de determinada assembleia. Recebe este nome justamente porque não varia. Isto é, independentemente de quantos membros estejam presentes no dia da votação, a maioria absoluta será sempre a mesma, pois leva em consideração o total de integrantes e não o número de presentes. Este Macau nunca pode estudar direito nem é bom de contas, mas pergunta: se a Câmara é composta por 9 membros, a maioria absoluta não tem que ser de 5 votos? Salvo Melhor Juízo... Mas melhor mesmo! Vesguice Na última edição, este porco bem criado abordou reconhecidas dificuldades do Conselho tutelar. E foi surpreendido com uma reação exagerada de alguns conselheiros. Foi o velho “não é bem assim”. Por que será? Macaus não esperam gratidão, mas estranham quando se agradece a quem só resolveu o problema porque se sentiu pressionado e obrigado. Mais do mesmo A prefeita esteve presente na sessão de 25 de fevereiro da Câmara de Vereadores. Uma visita importante. A chefa do Executivo assistiu a todos os trabalhos e, ao final, usou por dez minutos a tribuna. Fez um relato de projetos e recursos que devem beneficiar o município ainda este ano. É um grande volume de recursos vindos dos governos federal e estadual. Do governo Dilma, muitas verbas do PAC 2 e de emendas parlamentares. Do governo Colombo, verbas do FUNDAM. De uma forma republicana, independente do partido do prefeito, todos os municípios catarinenses serão beneficiados. A atual gestão de nosso município vai optar, mais uma vez, por investir em máquinas e obras. Faltam projetos inovadores na agricultura, na geração de oportunidades de trabalho e renda, especialmente para os jovens. Vamos ver quem fica para usar as estradas. Laudo... A obra do CAT – Centro de Atendimento ao Turista, próxima à prefeitura, está parada há bom tempo. Na sua oitava edição (dezembro de 2013), o Canal SRL já abordou este assunto. E, agora, o assunto volta ao centro das polêmicas. Na última sessão da Câmara de Vereadores, o vereador Leonício Laurindo e a prefeita afirmaram que aguardam um laudo técnico que “deverá condenar a obra”. Estranho é que o tal laudo ainda não saiu, mas eles já apontam o resultado. Segundo eles, a obra terá que ser demolida e recomeçada. De onde viria tanta certeza? ... (In)conclusivo Ao que se sabe, o projeto do CAT tem pendências que precisam ser ajustadas junto à Caixa Econômica Federal. Com isso, a obra poderia ter sequência. O que foi apurado em dezembro não aponta para um comprometimento da segurança da obra. Os senhores vereadores e os empreendedores devem ficar atentos, afinal essa obra é importante. E o que está acontecendo poderia ser apenas mais uma cortina de fumaça para esconder problemas reais e conhecidos de todos. Terreno Desde a gestão anterior a municipalidade vem buscando recursos junto ao governo federal para construir uma escola nova. Ao que parece, agora surgiu uma nova possibilidade. Como acontece nestes projetos o município tem que ser o proprietário do terreno. Informações extraoficiais dão conta de que o secretário de obras já estaria comprando tal terreno. Se for confirmada a novidade, não precisa ser porco banha para estranhar que esse tipo de decisão seja tomada por um único mandatário. Não seria mais prudente ouvir a sociedade e estabelecer uma ampla discussão sobre o assunto? É preciso atenção. O que os santarosalimenses pagam Você já sabe que para acompanhar a aplicação dos recursos públicos vale a pena acessar o portal da transparência: http://e-gov.betha.com.br/transparencia. Depois é só selecionar Santa Catarina e Santa Rosa de Lima. Depois vá até o item gastos por favorecido no ano de 2013. E escolha jornal. Você vai se surpreender.