modulo-7-deficiencias-sensoriais-e

Transcrição

modulo-7-deficiencias-sensoriais-e
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
O processo educacional: de Anne Sullivan
aos dias atuais!
Conversando sobre o assunto.
Permita-se vivenciar um momento de percepções e sensações. Solicite a alguém que leia o
poema abaixo enquanto você permanecerá de olhos fechados imaginando cada cena descrita,
quem sabe até ouvir...
...O SOM DO MAR
No cheiro do mar sinto o sal da liberdade.
Perfume de água com essência de pedra.
O gosto do sangue transparente do
mundo.
E seu som, vasto como um trovão e
tranquilo como um cochicho.
Forte, e mais leve que a sombra de uma
concha,
Mais leve que a sombra da espuma,
mais leve que a sombra da luz.
Som que acalma, e nunca descansa,
Som mínimo, bolhas, pequenas coisas,
detalhes de água na areia,
Som do mar. Grande.
Imenso, impensável,
Incogniscível.
Há cores no som do mar.
Há branco e verde nas ondas e seus gritos
para as pedras,
água que desafia as pedras,
desde o início de tudo,
águas suaves, que moeram pedras através
do tempo,
Formando toda terra e areia do mundo,
sólido.
Grão.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
E há vida no som do mar,
Milhares de seres em uma gota,
minúscula, microscópica, infinita.
Há um oceano por gota de oceano.
E peixes enormes, vagarosos, deslizantes,
despreocupados. E seu canto.
Grão.
Canto de peixe, voz do silêncio, do som
na água do som do mar.
Do som do mar que possui os mistérios do
vento,
Vento do qual nunca sabemos sobre seu
futuro,
Seu destino incerto, livre a cada segundo,
ágil...
...Ah! som do mar, música que nunca
envelhece, que nunca se repete,
Há milhões de anos compondo música que
nunca para,
Que me dá fôlego para viver.
Som do mar.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
A medida que o poema é lido, mentalmente conseguimos imaginar situações, resgatar
percepções e até mesmo lembranças. Uma pessoa pode imaginar o mar da Grécia, outra do
Brasil. Porém, como imaginar o som do mar sem por uma vez
tê-lo escutado? Imaginar os detalhes da água na areia, sem
nunca tê-la visto? Como dimensionar “um oceano por gota
de oceano”, para quem nunca o viu?
Saiba Mais!!!
É neste momento, que trazemos a você a história de Anne
Sullivan, professora de Helen Keller. Helen nasceu em 1880 e
em dois anos estava cega e surda. Com recursos muito
escassos da época, Helen tornou-se uma criança reclusa e
violenta. Foi a persistência de seus pais que a levou a uma
escola especial, na qual havia a jovem Anne, professora
também com problemas visuais. A sensibilidade de Anne, em
explorar o tato, foi a base para a construção de uma longa
história que trouxe benefícios educacionais a inúmeras
crianças com deficiências sensoriais.
http://www.updateordie.com/2013/08
/19/a-incrivel-historia-de-hellen-kellere-anne-sulivan/
Neste link, você conhecerá um pouco
mais sobre a história de Helen Keller,
inclusive acesso a vídeos.
O poema O Som do Mar é ótimo para refletirmos educacionalmente, como explorarmos
aspectos ali presentes, com um aluno cego ou surdo, por exemplo. Abaixo destinamos um
espaço para que você transponha duas ou três partes do poema e desenvolva para elas
estratégias de trabalho para alunos em questão. Compartilhe com seus colegas do Grupo de
Estudo.
REFLEXÃO!
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Neste momento de reflexão, trazemos a você o texto de Elaine de Souza: Como lidar em sala
de aula com crianças que têm perda de audição? (disponível em [email protected]).
A primeira coisa que o leigo deve saber em relação à educação de crianças com perda auditiva
é que existem orientações diferentes para professores de alunos surdos, que se utilizam da
Libras (Língua Brasileira de Sinais) como meio de comunicação, e para professores de crianças
com deficiência auditiva, que se comunicam pela linguagem oral graças ao suporte de
dispositivos eletrônicos como os aparelhos de amplificação sonora individual e o implante
coclear.
A equipe do Hospital Centrinho-USP, em parceria com a Fundação para o Estudo e Tratamento
das Deformidades Crânio-Faciais (Funcraf), ministra há 16 anos cursos de capacitação para os
dois perfis de professores.
No caso das crianças com surdez que se comunicam apenas pela Libras é indispensável a
presença do intérprete em sala de aula. Há ainda casos em que a criança com deficiência
auditiva não conhece nem a Libras nem foi beneficiada por um programa de reabilitação.
Nesses casos, a criança é encaminhada para algum recurso na comunidade que possa ajudá-la
a se comunicar, paralelamente ao trabalho desenvolvido no ensino regular. E o professor terá
de lançar mão de todos os recursos visuais, dando maior atenção a este aluno e tentando se
comunicar com ele por meio de gestos convencionais ou mímicas para garantir a compreensão
do conteúdo escolar.
Na empreitada da educação inclusiva, a participação da família também é fundamental. Aos
pais cabe o papel de acompanhar o desenvolvimento da criança e dar constantes respostas aos
professores no sentido de esclarecer as necessidades do filho e apresentar caminhos ao
educador, afinal para ele, esta também pode ser uma situação nova e desafiadora. Nesta
jornada, pais e professores passam a ser parceiros na meta de educar aquela criança que
apresenta diferenças linguísticas em virtude do distúrbio auditivo. É claro que isso dificulta o
acesso aos conteúdos escolares de forma igualitária em relação aos demais alunos que
desenvolveram a linguagem oral de forma natural, na convivência com outras crianças ou com
adultos.
Vamos relembrar que a forma usual de comunicação é a língua oral. Justamente a forma que
se apresenta como maior desafio para essa parcela de alunos. Ao ingressar na escola, as
crianças com deficiência auditiva podem trazer consigo a formação de conceitos espontâneos,
fragmentados, ligados à sua convivência na vida diária. Sob a mediação do professor, esses
conceitos poderão ser ampliados com a introdução dos conhecimentos formais. E, em casa, os
pais poderão contribuir para que esses conhecimentos sejam apreendidos e exercitados.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Neste contexto, fica para o professor a responsabilidade de fazer flexibilizações curriculares,
sem diferenciar os alunos com deficiência auditiva dos demais alunos, e mudar as estratégias
em sala de aula para que o aluno possa se desenvolver apesar das limitações impostas pela
deficiência.
Vivências diárias
Explorar as vivências da criança com deficiência auditiva para ensinar novos conceitos e ideias
é uma ótima estratégia para o aprendizado das crianças em qualquer situação, especialmente
no caso daquelas que têm deficiência auditiva. Isso justamente porque o trabalho pedagógico
apropriado deve ter como ponto de partida os conhecimentos que o aluno já possui para que
possam ser ampliados e que novos conhecimentos sejam construídos. No caso específico
dessas crianças, o professor precisa estar atento ao que possui significado na vida delas. Usar
exemplos como o trajeto do ônibus ou o troco de uma negociação no supermercado são
recursos que enriquecem as explicações porque fazem associação com o que significa algo
para o aluno.
Essa prática é cotidiana entre a equipe do Cedau (Centro Educacional do Deficiente Auditivo),
unidade do Centrinho-USP que atua com essas crianças no horário contrário ao do ensino
regular. Datas festivas, passeios, acontecimentos familiares, tudo é motivo para a equipe
desenvolver atividades pedagógicas e adicionar conhecimento ao dia a dia da criança com
perda auditiva.
Dicas para a sala de aula
• É importante esclarecer aos demais alunos da classe sobre a deficiência auditiva e as
necessidades específicas da criança. Fale com eles sobre o assunto e responda às suas
curiosidades iniciais.
• É preciso antes de tudo tratar a criança com deficiência auditiva como uma criança. Elogie
suas qualidades e atributos e chame sua atenção quando necessário.
• Quando não compreender o aluno, o professor precisa demonstrar isso. É melhor do que
“fazer que entendeu”. Ao mesmo tempo, é preciso demonstrar muita vontade de
compreendê-lo. Com esta atitude a criança será estimulada a buscar formas mais eficazes para
se fazer entender.
• Estimule e incentive as iniciativas de interação entre a criança com deficiência auditiva e seus
colegas de classe.
• A criança com deficiência auditiva não deve ser cercada de privilégios. O que pode para ela
pode para todos. A intenção deve ser promovê-la perante o grupo através dos acontecimentos
naturais e rotineiros do ambiente escolar, que explorados corretamente, aumentarão as
oportunidades de integração entre todos os alunos.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
• Os professores devem trabalhar em equipe e de forma sintonizada com o professor do
atendimento educacional especializado (obrigatório no ensino regular para garantir a
igualdade de oportunidades por meio do acesso ao currículo e do reconhecimento das
diferenças do processo educacional) que atua na sala de recursos multifuncionais.
O perfil do professor
Com a inclusão, o professor do ensino regular tem uma diversidade cada vez maior de alunos
com necessidades específicas. São alunos cegos, surdos, com perdas auditivas leves ou
severas, alunos com déficit de atenção ou com hiperatividade... Tais características pedem um
professor cada vez mais apaixonado pela docência e preparado para todos os desafios
vivenciados em sala de aula. Ele precisa desenvolver habilidade, sensibilidade e competência
técnica em interações diárias e ter flexibilidade para fazer as adaptações necessárias para
favorecer o desenvolvimento da criança e o aprendizado do currículo em voga. É claro que
para isso ele precisa se capacitar, estudar, fazer cursos, tudo que o possibilite conhecer
profundamente as necessidades específicas de seus alunos. Toda a criatividade possível para
lidar com as mais diferentes estratégias pedagógicas será necessária.
É claro que o nosso leitor pode estar se perguntando “como isso é possível, se muitas vezes o
professor não tem dinheiro nem mesmo para comprar um livro?”. De fato, a realidade do
professor da escola pública no Brasil ainda é crítica. Mas estamos falando, aqui, do ideal.
Vamos lembrar que a criança com perda auditiva necessita de mais dedicação do professor. E é
disso que estamos falando. Acima das dificuldades, das carências e da falta de uma política de
valorização do educador em geral, ressaltamos o perfil de superação necessário para vivenciar
essa situação em sala de aula.
O aprendizado do aluno
No caso de criança com deficiência auditiva que está sendo acompanhada na abordagem aurioral, o professor deverá ter conhecimento de “como” e “o quê” falar. Ao falar, deverá dirigir-se
diretamente à criança, utilizando vocabulários e comandos simples e claros. Ele também
deverá prestar atenção ao utilizar linguagem figurada ou gírias porque precisará explicar ao
aluno o significado, assim como ao usar sinônimos. A palavra deverá estar sempre dentro de
um contexto significativo, e não isolada, permitindo à criança fazer relações e comentários que
possam dar ao professor informações adicionais para uma análise mais aprofundada do
desenvolvimento linguístico do aluno.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Outra dica muito importante é que o professor garanta sempre a compreensão das ordens e
instruções das atividades de sala de aula. É comum os alunos não fazerem a tarefa por não
terem compreendido a instrução do professor.
Condições para o bom desempenho da criança em sala de aula:
• Localização do aluno na sala: O professor deve determinar o lugar da criança na sala,
garantindo a proximidade entre ambos. No caso de crianças usuárias de aparelhos de
amplificação sonora e/ou implante coclear é importante que o falante/professor esteja o mais
próximo possível do microfone do aparelho para uma melhor percepção dos sons da fala pela
criança;
• Para aprender, toda criança precisa de um ambiente silencioso, especialmente a criança com
deficiência auditiva usuária de dispositivos eletrônicos. Se possível a sala não deve ter janela
voltada para uma rua barulhenta. No caso dos usuários de aparelhos auditivos, o som é
amplificado e qualquer “amassar de papel” poderá se tornar um incômodo.
• Iluminação adequada: Assegure uma iluminação adequada na sala para facilitar a leitura
orofacial por parte da criança.
• Comunicação: É imprescindível que todos os colegas e os professores das crianças com
deficiência auditiva, usuária de dispositivos eletrônicos, conversem normalmente com elas. O
professor tem papel muito importante no acesso, na construção e no aprimoramento da
linguagem oral pela criança, por isso ele deve conversar, contar histórias, perguntar, explorar o
uso da linguagem oral na sala de aula e garantir a compreensão de tudo o que é dito na sala. O
professor deve exemplificar e mostrar para a criança com deficiência auditiva o que as outras
crianças estão falando. Assim, a criança com deficiência auditiva se sentirá mais segura para se
expor na frente de todos.
Para melhorar a comunicação, o professor deve:
• usar voz clara, em volume e articulação normais
• usar voz interessante e animada
• usar primeiro a voz para chamar a atenção
• estar sempre no campo visual dela ao falar
• reconhecer as tentativas de comunicação da criança
• não usar diminutivos em excesso nem fala infantilizada
• usar palavras-chaves para mudança de assunto ou uma explicação
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
• dar oportunidade de a criança ser compreendida por todos da sala de aula, aceitando e
respeitando suas diferenças individuais.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
TRIAGEM AUDITIVA ATRAVÉS DE QUESTIONÁRIO
Esse tipo de técnica consiste na utilização, pelo professor, de um questionário que possa trazer
informação sobre a audição de seus alunos. O questionário serve como um roteiro de
observação, seguido das respostas esperadas para o “normal”.
Apresentamos como exemplo algumas perguntas de um questionário que pode ser aplicado na
população de escolares:

A criança pede com uma certa frequência para repetir as instruções recebidas?
Resposta esperada: não

A criança apresenta nasalização de voz?
Resposta esperada: não

A criança apresenta uma distorção nas palavras com sons sibilantes e chiantes?
Exemplo: salsicha, sábado etc.
Resposta esperada: não

A criança apresenta substituições ou emissões das consoantes que se distinguem pelo
traço distintivo* de sonoridade? Exemplos: vaca e faca, bato e pato, dado e tato, gato
e cato, jato e chato etc.
Resposta esperada: não

A criança apresenta problemas de ouvido, tais como dores, secreção, sensação de
ouvido tapado?
Resposta esperada: não

Compreende as ordens verbais em ambiente ruidoso?
Resposta esperada: sim

A criança fala com uma intensidade de voz “normal”, nem mais forte, nem mais fraca
que a maioria dos alunos?
Resposta esperada: sim

A criança fica irritada quando o ambiente é muito ruidoso? Ou quando aumenta o
ruído da sala?
Resposta esperada: não
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras

A criança olha prontamente para um objeto que tenha feito ruído? Ou seja, ela
consegue localizar de onde vem o ruído sem apoio visual?
Resposta esperada: sim
*Traço distintivo de sonoridade é o que diferencia a consoante surda (sem vibração da corda vocal) da sonora (com
vibração da corda vocal). Consoantes surdas: p,t,q,f,s,x, em oposição às sonoras: b,d,g,v,z,j.
A utilização do questionário tem como objetivo detectar crianças que potencialmente possam
apresentar perdas auditivas neurossensoriais; perdas auditivas condutivas e patologias
auditivas que ainda não evoluíram para uma perda auditiva irreversível.
Maria Cecília Bevilacqua, A Criança Deficiente Auditiva e a Escola, 1987.
PROPOSTA DE TRABALHO 01- Vídeo
As tecnologias representam hoje um grande aliado do professor no processo ensino –
aprendizagem, recursos que Anne Sullivan não possuía na época. Nossa proposta de trabalho
é no sentido de identificarmos uma situação em sala na qual a produção de um vídeo em libras
possa colaborar com esse processo, tanto para o professor quanto para o aluno. Convidamos
você a assistir o Vídeo Borboletinha de Natalia Romera (link abaixo). Esperamos que ele seja
inspirador, no sentido de pensarmos o que podemos produzir na própria escola.
Essa não é uma atividade obrigatória. Caso decidam por realizá-la, será necessário postá-la no
Youtube e enviar o link para o tutor. O mesmo será compartilhado no Blog.
https://www.youtube.com/watch?v=Y_SR5xydGPM
Mãos à obra!!!!
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Continuando a nossa conversa:
outras deficiências.
DEFICIÊNCIA VISUAL
Tipos de cegueira
A cegueira classifica-se dependendo de onde se tenha produzido o dano que impede a visão. Este pode
ser:
1. Nas estruturas transparentes do olho, como as cataratas e a opacidade da córnea.
2. Na retina, como a degeneração macular e a retinose pigmentária.
3. No nervo óptico, como o glaucoma ou os diabetes.
4. No cérebro.
A cegueira pode ser congênita ou adquirida. O dano que impede a visão pode ser causado no
nascimento, em algum evento ao longo da vida do indivíduo ou ainda no útero materno.
Deficiência visual é uma categoria que inclui pessoas cegas e pessoas com visão reduzida. Na definição
pedagógica, a pessoa é cega, mesmo possuindo visão subnormal, quando necessita da instrução em
Braille; a pessoa com visão subnormal pode ler tipos impressos ampliados ou com auxílio de potentes
recursos ópticos (Instituto Benjamin Constant, 2002)
A definição clínica afirma como cego o indivíduo que apresenta acuidade visual menor que 0,1 com a
melhor correção ou campo visual abaixo de 20 graus; como visão reduzida quem possui acuidade visual
de 6/60 e 18/60 (escala métrica) e/ou um campo visual entre 20 e 50 graus, e sua visão não pode ser
corrigida por tratamento clínico ou cirúrgico nem com óculos convencionais (Carvalho, M.L.B. - Visão
subnormal: orientações ao professor do ensino regular, 1994)Visão Normal20/12 a 20/251,5 a 0,8

Próximo do normal20/30 a 20/600,6 a 0,3

- Bifocais comuns

- Bifocais mais fortes

- Lupas de baixo poder
Baixa visão moderada20/80 a 20/1500,25 a 0,12
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras

- Lentes esfero-prismáticas

- Lupas mais fortes

Baixa visão profunda20/500 a 20/10000,04 a 0,02
- Lupa montada telescópio

- Magnificação vídeo

- Bengala

- Treinamento Orientação/Mobilidade

Próximo à cegueira20/1200 a 20/25000,015 a 0,008
- Magnificação vídeo livros falados, Braille

- Aparelhos de saída de voz

- Softwares com sintetizadores de voz

- Bengala

- Treinamento Orientação/Mobilidade

Cegueira total - sem projeção de luz
- Aparelhos de saída de voz

- Softwares com sintetizadores de voz

- Bengala

- Treinamento Orientação/Mobilidade
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Deficiências Motoras
Deficiência motora refere-se à dificuldade ou até impossibilidade em mexer, controlar ou
coordenar algum tipo de movimento motor. Esta incapacidade pode ser transitória ou
permanente e pode ser congênita ou adquirida por acidente ou doença. Há vários graus de
incapacidade motora que é tanto maior quanto o nível de movimentos afetados.
O aluno portador de deficiência motora e a escola
Dentro da sala de aula:
• Deverão ocupar um lugar relativamente próximo do professor
• Aqueles que necessitem de usar cadeira de rodas, devem ter mesas adaptadas, mais alta do
que a dos colegas
• A incontinência é um dos obstáculos mais desagradáveis, o professor deverá estar a par do
problema e explicar aos outros alunos a situação.
• Deverá portanto ter em atenção os horários de evacuação da criança para que não surjam
situações embaraçosas
O papel do professor:
• Especialização por parte do professor;
• Pesquisa intensiva;
• Interajuda entre pais e professores;
• Ajudar na relação entre os alunos;
• Esclarecimento do problema do aluno;
• Estimular o aluno;
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
“Lutar pelos direitos dos deficientes é uma forma de superar as nossas próprias deficiências”
J.F.Kennedy
A escola é muito importante para qualquer criança, tendo mais importância ainda, para uma
criança portadora de necessidades especiais. É na escola que aos poucos a criança adquire
confiança em si mesma.
Comportamentos que devemos evitar e que devemos promover nos alunos
com deficiência motora
• Devemos promover o máximo de independência no âmbito das capacidades e limitações do
aluno, mas atendendo sempre às necessidades inerentes a cada caso de deficiência, pois cada
caso é um caso e deve-se encontrar sempre uma solução específica adequada.
• Não se deve fazer de conta que estas pessoas não existem, pois se o fizermos vamos estar
ignorando uma característica muito importante dessa pessoa e, se não a virmos da forma
como ela é, não nos relacionaremos com a pessoa “verdadeira”, mas sim com outra pessoa
que foi inventada por nós próprios.
• Quando se conversa com um aluno em cadeira de rodas, devemos lembrar sempre que, para
eles é extremamente incômodo conversar com a cabeça levantada, sendo melhor sentarmos
ao seu nível, para que o aluno possa se sentir mais confortável.
• Sempre que haja muita gente em corredores, bares, restaurantes, shoppings etc e
estivermos ajudando uma pessoa em cadeira de rodas, devemos empurrar a cadeira com
prudência, pois ela poderá se sentir incomodada, se magoar outras pessoas.
• As maiores barreiras não são arquitetônicas, mas sim a falta de informação e os
preconceitos.
Existem tratamentos para a deficiência motora? Quais?
Os portadores de necessidades especiais de ordem física ou motora necessitam de
atendimento fisioterápico, psicológico a fim de lidar com os limites e dificuldades decorrentes
da deficiência e simultaneamente desenvolver todas as suas possibilidades e potencialidades.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Porém, a prevenção pode contribuir para reduzir o percentual de brasileiros paraplégicos ou
tetraplégicos, ou com algum tipo de paralisia.
A prevenção tem duas vertentes: evitar acidentes (de automóveis, com armas, quedas e
mergulhos) causadores de lesões traumáticas, e doenças que podem levar à deficiência.
Como medidas preventivas pode-se ainda adotar:
- Maior conscientização das mulheres acerca da necessidade de fazer acompanhamento
médico, pré-natal.
- Melhor infraestrutura nos berçários para atender recém-nascidos e assepsia do local.
- Pessoal treinado para atendimento e resgate das vítimas nos acidentes de trânsito.
- Conscientização dos riscos de hipertensão e da diabetes.
- Adotar medidas de segurança no trânsito, no ambiente de trabalho e na prática de esportes.
Qual o papel das tecnologias assistivas na vida de uma pessoa com
deficiência física-motora?
Tecnologia assistiva é o nome utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços
que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com
deficiência e consequentemente promover sua independência e inclusão.
Fazemos uso constante de ferramentas que foram especialmente desenvolvidas para
favorecer e simplificar nossas atividades cotidianas, como os talheres, canetas, computadores,
controle remoto, automóveis, telefones celulares, relógio, enfim, uma interminável lista de
recursos, que já estão assimilados a nossa rotina e, “são instrumentos que facilitam nosso
desempenho em funções pretendidas”. De igual forma, também pessoas deficientes, utilizam
tais ferramentas, só que especialmente adaptadas para elas a fim de ampliar sua comunicação,
mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho.
Proporcionando qualidade de vida e inclusão.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Gostei de uma citação adaptada de Mary Pat Radabaugh que diz:
“Para as pessoas, a tecnologia torna as coisas mais
fáceis.
Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as
coisas possíveis”.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Categorias de tecnologias assistivas:
Existem diversas categorias de tecnologias assistivas, porém como estamos falando de
deficiência motora, iremos abordar algumas que auxiliem este tipo de deficiência.
As informações contidas nos itens de 1 até 9, são de autoria de Rita Bersch / CEDI • Centro
Especializado em Desenvolvimento Infantil / Porto Alegre / RS / 2005.
1-Auxílios para a vida diária e vida prática:
Materiais e produtos que favorecem desempenho autônomo e independente em tarefas
rotineiras ou facilitam o cuidado de pessoas em situação de dependência de auxílio, nas
atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar necessidades
pessoais. São exemplos os talheres modificados, suportes para utensílios domésticos, roupas
desenhadas para facilitar o vestir e despir, abotoadores, velcro, recursos para transferência,
barras de apoio, etc.
2-CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa:
Destinada a atender pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua
necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Recursos como as pranchas
de comunicação, construídas com simbologia gráfica (BLISS, PCS e outros), letras ou palavras
escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para expressar suas questões, desejos,
sentimentos, entendimentos. A alta tecnologia dos vocalizadores (pranchas com produção de
voz) ou o computador com softwares específicos, garantem grande eficiência à função
comunicativa.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
3-Recursos de acessibilidade ao computador:
Conjunto de hardware e software especialmente idealizado para tornar o computador
acessível, no sentido de que possa ser utilizado por pessoas com privações sensoriais e
motoras.
São exemplos de equipamentos de entrada os teclados modificados, os teclados virtuais com
varredura, mouses especiais e acionadores diversos, softwares de reconhecimento de voz,
scanner, ponteiras de cabeça por luz entre outros.
4-Sistemas de controle de ambiente:
Através de um controle remoto, as pessoas com limitações motoras, podem ligar, desligar e
ajustar aparelhos eletroeletrônicos como a luz, o som, televisores, ventiladores, executar a
abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer chamadas telefônicas, acionar
sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e
arredores. O controle remoto pode ser acionado de forma direta ou indireta e neste caso, um
sistema de varredura é disparado e a seleção do aparelho, bem como a determinação de que
seja ativado, se dará por acionadores (localizados em qualquer parte do corpo) que podem ser
de pressão, de tração, de sopro, de piscar de olhos, por comando de voz, etc.
5-Projetos arquitetônicos para acessibilidade:
Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de rampas,
elevadores, adaptações em banheiros entre outras, que retiram ou reduzem as barreiras
físicas, facilitando a locomoção da pessoa com deficiência.
6-Órteses e próteses:
Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo.
Órteses são colocadas junto a um segmento corpo, garantindo-lhe um melhor
posicionamento, estabilização e/ou função. São normalmente confeccionadas sob medida e
servem no auxílio de mobilidade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres,
manejo de objetos para higiene pessoal), correção postural, entre outros.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
7-Adequação Postural:
Ter uma postura estável e confortável é fundamental para que se consiga um bom
desempenho funcional. Fica difícil a realização de qualquer tarefa quando se está inseguro
com relação a possíveis quedas ou sentindo desconforto.
Um projeto de adequação postural diz respeito à seleção de recursos que garantam posturas
alinhadas, estáveis e com boa distribuição do peso corporal. Além destes objetivos, a
adequação postural buscará também o controle e prevenção de deformidades
musculoesqueléticas, a melhora do tônus postural, a prevenção de úlceras de pressão, a
facilitação das funções respiratórias e digestivas e a facilitação de cuidados.
Indivíduos cadeirantes, por passarem grande parte do dia numa mesma posição, serão os
grandes beneficiados da prescrição de sistemas especiais de assentos e encostos que levem
em consideração suas medidas, peso e flexibilidade ou alterações musculoesqueléticas
existentes.
Adequação postural diz respeito a recursos que promovam adequações em todas as posturas,
deitado, sentado e de pé portanto, as almofadas no leito ou os estabilizadores ortostáticos,
entre outros.
8-Auxílios de mobilidade:
A mobilidade pode ser auxiliada por bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de
rodas manuais ou elétricas, scooters e qualquer outro veículo ou equipamento ou estratégia
utilizada na melhoria da mobilidade pessoal. Um exemplo de estratégia seria a colocação de
pistas sensoriais facilitando a identificação do lugar, dentro de um espaço controlado como a
casa, escola ou trabalho.
9-Adaptações em veículos:
Acessórios e adaptações que possibilitam uma pessoa com deficiência física dirigir um
automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras de
rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas para cadeiras de
rodas, serviços de autoescola para pessoas com deficiência.
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Deficiente físico e inclusão: uma questão de direito.
Diante de tantas possibilidades e recursos tecnológicos, fica ainda mais evidente que o
deficiente motor, assim como todos os outros deficientes, pode e deve ser integrado cada vez
mais ao convívio social. Sendo que a influência familiar exerce papel imprescindível nesta
integração.
"Quanto mais integrada em sua família uma pessoa com deficiência for, mais esta família vai
tender a tratá-la de maneira natural ou "normal" deixando que, na medida de suas
possibilidades, participe e usufrua dos recursos e serviços gerais da sua comunidade;
consequentemente, mais integrada na vida social esta pessoa será. Paralelamente, quanto
mais ela estiver participando das atividades da comunidade e levando uma vida "normal"
equivalente à de outras pessoas da sua faixa etária, mais ela será vista pelos membros de sua
família como "igual aos demais". (Deficiência física, In: Cadernos da TV Escola, p. 83)
De igual modo, também a Escola tem papel importante, porque este é um dos espaços onde o
deficiente pode desenvolver seu potencial intelectual e interagir com outras pessoas em sua
faixa etária. Claro que serão necessárias adaptações, o uso de recursos especiais (tecnologias
assistivas), o conhecimento prévio da deficiência em questão... e cabe à família fazer esta
ponte, passando as informações necessárias referentes às necessidades especiais, os limites e
potencialidades deste indivíduo.
Segundo Maria Christina B. T. Maciel: "A sociedade, por sua vez, precisa aprender a conviver
com as diferenças individuais de cada um. O professor e toda a equipe escolar devem criar
uma relação de confiança com o aluno, descartando a hipótese de ele vir a ter medo ou
vergonha de não aprender imediatamente o que está sendo ensinado. Na verdade, a diferença
de ritmo pode acontecer com qualquer criança, portadora ou não de necessidades especiais.
Assim, é fundamental criar uma relação de confiança com todos os alunos.
A escola é muito importante para qualquer criança, mas é ainda mais importante para a
criança com deficiência. É na escola que a criança aprende a confiar em si mesma, percebendo
que é capaz de realizar a maioria das atividades, embora levando um pouco mais de tempo."
Embora sejam a Família e a Escola espaços ricos de convívio e aprendizagem, eles não são os
únicos. Existem muitos outros espaços onde a vida também acontece, mas a verdade é que
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
muitos deles foram feitos sem se pensar nas pessoas portadoras de deficiências, tornando-se
inacessíveis a elas. Está na hora das autoridades fazerem cumprir as leis, pois o direito de ir e
vir a todo e qualquer lugar é direito de todo cidadão, portador de deficiência ou não.
PROPOSTA DE TRABALHO 02- Texto
Após assistir o filme Turbo, produzam coletivamente um texto reflexivo sobre o papel das
relações interpessoais, entre os diferentes alunos de uma sala de aula, no desenvolvimento
em diferentes áreas: social, emocional, cognitivo...
Filme TURBO: www.turbo-ofilme.com.br/ animação, 2013 – 96 minutos, LIVRE.
Theo é um caracol de jardim que passa o dia com outros caracóis, colhendo tomates e
torcendo para não ser capturado por aves predadoras. Apesar da vida pacata, ele sonha em se
tornar extremamente veloz, como seu ídolo, o corredor campeão de Indianápolis, Guy Gagné.
A obsessão pela velocidade faz com que Theo seja ridicularizado pelos colegas. Um dia, no
entanto, ele cai acidentalmente dentro do motor de um grande carro de corrida, e um efeito
inesperado acontece em seu corpo, fazendo com que ele se torne extremamente veloz,
ganhando então o nome Turbo. O caracol encontra abrigo na casa do Tito que, surpreso com
sua velocidade, decide leva-lo à corrida de Indianápolis. Porém, depois de conhecer a
realidade do mundo, Turbo percebe que ninguém vence sozinho. Então ele decide ajudar seus
amigos a conquistar seus sonhos, antes de perseguir seu próprio sonho impossível: ganhar a
corrida Indy 500.
Proposta: o filme aborda diversos assuntos como por exemplo, o valor da amizade e a
realização dos sonhos. Poderá ser visto pelos alunos ou fazer uma dinâmica com os
professores.
OBS.: No Caderno 08 haverá outra atividade. Escolham apenas uma para realizar entre as duas
do caderno 07 e a do 08. Envie a atividade realizada para o seu tutor até o dia 10/12/2014
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
BIBLIOGRAFIA
Revista Mundo da Inclusão – A revista do educador
Publicação bimestral da Editora Minuano – SP
www.mundodainclusao.com.br
Revista IncluiЯ
Publicação bimestral da Editora Minuano – SP
www.revistaincluir.com.br
Jornal Inclusão Brasil – portal, rádio, TV – Sorocaba – SP
http://portalinclusao.com/jornal
Revista Sentidos
http://sentidos.uol.com.br/
www.saude.am.gov.br
www.entreamigos.com.br
http://inema.com.br
http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/ede/edetxt4.htm
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=19252
http://www.cedionline.com.br/artigo_ta.html
Cartilha de Tecnologia Assistiva nas Escolas – Recursos básicoshttp://www.itsbrasil.org.br/sites/itsbrasil.w20.com.br/files/Digite_o_texto/Cartilha_Tecno
logia_Assistiva_nas_escolas_-_Recursos_basicos_de_acessibilidade_sociodigital_para_pessoal_com_deficiencia.pdf
ESCOLA INCLUSIVA:
Adaptar-se para incluir
Caderno de Estudos 7 – Deficiências Sensoriais e Motoras
Equipe Escola Inclusiva
Cristiani Morais
Ivane Castagnolli
Jussara Misael
Lúzia Alves
Valéria Teixeira
Vanessa Sálvaro
Autoria material:
Maristella Abdala
Valéria Lopes Teixeira