conferência de berlim - Simulação Interna do Santa Maria
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CONFERÊNCIA DE BERLIM GUIA Carolina Andreosi – diretora de imprensa Gabriel Rosas – diretor Gabriella Costa – diretora João Pedro – diretor Nicholas Cozman - diretor INDICE 1. A partilha da África e o novo imperialismo: exame das diferentes teorias 1.1. Teoria Econômica 1.2. Teorias Psicológicas I – Darwinismo Social II – Cristianismo Evangélico III – Ativismo Social IV – Missão Civilizatória 1.3. Teorias Diplomáticas I – Prestígio Nacional II – Equilíbrio de Forças III – Estratégia Global 1.4. Teoria da Dimensão Africana 2. A Conferência de Berlim sobre a África ocidental (1884-1885) 3. Países do Comitê 3.1. França 3.2. Inglaterra 3.3. Alemanha 3.4. Império Austro-Húngaro 3.5. Império Otomano 3.6. Portugal 3.7. Espanha 4. Bibliografia 1. A partilha da África e o novo imperialismo: o exame das diferentes teorias O bom senso se faz necessário, portanto, para que se possa introduzir um pouco de ordem na confusão de teorias a que essa mutação capital da história africana deu origem. Essas teorias podem ser classificadas em: teoria econômica, teorias psicológicas, teorias diplomáticas e teoria da dimensão africana. 1.1. Teoria Econômica Essa teoria conheceu vicissitudes de toda sorte. Quando o comunismo ainda não constituía ameaça ao sistema capitalista ocidental, ninguém punha realmente em dúvida a base econômica da expansão imperialista. Não é, pois, casual o sucesso da crítica de Schumpeter da noção de imperialismo capitalista entre especialistas não marxistas. Os repetidos ataques a essa teoria apresentam hoje resultados cada vez menos concludentes. Em consequência, a teoria do imperialismo econômico, modificada, volta a encontrar aceitação. Que se deve entender por imperialismo econômico? As origens teóricas da noção remontam a 1900, quando os socialdemocratas alemães colocaram na ordem do dia do congresso anual do seu partido, realizado naquele ano em Mainz, a Weltpolitik, ou seja, a política de expansão imperialista em escala mundial. Foi lá que, pela primeira vez, Rosa Luxemburgo apresentou o imperialismo como o ultimo estágio do capitalismo. Foi lá também que George Ledebour fez observar que a essência da Weltpolitik era o impulso profundo que conduz todo o capitalismo a uma política de pilhagem, a qual leva o capitalismo europeu e o americano a instalarem-se no mundo inteiro. A formulação clássica dessa teoria, no entanto, – aliás, a mais clara – é a de John Atkinson Hobson. Afirma ele que "a superprodução, os excedentes de capital e o subconsumo dos países industrializados levaram-nos a colocar uma parte crescente de seus recursos econômicos fora de sua esfera política atual e a aplicar ativamente uma estratégia de expansão política com vistas a se apossar de novos territórios". Para ele, estava aí “a raiz econômica do imperialismo”. Embora admitindo que forças de caráter não econômico desempenhassem certo papel na expansão imperialista, Hobson estava convicto de que, mesmo que um estadista ambicioso ou um negociante empreendedor pudessem sugerir e até iniciar uma nova etapa da expansão imperialista, ou contribuir para sensibilizar a opinião pública de sua pátria no sentido da urgente necessidade de novas conquistas, a decisão final ficaria com o poder financeiro. Adotando livremente as teses centrais dos socialdemocratas alemães, assim como as de Hobson, V. I. Lenin salientava que o novo imperialismo caracterizava-se pela transição de um capitalismo de orientação “pré-monopolista”, “no qual predomina a livre concorrência”, para o estágio do capitalismo monopolista “intimamente ligado à intensificação da luta pela partilha do mundo”. Assim como o capitalismo de livre concorrência prosperava exportando mercadorias, o capitalismo monopolista prosperava exportando capitais, derivados dos super lucros acumulados pelo cartel dos bancos e da indústria. Segundo Lenin, é esse o estágio final do capitalismo. Concordando com Rosa Luxemburgo e em contradição a Hobson, Lenin acreditava que o capitalismo estava destinado à autodestruição; pois, tendo finalmente partilhado o mundo entre si, os capitalistas, convertidos em pessoas que vivem de rendas, parasitas, sustentados pelos lucros de seus investimentos, estariam ameaçados pelas nações jovens, que exigiriam uma nova partilha do mundo. Os capitalistas, sempre ávidos, recusariam. O conflito, portanto, não poderia ser atalhado senão por uma guerra, no fim da qual os capitalistas seriam obrigatoriamente vencidos. A guerra, portanto, seria a consequência inevitável do imperialismo e traria consigo a morte violenta do capitalismo. Não surpreende que esta propaganda entusiástica tenha sido aceita por numerosos especialistas marxistas. Nacionalistas e revolucionários do Terceiro Mundo também adotaram, sem sombra de hesitação, as doutrinas de Hobson e de Lenin. Aliando-se aos intelectuais de esquerda do Ocidente, que descreviam o imperialismo e o neo-colonialismo como resultado de uma exploração econômica descarada. Contudo, apesar de Hobson e Lenin não terem se preocupado diretamente com a África, está claro que suas análises têm implicações fundamentais no estudo da partilha do continente. Ainda assim, um enorme exército de especialistas não marxistas demoliu em grande parte a teoria marxista do imperialismo econômico aplicada à África. Uma reação típica dos especialistas marxistas a essa aparente vitória consiste em dizer que, ainda que as críticas a Hobson e a Lenin sejam basicamente justas, estão mal direcionadas. “O alvo” escreve Bob Sutcliffe, “é muitas vezes uma miragem, e as armas utilizadas não são adequadas”, pois o imperialismo, concebido como fenômeno global, considera o valor do império como um todo e, portanto, “um balanço de nível nacional não faz o menor sentido”. Um argumento mais convincente, no entanto, é o de que, embora a teoria clássica do imperialismo econômico seja aniquilada, isso não permite necessariamente refutar sua conclusão de que o imperialismo, no nível mais profundo, é essencialmente econômico. Diminuir as outras teorias econômicas do imperialismo e depois correr a condenar seus partidários em função da simpatia deles pelas opiniões de Hobson e de Lenin nada tem de científico. À luz de pesquisas mais aprofundadas sobre a história africana desse período, parece claro que aqueles que persistem em reduzir a importância da dimensão econômica da partilha o fazem por sua conta e risco. 1.2. Teorias Psicológicas Preferimos analisar aqui em termos psicológicos as teorias que comumente se classificam como darwinismo social, cristianismo evangélico, atavismo social e a missão civilizatória, pois seus adeptos acreditam na supremacia da “raça branca”. I. O darwinismo social A obra de Darwin, "Sobre A Origem das espécies por Meio da Seleção Natural, ou a Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida", publicada em inglês em novembro de 1859, parecia fornecer caução científica aos partidários da supremacia da raça branca, tema que, depois do século XVII, jamais deixou de estar presente, sob diversas formas, na tradição literária europeia. Os pós-darwinianos ficaram, portanto, encantados: poderiam justificar a conquista do que eles chamavam de “raças sujeitas”, ou “raças não evoluídas”, pela “raça superior”, invocando o processo irrefutável da “seleção natural”, em que o forte domina o fraco na luta pela existência. Pregando que “a força prima sobre o direito”, eles achavam que a partilha da África punha em relevo esse processo natural e inevitável. O que nos interessa neste caso de flagrante chauvinismo racista – já qualificado, e com muita razão, de “albinismo” – é que ele afirma a responsabilidade das nações imperialistas. Resta concluir que o darwinismo social, aplicado à conquista da África, é mais uma racionalização tardia que o móvel profundo do fenômeno. II. Cristianismo evangélico O cristianismo evangélico, para o qual "A Origem das Espécies" era uma heresia diabólica, não tinha, por sua vez, o menor escrúpulo em aceitar as implicações racistas da obra. As conotações raciais do cristianismo evangélico eram moderadas, todavia, por uma boa dose de “zelo humanitário e filantrópico”, sentimento muito disseminado entre os estadistas europeus durante a conquista da África. Sustentava-se, assim, que a partilha da África se devia, em parte não desprezível, a um impulso “missionário”, em sentido lato, e humanitário, com o objetivo de “regenerar” os povos africanos. Já se afirmou, além disso, que foram os missionários que prepararam o terreno para a conquista imperialista na África oriental e central, assim como em Madagascar. No entanto, se é verdade que os missionários não se opuseram a conquista da África e que, em certas regiões, participaram ativamente desta, por si só, não se sustenta como uma teoria geral do imperialismo, em razão de seu caráter limitado. III. Ativismo social Joseph Schumpeter foi o primeiro a explicar o novo imperialismo em termos sociológicos. Para ele, o imperialismo seria a consequência de certos elementos psicológicos imponderáveis e não de pressões econômicas. Seu raciocínio, exposto em termos antes humanistas do que de preponderância racial europeia, funda-se no que ele considera ser um desejo natural do homem: dominar o próximo pelo prazer de dominá-lo. Essa pulsão agressiva inata seria comandada pelo desejo de apropriação, próprio do ser humano. O imperialismo seria, portanto, um egoísmo nacional coletivo: “a disposição, desprovida de objetivos, que um Estado manifesta de expandir-se ilimitadamente pela força”. O novo imperialismo, consequentemente, seria de caráter atávico, quer dizer, manifestaria uma regressão aos instintos políticos e sociais primitivos do homem, que talvez se justificassem em tempos antigos, mas certamente não no mundo moderno. Schumpeter demonstra então como, pela sua própria natureza, o capitalismo seria “anti-imperialista” e benevolente. Dirigido por empresários inovadores, seria totalmente oposto às motivações agressivas e imperialistas das antigas monarquias e classes de guerreiros, cujas ambições não teriam objetivos precisos. Ao contrário destas, o capitalista teria objetivos claramente definidos e por isso seria inteiramente hostil aos comportamentos atávicos próprios de antigos regimes. Assim, conclui Schumpeter, a explicação econômica do novo imperialismo, baseada no desenvolvimento lógico do capitalismo, é falsa. Por mais sedutora que seja essa tese apresenta um defeito grave: é nebulosa e não está presente na história. As teorias psicológicas, embora possam conter algumas verdades que ajudam a compreender a partilha da África, não conseguem explicar por que essa partilha se deu num determinado momento histórico. No entanto, fornecem elementos para explicar por que a partilha foi possível e considerada desejável. IV. Missão civilizatória As ideias Darwinistas foram apropriadas indevidamente pelos europeus e passaram a explicar diferenças culturais. Os europeus ocupavam a mais elevada posição em uma hierarquia que colocava africanos e asiáticos como povos atrasados e selvagens, assim sendo, tornando direito e dever dos europeus civilizar esses povos atrasados, por meio da colonização. Na prática, o discurso imperialista acabou legitimando uma série de atrocidades e injustiças contra as populações dominadas. Afinal, se essa missão civilizadora tivesse sido aplicada, os dois continentes afetados não teriam os graves problemas socioeconômicos que tem hoje. Em conclusão, observamos que a missão civilizatória acabou ressaltando a diferencia entre os povos e abrindo espaço para uma exploração indiscriminada. 1.3. Teorias Diplomáticas Essas teorias oferecem a explicação puramente política da partilha, talvez a mais comumente aceita. Mas – é interessantíssimo – fornecem suporte específico e concreto às teorias psicológicas. Permitem ver os egoísmos nacionais dos Estados europeus, seja em conflito uns com os outros, seja agindo em acordo para se defenderem, seja ainda reagindo de maneira decisiva contra as forças dos nacionalistas africanos radicais. Propomos, assim, tratar essas teorias abordando sucessivamente o prestígio nacional, o equilíbrio de forças e a estratégia global. I. Prestígio nacional O principal defensor desta teoria é Carlton Hayes que, num texto de grande lucidez, sustenta: "A França procurava uma compensação para as perdas na Europa com ganhos no ultramar. O Reino Unido aspirava compensar seu isolamento na Europa engrandecendo e exaltando o império britânico. A Rússia, bloqueada nos Bálcãs, voltavase de novo para a Ásia. Quanto à Alemanha e à Itália, queriam mostrar ao mundo que tinham o direito de realçar seu prestígio, obtido à força na Europa por façanhas imperiais em outros continentes. As potências de menor importância, que não tinham prestígio a defender, lá conseguiram viver sem se lançarem na aventura imperialista, a não serem Portugal e Holanda que demonstraram renovado interesse pelos impérios que já possuíam esta última principalmente, administrando os seus com redobrado vigor". Hayes conclui dizendo que, fundamentalmente, “o novo imperialismo era um fenômeno nacionalista” e que seus defensores tinham sede ardente de prestígio nacional. Em suma, tendo consolidado e redistribuído as cartas diplomáticas no seu continente, os dirigentes europeus eram propelidos por uma força obscura, atávica, que se exprimia por uma “reação psicológica, um desejo ardente de manter ou de restaurar o prestígio nacional”. Conclui Carlton Hayes, portanto, que a partilha da África não foi um fenômeno econômico. II. Equilíbrio de forças F. H. Hinsley sublinha, por sua vez, que o desejo de paz e de estabilidade dos Estados europeus foi a causa principal da partilha da África. Segundo diz, a data decisiva, de verdadeira passagem para a era extraeuropeia – a era do imperialismo –, foi 1878. A partir daí, no congresso de Berlim, a rivalidade russo-britânica nos Bálcãs e no Império Otomano quase levou as nações europeias a um conflito generalizado. Mas os estadistas, voltando atrás, souberam evitar essa crise na política de poder. Dai em diante, até a crise da Bósnia, em 1908, tal política, banida da Europa, correu livremente na África e na Ásia. Quando os conflitos de interesses na África ameaçaram a paz na Europa, as potências europeias não tiveram outra escolha senão retalhar a África. Era o preço para se salvaguardar o equilíbrio diplomático europeu, estabilizado nos anos de 1880. III. Estratégia global Uma terceira escola sustenta que o interesse da Europa pela África – o qual provocou a invasão e a partilha – era de fato ditado por uma estratégia global e não pela economia. Os grandes defensores dessa teoria, Ronald Robinson e John Gallagher, que acentuam a importância estratégica, para o Reino Unido, do eixo África-Índia, atribuem a responsabilidade da partilha à influência dos movimentos atávicos “protonacionalistas” na África, que ameaçavam os interesses estratégicos globais das nações europeias. Essas “lutas românticas e reacionárias”– galantes anacronismos, na opinião deles – teriam compelido os relutantes estadistas europeus, até então contentes com o exercício de uma discreta hegemonia e o recurso da persuasão a partilhar e conquistar a África contra sua vontade. Portanto, a África teria sido ocupada, não porque tivesse riquezas materiais a oferecer aos europeus – pois então não tinham valor do ponto de vista econômico –, mas porque ameaçava os interesses dos europeus alhures. Um objetivo básico tanto das teorias psicológicas como das diplomáticas, é acabar com a ideia de que a partilha da África se deve a motivos econômicos. Mas a tese do prestígio nacional mostra-se pouco convincente precisamente quando os fatores econômicos a ele concomitantes são eliminados ou minimizados demais. Carlton Hayes, por exemplo, documentou pormenorizadamente a guerra tarifaria a que se lançaram as nações europeias durante o período crucial da partilha. “Admite que o que desencadeou, de fato, a corrida econômica para o ‘Continente Negro’ e para as ensolaradas ilhas do Pacífico não foi tanto a superprodução de bens manufaturados na Europa como uma escassez de matérias- primas” e que, em consequência, “para impedir que uma parte demasiadamente grande do mundo fosse [...] monopolizada pela França, Alemanha, Itália ou outra potência protecionista, a Grã Bretanha interveio vigorosamente para juntar a parte do leão a seu império livre cambista". Por outras palavras, uma vez estabelecido, o neomercantilismo teve importantes consequências para a emergência das rivalidades imperialistas. No entanto, na pagina seguinte, ele contesta com bastante segurança, como já vimos, as bases econômicas do novo imperialismo! H. Brunschwig, propondo uma interpretação não econômica do imperialismo Francês, também se viu obrigado, diante da inegável dimensão econômica do imperialismo, a reconhecer-lhe afinal um papel. Ao mesmo tempo, que qualificava o imperialismo anglo-saxão como econômico e filantrópico, o da França lhe parecia motivado pelo prestígio nacional. Já a tese da estratégia global suscitou entre as especialistas reações bastante negativas, mas atraiu irresistivelmente historiadores não africanistas e o grande público. Sabemos, no entanto, que essa tese, elaborada a partir das hipóteses de Langer, mais ecléticas, e de Hinsley, mais ponderadas, é demasiado categórica e circunstancial para ser admissível. Na África ocidental, central, austral e oriental demonstrou-se falha. No tocante ao Egito e a África do Norte, mostrou- se que havia fortes razões para a presença britânica naquela área sem ligação com a estratégia imperialista do Reino Unido relativa à Índia. É gratificante notar que, por sua vez, Robinson começa a atribuir menos importância às exageradas repercussões do baton egyptien nas lutas coloniais em toda a África. 1.4.Teoria da Dimensão Africana As teorias sobre a partilha expostas até agora tratam da África no quadro ampliado da história europeia. É claro que isso é um grave erro. Mesmo a abordagem “protonacionalista” do atavismo feita por Robinson ou Gallagher não foi totalmente desenvolvida, exatamente por terem eles seu interesse voltado para a Europa e a Ásia. É, portanto, necessário, fundamental mesmo, examinar a partilha da África da perspectiva histórica africana. Ao contrário do que comumente se acredita esta forma de abordar o tema não é uma inovação engenhosa da “nova” historiografia africana. Em obra notável, "The partition of África", publicada em 1893, J. S. Keltie assinalava com muita argúcia que a corrida dos anos de 1880 foi consequência lógica da roedura progressiva do continente, iniciada trezentos anos antes. Admitia, de passagem, os motivos econômicos da partilha – eles não eram centrais na sua tese. Nos anos de 1930, George Hardy, o prolífico especialista da história colonial francesa, também demonstrou a importância dos fatores africanos locais da partilha, tratando a África como uma unidade histórica. O exemplo de Keltie, afirmava que, embora a causa imediata da partilha fossem as rivalidades econômicas entre os países industrializados da Europa, ela constituía ao mesmo tempo uma fase determinante nas relações de longa data entre a Europa e a África. Hardy julgava que a resistência africana à crescente influência europeia precipitou a conquista efetiva, tal como as rivalidades comerciais cada vez mais exacerbadas das nações industrializadas levaram à partilha. Durante muito tempo, essas análises não tiveram eco. Mas, com a publicação, em 1956, da obra clássica de K. Onwuka Dike, "Trade and politics in the Niger Delta", a dimensão africana da partilha foi retomada. Embora a obra de Dike trate de um período e de uma área geográfica limitada, ela encorajou toda uma geração de historiadores a abordar o estudo da partilha no contexto de um longo período de contatos entre raças e culturas diferentes. Lamentavelmente, embora R. Oliver e J. D. Fage demonstrem a antiguidade de tais relações em sua conhecida obra, "A short history of Africa", mantém-se presos demasiadamente ainda ao contexto europeu da partilha, em detrimento da dimensão africana. É encorajador, se bem que trate apenas de uma zona geográfica limitada, o importante estudo de A. G. Hopkins, na medida em que este autor se esforça por apresentar uma reinterpretação africana do imperialismo na África ocidental. Sua conclusão merece ser citada: “Por um lado, é possível conceber regiões onde o abandono do comércio de escravos se deu sem choques, nem perda de rendimentos e onde as tensões internas foram controladas”. Em casos tais, a explicação do retalhamento colonial devera salientar os fatores externos, como as considerações mercantis e as rivalidades anglofrancesas. No outro extremo, é possível imaginar casos em que os chefes nativos adotaram atitudes de reação, não hesitando em recorrer a métodos predatórios, na tentativa de manter os rendimentos, e em que os conflitos internos eram pronunciados. Nesses casos, peso maior deve ser dado, na análise do imperialismo, às forças de desintegração ativas no seio das sociedades africanas, sem negligenciar, todavia, os fatores externos. A consequência lógica de um processo de devoração da África pela Europa, iniciado bem antes do século XIX. Admite-se que foram motivos de ordem essencialmente econômica que animaram os europeus e que a resistência africana a invasão crescente da Europa precipitou a conquista militar efetiva. Parece, de fato, que a teoria da dimensão africana oferece um quadro global e histórico que explana melhor a partilha do que todas as teorias puramente eurocêntricas. O início da corrida, malgrado a considerável influência que, no final do terceiro quartel do século XIX, exerciam as potências francesa, inglesa, portuguesa e alemã, bem como os interesses comerciais que detinham em diferentes regiões da África, seu controle político direto era muito reduzido. A Alemanha e, sobretudo, o Reino Unido, exerciam sua influência como queriam, e nenhum estadista em sã- consciência optaria espontaneamente por incorrer em gastos e se expor aos riscos imprevistos de uma anexação formal, podendo extrair as mesmas vantagens de um controle indireto. “Recusar-se às anexações não significa relutar ao exercício do domínio”, já se disse com boa razão. Isso explica tanto a conduta de Salisbury e Bismarck, como a da maior parte dos protagonistas da partilha. Essa conduta, porém, começa a mudar depois de três importantes acontecimentos verificados entre 1876 e 1880. O primeiro foi o novo interesse que o duque de Brabante, coroado rei dos belgas em 1865 (sob o nome de Leopoldo I), demonstrava pela África, o que se expressou na chamada Conferência Geográfica de Bruxelas, por ele convocada em 1876, a qual redundou na criação da Associação Internacional Africana e no recrutamento de Henry Morton Stanley, em 1879, para explorar os Congos. Essas medidas culminaram na criação do Estado Livre do Congo, cujo reconhecimento por todas as nações europeias Leopoldo obteve antes do término das deliberações da Conferência de Berlim sobre a África ocidental. As atividades de Portugal, a partir de 1876, constituíram a segunda série de acontecimentos importantes. Melindrado por só ter sido convidado para a conferência de Bruxelas no último minuto, Portugal deu início a uma série de expedições que levaram a coroa portuguesa a anexar, em 1880, as propriedades rurais afro-portuguesas de Moçambique, até então quase independentes. Assim, para os portugueses e para o rei Leopoldo, a Corrida começou em 1876. O terceiro e último acontecimento a rematar a partilha foi, sem dúvida alguma, o caráter expansionista da política francesa entre 1879 e 1880, manifestado pela participação da França junto com o Reino Unido no controle do Egito (1879), pelo envio de Savorgnan de Brazza ao Congo, pela ratificação de tratados com Makoko, chefe dos Bateke, bem como pelo restabelecimento da iniciativa colonial francesa tanto na Tunísia como em Madagascar. A ação de Portugal e França entre 1876 e 1880 indicava claramente que estavam comprometidos na exploração colonial e na instauração de um controle formal na África. Isto obrigou finalmente o Reino Unido e a Alemanha a abandonar sua preferência pelo controle informal em favor de um domínio efetivo, o que os levou a anexar territórios na África oriental, ocidental e meridional a partir do final de 1883. A Alemanha anexou, por exemplo, o Sudoeste Africano, o Togo, Camarões e a África Oriental Alemã, contribuindo com isso para acelerar o processo da partilha. No início da década de 1880, no auge da partilha dos territórios, Portugal, receando ser alijado da África, propôs a convocação de uma conferência internacional com o fito de resolver os litígios territoriais na África central. Parece evidente, a luz do que acabamos de dizer, que não foi a ocupação inglesa do Egito em 1882 que desencadeou a corrida, como afirmaram Robinson e Gallagher, mas os acontecimentos que se desenrolaram em diferentes partes da África entre 1876 e 1880. 2. - A Conferência de Berlim sobre a África ocidental (1884-1885) A ideia de uma conferência internacional que permitisse resolver os conflitos territoriais engendrados pelas atividades dos países europeus na região do Congo foi lançada por iniciativa de Portugal, mas retomada mais tarde por Bismarck, que depois de ter consultado outras potências, foi encorajado a concretizá-la. A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de novembro de 1884 a 26 de novembro de 1885. A partir da notícia de que seria realizada, a corrida a conquista e domínio da África intensificou-se. A conferência não discutiu a sério o tráfico de escravos, nem os grandes ideais humanitários que se supunha terem a inspirado. Adotaram-se resoluções vazias de sentido, relativas à abolição do tráfico escravo e ao bem-estar dos africanos. A conferência, que, inicialmente, não tinha por objetivo a partilha da África, terminou por distribuir territórios e aprovar resoluções sobre a livre navegação no Níger, no Benue e seus afluentes, e ainda por estabelecer as regras a serem observadas no futuro em matéria de ocupação de territórios nas costas africanas. Por força do artigo 34 do Ato de Berlim, documento assinado pelos participantes da conferência, toda nação europeia que, dai em diante, tomasse posse de um território nas costas africanas ou assumisse aí um “protetorado”, deveria informá-lo aos membros signatários do Ato, para que suas pretensões fossem ratificadas. Era a chamada doutrina das esferas de influência. De fato, reconhecendo o Estado Livre do Congo, permitindo o desenrolar de negociações territoriais, estabelecendo as regras e modalidades de apropriação “legal” do território africano, as potências europeias se arrogavam o direito de sancionar o princípio da partilha e da conquista de outro continente. Semelhante situação não tem precedentes na história: jamais um grupo de Estados de um continente proclamou, com tal arrogância, o direito de negociar a partilha e a ocupação de outro continente. Para a história da África, esse foi o principal resultado da conferência. Dizer, ao contrário da opinião geral, que ela não retalhou a África só é verdade no sentido mais puramente técnico. As apropriações de territórios deram-se praticamente no quadro da conferência, e a questão das futuras apropriações foi claramente levantada na sua resolução final. De fato, em 1885, já estavam traçadas as linhas da partilha definitiva da África. 3. PAÍSES DO COMITÊ: 3.1. França Em 1815, Napoleão Bonaparte cai na França, após perder a Batalha de Waterloo. No congresso de Viena participaram Inglaterra, Áustria, Prússia, e Rússia os países que se opuseram a Bonaparte. Neste congresso foi assinado um tratado que obrigava a França a devolver todos os territórios ocupados no Império de Bonaparte, além de ser desarmada e ter que pagar uma indenização aos ganhadores da guerra. Nessa conferência também se foram reestabelecidas as fronteiras a partir de da divisão de 1789. As antigas Dinastias que Bonaparte havia derrubado voltaram ao poder, como a família Bragança [Portugal], Orange [Holanda], Habsburgo [Áustria] entre outras. Em toda Europa as antigas monarquias são restauradas e a nobreza recupera todos seus direitos, cargos, terras e privilégios. Na França, reassume a família Bourbon com Luis XVIII. Enquanto isso, a burguesia que havia acabado de perder o poder, já que Napoleão era aliado dessa classe, começa a se recuperar ao retomar ideais iluministas e investir no setor industrial, preparando-se para voltar ao poder. Em 1850, começa a se espalhar pela França uma onda revolucionaria que derruba o antigo regime e coloca a burguesia no poder através de monarquias revolucionarias ou republicas, é estabelecido o voto censitário [por renda] e assim as massas populares foram marginalizadas. Nesse momento, as massas operárias organizavam-se em sindicatos, não somente na França, mas por toda Europa com o surgimento das teorias socialistas e anarquistas. Na década de 40, as pressões pelo voto universal, pela democracia, aumento salarial e melhores condições de trabalho crescem, o que leva a uma onda revolucionaria [revoluções de 1848; primavera dos povos]. Cai monarquia parlamentar sob o comando de Luis Felipe de Orleans e a França se torna uma a Republica com voto universal, o que faz com que o número de eleitores cresça muito. A ameaça popular leva a burguesia a apoiar a candidatura de Luis Bonaparte [sobrinho de Napoleão], que é eleito em 1848. Após quatro anos de mandato, Bonaparte dá um golpe militar e inicia o segundo império, se autonomeando Napoleão III, e tomando atitudes semelhantes a seu tio, como reprimir a oposição, ação típica de uma ditadura. Napoleão III invade o Egito e constrói o canal de Suez, uma via para melhor acesso Europa e Ásia, obrigando todos os navios que por lá passam a pagar impostos à frança. Ao investir nas indústrias, a França entra na Segunda Revolução Industrial e investe na expansão imperialista sobre áfrica e Ásia. O imperador segue os passos de Napoleão I ao envolver a França em diversas guerras, com o objetivo de impedir que novas potências surgissem. Na primeira guerra em 1852, se aliou á Áustria para enfrentar a Prússia. Para depois se aliar á Itália em 58 para enfrentar a Áustria, e em 60 usou do apoio do papa e sua influência para enfrentar a Itália. Em 1870, a Prússia invade a Alsácia e Lorena, território pertencente à França, e Napoleão III reage e incitando a guerra Francoprussiana. Contudo a França é derrotada e forçada á assinar o tratado de Versalhes, importante ressaltar que existem três tratados de Versalhes diferentes, pelo qual entrega a região da Alsácia e Lorena á recém-unificada Alemanha, que é reconhecida pelo mesmo tratado. Napoleão III então renuncia e a França adota a terceira república, pouco tempo depois a classe operaria toma Paris no que foi a primeira experiência socialista no mundo, a Comuna de Paris. Após a guerra Franco-Prussiana, perdurou um ressentimento entre França e Alemanha. Enquanto a França recuperou a Alsácia e Lorena após a derrota na 1ª Guerra Mundial, a Alemanha não mediu esforços para invadir a França na 2ª Guerra Mundial. 3.2. Inglaterra Em 1750, a Inglaterra foi o país pioneiro na 1ª Revolução Industrial, criando também o operariado, uma classe submetida á péssimas condições de trabalho, baixos salários e jornadas extensas, o que levou á rebeliões. O primeiro foi o movimento Ludista, onde o operariado atacava as fábricas, por acreditarem que elas fossem as causadoras de seu sofrimento até perceberem que as máquinas eram repostas pelo dono da fábrica, o verdadeiro culpado. Em 1830, nasce o movimento Cartista, baseado na Carta ao Povo, que defendia interesses do povo como o voto universal, mas fracassa. Logo após o fracasso dos movimentos Ludista e Cartista, nascem os Sindicatos (Trade Unions), que tem o objetivo de organizar greves e politizar o movimento operário, assimilando-se novas ideologias como as anarquistas de Proudhon e Baukimin, e as socialistas de Fourier (socialismo utópico) e Marx. Em 1850, tem início a 2ª Revolução Industrial, como solução para a crise de retração de mercado, levou a modernização das máquinas, um investimento na indústria siderúrgica, busca por novas fontes de energia, aperfeiçoamento da divisão de trabalho e padronização de produção (Fordismo). Com isso o capitalismo entra em sua 3ª fase, com a abertura de capital de investimento (bolsas de valores), oligopolização de mercados, ou seja, grandes empresas que absorvem empresas menores e passam a controlar mercados (holdings, trusts e cartéis) e o mais importante: uma nova crise causada pela saturação do mercado, gerando excedentes. O recurso que as potências utilizaram foi a expansão neocolonial, a Inglaterra por ser a maior potência da época ficou com as melhores regiões. 3.3. Alemanha Depois de uma série de guerras, em 1864, Otto Von Bismarck levou a Prússia a uma guerra vitoriosa contra a Dinamarca pela posse do Schleswig-Holstein (que ate hoje pertence à Alemanha). Duas etapas para atingir a unificação definitiva. Conseguiu, depois da guerra de 1866 contra a Áustria, que Viena cedesse a Berlim á preponderância no mundo germânico (1ª etapa). Na segunda etapa, precipitou com o despacho de EMS, o seu país na guerra Franco-Prussiana de 1870, que terminou com a vitória da Prússia. A unificação foi estabelecida no tratado de Versalhes, o mesmo que deu á Alemanha o território da Alsácia e Lorena, que estava sob poder da França napoleônica ate então. Em 21 de março de 1871, Bismarck, considerado um herói, foi nomeado príncipe e chanceler imperial do Reich. Após a unificação, iniciou várias reformas administrativas internas, criou uma moeda comum para todo o estado, instituiu um banco central e promulgou um código civil e um código comercial comuns à toda Alemanha. Garantido o sentido de nação com essas medidas, Bismarck necessitava industrializar a Alemanha, daí a Alemanha ser considerada uma nação atrasada, apesar da vitória contra a França na Guerra Franco-Prussiana. Tal processo de industrialização ainda está ocorrendo durante a Conferência de Berlim. Além disso, a industrialização alemã contou com características exclusivas a ela: a relação e de favores entre o setor privado e estatizado, ou seja, uma harmonia entre os ideais liberalistas e estatistas. Esse cenário favorecia a industrialização, acelerando-a. Os resultados da industrialização alemã teriam os mesmos problemas de outros países. Sendo eles a produção de excedentes, a necessidade de achar novos mercados consumidores e regiões para explorar, assim a África se encaixa bem como solução, especialmente na última questão. Por isso o interesse da Alemanha em ser o anfitrião da Conferência e convocá-la, sem contar a oportunidade de novamente mostrar para o mundo o seu poder e influência. 3.4. Império Austro-Húngaro O Império Austro-Húngaro toma forma em 1867. Entretanto, existem inúmeras diferenças étnicas em seu território, o que faz com que a idéia de nação Austro-Húngara, ainda que já fosse existente, não fosse tão presente quanto à de outros países já consolidados. Essa situação de diferenças étnicas e conflitos, especialmente nos Balcãs, leva o Império Austro-Húngaro a se aproximar da jovem Alemanha, garantindo a proteção (vide bloqueio russo no sudoeste da Europa) e a manutenção da unidade do Império Austro-Húngaro, tornando as diferenças étnicas deixem de ser um problema, apesar de ainda não termos uma identidade austro-húngara. Em troca, o Império localizado no leste europeu apoiaria a Alemanha em suas decisões diplomáticas. Ainda no século XVIII, não temos sequer Império Austríaco, mas a região já tinha interesse e domínio em certas áreas da África, se destacando Madagascar e áreas estratégicas para o comércio como a Baía de Lagoa. No entanto, esse domínio é passageiro, já que outras nações assumem tais áreas; já o interesse, permanece. Combinando os fatos de que o Império Austro-Húngara possui uma elite mais presente e fortalecida do que outros países e um movimento operariado atrasado, a diplomacia Austro-Húngara irá seguir de modo mais determinado as vontades e as determinações de quem é mais influente ou detém os meios de produção. Além disso, tentará recuperar certas regiões que em sua história dominou. 3.5. Império Otomano O império perdeu território em todas as frentes, e não houve estabilidade administrativa, devido às avarias do governo centralizado, apesar dos esforços de reforma e reorganização, como a Tanzimat. O Tanzimat caracterizava-se como uma forma de modernizar o Império Otomano, para assegurar sua integridade territorial contra movimentos nacionalistas e forças que pudessem ameaçar o Estado. As reformas encorajadas pelo Otomanismo contra diversos grupos étnicos do Império possibilitou o surgimento de um movimento nacionalista otomano. As reformas possibilitaram a integração de não-muçulmanos e não-turcos de uma forma maior na sociedade otomana, asegurando de forma maior suas liberdades civis e garantindo sua equalidade dentro do Império. Durante este período, o império enfrentou desafios ao se defender contra a invasão e ocupação estrangeira. O império começou a forjar alianças com países europeus, como França, Países Baixos, Reino Unido e Rússia e com isso entrando em algumas guerras Como exemplo, em 1853 a Guerra da Crimeia, A Guerra da Crimeia foi um conflito que se desdobrou de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu de um lado a Rússia e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, França, Piemonte-Sardenha (na atual Itália) - formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda - e o Império Turco-Otomano (atual Turquia). Esta coligação foi formada com o objetivo de conter a expansão russa. A Guerra da Crimeia causou um êxodo dos tártaros da Crimeia em ondas massivas de imigracao em direção ao império otomano. No fim da Guerra do Cáucaso A Guerra do Cáucaso' de 1817-1864, também conhecida como conquista russa do Cáucaso, foi uma invasão comandada pelo império russo ao Cáucaso que terminou com a anexação áreas do Norte do Cáucaso para a Rússia. Esta invasão foi constituída por uma serie de ações militares comandadas pela Rússia contra os territórios e grupos tribais do Cáucaso, para expandir a Rússia em direção ao Sul. Outros territórios do Cáucaso (Geórgia, Armênia e Azerbaijão) foram incorporados ao império russo varias vezes ao longo do século XIX resultado Otomano e Pérsia. de guerras russas com o Império muitos circassianos fugiram de suas terras no Cáucaso e se estabeleceram no Império Otomano. Desde o século XIX, um êxodo pela grande parte dos povos muçulmanos (que são chamados de "muhacir" sob uma definição geral) dos Balcãs, Cáucaso, Crimeia e Creta, refugiou-se na atual Turquia e moldou as características fundamentais do país até hoje. O período reformista culminou com a constituição, o chamado Kanun-ı esası (que significa "Lei Básica", em turco otomano), escrito por membros do grupo "Jovens Otomanos", que foi promulgada em 23 de novembro de 1876. Ela estabeleceu a liberdade de crença e a igualdade dos cidadãos perante a legislação. A primeira era constitucional do império (ou Birinci Mesrutiyet Devri em turco) teve vida curta, porém, a ideia por trás dele (Otomanismo), mostrou-se influente como um grupo amplo de reformadores conhecido como o jovens otomanos, educados principalmente em universidades ocidentais, acreditava que uma monarquia constitucional seria dar uma resposta à crescente agitação social do império. Através de um golpe militar em 1876, forçaram o sultão Abdülaziz (1861-1876) a abdicar em favor de Murad V. Entanto, Murad V tinha doenças mentais e foi deposto em poucos meses. Seu herdeiro aparente Abdulhamid II (1876-1909) foi convidado para assumir o poder sobre a condição de que ele iria declarar uma monarquia constitucional, o que ele fez em 23 de novembro de 1876. No entanto, o parlamento sobreviveu por apenas dois anos. O sultão suspendeu, mas não eliminou o parlamento até que ele foi forçado a reuni-lo. A eficácia do Kanun-ı esası foi depois amplamente minimizada. A ascensão do nacionalismo varreu vários países durante o século XIX, e o Império Otomano não foi imune. A consciência crescente nacional, juntamente com um crescente sentimento de nacionalismo étnico, o pensamento nacionalista fez uma das ideias mais significativas ocidentais importadas para o Império Otomano, que foi forçado a lidar com o nacionalismo, tanto dentro como fora das suas fronteiras. Houve um aumento significativo revolucionários. no número de partidos políticos Levantes em território otomano tiveram muitas consequências de longo alcance durante o século XIX e determinaram grande parte da política otomana durante o século XX. Muitos turcos otomanos questionavam se as políticas do Estado não eram culpadas. Alguns sentiram que as fontes de conflitos étnicos eram externos e não relacionados a questões de governança. Apesar de esta época não foi sem alguns sucessos, a capacidade do Estado Otomano para ter qualquer efeito sobre revoltas étnicas foi seriamente posta em dúvida. Apoiadas pelo Império Russo, Sérvia e Montenegro declararam guerra ao Império Otomano, no dia seguinte. As reformas Tanzimat não detiveram a ascensão do nacionalismo nos principados do Danúbio e Sérvia, que haviam sido semiindependentes por quase seis décadas. Em 1875, os principados afluentes da Sérvia,Montenegro e Romênia (que incluem a Valáquia e Moldávia) declararam unilateralmente a sua independência do império, e após a Guerra russo-turca de 1877-1878, a independência foi formalmente concedida a todas as três nações beligerantes. A Bulgária também alcançou a independência (como o Principado da Bulgária), cujos voluntários haviam participado da guerra russo-turca, no lado das nações se rebelando. O vilaiete da Bósnia e da Sanjak de Novi Pazar foram parcialmente ocupados pelas forças do Império Austro-Húngaro na sequência do Congresso de Berlim em 1878, mas permaneceram nominalmente como territórios otomanoss (Bósnia e Herzegóvina até a crise da Bósnia em 1908, Novi Pazar até a Primeira Guerra Balcânica em 1912), com a presença permanente de soldados otomanos. Os armênios, que tiveram a sua constituição própria e de sua assembleia nacional com as reformas Tanzimat, começaram a pressionar o governo otomano para uma maior autonomia após a Guerra russo-turca (1877-1878) e o Congresso de Berlim em 1878. Um número de levantes armênios ocorreu nas cidades da Anatólia, levando o sultão Abdul Hamid II a responder a estas rebeliões e ataques, que estabelece os regimentos Hamidiye no leste da Anatólia, formadas principalmente de unidades de cavalaria irregular de curdos recrutados. De 1894-96 algo entre 100.000 a 300.000 armênios que viviam por todo o império foram mortos no que ficou conhecido como o massacre Hamidiano. Militantes armênios tomaram a sede do Banco Otomano em Constantinopla em 1896 para trazer a atenção da Europa para os massacres, mas eles falharam nesse esforço. 3.6. Portugal No início do século XIX, era regente de Portugal o futuro Dom João VI, por incapacidade de sua mãe, a Rainha Dona Maria I, e que só viria se tornar rei em 1816. Portugal era considerado uma média potência. As manufaturas de valor na metrópole supriam o déficit na agricultura e a marinha conseguia manter as relações com o Brasil, sua principal colônia, assim como a presença da potência na Índia e em outros cinco continentes. A estrutura econômica é abalada pelas invasões francesas, que acarretam na perda de parte de sua indústria e seu comércio desarticulado. Com a eclosão das invasões de Napoleão, a família real e parte da elite portuguesa fogem para o Rio de Janeiro, onde passa a funcionar o governo de Portugal. Também entra a ajuda da Inglaterra, ao condicionar a abertura de portos brasileiros para o comércio com o a mesma e a entrada de tropas inglesas em Portugal para combater as tropas napoleônicas. O ódio aos ingleses e ideais revolucionários se propagam e obriga a volta da corte á Metrópole, D. Pedro deixa seu filho no trono da colônia americana. Em 1834, D. Pedro IV, abdica da coroa de Portugal em favor de sua filha, D. Maria, que lança o país em diversos movimentos de reforma, destaca-se a extinção das Ordens Religiosas. Com divisões populares e continua debilidade econômica, Portugal mergulha em crises político-sociais que levam á Guerra Civil Portuguesa entre liberais constitucionalistas e absolutistas, na qual D. Miguel pelos absolutistas lutou contra seu irmão, D. Pedro IV, pelo trono de Portugal. A vitória é dos constitucionalistas. 3.7. Espanha No início do século XIX, a Espanha ainda possuía resquícios do pensamento medieval, feudalismo tardio, e a inquisição ainda funcionava. Na Europa, o Império de Napoleão Bonaparte se espalhava pelo continente e em 1808 a Espanha é invadida pelas tropas napoleônicas e Fernando VII é deposto, sendo colocado em seu lugar José I, irmão de Bonaparte. Assim o país insular forma um aliança com a França, acarretando no Tratado de Fontainebleu, que estabeleceu a divisão do Reino de Portugal depois de sua invasão e delegou uma das três parcelas á Espanha. A política econômica da Espanha era baseada no mercantilismo, buscava desenvolver as metrópoles explorando as riquezas produzidas nas colônias. A presença de tropas francesas no país enfraquece o controle da Metrópole sobre seus territórios, ocorrendo diversas tentativas de independência das colônias. Diante dessa situação, o Rei pede auxilio á Santa Aliança, mas as potências Inglesa e NorteAmericana se opõe á uma intervenção e reconhecem a independência de diversas colônias, assim terminando o domínio espanhol nas Américas. Durante os séculos XVI e XVII, a Espanha chegou a ser a primeira potência mundial, em disputa com Portugal, França, Inglaterra e o Império Otomano. Sempre em disputas constantes com as potências rivais por motivos de cunho territorial ou religioso. Após a perda de suas colônias, o Império decaiu e uma Guerra de Independência, uma monarquia absolutista, conflitos dinásticos e pronunciamentos liberais foram o que conseguiu manter o controle dos últimos fragmentos do Império espanhol até a incrementação de um novo nacionalismo e a reconstrução do país. 3.8. Bélgica A Bélgica é um dos países mais avançados industrialmente falando, muito devido à sua grande colônia, dona de diversas riquezas naturais e vítima de uma exploração absurda: Congo. Essa colonização se deu, no início, por missões exploradoras que buscavam matériaprima de baixo custo e que possuíam a fachada de estarem em uma “missão civilizadora”. Nessas idas e vindas pinceladas pela missão civilizadora, a Bélgica conquista a região hoje conhecida como República Democrática do Congo, onde, nos dias de hoje, se tem conhecimento de que ocorreu o maior genocídio da história da humanidade, durante o período em que Leopoldo II estava no poder. Na Conferência de Berlim, O Estado Livre do Congo, conhecido na época como jardim de Leopoldo II por ser uma propriedade privada dele, é uma das áreas mais cobiçadas devido à sua enorme riqueza natural e potencial exploratório. Obs.: Há de se lembrar da antiga rixa entre Bélgica e Espanha, que data desde a Independência Belga. Bibliografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarck Caderno de História do 3º ano Livro: The Cambridge Historical Encyclopedia of Great Britain and Ireland http://www.brasilescola.com/historiag/a-ideologia-imperialista.htm Caderno de história da 3ª série; Livro: Historia Geral Da África vol. VII - África sob dominação colonial 18801935 -Documento da UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de História Disciplina: História Contemporânea ATA GERAL REDIGIDA EM BERLIM EM 26 DE FEVEREIRO EM 1885 http://carloshistoria.blogspot.com.br/2011/08/franca-no-seculo-xix.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim http://www.infoescola.com/historia/conferencia-de-berlim/ http://www.infoescola.com/historia/partilha-da-africa/ http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/africa-do-sul/partilha-da-africa.php http://pt.wikibooks.org/wiki/B%C3%A9lgica/Hist%C3%B3ria -http://pt.wikipedia.org/wiki/Leopoldo_II_da_B%C3%A9lgica http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81ustria-Hungria http://oolhodahistoria.org/n11/textos/joserenato.pdf http://www.bepeli.com.br/educacional/historia_paises/historia_franca.html http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/9977/hoje+na+historia+1885++confer encia+de+berlim+da+fim+aos+conflitos+coloniais+na+africa.shtml http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/africa-do-sul/partilha-da-africa.php http://www.scribd.com/doc/101116886/Processo-de-ocupacao-territorial-de-africa