Análise do Impacto de Itens com Giro Insatisfatório
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Análise do Impacto de Itens com Giro Insatisfatório
Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Análise do Impacto de Itens com Giro Insatisfatório na Rentabilidade de um Atacado Distribuidor Sérgio Soares Teixeira Rabelo Universidade Federal de Uberlândia Karém Cristina de Sousa Ribeiro Universidade Federal de Uberlândia Pablo Rogers Universidade Federal de Uberlândia Resumo: O presente trabalho visa analisar o impacto que os Itens com Giro Insatisfatório (IGI) provocam na rentabilidade de uma empresa atacadista, usando para tal, a metodologia descritiva de mensuração de cálculo dos custos referentes aos IGI adotados pela empresa objeto de estudo. Desta forma, será apresentada em relação ao IGI, qual a importância de considerar-los no cálculo da rentabilidade de um atacado distribuidor, uma proposta de análise para se mensurar os custos referentes a tais itens, assim como, considerações para a correção e prevenção do estoque com giro insatisfatório. Palavras-Chave: Itens com Giro Insatisfatório, Atacado, Custos Indesejáveis. 1. Introdução Os Itens com Giro Insatisfatório (IGI) afetam de sobremaneira a rentabilidade da empresa que possui em seu ativo circulante grandes volumes de estoques físicos, como as empresas do setor atacadista. Nos IGI inúmeros custos intrínsecos não são orçados no momento da compra, como por exemplo, custo de oportunidade (capital de giro investido sem rentabilidade) e de carregamento de estoque. Tais custos acabam por consumir a margem de contribuição do item, afetando negativamente a rentabilidade do negócio. Desta forma, mensurar os custos gerados pelos IGI e analisar as principais causas de surgimento de tais itens como: apostas em novos produtos e em novas demandas de mercado, mudanças no ambiente externo que afetem o mercado e compras de oportunidade, auxilia significativamente os gestores na correção e prevenção dos custos indesejáveis relacionados aos IGI. Em relação às compras de oportunidades o desenvolvimento de um sistema que contemple os custos decorrentes do IGI, como os custos de oportunidade sobre o capital investido, do capital de giro empregado e de carregamento de estoque, permitir a análise de sensibilidade da proposta ao mensurar se as opções dos fornecedores (desconto, prazo adicional, volume de compras) são ou não atrativas financeira e economicamente. A empresa atacadista objeto do estudo de caso, desenvolveu internamente seu próprio conceito de IGI, assim como uma metodologia de mensuração dos custos decorrentes do mesmo. Desta forma, a empresa consegue mensurar qual o impacto que os produtos com pouco giro afetam a rentabilidade da mesma, além de ter parâmetros para a análise de viabilidade econômico-financeira de itens que são ou podem se tornar com giro insatisfatório. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Desta forma, o método de pesquisa utilizado no presente trabalho foi a pesquisa conclusiva descritiva utilizando-se de um estudo de caso, visto a necessidade de se saber qual o impacto econômico-financeiro do IGI sobre a rentabilidade de um atacado distribuidor, levando-se em consideração o custo de oportunidade e capital de giro investido, o custo de pedir, de carregamento de estoque e de gerenciamento da distribuição como os principais parâmetros de mensuração do impacto no resultado econômico/financeiro sendo, desta forma, um objetivo bem definido e claro que visa buscar a solução do problema e possíveis alternativas de cursos de ação. Na próxima seção serão expostas as formulações utilizadas pela empresa para determinar os Itens com Giro Insatisfatório. Na seção três será analisado o impacto dos custos com IGI na rentabilidade da empresa atacadista estudada e na seção quatro fazer-se-á considerações para a correção e prevenção dos custos relacionados aos IGI. Na seção cinco, serão tecidas ponderações a nível de conclusão, a respeito do impacto que os Itens com Giro Insatisfatório causam nos resultados das organizações. 2. Itens com Giro Insatisfatório: Sistema Atual da Empresa Estudo de Caso A administração de produção tem como função fundamental prover a capacidade produtiva que atenderá à demanda atual e futura. O equilíbrio adequado entre estes dois vértices pode gerar altos lucros como também levar a empresa à falência, se mal equacionado. Geralmente os cálculos de capacidade e demanda são realizados de forma agregada, não distinguindo e/ou discriminando os diferentes produtos e serviços que uma operação pode gerar. Entende-se por capacidade de uma operação como o “máximo nível de atividade de valor adicionado em determinado período de tempo que o processo pode realizar sob condições normais de operação” (SLACK, 2002 p.344). Dentro deste conceito, organizações operam abaixo de sua capacidade máxima de produção, seja porque a demanda é insuficiente para ocupar essa ociosidade ou por deliberação, podendo assim a empresa responder de forma rápida a novos pedidos colocados. Entretanto, tal ociosidade de capacidade algumas vezes não é linear, ou seja, em todos os departamentos ou “partes” operacionais, pois tais organizações podem encontrar alguns departamentos com capacidade ociosa e outros operando em sua capacidade máxima, onde se encontram as restrições da capacidade ou o chamado “gargalo da operação”. Dependendo do tipo de demanda o uso de diferentes partes da operação pode atuar como uma restrição a toda a operação da empresa quando atingir sua capacidade máxima, como por exemplo, um setor de embalagens para presentes de uma loja varejista que funciona bem o ano todo, mas que no Natal, devido ao grande aumento na demanda, trabalha com sua capacidade máxima e ainda assim pode restringir a operação de toda a loja, a menos que sejam alocados recursos extraordinários para suprir tal demanda sazonal. Deste modo, o planejamento e controle da capacidade, têm como fim determinar a capacidade efetiva da operação de forma que atenda à demanda existente, bem como decidir como a operação vai reagir às alterações de demanda, sejam sazonais ou não. Para isso Meredith (2002, p.333), no Quadro 1 compara sistemas tradicionais de gestão em relação ao Just in Time. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP A empresa objeto de estudo é um atacado que se localiza no estado de Minas Gerais. Para preservar o anonimato da empresa, a mesma será referida como “atacado.” Visto que o objetivo do trabalho não é a identificação da organização, mas sim, a busca pelo desenvolvimento de processos de gestão que maximizem a rentabilidade do negócio. O conceito de IGI surgiu da necessidade de mensurar se o atacado era efetivo na gestão de seus estoques, procurando saber se os itens giravam conforme esperado ou se os mesmos ficavam armazenados por um período maior do que o estipulado. Quadro 1 - Comparação entre Sistemas Tradicionais de gerenciamento e Just in Time Características Prioridades Tradicionais Aceitar todos os pedidos Várias Opções JIT Mercado Limitado Poucas Opções Baixo custo, alta qualidade Engenharia Produtos personalizados Projetos a partir do estágio inicial Produtos padronizados Projeto contínuo Simplificar, projetar para fabricar Capacidade Extremamente utilizada Inflexível Moderamente utilizada Flexível Sistema de transformação Job shop Flow shop , fabricação celular Leiaute Espaço grande Equipamento para manipular os materiais Espaço pequeno Mão-de-obra Habilidades limitadas Especializada Individualizada Atitude Competitiva Mudança por decreto Ritmo calmo Status: símbolos, pagamentos, privilégios Aptidões amplas Flexível Equipes de trabalho Atitude de colaboração Mudança por consenso Ritmo intenso Sem diferenciais de status Programação Longa preparação Longos Horizontes Mudanças rápidas Modelos mistos (horizontes de curto, médio e longo prazos) Inventários Grandes buffer de produtos em processo de fabricação Pequenos buffeer de produtos Fornecedores Vários Competitivos Enregas para a área central da recepção Previsões independentes Poucos ou fornecedor único Colaboradores, rede Entregas diretamente para a linha de produção Previsões compartilhadas Planejamento e Controle Voltados para o Planejamento Voltados para o Controle Complexos Computadorizados Simples Visuais Qualidade Via inspeção Pontos críticos Amostragem de aceitação Na fonte Contínua Controle Estatístico de Processo CEP Manutenção Corretiva Por especialistas Fazer o equipamento funcionar rapidamente Fazer o equipamento funcionar em um turno Preventiva Pelos Operadores Fazer o equipamento funcionar lentamente Fazer o equipamento funcionar 24 horas FONTE: Meredith (2002, p.333) Transferência próxima e manual Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Desta forma, ao se definir o IGI, o atacado conseguiu identificar quais os itens que estão com giro insatisfatórios, qual o volume de capital investido nestes estoques, qual o capital de giro envolvido na operação, e ainda quais os custos logísticos extras que incorrem nesta situação, principalmente com relação ao custo de armazenagem. O objetivo de se conceituar e identificar o IGI seria justamente mensurar o quão o atacado está sendo efetivo em sua atividade fim (armazenagem e distribuição), conseguindo assim determinar quais são os itens que estão fora dos padrões aceitáveis para a empresa, podendo traçar planos de ação para corrigir e até mesmo evitar o IGI. O atacado tem como definição de IGI, os itens: 9 sem vendas à 90 dias ou mais; 9 com vendas inferiores à R$ 200,00/mês; e 9 com vendas inferiores à 30% do valor do estoque no prazo de 30 dias. Para mensurar o impacto do IGI sobre a rentabilidade do atacado torna-se necessário saber os custos incorridos com estoques com giros insatisfatórios. Estes dividem-se em: 9 9 9 9 9 custo de pedir; custo de receber, armazenar e expedir; custo de gerenciar distribuição; custo de oportunidade sobre estoques; e custo do capital de giro empregado. Em relação aos custos logísticos (pedir, receber, armazenar, expedir e gerenciar a distribuição) torna-se importante ressaltar que, para efeitos de análise, o atacado considera como parâmetros, àqueles obtidos através da análise de demonstrativos de custeio ABC da empresa. Para os custos de armazenagem, até dezembro de 2003, a diretoria de finanças e controladoria do atacado, mais precisamente o departamento de custos e orçamentos, realizava a alocação destes por pallets movimentados, fazendo com que itens de maior giro pagassem mais pelo estoque, enquanto itens de menor giro pagassem menos pelo estoque. A equipe pesquisadora do departamento de custos e orçamentos concluiu que tal critério de alocação de custos estava distorcido em relação à natureza do custo, pois estes eram causados principalmente pela manutenção do estoque, servindo apenas para a alocação de custos oriundos das movimentações de saídas ou entradas de estoques. Assim concluído, o departamento de custos e orçamentos definiu um novo driver para alocação dos custos de armazenagem. A equipe pesquisadora propôs que “idealmente, o melhor direcionador para essa atividade seria o produto do número de pallets pelo tempo médio de permanência no estoque, calculado para cada categoria de produto” (NOVAES, 2002). Algebricamente, o novo driver utilizado pela empresa para a alocação dos custos de armazenagem foi definido como: D= PME ×p 30 Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Onde: D = direcionador que associa tempo e espaço utilizados para alocar os custos de armazenagem, determinando assim o custo alocado para cada produto; PME = prazo médio de estocagem, que define o tempo em dias que o produto está onerando os custos de armazenagem; e p= número médio mensal de pallets armazenados em estoque, que quantifica a relevância do estoque em espaço de armazenagem. Utilizando de uma média anual apurada nos demonstrativos de custeio ABC da empresa para as business unit (BU), diretorias de compras e filiais, considera-se que os custos representam: 9 Custo de pedir/comprar mercadorias: 0,45% do valor do estoque; 9 Custo de receber, armazenar e expedir: 2,43% do valor do estoque; 9 Custo de gerenciar distribuição: 6,33% do valor do estoque; O custo de oportunidade sobre os estoques é dado por um custo de capital equivalente a 16% a.a. Partindo da composição do capital da empresa (68% próprio e 32% terceiros), observa-se que a exigência dos acionistas com relação ao capital investido na companhia pode ser considerada alta, principalmente pelo fato de a rentabilidade líquida do setor atacadista ficar bem longe desta pretensão. O capital de giro empregado na empresa é um ponto de extrema importância para os acionistas. Os mesmos partem do princípio de que o melhor para a empresa é trabalhar com um capital de giro negativo, ou seja, “utilizando” o dinheiro do fornecedor para financiar a sua operação normal. Desta forma, com o objetivo de diminuir o capital de giro próprio empregado na operação, os acionistas “remuneram” o item que possui capital de giro negativo à taxa do CDI (16,20% a.a), agregando à margem de contribuição do mesmo o valor correspondente a este percentual aplicado sobre o valor do capital de giro empregado. Por outro lado, quando o item possui CDG positivo, a empresa “penaliza” a margem de contribuição do item, subtraindo da mesma o valor correspondente à taxa do CDI + 20% (19,44% a.a). Desta forma o custo do capital de giro empregado no item com giro insatisfatório ( CCDG ) pode ser expresso: CCDG = CDG × t Onde: CDG = ganho ou perda de capital de giro empregado no item com giro insatisfatório; t = taxa utilizada conforme a direção do capital de giro provocada pelo item (16% ou 19,44%). O custo do capital de giro é calculado sobre o capital investido no item e não no estoque do item. Nestes termos, a empresa pode possuir um estoque muito superior ao capital de giro empregado no produto, e quando o financiamento do capital de giro de determinado item for totalmente estabelecido pelo fornecedor, a empresa aufere não um custo, mas sim um lucro extra determinado pela aplicação da margem de contribuição do item (no caso do referido estudo CDI de 16%) A elucidação do conceito de CDG para cada item do atacado pode ser definida como: ( PME + PMR − PMP ) CDG = × VE RL Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Onde: PME = prazo médio de estocagem; PMR = prazo médio de recebimento; PMP = prazo médio de pagamento; RL = receita líquida de vendas; e VE = valor do estoque à custo societário (custo de nota fiscal sem ICMS não deflacionado). No cálculo do PME, PMR, PMP e RL foram consideradas as variáveis encontradas nos demonstrativos mensais, ou seja, no caso do PME dividiu-se o valor do estoque dos últimos 30 dias pelo custo das mercadorias vendidas dos últimos 30 dias multiplicado por 30. A consideração dos cálculos mensais facilita comparações ao longo do ano, e aproxima mais das médias móveis durante o período. Na comparação ano a ano, os valores obtidos pelos demonstrativos anuais praticamente seriam os mesmos. Feitas as considerações acima, o custo com todos os IGI ( CIGI ) pode ser expresso como: n CIGI = ∑ (Cpi + Cai + Cgi + Coi + CCDG ) i =1 Onde: Cp = custo de pedir; Ca = custo de receber, armazenar e expedir; Cg = custo de gerenciar distribuição; Co = custo de oportunidade sobre estoques; e CCDG = custo do capital de giro empregado. 3. Análise do Impacto do IGI na Empresa Estudo de Caso 3.1. Retrato do IGI por Unidades de Negócios (BU’s) A Figura 1 mostra a divisão funcional do atacado atendo-se ao departamento de compras. No organograma representado, a divisão hierárquica das BU’s e demais diretorias, elucida qual departamento ou diretoria está alocada em cada unidade de negócio (BU). O presente trabalho concentrará a análise dos IGI no ano de 2003, mostrando a sua evolução no período, assim como, fazer-se-á um retrato setorial dentro do atacado procurando evidenciar os IGI por BU. Atualmente, existem três BU’s para o departamento de compras, quais sejam: unidade de negócios relacionada com os produtos de varejo e alimentos (Varejo Alimentar); unidade de negócios relacionada com produtos de eletro-eletrônicos (Eletro) e a unidade de negócios relacionada com produtos de materiais para construção (Construção). O desmembramento nos níveis abaixo, como apresentado no organograma da Figura 1, apresenta mais detalhadamente os produtos que estão relacionados com as BU’s. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Figura 1 – Organograma do Departamento de Compras do Atacado FONTE: Elaboração própria. Cada BU possui sua diretoria de compras, que por sua vez de dividem em diretorias de células. Diretorias de compras são as que gerenciam todo o processo de compras do atacado, e as células são subdivisões da diretoria de compras. Tais subdivisões objetivam dar maior foco ao negócio, devido o melhor gerenciamento dos compradores. Estes são alocados em cada célula, podendo ter mais de um comprador na mesma célula. Para efeito de estudo não foi mostrada a evolução do IGI em 2003 de cada célula, visto que o intuito do trabalho é a avaliação do impacto do IGI na rentabilidade da empresa como um todo, não tendo necessidade de se trabalhar tamanha divisão e precisão, evitando, assim, que o presente trabalho fique muito extenso sem contudo, trazer grandes contribuições práticas. Como mostrado adiante, na subdivisão por unidades de negócios já é possível enxergar onde o impacto do IGI é maior ou mais concentrado, determinando-se por ora, qual a prioridade para futuras ações corretivas e/ou preventivas. O atacado ainda possui cinco filiais que serão analisadas na consideração do custo do IGI na rentabilidade da empresa na subseção seguinte. A Tabela 1 apresenta os valores encontrados para os custos dos IGI e seus impactos na rentabilidade do atacado estudado. O Gráfico 1 apresenta a evolução do IGI na empresa no ano de 2003 e os Gráficos 2 a 4 apresenta a evolução do IGI por unidades de negócios. Tabela 1 – Custos dos IGI e impacto na Rentabilidade do Atacado (R$) R$ Eletro Construção Varejo Alimentar Empresa Custo pedir 50.655,09 32.540,72 189.507,26 272.703,22 Custo rec/armz/exp. 273.537,51 175.719,89 1.023.339,23 1.472.597,41 Custo gerenciar dist. 712.548,32 457.739,47 2.665.735,52 3.836.025,35 Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Custo Oport. s/ etq. Custo CDG empregado Total Lucro Líquido Empresa % impacto lucro 1.801.069,99 1.157.003,40 438.263,19 465.979,56 3.276.074,10 2.288.983,04 35.340.000,00 35.340.000,00 9,27% 6,48% 6.738.036,07 3.241.675,35 13.858.293,44 35.340.000,00 39,21% 9.696.114,63 4.145.923,33 19.423.363,95 35.340.000,00 54,96% FONTE: Atacado. Gráfico 1 – Evolução IGI - Atacado 2003 90.000.000 12.000 # Ítens 70.000.000 60.000.000 8.000 50.000.000 6.000 40.000.000 30.000.000 4.000 20.000.000 2.000 10.000.000 # Ítens Valor do Estoque dez/2003 nov/2003 out/2003 set/2003 jul/2003 jun/2003 mai/2003 abr/2003 fev/2003 mar/2003 0 jan/2003 0 Valor Estoque (R$ mil) 80.000.000 10.000 Linear (# Ítens) FONTE: Atacado. 800 18.000.000 700 16.000.000 600 14.000.000 12.000.000 500 10.000.000 400 8.000.000 300 6.000.000 200 4.000.000 100 2.000.000 # Ítens Valor do Estoque dez/2003 nov/2003 out/2003 set/2003 jul/2003 jun/2003 mai/2003 abr/2003 mar/2003 fev/2003 0 jan/2003 0 Linear (# Ítens) FONTE: Atacado. Gráfico 3 – Evolução IGI - BU Construção 2003 Valor Estoque (R$ mil) # Ítens Gráfico 2 – Evolução IGI - BU Eletro 2003 Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP 4.500 10.000.000 4.000 # Ítens 3.500 8.000.000 3.000 6.000.000 2.500 2.000 4.000.000 1.500 1.000 2.000.000 500 # Ítens Valor do Estoque dez/2003 nov/2003 out/2003 set/2003 jul/2003 jun/2003 mai/2003 abr/2003 mar/2003 fev/2003 0 jan/2003 0 Valor Estoque (R$ mil) 12.000.000 5.000 Linear (# Ítens) FONTE: Atacado. 3.2.IGI: Análise dos Impactos Diante do retrato apresentado na seção anterior e incluindo a análise por filial, pode-se avaliar, conforme apresentado nos Gráficos 5 e 6, como é o comportamento do estoque e o impacto do IGI dentro de cada unidade de negócios analisada separadamente. Evidenciando onde o impacto na rentabilidade da empresa é maior orientam-se quais seriam as prioridades em caso de futuras ações a serem tomadas para a minimização de tais impactos. Algumas propostas para amenizar os impactos dos IGI são apresentadas adiante. Assim, conforme Gráfico 5, observa-se que dentre as filiais a que gera o maior impacto do IGI na rentabilidade é a filial 1, matriz da empresa. Quanto às BU’s (Gráfico 6), o ranking é liderado pela unidade de Varejo Alimentar. Tais fatos são, até certo ponto, justificáveis visto que a filial 1, matriz da empresa, atende por grande parte do faturamento do atacado (78%) e do estoque armazenado. De forma análoga, o mesmo acontece quando se interpreta os dados referentes às unidades de negócios, pois o volume do faturamento da BU Varejo Alimentar é responsável por aproximadamente 83% do faturamento total do atacado. Gráfico 4 – Evolução IGI – BU Varejo Alimentar 2003 6.000 70.000.000 5.000 60.000.000 50.000.000 4.000 40.000.000 3.000 30.000.000 2.000 20.000.000 1.000 10.000.000 # Ítens Valor do Estoque dez/2003 nov/2003 out/2003 set/2003 jul/2003 jun/2003 mai/2003 abr/2003 fev/2003 mar/2003 0 jan/2003 0 Valor Estoque (R$ mil) # Ítens Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Linear (# Ítens) FONTE: Atacado. Gráfico 5 – Faturamento x Impacto do IGI por Filial 14.000.000 1.800.000.000 1.600.000.000 12.000.000 10.000.000 1.200.000.000 1.000.000.000 8.000.000 800.000.000 6.000.000 600.000.000 4.000.000 Valor Impacto IGI Faturamento 1.400.000.000 400.000.000 2.000.000 200.000.000 0 0 Filial 1 Filial 2 Filial 3 Faturamento 2003 Filial 4 Filial 5 Valor do Impacto IGI FONTE: Atacado. Logo, ao cruzar a participação do faturamento da empresa com a participação do impacto do IGI na rentabilidade da mesma, observa-se que com relação às filiais, a filial 4 possui pior performance neste quesito, visto que participa com 2,2% do faturamento em contraposição de sua participação com 3,7% no impacto do IGI na rentabilidade. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Gráfico 6 – Faturamento x Impacto do IGI por BU 1.800.000.000 16.000.000 1.600.000.000 14.000.000 1.400.000.000 Faturamento 10.000.000 1.000.000.000 8.000.000 800.000.000 6.000.000 600.000.000 Valor Impacto IGI 12.000.000 1.200.000.000 4.000.000 400.000.000 2.000.000 200.000.000 0 0 Varejo Alimentar Construção Faturamento 2003 Eletro Valor do Impacto IGI FONTE: Atacado. Nas BU’s, o pior desempenho neste quesito fica com a BU Eletro, pois participa com 8,5% no faturamento da empresa (contra 8,7% do Com) e contribui com 9,3% com o impacto do IGI (contra 6,5% do Com) na rentabilidade da mesma. 3.2.1. Agenda de Recebimento de Mercadorias: Impacto na Provisão de Caixa Atualmente, o atacado controla mediante agenda de recebimento a entrada de todos os pedidos de compras de mercadorias em suas filiais, especialmente na filial 1 e na filial 2, onde os volumes de recebimento de mercadorias são maiores. Tal controle foi colocado em prática a partir de maio de 2003, devido às grandes variações nas datas de recebimento dos pedidos, principalmente pelo fato de os fornecedores atrasarem as entregas programadas, chegando a gerar desgastes internos e externos e custos desnecessários devido ao processo. Cada filial da empresa tem uma capacidade máxima de recebimento medida em pallets, anteriormente ao controle de recebimento via agenda, em alguns dias tal capacidade tornava-se extremamente ociosa e em outros dias completamente tomada e superada, chegando ao ponto de a área de recebimento físico não conseguir receber todas as mercadorias destinadas à entrega naquele dia, repassando-a para o próximo dia útil e assim por diante. Desta forma, incorria-se em custos desnecessários tanto para a empresa (quando permanecia com capacidade de recebimento ociosa) quanto para os fornecedores, que não conseguiam entregar as mercadorias, devido à capacidade do dia já ter sido preenchida. Os fornecedores eram obrigados a pagar diárias aos motoristas que ficavam parados à espera de vaga para descarregar, onerando o seu processo logístico. Diante de tal situação a empresa, dentre outras medidas, só passou a receber mercadorias de pedidos de compras que estivessem devidamente agendados. Assim, caso Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP algum fornecedor perdesse a data de entrega do pedido, o mesmo teria que contatar novamente a área de compras para reagendar o pedido, em data disponível conforme capacidade de recebimento, para então entregar o pedido. Entretanto, apesar dos grandes ganhos auferidos com tal medida, ainda assim, conforme Gráfico 7, somente pouco mais de 20% dos pedidos de compras são entregues em sua data original, com atraso médio de quase 6 dias, conforme pode-se observar no Gráfico 8. Gráfico 7 - Percentual de Pedidos Atendidos - Data Original Pedido Compras 3 0 ,0 0 Percentual 2 5 ,0 0 2 0 ,0 0 1 5 ,0 0 1 0 ,0 0 5 ,0 0 0 ,0 0 % A genda m ai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 19,77 22,40 21,02 26,75 22,46 23,40 24,48 21,13 % A genda Linear (% A genda) FONTE: Atacado. Gráfico 8 - Atraso Médio – Divergência em Dias 8,00 7,00 Dias 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Dias mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 6,85 5,25 4,84 5,06 5,86 5,57 4,77 6,88 Dias Linear (Dias) FONTE: Atacado. Outro fato relevante a mencionar refere-se que de todos os pedidos feitos no mês, cerca de 32% são cancelados, conforme Gráfico 9. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Logo, a provisão de caixa feita a partir dos pedidos de compras realizados torna-se de sobremaneira afetada, devido ao considerável volume de pedidos cancelados e aos atrasos no recebimento dos pedidos de compras conforme programação e provisão, como colocado acima. 60 Percentual 50 40 30 20 10 0 mai/03 jun/03 jul/03 % Canc. 43,7557 38,9528 28,5701 ago/03 set/03 16,801 48,807 % Canc. out/03 nov/03 dez/03 18,1901 22,0351 38,7537 Linear (% Canc.) Gráfico 9 - Percentual de Pedidos Cancelados por Mês FONTE: Atacado. Tal provisão de caixa, portanto, efetiva-se de pouca utilidade para o gestor financeiro da empresa, principalmente no cenário de curto prazo, devido à sua confiabilidade relativamente baixa em conseqüência de variações tão significantes como as apresentadas. Uma forma de se obter uma provisão de caixa mais precisa e próxima da realidade seria exatamente a adoção de um sistema de acompanhamento de pedidos feitos e dos saldos de pedidos de fornecedores, fazendo com que os pedidos que estão em aberto sejam somente os que realmente serão recebidos naquela data. Outra maneira de se amenizar os prejuízos descritos anteriormente seria a implantação de um projeto que contemple o ressuprimento automático junto aos fornecedores mais importantes ou de maior participação de vendas junto ao atacado. Este método faz com que os estoques da empresa sejam reduzidos, passando-os para o fornecedor, mantendo-se somente o estoque mínimo necessário para a operação normal da empresa, o que pode trazer ganhos significativos, visto esta ser sua atividade principal (compra, armazenagem e distribuição). Obtendo-se uma provisão de caixa mais confiável e próxima à realidade, a empresa terá como saber a curto e médio prazo qual será a sua real necessidade de caixa nos próximos dias ou meses. Este fato possibilitará uma programação mais confiável reduzindo os riscos de ter uma grande necessidade de desembolso de caixa que não fora corretamente provisionada, ou ainda permanecer com capital de giro “parado”, principalmente pela alta exigibilidade dos acionistas, representada aqui pelo custo de capital da empresa, relativamente alto, como colocado anteriormente. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP 4. IGI: Prevenção e Correção dos Custos Conforme as avaliações e mensurações apresentadas nas seções anteriores, observouse que o impacto do IGI na rentabilidade da empresa é bastante relevante. Assim, algumas sugestões são apresentadas abaixo com o intuito de minimizar os problemas atuais e até mesmo preveni-los. Como forma de correção, a primeira ação a ser tomada que pode cogitar torna-se a devolução do estoque de IGI para os fornecedores correspondentes. Entretanto, esbarra-se em questões contratuais onde, geralmente, as devoluções por falta de giro não são contempladas. Para fornecedores em que ocorreram compras com garantia de devolução em casos de a mercadoria não vender/girar satisfatoriamente, tal ação pode ser tomada com o intuito de minimizar os custos para a empresa. Caso contrário, a devolução poderia ocorrer somente via negociação e aceite de ambas as partes, visto que tal procedimento gera ao fornecedor, além dos prejuízos oriundos da própria devolução da mercadoria, custos de frete para o retorno da mesma para seus estoques. Há ainda como correção, a possibilidade de se incentivar a venda dos IGI para melhorar o giro dos mesmos, diminuindo assim os custos gerados. Através de incentivos à força de vendas da empresa, promoções a clientes, descontos nos preços dos produtos, entre outros, pode-se buscar um maior giro dos IGI. Tais incentivos são, geralmente, financiados em parte pelo fornecedor e em parte pela empresa, utilizando-se da margem de contribuição do produto, onde muitas vezes é mais vantajoso para a empresa “se livrar” do IGI com margens de contribuição baixas ou até mesmo zeradas, do que permanecer com o mesmo em estoque com vendas muito baixas e capital de giro comprometido. Pode-se optar também pela troca da mercadoria por outras mercadorias do mesmo fornecedor (visto que a maioria dos fornecedores trabalha com mais de um produto, que possuem volume de vendas geralmente diferentes entre si). Assim, determinado item do fornecedor que não esteja girando de acordo com o planejado pode ser trocado por outro item de maior giro ou demanda de mercado, diminuindo o prejuízo da empresa e do fornecedor, se tivesse que receber a devolução da mercadoria. Tudo isso é claro, mediante acordos e termos contratuais fixados. Por outro lado, preventivamente, também há algumas ações que podem ser tomadas para evitar que determinados itens possam acabar recebendo a denominação de IGI. Primeiramente, tem-se que avaliar qual a causa do problema. O IGI “nasce” devido a inúmeras razões, as quais destacam-se como principais: 9 Apostas em novos produtos e em novas demandas de mercado; 9 Mudanças no ambiente externo que afetam o mercado; 9 Compras de oportunidade. Um atacado distribuidor tem como premissa o atendimento à demanda existente de determinado produto no mercado, logo, o atacado não possui força suficiente para criar demanda para novos produtos lançados. Somente a partir do momento em que tal demanda de mercado existe que o atacado estaria pronto para distribuir tal produto, visto que naturalmente a procura pelo mix que o mesmo oferece já existiria. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Tal demanda deve ser criada pela indústria (visto que esta lançou o produto no mercado) e não pelo atacado que vai distribuir o produto pelos pontos de vendas. Algumas vezes, quando não se tem tal conceito claro (de que o Atacado existe para atender à demandas já existentes, e não para criar demanda por produtos pouco procurados no mercado), a empresa acaba por adquirir produtos, que na maioria das vezes acabaram de ser lançados no mercado e que ainda não se tem dados concretos e confiáveis de que tal produto será procurado pelo consumidor final. Logo, o atacado adquire a mercadoria para revenda mas não consegue fazê-la conforme planejado, visto que os consumidores em sua maioria nem conhecem o produto. Este fato faz com que o varejista (principal cliente do atacado) não procure por este produto, tornando-se um dos IGI do atacado. Tal conceito pode ser traduzido através da premissa: “maior seletividade na introdução de itens no mix de produtos do atacado distribuidor”. Um grande aliado para as avaliações de seleção de produtos são os relatórios publicados anualmente pela ACNielsen, agência que audita dezenas de categorias de produtos em todo país, gerando informações de participação de mercado dos produtos e marcas dos fabricantes que a contratam. Em relação à segunda causa do IGI, algumas situações de mercado podem fazer com que o estoque do atacado distribuidor, que girava normalmente, torne-se IGI, pelo menos por um determinado período. Caso a empresa, através de seus compradores, não fique atenta às oscilações de mercado provocadas por sazonalidade dos produtos, variáveis macroeconômicas ou até mesmo um fato isolado, como supersafras ou quebras de safra de uma commodity no mercado mundial, corre-se o risco de se ter o giro normal afetado. Por último, quando trata-se das compras de oportunidade, principal causa relacionada ao IGI, torna-se muito comum entre os atacados de grande porte o recebimento de propostas de compras em grandes volumes, acima do seu giro normal, principalmente em cenários de pré-alta dos produtos ou de algum desconto ou prazo aparentemente atrativo concedido pelo fornecedor. As compras de oportunidade são estudadas pela empresa, onde o comprador responsável avalia, geralmente com base em experiências anteriores e informações de mercado, se é ou não vantajoso realizar a compra, buscando mensurar o quanto a empresa poderia lucrar com a oportunidade. Entretanto, não se sabe ao certo (com precisão), se a vantagem oferecida pelo fornecedor para a compra de grandes volumes, acima do giro normal da mercadoria, é realmente uma vantagem competitiva, visto que a empresa não mensura se caso a compra for realizada, a mesma cobriria todos os custos logísticos não orçados, como carregamento de estoque, capital de giro envolvido e custo de oportunidade, principalmente sobre o valor do estoque extra que está sendo negociado. O trade-off retorno x risco x liquidez das compras de oportunidade não é avaliado de forma sistemática, com base nos custos decorrentes de tal transação, podendo, no primeiro momento, parecer bastante vantajoso, mas quando efetivamente avaliado e mensurado, tornarse no mínimo bastante inadequado ou inoportuno, visto que os custos decorrentes da Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP transação não seriam cobertos pelo desconto ou prazo adicional oferecido pelo fornecedor para o fechamento da negociação. Logo, fica evidenciado a necessidade da elaboração de um sistema de avaliação do trade-off retorno x risco x liquidez, principalmente para as compras de oportunidade. As compras de oportunidade geram “ressuprimentos” incomuns no atacado, sendo que sua mensuração, através dos custos de armazenagem / carregamento de estoque, do capital de giro envolvido na operação e os custos de oportunidade do capital investido, possibilita inferir se a compra deve ou não ser realizada ou se deve ser negociada alguma condição melhor com o fornecedor para o fechamento da compra, como por exemplo, alguns dias a mais de prazo para pagamento ou algum percentual a mais de desconto no preço da mercadoria. Tal sistema funcionaria basicamente como um simulador de compras, que faria a análise de sensibilidade aos principais quesitos da compra (volume, preço, prazo etc), com o intuito de obter com a maior precisão possível o ponto de equilíbrio da operação, de suma importância para o comprador avaliar a viabilidade ou não da negociação. Em empresas de grande porte, a sua posição de grande compradora e fiel pagadora (se assim consolidada no mercado) pode ajudar de sobremaneira neste tipo de negociação, podendo conseguir condições melhores de negociação, principalmente nas que se referem a preços e prazos de pagamento, transformando-se em vantagens competitivas para a organização. Tais vantagens competitivas geraria maior destaque da empresa junto aos seus concorrentes, ao conseguir distribuir mercadorias a um custo menor, em menor tempo e em maior quantidade, se assim demandado pelo cliente, já que a mesma possuirá estoque para negociações de grandes volumes com seus clientes. Deste modo, nestas compras de oportunidade pode-se aumentar a rentabilidade da empresa e ainda diminuir os riscos da operação, com a correta mensuração e avaliação de cada compra, pois esta daria parâmetros reais para os compradores negociarem tais propostas tornando-se, verdadeiramente, “compras de oportunidade”. 5. Considerações Finais A avaliação do impacto do IGI – Itens com Giro Insatisfatório – na rentabilidade de um atacado distribuidor é de suma importância para se verificar o quanto os produtos com baixa circulação podem afetar a rentabilidade de uma empresa. Conforme elucidado pela avaliação feita no presente estudo de caso, verificou-se que os custos logísticos da operação (custos de pedir, receber, armazenar, expedir e gerenciar a distribuição), os custos de oportunidade do capital empenhado nas mercadorias e do capital de giro empregado na operação com IGI, podem corresponder mais de 50% da rentabilidade líquida de uma empresa do setor. Em um mercado cada vez mais competitivo não é mais possível cobrir os custos provenientes das ineficiências de processo e controle interno das empresas, somente repassando-os diretamente aos preços dos produtos, pois quem dita os preços dos produtos é o mercado, o consumidor, e não os custos de operação das empresas. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP Desta forma, as empresas devem ficar atentas aos seus processos internos, principalmente no que se refere à própria gestão de sua operação, visto que uma inadequada gestão de seus estoques, pode deixa-la menos competitiva e com uma rentabilidade abaixo do esperado pelos acionistas, ameaçando até mesmo a sua perpetuação no mercado. Como o IGI nasce principalmente de algumas compras de oportunidade mal planejadas ou mal analisadas – onde o comprador não sabe com precisão se as oportunidades oferecidas pelo fornecedor para a compra das mercadorias (geralmente em volume muito superior ao giro normal da mesma) são vantajosas ou não – essa deve ser a principal causa a ser combatida. Tal combate pode ser mais efetivo através de um simulador, que auxiliaria o comprador na avaliação da compra de oportunidade oferecida à empresa. Este simulador basicamente poderia trazer o volume a ser adquirido para um ressuprimento nos parâmetros normais da empresa, sem considerar as oportunidades oferecidas pelo fornecedor, e em outro momento qual seria o ponto de equilíbrio de compra, ou seja, quanto se poderia comprar a mais daquela mercadoria, caso o fornecedor ofereça algum desconto, prazo adicional ou ambos ao comprador. O simulador traria com clareza e objetividade a informação ao comprador se o volume proposto para compra pelo fornecedor está dentro dos parâmetros normais estabelecidos pelo sistema (considerando os custos logísticos de pedir, receber, armazenar, expedir e gerenciar a distribuição, bem como, os custos de oportunidade do capital investido e do capital de giro empregado na operação). O sistema nestes moldes elucidaria o comprador, através de análises de sensibilidade, ao prazo adicional, ao desconto proposto, ao volume comprado, entre outros, das principais variáveis que interferem na negociação, dando maior segurança e maiores argumentos ao comprador ao se tentar negociar um prazo adicional de pagamento junto ao fornecedor que viabilize a operação. A correta avaliação do trade-off retorno, risco e liquidez envolvido nas compras de oportunidade realizadas pelo atacado podem reduzir significativamente os riscos de as mercadorias adquiridas nestas compras de oportunidade se tornarem IGI e, conseqüentemente, minimizar o impacto do IGI na rentabilidade da empresa. Tal análise de sensibilidade pode agir como uma vantagem competitiva, quando enxergada como geradora de divisas, pois possibilita ao comprador explorar de forma adequada todas as variáveis da negociação, o que propicia o aumento da rentabilidade da empresa, principalmente se comparada a uma negociação de reposição normal de estoques de mercadorias para revenda. 6. Bibliografia ACNIELSEN. Disponível em: <http://www.acnielsen.com.br> Acesso em: Maio de 2004. CORRÊA, Henrique L. Planejamento, programação e controle da produção: MRP II / ERP: conceitos, usos e implantação. – Henrique L. Corrêa, Irineu G. N. Gianesi, Mauro Caon – São Paulo: Gianesi e Correa Associados: Atlas, 1997. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira – essencial; tradução Jorge Ritter. – 2.ed. – Porto Alegre: Bookman, 2001.MEREDITH, Jack R. Administração da Produção para MBAs / Jack R. Meredith & Scott M. Shaffer; tradução Eliane Kanner – Porto Alegre: Bookman, 2002. Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços – Abordagem Básica e Gerencial. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1998. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Marketing – Edição Compacta – 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2001. NOVAES, Antonio Galvão – Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001. ROSS, Stephen A. Administração Financeira / Stephen Ross, Randolph W. Westerfield, Jeffrey F. Jaffe; Tradução Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 2002. SCHERR, F. C. Modern Working Capital Management. Prentice-Hall, 1989. SLACK, Nigel. Administração da Produção / Nigel Slack, Stuart Chambers, Robert Johnson; tradução Maria Teresa Corrêa de Oliveira, Fábio Alher; revisão técnica Henrique Luiz Correa. – 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002.