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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DM ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS Profa. Dra. Lilian C. Gomes Villas Boas Enfermeira colaboradora do Ambulatório de Diabetes do HCFMRP-USP (2007 – 2013) Membro dos Grupos de Pesquisa: Enfermagem e Diabetes Mellitus, e Atenção Multiprofissional em Diabetes pela EERP-USP. Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem - UNIFEG Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos DIAGNÓSTICO DO DIABETES TIPO 2 TIPO 1 SEQÜÊNCIA DE TRATAMENTOS T. NUTRICIONAL + EXERCÍCIOS MONOTERAPIA COM ADO COMBINAÇÃO DE ADOs ADO + INSULINA INSULINOTERAPIA PLENA (TEIXEIRA, 2007) Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos DM2 Antidiabéticos orais: (TEIXEIRA, 2007) 1- Secretagogos de insulina SULFANILURÉIAS Clorpropamida (Diabinese ®) Glibenclamida (Daonil ®) Glicazida (Diamicron ®) Glimepirida (Amaryl ®) Glipizida (Minidiab ®) 30 minutos antes das refeições Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos DM2 Antidiabéticos orais: (TEIXEIRA, 2007) 1- Secretagogos de insulina METIGLINIDAS Repaglinida (Novonorm®, Prandin®, Gluconorm®) Nateglinida (Starlix®) 30 minutos antes das refeições Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos Antidiabéticos orais: DM2 (TEIXEIRA, 2007) 2- Sensibilizadores de insulina BIGUANIDAS Metformina (Glifage®, Dimefor®, Glucoformin®) GLITAZONAS (OU TIAZOLIDINEDIONAS) Rosiglitazona (Avandia®) Pioglitazona (Actos®) Troglitazona (Rezulin®) Durante ou logo após às refeições Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos DM2 Antidiabéticos orais: (TEIXEIRA, 2007) 3- Redutores da absorção de carboidratos INIBIDORES DA α-GLICOSIDASE Acarbose (Precose®, Glucobay®) Durante as refeições Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos DM2 Antidiabéticos orais: (TEIXEIRA, 2007) 4- Estimuladores de Incretinas (GLP-1) INIBIDORES DA DPP-IV (ou GLIPTINAS) Sitagliptina (Januvia®) Vildagliptina (Galvus®) Durante as refeições INSUL. GLUCAG. Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos DM2 Antidiabéticos orais: (SBD, 2016) 5- Excretores de glicose: Forxiga® nova classe de ADO Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos Insulina: Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos Insulina: • Hormônio protéico formado por duas cadeias interligadas de aminoácidos, não podendo ser administrado por VO devido à sua degradação por enzimas digestivas (SOUZA & ZANETTI, 2007; PIRES & CHACRA, 2008) Ações da Insulina (PACE, 2006) • Estimula a glicogênese, inibe a neoglicogênese e a glicogenólise, principalmente no fígado •Estimula a síntese de proteínas e de RNA; inibe a proteólise; estimula a entrada de aminoácidos nas células •Estimula a lipogênese e inibe a lipólise Ações da Insulina (PACE, 2006) • É indispensável ao transporte de glicose através da membrana celular • Aqui são exceções: a célula nervosa, a hemácia e a célula hepática que não necessitam de insulina para captar glicose. Breve histórico da insulina (SOUZA; ZANETTI, 2000; PIRES; CHACRA, 2008) • 1921: insulina como terapêutica para o DM descompensações agudas tempo de ação curto Insulina Regular cinco injeções diárias para obter o controle glicêmico • 1935: modificação da fórmula para aumentar o tempo de duração adição de zinco, protamina Breve histórico da insulina (SOUZA; ZANETTI, 2000; PIRES; CHACRA, 2008) • 1950: “refinamento” da fórmula mudança na concentração de zinco e redução da protamina insulina de ação intermediária Isofane ou NPH (Neutral Protamine Hagedorn) Até então, as preparações de insulina eram de origem animal (insulina bovina ou suína) Breve histórico da insulina (PIRES; CHACRA, 2008) • Meados da década de 1970: advento da biologia molecular e técnica de DNA recombinante insulina humana sintética • Final da década de 1990: análogos de insulina (de ação ultrarrápida): Lispro e Asparte • Em 2000: análogo ação prolongada: Glargina • Mais recentemente: outros análogos: Detemir (ação prolongada) e Glulisina (de ação ultrarrápida) Breve histórico da insulina (PIRES; CHACRA, 2008) Características das preparações de insulina (SBD, 2016) Concentração (potência) • É medida em unidades (U) • Há frascos com 500U/ml, 100U/ml (BRASIL) e 40U/ml • Insulinas mais concentradas são absorvidas mais rapidamente (U500> U100> U40) Origem • No Brasil, as insulinas são de origem humana (DNA rec.) Características das preparações de insulina (SBD, 2016) Análogos de insulina de ação ultrarrápida Nome comercial Princípio ativo Início de ação Pico de ação Duração Humalog Lispro < 15 min. 2 a 2,5 horas 3a4h Novorapid Asparte 5 a 10 min. 1 a 3 horas 3a5h Apidra Glulisina 1 a 5 min. 0,5 a 2,5 horas 3a4h Características das preparações de insulina (SBD, 2016) Análogos de insulina de ação prolongada Nome comercial Princípio ativo Início de ação Pico de ação Duração Lantus Glargina 1 a 2 horas Sem pico Até 24 h Levemir Detemir 1 a 2 horas Sem pico Até 24 h Características das preparações de insulina (SBD, 2016) Insulinas de ação rápida Nome comercial Humulin R Novolin R Princípio ativo Regular Início de ação 30 a 60 min. Pico de ação Duração 2 a 3 horas 6a8 horas Insulinas de ação intermediária Nome comercial Humulin N Novolin N Princípio ativo NPH Início de ação 2 a 4 horas Pico de ação Duração 6 a 10 horas 14 a 18 horas Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos (TEIXEIRA, 2007) Insulina: Terapia não-farmacológica ineficaz 1 Agente oral 2 Agentes orais • Emagrecimento rápido e inexplicado • Hiperglicemia grave + cetonemia/cetonúria • Doença renal ou hepática • Gravidez • Infecção • Cirurgia • Pós IAM ou AVC 3 Agentes orais Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos (TEIXEIRA, 2007) Tipos de Insulina: Ação Rápida Ação Ultrarápida Ação Intermediária Regular Lispro NPH Pré-mistura Ação Lenta/ Ultra-lenta Ação “basal” DURAÇÃO DA AÇÃO DAS INSULINAS 70 (TEIXEIRA, 2007) Nível glicêmico 60 50 Intermediária 40 Glargina Ultra-rápida 30 Regular 20 10 0 2 4 6 8 10 12 14 horas 16 18 20 22 24 ESQUEMA BÁSICO DE INSULINIZAÇÃO (SBD, 2016) • DM1 recém-diagnosticado ou em cetoacidose diabética: 0,5 a 1,0 U/kg/dia < 0,5 U/kg/dia 0,7 a 1,0 U/kg/dia • DM2: 10 – 15U ou 0,2U/kg/dia em pacientes mais obesos • Proporção: 50% basal e 50% em bolus • Adultos: 1U de insulina: glicemia em + ou - 50 mg/dL • Crianças: 1U de insulina: glicemia em + ou - 100mg/dL Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos (TEIXEIRA, 2007; SBD, 2016) Insulina: Armazenamento Frascos Fechados Frascos Abertos Frascos Abertos Guardados no refrigerador Jogar fora após a data de validade Guardados no refrigerador Jogar fora após três meses Mantidos em temperatura ambiente Jogar fora após um mês Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos (BD Brasil, 2007; TEIXEIRA, 2007) Dispositivos para aplicação de insulina: Seringas 1 ML 1 CC 100 UI 0,5 ML 0,5 CC 50 UI 0,3 ML 0,3 CC 30 UI ESCALA → Dupla ou simples AGULHA→ Conjugada ou fixa Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos (BD Brasil, 2007; TEIXEIRA, 2007) Insulina: Seringas para aplicação AGULHA fixa → não há espaço morto Tratamento medicamentoso do DM: Aspectos teórico-práticos (BD Brasil, 2007) OBSERVANDO A PRESCRIÇÃO Escolhendo a graduação adequada para a dose prescrita Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Dispositivos para aplicação: Canetas Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Novas recomendações: comprimento da agulha • 2009: The Third Injection Tecnique Workshop in Athens (TITAN): 127 especialistas de 27 países para discutir as novas recomendações para aplicação de insulina • Publicação: Frid A. et al. New injection recommendations for patients with diabetes. Diabetes Metab. 2010; 36:S3-S18 • Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD): 2011, 2013 e 2015-2016 Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Novas recomendações: comprimento da agulha The Third Injection Tecnique Workshop in Athens (TITAN) • Comprimento das agulhas disponíveis para seringas: 12,7mm; 9,5mm e 8 mm • Comprimento das agulhas disponíveis para canetas: 12,7mm; 8 mm; 6 mm; 5 mm e mais recentemente, 4 mm • A espessura da pele, independentemente de sexo, idade, raça, tipo físico ou IMC raramente ultrapassa 3 mm Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Novas recomendações: comprimento da agulha The Third Injection Tecnique Workshop in Athens (TITAN) Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: comprimento da agulha Agulhas Indicação 4 mm Adultos (todos os tipos físicos), adolescentes e crianças Dispensável 90º Crianças muito magras podem necessitar de prega cutânea 5 mm Idem Idem Idem Idem Adultos: dispensável Adultos: 90º 6 mm Idem Prega subcutânea Crianças e adolescentes: opcional Ângulo da agulha Crianças e adolescentes: 90º (c/ prega) ou 45º (s/ prega) OBS. Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: comprimento da agulha Agulhas 8 mm Indicação Adultos (todos os tipos físicos), adolescentes e crianças Exclusivamente 12,7 mm adultos obesos ou c/ sobrepeso Prega subcutânea Realizar em todas as aplicações Idem Ângulo da agulha OBS. Adultos: 90º Adultos: avaliação do profissional e se necessário, utilizar ângulo ≠ 90º para evitar aplicação IM Crianças e adolescentes: 45º (sempre) 90º ou 45º avaliação do profissional e se necessário, utilizar ângulo ≠ 90º para evitar aplicação IM Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: preparo para aplicação Retirada do frasco, seringa já preparada ou caneta reutilizável da geladeira: recomenda-se a retirada de 15 a 30 minutos antes da aplicação para reduzir o desconforto e prevenir risco de irritação no local de aplicação OBS: a conservação da insulina preparada em seringa, para uso posterior, deve ser feita posicionando a seringa com a agulha voltada para cima para evitar a obstrução da agulha Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: preparo para aplicação Homogeneização (NPH e pré-misturas): movimento interpalmar, 20 vezes frasco de insulina, caneta e seringa já preparada Injeção de ar no frasco: evita a formação de vácuo e no caso de mistura de insulinas, evita a aspiração da insulina que já está na seringa para dentro do frasco a ser aspirado Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: preparo para aplicação Prega cutânea CORRETA INCORRETA Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (TEIXEIRA, 2007; FRID et al, 2010; SBD, 2016) Regiões recomendadas para aplicação e velocidade de absorção LOCAL TAXA DE ABSORÇÃO Abdome +++ Face Posterior do Braço ++ Nádegas ++ Coxa (não exercitada) + Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: ângulo de aplicação Recomenda-se o ângulo de 90º quando o comprimento da agulha for adequado. Caso a agulha seja maior que a indicada, o ângulo deve ser de 45º, sempre em direção podálica Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: aplicação de insulina Aspiração antes de injetar a insulina: esse procedimento é dispensável quando utilizada agulha de comprimento apropriado Não há evidências de que a aspiração elimina a possibilidade de injeção IM As canetas não permitem o procedimento de aspiração Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: aplicação de insulina Manutenção da agulha no subcutâneo após injetar a insulina: esse procedimento garante que toda a dose foi injetada e impede a saída de insulina Seringa: manter a agulha por, no mínimo, 5 segundos Canetas: manter a agulha por no mínimo 10 segundos Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (BD Brasil, 2007) Técnica de aplicação de insulina: um tipo de insulina 2 1 3 4 ar 5 6 7 8 Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (BD Brasil, 2007) Preparando misturas de insulina Tipo de mistura NPH + Regular NPH + Ultra-rápida Indicação Pode ser utilizada imediatamentamente ou mantida sob refrigeração por até 30 dias. Uso imediato após o preparo Lenta + regular Não tem indicação Glargina + qualquer outra insulina Não tem indicação Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (BD Brasil, 2007) Técnica de aplicação: misturando dois tipos de insulina na mesma seringa 1 2 3 4 ar 5 6 ar 7 8 Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: rodízio dos locais de aplicação Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (FRID et al, 2010; SBD, 2016) Novas recomendações: rodízio dos locais de aplicação Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (BD Brasil, 2007) Ensinando a autoaplicação com seringa Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Ensinando a autoaplicação com seringa Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (TEIXEIRA, 2007; SBD, 2016) Reuso: a importância de orientar os riscos Perda da escala de graduação da seringa Perda lubrificação da agulha e da afiação Risco de quebra ou entorse da agulha Obstrução do fluxo na próxima aplicação Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM (SBD, 2016) Descarte no domicílio: características do frasco coletor Inquebrável Paredes rígidas Resistente à perfuração Boca larga Tampa rosqueável Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Técnica de aplicação: caneta injetora (SBD, 2016) Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Técnica de aplicação: caneta injetora 1 2 4 3 Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Técnica de aplicação: caneta injetora 5 7 6 8 Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Novo dispositivo: caneta injetora sem agulha Insulinoterapia como tratamento medicamentoso do DM Novo dispositivo: caneta injetora sem agulha Referências BD BRASIL. Como utilizar corretamente seringas e agulhas para a aplicação de insulina. São Paulo [on-line], 2007. FRID A, HIRSCH L, GASPAR R, HICKS D, KREUGEL G, LIERSCH J, et al. New injection recommendations for patients with diabetes. Diabetes Metab. 2010;36:S3-S18. PACE, A. E. Assistência de Enfermagem à pessoa com diabetes. Aula ministrada na EERP-USP, 2006. PIRES, A. C.; CHACRA, A. R. A evolução da insulinoterapia no diabetes melito tipo 1. Arq Bras Endrocrinol Metab. 2008; 52(2): 268-78. SAFE-INJECT. Caneta injetora de insulina sem agulha. São Paulo [on-line], 2012. Referências SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da SBD 2015-2016. São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016. SOUZA, C. R.; ZANETTI, M. L. Administração de insulina: uma abordagem fundamental na educação em diabetes. Rev. Esc. Enf. USP, v. 34, n.3, p. 264-70, set. 2000. TEIXEIRA, C. R. S. Insulina e Antidiabéticos Orais. Aula ministrada na Liga de Diabetes da EERP-USP, 2007.