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Quando o Tempo Não Importa
Atravessando os portões do Cemitério de Zaun, Ekko adentra sem se importar
com o mar de olhares em sua direção -- ou melhor, em direção aos seus aparatos de
controle temporal, espada e tudo o mais que deixava ele diferente da maioria. O mar
de olhares é então seguido por um mar de cochichos com perguntas sobre “quem é
aquele rapaz” e o “que quer no meio de enterro do sr. Mathias”.
Alheio a este mar de julgamentos e dúvidas, simplesmente avançou cabisbaixo.
Dedos em riste e rejeição eram coisas que aprendeu a lidar quando brincava junto às
crianças de rua. Apenas andou sem se importar. Atravessou a multidão e parou diante
do caixão. Por três segundos; três eternos segundos, levantou os olhos que
encontraram os olhos marejados de Naíra, a filha de Mathias, agora órfã e do outro
lado do caixão. Naíra contorna o caixão e faz menção de abraçá-lo, mas ele não
corresponde. Ela o abraçou assim mesmo e o agradeceu, mas era como se abraçasse
um poste de concreto: frio e sem reação.
Depois de um tempo, ele disse:
- Desculpa, Naíra, mas não consegui... -- suas palavras saíram trêmulas.
- Eu sei, Ekko.... mas você me salvou. Teve que fazer uma escolha.
- Escolha - repetiu esta palavra três vezes antes de afastá-la e ir até a beira do
caixão e olhar o agora maquiado e sereno rosto do sr Mathias. As marcas do pescoço
esmagado ainda eram visíveis, mas mesmo assim o responsável por cuidar do
cadáver fez um bom trabalho.
Ele pegou na sua sacola um objeto pequeno enrolado em um pano e o depositou
no caixão, próximo à mão de Mathias. Ali havia um presente que o próprio Ekko havia
construído: uma vara de pescar portátil. Era só apertar um botão e num passe de
mágica, uma vara de pescar se alongava e deixava tudo pronto para o uso, era só
colocar a isca. “Ele ia gostar, ah se ia”, Ekko pensa. Era um pescador apaixonado e
era seu hobby favorito. Sempre que podia, deixava a relojoaria para distrair-se com os
peixes de uns poucos rios que ainda não estavam poluídos nas proximidades de Zaun.
Foi com Mathias que Ekko começou a ter interesse pelo tempo e pelas máquinas. Foi
seu aprendiz por algum tempo, antes de sua genialidade e personalidade levá-lo por
outro caminho.
Ekko desvia o olhar por um momento para a sua espada-ponteiro e aperta seu
punho com um misto de dor e raiva. Assim como na hora da morte, dizem que se
consegue ver a vida passando diante dos olhos, nesse exato momento, vem a sua
mente a vida que teve em Zaun até ali. Mathias era talvez o único comerciante a se
preocupar com ele e as crianças de rua. Comida, roupa e até brinquedos. Foi o mais
perto que Ajuna, seu falecido amigo, teve de um pai. Jurou um dia retribuir ao sr.
Mathias pela forma como tratou Ajuna, enquanto ainda era vivo.
Há pouco mais de um dia, foi fazer uma visita e levar o estimado presente, mas
a única coisa que viu quando chegou perto da relojoaria foi dois homens arrastando
Naíra para o beco e um gigante com um braço metálico erguendo Mathias pelo
pescoço. Avançou, lutou e voltou no tempo. Várias vezes -- mas em nenhuma vez
conseguiu salvar os dois juntos. Sempre que voltava ou Naíra era baleada ou Mathias
era esmagado pelo gigante meio homem-meio máquina. Talvez tenha surgido pela
primeira vez o vislumbre de que voltar no tempo não é também estar em dois lugares
ao mesmo tempo.
“Ao mesmo tempo…”, refletiu.
Havia sim uma falha crucial no método e nos seus equipamentos: avançar ou
retornar no tempo só permite atuar em uma coisa de cada vez e não fazer mais de
uma coisa ao mesmo tempo. Sempre confiou na tecnologia e nas suas habilidades,
mas agora a dúvida abalou-o ao passar por isso. Até ter de escolher quem teria que
salvar.
Escolha.
“Escolha” foi uma palavra que ecoou na sua cabeça nos últimos dois dias. Será
que fez a escolha certa? Se por um lado devia o que era hoje ao bom relojoeiro, talvez
deixá-lo sem Naíra fosse pior que deixá-lo amargando a morte da filha. Ao olhar para a
jovem, respira fundo e percebe que, no fim, aprendeu ao mesmo tempo os seus limites
e que fez o melhor que pode e com o melhor resultado. De cabeça tranquila, foi se
retirando. Não queria mais ficar ali.
Naíra não percebeu que Ekko estava indo embora, pois estava ocupada
conversando com um tio. Ao saber que foi Ekko quem salvou Naíra, o tio ficou
estranhamente muito nervoso. Pediu para Naíra acompanha-lo pois alguém queria
conhecê-la...
***
Claro que Ekko não ia deixar as coisas ficar por ali mesmo. Vai até o fundo disso
e saber o porquê de Mathias ter morrido e quem eram aqueles caras e o “Grandão
Meio Máquina”... mas por onde começar, ele não sabia. Talvez a relojoaria; ou talvez
perguntar para Naíra.
- Isso! Perguntar a Naíra e assim, se for preciso, ela abre a loja pra ele! -Pensou ele, orgulhoso pela “brilhante ideia”... mas não hoje, claro. Hoje é o enterro do
pai dela e do seu quase pai, pois era tão bem tratado pelo relojoeiro que o chamava
assim.
Quase pai. Seria estranho ter Naíra por irmã, ele pensa. Definitivamente não era
como irmã que a ele a via, principalmente desde a partida de Vi...
***
Antes de começar a procurar, pretende ir pelas escuras e tenebrosas ruas de
Zaun, até o altar onde repousa a imagem dos que, outrora, fizeram parte de sua vida.
Um belo grafite numa parede. Um altar que o tempo e as pessoas fizeram em honra a
entes queridos falecidos. Várias pessoas que passam por vezes por ali, deixam uma
vela ou outra lembrança menor mesmo sem conhecer aquelas pessoas. Ekko aparecia
sempre que possível ali, para refletir um pouco. Poucos percebem que seu jeito
bonachão e malandro esconde ali também um cientista e filósofo.
Seus aparatos hextec? Ele próprio projetou e construiu. Ter controle sobre o
tempo o deu material sobre o que filosofar a respeito do tempo e como as pessoas o
usam. Dizia ele que “quem não aproveita seu tempo, não merece um segundo a mais
de vida”. Livros? Não escreveu nenhum. Seu brilhantismo e ótima memória o fazem
gravar tudo. Infelizmente, quando seu amigo morreu, pouco pode fazer, mas foi a
partir dali que passou a pensar sobre invocar com zero-drive cópias dele mesmo de
outro ponto do tempo. E agora, com Mathias morto, vai dedicar-se mais a isso. Era
sua promessa para si mesmo!
Chegando no altar-parede, deixa sobre um barril o óculos do amigo morto.
Acende uma vela como sempre fez e deposita junto às outras. Ao mesmo tempo em
que a base da vela toca o altar, ouve um som metálico a alguns metros atrás de si,
numa sincronia tal que um arrepio percorreu a espinha de Ekko antes de se virar e
encarar o que lhe esperava.
Correndo na sua direção, o gigante com o braço mecanizado avança
rapidamente. Instintivamente, Ekko saca sua “Espada-Ponteiro” e avança na direção
do assassino de Mathias, mas é interceptado pelo punho do gigante colidindo com seu
rosto. Com o punho já quase esmagando os ossos, paralisa o tempo com um giro do
seletor da manopla Zero-Drive e retrocede para segundos antes do Gigante avançar.
***
Nota-do-autor-muito-fã-dede-lol-e-que-quebra-texto-de-maneira-anticlimática:
Aqui vocês podem assistir a animação Segundos (Seconds no original) da Riot
para ver como acontece a luta dos dois. A partir daqui a história continua no fim da
animação
Fim da Nota-do-autor-muito-fã- de-lol-e-que-quebra-texto-de-maneira-anticlimática.
***
Com o altar-parede destruído, Ekko não tem alternativa senão voltar novamente
no tempo para um pouco antes da manopla do Gigante explodir e arremessa-lo contra
a parede. De cabeça, calcula em milésimo de segundos a velocidade que ele precisa
levantar, avançar e o ângulo certo.
Usa o seletor do Zero-Drive e retorna logo depois do golpe nos parafusos que
destrói o braço mecânico do gigante. As explosões começam e Ekko se levanta e
arremessa sua espada-ponteiro, que bate no braço mecânico com força suficiente
para girar o braço para cima, em quarenta e cinco graus, e a explosão projeta o
gigante pelo chão, arrastando e raspando seu corpo com violência pelo atrito. O que é
metal solta faíscas e o que é carne vai sendo esfolada e raspada pela força da
explosão; até que simplesmente o atrito força a parada da criatura, agora imóvel e
sangrando, com fumaça saindo das suas partes tecnomatúrgicas.
O altar-mural esta a salvo e Ekko vai até sua espada.
Ao se abaixar para apanhar sua arma, ouve batidas metálicas vindas de um
beco transversal.
É Viktor batendo palmas.
***
- Parabéns, rapaz! É impressionante o que você conseguiu fazer com ele. Eu
fico imaginando como seria este aparato se eles fossem parte integrante de você.
Uma mão hextec talvez. Uma armadura substituindo a pele feita do mais puro e
perfeito metal. Você seria imbatível! Renuncie a carne garoto. Sei que esta com dor.
-Derrubei teu brinquedo, Victor, sem nada de mais. Sua “evolução” – Ekko faz
um gesto de aspas com os dedos - é desnecessária.
- Não discutirei coisas mais complexas com quem ainda não compreendeu
como o mundo funciona, garoto. Vim só buscar meu “brinquedo” - disse Viktor,
repetindo o gesto de aspas com os dedos - como você chama.
Victor caminha em direção ao corpo do gigante caído. Ekko o acompanha com
os olhos e pergunta.
-Não tão longe, “ô das máquina”. Ekko aponta a espada-ponteiro para Viktor e
então pergunta:
- O que você queria com o Mathias?
Viktor para, pensa por alguns instantes e responde:
- Nada sei disso, garoto. Só sei que encontrei uma boa oportunidade de
mostrar o poder da “Evolução” repetindo o que foi feito no Urgot com o irmão do Kan.
O Kan é que queria alguma coisa com esse senhor que, aliás, poderia ter vivido mais
uns anos se tivesse aceitado minha oferta.
- Irmão do Kan? - Ekko pergunta enquanto a apreensão o domina. Kan era um
dos mais terríveis criminosos de Zaun. Chefe de uma organização responsável por
contrabando de materiais ilegais. Ilegais até para os padrões de Zaun!
Uma organização criminosa disposta a “evoluir” seus integrantes com a
pesquisa de Viktor. Ele tinha que impedir isso. A raiva toma Ekko de súbito. Avança
sem nem pensar contra ele, mas antes de chegar perto vê o Gigante se levantar mais
uma vez, antes mesmo de Viktor fazer qualquer coisa. O “Primeiro de Muitos” fala:
Hum... vejo que os reparadores de tecido muscular estão funcionando bem. Ele deve
estar com fome agora por causa da necessidade de biomassa. Viktor olha para Ekko e
diz:
- Vou deixar vocês dois a sós, garoto-lanche. Vamos ver quem termina essa
luta agora. Será um teste e tanto para a tecmaturgia no corpo do irmão do Kan!
Infelizmente manter a carne requer... nutrientes. Ainda vou ter de estudar um meio de
contornar isso. Até lá, boa janta.
O gigante se levanta um tanto cambaleante. Remove da boca o respirador,
junto com um tubo que ia até a garganta e um líquido marrom é expelido junto. A boca
aberta revela uma armação medonha de metal e ossos, como se os dentes normais
estivessem se fundido a uma carnosa substância negra. O gigante entra em um
frenesi insano e avança contra Ekko rápido e desesperado. Ekko, intercepta o gigante
com um golpe de espada no rosto do monstro, que abre um talho grande e fundo o
suficiente para revelar a fusão de metal e osso sob carne da bochecha e da testa. Mas
a criatura sequer sente! Ele golpeia Ekko com um safanão o suficientemente forte para
jogá-lo contra o altar, em cima das velas que agora fazem as roupas e o cabelo de
Ekko pegar fogo.
Do alto da muralha Viktor assiste, tomando nota mental de tudo que está
acontecendo: elevação de força, rapidez, alto limiar de dor... enfim, dados para sua
pesquisa. Sua atenção, contudo, é desviada para um estranho portal negro que se
forma uns vinte metros atrás do irmão do Kan.
***
Ekko se desespera. Gira o seletor do Zero-Drive, mas percebe que ele não
funciona. Tenta se levantar, mas dessa vez o gigante o segura. O fogo no cabelo e
nas roupas alcançam a pele de Ekko que começa a sentir dor, e grita um grito que de
súbito é enforcado pelo forte aperto do monstro. Quando o gigante tenta aproximar o
rosto de Ekko da sua boca, esta é subitamente preenchida por uma ponta de lança
espectral que atravessou sua nuca. O gigante larga Ekko no chão que começa a se
debater e rolar tentando apagar o fogo da roupa e cabelos. De repente, o gigante é
atravessado por dezenas de lanças espectrais consecutivas, até que cai.
Ekko olha para o corpo inerte do gigante e percebe que, mais adiante, a Dama
da Vingança, Kalista, ao lado de Naíra recolhe a força vital do corpo do gigante.
Kalista então fala:
A vingança foi executada!
Naíra então, num último esforço, joga para Ekko um molho de chaves antes de
ter seu espírito tragado. Kalista simplesmente se vai portal a dentro. Ekko não entende
e simplesmente vê o corpo de Naíra caído e ignorando a dor das queimaduras, vai até
o corpo dela. Ele se desespera. Gira várias vezes, entre lágrimas e maldições, o
seletor do Zero Drive sem sucesso. Esta quebrado? Faltou energia? O que houve não
sabia e nem tinha condição de raciocinar. Conferiu os sinais vitais e viu que sim, ela
estava viva, mas não reagia. Correu com seu corpo até o hospital mais próximo
apenas para saber que, dois dias depois, ela não ia acordar nunca mais.
Viktor acompanhou friamente tudo o que acontecera, tomando nota de tudo,
inclusive do fato que se Ekko tivesse aceitado a “evolução” não estaria sofrendo como
estava naquele momento. Ao terminar suas notas, simplesmente se foi.
***
Ekko não conhecia Kalista, nem entendia quem era ou o que fazia. Um mês
depois do ocorrido, solene e tristemente desenhou o rosto de Naíra e do Sr Mathias no
mural-altar. Algumas pessoas ficaram surpresas com as novas adições e o número de
velas e lembrancinhas aumentou muito. Tentou encontrar um pouco de conforto
conversando com os pais que, embora geralmente ausentes, gastaram suas poucas
horas em casa com o filho. Com a sabedoria de vida dos pais, teve ao menos o
coração acalmado e o corpo bem recuperado das cicatrizes. Não revelou a eles
detalhes comprometedores, mas teme no fundo que, se algum dia Viktor ou Kan
souber quem são seus pais, pode ser que ele tenha muitos problemas.
Antes de prosseguir com as investigações, estudou sobre quem era a dama da
vingança e sentiu-se entristecido pelo que aconteceu a Naíra. Não chorou nem se
desesperou. Os últimos acontecimentos o havia tornado mais adaptado às mudanças
e as perdas. O que o ajudou também um pouco, foi lembrar das palavras de um livro
de sabedoria ioniana que possuía uma frase que agora ele entende: “O tempo passa e
as folhas caem, mas não o propósito da folha o de cair”. Ele adicionou mentalmente à
frase uma contribuição sua: “mas é meu propósito saber porque caem”.
Temendo que “o tempo de molho” tivesse dado tempo aos malfeitores agirem
sem a interrupção inconveniente dele, usou o molho de chaves que Naíra lhe dera e
entrou na relojoaria do senhor Mathias numa noite e percebeu tudo revirado. Através
de um diário deixado pelo “quase pai”, juntou as peças do quebra cabeça num insight
insano:
Mathias trabalhara a vida toda num projeto de um Crono-Circuito capaz de
manipular o tempo de qualquer mecanismo e fez tudo às escondidas, até do próprio
Ekko! Viktor andava de olho, pois foi uma das pessoas que o velho relojoeiro ofereceu
seus serviços. Mathias soube, mais tarde, dos objetivos do vilão e mentiu que tinha
destruído o projeto, quando na verdade deu continuidade.
Claro que Viktor não acreditou nisso.
Mathias pediu ajuda a Kan por proteção contra Viktor, mas o próprio “mestre da
evolução” convenceu Kan a facilitar a entrega do projeto em troca de “serviços
evolucionários” no seu irmão. Ekko concluiu pelo diário que, quando Kan resolveu trair
Mathias, foi quando Ekko chegou na loja naquele dia. Ekko também achou uma chave
de fenda comprida suja com sangue endurecido. Provavelmente foi usado pelo sr
Mathias que tentou se defender.
Dias depois, ao conversar com os familiares do sr Mathias, Ekko descobriu que
o tio de Naíra estava de olho no projeto e que iria vender para um criminoso de
Piltover por um bom dinheiro. Não tendo como confrontar as ambições de Kan,
desistiu da ideia até que seu irmão morreu.
Aí tudo fez sentido.
Não era ideia dos bandidos chamar atenção com o assassinato de ninguém,
apenas tomar o projeto. Tanto Naíra quanto o sr. Mathias reagiram na ocasião e os
bandidos então mataram os dois -- ou melhor, matariam se Ekko não tivesse
aparecido. Ao atacar os que ameaçavam Naíra, o irmão de Kan quebrou o pescoço do
sr Mathias que tentou se defender com o que tinha a mão, o que explica a chave de
fenda esquecida pelo chão quando Ekko revirou a loja. Ao perceber a comoção, tanto
o irmão do Kan quanto os meliantes expulsos por Ekko saíram dali o mais rápido que
podiam sem levar o projeto. O irmão de Mathias convenceu Naíra, a única herdeira do
relojoeiro, a convocar a Dama da Vingança para que, quando Kalista cumprisse o
pacto, a moça estaria morta e a loja passaria para ele por direito. Sem ter que encarar
o irmão do Kan ou seus capangas por questão de luto (afinal o gigante seria morto por
Kalista) e nem os familiares do próprio Mathias, ele teria acesso livre a loja e tudo que
lá tivesse.
Após a conclusão, entre alguns relógios tiquetaqueando, Ekko larga no chão
sua lanterna e o diário com a estupefação e indignação de toda a situação e a frieza
absurda por parte do tio de Naíra. Talvez até os capangas tivessem vindo aqui, logo
depois do enterro do irmão do Kan, mas não encontraram nada. Ekko saí dali pisando
fundo, sem se importar com o barulho:
E que se dane se for visto!
***
Após sua preparação matutina para começar o dia, Caitlyn senta-se a mesa
com seu fiel rifle escorado à mesma, enquanto toma seu chá com biscoitos e lê seu
jornal. Se arruma, pega suas coisas e sai para garantir a paz em Piltover, como
sempre. Chegando na delegacia, observa dois homens amarrados e severamente
feridos perto da entrada. Pelo estado deles, concluiu que Vi andou se divertindo essa
noite. Ela entra e vai direto na sala de Vi.
Com os pés em cima da mesa, Vi está com uma de suas mãos descalçadas
das suas luvas e segura um bilhete e o lê, anormalmente séria. Caitlyn a encara e
quando os olhos das duas se encontram, Vi dobra o bilhete e arremessa-o sobre a
mesa fazendo um gesto com a cabeça para que Caitlyn leia. Nele diz:
Oi, Vi:
Esses dois homens são os responsáveis pelo assassinato de Mathias
Karamov, Naíra Karamov e contrabando ilegal. As provas estão todas num
saco, junto com eles.
Estou mandando esse lixo para vocês, pois eles combinam mais com
Piltover.
Ass: Ekko
Depois de ler a carta, Caitlyn volta o olhar para Vi que já esta calçando sua luva
Hextec.
- O que você vai fazer? - pergunta Caitlyn.
Uma Vi com olhos vermelhos de raiva se ergue. Com os pensamentos só nas
lembranças da sua infância ao lado de Naíra e nos gestos bondosos do sr Mathias,
sem olhar para Caitlyn, diz:
- Tô nostálgica!
Vi sai então pisando fundo em direção aos meliantes, ajustando as luvas.
Normalmente Caitlyn ralharia com o comportamento de Vi, mas hoje não. Vai para sua
sala, preencher seus relatórios tomando seu chá, ao suave som da justiça.
Justiça Hextec com alguns cavalos de força...