responsáveis
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RESPONSÁVEIS 1 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 RESPONSÁVEIS Alene Barros de Alencar, Bráulio Matias de Carvalho Camila Alves Machado, Carolina Drummond Barboza, Cleide Maria Carneiro da Ibiapaba, Fernanda Colares de Borba Netto, Fernanda Gadelha Severino, Germana Neri Lopes, Jamille Soares Moreira Alves, Ricardo Viana Falcão, Rita de Cássia Silva Alves, Roselene Soares de Oliveira, Rosemeire Souza Gomes, Rafaela Neres Severino, Sandra W. de Figueiredo Chaves, Selma Furtado Magalhães, Simone Michiles Ramos, Thaís Lobo Herzer, Virginia Angélica Lopes Silveira. SETORES COLABORADORES Escritório da qualidade, Laboratório, Núcleo de Atendimento ao Cliente (NAC), Radiologia, Cirurgia e Engenharia clínica. 2 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 ÍNDICE 1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 7 2. OBJETIVO GERAL ....................................................................................................................... 8 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 8 3. POTENCIAIS UTILIZADORES ...................................................................................................... 8 4. CONFLITOS DE INTERESSE ........................................................................................................ 8 5. FUNDAMENTAÇÃO DO PROTOCOLO ....................................................................................... 9 5.1 GRAUS DE RECOMENDAÇÃO............................................................................................... 9 5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS REFERÊNCIAS ..................................................................................... 9 5.3 VALIDAÇÃO INTERNA E EXTERNA........................................................................................ 9 6. POPULAÇÃO ALVO .................................................................................................................. 10 7. METODOLOGIA....................................................................................................................... 10 8. MATERIAIS NECESSÁRIOS ....................................................................................................... 11 9. CONCEITOS ............................................................................................................................. 12 9.1 SEPSE ................................................................................................................................ 12 9.2 SEPSE GRAVE .................................................................................................................... 12 9.3 CHOQUE SÉPTICO ............................................................................................................. 12 10. ETIOLOGIA ............................................................................................................................ 12 11. INCIDÊNCIA | PREVALÊNCIA HGWA ..................................................................................... 13 12. NOTIFICAÇÃO ....................................................................................................................... 13 13. DIAGNÓSTICOS ..................................................................................................................... 14 13.1 SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA | SRIS........................................ 14 13.2 DISFUNÇÃO CARDIOVASCULAR .................................................................................... 145 13.3 DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA .......................................................................................... 146 13.4 DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA ......................................................................................... 146 13.5 DISFUNÇÃO HEMATOLÓGICA....................................................................................... 146 13.6 DISFUNÇÃO RENAL ....................................................................................................... 147 13.7 DISFUNÇÃO HEPÁTICA ................................................................................................. 147 14. EXAMES COMPLEMENTARES | PACOTE SEPSE .................................................................. 148 15. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO ................................................................................................ 148 3 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 16. FLUXOS ................................................................................................................................. 20 16.1 DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ............................................................... 140 16.2 TRATAMENTO NA 1ª HORA ....................................................................................... 214 16.3 MANUSEIO DE DROGAS VASOATIVAS E INOTRÓPICAS NO CHOQUE SÉPTICO PEDIÁTRICO .. 142 17. CRITÉRIOS DE PERMANÊNCIA NA ENFERMARIA E UCE ........................................................ 23 18. CRITÉRIOS PARA INTERNAÇÃO EM UTIP .............................................................................. 23 19. BASES PARA O TRATAMENTO SEPSE (nível 3) ...................................................................... 23 20. CRITÉRIOS DE ALTA DA UTIP ................................................................................................ 32 21. PLANO DE CUIDADOS ........................................................................................................... 33 22. INDICADORES ....................................................................................................................... 38 23. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 39 24. ANEXOS ................................................................................................................................ 42 4 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 SIGLAS ACCM American College of Critical Care Medicine CCIH Comissão de controle de infecção hospitalar CRM Conselho Regional de Medicina EB Excesso de Base ECG Eletrocardiograma EV Endovenoso HGWA Hospital Geral Waldemar Alcântara HV Hidratação Venosa IC Índice Cardíaco INR International Normalized Ratio IRA Insuficiência renal aguda IRVS Índice de Resistência Vascular Sistêmica ISGH Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar MRSA Estafilococo Meticilino Resistente NAC Núcleo de Apoio ao Cliente PA Pressão Arterial PAD Pressão Arterial Diastólica PAI Pressão Arterial Invasiva PAM Pressão Arterial Média PAS Pressão Arterial Sistólica PCR Proteína C Reativa 5 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 PEP Prontuário eletrônico do paciente PIA Pressão Intra-Abdominal PP Pressão de Pulso PVC Pressão Venosa Central RN Recém-Nascido RVS Resistência Vascular Sistêmica SDRA Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo SG Soro Glicosado SIRS Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica SNC Sistema Nervoso Central SVCO2 Saturação Venosa Central de Oxigênio TAP Tempo de Protrombina TEC Tempo de Enchimento Capilar TGO Transaminase Glutâmico Oxalacética TTPA Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica VIG Velocidade de Infusão de Glicose. 6 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 1. APRESENTAÇÃO Sepse é a principal causa de morbimortalidade entre crianças nas unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIP) (1). A mortalidade por sepse e choque séptico vem sendo reduzida drasticamente nas últimas décadas (2 – 4), porém ainda permanece como importante causa de morte. Em 2002, com a divulgação pelo American College of Critical Care Medicine (ACCM) dos guidelines para tratamento e a abordagem terapêutica guiados por objetivos ocorreu redução da taxa de mortalidade de 39% para 12% do choque séptico pediátrico, sendo que nos Estados Unidos da América (EUA) observou-se queda de 9% para 4,2% da mortalidade por esse agravo (1). Diversos estudos (5-10) testaram a eficácia das medidas estabelecidas e outros mostram a importância e a eficácia das recomendações do guideline de 2002, revisado pela ACCM e divulgado em janeiro de 2009 na Critical Care Medicine (1). Na UTIP do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), a sepse, em especial o choque séptico refratário é a principal causa de morte detectada, associada ou não a outras comorbidades como desnutrição, encefalopatias, pneumopatias, dentre outras. Considerando então, os critérios de gravidade e prevalência dessa patologia o protocolo de sepse foi escolhido para elaboração e implantação prioritárias. A construção desse protocolo foi multidisciplinar e multisetorial, pois o atendimento efetivo do choque séptico começa com diagnóstico precoce de sepse realizado pelo médico, que aciona os serviços relacionados (enfermagem, radiologia, laboratório, 7 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 farmácia, núcleo de apoio ao cliente) com ações coordenadas, rápidas e efetivas para início e continuidade do tratamento desde as primeiras medidas realizadas na enfermaria, passando pela UTIP, unidades de cuidados intermediários (UCE) até o pronto restabelecimento do paciente. 2. OBJETIVO GERAL Redução da mortalidade pediátrica por sepse e choque séptico no HGWA. 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Diagnosticar precocemente quadro de sepse. • Realizar reanimação efetiva com fluidos nos casos de sepse. • Implantar tratamento guiado por objetivos terapêuticos e tempo dependente. • Identificar e controlar foco infeccioso. 3. POTENCIAIS UTILIZADORES Todos os profissionais envolvidos no cuidado da criança com sepse e choque séptico do HGWA (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, setor de laboratório, radiologia, nutrição, gestores e núcleo de atendimento ao cliente). 4. CONFLITOS DE INTERESSE Não há nenhum conflito de interesse por parte dos autores. 8 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 5. FUNDAMENTAÇÃO DO PROTOCOLO Foi adotado o sistema do American College of Critical Care Medicine para classificação por medicina baseada em evidências da força e qualidade que suportam as recomendações deste protocolo conforme abaixo: 5.1 GRAUS DE RECOMENDAÇÃO Nível 1: Validação justificada por evidência cientifica. Nível 2: Justificado por evidência cientifica e fortemente suportada por opinião de especialista em terapia intensiva. Nível 3: Falta adequada evidência cientifica, porém é amplamente suportada por dados e opiniões de especialistas. 5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS REFERÊNCIAS Grau a: Ensaios clínicos randomizados, prospectivos e controlados. Grau b: Não randomizados, investigações de coorte / série histórica. Grau c: Artigos de revisão (peer-review), estudo de série de casos, artigos de revisão “state of the art article”. Grau d: artigos de revisão (não peer-review), livros texto. 5.3 VALIDAÇÃO INTERNA E EXTERNA Validação interna será realizada por profissionais do HGWA. 9 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 Validação externa será realizada pela Sociedade Cearense de pediatria, Sociedade Cearense de Terapia Intensiva e o Conselho Regional de Medicina (CRM). 6. POPULAÇÃO ALVO Pacientes pediátricos internados no HGWA com sinais de infecção ou síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS). 7. METODOLOGIA Foi criado grupo multidisciplinar, com representantes dos setores beneficiários do HGWA, sob a coordenação do ISGH. As seguintes etapas abaixo foram seguidas: As seguintes etapas foram seguidas: • Definição do problema clínico, considerando incidência e elevada taxa de mortalidade da patologia. • Elaboração dos objetivos do protocolo. • Busca nos principais bancos de dados eletrônicos (Medline, CAPES, Up to Date). • Análise crítica dos artigos, em busca da melhor evidência disponível. • Adaptações a partir das principais diretrizes sobre o tema, ajustando para a população-alvo e para instituição. • Elaboração do protocolo escrito. 10 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Organização dos fluxogramas diagnósticos, estratificação de risco e tratamento. • Definição do plano de cuidados para cada profissional da equipe multiprofissional. • Realização de mapeamento do processo e seus possíveis fechamentos de acordos. 8. MATERIAIS NECESSÁRIOS MATERIAIS Para ressuscitação cardiorrespiratória: tubo endotraqueal, laringoscópio, ambu, máscaras, ventiladores mecânicos, desfibrilador; Glicosímetro e fitas de glicemia; Cateter venoso central (duplo lúmen). EQUIPAMENTOS Monitor cardíaco com oximetria de pulso e PA não invasiva; Bomba de infusão; MEDICAMENTOS Para atendimento de urgência: cristalóides, colóides, analgésicos, sedativos, medicações utilizadas em PCR; Antibióticos. EXAMES LABORATORIAIS Gasometria arterial, lactato e hemoculturas. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Paciente pediátrico com critérios diagnósticos de sepse, sepse grave ou choque séptico. 11 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 9. CONCEITOS 9.1 SEPSE Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) na presença ou resultante de infecção suspeita ou comprovada. 9.2 SEPSE GRAVE Sepse associada à disfunção cardiovascular ou síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), ou sepse associada a outras 2 ou mais disfunções orgânicas. 9.3 CHOQUE SÉPTICO Definido por sepse com disfunção cardiovascular. 10. ETIOLOGIA Sítios mais frequentes de infecção: • Pulmonar (20-30%) • Abdominal (20%) • Urinário (15-20%) Bactérias: • Gram positivas em mais de 50% dos casos • Gram negativas em 35 a 40% dos casos (11). 12 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Culturas: positivas em menos de 60% dos casos, com aumento das cepas MRSA. (21). 11. INCIDÊNCIA | PREVALÊNCIA HGWA • Brasil, entre 1998 a 2005: 202.192 casos de sepse grave, mortalidade de 20 a 39% (20). • Estados Unidos: mortalidade aproximada de 10%, sendo a sepse grave mais frequente em lactentes jovens e no sexo masculino. • Sítio mais frequente de infecção: respiratório (37%) e bacteremia primária (25%) (11). • UTIP do HGWA: sepse e choque séptico refratário são a principal causa de morte. 12. NOTIFICAÇÃO LISTA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA 1. Coqueluche. 2. Dengue. 3. Doença Meningocócica e outras Meningites. 4. Hepatites Virais. 5. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical 6. Influenza humana por novo subtipo. 7. Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados). 13 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 8. Leishmaniose Visceral. 9. Leptospirose. 10. Paralisia Flácida Aguda; 11. Rubéola; 12. Sarampo; 13. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS 14. Tétano. 15. Tuberculose. 16. Violência doméstica, sexual e/ou outras violências. 13. DIAGNÓSTICOS • Sepse = SRIS + Infecção • Sepse Grave = Sepse + disfunção cardiovascular ou SRDA ou outras 2 disfunções orgânicas • Choque Séptico = Sepse + Disfunção Cardiovascular 13.1 SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA | SRIS Quadro 1: Presença de dois ou mais dos critérios abaixo, em que, um deles deve ser, obrigatoriamente, temperatura anormal ou contagem leucócita: Temperatura > 38°C ou < 36°C Taquicardia – Frequência cardíaca (FC) maior que 2 desvios padrão acima do normal para a idade na ausência de estímulos externos, de uso crônico de drogas ou dor. (elevação inexplicada e persistente da FC: 30 minutos à 4h) – (tabela 1) OBS: crianças < 1 ano, bradicardia também deve ser considerada. Bradicardia – FC menor que o percentil 10, na ausência de estímulo vagal externo, drogas beta-bloquedoras, ou cardiopatia congênita. (tabela 1) 14 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Taquipnéia – Freqüência respiratória (FR) maior que 2 desvios padrões acima do normal para a idade ou necessidade de ventilação mecânica (VM) por processo agudo que não seja doença neuromuscular ou tenha recebido anestesia geral. (tabela 1) • Leucocitose ou leucopenia não secundária a quimioterapia, ou neutrofilia com mais de 10% de formas jovens. (tabela 1) Tabela 1: Variáveis laboratoriais e dos sinais vitais relacionados à idade Idade Taquicardia (bpm) Bradicardia (bpm) FR (irpm) Leucócitos / 10³ mm PAS/ mm Hg Pressão Perfusão (mmHg) 0-1 sem >180 <100 >50 > 34 < 65 55 1sem-1mês >180 <100 >40 >19,5 ou < 5 < 75 55 1mês-1ano >180 <90 >34 >17,5 ou < 5 < 100 60 2-5 anos >140 NA >22 >15,5 ou < 6 < 94 65 6-12 anos >130 NA >18 >13,5 ou < 4,5 < 105 65 13-18 anos >110 NA >14 >11 ou < 4,5 < 117 65 13.2 DISFUNÇÃO CARDIOVASCULAR Necessária a presença de pelo menos 1 dos critérios abaixo: Apesar da administração de fluidos isotônicos acima de 40 ml/kg em 1hora evidencia-se: 1. Redução da PA < percentil 5 para idade ou PAS < 2 desvios padrão do normal para idade. 2. Necessidade de droga vasoativa para manter PA normal (dopamina ou dobutamina > 5 mcg/kg/min, adrenalina ou noradrenalina em qualquer dose). 15 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 Ou 2 dos seguintes critérios secundários: 1. Acidose metabólica inexplicada (BE > 5.0 mEq/l); 2. Lactato arterial (2x acima do limite da normalidade ou aumentando); 3. Oligúria (débito urinário ≤ 0,5ml/kg/h). 4. Tempo de Enchimento Capilar (TEC) prolongado > 5 segundos 5. Diferença de temperatura central (esofágica ou retal) e periférica com gap > 3ºC 13.3 DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA Necessária a presença de pelo menos 1 dos critérios abaixo: PaO2/FiO2 < 300 na ausência de cardiopatia congênita ou doença pulmonar prévia. PaCO2 > 65 mmhg ou 20 mmhg acima do valor basal de PaCO2 Necessidade comprovada de FiO2 > 50% para manter saturação ≥ 92%; Necessidade NÃO eletiva de VM (invasiva ou não-invasiva). 13.4 DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA Necessária a presença de pelo menos 1 dos critérios abaixo: Escala de coma de Glasgow ≤ 11; Alteração aguda da consciência (redução da Escala de Glasgow maior que 2 pontos do basal). 16 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 13.5 DISFUNÇÃO HEMATOLÓGICA Necessária a presença de pelo menos 1 dos critérios abaixo: Contagem de plaquetas < 80.000 ou redução > 50% do maior valor dos 3 últimos dias (para pacientes com doenças onco-hematológicas crônicas); INR >2. 13.6 DISFUNÇÃO RENAL Necessária a presença de pelo menos 1 dos critérios abaixo: Aumento da creatinina sérica superior a 2x o valor normal para idade; Creatinina sérica com aumento superior a 2x o valor basal do paciente. 13.7 DISFUNÇÃO HEPÁTICA Necessária a presença de pelo menos 1 dos critérios abaixo: Bilirrubina total ≥ 4mg/dl (não aplicável para recém-nascidos); Aumento de TGO sérica maior que 2x o limite superior da normalidade. 14. EXAMES COMPLEMENTARES | PACOTE SEPSE • Hemocultura (02 amostras); • Lactato arterial e PCR; 17 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Gasometria arterial; • Hemograma completo; • Bilirrubinas, TGO e TGP; • TAP E TTPA; • Uréia, creatinina; • Glicemia, sódio, potássio e cálcio; • Sumário de urina; • Outras culturas conforme quadro clínico (uricocultura, aspirado traqueal); • Ecocardiograma nos pacientes com choque séptico. 15. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO • Após diagnóstico de sepse Após diagnóstico de sepse, realizar classificação de gravidade do quadro clínico. • Verificar presença de disfunção cardiovascular que caracteriza choque séptico. • Na ausência de disfunção cardiovascular, verificar presença de SDRA, ou de duas (2) ou mais disfunções orgânicas que caracteriza sepse grave. • A estratificação da gravidade é importante para direcionar a abordagem terapêutica. • A estratificação será realizada de modo informatizado no prontuário eletrônico do paciente (PEP) pelo médico que realizou a avaliação inicial. • A imediata classificação será diferenciada por cores no PEP sinalizando a prioridade desse paciente para os serviços relacionados (laboratório, radiologia, farmácia, NAC). 18 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 16. FLUXOS 16.1 DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 19 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 16.2 TRATAMENTO NA 1ª HORA 20 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 16.3 MANUSEIO DE DROGAS VASOATIVAS E INOTRÓPICAS NO CHOQUE SÉPTICO PEDIÁTRICO 21 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 16.4 GERENCIAMENTO DO PROTOCOLO 22 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 17. CRITÉRIOS DE PERMANÊNCIA NA ENFERMARIA E UCE Pacientes com diagnóstico de sepse que responderam adequadamente as medidas terapêuticas instituídas atingindo os objetivos iniciais. 18. CRITÉRIOS PARA INTERNAÇÃO EM UTIP Pacientes classificados como sepse grave e choque séptico. 19. BASES PARA O TRATAMENTO SEPSE (nível 3) TRATAR DOENÇA DE BASE Via aérea, oxigenação e ventilação adequadas: intubação precoce e ventilação com estratégias protetoras. É uma decisão clínica e esperar por exames laboratoriais não é recomendado; Repor volume circulante. Corrigir fatores inotrópicos negativos, aumentar contratilidade cardíaca e diminuir a resistência vascular periférica. Circulação e FC dentro da normalidade – acesso vascular seguro para infusão de fluidos e drogas vasoativas (cateter central duplo lúmen ou DOIS acessos venosos periféricos inicialmente). OBJETIVOS TERAPÊUTICOS INICIAIS (nível 3) • Enchimento capilar ≤ 2segundos • Nível de consciência • Pulsos normais • PA normal para idade • Extremidades quentes • Glicemia normal • Débito urinário >1 ml/kg/h • Cálcio iônico normal 23 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 MONITORIZAÇÃO MÍNIMA NECESSÁRIA (na Enfermaria) (nível 3) Oximetria de pulso Medida de PA Diurese horária Traçado de ECG Temperatura Controle de glicemia e cálcio sérico MONITORIZAÇÃO RECOMENDADA (na UTI e de 1/1h) (Nível 3) Pressão venosa central (PVC) Saturação venosa central (SvcO2) Pressão arterial invasiva (PAI) Temperatura central esofágica ou retal Pressão de perfusão (PP) Controle do débito urinário (SVD) OBJETIVOS TERAPÊUTICOS NA UTIP(Nível 3) Enchimento capilar < 2 segundos Saturação venosa central > 70% Pulsos normais Normalização do INR Extremidades quentes Normalização do anion gap Débito urinário > 1ml/kg/h Glicose e normal Nível de consciência adequado Cálcio normal Redução do lactato Pressão de perfusão normal para idade (redução de 5% ou depuração de 10% em 4 (PP = PAM – PVC ou PAM-PIA) a 6h) ANTIBIOTICOTERAPIA Antibióticos (ATB) endovenosos de amplo espectro devem ser iniciados na 1ª hora do reconhecimento da sepse grave, após coleta de culturas apropriadas. Segue abaixo orientação para início do ATB correlacionado com o sítio de infecção. ANTIBIOTIOTERAPIA EMPÍRICA DE ACORDO COM O SÍTIO DE INFECÇÃO SÍTIO DE INFECÇÃO ANTIMICROBIANO PRECONIZADO Desconhecido Piperacilina + Tazobactam+ Vancomicina Pulmonar Piperacilina + Tazobactam Urinário Piperacilina + Tazobactam Partes Moles Vancomicina OBSERVAÇÕES: 1. Em pacientes internados a menos de 3 dias, direcionar cobertura para os germes 24 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 comunitários mais prevalentes do sítio suspeito; 2. Para pacientescom história de uso de Piperacilina- Tazobactam nos últimos 15 dias, substituir a mesma por Carbapenêmico; 3. Substituir Vancomicina por Teicoplanina em pacientes com maior risco de agravamento de função renal; 4. Considerar culturas já realizadas pelo paciente para decidir cobertura antimicrobiana. RESSUSCITAÇÃO VOLÊMICA (Nível 2) • Infusão em bolus de 20 ml/Kg (cristalóide isotônica ou albumina a 5%) a cada 10 a 15 min. Em geral, necessários 40 a 60 ml/kg de solução isotônica na 1ª hora. • Monitorizar FC, débito urinário, perfusão capilar e nível de consciência. • Avaliar sinais de sobrecarga de volume antes de cada expansão (hepatomegalia, estertores pulmonares bolhosos e ritmo de galope). • Verificar e corrigir hipoglicemia e hipocalcemia se presentes precocemente. • Monitorização seriada da PVC a ser analisada dentro do contexto global e comparativo, nunca isoladamente, auxiliando na orientação da intensidade da reposição volêmica. • Taxa de administração de fluídos deve ser reduzida na presença de sinais clínicos de adequada pré-carga sem correspondente melhora hemodinâmica. VASOPRESSORES E INOTRÓPICOS (Nível 2) • Iniciar vasopressores se ressuscitação volêmica adequada falha em restabelecer PA e perfusão. • Vasopressores podem ser usados para manter a perfusão quando a hipotensão for grave, mesmo no decorrer da ressuscitação volêmica. • Dopamina pode ser utilizada como vasopressor e inotrópico no choque séptico na 1ª hora mesmo por acesso venoso periférico. • Sugere-se iniciar dopamina na dose de 5 a 10mcg/kg/min. • Altas doses de dopamina perdem efeito inotrópico, devendo-se associar DOBUTAMINA (5 a 20mcg/kg/min) ou MILRINONA (0,25 a 1mcg/kg/min - sem dose de ataque). • Pacientes que não respondem a dopamina e dobutamina em doses ≥ 15mcg/kg/min são classificados como choque resistente à dopamina refratário a líquidos. 25 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Choque resistente a dopamina (associado à hipotensão) pode ser revertido com noradrenalina ou adrenalina, conforme classificação em CHOQUE FRIO OU QUENTE. CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO DO CHOQUE FRIO SINAIS DE CHOQUE COM PA E RVS BAIXAS (Nível 2) • Extremidades frias e rendilhado cutâneo. • Má perfusão periférica - enchimento capilar lento (TEC > 3seg). • PAd baixa (< ½ da PAs). • PP alargada. • PAM baixa. • Pulsos periféricos fracos. • Débito urinário diminuído (< 1 ml/kg/h). PACIENTES APRESENTANDO TAIS SINAIS SUGERE-SE: • Adrenalina ( 0,05 a 0,3mcg/kg/min) em bomba de infusão contínua (BIC), titulada com novas expansões. • Verificar SvcO2: se < 70% com Hb < 10mg/dL transfundir concentrado de hemácias(CH). • Se SvcO2 permanecer < 70% e hipotensão considere norepinefrina. • Após PA adequada pode ser associado dobutamina ou milrinona para melhorar SvcO2 e IC. • Considerar Levosimendan. SINAIS DE CHOQUE FRIO COM PA NORMAL E ALTA (Nível 2) • Extremidades frias. • Pulsos fracos ou ausentes. • Má perfusão periférica - enchimento capilar lento (TEC> 3seg). • PP estreitada. • Aumento relativo da PAd com PAM normal. PACIENTES APRESENTANDO TAIS SINAIS SUGERE-SE: • Adrenalina (Dose: 0,05 a 0,3mcg/kg/min) em BIC, titulada com novas expansões. • Verificar SvcO2 se < 70% com Hb < 10mg/dL transfundir CH. 26 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Caso SvcO2 permanecer < 70% iniciar vasodilatador (nitroprussiato de sódio) em doses baixas e titular. Manter vigorosa reposição de fluídos para manter pré-carga adequada. • Milrinona pode ser opção. Hipotensão é principal efeito colateral podendo ser controlada com associação de baixas doses de noradrenalina e volume. • Considerar Levosimendan. CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO DO CHOQUE QUENTE SINAIS DE CHOQUE COM PA E RVS BAIXAS (Nível 2) • Rubor de extremidades • Enchimento capilar rápido (TEC < 2seg) • Pulsos cheios ou oscilantes • PAdbaixa (< ½ da PAs) • PP alargada • Pressão arterial média (PAM) baixa • Débito urinário diminuído (<1ml/kg/h) PACIENTES APRESENTANDO TAIS SINAIS SUGERE-SE: • Noradrenalina ( 0,05 a 0,2mcg/kg/min.), titulada com novas expansões de fluídos. • Se SvcO2 < 70% e permanecer hipotensão associar Vasopressina (Encrise®). • Nesses casos, recomenda-se associar baixas doses de adrenalina ou dobutamina para efeito inotrópico. • Impõem-se monitorização da SvcO2. TRATAMENTO DE CHOQUE REFRATÁRIO CHOQUE REFRATÁRIO: É definido como presença de hipotensão arterial em pacientes que receberam reposição volumétrica adequada, com choque resistente a dopamina e que persiste apesar do uso de adrenalina ou noradrenalina. NESSES CASOS DEVEMOS CONSIDERAR USO DE HIDROCORTISONA NOS SEGUINTES CASOS: • Pacientes com suspeita de insuficiência adrenal e infecção do SNC • História de uso crônico de corticóides • Pacientes com lesões purpúreas ou petéquias 27 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 DOSE: INTERMITENTE OU BIC, VARIANDO DE 1-2mg/DIA ATÉ 50mg/Kg/DIA (Nível 3) • Realizar reposição contínua de líquidos de acordo com resposta clínica (pulso, PVC, pressão de perfusão e saturação venosa central). • Considerar uso de albumina ou Soro Fisiológico albuminado a 5% em pacientes que receberam mais de 60 ml/kg. (Nível 3) • Manter HV com SG a 10% com objetivo de manter glicemia entre 80 e 150mg/dl. Em casos de hiperglicemia, não reduzir aporte glicêmico e sim utilizar insulina. (Nível 3) • Manter hemoglobina > 10g/dl, para transporte de O2 adequado (9, 19). (Nível 3) • Administrar plasma fresco congelado naqueles que permanecem em choque com INR prolongado, em infusão lenta e nunca em bolus. (Nível 3) OUTRAS CONSIDERAÇÕES RELEVANTES A SEREM LEMBRADAS NA PRESENÇA DE CHOQUE REFRATÁRIO: • Perda hídrica para TERCEIRO espaço perdura por até 72h e pode exigir inúmeras repetições de reposição de fluídos para manter volume do intravascular. • Na sobrecarga hídrica superior a 10% do peso corporal iniciar diurético. Ausência de resposta indica diálise peritoneal ou hemodiálise precoce, antes da insuficiência renal. (Nível 3) • Noradrenalina > 0,2mcg/kg/min perde efeito inotrópico predominando efeito vasopressor até dose máxima de 2mcg/kg/min. Assim, associar dobutamina ou milrinona. Noradrenalina em doses elevadas aumenta consumo miocárdico de O2 e seu uso é restrito em cardiopatas prévios. • Hipotireoidismo pode ocorrer em síndrome de Down, enfermidades do SNC e estados de pan-hipopituitarismo. Se T4 ou T3 baixos, repor Tiroxina oral ou Liotironina EV. (Nível 2) • No choque refratário, procurar e tratar condições associadas como: derrame pericárdico, pneumotórax, insuficiência adrenal, perda oculta de sangue, hipertensão intra-abdominal, tecido necrótico, controle inapropriado da infecção e imunossupressão. (Nível 2) 28 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 OUTRAS CONDUTAS NO CHOQUE SÉPTICO: PROTEÍNA C ATIVADA: • Uso em pediatria ainda não pode ser indicado. FATOR ESTIMULADOR DE COLÔNIA DE GRANULÓCITOS: • Destinadas àqueles pacientes com neutropenia séptica secundária a quimioterapia ou a deficiência primária de leucócitos. PROFILAXIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA: • Não há dados que indiquem heparina na prevenção de trombose em crianças. PROFILAXIA DA ÚLCERA DE ESTRESSE: • Sugere-se bloqueadores de H2 na profilaxia. • E uso de bloqueadores de bomba de prótons (omeprazol) nos pacientes que apresentaram sangramento ou fatores de risco elevado (plaquetopenia, úlceras, distúrbios coagulação). ANALGESIA E SEDAÇÃO: • Sugerido Ketamina com atropina para sedação prévia à intubação por melhorar a estabilidade cardiovascular, que pode ser mantida na sedação em pacientes em VM (14, 15,16,17) . • Etomidato não é recomendado. USO DE HEMODERIVADOS: RECOMENDA-SE EM PACIENTES COM: • Plaquetopenia (<40.000) repor 1 UI para cada 4Kg. • TAP prolongado usar vitamina K 5mg. • TTPA alargado transfundir plasma ou crioprecipitado. CONTROLE DA GLICEMIA: • Evitar a hiperglicemia, bem como a hipoglicemia, mantendo entre 80 a 150 a glicemia. (VIG de 8, 5 e 2mg/kg/min respectivamente em RNs, crianças e adolescentes) (18). NUTRIÇÃO: • Oferta de glicose com HV de manutenção com SG a 10%. • Preferir alimentação enteral sempre que houver peristaltismo adequado. Considerar nutrição parenteral para evitar jejum prolongado. Seguir Rotina de Nutrição Enteral 29 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 Precoce no Paciente Crítico. 20. CRITÉRIOS DE ALTA DA UTIP • Melhora clínica, estabilidade hemodinâmica e respiratória, sem dependência de medidas de suporte hemodinâmico e sem suporte ventilatório. 21. PLANO DE CUIDADOS PLANO DE CUIDADOS MÉDICOS NA SUSPEITA DE SEPSE O MÉDICO DEVERÁ SEGUIR AS SEGUINTES ORIENTAÇÕES: • Preencher check-list de diagnóstico de sepse no PEP. • Comunicar enfermeira abertura do código sepse. • Iniciar e manter de imediato as medidas de tratamento preconizadas, bem como as reavaliações freqüentes necessárias até que o paciente seja transferido para a UTIP. • Solicitar exames do “pacote sepse”. • Prescrever ATB de amplo espectro. • Solicitar vaga de UTIP passando quadro clínico do paciente para médico da UTIP. • Acompanhar paciente durante a transferência para UTIP. PLANO DE CUIDADOS ENFERMAGEM 30 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 ENFERMAGEM DA CLÍNICA PEDIÁTRICA: Identificar e comunicar ao médico sinais clínicos de hipotermia, hipertermia, taquipnéia, taquicardia, alteração do sensório. APÓS ABERTURA DO CÓDIGO SEPSE, TOMAR AS SEGUINTES PROVIDÊNCIAS DE IMEDIATO: • Comunicar ao NAC e ao laboratório abertura do código sepse. • Monitorização indicada com registro de 15/15 min (Temp, FC, FR, PAM não invasiva) e instalar oxigênio. • Providenciar dois acessos venosos periféricos e instalar reposição volêmica imediata. • Administrar ATB em até no máximo 1 hora. • Monitorizar débito urinário e glicemia • Acompanhar paciente durante transferência para UTIP. ENFERMAGEM DA UTI PEDIÁTRICA: • Providenciar e instalar monitorização indicada (FC, FR, PAM invasiva, temperatura esofágica e PVC). • Providenciar materiais para acesso venoso central (AVC). • Providenciar material para entubação endotraqueal e suporte ventilatório. • Providenciar monitorização do débito urinário e glicemia. • Revisar prescrição / check list para o inicio do tratamento. • Coletar amostra de sangue para gasometria de acesso venoso central. PLANO DE CUIDADOS LABORATÓRIO • Coleta dos exames “PACOTE SEPSE” em até 15 min após acionamento do código sepse. • Coletar culturas antes da administração da 1ª dose de ATB. 31 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Emitir resultado do lactato, gasometria arterial em no máximo 15 minutos após coleta. • Resultados da Hb, leucócitos totais, plaquetas e glicemia não devem exceder 60 min. • Resultados dos demais exames sairão em 3 horas (exceção das culturas). • Anotar na ficha de gerenciamento horário de entrega do resultado do lactato. PLANO DE CUIDADOS FARMÁCIA LIBERAR ATB PRESCRITO PRONTAMENTE AO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM QUE SOLICITAR A MEDICAÇÃO. OBS.: Para liberação do ATB é necessária prescrição médica que deverá conter a dose, posologia da medicação prescrita, independente da autorização da ficha de solicitação de antimicrobianos pela CCIH ou profissional responsável, garantindo que a 1ª dose do ATB seja administrada em até 60 min da confirmação do código sepse. PLANO DE CUIDADOS NAC • Comunicar ao laboratório, cirurgião de plantão, radiologia e UTI abertura do código sepse. • Anotar horário da comunicação do código sepse aos setores. • Providenciar com máxima urgência a prioridade de alocação do paciente na UTIP. • Priorizar solicitações de exames e pareceres para o paciente com sepse. PLANO DE CUIDADOS FISIOTERAPIA NA ENFERMAGEM | CLÍNICA PEDIÁTRICA 32 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 1. Avaliar Saturação O2. Se SatO2< 93%, iniciar oxigenioterapia : catéter nasal ou máscara de venturi. 2. Avaliar FC e FR 3. Avaliar necessidade VNI :CPAP ou BIPAP NA UTI PEDIÁTRICA - Com uso da VNI houve melhora na SatO2 e do padrão respiratório: avaliar desmame da VNI. -Se não houve melhora clínica, dos parâmetros hemodinâmicos e laboratoriais: considerar intubação orotraqueal (IOT). 1. Avaliar raios-X de tórax com objetivo de investigar se há foco pulmonar com risco para SDRA: -Rx apresenta infiltração bilateral, índice de oxigenação (IO2= PaO2/fiO2) < 100, hipoxemia refratária a altas concentrações de O2 e SatO2< 90% => iniciar Ventilação Mecânica Protetora. - Evitar pressão de pico acima de 30 cmH20. - Ventilar preferencialmente a Pressão Controlada (PC). - Se houver necessidade de ventilar a Volume (VC), usar volumes baixos (6 - 8ml / Kg de peso) - Utilizar um valor de PEEP suficiente para manter uma boa saturação. Se possível, calcule a PEEP ideal de acordo com o recrutamento alveolar. 2. Evitar hiperventilação com ambu. 3. Eleger o mesmo posicionamento do paciente para favorecer as trocas gasosas e melhorar a SatO2. 4. Durante a higiene brônquica, utilizar Sistema de Aspiração Fechado para não causar despressurização e consequentemente perda de recrutamento alveolar. 5. Selecionar técnicas de higiene brônquica e expansão pulmonar de acordo com o quadro clínico do paciente. 6. Realizar cinesioterapia após estabilização hemodinâmica. 33 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 7. Avaliar os seguintes parâmetros para programar a extubação: -Controle ou reversibilidade do processo que causou o início da VM; -Presença de drive respiratório; -Nível de consciência adequado; -pH entre 7,3 e 7,5; -PaO2 > 80 com FiO2 = 0,3 e PEEP = 5; -Quando em VM, deixar em PSV durante 30 minutos com: PS = 10; FiO2 = 30%; FR= 0; PEEP = 5. -Avaliar sinais clínicos (FC, FR e SatO2) e gasometria arterial. 8. Avaliar necessidade de VNI ou oxigenioterapia após extubação. PLANO DE CUIDADOS NUTRIÇÃO • Fazer avaliação nutricional baseado na história clínica, anamnese alimentar, exame físico, medias antropométricas e dados laboratoriais (22) • Iniciar nutrição quando a situação metabólica do paciente estiver estável, com inicio em até 48 horas. (23) • Determinar a via de alimentação e o método de administração de acordo com o funcionamento do trato gastrointestinal (TGI) (24,25) • Calcular o gasto energético basal (GEB), para determinação da oferta calórica total / dia, utilizando a formula da FAO- 85. (24) 34 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 • Calcular a necessidade estimada de proteína de acordo com as faixas etárias: (26) 0-2 anos: 2-3 g/kg/dia; 2-13 anos: 1,5-2 g/kg/dia; 13-18 anos: 1,5 g/kg/dia. • Determinar o tipo de dieta a ser utilizados de acordo com a idade, funcionamento do TGI e patologias associadas. • Reavaliação clinica diária e antropométrica semanal. TABELA 2. - Fórmula para cálculo GEB: Gasto energético basal Idade (anos) Masculino/ GEB (Kcal/kg/d) Feminino/GEB (Kcal/kg/d) 0–3 60,9 x p – 54 61 x p – 51 3 – 10 22,7 x p + 495 22,4 x p + 499 10 – 18 12,2 x p + 746 17,5 x p + 651 p: peso ideal 22. INDICADORES 1. PERCENTUAL DE COLETA DE HEMOCULTURA ANTES DA 1ª DOSE DO ATB INDICADOR: Nº de pacientes c/ hemocultura colhida antes da introdução de ATB / Nº de pacientes com diagnóstico de sepse. 2. ADMINISTRAÇÃO DE ANTIBIÓTICO NA 1ª HORA INDICADOR: Nº de pacientes que receberam ATB na 1ª hora/Nº de pacientes com diagnóstico de sepse. 3. TAXA DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA ADEQUADA NA 1ª HORA. ( > 40 ML/KG DE PESO) 35 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 INDICADOR: Nº de pacientes que receberam reposição volêmica adequada 1ª hora/Nº de pacientes com sepse reposição volêmica. 4. TAXA DE PACIENTES SvcO2 NORMALIZADA NAS PRIMEITAS 6 HORAS INDICADOR: Nº de pacientes com lactato > 4mmol/l ou choque séptico que atingiram SvcO2 > 70% nas primeiras 6 H / Nº de pacientes com lactato > 4mmol/l ou choque séptico. 5. TAXA DE LETALIDADE POR SEPSE INDICADOR: Nº de casos de pacientes com sepse grave e choque séptico/ Nº total de casos com sepse. 6. TAXA DE RESULTADO DE LACTATO DO 1º PACOTE SEPSE INDICADOR: Nº de resultados de lactato entregue em 30 min/Nº de lactato colhido. 23. REFERÊNCIAS 1. Clinical practice parameters for hemodynamic support of pediatric and neonatal septic shock: 2007 update from the American College of Critical Care Medicine, Critical Care Medicine 2009, vol. 37, Nº 2. 2. Stoll BJ, Holman RC, Shuchat A: Decline in sepsis-associated neonatal and infant deaths 1974–1994. Pediatrics 1998; 102:e18. 3. Angus DC, Linde Zwirble WT, Liddicker J,et al: Epidemiology of severe sepsis in the U.S.: Analysis of incidence, outcome, and associated costs of care. CritCareMed. 2001; 29:1303–1310. 4. Watson RS, Carcillo JA, Linde-Zwirble WT,et al: The epidemiology of severe sepsis in Crit Care Med 2009 Vol.37,No.2681 the United States. Am J Respir Crit CareMed 2003; 167:695–70. 36 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 5. Wills BA, Nguyen MD, Ha TL, et al: Comparison of the three fluid solutions for resuscitation in dengue shock. N Engl J Med 2005; 353:877–889. 6. Maitland K, Pamba A, English M, et al: Randomized trial of volume expansion with albumin or saline in children with severe malaria: Preliminary evidence of albumin benefit. Clin Infect Dis 2005; 40:538–545. 7. Han YY, Carcillo JA, Dragotta MA, et al: Early reversal of pediatric-neonatal septic shock by community physicians is associated with improved outcome. Pediatrics 2003; 112:793–799. 8. Ninis N, Phillips C, Bailey L, et al: The role of healthcare delivery on outcome of meningococcal disease in children: Case control study of fatal and non-fatal cases. BMJ 2005; 330:1475. 9. de Oliveira CF, de Oliveira DS, Gottschald AF, et al: ACCM/PALS haemodynamic support guidelines for paediatric septic shock: An outcomes comparison with and without monitoring central venous oxygen saturation. Intensive Care Med 2008; 34:1065–1075. 10. Karapinar B, Lin JC, Carcillo JA: ACCM guidelines use, correct antibiotic therapy, and immune suppressant withdrawal are associated with improved survival in pediatric sepsis, severe sepsis, and septic shock. Crit Care Med 2004; 32(12 Suppl 3):A161. 11. Watson RS and Carcillo J A. Scope and epidemiology of pediatric sepsis. Pediatr Crit Care 2005; 6[Suppl.]:S3-S5. 12. French C.J.: Crit. Care Ressuc. 2004; 8:219-22. 13. International pediatric sepsis consensus conference: Definitions for sepsis and organ disfunction in pediatrics. Pediatr Crit Care Med 2005 Vol.6, No.1: 2-8. 14. Maat M, Buysse CM, Emonts M, et al: Improved survival in children with sepsis and purpura: Effects of age, gender, and era.Crit Care 2007; 11:172. 15. Booy R, Habibi P, Nadel S, et al; Meningococcal Research Group: Reduction in case fatality rate from meningococcal disease associated with improved healthcare delivery. Arch Dis Child 2001; 85:386–390. 16. Yamamoto LG: Rapid sequence intubation. In: Textbook of Pediatric Emergency Care. Ludwig S, Fleisher GR (Eds). Philadelphia, PA, Lippincott, Wilkins and Williams, 2000. 17. Tobias J, Martin LD, Wetzel RC: Ketamine by continuous infusion for sedation in the pediatric intensive care unit. Crit Care Med 1990; 18:819 –821. 37 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 18. Lin JC, Carcillo JA: Increased glucose/ glucose infusion rate ratio predicts anion gap acidosis in pediatric sepsis. Crit Care Med 2004; 32(Suppl 20):A5. 19. Rivers E, Nguyen B, Havstad S, et al: Early goal-directed therapy in the treatment of severe sepsis and septic shock. N Engl J Med 2001; 346:1368–1377. 20. Atualização no diagnóstico e tratamento sepse grave e choque séptico em pediatria. Temas de Pediatria, No.81, Nestle Nutrition. 21. KumarA.,etall CCM 2006. 22. TERAPIA NUTRICIONAL NA SEPSE Paulo César Ribeiro) (O início precoce do suporte nutricional como fator prognóstico para pacientes com sepse grave e choque séptico) 23. Manual de Terapia Nutricional da UNICAMP 24. (Jornal de Pediatria: Princípios do suporte nutricional em Pediatria,Artur F. Delgado1, Mário C. Falcão2, Francisco R. Carrazza3) 25. Projeto Diretrizes 2011- Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina,Terapia Nutrológica Oral e Enteral em Pacientes com Risco Nutricional 26. SOPORTE NUTRICIONAL ESPECÍFICO: PEDIATRÍA, Dra. Guadalupe Piñeiro, novembro 2004 27. (Jornal de Pediatria - Vol. 76, Supl.3, 2000 S335, Princípios do suporte nutricional... Delgado AF et alii) 28. Chwals WJ, Lally KP, Woolley MM, Mahour GH. Measured energy expenditure in critically ill infants and young children. J Surg Res 1988;44:467-72 29. Briassoulis G, Venkataraman S, Thompson AE. Energy expenditure in critically ill children. Crit Care Med 2000;28:1166-72 30. White MS, Shepherd RW, McEniery JA. Energy expenditure in 100 ventilates, criticallu ill children: improving the accuracy of predictive equations. Crit Care Med 2000;28:230712. 31. OLIVEIRA, F. L. C.; IGLESIAS, S. O. B. Nutrição enteral. In: Lopez, FA; Sigulem, DM; Taddei JAAC. Fundamentos da terapia nutricional em pediatria. São Paulo: Sarvier, 2002. 32. MEHTA, N. M.; COMPHER, C and ASPEN Board of Directors. A.S.P.E.N. Clinical Guidelines: Nutrition Support of the Critically Ill Child. JPEN. 2009, 33:3. 38 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 33. ESPGHAN. Energy. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2005;41:S5-S11. 34. Koletzko B, Goulet O, Hunt J, Krohn K, Shamir R; Parenteral Nutrition Guidelines Working Grup; et al. Guidelines on paediatric parenteral nutrition of the European Society of Paediatric Gastoenterology, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) and the European Society of Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN), supported by the European Society of Paediatric Research (ESPR). J Pediatr Gastroentero Nutr 2005; 41 (Suppl2):S1-87. 35. Uauy R, Hoffman DR. Essential fat requirements of preterm infants. Am J Clin Nutr 2000;71 (1 Suppl):245S-50S. 36. TANNURIU. Nutrição enteral e parenteral em pediatria. In: NUTRIÇÃO oral, enteral e parenteral na prática clínica. Atheneu, 2000. 37. Nutrição enteral em Pediatria Heitor Pons Leite, ALIMENTAÇÃO ENTERAL EM PEDIATRIA Prof. Dr. Elizete Aparecida Lomazi da Costa Pinto. 39 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 24. ANEXOS 40 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 41 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012 42 Protocolo | Sepse Pediátrico | 2012
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