piramides do egito - a casa do mago das letras

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piramides do egito - a casa do mago das letras
PIRÂMIDES DO EGITO
VERSÃO ATUALIZADA
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2014
O EGITO E AS PIRÂMIDES
Os egípcios entendiam suas construções como uma
manifestação de seu poder, da estabilidade e de sua
civilização e, em algumas ocasiões, a volta ao passado, a um
tempo de glórias e riquezas que era seu consolo nos
períodos de crise. Desde a Antiguidade, desenvolveu-se um
fascínio por esse tipo de edificação, cuja compreensão e
função, dentro da cultura que a criou, a dos faraós, têm sido
estudada ao longo dos séculos. Ano após ano, centenas de
publicações tentam, de alguma forma, interpretar e explicar
a existência das pirâmides, construindo as mais
mirabolantes teorias e especulações. Nada fica provado e as
interrogações a respeito desse mistério aumentam a cada
dia, com novas descobertas de novos detalhes sobre esses
edifícios misteriosos.
Considerando a sua importância e o desconhecimento
ainda geral sobre elas, é necessário conhecer os aspectos
principais já descobertos e aceitos sobre as pirâmides,
começando por sua origem e pela função que lhes deu
origem. Gregos e romanos descreveram, com propriedade e
proximidade, aspectos importantes das pirâmides, que
interpretavam como um aspecto curioso da cultura egípcia.
Aristóteles, em sua obra Política, afirmou que o objetivo da
construção de pirâmides era o de manter a população
ocupada, evitando que conspirasse contra o Faraó. Teorias
circularam por Roma, a partir principalmente do século IV
a.C. Para os romanos, a cultura do Egito exercia uma
poderosa atração, havendo um verdadeiro culto a tudo que
fosse egípcio. Amuletos e objetos egípcios eram valorizados
e requisitados durante o Império Romano, que adotou,
inclusive, algumas das divindades egípcias, como foi o caso
de Ísis. Nobre romanos usaram a forma piramidal em suas
tumbas.
Durante a Idade Média, as pirâmides foram
identificadas com os depósitos de cereais construídos por
José, conforme narrado na Bíblia. Foi durante o
Renascimento, que os estudos sobre as pirâmides foram se
tornando sistematizados, a partir da recuperação dos relatos
clássicos. Esses estudos foram facilitados pelas facilidades
de comunicação que foram surgindo, unindo Ocidente e
Oriente. Causavam enorme interesse os debates sobre a
construção desses monumentos, os tesouros neles ocultos,
as salas secretas e seus objetivos, tudo isso temperado com
um toque de tragédia, fruto das lendas de maldições e de
seres fantásticos que habitavam aqueles recantos e
tenebrosos e ainda de todo desconhecidos.
Com o Romantismo, após a expedição de Napoleão ao
Egito e, em especial, com a onda de orientalismo que
começou a se formar no século XIX e gradativamente
invadiu o Ocidente, foram se estabelecendo as bases de uma
ciência que passou a ser conhecida como egiptologia. Foi
assim configurado um conjunto de ideias sobre esses
monumentos, cuja única função era de caráter mortuário.
Sua construção nada mais era do que o reflexo de uma
sociedade escravizada pelo poder absoluto de faraós
despóticos, apegados à ideia da imortalidade, incapazes de
aceitarem o mesmo fim comum reservado aos mortais e
membros de seu povo.
O Egito passou a se identificar com as pirâmides como
um componente de sua cultura e de sua história, mas é
importante ter em mente que as Grandes Pirâmides são
marcos de um período definido, conhecido como Império
Antigo ou Reino Antigo. Desse tempo, poucas informações
restaram e muitos mitos foram criados, pois as investigações
se concentraram nessas construções maiores. Nesse período,
entre 2630 e 1640 a.C., surgiram essas construções, dentre
as quais as três mais famosas e que até hoje intrigam o
mundo todo. A mais antiga já conhecida data da III dinastia
e era constituída por mastabas sobrepostas formando
degraus, idealizadas Imhotep, figura importante do reinado
do faraó Djoser. Essa é, inclusive, a única pirâmide
concluída desse tipo hoje conhecida. A partir da IV dinastia,
as pirâmides passaram a ter as paredes inclinadas e não mais
em forma de degraus. As últimas datam da XII dinastia. As
pirâmides do Império Médio foram pequenas e sem
qualidade. As do Império Novo são consideradas meros
adornos das tumbas dos artesãos de Deir el-Medina.
As pirâmides foram sendo construídas ao longo de toda
a civilização faraônica, mas são aquelas, erigidas na planície
de Gizé, únicas das sete maravilhas do mundo antigo ainda
visíveis, que concentram todo o interesse, encerrando o
apogeu de uma evolução científica e filosófica, que se
iniciou nos princípios dessa cultura. Para entendê-las, é
preciso conhecer sua origem, porque foram adotadas como
elemento mortuário, e o conjunto arquitetônico em que se
acham inseridas. Não devem ser admiradas apenas pelo seu
tamanho e detalhes de sua construção, mas pelo esforço
administrativo e pela organização que envolveram sua
construção. Hoje em dia, ao se observar a construção de um
edifício, utilizando-se das mais modernas técnicas de
engenharia e os mais modernos equipamentos, não há como
não valorizar e admirar o feito daquele povo, num tempo em
que a tecnologia nem sonhava em contar com os recursos
hoje à disposição de projetistas, engenheiros e operários.
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EGITO\\image002.jpg" \* MERGEFORMAT \d
Tumbas de Deir el-Medina
UM RESUMO HISTÓRICO
Para se entender como tudo começou, é preciso
inicialmente conhecer um pouco das crenças religiosas dos
egípcios. Segundo elas, o ser humano era formado por
quatro elementos: o ba, a alma; o ka, ou duplo, réplica
imaterial do corpo, o khu, centelha do fogo divino e o kat, o
corpo propriamente dito. Como acreditavam na vida após a
morte, julgavam que esses elementos precisavam ser
conservados depois do falecimento. O ba e o khu, elementos
espirituais, eram conservados através das orações. O corpo,
moradia do ka, precisava ser preservado e protegido. Por
esse motivo, o túmulo, sendo a casa do morto, tinha de ser
mantido intacto para assegurar a imortalidade. Mais
importante que suas casas (residências temporais) eram,
para eles, seus túmulos, local onde esperavam passar a
eternidade.
As tumbas pré-históricas eram cobertas por montes de
areia e de pedras soltas, mas o vento do deserto varria a
areia, descobrindo-as. Os chacais cavavam por entre as
pedras, devorando os cadáveres. Isso exigiu que os egípcios
tornassem suas tumbas mais seguras, tornando possível
preservar adequadamente os corpos enterrados. A partir da
primeira dinastia, os egípcios aprenderam a construir as
mastabas, uma tumba de teto plano e paredes inclinadas,
feitas com adobe e recobertas com ladrilhos. No início,
essas construções eram feitas especialmente para pessoas de
elevada posição social e para os reis.
Foi, portanto, de grande importância essa crença dos
antigos egípcios no surgimento e desenvolvimento das
técnicas de construção de túmulos cada vez mais
sofisticados. Se depois da morte o espírito dos mortos
continuava vivendo, era preciso proporcionar todo o
necessário para que desfrutassem adequadamente a vida
ultraterrena.
Durante o Império Antigo somente os faraós tinha
direito de desfrutar a vida futura. Próximo do Império Novo,
onze séculos mais tarde, todos os egípcios podiam participar
desse privilégio anteriormente restrito aos nobres. Os ricos
tinham seus corpos embalsamados e lhes eram fornecidas
provisões no local onde ficará seu Ka, que supostamente
escapava de seu corpo, quando de sua morte. Além disso, o
morto tinha que ser julgado pelo deus Osíris (deus das
trevas), que admitia suas virtudes ou seus pecados. Com
isso, outorgava-lhe uma vida eterna renovada ou o
sentenciava a uma segunda e definitiva morte.
Embalsamar um cadáver envolvia uma complicada
liturgia funerária que podia demorar até setenta dias,
dependendo da classe social da pessoa. A de um pobre
durava um ou dois dias.
O espírito do morto podia habitar seu corpo, por isso os
embalsamadores buscavam conservavam o máximo possível
dos restos mortais para toda a eternidade. Para tanto,
usavam compostos de sais especiais e resinas que
preservavam e secavam o corpo, convertendo-o numa
múmia enrugada. Após isso, recheavam-no e o envolviam
com finas tiras de linho. O corpo era, depois, entregue à
família e a múmia era submetida à cerimônia de "abertura
da boca". Assim, preparado para comer, beber e falar, o
morto estava pronto, finalmente, para ser levado a sua
sepultura.
No lugar mais alto da sociedade egípcia antiga se
encontrava o faraó, que era deus e rei numa só pessoa. O
faraó era, portanto, a encarnação dos deuses e a alma do
Estado. Como os egípcios faziam grandes preparativos para
vida depois da morte e como quanto mais importante fosse o
morto, mais esmero se dedicava a ele, deduz-se que os
preparativos mais acurados e meticulosos para a outra vida
eram aqueles dedicados ao faraó.
A primeira coisa que fazia um novo faraó era
encomendar logo a construção de sua tumba, que podia até
não estar pronta no dia de sua morte. A grande preocupação,
tratando-se de um deus e do rei, era abrigar o Ka do faraó
num local protegido de saqueadores de cadáveres e dos
tesouros fabulosos que acompanhavam o morto, atendendo
a um princípio básico que sustentava a civilização egípcia: o
da vida eterna dos faraós. Um antigo texto religioso
adaptado estabelece esse poder faraônico no seguinte
diálogo: "Oh, Aton, quanto tempo durará minha vida?"
Responde o deus: "Tu estás destinado a viver milhões e
milhões de anos, toda uma vida de milhões".
Para satisfazer as necessidades de sua vida de milhões
de anos, os reis projetaram tumbas e templos mortuários que
deveriam durar para todo o sempre. Com efeito, a tumba se
chamava comumente "casa da eternidade".
O povo egípcio trabalhava com entusiasmo na
construção dos monumentos que seriam as tumbas de seus
governantes mortos, pois acreditavam que eles tivessem
origem divina e que deviam tratá-los e supri-los como tal.
Atualmente, dois mil anos depois da extinção dessa cultura,
sobrevivem muitos monumentos e tumbas, as pirâmides
gigantescas que mantêm vivos os nomes dos antigos reis e
correspondem exatamente à ideia expressada pelos egípcios,
a de que pronunciar o nome da pessoa morta é trazê-la de
volta à vida.
Foi a partir dos primórdios da sua civilização, portanto,
que soberanos e nobres egípcios passaram a ser sepultados
em câmaras funerárias cavadas na terra. Sobre elas, a
estrutura baixa, de paredes verticais e teto achatado, com
uma base retangular, feita de tijolos comuns de lama,
cozidos ao sol foram ganhando dimensão e variações nos
detalhes e nos enfeites, mas não no formato.
Mastabas
Com o tempo, os egípcios passaram a utilizar pedra na
construção desses túmulos, mantendo as paredes
ligeiramente inclinadas, formando pirâmides truncadas. As
construções foram aumentando de tamanho e de altura, com
o acréscimo de vários degraus, até que atingissem a forma
hoje conhecida das pirâmides. Nesses túmulos, os mortos
mumificados eram enterrados com roupas, objetos pessoais
e alimentos, necessários na próxima vida.
O PRINCÍPIO - AS MASTABAS
A palavra mastaba é de origem árabe, significando
banco, porque sua imagem, sobressaindo-se das areias do
deserto, lembram os bancos baixos construídos na parte
externa das casas egípcias atuais, onde os moradores se
acomodam para tomar café com amigos ou visitantes. Esses
monumentos antigos, quando foram construídos, tinham
suas faces voltadas para os quatro pontos cardeais. Na
ilustração a seguir, é possível visualizar como eram feitos
esses túmulos primitivos, que deram origem às pirâmides.
Esquema de uma Mastaba
Localização de Saqqara
Acima do solo, sobressai-se a parte superior, que
constitui o formato de banco, que deu origem ao nome dessa
construção. A partir dessa projeção, há um poço (A) que
avança pelo interior rochoso, até a câmara funerária (B),
onde se encontrava o sarcófago (C). Após o funeral, a
entrada dessa câmara era fechada com pedras e poço
disfarçado, para preservar o cadáver mumificado.
O historiador Maurice Crouzet assim descreve essas
construções: na face oriental da mastaba, abria-se um
primeiro compartimento, a capela (D) do culto dirigido ao
defunto; exatamente acima do sarcófago, o seu mobiliário
comportava, antes de tudo, a mesa para as oferendas (E),
colocada ao pé de uma estela (espécie de coluna destinada a
ter uma inscrição). Atrás desta estela, outro cômodo
penetrava na mastaba: era o corredor (F), onde eram
colocadas as estátuas do morto (G). A estela marcava,
então, o limite de dois mundos, o dos vivos e o dos mortos;
não se comunicavam entre si, salvo por uma estreita fenda
da altura de um homem. A estela era esculpida, de maneira
que desse a impressão de uma porta — donde o seu nome
de estela falsa porta — e, por vezes, na sua moldura,
destacava-se uma estátua: era o morto, que voltava para o
meio dos vivos. Ou, então, havia uma trapeira, que se abria
por cima das folhas da porta e por onde despontava um
busto: por ela estava o morto espiando o visitante.
Sepultura, depósito de estátuas, capela: eis as três partes
essenciais constitutivas de um túmulo. As mastabas dos
ricos tornavam-se mais complexas pela existência de
compartimentos anexos, mais ou menos numerosos.
Falsa porta dos santuários
Nos túmulos dos príncipes e reis, essa complexidade
era ainda maior. As paredes das capelas eram revestidas de
baixos-relevos e pintadas com cenas do cotidiano e dos ritos
funerários. As crenças dos egípcios davam a entender que a
existência dessas cenas lhes permitiria usufruir, após a
morte, tudo o que possuíam em vida. Havia também
inscrições de caráter religioso e mágico que auxiliariam o
morto em sua viagem até o mundo dos mortos. Essas
capelas, às vezes de grandes dimensões, passaram a ser
construídas em pedra. No corredor, compartimento antes
muito simples, passaram a ser colocadas, além das estátuas
do morto, também as de seus familiares, feitas em madeira,
em pedra calcária e granito. Nesse aposento, colocavam-se
também os objetos pessoais necessários à existência
material do ka. A maior concentração desse tipo de túmulo é
encontrada na região de Saqqara, mas muitas delas podem
ser encontradas em Dahshur e Gizé, onde os faraós
construíram grandes mastabas junto de suas pirâmides,
destinadas a parentes próximos.
Uma das mastabas mais antigas é do período da I
dinastia, muito simples em sua constituição. Abaixo do
nível do solo foi aberta uma cova rasa, de formato
retangular, coberta de madeira. Paredes a dividiam em cinco
compartimentos distintos. Imagina-se que o compartimento
do centro abrigasse um ataúde de madeira e, as demais, os
bens pessoais do defunto.
Na projeção acima do solo, havia uma estrutura de
tijolos bem maior, dividida em 27 saletas, que teriam
abrigado, um dia, vasilhames contendo vinho e alimentos,
além de instrumentos de caça e objetos de uso diário. As
paredes externas inclinavam-se para dentro, a partir da base.
Dois muros paralelos de tijolos rodeavam a construção, toda
ela decorada com padrões geométricos coloridos, pintados
sobre um fundo branco.
O curioso, mas não surpreendente é que, próximo da
mastaba, havia uma cavidade em forma de barco, revestida
de tijolos, destinada a abrigar uma embarcação de madeira
para no além-túmulo. Mastabas como essa buscavam copiar
as casas dos nobres e os palácios reais, confirmando a
crença de que a vida continuaria no além-túmulo. As saletas
representavam cômodos da casa e, fato curioso, não havia
corredores, pois os egípcios acreditavam que o espírito do
morto podia se movimentar livremente, livre das barreiras
de natureza material. Os criados eram enterrados em
pequenas mastabas, enfileiradas do lado de fora dos muros
da tumba principal, para que continuassem servindo seus
senhores após a morte. Alguns acreditam que esses
acompanhantes eram enterrados vivos. Outros admitem que
a morte se dava por envenenamento voluntário.
Em Saqqara, foi encontrada uma enorme tumba
subterrânea com quase 120 metros de comprimento,
dividida em mais de 70 câmaras, distribuídas dos dois lados
de um amplo corredor central. A partir da IV dinastia, as
mastabas passaram a ser construídas de pedra e não mais de
tijolos.
A FORMA PIRAMIDAL
A forma atual das pirâmides começou quando o faraó
Djoser, da III dinastia, entre 2630 e 2611 a.C., delegou a seu
primeiro ministro e arquiteto Imhotep a tarefa de construir
um túmulo de pedra, que até então era usada apenas em
partes isoladas da construção dos túmulos. Esse arquiteto
superpôs seis mastabas, cada vez menores, criando a
primeira pirâmide de degraus conhecida. Essa construção
foi feita numa extensão de terras elevadas em Saqqara, nas
proximidades da cidade de Mênfis e de um cemitério de
mastabas, usado ao longo das duas primeiras dinastias. Essa
construção foi depois imitada por faraós da mesma dinastia,
dando início a uma sequencia de outras que culminariam,
em seu apogeu, com as três grandes pirâmides, até hoje
admiradas, estudadas e comentadas.
Mastaba
Pirâmide de Degraus
Nem tudo foi perfeição na história das construções das
pirâmides. Um exemplo interessante é a pirâmide do
primeiro faraó da IV dinastia, Snefru, cujo reinado se
estendeu de 2575 e 2551 a.C.. Erigida em Dahshur, essa
construção havia sido planejada para ter a forma
característica, mas, desconhece-se o motivo, o resultado
final a tornou conhecida como pirâmide torta. Tudo indica
que o faraó não ficou satisfeito com o resultado e mandou
construir outra pirâmide, dois quilômetros ao norte da
primeira, hoje conhecida como pirâmide vermelha, por
causa da cor do calcário usado em sua construção.
Pirâmide torta
O apogeu dessas edificações foi atingido por Keóps,
segundo faraó da IV dinastia, que reinou de 2551 a 2528 a.
C. Seu pai, o faraó Snegru, havia erigido uma grande
pirâmide. Para superá-lo em grandeza, Keóps escolheu,
como local de repouso eterno, o planalto próximo do
deserto, a aproximadamente oito quilômetros de Gizé. Ali
ergueu uma grande pirâmide, hoje conhecida como a
Grande Pirâmide ou Primeira Pirâmide de Gizé, por seus
números fantásticos, começando com sua base, que ocupa
mais de 50 mil metros quadrados. É, ainda hoje, a mais
polêmica de todas as pirâmides.
A magnificência dessa construção esteve apenas
ameaçada quando o faraó Kéfren, irmão de Queóps, quarto
rei da IV dinastia, que reinou de 2520 e 2494 a.C., mandou
construir sua pirâmide, hoje considerada a segunda maior do
Egito antigo. Se não superou o irmão em tamanho, talvez o
tenha em superado em outros aspectos, como o revestimento
de pedra calcária e granito vermelho e a escultura de seu
rosto, feita no conjunto rochoso próximo, hoje conhecido
como a famosa Esfinge de Gizé. Um fato intrigante a
respeito dessa pirâmide é que o sarcófago encontrado em
seu interior estava vazio. O corpo do faraó jamais foi
encontrado.
Miquerinos, filho de Kéfren, neto de Keóps, quinto
soberano da IV dinastia, que reinou entre 2490 a 2472 a.C.,
erigiu a terceira das mais famosas pirâmides. Embora sem a
grandeza das construções de seus ascendentes, a obra de
Miquerinos impressiona por sua altura superior a 66 metros,
maior que um prédio de 20 andares.
Apesar de tudo que já foi descoberto, teorizado,
concluído e especulado sobre o assunto, ainda não se sabe
com absoluta certeza os motivos que nortearam essas
construções. O entendimento mais comum está ligado a
aspectos religiosos das crenças dos povos do Egito antigo.
Para eles, o corpo deveria durar para sempre, pois
acreditavam na sobrevivência após a morte. Assim,
conservar o corpo físico era um ponto essencial na conquista
da imortalidade. Essa conservação exigia que tudo o que
fosse necessário deveria ser suprido ao longo do tempo,
após a morte. Assim, os túmulos receberam uma atenção
toda especial, por seu papel de receptáculo do corpo físico à
espera da nova vida. Apesar de o formato ter evoluído das
mastabas originais até as grandes pirâmides, seu objetivo
principal não mudou ao longo dos três milênios da história
egípcia.
Se o objetivo da construção puder ser assim sintetizado
e até aceito pela maioria, as coisas se tornam um pouco mais
complicadas quando se tenta concluir de que forma elas
foram construídas. Apesar da vasta quantidade de exemplos
da arte pictórica egípcia e de textos descritivos terem sido
encontrados, mostrando os vários aspectos da cultura
daquele povo, jamais foi encontrado nenhum – nenhum
mesmo – registro pictórico ou textual descrevendo ou
explicando como as pirâmides foram planejadas e
construídas.
As conclusões até agora aceitas, quando fala de
pirâmides, afirmam que uma das sete maravilhas do mundo
antigo, situada no Egito, as Grandes Pirâmides, foram obras
dos faraós Keóps, Kéfren e Miquerinos, e que as mais de
oitenta outras pirâmides parecem ser cópias da pirâmide
original de Keóps, que lhes serviu de modelo.
Mas, mesmo ainda hoje, há perguntas que não foram
satisfatoriamente respondidas, pelo menos capazes de
satisfazerem espíritos mais inquietos e questionadores.
Quem construiu essas pirâmides? Apesar da história e da
arqueologia atribuírem essas construções aos egípcios, isso
não satisfaz, já que, mesmo hoje em dia, com a tecnologia
existente, seria difícil construí-las tal como estão. Quando a
fachada do Templo de Abu-Simbel foi removida, para
preservá-lo da enchente causada pela construção da represa
de Assuã, foram necessários quase cinco anos de trabalho,
envolvendo uma empresa formada por seis sociedades de
cinco países distintos (Alemanha, Egito, Itália, França e
Suécia) que, para mover blocos de 20 toneladas, recorreu ao
uso de potentes e enormes helicópteros de carga. E como os
egípcios moveram blocos como esses, usando uma
tecnologia rudimentar, mas altamente eficiente?
Há uma teoria muito interessante sobre as pirâmides
que afirma que Keóps, Kéfren e Miquerinos simplesmente
mandaram gravar seus nomes nas três Grandes Pirâmides,
que já existiam naquela época. Os esforços dos egípcios da
época resultaram nas pirâmides toscas e mal feitas ainda
hoje existentes. Como base para essa teoria, é citado um
manuscrito existente na Biblioteca de Oxford, na Inglaterra,
onde consta que um rei egípcio, chamado Surid, que
governou muito antes do Dilúvio, foi quem ordenou a
construção da Grande Pirâmide.
Para ter elementos e poder pesar com certa propriedade
o que representam essas três enormes e misteriosas
estruturas é preciso conhecer um pouco a respeito delas.
Inicialmente, estão localizadas a sudoeste da Cidade do
Cairo. A mais bem conservada e maior de todas elas é a de
Keóps. Sua construção foi feita com 2.600.000 blocos de
pedra, pesando ente 2,5 e 15 toneladas, perfazendo um peso
total estimado de 6.500.000 toneladas. Sua altura é de 139
metros, equivalente a um prédio de 45 andares. Sua base
ocupa uma superfície de 52.900 metros quadrados. Dentro
dela, há três câmaras não muito grandes. A Câmara do Rei
situa-se na parte superior. No meio, fica a Câmara da
Rainha e, na parte inferior, a Câmara do Inframundo. Nessas
câmaras, as pedras que formam as paredes estão tão
perfeitamente ajustadas que não se pode passar um fio de
cabelo por entre as juntas.
A pirâmide de Keóps é considerada monumento
apenas, já que nenhum corpo foi localizado em seu
interior... até agora. Acredita-se que essa pirâmide, assim
como as outras, tiveram um revestimento vermelho ou
dourado, para contrastar com a paisagem do deserto, mas o
passar dos anos e a ação da areia desgastou essa cobertura.
Heródoto narra que, quando visitou a Egito, observou
que no revestimento da pirâmide havia inúmeras inscrições
em una escrita desconhecida, feitas pessoas cujos nomes os
egípcios da época já não se recordavam mais. Com aquelas
inscrições, segundo ele, podia-se preencher o equivalente a
umas dez mil páginas manuscritas. A se acreditar no que
escreveu Heródoto, é fatal que surja a indagação: que
civilização deixou essas inscrições? Por ventura os
habitantes da desaparecida Atlântida? Não se perca de vista
o fato de que, segundo a teoria, essas pirâmides foram
construídas antes do Dilúvio Universal. A Esfinge de Gizé,
tão antiga quanto as pirâmides, mede 70 metros, com uma
altura de 20. Está localizada bem próximo das pirâmides e
se pode ver, em sua face, o que seriam sinais produzidos
pela erosão marinha. Um estudo realizado nela, usando a
prova do carbono14, concluiu que ela foi construída há
14.000 anos aproximadamente. O Dilúvio Universal
aconteceu há cerca de 5.000 anos.
Heródoto narra que lhe foi indicada a existência de una
câmara profunda na pirâmide de Keóps, a 60 metros abaixo
de sua base. Vários autores árabes citam em seus escritos
que, a uma determinada profundidade abaixo da pirâmide,
existem portas subterrâneas, que ligam o mundo exterior
com o mundo interior. Narra também que havia uma entrada
para o mundo subterrâneo através da Esfinge.
A Esfinge de Gizé
Isso confirmaria os rumores existentes de que, na parte
posterior da Esfinge, foi descoberta uma pequena câmara
que continha vários restos humanos de pessoas que haviam
tentado encontrar a passagem para o mundo subterrâneo e
haviam ficado presas ali. Essa câmara foi vedada e sua
existência e localização vêm sendo mantida em sigilo
absoluto.
O historiador romano Amiano Marcelino, que viveu
entre 330 e 400 de nossa era, afirmou que, nas pirâmides
egípcias, existiam passagens subterrâneas e refúgios
construídos por homens que conheciam os antigos mistérios.
Essa afirmação parece encontrar respaldo no Livro dos
Mortos, que também menciona a existência de portas para o
mundo subterrâneo. Há citações, inclusive, que lembram a
descrição de naves. Para os egípcios, esses habitantes do
mundo subterrâneo eram tidos como Deuses. Vejamos
algumas dessas citações:
Capítulo LXVI: "Oh, vós, Guardiões das Portas, deixaime passar! (...) Sigo em frente, até a luz do Dia Eterno!"
Capítulo CXLII. "O defunto chegará a ser um Deus
entre os Deuses do Mundo Inferior. Em toda a Eternidade,
os Guardiões das Portas, não o obrigará a voltar atrás, sua
carne e seus ossos serão os de um homem que não passou
pela morte".
Capítulo CII. "Espíritos Guardiões das Portas do
Pacificador dos Dois Mundos (Mundo Superior ou Exterior
e Mundo Inferior ou Subterrâneo)."
Capítulo LXXXI. "Chego junto às grandes divindades
do Mundo Inferior e as contemplo em silêncio".
Capítulo L: "Na Mansão dos Milhões de Anos, Ra está
sentado em seu trono. Detrás dele, em pé, estão as
Hierarquias divinas e os Espíritos dos rostos velados que
operam na região do Eterno Chegar a Ser. Eles regulam o
curso das coisas, absorvendo o mais supérfluo. Eles dão
voltas no céu com seu Disco de Fogo, movido em seu
próprio movimento."
Capítulo CI: "Eu falarei com o Disco Solar e com os
seres de luz."
Capítulo CXII: "Eis que chega Ra, acompanhado de
quatro divindades superiores. Todos percorrem o Céu na
Barca Solar."
O PERÍODO ÁUREO DAS PIRÂMIDES
A construção de pirâmides atingiu seu auge no período
áureo entre a III e a VI dinastias, que vai de 2630 a 2150
a.C. Praticamente todos os faraós desse tempo e suas rainhas
foram sepultados em tumbas com o formato piramidal. A
partir daí, nas dinastias seguintes, esses monumentos foram
gradativamente perdendo seu esplendor arquitetônico e
mesmo seu significado religioso. A maioria das construções
da época áurea foi feita à beira do deserto, a oeste do rio
Nilo, próximo de Mênfis, num espaço de terra limitado ao
sul pela localidade de Meidum e, ao norte, pela de Abu
Rawash.
Uma curiosidade cerca o nome hoje atribuído a essas
construções que, em egípcio, recebia o nome simples mer,
sem maiores referências quanto ao seu significado. Os
gregos deram a esses monumentos o nome de pyramis, cujo
plural era pyramides, resultando na palavra pirâmide em
português. Essa palavra, no grego, no entanto, era
simplesmente o nome de um doce feito com farinha de trigo.
Talvez os gregos comparassem esses monumentos, vistos ao
longe, com o que lhes parecia ser um enorme bolo.
Mapa da região e vista das três grandes pirâmides de Gizé.
Essas construções obedeceram a um rigor geométrico
que até hoje intriga e causa espanto. Orientadas em relação
aos pontos cardeais e, encerram intrincados conhecimentos
matemáticos e astronômicos. Tudo isso, no entanto, acabou
sofrendo com a ação do tempo e dos saqueadores, perdendo
muito de seu significado e de seu esplendor original. Mesmo
assim, essas imensas estruturas, construídas com enormes
blocos de pedra, talhados e sobrepostos em forma degraus,
causam admiração e respeito. Originalmente, no entanto,
com seus blocos cobertos por um revestimento uniforme de
pedra calcária, formando uma superfície plana e polida,
deveriam ser uma vista magnífica e impressionante. Ainda
hoje, parte desse revestimento de pedra calcária pode ser
visto no topo da pirâmide de Kéfren, dando uma pálida ideia
do que deve ter sido a beleza antiga desses monumentos.
As pirâmides eram parte de um conjunto arquitetônico
que templos, capelas, túmulos de familiares e dignitários do
faraó. Nas proximidades desse conjunto, ficavam as
mastabas dos membros da família e dos cortesãos, formando
enormes cemitérios.
Complexo incluindo pirâmide principal, secundária e templos.
Não se pode perder de vista que essas construções
tinham o objetivo original de glorificar as divindades e o
faraó, considerado um deus ainda em vida e cultuado após a
morte. Templos eram erguidos junto às pirâmides, unidos a
elas através de uma galeria. Nesses locais eram celebrados
cultos fúnebres ao faraó morto. Divididos em dois setores
distintos, os templos tinham uma ala pública e outra
particular. No primeiro, cortejos de fiéis vinham de todo o
país trazer oferendas. No segundo, tinham acesso apenas o
clero e membros da família real.
Embora apresentassem diferenças arquitetônicas
marcantes, esses tempos mantinham sempre os mesmos
componentes. À entrada havia um vestíbulo, seguido de um
pátio aberto, de onde se viam nichos para estátuas, depósitos
e o santuário. Em Gizé, foram encontrados fragmentos de
quase meio milhar de estátuas, que enfeitavam
originalmente o complexo compreendendo as três
pirâmides. No interior dos templos, o santuário era usado
exclusivamente por sacerdotes. Havia uma porta oculta com
um altar sob ela. Os alimentos e oferendas ali depositados
eram, mais tarde, recolhidos e compartilhado pelos
sacerdotes.
Os templos localizados nas proximidades do rio ao
Nilo recebiam procissões fluviais, dispondo de
ancoradouros para os barcos e ligados ao rio por meio de um
canal.
AS FERRAMENTAS RUDIMENTARES
Os egípcios executaram obras primas com instrumentos
por demais rudimentares. Desenvolveram uma arte
majestosa, exposta nos sepulcros que construíram, nas
decorações, no mobiliário. Essa arte é uma fonte inesgotável
de conhecimento de suas crenças, esperanças e ideais. Como
já foi comentado anteriormente, um faraó do Império
Antigo, tão logo subia ao trono, começava a projetar aquela
que seria a sua tumba. A grande burocracia envolvendo
construtores e arquitetos se punha em movimento. Cada
aldeia enviava sua cota de trabalhadores aos canteiros ou ao
local da edificação. Os armazéns reais providenciavam
ferramentas e roupas. A tarefa enfrentava pelos operários e
arquitetos era colossal. Uma ideia desse trabalho pode ser
obtida com o que foi a construção da pirâmide de Queóps.
Essa grande pirâmide, com mais de dois milhões de
blocos de pedra, foi feita num lapso de tempo de vinte e três
anos, duração do reinado desse faraó. Segundo relatos de
Heródoto, que visitou o Egito, apesar do árduo trabalho, os
operários se sentiam satisfeitos de trabalhar para o rei,
sentindo-se como se participassem de um festivo e
interminável festival em homenagem a um deus.
Queóps havia ordenado, inicialmente, uma pirâmide
menor, com a câmara funerária profundamente escavada no
leito rochoso, abaixo da base. À medida que cresciam suas
aspirações como faraó, crescia também seus projetos para a
pirâmide. Quando ele morreu, em 2567 a.C., em seu palácio,
seu cadáver foi embalsamado, segundo os demorados rituais
da época, depois envolto em tiras de linha. Ao cabo das
numerosas cerimônias, que duraram várias semanas, seu
corpo foi sepultado na Grande Pirâmide. Inicialmente, seu
corpo foi levado pelo rio Nilo até Gizé, onde havia sido
construída a colossal pirâmide, rodeada de edificações
secundárias. O cadáver foi preparado para o enterro no
Templo do Vale, ao sul do monumento. No dia do enterro,
os sacerdotes encabeçavam a comitiva, enquanto os
operários levavam um barco funerário com o ataúde
contendo a múmia do rei. Atrás vinham outros operários,
trazendo uma lancha (embarcação a vela), pronta para
viagens mais distantes. As duas embarcações foram
enterradas ao lado da pirâmide.
Barco funerário
Ainda hoje, muitos pesquisadores acreditam que foram
usados escravos na construção das pirâmides. Heródoto, o
historiador grego, relata que ouviu dos sacerdotes, durante
sua visita, que cem mil escravos haviam trabalhado na obra,
em períodos de três meses cada um.
Outra corrente afirma, no entanto, que foram usados
apenas quatro mil operários na edificação da pirâmide,
enquanto outros se ocupavam com o transporte de materiais
e outras tarefas no canteiro de obras. Esses operários
trabalhavam em grupos de até vinte homens, subindo os
blocos de pedra por rampas, para acomodá-los em seu lugar
definitivo. Finalmente, desde o cume até a base, ao longo
dos cento e quarenta e sete metros de cada um dos lados,
pedreiros talharam os blocos para alisar as laterais da
pirâmide.
Não há como negar que as pirâmides foram construídas
com o trabalho rude das pedreiras de calcário, sem citar que
alguns blocos eram de granito e certamente exigiram muito
empenho para serem movimentados.
Tudo começava com a extração e o corte dos blocos de
pedra calcária existentes nas redondezas, que depois eram
revestidas com uma pedra fina e branca, vinda dos canteiros
de Tura, a treze quilômetros de Gizé, a oeste do Nilo,
próximo das colinas de Mugattan. Para o revestimento
interior foi empregado granito, extraído das pedreiras de
Assuã, a novecentos e sessenta quilômetros de distância.
Extração dos blocos de pedras
Os pedreiros usavam cinzéis de cobre, temperados a
fogo, para abrir a pedra calcária e pouco a pouco separavam
um bloco atrás do outro da rocha. Essa pedra tem a
tendência de se partir em partes horizontais, o que foi
aproveitado pelos pedreiros, alargando as fissuras.
O granito é muito mais duro e foram utilizadas serras e
cinzéis de cobre, além de instrumentos feitos de uma rocha
ainda mais dura que o granito. Usando essas ferramentas, os
pedreiros abriam brechas nas paredes da pedreira, depois
enfiavam nelas cunhas de madeira, umedecendo-as com
água. A madeira se dilatava e desprendia fragmentos que
eram lapidados em seguida, com as ferramentas primitivas.
Cada bloco era separado, então, pelos quatro lados,
depois cortado na base. Ali mesmo era realizado um
desbaste superficial e o trabalho definitivo era feito no local
da construção, usando cinzéis de cobre. Em seguida, o bloco
era levado para seu local definitivo, o que demandava outro
trabalho extraordinário.
Ferramentas rudimentares usadas pelos operários egípcios
Os egípcios apenas dispunham de ferramentas
primitivas para extrair os enormes blocos de pedra e cortálos no tamanho exato. Conheciam o ouro e o cobre, mas o
ouro era muito maleável para cortar a pedra. Os operários
usavam, então, ferramentas de cobre e instrumentos feitos
com uma rocha conhecida como dolerita. Muitos homens se
encarregavam, nos canteiros de trabalho, de manter
amolados as serras, cinzéis e talhadeiras de cobre. Os
instrumentos para medir e nivelar eram feitos com cordas ou
com tiras de couro e varas. Ainda hoje podem ser
observadas as marcas deixadas pela dolerita pedra usada nos
canteiros. A dolerita é um termo usado para designar rochas
de cor intermediária e escura, textura fina, impossíveis de
serem definidas se são gabro ou diorito. Sua origem
magmática a torna incrivelmente dura e. por isso, era usada
para desbastar o granito.
Os outros instrumentos usados eram os martelos de
madeira para golpear os cinzéis e para inserir as cunhas de
madeira ou cobre no granito, separando os blocos.
Carpinteiros egípcios
Serra feita de cobre para cortar os blocos de pedra mais
mole. Com elas os carpinteiros cortavam os enormes troncos
roliços usados para acomodar os blocos de pedra em seus
lugares. Plainas feitas com folha de cobre para desbastar a
madeira e dar-lhe acabamento. Níveis feitos com bastões
unidos por um cordel, usados para se certificar de que as
faces dos blocos estavam planas. Brocas que giravam,
movidas por meio de um arco, atado a um cilindro, que se
movimentava em vaivém como o arco de um violino. Era
usado para fazer móveis e ferramentas de madeira.
Histórica e aparentemente, essas foram as ferramentas
usadas pelos operários egípcios para levantar as colossais
pirâmides... Teria isso sido realmente possível?
O PROJETO ARQUITETÔNICO
Os arquitetos da enorme pirâmide tiveram que escolher
um local apropriado no deserto. Como estrutura inicial para
a tumba, escolheram uma colina rochosa. Os topógrafos
marcaram, então, o lugar da base, de forma que resultasse
num quadrado perfeito. Em seguida, os arquitetos
ordenaram aos operários que escavassem terraços em forma
de degraus nas ladeiras irregulares da colina. Esses terraços,
que serviriam de fundação para os blocos de pedra, tinham
de ser exatamente horizontais. Para assegurar isso, os
construtores abriram trincheiras cheias de água ao redor da
base. Usando o nível da água como referência, nivelaram
uma superfície de cinco hectares. Esse trabalho foi tão
perfeito que, entre o ângulo noroeste e o sudeste da pirâmide
há uma diferença de centímetros apenas. Os egípcios da
época não tinham níveis de bolha, mas sabiam que a água
sempre descobre seu nível. Fazendo um canal ao redor do
local a ser ocupado pela pirâmide, desviaram para ele as
águas do rio Nilo, através de uma calha. Segundo Heródoto,
a água converteu o local da futura pirâmide numa ilha.
Usando esse sistema, toda a superfície da base da
pirâmide foi nivelada. Segundo estudos feitos, há um erro
ínfimo no nível da plataforma situada sob a pirâmide, que se
eleva ligeiramente em direção ao ângulo sudeste. Esse erro
pode ter sido provocado por um forte vento, soprado no dia
em que se fixavam os níveis do terreno.
A direção da pirâmide foi feita com muito cuidado.
Está direcionada de modo que seus lados coincidam com os
quatro pontos cardeais. Os astrônomos egípcios eram muito
hábeis em seu trabalho e parecem ter alinhado o local,
baseando-se na posição de alguma estrela importante.
Astrônomos modernos encontraram uma notável
coincidência entre a disposição das três maiores pirâmides,
localizadas em Gizé, alinhadas em relação à Nebulosa de
Orion, como se pode ver na ilustração a seguir.
Pirâmides de Gizé e Orion
Traçar os ângulos retos nos cantos das pirâmides não
deve ter sido muito difícil para os egípcios, que já sabiam
que os triângulos retângulos têm um ângulo de noventa
graus e, com certeza, tinham esquadros de madeira
semelhantes aos usados pelos pedreiros modernos. Com a
mesma técnica eram capazes de assegurar que um bloco de
pedra estivesse perfeitamente enquadrado. Esse trabalho
feito pelos arquitetos da pirâmide de Queóps foi tão perfeito
que os lados da colossal estrutura apresentam uma diferença
ínfima de menos de vinte centímetros.
Por seu tamanho, a Grande Pirâmide mereceu ser uma
das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, tanto pelo seu
interior, com passagens, corredores, túneis de ventilação,
grande galeria e câmara real, como pelo seu exterior
majestoso e imponente. Seus construtores demonstraram um
admirável talento e uma técnica perfeita para projetar e
construir os interiores que resistissem ao peso descomunal
das pedras postas em cima deles. Tudo isso através de
artifícios eu desviavam o peso dos blocos superiores, de
forma que o peso total não se apoiasse totalmente sobre o
teto da câmara real.
Como precaução, antes do início da construção da
pirâmide propriamente dita, foi construída uma câmara
funerária em um dos extremos do promontório central, para
o caso de o faraó vir a falecer antes do término das obras. À
medida que a construção continuava, foi erguida outra
câmara, com a mesma função da anterior, mas agora no seu
local definitivo, no centro da pirâmide, quarenta e dois
metros abaixo do solo.
A entrada da pirâmide foi posicionada no lado norte, a
pouco menos de dezessete metros de altura e foi tão bem
disfarçada que desafiou exploradores e arqueólogos durante
muito tempo. Ela começa com uma passagem descendente,
em um ângulo de vinte e seis graus, até a primeira câmara
funerária, destinada a ser usada temporariamente, caso o
faraó morresse antes do término da pirâmide. Até o nível do
solo, há outra passagem, oculta por uma porta de pedra, que
sobe de forma abrupta. O teto é tão baixo que é preciso
percorrê-lo agachado. Essa passagem termina em um
corredor que conduz a uma segunda câmara funerária,
chamada de Câmara da Rainha, ainda que nenhuma mulher
tenha sido sepultada ali.
A passagem ascendente chega à chamada Grande
Galeria, medindo quarenta e seis metros de largura por oito
e meio de altura, com bancos dos dois lados. Esse recinto foi
selado com três grandes blocos de granito, que rolaram
sobre plataformas montadas sobre esses bancos. A galeria
foi construída de forma que vigas freassem os blocos de
pedra. Quando as vigas foram removidas, as pedras
deslizaram, e lacraram o corredor.
Tão extraordinárias foram essas medidas que, durante
quatrocentos anos, serviram para enganar os profanadores
de tumba. Não impediram, porém, que a tumba fosse
violada. A múmia e os tesouros foram, finalmente, levados.
Interior da Grande Pirâmide
No fim da Grande Galeria está localizada a câmara
funerária definitiva, um aposento de cinquenta metros
quadrados, cujo teto, a seis metros de altura, é formado por
nove blocos colossais de granito. Desse aposento, saem dois
orifícios ascendentes, que terminam no exterior da pirâmide,
nos lados norte e sul, sendo provável que fossem de origem
ritual, servindo como entrada e saída para o espírito do
faraó. Na câmara havia um sarcófago de pedra muito
grande, que não deve ter sido levado até lá através da
estreita passagem de entrada. Como os blocos de pedra que
lacram o acesso a Grande Galeria, com certeza foram postos
ali durante a construção. Naquela época, os trabalhos
parecem ter transcorrido sem problemas ou dificuldades e a
obra foi finalizada satisfatoriamente. O mais impressionante
de tudo, porém, é que, apesar de tudo que já se estudou e
descobriu sobre a pirâmide, ela continua mantendo o
mistério de sua construção, alimentado por questões jamais
respondidas satisfatoriamente.
Mesmo hoje, com toda a tecnologia a sua disposição, o
homem não consegue entender a perfeita simetria,
construção e arquitetura utilizada para essas construções.
Em meados dos anos oitenta, um grupo japonês assumiu a
tarefa de construir uma réplica em menor escala da Grande
Pirâmide. As dificuldades foram tantas que acabaram
abandonando o projeto.
Assim, as pirâmides egípcias continuarão gerando
dúvidas e criando mistérios sobre sua verdadeira origem e
sobre a complexidade de sua construção. Estudiosos e
cientistas continuam tentando decifrar essa tecnologia,
usada há muitos séculos, mas nenhum dado positivo pôde
ser acrescentado até agora. Enquanto isso, impávidas e
majestosas, as pirâmides continuam criando teorias e
alimentando dúvidas com seus segredos e mistérios.
As pirâmides continuam sendo motivo de admiração e
interesse. A majestade tem perdurado e continuará assim até
que o tempo finalmente apague todos os vestígios dessa
obra monumental. As ilustrações a seguir demonstram essa
ação do tempo, que vem corroendo lentamente as pedras
seculares e nada há que se possa fazer para evitar isso.
Desgaste
A MALDIÇÃO DAS PIRÂMIDES
Desde a descoberta da primeira tumba egípcia, lendas
vêm sendo criadas a respeito de maldições e tragédias,
ocorridas com profanadores e pesquisadores. O cinema e os
escritores de mistério aproveitaram muito bem essas
coincidências, criando histórias que até hoje permanecem no
limite entre a realidade e a ficção. Ninguém pode afirmar
com certeza se as maldições realmente existem ou que
foram apenas uma sequencia fortuita de acontecimentos
fatais.
Na década de vinte, a arqueologia mundial comemorou
uma descoberta fantástica. Após uma série de investigações
efetuadas no Vale dos Reis, egiptólogos lograram descobrir,
intacta, a tumba de um faraó absolutamente desconhecido de
todos, morto e mumificado há mais de três mil anos.
A alegria durou pouco, no entanto. O precioso achado
foi se juntar a outros acontecimentos que levavam os
incrédulos cientistas às portas do oculto e do sobrenatural.
Os acontecimentos foram se sucedendo e logo se chagava à
terrível constatação: quem ingressava na câmara funerária
ou entrava em contato, de alguma forma, com a múmia,
morria misteriosamente. Nos seis anos seguintes a esse
descobrimento, trinta e cinco pessoas morreram e, apesar
das mais sólidas teorias científicas a respeito do assunto, a
maldição da múmia havia ganhado essa batalha.
Múmia egípcia
Quando o arqueólogo inglês Howard Carter abriu a
câmara funerária de Tutancâmon, às cinco horas da tarde de
17 de fevereiro de 1923, entre os valiosos tesouros de ouro e
as vasilhas repletas de grãos que rodeavam o sarcófago, a
comitiva de cientistas descobriu uma estela de barro opaca
com uma sentença escrita em hieróglifos: "A morte atingirá
quem perturbar o sono do faraó."
Não é de se estranhar que a maioria das tumbas dos reis
das dinastias do Egito antigo contivessem advertências desta
natureza. Mesmo assim, sabe-se que quase todos os túmulos
foram transformados em câmaras vazias, sem múmias,
estelas, vasilhas de grãos e, obviamente, os objetos
preciosos. Isso ocorreu muito antes das descobertas
modernas desses monumentos. Pouco se sabe, portanto, que
terríveis consequências sofreram os que desobedeceram as
advertências dos sacerdotes egípcios.
Tudo o que se tornou conhecido a partir da primeira
década do século XX, quando começaram as pesquisas
arqueológicas sistemáticas, estava baseado em lendas, nas
narrativas que corriam de boca em boca, contando os
padecimentos horríveis deste ou daquele saqueador de
tumbas. Falava-se também das maldições que
acompanhavam determinados objetos, encontrados numa
certa câmara funerária, ao lado de uma múmia. Tudo não
passava de comentários e de histórias contadas ao redor das
fogueiras, sob o céu do deserto. Fora assim, até aquela tarde
do dia 17 de fevereiro de 1923, quando Carter e seu séquito
de arqueólogos e funcionários entraram na tumba onde
Tutancâmon havia descansado, longe do mundo dos vivos,
durante 3.259 anos.
A busca pelo túmulo havia sido prolongada e
extenuante. Em 1916, já trabalhavam no projeto. O Vale dos
Reis era um cenário de guerra, coberto por montes de
entulho que haviam sido criados após inúmeras escavações
inúteis. Os estudiosos da época afirmavam que nada mais
seria encontrado ali, mas Carter estava decidido a continuar.
Na verdade, estava mesmo obcecado pelo túmulo de um
faraó desconhecido, sobre quem só havia vagas referências e
alguns objetos com seu selo.
As escavações continuaram ao longo dos anos e nada
de concreto era encontrado. Em 1922, o inglês resolveu
tentar uma última cartada, voltando a cavar num local, junto
a um grupo de cabanas, onde já trabalhara alguns anos
antes. A primeira coisa que ordenou foi a remoção daquelas
cabanas. Quando as escavações se iniciaram no local onde
elas estavam assentadas, surgiu a primeira surpresa: o
primeiro degrau de uma escada até então desconhecida.
Isso renovou as esperanças do pesquisar. Os degraus
foram sendo descobertos e limpos, até o décimo sexto.
Diante dele, então, surgiu uma porta. Uma abertura foi feita
nela e uma lâmpada foi introduzida, revelando uma
passagem obstruída. Carter interpretou isso como sinal da
existência de um túmulo a seguir.
Os trabalhos continuaram febrilmente. A porta foi
ultrapassada e o corredor foi desobstruído, revelando outra
porta, cujo lacre original fora rompido e refeito. Isso poderia
indicar que saqueadores já haviam visitado o local e
carregado seus tesouros. Carter não esmoreceu e os
trabalhos continuaram ansiosamente, mas sem muitas
esperanças de encontrar o local intacto.
Quando abriu a última porta, no entanto, encontrou
uma sala repleta de objetos deslumbrantes e maravilhosos,
elaborados com arte e perfeição, incluindo um trono todo
trabalhado e revestido de ouro. Examinando o local,
localizou outras duas portas. Por um buraco, constatou que
uma delas tampava uma sala igualmente repleta de
preciosidades como a primeira, revelando uma terceira
porta, que lhe parecia inexpugnável. Vencendo a
curiosidade e a ansiedade, Carter decidiu lacrar o local e
fechar a entrada com entulho, enquanto corria atrás de mais
recursos, de ferramentas e especialistas para continuar.
Meses depois, o trabalho recomeçou. Na primeira sala
foram catalogados e removidos em torno de seiscentos
objetos. Só após esvaziar aquela sala, Carter pode avançar
para a sala seguinte e abrir a terceira porta. Ali todos os seus
sonhos se tornaram realidade. Dentro dela encontraram uma
urna, depois outra e, ao fim, quatro urnas, uma dentro da
outra, todas lindíssimas. O trabalho de desmontar e remover
essas urnas pôde, então, abrir a terceira porta. Lá o sonho se
completou. Extasiados, encontraram uma enorme urna
dourada, quase do tamanho da sala. Dentro dela outra urna,
dentro dessa segunda uma terceira e a seguir uma quarta.
Todas belíssimas.
O cuidadoso e trabalhoso desmonte e o transporte das
urnas levaram oitenta e quatro dias. Finalmente, no interior
da quarta urna havia um sarcófago de pedra. Um guindaste
foi usado para levantar a tampa de pedra. Um véu de linho
escondia a máscara do faraó, feita de ouro polido, incrustada
de vidro e pedras coloridas. O ataúde tinha a forma do
corpo. Além dessa primeira máscara, havia duas outras, com
seus respectivos ataúdes. A última máscara era um
esplendor, feita de ouro batido pesadíssima. Atrás dela
estava a múmia do jovem faraó, deformada, carbonizada e
endurecida pelo excesso de resinas utilizado.
Especialistas foram absorvidos no trabalho e chegou-se
ao detalhe de estabelecer a idade das flores encontradas na
tumba. Oito anos foram dedicados ao estudo cuidadoso dos
quase dois mil objetos encontrados ali.
Sarcófago e máscara de Tutancâmon
Alguns meses antes, quando Carter descobriu o
corredor em cujo extremo se encontrava o sarcófago do
faraó, os habitantes do deserto ficaram alarmados. Uma
cobra, considerada um animal protetor pelos sacerdotes
egípcios, havia devorado o canário de Carter. O que para ele
foi um caso fortuito que apenas o entristeceu, para os
herdeiros das antigas tradições do povo do Rio Nilo, era um
prenúncio de terríveis e futuras catástrofes.
Semanas depois da abertura e da entrada na câmara
mortuária, enquanto o mundo da arqueologia celebrava o
triunfo de um dos seus, os meios ocultistas se preparava
para ingressar numa década tão brilhante quanto o ouro da
máscara que cobria o rosto do legendário faraó.
Lorde Carnavon, uma espécie de playboy inglês da
época, amante da boa vida e das aventuras, sócio capitalista
de Carter em suas andanças pelo Egito, morreu em um
hospital do Cairo. Fora um dos primeiros a ingressar na
tumba de Tutancâmon. Picado no rosto por um mosquito,
foi vítima de uma ferida infecciosa inesperada, que o pôs em
coma febril. Ao fim de uma agonia de treze dias, morreu e
sua morte deixou alarmados os egípcios que acreditavam na
maldição do faraó. Antes de expirar, Carnavon confessou a
sua irmã que Tutancâmon o havia chamado e que iria se
reunir com ele. No momento exato de sua morte, seu cão de
estimação, na Inglaterra, morreu fulminado por um infarto
inesperado.
A morte de Lorde Carnavon desencadeou em todo o
mundo uma febre inesperada por tudo que se referisse ao
ocultismo. Espíritas de todas as partes informaram que
haviam mantido contato com sacerdotes do Egito antigo,
portadores de terríveis mensagens de alerta a respeito das
forças desencadeadas com a profanação do túmulo. A
maldição da múmia se transformou em tema central de todas
as manifestações. A literatura e o cinema se apropriaram do
assunto, dando-lhe um caráter ainda mais sensacionalista.
Não faltaram motivos para a lenda crescer.
O arqueólogo Arthur Mace, do grupo de Carter, morreu
inexplicavelmente, após um coma profundo, no mesmo
hotel em que Carnavon anunciara ter tido um encontro com
Tutancâmon, que o convidou a segui-lo. Joel Woolf, amigo
do investidor inglês e proprietário das primeiras fotos feitas
na câmara mortuária, morreu de causas desconhecidas. O
mesmo acabou acontecendo com Richard Bethell, secretário
de Carter.
Máscara mortuária de Tutancâmon
À longa e aterradora lista de mortos, vítimas da suposta
maldição da múmia, logo se juntou a irmã de Lorde
Carnavon, chamada Aubrey Herbert, que se suicidou em
Londres. Após ela, a esposa do lorde, Almina, morreu
repentinamente logo após uma visita à tumba. O doutor
Archibald Reid, que havia sido encarregado de fazer as
radiografias da múmia, faleceu inesperadamente, sem causa
aparente. Lee Stack e George Gould morreram também após
visitar o local onde estava localizada a câmara mortuária.
Vários diretores de museus, médicos, arqueólogos e pessoas
ligadas aos homens que entraram naquela tumba também
morreram inexplicavelmente.
Após seis anos do descobrimento do túmulo, trinta e
cinco outras pessoas haviam morrido de forma misteriosa.
Todas elas tinham em comum apenas uma coisa: a maldição
da múmia de Tutancâmon.
Esse faraó adolescente, que não havia merecido uma
linha sequer nos tratados de história, perpetuou-se
simplesmente porque teve a sorte de não ter sua tumba
saqueada anteriormente, tornando conhecida e comprovada
a sua maldição.
Antes disso, em 1879, havia sido descoberta a múmia
de um sacerdote chamado Khapah Amon. Em sua tumba foi
encontrada a seguinte maldição: "A cobra que está sobre
minha cabeça se vingará com chamas de fogo quem
perturbar meu corpo. O invasor será atacado por bestas
selvagens, seu corpo no terá túmulo e seus ossos serão
lavados pela chuva". Um inglês chamado Lorde Harring foi
esmagado por um elefante. Seu corpo foi abandonado e suas
carnes e ossos dispersos pelas intensas chuvas que se
abateram sobre o local. Era o colecionador que havia
comprado a múmia de Khapah Amon, o sacerdote em cuja
tumba fora encontrada a maldição.
As histórias sobre as maldições provocadas pelas
múmias egípcias foram crescendo, colhendo exemplos em
toda parte, participando de todos os acontecimentos
fatídicos que ocorreram a partir daquela época. Até a
tragédia do Titanic foi atribuída à maldição de uma múmia,
capaz de afundar o navio que era considerado o mais seguro
do mundo na sua época.
Conta-se que um dos passageiros que morreram
afogados, Lorde Canterville, levara para seu camarote,
próximo da ponte de comando, a múmia de uma pitonisa
que vivera durante o reinado de Amenófis IV. Num dos
braços da múmia havia um bracelete com os seguintes
dizeres: "Desperta de tua prostração e o raio de teus olhos
aniquilará todos aqueles que quiserem se apoderar de ti".
Quer fossem de caráter sobrenatural ou uma
coincidência explicável cientificamente, o fato é que não
foram poucas as mortes estranhas, vinculadas ao
descobrimento do túmulo de Tutancâmon e de outras
múmias também. Como era de se esperar, a origem dessas
mortes foi investigada por mentes científicas,
inconformadas com as explicações que consideravam
absurdas de maldições e vinganças que atravessaram os
séculos.
Falaram-se, então, de venenos cujas propriedades
tóxicas foram preservadas ao longo do tempo, de gases
tóxicos criados nas câmaras lacradas pela decomposição e
pelo isolamento, de fungos tóxicos depositados nas tumbas
pelos sacerdotes, interessados em manter afastados os
profanadores. O conceituado British Medical Journal, uma
publicação científica inglesa, defendeu a teoria de que Lorde
Carnavon morreu ao manusear uma vasilha contendo um
fungo patogênico chamado histoplasma capsulatum.
Para novos argumentos ao debate científico, há alguns
anos um físico nuclear chamado Bulgarini afirmou que os
egípcios já conheciam a energia atômica e, sob esse aspecto,
havia a possibilidade de que tivesse usado urânio radiativo
para proteger seus faraós dos profanadores de tumbas.
Passado o período áureo da egiptologia, já faz muito
tempo que não se fala mais na maldição da múmia. Os
incrédulos ganharam, aparentemente, a batalha já que
qualquer nova descoberta ou comentário sobre o assunto é
rapidamente esquecido. O assunto parece não mais
encontrar eco nos espíritos materialistas do século XXI.
Analisando friamente o assunto, pode-se até aceitar que as
teorias científicas sobre venenos, gases, fungos e
radioatividade expliquem algumas das mortes. Até mesmo
os suicídios podem ser levados a crédito da sugestão
produzida pela repercussão dada ao assunto. Em suma, as
coincidências são possíveis, mas uma soma tão grande de
coincidências é muito mais do que simples casualidade. É
algo em que se deve pensar com atenção.
Outra máscara mortuária de Tutancâmon
QUEM CONSTRUIU AS PIRÂMIDES?
Essa pergunta tem sido debatida desde há muito tempo
por egiptologistas e historiadores. Se observarmos
atentamente um desses monumentos, fica difícil acreditar
que qualquer um deles tenha sido construído durante o
tempo de vida de um faraó. Heródoto, o historiador grego
que escreveu sobre o assunto há pouco mais de 2.500 anos,
é considerado o mais conhecido cronista e historiador da era
das pirâmides egípcias. Segundo seus cálculos, a mão de
obra necessária à construção da pirâmide de Queóps teria
sido superior a 100.000 trabalhadores.
Ocorre que ele visitou essa pirâmide 2.700 anos após
sua construção. Egiptologistas modernos acreditam que ele
exagerou em suas contas e que esse número não tenha
ultrapassado 20.000 operários. Dois arqueólogos e
egiptologistas, Mark Lehner e Zahi Hawass, dedicaram
esforços no sentido de resolver de uma vez por todas esse
quebra-cabeça, descobrindo onde essa massa de
trabalhadores viveu, durante o período da construção.
Finalmente conseguiram localizar a área exata onde os
operários moravam e puderam aprender mais sobre seu
trabalho, seu cotidiano e até mesmo se eram escravos ou
homens livres, servindo alegremente seu faraó.
Mark escavou as padarias que presumivelmente
alimentaram esse exército de trabalhadores. Zahi escavou o
cemitério principal dessa gente toda, pois é de se supor que,
ao longo de 20 anos de construção, muitos devam ter
morrido e sido sepultados ali mesmo. Acredita ele que em
Gizé morou uma multidão esquelética de trabalhadores que
ali labutavam o ano todo.
Durante o fim do verão e meses do início do outono,
durante a inundação anual dos campos pelas cheias do Nilo,
um enorme contingente de mão de obra aparecia em Gizé
para trabalhar na construção. Esses fazendeiros e aldeões
locais se juntavam ali para trabalhar para o rei-deus deles,
construindo os monumentos que abrigariam sua divindade
eternamente. Isso assegurava, a esses trabalhadores
temporários, a própria vida após a morte e também
beneficiaria, como um todo, o futuro e a prosperidade do
Egito. Eles podem ter sido bem trabalhadores dispostos,
uma mão de obra que trabalhava com enorme motivação,
para o benefício do homem, do rei e do país.
Mark declarou, numa entrevista que foi para o Egito
em 1972 e acabou ficando por lá por treze longos anos.
Apesar de ter sido influenciado inicialmente por teorias
fantásticas a respeito da origem e da construção das
pirâmides, acabou se convencendo de que todo o trabalho
havia sido feito pelas mãos do homem e que as marcas disso
estavam por toda parte para quem quisesse ver. Segundo ele,
egiptologistas e arqueólogos estavam denegrindo a cultura
antiga, afirmando que os egípcios antigos eram primitivos e
que os construtores das pirâmides e da Esfinge eram uma
raça muito sofisticada e tecnologicamente desenvolvida.
Essas afirmações menosprezavam o trabalho de pessoas
cujos nomes, corpos, relações familiares, ferramentas e
padarias foram de fato encontrados e pesquisados. Sempre
que esse cientista voltava a Gizé, dizia que seu respeito
aumentava por essas pessoas e por aquela sociedade capaz
dessa obra monumental.
Quando indagado sobre as afirmações de Heródoto de
que cem mil homens trabalharam nas obras da Grande
Pirâmide, em três turnos, Mark Lehner observa que o texto
daquele historiador é impreciso e que não fica claro se eram
cem mil homens se revezando em três turnos ininterruptos
ou se foram um total de cem mil homens envolvidos em
toda a construção. Mark comenta, então, a respeito de um
projeto para reconstruir uma pirâmide em pequena escala,
documentado num filme.
Confessa inicialmente que toda a tecnologia da época
não pôde ser reproduzida porque não havia como reproduzir
a antiga sociedade que criou essa tecnologia. Assim, os
blocos de pedra foram transportados por caminhõescaçambas ao invés das barcaças que haviam cruzado o Nilo.
Não foram reproduzidas, portanto, as embarcações que
transportaram os blocos de sessenta toneladas das pedreiras
de Assuã, justamente porque o objetivo era estudar a
habilidade para usar certas ferramentas específicas, técnicas
e operações empregadas, sem testar o projeto da construção
como um todo.
Uma das coisas que mais o impressionaram, entretanto,
foi o fato de que, em vinte e um dias, doze homens
descalços, morando ao ar livre no deserto oriental, abriu
uma nova pedreira e dela extraíram cento e oitenta e seis
blocos. Fizeram isso com o auxílio de uma manivela de
ferro, enrolando um cabo para retirar a pedra da parede da
pedreira. Além disso, todas suas ferramentas eram de ferro.
Na construção original, todo esse trabalho foi feito a mão,
sem o auxílio de manivelas, conforme ilustrações da época.
Ferramentas egípcias primitivas
Mesmo assim, grosso modo, concluiu que se doze
homens descalços, vivendo num abrigo precário dia e noite,
puderam extrair cento e oitenta e seis blocos de pedra em
vinte e um dias, era fácil usar a matemática simples para
concluir que não teria sido muito difícil para um grupo
maior, mesmo usando a precária tecnologia da época,
fornecer trezentos e quarenta blocos de pedra diariamente,
ao longo dos vinte anos que durou a construção da pirâmide
da Grande Pirâmide de Queóps.
Não fica claro, porém, nas afirmações desse cientista,
de que forma foi administrado esse inevitável
congestionamento causado pelo transporte diário de
trezentos e quarenta blocos enormes nem como e onde
foram armazenados. Estendendo um pouco mais os cálculos
matemáticos simples propostos por ele, esses blocos diários
teriam de ser carregados e postos em seus lugares à média
de pelo menos quatorze a cada hora, o que significaria em
torno de um bloco a cada quatro minutos e meio.
Novamente surge aqui outro problema de caráter
administrativo: como controlar esse contingente de equipes
de trabalho, movendo rapidamente blocos pesando toneladas
pirâmide acima? Como fazer se trezentos e quarenta blocos
tinham de subir rapidamente as rampas, arrastados por um
batalhão de homens que, seguramente, deveria produzir
naquelas rampas um movimento de tráfego jamais
alcançado, mesmo hoje, pelas maiores metrópoles do
mundo?
Mark confessa que foi questionado pelo uso das
ferramentas de ferro, principalmente pela manivela usada
para afastar os grandes blocos da parede da pedreira.
Segundo ele, o não uso dessa ferramenta poderia ser suprido
pela força física de vinte homens, o que elevaria a equipe a
um total de trinta e dois homens. Corrigindo os cálculos, a
cota diária de blocos poderia ser extraída por um
contingente de aproximadamente mil e duzentos homens,
sem muitas dificuldades para o transporte, já que eram
extraídas de pedreiras próximas do canteiro de obras da
pirâmide.
É importante lembrar que a extração dos blocos
implicava em tarefas distintas, como desprender grandes
partes da parede da pedreira, cortar e desbastar os blocos
depois dar-lhes um primeiro e precário acabamento que, por
mais simples que fosse, exigia um trabalho extenuante. Sem
querer simplificar essa obra grandiosa, vamos acrescentar
um complicador natural: a luz do dia. Esse detalhe reduz o
trabalho nas pedreiras para, no máximo, dez horas diárias,
exigindo a extração e finalização de trinta e quatro blocos
por hora, um bloco a cada dois minutos, no máximo. Sem
querer ser exagerado, é impossível acreditar que isso
poderia ser feito por apenas mil e duzentos homens.
Grupo de operários preparando os blocos de pedra
Mark esclarece que, baseado no mapeamento feito,
pelos exames, pelas observações, pelo tipo de solo, onde
estavam localizadas a pedreira e a pirâmide, onde a rampa
estava construída, por tudo isso, enfim, é que concluiu que o
número de homens por ele estimado seria suficiente para
mover os blocos. Quanto ao ritmo da entrega e do
assentamento dos blocos, não vê como uma impossibilidade
para os egípcios daquela época.
A opinião de Zahi Hawass sobre quem construiu a
pirâmide de Queóps em nada difere dessa. Segundo ele,
confirmam suas afirmações as descobertas feitas no local.
As evidências enumeradas por ele são muitas, como as
padarias que forneceram alimentos aos operários até os
nomes de inspetores que trabalharam na obra. Ao todo,
foram relacionados vinte e cinco títulos ligados a essas
pessoas. Para Zahi, não resta a menor dúvida que os
egípcios construíram as pirâmides, pois os estudos feitos
datam a construção de quatro mil e seiscentos anos, durante
o reinado de Queóps. Acrescenta, ainda, que esta pirâmide
faz parte de um complexo espalhado por todo o Egito,
totalizando cento e quatro pirâmides com superestruturas e
outras cinquenta e quatro com subestruturas.
Foram os egípcios e os esqueletos deles estão lá para
provar. Foram examinados pelos estudantes e doutores e
todos foram unânimes em defini-los como membros da raça
dos egípcios e não de outra qualquer, muito menos de
extraterrestres.
Quanto às narrativas de Heródoto, afirmou que tudo o
que ele menciona em seu livro foi de ouvir dizer. Quem se
dispor a visitar uma obra grandiosa como as pirâmides
certamente terá que estar preparado para ouvir os maiores
exageros a respeito do assunto e não deve dar crédito a tudo
que guias exagerados contarem a respeito. Lendas e
histórias são criadas e transmitidas com facilidade e, como
se sabe, quem conta um conto aumenta um ponto. É o que
se pode deduzir da opinião desse pesquisador.
Segundo seus estudos, as pessoas envolvidas na
construção da pirâmide de Queóps totalizaram trinta e seis
mil pessoas, longe do número exagerado informado por
Heródoto, que foi de cem mil. Essas conclusões foram
baseadas no tamanho do projeto, no tamanho das tumbas e
na extensão do cemitério descoberto no local.
Ali foram encontrados seiscentos esqueletos de pessoas
identificadas como egípcios comuns, encontrados em outros
cemitérios do Egito. Muitos desses esqueletos apresentam
evidências de que receberam tratamento de emergência,
indicando a ocorrência de acidentes durante a construção.
Doze deles mostram sinais de acidentes em suas mãos.
Outro mostra claramente que uma pedra, possivelmente,
caiu sobre uma de suas pernas. Ela foi amputada e esse
homem ainda viveu quatorze anos depois disso. Uma equipe
do Centro de Pesquisa Nacional radiografou esse esqueleto
e pôde determinar a sua idade, bem como a o período
estimado de calcificação do osso, no local da amputação. Os
esqueletos encontrados eram de homens na faixa entre os
trinta e os trinta e cinco anos. Foram esses egípcios que
seguramente construíram as pirâmides, afirma Zahi.
Grupo de operários trabalhando com malhos e cinzéis
Reconhece, porém, que nenhum livro ou inscrição
explicou exatamente como se deu todo o processo de
construção. Todos os teóricos afirmam, por exemplo, que as
pedras foram trazidas de Tura, a aproximadamente cinco
milhas a leste da pirâmide, o que não é verdade. Os blocos
foram trazidos do planalto, exceto as pedras da cobertura,
que vieram de Tura, e o granito da câmara funerária, que foi
trazido de Assuã.
Um dos pontos chaves para identificação da pirâmide é
uma inscrição posicionada acima da câmara mortuária de
Queóps, indicando-a como o túmulo desse faraó. Algumas
pessoas afirmavam que essa inscrição era falsa. Zahi
informa que visitou o local, iluminando-o como jamais fora
iluminado antes. Todas as inscrições puderam ser lidas uma
a uma. Os trabalhadores envolvidos na construção da
Grande Pirâmide foram divididos em grupos e cada grupo
tinha um nome e um inspetor. Esses nomes foram escritos
na câmara. Algo como uma espécie de pichação moderna,
resultando em inscrições como "amigos de Queóps". Era
uma forma dos participantes deixarem registrado que
estiveram ali e que participaram daquele trabalho
considerado de muita importância para eles e para todo a
sua nação. Era algo de que se orgulhavam, um projeto
nacional do qual todos tinham de participar e queriam
participar, já que não eram forçados a isso.
Hawass lembra apropriadamente que, para serem feitas,
essas inscrições exigiram que seus autores tivessem entrado
na pirâmide. Estão presentes em todas as cinco câmaras e
são diferentes das outras inscrições deixadas no exterior da
construção. Não há como justificar a existência dessas
inscrições, a não ser que tenham sido postas lá por ninguém
menos que os operários. Foram feitas num local acessível
apenas com o uso de uma plataforma ou de um andaime.
Ninguém se daria ao trabalho de fazê-las ali, quando poderia
deixá-las registradas nas paredes, sem necessidade de
qualquer outro transtorno.
Não há que se negar o mérito desses dois arqueólogos,
que escavaram ao redor das pirâmides, buscando a verdade
a respeito do assunto. As evidências enumeradas, no
entanto, ainda hoje não convencem. Um canteiro de obras
que durou vinte anos, envolvendo não menos do que trinta
mil operários, trabalhando de sol a sol, deixou para a
posteridade um cemitério com apenas seiscentos esqueletos.
É impossível analisar tudo que se refere às pirâmides sem se
usar números. Talvez este seja o erro comum a todos os
pesquisadores. Haveria a necessidade de se abstrair da frieza
dos números e buscar respostas em outras áreas, mas não há
como fugir à constatação. As normas de trabalho deveriam
ser muito rígidas e os cuidados extremos, para somente
ocorrer uma morte na obra a cada doze dias.
Quanto às inscrições, elas provam apenas que, naquela
câmara mortuária, foi enterrado, um dia, um faraó chamado
Queóps. Isso é inquestionável e não é o cerne de toda a
questão. A dúvida era se essa pirâmide já existia antes e foi
usada como túmulo pelo rei. Que houve obras ali durante o
seu reinado e que gente circulou, viveu, comeu pão e
morreu, ninguém duvida. A natureza do trabalho deles é que
suscita dúvidas. Estiveram ali adaptando uma tumba na
construção já existente ou realmente a construíram
inteiramente?
TEORIAS E MISTÉRIOS DA GRANDE PIRÂMIDE
Mark Lehner e Zahi Hawass, o diretor geral de Gizé,
explicaram como isso foi possível naquele tempo, recriando,
inclusive, o processo de construção. Segundo eles, as três
pirâmides menores, próximo da Grande Pirâmide são
provavelmente tumbas para os parentes do sexo feminino,
como as rainhas de Queóps. As teorias, no entanto, não
param por aí. Um número limitado de católicos e
protestantes estava convencido de que a pirâmide era uma
mensagem do próprio Deus, falando do Messias.
Para se defender essa teoria, é preciso concluir que o
construtor era alguém muito versado sobre a Terra e que
teve a sua disposição uma tecnologia além da que nós
possuímos hoje. O projetista da Pirâmide também deveria
ter, da forma mais ampla possível, conhecimento e controlo
sobre o futuro para saber quando e onde a pessoa mais
importante na história da humanidade nasceria, quando
morreria e que impacto causaria no destino das pessoas a
partir de sua morte. Segundo outra teoria de caráter
religioso, a pirâmide conteria a mensagem da vinda do
Messias esperado pelos judeus.
Depois dessas, fica fácil passar para a teoria de que os
construtores da Grande Pirâmide foram visitantes vindos de
outro planeta. Se tinham conhecimento avançado para
realizar viagens intergalácticas, com certeza seria fácil erigir
a construção. Mas com que objetivo eles o fariam, se não
deixaram nenhuma mensagem clara de suas intenções?
Teria sido apenas uma base temporária? Mas porque essa
geometria específica? Porque um próximo do deserto, e não
outro, mais aprazível e com recursos naturais mais à mão?
Um sábio chamado Sitchin foi um dos defensores mais
famosos das teorias de astronautas. Acreditava que os
visitantes teriam sido os habitantes do décimo segundo
planeta de nosso sistema solar, um planeta que completa sua
órbita ao redor do sol só uma vez a cada três mil e
seiscentos anos e que estará novamente perto de terra em
2013. Um extraterrestre chamado Annunaki criou o gênero
humano por manipulação genética. Sitchin está convencido
de que os viajantes espaciais estrangeiros voltarão à Terra
em breve.
Sitchin tem muitos seguidores, entre eles inclui-se um
general americano. Afirma ele que o local da aterrissagem já
está definido em uma área chamada de Eridu, no Iraque. O
motivo principal que impediu a captura de Saddam Hussein
durante a Guerra do Golfo porque estava oculto numa
pirâmide construída por essa raça visitante. Os americanos
não ousaram bombardear o local por causa do inestimável
valor histórico, e estratégico, do local.
Bauval e Gilbert são fundadores da teoria de Orion,
uma ramificação da teoria dos astronautas, publicada num
livro chamado "O Mistério de Orion." A tese central deles é
que as três pirâmides menores estão alinhadas precisamente
como as 3 estrelas da Nebulosa de Orion, e que as linhas
dentro da pirâmide apontam diretamente para Orion. As
pirâmides de Gizé reproduziam o destino de Duat, o Rei.
Longe de ser uma tumba, a pirâmide indicava o ponto de
partida da viagem do Rei às estrelas, de onde ele viera.
A maioria das teorias que defendem a construção pelos
astronautas antigos concorda que a grande pirâmide foi
construída há dez mil anos, o que é quase o dobro do tempo
de existência aceito pela egiptologia tradicional.
Graham Hancock, em "Impressões Digitais dos
Deuses", demonstra que o desgaste produzido pela ação da
água, encontradas nas pirâmides, deveria ter sido produzido
há muito mais tempo, já que, a partir de quatro ou cinco mil
antes atrás é que o clima em Gizé se tornou árido demais
para que isso ocorresse. As cheias do Nilo jamais atingiriam
o nível nem produziriam a ação comentada por esse
estudioso.
Tom Smith apresenta evidência que apoiam a teoria de
que as pirâmides têm pelo menos cinco mil anos e não mais
do que onze mil. Para ele, os construtores fizeram parte de
uma civilização de humana primitiva, que surgiu há
aproximadamente seis mil anos atrás. As Pirâmides de Gizé
e a Esfinge são as únicas relíquias desse povo. Edgar Cayce
também estava convencido de que 10.000 AC é a data
correta. Foi ele quem criou uma teoria nova na qual a
Atlântida faz o papel central na construção das pirâmides.
Mas se a Grande Pirâmide não era uma tumba, o que
era então? Um estudo feito Zecharia Sitchin, em 1980,
realçou a relação geográfica entre Gizé e uma plataforma de
pedra colossal em Baalbek, no Líbano. A conclusão era que
as pirâmides de Gizé seriam as balizas que guiavam os
pilotos das espaçonaves para o local de aterrissagem em
Baalbek. Alan F. Alford foi ainda mais longe, convencido
de que a pirâmide era um depósito de água para uma fábrica
química de gases.
Algumas teorias basearam seus fundamentos na
matemática antiga e na astronomia, envolvendo cálculos
mirabolantes de todas as naturezas. Terrance G. Nevin
elabora sua teoria baseada na importância do olho de
hieróglifo egípcio à compreensão matemática da pirâmide.
Bruce A. Rawles compartilha essa perspectiva
desenvolvendo uma Geometria Sagrada. Joseph Edward
Batter realizou um estudo matemático detalhado no qual o
papel principal é desempenhado pelo pi, equivalente 3,1416.
Deixando de lado essas especulações, é interessante
descobrir quem abriu a câmara do rei pela primeira vez na
história. A hipótese mais provável é de que tenha sido o
Califa Abdullah Al Manum, que em 820 d.C, procurando o
tesouro de Queóps, descobriu a câmara da rainha e a do rei,
além de várias passagens. Na Câmara do Rei ele encontrou
apenas um caixão de granito vazio. Desde então, as pessoas
desejam saber se aquele era, na realidade, um sarcófago, ou
se Queóps jamais foi enterrado nessa pirâmide.
Caixão de granito do túmulo de Queóps
As passagens também deram margem a muita
discussão. As descobertas feitas pelo robô UPUAT-2, de
Rudolf Gantenbrink, proibido pelo governo egípcio de
continuar a investigação, mostram que esse capítulo ainda
não foi devidamente encerrado. Diversos aspectos
arquitetônicos no interior da câmara funerária, passagens e
outros detalhes jamais foram explicados adequadamente.
Compartimentos no teto ainda não foram compreendidos. A
passagem estreita existente do topo da galeria principal e
ligada à câmara é de origem e utilidade desconhecidas. Os
quatro compartimentos restantes foram relacionados como
tendo uma função puramente estrutural, tendo sido lacrados
desde que a pirâmide fora construída. Só podiam alcançados
através de túneis e barreiras removidas com explosivos.
Uma estela localizada na tumba indica a Esfinge e a
Grande Pirâmide, além das outras estruturas encontradas no
planalto, já existiam muito tempo antes de Queóps assumir
o trono, conforme citado no livro "Impressões digitais dos
Deuses". A autenticidade dessa estela é negada por muitos
estudiosos, mas nenhuma argumentação sólida fundamenta
essas afirmações.
Em resumo, as pirâmides continuam em pé, ostentando
seus mistérios e dando origem às teorias. Quem sabe no ano
próximo de 2013 tenhamos a oportunidade de comprovar o
acerto ou o absurdo de, pelo menos, uma delas...
Depois de todas essas teorias, talvez seja o momento
exato de acrescentar algumas informações esclarecedoras a
respeito delas. O efeito é devastador. Muito mais do que
esclarecer, aliás, essas informações tem o condão de
confundir e suscitar ainda mais dúvidas e questionamentos a
respeito das "coincidências" que se somam incomodamente,
a despeito de todos os protestos dos egiptólogos tradicionais
e seus métodos científicos.
Para começar, é perturbador saber que a altura da
Pirâmide de Queóps, multiplicada por um bilhão,
corresponde aproximadamente à distância Terra ao Sol, algo
próximo dos cento e cinquenta milhões de quilômetros. Se a
terra fosse uma grande laranja e usássemos uma enorme
faca para cortá-la exatamente a partir do centro da Grande
Pirâmide, dividindo continentes e oceanos, obteríamos duas
metades exatamente iguais. Para quem está habituado aos
conceitos matemáticos, esta é fácil: a circunferência (região
de um plano limitada por uma círculo) da pirâmide, dividida
pelo dobro de sua altura, tem como resultado o famoso
número de Ludof, o pi, igual a 3,1416. O que dizer dessas
coincidências?
Até hoje, todas as tentativas de recriar réplicas em
escala menor da Grande Pirâmide, utilizando os parcos
recursos disponíveis na época, falharam. Alguns estudiosos
ousam mesmo afirmar que, em pleno século XXI, nenhum
arquiteto, por mais capacitado que fosse, tendo a sua
disposição todos os modernos recursos técnicos disponíveis
em todas as partes do mundo, seria capaz de construir algo
semelhante à Pirâmide de Queóps. O desafio imposto pelos
cento e cinquenta metros de altura, pelas mais de trinta e um
milhões de toneladas e pelos dois milhões de blocos
gigantescos seria uma empreitada além da capacidade de um
evoluído e altamente capacitado técnico do Terceiro
Milênio.
O trabalho seria insano: recortar os blocos nas
pedreiras, desbastá-los e prepará-los para que se encaixasse
de tal forma que um fio de cabelo não passaria entre eles,
transportá-los até a construção e montá-los perfeitamente
encaixados. Depois, designar artistas para efetuar
minuciosos desenhos coloridos ao longo de todas as paredes
e galerias. Logicamente o trabalho seria facilitado pelo uso
de potentes lâmpadas elétricas que iluminariam os interiores
escuros como se estivessem à luz do sol. Nada comparado
ao que foi feito pelos artistas egípcios, usando tochas que...
incrivelmente, não deixaram nenhum vestígio de fuligem,
fumaça ou cinzas na tinta fresca!
Ninguém até hoje aceitou o desafio. Ninguém até hoje
ousou financiar essa obra monumental. Pensando assim, fica
difícil aceitar que as pirâmides, como um todo, tenham sido
apenas e tão somente meros túmulos para encerrar a vaidade
humana e o desejo de imortalidade dos faraós.
Para finalizar, uma dimensão do trabalho que
representaria, naquele tempo, a movimentação dos imensos
blocos de pedra pode ser deduzida da reprodução de uma
imagem pictórica daquele período. Uma imagem mostra o
que parece ser o transporte de uma grande estátua. Na
imagem recortada se pode perceber a ação de um operário,
molhando o caminho por onde deslizará o trenó, carregando
a estátua com aproximadamente dez metros de altura. Notese o número de homens envolvidos, apenas no foco central
da cena. Quantos mais estariam envolvidos na tarefa?
Imagine o mesmo trabalho, rampas acima, arrastando blocos
de pedra à razão de um a cada dois minutos. Nem a melhor
guarnição de guardas de trânsito conseguiria administrar
isso! É por isso que, quanto mais se estuda as pirâmides,
mais dúvidas elas provocam!
O transporte de uma estátua
Todas essas especulações às perguntas sem respostas
são reforçadas por ocorrências fortuitas que vieram
acrescentar novos pontos de interrogação a todo esse
emaranhado de enigmas. É preciso lembrar que os hoje
conhecidos corredores e as câmaras localizadas no interior
da Grande Pirâmide de Queóps, somente foram descobertos
por obra do acaso. Um enorme bloco de pedra, que
bloqueava o Corredor Ascendente, ruiu naturalmente. Se
isso não tivesse ocorrido, como deveria ter sido o propósito
inicial dos construtores, essa passagem jamais seria
conhecida.
Esse acontecimento faz supor que, com toda certeza,
não apenas na pirâmide de Queóps, mas em todas as outras,
deve haver dezenas ou centenas de passagens e corredores
ainda desconhecidos, protegidos por blocos de pedra cuja
remoção fatalmente implicaria em danos irreparáveis a todo
o conjunto. Aonde levariam, o que conteriam, ninguém sabe
ainda e não há como descobrir. Há algum tempo, uma
equipe de pesquisadores utilizou um pequeno robô para
investigar as estreitas passagens existentes na pirâmide de
Queóps, mas o trabalho foi interrompido e proibido, após as
primeiras e inquietantes descobertas, que indicavam a
existência de estruturas estranhas, semelhantes a armadilhas.
O pequeno robô e as estranhas estruturas
Essa hipótese encontra respaldo na comprovação de
que, na Pirâmide Torta, foram encontrados enormes blocos
de pedra fechando uma das câmaras. Removê-la implicaria
em pôr em risco toda a pirâmide e ninguém jamais correria
esse risco extremo.
AS NOVAS TEORIAS
TEORIAS E INDAGAÇÕES
Diante de todas as indagações ainda sem respostas
levantadas sobre a Grande Pirâmide e, por extensão, sobre
todas as pirâmides, estudiosos continuam pesquisando e
buscando respostas. Para aumentar essa confusão toda, há
um trecho do relato de Heródoto, onde ele narra o seguinte:
"Foi um trabalho realmente complexo o da construção
da pirâmide. Para levar o cascalho aos diversos planos
empregavam-se máquinas feitas de pequenos pedaços de
madeira e situadas em diferentes alturas. Ao chegar o
cascalho ao primeiro plano, era colocado em outra
máquina, que o levava para a segunda, onde outra máquina
o transportava para a máquina terceira, e assim
sucessivamente, até o alto do monumento."
Novas teorias a respeito do assunto surgem a todo
momento, procurando explicar como foi possível erigir,
num espaço de tempo de vinte anos, uma estrutura com dois
milhões e seiscentos mil blocos enormes de pedra. A área de
atuação desses estudiosos não limita sua participação no
debate. Há teorias formuladas por ufólogos e por religiosos,
por arquitetos e por ocultistas. Uma das teorias mais
recentes e interessantes já surgidas é a de um químico
famoso, chamado Joseph Davidovits, professor da
Universidade de Toronto, no Canadá, diretor do Instituto de
Ciências Arqueológicas Aplicadas da Universidade Barry,
da Flórida. Sua fama adveio de sua descoberta mais
importante, a química dos geopolímeros, revolucionária
criação aplicada à construção civil. Seus argumentos e suas
conclusões são perturbadoramente sólidos.
Em sua tese, Davidovits nega todas as afirmações da
arqueologia clássica, afirmando categoricamente que as
serras de cobre podiam cortar madeira, mas jamais poderiam
cortar o tipo de granito resistente usado na Grande Pirâmide.
Com os implementos de cobre que a arqueologia tradicional
admite terem sido usados, os egípcios não teriam
conseguido cortar as centenas de milhares de blocos de
calcário num tempo de vinte anos. Outro tipo de metal não
foi usado porque o uso do bronze só surgiu no Egito quase
um milênio depois da construção da Grande Pirâmide. O
ferro só apareceria bem mais tarde, no Império Novo e,
mesmo assim, era muito raro.
Davidovits reforçou os argumentos de que aquelas
construções são anteriores à época do reinado de Queóps e
que a prova mais evidente de que foi usada uma tecnologia
sofisticada muito diferente da existente na época é a datação
feita em 1987, usando o método do radiocarbono. Os
resultados indicaram que a Grande Pirâmide era quase
quinhentos anos mais antiga do que o admitido pela
egiptologia clássica, que, obviamente, contestou
veementemente essa afirmação científica.
Outro aspecto apontado por Davidovits é que,
diferentemente do que afirma a egiptologia tradicional, o
tamanho dos blocos se mantém ao longo de toda a
construção. Os blocos da parte superior não são menores do
que os da base. Afirma ele que existem centenas de enormes
blocos, menores apenas do que as pedras da base. Esses
blocos pesam entre quinze e trinta toneladas e estão
localizados à altura aproximada da câmara funerária do
faraó, a chamada Câmara do Rei. Proporcionalmente, são
tão grandes que equivalem o tamanho de dois degraus da
pirâmide. Afirma ainda que há, nitidamente, dezenove
flutuações nas alturas dos degraus e dez medidas
perfeitamente uniformes nos comprimentos.
Para chegar a essa constatação, Davidovits mediu cerca
de dez por cento da área da pirâmide. Diz ele textualmente:
"Elimina-se, dessa forma, toda possibilidade de que os
blocos foram cortados em tamanhos aleatórios,
determinados por rachadura e outras características do
leito rochoso. Tentativas de explicar a preparação e uso de
blocos de dimensões tão uniformes, baseadas na hipótese de
corte, depararam com enormes dificuldades. Este grau de
uniformidade exclui totalmente a possibilidade de corte com
instrumentos primitivos."
Para reforçar essa argumentação, dois arqueólogos e
arquitetos, George Perrot e Charles Chipiez, após analisar as
esculturas egípcias do Império Antigo, levantaram a
seguinte questão:
"Como conseguiram os escultores cinzelar essas
rochas tão duras? Ainda hoje, isto é muito difícil, mesmo
usando os melhores cinzéis de aço temperado. O trabalho é
muito lento e difícil, e o artista se vê obrigado a parar com
frequência para afiar o gume do cinzel – que se torna
rombudo em contato com a pedra – e, em seguida,
retemperá-lo. Os contemporâneos de Quéfren – e todos
concordam com isto – não possuíam cinzéis de aço.
Essa questão ganha uma importância perturbadora
quando se observa que, ao longo do Império Novo e mesmo
nas épocas posteriores, os egípcios jamais voltaram a
realizar trabalhos semelhantes, apesar de já disporem de
instrumentos mais resistentes, feitos de bronze. Esse fato
tem incomodado os pesquisadores, que não encontraram
ainda respostas para essa indagação. Champollion, o
pesquisador que conseguiu decifrar os hieróglifos,
manifestou sua surpresa diante da qualidade inferior das
estruturas construídas durante o Império Novo. Roziere, um
geólogo que fez parte da equipe de cento e cinquenta
cientistas que foram levados ao Egito por Napoleão, estimou
que apenas nas pirâmides de Gizé havia mais blocos de
pedra do que em todas as obras feitas nos períodos
seguintes. E diga-se ainda que, segundo estimativas do
geólogo de Roziere, um dos 150 cientistas que
acompanharam Napoleão ao Egito, há mais pedras nas
pirâmides de Gizé do que em todas as obras construídas no
Egito nos mil e quinhentos anos que constituem o Império
Novo, o Período Tardio e o Período Ptolomaico juntos.
Outra constatação intrigante é a de que os monumentos
levantados a partir do Império Novo usaram variedades de
pedras mais fáceis de serem trabalhadas e, por conseguinte,
mais apropriadas ao tipo de ferramentas de que disponham.
Material rochoso duro como o usado nas pirâmides não foi
encontrado nessas obras posteriores. Nos templos de Luxor,
Karnak, Edfu, Esna e Dendera usaram um arenito chamado
psamito (designação comum aos arenitos ou rochas
sedimentares clásticas formadas de elementos que, embora
finos, são visíveis a olho desarmado, como, por exemplo, a
argila, o saibro, o arenito, formadas de fragmentos de
outras rochas) Esse arenito não resiste a uma pressão mais
forte e, com certa frequência, pode ser arranhado com a
unha apenas. Não se deve perder de vista que esse material
mais fácil de ser trabalhado e entalhado foi usado quando o
uso do ferro já era conhecido no Egito. Abu Simbel foi
escavado numa montanha de arenito macio, enquanto o
calcário usado em Gizé vinha de Tura, muito mais duro e
difícil de trabalhar. Além disso, outra diferença gritante
chama a atenção, quando se compara essas construções As
construções feitas a partir do Império Novo usam, em sua
maioria, blocos de pequenas dimensões contra os enormes
blocos usados nas pirâmides de Gizé.
Ainda segundo Davidovits:
"As pirâmides do Império Antigo consistem
fundamentalmente em calcário abundante e carcaças
fósseis, um material heterogêneo, de corte extremamente
difícil. Templos de fins da XVIII dinastia (1400 anos a.C.)
são encontrados por todo o Egito. Foram construídos com
calcário branco muito macio, mesmo quando erigidos em
regiões inteiramente graníticas, como no sul. Após a XVIII
dinastia, o emprego de calcário macio cedeu finalmente
lugar ao arenito mole. Arenito de Silsilis, no sul do Egito,
foi usado para construir os templos de Karnak, Luxor e
Edfu, à época do Império Novo. O material é homogêneo,
mole e fácil de desbastar. Nisso reside a grande
contradição tecnológico do Egito: numa ocasião em que as
ferramentas eram de pedra e cobre, utilizou-se um volume
enorme de variedades duras de pedra, mas assim que foram
adotados o bronze e o ferro, os egípcios usaram apenas os
materiais mais frágeis. Há mais do que prova abundante
para confirmar a existência de dois diferentes métodos de
construção em alvenaria, usados em épocas distintas e com
resultados muito diversos.”
Isso não chocaria de forma alguma se não fosse um
exemplo único de como uma tecnologia involuiu com o
passar do tempo, ao invés de evoluir, como ocorreu com
todas as tecnologias, em todas as culturas, ao longo da
História da Humanidade, desde a descoberta do fogo. Nada
disso é explicado pela egiptologia tradicional.
Mais instigante ainda foram os resultados do trabalho
de uma equipe de geoquímicos alemães, que desenvolveu
um projeto para analisar os métodos de extração utilizados
historicamente nas pedreiras do Egito. Contrariando todas as
expectativas, não descobriram vestígios de que essas
pedreiras tenham sido exploradas antes de 1600 a. C. A
pergunta é fatal: como foram retiradas as pedras usadas nas
pirâmides?
Uma das descobertas mais importantes feitas por essa
equipe foi a de que o método de extração de blocos de pedra
usando cunhas de madeira nunca fora empregado pelos
egípcios, mas, sim, pelos romanos, durante a ocupação.
Como argumento para isso é apontado o fato de que, num
método tosco e rudimentar como aquele, fatalmente o
volume de perdas, resultando em blocos imprestáveis, teria
sido enorme e gerado uma montanha de detritos que seria
detectada ainda hoje.
Outro aspecto importante das conclusões feitas por
Davidovits refere-se à teoria do uso de rampas para o
transporte dos blocos de pedra. Historicamente, os romanos
introduziram as polias no Egito e o uso da roda teve início a
partir do Império Médio. Assim, a única opção conhecida
para o transporte dos blocos era o uso de rampas. Só que
isso, ao invés de ser uma solução, acaba resultando novas
questões, uma vez que não foram encontrados vestígios de
nenhuma rampa capaz de receber o tráfego resultante da
construção da Grande Pirâmide. Os vestígios encontrados
indicam a presença de pequenas rampas, destinadas
possivelmente a facilitar a escalada da pirâmide.
A famosa estela de Tura, encontrada nas pedreiras por
arqueólogos no século XIX mostrava um bloco de pedra
sobre um trenó, puxado por parelhas de bois. Sobre isso,
argumentou Davidovits:
"(A estela de Tura) ...não constitui prova aceitável em
apoio à teoria tradicional de construção, uma vez que foi
erigida aproximadamente mil anos após a construção da
Grande Pirâmide. A estela de Tura e outros documentos
usados para apoiar a teoria tradicional são produtos de
uma sociedade que explorava tecnologia diferente da de
seus ancestrais. Todas as civilizações duradouras e bem
sucedidas forçosamente tiveram tecnologias novas e outras
que declinaram."
A dedução é inevitável. Descartando qualquer
intervenção divina ou atuação de seres de outros planetas,
de passagem pela terra, é preciso reconhecer que uma
tecnologia totalmente desconhecida foi usada na construção
das pirâmides de Gizé. Uma tecnologia que, ao arrepio da
história, desapareceu inexplicavelmente. Davidovits leva
isso em consideração e cita fatores que podem ter provocado
o desaparecimento dessa tecnologia. Entre eles, há os
períodos de anarquia ocorridos na história do Egito, as
invasões estrangeiras, o desastroso incêndio da Biblioteca
de Alexandria, as profanações e saques dos túmulos, que
empregaram técnicas destrutivas, como explosivos e aríetes.
Para ele, não há como negar que "uma grande tecnologia
esquecida foi usada na construção das pirâmides."
A RESPOSTA
Davidovits afirmou:
"...a ciência que tornou possível as pirâmides foi a
química, ou mais exatamente, sua precursora, a alquimia."
Tudo começou quando, há milhares de anos atrás, por
volta de 4000 a.C., um curioso ou um sábio misturou dois
pós de minerais diferentes, a crisocola e o natrão, aquecendo
em seguida. O resultado foi um esmalte duro, com uma
brilhante cor azul. A essa técnica passou a ser aplicada em
contas e pedras. Ninguém desconhece hoje o fato de que os
antigos egípcios usaram com frequência a crisocola e lápislazúli para produzir esmaltes. A palavra usada para esses
produtos é muito significativa: ari-kat (feito pelo homem,
sintético). Essa constatação é importante para se entender
que, naquela época, é perfeitamente possível que os
construtores já conhecessem a arte de fabricação e o
emprego do cimento. E isso é comprovado porque, em
vários locais da Grande Pirâmide foi encontrado cimento
que, mesmo que quase com cinco mil anos de idade,
encontrava-se ainda em boas condições. A argamassa usada
– e isto é incrível – é em muito superior ao cimento usado
hoje em dia na construção civil moderna. A prova disso
encontra-se nos monumentos egípcios, onde foi usado o
cimento Portland para reparos. Após cinquenta anos, esse
cimento já estava rachado e degradado.
Toda essa farta argumentação apresentada por
Davidovits, dentro de seus estudos, vem respaldar a seguinte
tese:
"Se os egípcios antigos possuíam capacidade de
produzir cimento de qualidade excepcionalmente alta, o que
os impediria de adicionar ao mesmo carcaças fósseis a fim
de produzir concreto calcário de primeiríssima qualidade?
A resposta é que nada os impediu. Demonstrarei adiante
que os blocos da pirâmide não são pedra natural, mas, na
verdade,
concreto
de
calcário
de
qualidade
excepcionalmente alta — pedras sintéticas — moldadas
diretamente no local. Os blocos consistem de cerca de 95%
de pedregulho de calcário e de 5 a 10% de cimento.
Constituem imitações de calcário natural, fabricados
segundo a antiquíssima tradição de produção alquímica de
pedras. Nenhum corte de pedra ou exaustivas operações de
arrastamento ou levantamento foram jamais necessárias à
construção das pirâmides."
Para comprovar, basta revisar as evidências já
encontradas no que se refere à construção das grandes
pirâmides. Os egípcios tinham ferramentas de cobre, que
facilmente podiam ser usadas para serrar e aplainar madeira.
Usando troncos de árvores do Líbano, não tiveram
dificuldade alguma para trabalhá-los e extrair tábuas que
foram empregadas como moldes.
Carpinteiro extraindo tábua
Para fabricar cimento era necessária a cal, que era
obtida do aquecimento do calcário, da dolomita ou da
magnesita em fornos. Essa prática já vinha sendo usada
desde há dez mil anos atrás. O cascalho de calcário
necessário à fabricação dos blocos era retirado das
pedreiras, sem maiores preocupações quanto a sua
uniformidade ou cuidados com sua extração.
Davidovits assim explica o processo todo:
"Água, provavelmente trazida tão perto quanto
possível por um canal, era usada para inundar o leito
rochoso de Gizé e saturá-lo e facilitar a desagregação. O
calcário de Gizé torna-se tão macio quando saturado, que
pode ser facilmente quebrado em pedaços, quando inserido
nele um tarugo de madeira. O corpo da Grande Esfinge foi
esculpido, à medida que o calcário lamacento era
apanhado em baldes para a fabricação dos blocos da
pirâmide. Homens chapinhando em calcário molhado,
lamacento, enquanto trabalham sob o calor do deserto, faz
muito mais sentido do que quebrando pedra nas pedreiras
em um deserto quente e poeirento, como exigido pela teoria
tradicional."
O endurecimento da massa era conseguido em algumas
horas, com o uso de minerais arsenicais e outros tipos de
minerais tais como a turquesa e a crisocola. Esses minerais
foram retirados em quantidades enormes das minas do Sinai,
numa época que corresponde ao período de construção das
Grandes Pirâmides de Gizé. Outros minerais necessários,
como a alumina, eram retirados da lama do rio Nilo, e o
natrão, encontrado em abundância nos desertos e nos lagos
salgados, muito usados também no processo de preparação
das múmias.
A comprovação de que essa teoria é se sustenta pode
ser encontrado no resultado do trabalho de uma equipe de
pesquisadores que, em 1974, tentou encontrar câmaras
ocultas na pirâmide de Queóps. O projeto teve de ser
interrompido porque havia tanta umidade no interior da
pirâmide que obstruía a transmissão das ondas
eletromagnéticas. O fato surpreendeu os pesquisadores, pois
a pirâmide está construída em solo rochoso, de calcário
natural, que de Gizé é relativamente seco e apenas concreto
poderia estar saturado de umidade, fenômeno também
observado nas estruturas modernas construídas com essa
tecnologia. Davidovits que os blocos de pedra que
pesquisou possuíam uma camada superior mais fraca,
menos densa e mais erodida. Explica-se esse fato porque, ao
produzir a argamassa, os agregados mais pesados
acomodavam-se no fundo do molde. Isso foi observado em
todos os blocos que analisou. Além disso, o fato de os
blocos seguirem um padrão de medição indica claramente
que foram usados moldes padronizados para os diversos
estágios da pirâmide. O resultado final dessa moldagem
eram blocos que se assentavam perfeitamente, não deixando
espaço para a passagem de um fio de cabelo que fosse.
Heródoto, em sua obra, jamais declarou que os blocos
de pedra haviam sido talhados e transportados pirâmide
acima. Fala de cascalho e a palavra grega usada por
Heródoto, no original de seu relato, foi mechane, que indica
algo inventado ou fabricado. Na época, era uma palavra
genérica, usada para expressar uma tecnologia que o grego
desconhecia e que lhe foi narrada por alguém que não
estivera presente durante a construção e que sabia dos
detalhes apenas por ouvir falar. Onde Heródoto cita que
foram usadas máquinas na construção, Davidovits afirma
que eram moldes e que o mesmo trecho, substituindo-se a
palavra máquina por molde, resultaria no seguinte texto
coerente:
"Foi um trabalho realmente complexo o da construção
da pirâmide. Para levar o cascalho aos diversos planos
empregavam-se moldes feitos de pequenos pedaços de
madeira e situados em diferentes alturas. Ao chegar o
cascalho ao primeiro plano, era colocado em outro molde,
que o levava para o segundo, onde outro molde o
transportava para o terceiro, e assim sucessivamente, até o
alto do monumento."
Até que surgisse outra teoria mais sólida, a hipótese de
Davidovits era perfeitamente aceitável, desvendando os
mistérios que envolveram a construção das Grandes
Pirâmides. Que mistérios ainda se escondem em seus túneis,
passagens e câmaras secretas é um capítulo que apenas o
tempo poderá desvendar. Por que a Pirâmide de Queóps
estava vazia ou onde está o corpo desse faraó, entre outras,
são questões que continuarão desafiando o tempo. E o
tempo é algo que as pirâmides têm sabido enfrentar até
agora.
Modernamente, novas pistas surgiram com uma série
de teorias que podem ser englobadas numa só: a Teoria dos
Antigos Astronautas. Essa teoria liga as pirâmides à
passagem pela Terra de antigos astronautas, vindos de
outras galáxias e que, de certa forma, influenciaram os
destinos da humanidade e deixaram marcas de sua passagem
por toda parte, principalmente nessas misteriosas
construções. Que métodos ou mecanismos usaram
continuam mistério, mas a mais interessante dedução é a
que inverte drasticamente a cronologia das pirâmides.
Embora controversa, essa teoria tem até sua lógica, quando
se tem em mente que poderiam ter sido construídas por um
povo com limitado conhecimento para a época e
ferramentas rústicas.
Em resumo, os egípcios já encontraram as pirâmides
prontas. Suas tentativas de recriá-las resultaram nos projetos
fracassados que hoje ainda são considerados os precursores
das construções.
O certo é que as pirâmides continuam com seus
mistérios, gerando teorias, mas nenhuma explicação
definitiva.