1 universidade federal do espírito santo centro de ciências da saúde
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUACAO EM DOENÇAS INFECCIOSAS VALDIR MONTEIRO PINTO Prevalência e fatores de risco para Chlamydia trachomatis em parturientes, de 15 a 24 anos, no Brasil VITÓRIA 2012 1 VALDIR MONTEIRO PINTO Prevalência e fatores de risco para Chlamydia trachomatis em parturientes, de 15 a 24 anos, no Brasil Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Espírito Santo, como pré-requisito para obtenção do título de doutor em Doenças Infecciosas. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Angélica Espinosa Miranda. VITÓRIA 2012 2 FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) P659p Pinto, Valdir Monteiro, 1957Prevalência e fatores de risco para Chlamydia trachomatis em parturientes, de 15 a 24 anos, no Brasil / Valdir Monteiro Pinto. – 2012. 100 f. : il. Orientador: Angélica Espinosa Miranda. Tese (Doutorado em Doenças Infecciosas) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências da Saúde. 1. Chlamydia trachomatis. 2. Gonorréia. 3. Doenças sexualmente transmissíveis. 4. Gravidez. I. Miranda, Angélica Espinosa Barbosa. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências da Saúde. III. Título. CDU: 61 3 4 Aos meus pais Waldir e Yvette, pela amizade, carinho, dignidade e capacidade de amar, representados pelo incentivo na minha educação e formação. Aos meus irmãos Tereza Cristina, Luiz Carlos (in memorian) e Carlos Augusto, deles recebi amor, paciência, carinho e amizade incondicional, na vida e além dela, dos quais jamais esquecerei. 5 AGRADECIMENTOS Neste momento tenho um sentimento de gratidão a todas as pessoas que me ofereceram sua companhia e apoio neste percurso. A Profa. Dra. Angélica Espinosa Miranda, minha orientadora, pela confiança em mim depositada e segurança transmitida com explicações minuciosas, além do carinho, paciência, apoio e incentivo, que foram fundamentais para o meu aprendizado durante o doutorado. Ao Ministério da Ciência e Tecnologia (CNPq) pelo apoio financeiro ao projeto que viabilizou a realização da pesquisa. A diretora do Departamento de DST, AIDS e Hepatites virais, do Ministério da Saúde, Dra. Mariângela Batista Simão Galvão, pelas discussões que encaminharam a definição do tema e pelo apoio para que o estudo pudesse ser realizado. A Dra. Cássia Maria Buchalla, Dra. Ethel Leonor N. Maciel, Dra. Mariângela Freitas da Silveira e Dr. Reynaldo Dietze pelas revisões deste estudo, pelas sugestões construtivas nas análises dos dados, pela dedicação com que transmitiram importantes sugestões que foram incorporadas ao estudo. A Dra. Mariza Vono Tancredi, pelo seu jeito especial de ser e pela disponibilidade, sugestões, revisão e proveitosas discussões que enriqueceram o trabalho. Aos amigos Denis, Marcelo, Victor, Eveline, Martha e Marielle da UDST do Departamento de DST, AIDS e Hepatites virais e, à Lilian e Andressa da ULAB, pela boa vontade em me ouvirem muito em relação a este trabalho e disposição em me auxiliarem independente de horário. 6 A equipe do Laboratório do NDI da UFES que sempre, com ajuda competente e interessada, estiveram dispostos a atender ao estudo com a realização dos exames necessários. Ao mais que amigo, Adalberto Antunes, por acreditar em mim e pelo estímulo oferecido durante todo esse período de estudo, para que pudesse trilhar no destino profissional. Ao amigo Dr. Rubens Rassi, pelas palavras de estímulo constantes e considerações construtivas. Aos coordenadores locais do estudo e todos os participantes das 24 maternidades que disponibilizaram seus tempos em prol do conhecimento. A todas as jovens parturientes que voluntariamente participaram desta pesquisa viabilizando a conclusão deste estudo. 7 Resumo Objetivo: Estimar a prevalência e fatores de risco para a infecção por Chlamydia trachomatis (CT) em parturientes jovens no Brasil. Material e Método: Estudo transversal, nacional, em parturientes de 15 a 24 anos de idade, que buscaram atendimento nas maternidades públicas do país em 2009. Participantes responderam um questionário contendo dados sóciodemográficos, comportamentais e clínicos. Foi coletada uma amostra de urina para testagem de CT e Neisseria gonorrhoeae (NG) usando a reação em cadeia da polimerase COBAS Amplicor CT/NG (Roche Molecular Systems, Branchburg, NJ, USA). Resultados: De um total de 2400 mulheres selecionadas, 2071 (86,3%) foram incluídas no estudo. A média de idade foi de 20,2 anos (desvio padrão = 2,7). As taxas de prevalência de CT e NG foram 9,8% (IC95% 8,5–11,1) e 1,0% (IC95% 0,6%–1,4%), respectivamente. Quatro por cento das mulheres com infecção por CT também tinham infecção por NG. Os fatores associados à infecção por CT foram: idade entre 15 e 19 anos [OR=1,6 (95% IC: 1,15–2,17)]; início de atividade sexual antes de 15 anos de idade [OR= 1,4 (95% IC: 1,04– 6,24)]; ter tido mais de uma parceria sexual na vida [OR= 1,6 (95% IC: 1,13– 2,26)]; ter realizado citologia oncótica cervical há mais de um ano [OR= 1,5 (95% IC: 1,08–2,05)]; e ter infecção por NG [OR= 7,6 (95% IC: 3,05–19,08)]. Conclusão: Este estudo mostrou uma alta prevalência de infecção por CT entre parturientes jovens no Brasil. Nós sugerimos que o rastreamento para a infecção por CT deva ser incluído na rotina de acompanhamento pré-natal para este grupo populacional no Brasil. Palavras chaves: Chlamydia trachomatis, gonorréia, DST, gravidez, fatores de risco, co-infecção. 8 Summary Objective: To estimate the prevalence of and risk factors for Chlamydia trachomatis (CT) infection in young parturient women in Brazil. Methods: A national cross-sectional study of parturient women, aged 15 to 24 years, attending Brazilian public hospitals was performed in 2009. Participants answered a questionnaire including demographic, behavioral, and clinical data. A sample of urine was collected and screened for CT and Neisseria gonorrhoeae (NG), using polymerase chain reaction, Amplicor CT/NG (Roche Molecular Systems, Branchburg, NJ, USA). Results: A total of 2400 women were selected and 2071 (86.3%) participated in the study. Mean age was 20.2 years (standard deviation = 2.7). Prevalence rates of CT and NG were 9.8% (95% CI: 8.5–11.1) and 1.0% (95% CI: 0.6%– 1.4%), respectively. Four percent of women infected with CT also had NG infection. CT associated factors were: being younger (15–19 years old) OR= 1.6 (95% CI: 1.15–2.17); first sexual intercourse before 15 years of age OR= 1.4 (95% CI: 1.04–6.24); having more than 1 sexual partner in lifetime OR= 1.6 (95% CI: 1.13–2.26); Pap smear screening more than 1 year OR= 1.5 (95% CI: 1.08–2.05); and NG infection OR= 7.6 (95% CI: 3.05–19.08). Conclusions: This study shows a high prevalence of CT infection among young pregnant women in Brazil. We suggest that CT screening should be included as part of antenatal care routine in this group in Brazil. Key word: Chlamydia trachomatis, gonorrhea, STD, pregnancy, risk factors, coinfection. 9 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AIDS Acquired immunodeficiency syndrome Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ATP Adenosine triphosphate Trifosfato de adenosina CA Carcinoma/Câncer CDC Centers for Disease Control and Prevention Centro de Controle e Prevenção de Doenças CE Corpos elementares CEP Comitê de Ética em Pesquisa CR Corpos reticulares CT Chlamydia trachomatis DIP Doença Inflamatória Pélvica DNA Desoxiribonucleic acid Ácido Desoxirribonucleico DP Desvio padrão DST Doenças Sexualmente Transmissíveis DUM Data da última menstruação EIA Enzyme Immuno Assay Enzima imunoensaio ELISA Enzyme Linked Imunosorbent Assay y Ensaio Imunoenzimático Indireto EUA Estados Unidos da América FC Fixação de complemento HIV Human Immunodeficiency vírus Vírus da Imunodeficiência Humana HPV Human Papilloma Virus Papilomavírus humano 10 HSP60 Heat shock proteins 60 Proteína de choque térmico 60 HSV Herpes simples vírus IC Intervalo de confiança IFD Imunofluorescência direta IgG Imunoglobulina G IgM Imunoglobulina M LCR Ligase Chain Reaction Reação em Cadeia da Ligase LGV Linfogranuloma venéreo LPS Lipopolissacarídeos ML Mililitros MIF Microimunofluorescência MOMP Major Outer Membrane Protein Proteína principal da membrana externa MS Ministério da Saúde do Brasil NAAT Nucleic Acid Amplification Tests Testes de amplificação de ácidos nucléicos NG Neisseria gonorrhoeae OMS Organização Mundial da Saúde PCR Polimerase Chain Reaction Reação em Cadeia da Polimerase RNA Ribonucleic acid Ácido Ribonucléico SDA Strand Displacement Amplification SIH/SUS Sistema de Informações Hospitalares do SUS SM Salário mínimo SPSS Statistical Package for the Social Sciences 11 SUS Sistema Único de Saúde UBS Unidade Básica de Saúde UDI Usuários de drogas injetáveis TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TMA Transcription-Mediated Amplification Assay Ensaio de amplificação mediada por transcrição VDRL Veneral Disease Research Laboratories Teste não treponêmico, quantitativo, para sífilis WHO World Health Organization Organização Mundial da Saúde 12 LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS Figura 1: ................................................................................................24 Ciclo celular da Clamídia em cultura de células Quadro 1: ..............................................................................................22 Aspectos comparativos das espécies de clamídias que causam infecções em humanos. Quadro 2: ..............................................................................................28 Estudos sobre a prevalência de clamídia, em mulheres, realizados no Brasil de 1993 a 2010. Quadro 3: ..............................................................................................40 Testes diagnósticos para detecção de Chlamydia trachomatis. Tabela 1:.................................................................................................54 Prevalência de infecção por Chlamydia trachomatis em parturientes no Brasil, segundo região geográfica. Tabela 2:.................................................................................................56 Dados sociodemográficos das parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil e sua associação com Chlamydia trachomatis. Tabela 3:.................................................................................................59 Dados comportamentais das parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil e sua associação com Chlamydia trachomatis. 13 Tabela 4:.................................................................................................61 Dados clínicos das parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil e sua associação com Chlamydia trachomatis. Tabela 5:................................................................................................63 Análise multivariada dos fatores associados com infecção por Chlamydia trachomatis em parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil, 2009. 14 ÍNDICE RESUMO SUMMARY LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS 1. INTRODUÇÃO........................................................................................17 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................20 2.1 Agente etiológico...............................................................................20 2.2 Patogenia..........................................................................................22 2.3 Epidemiologia da Chlamydia trachomatis.........................................25 2.4 Aspectos clínicos..............................................................................29 2.5 Diagnóstico.......................................................................................33 2.5.1 Citologia.............................................................................33 2.5.2 Cultura celular...................................................................34 2.5.3 Pesquisa de anticorpos específicos...................................35 2.5.4 Detecção direta de antígeno..............................................36 2.5.5 Testes biomoleculares.......................................................37 2.6 Tratamento........................................................................................41 3. JUSTIFICATIVA......................................................................................43 4. OBJETIVOS............................................................................................44 5. METODOLOGIA.....................................................................................45 5.1 Delineamento do estudo...................................................................45 5.2 População de estudo........................................................................45 5.3 Critérios de inclusão.........................................................................45 5.4 Critérios de exclusão........................................................................45 15 5.5 Instrumentos de coleta de dados......................................................46 5.6 Variáveis de estudo..........................................................................46 5.7 Testes laboratoriais..........................................................................49 5.8 Cálculo e tamanho da amostra........................................................50 5.9 Aspectos éticos................................................................................52 6. RESULTADOS.......................................................................................53 7. DISCUSSÃO..........................................................................................64 8. CONCLUSÃO........................................................................................73 9. PERSPECTIVAS...................................................................................74 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................75 ANEXO 1 - Número e custos de internações por DIP no Brasil ANEXO 2 - Questionário ANEXO 3 - Registro e aprovação pelo CEP ANEXO 4 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ANEXO 5 - Publicação de artigo 16 1. INTRODUÇÃO As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) continuam atingindo, silenciosamente, milhões de pessoas em todo o mundo, com um importante componente sobre as mulheres. Embora não se conheça a real magnitude do problema, estima-se que hoje, nos países em desenvolvimento, as DST estão entre as 10 causas mais freqüentes de procura por serviços de saúde, com conseqüências de natureza sanitária, social e econômica (WHO, 2007). A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1999, fez uma projeção de 340 milhões de casos novos de DST curáveis por ano no mundo, entre homens e mulheres de 15 e 49 anos de idade. Destes casos, aproximadamente 80% ocorreriam nos países em desenvolvimento e as infecções por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae seriam 92 e 62 milhões casos, respectivamente (WHO, 2001). Para a América latina e Caribe foi estimado um total de 38 milhões de casos de DST curáveis sendo, destes, 9 milhões de casos de infecção por clamídia e 7,5 milhões por gonorréia (WHO, 2001). A infecção do trato genital por clamídia é considerada como uma das DST mais freqüentes em todo mundo (WHO, 2007; LOW et al., 2008; CDC, 2009), causando grande impacto sobre a saúde sexual e reprodutiva, sendo prevalente tanto em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento (FENTON & LOWNDES, 2004; LAMONTAGNE et al., 2004). Nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Reino Unido, a infecção por C. trachomatis traduz-se na infecção de transmissão sexual, bacteriana, mais notificada, principalmente em adolescentes e adultos jovens, e está associada com altos custos que excedem 2 bilhões de dólares e 100 milhões de libras 17 anuais, respectivamente (CDC, 1997; ADAMS et al., 2004; HU et al., 2004; NORMAN et al., 2004; ANTHONISZ, 2009). A infecção gonocócica é a segunda infecção bacteriana, de transmissão sexual, mais comumente notificada nos Estados Unidos (CDC, 2008). Particularmente em mulheres, o diagnóstico, para ambas infecções, pode ser dificultado pela falta de sintomas específicos, pela não conscientização que as pacientes sejam sexualmente ativas, estão em situação de risco para DST e, por falta de conhecimento que a triagem para infecção por clamídia pode ser realizada sem o exame pélvico (CDC, 2009). Em mulheres, as infecções pela C. trachomatis e N. gonorrhoeae podem ser assintomáticas em aproximadamente 70% a 80% dos casos, o que é uma das grandes dificuldades para o seu controle (SCHACHTER, 1978; SCHACHTER et al., 1995; MILLER et al., 2004; LAND et al., 2009; ROURS et al., 2011a). Dados de estudo multicêntrico com gestantes, realizado no Brasil, conduzido em seis capitais, das cinco macrorregiões do país, mostrou prevalências de infecção por gonorréia e clamídia de 1,5% e 9,4%, respectivamente. A idade inferior a 25 anos foi composta por 60% da amostra. Mostrou ainda, que as taxas de prevalência mais altas e os maiores riscos, foram associados com idade menor que 20 anos, com 2,4% e 15,1% de prevalência para infecção por gonorréia e clamídia, respectivamente e, em relação a essa idade, apresentou mais que o dobro de risco para a infecção por clamídia comparadas com as de idades maiores que 20 anos (BRASIL, 2008). No Brasil, não há cálculo oficial da prevalência desses agravos e tampouco de custos gerados ao Sistema Único de Saúde (SUS) por estas 18 infecções e suas complicações. Entretanto, dados e custos de internações de mulheres com doença inflamatória pélvica (DIP), evento claro marcador da infecção por gonorréia e/ou clamídia não tratadas, no ano de 2010, somaram 34.670 internações com custo de R$ 13.340.236,71 para o SUS (BRASIL, 2010). Diante do exposto, conhecer a prevalência da infecção por C. trachomatis no Brasil, é importante para definição de estratégias de rastreamento. A ausência de diagnóstico e tratamento de rotina, para essa infecção, resulta não somente em problemas de saúde para o indivíduo com severas conseqüências, como também em problemas epidemiológicos, de saúde pública e sócio-econômicos. 19 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Os primeiros reconhecimentos da clamídia como agente causal de DST foram na primeira década do século passado, com a descrição da associação de conjuntivite de inclusão em recém-nascidos, à uretrite não-gonocócica e cervicite. Nos anos 30, a bactéria foi relacionada com o linfogranuloma venéreo (LGV), doença de regiões tropicais. As clamídias, devido ao seu pequeno tamanho e por ser parasita intracelular obrigatório, foram consideradas como vírus até a década de 1960 (MARTIN, 1990; SCHACHTER & BARNES, 1997). O primeiro isolamento de Chlamydia (com exceção dos agentes causais do LGV) no trato genital foi feito em 1959 por Jones, Collier e Smith, onde a C. trachomatis foi isolada do colo do útero da mãe de uma criança com oftalmia neonatal. Na década seguinte, em 1964, a C. trachomatis foi isolada, pela primeira vez, da uretra de homens e associada epidemiologicamente com casos de conjuntivites (JONES, 1964). No início da década de 1970 a C. trachomatis, outras que não o LGV, foi reconhecida como um patógeno genital, de transmissão sexual, com sintomas clínicos que se assemelham à infecção gonocócica tanto em homens quanto em mulheres. 2.1. AGENTE ETIOLÓGICO As clamídias são bactérias Gram-negativas, imóveis, parasitas intracelulares obrigatórias, medindo de 300 a 1.000nm. O gênero Chlamydia pertence à família Chlamidiaceae e compreende três espécies: trachomatis, psittaci e pneumoniae. Produzem infecção no homem e aves (psitacose e 20 ornitose) tendo predileção por linfonodos, aparelhos: ocular, pulmonar, gastrointestinal, genitourinário e articulações. A C. trachomatis é uma bactéria que parasita exclusivamente a espécie humana, se replica somente dentro de células epiteliais, com tropismo por células epiteliais colunares, da conjuntiva, uretra, endocérvice, endométrio, trompa, etc (CARVALHO, 1996; DAUTRY-VARSAT et al., 2005) e, é o agente causal de diversas infecções que estão associadas a vários sorotipos. Os sorotipos da clamídia são assim classificados: a. sorotipos A, B, B1 e C são agentes responsáveis pelo tracoma, caracterizado por conjuntivite e cicatrização da córnea e conjuntiva, sendo grande causa de cegueira com disseminação por olhos-mãos-olhos, apesar do sorotipo B, ocasionalmente, também ser isolado de infecções do trato genital. b. sorotipos D a K são associados às infecções óculo genitais (uretrite, oftalmia, cervicite, bartholinite, endometrite, salpingite, epididimite) bem como com a síndrome de Reiter (gastroenterite, conjuntivite, uretrite e poliartrite) e de Fitz-Hugh-Curtis (perihepatite). c. sorotipos L1, L2 e L3 relacionam-se ao Linfogranuloma venéreo (LGV) que, por transmissão sexual, acomete os linfonodos inguinais podendo acompanhar sintomas sistêmicos levando a sérias complicações (MARTIN, 1990; SCHACHTER, 1999; LUPI, 2005; SPAARGAREN et al., 2005; STAMM & BATTEIGER, 2010). Os aspectos comparativos das espécies de clamídia que infectam humanos podem ser vistos no Quadro 1. 21 Quadro 1. Aspectos comparativos das espécies de clamídias que causam infecções em humanos. Espécie Sorotipo Hospedeiro natural Modos de Transmissão Tropismo Complicações C. trachomatis A-C Humanos Mãos-olhos, fômites Conjuntiva Cegueira C. trachomatis D-K Humanos Sexual, perinatal Mucosa anogenital (uretra, cérvice, reto) DIP, infertilidade, câncer, gravidez ectópica, artrite C. trachomatis L1,L2,L3 Humanos Sexual Mucosa genital, linfócitos LGV, dano retal, fístulas C. pneumonie Um Humanos Contato direto respiratório Epitélio respiratório Doença aterosclerótica cardiovasular? C. psittaci Vários Aves e mamíferos Respiratório, aerosol Sistêmico Hepatite DIP – doença inflamatória pélvica, LGV – linfogranuloma venéreo. Fonte: adaptado de Stamm & Batteiger, 2010. 2.2. PATOGENIA A Chlamydia trachomatis é uma bactéria com capacidade metabólica limitada, com crescimento restrito ao meio intracelular do hospedeiro. O ciclo de desenvolvimento da C. trachomatis divide-se em dois diferentes estágios, com uma forma infecciosa extracelular, ou corpo elementar (CE), e uma forma replicativa intracelular, ou corpo reticular (CR). Primeiramente ocorre a ligação inicial com a célula epitelial susceptível e a entrada da partícula infecciosa (CE) na célula. O CE é um esferóide condensado, semelhante a esporo, com diâmetro de aproximadamente 350nm, sendo metabolicamente inativo e, devido a sua parede celular protetora, é relativamente resistente ao meio extracelular. Possui membrana externa trilaminar que contêm lipopolissacarídeos (LPS) e a proteína principal da 22 membrana externa (MOMP) é responsável pela integridade do corpo elementar infeccioso extracelular, também pela conversão em corpo reticulado. A C. trachomatis parece induzir a sua própria entrada no citoplasma da célula por um processo de endocitose e provavelmente utiliza diferentes receptores e mecanismos para invadir a célula hospedeira. Entretanto, o mecanismo preciso e as vias envolvidas na absorção da clamídia não são totalmente conhecidos (DAUTRY-VARSAT et al, 2005). Após a penetração, o CE se aloja em um fagossoma, limitado por membrana chamado inclusão clamidial e, é capaz de evitar a fusão e sua destruição por lisossomas primários da célula parasitada, devido a capacidade da bactéria modificar as características da membrana de inclusão tornando-a uma vesícula não lisossomal e pela síntese de proteínas que impedem a fusão, criando um ambiente favorável à replicação da clamídia (SCIDMORE et al, 1996). Após 6 a 8 horas da invasão da célula hospedeira, o CE apresenta uma reorganização, com crescimento intracelular, convertendo-se em uma forma maior e replicativa, tornando-se metabolicamente ativo (CR), que possui, aproximadamente, um diâmetro de 800 a 1000nm. Durante esse estágio de crescimento e replicação, a clamídia sintetiza suas próprias macromoléculas (RNA, DNA e proteínas) e compete com a célula hospedeira pelos precursores metabólicos, sendo considerada parasita energético, pois não tem capacidade de produzir sua própria energia e tem a necessidade de utilizar o ATP produzido pela célula hospedeira (BLACK, 1997; MAHONY et al., 2003). 23 Aproximadamente de 8 a 24 horas após a invasão da célula hospedeira, os CR se replicam por divisão binária (reprodução do organismo unicelular com replicação do DNA e manutenção do genoma da célula mãe), sendo este o estágio de maior atividade metabólica. Os CR se organizam e se transformam em pequenos CE infecciosos que passam a predominar na inclusão. Entre 48 e 72 horas há a ruptura da célula com liberação das inclusões intactas (figura 1). A liberação dos CE infecciosos permite a infecção de novas células, com potencial transmissão para novos hospedeiros, recomeçando o ciclo (MARTIN, 1990; SCHACHTER & BARNES, 1997; STAMM, 1999; GEISLER et al., 2007; STAMM & BATTEIGER, 2010). Figura 1. Ciclo celular da Clamídia em cultura de células. (1) Ligação e endocitose dos corpos elementares (CE) para inclusão. (2) Inclusão e diferenciação dos CE em corpo reticular (CR). (3) Replicação dos CR por divisão binária. (4) Rediferenciação dos CR em CE. (5) Exocitose dos CE, que podem infectar outras células. (6) Curso alternativo, sob condições de stress do meio ambiente (ex: privação de nutrientes, mediadores imunológicos (INF-γ), etc), levando a grandes formas aberrantes, metabolicamente inativas e persistentes. (7) Após a remoção do stress, há retorno da replicação e estado infectante (CE). Fonte: Adaptado de Stamm & Batteiger, 2010. http://coursewareobjects.elsevier.com/objects/elr/ExpertConsult/Mandell/infectiousdiseases7e/IC/images/ 0180002.jpg 24 2.3. EPIDEMIOLOGIA DA CHLAMYDIA TRACHOMATIS A C. trachomatis desde seu reconhecimento como patógeno de transmissão sexual é responsável por uma variedade de sintomas clínicos muito semelhantes aos causados pela Neisseria gonorrhoeae e atinge, mais frequentemente (10-15%), pessoas com menos de 20 ou 25 anos, sendo responsável por infecções genito-urinárias e suas complicações (ORTIZ et al., 1996; ADAMS et al., 2004; HU et al., 2004; NORMAN et al., 2004; WHO, 2007; CDC, 2009 Nos EUA, em 2005, foram relatados ao Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2005), 976.445 casos de infecção genital por C. trachomatis. A prevalência em mulheres variou entre 3,1% a 14,5% nos diferentes estados (mediana de 9,2%), sendo maior ainda em adolescentes, com mediana de positividade para a infecção de 14,2% (variando de 3,7% a 33,7%). A análise das tendências na epidemiologia das DST, na União Européia, mostrou um aumento, dependendo do país, de 11% a 28% de casos de infecção por clamídia notificados. Apesar da heterogeneidade dos sistemas de vigilância, os dados sugerem que a infecção por clamídia representa uma carga de doença desproporcional em mulheres com idades menores que 20 anos (FENTON & LOWNDES, 2004). Na Austrália, foi observado por Currie & Bowden, 2007, em uma revisão de literatura, um aumento de quatro vezes o número de notificações de infecções por clamídia em mulheres, na última década e de 25% na Nova Zelândia em cinco anos. A infecção apresentou média de prevalência de 4,6% variando de 1,4% a 8,7% com a maioria das infecções ocorrendo em mulheres com menos de 25 anos de idade. 25 Os fatores associados ao aumento de risco para a infecção por clamídia, em vários estudos incluem: início de vida sexual precoce, baixa idade, ser solteira, uso de contraceptivos orais, uso inconsistente do preservativo e referência de novo parceiro ou múltiplas parcerias sexuais. A baixa idade é o principal fator de risco para a maioria dos autores (MARTIN, 1990; WORKOWSKI, 1992; SCHACHTER & BARNES, 1997; CURRIE & BOWDEN, 2007). A transmissão da infecção do homem para a mulher e da mulher para o homem podem ser igualmente eficientes, e estudo comparativo de mulheres e homens parceiros de indivíduos com infecção por C. trachomatis, mostrou prevalência aproximadamente igual de infecção para ambas parcerias sexuais (QUINN et al., 1996; SCHACHTER & BARNES, 1997; TOLAN & GRELLA, 2010). Alguns estudos têm demonstrado que, em populações sexualmente ativas, em locais com pouca disponibilidade de exames laboratoriais para diagnóstico da infecção por C. trachomatis e/ou pouca disponibilidade de tratamentos específicos, a prevalência pode alcançar altas taxas. Isto reflete o caráter assintomático, que só permite ser diagnosticada pelo rastreamento, e a habilidade de persistência da infecção, por meses ou anos, quando não tratada. Por esse caráter de não produzir sintomas específicos, a infecção é pouco diagnosticada laboratorialmente, portanto, pouco notificada e sua incidência em mulheres é menos definida do que em homens, por ser mais assintomática dentre o sexo feminino. As taxas de prevalência da infecção, por C. trachomatis em mulheres, têm sido estudadas em gestantes, em pacientes atendidas em clínicas ginecológicas, de planejamento familiar, de DST, em estudantes e em serviços de medicina da família. Nos Estados Unidos e 26 Inglaterra, o aumento do número de casos notificados, nos últimos anos, reflete o aumento no diagnóstico laboratorial pelo rastreamento freqüente de populações sob maior risco, mesmo com a cobertura desse rastreamento ainda sendo baixa (SCHACHTER & BARNES, 1997; CDC, 2009; JOHNSON et al., 2010). Estudos de coorte, com adolescentes do sexo feminino, mostraram que um ano após o primeiro intercurso sexual 25% delas apresentaram infecção por clamídia e que as reinfecções foram comuns em 3,6 e 6 meses para clamídia e gonorréia, respectivamente (WHITTINGTON et al., 2001; TU et al., 2009; HOSENFELD et al., 2009; BATTEIGER et al., 2010). Outros estudos, conduzidos na Noruega, Suécia e Inglaterra, também mostraram maiores taxas de reinfecções em mulheres com idades menores que 24 anos (LAMONTAGNE et al., 2007; SKJELDESTAD et al., 2009; EDGARDH et al., 2009; EVANS et al., 2009; CAMERON et al., 2009). Os dados brasileiros publicados na literatura científica, sobre a prevalência da infecção pela C. trachomatis, são estudos isolados, em populações específicas, em serviços determinados, mas que demonstram a importância dessa infecção silenciosa em nosso meio e a baixa idade como um dos fatores de risco mais frequentemente relatados. A variação na prevalência da infecção por clamídia em mulheres, no Brasil, foi demonstrada por, pelo menos, 35 estudos publicados na literatura indexada, com idade variando entre 10 e 63 anos, que estão listados no Quadro 2. Dentre os estudos localizados, 21 utilizaram testes de biologia molecular, sendo quatro destes realizados em adolescentes e seis em gestantes. 27 Quadro 2. Estudos sobre a prevalência de clamídia, em mulheres, realizados no Brasil de 1993 a 2010. Autor Ano Gonçalves Raddi et al 1993 Passos et al Local População Araraquara /SP Ambulatório ginecologia 1995 Porto Alegre/RS Amaral et al 1995 Simões et al Idad e Método diagnóstico N Preval ência Cultura endocérvice 142 18,0% - Planejamento familiar - IFD 186 4,0% São Paulo/SP Pré-natal - ELISA 122 9,0% 1998 Campinas/SP Pré-natal - IFD 328 2,1% Faúndes et al 1998 Campinas/SP Planejamento familiar - IFD 407 6,6% Moherdai et al 1998 Multicêntrico Clínicas DST >12 IFD 348 8,4% Miranda et al 2000 Vitória/ES Penitenciária 18 a 49 ELISA 119 13,0% Melles et al 2000 São Paulo/SP Ambulatório ginecologia 22 a 57 Cultura endocérvice 189 8,4% 13 a 49 ELISA 108 18,5% PCR 217 10,2% Varella et al 2000 Piraí/RJ Ambulatório ginecologia Leite RCS 2001 B. Horizonte /MG Pré-natal Frias et al 2001 Teresópolis /RJ Clínica privada 13 a 49 ELISA 100 5,0% Bastos et al 2002 R. de Janeiro /RJ Clínica privada - ELISA 123 3,2% Smith et al 2002 São Paulo /SP Ambulatório Ca cervical - MIF (IgG) 424 20,2% Ramos et al 2002 Porto Alegre/RS Ambulatório ginecologia Gestantes 15 a 25 PCR 72 4,2% PCR 68 14,7% - Codes et al 2002 Salvador/BA Planejamento familiar 18 a 30 LCR 202 11,4% Soares et al 2003 União dos Palmares/AL PSF 15 a 63 Captura híbrida 341 6,4% Santos et al 2003 Manaus/AM Clínicas DST 14 a 63 PCR 121 20,7% Miranda et al 2004 Vitória/ES Adolescentes 15 a 19 LCR 464 12,2% Silva et al 2004 Uberaba/MG Gestantes 15 a 35 Captura híbrida 52 19,2% Menezes et al 2004 Recife/PE Gestantes 17 a 45 LCR 398 7,3% Pinto et al 2005 São Paulo/SP MSM 18 a 60 IFD 134 1,5% Araujo et al 2006 Goiânia/GO Adolescentes 12 a 24 PCR 296 19,6% 28 Codes et al 2006 Salvador/BA Plan. familiar Adolescentes Mulher favela 18 a 30 LCR LCR LCR 202 129 155 11,4% 17,1% 12,9% Eleutério et al 2007 Fortaleza/CE Clinica privada 17 a 59 Captura híbrida 214 6,1% Oliveira et al 2007 Pacoti/CE PSF 12 a 49 LCR 579 4,5% Machado et al 2007 Goiânia/GO Clínica reprodução humana 18 a 38 IgG 55 54,5% PCR 55 3,6% Marques et al 2007 Recife/PE Ambulatório esterelidade 18 a 46 PCR 100 10% Lima et al 2007 B. Horizonte /MG Clínicas DST 15 a 54 PCR 100 19% Jalil et al 2008 Multicêntrico Gestantes 10 a 49 Captura híbrida 3303 9,4% Marcolino et al 2008 Botucatu/SP Co-infecção HPV 15 a 42 PCR 30 33,3% Barcelos et al 2008 Vitória/ES PSF 15 a 49 PCR 299 7,4% Fernandes AL et 2009 Campinas/SP Planejamento familiar <24 PCR 230 13,5% Guimarães et AL 2009 Goiânia/GO Adolescentes 15 a 19 PCR 427 14,5% Machado Filho et AL 2010 Manaus/AM Gestantes 13 a 43 Imunocroma tografia 521 2,7% Brandão et al 2010 Recife/PE Gestantes HIV (+) HIV (-) 14 a 41 Captura híbrida 51 45 17,6% 4,4% PSF - programa de saúde da família, IFD - imunofluorescência direta, MIF - Microimuno fluorescência, PCR - reação em cadeia da polimerase, LCR - reação em cadeia da ligase, IgG - imunoglobulina G, MSM - mulheres que fazem sexo com mulheres. 2.4. ASPECTOS CLÍNICOS A maioria dos casos de infecção por clamídia, em mulheres, é assintomática e pode ser detectada no colo uterino, uretra, ductos e glândulas de Bartholin, cavidade uterina e mucosa retal, porém uma vez que o microorganismo invade o epitélio colunar cervical, pode manter-se em estado latente e, se não diagnosticado e tratado, permanecer por meses dessa forma e também, podendo ascender ao trato genital feminino superior sem causar sintomas (CARVALHO et al., 2004). 29 Mulheres com infecção por clamídia, sintomáticas, podem apresentar queixa de corrimentos discretos, disúria, polaciúria, dispareunia, dor pélvica crônica, sangramento intermenstruais ou pós coito e ao exame ginecológico pode ser observado a cérvice uterina, com presença de secreção mucopurulenta, edema, friabilidade com fácil sangramento à manipulação e área de ectopia (BULHAK-KOZIOL et al., 2007), porém não sendo estes, patognomônicos de infecção por C. trachomatis. A ectopia cervical é um processo fisiológico comum na adolescência, durante a gravidez e como resposta ao uso de contraceptivos orais, o que pode aumentar a suscetibilidade à infecção pela C. trachomatis através da exposição do epitélio colunar ao agente infeccioso (LEE et al., 2006). A infecção pela clamídia acarreta danos progressivos na trompa de Falópio com degeneração da mucosa, diminuição das células ciliadas, infiltrado inflamatório nas células submucosas, edema e endosalpingite, causando escarificações e cicatrizes no lumen tubal que resulta em disfunção parcial ou obstrução total da trompa e, apresenta como desfecho infertilidade ou gravidez ectópica (PATTON, 1985). A alta freqüência de assintomatologia ou oligossintomatologia resulta que dentre as mulheres, com infecções do trato genital baixo, não tratadas por gonorréia e/ou clamídia, 10 a 40% desenvolvem doença inflamatória pélvica (STAMM et al., 1984; ROBERTS et al, 2007; BAKKEN et al., 2009; LAND et al., 2010) e as seqüelas de DIP incluem a gestação ectópica (2%), infertilidade por fator tubário com risco estimado de 10 a 20% após DIP e de 3 a 4,6% após infecção por C. trachomatis do trato genital inferior e dor pélvica crônica (4%), entre outras (PAAVONEN & EGGERT-KRUSE, 1999; MARDH, 2004; LAND et 30 al., 2010). O risco de desenvolvimento de seqüelas é dependente do número de episódios de DIP (WESTRÖM, 1994; GROSECLOSE et al., 1996; HOOK III et al., 1999; LOOMIS & STARNBACH, 2002; E HONEY et al., 2002; NESS et al., 2006; SVENSTRUP et al., 2008; HOSENFELD et al., 2009). Dados de países desenvolvidos indicam que mulheres que tiveram DIP têm probabilidade 6 a 10 vezes maior de desenvolver gravidez ectópica e, salienta-se que nos países em desenvolvimento, a gravidez ectópica contribui com mais de 15% das mortes maternas (WHO, 2004; BAKKEN et al., 2007). No Brasil, é possível obter-se registros de dados e custos de internações, através do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), como os dados de 498.773 internações de mulheres com DIP, evento claro marcador da infecção por gonorréia e/ou clamídia não tratadas, no período de 2000 a 2010, com custo total de R$ 143.731.785,93 para o sistema de saúde; apresentando médias de 45.343 internações/ano e despesa de R$ 13.066.525,99 por ano (Anexo 1). No período de janeiro de 2005 a agosto de 2006, ocorreram ainda 10.835 internações por prenhez ectópica, evento também relacionado a complicações pelo não tratamento dessas infecções, com uma média de três dias de internação, e um custo para o país de R$ 5.086.446,25. Abortos espontâneos, prematuridade, baixo peso ao nascer, infecção congênita e perinatal, estão associados às DST não tratadas em gestantes (GUTMAN, 1999). Infecção cervical por clamídia é um fator de risco para infecções pós aborto e pós parto, porém associações da infecção por C. trachomatis com aborto, retardo de crescimento intrauterino, ruptura prematura de membranas ou prematuridade não estão bem estabelecidos (ANDREWS et 31 al., 2000; ANDREWS et al., 2006; ODENDAAL et al., 2006; BLAS et al., 2007; WILKOWSKA-TROJNIEL et al., 2009; SILVEIRA et al., 2009; ROURS et al., 2011b). Os neonatos também podem ser infectados através do canal de parto da mãe infectada e apresentar conjuntivite e pneumonia (PEIPERT, 2003). Em relação à neoplasia cervical, é conhecido que a persistência da infecção pelo HPV é pré-requisito para o desenvolvimento de câncer cervical, porém, a C. trachomatis causa inflamação da cérvice uterina associada com atipia metaplásica na zona de transformação do colo uterino (MITAO et al., 1984; KIVIAT et al., 1985). A infecção persistente por C. trachomatis tem papel facilitador na carcinogênese cervical, por meio de proteínas sintetizadas pela clamídia, chamadas de HSP60 (heat shock proteins 60), que têm ação antiapoptótica durante a infecção persistente, facilitando a atuação das oncoproteínas em células simultaneamente infectadas por HPV de alto risco (HPV tipo 16, 18) (DI FELICE et al., 2005). Alguns estudos relatam a associação entre a presença de infecção por C. trachomatis e carcinoma cervical (KOSKELA et al., 2000; ANTILLA et al., 2001; WALLIN et al., 2002; SMITH et al., 2002; SMITH et al., 2004; MADALEINE et al., 2007). Entretanto, a magnitude da associação entre C. trachomatis e lesões intra-epiteliais cervicais persiste por ser esclarecida. A manifestação clínica de corrimento uretral pela clamídia em homens é semelhante à da gonorréia, porém existem algumas diferenças, como o período de incubação ser mais longo, podendo variar de 7 a 21 dias (HANDSFIELD et al., 1976; MARTIN, 1990) e também pela possibilidade de desenvolver prostatite, epididimite, orquite (PEIPERT, 2003; STAMM et al., 32 2010), e infertilidade que pode ser uma consequência da inflamação e obstrução dos canais deferentes (CUNNINGHAM et al., 2008). 2.5. DIAGNÓSTICO O diagnostico laboratorial da C. trachomatis depende da coleta adequada de secreção com swab estéril alginatado ou polietileno e/ou amostra de urina. Os procedimentos laboratoriais incluem o exame citológico para observar inclusões citoplasmáticas, o isolamento da C. trachomatis em cultura de células, detecção do antígeno da clamídia por metodologias imunoenzimáticas ou pela imunofluorescência e demonstração de ácido nucléico por técnicas de hibridização ou amplificação. Para algumas técnicas o material coletado necessita ser semeado rapidamente em meios apropriados, outras como os testes de amplificação de ácidos nucléicos (NAAT) não requerem CE intactos, uma vez que apenas poucas cópias de genes podem ser detectadas (BLACK, 1997; WATSON et al., 2002). 2.5.1 Citologia Esse exame pode ser utilizado para visualização de inclusões citoplasmáticas, da clamídia, na avaliação de raspado endocervical, pela técnica de Papanicolaou, entretanto por ser difícil sua interpretação, apresenta sensibilidade e especificidade baixas e devido a isto, tem sido largamente substituído por testes específicos de amplificação de ácidos nucléicos que apresentam sensibilidade bem mais elevada (DORMAN et al., 1983; QUINN et al., 1987; CHERNESKY, 2005). 33 2.5.2 Cultura celular Durante muitos anos, a cultura foi considerada o exame padrão ouro para o diagnóstico da C. trachomatis, para comparação com outros métodos, devido o isolamento da clamídia através de cultura ser realizado em tecido vivo e pela grande especificidade deste método (BLACK, 1997). Com o advento das técnicas moleculares, mais sensíveis, a cultura vem sendo substituída por estas (GAYDOS, 2005). A cultura é realizada pela inoculação de células de McCoy ou HeLa, com amostras coletadas transportadas. com swab uretral O procedimento envolve ou a cervical, visualização adequadamente das inclusões intracitoplasmáticas, por imunofluorescência, após 48 a 72 horas de incubação. O uso de anticorpos fluorescentes grupo-específicos permite uma caracterização morfológica e imunológica, constituindo-se no método de escolha para identificação de isolados de C. trachomatis. A visualização direta das inclusões garante especificidade próxima de 100% para a cultura. Apresenta como vantagem a preservação do microrganismo para testes de genotipagem e de sensibilidade aos antimicrobianos. Entre as desvantagens estão a necessidade de infra-estrutura laboratorial onerosa, por ser um procedimento dispendioso, demorado (3 a 7 dias) e, por ser de realização tecnicamente difícil, requer pessoal técnico especializado, exigindo conhecimentos em técnicas de cultura de tecidos, sendo atualmente restrito a laboratórios de referência. Por isso, embora a especificidade seja de 100%, a sensibilidade, mesmo em laboratórios de excelência, é estimada em torno de 70 a 85%, podendo ser de 40 a 50% em 34 outros locais, comparada às técnicas moleculares (BLACK, 1997; NEWHALL et al., 1999; RAGER & BIRO, 2001; STAMM, 2001; CHERNESKY, 2005). Devido sua alta especificidade, a cultura, ainda têm sido o método recomendado para estabelecer a presença ou ausência de infecções em situações com implicações médico-legais como em casos de abusos sexuais, em razão dos problemas associados a resultados falsos positivos apresentados pelos métodos não cultiváveis (RAGER & BIRO, 2001; CDC, 2002; CHERNESKY, 2005; TOLAN & GRELLA, 2010). 2.5.3 Pesquisa de anticorpos específicos Os métodos sorológicos utilizados para diagnóstico de infecção por C. trachomatis são: fixação do complemento (FC), micro-imunofluorescência (MIF) e enzima imunoensaio (ElA), que utiliza antígenos recombinantes e detectam anticorpos contra o antígeno lipopolissacarídeo (LPS) presente nas paredes celulares dos corpos elementares ou reticulares. O teste de MIF descrito por Wang e Grayston (1974) ainda é o método de escolha para o sorodiagnóstico da infecção clamidial; utiliza antígenos espécie-específicos da proteína principal da membrana externa (MOMP) para detectar anticorpos IgG e IgM (CHERNESKY, 2005). A natureza crônica e persistente de algumas infecções clamidiais torna difícil a detecção do aumento nos títulos de anticorpos. Grupos de indivíduos sexualmente ativos usuários de serviços de clínicas de DST são particularmente susceptíveis a infecções crônicas e repetidas, tornando a soro conversão difícil de ser identificada (MAHONY et aI., 2003). 35 Pode decorrer um período de tempo de até quatro semanas para ocorrer a soro conversão e devido a isto, podem ser obtidos resultados falsonegativos durante este período. Pelas razões expostas, os métodos sorológicos, embora extensamente utilizados, não são recomendados para o diagnóstico de infecção genital por C. trachomatis. Estes ensaios, no entanto, encontram aplicabilidade no diagnóstico de infecção clamidial em neonatos (detecção de IgM) (NUMAZAKI, 1998) e na investigação de infecções sistêmicas como pneumonia, linfogranuloma venéreo, infertilidade e gravidez ectópica, quando seus títulos apresentam-se elevados (MAHONY et aI., 2003; CHERNESKY, 2005). 2.5.4 Detecção direta de antígenos 2.5.4.1 Os testes de detecção de antígenos apresentam sensibilidade de aproximadamente 70% para a imunofluorescência direta (IFD) e entre 65% a 75% para ensaio imunoenzimático (ElA) quando comparados com os testes de amplificação de ácidos nucléicos. Utilizam anticorpos monoclonais específicos, marcados com substâncias fluorescentes como a fluoresceína, contra a proteína principal da membrana externa (MOMP) ou lipopolissacarídeos (LPS), que identificam os corpos elementares, nos esfregaços de secreções genitais, que se apresentam em verde. A técnica de IFD requer microscopista treinado capaz de distinguir entre partículas clamidiais e material fluorescente não específico. Essa técnica apresenta ainda como vantagem o custo acessível, bem como transporte e armazenamento na temperatura ambiente por até sete dias, porém materiais com pouca quantidade de células epiteliais e presença 36 de sangue propiciam resultados falso-negativos (SCHACHTER & STAMM, 1999; CHERNESKY, 2005). 2.5.4.2 Além dos testes de detecção direta de antígenos usuais de C. trachomatis existem ainda, os testes rápidos, que são de baixo custo, adaptados para execução fora do laboratório e para liberação imediata do resultado a fim de instituir tratamento ao paciente ainda no momento da consulta. Não requerem equipamentos sofisticados, empregam tecnologia EIA (Enzyme Immuno Assay), utilizam anticorpos LPS e estão sujeitos a resultados falso-positivos por reações cruzadas com LPS de outros microrganismos. Apresentam sensibilidade e especificidade bem menores que EIA e IFD em laboratório e de 50-70% quando comparados com testes de amplificação de DNA (PATE et al., 1998; WIDJAJA et al., 1999; VICKERMAN et al., 2003; CHERNESKY, 2005; GAYDOS, 2005; MICHEL et al., 2006). 2.5.5 Testes Biomoleculares A partir da década de 80, a tecnologia de detecção de ácidos nucléicos encontrou ampla aplicação no diagnóstico de infecção por clamídia, por apresentar alta sensibilidade e especificidade. Na década de 1990, foi reconhecida a utilidade dos testes de amplificação dos ácidos nucléicos (NAAT) por sua facilidade em detectar microrganismos de difícil crescimento em culturas e tendo-se tornado disponível para uso em programas de prevenção em saúde pública (STAMM, 2001; WATSON et al., 2002; GAYDOS, 2005). Estes testes utilizam metodologias que se baseiam, de maneira geral, na amplificação e na detecção do DNA dessas bactérias e oferecem a 37 possibilidade de se obter amostras por coletas não-invasivas, como urina e auto coleta por swab vaginal. Os métodos de detecção de ácidos nucléicos têm por alvo seqüências gênicas da MOMP, do plasmídio críptico ou do rRNA de C. trachomatis, que estão presentes em múltiplas cópias em cada CE (BLACK, 1997). 2.5.5.1 Hibridização com Sondas de Ácidos Nucléicos Os testes de hibridização não amplificam os ácidos nucléicos, mas amplificam o sinal de detecção após hibridização. Utilizam sonda de DNA marcado com éster acridina complementar à sequência de RNA ribossomal 16S do genoma da clamídia e, ao hibridizar com o DNA da clamídia são absorvidas por magnetismo, sendo a reação quantificada com o uso de luminômetro (leitura do resultado por quimioluminescência). A sensibilidade do teste de captura híbrida para C. trachomatis varia de 95,4 a 97,2% frente à cultura e à reação em cadeia da polimerase (PCR) e, a especificidade é superior a 99,0% em amostras endocervicais (GIRDNER et al.,1999; VAN DER POL et aI., 2002). 2.5.5.2 Técnicas de Amplificação de Ácidos Nucléicos (NAAT) O desenvolvimento de testes baseados na tecnologia de amplificação de ácidos nucléicos foi o avanço mais importante no campo do diagnóstico clamidial desde o isolamento do organismo em cultura de células in vitro (BLACK, 1997). A amplificação de ácidos nucléicos é extremamente sensível e altamente específica. Os NAAT detectam cerca de 20 a 30% mais infecções por C. trachomatis do que os métodos anteriormente descritos (QUINN et al., 38 1996; BLACK, 1997; STAMM, 2001; WATSON et al., 2002; JESPERSEN et al., 2005; JALAL et al., 2006). Os NAAT consistem na amplificação de sequências de ácidos nucléicos específicos do microrganismo pesquisado, pela obtenção de milhares de cópias, de um segmento de DNA, a partir de primers (iniciadores) de uma sequência de DNA-alvo. Os primers definem as regiões de DNA a serem amplificadas e a especificidade da técnica. É capaz de detectar pequenas quantidades de ácidos nucléicos nas amostras utilizadas. As técnicas de amplificação empregadas podem diferir, sendo classificadas de acordo com a metodologia usada para detecção. As principais incluem a PCR (Polimerase Chain Reaction), LCR (Ligase Chain Reaction), SDA (Strand Displacement Amplification) e TMA (Transcription-Mediated Amplification) que oferecem alta sensibilidade de detecção mantendo alta especificidade. As duas primeiras, citadas acima, amplificam uma sequência de nucleotídeos do plasmídio e a última a porção 23S do RNA robossomal da clamídia. O TMA originalmente produzido como GenProbe Amplified CT assay não é mais produzido e tem sido substituído pelo Aptima Combo2 assay que adicionou a tecnologia de captura híbrida e detecta simultaneamente a Neisseria gonorrhoeae (GAYDOS et al., 2004; GAYDOS, 2005). Devido aos NAAT apresentar alta sensibilidade e especificidade, outros sítios de coleta, além da uretra e da cérvice, podem ser utilizados como amostras de urina ou por swab vulvar e vaginal, com grande acurácia (CROTCHFELT et al., 1997; VAN DER POL et al., 2000; VAN DER POL et al., 39 2001; VERKOOYEN et al., 2003; GAYDOS et al, 2004; GAYDOS, 2005; COOK et al., 2005; RENTON et al., 2006; MICHEL et al., 2007). 2.5.6 Definição de padrão-ouro Os métodos moleculares para o diagnóstico de C. trachomatis trouxeram um incremento de 20-30% de eficiência na identificação de pacientes infectados com relação às outras metodologias (WATSON et al., 2002). O padrão ouro atual para diagnóstico de infecção por C. trachomatis inclui um teste de amplificação de ácidos nucléicos (NAAT) juntamente com o cultivo celular a fim de detectar amostras que são negativas por NAAT devido à presença de inibidores (BLACK, 1997; MAHONY et aI., 2003; MARTIN et al., 2004). Concluindo, os métodos biomoleculares são os mais sensíveis e específicos (Quadro 3), devendo ser considerados como de eleição para o diagnostico de certeza infecção por C. trachomatis. Quadro 3. Testes diagnósticos para detecção de Chlamydia trachomatis. Método Cultura Imunofluorescência direta Imuno enzimático Hibridização de ácidos nucléicos PCR (reação em cadeia da polimerase - COBAS) SDA (strand displacement amplification) TMA (transcriptional mediated amplification) Sensibilidade (%) 70-85 80-85 53-76 65-83 Cervical Urina (F) Urina (M) Cervical Urina (F) Urina (M) Uretra (M) Cervical Urina (F) Urina (M) Uretra (M) 89,7 89,2 90,3 92,8 80,5 94,5 94,6 94,2 94,7 97,0 95,2 Especificidade (%) 100,0 >99,0 95,0 99,0 99,4 99,0 98,4 98,1 98,4 91,4 94,2 97,6 98,9 99,1 98,2 Fonte: Adaptado de Gaydos, 2005. 40 Uma revisão sistemática da literatura em relação aos testes, invasivos e não invasivos, para C. trachomatis, mostrou que, a sensibilidade e especificidade dos testes não invasivos (amostras de urina ou auto coleta com swab vaginal) foram quase idênticos aos testes invasivos, tanto para homens quanto para mulheres, independente da presença ou ausência de sintomas clínicos. Estes são preferidos pelos pacientes, para rastreamento, pois não requerem pessoal especializado, equipamentos e não necessitam ser colhidos em consultórios, além da facilidade de poderem ser enviados pelo correio (CROTCHFELT et al., 1997; VAN DER POL et al., 2000; VAN DER POL et al., 2001; WATSON et al., 2002; GAYDOS et al., 2004; GAYDOS, 2005; CHERNESKY et al., 2005; COOK et al., 2005; MICHEL et al., 2007). 2.6. TRATAMENTO Devido ao fato de pacientes com infecções por N. gonorrhoeae, frequentemente, ser co-infectados com C. trachomatis, há a recomendação para que pacientes tratados para infecção gonocócica sejam tratados rotineiramente com um regime que seja efetivo para infecção genital por clamídia (CDC, 2006). Esta recomendação é a estratégia da abordagem sindrômica das DST, sendo este o protocolo recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, 2006). Os regimes recomendados para o tratamento da infecção por clamídia são: - Azitromicina 1g, via oral em dose única, ou - Doxiciclina 100mg, via oral de 12/12 horas, durante sete dias, ou - Eritromicina (estearato) 500mg, via oral de 6/6 horas, durante sete dias, 41 - Ofloxacina 400mg, via oral de 12/12 horas, durante sete dias. Os regimes recomendados para o tratamento da infecção gonocócica são: - Ciprofloxacina 500mg, via oral em dose única, ou - Ceftriaxona 250mg, via intramuscular em dose única, ou - Ofloxacina 400mg, via oral em dose única. 42 3. JUSTIFICATIVA Em muitos países, os estudos clínicos são os melhores indicadores disponíveis da magnitude das DST. O verdadeiro alcance destas infecções na população em geral permanece desconhecido devido ao grande número de pessoas assintomáticas, à automedicação, e às deficiências de programas nos serviços de saúde (CDC, 2002). Estudos epidemiológicos publicados sobre a infecção por C. trachomatis têm documentado uma prevalência relevante do organismo em adultos jovens e sexualmente ativos (WILSON et al., 2002; HU et al., 2004; CDC, 2009; FERNANDES et al., 2009; GUIMARÃES et al., 2009; SIMMS et al., 2009; VOELKER, 2010; ROURS et al., 2011b). A infecção por C. trachomatis no ciclo gravídico-puerperal pode desencadear trabalho de parto prematuro, amniorrexe prematura, baixo peso ao nascer e óbito fetal, podendo também repercutir sobre o concepto levando a infecções pulmonares e oftálmicas. As mulheres, sabidamente assintomáticas, em sua maioria, raramente são investigadas para possíveis comportamentos de risco para as infecções de transmissão sexual. Isto mostra que as diretrizes para diagnóstico e tratamento precoces das DST, incluindo parcerias sexuais, visando a quebra de cadeia de transmissão, desses agravos, são pouco conhecidos ou assumidos pelos profissionais de saúde. No Brasil, até o momento, não existe um estudo de base populacional, representativo da população de mulheres jovens, em relação à epidemiologia da infecção pela C. trachomatis, que no presente estudo são representadas por gestantes jovens. 43 4. OBJETIVOS 1. Estimar a prevalência nacional de Chlamydia trachomatis e sua associação com a Neisseria gonorrhoeae em parturientes de 15 a 24 anos atendidas nas maternidades públicas do Brasil. 2. Caracterizar os comportamentos, dessas jovens, relacionados à sexualidade, DST, prostituição, uso de drogas. 3. Identificar os determinantes da infecção pela C. trachomatis nessa população. 44 5. METODOLOGIA 5.1 Delineamento do estudo Estudo descritivo em corte transversal, visando determinar a prevalência da infecção por Chlamydia trachomatis em parturientes jovens e medir os fatores de risco associados. 5.2 População de estudo Parturientes que buscaram atendimento nas maternidades públicas do país, no período de Março a Dezembro de 2009. Todas as parturientes atendidas nas maternidades selecionadas das cinco macrorregiões geográficas brasileiras, que procuraram os serviços de assistência ao parto no período do estudo foram convidadas a participar do projeto. 5.3 Critérios de inclusão Foram incluídas no estudo as mulheres, com idades de 15 a 24 anos, que buscaram os serviços de assistência ao parto nas maternidades selecionadas das cinco macrorregiões geográficas brasileiras, no período do estudo. 5.4 Critérios de exclusão Foram excluídas do estudo as mulheres que não eram gestantes, as que buscaram assistência por outro motivo que não o parto, as que apresentaram sangramento durante a coleta de amostra, as que a utilização da amostra coletada tornou-se inviável por qualquer motivo e as que relataram uso de antibióticos nos 15 dias anteriores à pesquisa. 45 5.5 Instrumento de coleta de dados Foi utilizado um questionário com questões abertas e fechadas, aplicado pelos entrevistadores previamente treinados, logo após as parturientes concordarem em participar do estudo. Este questionário foi testado em préteste e estudo piloto e validado em estudo anterior conduzido em parturientes (MIRANDA et al, 2010). Assim a coleta de dados observou as seguintes etapas: - Aplicação do questionário - Observação de dados na carteira de acompanhamento pré-natal - Coleta de amostra de urina para realização de teste de biologia molecular para diagnóstico de Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Por ser um estudo multicêntrico foi realizada, em Brasília (DF), uma reunião prévia ao início da pesquisa com todos os responsáveis pelas coletas com o objetivo de detalhar o projeto, esclarecer dúvidas e, uniformizar os procedimentos para a coleta de material e de dados. Os investigadores principais disponibilizaram seus contatos pessoais, tendo ficado à disposição para esclarecer dúvidas dos responsáveis pelas coletas durante todo o período do estudo e mantiveram contato periodicamente com os sítios de coleta para monitorar a evolução do estudo. 5.6 Variáveis do estudo Foram levantadas no estudo as seguintes características: a- informações sociodemográficas: idade em anos, raça/cor autorreferida, escolaridade, estado civil/marital e renda familiar. b- informações sobre dados clínicos: queixas ginecológicas, idade gestacional com base na data da última menstruação (DUM) e resultados de exames de 46 ultrassonografia observados na carteira de pré-natal, número de gestações, número de partos, número de abortos, realização de exames pré-natal, realização de exame de Papanicolaou, resultados de exames sorológicos para sífilis e HIV. c- informações sobre a vida sexual: idade de iniciação sexual, história de antecedentes de DST, número de parcerias sexuais durante o último ano e na vida. d- Informações sobre comportamentos de risco para DST/Aids: transfusão sanguínea, uso de drogas referido, troca de sexo por dinheiro/bens e a respeito de seus parceiros sexuais: sobre história de transfusão sanguínea, uso de drogas injetáveis, práticas bissexuais e história de prisão (anexo 2). O tratamento dado a cada variável é apresentado nos itens a seguir 5.6.1 Variáveis sociodemográficas Idade. Em anos para se obter a média e mediana e, posteriormente foi agrupada em duas classes com intervalo de cinco anos, categorizadas em 15 a 19 anos e 20 a 24 anos. Raça/cor. Autorreferida com classificação em 5 grupos: branca, parda, negra, indígena e amarela. Escolaridade. Averiguada em anos completos estudados e depois categorizados em até oito anos e nove anos ou mais de estudo. Estado civil/marital. Categorizada em solteira, casada/vive junto, separada/divorciada e viúva. Renda familiar mensal. Categorizada em até 1,9 salário mínimo (SM), 2 a 3,9 SM, 4 a 10 SM e mais de 10 SM. 5.6.2 Variáveis sobre dados clínicos 47 Queixas ginecológicas. Variável dicotômica caracterizada em sim e não. Idade gestacional. Observada com base na DUM e resultados de exames de ultrassonografia observados na carteira de pré-natal. Número de gestações. Variável para se obter o total de gestações durante a vida e destas qual o total de partos, de abortos espontâneos e provocados. Realização de exame pré-natal. Variável dicotômica caracterizada em sim e não. Se sim, se obtém o número de consultas realizadas. Realização de exame Papanicolaou. Variável dicotômica caracterizada em sim e não. Se sim, quando foi realizado. 5.6.3 Variáveis relacionadas à vida sexual Idade de iniciação sexual. Em anos para se obter a média e mediana. História de antecedentes de DST. Variável dicotômica categorizada em sim e não. Em caso de resposta positiva, é investigada qual foi a DST. Número de parcerias sexuais durante o último ano e na vida. 5.6.4 Variáveis relacionadas a comportamentos de risco para DST/Aids Transfusão sanguínea. Variável dicotômica categorizada em sim e não. Uso de drogas referido. Variável dicotômica categorizada em sim e não. Troca de sexo por dinheiro/bens. Variável dicotômica categorizada em sim e não. 48 Em relação aos seus parceiros sexuais. Sobre história de transfusão sanguínea, uso de drogas injetáveis, práticas bissexuais e história de prisão. Todas variáveis categorizadas em sim, não e não sei. Observado na carteira de pré-natal a realização ou não de sorologia para sífilis e HIV, durante o pré-natal e parto, bem como os resultados dos mesmos. 5.7 Testes laboratoriais Uma amostra de 20ml de primeiro jato urinário foi coletada em um frasco plástico estéril e sem conservantes. Foi recomendado que não houvesse higienização genital prévia e que um período mínimo de duas horas sem micção fosse respeitado. Os frascos foram fechados imediatamente, etiquetados, colocados em um pequeno saco plástico e refrigerados (2º a 8º C) em menos de duas horas. As amostras que não foram processadas no prazo máximo de uma semana foram congeladas a 18º C negativos, para processamento posterior, em período sempre inferior a 60 dias. As amostras foram analisadas em sistema semi-automatizado denominado COBAS Amplicor CT/NG (Roche Molecular Systems, Branchburg, NJ, USA) para detecção qualitativa in vitro de C. trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, conforme as instruções do fabricante. A cada reação foram incluídos controles externos com DNA sintético não infectante dos agentes infecciosos em estudo. Em cada amostra, foi realizada, ainda, uma reação de co-amplificação, servindo de controle interno da reação de PCR, Durante o processamento do material, houve adesão às normas padronizadas de biossegurança e foram observados os cuidados para evitar a contaminação cruzada das amostras. A análise das amostras foi realizada no 49 Laboratório de Biologia Molecular do Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo. 5.8 Cálculo de tamanho da amostra O tamanho da amostra foi calculado para estimar a taxa de prevalência de infecção pela C. trachomatis em parturientes na faixa de 15 a 24 anos de idade com um intervalo de confiança de 95%, de tamanho bilateral de 1,5%. Tomou-se como base para cálculo uma taxa de prevalência de 10% (Brasil, 2008). N=(1,96)2 .(0,1).(0,9) / (0,015)2 = 1536. Supondo-se uma perda de 20% e um efeito de desenho da amostragem de 1,3, obteve-se: N’=1536.1,2.1,3 2400. 5.8.1 Amostragem A amostra foi obtida em dois estágios. No primeiro, foram escolhidas 24 maternidades do SUS, com probabilidade proporcional estabelecido pelo número de partos no ano anterior à pesquisa. ao tamanho, As unidades primárias de seleção foram estratificadas por Grande Região (Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul) de localização da maternidade, com alocação proporcional. Os municípios selecionados, por região, foram: Norte: Belém (PA), Macapá (AP), Manaus (AM); Nordeste: Aracaju (SE), Fortaleza (CE), Imperatriz (MA), Jaboatão dos Guararapes (PE), Natal (RN), Teresina (PI); Centro-oeste: Brasília (DF), Campo Grande (MS); Sul: Curitiba (PR), Joinvile (SC), Porto Alegre (RS); 50 Sudeste: Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Contagem (MG), Guarulhos (SP), Montes Claros (MG), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), São João de Meriti (RJ), São Paulo (SP), Vitória (ES). Em cada estabelecimento de saúde, foram selecionadas 100 mulheres na ocasião de internação para o parto, de forma sistemática, para responder à entrevista e coletar uma amostra de urina. 5.8.2 Codificação e armazenamento de dados Todas as informações foram codificadas e armazenadas anonimamente em um banco de dados criado para este fim. As amostras laboratoriais também foram codificadas numericamente, de acordo com a numeração do questionário respectivo. Foi utilizado o programa estatístico SPSS – data entry (Statistical Package for the Social Sciences) versão 17.0, para armazenamento e análise dos dados. 5.8.3 Análise estatística Foi realizada ponderação dos dados coletados utilizando-se o número de nascidos vivos em cada região geográfica no ano de 2008. Foi feita uma análise preliminar, através do emprego de técnicas exploratórias dos dados, para verificação dos padrões de distribuição e tendências das principais variáveis. Em seguida procedemos as análises bivariadas para verificar presença de associações entre as mesmas. Foram empregados testes Quiquadrado ( 2) para diferenças de proporção, testes t de Student e análise de variância para diferenças entre médias. Para estimar associações com a presença de infecção pela C. trachomatis foi utilizado o odds ratio como medida de associação, estimado com intervalo de confiança de 95%. A análise multivariada, para estimar efeitos 51 conjuntos das variáveis independentes, foi realizada mediante a utilização de modelos de regressão logística. Entraram no modelo de regressão multivariada as variáveis significativas a um valor de p≤0,15 e permaneceram no modelo final aquelas significativas a um valor de p≤0,05. 5.9 Aspectos éticos Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo (CEP no.112/07), (Anexo 3) e pelo comitê de cada maternidade participante do estudo. Todas as gestantes selecionadas foram convidadas a participar do estudo em caráter voluntário. Aquelas que aceitaram participar assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), após ter recebido as informações sobre o projeto (Anexo 4). Elas receberam tratamento, de acordo com as normas do Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, para as infecções diagnosticadas (BRASIL, 2006). De acordo com a orientação do Comitê de Ética em Pesquisa, este trabalho se classificou como: “Pesquisa com risco mínimo”, isto é, "estudos prospectivos que empreguem o registro de dados através de procedimentos comuns em exames físicos ou psicológicos e de diagnósticos ou tratamentos rotineiros”. 52 6. RESULTADOS Entre as 2400 parturientes selecionadas, 2071 (86,3%) foram incluídas no estudo. A não inclusão de 329 mulheres (13,7%) se deu devido à presença de sangramento durante a coleta de amostra (3,7%), a algumas mulheres que se recusaram a participar por dor (2,0%), e outras aceitaram participar, mas houve acidente com as amostras durante o transporte como descongelamento e/ou vazamento, inviabilizando o seu uso (8,0%). Não houve diferenças regionais nos percentuais das perdas descritas acima. A amostra total recrutada de 2071 gestantes nas cinco macrorregiões foi composta por: 269 mulheres na região Norte (13,0%), 696 na Nordeste (33,6%), 714 na Sudeste (34,5%), 233 na Sul (11,3%) e 159 na região CentroOeste (7,7%). 6.1 Prevalência da infecção por Chlamydia trachomatis A prevalência de infecção por C. trachomatis foi 9,8% (IC95% 8,5%11,1%) e a de N. gonorrhoeae foi 1,0% (IC95% 0,6%-1,4%). Um total de 4% das mulheres com infecção por clamídia também apresentou exame positivo para gonorréia. A tabela 1 mostra as taxas de prevalência de clamídia distribuídas por macrorregião do país, tendo apresentado taxa mais elevada na região Norte (14,1%) e a menor na região Sul (6,9%). 53 Tabela 1: Prevalência de infecção por Chlamydia trachomatis em parturientes no Brasil, segundo região geográfica. (N=2.071) Região N total CT positivo % IC 95% Norte 269 38 14,1 9,9-18,3 Centro-oeste 159 18 11,3 6,3-16,3 Sudeste 714 70 9,8 7,6-12,0 Nordeste 696 60 8,6 6,5-10,7 Sul 233 16 6,9 3,6-10,2 Total 2071 202 9,8 8,5-11,1 54 6.2 Dados sociodemográficos A idade das participantes variou entre 15 e 24 anos, com média de idade de 20,2 anos (DP=2,69 anos). Houve predominância de baixa escolaridade com média de oito anos de estudo (DP=2,4) e somente 2,4% tinham alcançado o ensino superior. A maioria das mulheres (72,2%) se identificou como casada ou estava vivendo junto com companheiro e em relação à raça/cor, mais da metade das adolescentes e jovens (53,0%) se declararam como pardas, 31,4% como brancas, 13,8% como pretas, 1,5% como amarelas e 0,3% como indígenas. Na Tabela 2 são mostradas as características sociodemográficas das parturientes. As pacientes com o teste de clamídia positivo eram mais jovens (15-19 anos) (54,0% vs. 38,1%, p=0,046); relataram não viver maritalmente com parceiro (38,6 vs. 26,6, p=0,000) e renda menor que quatro salários mínimos (97,0% vs. 92,9%, p=0,025) quando comparadas às que tiveram resultado negativo para clamídia. 55 Tabela 2: Dados sociodemográficos das parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil e sua associação com Chlamydia trachomatis (N=2.071). Variáveis Total CT positivo CT negativo N (%) N (%) N (%) OR (IC95%) Idade em anos 15-19 822 (39,7) 109 (54,0) 713 (38,1) 1,9 (1,42-2,46) 20-24 1.249 (60,3) 93 (46,0) 1156 (61,9) 1 1224 (59,1) 124 (61,4) 1100 (58,9) 1,1 (0,83-1,50) 847 (40,9) 78 (38,6) 769 (41,1) 1 575 (27,8) 78 (38,6) 497 (26,6) 1,7 (1,29-2,35) 1.496 (72,2) 124 (61,4) 1372 (73,4) 1 Ate 4 SM 1.933 (93,3) 196 (97,0) 1737 (92,9) 2,5 (1,08-5,70) Mais 4 SM 138 (6,7) 6 (3,0) 132 (7,1) 1 Norte 269 (13,0) 38 (18,8) 231 (12,4) 2,2 (1,21-4,13) Centro-oeste 159 (7,7) 18 (8,9) 141 (7,5) 1,8 (0,88-3,61) Sudeste 714 (34,5) 70 (34,7) 644 (34,5) 1,5 (0,85-2,64) Nordeste 696 (33,6) 60 (29,7) 636 (34,0) 1,3 (0,73-2,31) Sul 233 (11,3) 16 (7,9) 217 (11,6) 1 Escolaridade em anos Ate oito Nove ou mais Estado marital Não vive com parceiro Casada ou amasiada Renda Região geográfica 56 6.3 Dados comportamentais A idade relatada do primeiro intercurso sexual variou de 9 a 24 anos com média de idade de 15,6 anos (DP=2,69) para o início de vida sexual. Ao se considerar apenas o último ano, em relação ao número de parceiros sexuais, 94,9% das mulheres relataram ter tido um único parceiro sexual. Um número significativo de mulheres, 52,7% (1091/2071), referiu ser esta a sua primeira gestação e 17,0% (351/2071) referem antecedentes de abortos sendo, 15,2% (314/2071) de abortos espontâneos e, 1,8% (37/2071) de abortos provocados (dados não mostrados na tabela). Aproximadamente dez por cento delas referiram ter um parceiro com história prévia de prisão e o parceiro fazer uso de drogas injetáveis foi alegado por 7,4% das entrevistadas (dados não mostrados na tabela). Em relação às práticas sexuais do parceiro, 14 mulheres (0,7%) alegaram como sendo práticas bissexuais e 12,7% não souberam dizer se seus parceiros tinham tais práticas (dados não mostrados na tabela). Quando comparadas com mulheres que apresentaram resultado negativo para o teste de clamídia, as participantes com diagnóstico positivo relataram início da atividade sexual mais precocemente (41,6% vs. 31,9%, p=0,007), tiveram mais de um parceiro sexual no último ano (8,9% vs. 4,7%, p=0,016) e na vida (72,8% vs. 63,1%, p=0,007), alegaram, mais frequentemente, uso de drogas ilícitas (10,4% vs. 5,6%, p=0,012), incluindo drogas injetáveis (2,0% vs. 0,5%, p=0,040) (Tabela 3). Cinco por cento das jovens relataram antecedentes de DST e dentre estas, 15,2% e 10,9% citaram diagnóstico de sífilis e herpes, respectivamente, sendo que 5,4% referiram infecção por dois ou mais agentes. Praticamente 57 1,0% (16 mulheres) alegaram ter mantido relações sexuais em troca de dinheiro ou drogas ou ser profissionais do sexo (Tabela 3). Entretanto não apresentou diferença em relação à positividade para clamídia o relato de história prévia de DST (p=0,393) e de prostituição (p=0,665). 58 Tabela 3: Dados comportamentais das parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil e sua associação com Chlamydia trachomatis (N=2.071). Variáveis Total CT+ CT - OR (IC95%) N (%) N (%) N (%) Menos 15 anos 680 (32,8) 84 (41,6) 596 (31,9) 1,5 (1,13-2,05) 15 anos ou mais 1391 (67,2) 118 (58,4) 1273 (68,1) 1 744 (35,9) 55 (27,2) 689 (36,9) 1 1327 (64,1) 147 (72,8) 1180 (63,1) 1,6 (1,13-2,16) 1966 (94,9) 184 (91,1) 1782 (95,3) 1 105 (5,1) 18 (8,9) 87 (4,7) 2,0 (1,18-3,40) Sim 103 (5,0) 7 (3,5) 96 (5,1) 0,7 (0,30-1,45) Não 1968 (95,0) 195 (96,5) 1773 (94,9) 1 Sim 16 (0,8) 2 (1,0) 14 (0,7) 1,3 (0,30-5,88) Não 2055 (99,2) 200 (99,0) 1855 (99,3) 1 Sim 125 (6,0) 21 (10,4) 104 (5,6) 2,0 (1,20-3,22) Não 1946 (94,0) 181 (89,6) 1765 (94,4) 1 Sim 14 (0,7) 4 (2,0) 10 (0,5) 3,8 (1,17-12,05) Não 2057 (99,3) 198 (98,0) 1859 (99,5) 1 Idade primeiro coito # parceiros/vida Um Mais um parceiro # parceiros/ano Um Mais um parceiro DST prévia Profissional sexo Uso drogas ilícitas Uso drogas injetáveis 59 6.4 Cuidados com a saúde Dentre as 2071 mulheres que compõem a amostra, praticamente um quarto (24,7%) apresentava queixas ginecológicas no momento da entrevista. Em relação à gestação atual, quase a totalidade de mulheres entrevistadas (95,3%) afirmou ter realizado acompanhamento pré-natal e praticamente dois terços delas alegaram ter se submetido a seis ou mais consultas durante a gestação. Menos de dez por cento das parturientes entrevistadas, afirmaram não ter realizado os exames para diagnóstico da infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) (8,2%) e para sífilis (7,6%) durante essa gestação. Quase um quinto, (16,1%) das parturientes internadas não completavam 36 semanas de gestação. Na Tabela 4 estão descritos os dados clínicos. As parturientes com resultado positivo do teste para clamídia tiveram parto prematuro mais frequentemente (21,8 vs. 16,1, p=0,046) e maior positividade do teste para infecção por gonorréia (4,0% vs. 0,6%, p=0,000) quando comparadas com as sem infecção por clamídia. Também dentre as pacientes com resultado positivo foi menos freqüente o cumprimento do protocolo do Ministério da Saúde para realização de seis consultas no acompanhamento pré-natal (54,6% vs. 3,7%, p=0,016), bem como menos realização de citologia oncótica cervical durante o último ano (37,1% vs. 47,8%, p=0,004). 60 Tabela 4: Dados clínicos das parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil e sua associação com Chlamydia trachomatis (N=2.071). Variáveis Total CT+ CT- OR (IC95%) N (%) N (%) N (%) ≤ 36 semanas 344 (16,6) 44 (21,8) 300 (16,1) 1,5 (1,02-2,08) > 36 semanas 1727 (83,4) 158 (78,2) 1569 (83,9) 1 Sim 1974 (95,3) 185 (91,6) 1789 (95,7) 1 Não 97 (4,7) 17 (8,4) 80 (4,3) 2,1 (1,19-3,54) 733 (37,1) 84 (45,4) 649 (36,3) 1,5 (1,08-1,98) 1241 (62,9) 101 (54,6) 1140 (63,7) 1 Sim 511 (24,7) 58 (28,7) 453 (24,2) 1,3 (0,91-1,74) Não 1560 (75,3) 144 (71,3) 1416 (75,8) 1 969 (46,8) 75 (37,1) 894 (47,8) 1 1102 (53,2) 127 (62,9) 975 (52,2) 1,6 (1,15-2,10) Positivo 20 (1,0) 8 (4,0) 12 (0,6) 6,4 (2,58-15,80) Negativo 2051 (99,0) 194 (96,0) 1857 (90,4) 1 Idade gestacional Pré-natal Consultas pré-natal* Até cinco Seis ou mais Queixa ginecológica Última citologia Último ano Mais de um ano Teste gonorréia * No total de mulheres que participaram de consultas pré-natal (1974 casos) 61 6.5 Fatores associados à infecção por Chlamydia trachomatis No modelo final de regressão logística foram incluídas as variáveis que apresentaram p≤0,15 nas análises bivariadas. Entraram no modelo as seguintes variáveis: idade, estado civil, renda, região geográfica, idade do primeiro coito, número de parceiros sexuais no último ano, número de parceiros sexuais na vida, uso de drogas, idade gestacional, consultas pré-natal, ultima citologia, gonorréia. Os fatores associados com a infecção por C. trachomatis na análise multivariada de regressão logística foram idade entre 15 e 19 anos [OR=1,6 (IC95%1,15-2,17)], início de atividade sexual antes de 15 anos de idade [OR=1,4 (IC95%1,04-6,24)], ter tido mais de uma parceria sexual na vida [OR=1,6 (IC95%1,13-2,26)], ter realizado citologia oncótica há mais de um ano [OR=1,5 (IC95%1,08-2,05)], e ter infecção gonocócica [OR=7,6 (IC95%3,0519,08)], (Tabela 5). 62 Tabela 5: Análise multivariada dos fatores associados com infecção por Chlamydia trachomatis em parturientes atendidas em maternidades públicas do Brasil, 2009. Variáveis OR IC95% Valor p 1,6 1,15-2,17 0,005 1,4 1,04-6,24 0,029 1,6 1,13-2,26 0,008 1,5 1,08-2,05 0,015 7,6 3,05-19,08 0,000 Idade (15-19 vs. 20-24 anos) o Idade 1 coito (<15 anos vs. 15 anos ou mais) Número parceiros na vida (mais de um vs. um) Última citologia (mais de 1 ano vs. até 1 ano) Teste gonorréia (positivo vs. negativo) 63 7. DISCUSSÃO Este é o primeiro estudo de amostra representativa nacional, realizado para determinar a prevalência de C. trachomatis, em adolescentes e mulheres jovens. Este estudo identificou uma taxa de prevalência de infecção por C. trachomatis de 9,8%. Estes dados estão em concordância com os estudos prévios brasileiros, que utilizaram técnica de biologia molecular para diagnóstico, e com taxas de prevalência, que variam de 7,3% a 19,6%, em adolescentes do sexo feminino e gestantes (LEITE, 2001; RAMOS et al., 2002; MIRANDA et al., 2004; SILVA et al., 2004; MENEZES et al., 2004; ARAÚJO et al., 2006; CODES et al., 2006; JALIL et al., 2008; GUIMARÃES et al., 2009; BRANDÃO et al., 2010). Os resultados de nosso estudo, também estão de acordo com resultados encontrados em outros países, em mulheres assintomáticas, onde as taxas variam de 1,7% a 17% em diferentes países da Europa conforme revisões sistemáticas realizadas por Wilson et al., 2002; Adams et al., 2004 e Van de Laar & Morré, 2007, porém nem todos os trabalhos revistos utilizaram diagnóstico com técnica de biologia molecular o que talvez pudesse mostrar aumento nas taxas devido a melhor sensibilidade. Nos EUA a taxa de prevalência de infecção por C. trachomatis, em gestantes de 15 a 24 anos, foi de 7,7%, variando de 3,6% a 20,4% dependendo da região (CDC, 2010) e, em mulheres de 18 a 26 anos, foi de 4,7%, em análise representativa de adultos jovens, utilizando diagnóstico por biologia molecular em urina, com variações dependendo da raça e região do país (MILLER et al., 2004). 64 Estudo realizado na China detectou infecção por clamídia, pela técnica de PCR em swab cervical, em 10,1% das gestantes pesquisadas (CHEN et al., 2006). Em Botswana foi identificada prevalência de infecção em gestantes de 8%, utilizando técnica de LCR em swab cervical (ROMOREN et al., 2007), na África do Sul a prevalência encontrada em gestantes foi 11,7% pela técnica de PCR em swab cervical (ODENDAAL et al., 2006). Já em estudo na Venezuela, onde foi utilizado diagnóstico por PCR em swab cervical, a prevalência foi de 7.7% entre gestantes de 16 a 46 anos, e 13,7% entre as com idade inferior a 28 anos (ARRAIZ et al., 2008). Apesar das diferentes idades nos estudos citados, todos foram realizados com testes de biologia molecular e identificaram uma maior associação da infecção por clamídia nas idades mais baixas, o que confirma a importância deste agravo, assintomático, em mulheres mais jovens. Em concordância com outros autores, nossos resultados também mostraram associação entre infecção por C. trachomatis e idade das mulheres estudadas, sendo maior a freqüência no grupo mais jovem (QUINN et al., 1996; ADAMS et al., 2004; MILLER et al., 2004; MARRAZZO et al., 2005; ARAÚJO et al., 2006; ROMOREN et al., 2007; JALIL et al., 2008; SKJELDESTAD et al., 2009; SILVEIRA et al., 2010; WETMORE et al., 2010; ROURS et al., 2011b), nas mulheres com início de vida sexual precoce, (CHOW et al., 1990; PEIPERT, 2003; NESS et al., 2006; TU et al., 2009); em mulheres que relataram ter mais de um parceiro sexual na vida (QUINN et al., 1996; ARAÚJO et al., 2006; JALIL et al., 2008; SKJELDESTAD et al., 2009; ROURS et al., 2011b) e naquelas que tinham infecção gonocócica (MILLER et al., 2004; 65 SILVEIRA et al., 2010), motivos pelos quais se faz necessário avaliar, sistematicamente, os fatores de risco relacionados ao comportamento sexual. Quanto ao comportamento sexual, pesquisa realizada pela American Social Health Association (ASHA, 2004), investigou adultos, entre 18 e 35 anos, nos Estados Unidos, para avaliar conhecimentos e atitudes frente às DST e mostrou que 45% das pessoas solteiras não fazem uso de preservativos em suas relações sexuais, somente 30% dos pesquisados conversam com os seus parceiros sexuais a respeito de DST e menos da metade deles conversam com os seus médicos, sobre DST, durante a consulta. No Brasil, um inquérito de abrangência nacional, da população brasileira de 15 a 64 anos, também mostrou aspectos de vulnerabilidade dos jovens de 15 a 24 anos às DST e ao HIV, onde: 35,4% da população desse grupo etário tiveram início de vida sexual antes dos 15 anos de idade; 65,8% tiveram mais de uma e 21,9% mais de 10 parcerias sexuais na vida; 43,5% reportaram relações sexuais com parcerias casuais, sendo que 14,6% reportaram mais de cinco parcerias sexuais casuais, nos últimos 12 meses; 6,5% relataram intercursos sexuais com pessoas que conheceram na internet; 60,9% alegaram o uso de preservativos na primeira relação sexual e 55% o seu uso no último intercurso sexual; sendo que somente menos da metade deles (49,6%) alegaram o uso consistente de preservativo com parcerias eventuais, nos últimos 12 meses (BRASIL, 2009). Essa população jovem apresenta elevado índice de conhecimento sobre as formas de transmissão das DST, especialmente em nível de reconhecimento do uso do preservativo como a melhor forma de evitar infecção (97,0%) (BRASIL, 2009). 66 Ainda em relação ao estudo nacional, dentre as mulheres que declararam antecedentes de DST (9,5%), as de menor idade (15 a 24 anos) foram as que apresentaram maior percentual de não procura por tratamento (21,2%), no último episódio. Dentre as que buscaram tratamento, no último episódio, o estudo mostra falha na atenção profissional onde 46,1% delas não receberam orientações importantes para usar preservativos e 29,1% não foram orientadas para a importância de comunicar seus parceiros sexuais. Essa falha na conexão entre os adultos jovens e os serviços de saúde também pode contribuir para o não controle das infecções de transmissão sexual e manutenção da clamídia como um agravo com alta disseminação e grande morbidade para a saúde sexual da população. Nosso estudo encontrou taxa de co-infecção com gonorréia de 4,0%. Estudo multicêntrico, em seis capitais brasileiras, mostrou taxa de co-infecção de gonorréia e clamídia em gestantes de 10% (BRASIL, 2008) e em homens que procuraram atendimento em clínicas de DST de 4,4% (BARBOSA et al., 2010). Outro estudo brasileiro descreveu a taxa de co-infecção de 5,5% (FERNANDES et al., 2009). A taxa de co-infecção também tem sido descrita em outros estudos internacionais como 6,2% (MILLER et al., 2004) e 8,0% (KHAN et al., 2005). Estudos clínicos, de intervenções comportamentais, serviços para parcerias sexuais e de tratamento, têm mostrado resultados promissores com relação à redução do risco para infecções bacterianas pela diminuição da infectividade, da duração da infecção e da troca de parceiros. Também foi mostrado que estudos comportamentais com promoção da saúde foram mais 67 eficazes do que os com apenas aconselhamento para redução de risco e/ou a promoção de preservativos (WETMORE et al., 2010). O fato da infecção por clamídia ter apresentado associação, neste estudo, com a realização de citologia oncótica cervical há mais de um ano, talvez possa ser explicado pelo fato de que mulheres, que cuidam mais da própria saúde, tenham maior chance de ter infecções diagnosticadas e tratadas previamente, como sugerem Wilson et al., 2002, que mulheres que ativamente buscam cuidados de saúde são passíveis de rastreamento. Em nosso estudo não foi encontrada associação entre a infecção por clamídia e parto prematuro; resultado em concordância com outros estudos realizados nos Estados Unidos (ANDREWS et al., 2006; SILVEIRA et al., 2009). Entretanto outros estudos relataram associação entre parto prematuro e infecção por clamídia, tanto nos Estados Unidos da América (ANDREWS et al., 2000; BLAS et al., 2007) quanto na África do Sul (ODENDAAL et al., 2006) e em uma coorte de base populacional na Holanda mostrando mais que o dobro de risco para partos pré termo, abaixo de 35 semanas (ROURS et al., 2011b). Outro estudo também mostrou associação entre infecção por clamídia e sinais histopatológicos de inflamação placentária em partos pré termo, com idade gestacional inferior a 32 semanas (ROURS et al., 2011a). A freqüência de parto pré-termo vem apresentando uma tendência de aumento no Brasil, segundo Silveira et al., 2008. A flora genital anormal na gestação apresenta risco aumentado de abortamento tardio e parto pré-termo e, a C. trachomatis, por pertencer ao grupo dos patógenos das infecções genitais e não fazer parte da rotina de 68 diagnóstico durante o pré-natal, pode ser um dos fatores adjuvantes e talvez contribuir com o aumento de partos pré-termo. Embora o estudo transversal não seja o ideal na determinação de fatores de risco, sua aplicação se justifica porque conhecer a prevalência de C. trachomatis e seus fatores de risco em mulheres jovens, na faixa de maior fecundidade, é importante para demonstrar a susceptibilidade desse grupo populacional às complicações dessa infecção no ciclo gravídico-puerperal. Devido à baixa prevalência de alguns fatores de risco nesta amostra, o número de mulheres estudadas não foi suficiente para que se encontrasse associação estatística entre algumas variáveis independentes e a infecção pela clamídia. A possibilidade de ter ocorrido viés de resposta não pode ser descartada devido à tendência geral de se dar respostas socialmente aceitáveis. As DST bacterianas têm sido ofuscadas, nos últimos tempos, pelo crescimento da epidemia de DST virais, em particular o HIV, o que pode levar a sugestão errônea que esses agentes são doenças do passado, de menos importância e de limitado interesse de atenção pelos profissionais. Ao contrário, uma das razões para o aumento das DST em muitos países em desenvolvimento está relacionada à falta de acesso a serviços de saúde efetivos e confiáveis (DALLABETTA et al., 1998) e, como mostrado recentemente, essas infecções constituem uma enorme carga para a saúde e economia, onde podem representar até 17% de perdas econômicas, principalmente em países em desenvolvimento, causada pelo binômio saúdedoença (MAYAUD & MABEY, 2004; BLANDFORD & GIFT, 2006). 69 Entretanto, grandes progressos foram alcançados na prevenção das DST, tendo sido utilizado na maioria das vezes, uma abordagem múltipla como, por exemplo, adicionar às estratégias descritas, um programa de rastreamento para populações sob maior risco, já foi demonstrado ser custo-efetivo (HONEY et al., 2002; HU et al., 2004; PAAVONEN et al., 2008). O diagnóstico precoce com tratamento oportuno, consequentemente, pode permitir a diminuição da morbidade causada por agravos que apresentam elevada assintomatologia, como a clamídia. Nos serviços públicos de saúde no Brasil, são raros os locais que oferecem sistematicamente a pesquisa deste patógeno. Nos serviços privados, normalmente somente é investigada a infecção por clamídia em casos sintomáticos ou quando um dos parceiros sexuais relata a presença da bactéria. Mesmo nessas situações, a pesquisa de C. trachomatis ainda não faz parte da rotina na maioria dos serviços de saúde. Estes dados apontam a necessidade do fortalecimento dos serviços para o atendimento das DST, pois as evidências disponíveis sugerem que quando as intervenções, implementadas, podem nos serviços melhorar a de saúde, qualidade são efetivamente da atenção e, consequentemente, da saúde sexual e reprodutiva da população (NORMAN et al., 2004; SANGANI et al., 2004) e os programas de saúde devem estar atentos para a necessidade de rastreamento de uma infecção de transmissão sexual facilmente curável, como a C. trachomatis, em populações sob maior vulnerabilidade e risco. Como já está bem estabelecida a associação da infecção clamidiana com doença inflamatória pélvica, danos e cicatrizes tubárias, infertilidade e 70 gestação ectópica, os esforços para reduzir essa infecção em adolescentes e adultos jovens podem apresentar um efeito importante na morbidade devido a esse agravo, como já mostrado em estudo que programas de rastreamento podem reduzir em 56% a incidência de DIP (SCHOLES et al., 1996). Em publicação das medidas de prevenção para as infecções de transmissão sexuais, pela Força Tarefa de Prevenção dos Estados Unidos (US Preventive Services Task Force, 2007), foi reforçada a importância da introdução da investigação da infecção pela clamídia para todas as gestantes com idade igual e inferior a 24 anos. Nossos resultados mostraram uma alta prevalência de infecção por clamídia em parturientes jovens, no Brasil, o que sugere que testes diagnósticos para esta infecção deveriam ser incluídos em programas de rastreamento para gestantes jovens. Este programa, com uma seqüência de disponibilidade de diagnóstico e tratamento oportuno, poderia ser usado para tranqüilizar as mulheres preocupadas com o desfecho da atual gestação e o futuro de sua saúde sexual e reprodutiva. Ainda, seria de grande valia o estabelecimento de um sistema de vigilância para monitorar a infecção por clamídia, principalmente na população jovem. A elevada taxa de prevalência da infecção por clamídia, mostrada em nosso estudo, somado aos dados de vulnerabilidades da população brasileira mostradas em pesquisa nacional (BRASIL, 2009), apontam que, para a realidade do Brasil são necessárias medidas preventivas, como a implantação de um programa de rastreamento para diagnóstico da infecção por Chlamydia trachomatis em população jovem. 71 Também se faz necessário, implantação de estratégias de intervenção sobre o comportamento sexual dos jovens brasileiros que, apesar dos conhecimentos sobre prevenção, ainda negligenciam o uso do preservativo. 72 8. CONCLUSÃO 1. A prevalência de C. trachomatis em parturientes jovens foi elevada no Brasil (9,8%), apresentando maiores taxas na região Norte e menores na região Sul. 2. A associação com a infecção por Neisseria gonorrhoeae foi de 4,0%, sendo que a prevalência dessa bactéria na amostra estudada foi de 1,0%. 3. Foram demonstrados como determinantes da infecção por clamídia, nesta população, a baixa idade, entre 15 e 19 anos; o inicio atividade sexual antes de 15 anos de idade; ter tido mais de um parceiro sexual na vida; ter realizado citologia oncótica há mais de um ano e ter infecção gonocócica. 4. Como demonstrado por este estudo, seria de grande valia para a saúde sexual e reprodutiva da população brasileira a incorporação, por formuladores de políticas públicas de saúde, de um programa de rastreamento de clamídia para as populações mais vulneráveis. 73 9. PERSPECTIVAS Este estudo significa a oportunidade de suprir informações para a construção de indicadores para o monitoramento de estratégias de prevenção e controle da infecção pela clamídia, pelos formuladores de políticas públicas e pelos gestores da saúde, além de possibilitar o estabelecimento de parâmetros consistentes, para avaliar as desigualdades regionais e as situações de vulnerabilidade relacionadas ao agravo. Existe disponível pelo SUS, desde 2007, o exame de captura híbrida para diagnóstico da infecção por Chlamydia trachomatis (BRASIL, 2007), porém, por ter sido classificado como exame de média e alta complexidade, os municípios não conseguem executá-lo devido ao alto custo e por não fazer parte de um programa de rastreamento. Um programa de rastreamento terá benefícios não somente em nível individual, reduzindo a morbidade e complicações através do diagnóstico e tratamento precoces, mas também em nível de saúde pública, reduzindo a transmissão na população. Este tema deve ser levado em consideração pelos formuladores de políticas públicas de saúde, gestores e Sociedades de Classe Médica, pois de fato, pode-se definir que ainda não existe uma política pública para controle efetivo da clamídia no Brasil. 74 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Adams EJ, Charlett A, Edmunds WJ, Hughes G. Chlamydia trachomatis in the UK: A systematic review and analysis of prevalence studies. Sex Transm Infect. 2004;80:354-362. doi:10.1136/sti2003.005454. - Amaral MG, Kulay Jr L, Granato C, Novo NF, Belfort Jr R. Infecção por Chlamydia trachomatis e fatores de risco em gestantes. Rev Ass Med Brasil. 1995;41(3):193196. - Andrews WW, Goldenberg RL, Mercer B, Iams J, Meis P, Moawad A, et al. The preterm prediction study: association of second-trimester genitourinary chlamydia infection with subsequent spontaneous preterm birth. Am J Obstet Gynecol. 2000 Sep;183(3):662-668. - Andrews WW, Klebanoff MA, Thom EA, Hauth JC, Carey JC, Meis PJ, et al. 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Amazonas 356 88906,89 334 67289,26 559 122337,60 487 121507,34 803 250761,07 1174 396299,42 1573 526926,66 1621 553445,08 1631 594231,25 1028 429374,93 1152 475709,10 .. Roraima 36 5719,58 55 6300,98 33 3700,88 39 5438,60 62 11873,15 68 12939,83 142 25539,10 94 13550,98 94 21164,92 104 26516,27 106 26442,49 .. Pará 7611 1905681,76 5622 1294105,66 5743 1399729,63 5934 1615693,54 5815 1980690,57 4471 1465869,35 4636 1529726,40 4637 1548886,74 4452 1585519,33 3764 1483069,30 3579 1383025,21 .. Amapá 337 89638,69 199 48855,31 414 101106,81 191 50563,76 332 106734,57 230 74068,91 492 161137,38 180 49193,41 180 51502,03 640 287545,30 669 313592,59 .. Tocantins 514 136259,24 164 25846,19 398 94998,59 260 67961,53 293 96433,68 243 76696,40 242 76113,69 265 81251,29 213 65996,90 193 73023,76 285 163076,83 Região Nordeste 25556 6455494,21 18825 4250596,58 14932 3210692,53 13124 3083121,17 14608 4320240,68 10913 3148368,34 12918 3797332,95 12906 3895683,25 11743 3884950,42 9822 3599339,82 11351 4284989,68 .. Maranhão 5229 1378437,29 4248 955863,62 4134 944749,00 3944 1018517,31 4674 1488896,50 2826 876918,86 4165 1336544,38 4287 1437941,12 3972 1479325,81 3204 1347747,23 4027 1728400,92 .. Piauí 1454 337455,91 1048 196097,76 613 124051,54 642 143505,00 738 215825,81 686 191961,55 801 233084,25 627 171914,72 657 191502,70 575 195823,95 597 206114,39 .. Ceará 1433 334959,09 1174 216606,30 1347 225024,47 1320 228760,33 1270 272478,61 1250 276392,31 1239 275072,62 1325 306344,81 1113 272682,97 1184 325226,93 1228 341704,80 .. R. Gde do Norte 737 165210,16 460 71658,95 372 51815,57 392 70393,19 612 170048,36 482 137162,54 462 128677,30 327 83761,52 377 119700,17 364 132671,87 472 165853,09 .. Paraíba 636 158193,97 402 83716,97 549 117723,10 485 117645,64 407 130612,60 332 105930,22 298 82777,31 566 157124,27 489 155628,67 342 111480,44 335 112325,33 .. Pernambuco 2116 454676,32 2031 448938,82 1617 323881,67 1133 231598,69 1506 404182,17 1263 358169,02 1416 388507,63 1313 364566,63 1141 347885,91 1036 342746,44 1046 354596,63 .. Alagoas 609 123616,99 468 58723,62 486 75480,60 508 114848,82 579 168761,20 486 137760,26 551 166364,69 761 255900,64 491 161753,89 379 136525,91 514 189193,43 .. Sergipe 624 163956,56 579 133894,32 399 78995,32 437 106231,36 352 94335,12 296 80094,25 237 60287,19 232 56250,70 203 53190,47 154 48948,87 173 55695,33 .. Bahia 12718 3338987,92 8415 2085096,22 5415 1268971,26 4263 1051620,83 4470 1375100,31 3292 983979,33 3749 1126017,58 3468 1061878,84 3300 1103279,83 2584 958168,18 2959 1131105,76 Região Sudeste 19672 5126278,60 17032 3974120,40 17632 4033230,58 15997 4053023,51 16047 4951723,12 14236 4447209,52 14693 4631816,72 13547 4240161,92 11075 3694892,61 10318 3874982,84 10690 4221764,36 .. Minas Gerais 8372 2336857,01 7600 2014043,12 8366 2129071,48 6331 1790080,85 6175 2092611,95 4883 1655417,79 4993 1664761,94 4294 1424898,00 3931 1453632,97 3189 1345070,45 3162 1375530,13 .. Espírito Santo 950 233253,93 791 174600,44 805 169068,27 783 173814,28 727 210462,67 760 221080,61 697 200679,34 610 183010,23 608 185649,57 554 183666,28 649 209409,60 .. Rio de Janeiro 3076 880761,40 2311 567790,86 2051 476952,89 2033 541526,08 2518 840618,22 1851 624182,21 2307 779584,83 1823 607547,42 1592 558707,43 1414 589286,27 1735 738506,98 .. São Paulo 7274 1675406,26 6330 1217685,98 6410 1258137,94 6850 1547602,30 6627 1808030,28 6742 1946528,91 6696 1986790,61 6820 2024706,27 4944 1496902,64 5161 1756959,84 5144 1898317,65 Região Sul 6350 1393029,29 5162 971441,70 4899 1004073,86 4672 1074604,70 5553 1653303,25 5157 1518542,27 5025 1477384,52 4904 1490375,71 3908 1261772,67 4023 1377655,46 3732 1302031,81 .. Paraná 2974 724222,82 2228 476068,84 1873 411282,08 1654 396810,08 1672 504053,66 1526 462459,93 1515 469721,81 1782 541311,84 1198 391100,82 1183 426470,23 1091 397611,84 .. Santa Catarina 1300 258462,98 1130 189912,92 1126 201324,69 1066 233362,34 1333 390996,35 1280 357475,01 1171 330488,50 1013 293066,05 816 261404,54 767 271417,29 738 255462,86 .. R. Gde do Sul 2076 410343,49 1804 305459,94 1900 391467,09 1952 444432,28 2548 758253,24 2351 698607,33 2339 677174,21 2109 655997,82 1894 609267,31 2073 679767,94 1903 648957,11 Região C. Oeste 5899 1455989,91 4828 1039824,46 4262 922631,13 4218 1016738,53 4160 1176974,07 3216 902925,97 3246 925489,99 2839 821835,34 2385 737067,61 2243 754601,91 1965 699749,26 .. Mato Gr. do Sul 951 202446,34 908 165270,82 827 142894,33 798 165847,30 696 176108,66 463 132587,11 504 134723,45 430 116551,52 377 117665,81 396 127098,81 327 99823,29 .. Mato Grosso 2710 702236,22 1935 433952,08 1610 394714,14 1629 450056,93 1489 486598,07 1052 336418,29 1182 381851,38 1061 352180,39 850 295378,33 761 295765,25 595 238030,86 .. Goiás 1792 449404,77 1664 380290,34 1460 315866,08 1224 281629,14 1398 401012,10 1243 337775,26 1078 298600,60 993 269182,12 817 238083,38 753 248143,09 709 253597,52 .. Distrito Federal 446 101902,58 321 60311,22 365 69156,58 567 119205,16 577 113255,24 458 96145,31 482 110314,56 355 83921,31 341 85940,09 333 83594,76 334 108297,59 Total 67454 16910254,12 53281 11884428,45 50340 11233023,36 46237 11439820,52 48881 14930915,85 40979 12454439,26 44396 13630960,95 42440 13191461,92 36688 12276773,94 33407 12439470,85 34670 13340236,71 Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) Morbidade Hospitalar do SUS - por local de residência - Brasil Internações por Região/UF e Ano processamento Lista Morb CID-10: Doenças por clamídias transmitidas por via sexual, Salpingite e ooforite, Outras doenças inflamat órgãos pélvicos femininos Faixa Etária: 15 a 19 anos, 20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos Período: 2000 à 2010 ANEXO 1 Número e custo de internações por DIP no Brasil – DATASUS – SIH/SUS 97 ANEXO 2 Questionário aplicado – Pesquisa de Chlamydia e gonorréia em gestantes Número do questionário:________ Maternidade/Cidade/Estado:___________________________________ Nome:_____________________________________Prontuário: _________________ Idade:_____________Escolaridade em anos:_________________________________ Profissão:__________________ Raça/cor: Branca ( ) Parda ( ) Negra ( ) Indígena ( ) Amarela ( ) Estado civil: solteira ( ) casada/vive junto ( ) separada/divorciada ( ) Viúva ( ) Renda familiar salários mínimos: até 1,9 ( ) 2 a 3,9 ( ) 4-10 ( ) mais de 10 ( ) Idade gestacional em semanas:_______________ DUM: ____/____/____ Nº de gestações (incluindo a atual): _______Nº de filhos (nascidos vivos):__________ Nº de abortos: espontâneos: ____________ Provocados: ____________ Fez pré-natal? ( ) Sim ( ) Não Se sim. Quantas consultas? ________________ Quando fez o último exame preventivo (Papanicolau)? _________________________ Alguma queixa ginecológica?: sim ( ) não ( ) Se sim, qual?_______________ História de DST? ( ) Sim ( ) Não Se sim. Qual? ___________________ Idade da primeira relação sexual: _____________________ Comportamentos de risco para DST/AIDS História de transfusão sanguínea: sim ( ) Uso de drogas injetáveis: sim ( ) Uso drogas ilícitas não injetáveis: sim ( ) Relação sexual em troca de dinheiro/drogas sim ( ) Profissional do sexo sim ( ) não ( História de violência sexual (estupro)? sim ( ) Nº de parceiros na vida: _________ Nº de parceiros no último ano: _________ Parceiro com teste HIV positivo: sim ( ) Parceiro bissexual: sim ( ) Parceiro com história de transfusão sanguínea: sim ( ) Parceiro usuário de drogas injetáveis: sim ( ) Parceiro com história de prisão: sim ( ) Resultados de exames Resultado de Anti HIV nesta gestação: Resultado de VDRL nesta gestação: Resultado do VDRL no parto: não ( não ( não ( não ( não ( não ( não ( não ( não ( ) ) ) ) ) não ( ) ) ) ) ) ) Positivo ( ) Negativo ( ) Positivo ( ) Negativo ( ) Positivo ( ) Negativo ( ) Se VDRL positivo: parceiro também fez o teste? sim ( ) não ( ) Parceiro foi tratado? sim ( ) não ( ) não sei ( ) não sei ( não sei ( não sei ( não sei ( não sei ( ) ) ) ) ) Não fez ( Não fez ( Não fez ( não sei ( ) ) ) ) Obs.:___________________________________________________________ _______________________________________________________________ ____________________ Resultado de Chlamydia Positivo ( ) Resultado de gonorréia Positivo ( ) Negativo ( ) Não realizado ( ) Negativo ( ) Não realizado ( ) Data: __/__/__ 98 ANEXO 3 Registro e aprovação pelo CEP 99 100 ANEXO 4 PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA CHLAMYDIA TRACHOMATIS EM PARTURIENTES, DE 15 A 24 ANOS, NO BRASIL Numero : |__|__|__| TERMO DE CONSENTIMENTO Você está sendo convidada a participar do projeto “Pesquisa de infecção pela Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae em parturientes jovens atendidas em maternidades públicas do Brasil”. Este projeto é confidencial e suas respostas serão mantidas no anonimato. Sua participação não é obrigatória e a qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua participação será de grande importância, pois permitirá uma avaliação de alguns problemas comuns entre as mulheres jovens, como comportamentos de risco para DST/AIDS e a freqüência de infecções ginecológicas, permitindo assim a elaboração de estratégias de prevenção e assistência que possam melhorar a qualidade de vida. Se você concordar em participar neste estudo, você irá responder a uma entrevista e coletará uma amostra de urina para realização de teste diagnóstico para infecções ginecológicas. Você receberá o resultado do exame, tratamento para a infecção diagnosticada e aconselhamento sobre contracepção, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. Não haverá nenhum risco envolvendo as participantes, assim como não haverá custos ou pagamentos pela aceitação em participar. As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação. Você receberá uma cópia deste termo e pode tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento através dos contatos: Dr Valdir Monteiro Pinto (61) 3448-8068; [email protected] ou Dra Angélica Espinosa Miranda (27) 3335 7210; [email protected] Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar. _____________________________ Assinatura da participante __________________________________ Assinatura do entrevistador Data: ___/___/___ 101 ANEXO 5 Publicação de artigo 102
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