Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinismo
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Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinismo
Primeira Edição Fevereiro de 2012 Uma análise profunda do pensamento adventista à luz das doutrinas apelidadas de “os cinco pontos do calvinismo.” Mergulhe profundamente no pensamento soteriológico e antropológico de Ellen Gould White, a escritora cujas obras são hoje consideradas parte do “Espírito de Profecia” com autoridade próxima a da Bíblia. Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinismo Baruch Ben Avraham 2 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Edições Comunidade de Israel Rua Missionário Gunar Vingren, 1922 CEP 78964-250 Bairro Nova Brasília. Ji-Paraná. Rondônia, Brasil Tel (69) 3421-6051 Cel 69 8111-3082 Página W eb: http://www.comunidadedeisrael.com.br/ Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 3 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Índice I - Apresentação – Arminius e o Arminianismo 5 II - Ellen White e a Doutrina da Depravação Total da Alma Humana 16 18. A origem metodista e a doutrina da Sra. White. 18. Sua defesa da libertação universal da vontade. 19. O livre arbítrio do homem atual e o de Adão no Éden. 20. A natureza completamente depravada do homem. 21. A Alma Humana Está Paralisada por Satanás: 21. Só uma ação sobrenatural torna o homem inimigo de Satanás: 21. É Elohim quem infunde vida sobrenatural: III - Ellen White Diante da Doutrina da Eleição Incondicional 23 24. Ellen White nega que a eleição seja incondicional: 24. A salvação depende de nossa própria conduta: 25. Toda a obra é de Adonay do princípio ao fim: 25. Confundindo perdidos com eleitos: 28. Elohim escolhe a Saulo inimigo de Yeshua: 29. Elohim nos escolheu na eternidade para sermos santos: 30. Foi Maschiach que nos escolheu e não nós a Ele: IV - Ellen White e a Expiação Limitada de Yeshua 32 36. O Messias não morreu para que Elohim nos amasse: 36. A expiação se completou no madeiro: 37 A expiação está sendo feita hoje diante do Pai: 38. O Messias morreu por seu povo e expiou seus pecados: 39. O Messias levou a culpa de todos, até de Caifás: 40. Ninguém pode dizer que está salvo: 40. É preciso ter certeza da salvação: 41. Yeshua prometeu salvar a muitos: 42. O Maschiach guarda aqueles que comprou por seu sangue: 43. O Maschiach intercedeu somente pela kehilah (Igreja): 44. Maschiach salva aqueles que Elohim escolhe: V - Ellen White e a Doutrina da Graça Irresistível 46 47. O homem pode resistir à graça: 47. Confundindo predestinação bíblica com antinomismo: 48. Elohim revela sua glória aos eleitos: 49. O Maschiach usou de poder irresistível para converter os corações: 49. Shaul foi salvo por irresistível evidência: 50. O espírito é concedido livremente a todos os homens: 51. Escravos perecem sem receber luz dos homens: 52. Pagãos salvos sem receber luz de instrumentos humanos: Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 4 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo 53. Nenhum poder finito pode restringir a ação do Espírito: 54. É o poder divino que traz vida à alma morta em pecados: VI - Ellen White e a Doutrina da Perseverança dos Santos 55 56. A Prova da doutrina da perseverança dos santos: 57. Nenhum homem se guarda a si mesmo: 58. Se Maschiach é meu Salvador tenho vida para sempre: 59. O homem precisa cumprir condições antes de se tornar um eleito: 59. Nossa obediência inscreve nossos nomes no livro da vida do cordeiro: 60. Impeçam que seu nome seja riscado do livro da vida: 61. Se vosso nome está no livro da vida tudo estará bem: 61. A purificação do santuário já se completou: 63. Quem tem o nome escrito no livro da vida: 65. A literatura adventista e a perseverança dos santos: 65. O pecador pode dizer: Elohim me salvará agora: 66. A justificação é um perdão absoluto: 66 Maschiach nunca abandonará aquele por quem morreu: 66. Nenhum dos que recebem a Maschiach pode se perder 67. O mesmo Elohim que começa a obra a termina: 67. Estamos eternamente livres: 67. Elohim nunca mais se lembrará do pecado: 68. O seguidor de Maschiach tem certeza clara da salvação: 68. Devemos estar felizes porque nosso nome está no livro da vida: 68. Precisamos crer que somos eleitos de Elohim: 68. A Sra. White permanece indefinida quanto à perseverança do crente: 70. Oferecendo tributo a um o poder que o diabo não tem: 71. Conclusão: Elohim não retira a misericórdia de seus filhos: VII - Apêndice - Juízo Investigativo uma Doutrina Adventista 80. O crente precisa ter certeza de que seu nome está no livro da vida: 81. Todos os que entraram para o serviço têm seu nome escrito no livro da vida: 82. O que vai a Maschiach de maneira nenhuma será lançado fora: 83. Trabalharam para Elohim e não foram escritos no livro da vida: 84. A dinâmica e o perigo da evangelização do medo: 85. Confundindo o livro da vida com o livro dos viventes: 86. Pessoas escritas no livro da vida não serão destruídas: 88. Incoerências da doutrina adventista do juízo investigativo: 89. Uma doutrina que anula cada atributo de Elohim: 90. O valor de ter o nome no livro da vida: 92. Do farolete para o farol: Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 5 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo I - Apresentação – Arminius e o Arminianismo Jacó Arminío, o teólogo holandês, autor de muitos livros e nascido na era dos grandes debates teológicos e filosóficos veio ao mundo em Oudewater, Utrecht como Hermanszoon Jakob, seu nome em holandês. Jacó Armínio (1560-1609) foi educado na teologia reformada aos pés de Theodore de Beza (1519-1605), substituto de João Calvino (1509-1564). Sobreviveu a ambos não como discípulo do calvinismo, que atribuía a salvação somente à graça soberana que liberta o arbítrio de forma irresistível, mas como fundador do arminianismo, que atribui a salvação ao livre arbítrio que livremente responde e coopera com a graça. Jacó Armínio (1560-1609) foi educado na teologia reformada aos pés de Theodore de Beza (1519-1605), substituto de João Calvino (1509-1564). Sobreviveu a ambos não como discípulo do calvinismo, que atribuía a salvação somente à graça soberana que liberta o arbítrio de forma irresistível, mas como fundador do arminianismo, que atribui a salvação ao livre arbítrio que livremente responde e coopera com a graça. James Arminius (1560-1609), Theodore de Beza (1519-1609) Imagens de domínio público. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre João Calvino (1519-1605) Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 6 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Órfão de pai ainda criança, aos 15 anos sua mãe morreu no massacre espanhol de Oudewater. A morte da mãe em 1575 parecia anunciar ao jovem Arminius que ele estaria no centro de controvérsias religiosas que abalariam as estruturas da própria fé reformada. Aprovado pelo pastor Theodorus Aemilius, como aluno de Teologia, Arminío recebeu apoio de Rudolph Snellius (15461613), um professor que o levou à Universidade de Marburg na Alemanha, de onde retornou em 1603 para lecionar na Universidade de Leiden, fundada em 1575 por Willem van Oranje (1533-1584), herói da independência holandesa frente aos espanhóis e da transformação da Holanda numa potência militar e naval a serviço da fé reformada que ajudou a mudar o mapa religioso da Europa. Em 1582, como parte de seu aperfeiçoamento acadêmico Armínio se mudou para Genebra na Suíça, então o foco do protestantismo calvinista. Seu objetivo era ouvir a exposição de Romanos ministrada pelo próprio Theodore de Beza (1519-1605). Beza, francês como seu amigo pessoal João Calvino (1509-1564), abraçou a teologia reformada em 1548, veio a ser o herdeiro natural do grande mestre de Genebra e se tornou um peso pesado da teologia reformada. Voltando a Holanda Arminío recebeu o cargo de pastor, sendo ordenado em 1588 na cidade de Amsterdã e a tarefa de enfrentar as críticas de Dirk Volkertzoon Koornhert (1522-1590), à teologia calvinista da predestinação presente no Catecismo de Heidelberg, redigido por Zacharias Ursinus (1534-1583) e Caspar Olevianus (1536-1587), obra encomendada pelo Eleitor Frederico III, soberano do Palatinado para combater a influência católica no seu reino. Dois pontos dessa obra podem ter sido fundamentais para despertar Koornhert a se indignar contra a doutrina reformada, o primeiro a resposta à pergunta 52 onde se afirmava que somente os eleitos seriam levados à vida eterna e a 54 onde ensinava que a verdadeira kehilah ou igreja estava amarrada pelo decreto da eleição e destinada seguramente à vida eterna desde antes da fundação do mundo até a consumação da história. Os pontos são como seguem: Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 7 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo 52. Que consolo traz a você a volta de Cristo "para julgar os vivos e os mortos"? R. Que, em toda miséria e perseguição, espero, de cabeça erguida, o Juiz que vem do céu, a saber: o Cristo que antes se apresentou em meu lugar ao tribunal de Deus e tirou de mim toda a maldição (1). Ele lançará, na condenação eterna, todos os seus e meus inimigos (2) , mas Ele me levará para si mesmo, com todos os eleitos na alegria e glória celestiais (3). (1) Lc 21:28; Rm 8:23,24; Fp 3:20; 1Ts 4:16; Tt 2:13. (2) Mt 25:41-43; 2Ts 1:6,8,9. (3) Mt 25:34-36; 2Ts 1:7,10. 54. O que você crê sobre "a santa igreja universal de Cristo"? R. Creio que o Filho de Deus (1) reúne, protege e conserva (2) , dentre todo o gênero humano (3) , sua comunidade (4) eleita para a vida eterna (5). Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra (6) , na unidade da verdadeira fe (7) , desde o princípio do mundo até o fim (8). Creio que sou membro vivo (9) dessa igreja, agora e para semprel0). (1) Jo 10:11; Ef 4:11-13; Ef 5:25,26. (2) Sl 129:4,5; Mt 16:18; Jo 10:16,28. (3) Gn 26:4; Is 49:6; Rm 10:12,13; Ap 5:9. (4) Sl 111:1; At 20:28; Hb 12:22,23. (5) Rm 8:29,30; Ef 1:10-14; 1Pe 2:9. (6) Is 59:21; Rm 1:16; Rm 10:14-17; Ef 5:26. (7) Jo 17:21; At 2:42; Ef 4:3-6; 1Tm 3:15. (8) Is 59:21; 1Cor 11:26 (9) Rm 8:10; 1Jo 3:14,19-21. (10) Sl 23:6; Jo 10:28; Rm 8:35-39; 1Co 1:8,9; 1Pe 1:5; 1Jo 2:19. 1 Apesar de fortemente apoiado com diversos textos, a doutrina da eleição exposta no Catecismo de Heidelberg não convenceu a Koornhert e suas críticas causaram muito mal estar na Holanda. Assim a Igreja Reformada confiava no gênio de Armínius para os refutar. A surpresa é que o exame das teses de Koornhert acabou por minar suas próprias convicções e arenunciar ao calvinismo. Ele manteve a posição paulina de que a predestinação de Elohim foi feita antes da fundação do mundo e que todos os predestinados para a vida serão infalivelmente salvos, mas modificou substancialmente a posição reformada. Catecismo de Heidelberg (1563) por Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano. Fonte, página Monergismo.com visitada em 6 de março de 20112. http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismo_heidelberg.htm 1 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 8 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Dirck Volckertszoon Coornhert foi o homem cujos argumentos levaram, Armínio um pastor reformado, educado aos pés do sucessor de Calvino a abraçar as teses defendidas em parte por Pelágio, o homem é livre para aceitar a oferta de salvação ou para a rejeitar. A graça é soberana no sentido de ser oferecida a todos e não no sentido de determinar quem se salva. Nascia assim em 1609 o arminianismo, a doutrina que mais influenciaria o protestantismo. Dirck Volckertszoon Coornhert foi o homem cujos argumentos levaram, Armínio um pastor reformado, educado aos pés do sucessor de Calvino a abraçar as teses defendidas em parte por Pelágio: O homem é livre para aceitar a oferta de salvação ou para a rejeitar. A graça é soberana no sentido de ser oferecida a todos e não no sentido de determinar quem se salva. Nascia assim em 1609 o arminianismo, a doutrina que mais influenciaria o protestantismo. Arminius manteve ainda a posição de que o homem com a queda perdeu o livre arbítrio, mas passou a ensinar que auxiliado pela graça ele pode decidir livremente nascer de novo ou permanecer em seus pecados. A predestinação eterna, segundo ele foi o ato de Elohim escolher para vida aqueles que Ele sabia que aceitariam o convite da graça e decidiriam nascer de novo e escolher para a morte aqueles que viu que jamais aceitariam esse chamado. O homem voltava ao centro da teologia. Portrait of Dirck Volckertsz. Coornhert (15221590). After Cornelis Cornelisz. van Haarlem (1562–1638). Domínio Pùblico Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 9 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A diferença básica entre os dois sistemas, portanto não é a crença de que todo o homem já vem a esse mundo predestinado para a vida ou para a morte, mas a base ou causa dessa predestinação. Enquanto os calvinistas creem numa predestinação estabelecida com base na escolha do próprio Elohim, os arminianos acreditam que a base única da predestinação é a graça discriminadora e infalível de Elohim pela qual Ele livremente decidiu o que faria de cada indivíduo particularmente pecador e merecedor das chamas do fogo eterno. Esta é pois a controvérsia arminiocalvinista, não a predestinação em si, mas a causa da predestinação. Após a morte de Arminius sua posição foi modificada pelos seus discípulos e exposta na forma de um documento conhecido como remonstratio. Os remonstrenses, como passaram a ser chamados diziam que: Todos os homens têm o poder natural de decisão quanto ao chamado da graça. O Maschiach não morreu para salvar efetivamente a ninguém em particular, e logo não existem eleitos no sentido pleno da Palavra, ele morreu para tornar possível a salvação de todos os homens. O homem pode resistir eficazmente e inclusive derrotar a graça de Elohim se esforça em salvá-lo. Elohim não predestina pessoas, mas grupo de pessoas e logo a predestinação é completamente condicional. Os santos podem cair da graça e se perder eternamente. Esta visão teológica, que nem é calvinista porque nega a livre e soberana escolha de Elohim e nem é arminiana porque nega que os santos são perseverados até o fim e infalivelmente salvos tornou-se a base teológica dos chamados novos protestantes como os mórmons, as testemunhas de Jeová, os pentecostais e os adventistas. Mas muito tempo antes, os cristãos reformados se reuniram em Dortrecht na Holanda com o fim de tomar uma posição acerca das revisões propostas tanto pelos arminianos como pelos remonstrenses com relação à doutrina da predestinação tal como defendida por Agostinho e pelos três grandes reformadores, Calvino, Lutero e Zuinglio. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 10 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A doutrina da graça soberana foi comparada pelo Sínodo de Dort ao belo e precioso símbolo do país das flores. Cada letra da Tulip se refere a um aspecto da doutrina da salvação tal como vista pelos teólogos holandeses. Tulip por Anna Cervova Public Domain Pictures.net O Sínodo de Dort se inspirou na palavra Tulip que dá o nome à mais famosa flor da Holanda para criar um acróstico por meio do qual os cinco pontos definidos como base na exposição da salvação pudessem ser conhecidos. A doutrina da graça soberana foi comparada pelo Sínodo de Dort ao belo e precioso símbolo do país das flores. Cada letra da Tulip se refere a um aspecto da doutrina da salvação tal como vista pelos teólogos holandeses. O T se refere a TOTAL DEPRAVAÇÂO da alma humana e sua incapacidade para fazer qualquer coisa por sua própria salvação. O U se refere à ELEIÇÂO INCONDICIONAL e não dependente de nada próprio do homem. O L se refere à LIMITADA EXPIAÇÃO de Yeshua apenas e somente por suas ovelhas. O I se refere à IRRESISTÍVEL GRAÇA pela qual o Eterno ordena que os mortos em delitos e pecados sejam trazidos à vida espiritual e salvos sem que estes possam impedir a sua obra. O P se refere à PERSEVERANÇA DOS SANTOS pela qual eles são infalivelmente guardados até o fim, de todo o poder do maligno de de qualquer apostasia irremediável. Uma vez salvos, para sempre salvos. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 11 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo TUPLIP Uma Descrição dos Cinco Pontos do Calvinismo Total Depravation – Depravação Total Todos os homens nascem em pecado1 estão mortos em seus delitos,2 totalmente depravados3 e seus pensamentos são continuamente maus,4 por isso permanecem pecando enquanto vivem.5 Em seu estado natural são incapazes de buscar a Elohim6 entender as coisas espirituais7 ou amar a luz da verdade8 e não podem cooperar jamais com a graça a menos que sejam a isso dispostos por Aba Yah..9 (1 Sl 51:5, 2 Ef 2:1-5,3 Jr 17:9, 4 Gn 6:4, 5 1Rs 8:46, 6Rm 3:9-23, 7 1 Co 2:14, 8 Jo 1:8-10 e 9 Jo 6:44.) Unconditional Election – Eleição Incondicional A eleição é Incondicional1 e não se baseia na escolha do homem,2 mas na decisão de deus de aproximar de si os que Ele quer que o adorem,3 não fomos escolhido porque seríamos santos, mas para sermos santos.4 Fomos escolhidos pelo beneplácito exclusivo da vontade divina para o louvor de sua glória. 5 Todos os que assim foram predestinados serão um a um chamados, justificados e glorificados,6 já que isso depende somente da graça e determinação de Elohim estabelecida antes dos tempos eternos.7 A estes Elohim dá a fé que não vem dos homens.8 Assim ele se torna autor e também consumador 9 da fé que pertence aos eleitos e somente a eles. 10 (1 Dt 7:6-7, 2 Jo 15:16, 3 Sl 65:4, 4 Ef 1:4, 5 1:5,11, 6 Rm 8:28-30, 7 2Tm 1:9, 8 Ef 2:8, 9 Hb 12:2, 10 Tt 1:1) Limited Atonement – Expiação Limitada A expiação é limitada unicamente às ovelhas de Deus1 e se destina a salvar apenas aos que ouvem o evangelho2 um número fixo de homens de todas as nações.3 A expiação não pode ser separada do propósito de salvar, e o Maschiach antes de morrer não orou pelo mundo, mas apenas por aqueles que o Pai lhe deu.4 Seu sangue foi derramado pela igreja5 ele não morreu para tornar possível a salvação de todos, mas para tornar real e infalível a salvação daqueles em favor dos quais intercedeu.6 A morte do Maschiach é suficiente para todos, mas eficiente somente para os eleitos,7 pois seu sangue foi derramado em favor de muitos. 8 (1 Jo 10:15, 2 Ap 22:17, 3 5:9, 4 Jo 17:9,20, 5 Ef 5:25, 6 Is 53:11-13, 7 Ro 8:33-34, 8 Mr 14:24). Irresistible Grace – Graça Irresistível A graça opera o novo nascimento1 naqueles que nascem da vontade de Elohim2 de forma soberana e sem consultar seus desejos naturalmente escravos do pecado 3 inclinados ao mal e incapazes de entender ou buscar as coisas espirituais.4 Assim embora Elohim chame a muitos com a chamada geral,5 só os eleitos são separados desde o ventre7 e chamados por seu elo propósito.8 Todos aqueles em quem esse novo nascimento opera são irresistivelmente levados à fé e ao arrependimento.9 Essa não é uma obra de Elohim e do homem, mas uma obra do Pai, que leva ao Filho todos aqueles que lhe deu.10 ( 1 Jo3:8, 2 1:1213, 3 8:34, 4 Sl 14:2, 5 Mt 22:14, 6 Gl 1:15-16, 7 Ro 8:28, 8 At 13:48, 9 Jo 6:44. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 12 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Perseveraince of Saints – Perseverança dos Santos Os que são assim gerados segundo a vontade divina1 são guardados em incorruptibilidade pela palavra de de Elohim,2 são preservados até ao fim no estado de adoção de filhos 3 e ainda que pequem e sejam severamente castigados4 jamais serão lançados fora,5 pelo contrário tendo sido entregues pelo Pai nas mãos do Filho,6 eles serão infalivelmente guardados de todo o mal7 até que a obra iniciada neles se consume gloriosamente no dia do Maschiach 8 e recebam a coroa da justiça que lhes está guardada 9 já que são sustentados pelas mãos onipotentes do Pai e do Filho e não podem perecer,10 porque de Elohim é poderoso para lhes guardar de tropeço e os apresentar imaculados no dia de sua glória. 11 ( 1 Tg 1:18, 2 1Pd 1:23, 3 Ro 8:16, 4 2Sm 7:11-15, 5 Jo 6:37, 6 17:12, 7 2 Tm 4:18, 8 Fp 1:6, 9 2Tm 4:8, 10 Jo 10:27-29, 11 Jd 1:24. É claro que além do arminianismo que ensina que Elohim predestinou para a vida eterna aqueles que ele sabia que pela fé abraçariam a graça e nela perseverariam até o fim, do calvinismo que afirma que Elohim elegeu não conforme a presciência da fé visto que ele mesmo é seu autor, mas de acordo com sua presciência daqueles que ele mesmo criaria para a salvação e do remonstrensismo, que ensina que Elohim não elege a ninguém em particular, mas apenas o grupo dos salvos, existem outras visões. O universalismo com sua visão de uma apokatastasis ou reconciliação final de todas as criaturas com Deus, nega que o lago de fogo seja de duração eterna e ensina que ele durará apenas o tempo suficiente para que finalmente o próprio Satan venha a converter-se e Elohim seja então tudo em todos. 2 Há ainda aqueles que como o profeta americano William Marrion Branham (19091965) o fundador e pai do movimento Tabernáculo da Fé. Estes e outros interpretam as Escrituras de forma alegórica e concluem que Eva não comeu nenhum fruto proibido. Segundo eles Eva acasalou literalmente com a serpente e desse contato sexual nasceu Caim. Para uma descrição pormenorizada dessa doutrina e sua refutação consulte nosso artigo Identidade Cristã x Israelismo Britânico. Nem todos os universalistas concordam com essa visão inicialmente ensinada por Orígenes de Alexandria (185 254?). John Murray, (1741-1815), o pai do universalismo moderno ensinou que o Maschiach morreu por toda a humanidade pagando os pecados de todos, e que por isso afinal todos serão infalivelmente salvos. Esta posição parece deixar os diabos de fora do pacto salvífico. De igual posição foi o grande teólogo suíço Karl Barth (18861968), para quem o único homem predestinado para a morte foi Yeshua, que morto na carne ressuscitou em espírito a fim de que toda a raça humana, originalmente predestinada para a vida seja infalivelmente salva. 2 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 13 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Eles acreditam que uma parte da humanidade descende diretamente da serpente através de Caim e está destinada à perdição. A outra parte descende de Sete, sendo os legítimos descendentes de Adão, e, portanto predestinados infalivelmente à bem aventurança eterna. Naturalmente este sistema ignora a revelação bíblica que mostra que Rebeca concebeu de um só, de Ytzchak nosso pai, e apesar disso teve um filho eleito e outro rejeitado. Os adventistas optaram em sua maioria por uma predestinação impessoal. Elohim não predestinou pessoas, mas caracteres perfeitos dizem. A salvação é como uma disputa olímpica, não se sabe que é o vencedor até o final da prova. Quem atinge esse caráter perfeito até o dia em que seu nome for passado em revista no juízo investigativo é configurado nessa predestinação e destinado à glória. É claro que esse é um esquema legalista que despreza o caráter substituto da vida do Maschiach. A maioria esmagadora dos pastores e membros adventistas acredita numa perfeição ontológica a ser alcançada ainda nesta vida. Deplorando essa idéia, aqueles entre os adventistas que enfatizam a vida substituta de Maschiach dizem que ao aceitar a Yeshua como Salvador o crente adquire seu caráter por imputação e que com os méritos do Filho de Elohim o crente é declarado mais do que vitorioso e que isso em nada depende das obras ou do caráter do próprio indivíduo. É claro que o debate adventista está longe de se encerrar. De modo geral a igreja professa uma fé remonstrense, mas é possível também encontrar alguns membros e ministros arminianos dentro do movimento e ocasionalmente algum calvinista não declarado, já que o sistema é abertamente contra cada um dos cinco pontos do calvinismo. Eles supõem que a principal formadora de opinião dentro do adventismo, a Sra. Ellen Gould White (1834-1915), reputada por muitos como profetiza era arminiana ou remonstrense. No presente estudo demonstrarei que longe de ter uma posição consensual a Sra. White, a julgar pelos livros e artigos publicados em seu nome jamais se definiu. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 14 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo E um equívoco muito grande invocar o testemunho da Sra, White a favor ou contra a doutrina da eleição, pois sua posição vai desde o calvinismo moderado até ao arminianismo, passando pelo remonstrensismo, o que revela a ausência completa de uma linha teológica orientada em suas declarações relativas a esse assunto. Ellen White, 1889,Wikipedia, Domínio Público Com ampla pesquisa à literatura adventista sobre o tema da eleição este estudo mostra como resultado que é um equívoco muito grande invocar o testemunho de a Sra. White a favor ou contra a doutrina da eleição, pois sua posição vai desde o calvinismo moderado até ao arminianismo, passando pelo remonstrensismo, o que revela a ausência completa de uma linha teológica orientada em suas declarações relativas a esse assunto. Apesar disso ele se revelará muito útil em demonstrar que adventistas que conhecem a Bíblia e creem sem reservas naquilo que Elohim falou através dos Profetas, de seu Messias e dos seus Apóstolos, podem cimentar sua exposição teológica com citações da Sra. White a fim de se defenderem. Esse é um detalhe importante porque a maioria dos adventistas conhece apenas a veia arminiana e remonstrense da Sra. Ellen White, e a usa com muito mais frequência para alijar a doutrina da eleição do debate tão logo ela surge, mas em contrapartida desconhece quase completamente sua veia calvinista. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 15 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Embora eu esteja firmemente alinhado com a posição reformada no que diz respeito à predestinação, a qual me parece ser a única que se harmoniza com as Escrituras, procurei sem imparcial no uso das fontes bibliográficas atribuídas à Sra. White. Fazendo assim dou a oportunidade a todos de mergulharem num dos temas mais controversos do mundo cristão e tirarem suas próprias conclusões livres da pressão de textos que se comparados com outros se revelam indefinidos e contraditórios. Meu desejo sincero e minha oração é para que os filhos de Yah que congregam no adventismo possam evoluir para uma teologia bíblica e saudável como alternativa a uma teologia humana e doentia. Que Elohim abençoe a todos, especialmente os sinceros, e que aquilo que a Sra. White desejou em seus devaneios, o surgimento de um povo que creia na Bíblia e na Bíblia só, se concretize na alma de cada um deles. “Mas Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as igrejas que representam, a voz da maioria - nenhuma destas coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em seu apoio um claro – „Assim diz o Senhor‟”. (Ellen White, O Grande Conflito. 36ª ed. 1988. pp. 595.). Com o anelo de que isso se cumpra, e que em breve nenhum adventista sincero use Ellen White para apoiar ou denunciar qualquer doutrina sem antes passar pela Bíblia e considerar que ela se basta sozinha para definir a nossa fé. Rosh Messiânico Baruch Ben Avraham Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 16 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo II - Ellen White e a Doutrina da Depravação Total da Alma Humana A coluna básica de toda a doutrina da predestinação jaz por incrível que pareça na própria natureza do homem. Se for verdade que o homem não está espiritualmente morto, mas apenas atordoado pelo pecado, e que ele é uma espécie de zumbi espiritual capaz de sair de sua necrópole por sua própria decisão então tem de ser verdade ele é capaz de caminhar para Yeshua impelido pela força de seu livre arbítrio e a predestinação não existe. Nesse caso se o homem pode recriar seu destino, determinar sua própria regeneração, conversão e perseverança até ao fim então a predestinação mencionada na Bíblia seria desnecessária ou arbitrária. Se for verdade que o homem não está espiritualmente morto, mas apenas atordoado pelo pecado, e que ele é uma espécie de zumbi espiritual capaz de sair de sua necrópole por sua própria decisão então tem de ser verdade ele é capaz de caminhar para Yeshua impelido pela força de seu livre arbítrio e a predestinação não existe. Cemitério por Anna Cervova, Domínio Público Public Domain Pictures.net Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 17 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Seria desnecessária porque Elohim estaria decretando aquilo que a própria vontade do homem já tinha decidido ou arbitrária porque Elohim escolheria o homem a despeito de sua decisão desconsiderando a vontade de muitos que naturalmente se inclinariam para a graça que lhes seria negada. Por outro lado, se o homem não pode dar nenhum passo em direção à luz, se ele não está meio morto, mas completamente morto, se ele não é um zumbi espiritual, mas um cadáver encerrando num mausoléu lacrado de maldade e incapacidade de perceber as coisas do espírito a tal ponto que não pode nem mesmo desejar ou decidir nascer de novo, converter-se e permanecer na graça, então só a predestinação livre, soberana e infalível pode garantir a sua ressurreição espiritual e sua salvação. Nisso reside toda a questão e é sobre isso que Ellen White será chamada a opinar. Contudo, ao analisarmos sua opinião será difícil não admitir pronunciadas ambigüidades em suas posições. Assim, antes de tudo é bom lembrar o contexto religioso em que Ellen se desenvolveu e as influências que recebeu. Por outro lado, se o homem não pode dar nenhum passo em direção à luz, se ele não está meio morto, mas completamente morto, se ele não é um zumbi espiritual, mas um cadáver encerrando num mausoléu lacrado de maldade e incapacidade de perceber as coisas do espírito a tal ponto que não pode nem mesmo desejar ou decidir nascer de novo, converter-se e permanecer na graça, então só a predestinação livre, soberana e infalível pode garantir a sua ressurreição espiritual e sua salvação. Anjo por Francisco Farias Jr Domínio Público Public Domain Pictures.net Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 18 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A origem metodista e a doutrina da Sra. White: Ellen Harmon, nasceu em 1827 em Gorham, Maine. Tendo crescido no seio de uma devota família metodista, nenhum sistema teológico a influenciou tanto como o arminianismo wesleyano. Admiradora de Wesley, Ellen White elogia sua posição acerca da predestinação e dos decretos divinos que dela procedem dizendo: “A doutrina dos decretos divinos, que inalteravelmente fixam o caráter dos homens, havia conduzido muitos à rejeição virtual da lei de Deus. Wesley perseverantemente se opôs aos erros dos ensinadores antinomistas, demonstrando que esta doutrina que levava ao antinomismo é contrária às Escrituras.3” O fato de Wesley se opor aos antinomistas não significa necessariamente que a doutrina da predestinação conduza ao antinomismo e nem mesmo que Wesley não defendesse a predestinação, pois como arminiano ele cria numa predestinação baseada na presciência das obras como se pode notar nessa declaração citada por Severino Silva. “As Escrituras dizem-nos claramente o que é predestinação – é Deus designar de antemão para a salvação os crentes obedientes, não sem antes conhecer antecipadamente todas as obras deles, mas segundo sua presciência dessas obras, desde a fundação do mundo... De igual modo predestina ou designa de antemão todos os incrédulos desobedientes para a condenação, não sem conhecer antecipadamente todas as obras deles, mas segundo sua presciência dessas obras desde a fundação do mundo.”4 Sua defesa da libertação universal da vontade: Inspirada em João Wesley a Sra. White declarou que “com o próprio sangue assinou Ele (Cristo) a carta de emancipação da raça humana. 5” Ela diz ainda: “ A cada ser humano é dada a liberdade de escolha. A ele compete decidir se quer permanecer sob o negro estandarte da rebelião, ou sob a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel. 6” Mas o adventismo não precisa encerrar-se dentro destes parâmetros. Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 252. John Wesley, citado por Severino Pedro da Silva, em A Doutrina da Predestinação, CPAD, Rio de Janeiro, 1999, pág. 35. 5 Ellen White, Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 90 6 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicaodra Brasileira, pág. 361. 3 4 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 19 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Se estas declarações devem se harmonizar com outros de seus escritos como deseja todo o bom adventista então nao resulta difícil concluir que ela as expressões toda a raça e a cada ser humano citadas acima nao se referem a todos e cada um dos homens, mas somente aqueles que são efetivamente libertos pela graça, pois em momentos de acentuado progresso teológico ela reconheceu como o fazem os calvinistas que se a decisão acerca da salvação fosse deixada na mão do homem este jamais a aceitaria. “Não podemos dar um passo na vida espiritual, a não ser que Jesus atraia e fortaleça a alma, e nos leve a experimentar aquele arrependimento que jamais decepciona.” 7 O livre arbítrio do homem atual e o de Adão no Éden: Uma pesquisa imparcial me leva a concluir que ninguém precisa presumir que a Sra. White acreditava numa liberdade da vontade a semelhança daquela que Adão possuía no Éden, pelo contrario há indícios de que ela cria no livre arbítrio pleno de apenas dois homens, Maschiach e Adão. “Em Sua humanidade, Ele (Cristo) tinha o mesmo livre-arbítrio que tinha Adão no Éden.”8 Ao admitir que Maschiach veio com a mesma liberdade de Adão antes da queda a autora lembra que essa liberdade não e desfrutada pelo resto dos homens caídos, já que “era tão difícil para Ele conservar-Se ao nível da humanidade como era para o homem levantar-se acima do seu nível de natureza depravada, e ser participante da natureza divina.”9 Por natureza depravada ela entendia aquilo que qualquer calvinista entende, a capacidade nata de fazer qualquer coisa reta na presença de Elohim. Lembre que a autora afirmava que antes da queda os anjos entretinham conversações regulares com nossos primeiros pais e os teriam ensinado que “se, porém, cedessem uma vez à tentação, sua natureza se tornaria tão depravada que não teriam em si poder nem disposição para resistir a Satanás. ” 10 Ellen White, Mensagens Escolhidas 1, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 391. Ellen White, Nossa Alta Vocação, Casa Publicadora Brasileira, pág. 130. 9 Ellen White, No Deserto da Tentação, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 103. 10 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publcidora Brasileira, Tatuí, pág. 53 7 8 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 20 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A natureza completamente depravada do homem: Ainda segundo a autora, consumada a queda, os anjos teriam se recusado a aceitar a promessa de futura fidelidade de nossos primeiros pais argumentando que sua natureza ficara depravada pelo pecado; haviam diminuído sua força para resistir ao mal, e aberto o caminho para Satanás ganhar mais fácil acesso a ele. Em sua inocência tinham cedido à tentação; e agora, em estado de culpa consciente, teriam menos poder para manter sua integridade.” 11 Ela admitia ainda que a queda atingiu em cheio a toda a raça representada em Adão e que “sua posteridade se tornou depravada.” 12 O que essa depravação significa para o homem no que se relaciona a obediência a Lei de Elohim, e o quanto o homem atual difere do primeiro homem pode ser dado nestas palavras: “Impossível é ao homem, de si mesmo, guardar essa lei; pois a natureza do homem é depravada, deformada, e inteiramente diversa do caráter de Deus. As obras do coração egoísta são como coisa imunda; e "todas as nossas justiças, como trapo da imundícia". Isa. 64:6. ”13 “O caráter humano é depravado, deformado pelo pecado e muito diferente do caráter do primeiro homem, quando acabou de ser formado pelas mãos do Criador.“14 A autora entendia a depravação como uma incapacidade natural de seguir numa direção reta. “A fim de entender direito esta questão, cumpre-nos lembrar que nosso coração é naturalmente depravado, e somos incapazes, por nós mesmos, de seguir uma reta direção. “15 A Alma Humana Está Paralisada por Satanás: Mas em nenhum outro lugar Ellen White foi tão calvinista e defendeu tão enfaticamente a doutrina da depravação total da vontade e dos sentidos e a completa incapacidade do homem de entender o plano de Elohim o apreciar sua natureza do quando disse: Ellen White, A Verdade Sobre os Anjos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 61. Ellen White, Cristo Triunfante, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 2002, pág. 245. 13 Ellen White, O Maior Discurso de Cristo, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 53. 14 Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, pág. 57. 15 Ellen White, O Cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 179. 11 12 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 21 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “O homem, pelo pecado, excluiu-se da vida de Deus. Sua alma é tomada de paralisia, pelas armadilhas de Satanás, o autor do pecado. De si mesmo é ele incapaz de sentir o pecado, incapaz de apreciar a natureza divina e dela se apropriar. Fosse ela colocada ao seu alcance, não veria nela coisa alguma que seu coração natural desejasse. Está sobre ele o enfeitiçante poder de Satanás. Todos os engenhosos subterfúgios que o diabo possa sugerir são-lhe apresentados ao espírito, para impedir todo bom impulso. Toda faculdade e poder que lhe são dados por Deus foram usados como arma contra o Benfeitor divino. Assim, embora Deus o ame, não seria seguro comunicar-lhe os dons e bênçãos que bem lhe desejaria conceder. ”16 Só uma ação sobrenatural torna o homem inimigo de Satanás: Como pode se salvar o homem cuja natureza má e perversa é descrita com cores tão vívidas pela autora? Esta questão pode ser respondida pelos adventistas calvinistas com o texto que aparece a seguir: “Deus declara: "Porei inimizade." Esta inimizade não é entretida naturalmente. Quando o homem transgrediu a lei divina, sua natureza se tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás, e não em desacordo com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem pecador e o originador do pecado. Ambos se tornaram malignos pela apostasia. O apóstata nunca está em sossego, exceto quando obtém simpatia e apoio, induzindo outros a lhe seguir o exemplo. Por este motivo os anjos decaídos e os homens ímpios se unem em desesperada união. Se Deus não Se houvesse interposto de maneira especial, Satanás e o homem teriam entrado em aliança contra o Céu; e, ao invés de alimentar inimizade contra Satanás, toda a família humana se teria unido em oposição a Deus.17 É Elohim quem infunde vida sobrenatural: Resumidamente, os textos atrás referidos nos apresentam uma Ellen White defensora da doutrina da depravação total tal como ensinada pelos reformadores e pelos calvinistas em geral, sejam eles presbiterianos, metodistas ou batistas e sedimentam as bases para o surgimento de um calvinismo adventista apesar de ser evidente que a literatura adventista está repleta de ambigüidades e que por vezes o novo nascimento deixa de se monergista e passa a ser sinergita, 16 17 Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 1, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1967, pág. 340. Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág 505. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 22 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Nesse momento, o novo nascimento que nos textos anteriores parece ser apenas monergista, isso é uma ação do Criador é apresentado como uma obra realizada com a participação e permissão do homem morto em delitos e pecados, como quando se diz que “este novo nascimento é o resultado de receber Cristo como a Palavra de Deus,” 18 os adventistas que acreditam na soberania da graça e na completa incapacidade da natureza depravada podem prevalecer sobre os arminianos com o texto a seguir que revela que esse novo nascimento depende apenas e tão somente da ação soberana do Espírito Santo sobre a alma morta em delitos e pecados. “Não é o instrumento humano que deve infundir vida. O Senhor, Deus de Israel, fará essa parte, avivando a natureza espiritual sem vida e pondo-a em atividade. O fôlego do Senhor dos Exércitos precisa penetrar nos corpos inanimados. No juízo, quando forem revelados todos os segredos, saber-se-á que a voz de Deus falou através do instrumento humano, despertando a consciência entorpecida, avivando as faculdades sem vida, e levando pecadores ao arrependimento e contrição, e ao abandono de pecados. Então se verá claramente que através do instrumento humano foi comunicada fé à alma, e infundida vida espiritual procedente do Céu a quem estava morto em delitos e pecados, e ele foi avivado espiritualmente.”19 O texto é por demais evidente e fala por si só que a obra da regeneração é completamente monergista, isto é depende exclusivamente de Elohim. Nem poderia ser diferente, pois criaturas mortas em seus delitos e pecados não podem romper as barreiras de seu túmulo e sair para fora, eles precisam de um poder de fora que os insufla com a vida, antes de que o chamado para sair possa ser sequer entendido. Agora bem, se é verdade que é o Senhor Elohim de Israel que faz essa parte de insuflar vida na alma morta em pecados, se isso é uma obra soberana realizada à parte do querer do homem, então porque nem todos nascem de novo. Isso nos leva ao segundo ponto da Tulip. A doutrina da eleição incondicional que tal como a da depravação total pode ser encontrada na literatura adventista. 18 19 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 520. Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, pág. 45. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 23 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo III - Ellen White Diante da Doutrina da Eleição Incondicional Se for verdade que o homem está totalmente depravado. Se for verdade que ele não pode dar um passo sequer em direção a Elohim. Se for verdade que por natureza ele é incapaz de entender a natureza de seu Criador e que mesmo que ela lhe seja oferecida ele não a desejará como o demonstrou a presença do Messias entre seu povo Israel. Então, nesse caso deve ser verdade que a escolha de Elohim tem de ser incondicional e deve repousar única e exclusivamente no arbítrio e na munificência de Elohim. Segue-se então que Elohim não tem candidatos à vida eterna, mas eleitos, e que sua eleição não se baseia em nenhuma condição dos eleitos, mas apenas na condição da graça, é uma eleição incondicional. Vejamos porém o que diz Ellen White. Se for verdade que o homem está totalmente depravado, que ele não pode dar um passo sequer em direção a Elohim, que por natureza ele é incapaz de entender a sua natureza, e que mesmo que ela lhe seja oferecida ele não a desejará, então deve ser verdade que a escolha divina tem de ser completamente incondicional e deve repousar única e exclusivamente no arbítrio e na munificência de Elohim. Mexican President Vicente Fox voting during the 2003 elections. Wikimedia, Domínio Público Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 24 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Ellen White nega que a eleição seja incondicional: Não é surpresa que a maioria esmagadora dos teólogos adventistas utiliza os escritos da Sra. White como elemento básico para combater a doutrina da eleição incondicional. Os parágrafos a seguir onde ela nega enfaticamente que a eleição seja incondicional, que Abel tenha sido previamente escolhido por Elohim para ser salvo e que Caim tenha sido escolhido para ser rejeitado e que Jacó tivesse sido escolhido de forma soberana e finalmente que a salvação dependa somente da vontade de Elohim são bastante conhecidos. “ Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional uma vez na graça, sempre na graça.... Aqueles que mantêm a doutrina da eleição, uma vez salvo, salvo para sempre, estão contra o claro: " Assim diz o Senhor."20 “Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar estas verdades. Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não fora eleito para ser aceito por Deus, e o outro para ser rejeitado. Abel escolheu a fé e a obediência; Caim, a incredulidade e a rebeldia. Nisto consistia toda a questão.”21 “Não houve uma preferência arbitrária da parte de Deus, pela qual ficassem excluídas de Esaú as bênçãos da salvação. Os dons de Sua graça por Cristo são gratuitos a todos. Não há eleição senão a própria, pela qual alguém possa perecer. Deus estabeleceu em Sua Palavra as condições pelas quais toda a alma será eleita para a vida eterna: obediência aos Seus mandamentos, pela fé em Cristo. Deus elegeu um caráter de acordo com Sua lei, e qualquer que atinja a norma que Ele exige, terá entrada no reino de glória.”22 A salvação depende de nossa própria conduta: Alguns arminianos adventistas acrescentam a esta lista ainda outro texto onde a Sra. White apela à ação do homem, e pressupõem que o texto em si está dizendo que o homem é deixado para operar a sua própria salvação e que tudo o que se relaciona com ela depende inteiramente deste. Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157. Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 72. 22 Idem, pág. 208. 20 21 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 25 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Em certo sentido somos deixados na dependência de nossas próprias energias; devemos procurar diligentemente ser zelosos e arrepender-nos, limpar as mãos e purificar o coração de toda contaminação; devemos alcançar a norma mais elevada, crendo que Deus nos ajudará em nossos esforços. Precisamos buscar, se queremos achar, e buscar com fé; temos de bater, para que nos seja aberta a porta. A Bíblia ensina que tudo quanto se relaciona com nossa salvação depende de nossa própria conduta. Se perecermos, a responsabilidade recairá inteiramente sobre nós mesmos. Tendo sido feita a provisão e se aceitarmos as condições de Deus, podemos tomar posse da vida eterna. Temos de ir a Cristo com fé, temos de ser diligentes e confirmar a nossa vocação e eleição.”23 Contudo, esse último texto não é claro por si só, e não chega a defini-la nem como arminiana nem como calvinista. É claro que ao dizer que “a Bíblia ensina que tudo quanto se relaciona com nossa salvação depende de nossa própria conduta,” a autora parece ter resvalado perigosamente para um sinergismo onde a glória pela salvação do homem deve ser atribuída parcialmente a Elohim e parcialmente ao homem. Apesar disso, um exame desapaixonado dessa declaração permite supor que ela está apelando aos eleitos para que aceitem as condições impostas pela graça, a saber, a fé, a fim de que confirmem sua vocação e eleição. Toda a obra é de Adonay do princípio ao fim: É bom recordar, que mesmo a sra. White, por vezes admite que é Elohim quem circuncida o coração do homem e que toda a obra relativa À salvação pertence só a ele, do princípio ao fim. Quando faz isso em insinua que o homem só pode operar onde Elohim opera e que a forte e viva fé dos que seguem ao Maschiach é o resultado da influencia de Elohim resultante da ação de sua graça eletiva, soberana e infalível. “É Deus quem circuncida o coração. Toda a obra é do Senhor, de princípio ao fim.”24 23 24 Ellen White, Fé e Obras, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 48. Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 1, Tatuí, pág. 392. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 26 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “As faculdades com que Deus dotou o homem devem ser ampliadas. "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo." Luc. 10:27. O homem não tem possibilidade de fazer isto por si mesmo; ele precisa do auxílio divino. Que parte deve o instrumento humano desempenhar? "Operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade." Filip. 2:12 e 13.”25 “"Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade." II Tess. 2:13. Neste versículo são reveladas os dois instrumentos na salvação do homem: a influência divina e a forte e viva fé dos que seguem a Cristo.”26 Confundindo perdidos com eleitos: Assim, independentemente do fato de a Sra. White não ter sido suficientemente clara nessa questão, deve-se compreender que o arminianismo do adventismo é uma questão de opção consciente. Teólogos adventistas preferem ignorar os textos onde a doutrina da eleição é ensinada, enquanto garimpam em busca daquelas declarações obscuras onde a eleição incondicional é negada. “Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional uma vez na graça, sempre na graça. No segundo capítulo da segunda epístola de Pedro o assunto é tornado claro e distinto. Depois de se referir a alguns que seguiram um caminho mau, a explicação é dada: "os quais, deixando o caminho direito, ... seguindo o caminho de Balaão, filho de Bosor, que amou o prêmio da injustiça." II Ped. 2:15. ... Esta é uma classe de pessoas das quais nos adverte o apóstolo: "Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem; se do santo mandamento que lhes fora dado." II Ped. 2:21.”27 É claro que essa declaração ignora completamente o sentido das Escrituras. O segundo capítulo de Pedro começa falando não de verdadeiros seguidores de Maschiach, mas de falsos profetas, não de pessoas salvas pelo Senhor (gr. kurios), mas de pessoas simplesmente resgatadas ou compradas pelo Soberano (gr. Despotes). Ellen White, Conselhos Sobre Educação, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 232. Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 189. 27 Ellen White, Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157. 25 26 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 27 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Ellen admite que Yeshua não teria morrido apenas para salvar, mas também “para garantir o direito de destruir aquele que tinha o império da morte, isto é, o diabo.”28 Nesse caso, os que negam a Adonay que os resgatou não são pessoas salvas pelo sangue de Yeshua, mas pessoas que negam sua soberania e seu reinado. Kefa alude que se trata de pessoas dissolutas e de “palavras fingidas;” para as quais “o juízo lavrado a longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.”(v. 2,3) Não se trata aqui de pessoas piedosas, as quais “Adonay sabe livrar da tentação,” mas de injustos reservados para o dia do juízo, “que andam em imundas paixões, e menosprezam qualquer governo,”(v.9,10) e que são como “brutos irracionais naturalmente feitos para presa e destruição,” (v. 12) que abandonando o reto caminho se extraviaram pelo caminho de Balaão, “os quais são como fontes sem água” (v.15-17). Estas pessoas conheceram sim o caminho da justiça, e temporariamente se apartaram das contaminações do mundo, mas não passaram de porcas lavadas por fora, que voltaram par ao lamaçal, porcos que voltam ao vômito. (v. 20-23) Nada há aqui que nos permita falar de eleitos sendo perdidos. Dizer que não há eleição incondicional porque falsos profetas sobre os quais a sentença de destruição já foi anteriormente lavrada e porque com eles se cumpre o provérbio que fala da porca lavada voltando ao espojadouro da lama é uma contradição de termos, pois se tais pessoas foram escolhidas com certeza não foi para a salvação, pois são como bestas feitas para ser destruídas. Eis o exemplo do uso de um texto que não honra a perspicácia de ninguém e que deveria ser abandonado em favor de outros onde há mais coerência com as Escrituras. Investiguei melhor esse texto porque é raro um estudo sobre eleição entre adventistas que ele não seja citado. Mas os teólogos adventistas precisam saber que ao lado dessa Ellen White remonstrense que confunde falsos profetas antecipadamente sentenciados para a destruição com eleitos para a vida eterna e emprega esse equivoco para negar a eleição incondicional, existe uma Ellen White arminiana e também para surpresa, uma Ellen White calvinista, uma Ellen de três faces, as vezes de mais. 28 Ellen White, Testemunhos Para Ministros, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 134. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 28 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Elohim escolhe a Saulo inimigo de Yeshua: Outros textos dela apresentam a eleição incondicional de forma tão clara como o fizeram os calvinistas. Um exemplo disso é quando ela narra a conversão de Saulo, o homem que odiava o nome de Yeshua acima de qualquer coisa. “Na maravilhosa conversão de Paulo, vemos o miraculoso poder de Deus. ... Jesus, cujo nome ele aborrecia e desprezava acima de todos os outros, revelou-Se a Paulo a fim de deter-lhe a louca, se bem que sincera direção, de modo que pudesse tornar esse instrumento nada promissor em um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios.” 29 “”Depois da morte de Estêvão, Saulo foi eleito membro do conselho do Sinédrio, em consideração à parte que desempenhara naquela ocasião. Durante algum tempo foi um instrumento poderoso nas mãos de Satanás para promover sua rebelião contra o Filho de Deus. Logo, porém, este implacável perseguidor deveria ser empregado em edificar a igreja que agora estava a derribar. Alguém, mais poderoso que Satanás, escolhera Saulo para tomar o lugar do martirizado Estêvão, a fim de pregar e sofrer pelo Seu nome e propagar extensamente as novas da salvação por meio de Seu sangue.”30 Tente harmonizar estes dois textos com alguns dos textos precedentes e você terá grandes dificuldades. É evidente que Saulo havia sido escolhido de antemão. Isso não só não pode ser negado à luz da Bíblia como é admitido pela autora. Também é claro que isso não dependia do desejo de Shaul, que aborrecia a Yeshua e à Sua Palavra e povo, mas somente do desejo de Elohim. “Saulo foi levado diretamente à presença de Cristo. Foi uma pessoa designada por Cristo para uma importantíssima obra, alguém que devia ser "um vaso escolhido" (Atos 9:15), para Ele; no entanto o Senhor não lhe disse imediatamente qual a obra para ele designada. Embargou-lhe o caminho e convenceu-o do pecado...”31 “Quando os irmãos souberam da visão de Paulo, e o cuidado que Deus teve com ele, sua ansiedade em seu favor aumentou; compreenderam que ele era sem dúvida um vaso escolhido do Senhor para levar a verdade aos gentios.”32 Ellen White, Vidas que Falam, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1971, pág. 339. Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 102. 31 Idem, pág. 120. 32 Ellen White, História da Redenção, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 279. 29 30 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 29 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Quem ousaria dizer que Shaul não fora escolhido muito antes de seu nascimento para aquela obra e que mercê dessa escolha incondicional que não consultara os gostos pervertidos de Shaul, mas o desígnio divino de colocá-lo diante de uma obra muito mais gloriosa do que a que ele e satanás imaginaram para si mesmo. Foi ele mesmo quem disse: “Mas quando aprouve a Elohim, que desde o ventre de minha mãe me chamou e me separou para a sua graça, revelar seu Filho em mim, não consultei carne nem sangue.” (Gl 1:16). Elohim nos escolheu na eternidade para sermos santos: Contudo, as declarações de Ellen White acerca da eleição incondicional não se restringem a Shaul de maneira alguma. Ela admite que “se Deus nos escolheu desde a eternidade, é para que fôssemos santos, tendo a consciência purificada de obras mortas para servirmos ao Deus vivo,” 33 que “ o Senhor nos salvará das corrupções do mundo porque Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo para que fossemos santos e sem mancha diante dele em amor,”34 e que “desde a eternidade, Deus escolheu homens para serem santos”35 Estas declarações são típicas do calvinismo clássico. Revelam primeiro que Elohim não escolheu ninguém porque seria santo, mas para que seja santo. Mostram que não venceremos as corrupções do mundo para que nos tornemos escolhidos, mas que nossa vitória é o resultado seguro da eleição acontecida desde a eternidade. Ainda mais claros são os três textos relacionados a seguir. “Deus escolheu homens para a santidade “Nossa santificação é o objetivo de Deus em toda a Sua conduta conosco. Ele nos escolheu desde a eternidade, para que sejamos santos.”36 “Cristo salva aqueles a quem Deus elege. ... Recebemos do Redentor que nos elegeu desde a fundação do mundo a apólice de seguro que nos concede direito à vida eterna.”37 Ellen White, Mensagens Escolhidas 1, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág. 200-201 (ano 1898) Ellen White, (Signes of The Times 2 de Maio de 1892) 35 Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, E Recebereis Poder, pág. 96. (ano 1902). 36 Ellen White, O cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 320. (ano 1904). 37 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7 A, Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág. 955. (ano 1904) 33 34 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 30 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “ Em todo o Seu trato com o Seu povo, o objetivo de Deus é a santificação da igreja. Ele os escolheu desde a eternidade para que fossem santos. Deu-lhes Seu Filho para morrer por eles, a fim de que pudessem ser santificados pela obediência à verdade,...”38 Ora, o princípio básico da doutrina da eleição condicional defendida pelos arminianos é que Elohim nos escolheu porque sabia que seriamos santos mediante a ação consentida de sua graça em nossa alma. Não negamos que Elohim sabia que a graça santificaria aqueles que foram eleitos justamente para isso, para sejam santos, mas sabemos que não é por causa da santidade prevista neles que eles foram escolhidos, mas por causa de seu plano. Observe que os textos mencionados falam de escolha para a santidade, não por causa dela. Foi Maschiach que nos escolheu e não nós a Ele: Ainda mais enfática são as seguintes declarações onde a autora expõe a doutrina da eleição incondicional de forma inconfundível ao dizer que não fomos nós que escolhemos a Yeshua. “Cremos em Jesus Cristo. Unimos nossa vida a Cristo. Ele diz: "Não Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto. ... Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros". João 15:16 e 17.”39 “Homens e mulheres de espírito nobre hão de ser ainda acrescentados ao número dos de quem está escrito: "Não Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, ... para que vades e deis fruto." João 15:16.”40 Portanto, qualquer adventista que creia na soberania e liberdade da graça e que prefira utilizar Ellen White como fonte para expor a sua convicção pode dizer: “Conheço os textos onde a autora defende a eleição condiciona a previsão de fé e obediência, mas prefiro aqueles em que ela se apresenta como uma mulher madura e coloca a eleição em seu devido lugar, como ato soberano de Elohim. Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 559, (ano 1911). Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Para Conhecê-l o, 173, (ano 1893). 40 Ellen White, Testemunhos Seletos 3, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 199. (ano 1998). 1998). 38 39 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 31 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Uma evidência disso é quando ela diz: “Cristo pousa para ser retratado em cada discípulo. A todos predestinou Deus para serem "conformes à imagem de Seu Filho". Rom. 8:29.” 41 Aqui fica evidente que a predestinação de Elohim contempla somente a seus discípulos. E se a predestinação é somente pelos seus, segue-se que a expiação também o é como veremos a seguir. 41 Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 872. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 32 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo IV - Ellen White e a Expiação Limitada de Yeshua Um dos dilemas mais cruciais do arminianismo remonstrense, o sistema religioso predominante entre os cristãos protestantes da atualdiade, é definir qual o verdadeiro objetivo da morte de Yeshua. Ora o principal alicerce da confiança do crente de que virá a se salvar deriva da doutrina da morte de Yeshua como garantia, substituto, e pagamento da dívida do homem diante da justiça do Criador. Logo a primeira pergunta que todo o crente precisa fazer com relação a expiação de Yeshua é se ele morreu para salvar as suas ovelhas ou para tornar possível a salvação dos bodes e das ovelhas? A resposta a essa pergunta define se a sua expiação é limitada como afirmava o Sínodo de Dort ou é universal como acreditam os remonstrenses em geral e adventistas em particular. a primeira pergunta que todo o crente precisa fazer com relação a expiação de Yeshua é se ele morreu para salvar as suas ovelhas ou para tornar possível a salvação dos bodes e das ovelhas? A resposta a essa pergunta define se a sua expiação é limitada como afirmava o Sínodo de Dort ou é universal como acreditam os remonstrenses em geral e adventistas em particular. Pygora Goat, Oregon Zoo, ArranET, http://www.flickr.com/photos/arran_edmonston e_photography/4995279544/ Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 33 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Antes de mergulhar de novo na literatura adventista deixem-me apresentar o argumento de John Owen (1616-1683), um dos mais influentes pregadores puritanos de toda a história. O pastor que por sua eloquencia e profundo conhecimento da graça chegou a ser capelão de Oliver Cromwell durante a curta república inglesa escreveu um livro publicado em 1648 que lida especificamente com o debate em torno da morte do Maschiach. A obra, A Morte da Morte na Morte de Cristo, 42 é uma resposta eficiente a proposta remonstrense que seduziu o mundo protestante com a ideia de que a expiação de Yeshua é universal, e de destina a todos mas ainda assim não garante a salvação de ninguém em particular a menos que esse alguém a aceite. Num argumento poderoso ele dispara: “De fato, dizer que Cristo morreu por todos os homens é a maneira mais rápida de provar que Ele não morreu por ninguém. Porque se Ele morreu em lugar de todos, e, contudo, nem todos são salvos, então Ele falhou em Seu propósito.” John Owen (1616-1683) em a “Morte da Morte na Morte de Cristo.” John Owen, by John Greenhill (died 1676). Wikipedia Domínio Público. Pygora Goat, Oregon Zoo, ArranET, http://www.flickr.com/photos/arran_edmonston e_photography/4995279544/ “De fato, dizer que Cristo morreu por todos os homens é a maneira mais rápida de provar que Ele não morreu por ninguém. Porque se Ele morreu em lugar de todos, e, contudo, nem todos são salvos, então Ele falhou em Seu propósito.”43 42 No Brasil a obra foi publicada pela PES – Publicações Evangélicas Selecionadas, uma livrara dedicada à literatura reformada, só que saiu com o título Por quem Cristo Morreu? 43 John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 32. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 34 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Antes disso ele já havia dito: “Não devemos descrever a salvação de nenhuma maneira diferente daquela que a Bíblia a descreve. E a Bíblia não diz, em lugar algum, que Cristo morreu "por todos os homens", ou por cada homem em particular. Ela diz que Cristo deu Sua vida "em resgate de todos"; entretanto, isso não pode provar que signifique mais que "todas as Suas ovelhas" ou "todos os Seus eleitos". Se estudarmos cuidadosamente qualquer versículo que emprega a palavra "todos" e o examinarmos em seu contexto, logo estaremos convencidos de que, em lugar algum, as Escrituras dizem que Cristo morreu por todos os homens, sem exceção de nenhum.”44 John Owen entedia apropriadamente que Yeshua não pode ter redimido a todos a menos que todos sejam de fato salvos. “Uma outra palavra que a Bíblia usa para descrever aquilo que Cristo obteve mediante Sua morte, é a palavra reconciliação: "... inimigos ... vos reconciliou." (Colossenses 1 :21). Reconciliação quer dizer restaurar as relações de amizade entre duas partes que anteriormente eram inimigas. Na salvação, da qual a Bíblia nos fala, Deus é reconciliado conosco e nós somos reconciliados com Deus. Estas duas coisas têm que ser verdadeiras; a reconciliação de uma parte e da outra são dois atos separados, mas ambos são necessários para tornar uma reconciliação completa. É uma tolice sugerir que Deus, por intermédio da morte de Cristo, agora está reconciliado com todos os homens, mas que somente alguns homens estão reconciliados com Ele. Espero que ninguém sugira que Deus e todos os homens estão reconciliados desta maneira. Isso seria uma reconciliação capenga! Não há verdadeira reconciliação a menos que ambas as partes estejam reconciliadas uma com a outra. O efeito da morte de Cristo foi a reconciliação tanto de Deus com os homens como os homens com Deus; "fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho" (Romanos 5: 10) e "nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação." (Romanos 5: 11). Ambas as reconciliações são, também, mencionadas em II Coríntios 5: 19-20 - "Deus ... reconciliando consigo", e "vos reconcilieis com Deus". Ora, como esta dupla reconciliação pode ser "reconciliada" com a noção de que a morte de Cristo é para todos os homens, eu não posso entender! Porque, se todos os homens são, pela morte de Cristo, assim duplamente reconciliados, como pode acontecer que a ira de Deus esteja sobre alguns? (João 3:36). Sem dúvida alguma, Cristo somente pode ter morrido por aqueles que estão realmente reconciliados.”45 44 45 John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 27. John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 31 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 35 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Outra grave implicação da doutrina da expiação universal dos remonstrenses é a doutrina da propicioação. Uma Yeshua fez propiciação pelos nossos pecados, ou seja, pagou a nossa dívida deve ser certo que Adonay não pode mais cobrar essa dívida. Contudo, no esquema remonstrense Elohim é apresentado como se fosse um comerciante que cobra a mesma dívida duas vezes. Primeiro ele a demanda do Fiador, que vai à loja e quita a dívida do comprador inadimplente e depois que a dívida está paga ele torna a cobrar mesma dívida de novo sob a alegação de que o devedor tinha de ter se reconciliado com o Fiador primeiro. Ora, isso não faz o menor sentido, ou Elohim cobra a dívida de Yeshua e estamos livres da condenação ou cobra de nós. É evidente que o Sínodo de Dort admite que o devedor se reconciliará com o Fiador, porém ele se reconcilia justamente por que já está reconciliado mediante a morte de Yeshua. Owen trabalha bem esse argumento. “A satisfação requerida para pagar nosso pecado é a morte - "o salário do pecado é a morte'(Romanos 6:23). As leis de Deus nos acusam, expressando a justiça e a verdade de Deus. Perante elas estamos convictos de que somos seus transgressores, merecendo, portanto, morrer. A salvação só é possível se Cristo pagar nosso débito e, assim, satisfazer a justiça de Deus. Sua morte é chamada de uma "oferta" (Efésios 5:2) e de "propiciação" (l João 2:2). A palavra oferta significa um sacrifício de expiação ou um sacrifício para fazer reparação devido o pecado. Propiciação significa uma oferta para satisfazer a justiça ofendida. Dessa forma, podemos usar corretamente a palavra satisfação para abranger todo o ensino bíblico quanto ao significado da morte de Cristo. Ora, se Cristo pela Sua morte realmente fez uma satisfação por alguns, então Deus precisa agora estar completamente satisfeito com eles. Deus não pode requerer licitamente um segundo pagamento de qualquer espécie. Então, como pode ser que Cristo tenha morrido por todos os homens e ainda muitos vivam e morram como pecadores sob a condenação da lei de Deus? Reconciliem essas coisas aqueles que podem! Afirmo que somente os que estão realmente livres do débito nesta vida podem ser aqueles pelos quais Cristo pagou a satisfação.” 46 46 John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 31,32. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 36 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Os universalistas gostam muito de citar essa passagem: “Porque o amor de Maschiach nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram?” (2 Coríntios 2:14) Mas ninguém precisa confundir-se quanto a isso, pois Shaul está falando da kehilah e relembrando que o amor de Maschiach a constrange a pensar que se Maschiach morreu por todos, todos estão mortos para si mesmos. O “todos” mencionado aqui se restringe à kehilah que deve viver “para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2 Coríntios 2:15). Dito isso, estamos prontos para mergulhar profundamente na doutrina da expiação de Maschiach pelos diversos caminhos propostos por Ellen White, caminhos nem sempre convergentes, mas ainda assim, por vezes fascinante. Não raro, um crente adventista consegue encontrar joias do pensamento de Ellen sobre a grandeza do amor pelo qual Elohim expiou as culpas de seu povo. Faremos preceder cada declaração de um subtítulo para tornar mais fácil a formulação do debate. O Messias não morreu para que Elohim nos amasse: E essa Kehilah pela qual Maschiach morreu que é amada, amada não em virtude da expiação, mas amada antes dela. Aliás sobre isso há um pensamento maravilhoso nos livros atribuídos à Sra. White. “Não devemos abrigar a ideia de que Deus nos ama porque Cristo morreu por nós, antes que ele nos amou de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito para que morresse por nós.”47 A expiação se completou no madeiro: Um outro fator quase desconhecido pelos adventistas é que a Sra. White, se bem que nunca tenha se retratado de sua posição de que a expiação ainda se realizava no lugar santíssimo em seus dias, a partir do momento em que enveredou por uma linha mais evangélica passou a falar muito mais de uma expiação completa, consumada e passada do que de uma hipotética expiação continuada. Estes fatos são muito evidentes a partir dessas declarações. 47 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 470 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 37 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “A vida está na viva e vital corrente de sangue, o qual foi dado pela vida do mundo. Cristo efetuou uma expiação completa, dando Sua vida como resgate por nós.”48 “Quando Ele Se ofereceu na cruz, foi feita uma expiação perfeita pelos pecados das pessoas.”49 É verdade que Ellen White fez do tema da expiação no santuário um cavalo de batalha muito grande, mas é a existência destes textos que salvou a imagem da Igreja Adventista desgastada pela manutenção de uma doutrina que anula virtualmente o poder do madeiro, a de que a expiação ainda continua. Ela admite entretanto que a expiação deveria ser feita na terra ao dizer que “o Filho de Deus entrou no plano conhecendo todos os passos de Sua humilhação, para que descesse a fazer uma expiação pelos pecados de um mundo condenado, em sofrimento,”50 e que ele deixou “as cortes celestiais e veio a este mundo para fazer uma expiação por nós.”51 A expiação está sendo feita hoje diante do Pai: Apesar de ter dito que “agora esse Salvador é nosso intercessor, fazendo expiação por nós diante do Pai,” 52 que ele está “fazendo por nós o sacrifício da expiação,” 53 que agora está “fazendo Sua intercessão final,” e que “esta expiação é feita tanto pelos justos mortos como pelos justos vivos.,”54 Não há como negar que isso são reminiscências de uma pessoa cujas posições teológicas estavam num processo de metamorfose em direção à ideia universalmente aceita de que a obra da expiação se completou por ocasião da morte de Maschiach e imediatamente depois quando ele entrou no lugar santíssimo. Pode-se ver isso nessa declaração aparecida na Review de 24 de setembro de 1901. Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatui, 1992, pág. 346. Idem, pág.320. 50 Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1965, pág. 68. 51 Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 147. 52 Ellen White, Cristo Triunfante, Casa Publicadora Brasileira, Tatui, 2002, pág. 287. 53 Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 370. 54 Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 256. 48 49 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 38 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Ele (Cristo) plantou a cruz entre o Céu e a terra, e quando o Pai considerou o sacrifício de seu Filho, se inclinou em reconhecimento de sua perfeição. “Basta – disse – a expiação está completa. “55 “Ele morreu morte vergonhosa, e fez pleno e completo sacrifício, para que ninguém perecesse, mas todos viessem ao arrependimento. Fez expiação para toda pessoa contrita e crente, de maneira que todos pudessem nEle encontrar um portador de pecados.56 O Messias morreu por seu povo e expiou seus pecados: A indefinição da Sra. White não se efetiva somente na questão de quando e onde o Senhor fez a sua expiação, mas também acerca de quem é beneficiado por ela, em outras palavras: por quem Maschiach morreu. Ela fala de Maschiach fazendo expiação pelo mundo, o que sugere todos os habitantes do mundo, mas também fala de uma expiação pelo povo, o que sugere apenas os seus filhos, e finalmente declara positivamente que essa expiação se limita aos remidos, que são os pecados destes que ele leva. “Reuni as mais vigorosas declarações afirmativas atinentes à expiação que Cristo fez pelos pecados do mundo. Mostrai a necessidade dessa expiação, e dizei aos homens e mulheres que se se arrependerem e se tornarem leais à lei de Deus, podem ser salvos. Carta 65, 1905.”57 “Nosso grande Sumo Sacerdote completou a oferta sacrifical de Si mesmo quando sofreu fora da porta. Foi feita então uma expiação perfeita pelos pecados do povo. Jesus é nosso Advogado, nosso Sumo Sacerdote, nosso Intercessor.”58 “Somente alguém que fosse perfeito poderia ser ao mesmo tempo o portador e o perdoador do pecado. Se põe de pé diante da congregação dos remidos como sua garantia oprimida pelo pecado e manchada pelo pecado, mas os pecados que leva são os pecados deles.”59 É claro que esse debate exige que se explique a declaração de Shaul de que Maschiac “se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.” (2 Timóteo 2:6). Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 457. Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadroa Brasileira, Santo André, 1965, pág. 100. 57 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 187. 58 Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadroa Brasileira, Santo André, 1965, pág. 73. 59 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 459. 55 56 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 39 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Ao contrário dos universalistas que vêem aqui a exposição de uma redenção universal, os calvinistas explicam esse texto de duas maneiras que conservam a redenção limitada: 1) A expiação de Maschiach é suficiente para todos, mas eficiente somente para os eleitos, e 2) tem o objetivo de redimir não só os judeus, mas a todos os tipos de homens que há no mundo. O Messias levou a culpa de todos, até de Caifás: Como já vimos a Sra. White expõe esse tema de forma que as duas correntes, a da expiação universal e a da expiação limitada podem se valer dela ao mesmo tempo. Mas atualmente entre os adventistas prevalece a impressão de que “ninguém tem por que perder-se, todos foram redimidos,”60 e que a “expiação de Cristo inclui a toda a família humana.” 61 Se estes textos se referem a todos e a cada um dos homens e não a todos os homens eleitos, Maschiach “levou inclusive a culpa de Caifás, ainda que conhecia a hipocrisia que havia em sua alma enquanto rasgava seu manto em um alarde externo.”62 Ora, se é verdade que a dívida de Caifás foi cobrada de Maschiach, deveria ser igualmente verdade que Caifás não deve mais nada e que sua culpa foi cancelada. Neste caso ele foi declarado justo e sem pecado e estará entre os salvos. Esta é conclusão lógica dos unitarianos e universalistas: Maschiach morreu por todos, logo todos viverão. Já o univeralismo hipotético admite que Maschiach expiou os pecados de Caim e Caifás, os perdoou e os declarou justos e sem pecado, e apesar disso os condenará no dia da Sua vinda. É essa forma de universalismo que a Sra. White expõe acima. Naturalmente isso trará profundos desdobramentos quando ela tem de definir se um crente deve ou não se considerar salvo. Neste tema o pêndulo de seus escritos balançará entre o legalismo e a graça, entre a certeza e desconfiança, entre a fé e a incredulidade. Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 385) Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 462. 62 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 224. 60 61 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 40 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Ninguém pode dizer que está salvo: O que muitos ignoram é que o universalismo hipotético tem enormes implicações. Se “Cristo morreu por todos os homens,” e “resgatou todos os homens, dando a vida na cruz.,”63 então não resulta difícil concluir que Ele “deu Sua vida a fim de tornar possível que eles tenham a vida eterna.” 64 Sendo assim Maschiach não morreu para tornar a salvação um fato, mas uma possibilidade, já que nem todos se salvam. Essa posição conduz naturalmente à conclusão de que ninguém pode ter certeza da salvação antes que a graça se perca na glória, e foi isso o que a Sra. White declarou na última década do século XIX. “Jamais devemos repousar num estado de satisfação, e deixar de fazer progresso, dizendo: "Estou salvo." Se é entretida esta idéia, deixam de existir os motivos para a vigilância, a oração, o esforço sincero em seguir para a frente, rumo de realizações mais elevadas. Nenhuma língua santificada será encontrada pronunciando essas palavras antes que venha Cristo, e entremos pelas portas da cidade de Deus.” 65 É preciso ter certeza da salvação: Mas apesar de os adventistas preferirem declarações como estas, os adventistas evangélicos não estão sem amparo dentro da literatura denominacional. Uma Ellen White mais madura e coerente com a doutrina apostólica declara: “Oh! que certeza esta de que o amor de Deus pode habitar no coração de todos os que nEle crêem! Oh! que salvação é provida; pois Ele pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus.”66 “Quando possuirmos certeza clara e evidente de nossa salvação, manifestaremos a satisfação e alegria, próprias de todo seguidor de Jesus Cristo.”67 Estes textos se harmonizam perfeitamente com a revelação de Adon Yeshua que deixou claro que sua vida foi entregue em favor de seu povo quando disse: “Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lc 22:20). Idem, pág. 345. Ellen White, A Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 143 e 144. 65 Ellen White, Maranata, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1977, pág. 234. 66 Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 178. 67 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 630. 63 64 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 41 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Ele veio “para servir e dar a sua vida em resgate de muitos,” (Mc 10:45) e todos aqueles em favor dos quais morreu hão de ser salvos seguramente. “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.” (Is 53:11-12). Yeshua prometeu salvar a muitos: A especificidade e limitação da obra redentora foi ainda confirmada por ocasião da ceia quando Maschiach disse: “Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado.” (Marcos 14:24). Mas embora muitos ignorem, o princípio da expiação limitada de Maschiach é amplamente exposto na literatura denominacional adventista. Assim, numa exposição calvinista a Sra. White afirma que quando o homem caiu os anjos “ofereceram a vida deles,” mas que Yeshua, “lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos.” 68 Ligando sua morte destinada a salvar a muitos à obra da intercessão ela diz que o Messias só agüentou a sua traição e julgamento porque Deu lhe mostrou todos os resultados de sua obra salvadora, e viu que valia à pena tomar sobre si o pecado dos remidos. Trata-se de uma paráfrase de Yeshaiah/Is 53, capítulo da Bíblia que prova que Maschiach não morreu por todos os homens do mundo, mas por homens de todo o mundo. “Viu o resultado do trabalho de sua alma e ficou satisfeito. Teve uma visão da expansão da eternidade, e viu a felicidade dos que receberiam perdão e vida eterna por meio de sua humilhação. Ferido foi por seus pecados; foi golpeado pro suas iniqüidades. O castigo de sua paz foi posto sobre ele, e por seus acoites eles foram sarados. Seu ouvido captou o clamor dos remidos. Ouviu os redimidos enquanto cantavam o cântico de Moises .”69 68 69 Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1991, págs. 149 e 150.. Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 459. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 42 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo O Maschiach guarda aqueles que comprou por seu sangue: Finalmente ela admite que essa intercessão e proteção de Maschiach é especifica em favor daqueles pelos quais Ele morreu. “Se Ele (Cristo) deixa de sustentar-nos por um momento Satanás está preparado para destruir-nos. Aos que foram comprados por Seu sangue os guarda agora mediante sua intercessão.”70 Curiosamente os adventistas tão dispostos a sedimentarem sua doutrina em base do que a Sra. White diz tendem a rejeitar essas preposições o que torna de manifesto que seu problema não jaz exclusivamente nos escritos da autora, mas na própria tendência doutrinária que desejam esposar. Muito há em sua literatura para que se inclinem para direita do arminianismo ou para a esquerda do calvinismo, mas eles preferem a direita. Dizem que a morte de Maschiach manifesta a intenção divina de salvar a todos com a condição de que creiam, e gostam de citar as palavras de Maschiach: “Porque Elohim amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Yochana/Jo 3:16) Mas esse texto mostra que a morte de Maschiach não tem o objetivo de salvar os que não crêem nem de impedir a sua perdição. Portanto, há um pecado que a entrega do Filho de Elohim não pode redimir, a incredulidade. É por isso que sua intercessão deixou de fora o mundo incrédulo. “Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus,” (Yochana/Jo 17:9) foram suas palavras. Se aquele que “blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo,” (Marcos 3:28-29) é evidente que nem todos os pecados foram expiados. É verdade que ao derramar seu sangue pelas ovelhas o Senhor decidiu que seu Espírito continue a operar nos bodes impedindo que eles desenvolvam toda a sua maldade e destruam a seu povo, e que nesse sentido o sangue de Maschiach também os santifica, isso é os torna mais dóceis, mas apesar disso, eles considerarão de pouco valor o sangue do sacrifício e finalmente o desprezarão. 70 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 300. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 43 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Elohim, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hebreus 10:29) Se o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado, e se existem pessoas que pecam contra o Espírito Santo, é evidente que Maschiach não expiou ou perdoou a todos os pecados de todos os homens. Ninguém pode ser perdoado e condenado ao mesmo tempo. Uma decisão exclui a outra. Assim, mesmo que não se apercebam, quando os editores adventistas afirmam que Yeshua “em seus sofrimentos e morte, fez expiação para todos os pecados de ignorância; mas não foi preparado remédio para a cegueira voluntária,”71estão manifestando, contraditoriamente que Maschiach não pode ter morrido por Caim ou Caifás, homens que voluntariamente decidiram permanecer em sua cegueira. Mas a teologia arminiana, da qual o adventismo mais se alimenta é cercada de dificuldades por todos os lados. Raras vezes os arminianos se dão por conta que quando afirmam que Maschiach morreu para tornar possível a salvação de todos os que crêem, estão admitindo que Maschiach não morreu para tornar possível a salvação dos incrédulos, e, portanto não morreu por todos indistintamente, mas por todos os membros de um grupo, o dos crentes. Ao afazer isso admitem que há uma categoria de pecadores que foi deixada fora do pacto da graça, a dos incrédulos. Não se trata de uma posição definida, mas não deixa de ter seu valor. O Maschiach intercedeu somente pela kehilah (Igreja): Não há dúvidas de que a Sra. White terminou esposando, a doutrina da expiação limitada ainda que ambiguamente. Ela deixa claro que a intercessão de Maschiach em Yochana/Jo 17 é exclusiva em favor da kehilah. E que ele desejava tê-la consigo. Ellen admite ainda que ninguém além daqueles que crêem no nome do Filho de Elohim lhe foi dado pelo Pai, e que foi por estes que o Pai lhe deu que Ele intercedeu. 71 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 262. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 44 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Oh!, como anelava Cristo ter a sua igreja consigo! Participaram com ele em seu sofrimento e humilhação e o gozo máximo de Cristo é têlos consigo para que sejam participantes de Sua glória. Cristo demanda o privilégio de ter a sua igreja consigo. “Aqueles que me deste quero que onde estou, também eles estejam comigo.” Tê-los está de acordo com a promessa do pacto e o contrato que fez com Seu Pai.”72 “ Nesta oração prossegue declarando o que está abarcado pela obra que fez, e que lhe foram dados todos os que crêem em Seu nome.”73 Ela terminou assumindo a posição calvinista de que a morte de Maschiach tem por objetivo único o resgate de seu povo, ou seja dos eleitos quando fala de sua intercessão assim que termina sua obra no Calvário. “Faz retirar a hoste Angélica até que esteja na presença de Jeová, e então apresenta seu pedido em favor de Seus eleitos.”74 “Jesus não quis receber a homenagem dos seus até que soube que seu sacrifício havia sido aceito pode seu Pai, e até que recebeu segurança de Deus mesmo de que sua expiação pelos pecados de Seu povo havia sido ampla e completa, e que mediante seu sangue poderiam ganhar vida eterna... Cristo suplicou de forma sumamente explícita por Sua igreja.”75 Maschiach salva aqueles que Elohim escolhe: A obra redentora é exposta em linhas claras como se destinando a salvar apenas e tão somente aqueles que foram escolhidos por Elohim. “Cristo salva aqueles a quem Deus elege. ... Recebemos do Redentor que nos elegeu desde a fundação do mundo a apólice de seguro que nos concede direito à vida eterna.”76 É verdade que noutros escritos a Sra. White fala de uma expiação universal nos moldes do arminianismo, mas não se pode ignorar que quando ela descreve uma visão panorâmica do discurso de Maschiach no juízo final ela admite que a expiação de Maschiach foi especifica em favor de Seu povo. Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7A, Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1995, pág. 1122 (ano 1893). Idem, pág. 1119. (ano 1899) 74 Idem, pág. 1120. (ano 1899) 75 Idem, pág. 1125. 76 Idem, pág. 955. (ano 1904). 72 73 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 45 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Ele olha para os remidos, renovados em Sua própria imagem, trazendo cada coração a impressão perfeita do divino, refletindo cada rosto a semelhança de seu Rei. Contempla neles o resultado das fadigas de Sua alma, e fica satisfeito. Então, com voz que atinge as multidões congregadas dos justos e ímpios, declara: "Eis a aquisição de Meu sangue! Por estes sofri, por estes morri, a fim de que pudessem morar em Minha presença pelas eras eternas."77 Mas se Maschiach morreu para salvar a seus eleitos, à sua kehilah, os que foram dados pelo Pai, os que hão de crer em seu nome, então para quem é enviada a graça e porque nem todos são salvos. Este tema tem a ver com outro ponto polêmico, a graça de Elohim pode ser resistida, ou é invencível como o declaram os calvinistas. Também aqui temos aporte farto na literatura adventista, apesar desse material ser virtualmente desconhecido. Nosso objetivo através da presente obra é eliminar essa falta de dados dando a nossos irmãos adventistas bem como aos investigadores do tema aporte suficiente para um debate amplo, aberto e bem sustentado. 77 Ellen White, Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 671. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 46 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo V - Ellen White e a Doutrina da Graça Irresistível A compreensão de que a graça é soberana levou Shaul a proclamar a doutrina da predestinação segundo a qual Elohim pera de maneira irresistível sobre seus eleitos que não podem nunca obstaculizar sua obra ou impedir sues propósitos sendo por isso mesmo resgatados. A figura mais apropriada para descrever o método como Elohim salva seus eleitos é a do pastor que apanha sua ovelha perdida no campo, a põe sobre seus ombros e retorna com ela para o redil segurando-a firmemente em seus braços. A figura mais apropriada para descrever o método como Elohim salva seus eleitos é a do pastor que resgata sua ovelha perdida no campo, Isso foi claramente ensinado por Yeshua em sua monumental parábola da ovelha perdida. Nela o pastor procura a extraviada até encontrá-la e quando a encontra não se limita a chamá-la, mas vai até ela, a toma em seus braços, coloca-a sobre seus ombros, e segurando-a firmemente retorna alegremente com ela para a segurança do redil enquanto prepara a festa pelo achado. Le bon Pasteur, James Joseph Jacques Tissot (1836–1902, Wikipedia, Domínio Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 47 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Infelizmente a força dos ensinos da parábola da ovelha raramente é entendida pelo adventismo. De forma quase geral os adventistas negam que Elohim exerça seu poder onipotente para salvar o homem. Dizem que isso seria incompatível com a liberdade de seu reino já que desta forma não estaria salvando agentes morais livres, mas autômatos. Esta é também a posição predominante nos escritos da Sra. White ou a ela atribuídos pelos seus editores. O homem pode resistir à graça: Durante a maior sua vida Ellen White assumiu a posição arminiana de que a Elohim é dispensada a todos os homens para que creiam, podem resistir a esta graça e se perderem ou aceitá-la salvos. Isso ocorre por exemplo no texto a seguir: parte de graça de que eles e serem “Poderá o pecador resistir a esse amor; poderá recusar-se a ser atraído para Maschiach. Se, porém, não se opuser, será levado para Ele. O conhecimento do plano da salvação levá-lo-á ao pé da cruz, arrependido de seus pecados, que causarbam os sofrimentos do amado Filho de Deus.”78 Confundindo predestinação bíblica com antinomismo: Outro texto largamente empregado pelos adventistas arminianos é a descrição que Ellen White faz de algumas posições extremadas do calvinismo e que mereceram segundo ela a crítica de Wesley. Para efeito de consideração esse texto é incluído aqui. “O declínio espiritual ocorrido na Inglaterra precisamente antes do tempo de Wesley, foi em grande parte o resultado do ensino antinômico. Muitos afirmavam que Cristo abolira a lei moral, e que, portanto, os cristãos não estão na obrigação de a observar; que o crente está livre da "servidão das boas obras". Outros, admitindo embora a perpetuidade da lei, declaravam não ser ela necessária aos ministros a fim de exortarem o povo à obediência de seus preceitos, desde que aqueles a quem Deus elegera para a salvação "seriam, pelo impulso irresistível da graça divina, levados à prática da piedade e virtude", ao passo que os que estavam destinados à condenação eterna "não tinham força para obedecer à lei divina".79 78 79 Ellen White, Cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 110. Ellen White, Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 264,265. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 48 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Esse texto, embora seja usado com frequência não tem o peso que os arminianos lhe querem dar. O texto em si, portanto, não é um ataque nem mesmo à doutrina da graça irresistível, mas ao mau uso dessa doutrina por parte de algumas pessoas. Contudo, é preciso admitir que a doutrina dos decretos divinos é revista por Ellen White de forma a dar sustentação aos ensinos de Wesley contrários à doutrina da graça irresistível, pois ela diz: “A doutrina dos decretos divinos, que inalteravelmente fixam o caráter dos homens, havia conduzido muitos à rejeição virtual da lei de Deus. Wesley perseverantemente se opôs aos erros dos ensinadores antinomistas, demonstrando que esta doutrina que levava ao antinomismo é contrária às Escrituras. "A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens." "Isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, o qual Se deu a Si mesmo em preço de redenção por todos." Tito 2:11; I Tim. 2:3-6. O Espírito de Deus é concedido livremente, para habilitar todos os homens a apoderar-se dos meios de salvação. Assim Cristo, "a verdadeira Luz", "ilumina a todo o homem que vem ao mundo". João 1:9. Os homens não conseguem a salvação, pela recusa voluntária da luz da vida.” 80 Elohim revela sua glória aos eleitos: Amparados nesses textos a maioria dos adventistas recusa a doutrina da graça irresistível, o que eles não sabem é que, essa doutrina que faz parte dos pilares do calvinismo é noutro lugar defendida efusivamente pela Sra. White. Ela diz, por exemplo, que a glória de Elohim só é revelada aos eleitos. “Emanuel está entre Deus e o crente, revelando a glória de Deus a Seus eleitos e cobrindo seus defeitos e transgressões com as vestes de sua própria justiça imaculada.”81 “O Pai dedica Seu amor aos Seus eleitos que vivem entre os homens. Eles são o povo que Cristo redimiu com o preço de seu próprio sangue, e como correspondem a atração de Cristo mediante a soberana misericórdia de Deus são eleitos para ser salvos como seus filhos obedientes.” 82 Idem, pág. 262. Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Septimo Dia, Vol 7ª Casa Editora Sudamericana, pág. 1115. (ano 1897) 82 Idem, Vol. 7ª pág. 1114 (ano 1893) 80 81 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 49 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo O Maschiach usou de poder irresistível para converter os corações: Pode-se afirmar que ao se aproximar do fim de seu ministério o pensamento de Ellen White experimentou uma forte inclinação pelas grandes verdades calvinistas. Em 1905, quando contava com 77 anos de idade, a Sra. White escreveu: “Havia ocasiões em que Cristo falava com uma autoridade que fazia com que Suas palavras penetrassem com irresistível força, com um senso avassalador da grandeza dAquele que falava, e os instrumentos humanos recuavam até à insignificância em comparação com Aquele que estava diante deles. ... Ao Ele convidar as pessoas para ouvir, sentiam-se fascinadas, arrebatadas, e sobrevinha-lhes a convicção. Cada palavra encontrava lugar, e os ouvintes criam e recebiam as palavras a que não tinham poder de resistir.” (Manuscrito 118, 1905).”83 Shaul foi salvo por irresistível evidência: Impossível não detectar o marcado contraste deste texto com outros de seus primeiros escritos onde ela afirma que os homens têm poder para resistir vitoriosamente ao Espírito Santo. Mais tarde, em 1911, quando ela completou seus 82 anos, ela admitiu o ensino Paulino de que a mudança de sua vida fora obra da graça irresistível. “ Paulo declarava que sua mudança de fé não tinha sido gerada por impulso ou fanatismo, mas fora resultado de irresistível evidência.”84 É claro que isso traz à lume uma questão séria. Se houve momentos em que Maschiach fazia com que suas palavras penetrassem o ouvido de seu auditório com irresistível força, e que quando isso acontecia, os homens eram infalivelmente levados à conversão, então porque Maschiach não fazia isso sempre? Esta questão é respondida pelo próprio Salvador em sua oração sacerdotal. “Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.” (Yochanan/Jo 17:2). O Messias jamais desejou acrescentar uma única pessoa à lista daqueles que o Pai lhe havia entregado. Ele agradeceu ao pai não só pelo fato de que os pequeninos foram iluminados, mas também porque os grandes foram deixados em trevas. 83 84 Ellen White, Filhos e Filhas de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1956, pág. 303, Ellen White, Atos dos Apóstolos, Santo André, 1968, pág. 125. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 50 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Naquele tempo, respondendo Yeshua, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” . (Matytyahu/Mt 11:25). O espírito é concedido livremente a todos os homens: Duas palavras são aqui empregadas, revelar; que é o mesmo que trazer à luz, e ocultar; que é o mesmo que esconder ou manter em trevas. Foi exatamente isso que o Salvador fez. Houve pessoas às quais Ele mostrou a luz e houve outras às quais a luz foi ocultada. Diante disso adventistas arminianos têm apelado para as palavras da Sra. White que dizem que “O Espírito de Deus é concedido livremente, para habilitar todos os homens a apoderar-se dos meios de salvação. Assim Cristo, "a verdadeira Luz", "ilumina a todo o homem que vem ao mundo". João 1:9. Os homens não conseguem a salvação, pela recusa voluntária da luz da vida.”85 É claro que ao dizer que Maschiach é a luz que ilumina a todo o homem que vem a este mundo, Yochana/Jo não se refere à proclamação do evangelho, e pode nem estar se referindo ao presente século, mas ao juízo, pois é sabido que o evangelho nem chega a todos os homens indistintamente e que aqueles a quem é pregado não conseguem vê-lo na mesma luz. Ninguém pode negar que existem pessoas a quem Elohim ilumina e pessoas que são conservadas em trevas. Este fato está explicito na oração de Yeshua. “Naquele tempo, respondendo Yeshua, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Matytyahu/Mt 11:25-27) Ninguém pode negar que existem pessoas para as quais o evangelho permanece encoberto porque as tais foram cegadas por Satan a fim de que não lhes resplandeça a luz da glória do Messias. 85 Idem, pág. 262. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 51 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Isso é ensinado por Shaul. “ Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o Elohim deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Maschiach, que é a imagem de Elohim.” (2 Coríntios 2:4-3). Escravos perecem sem receber luz dos homens: Insistir em que João esteja se referindo a iluminação da alma para a salvação é o resultado de uma exegese fraca e defeituosa que desconsidera o conjunto das Escrituras. Adventistas que acreditam na inspiração dos escritos da Sra. White e em suas alegadas visões são por seus próprios escritos levados a um ponto em que tem que aceitar uma declaração em detrimento da outra. Se admitirem que é verdade que Elohim ilumina a todos os homens dando-lhes igual oportunidade de se apoderar da salvação, os exegetas adventistas têm que negar a inspiração da declaraçãod a Sra. White quanto ao destino dos afrodescendentes norte-americanos então guardados sob o infame regime de escravidão. É que ela acreditava, alegadamente com base numa revelação, que existem homens que perecem em completa ignorância acerca de Elohim ou de Sua Palavra, os quais não se salvarão, mas serão considerados inexistentes. “Vi que o senhor de escravos terá de responder pela salvação de seus escravos a quem ele tem conservado em ignorância; e os pecados dos escravos serão visitados sobre o senhor. Deus não pode levar para o Céu o escravo que tem sido conservado em ignorância e degradação, nada sabendo de Deus ou da Bíblia, nada temendo senão o açoite do seu senhor, e conservando-se em posição mais baixa que a dos animais. ... Permite-lhe ser como se nunca tivesse existido.”86 Se esta visão deve ser admitida como certa, então não há como os adventistas negarem que existem homens que são deixados fora do pacto da graça. Este é um texto chave no debate sobre a predestinação entre os adventistas. Ele anula virtualmente a tese de que Elohim dá as mesmas oportunidades a todos os homens, que alguns ficam se essas oportunidades e perecem. 86 Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 276. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 52 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Bem ele fala de escravos morrendo sem oportunidade alguma e tratados por Elohim como animais destituídos de razão, enquanto os severos juízos são vertidos sobre seus senhores que desprezaram as oportunidades. Insisto diante deste texto o pilar básico do arminianismo adventista, que é de Elohim para ser justo tem de se empenhar no sentido de que todos os homens sejam chamados e tenham idênticas oportunidades é esmiuçado e desfeito em mil pedaços. Claro que esse não é um problema bíblico, não são as Escrituras que dizem que o gentio que não foi evangelizado perecerá, mas Ellen White que afirma que Adonay faz por eles o melhor que pode, sendo ele um Elohim justo e bom, nem os salva por graça e nem os condena por justiça, apenas os considera como inexistentes. Por um momento parece que a salvação depende inteiramente dos instrumentos humanos, seja do pregador que anuncia ou do ouvinte que corresponde. Mas bem, também nisso a Sra. White não definiu exatamente o papel. Ela também fala dos bons gentios que nunca ouviram mensagem e ainda se salvarão. Pagãos salvos sem receber luz de instrumentos humanos: Mas há outro problema o texto. Ele limita a ação da graça exclusivamente àqueles a quem os instrumentos humanos levam o conhecimento da salvação, posição posta de lado pela própria autora em artigo publicado quarenta anos mais tarde quando disse: “Há, entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos; todavia não perecerão. Conquanto ignorantes da lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria. Suas obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou o coração, e são reconhecidos como filhos de Deus.”87 “Nas profundezas do paganismo os homens que não tiveram conhecimento da lei escrita de Deus, que nunca ouviram o nome de Cristo, têm sido bondosos com Seus servos, protegendo-os com o risco da própria vida. Seus atos mostram a operação de um poder divino. O Espírito Santo implantou a graça de Cristo no coração do selvagem, despertando nele a simpatia contrária à sua natureza e à sua educação. ...”88 87 88 Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 638. Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1989, pág. 237. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 53 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Estes dois textos são paradoxais. Escravos ignorantes se perdem porque a luz nunca lhes foi levada por instrumentos humanos enquanto selvagens nas mesmas condições são salvos. É evidente que o choque irreconciliável entre os dois textos só poderia ser eliminado através da mesma doutrina que os adventistas decidiram abominar a da eleição livre de Elohim. Nenhum poder finito pode restringir a ação do Espírito: Mas nenhuma declaração dos livros adventistas evidencia tão claramente a natureza irresistível da graça como quando dizem que o Espírito Santo atua como o vento sobre as árvores e que ninguém pode impedir a sua obra. “Conquanto não possamos ver o Espírito de Deus, sabemos que os homens que estão mortos em ofensas e pecados ficam convencidos e convertidos sob Sua atuação. O irrefletido e desgarrado torna-se sério. O empedernido arrepende-se de seus pecados, e o incrédulo crê. O jogador, o bêbado, o licencioso, tornam-se ajuizados, sóbrios e puros. O rebelde e obstinado torna-se manso e semelhante a Cristo. Ao vermos essas modificações no caráter, podemos ter a certeza de que o poder divino de conversão transformou o homem todo. Não vimos o Espírito Santo, mas vimos a evidência de Sua obra no caráter transformado dos que haviam sido pecadores endurecidos e obstinados. Assim como o vento move com sua força as árvores altaneiras e derruba-as, também o Espírito Santo pode atuar nos corações humanos, e nenhum homem finito pode restringir a obra de Deus.”89 Por vezes os adventistas estiveram a um passo de assumir a posição da fé reformada de que o processo de criar vida onde havia morte é semelhante ao poder empregado para ressuscitar os mortos ou para restituir o movimento aos paralíticos. “Nada menos que poder criador exigia o restituir à saúde aquele decadente corpo. A mesma voz que comunicou vida ao homem criado do pó da terra infundira vida ao paralítico moribundo. E o mesmo poder que dera vida ao corpo renovara o coração. Aquele que, na criação, "falou, e tudo se fez", que "mandou, e logo tudo apareceu" (Sal. 33:9), comunicara vida à alma morta em ofensas e pecados.”90 89 90 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 288. Ellen White, A Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Santo ndré, pág. 77. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 54 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo É o poder divino que traz vida à alma morta em pecados: Sinceramente falando, não vejo dificuldade alguma para que os adventistas abracem as chamadas doutrinas calvinistas entre as quais se encontra a da graça irresistível, pois apesar das discrepâncias vistas aqui ou ali, os adventistas verdadeiramente evangélicos podem se servir de uma bateria inumerável de textos amplamente favoráveis a estas verdades como o que menciono a seguir: “Não é o agente humano que inspira vida. O Senhor Deus de Israel fará essa parte avivando a atividade na natureza espiritualmente morta. O alento do Senhor dos Exércitos deve entrar nos corpos mortos. No juízo, quando se descubram os segredos todos os segredos, se saberá que a voz de Deus falou mediante o agente humano, despertou a consciência letárgica, comoveu as faculdades mortas e impulsionou os pecadores ao arrependimento. Então se verá claramente que, mediante o agente humano se comunicou fé em Cristo à alma humana, e que desde o Céu foi comunicada vida espiritual ao que estava morto em delitos e pecados e foi vivificado com vida espiritual.”91 Toda a obra é do Senhor e em nada depende do homem. Lá está Lázaro, já se passaram quatro dias desde a sua morte, ali na tumba não há desejo nem poder que o faça levantar-se dos mortos, mas um poder renovador se apoderou daquela massa de corrupção e a fez voltar à vida outra vez. É exatamente isso o que acontece com os homens, e é isso o que todo o crente adventista precisa entender. “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Maschiach (pela graça sois salvos.” (Efésios 2:5). Amém. 91 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Vol. 7ª, Casa Editora Sudamericana, Buesnos Ayres, 1995, pág. 175. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 55 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo VI - Ellen White e a Doutrina da Perseverança dos Santos A doutrina da perseverança dos santos é a culminação lógica da doutrina da predestinação que afirma que todas as ovelhas de Elohim entrarão seguramente no reposo eterno sob a condução de Yeshua, o Maschiach a quem Aodnay ergueu como sumo pastor de Israel. Yeshua declarou: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem e eu dou-lhes a vida eterna e jamais perecerão. Meu Pai que mas deu é maior que todos e da mão de meu pai ninguém pode arrebatá-las.” Yochanan/Jo 10:29-30. O que Yeshua ensina não dá espaço para a conclusão de que as ovelhas podem perseverar pela fé ou se desviar pela incredulidade sendo arrebatadas pelo lobo para se perderem eternamente. Em tal caso, o fracasso não seria delas, mas do pastor que falhou em protegêlas de todo mal. O que Yeshua ensina não dá espaço para a conclusão de que as ovelhas podem perseverar pela fé ou se desviar pela incredulidade sendo arrebatadas pelo lobo para se perderem eternamente. Em tal caso, o fracasso não seria delas, mas do pastor que falhou em protegê-las de todo mal. Pastor de ovelhas, USDA Agricultural , Stephen Ausmus Research Service, Domínio Pùblico, Wikipedia Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 56 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Se o homem está tão depravado que é incapaz de buscar a Elohim (Romanos 3:11) se ele é escolhido de forma incondicional (Yochanan/Jo 6:37; 15:16), se os benefícios da morte do Messias são limitados apenas a seu povo (Yeshayahú/Is 53:11; Matytyahú/MT 1:21) e se o homem é levado ao Salvador por uma graça invencível (Yochanan/Jo 6:44 Romanos 9:16) então é claro que os santos devem perseverar até o fim. Estes fatos são confirmados por inúmeras e irrefutáveis provas das Escrituras e conhecessem os crentes à Bíblia e suas maravilhosas promessas jamais se escandalizariam com a mais doce de todas as garantias da Bíblia, a de que os crentes, estão, uma vez salvos, salvos para sempre. A Prova da doutrina da perseverança dos santos: Ao lado da verdade de que a salvação é somente por graça e que a justificação e somente por fé, as Bíblia nos mostram que os santos, uma vez salvos são eternamente salvos e perseveram até o fim, ou antes são preservados pelo Salvador como o provam estes textos: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” (Yochanan/Jo 6:37) “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.” (Yochanan/Jo 10:27-29) “ Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.” (Yochanan/Jo 17:12) “ Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Elohim, que está em Yeshua Maschiach nosso Senhor.” (Romanos:8:38-39) Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 57 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “ Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Yeshua Maschiach.” (Filipenses 1:6) “E o SENHOR me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém.” (1 Timóteo 4:18) “Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis.” (Apocalipse 17:14) Nenhum homem se guarda a si mesmo: O grande pregador metodista Charles Finney, reputado como o mais famoso e bem sucedido herdeiro de João Wesley, apesar de arminiano convicto diz: “Nenhum santo então guarda-se a si mesmo, exceto por ser guardado pela graça, pelo Espírito Santo e pelo poder de Deus. Não há, portanto, nenhuma esperança para qualquer santo e nenhuma razão para fazer cálculos sobre a salvação de qualquer pessoa, a menos que Deus evite que essa pessoa caia ou pereça. Todos aqueles que foram salvos ainda o serão, são, por este motivo, salvos por meio e através da graça que é dada gratuitamente, e que prevalece acima do livre-arbítrio, isto é através da graça que é dada gratuitamente e assegura a conformidade do livre-arbítrio. ... Os eleitos são, ou serão, cada um deles convertidos e salvos.”92 A sra. White que parece ter nutrido uma admiração por esse professor metodista do Oberlin Colegge, 93 infelizmente não se deixou influenciar pelo conjunto de seu pensamento como prova essa declaração, mas ignorando a própria Bíblia ela diz: “Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional - uma vez na graça, sempre na graça.... Aqueles que mantêm a doutrina da eleição, uma vez salvo, salvo para sempre, estão contra o claro: " Assim diz o Senhor."”94 Charles Finney, Teologia Sistemática, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 2001, pág. 669, 670. Veja Conflito dos Séculos, pág. 377. 94 Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157. 92 93 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 58 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Se Maschiach é meu Salvador tenho vida para sempre: Apesar dessa declaração infeliz seria injusto não registrar sua afirmação de que “se Cristo é meu Salvador, meu sacrifício, minha expiação, então jamais perecerei, crendo nEle, tenho vida para sempre. ”95 Contudo isso demanda uma pergunta: O que levou a mulher que escreveu que o Messias ensinou que “todo aquele que O recebesse com fé, ... havia de ter a vida eterna,” e que “nenhum se podia perder,” a contradizer esse mesmo postulado e declarar que o pecador não “ não deve nunca atrever-se a dizer: "Estou salvo?"96 A meu ver a causa principal dessa indefinição teológica foi a crença num juízo investigativo capaz de expedir um decreto condenatório contra os mesmos que foram justificados e salvos e receberam vida para sempre. Essa doutrina, mantida pelos adventistas desde o começo de sua existência atua como uma barreira à compreensão do evangelho e deveria ser reordenada pela sua própria inconsistência já que o próprio Yeshua declarou: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” (Yochanan/Jo 5:24) Aqui está a raiz da questão. O tribunal de Maschiach se destina a justificar os eleitos e não a condená-los. “E Elohim não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com ele? (Lucas 18:7) É verdade que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Maschiach, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal,” (2 Coríntios 5:10) mas isso não significa que algum dos eleitos de Elohim possa perder mais do que uma parte de seu galardão em virtude do que fez ou deixou de fazer. A justificação e conseqüentemente a salvação não estão em jogo. Os eleitos são defendidos pelo Salvador e justificados pelo próprio Elohim. 95 96 Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, pág. 381. Ellen White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 59 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Elohim? É Elohim quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Maschiach quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Elohim, e também intercede por nós.” (Romanos 8:33-34). O homem precisa cumprir condições antes de se tornar um eleito: Contudo, ignorando muitas vezes que a eleição ocorreu antes da fundação do mundo, a Sra. White diz que nesse tempo “foram tomadas medidas, no concílio do Céu, para que os homens, embora transgressores, não houvessem de perecer em sua desobediência, mas, mediante a fé em Cristo como seu substituto e fiador, se pudessem tornar eleitos de Deus” 97 Se Elohim em vez de escolher seu povo, apenas tomou providências para que os homens se tornassem seus filhos, então há algo que o homem precisa fazer antes de se tornar eleito? Sim, era isso o que a Sra. White pensava a maior parte do tempo, tanto que escreveu: “Certas condições precisam ser aceitas por parte do homem, e se ele recusar aceitá-las, não poderá tornar-se o eleito de Deus.”98 Nossa obediência inscreve nossos nomes no livro da vida do cordeiro: Dominada por esse raciocínio a Sra. White foi incapaz de compreender que o nome dos santos foi escrito no livro da vida antes da fundação do mundo, apesar de as Escrituras tornarem isso muito claro: “A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá.” (Apocalipse 17:8). Parece certo que ela jamais admitiu que isso fosse apenas um ato da graça soberana de Elohim. Havia sempre algo de graça infusa envolvida em sua visão sobre o tema. Ela fala que precisamos purificar a nossa alma de toda a injustiça antes que isso aconteça e que é a obediência às ordens de Maschiach que inscreverá nossos nomes no livro da vida do cordeiro. 97 98 Ellen White, Nossa Alta Vocação, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1962, pág. 76. Ellen White, Mensagens escolhidas Vol. 3, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 315. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 60 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Devemos estar com Ele nessa obra, purificando o santuário de nossa alma de toda a injustiça, para que os nossos nomes sejam escritos no livro da vida do Cordeiro.”99 “A obediência às ordens de Deus inscreverá nossos nomes no livro da vida do Cordeiro, "porque nos temos tornado participantes de Cristo". Heb. 3:14. Manuscrito 28, 1899.”100 Mas o homem precisa purificar o santuário da alma e viver em obediência aos mandamentos antes que seu nome seja escrito no livro da vida do Cordeiro, então a permanência de seu nome nos livros de registros divinos é algo inteiramente condicional. Ela não somente ensinava que nosso nome só é colocado no livro da vida quando “nos tornamos filhos de Deus” como também dizia que esse nome “ali permanece até ao tempo do juízo investigativo,” e que havendo pecados dos quais não houve arrependimento “nosso nome será apagado do livro da vida, e nossos pecados permanecerão contra nós.” “Quando nos tornamos filhos de Deus, nosso nome é inscrito no livro de vida do Cordeiro, e ali permanece até ao tempo do juízo investigativo. Então se fará chamada do nome de cada indivíduo e será examinado o seu registro. ... Se naquele dia se verificar que não houve arrependimento completo de todas as nossas más ações, nosso nome será apagado do livro da vida, e nossos pecados permanecerão contra nós. SDA Bible Commentary, vol. 7, pág. 987.”101 Impeçam que seu nome seja riscado do livro da vida: A ideia de um Mediador capaz de abandonar os seus filhos no meio do caminho e riscar seu nome do livro da vida, a qualquer momento no julgamento se certas condições não fossem cumpridas foi sempre empregada pela Sra. White e os editores de suas obras como instrumento de estímulo à piedade cristã. Era o momento em que o medo passava a ser coadjuvante da piedade. Ainda em 1911, aos 82 anos de idade ela mantinha essa posição. Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 217. Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1980, pág. 85. 101 Ellen White, Maravilhosa Graça, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1974, pág. 109. 99 100 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 61 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Suplico-vos, em nome de Cristo, que confesseis vossos pecados e reformeis vossos caminhos, a fim de que vosso nome não seja riscado do livro da vida, mas seja confessado diante do Pai e de Seus anjos.”102 Nada há aqui sobre a perseverança do Salvador. Tudo depende do homem. Para que seu nome permaneça nos livros do céu ele deve suar a camiseta, lutar e batalhar, caso contrário seu nome é riscado. “Todos quantos haverão de ter por fim os nomes escritos no livro da vida do Cordeiro, lutarão varonilmente as batalhas do Senhor. 103 Se vosso nome está no livro da vida tudo estará bem: Os editores adventistas e a Sra. White bem que se esforçam por tornar a sua visão do juízo mais consoladora para os crentes como pode se ver nas duas declarações que se seguem: “Se vosso nome se acha registrado no livro da vida, do Cordeiro, então tudo está bem convosco. Estejais prontos e ansiosos para confessar vossas faltas e abandoná-las, a fim de que vossos erros e pecados possam ir antecipadamente a juízo, e ser apagados.”104 “"Naquele tempo, Se levantará Miguel, o grande Príncipe, que Se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro." Dan. 12:1. Por aí vemos a importância de ter nosso nome inscrito no livro da vida. Todos aqueles cujo nome ali se achar registrado, serão livrados do poder de Satanás, e Cristo ordenará que suas vestes de trapos de imundícia sejam removidas, e sejam revestidos de Sua justiça. "E eles serão Meus, diz o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para Mim particular tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve." Mal. 3:17.”105 A purificação do santuário já se completou: Procurando uma harmonia com esta declaração parece que a Sra. White ou algum de seus redatores, atando em seu nome decidiu em 1905 que era hora de varrer para trás do tapete a visão sobre a expiação. Ellen White, Refletindo a Cristo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1982, pág. 49. Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1989, pág. 321. 104 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 523. 105 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 344. 102 103 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 62 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A doutrina adventista de que Maschiach entrou no santíssimo do santuário do céu apenas no dia 22 de outubro de 1844 é uma das doutrinas mais confusas,controversas e fantasiosas da história do cristianismo. Assim, em 1905, por primeira vez alguém da mais alta cúpula admitia por primeira vez que Maschiach não efetuou purificação nenhuma do santuário no longínquo ano de 1844 mas exatamente quando ascendeu ao céu, e ainda antes de retornar aos discípulos. Se o texto foi simplesmente adaptado ou mesmo plagiado de autores não adventista, um recurso comum duarante todo o período da farta produção literária de Ellen White isso não vem ao caso, e se constitui num dos maiores desafios à ortodoxia adventista. Que o santuário tenha recebido Yeshua antes mesmo dele retornar à terra, e exatamente a seguir a sua ressurreição e a fé comum de toda a igreja cristã, uma fé considerada insuficiente e veja. Mas era exatamente isso que Ellen White diria, ou alguém em seu nome. Não há dúvidas de que era isso que queriam dizer, pois lembram que essa purificação do santuário se deu antes dele retornar para abençoar a seu povo. “ Mantendo ainda a humanidade Cristo subiu ao céu, triunfante e vitorioso. Levou o sangue da expiação para o santíssimo, aspergiu-o sobre o propiciatório e sobre os seus próprios vestidos, e abençoou o povo.” 106 Este texto deveria ter provocado uma verdadeira revolução teológica dentro da Igreja Adventista. Doutrinas peculiares mantidas à muito e contrárias ao testemunho das Escrituras deveriam ter sido renunciadas, mas isso exigia coragem por parte dos dirigentes. Coragem para mudar, para admitir que essas mudanças eram necessárias justamente num ponto que havia sido elevado à condição de pilar inamovível. Como admitir publicamente que Elohim não os guiara de maneira tão direta como até então afirmavam? Mas era tarde! Passados 60 anos de ministério a Sra. White estava demasiado envelhecida para encetar uma reforma e os dirigentes demasiado acomodados para se arriscar. 106 Ellen White, Signes of The Times, 15 de Abril de 1905. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 63 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Mas a revolução que deveria acontecer com a publicação desse texto tarda em vir. E porque? Por que a liderança adventista está muito mais ocupada em fazer o navio de sua organização avançar a todo o vapor do que em examinar o combustível que sustenta esse avanço. Dessa forma uma doutrina peculiar permanece como uma pedra no meio do caminho impedindo o avanço do povo em direção à verdade de que Elohim jamais gastaria tempo em escrever o nome de alguém no livro da vida do Cordeiro antes da fundação do mundo para depois se dar ao luxo de apagar o que ele mesmo fez. Quem tem o nome escrito no livro da vida: Indispostos a ceder num ponto a que os pioneiros decidiram consagrar como inamovível, a liderança adventista prefere ignorar que a Sra. White mesma voltou atrás na posição clássica quanto à expiação de Maschiach no santuário e à sua purificação desvinculando-a dos supostos 2300 dias anos e deu essa obra por encerrada após a ressurreição. Apesar disso o adventismo ainda hoje mantém a posição clássica de que o nome dos crentes pode ser riscado do livro da vida e que efetivamente isso acontecerá no caso daqueles que serão enganados por Satanás. Essa inflexibilidade coloca os dirigentes adventistas diante de um dilema difícil de responder: Quem afinal tem o seu nome escrito no livro da vida do Cordeiro, quando ele é escrito ? Em resposta a isso os escritos atribuídos à Sra. White, ainda hoje publicados como oráculo divino sem que ao menos tenham sido revisados e submetidos à prova escriturística simplesmente deixam o leitor mais confuso do que qualquer coisa. Numa posição próxima à do calvinismo tradicional ou do arminianismo evangélico de Charles Finney a Sra. White declara que pessoas que queriam “realizar alguma grande obra, para que fossem admirados e lisonjeados pelos homens, mas seus nomes não foram inscritos no livro da vida, do Cordeiro.” 107 107 Ellen White, Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 64 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo É uma pena que essa declaração não é única e que Ellen declare que “o livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram ao serviço de Deus.”108 Os editores adventistas nem sequer se dão ao trabalho de revisar estas posições contraditórias e decidir qual delas será tornada pública. Estão cientes de o povo não se aperceberá dessas contradições e continuará a encher de dinheiro as burras das editoras que se espalham ao redor do mundo. Não seria mais sensato simplesmente dizer; nos equivocamos, o nome dos infiéis não será riscado do livro da vida porque afinal nunca estiveram lá do que induzir o povo ao erro de pensar que um ímpio tem seu nome escrito no livro da vida simplesmente porque entrou na kehilah ou que mesmo o nome de um santo pode ser riscado por causa de seus pecados? Outro grande dilema para os teólogos adventistas é explicar a “importância de ter nosso nome inscrito no livro da vida,” porque todos “aqueles cujo nome ali se achar registrado, serão livrados do poder de Satanás,”109 se ao mesmo tempo sugerir que “Satanás se alegra quando pode induzir as pessoas a seguir idéias errôneas, até que seus nomes são riscados do livro da vida e inscritos entre os nomes dos injustos.”110 Tais declarações revelam para o adventista sincero e criterioso aquilo que já é evidente para o mundo evangélico em geral, ou seja, que os livros editados em nome da Sra. White não refletem a luz pretendida, mas que pelo contrário são ao mesmo tempo fontes de águas doces como o mel e amargas como o fel. Não seria mais sensato dizer que o diabo não tem poder para levar Elohim a riscar o nome de um salvo do livro da vida simplesmente porque todos os que são escritos são eleitos de Elohim? Este tema é tão importante e suas implicações tão tremendas que dedicaremos um apêndice apenas para tratar do mesmo. Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 326. Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 344. 110 Ellen White, Este Dia com Deus, Santo André, 1980, pág. 320. 108 109 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 65 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Antes, porém lembramos que a literatura adventista ainda possuí alguns textos que são uma jóia preciosa nas mãos daqueles que entendem o evangelho. Gostaríamos que aqueles que se identificam com o adventismo evangélico conhecesse o melhor que já foi publicado em nome da Sra. White, assim eles podem se defender diante daquilo que é improcedente e que em parte já foi citado aqui. A literatura adventista e a perseverança dos santos: Não se pode ignorar que há alguns bons evangélicos entre os adventistas e que eles têm sabido usar o melhor que há em seus livros. Mas é preciso ter olhos de lince e muita unção do Espírito par fazer isso, caso contrário o gozo da salvação é ofuscado por conselhos como esse: “nunca se deve ensinar aos que aceitam o Salvador, conquanto sincera sua conversão, que digam ou sintam que estão salvos,” porque “isto é enganoso.”111 Utilizando estes olhos de lince selecionei algumas notas em defesa da doutrina da perseverança do crente que parecem jamais ter sido escritas pela mulher que dedicou a maior parte de sua vida a promover a doutrina de um juízo investigativo do qual pode resultar exclusão do nome de um salvo do livro da vida. Estas notas brilham como joias preciosas em meio à conclusões aterrorizadoras e atentatórias à glória do evangelho. Tomara que cada adventista se utilize dessas notas para ir à sua Bíblia e construir a partir daí uma soteriologia livre de conceito humanos certamente não inspirada e de valor apologético duvidoso. O pecador pode dizer: Elohim me salvará agora: “Pode dizer o pecador, a perecer: "Sou um pecador perdido; mas Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Diz Ele: 'Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores.' Mar. 2:17. Sou pecador, e Ele morreu na cruz do Calvário para me salvar. Nem um momento mais preciso ficar sem me salvar. Ele morreu e ressurgiu para minha justificação, e me salvará agora. Aceito o perdão que prometeu."112 111 112 Ellen White, Maranata o Senhor Vem, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1977, pág. 234. Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André. 1959, pág. 112. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 66 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A justificação é um perdão absoluto: “A justificação é pleno e completo perdão do pecado. No momento em que o pecador aceita a Cristo pela fé é perdoado. A justiça de Cristo lhe é atribuída, e não mais deve duvidar da graça perdoadora de Deus.”113 Maschiach nunca abandonará aquele por quem morreu: “Quando assaltados pelo inimigo, quando opressos pela tentação, cumpre-nos apoiar em Deus a nossa fé; pois temos o penhor de Sua palavra de que nunca seremos deixados a batalhar sozinhos. Toda pessoa cujos pecados foram perdoados, é preciosa aos Seus olhos - mais preciosa do que o mundo inteiro. Foi comprada a infinito custo, e Cristo nunca abandonará a pessoa por quem Ele morreu. The Youth's Instructor, 13 de dezembro de 1894.”114 Nenhum dos que recebem a Maschiach pode se perder: “Novamente apelou Cristo para aqueles corações obstinados. "O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora." Todo aquele que O recebesse com fé, disse Ele, havia de ter a vida eterna. Nenhum se podia perder. Não havia necessidade de os fariseus e os saduceus discutirem quanto à vida futura. Não mais precisariam os homens prantear, em desesperado desgosto, a morte dos queridos. "E a vontade dAquele que Me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crê nEle, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia."115 Mesmo quando abandonados: vencidos pelo inimigo não somos “Cristo jamais abandonará a alma por quem morreu. A alma poderá deixá-Lo, e ser vencida pela tentação; Cristo, porém, não pode nunca Se desviar daquele por quem pagou o resgate com a própria vida. Fosse nossa visão espiritual vivificada, e veríamos almas vergadas sob a opressão e carregadas de desgosto, oprimidas como o carro sob os molhos, e prestes a morrer em desalento. Veríamos anjos voando rapidamente em auxílio desses tentados, os quais se encontram como às margens de um precipício.”116 Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 107. White, Casa Publicadora Brasileira, A Fé Pela Qual Vivo, Santo André, 1959, pág. 57. Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 387. 116 Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1953, pág. 94. 113 114 Ellen 115 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 67 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo O mesmo Elohim que começa a obra a termina: “Nem sequer podemos produzir fé por nós mesmos. "É dom de Deus." Toda a nossa salvação advém do dom de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Como me sinto contente! Ela provém de tal fonte que não podemos ter dúvidas a seu respeito. E Ele é "o Autor" - será que termina aí? Será que termina aí? "O Autor e Consumador da fé." Heb. 12:2. Graças a Deus! Ele nos assiste em todo passo do caminho até o fim, se estamos dispostos a ser salvos da maneira designada por Cristo, mediante a obediência a Seus requisitos. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." Efés. 2:8. "Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor." Que significa isso? É uma contradição? Vejamos o que diz a parte final. "Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade." Filip. 2:12 e 13. Louvado seja Deus! Agora quem ficará desalentado? Quem irá desfalecer? Não compete a nós, fracos e débeis mortais, efetuar nossa própria salvação à nossa maneira. É Cristo quem opera em vós. E este é o privilégio de todo filho e filha de Adão. Mas temos de trabalhar. Não devemos ficar ociosos. Somos colocados aqui neste mundo para trabalhar. Não somos colocados aqui para cruzar os braços. Manuscrito 18, 1894.”117 Estamos eternamente livres: “Na cruz Jesus comprou para nós uma salvação que é total e completa. Comprou para nós a salvação dos pecados do passado e do presente. Graças a Deus comprou para nós uma vitória decisiva contra o pecado... Somos livres, realmente livres, e estamos eternamente livres se tão somente o crermos.”118 Elohim nunca mais se lembrará do pecado: “Não há insulto, não há acusações ao pródigo, por motivo de seu mau procedimento. O filho sente que o passado lhe foi perdoado e esquecido, apagado para sempre. E assim Deus diz ao pecador: "Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem." Isa. 44:22. "... perdoarei a sua maldade e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados." Jer. 31:34.”119 117 118 119 Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, 1980, pág. 70. Ellen White, Review and Herald, 20 de Abril de 1911. Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, santo André, 1968, pág. 10. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 68 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo O seguidor de Maschiach tem certeza clara da salvação: “Quando possuirmos certeza clara e evidente de nossa salvação, manifestaremos a satisfação e alegria, próprias de todo seguidor de Jesus Cristo.”120 Devemos estar felizes porque nosso nome está no livro da vida: “[Deus] deseja que apreciemos o grande plano da redenção, ... Ele anseia ver gratidão brotando em nossos corações porque temos acesso ao propiciatório, o trono de graça, porque nossos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro, porque podemos lançar todo o nosso cuidado sobre Aquele que cuida de nós. 121 Precisamos crer que somos eleitos de Elohim: “Temos de crer que somos escolhidos de Deus, ser salvos pelo exercício da fé mediante a graça de Cristo e a operação do Espírito Santo; e cumpre-nos louvar e glorificar a Deus por tão maravilhosa manifestação de Seu imerecido favor.”122 A Sra. White permanece indefinida quanto à perseverança do crente: Um fato marcante na obra de pregadores reformados como Jonathan Eduardo (1703-1758) e Charles Spurgeon (18341892) e mesmo de arminianos como Charles Finney (1792-1875) aquele amado arminiano declarou ao finalizar sua memorável obra: “Vimos que ninguém vai a Cristo, exceto quando é levado pelo Pai, e que o Pai leva a Cristo somente aqueles que deu ao Filho. Vimos também, que é desígnio do Pai que aqueles aos quais deu a Cristo, Ele não perca nenhum, mas que os ressuscite no último dia. Esta é a única esperança de que alguém será salvo. Destrua este fundamento e o que o fará justo? Retire da Bíblia a doutrina da fidelidade determinada de Deus a Cristo – a verdade que o Pai de a Ele certo número cuja salvação prevê que pode e deve garantir – e eu me desespero de mim e de todas as outras pessoas. Onde há outra base de esperança? Não sei.”123 120 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 630. Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 55. 122 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, Vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 536. 123 Charles Finney, Teologia Sistemática, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 2001, pág. 736. 121 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 69 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Finney sabia o que estava dizendo. Destrua-se a verdade de que é Elohim quem conserva seus eleitos no pacto da graça até o final e desaparecerá toda a base para a segurança do crente. Esta verdade jamais foi captada em sua plenitude pela Sra. White. Seu esquema de salvação é uma mistura de poderosa consolação das Escrituras com a perplexidade inerente à obra dos homens como se pode notar na declaração que se segue: “Nos tribunais do Céu, Cristo está a interceder por Sua igreja advogando a causa daqueles cujo preço de redenção Ele pagou com o Seu próprio sangue. Séculos e eras nunca poderão diminuir a eficácia de Seu sacrifício expiatório. Nem a morte, nem a vida, altura ou profundidade, nada nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus; não porque a Ele nos apeguemos com firmeza, mas porque Ele nos segura com Sua forte mão. Se nossa salvação dependesse de nossos próprios esforços não nos poderíamos salvar; mas ela depende de Alguém que está por trás de todas as promessas.”124 É uma pena que a autora adventista não tenha parado ai e tenha dito afinal que “enquanto nos mantivermos em união com Ele, ninguém nos pode arrancar de Sua mão.”125 O que ela quer dizer aqui? Que se nos desviarmos voluntariamente das mãos do Senhor Ele não poderá nos guardar? Que se sairmos de seu aprisco por nossos próprios meios seremos destruídos pelo devorador? Oh, a Bíblia não permite tais conclusões. Ela mostra que todos os filhos pródigos voltam a casa, todas as ovelhas extraviadas são trazidas ao redil e todas as dracmas perdidas são recuperadas. Shaul não estava simplesmente supondo que os santos seriam salvos, ele não estava simplesmente esperançoso de que isso viesse a acontecer e que Elohim poderia consumar a obra iniciada em suas vidas. Ele disse: “Estou plenamente certo disto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Yeshua Há Maschiach.” Filipenses 1:6. Aqui não há o se ocorrer isso ou se não ocorrer aquilo. Cada um dos eleitos de Elohim será infalivelmente salvo, a despeito de sua queda e apesar de sua liberdade de escolha. 124 125 Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 552 e 553. Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 552 e 553. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 70 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Aqueles que o Maschiach salva são verdadeiramente livres, e embora possam cair em graves pecados jamais desejarão a escravidão e a morte, e isso porque Elohim os guarda. Fazendo retornar a salvação às débeis mãos do homem a Sra. White esbarra no fato de que o pacto da graça é o pacto de Elohim e será cumprido em todas as suas partes. Oh se ela entendesse aquilo que escrevia na ânsia de produzir material para os prelos, como quando disse que a salvação era certa unicamente por causa da eleição eterna. “ O Senhor nos salvará das corrupções do mundo porque Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo para que possamos ser santos e sem mancha diante dele em amor.”126 Oferecendo tributo a um o poder que o diabo não tem: Mas infelizmente não é isso o que ocorre. Amiúdo ela atribuí a Satanás o poder de se alegrar até que homens sejam afastados do caminho e tenham seus nomes riscados do livro da vida. “Satanás se alegra quando pode induzir as pessoas a seguir idéias errôneas, até que seus nomes são riscados do livro da vida e inscritos entre os nomes dos injustos.”127 Que tributo à majestade satânica! Ele que ouviu o próprio Messias dizer que ninguém arrebataria jamais uma única ovelha de suas mãos escutando seguidores apaixonados do Messias de Israel empenhados em dizer justamente aquilo que ele deseja, que ele tem poder de frustrar os planos de Elohim e levar suas ovelhas à ruína eterna. Quão distinta é essa nota do juramento do Eterno: “Porque assim diz o Senhor Elohim: Eis que eu, eu mesmo, procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei. Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas, no dia nublado e de escuridão.” Ychezkiel/Ez 34:11-12. 126 127 Ellen White, Signes of The Times, 2 de Maio de 1892. Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, São Paulo, pág. 320. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 71 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo É claro que existem ovelhas de Adonay que por serem fortes, ousadas e gordas, por se aventurarem em terrenos perigosos, e serem impacientes com os débeis, precisam ser fisicamente eliminadas em vez de morrerem de morte natural. Olhe para Sansão que em sua teimosia buscou no amor de uma inimiga de Israel a felicidade apenas para morrer ainda jovem em meio aos incircuncisos. Mas significa isso que ele se perdeu? Oh, não, ovelhas de Maschiach não se perdem, nem mesmo quando se sentem obrigadas a por termo às suas vidas em busca da glória de Elohim. É isso o que o Eterno diz: “Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei repousar, diz o Senhor Elohim. A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com juízo. E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Elohim: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.” Ychezkiel/Ez 34:15-17. Assim, enquanto o Messias contou na parábola que aquela ovelha obstinada foi buscada pelo pastor até ser achada, e que sendo achada foi posta sob os ombros e trazida para a casa com festa, Ellen White declara que alguns “por uma obstinada persistência no pecado se tornam finalmente endurecidos à influencia do Espírito Santo, seus nomes serão no juízo apagados do livro da vida, e eles serão votados à destruição.” 128 Conclusão: Elohim não retira a misericórdia de seus filhos: Que os adventistas legalistas se agarrem a estas asperezas da literatura denominacional enquanto eu, de minha parte, recomendo aos que amam o evangelho, e ainda se encontram na posição de dependência de fontes extra bíblicas para confirmar ou defender sua fé, que prestem toda a atenção a esta Ellen White madura e senhora de uma fé saudável que por vezes emerge do precipício das páginas amareladas de seus muitos manuscritos para declarar para consolo dos crentes que no Maschiach, crendo nele, temos vida, e vida para sempre: 128 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1976, pág. 335. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 72 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Se Cristo é meu Salvador, meu sacrifício, minha expiação, então jamais perecerei. Crendo nEle, tenho vida para sempre. Oh! se todos quantos crêem na verdade cressem em Jesus como seu próprio Salvador!”129 Nossa confiança está unicamente assentada na Palavra de Elohim. “Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão abalados; porém a minha benignidade não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não mudará, diz Yah que se compadece de ti.” Yeshayahú/Is 54:10. Portanto não há nada que aqueles a quem Elohim adota como filhos façam que o leve a revogar sua determinação. Um bom filho e um mau filho procedem ambos do mesmo pai e um filho bom pode ser recompensado enquanto um filho mau pode ser severamente punido, mas não pode ser renegado. É isso o que Elohim garantiu a David com relação a Shlomo, (Shmuel Beit/2Sm 7:12-15) é isso o que garante em relação àqueles que ama. Ele pode corrigir e castigar, mas não pode abandonar. (Ivrim/Hb 12:6-8). Nada, absolutamente nada é capaz de nos separar do amor de Elohim. (Romanos 8:38-39) “Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens. Mas a minha benignidade não se apartará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.” Shmuel Beit/2Sm 7:12-15 “Porque Yah corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Elohim vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Ivrim/Hb 12:6-8. 129 Ellen White, Mensagens Escolhidas 2, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág 381. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 73 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “ Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Elohim, que está em Yeshua Maschiach nosso Senhor.” (Romanos:8:38-39) Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 74 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo VII - Apêndice Juízo Investigativo uma Doutrina Adventista Por que Nenhum Nome Será Riscado do Livro da Vida do Cordeiro Os primeiros pregadores adventistas jamais sonharam que aquele despertar emotivo resultante da investigação das profecias e do santuário sem considerar a história sagrada de Israel termianria em decepção e logo numa defesa que sustentaria o movimento, o faria crescer e perpetuaia o medo através da doutrina do juízo investigativo. William Miller (1782-1849) nunca fora partidário de marcar a data exata da volta de Yeshua, mas se inclinava, por seus estudos proféticos a pensar que ele retornaria dentro do ano judaico que ia de 1843 a 1844. Assim ele escreveria: "Meus princípios são de que em breve, Jesus Cristo voltará a esta terra para a limpar, purificar, e tomar posse da mesma, com todos os santos, em algum momento entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844 ".130 Os primeiros pregadores adventistas jamais sonharam que aquele despertar emotivo resultante da investigação das profecias e do santuário sem considerar a história sagrada de Israel termianria em decepção e logo numa defesa que sustentaria o movimento, o faria crescer e perpetuaria o medo através da doutrina do juízo investigativo. Sumo sacerdote judeu. A HISTÓRIA DO COSTUME por Braun & Schneider - Domínio Público Wikipedia 130 Dick, Everett N. (1994). William Miller and the Advent Crisis. Berrien Springs: Andrews University Press. pp. 96–97. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em 7 de março de 20012. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 75 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Mas o dia 21 de março de 1844 passou, e os crentes buscaram mais uma vez nos estudos onde poderia estar a falha, marcando então uma seguda data, o dia 18 de abril de 1844. O arranjo tinha sido feito baseando-se num calendário caraíta, que faria do ano judaico correspondente um ano bissesto, com a adição de um mês a mais,131 fazendo-o terminar portanto em 18 de abril. Esse aranjo, apesar de ser um factóide alimentou as esperanças do grupo por mais umas semanas. Mas no dia 19 de abril ficara óbvio que o movimento fracassara pela segunda vez. Miller escreveu então: "Eu confesso o meu erro, e reconheço a minha decepção,. Mas eu ainda acredito que o dia do Senhor está perto, mesmo à porta" 132 Meio aturditos, os adventistas continuaram acreditando que a data tão almejada estava às portas. E isso recebeu novo impulco quando numa reunião em Exceter New Hampshire, Samuel Snow (1806-1870) expôs seu estudo sobre Daniel 8. Ignorando o fato de que os judeus celebram até os dias de hoje a festa de Chanukah para comemorar a purificação do santuário depois de contaminado por Antioco, Snow insistia que o santuário ali mencionado era a terra, que as 2300 tardes e manhãs não eram 2300 sacrifícios diários que resultam em 1150 dias, mas 2300 anos, e que ao fim desses 2300 anos, mas no mesmo dia em que os sacerdotes purificavam o santuário a terra seria varrida pelas chamas purificadoras e o povo levado com Yeshua, não para Yerushalaim como se promete nas Escrituras, mas para o céu. Miller titubeou, mas ao fim se encantou como nunca pela nova mensagem. Do acampamento os crentes do advento partiram para suas cidades com mias uma novidade. Dessa vez não haveria erro, Yeshua retornaria em 22 de outubro de 1844. 131 De acordo com a Torah, o primeiro mês do calendário judaico começa logo depois do equinócio vernal que assinala o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hesmisfério sul. Na data do equinócio (21 de março) o dia se iguala à noite em duração. A forte presença de raios solares incide diretamente sobre os pequenos pés de cevada, uma gramínea que cresce espontaneamente na região de Israel. Assim, a primeira lua nova depois do equinócio é marcada com a presença da cevada nos campos. Se ela estiver em estado de abibe, isto é de cavada madura o mês de Abibe é proclamado e se inicia o novo ano judaico. Se as condições atmosféricas não tiverem sido as ideais por que houve muita seca e a cevada não estiver madura a proclamação do mês da cevada, (o marcador biológico de tempo de acordo com a Torah), é adiada. Então, nesse caso se adiciona mais um mês ao ano que teoricamente deveria ter findado com o surgimento da lua nova. Têm-se nesse caso um ano bissexto. Quando isso acontece as festas se retrasam e o que poderia se iniciar em fins de março vai se iniciar em abril. 132 Bliss 1853 , p. 79. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em 7 de março de 20012. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 76 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo O fanatismo tomara conta do grupo. Quem não acreditava na mensagem era denunciado como herege que não desejava a volta do Messias. As igrejas foram taxadas de corruptas, e os pastores que não apoiaram a pregaçaõ da novdiade em seus púlpitos foram denunciados O despertar foi chamado de o movimento do sétimo mês, por que previa que Yeshua retornaria no 10º dia do 7º mês judaico. Ao estudar a parábola das dez virgens ficaram convencidos de que essa tardança era profética, mas que agora chegara a hora. Até hoje os adventistas chamam aquele conturbado e excitado momento de sua história como o clamor da meia noite. O movimento haveria de fracassar em tudo, a começar pelas suas bases de cálculo. O ano judaico terminado em 29 de Adar (20 de março) não era um ano bissexto, a cevada já estava madura em Israel, e caraítas e rabínicos celebraram o início do novo ano no mesmo mês, entre os dias 21 e 22 de março de 1844. Naquele ano não houve o acrescimo de um mês extra e por isso o Yom Kippur de judaus caraítas e judeus rabínicos foi realizado a 23 de semtembro de 1844. O Próprio Yom Kippur, de 1844 ocorreu a 23 de setembro, e eles marcaram a data para 22 de outubro. A desvantagem é que viveram a fantasia por mais um mês. No dia 23 de outubro de 1844 milhares de adventistas estavam de rastro e desconsolados. Tinham apostado todas as cartas na interpretação profética de um homem que se proclamara o próprio profeta Eliahú, e que de tão fanático foi abandonado pela maior parte do povo, que infelizmente se afastou dele, mas não de suas interpretações mirabolantes. Apostaram tudo e perderam. William Miller se recluiu, nunca foi capaz de explicar por que errara, embora morresse 5 anos mais tarde crendo que a hora da vinda de Yeshua estava muito próxima. Havia sinceridade em seu coração, sinceridade suficiente para não tentar justificar o erro mais uma vez. Um grupo adventista tradicional, que mantém o pensamento milerita existe até hoje, a Igreja Cristã do Advento com 61 mil membros no mundo. O grupo evita qualquer revisão do desapontamento, apenas o empurrou para baixo do tapete, foi um erro e nada mais. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 77 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Mas uma das mais poderosas organizações cristãs da América começaria a partir de seu moviomento, os adventistas do Sétimo Dia que graças a interpretação de Hiran Edson (1806-1882). Segundo ele, os adventistas havia acertado na data, mas haviam errado no evento, era uma espécie de tiro da providência conduzindo o povo a atirar no que viu e a acertar no que não viu. Edson levou seus companheiros a concluir que o santuário na verdade não era a terra, mas ficava no céu. Segundo ele, uma espécie de visão do Messias indo para o lugar santíssimo do santuário do céu lhe havia sido mostrada em visão. "Nós começamos a sair, e ao passar por um campo grande eu estava parado no meio do caminho do campo. O Céu parecia aberto, e eu vi claramente claramente que, em vez de nosso Sumo Sacerdote sair do Santíssimo do santuário celestial para vir a esta terra, no décimo dia do sétimo mês, no final dos 2300 dias, Ele, pela primeira vez entrou nesse dia no segundo compartimento no santuário, e que Ele tinha uma obra para realizar no Santíssimo Lugar antes de vir para a terra "133 Bem, apesar de que “a visão” da passagem de Yeshua para o lugar santíssimo, em vez de à terra, foi dada a Hiran Edson, ele nunca foi tratado como profeta pela igreja. Esse título coube exclusivamente a Ellen White, que com base em visões ensinou o povo que a entrada de Yeshua no lugar santísimo fechara a porta da graça para os não adventistas. O fato dos pioneiros terem acreditado nos sete primeiros anos que a porta da graça tinha se fechado para o mundo não adventista é normalmente ignorado. A Sra. White, chamada a explicar-se disse mais de vinte anos depois: "Durante algum tempo após o desapontamento de 1844 eu de fato mantive, em comum com o corpo de adventistas, que a porta da misericórdia fora então para sempre fechada para o mundo. Esta posição foi assumida antes de minha primeira visão ter-me sido dada. Foi a luz concedida a mim por Deus que havia corrigido o nosso erro, e nos capacitou a ver a verdadeira posição."134 133 FD Nichol . O grito da meia-noite. p. 458. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em 7 de março de 20012. 134 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, p. 63. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 78 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Ora, os adventistas dizem que a Sra. White teve a primeira de suas 2000 visões em dezembro de 1844, mas sem precisar a data. Logo a janela para que Ellen pudesse ter ensinado a doutrina da porta fechada era de fato muito estreira. Uma vez que o desapontamento se deu a 22 de outubro e a primeira visão em deezembro, supondo no dia 31 de dezembro, o que se espera é que de acordo com a declaração acima a Sra. White haja crido na doutrina da porta fechada por períoco nunca maior que 80 dias. E que desde o fim de dezembro de 1844 ela tivesse corrrigido seu pensamento com a luz do céu. Os fatos porém são perturbadores e revelam outra realidade. Neste testemunho da Sra; White datado de 1846 ve-se claramente a Sra, White em desmente isso. A Sra. White ensinara que a porta da graça tinha se fechado não por falta de visões, mas com base em visões. "Enquanto em Exeter, Maine, ao estar reunida com Israel Dammon, Tiago, e vários outros, e muitos deles não criam numa porta fechada. Eu sofria muito no início da reunião. A descrença parecia estar por todo lado. Havia uma irmã ali que era considerada muito espiritual. ...Ela havia sido verdadeiramente uma mãe em Israel. Mas uma divisão havia surgido no grupo sobre a questão da porta fechada. Ela tinha tido grande misericórdia, e não podia crer que a porta estava fechada. (Eu nada soubera da diferença entre eles). A irmã Durben levantou-se para falar. Sentia-me muito, muito triste. Minha alma parecia em agonia o tempo todo, e enquanto ela falava, caí de minha cadeira ao chão. Foi então que tive uma visão de Jesus erguendo-Se de Seu trono de Mediador e indo para o Lugar Santíssimo, como o Noivo indo receber o Seu reino. Todos estavam profundamente interessados na visão. Todos disseram que era algo inteiramente novo para eles. O Senhor operou com grande poder estabelecendo a verdade em seus corações. A irmã Durben sabia o que era o poder do Senhor, pois havia-o sentido muitas vezes; e pouco tempo depois que eu caí, ela foi atingida, e caiu ao chão, clamando para que Deus tivesse misericórdia dela. Quando eu saí da visão, meus ouvidos foram saudados com o cântico e clamores da irmã Durben em alta voz. A maioria deles recebeu a visão, e ficaram estabelecidos quanto à porta fechada."135 135 Ellen White, Manuscript Releases, Vol. 5, p. 97 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 79 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Outras duas declarações muito fortes são essas: "Meu anjo acompanhante me convidou a buscar ver o trabalho pelas almas dos pecadores, como antes existia. Olhei, mas não pude vêlo, porque o tempo da salvação deles havia passado." 136 "Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto, bem acima do escuro mundo. . . . Ergui os olhos, e vi um caminho reto e estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus, que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros. Mas logo alguns . . . negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram que não fora Deus quem os conduzira até tão distante. A luz por detrás desses extinguiu-se deixando-lhes os pés em total escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em baixo. [Era tão impossível para eles alcançar o caminho novamente e seguir para a cidade, como também para todos o mundo ímpio que Deus havia rejeitado]. Logo ouvimos a voz de Deus como muitas águas. . .”137 As implicações do último parágrafo foram tão fortes que nas esdições posteriores de Experience and Views (Experiências e Visões) publicado por primeira vez em 1851 o texto foi retirado, e de lá para cá nunca mais publicado pela denominação. Deveria pois, ser claro que a doutrina do santuário tal como desenvolvida pela organização com base nos escritos da Sra. White se submete desde o princípio a mudanças e alterações, ainda que até hoje não esteja corretamente apresentada. Talvez o maior erro seja justamente o fato de que a doutrina do santuário, sacramentada pela organização como verdade inamovivel tenha se transformado numa fonte de preocupações e de angústia por parte dos crentes temerosos de que nesse “julgamento” Elohim os coinsidere em falta, os retire do livro da vida, os vote com os pecadores e os destine à perdição. 136 137 Ellen White, Present Truth, ago., 1849. Ellen White, Primeiros Escritos, 14. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 80 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A felicidade do crente longe de se estabelecer com base em sua experiência e até mesmo em seu poder deve ser a certeza de que seu nome está escrito no livro da vida. “Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.” (Lucas 10:20). A fonte de nossa paz é a obra que Elohim faz por nós no Céu, a qual é confirmada pela ruach ha kodesh (Espírito Santo) produzindo fé em todos os regenerados levando-os a olhar para fora de si mesmos e não para a obra ele realiza em nós aqui na Terra. Houvesse esse conselho de Maschiach sido seguido e não haveria tanto desvio acerca do que é o evangelho. Infelizmete porém, a doutrina adventista do santuário, primeiro usada para consolar os adventistas acerca da porta fechada aos crentes das outras denominações, uma vez mudada, se tornou na causa de conflitos espirituais graves já que transmite mesmo aos crentes adventistas a incerteza sobre sua vitória. O crente precisa ter certeza de que seu nome está no livro da vida: A Bíblia mostra que a certeza de termos nosso nome escrito no livro da vida não deve ser tratado como um mistério impenetrável. Shaul mostra claramente que os que amam o evangelho e cooperam com aqueles que o proclamam, têm seu nome escrito no livro da vida. Ele desejava ardentemente que a kehilah de Filipos estivesse consciente desse privilégio, a através de seu mensageiro disse: “E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.” (Filipenses 4:3) É bom recordar que este não é o livro da vida dos pecadores, mas o livro da vida do Cordeiro, e que nele estão narrados todos os atos de vitória do Cordeiro, Daniel afirma que os que têm seu nome escrito nesse livro serão vitoriosos. Infelizmente poucos cristãos chegaram a um denominador comum sobre esse assunto. Isso acontece particularmente entre os adventistas que afirmam que é importante “ter os nossos nomes escritos no livro da vida” porque “todos aqueles cujos nomes estão registrados ali serão livrados do poder de Satanás.”138 138 Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1991, pág. 348. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 81 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Mas ao mesmo tempo que Ellen White declarava que todos os que tiverem seu nome no livro da vida seriam livrados do poder de Satán ela retira todo o motivo de gozo presente do crente ao subordinar tanto a inscrição de seu nome no livro da vida como sua permanência ali ao esforço humano. Todos os que entraram para o serviço têm seu nome escrito no livro da vida: Há de se reconhecer que em seus primórdios o adventismo era um movimento destituído da preciosidade do evangelho e que supunha que a salvação resultava dos esforços humanos. Ora se o homem se salva por obras, é lógico pensar que o seu nome é escrito no livro da vida quando começa a trabalhar para o Senhor e é riscado quando esse trabalho cessa. “Quando nos convertemos em filhos de Deus, nossos nomes são escritos no livro da vida do Cordeiro, e ali permanecem até o tempo do juízo investigativo.... Se naquele dia aparece que não nos arrependemos plenamente de todas as nossas más ações, nossos nomes serão riscados do livro da vida.”139 Esta visão legalista é enfatizada na declaração seguinte: “O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o serviço de Deus.”140 “Quando alguém tem pecados que permaneçam nos livros de registro, para os quais não houve arrependimento nem perdão seu nome será omitido do livro da vida.” 141 Dificilmente alguém poderá calcular o dano que tais declarações produzem no coração dos amados de Elohim sugestionados a pensar que tanto a sua entrada no reino de Elohim como a sua permanência depende de suas boas obras. Quantos temores, quantas incertezas e quantas dúvidas acerca da salvação semeadas por uma visão distorcida do caráter imutável de Elohim e da sublimidade da graça. Tudo isso porque a promessa de Maschiach: o que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos,” (Apocalipse 3:5) foi desatendida. 139 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7 A Asociación Casa Editora Sudamericana,Buenos Ayres, 1994, pág. 428. Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, pág. 484. 141 Ellen White, Idem, 486. 140 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 82 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Um crente não pode desprezar o fato de que foi feito mais que vencedor através de Yeshua. Ele deve lembrar que não é possível passar outra vez ao estado de morte, já que é o beneficiário dessa promessa: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entra em condenação, mas passou da morte para a vida.” (Yochanan/Jo 5:24). O que vai a Maschiach de maneira nenhuma será lançado fora: A idéia de que um salvo pode ser finalmente rejeitado porque não se arrependeu de seus pecados contraria frontalmente as promessas incondicionais do Senhor: “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” (Yochanan/Jo 6:37) Trata-se de um tributo prestado ao diabo. A razão é que o próprio arrependimento é dom de Elohim. O plano divino exposto nas Escrituras nega qualquer possibilidade de que um justo venha a cair tão completamente que já não possa ser levantado pela onipotente e amorosa mão de Elohim. Davi declara: “Os passos de um homem bom são confirmados por Yah, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois Yah o sustém com a sua mão. “ (Tehilim/Sl 37:23-24) Como isso difere da declaração abaixo: “Satanás se alegra quando pode induzir as pessoas a seguir idéias errôneas, até que seus nomes são riscados do livro da vida e inscritos entre os nomes dos injustos.”142 Este é um texto perturbador para os adventistas que acreditam na firme eleição e perseverança dos santos. Essa perspectiva é o resultado da doutrina adventista do juízo investigativo que afirma que a salvação de uma pessoa só é definitivamente confirmada quando seu nome passa em revista no tribunal do Céu. Trata-se de uma declaração que nega enfaticamente a promessa de Maschiach e apresenta a Satanás com um ser onipotente e capaz de prevalecer sobre as ovelhas de seu pasto, quando o próprio Senhor declarou acerca de suas ovelhas: “Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.” (Yochanan/Jo 10:29). 142 Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, São Paulo, pág. 320. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 83 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Trabalharam para Elohim e não foram escritos no livro da vida: Mas não se pode ignorar a providência de Elohim dispôs as coisas de tal maneira que os crentes adventistas cujos olhos foram ungidos pelo colírio celestial podem encontrar importantes mananciais de água doce. Estes crentes valem-se da seguinte declaração certamente inspirada no mesmo espírito dos profetas bíblicos: “Muitos que na Terra ocuparam altos cargos como cristãos,... Desejavam realizar alguma grande obra, para que fossem admirados e lisonjeados pelos homens, mas seus nomes não foram inscritos no livro da vida, do Cordeiro. "Não vos conheço", são as tristes palavras que Cristo dirige aos tais. Mas aqueles cuja vida foi aformoseada por pequenos atos de bondade, por ternas palavras de afeição e simpatia, cujo coração fugia das lutas e contendas, que nunca fizeram uma grande obra com o fim de ser louvados pelos homens, esses se acham inscritos no livro da vida do Cordeiro. Embora o mundo os considerasse insignificantes, são aprovados por Deus perante o Universo reunido. Ficam surpresos ao ouvir dos lábios do divino Mestre: "Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mat. 25:34. Signs of the Times, 24 de fevereiro de 1890.”143 Ainda na mesma linha de pensamento a literatura adventista admite que ter o nome escrito no livro da igreja não significa que ele esteja escrito no livro da vida, pois “muitos que se acham destituídos de vida espiritual têm os seus nomes nos registros da igreja, mas não estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.”144 Em vez de arengar contra a segurança da salvação e militarem no campo oposto os adventistas deveriam lembrar que se é verdade que existem “nomes são registrados nos livros da igreja, mas não no livro da vida,” 145 e que “muitos há cujos nomes estão registrados nos livros da igreja, mas não no livro da vida do Cordeiro,”146 então também deve ser verdade as pessoas não são rejeitadas porque pecaram e não se arrependeram, mas por que “seus nomes não foram inscritos no livro da vida, do Cordeiro.” 147 143 Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370. Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira,Tatuí, pág. 45. 145 Ellen White, Mensagens aos Jovens, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 384. 146 Ellen White, Para Conhece-lo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1965, pág. 113. 147 Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370. 144 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 84 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Estes textos produzidos dentro do mais puro espírito da Reforma e escritos em harmonia com aquilo que o Espírito Santo ditou aos profetas seriam suficientes para estabelecer uma teologia sólida e consistente com a Bíblia. Eles colocam de manifesto que o nome dos que se perdem não pode ter sido riscado do livro da vida por uma razão muito simples, porque eles nunca estiveram lá. Infelizmente a literatura adventista está longe de prover subsídios a uma teologia equilibrada se alguém deseja manter a máxima de que tudo ali é inspirado por Elohim. Os textos seguintes não se harmonizam nem mesmo com o pensamento anteriormente expresso, pois declara algo diametralmente oposto: “O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o serviço de Deus.”148 “Quando alguém tem pecados que permaneçam nos livros de registro, para os quais não houve arependimento nem perdão seu nome será omitido do livro da vida,”149 A dinâmica e o perigo da evangelização do medo: Com certeza existe um momento em que as severas ameaças de Elohim devem ser desembainhadas diante do pecador. É o momento em que o pecador ainda não foi convertido. Mas essa não deve ser a tônica diante de pecadores remidos por Maschiach. A meu ver esse é o principal pecado do método evangelizador da Sra. White. Fascinada com o poder que o medo exerce sobre as pessoas, ela declarou que a menos que uma pessoa exerça constante vigilância e cuidado seu nome poderá ser apagado do livro da vida com a mesma facilidade com que foi escrito. “Os nomes de todos os que uma vez se entregaram a Deus são escritos no livro da vida, e seu caráter está agora sendo examinado diante dEle. Anjos de Deus estão avaliando o valor moral. Eles observam o desenvolvimento do caráter nos que vivem agora, para ver se os seus nomes podem ser retidos no livro da vida. ... Os nomes de quem não serão apagados do livro da vida? Só os nomes dos que amaram a Deus com todas as faculdades do seu ser, e o próximo como a si mesmos.”150 148 149 150 Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, pág. 484. Ellen White, Idem, 486. Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 327. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 85 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Que se pode ganhar com isso? Uma kehilah insegura e repleta de crentes débeis que não conhecem a seu Elohim e que vivem atormentados pelo medo da morte repentina, da condenação no juízo e da destruição final junto com todos os diabos. Felizmente para os adventistas evangélicos, esta nota inspiradora de terror para os que não conhecem a graça não é a única. Noutro lugar a Sra. White nutre os crentes com o consolo de que se o nome deles se encontra no livro da vida eles não tem motivo algum para temer, já que seus pecados serão seguramente apagados. “Se vosso nome se acha registrado no livro da vida, do Cordeiro, então tudo está bem convosco. Estejais prontos e ansiosos para confessar vossas faltas e abandoná-las, a fim de que vossos erros e pecados possam ir antecipadamente a juízo, e ser apagados.”151 Confundindo o livro da vida com o livro dos viventes: Não se pode ignorar que os arminianos em geral e os adventistas em particular parecem ter encontrado um gancho para dependurar as suas incertezas, o pedido de Moises ao Senhor: “Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.” A resposta de Elohim: “Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro,” (Shemot/Ex 32:32) tem sido erroneamente empregada como uma indicação de que o nome de uma pessoa pode ser tirado do livro da vida do Cordeiro e ela ser levada da vida para a morte. Mas esse é o resultado de se ignorar o fato de que uma pessoa pode estar inscrita entre os vivos e ainda assim não estar salva. Maschiach disse ao homem que queria tornar-se Seu discípulo: “deixa aos mortos o enterrar os seus mortos,” (Lucas 9:60) e falou ao ministro da kehilah de Sardes: “tens nome de que vives, mas estás morto.” (Apocalipse 3:1) Como ignorar aqui que o Salvador fala de pessoas iníquas, que não obstante estarem inscritos nos livros do Céu entre os que ainda vivem, existem somente para pecar e por isso são entregues a iniqüidades ainda maiores? A oração de Davi, que se tornou também a de Maschiach é: “Acrescenta iniqüidade à iniqüidade deles, e não entrem na tua justiça. Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam inscritos com os justos.” (Tehilim/Sl 69:27 – 28). 151 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 523. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 86 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Uma hermenêutica saudável nos força a admitir que existe o livro dos vivos, cuja página inicial se abre por ocasião do nascimento e cujo relatório final se encerra com a morte. Diferentemente do livro da vida dos justos onde é narrada a vida do Salvador e do qual ninguém jamais foi riscado, o nome do homem pode ser omitido a qualquer momento do livro dos vivos e ele é então entregue à conseqüência natural do pecado que é a destruição física. Jamais deveríamos confundir um livro com o outro. Aquele que crê na eficácia substituta dessa vida pode dizer: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Elohim pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Romanos 5:10). Quanto lucrariam os adventistas se eles se apercebessem que o livro dos vivos nada tem a ver com o livro da vida do cordeiro e que no mesmo dia em que Elohim disse: “aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro,” (Shemot/Ex 32:33), três mil pessoas foram mortas e eliminadas da estatísticas dos filhos de Israel e do próprio livro dos vivos no Céu. Este pensamento pode ser apontado na literatura adventista sob a seguinte declaração: “ O livro a que se faz referencia aqui é o livro de registro do céu, no qual está inscrito cada nome es estão registrado fielmente os atos de todos, seus pecados e sua obediência.”152 Pessoas escritas no livro da vida não serão destruídas: É ponto comum da fé messiânica que aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida devem ser salvos. Esta porém não é a posição única no adventismo. Como já vimos, sobre esse tema reina a mais absoluta das confusões naqueles arraiais. Assim, e lamentavelmente, depois de dizer que o livro referido por Elohim a Moshe é o livro da vida dos pecadores, subitamente os editores adventistas, deixam passar uma declaração atribuída à Sra. White que aquele é o livro da vida eterna. 152 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª, Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág. 428. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 87 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo “Por uma obstinada persistência no pecado se tornam finalmente endurecidos à influencia do Espírito Santo, seus nomes serão no juízo apagados do livro da vida, e eles serão votados à destruição.”153 Estamos diante de um fato que nos obriga a aceitar um texto e rejeitar o outro. Se é verdade que o livro referido por Moshe é o livro onde se registra os pecados de todos os homens, então não pode ser verdade que esse livro é o livro da vida do Cordeiro, já que o livro da vida do Cordeiro é isento do relato de pecados já que Cordeiro de Elohim nunca pecou. Aqueles que insistem em não desconfiar da fidelidade dos depositários da Sra. White são obrigados a admitir que o espírito da coesão esteve longe da pena da escritora e que nada há em sua obra que seja digno da veneração que os adventistas insistem em atribuir-lhe. Esse é um difícil dilema, pois se você não pode confiar nos deposítários precisa checar cada nota atribuída à Sra. White a fim de ilibá-la de rspisanbilidade por suas contradições e por outro lado provar que ela escreveu aqui e não escreveu ali. Por outro lado, se confia nos depositários está obrigado a resolver estas dificuldades. Não é difícil concluir isso quando nos lembramos que em seu nome se declara que “os nomes de todos os Seus estão escritos em Seu livro da vida,” 154 e que todos estes “serão livrados do poder de Satanás,”155 o que concorda completamente com o que Maschiach diz acerca da alegria que o crente deve sentir: “ Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.” (Lucas 10:20) Por outro lado a autora adventista declara que o nome do crente só é realmente configurado no livro da vida depois que ele vence. “Todos quantos haverão de ter por fim os nomes escritos no livro da vida do Cordeiro, lutarão varonilmente as batalhas do Senhor.”156 153 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1976, pág. 335. Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 68. 155 Ellen White, Exaita-io, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 348. 156 Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Sano André, 321. 154 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 88 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Incoerências da doutrina adventista do juízo investigativo: Estes fatos nos forçam a declarar que dificilmente se encontrará no chamado mundo cristão doutrina mais confusa e carente de coesão lógica do que a chamada doutrina do juízo investigativo exposta pela Sra. White ou a ela atribuída. Abaixo listamos algumas das contradições adventistas mais visíveis acerca da doutrina do juízo investigativo: Ela afirma que todos os que tem seu nome no livro da vida serão vitoriosos, mas também diz que muitos serão riscados desse livro e votados à destruição. Diz que todos os que entram para o serviço de Elohim têm seu nome escrito no livro da vida, mas diz também que muitos dos que trabalham para Elohim nunca tiveram seu nome escrito no livro da vida. Diz que o nome de uma pessoa é posto no livro da vida quando ele crê, mas diz também que isso só acontece quando uma pessoa se torna vencedora. Isso nos força a concluir que a doutrina do juízo investigativo adventista se presta praticamente a qualquer tendência religiosa do cristianismo. A razão disso é que ela não é uma doutrina, é um amontoado de posições controversas e indefinidas, é uma mistura de fé e obras, de graça e mérito, de dom e empréstimo, enfim uma verdadeira colcha de retalhos tão confusa em seus padrões que adquire uma cor para cada olho que a contempla. Calvinistas adventistas encontrarão base para a posição de que aqueles cujos nomes foram escritos no livro da vida nunca serão rejeitados e serão infalivelmente salvos. Já os remonstrenses poderão afirmar que ter o nome escrito no livro da vida do Cordeiro não dá garantia de vida eterna a ninguém a menos que essa pessoa permaneça assim até o fim, e sempre haverá dúvida sobre a salvação já que alguém pode não ter tido tempo ou ter sido seduzido por Satanás a não confessar seus últimos pecados e nesse caso ficará sem perdão e será destruído. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 89 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Uma doutrina que anula cada atributo de Elohim: Diferentemente destas teses confusas e desconexas produzidas por autores sem a direção do Espírito e sem compromisso algum com a coerência, Yeshua produziu uma bela doutrina de perseverança dos santos que se choca frontalmente com a idéia de um Elohim confuso que parece não saber o que está fazendo. De fato a conclusão de que o Senhor escreve no livro da vida o nome daqueles que finalmente serão votados à morte, simplesmente para apagá-los depois depõe contra cada atributo de Elohim. A onisciência – Se Elohim sabe todas as coisas não há motivo para que Ele salve, justifique e escreva no livro da vida o nome daqueles que ele sabe que não se salvarão. A Onipotência – Se Elohim é onipotente e tem poder para guardar seu povo de tropeços, não faz sentido que ele permita que Satanás seduza e arraste alguns deles para a perdição. A imutabilidade – Se Elohim é imutável não faz sentido que ele justifique e salve alguém hoje e o condene e destrua amanhã. A justiça: Se Elohim é justo e condenou pecado do crente na pessoa de Yeshua, não faz sentido que ele decida condenar aqueles sobre os quais decidiu não imputar pecado. A graça – Se Elohim salva somente pela graça não faz sentido riscar do livro da vida alguém que morreu antes de poder pedir perdão. A longanimidade – Se Elohim é longânimo para com seu povo, então não faz sentido que ele permita que alguém que eles já justificou morra a morte do ímpio. A misericórdia – Se as misericórdias de Elohim são a causa de não sermos consumidos, não faz sentido que essa misericórdia nos falte porque nos esquecemos de confesar um pecado quando no Gólgota o Filho disse: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 90 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo A doutrina da perseverança dos santos faz parte da mensagem de nosso Adon Yeshua. Ele mesmo diz: “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida.” (Apocalipse 3:5) A ruach ha kodesh falou a Seu povo: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Yeshua Ha Maschiach.” (Romanos 8:1). Rejeitamos qualquer espírito que proclame a possibilidade, ainda que mais remota de um salvo vir a perder-se ou de um justificado vir a ser condenado. “Porque todo o que é nascido de Elohim vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.” (1 Yochana/Jo 5:4). Não existe hipótese de que os que nasceram de Elohim sejam derrotados. É certo que, enquanto nesse mundo, teremos lutas para travar, mas “em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:37). O valor de ter o nome no livro da vida: A compreensão acerca da importância de nosso nome estar no livro da vida se estabelece por contraste. Se por um lado devemos alegrar-nos não por que os demônios nos obedecem, mas porque nosso nome esteja no livro da vida, pois isso é nossa única garantia de vitória, por outro lado a submissão à besta por parte daqueles cujos nomes não estão no livro da vida do Cordeiro é certa. O vidente de Patmos fala do poder da besta e diz que “adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Apocalipse 13:8). É lamentável que os editores adventistas não manifestem a mínima preocupação em filtrar de seus livros as contradições que expõem a falta de harmonia nos escritos atribuídos a sua principal fonte literária, a Sra. White, o que certamente não contribui para que sua obra seja vista como coerente. Eles tanto deixam passar uma frase que diz que “ninguém tem por que perder-se,” porque “todos foram redimidos,” 157 como uma que declara algo totalmente oposto, a saber, que os que se perderão são justamente aqueles que não foram determinados para a vida: “A grande questão que está tão próxima eliminará aqueles a quem Deus não designou....” 158 157 158 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Buenos Ayres, 1994, Tom 7ª pág. 385 Ellen White, Eventos Finais, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1994, pág. 155, Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 91 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo As Escrituras declaram que quando a besta se levantar “os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá.” (Apocalipse 17:8). As decisões de Elohim com relação a salvação dos homens foram tomadas na eternidade, são fixas e inalteráveis. No final o Rei dirá “aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” (Matytyahú/MT 25:34). Aqueles dentre o adventismo que professam uma fé calvinista lembram que sua escritora não só falou que Elohim eliminaria aqueles que Ele não designou como também que acrescentaria à kehilah aqueles judeus que foram antecipadamente designados para a salvação. “Haverá muitos conversos entre os judeus, e esses conversos ajudarão a preparar o caminho do Senhor, e fazer no deserto caminho direito para o nosso Deus... Nascerá uma nação em um dia. Como? Por homens que Deus designou se converterem à verdade.” 159 Trata-se de uma nota claramente harmoniosa com a Palavra, pois mostra que Elohim não vai simplesmente encher o vagão da salvação destinado aos judeus com qualquer israelita, mas com uma nação de homens designados para abraçarem a verdade. Shaul fez questão de informar a kehilah que ela precisava ter em mente um fato, o endurecimento de Israel contra Elohim tinha um propósito definido, a salvação dos gentios e era limitada até ao tempo da restauração de todas as coisas. “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades.” (Romanos 11:25-26) 159 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 579. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 92 Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo Descrevendo as cenas do juízo final, quando a vasta multidão de justos e ímpios se congregarem diante de Elohim e de seu trono, o apóstolo Yochana/Jo viu que “aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.” (Apocalipse 20:15). O reino de Elohim foi preparado para os herdeiros da vida eterna. Na cidade santa “não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.” (Apocalipse 21:27). Do farolete para o farol: Que pode fazer o adventista amante da verdade e da coerência? Voltar-se para a doutrina do Salvador abandonando faroletes cuja luz difusa em todas as direções mais atrapalham do que ajudam a caminhada cristã. É fato corrente entre os adventistas que a Sra. White declarou sua obra, pomposamente chamava de Testemunhos do Espírito de Profecia, uma luz menor para guiar a Bíblia como a luz maior. Se entendo bem a ilustração posso comparar a necessidade de seus livros à necessidade de uma lanterna de pilhas na mão de um homem que se encontra do lado oposto de uma montanha onde está localizado um farol. Enquanto ele está subindo a montanha sua lanterna pode ser útil para evitar um desastre na noite escura como breu, mas uma vez descendo o outro lado, quando os raios brilhantes de um holofote já incidem sobre seu caminho o manter a lanterna acesa seria um capricho desnecessário. É isso o que os adventistas deveriam entender. Jamais uma lanterna pode iluminar um farol, e uma pessoa sensata apagará a lanterna diante do brilho do mesmo. O problema da maioria deles, especialmente os da plebe, já que os clérigos à muito decidiram estabelecer sua própria teologia desvinculada das proibições e permissões simultâneas e das afirmações e negações dos mesmos fatos. FIM Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br