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Erico Verissimo
Memorial
Erico Verissimo
Memorial Erico Verissimo
Memorial Erico Verissimo
2013
Multimeio Editora
Ficha Técnica
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Tarso Genro – Governador
Beto Grill – Vice-Governador
Luiz Antonio de Assis Brasil – Secretário da Cultura
Caleb de Oliveira – Secretário de Infraestrutura e Logística
Curadoria
Waldemar Torres
Grupo CEEE
Sérgio Souza Dias – Diretor-Presidente
Rubem Cima – Diretor de Distribuição
Carlos Ronaldo Vieira Fernandes – Diretor de Geração
Gilberto Silva da Silveira – Diretor de Transmissão
Halikan Daniel Dias – Diretor Administrativo
Gerson Carrion de Oliveira – Diretor Financeiro
Luiz Antonio Tirello – Diretor de Planejamento
e Projetos Especiais
Coordenação de Produção
Ana Helena Rilho
Coordenação de Conteúdo
Marcia Ivana de Lima e Silva
Arquitetura - Cenografia – Concepção – Coordenação Técnica
CRIAFORMA
Consultoria Arquitetura
Viviane Villas Boas Maglia
MEMORIAL ERICO VERISSIMO
Expografia
Vinício Giacomelli
Iniciativa e Coordenação Geral
Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
Conservação de Acervo
Oficina de Restauro Livro&Arte
Equipe Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
Regina Leitão Ungaretti
Sabrina Lindemann
Gustavo Oliveira Zandonai
Veronica Fernandez Mattos da Silva
Francisco Pimentel
Lina Ester Barbosa Ribeiro Salini
Mariana Froner Bicca
Marlene Iankoski da Silva
Rozely Conceição da Silva
Carlos Alberto Godolphim Santarem
Sistema Acervo online
Openbit
Planejamento, Comunicação e Produção Cultural
BACKSTAGE
Equipe Backstage
André Hartmann Uberti
Daniela Maciel
Gilberto Melo
Luiza Torelly Filippi
Luana Collatto
Multimídia e Som
Marcelo Monegal e Start
Fotos
Leonid Streliaev
ALEV
Acervo Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
Digitalização de Acervo
Clleber Passus
Assessoria de Imprensa
Coordenadoria de Comunicação do Grupo CEEE
Neiva Mello
Agradecimentos
Adriano Araújo da Silva, Alice Urbim, Beto Rodrigues,
Cláudio Soares dos Santos, Cristina Volz Pereira, Familia
Verissimo, Fernando Ochoa, Flávio Loureiro Chaves,
Jaísa Olsefer, Maria da Glória Bordini, Maria Hortência
Lima, Nayr Tesser, RBS TV, TV COM, Waldir da Silveira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M533
Catálogo.
ISBN 978-85-67453-01-9
Catálogo Memorial Erico Verissimo
1. Museus 2. Exposições permanentes 3. Literatura Brasileira
4. Biografia 5. Escritores – Rio Grande do Sul 6. Veríssimo,
Erico (1905-1975) I. Rilho, Ana Helena Diniz Soares. II. Lima e
Silva, Marcia Ivana de. III. Ungaretti, Regina Leitão.
Organização
Ana Helena Diniz Soares Rilho, Marcia Ivana de Lima e
Silva, Regina Leitão Ungaretti
CDU 069.02:929(816.5)
Capa* e Projeto Gráfico
André Hartmann Uberti | Backstage
Bibliotecário Responsável: Rodrigo Costa Barboza, CRB-10/1694
* Ilustração da Capa - Autorretrato de Erico Verissimo
Porto Alegre, setembro de 2013.
Patrocínio
Apoio
Memorial Erico Verissimo / Organização de Ana Helena Diniz
Soares Rilho, Marcia Ivana de Lima e Silva e Regina Leitão
Ungaretti – Porto Alegre : Backstage, 2014.
84 p. : il. col.
Financiamento
I
niciando nova década do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, o Grupo CEEE tem a honra de concretizar o ideal
de criação deste espaço. Abrigar acervos do escritor que empresta seu nome ao local é dar um passo importante
para a difusão de nosso patrimônio intelectual. É presentear as novas gerações com a possibilidade de conhecer
de perto a vida e a obra de um dos homens mais importantes do Rio Grande, que soube de forma brilhante retratar
em seus livros valores humanos e momentos significativos da nossa história.
Reconhecer um dos maiores escritores brasileiros, preservar sua memória e disponibilizar a todos os públicos
acesso aos documentos tão bem colecionados por Mario de Almeida Lima e Flávio Loureiro Chaves é contribuir para
o desenvolvimento sustentável do Estado. Além de gerar, transmitir e distribuir energia, o Grupo CEEE mais uma vez
reafirma seu compromisso com a cultura enquanto responsabilidade social.
O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo abre suas portas, nesta primavera de 2013, como a Casa de Erico Verissimo,
na cidade escolhida pelo escritor para viver, trabalhar e construir sua identidade intelectual. É com orgulho que o
Grupo CEEE, em parceria com a Gerdau, apresenta o MEMORIAL ERICO VERISSIMO, tornando este espaço referência
para a literatura brasileira.
Sérgio Souza Dias
Presidente do Grupo CEEE
A
criação de um Memorial para o escritor Erico Verissimo, pelo Grupo CEEE e pelo Centro Cultural CEEE Erico
Verissimo, é uma iniciativa das mais relevantes para a sociedade brasileira e para a literatura mundial.
A Gerdau atendeu de imediato o convite para contribuir com essa importante realização.
Registramos os nossos cumprimentos aos idealizadores desse trabalho e a todos os demais envolvidos, em especial
pela oportunidade de aquisição dos preciosos acervos de Erico Verissimo, em posse de Mario de Almeida Lima e de
Flávio Loureiro Chaves. Nosso entendimento é de que o Memorial será uma referência para o Brasil e para o registro
permanente de uma das mais importantes obras da literatura.
Erico Verissimo já dizia: “Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente”. Disseminar
o seu legado por meio deste Memorial, abrigado pelo Centro Cultural que leva o seu nome, é uma dessas certezas.
Nossa empresa, que também nasceu no Rio Grande do Sul há mais de um século, homenageia Erico Verissimo, seu
filho Luis Fernando Verissimo e Família.
Os acervos encontraram o seu melhor abrigo. Todos terão no Memorial Erico Verissimo um espaço inspirador para
novos conhecimentos sobre a vida e a obra deste importante escritor.
Jorge Gerdau Johannpeter
Presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau
Sumário
Memorial Erico Verissimo
15
Parecer do Conselho Estadual de Cultura do RS
17
Os Caminhos Cruzados de Erico Verissimo
19
Cronologia
23
Acervo Erico Verissimo
35
Fantoches
50
O Senhor Embaixador
52
Incidente em Antares
54
O Tempo e o Vento
58
Noite
66
Solo de Clarineta
70
Infanto-Juvenil
72
Espaços Expositivos
75
Memorial Erico Verissimo
O
que faz com que um escritor vire memória? Sua obra? Suas ideias? Sua figura humana? Os relacionamentos
que estabeleceu em vida? Seus amigos? A crítica (des)favorável? Qual a importância de preservar a memória
de Erico Verissimo?
Memória é mais que história, é cultura, é um dos elementos que nos garantem humanidade. Erico Verissimo merece
um memorial porque muito mais que as obras que escreveu, possibilitou o diálogo autor-leitor que construiu o
universo de signos e representações com o qual seus leitores se identificam. Teve imaginação e gentileza para registrar
a história de seu povo; valorizou a coragem de homens e mulheres que com seu trabalho e sua cultura povoaram
um território agreste; destacou a universalidade gaúcha, honrando nossas origens humildes, mas livres; deu voz a
mulheres da estirpe de Ana Terra, Bibiana e Maria Valéria, mas também soube cantar a doçura de Olívia, capaz de compreender placidamente o homem amado, ou de nos encantar com a ingenuidade e a dor de Clarissa ao descobrir que
o mundo real não é o imaginado. Soube utilizar a palavra como instrumento de paz e liberdade, posicionando-se politicamente sem erguer bandeiras gastas, nem ser panfletário; deixou que suas personagens o conduzissem pela mão e
o levassem até seu público estabelecendo diálogo de confiança e crítica tanto no que foi escrito, quanto no que é lido.
Como se permitir esquecer ou (o que é pior) não conhecer a obra deste homem que está na lembrança dos que com
ele conviveram, nas linhas que desenhou, nos textos que escreveu?
Pensamos cultura como o conjunto de conhecimentos construídos por gerações que expressa sentido de pertencimento, marcado pelas formas de viver e compreender o mundo, por suas representações e valores. Deste modo, estamos falando também em identidade. O sentido de identidade reside na compreensão da memória como fenômeno
histórico, coletivo e social. Memória não é apenas passado, mas sentimento de continuidade e de percepção de si
mesmo e, sobretudo, do coletivo do qual se é parte.
Com esta condição, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo cumpre sua missão original de preservar a memória do escritor,
criando o Memorial Erico Verissimo. Sua vida e sua obra tornaram-se herança com a qual nos identificamos e estabelecemos,
em via de mão dupla, relação de pertencimento: em alguns momentos somos parte de sua obra e experiência, em outros elas
nos pertencem como patrimônio. De fato, enquanto coletividade, a memória nos permite tomar consciência do presente e, ainda, projetar perspectivas futuras a partir de elos individuais e coletivos que dão sentido a acontecimentos e experiências atuais.
Criar este espaço é atender ao anseio social de guardar e difundir a memória do Contador de Histórias que nos
deixou, como legado, histórias. Histórias que ele mesmo criou, histórias de outros autores, histórias que ele traduziu,
histórias que ele vivenciou em suas andanças pelo mundo, histórias que são sua própria história e também nossa.
Memorial Erico Verissimo
17
O conteúdo de seus livros revela não só o imaginário de enredos e personagens, mas a sua forma particular de ver a
vida, seu prazer em vivê-la, sua dignidade literária.
Os acervos de Mario de Almeida Lima e Flávio Loureiro Chaves, amigos do escritor, deram origem ao Memorial
Erico Verissimo. Idealizado pelo Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, foi concretizado pela Backstage por meio de
projeto apresentado ao Pró-cultura RS, aprovado por unanimidade pelo Conselho Estadual de Cultura. A parceria e o
financiamento do Grupo CEEE e da Gerdau tornaram possível sua realização que se caracteriza pela aquisição, zelo e
guarda, exposição e acessibilidade a originais de livros, anotações, desenhos, projetos, primeiras edições, fotografias,
fortuna crítica, entre outros.
Com o Memorial, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo torna-se referência em formação, preservação e difusão do
acervo bibliográfico e documental da vida e da obra do escritor. Para isso, oferece dois ambientes situados no terceiro
e sexto andares, ambos para visitação pública. O terceiro andar apresenta exposição de caráter didático e interativo
para um primeiro encontro ou reencontro com Erico. No sexto andar, na Biblioteca O Continente, são exibidos os
documentos originais, as primeiras edições e toda a obra do autor num espaço confortável propício aos que querem
dedicar algum tempo a uma leitura mais atenta ou ao trabalho de pesquisa, consulta a livros e documentos. O acervo
ainda recebeu tratamento digital para que possa ser acessado virtualmente.
Em 1966, em entrevista a Revista Realidade, Erico declarou que não lhe agradava a ideia de um escritor ser tratado
como assunto e não como pessoa. Horrorizava-lhe a possibilidade de ser transformado em medalhão, ser estátua,
nome de praça ou rua, afirmou não ter apreço por títulos ou condecorações, mas que lhe entristecia a solidão e o
anonimato. “O que desejo, isso sim, são leitores, e amigos, amigos e mais amigos[…].”
O Memorial Erico Verissimo é uma homenagem a este querido contador de histórias interessado nas pessoas e nos
problemas humanos que, a partir de sua experiência e legado nos proporciona, mesmo após mais de 30 anos de
ausência, atualidade no seu olhar sobre a vida e sobre o homem.
Este espaço tem o objetivo de ser um ponto de encontro para os leitores e amigos de Erico Verissimo; para que seu
solo de clarineta componha com outros instrumentos e vozes muitas sinfonias.
Regina Leitão Ungaretti
Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
18
Parecer do Conselho
Estadual de Cultura do RS
O
Projeto Cultural “Memorial Erico Verissimo” foi apresentado à Secretaria da Cultura do Estado do Rio
Grande do Sul e ao Conselho Estadual de Cultura, para captação de recursos através da Lei de Incentivo
Estadual, a LIC – Pró-Cultura. A aprovação por ambos os órgãos e o acolhimento, por unanimidade pelo
Conselho Estadual de Cultura, demonstra a relevância e o reconhecimento da construção do Memorial e da preservação dos documentos de Erico Verissimo. A importância do trabalho do Conselho Estadual de Cultura, para viabilizar
o Memorial Erico Verissimo, pode ser vista através do parecer reproduzido parcialmente a seguir:
[...]
É oportuno destacar, quando analisamos a viabilidade deste projeto, o quanto um Memorial da natureza do que
está sendo idealizado, se existisse, por exemplo, para destacar a vida e obra de Simões Lopes Neto, teria auxiliado e
motivado Erico em sua tarefa gigantesca de pesquisador da nossa História, das nossas lendas, dos nossos costumes.
Mas não só na obra, como na vida, é necessário recordar a fidelidade do escritor gaúcho com o Rio Grande do
Sul, especialmente com Porto Alegre. Numa época de comunicações restritas, em que o Rio de Janeiro atraía os
candidatos a escritores como mariposas em busca da luz, Erico Verissimo lançou âncora em sua própria terra e daqui
iluminou milhões de leitores do Brasil e do mundo. A casa de Erico e Mafalda, no alto Petrópolis, comprada com as
economias dos primeiros direitos autorais, continua sendo a casa de Luis Fernando Verissimo, da sua nora Lúcia e
de seus netos, mantendo a tradição da família de viajar pelo mundo, mas, como transportada por um bumerangue
afetivo, sempre voltar para junto de nós, sempre retornar à querência.
[...]
Vivemos, ao analisar este projeto, um momento semelhante em relação à aquisição, reabilitação, e exposição pública na capital do Rio Grande do Sul deste acervo de Erico Verissimo, que já poderia, por seu imenso valor, estar
exposto em outras terras que não a sua terra natal. Destino já acontecido, infelizmente, com outro acervo
maravilhoso do autor.
Memorial Erico Verissimo
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Talvez este acervo, há tantos anos depositado nas coleções particulares de Flávio Loureiro Chaves e de Mario de
Almeida Lima e seus descendentes (fiéis depositários pela integridade do material que nos é exposto) fique conosco
e nem seja necessário o “bumerangue afetivo” para voltar, o que muito desejamos para o que partiu.
Para tanto, além do mérito cultural deste projeto, somam-se para sua aceitação integral a formatação adequada e
culta, a capacitação de seus proponentes e, principalmente, a vocação do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo em
transformar-se, em plena Rua da Praia, não apenas em um centro de cultura, mas, principalmente, em um verdadeiro
Memorial do nosso mais famoso escritor.
[...]
Porto Alegre, 20 de junho de 2012
Alcy Cheuiche
Conselheiro Relator
Informe: Sessão das 10 horas do dia 20 de junho de 2012.
Presentes: 23 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Ana Méri Zavadil Machado, Isaac Newton Castiel
Menda, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Gilberto Herschdorfer,
Hamilton Braga, Nelson Coelho de Castro, Beatriz Pilla Barcellos, Nicéa Irigaray Brasil, Roque Jacoby, Loma Berenice
Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo, Manoelito Carlos Savaris, Neidmar
Roger Charao Alves, Susana Frohlich, Gisele Pereira Meyer e Walter Galvani da Silveira.
Declaram-se impedido: Maturino Salvador Santos da Luz.
Adendo ao Parecer após a Avaliação Coletiva realizada no dia 28/06/2012.
O Conselho Estadual de Cultura do RS comunica que:
Após análise, este projeto foi considerado prioritário, para captar recursos do Sistema Estadual de Incentivos às
Atividades Culturais de acordo com a Lei 10.846, de 19 de agosto de 1996.
Porto Alegre, 28 de junho de 2012
Walter Galvani da Silveira
Conselheiro Presidente do CEC/RS
20
Os Caminhos Cruzados
de Erico Verissimo
O
CENTRO CULTURAL CEEE ERICO VERISSIMO cumpre missão privilegiada ao abrigar definitivamente em seu
patrimônio os manuscritos, originais, primeiras edições, cartas e grande parte da fortuna crítica do autor de
O Tempo e o Vento e Solo de Clarineta. Este precioso legado está constituído principalmente pelos acervos
de Mario de Almeida Lima e Flávio Loureiro Chaves. Sem que soubéssemos um do outro nos respectivos itinerários
intelectuais, Mario e eu cruzamos algumas décadas guardando, coligindo, pesquisando, enfim preservando os
materiais de Erico Verissimo. Duas cousas tínhamos em comum: a generosa amizade que ele nos proporcionou,
legítimo prêmio da existência; e a certeza de que esta convivência nos aproximava de um grande escritor dentre os
maiores do nosso tempo.
A entidade que ora passa a se responsabilizar pela conservação dos acervos assumiu ao mesmo tempo a tarefa de
promover a publicização dos mesmos. Quer dizer: está ao alcance dos pesquisadores, estudiosos e do público em
geral o acesso a documentos e fontes bibliográficas que muitas vezes permanecem encarcerados e sacralizados na
condição de bens acessíveis apenas aos iniciados. Tenho certeza de que o próprio Erico saudaria com alegria e até
entusiasmo este aspecto amplamente humanista e humanizador, garantido pelo Centro CEEE Erico Verissimo e por
todos aqueles que estiveram de alguma maneira envolvidos no empreendimento.
Permito-me oferecer alguns exemplos (sem qualquer ordem prioritária) da riqueza deste material que se abre ao
conhecimento público. A folha em que o romancista traçou de próprio punho a planta da cidade de Antares e o
mapa onde desenhou a geografia imaginária em que transcorre a ação de O Senhor Embaixador. A carta enviada dos
Estados Unidos expressando sua revolta contra a ditadura militar que atormentou o Brasil ulterior a 1964 e aquela
outra missiva (datada de Paris, 1971) incluindo uma caricatura de Roland Barthes a quem acabara de ser apresentado
na Sorbonne. A edição primeira do livro inaugural, Fantoches (1932), cujas margens foram inteiramente cobertas de
anotações e caricaturas na releitura feita quarenta anos depois, em 1972; e, ao lado do primeiro, os originais do
último livro, aliás inconcluso, as memórias de Solo de Clarineta. Enfim, o inventário das preciosidades ainda poderia
ser muito e muito ampliado em concorrência ao Umberto Eco de A Vertigem das Listas. O que aí fica já propõe ao
leitor aventureiro (ou venturoso) uma viagem ao labirinto da escrita, os caminhos cruzados de um exímio narrador.
Quando se comemorou o centenário de Erico Verissimo, em 17 de dezembro de 2005, O Tempo e o Vento já contava
cinqüenta anos da primeira edição em 1949. Neste meio século uma quantidade impressionante de artigos, ensaios e
teses universitárias deu ao escritor uma fortuna crítica que pode ser equiparada apenas aos acervos de Machado de
Memorial Erico Verissimo
21
Assis, Mario de Andrade e Guimarães Rosa. O último levantamento subia a cerca de mil e trezentos títulos, a maioria
dos quais está disponibilizada a partir de agora no Centro Cultural CEEE. Isto ilumina o lugar distintivo ocupado por
Erico Verissimo na moderna literatura brasileira, aliás assegurado no testemunho de personalidades tão diferenciadas
intelectualmente quanto Antonio Candido e Fábio Lucas, Lygia Fagundes Teles e Jorge Amado. Tudo serve também para
confirmar que só o tempo, aprimorando as avaliações, confere legitimidade aos grandes textos, tornando-os canônicos.
No caso de Erico Verissimo, os últimos anos proporcionaram efetivamente um refinamento da crítica à sua obra
que, até a década de 1970, era provincianamente laudatória ou maliciosamente depreciativa, resguardadas as
raras exceções. Tornou-se possível ver com clareza os vários caminhos que se abriram num conjunto de mais de
quarenta livros. A novela urbana (releia-se O Resto é Silêncio ou Olhai os Lírios do Campo) transformou o cenário
de Porto Alegre em verdadeiro território da ficção. O romance histórico cristalizou-se numa obra canônica da
modernidade: O Tempo e o Vento. As narrativas infantis, seja O Urso com Música na Barriga ou Aventuras do avião
vermelho, vem sendo relidas, assim como os livros de viagem continuam a ser traduzidos em vários idiomas. Enfim,
os romances mais acentuadamente políticos, como O Prisioneiro, desenham uma alegoria do mundo invadido pelas
tiranias totalitárias.
Existe entretanto uma unidade, fazendo a solda dessas múltiplas perspectivas que atribuem uma diversidade
verdadeiramente impressionante ao legado intelectual de Erico Verissimo. Em primeiro lugar é preciso ver que ele
possuía um projeto pelo qual se orientava. Num prefácio a Caminhos Cruzados afirmou tratar-se do “corte transversal duma sociedade”. Sua literatura estabeleceu um compromisso com a História no período que vai de 1930
até 1975, ano da morte do escritor. Isso explica a crítica social predominante nos primeiros romances. Explica
sobretudo a abrangência de O Tempo e o Vento, onde o narrador observa os primórdios da sociedade brasileira no
extremo meridional do país, representando-a na família Terra/Cambará e na cidade de Santa Fé, para finalmente refluir
no século 20, quando o legado dos fundadores degrada-se já em vilania e corrupção. É o que se lê nos últimos
volumes de O Arquipélago como espelho da nossa formação política e, mais tarde, na fábula macabra do Incidente
em Antares, quando os mortos voltam à cidade para julgar os vivos, aqueles que estão moralmente mortos. Aqui
a literatura é pois uma literatura realista. E esta não se esgota na simples representação da realidade que lhe deu
origem. Sua missão precípua é subvertê-la nas imagens da ficção.
As personagens de Erico Verissimo por vezes expressam forças destrutivas, caso dos guerreiros como o Capitão Rodrigo
e o velho Licurgo Cambará sempre engolfados nos combates que fazem do Continente uma fronteira de sangue.
Entretanto, no outro extremo, estão as mulheres - Ana Terra, Bibiana, Maria Valéria (ou Fernanda e Olívia, se voltarmos
aos romances iniciais). Nelas reside uma força vertical, traduzida como resistência, perseverança, coragem moral. Entre
os dois pólos o narrador não vacila ao transformar a História num embate entre as forças decisivas da existência: “elas
eram o chão firme que os heróis pisavam”. O Tempo e o Vento não pode ser uma epopéia; é, pelo contrário, a visão
humanista de Erico Verissimo. Na tensa dialética entre a História e a Literatura, as personagens imaginárias assinalam
o triunfo da ficção. De Clarissa à última página de O Arquipélago, esta concepção não admitiu fissuras.
22
Erico Verissimo ofereceu, assim, o modelo do romance histórico à literatura brasileira moderna, cumprindo um
projeto que, embora não se restrinja a O Tempo e o Vento, vai encontrar aí sua expressão paradigmática.
Devemos recordar, ainda uma vez, o ano de 1949 em que surgiu o primeiro volume dessa obra cujas duas mil páginas
só se completariam em 1962. Pode-se tomar essas datas como parâmetros de um quadro mais amplo. A ficção latino-americana atingia um momento áureo, levando o crítico Otto Maria Carpeaux a declarar que nela residia então “a
consciência do mundo”. Ainda em 1949, o escritor cubano Alejo Carpentier publica O reino deste mundo, resgatando
os mitos do Caribe. Um pouco antes surgira O Senhor Presidente de Miguel Angel Astúrias. Sucedem-se: no México, O
planalto em chamas (1953) de Juan Rulfo e A morte de Artemio Cruz (1962) de Carlos Fuentes; no Peru, A casa verde
(1966) de Vargas Llosa; na Colômbia, Cem anos de solidão de Gabriel García Márquez. Em 1960, o paraguaio Augusto
Roa Bastos apresentara Filho de homem. A lista pode ser ampliada, mas bastam estas menções para concluir que,
em qualquer dos casos, o cruzamento entre a crônica histórica e a representação imaginária constitui um foco
decisivo da literatura contemporânea. Erico Verissimo e sua obra estão inseridos nesta nobre linhagem na qual os
grandes romancistas buscaram a decifração da História, a história do homem.
O acervo do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo que ora se abre ao público é uma base sólida para ampliar a
investigação desta obra literária desafiadora na multiplicidade dos seus caminhos e decisiva na aquisição da
identidade cultural brasileira no cenário da universalidade.
Flávio Loureiro Chaves
Memorial Erico Verissimo
23
Acima:
Cartão de Erico Verissimo
para Flávio Loureiro Chaves
24
Cronologia
no mundo
1905
Auge da Belle Époque na Europa, principalmente
na França, período de cultura cosmopolita que
vai até a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
1906
Acordo do café em Taubaté, SP.
1907
Conferência de Haya com participação de Ruy
Barbosa.
1910
Campanha civilista e Revolta da Chibata.
1912
Declínio da borracha no Norte.
1914
Início da Primeira Guerra Mundial.
na vida de Erico
1905
Erico Verissimo nasce em Cruz Alta em 17 de
dezembro. Filho de Abegahy Lopes Verissimo e
Sebastião Verissimo. Completa a família seu
irmão Enio e irmã adotiva, Maria.
1920
Estuda, em regime de internato, no Colégio
Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre.
1922
Seus pais separam-se em dezembro. A mãe e os
irmãos vão morar na casa da avó materna. Para
ajudar no orçamento doméstico, Erico torna-se
balconista no armazém do tio Americano Lopes.
Os tempos difíceis não o separam dos livros: lê,
faz traduções de trechos de escritores ingleses e
franceses e começa a escrever, escondido, seus
primeiros textos. Vai trabalhar no Banco Nacional
do Comércio.
Memorial Erico Verissimo
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no mundo
1915
Assassinato de Pinheiro Machado; Guerra do
Contestado.
1917
Revolução Russa; greves em massa no Brasil.
1918
Fim da Primeira Guerra Mundial.
1922
Semana de Arte Moderna em São Paulo; fundação
do PCB; levante do Forte de Copacabana; início
do Tenentismo.
1924
Levante Tenentista em São Paulo (5 de julho).
1925
Início da Coluna Prestes.
1929
Crise de 1929 ou Grande Depressão inicia nos
EUA, mas atinge países europeus e latino-americanos; formação da Aliança Liberal.
26
na vida de Erico
1924
Mãe e filhos mudam-se para Porto Alegre.
Infelizmente a mudança não dá certo e a família
retorna a Cruz Alta.
1925
Erico volta a trabalhar no Banco do Comércio,
como chefe da Carteira de Descontos. Toma
gosto pela música clássica erudita, que passa
a ouvir na casa de seus tios Catarino e Maria
Augusta. Seus primos, Adriana e Rafael, filhos
do casal, seriam os primeiros a ler seus escritos.
1926
Percebendo que a vida de bancário não o satisfaz, mesmo sem muita certeza de sucesso,
aceita a proposta de Lotário Muller, amigo de
seu pai, de tornar-se sócio da Pharmacia Central,
em Cruz Alta.
1927
Além dos afazeres de dono de botica, dá aulas
particulares de literatura e inglês. Começa a
namorar sua vizinha, Mafalda Halfen Volpe, de
15 anos.
no mundo
1930
Revolução de 30 e ascensão de Getúlio Vargas;
Estado Novo.
1932
Revolução Constitucionalista em São Paulo.
1933
Ascensão de António de Oliveira Salazar em Portugal, dando início a um regime autoritário de
direita, conhecido como salazarismo.
1934
Primeira Constituição social do Brasil.
1935
Intentona Comunista.
1936
Início da Guerra Civil Espanhola.
1937
Golpe do Estado Novo.
1939
Fim da Guerra Civil Espanhola; início da Segunda
Guerra Mundial.
na vida de Erico
1929
O mensário “Cruz Alta em Revista” publica
Chico: um conto de Natal. O conto Ladrão de
gado é publicado na “Revista do Globo”, em Porto Alegre. Erico remete a De Souza Júnior, diretor do suplemento literário do Correio do Povo,
o conto A lâmpada mágica, que, publicado, dá
ao autor notoriedade no meio literário local.
1930
Com a falência da farmácia, Erico muda-se para
Porto Alegre disposto a viver de seus escritos.
Passa a conviver com escritores já renomados,
como Mario Quintana, Augusto Meyer, Guilhermino Cesar e outros. No final do ano é contratado para ocupar o cargo de secretário de redação
da Revista do Globo.
1931
Casa-se, em Cruz Alta, com Mafalda Halfen Volpe.
1931
A Seção Editora da Livraria do Globo lança a
primeira tradução de Erico, O sineiro, de Edgar
Wallace. No mesmo ano, traduz desse escritor
O círculo vermelho e A porta das sete chaves.
Memorial Erico Verissimo
27
na vida de Erico
1932
É promovido a Diretor da Revista do Globo,
ocasião em que é convidado por Henrique Bertaso, gerente do departamento editorial da Livraria
do Globo, a atuar naquela seção, indicando livros
para tradução e publicação.
1932
Estréia de Erico com Fantoches, uma coletânea
de histórias em sua maior parte na forma de
peças de teatro. Foram vendidos 400 exemplares dos 1.500 publicados. A sobra, um incêndio
queimou.
1933
Clarissa é lançado com tiragem de 7.000 exemplares. Traduz Contraponto, de Aldous Huxley,
que só seria editado em 1935.
1935
Nasce sua filha Clarissa. Realiza sua primeira
viagem ao Rio de Janeiro (RJ), onde faz contato
com Jorge Amado, Murilo Mendes, Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade,
José Lins do Rego e outros mais. Seu pai falece.
É eleito presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa.
28
1935
Publica a continuação da história de Clarissa
em Música ao Longe, Prêmio Machado de Assis,
da Cia. Editora Nacional. Lança Caminhos
Cruzados. O autor admite a associação desse
romance a Contraponto, de Aldous Huxley, o
que faz com que seja mal recebido pela direita
e atice a curiosidade e a vigilância do Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande
do Sul, que chegou a chamá-lo a depor, sob a
acusação de comunismo. Recebe o Prêmio
Fundação Graça Aranha por este romance.
1936
Nasce seu filho Luis Fernando.
1936
As principais personagens de Música ao Longe e
de Contraponto reaparecem em Um Lugar ao Sol.
Lança a revista A novela, que oferecia textos canônicos ao lado de outros, de puro entretenimento.
1938
Publica Olhai os Lírios do Campo, um de seus
maiores sucessos editoriais e de tradução.
no mundo
1942
Brasil na Segunda Guerra Mundial.
1945
Fim da Segunda Guerra Mundial; início da
Guerra Fria; cai Getúlio Vargas.
1946
Nova Constituição; Gaspar Dutra presidente.
1949
Fim da Guerra Civil Chinesa, fundação da
República Popular da China, dando início à
ditadura comunista.
1950
Recrudesce a Guerra Fria, devido à Guerra da
Coréia; Getúlio Vargas é eleito e volta ao Palácio
do Catete.
1952
Anúncio pela Comissão de Energia Atômica
dos EUA de que a Bomba H está pronta para
ser usada.
1953
Criação da PETROBRÁS.
na vida de Erico
1935 a 1939
Erico publica histórias para crianças e jovens,
coincidindo com a infância de seus filhos.
Literatura Infanto-Juvenil
A Vida de Joana D’Arc – 1935
As Aventuras do Avião Vermelho – 1936
Os Três Porquinhos Pobres – 1936
Rosa Maria no Castelo Encantado – 1936
Meu ABC – 1936
As Aventuras de Tibicuera – 1937
O Urso com Música na Barriga – 1938
A Vida do Elefante Basílio – 1939
Outra Vez os Três Porquinhos – 1939
Viagem à Aurora do Mundo – 1939
Aventuras no Mundo da Higiene – 1939
1936
Cria o programa de auditório para crianças,
Clube dos três porquinhos, na Rádio Farroupilha, a pedido de Arnaldo Balvé. Dessa idéia
surge a Coleção Nanquinote, com os livros Os
Três Porquinhos Pobres, Rosa Maria no Castelo
Encantado e Meu ABC. O DIP, Departamento de
Imprensa e Propaganda do Estado Novo, exige
que o autor submeta previamente àquele órgão as histórias apresentadas no programa de
rádio por ele criado. Resistindo à censura prévia,
encerra o programa em 1937. Outra reação ao
Memorial Erico Verissimo
29
na vida de Erico
nacionalismo ufanista da ditadura Vargas se faz
sentir na versão paradidática da história do
Brasil em As Aventuras de Tibicuera.
1939
Erico passa a dedicar a maior parte de seu
tempo ao departamento editorial da Globo.
Em companhia dos amigos Henrique Bertaso e
Maurício Rosenblatt, é responsável pelo sucesso estrondoso de coleções como Nobel e Biblioteca dos Séculos, nas quais eram encontradas
traduções de textos de Virginia Woolf, Thomas
Mann, Balzac e Proust.
1940
A publicação de Saga proporciona a Erico a primeira noite de autógrafos na Livraria Saraiva
em São Paulo. Traduz Ratos e homens, de John
Steinbeck; Adeus Mr. Chips e Não estamos sós,
de James Hilton; Felicidade e O meu primeiro
baile, de Katherine Mansfield.
1941
Publica Gato Preto em Campo de Neve, a partir
da experiência norte-americana.
1941
Erico passa três meses nos Estados Unidos, a
convite do Departamento de Estado americano,
proferindo conferências. As impressões des-
30
sa temporada estão em seu livro Gato Preto em
Campo de Neve. Ele e seu irmão Enio são testemunhas de um suicídio quando conversavam na
praça da Alfândega, em Porto Alegre: uma mulher
se atira do alto de um edifício. Esse acontecimento
é aproveitado em seu livro O Resto é Silêncio.
1942
A censura no Estado Novo continuava atenta. A
Globo cria a Editora Meridiano, uma subsidiária
secreta para lançar obras que pudessem desagradar o governo.
1942
Erico lança a coletânea de contos As Mãos de
meu Filho, pela editora Meridiano.
1943
Temendo que a ditadura Vargas viesse a causar-lhe
danos e à sua família, Erico aceita o convite para
lecionar Literatura Brasileira na Universidade
da Califórnia, feito pelo Departamento de
Estado americano. Muda-se para Berkley com
toda a família.
1943
É editado O Resto é Silêncio, romance em que
Erico parte da tragédia presenciada com o
irmão para criar a história de Tônio Santiago.
no mundo
1954
Suicídio de Getúlio Vargas; Café Filho torna-se
presidente.
1955
na vida de Erico
1944
O Mills College, de Oakland, Califórnia, onde
dava aulas de Literatura e História do Brasil,
confere a Erico o título de doutor Honoris Causa.
Eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira;
Pacto de Varsóvia, unificando as nações do
bloco oriental; União Soviética confirma ter
também a Bomba H.
1945
1956
É publicado nos Estados Unidos da América
Brazilian Literature an Outline, baseado em
palestras e cursos ministrados durante a estada
de Erico na Califórnia. No Brasil, sai em 1995, com
o título Breve História da Literatura Brasileira.
Assume JK sob o signo do desenvolvimento e
do Plano de Metas “50 anos em 5”.
1959
Fulgêncio Batista é deposto em Cuba, dando
início à ditadura comunista totalitária, liderada
por Fidel Castro.
1960
Fundação de Brasília, transferindo-se a Capital
brasileira do Rio de Janeiro.
1961
Jânio Quadros é eleito presidente, mas renuncia
com 7 meses de mandato; Campanha da Legalidade; Emenda Parlamentarista para possibilitar
a posse de João Goulart, vice-presidente; cons-
Erico faz conferências em diversos estados
americanos. Retorna ao Brasil.
1945
1946
Erico escreve A Volta do Gato Preto, mais reflexões
sobre sua passagem pelos EUA.
1947
Inicia a escritura de O tempo e o vento. Previsto
para ter um só volume, acabou ultrapassando
as 2.200 páginas, sob a forma de trilogia, consumindo 15 anos de trabalho. É feita a primeira
adaptação para o cinema de uma obra de autoria de Erico: Mirad los lírios del campo, produção argentina, dirigida por Ernesto Arancibia.
Memorial Erico Verissimo
31
na vida de Erico
1947
Traduz Mas não se mata cavalo, de Horace McCoy.
1948
Dedica-se a ordenar as anotações que vinha
guardando há tempos e dar forma ao romance
O Continente.
1949
Erico coordena a comitiva que recebe o escritor
franco-argelino Albert Camus, em sua passagem
por Porto Alegre.
1949
Erico lança O Continente, primeira parte da
trilogia O tempo e o vento, muito bem recebido
pela crítica.
1951
Erico lança O Retrato, segunda parte da trilogia
O tempo e o vento.
1953
Erico assume, a convite do governo brasileiro, em
Washington, EUA, a direção do Departamento de
Assuntos Culturais da União Pan-Americana, na
Secretaria da Organização dos Estados Americanos, substituindo Alceu Amoroso Lima.
32
1954
É agraciado com o prêmio Machado de Assis,
concedido pela Academia Brasileira de Letras,
pelo conjunto de sua obra. Visita diversos países
da América Latina, proferindo palestras e conferências, face às funções assumidas junto à OEA.
1954
Publica Noite, novela que não agrada o público,
que esperava a conclusão da trilogia.
1956
A família Verissimo volta ao Brasil. Sua filha
Clarissa casa-se com David Jaffe e vai morar
nos Estados Unidos. Dessa união nasceram
seus netos Michael, Paul e Eddie.
1956
É lançada a coletânea Gente e Bichos, reunindo
seus textos para crianças.
1957
Sai México, impressões de sua viagem a este país.
1958
Começa a escrever O Arquipélago, terceiro livro
da trilogia O tempo e o vento.
no mundo
trução do Muro de Berlim, na Alemanha; o russo
Iuri Gagárin é o primeiro homem no espaço.
1962
Transformação do Acre em estado do Brasil.
1963
Assassinato de John Fitzgerald Kennedy, presidente dos EUA, em Dallas, Texas.
1964
Golpe militar e queda de João Goulart; general
Castelo Branco na presidência do Brasil e início
da Era dos Atos Institucionais.
1965
Primeiras forças de combate, enviadas pelos
EUA ao Vietnam do Sul.
1967
Nova Constituição e ascensão do general Costa
e Silva.
1968
AI5, Co ngresso Nacional fechado e início do arbítrio político; assassinato de Martin Luther King,
em Memphis, nos EUA; Maio de 68 na França.
na vida de Erico
1959
Acompanhado de sua mulher e do filho Luis
Fernando, Erico faz sua primeira viagem à Europa. Expõe sua defesa à democracia em palestras proferidas em Portugal e entra em choque
com a ditadura salazarista. Passa uma temporada na casa de sua filha, em Washington, EUA.
1959
É publicado O Ataque, que reúne três contos:
Sonata, Esquilos de outono e A ponte, além de
um capítulo inédito de O Arquipélago.
1961
Erico sofre o primeiro infarto do miocárdio.
Após dois meses de repouso absoluto, volta aos
Estados Unidos com sua esposa.
1961
Sai o primeiro tomo de O Arquipélago, última
parte da trilogia O tempo e o vento.
1962
O casal Verissimo visita França, Itália e Grécia.
1962
O último tomo de O Arquipélago é publicado,
concluindo o projeto de O tempo e o vento.
O volume é considerado uma obra-prima.
Memorial Erico Verissimo
33
na vida de Erico
1963
Morre sua mãe, D.Bega.
1964
Seu filho Luis Fernando casa-se com Lúcia Helena
Massa, no Rio de Janeiro, cidade para a qual ele
se mudara em 1962. Dessa união nasceram
Fernanda, Mariana e Pedro. Erico insurge-se
contra o golpe militar e dirige manifesto a seus
leitores em defesa das instituições democráticas. Recebe o título de Cidadão de Porto Alegre,
conferido pela Câmara de Vereadores.
1965
1966
A Editora José Aguilar, do Rio de Janeiro,
publica, em cinco volumes, o conjunto de sua
ficção completa, do qual faz parte uma pequena autobiografia do autor, sob o título O Escritor
diante do Espelho.
1967
Estréia na TV Excelsior O tempo e o vento, sob a
direção de Dionísio Azevedo, com adaptação de
Teixeira Filho.
1967
O casal volta aos Estados Unidos para temporada
com a filha e os netos.
A partir da temática da intervenção norteamericana nos países asiáticos, Erico publica
O Prisioneiro.
1965
1968
1966
1969
Aproveitando sua experiência no mundo
diplomático, Erico escreve O Senhor Embaixador,
que ganha o Prêmio Jabuti, categoria Romance,
da Câmara Brasileira de Livros.
A convite do governo de Israel, Erico visita aquele
país. Vai aos Estados Unidos, mais uma vez,
visitar seus familiares.
Erico é agraciado com o prêmio Intelectual do
ano, Troféu Juca Pato, em concurso promovido
pela Folha de São Paulo e pela União Brasileira
de Escritores.
A casa onde Erico nasceu, em Cruz Alta, é transformada em Museu Casa de Erico Verissimo.
1969
Encantado com a visita à Israel, Erico lança
Israel em Abril.
34
no mundo
1969
na vida de Erico
General Emilio Médici na presidência; o
norte-americano Neil Armstrong é o primeiro
homem a pisar na Lua.
1971
1970
1972
Década marcada pelos movimentos de independência dos países africanos; Brasil vive
“Milagre Econômico”.
1973
Início da crise do petróleo no mundo; golpe militar no Chile depõe Salvador Allende, entra Augusto Pinochet; fim da Guerra do Vietnam, com
derrota dos EUA.
1974
Revolução dos Cravos, fim do regime totalitário
salazarista; sai general Médici e entra general
Ernesto Geisel na presidência do Brasil; renúncia
de Richard Nixon da presidência dos EUA, em
função do escândalo de Watergate.
1975
O diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir
Herzog, detido oito dias antes, é assassinado
por enforcamento na sede do DOI-CODI, em São
Paulo; Tentativa de golpe de estado em Portugal por parte da esquerda política; Timor-Leste
declara a independência.
Erico publica Incidente em Antares, sem submeter os originais à censura prévia.
Escreve Um Certo Henrique Bertaso, biografia
sobre o fundador da Editora Globo.
1972
Comemorando os 40 anos de lançamento de
seu primeiro livro, relança Fantoches, no qual
Erico acrescenta notas e desenhos.
1973
Amplia sua autobiografia, publicada em 1966
pela editora Nova Aguilar, fazendo surgir suas
memórias, sob o título de Solo de Clarineta.
1975
Erico morre subitamente no dia 28 de novembro,
deixando inacabada a segunda parte do segundo
volume de suas memórias, além de esboços
de um romance que se chamaria A hora do
sétimo anjo.
É lançado Solo de Clarineta 2, segundo volume
de Memórias, edição póstuma, organizada por
Flávio Loureiro Chaves (Póstuma - 1976).
Memorial Erico Verissimo
35
Acervo Erico Verissimo
Acervo Erico Verissimo
A descrição do acervo obedece à organização original dos colecionadores.
Acervo de Flávio Loureiro Chaves
1) Fantoches (1932-1972)
Trata-se do primeiro livro de EV publicado em 1932. Voltou a ser publicado apenas em 1972 numa edição comemorativa aos 40 anos de carreira do escritor. Para esta última edição EV anotou e desenhou em marginália de próprio
punho as 212 páginas impressas em 1932. Foi utilizado um exemplar da primeira edição cujas folhas, enquadradas
uma a uma em moldura cartonada, constituíram o campo da marginália. Estas 212 páginas manuscritas constituem
o original autenticado e autografado por Erico Verissimo com a dedicatória a Flávio Loureiro Chaves.
2) Solo de Clarineta II (1976)
São 94 páginas originais, datilografadas ou manuscritas e todas anotadas por EV. Constituem a segunda parte das
memórias do escritor cuja transcrição e organização foi feita por Flávio Loureiro Chaves pois trata-se de edição
póstuma ocorrida após o falecimento do autor em 1975. Desenhos autógrafos (característica de Erico, que autografava desenhando uma caricatura sua) na marginália.
3) Inéditos de Solo de Clarineta II (1976)
Ainda no estágio inicial da redação, 12 páginas originais não foram acolhidas pelo organizador no volume impresso
das memórias. São portanto inéditas e seguramente as últimas que EV escreveu nos dias antecedentes ao seu falecimento. Desenhos autógrafos na marginália.
4) Frente e verso de página pertencente à primeira redação de Incidente em Antares (1971)
Anotada e desenhada de próprio punho por EV. É um texto inédito que não chegou a ser incluído na edição definitiva.
5) Original manuscrito de depoimento sobre Getúlio Vargas (Agosto de 1974)
6) Plano geral de Solo de Clarineta, discriminando os textos que não chegaram a ser redigidos.
É o projeto das memórias. Página datilografada com anotações manuscritas e desenhos de EV.
38
7) Rascunho (uma página) contendo o esboço inicial de uma definição política. Inédito de 1966
8) Desenho original de EV, autógrafo: mapa da ilha imaginária de El Sacramento, cenário do romance O Senhor Embaixador
Traçado em 1964, este mapa orientou o escritor durante todo o processo de redação do livro (editado em 1965).
9) Desenho original de EV, autógrafo: planta da cidade imaginária de Antares, cenário de Incidente em Antares (1971)
Assinala o momento da concepção deste romance, pois no verso encontra-se em manuscrito do autor o primeiro elenco das personagens e a cronologia da narrativa. Documento autógrafo com dedicatória a Flávio
Loureiro Chaves.
10) Texto autógrafo de EV: apresentação do ensaio de Flávio Loureiro Chaves, Ficção Latino-Americana, 1972
11) Correspondência
Lote de 6 cartas e 1 postal enviados por EV a Flávio Loureiro Chaves durante viagem à França e USA em 1972. Destacam-se
a carta que relata a gênese do romance Incidente em Antares e outra na qual está desenhada a caricatura de Roland
Barthes que EV traçou após ter conhecido o filósofo em Paris.
12) Folha autógrafa com recomendações sobre o aproveitamento de alguns textos após seu falecimento
13) LP, disco fonográfico: Fragmentos de O Tempo e o Vento. Década de 1960
Trata-se da única gravação da voz de Erico Verissimo fazendo a leitura dos seus próprios textos. É o único exemplar
remanescente desta gravação. Capa original.
14) Exemplar do livro O Contador de Histórias (1972), coletânea de ensaios sobre EV
Dedicatória manuscrita a Flávio Loureiro Chaves ilustrada com desenhos autógrafos.
15) Primeiras edições
Lote de 40 livros abrangendo todas as primeiras edições da obra de EV, a saber: romances, narrativas infantis e
infanto-juvenis, livros de viagem, autobiografia, biografia, memórias e ensaios. Alguns destes exemplares estão
autografados pelo escritor. Incluem-se na categoria de livros raros: Aventuras no mundo da higiene (1939) e
a edição norte-americana de Brazilian literature: an outline (1945). Integra este lote a única edição da “ficção
completa” em papel bíblia, 5 volumes, também considerada peça rara. Foi produzida pela ed. José Aguilar em
1966 e, logo esgotada, não houve republicação por restrição da Editora Globo aos direitos autorais.
16) Traduções (I)
Lote de 18 livros, todos incluídos na categoria de livros raros, abrangendo as traduções de escritores estrangeiros
realizadas por EV entre 1931 e 1956.
Memorial Erico Verissimo
39
17) Traduções (II)
Trata-se de dois exemplares raros: a primeira tradução de Olhai os lírios do campo para o alemão e a primeira de O
Senhor Embaixador para o russo.
18) Revista A Novela (1936)
Coleção completa (incluída como peça rara) da revista A Novela, dirigida por Erico Verissimo e publicada de 1936 a
1938. São 27 volumes, todos encadernados e conservando a capa original.
19) Fortuna Crítica
O acervo da fortuna crítica de EV abrange aproximadamente 1.200 títulos de artigos, ensaios, crônicas e notícias
sobre o escritor e/ou sua obra, aparecidos na imprensa nacional e estrangeira entre 1932 e 2005. O conjunto desses
textos encontra-se arquivado e classificado em pastas. A listagem discriminando cada um dos títulos pode ser consultada na seguinte fonte: CHAVES, Flávio Loureiro. Erico Verissimo: o escritor e seu tempo. Porto Alegre, Editora da
Universidade (UFRGS), 2001. pp. 199 a 252.
20) Mapa impresso em policromia, desenhado por Ernst Zeuner
Este documento deveria acompanhar, como anexo destacável, a edição de Viagem à aurora do mundo (1939)
constituindo hoje peça rara.
40
Acervo Mario de Almeida Lima
1) Original – Nº 1 do Retrato – 5 Volumes
“1ª versão do romance. Mais de 1000 páginas de texto datilografado (encadernados em cinco volumes de grande
formato – tamanho ofício) com milhares de emendas manuscritas de Erico Verissimo. Centenas de linhas riscadas,
mas legíveis (suprimidas, simplesmente, ou reescritas pelo autor). Cortes de frases, troca ou supressão de palavras, páginas inteiras inutilizadas, também legíveis, tudo num trabalho de revisão meticulosa e reelaboração que
mostra o rigor técnico e artesanal com que o grande romancista trabalhava o seu texto. Frequentemente, nestes
originais ou no verso das páginas, fazia anotações para pesquisas, ou para uma melhor verificação de fatos históricos ou de situações que ainda desejava considerar com mais vagar. O próprio Erico se autocensurava sobre o desenvolvimento de certas passagens de seu trabalho, que entendia que devia melhorar. Muitas dessas autocríticas
eram redigidas à pressa, às vezes em inglês, idioma em que se expressava com naturalidade quando sob pressão
do processo criador.
Os originais de O Retrato, dão uma ideia exata do trabalho de revisão estilística a que se dedicava Erico, sempre
obcecado em cortar demasias ou excessos na busca de mais clareza e simplicidade. Sempre fugindo da ênfase,
a que tinha horror.
Os originais de O Retrato, contrastados com o texto final publicado, valem de fato, como roteiro de uma pósgraduação, podendo constituir o programa de uma oficina de literatura que se ....na Fundação que abrigará, num
futuro próximo, o acervo de Erico Verissimo, para ali ficar ao alcance dos estudiosos e pesquisadores.” Por Mario
de Almeida Lima.
2) Original – Nº 1 da Noite – 1 Volume – 134 Páginas
3) Original – “Sinopse para Cinema” para “O Resto é Silêncio” – 6 Páginas
Sinopse inédita e totalmente desconhecida. Planejada por Erico para transformar o romance em versão cinematográfica para o romance “O Resto é Silêncio” – 6 páginas 5 datilografadas, 1 folha manuscrita e desenhos e croquis de
Erico Verissimo.
4) Caderno Escolar – “O Espelho Mágico” – 60 Folhas Manuscritas
Caderno Escolar da Livraria do Globo, com ideias manuscritas e lindo desenho do autor, em que mistura a história de
João Benévolo e o Professor Raimundo: dos livros “Caminhos Cruzados” e “As Aventuras de Tibiquera”. Segundo
Mario de Almeida Lima, esta pesquisa do autor são a 2ª tentativa de romance depois de “Clarissa”. Na capa, escurecida
e bastante envelhecida, a assinatura de Erico Verissimo.
Memorial Erico Verissimo
41
5) Bloco de Notas – 36 Folhas Manuscritas
Pesquisa com o planejamento de pesquisa, esboços e ideias de Erico para escrever o livro “Noite” com a maioria
dos trechos em inglês, pequena parte em português, totalmente manuscrito, com desenhos e a assinatura de Erico
Verissimo na capa.
6) Original - Conto “A Ponte” – Fantoches e Outros Contos - 140 Páginas
Conto “A Ponte”, original da 1ª edição do livro Fantoches e Outros Contos, publicado em 1932. Composto de 140 folhas
– sendo 113 totalmente manuscritas e 27 datilografadas com emendas e correções manuscritas. O conto publicado na edição da Editora Globo tem 69 páginas. O original do autor tem 140 folhas (está incompleto), apenas faltam
os capítulos I e II (que no livro Fantoches, correspondem a 6 folhas).
7) Original - “Stardust on The Amazon” – 15 Folhas
Stories for a screen play by Erico Verissimo. São 17 folhas datilografadas em inglês.
8) Original - “Breve Crônica de uma Editora de Província” – 13 folhas
Original da Crônica sobre a Editora Globo, encomenda por Mario de Almeida Lima, quando diretor da Sucursal do
Estadão em Porto Alegre, para o suplemento literário do jornal “O Estado de São Paulo”. A crônica tem 13 folhas
datilografadas com inúmeras correções manuscritas emendadas e assinadas por Erico Verissimo.
9) Original – “Crônica sobre Porto Alegre” - 1 Página
Uma lauda sobre o porquê de morar em Porto Alegre, datilografada com rasuras e assinada por Erico Verissimo.
10) Original de impressão - “No Bôjo da Onda” - 12 Folhas cada
Dois originais da impressão do discurso pronunciado por Erico como paraninfo para turma de diplomados do curso
colegial do Colégio Estadual Júlio de Castilhos em dezembro de 1962, publicado pela Livraria do Globo.
11) Original - “A Ponte”
São 4 páginas datilografadas – Longo trecho em inglês. Não identificado onde foi publicado, provavelmente no
livro O Ataque.
12) Original – Crônica em homenagem “Cruz Alta” – 3 Folhas
Comemorando os 150 anos de sua cidade natal. Parte do texto: “Cruz Alta me tem acompanhado nas viagens que
tenho feito por este mundo velho sem porteira. Uma noite em Veneza, na Piazza San Marco, diante da basílica, olhei
para lia cheia e em vez de pensar no meu amigo Vivaldi ou nos Dodges, lembrei-me de Cruz Alta, sua praças onde a
banda de música do 8º Regimento de Infantaria dava as suas retratas, andei de mãos com uma namorada...”,
assinada por Erico.
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13) Original – Crônica do livro Galeria Fosca - 2 Folhas
Erico escreve 2 páginas sobre seu tio Raimundo – trecho original de crônica publicada junto a outras obras no livro
Galeria Fosca, editado pela Globo;
14) Original – Lenço Vermelho, Lenço Colorado, Lenço Encarnado – 1 Página
Escrita por Erico, totalmente em inglês, à maquina e com trecho manuscrito a lápis
15) Original – Texto de Erico sobre Maupassant e Clarice Lispector – 1 Página
Reflexões do autor, sobre os dois escritores, assinada.
16) Original “Prefácio para ser composto em grifo, sem título” - 1 Folha
O próprio Erico intitulou: ”Prefácio para ser composto em grifo, sem título”. Uma folha datilografada com emendas
manuscritas e assinada por Erico. Consta do planejamento de 4 novelas: A 1ª descrita no comentário de Erico a
seguir, O Ataque (fragmento do Arquipélago), Esquilos de Outono (conto americano) e Sonata (uma fantasia poética
em torno do tempo). Ataque é um fragmento de O Arquipélago, terceiro volume da trilogia O Tempo e o Vento, que
só aparecerá em 1960. Trata-se de um episódio violento da Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul: o assalto dum
destacamento revolucionário à cidade (imaginária) de Santa Fé.
17) Originais de Folhas avulsas
São 23 páginas de folhas não identificadas de que livros pertencem. Posteriormente serão submetidas a uma doutora de letras, especialista em Erico, para definição e incorporação no acervo.
18) Pesquisa 1 e planejamento geral para escrever “ O Tempo e o Vento”
Notas, Esboços, Desenhos, Descrição de Cenas, Descrição de Personagens, datilografadas com inúmeros manuscritos a lápis, a caneta, em inglês e português: a estória, o enredo, a tempo, o ponto de vista, a personagem, problemas
do novelista, política, citação de autores estrangeiros, etc., em 19 folhas.
19) Pesquisa 2 e planejamento para “O Tempo e o Vento”
Research for Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigues, Ordem dos Acontecimentos, Fazendas Antigas, Governo e
Comandâncias do RS, Capitania de São Pedro, Fauna, Reino Vegetal, Flores Silvestres, Plantas Medicinais, Árvores
Frutíferas, Madeiras de Construção, Ornitologia, Quadrúpedes, Anfíbios, Répteis, Caça, Peixes, Insectos, Primeiros
Colonizadores, Rafael Pinto Bandeira, etc. folhas a máquina com muitas emendas manuscritas. São 9 folhas datilografadas com muitas emendas manuscritas.
20) Cópia Xerox do Original – “Comédia Provinciana - Fandango” – 55 Folhas Manuscritas
Notas de Pesquisa com o planejamento para a construção do romance “O Tempo e o Vento”, encadernado em couro
com anotações totalmente manuscritas, desenhos e trechos em inglês. Na contracapa desenho de Erico para a capa
Memorial Erico Verissimo
43
do livro: Este seria um dos possíveis títulos para o livro. Mario de Almeida Lima recebeu do autor o original e, anos
mais tarde, deu de presente para seu amigo, o bibliófilo José Mindlin. Mindlin em gratidão, fez uma cópia Xerox,
mandou encadernar em couro e deu para Mario, em retribuição.
21) O Arquipélago – Pesquisa para Arquipélago
Assim intitulado por Erico, com perguntas históricas e políticas a Mario Lima. 1 folha manuscrita e assinada.
22) Originais de O Continente – “Ana Terra”. Parte dos capítulos 18, 19, 20 e 21
Ataque dos castelhanos à família de Ana Terra e mudança para o novo povoado. São 10 folhas datilografadas com
muitas emendas manuscritas e desenho.
23) Originais de O Continente – “Maria Valéria”
Capítulo 62 sobre Maria Valéria, omitido do livro, totalmente manuscrito em caneta vermelha, azul e lápis, assinado
por Erico. São 6 páginas.
24) Originais de O Continente – “A Teiniaguá”
Carl Winter lembrando de Trude. São 2 folhas, uma manuscrita com desenho e outra datilografada com emendas manuscritas.
25) Originais de O Continente – “A Teiniaguá”
Parte do capítulo VI, sobre Bibiana e o noivado de Bolívar. São 2 folhas datilografadas com emendas manuscritas.
26) Originais de O Continente – “A Guerra”
Parte do capítulo IV, sobre Fandango. São 5 páginas, 1 manuscrita com desenho e 4 datilografadas com emendas
manuscritas e rabiscadas.
27) Originais de O Continente – “A Guerra”
Parte do capítulo II – Florêncio visita o cemitério. Uma folha com emendas manuscritas.
28) Originais de O Continente – “A Fonte”
Parte do 1º capítulo, sobre a chegada de Pedro, etc. São 5 folhas datilografadas com manuscritos e rabiscadas.
29) Originais de O Continente – “A Fonte”
Trecho sobre Carl Winter – omitido do livro – 1 folha com correções manuscritas e trecho omitido, sinalizado por Erico.
30) Originais de O Continente – “A Fonte”
Parte dos capítulos V, VI e IX sobre Ana Terra, Padre Alonzo, Pedro e Sepé Tiarajú. São 5 folhas datilografadas com
emendas manuscritas.
44
31) Originais de O Continente – “Um Certo Capitão Rodrigo”
Parte do capítulo X, briga do Capitão Rodrigo com Bento. 1 folha datilografada com emendas manuscritas e desenho no verso.
32) Originais de O Continente –“Um Certo Capitão Rodrigo”
Casamento do Capitão Rodrigo – 1 Folha datilografada com emendas manuscritas.
33) Originais de O Continente – “O Sobrado I”
1 folha datilografada com emenda colada por Erico e manuscritos emendados;
34) Originais de O Continente – “O Sobrado II”
São 3 folhas datilografadas com emendas manuscritas.
35) Originais de O Continente – “O Sobrado III”
Morre a filha de Licurgo – 1 Folha datilografada com emendas manuscritas.
36) Originais de O Retrato – “A Sombra do Anjo”
Rodrigo e Flora, falência do sogro, etc. São 19 fls datilografadas com vários manuscritos, desenhos, emendas.
37) Originais de O Retrato – “A Sombra do Anjo”
Capítulo sobre a morte de Toni Weber. São 60 folhas datilografadas, desenhadas, com emendas rasuradas;
38) Originais de O Retrato – “Chantecler”
Draft para Chantecler, parte dos capítulos XVII, XVIII, XX e XXI. Namoro de Rodrigo com Flora, pintura do retrato.
São 30 folhas datilografadas com rasuras manuscritas.
39) Originais – O Retrato – “Chantecler”
Rodrigo no trem. 1 folha datilografada com rasuras manuscritas.
40) Originais – O Retrato
1 Folha sobre Rodrigo, já casado, etc. Anverso da folha, manuscrita. Erico queria refazer esta página.
41) Originais de O Retrato – “Chantecler”
Parte do capitulo VI – Rodrigo tentando conquistar Flora – 3 folhas com rasuras manuscritas.
42) O Arquipélago – “Ataque a Santa Fé”
Bloco em tamanho ofício totalmente manuscrito com emendas corrigidas– Draft dos capítulos XXII, XXIII e XXIV.
São 27 folhas, assinada e datada e por Erico em agosto de 1958.
Memorial Erico Verissimo
45
43) O Arquipélago – “Lenço Encarnado”
Bloco em tamanho ofício totalmente manuscrito. Parte do capítulo XXXIV – Maria Valéria e acolhida por Neco Rosa –
grande parte omitida do livro. São 7 folhas, assinada por Erico em Setembro de 1958.
44) O Arquipélago – “Lenço Encarnado”
Bloco em tamanho ofício totalmente manuscrito com emendas corrigidas, Capítulo XXXVI e parte do capitulo XXXVII –
Notícia da morte de Licurgo, a espera pela paz, etc. São 15 folhas.
45) O Arquipélago – “Lenço Encarnado”
Versão original do capítulo XXV, datilografada, com emendas e desenhos coloridos, assinada por Erico. 1 folha.
46) Originais da tradução de Erico do livro “O Homem Feliz”
W. Somerset Maughan – 4 Folhas datilografadas com rasuras manuscritas.
47) Desenhos do gramofone, e dama com vestuário da época, comentários manuscritos para “O Tempo e o Vento” - 1 Página
48) Croquis desenhados por Erico para a capa do O Tempo e o Vento, com título imaginado anteriormente:
“A Jornada”.
49) Bilhete datilografado - Torres – RS - 25/fevereiro/1951
Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima (c/trechos extraídos).
Síntese do conteúdo: Agradecimento ao amigo Lima por uma carta enviada e outros assuntos.
50) Carta (localização – possivelmente Torres) - 26/janeiro/1958
Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima.
Síntese do conteúdo: Comenta como está “mulato”, sobre seu trabalho no livro Arquipélago (diz que este será o definitivo nome do terceiro volume) e de seu extenuante horário, ficando às vezes até 7 horas trabalhando neste livro.
51) Carta de Erico a seus amigos, em que o escritor conta a verdade sobre sua visita a Portugal, Barcelona –
27/março/1959 - Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima
Carta original de Erico, datilografada com tinta azul em papel pautado, com rabiscos e correções feitas à mão e outra
carta datilografada copiando a original.
Nesta correspondência Erico explica que sua viagem a Portugal não foi “financiada” pelo governo daquele país, e
que lá está por sua própria conta, contrariando depoimento dado pela agência U.P.I., datada de 12 de março, de que
membros da oposição estariam tirando vantagens políticas através do escritor brasileiro.
46
Sua visita não teve caráter oficial, pois ele não aceitaria nada de governos totalitários. Que esteve em contato com escritores de oposição; fez conferências em diversas cidades portuguesas, deixando bem claro seu descontentamento
com qualquer regime que ...”roube ao povo sua liberdade e dignidade”.
Diz que quem procurou explorar sua visita foram os governistas, e que conseguiu escapar de uma homenagem que
fariam a sua pessoa. Diz que os salazaristas estão contrariados com embaixador brasileiro, o escritor Alvaro Lins.
Acha que é importante colocar-se numa posição, pois num momento como este o silencio ou a reticência seria um
crime. Assinado: Erico Verissimo.
52) Carta-postal – Alexandria, VA, EUA – 16/novembro/1965
Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima.
Síntese do conteúdo: Primeira carta enviada de Alexandria (Virginia) a Mario Lima.
Comenta que terminou a fase de conferências que o levaram a diversas regiões dos EUA, onde numa dessas, jantou
com Wilson Martins –“com quem falei muito mal de ti” - e assim não pode deixar de enviar-lhe essas “mal traçadas
linhas “. Diz da alegria de estar em Alexandria com filhos e netos. Comenta da beleza da natureza daquela região da
Virginia, mas que seu lado humano é hediondo (pessoas racistas, sem gosto para vestir, tendência a serem gordas –
“bundas enormes” ), enfim desinteressantemente neutros..
Esta trabalhando em uns prefácios e numa autobiografia que Aguilar quer publicar na coleção de suas novelas e
romances, sob o título de “FICÇÃO COMPLETA”. Diz que tem caminhado e lido muito – “devorou” Herzog, do Bellow,
o qual comenta que é um trabalho bem feito, sério, mas obsessivo, cheio de “self-pity” (auto compaixão). Leu dois
bons Simenons, e um de L. Auchincloss “The Rector of Justin”, o qual recomenda muito. Leu também o “duríssimo,
volumosíssimo” The Act of Creation, de Arthur Koestler.
Passa a comentar sobre as conferencias as quais participou organizadas pelo Guide World Lecture Bureau. Confidencia que precisa provar a si mesmo sua “..capacidade de enfrentar e dominar um auditório universitário, sem nenhum
papel a sua frente para ler”; e de que gostaria de ficar sozinho num hotel, pois desde que teve um enfarto, nunca mais
viajou sem a Mafalda...
Regozija-se que foi um sucesso, e que recebeu três propostas de universidades para lecionar literatura portuguesa
e técnicas de novela. Visita universidades e se encanta pela cidade de Tucson no Arizona. Em Chicago ficou três dias
sem falar com ninguém, que visitou museus, galerias e ouviu concertos maravilhosos.
Nova York foi a última etapa da viagem, onde passou cinco dias na Universidade de Cornell, cuja campus considerou
um dos mais belos dos EUA, e onde o fizeram trabalhar “como um mouro”. Num só dia falou por 6 horas em espanhol
sobre o sentido político do romance brasileiro; em inglês sobre história do Brasil de Pedro Álvares Cabral a Castelo
Memorial Erico Verissimo
47
Branco e assim por diante... Fala que está cansado, e louco para que Mafalda vá a seu encontro em NY, pois esta estava em Washington. Em NY diz faz sua melhor conferência, cujos assuntos eram três: “Aspects of Brazilian Humor”,
“Brazil Today “ e The Art of Fiction”.
Enfim, fala de assuntos diversos, divertidos e leves, como o blackout que ocorreu e que deixou NY totalmente às
escuras, “típica coisa que não poderia ocorrer num país como os EUA, que não possuía nem lampiões nem velas...”
assim dava vivas ao Brasil, enquanto subiam a pé ao nono andar do hotel! Uma típica carta de amigo para amigo.
53) Cópia de Carta-Postal (Original doada a Luis Fernando Cirne Lima pela família de Mario Lima) – Alexandria,
VA, Eua – 8/Julho/1966
Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima.
Síntese do conteúdo: Fala sobre uma carta sua que remeteu a Rui Cirne Lima, enviando-lhe seu “voto simbólico” para
governador do Rio Grande do Sul (“nosso pobre Rio Grande”). Fala que após receber telefonema de Leônidas Xausa,
decide enviar um telegrama. Assim, quando Mario receber “essas mal traçadas”, o telegrama já deverá estar nas mãos
de Rui Cirne Lima (“nosso candidato”). Fala que sua saúde está ótima, melhor que nunca..viagem fez-lhe bem. Envia
calorosos abraços incluindo ao amigo Paulo Brossard.
54) Cartão – McLean – VA, USA – 08/agosto/1968
Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima. Com trechos extraídos.
Síntese do conteúdo: Comenta diversos assuntos referente a sua ida a Europa, que foi instrutiva e onde adquiriu diversos livros, entre eles, Roland Barths, que lhe parece o melhor crítico francês da atualidade. Diz que está com dois
projetos de livros. Pergunta sobre a família de Mario, sobre a Livraria Lima, e “de política nem pergunto...”.
55) Envelope manuscrito, rabiscado com desenho contendo cartão pessoal, manuscrito – Porto Alegre – 21/fevereiro/69
Síntese do conteúdo: Além de um envelope onde Erico faz um desenho a caneta de uma figura que parece dançar,
escreve jocoso: “parece o Mario Lima”.
Dentro um cartão timbrado com seu nome avisa que segue a “entrevista”. Manda abraços.
56) Cartão Postal – Paris - 31/maio/1972
Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima.
Síntese do conteúdo: Comentários de sua nova vida em Paris. Assuntos corriqueiros: reunião à noite em seu
apartamento com diversas personalidades incluindo Lygia Fagundes Telles, Justino Martins entre outros. Comentário sobre brilhante entrevista extraída do jornal “Estadão” com Altmann-Barbie e publicado pelo France Soir. Diz que
participou em seminário, de Roland Barthes, que gostou muito. Demonstra carinho e intimidade p/com remetente
enviando abraços à esposa Noemy e toda “tribo” (filhos).
48
57) Carta aérea datilografada (correções manuscritas) – McLean, VA, USA – 23/junho/1972
Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima .
Síntese do conteúdo: Comenta sobre seus últimos dois meses em Paris, sua arquitetura, habitantes amáveis (ao contrário do que habitualmente se ouve), sua sofisticação e cultura, embora o clima tenha estado terrível.
58) Envelope pardo tamanho grande, manuscrito - sem data
Erico Verissimo para Mario Almeida Lima.
Síntese do conteúdo: Despedida de Erico, de partida para os Estado Unidos, passando pelo Rio de Janeiro para ver
netos. O envelope, onde Erico escreve suas despedidas ao amigo Mario, contem mostras de “crônicas e caricaturas”,
de seu pai, Luis Fernando. Escreve no envelope seu endereço nos Estados Unidos, na cidade de McLean, Virginia.
Deixa abraço para Mario e “toda sua tribo”.
59) Folha datilografada (correções feitas à mão) – sem localidade – sem data
Comentário sobre conto de Hemingway, onde menciona a profunda sensação de fatalidade do autor e que suas
palavras e frases possuem grande significado.
60) Folha datilografada (com rabiscos e correções) – sem data e localidade
Escrito à mão: “Sobre Coelho Neto”.
61) Bilhete parte datilografado parte manuscrito – sem local e data
Erico para Mario - Agradece pelos livros enviados, que foram muito úteis.
62) Manuscritos em folhas de bloco pautado amarelo – 4 Páginas – Washington, EUA
Erico pede a Mario revisar cuidadosamente (“faça o sacrifício”) as últimas provas de página de seu livro “O Ataque”.
63) Carta datilografada (1 pág.) Porto Alegre, 17/janeiro/1951 – Mario para Erico
Mario diz ter certa dificuldade em atender os pedidos feitos por Erico (material sobre a república velha), pois existe
escassez de informações.
64) Carta datilografada (3 pág.) - 23/fevereiro/1951
Reporta ao amigo as informações solicitadas sobre a 1ª Guerra Mundial. Diz que esteve na biblioteca, mas que não
houve muito sucesso, pois só conseguiu fragmentos de jornais reportando incidentes sem significância além de
dezenas de telegramas sem nada de importante.
65) Carta Datilografada Porto Alegre – 13/março/1959
Mario de Almeida Lima para Amenofis (nome fictício) - Relata o descontentamento de Erico Verissimo sobre noticias
de que sua ida a Portugal teria sido a convite da Secretaria de Informação do governo de Salazar.
Memorial Erico Verissimo
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66) Carta datilografada - 10/fevereiro/1972
Avisa Erico de que o jornal “O Estado de São Paulo” (Estadão) solicita-lhe uma entrevista, decorrente do sucesso de
seu livro Incidente em Antares, que está entre os 5 mais vendidos do último mês.
67) Carta datilografada – papel timbrado do jornal “O Estado de São Paulo” (5 pgs) - Sem data
Mario cobra a entrevista já solicitada, dizendo que o jornal é como um “monstro insaciável, que precisa ser alimentado...”
68) Carta de Mario Lima para Nilson Mignot - 14/11/1974
69) Carta de Carlos Lacerda - Rio de Janeiro – 3/agosto/1973
Carlos Lacerda conta que foi convidado (“como você já deve saber..”) a escrever as biografias de Julio e Francisco Mesquita, do Estadão. Solicita a Mario sua ajuda na forma de coleta de informações bibliográficas para essas biografias.
70) Carta Original de João Neves da Fontoura para Erico Verissimo (sem data)
Diz que já pode dar como concluído seu trabalho referente ao 1º volume das Memórias. Fica feliz em saber que Erico
já tem matéria para seu 3º volume de trilogia.
71) Cópia de Carta de Erico Verissimo para Dr. Paulo Brossard de Souza Pinto
Porto Alegre, 5 de Novembro de 1974 - Erico avisa que quer deixar público seu voto para Paulo Brossard como
senador da república nas próximas eleições.
72) Fortuna Crítica – Erico nos Jornais
“Correio da Manhã, Rio de Janeiro” – Artigo de página Erico Verissimo – 1/2/1958.
“O Estadão” – Suplemento Literário – 14/1/1973.
“O Estadão” - Suplemento Literário – 11/3/1973.
“O Estadão” artigo de página – “Erico Verissimo sepultado, o Rio Grande de Sul de luto. Autor já consagrado no seu
tempo” – 30/11/1975.
“Folha de São Paulo Ilustrada” – “Erico Verissimo, música ao longe...” Perdemos o melhor homem do país. Além de
grande humanista, era uma pessoa de caráter inabalável, mantendo sempre a mesma posição com relação aquilo
que pensava” – Jorge de Andrade – 1/12/1975.
“Jornal do Brasil” Artigo de página – “ Um Certo Erico Verissimo” – 23/10/2004.
Artigos diversos sobre Erico, Entrevistas e Suplementos Literários de Jornais gaúchos: Zero Hora e Correio do Povo,
em diferentes períodos de tempo.
“Caderno D” Artigo de meia página – “Noite” de Erico Verissimo – 06/08/1955.
“Maria Inês” – Texto de Erico Verissimo.
73) Foto Erico Verissimo
50
74) Renner – Homenagem a Henrique Maia, no Renner – 09/07/1948
75) Capitão Rodrigo – Fotos durante a filmagem do filme: Capitão Rodrigo – 22/06/1970
76) Foto Erico na Editora Globo
77) Casa do Erico – 36 provas de negativos
Visita Gilberto Freyre, Paulo Brossard e Mario de Almeida Lima.
78) Foto da Vitrine da Globo
Vitrine observada por transeuntes com a carta de Erico endereçada a Paulo Brossard, de 5 de novembro de 1974,
afixada no vidro.
79) Foto com dedicatória a Mario Lima
80) Apólice de Seguro de Erico Verissimo
Memorial Erico Verissimo
51
Fantoches
O
livro de contos Fantoches foi publicado em 1932. Segundo o próprio
Erico é “desigual e vale apenas como caderno de exercícios de
um escritor que busca o seu rumo. É um coquetel em que
entraram os seguintes ingredientes: Anatole France, Henrik Ibsen, Oscar
Wilde, Bernard Shaw, Rabindranath Tagore – enfim, todas as influências
dominantes de minhas leituras dos dezoito aos vinte e cinco anos.”
Este livro tem uma história editorial interessante. Foram vendidos 400
exemplares dos 1.500 publicados. A sobra, um incêndio queimou, o que
significou lucro para a editora e para o autor, porque a seguradora
pagou o prejuízo.
Em 1972, nas comemorações de 40 anos de vida literária de Erico Verissimo,
Fantoches teve uma edição especial com anotações do autor. O exemplar
de trabalho compõe o Memorial.
Acima:
Fantoches e Outros Contos
Edição Comemorativa, 1972
Página ao lado:
Fantoches
Primeira Edição, 1932
Original do livro Fantoches,
edição comemorativa, contendo anotações
de desenhos do autor na margem, 1972
52
Memorial Erico Verissimo
53
O Senhor Embaixador
E
m 1965, Erico Verissimo publica O Senhor Embaixador, aproveitando
sua experiência como Diretor do Departamento de Assuntos Culturais
da União Pan-Americana (Secretaria da OEA), em Washington, EUA.
O romance tem como temática central o problema da dominação política e econômica dos Estados Unidos sobre os países latino-americanos
sub-desenvolvidos, na década de 1960. É dividido em quatro partes:
“As credenciais”, apresentação do mundo diplomático de Washington,
nos EUA, e as relações políticas e pessoais que se estabelecem neste
ambiente; “A festa” narração da solenidade de apresentação do novo embaixador da República do Sacramento, Gabriel Heliodoro Alvarado, à
comunidade diplomática de Washington; “O carrossel”, onde se conhece
a rotina do serviço diplomático e da vida dos habitantes de Washington;
e “A montanha” mostra a ação das forças revolucionárias ao desembarcarem em El Sacramento com o propósito de derrubar o presidente
Carrera e as conseqüências desta revolução: Gabriel Heliodoro vai para
seu país lutar contra os rebeldes ao lado do presidente, e Pablo Ortega y
Gasset une-se aos revolucionários.
Erico costumava desenhar durante o processo de escritura de seus textos,
ora nos próprios originais, ora em folhas avulsas separadas. Para a criação
deste romance, ele desenha um mapa, localizando o país, El Sacramento,
na América Central, onde se passa a segunda parte da história.
“Godkin soltou um prolongado suspiro, junto com uma baforada de
fumaça. “Ruth, querida Ruth! Se tivesse visto como eu vi, há quase 35
anos, na Sierra de la Calavera, as caras moças e curtidas de vento e sol
de Juventino Carrera e Gabriel Heliodoro Alvarado! Quanto entusiasmo
e coragem naqueles peitos! Quantas idéias libertárias naquelas cabeças! Que brilho de esperança e quantas curiosidades, apetites e promessas naqueles dois pares de olhos! Eles queriam libertar seu povo
da tirania, estabelecer a justiça social... No entanto, vê, minha querida,
o que eles são agora...” (O Senhor Embaixador, p.202-3)
54
Acima:
O Senhor Embaixador
Primeira Edição, 1965
Página ao lado:
Mapa de “El Sacramento”
Traçado original do autor, 1964
Memorial Erico Verissimo
55
Incidente em Antares
N
o auge da Ditadura Militar no Brasil, Erico publica, em 1971,
Incidente em Antares, libelo a favor da liberdade e da democracia. Apesar da censura prévia, que obrigava escritores e artistas
a submeterem seus originais a chefes de polícia para que aprovassem a
publicação, Erico, juntamente com Jorge Amado, jamais se submeteu a
tal arbitrariedade e assumia perante seus editores total compromisso em
relação a sua obra. Para este romance, a editora preparou um cartaz publicitário que dizia: “Num país totalitário, este livro seria proibido”.
No verso do mapa de Antares, aparece a primeira cronologia pensada
por Erico para a organização dos fatos. Nela, as personagens Pulquéria,
Tristão e Angelito morrem na sexta-feira, dia 14, e têm seu cortejo fúnebre no sábado, dia 15; Erotildes e Boêmio morrem dia 15 e chegam ao
cemitério dia 16; enquanto Demóstenes e Anarco morrem dia 16 e chegam no mesmo dia ao cemitério. O ladrão agiria dia 16, na madrugada
de domingo; dia 17 haveria a marcha dos mortos sobre Antares, os quais
retornariam ao cemitério na tardinha da segunda-feira, dia 18.
Não é possível precisar em que momento Erico altera essa cronologia,
mas o fato é que, nos esboços, já aparecem as datas que permanecerão até o livro publicado. Tal alteração tem uma relação direta com a
realidade brasileira, pois no dia 13 de dezembro, de 1968, foi assinado
o Ato Institucional n.5. A data não é, contudo, o único elemento que
o autor modifica. O elenco de personagens, pensado inicialmente,
incluía um menino, Angelito, que foi descartado e substituído pelo pianista Menandro Olinda.
Acima:
Incidente em Antares
Primeira Edição, 1971
Página ao lado:
Mapa de Antares
Traçado original do autor, 1971
56
Memorial Erico Verissimo
57
O mapa representando a praça de Antares, desenhado por Erico Verissimo, é o primeiro material
elaborado especificamente para o romance e
tem sua origem diretamente ligada à história
pensada por Verissimo durante a caminhada
com a esposa. Além de ser a concretização visual das coordenadas espaciais da segunda parte
de Incidente em Antares, o mapa já apresenta
alguns indícios da trama, pois, através de caminhos pontilhados, Verissimo nos conduz aos
deslocamentos das personagens. Saindo da
Rua do Cemitério, conseguimos acompanhar a
caminhada dos mortos, que voltam a suas casas
antes de se dirigirem para o coreto da Praça. Assim, seguimos os passos de Pulquéria, que vem
do cemitério, passa em casa e vai para o coreto;
de Angelito, que também obedece ao mesmo
sistema; de Anarco, que vai até o local indicado
como “Boemio’s” e depois para a praça; e de
alguém, não identificado, que vai até a cadeia,
ao Bar e, depois, para o coreto. Os pontilhados
demonstram que algumas idéias já estavam
presentes na concepção inicial do romance e
permaneceram até sua versão final editada. Por
exemplo, os deslocamentos dos mortos pela cidade, voltando a suas casas para “acertarem as
contas”, primeiro em âmbito privado e, posteriormente, em público, denunciando, assim, a podridão de todas as relações, desde as familiares até
as sociais e as políticas.
Acima:
Incidente em Antares
Original do autor, 1971
Página ao lado:
Incidente em Antares
Original do autor, 1971
58
Memorial Erico Verissimo
59
O Tempo e o Vento
A
trilogia O Tempo e O Vento é considerada a obra prima de Erico Verissimo. Composta de O Continente, 1949,
O Retrato, 1951, e O Arquipélago, 1961-62, recupera a história do Rio Grande do Sul de 1680 a 1945, através
da saga das famílias Terra e Cambará.
O Continente
O primeiro romance da trilogia, publicado em 1949, narra a formação
do Rio Grande do Sul, a partir das Missões Jesuíticas e da chegada dos
primeiros imigrantes ao, então, Continente de São Pedro. Ana Terra vem
com a família de Sorocaba, SP, e Pedro é um missioneiro. Ana e seu filho,
Pedro Terra, juntamente com a família Amaral, serão os responsáveis
pela fundação de Santa Fé. Bibiana, filha de Pedro, casa-se com o capitão
Rodrigo Cambará, dando início à linhagem Terra Cambará. Ana Terra e
Capitão Rodrigo são personagens ícones da literatura brasileira,
representativas do povo gaúcho. O Continente já foi adaptado para
teatro, cinema e tv e é a obra mais conhecida de Erico Verissimo.
Acima:
O Continente
Primeira edição, 1949
Página ao lado:
O Continente
Original do autor, sem data
60
Memorial Erico Verissimo
61
O Retrato
A história de O Retrato, publicado em 1951, se passa em Santa Fé no
início do século XX e tem como personagem central o Dr. Rodrigo Terra
Cambará. O romance explora a dualidade em diversos sentidos: o lento
processo de urbanização de Santa Fé em contraste com a cultura rural;
o gosto refinado e cosmopolita do Dr. Rodrigo em oposição à personalidade rude de seu pai, Coronel Licurgo, homem do campo de hábitos
simples, o que gera conflitos permanentes entre os dois. O próprio
Dr. Rodrigo é um homem complexo: por trás de seu refinamento e de
sua urbanidade se esconde o típico macho gaúcho, com toda a carga de
preconceitos e de atitudes agressivas. É o irmão Toríbio que concilia as
duas posições, tentando manter a harmonia entre pai e filho. Pintado
pelo espanhol Don Pepe Garcia, o retrato está pendurado na parede da
sala do Sobrado, revelando igualmente a complexidade do Dr. Rodrigo,
cuja personalidade cambiante não corresponde ao retratado, na
opinião do próprio pintor.
Acima:
O Retrato
Primeira edição, 1951
Capa de Luis Fernando Verissimo
Página ao lado:
O Retrato
Original datilografado
e manuscrito
62
Memorial Erico Verissimo
63
O Arquipélago
A terceira parte da trilogia é publicada em dois tomos, em 1961 e em
1962, no momento em que o público já nem esperava mais a continuação da saga da família Terra Cambará, devido à saúde frágil de Erico,
convalescente de um enfarto. O Arquipélago tem a parte inicial de sua
ação no Rio de Janeiro, acompanhando a carreira de Deputado Federal
do Dr. Rodrigo, e a parte final em Santa Fé, com toda a família reunida
para acompanhar os últimos dias do patriarca. Os filhos Floriano,
escritor renomado, Jango, casado com Sílvia, responsável por cuidar da
fazenda, o Angico, Eduardo, aventureiro e sonhador, e Bibi, casada com
Marcos Sandoval, juntamente com a esposa Flora, assistem a despedida
do Dr. Rodrigo, que se considera um afortunado por ter tido uma vida
intensa. Floriano, ao lado da tia Maria Valéria, passa a morar no Sobrado
para escrever a história de sua família, fechando o romance com o
parágrafo que o abre em O Continente: “Era uma noite fria de lua cheia.
As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão quieta e
deserta parecia um cemitério abandonado.”
Erico Verissimo costumava datilografar seu texto em espaço 2, para ter a
possibilidade de fazer suas anotações. Nesta página do manuscrito de
O Retrato, as rasuras indicam três campanhas de escritura: 1. com caneta
esferográfica azul; 2. com caneta esferográfica preta; 3. com lápis crayon
azul e vermelho. Observe a frase datilografada “Eta primavera bem braba!”. Há, primeiro, a substituição de “primavera bem braba!” por “tempinho brabo!”, em caneta azul, e, depois, a substituição de “ETA” por “Ooô”,
com caneta preta. Para arrematar, Erico substitui as letras minúsculas por
maiúsculas de “Rosa dos Ventos”, em crayon vermelho, e de “Naquela”,
em crayon azul, criando uma espécie de moldura para o capítulo, procedimento este que repetirá ao longo de todo o manuscrito do romance.
Acompanhar o processo de criação de Erico Verissimo mostra o quanto o texto literário é fruto de trabalho árduo, que envolve pesquisa,
descartes, acréscimos, avanços e recuos, que são detectáveis através
das rasuras em seus manuscritos. O romance publicado é apenas a ponta do iceberg deste processo, revelado pelos documentos relacionados
à criação de O Retrato.
64
Acima:
O Arquipélago 1
Primeira edição, 1961
Página ao lado:
O Arquipélago 2
Primeira Edição, 1961
O Arquipélago 3
Primeira Edição, 1962
Anotações para pesquisa
do Livro Arquipélago
Memorial Erico Verissimo
65
Maneco
Jonas Terra
Maneco Terra
Henriqueta Terra
Ana Terra
Pedro Missioneiro
Pedro Terra
Juvenal Terra
Arminda Terra
Bibiana Terra
Florêncio Terra
Maria
Valéria
Genealogia da Família Terra Cambará
66
José Borges
Francisco Nuno Rodrigues
Maria Rita
Cap. Rodrigo Cambará
Aguinaldo Silva
Ondina
Juvenal
Leonor
Anita
Bolívar
Licurgo Cambará
Alice Terra
Rodrigo Terra
Cambará
O Retrato
Toríbio
Cambará
Floriano
Luzia Silva
Eduardo
Alicinha
Bibi
Flora
Quadros
Cambará
Jango
Memorial Erico Verissimo
67
Noite
E
m 1954, entre a publicação de O Retrato e O Arquipélago, Erico
lança a novela Noite, que acompanha a caminhada de um desmemoriado pelo submundo noturno de uma cidade portuária. A obra
não teve uma acolhida muito positiva, porque o público esperava a
continuação de O Tempo e o Vento. Mesmo assim, o próprio autor a
coloca como uma de suas obras preferidas: “Se eu tivesse de escolher
um só livro para ser julgado, indicaria o primeiro volume de O Tempo e
o Vento. Se me dessem a oportunidade de incluir outro, acrescentaria
Incidente em Antares, O Senhor Embaixador e Noite.”
Acima:
Noite
Edição comemorativa –
Ilustração Danúbio Gonçalves
Noite
Primeira edição, 1954
Página ao lado:
Original do autor
68
Memorial Erico Verissimo
69
Acima e Página ao lado:
Bloco de Notas
Planejamento e esboços
para o livro Noite
70
Memorial Erico Verissimo
71
Solo de Clarineta
E
m 1973, Erico Verissimo publica Solo de Clarineta, seu primeiro
volume de memórias, a partir de uma breve autobiografia que
havia escrito para a editora José Aguilar. O segundo volume sai
postumamente em 1976, organizado por Flávio Loureiro Chaves.
O próprio Erico explica a origem das memórias:
“Em 1966, a Editora José Aguilar preparava-se para lançar em cinco
volumes, em papel de Bíblia, a minha FICÇÃO COMPLETA. Como eu
estivesse então nos Estados Unidos, sem outra tarefa importante além
da de brincar com meus netos, decidi escrever uma AUTOBIOGRAFIA
COMPACTA, para ser publicada com os seis volumes da Aguilar... Dei à
autobiografia comprimida o título de O Escritor diante do Espelho.”
“O importante é que um dia despertei para a mais doce das realidades: a
de que tinha encontrado o lar perdido. Concluí que a linha melódica de
minha vida tinha sido, fino modo, uma busca da casa e do pai perdidos. Ali
estava a casa. Os quadros, os móveis, o espaço geral, a gente que a visita,
os amigos, os visitantes inesperados. E o pai. Também isso, esse problema estava resolvido. Em O Arquipélago eu tinha feito as pazes no diálogo
entre Floriano e Rodrigo Cambará. E agora eu descobria que me havia tornado o pai de mim mesmo. Não se trata apenas dum jogo de linguagem.
Então dei a busca por terminada. Isso significa que não preciso depender
de ninguém para o meu sustento, seja matéria ou espiritual. Gostaria de
saber o que meu filho pensa de mim. Tento agir de modo a não transmitir
a necessidade de buscar um pai.” (Solo de Clarineta 1)
Acima à Direita:
Solo de Clarineta
Primeira edição,
1973
72
Abaixo à Direita:
Solo de Clarineta 2
Primeira Edição,
1976
Página ao lado:
Solo de Clarineta
Original datilografado
e manuscrito com
desenhos do autor
Memorial Erico Verissimo
73
Infanto-Juvenil
E
m 1936 Erico cria o programa de auditório para crianças, Clube dos
Três Porquinhos, na Rádio Farroupilha, a pedido de Arnaldo Balvé.
Dessa idéia surge a Coleção Nanquinote na editora Globo, a
partir do bonequinho, desenhado a nanquim por ele próprio para o livro
Fantoches. O DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado
Novo, exige que o autor submeta previamente àquele órgão as histórias
apresentadas no programa de rádio por ele criado. Resistindo à censura
prévia, encerra o programa em 1937. Outra reação ao nacionalismo
ufanista da ditadura Vargas se faz sentir na versão paradidática da
história do Brasil em As Aventuras de Tibicuera.
A produção de Erico para crianças concentra-se na década de 1930,
coincidindo com a infância de seus filhos, Clarissa e Luis Fernando.
• A Vida de Joana D’Arc – 1935
• As Aventuras do Avião Vermelho – 1936
• Os Três Porquinhos Pobres – 1936
• Rosa Maria no Castelo Encantado – 1936
• Meu Abc – 1936
• As Aventuras de Tibicuera – 1937
• O Urso com Música na Barriga – 1938
• A Vida do Elefante Basílio – 1939
• Outra Vez os Três Porquinhos – 1939
• Viagem à Aurora do Mundo – 1939
• Aventuras no Mundo da Higiene – 1939
74
Acima:
Desenhos do autor
para o livro Fantoches
Página ao lado:
Primeira edição dos
livros Infanto-juvenil
Memorial Erico Verissimo
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Acima:
Original do livro Fantoches,
edição comemorativa,
contendo anotações de desenhos
do autor na margem, 1972
76
Espaços Expositivos
Memorial Erico Verissimo
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Espaços Expositivos
A reunião dos acervos documentais de Mario de Almeida Lima e de Flávio Loureiro Chaves e do acervo bibliográfico
de Waldemar Torres deu origem ao Memorial Erico Verissimo. Isso foi possível graças ao cuidado e dedicação desses
três intelectuais que foram também amigos do escritor gaúcho.
A criação do Memorial deve-se, igualmente, ao empenho da coordenação do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
para que esta ideia se concretizasse na parceria entre o Grupo CEEE e o Grupo Gerdau, que acreditaram na importância
do material reunido.
O Memorial Erico Verissimo é composto por originais, correspondências, desenhos, cadernos de notas, fotos, fortuna
crítica, primeiras edições da obra do escritor, que comprovam sua constante dedicação à literatura, seja como autor,
editor ou tradutor. Seus manuscritos e documentos de processo mostram a importância do trabalho de criação para
chegar a ser o grande escritor que conquistou o Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo.
Ao criar o Memorial em seu prédio na Rua da Praia, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo recupera sua vocação
literária, já impressa no nome dado em homenagem ao autor de O tempo e o vento. O Centro Cultural assume, assim,
a tarefa constante de preservar, difundir e engrandecer a memória de Erico Verissimo que se confunde com a própria
memória do povo gaúcho.
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Memorial Erico Verissimo
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Memorial Erico Verissimo
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* Imagens meramente ilustrativas
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Memorial Erico Verissimo
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Memorial Erico Verissimo
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Memorial Erico Verissimo
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Iniciativa
Patrocínio
Produção Cultural
Apoio
Financiamento
Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
Rua dos Andradas, 1223
Centro Histórico • Porto Alegre • RS
Fone: 51 3226.7974 • 3226.5342
www.cccev.com.br