Projeto temático: Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mud
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Projeto temático: Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mud
Projeto temático: Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mudança linguística, Fase II Relatório no1 janeiro-dezembro 2005 III. Produção bibliográfica comentada Artigos em periódicos: GALVES, C., H. BRITTO & M.C. PAIXÃO DE SOUSA “The Change in Clitic Placement from Classical to Modern European Portuguese: Results from the Tycho Brahe Corpus, Journal of Portuguese Linguistics, vol. 4, 1, Special Issue on Variation and Change in the Iberian Languages: the Peninsula and beyond José Ignacio Hualde (org.), 2005. In this paper we study the syntax of clitic-placement in Portuguese authors born from 1542 to 1836, as regards their patterns of clitic pronouns placement. The motivation for the research was to enquire: what is the pattern of enclisis (V-cl) and proclisis (cl-V) variation in those texts; is it indicative of linguistic change; if so, when in the timeline can the change be located? Drawing from the empirical results, we analyze the syntax of clitic-placement in those texts as representative of a grammatical change, which should be located in the first half of the 18th century. Our empirical arguments and structural analysis sustain that in texts up to the 18th century, enclisis is strictly a Verb-First phenomenon (even so, we will argue, in constructions that are superficially non-verb initial). We sustain that the effects of this syntax in clitic placement ceases to be noticed for texts written by authors born after 1700. Capítulos de livros/anais publicados de congressos: GALVES, C. “A língua das caravelas : Periodização do português europeu e origem do português brasileiro” O objetivo deste artigo é trazer elementos de resposta para uma pergunta freqüentemente levantada pelos estudiosos da história do Português Brasileiro e que pode ser formulada nos termos do título de um artigo de Ilza Ribeiro: “a mudança sintática do português brasileiro é mudança em relação a que gramática ?” (Ribeiro, 1998), ou resumida de maneira mais pitoresca por Ivo Castro: “há que determinar que tipo de português veio nas caravelas” (Castro, 1994, p. 138). Essa pergunta por sua vez coloca a questão da periodização do português europeu, e em particular a natureza do português dos quinhentos, seiscentos e setecentos, épocas nas quais o português europeu foi sendo introduzido no Brasil por vagas sucessivas de imigrantes. Seguindo III. 1 periodizações tradicionais (cf. Matos e Silva 1994) esses três séculos corresponderiam respectivamente ao fim do período arcaico, ao português clássico e ao início do português moderno. Seguindo a análise de Martins (1994), o português europeu moderno já estaria instanciado em autores dos seiscentos. Definindo o nosso objeto como sendo as gramáticas subjacentes aos textos, e com base na noção de “competição de gramáticas” introduzida por Kroch (1994, 2001), sugerimos uma interpretação alternativa dos fatos que nos leva a propor que o chamado português clássico tem sua origem bem anterior ao século 16. Os trabalhos conduzidos a partir do Corpus Brahe indicam por outro lado que a mudança para o português europeu moderno pode ser detectada de maneira robusta em textos escritos por autores nascidos na primeira metade do séc. 18. A nossa conclusão será que o português brasileiro evoluiu a partir de uma única gramática, que chamaremos de português médio – para não confundi-lo com o período tradicionalmente chamado clássico - subjacente aos textos, e por hipótese à fala, de todo o período no qual a língua portuguesa pode ser considerada como formadora da língua brasileira. GALVES, C. & F. FERNANDES “Morfologia e sintaxe” , a sair em E. Guimarães e M. Zoppi-Fontana (orgs.) Introdução às Ciências da Linguagem. A Palavra e a Frase, Campinas: Pontes, 2006. Este capítulo tem como objetivo apresentar a visão gerativa sobre a derivação da frase, domínio do componente sintático, e da palavra, domínio do componente morfológico, bem como problematizar o lugar e funcionamento destes componentes na arquitetura da gramática. Para exercício de tal tarefa, inicialmente apresentamos as definições de palavra e frase dadas pelas gramáticas tradicionais e as contrapusemos com as noções lingüísticas modernas destes dois elementos. Posteriormente, expusemos as principais questões tratadas na abordagem gramatical gerativa como: (i) a definição de gramática à luz da dicotomia Lingua-Interna/Língua-Externa – apresentada neste capítulo com base na comparação entre o português europeu e o português brasileiro; (ii) os universais da linguagem e os parâmetros de variação entre as línguas e; (iii) a variação intralingüística e sua relação com a mudança. Finalmente, focalizamos a palavra e o lugar da morfologia na arquitetura geral da gramática. Apontamos para a forte relação entre a Morfologia e a Sintaxe, apresentando teorias recentes que afirmam serem guiados pelos mesmos princípios gerativos os processos de construção de palavra e frase GALVES, C., M. A. T. MORAES & I. RIBEIRO “Syntax and Morphology in the Placement of Clitics in European and Brazilian Portuguese”, M. Kato & J. Peres (orgs.) This article proposes an analysis of clitic placement in European Portuguese and Brazilian Portuguese (henceforth, respectively EP and BP), from a comparative perspective. In the first part of the article, we use as a comparative corpus the original text of Paulo Coelho’s novel O Alquimista and the adapted version of the Portuguese edition in order to illustrate the differences between the two varieties of Portuguese. The second part of the article presents a review of some recent proposals dealing with enclisis in tensed clauses in EP and of the few studies that explicitly raise the question of the difference between BP and EP clitic-placement. In the third part we present a new comparative analysis for EP and BP cliticplacement. Our proposal is that the different behavior of clitics in EP and BP follows III. 2 from the interaction of two different properties: i) a syntactic property: EP clitics are Infl-clitics and BP clitics are V-clitics. This analysis allows us to tighten the correlation between the placement of clitics in BP with the reduction of the paradigm of the accusative/dative clitics. We adopt Galves’s (2002) idea that a pure accusative marking that is structural requires an Agreement node. Since Infl no longer contains Agr in BP, the only alternative left is the inherent case marking/checking of the clitic by the verb; ii) a morpho-phonological property: EP clitics, but not BP clitics, are required to be in a non-initial position with respect to some boundary. This part of the analysis is based in great part on Galves and Sândalo (2004) who consider clitics as phrasal affixes that are subject to word formation rules like any other affixes. This line of thinking is very much in accordance with recent proposals in the framework of Distributive Morphology. Finally, in the fourth part of this article, we argue that our analysis is preferable to others for both empirical and theoretical reasons. We show that it is able to explain EP clitic-placement in both tensed and infinitival clauses and to account for the variation observed in some contexts. We also bring historical data into the discussion, which we argue can be harmoniously integrated into our explanation of the synchronic facts. GALVES, C., C. NAMIUTI & M.C. PAIXÃO DE SOUSA “Novas perspectivas para antigas questões: revisitando a periodização da língua portuguesa”, in A, Endruschat, R. Kemmler & B. Schafer-Prieβ (orgs.) Grammatische Strukturen des Europaischen Portugiesisch, Tubingen: Calepinus Verlag, 2006. Nesta comunicação discutimos algumas questões concernentes à periodização da Língua Portuguesa, propondo uma nova divisão das etapas históricas do idioma. Essa nova perspectiva parte de um conceito de mudança lingüística no quadro da Teoria da Gramática; e se fundamenta em um levantamento de dados obtidos graças a um extenso corpus digitalizado (o Corpus Histórico do Português Tycho Brahe, com 41 textos escritos por autores nascidos entre 1496 e 1845). Tradicionalmente, a periodização do Português Europeu toma em conta ao menos três períodos para a história da língua (cf. Mattos e Silva 1992 para um panorama): o Português Arcaico (do início do período documentado até o século 16); o Português Clássico (fundamentalmente, os séculos 17 e 18) e o Português Moderno (do século 19 até os dias atuais). Do ponto de vista atual de uma Teoria da Gramática, duas questões surgem a partir disso: i) Quais desses períodos tradicionalmente considerados correspondem efetivamente a etapas gramaticais – ou seja, a um determinado padrão de fixação paramétrica? ii) Podemos datar precisamente as fronteiras entre as diferentes gramáticas assim definidas? Os padrões de colocação de clíticos atestados em 20 textos escritos por autores nascidos entre 1542 e 1836 (no total, 24.974 sentenças finitas) nos revelam dois fatos fundamentais. Primeiro, quanto à interpolação, registramos que há uma etapa intermediária entre os padrões arcaicos e os padrões modernos; isso indicaria que não haveria uma alteração paramétrica única a atingir ao mesmo tempo a interpolação e a posição relativa clítico-verbo. Segundo, quanto ao padrão da posição relativa clíticoverbo (a variação ênclises-próclises), a elevação na freqüência de ênclises mostra-se substantiva apenas a partir dos textos representativos dos primeiros anos de 1700; isso III. 3 indicaria que a emergência da gramática do Português Europeu Moderno não acontece antes da segunda metade do século 17. Assim, é nossa proposta que os três períodos fundamentais na História da Língua Portuguesa, os quais podem ser caracterizados como diferentes etapas gramaticais, são: I. o Português Arcaico (do início do período documentado até o século 13-14); II. o Português Médio (do século 14-15 até o século 17); III. o Português Europeu Moderno (do século 18 em diante). GALVES, C. & M.C. PAIXÃO DE SOUSA “Clitic placement and the position of subjects in the history of Portuguese”, Romance Languages and Linguistic Theory 2003, Selected papers from ‘Going Romance’ 2003, John Benjamins, 2005, pp. 93-107. In this paper, we bring evidence against the analysis of enclisis in sentences like (9) above as derived from the Tobler Mussafia law in EP. We contrast this language with its ancestor, Classical Portuguese (henceforth ClP), represented by texts written by Portuguese authors born between the 16th and the 18th century. Based on a large annotated Corpus from this period1, we show that clitic placement interacts with subject position in ClP in a way which nicely fits within Barbosa's account: the enclitic placement corresponds to structures in which the pre-verbal phrase, be it subject or any other XP, is outside the boundaries of the clause. We then show that the change from ClP to EP involves not only a quantitative change in the rate of enclisis but also a qualitative change affecting the position of subjects with enclisis. We conclude that although pre-verbal subjects with enclisis used to be external to the clause in ClP, this is no more true for EP. PAIXÃO DE SOUSA, M.C. a sair em C. Pfeiffer & J. Horta Nunes (orgs.) Introdução às Ciências da Linguagem. , Campinas: Pontes, 2006. Apresentação em congressos, colóquios e seminários: FERNANDES, F. 'Peso fonológico e foco informacional no sujeito em PE', XXI Encontro da Associação Portuguesa de Linguística, realizado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto 28-30/09/2005, submetido aos Anais do Congresso, e Encontro de Teoria da Gramática da ANPOLL, Ouro Preto, 01-03/12/2005. O objetivo deste trabalho é o estudo da frequência de preferência, pelos falantes nativos, da ocupação da periferia direita da sentença pelo sujeito com foco de informação em PE, levando em conta o peso fonológico dos constituintes ‘sujeito’ e ‘predicado’, bem como a classe do verbo (transitivo, inergativo e inacusativo). Para a realização de tal estudo, elaboramos questionários, nos quais o peso fonológico dos constituintes ‘sujeito’ e ‘predicado’ e a classe verbal foram sistematicamente manipulados, aplicamos estes questionários a turmas de alunos de licenciatura, falantes nativos do PE, e analisamos estatisticamente os resultados obtidos. 1 The Tycho Brahe Annotated Corpus of Historical Portuguese, http://www.ime.usp.br/~tycho/corpus III. 4 FERNANDES, F. & D. GIBBON, 'Annotation-mining for rhythm model comparison in Brazilian Portuguese' Internacional Interspeech'2005 – Eurospeech – '9th European Conference on Speech Communication and Technology', Lisboa, 04–08/09/2005, a sair nos Anais do Congresso. Speech rhythm has been investigated from phonetic, phonological and signal processing perspectives, leading to a wide range of non-comparable methodologies. We assume that this is because speech rhythm is an emergent phenomenon (Emergent Rhythm Theory), due to many ‘hidden’ physiological and other factors, and that specialists make different selections from these factors. We also claim that models proposed so far are relatively arbitrary, and that their formal and empirical similarities and differences are not clarified. Although we accept Emergent Rhythm Theory, we acknowledge that it is currently too complex and inexplicit to be falsifiable, and concentrate on more highly constrained Physical Rhythm Theory approaches. We propose a set of explicanda for Physical Rhythm Theories, and formally and empirically compare selected singleparameter physical rhythm measures. We find that the selected measures show a very low degree of similarity and outline the steps necessary to improve the situation. FLORIPI, S. ‘Sintagma Possessivo e o Determinante no PE’, 54º seminário do Gel, Universidade Federal de São Carlos, 28-30/07/2005. GALVES, A., C. GALVES, N. GARCIA, C. PEIXOTO ‘Correlates of rhythm in written texts of Brazilian and European Portuguese’, Workshop de Fonologia Probabilística, Unicamp, 14/05/2005, e Rencontre Franco-Brésilienne de phonologie probabiliste et analyse statistique des données linguistiques, CNRS/Institut Henry Poincaré, Paris, 12/10/2005. We address the question of detecting fingerprints of rhythm in written texts. We study texts from 20th century Brazilian and Portuguese authors. In these texts we codify the syllables according to whether they carry main stress or not, and whether they are at the beginning of a phonological word or not. Additionally, periods are also marked. Modeling the sequences of symbols obtained with this codification as Variable Length Markov Chains, we estimate the patterns for each text. This probabilistic model discriminates European Portuguese from Brazilian Portuguese. Moreover, the model obtained for each language has a clear linguistic interpretation, as it captures structural features that have long been conjectured in the literature. GALVES, C., C. NAMIUTI & M.C. PAIXÃO DE SOUSA ‘Novas perspectivas para antigas questões: revisitando a periodização da língua portuguesa’, 6o Congresso de Lusitanistas alemães, Leipzig, 15-18/09/2005. GALVES, C. ‘A identidade do português brasileiro’, Colloque Internacional: La langue portugaise, le Brésil, la lusophonie, la mondialisation linguistique: un nouveau regard, Mairie de Montreuil, 16-18/11/2005 III. 5 PAIXÃO DE SOUSA, M.C ‘A anotação da variação de grafia no Corpus histórico do português Tycho Brahe: frentes abertas para o estudo do léxico’, V Encontro de Corpora, Universidade Federal de São Carlos, 24 -25/11/2005. Nesta comunicação apresentaremos alguns aspectos do trabalho da segunda fase da preparação de textos para o Corpus Histórico do Português Tycho Brahe, salientando sua repercussão na exploração desse Corpus para estudos do léxico. Na fase atual do Corpus (2005-2008), utilizamos edições de época dos anos 1500-1900, com base em exemplares fac-similados. Os textos são fielmente transcritos, e posteriormente editados, sobretudo modernizando-se as grafias (com o objetivo imediato de facilitar o tratamento do material pelas ferramentas automáticas de análise morfológica e sintática). O trabalho de transcrição e edição está compreendido no projeto "Memórias do Texto", e tem como princípio a plena recuperabilidade das intervenções realizadas nos originais, graças a uma técnica de anotação via linguagem XML. Isso garante o registro controlado das variações de grafia, e pode repercutir em duas frentes de pesquisa. No plano computacional, pode fundamentar o desenvolvimento de ferramentas de análise lingüística automática (particularmente etiquetadores morfológicos) que suportem variações de grafia. No plano lingüístico, potencializa a exploração dos textos do corpus por estudos lexicográficos – por exemplo, ao possibilitar a geração de dicionários de abreviaturas ou de variações de grafia para o Português Clássico. PAIXÃO DE SOUSA, M.C ‘Memórias do Texto’, comunicação na mesa-redonda ‘Bibliotecas e bancos de dados digitais de literatura’, II Simpósio Nacional de Literatura e Informática. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade de Brasília (UnB), Florianópolis, outubro de 2005. Dissertações e teses2: - defendidas: CARNEIRO, Z. Cartas da Bahia (1809-1904) Um estudo linguístico-filológico, doutorado. (defesa, 12/12/2005) A seleção de um corpus não-literário representativo do passado do português brasileiro é dificultada, sobretudo, pela necessidade de saber se quem escreve os documentos o faz em língua materna ou em segunda língua. A pesquisa é facilitada se o autor tiver assumido cargos públicos. Entretanto, recolher textos de pessoas pouco ou nada conhecidas, provenientes de áreas distantes da costa brasileira, constitui-se em uma atividade árdua. Os documentos do volume 2, datados entre 1808-1904, resultam de um exercício nesse sentido. Por outro lado, a generalidade “português brasileiro” esconde diversas realidades lingüísticas. Tento mostrar a essencialidade da integração entre filologia e história para a seleção de amostras de língua externa, o material empírico para estudos lingüísticos diacrônicos. 2 Só menciono aqui as dissertações e teses diretamente relacionadas com o projeto. III. 6 As fases da elaboração da pesquisa foram as seguintes: (i) seleção e identificação da autenticidade das cartas; edição; localização espacial e temporal; (ii) identificação de dados relevantes sobre os remetentes e os destinatários; (iii) contextualização da amostra com base na história externa do português brasileiro e (iv) descrição lingüística, enfocando padrões de colocação dos clíticos. Como resultado final mais importante, há a identificação, a partir de um modelo de representação de linguagem, de um interessante processo de competição de gramáticas em textos escritos por brasileiros nascidos entre fins do século 18 e meados do século 19. Atestam-se três padrões distintos na colocação dos clíticos: construções equivalentes à escrita do português europeu em sua fase clássica; construções que refletem as mudanças em direção ao português europeu moderno, e construções que definem o português brasileiro. Esses padrões mostram o efeito nos documentos de duas mudanças, diferentemente do que comumente tem sido demonstrado. CAVALCANTE, S. "O uso de "se" com infinitivo na história do Português: do Português Clássico ao Português Europeu e Português Brasileiro modernos", doutorado FAPESP. (defesa 27/01/2006) A análise da variação 0/se com infinitivo em amostras de fala (Nurc/RJ e Português Fundamental) e de escrita (jornais) do Português Brasileiro (PB) e do Português Europeu (PE) revela uma diferença no percentual do uso de se com infinitivo: PE apresenta uma média de 8% de presença de se nas amostras de fala e de escrita, ao passo que PB apresenta uma média de 25% e de 50% de se na fala e na escrita respectivamente. A partir de tais resultados, esta tese procura entender a evolução diacrônica de se com infinitivo que dá lugar a esse uso diferenciado em PE e PB. Para isso, trata da variação 0/se numa amostra de textos de autores portugueses nascidos entre os séculos 16 e 19, que compõem o corpus Anotado do Português Histórico -- Corpus Tycho Brahe. Nesta amostra, a media de se com infinitivo sofre uma mudança: até o século 18 (período do Português Clássico -- PCl), há 20% de presença de se nas infinitivas; a partir do século 18 (Português Europeu), há 10% de presença de se nas infinitivas. A análise se fundamenta (a) no tipo de se que pode aparecer junto ao infinitivo: sepassivo, se-indefinido, se-impessoal (cf. Raposo e Uriagereka, 1996 e Martins, 2003), e (b) na natureza de Agr não-finito no PE e no PB (cf. Moreira da Silva, 1983, Galves, 1993 e Figueiredo Silva, 1996). Com base neste quadro teórico e nos resultados de um conjunto de mudanças ocorridas na gramática do PB, é possível argumentar a favor de que, enquanto no PE, um sistema em que Agr é forte, capaz de licenciar e identificar sujeitos nulos, aparecem o seindefinido e o se-impessoal; no PB, um sistema de Agr fraco no traço [pessoa], o se é o se-impessoal e aparece para identificar o referente indeterminado da posição sujeito de infinitivo, em variação com os pronomes a gente e você. No PCl, diferentemente, aparece o se-passivo nas infinitivas. Com esses resultados, procuro contribuir para uma descrição mais acurada das diferenças paramétricas existentes entre PE e PB. Esses resultados, aliados às pesquisa desenvolvidas dentro do quadro teórico gerativista, contribuem para se postular que estamos diante de três gramáticas distintas: a do PCl, a do PE e a do PB. III. 7 - em andamento : ANDRADE, A. Estudo diacrônico de orações infinitivas do português iniciadas por preposição As orações infinitivas preposicionadas no português apresentam diversos aspectos de interesse para a pesquisa diacrônica. Nelas encontra-se a controvérsia sobre a origem das orações completivas iniciadas por "para", que, segundo as análises existentes, têm origem no Português Brasileiro, mas que também são encontradas no Português Europeu. Servindo-lhes de contraponto, o estatuto de complementizador preposicional das partículas "de/a" iniciadoras de orações infinitivas pode ser questionado face a comparações com outras línguas românicas. Um outro aspecto que questiona qualquer análise rápida é a colocação de clíticos nesses contextos, dada sua variação sincrônica e uma distribuição face ao tipo de preposição introdutora que sugere uma ambigüidade categorial, consoante levantamento piloto. Tais constatações são oferecidas como justificativas para a realização de análises de cunho quantitativo e qualitativo utilizando o "Corpus Histórico Anotado do Português Tycho Brahe" e outros corpora referentes ao Português Brasileiro, um dos quais a ser coletado pelo candidato em periódicos do Estado de Goiás. Dessa forma, a projeto terá por objetivo principal compreender a mudança na complementação infinitiva do Português Clássico para o Português Brasileiro e o Português Europeu Moderno, assim como a repercussão dos achados no quadro da mudança mais geral das gramáticas dessas variedades, tendo por base os pressupostos teóricos da Gramática Gerativa. ANTONELLI, A. “O clítico se e a variação ênclise/próclise do Português Médio ao Português Europeu Moderno”, mestrado, FAPESP. No Português Europeu, do século 16 ao 19, é atestado em textos escritos que a ênclise e a próclise podem ocorrer num contexto sintático semelhante, a saber, o das sentenças afirmativas finitas em que o verbo não se encontra em posição inicial. Basicamente, o elemento pré-verbal desse tipo de construção pode ser um sujeito, um advérbio ou um sintagma preposicional. Galves, Britto & Paixão de Sousa (2005) já observaram que, até por volta de 1700, o uso da próclise é quantitativamente maior que o da ênclise. Porém, a partir do início do século 18, começa a haver uma inversão nessa proporção, de tal modo que, no Português Europeu Moderno, os mesmos contextos que outrora admitiam a colocação proclítica apresentam agora a ênclise de maneira categórica. Para esse período da história da colocação de clíticos do Português Europeu, Galves, Britto & Paixão de Sousa já notaram que a opção pela ênclise em textos escritos antes do século 18 está fortemente associada ao uso do clítico se. As autoras mostram que, em textos dos séculos 16 e 17, um alto percentual de ênclise em sentenças sujeitoiniciais tipicamente traduz-se em uma alta proporção da ordem “sujeito + verbo + clítico se”. Esse mesmo paradigma, porém, não é observado para os textos dos séculos 18 e 19, já que, nos textos escritos por autores nascidos após 1700, a distribuição da ênclise com se e com os outros clíticos é muito mais balanceada. Dada essa particularidade no fenômeno da colocação de clíticos do Português Europeu envolvendo o pronome se, nossa investigação, dentro do quadro teórico da gramática gerativa, procura traçar a evolução da ênclise no universo de sentenças com esse clítico específico entre os séculos 16 e 19, tentando entender melhor em que circunstâncias a ênclise aparece e como isso se relaciona com a escolha pelo clítico se. Uma proposta III. 8 como essa se justifica visto que um trabalho nesse sentido poderá esclarecer melhor não apenas quais são as razões que favorecem a ênclise com o clítico se até o fim do século 17, mas também por que o tipo de clítico parece deixar de ser um fator importante na escolha da colocação enclítica desse momento em diante. Este trabalho insere-se no âmbito do projeto temático “Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística (Fase II)” e toma como material para análise um conjunto de dados extraídos de 20 textos escritos por autores portugueses nascidos entre 1542 e 1836. Todos os textos dos quais retiramos o nosso material de análise estão presentes no Corpus Tycho Brahe (http://www.ime.usp.br/~tycho/corpus). FERNANDES, F. " Ordem, estratégias de focalização e preenchimento em português: sintaxe, entoação e ritmo’, doutorado direto, FAPESP. Este projeto de doutorado propõe a análise comparativa entre as diferentes estratégias de focalização escolhidas pelo português brasileiro (PB) e pelo português europeu (PE) para a marcação de foco de escopo estreito do elemento ‘sujeito’ em sentenças de mesma estrutura informacional nessas duas variedades de português. A hipótese desta pesquisa é de que as diferentes estratégias de marcação de foco de escopo estreito escolhidas pelas duas línguas não estão relacionadas somente a questões sintáticas, como a fixação do parâmetro pro-drop, mas também a questões que envolvem a otimização do ritmo, da estrutura prosódica e da estrutura entoacional em PB e em PE. FLORIPI, S. “Estudo da variação do determinante em sintagmas nominais possessivos do Português Médio ao Português Europeu Moderno”, doutorado, FAPESP. Este projeto de doutorado objetiva descrever e analisar, dentro de uma perspectiva diacrônica, a variação do uso do Determinante em estruturas com Sintagmas Nominais (DP) possessivos em 23 textos de autores portugueses nascidos desde o século 16 ao século 19. Os textos foram selecionados do Corpus Anotado do Português Histórico Tycho Brahe (doravante Corpus Tycho Brahe) que se encontram disponíveis na internet no site: www.ime.usp.br/~tycho/corpus. Como arcabouço teórico, tendo como pressupostos o Modelo de Princípios e Parâmetros, utilizarei uma abordagem minimalista (Chomsky (1995) e Kayne (1994)) e não lexicalista (Halle e Marants (1993)). Para o levantamento de dados serão utilizados os textos disponíveis do Corpus Tycho Brahe, pois, assim, poderei tartar quantitativamente de objetos mais complexos, tanto do ponto de vista do fenômeno envolvido quanto do período considerado; e, com base nesse tratamento quantitativo, arei uma análise qualitativa sustentável. GIBRAIL, A. “ As estruturas de topicalização do Português Médio ao Português Europeu Moderno, um estudo diacrônico e teórico”, doutorado. A tese que desenvolvo trata da descrição e análise das estruturas de topicalização do português clássico. O objetivo que norteia este trabalho é a investigação da freqüência de uso e legitimação das formas variantes de realização desse tipo de estrutura nos processos de mudança em curso naquela gramática. Para este tipo de investigação, faço uso de dados levantados de 38 textos de autores portugueses nascidos entre 1502 e 1845, integrantes do Corpus Tycho Brahe. O levantamento dos dados revela ser este tipo de estrutura de uso comum e produtivo no português daquele período. Elementos em posição de tópico são legitimados em formas III. 9 estruturais variantes, projetadas com e sem retomada pronominal. Nessas ocorrências, qualquer constituinte da oração pode ser realizado em posição de tópico: objetos diretos e indiretos, sintagmas adverbiais, sintagmas preposicionais, sintagmas adjetivais, e outros. Por outro lado, a análise quantitativa desses dados revela não haver uniformidade diacrônica na freqüência de uso dessas formas variantes. Com objetos topicalizados, a freqüência de uso da variante sem retomada pronominal diminui do séc. XVI ao séc. XIX, enquanto a freqüência de uso da variante com retomada pronominal aumenta na mesma proporção nesse período. Essas formas variantes de topicalização de objetos são assumidas nos estudos lingüísticos como fenômenos distintos, sendo a estrutura com retomada pronominal denominada Estrutura de Deslocação à Esquerda Clítica, DEC (no inglês, CLD), e a forma sem retomada pronominal definida propriamente como estrutura de topicalização.. Outro fato revelado no levantamento desses dados é que, paralelamente, à mudança de comportamento quanto à freqüência de uso das estruturas de topicalização e de Deslocação à Esquerda Clítica, outras mudanças são assinaladas no nível estrutural das sentenças. A co-ocorrência dessas mudanças é significativa na medida em que ela pode ser reveladora da atuação de uma mudança maior subjacente àquela gramática. Tendo em conta os objetivos a serem alcançados neste trabalho de pesquisa, o ponto fundamental a ser perseguido em etapas posteriores é determinar se os fatores responsáveis pela mudança de comportamento diacrônico na freqüência de uso dessas estruturas são os mesmos que promovem alteração na ordem superficial de realização do sujeito e outros constituintes nessas sentenças. NAMIUTI, C. "O fenômeno da interpolação na história da colocação de clíticos em Português", doutorado direto FAPESP Na passagem do português arcaico (PA – século 13 à 16 – segundo a tradição) para o português clássico (PC - séculos 15 à 16), juntamente com a perda da interpolação dos vários constituintes do sintagma verbal e do fronteamento desses mesmos constituintes, há um aumento bastante significativo no uso da próclise em orações raízes e também há a emergência de uma nova sintaxe da interpolação da negação. A negação passa a ser interpolada não somente nas orações subordinadas e principais marcadas com partículas de foco, quantificadores e certos advérbios, mas também em orações matrizes e coordenadas finitas introduzidas por sujeitos e adjuntos, em completivas com o complementador nulo e ainda em infinitivas introduzidas pela preposição em: “E, chegando a alguma que com menos apêrto faça sua relação , me não pareceu enjeitar” (Lobo - séc. XVII) “e o não podemos averiguar, senão pelo Regimento daquela fortaleza...” (Couto – séc. XVI) “Não tive novas de Vossa Mercê e peço-lhe __ me não prive de um favor a que eu tenho tanta acção. (Bernardes - XVII)”. “e tanto à minha custa, que não só me condenam em os não ver, mas levantam testemunhos falsos da minha pobre pobreza. (Melo – XVII)”. Por volta do século 18, na passagem do PC para o português europeu moderno (doravante PE), a porcentagem da ênclise volta a subir e a ordem "XclnegV" desaparece nos contextos apresentados acima. III. 10 Os dados sugerem um estado gramatical intermediário entre o PA e o português europeu moderno. Fato que leva nossa proposta ir no sentido oposto à hipótese de Martins (1994) que relaciona a perda da interpolação dos vários elementos do sintagma verbal com a perda da próclise em orações raízes. Para nós, estas são duas mudanças distintas. Abstracts submetidos a congressos internacionais CARNEIRO, Z. & C. GALVES ‘Clitic-placement in the history of Brazilian Portuguese: a case of three-grammar competition’, submetido à 9a Diachronic Generative Syntax Conference (DIGS 9), Trieste, 8-10/06/2006, http://www.univ.trieste.it/~digs9 GALVES, C. & F. SANDALO, ‘Clitics in European Portuguese: X-bar and prosodic words phrasing’, submetido ao 29o Colóquio do GLOW. NAMIUTI, C. ‘Neg-Interpolation and Proclisis: an intermediate state in the history of Portuguese’, submetido à 9a Diachronic Generative Syntax Conference (DIGS 9), Trieste, 8-10/06/2006, http://www.univ.trieste.it/~digs9 PAIXÃO DE SOUSA, M.C. ‘Word order pattern in Middle Portuguese and the challenge of timing syntactic change’, submetido à 9a Diachronic Generative Syntax Conference (DIGS 9), Trieste, 8-10/06/2006, http://www.univ.trieste.it/~digs9 PAIXÃO DE SOUSA, M.C. & T. TRIPPEL "Metadata and XML standards at work: a corpus repository of Historical Portuguese texts". Comunicação submetida à V International Conference on Language Resources and Evaluation (Lrec 2006 Universidade de Gênova). (comunicação aceita) III. 11
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