Boletim - Castro Verde
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Boletim - Castro Verde
OCampaniço Nº 74 SETEMBRO/OUTUBRO 2007 Boletim Informativo da Câmara Municipal de Castro Verde Distribuição gratuita “Há falta de cereal no mundo!” A agricultura tem pela frente novos cenários. Os agricultores do Campo Branco falam das dificuldades que daí decorrem. Há uma nova geração de agricultores e um Plano Zonal que se reclama mais justo. p. 10, 11 Entrevista urbanismo reportagem Melhor qualidade urbana A Força da Fé Compreender Pessoa Com vista ao reordenamento do espaço público, a Câmara Municipal vai reorganizar o tráfego e o estacionamento na Praça do Município, Rua de Mértola e Rua de Aljustrel. A requalificação destes espaços tem como objectivo a resolução de algumas situações de conflito ao nível da mobilidade e a qualificação urbana. p. 5 Após sete anos em Castro Verde, de trabalho e proximidade com as gentes alentejanas, o Padre Rui regressou a Lisboa. A formação de futuros sacerdotes é a missão que se aproxima. Voltar, é mais do que uma vontade. É um sentimento de pertença que desenvolveu ao integrar-se na comunidade local. p. 14 Boas Festas Câmara Municipal de Castro Verde Depois de ter frequentado os estabelecimentos de ensino do concelho, Manuela Parreira da Silva prosseguiu os seus estudos na área da literatura. Em entrevista ao “Campaniço”, fala-nos de Fernando Pessoa, um dos mais brilhantes poetas portugueses do século XX e a base de toda a sua investigação. p. 8, 9 O Campaniço setembro/outubro 2007 AUTARQUIA Gestão da Água, que Futuro? A gestão dos recursos hídricos exige uma atenção cada vez maior e mais urgente por parte das entidades competentes. “Que sistema de gestão para a distribuição de água em alta?” foi o tema do debate que encheu o auditório do Fórum Municipal e que reuniu autarcas de todo o distrito de Beja. Em discussão estiveram os dois sistemas possíveis para o Baixo Alentejo. A gestão da água é uma das problemáticas actuais que mais tem dominado a actualidade regional. A não aprovação da candidatura da AMALGA (Associação de Munícipios Alentejanos para a Gestão do Ambiente) ao Fundo de Coesão para financiamento do Sistema Intermunicipal de Abastecimento de Água e Saneamento, veio colocar na ordem do dia a necessidade de cada município envolvido decidir, a curto prazo, sobre o modelo que pretende para a gestão da água. Foi neste contexto que, no passado dia 17 de Setembro, se sentaram à mesa Francisco Pinto, da Euraudit, Marques Ferreira, em representação do Conselho de Administração das Águas de Portugal, Manuel Francisco Camacho, Presidente do Conselho de Administração da AMALGA e Fernando Caeiros, presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, para debater que sistema de gestão para a distribuição de água e saneamento em alta. Organizada pela Câmara Municipal de Castro Verde, a iniciativa encheu o Fórum Municipal e reuniu autarcas de todo o distrito de Beja, prolongando-se durante toda a tarde. Em discussão estiveram os dois sistemas possíveis para o Baixo Alentejo: intermunicipal e multimunicipal. Fernando Caeiros, presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, introduziu no debate Mesa do debate uma questão prioritária: “estamos a pensar no sistema de gestão e de como ele há-de funcionar, mas estamos a passar por cima de uma etapa anterior. São necessárias infraestruturas básicas. Esta parece-me ser a última oportunidade de sermos beneficiados financeiramente para estes efeitos. Há um prazo bem definido, 2007-2013, do próximo QREN. Francisco Pinto, representante da Euraudit, empresa que está a efectuar um estudo sobre a matéria em análise para a autarquia de Castro Verde, lembrou que “não se dispõe de muito tempo, de modo a assegurar a realização financeira no âmbito dos Fundos Comunitários” e que “a região deve decidir em torno de projectos que possibilitem um desempenho global compatível com as exigências que o posicionamento comunitário exige e que as populações merecem”. O projecto intermunicipal alentejano foi lançado em 2001 e após 11 revisões da candidatura foi chumbado por Bruxelas. Até agora, tanto o município de Mértola como o de Ourique, que integravam a candidatura da AMALGA, decidiram optar por integrar o sistema multimunicipal, um projecto que vai ser desenvolvido no âmbito da empresa Águas de Portugal. Marques Ferreira, por sua vez, representante da empresa Águas de Derrama e IMI aprovados Ficha Técnica A Assembleia Municipal de Cas- Finanças Locais, os municípios vão tro Verde aprovou, por unanimida- perder entre 30% a 40% da sua rede, o lançamento da derrama sobre ceita habitual, com possíveis conseIRC em 2008, na sequência da de- quências a nível orçamental. liberação tomada em reunião pela Segundo a Lei n.º 2/2007 de 15 Câmara Municipal de Castro Ver- de Janeiro, art. 10.º, a derrama de, no passado dia 5 de Setembro constitui uma das receitas munido corrente ano, para que em 2008 cipais e o produto da cobrança da seja lançada uma derrama de 1,5% mesma é lançada nos termos do art. sobre o produto tributável e não 14.º, onde é fixada a percentagem a isento de IRC. aplicar pelos municípios, a qual não Uma proposta que surge da ne- pode exceder 1,5% sobre o lucro tricessidade do município vir a re- butável sujeito e não isento de IRC. forçar a sua capacidade financeira, Segundo cálculos efectuados petendo em conta o conjunto de inves- los serviços municipais a aplicação timentos em PPI, nomeadamente da nova lei das finanças locais, em os co-financiados parcialmente pe- 2008, no que se refere à derrama los fundos comunitários. De referir lesará a autarquia em 7500 €/dia. ainda que, perante a actual Lei das Igualmente aprovado por unanimi- Campaniço dade, pela Assembleia Municipal, após deliberação da mesma Câmara Municipal, foi a fixação das taxas do Imposto Municipal sobre Imóveis em 2008, que estabelece fixar em 0,6% a taxa para os prédios urbanos e em 0,3% a taxa para os prédios urbanos novos, tendo por referência as taxas de imposto municipal estabelecidas pelo CIMI, no art. 112º, do n.º 1 (Prédios rústicos: 0,8%; Prédios urbanos: 0,4% a 0,8%; Prédios urbanos avaliados, nos termos do CIMI: 0,2% a 0,5%). O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) veio substituir a Contribuição Autárquica a partir de 1 de Dezembro de 2003 e incide sobre o valor patrimonial dos bens imóveis. PUBLICAÇÃO BIMESTRAL - Propriedade da Câmara Municipal de Castro Verde DIRECTOR Fernando Caeiros COORDENAÇÃO Paulo Nascimento REDACÇÃO Carlos Júlio, Liliana Valente, Sandra Policarpo GRAFISMO Pedro Pinheiro APOIO FOTOGRÁFICO Serviços Sócio-Culturais REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Câmara Municipal de Castro Verde - Praça do Município, 7780 Castro Verde. Tel. 286 320700 Tiragem 4200 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Comercial Loulé E-mail [email protected] / gab.comunicacao@ cm-castroverde.pt Página Web: www.cm-castroverde.pt Portugal (AdP), sublinhou que “205 municípios estão associados à AdP em sistemas multimunicipais e que a questão do grupo AdP tem de ser assumida como um instrumento do Estado”. A proposta passa assim pela empresa Águas de Portugal deter 51% das acções, enquanto as câmaras municipais ficam com os restantes 49%. Uma proposta que, de acordo com Marques Ferreira, “não pretende criar nenhum encargo nem nenhum ónus financeiro para as autarquias”. Porém, a questão não é assim tão clara para a maioria dos autarcas que defendem a água como um bem público de primeira necessidade e que se interrogam sobre uma futura privatização das Águas dee Portugal o que, segundo as regras do mercado, alteraria todo o cenário. Na perspectiva de Manuel Camacho, presidente da AMALGA “as câmaras municipais deveriam fazer um esforço para que fossem elas a ter a possibilidade de pôr de pé um sistema integrado”. Para Manuel Camacho, “neste momento, o mais importante é infra-estruturar e não perder as oportunidades”. Ainda segundo o presidente da AMALGA, o estudo preparado para os sete concelhos alentejanos, leva a concluir que “as tarifas vão ser mais baixas, uma vez que saíram dois municípios” e que “esta estrutura é rentável”. Em jeito de conclusão, Fernando Caeiros considerou que é fundamental contrariar a ideia defendida por alguns de que a água será o “ouro branco” do futuro “porque se está a falar de um bem essencial que não pode ser confundido com negociatas de qualquer natureza”. Referiu ainda “a necessidade de conjugação de esforços entre entidades públicas para cooperação dos finaciamentos comunitários, propondo que a gestão da opção final por sistema intermunicipal ou multimunicipal deve ser alargada para período posterior à conclusão dos investimentos, considerando que é fundamental que a gestão da água se mantenha no sector público local. Celebração de protocolo com CEBAL A Câmara Municipal de Castro Verde aprovou a celebração de um protocolo de colaboração com o Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-alimentar do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral (CEBAL), após parecer positivo da Assembleia Municipal. O protocolo tem como objectivo o acompanhamento da implementação do Pólo Tecnológico da Cavandela de forma a assegurar, durante o processo, os interesses da região, do concelho e da autarquia. O Empreendimento Turístico da Cavandela tem no seu projecto a criação de um parque tecnológico, onde se destaca a instalação de um centro de desenvolvimento de tecnologias e biotecnologias agro- alimentares e ambientais, que merece por parte da autarquia uma atenção especial. Atendendo ao facto de que o CEBAL está localizado nesta região e que tem como objectivos, entre outros, a investigação e consultoria em Biotecnologia e a colaboração com entidades públicas no âmbito das suas competências e tem as condições técnico-científicas e os recursos humanos necessários e adequados, a autarquia espera que esta colaboração potencie a análise e a informação necessária para que sejam tomadas as melhores decisões na implementação do Pólo Tecnológico, contribuindo assim para o surgimento deste projecto sustentável. O Campaniço setembro/outubro 2007 AUTARQUIA Geminação com localidades espanholas Castroverde de Lugo, de Zamora e de Valladolid foram as localidades espanholas com as quais o município de Castro Verde acordou recentemente uma proposta de geminação cuja filosofia assenta no aprofundar de laços e no estabelecer de relações sociais e culturais entre as comunidades envolvidas. Foi recentemente formalizada a proposta de geminação entre o Município de Castro Verde e os municípios espanhóis de Castroverde de Campo (Zamora), Castroverde (Lugo) e Castroverde de Cerrato (Valladolid). A formalização ocorreu durante o encontro realizado em Agosto passado, na Galiza, onde estiveram reunidos os representantes dos diferentes municípios. Este processo de geminação entre localidades que partilham em comum o topónimo “Castro Verde”, vai assim ao encontro do “Ano Europeu do Diálogo Cultural”, a realizar em 2008, e ao programa “Europa para os Cidadãos”, promovido pela União Europeia, entre 2007 e 2013, e cujo objectivo é a promoção de uma “cidadania europeia mais activa”. Neste contexto, a geminação enquadra-se claramente nos objectivos celebrados aquando da sua formalização e que visam, essencialmente, o desenvolver de actividades que preconizem o aprofun- Castroverde, província de Lugo, comunidade autónoma da Galiza, de área 174,84 km² com população de 3286 habitantes (2004) e densidade populacional de 18,79 hab/km². Castroverde de Campos, província de Zamora, comunidade autónoma de Castela e Leão, de área 64,00 km² com população de 436 habitantes (2004) e densidade populacional de 6,34 hab/km². Castroverde de Cerrato, província de Valladolid, comunidade autónoma de Castela e Leão, de área 32,73 km² com população de 279 habitantes (2004) e densidade populacional de 8,13 hab/km². Reunião de geminação dar de laços entre as comunidades e os cidadãos da União Europeia. O estabelecer de relações sociais e culturais como pontes de intercâmbio e organização de inicia- tivas conjuntas, indispensáveis para a construção da Europa, representa outro dos objectivos da geminação. Descobrir cenários geográficos diferentes, modos de vida e línguas diferenciadas como elo de ligação e aproximação entre comunidades, é descobrir que a toponímia pode ser assim o princípio para Castro Verde participar num processo de geminação com outras comunidades, mesmo que as suas características sociais, culturais e antropológicas sejam distintas. Castro Verde Candidatura a Julgado de Paz As Câmaras Municipais de Castro Verde, Aljustrel, Ourique e Almodôvar candidataram-se à criação de um “Julgado de Paz” em cada sede de concelho, para instalação já em 2008. Castro Verde candidatou-se à instalação de um Julgado de Paz, à semelhança dos concelhos vizinhos de Aljustrel, Almodôvar e Ourique. Com instalação prevista para 2008, este tratar-se-á do primeiro agrupamento de julgados de paz em todo o Alentejo e Algarve. Criados em 2001, os julgados de paz visam aliviar os tribunais de processos até cinco mil euros que envolvam questões muito diversas, como ofensas corporais simples, injúrias, difamações ou determinados incumprimentos de contratos. A sua instalação implica a abertura de um gabinete e sala de audiências em cada concelho, onde um juíz e os respectivos mediadores – funcionários do Ministério da Justiça – se deslocam para tentar conciliar as partes. A criação destas estruturas pretende tornar a justiça mais acessível aos cidadãos que procuram a solução para questões jurídicas mais simples. Ao Ministério da Justiça cabe assegurar o pagamento da actividade desempenhada pelos Juízes de Paz e mediadores, insta- lação e funcionamento do sistema informático. À autarquia restam as responsabilidades para com as instalações, eventuais obras, mobiliário, equipamentos e ainda os meios humanos para os serviços de atendimento e de apoio administrativo. Apesar das dúvidas que estes ainda possam levantar, deverão assumir um papel significativo à escala local, ao permitirem uma resposta mais eficaz às necessidades da sociedade actual de acordo com os seus direitos e interesses. O que são? Os Julgados de Paz são uma nova - Responsabilidade civil – contratuforma de administração da justiça, al e extracontratual; regendo-se pelos princípios de sim- - Direito sobre bens móveis ou imóplicidade, imparcialidade, oralidade veis – como por exemplo propriee rapidez processual, privilegiando a dade, condomínio, escoamento proximidade e a participação activa natural de águas, comunhão de das partes na condução do processo. valas, abertura de janelas, portas e varandas, plantação de árvores Que questões podem e arbustos, paredes e muros divisórias; resolver? - Arrendamento urbano, exceptuan- Incumprimento de contratos e do o despejo; obrigações; - Acidentes de viação. Orçamento e Plano de actividades 2008 Reuniões preparatórias Reunião em casével A Câmara Municipal, Juntas de Freguesia e Assembleias de Freguesia do concelho de Castro Verde promoveram um conjunto de reuniões para discutir e preparar os Orçamentos e as Opções do Plano de Actividades dos órgãos autárquicos para o ano de 2008. As reuniões, nas quais se apelou à participação das populações e dos agentes activos da comunidade, decorreram nas sedes de freguesia e procuraram ouvir opiniões que contribuíssem na definição de linhas de actuação autárquica para o futuro. Após o término deste ciclo de assembleias, a Câmara Municipal vai reunir com as Juntas de Freguesia para analisar toda a informação participada e proceder à inscrição das acções consideradas prioritárias em plano de actividades e orçamento, onde os protocolos de delegaçãoção de competências para as Juntas de Freguesia assumem especial importância. O Campaniço setembro/outubro 2007 local Toponímia Local RÚBRICA Ruas com nome de gente Continuamos a viagem pelas ruas e praças da nossa vila. Na origem do nome que têm hoje, estiveram não só acontecimentos políticos e históricos, mas também personalidades que marcaram o país. Mais do que uma homenagem, atribuir o seu nome a uma rua é também perpetuar o seu percurso de vida, valorizando os seus feitos. Quem foi... António Francisco Colaço Médico e matemático. Presidente da Câmara entre 1882 e 1884. Álvaro Romano Colaço Agricultor, Vogal da Câmara (1923), Secretário da Câmara (1925-1926), Vice-Secretário (1930), Vogal (1936), Vereador (1939-1941) É frequente reconhecer nas ruas, praças ou largos de Castro Verde nomes de grandes personalidades, locais ou não, que de qualquer forma, deram o seu contributo para a Avenida General Humberto Delgado história da vila e do país. Compreender o porquê destas designações de Lisbôa, fique com a mesma deOutras ruas se seguiram nesta e participação na campanha de é explorar e identificar as raízes que nominação. Porém, posteriormen- atribuição de nomes de persona- Humberto Delgado... Considerannos rodeiam diariamente. A actual te, a esta Rua em toda a sua exten- lidades que marcaram uma épo- do o implemento que deu ao coopeRua Dr. António Francisco Colaço, são, foi reposto o anterior nome de ca, um movimento, ou que simples- rativismo como principal fundador por exemplo, foi outrora Rua 25 de “Rua Fialho de Almeida.” mente tiveram um acto de coragem e impulsionador da cooperativa de Julho. Conforme consta na acta reNa sessão de 16 de Setembro de na luta contra as desigualdades ou consumo de Castro Verde em beneferente à sessão de 24 de Dezembro 1974 e, segundo a respectiva acta, contra o regime. Exemplo disso foi fício das populações e ainda a Coode 1934, deliberou a Câmara Muni- aprovou-se a decisão de dar à Rua a proposta apresentada pelo Senhor perativa Agrícola dos pequenos e cipal que fosse dado “à Rua 25 de Campo Branco o nome do General Vereador Manuel Sequeira Afonso médios Agricultores que substitui Julho, o nome de Rua Dr. Antó- Humberto Delgado: “Na reunião onde argumenta: “Porque há alguns o Grémio da Lavoura... O Vereanio Francisco Colaço, para que ordinária realizada no dia vinte e dias faleceu Adriano Correia de Oli- dor do Partido Socialista, Horácio a sua memória se perpetue na lem- cinco de Maio último, dando satis- veira, lutador antifascista, que, de Manuel Figueira da Cruz, propõe brança de todos”. fação ao desejo manifestado pelo uma forma ou de outra a todos to- que em sua memória e em honra da Na sessão de 3 de Junho de 1943 Povo, deliberou a Comissão Admi- cou de maneira especial pelo modo Democracia seja dado o seu nome e por proposta do vereador João Ce- nistrativa da Câmara Municipal, como nos transmitiu a Mensagem a uma Rua de Castro Verde, terra lorico Drago deu-se“à parte da Rua por unanimidade, que a Praça Sa- de Fé e de Esperança, proponho um da sua naturalidade.” Apreciada a Fialho de Almeida, desta vila, com- lazar, desta Vila, passasse a desig- voto de pesar, lavrado em acta. Que presente proposta, a Câmara delipreendida entre o Largo da Feira e nar-se Praça da Liberdade, e que, seja dado o nome de Adriano Cor- berou, por unanimidade, dar-lhe o cruzamento com a Rua Joaquim por proposta do vogal, senhor Vaz reia de Oliveira a uma rua ou praça inteiro apoio, decidindo dar o nome Romão Júlio, o nome de Rua Ál- Ramos fosse dado o nome do Gene- da vila de Castro Verde.” de Manuel Assunção Mestre, à varo Romano Colaço. Como ar- ral Humberto Delgado a uma das Depois de apreciada a proposta, a rua paralela com a rua de Olivença, gumentos para tal proposta foram principais ruas da vila a indicar Câmara deliberou por unanimida- sita no Bairro Municipal e que coninvocadas as seguintes palavras: oportunamente, prestando des- de dar-lhe a sua aprovação e dar o fronta a Nascente com a Rua da Li“Encontra-se por pagar por parte te modo, justíssima homenagem à nome do cantor Adriano Correia berdade e a Poente com a Avenida desta Câmara uma divida de grati- memória dum homem que se bateu de Oliveira à praça projectada na 25 de Abril. dão para com um Filho Ilustre des- até à morte pela causa da liberda- urbanização da Coophecave, em Por fim, e no que respeita à Rua ta terra, Grande Benemérito que de. Nestes termos, dando satisfa- Castro Verde. Zeca Afonso deliberou a Câmara foi e que ao concelho e a esta mes- ção à referida deliberação a ComisNa “Sessão de 2 de Março de 1983 Municipal na sessão de 24 de Fevema Câmara prestara os mais ele- são Administrativa deliberou, por foi presente uma proposta apresen- reiro de 1987 “e sob proposta do seu vados e desinteressados serviços, unanimidade, dar o nome do Ge- tada pelo Sr. Vereador Horácio Ma- Presidente, aprovar um voto de peÁlvaro Romano Colaço. neral Humberto Delgado à nuel Figueira da Cruz, cujo teor é o sar pela morte do poeta e cantor Contudo, na sessão de 25 de No- actual Rua Campo Branco e que a seguinte: “Considerando que Ma- José Afonso (Zeca Afonso). Mais vembro de 1946 decidiu-se que “em sessão de homenagem tenha lugar nuel Assunção Mestre foi um gran- deliberou a Câmara, também por aditamento à deliberação tomada no dia cinco do próximo mês de Ou- de defensor e impulsionador dos unanimidade, dar o nome de Zeca em reunião de 3 de Junho de 1943 tubro, pelas onze horas, dando-se a ideais de 25 de Abril... Conside- Afonso – poeta, músico e cantor, à e relativamente à Rua Álvaro Ro- maior publicidade desta delibera- rando que os seus ideais se guia- rua situada na Expansão Oeste de mano Colaço, que a parte restante ção a fim da população conscien- ram por conceitos de liberdade e Castro Verde” pelo facto de que “ao da mesma artéria compreendendo te da dimensão desta homenagem, antifascismo, como o prova, en- longo da sua vida, esteve sempre já o prolongamento até à estrada possa comparecer em massa.” tre outras coisas, o seu empenho identificado com os problemas so- Fialho de Almeida Escritor português, natural de Vila de Frades, no Alentejo. Completou o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, em 1875. Passou a última fase da sua vida no Alentejo, dedicando-se à agricultura. General Humberto Delgado Conhecido como o “General sem Medo”. Participou activamente no movimento militar de 28 de Maio de 1926, que conduziu mais tarde ao Estado Novo. Anos depois rompeu relações com o regime de Salazar, apresentando-se em 1958 como candidato à Presidência da República. Foi assassinado a tiro pela PIDE em 1965, perto de Badajoz. Adriano Correia de Oliveira Músico português e um dos mais importantes intérpretes do fado de Coimbra. Fez parte da geração de compositores e cantores de cariz político, que lutaram contra o Estado Novo. Zeca Afonso Cantor e um dos maiores compositores de sempre da música portuguesa. José Afonso ficou associado à música de intervenção, através da qual criticava o Estado Novo, regime de ditadura vigente em Portugal entre 1933 e 1974. ciais que afligem a sociedade, estando sempre onde era preciso para fazer qualquer coisa para o bem estar e emancipação do povo português”. A partir de trabalho de Ana Paula Vilhena damos as boas vindas aos novos castrenses. É com agrado que noticiamos os Natalidade Aqui nascimentos registados no concelho de Castro Verde. Fonte: Conservatória do Registo Civil de castro verde Agosto 11/08/2007 Manuel Camões Cravo filho de Manuel Francisco Mira Cravo e de Ada Sofia Domingos Camões 16/08/2007 David José Martins Silva Mestre filho de Carlos Alberto Domingos Mestre e de Maria de Fátima Martins da Silva Setembro 08/09/2007 Dinis Jerónimo Matos filho de Carlos Frederico Dória Soares de Albergaria Matos e de Maria João Mamede Jerónimo 11/09/2007 Íris Afonso Rosa filho de Francisco de Sousa Rosa e de Sónia Cristina Afonso Nascimento 11/09/2007 Maria Beatriz Coelho Romano Colaço filha de António Francisco Sobral Romano Colaço e de Elisete Maria Guerreiro Coelho 12/09/2007 José Pedro Paulino Palma filho de Manuel António Cristina da Palma e de Maria Felicidade Conceição Paulino 22/09/2007 Sofia Margarida Tomé Cavaco filha de Vítor Manuel Cordeiro Cavaco e de Mafalda Cristina Santos Tomé Outubro 19/10/2007 Catarina Isabel da Costa Monteiro filha de Jorge Manuel Custódio Monteiro e de Maria da Graça Gil da Costa Monteiro 29/10/2007 Raquel Pereira Raposo Ledo filha de David Manuel Raposo Ledo e de Vera Brito Pereira O Campaniço setembro/outubro 2007 urbanismo Reordenamento do Espaço Urbano Com vista ao reordenamento do espaço público e a uma melhoria da circulação, as Ruas de Mértola e Aljustrel, e a Praça do Município vão ser sujeitas a obras de requalificação, com início previsto para Novembro. A Câmara Municipal de Castro Verde aprovou recentemente um projecto de reordenamento do espaço público para a Rua de Aljustrel, e vias envolventes, Praça do Município e Rua de Mértola. A requalificação destes espaços tem como objectivo a resolução de algumas situações de conflito ao nível da mobilidade e estacionamento de viaturas, assim como, uma melhor qualidade urbana. Rua de Aljustrel Na Rua de Aljustrel vai proceder-se à semaforização do entroncamento com a Avenida General Humberto Delgado e a Rua da Liberdade; ao levantamento e realinhamento de lancis existentes; levantamento e regularização de calçada à portuguesa em cubos de vidraça; consolidação do pavimento betuminoso existente; reordenamento de lugares de estacionamento; remarcação de sinalização horizontal e colocação de nova sinalização vertical. Uma intervenção que contempla ainda a mudança de via prioritária, no entroncamento da rua de Aljustrel com a rua Alexandre Herculano. Também as artérias transversais com a Rua Fialho de Almeida vão beneficiar da redifinição de bolsas de estacionamento e sentido de circulação. Durante o período de execução da obra, cujo início está previsto para Novembro, a rua de Aljustrel terá tráfego apenas no sentido ascendente. Praça do Município e Rua de Mértola Rua de Aljustrel - Entrocamentos: Ruas de Casével e Alexandre Herculano Com vista à melhoria da circulação, do acesso aos serviços e da valorização do Jardim do Padrão, o estacionamento da Praça do Município vai ser reorganizado. Neste, serão desenhadas bolsas de estacionamento para permitir uma maior disciplina, ao mesmo tempo que sete lugares, junto ao edifício da Câmara Municipal, passam a ser estacionamento pago. Por outro lado, a diminuição da pressão automóvel na Praça do Município irá implicar uma reorganização da Rua de Mértola, que passará a ter um só sentido, disponibilizando assim uma maior área de estacionamento. Esta intervenção contempla ainda a acessibilidade para cidadãos com mobilidade reduzida, quer ao nível dos estacionamentos, quer ao nível do acesso aos serviços. Praça do Município e Rua de Mértola Jardim do Padrão Revitalizado Está terminada a intervenção no Jardim do Padrão (Praça do Município) cujo objectivo foi efectuar uma manutenção do espaço de modo a travar o estado de degradação que vinha a apresentar. Pequenas obras possibilitaram a criação de um passeio ao longo da rua superior, o restauro de canteiros e mobiliário, bem como uma melhoria na iluminação pública através da colocação de novos candeeiros. Destaque merece a plantação de novas espécies de flores, arbustos e árvores, aumentando também a área de canteiros relvados, que substituem o coberto vegetal que já não se encontrava em condições. No que ao futuro diz respeito, a Junta de Freguesia de Castro Verde tem no seu plano de acção, num prazo mais dilatado, uma intervenção profunda neste espaço, que colocará para discussão pública junto dos castrenses, e que carecerá de um acordo por parte dos cidadãos, bem como do IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, uma vez que o projecto se desenrolará na área de protecção da Basílica Real, edifício classificado. Essa intervenção, de carácter delicado e moroso, terá como principal objectivo retirar definitivamente a circulação automóvel e o estacionamento da Praça do Município. Exposição no Jardim Desta actual revitalização do Jardim do Padrão faz parte a intenção de promover algumas “exposições” ou “campanhas” temáticas, ideia que será desenvolvida a título experimental, e que consistirá na colocação de um conjunto de pendões nos suportes criados para o efeito nos candeeiros de iluminação pública. A primeira temática será “O Alentejo nas Mãos dos Poetas”, que apresentará uma selecção de 21 poesias Jardim do Padrão sobre o Alentejo, acompanhada de pequena nota biográfica do autor. Em plano estão outras apresenta- ções em torno de valores do nosso património, como é o caso da avifauna e da flora. O Campaniço veterinária setembro/outubro 2007 A doença da Língua Azul A doença da Língua Azul já chegou ao nosso Concelho Esta doença não é desconhecida no nosso País, mas desde 1959 que não se registavam novos casos. Desde essa altura, só em 2004 surgiu um novo surto (com o serótipo 4 do vírus), que se controlou através de vacinação e restrições da circulação animal. A doença da Língua Azul ou Febre Catarral Ovina (FCO) é uma doença que é causada por um vírus. Esta doença não é uma doença contagiosa, ou seja, não passa directamente de animal para animal, nem é transmissível aos humanos. Existem 24 tipos diferentes do vírus da Doença da Língua Azul que são denominados serótipos de 1 a 24. O surto que surgiu em 2004 foi do serótipo 4 e o que surgiu em Setembro de 2007 foi do serótipo 1. As vacinas utilizadas contra um serótipo não conferem protecção contra outro serótipo diferente. Não se transmitindo directamente esta doença, é necessário que existam insectos picadores do género Culicoides que se alimentem num animal doente e em seguida o façam num animal saudável. Estes insectos, semelhantes a pequenas moscas (medem 1 a 2 milímetros e vivem 2 a 3 semanas), alimentamse de sangue, reproduzem-se em zonas húmidas e podem ser transportados pelo vento a grandes distâncias. A doença é originária e man- Infelizmente não existe tratamento para esta doença. Para proteger os nossos rebanhos devem ser tomadas as seguintes medidas: 1 - Luta contra os vectores transmissores da doença com desinsectizações periódicas dos animais, das instalações e meios de transporte dos animais. 2 - Vacinação contra o serótipo 1 da doença (esperemos que a vacina chegue em breve). 3 - Restringir a circulação dos animais das zonas afectadas para zonas livres da doença. 4 - Todas as explorações consideradas infectadas são colocadas sob sequestro, ou seja são proibidas a entrada e a saída de animais da exploração, devem ser feitas desinsectizações periódicas e não movimentar os animais ao amanhecer e entardecer. Ovino com sintomas da doença da Língua Azul tém-se facilmente em zonas tropicais, subtropicais de África e Médio Oriente. A reintrodução do vírus em regiões com climas temperados da Europa foi, provavelmente, feita mediante o transporte de animais infectados ou mediante o transporte pelo vento de Culicoides portadores do vírus através do Mediterrâneo. Nas regiões de clima temperado a maior incidência da doença ocor- re no final do Verão e no princípio do Outono, no entanto pode surgir em qualquer altura do ano se a temperatura o permitir (condições que favorecem a multiplicação do vector). Esta doença afecta os ruminantes (bovinos, ovinos, caprinos e ruminantes selvagens) se bem que a doença só se manifeste de forma severa no ovinos (especialmente em determinadas raças). O período de incubação (ou seja o período Pârametros EDITAL nº. 11/2007 CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE Qualidade da água 2007 António João Fernandes Colaço, Vereador da Câmara Municipal de Castro Verde, torna públicos os resultados das análises efectuadas à água no Concelho de Castro Verde, referentes ao 3º trimestre de 2007. Para constar se publica o presente edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos do costume. Castro Verde, 19 de Outubro e 2007 O Vereador responsável António João Fernandes Colaço 1 - Soma das concentrações dos 4 compostos 2 - Soma das concentrações dos 2 compostos 3 - Soma das concentrações dos 4 compostos de tempo que vai da picada da mosca até à manifestação dos primeiros sintomas) é de 5 a 20 dias nas ovelhas. Os sintomas manifestados pelos animais são febre que pode atingir 42º C; depressão; anorexia; edema, hemorragias e feridas na boca, narinas e língua; descarga nasal e salivar; dispneia; pneumonia; aborto e anomalias fetais. Por vezes, embora, o número de ovelhas afectadas num rebanho possa atingir os 100%, a mortalidade nos animais afectados geralmente não ultrapassa os 10%. Por isso a morte dos animais surge em 8 a 10 dias, mas a grande maioria recupera em cerca de 2 semanas. Apesar destes sinais serem evidentes, o diagnóstico definitivo e identificação do serótipo do vírus tem que ser sempre feito com base amostras de sangue e tecidos enviados para um laboratório. Nuno Rosa Médico Veterinário Municipal 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Valor Paramétrico Controlo de Rotina 1 E. Coli (N/100 ml) Bactérias Coli formes (N/100 ml) Desin fectante residual (mg/l Cl) Controlo de Rotina 2 Alumínio (µg/l Al) Amónio (mg/l NH 4) Cheiro (Factor de diluição a 25ºC) Clostridium perfringens (N/100 ml) Conduti vidade (µS/cm a 20ºC) Cor (mg/l) Ferro (µg/l Fe) Manganês (µg/l Mn) Nitratos (mg/l NO 3) 0 0 0,09 0 0 < 0,05 0 0 < 0,05 0 0 < 0,05 0 6 < 0,05 0 0 0,6 0 0 0,56 0 0 0,46 16 16 < 0,05 0 0 < 0,05 0 0 < 0,05 0 0 < 0,05 0 0 < 0,05 0 0 < 0,05 0 0 - < 0,05 <3 863 <2 < 50 120 20 < 0,05 <3 934 <2 27 9 - - < 0,05 <3 822 <2 23 19 < 0,05 <3 1180 <2 40 <2 - - < 0,05 <3 383 <2 < 10 <2 63 < 0,05 <3 0 374 <2 < 10 <2 520 < 0,05 <3 0 393 <2 < 10 <2 250 < 0,05 <3 0 385 <2 < 10 2 < 0,05 <3 1310 <2 < 10 19 < 0,05 <3 1010 <2 < 50 < 10 61 Nº de colónias a 22ºC (N/ml 22ºC) > 300 > 300 - - > 300 0 - - 170 > 300 > 300 > 300 58 > 300 Nº de colónias a 37ºC (N/ml 37ºC) > 300 > 300 - - > 300 6 - - > 300 120 > 300 > 300 190 > 300 Oxidabilidade (mg/l O 2) pH (Unidades de pH) Sabor (Factor de diluição a 25ºC) Turvação (UNT) Controlo de Inspecção Alumínio (µg/l Al) Antimónio (µg/l Sb) Arsénio (µg/l As) Benzeno (µg/l) < 0,5 7,2 <3 < 0,7 1,6 8,2 <3 < 0,7 - - < 0,5 7,3 <3 < 0,7 0,6 7,9 <3 1,2 - - 2,4 8,2 <3 < 0,7 1,3 7,8 <3 < 0,7 1,7 7,2 <3 1,1 2,8 8,1 <3 < 0,7 0,7 7,6 <3 < 0,7 < 0,5 7,2 <3 < 0,7 200 0,5 3 0 2500 20 200 50 50 s/alt. anormal s/alt. anormal 5 6,5 a 9,0 3 4 - - - - - - - - - - - - - 200 5 10 1 Benzeno(a)pireno (µg/l) - - - - - - - - - - - - - 0,01 Boro (mg/l) Bromatos (µg/l BrO 3) Cádmio (µg/l Cd) Cloretos (µg/l Cl) Clostridium perfringens (N/100 ml) Cianetos (µg/l Cn) Chumbo (µg/l Pb) - - - - - - - - - - - <3 <3 < 0,25 < 0,0050 < 0,2 5 <0,40 80 < 10 < 5,0 < 0,010 < 10 < 0,25 0 < 50 < 0,40 < 0,0050 < 0,0050 < 0,0050 < 0,0050 < 0,0050 < 1,0 < 5,0 < 0,02 <3 50 22 < 0,50 < 0,50 14 6,4 2,9 4 0,74 - - 1 10 5 250 0 50 25 - - 2 - - 50 3 0 200 1,5 - - 0,1 - - - - - - - - - - - - - - 1 20 0,5 10 200 250 10 10 150 - Cobre (µg/l Cu) - - - - - - - - - - - 2 - Entradas - Centro de Dia (11/07/2007) Crómio (µg/l Cr) 1,2-Dicloroetano (µg/l) Enterococos (N/100 ml) Ferro (µg/l Fe) Fluoretos (µg/l F) - - - - - - - - - - - 3 - Entradas - Restaurante “A Cavalariça” (08/08/2007) Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos 1 (µg/l) - - - - - - - - - - - Benzeno(k)fluroanteno (µg/l) - - - - - - - - - - - Benzeno(ghi)perileno (µg/l) - - - - - - - - - - - Benzeno(b)fluoranteno (µg/l) - - - - - - - - - - - 10 - Castro Verde - Hab. Rua Zeca Afonso (11/07/2007) Indeno(1,2,3-cd)pireno (µg/l) - - - - - - - - - - - 11 - Estação de Ourique - Hab. Rua de Castro Verde (08/08/2007) Mercúrio (µg/l Hg) Níquel (µg/l Ni) Nitritos (mg/l NO 2) Selénio (µg/l Se) Sódio (mg/l Na) Sulfatos (mg/l SO 4) Tetracloroeteno 2 (µg/l) Tricloroeteno 2 (µg/l) Triahalometanos 3 (µg/l) Cloro fórmio (µg/l) Dibromoclorometano (µg/l) Bromodiclorometano (µg/l) Bromo fórmio (µg/l) - - - - - - - - - - - 1 - Figueirinha - Fontanário no Largo da Poviação (05/09/2007) 4 - Entradas - Hab. Rua de Santa Bárbara (05/09/2007) 5 - Galeguinha - Hab. Largoda Povoação (05/09/2007) 6 - Santa Bárbara dos Padrões - Hab. Rua de Santa Bárbara (11/07/2007) 7 - Santa Bárbara de Padrões - Hab. Rua das Flores (08/08/2007) 8 - Lombador - Café “O Regresso” (05/09/2007) 9 - Casével - Bar da Associação Cante Alentejano (19/09/2007) 12 - Castro Verde - Refeitório Municipal (05/09/2007) 13 - Piçarras - Hab. no Largo do Pelourinho (05/09/2007) 14 - Monte Serro - Hab. Largo da Povoação (05/09/2007) - Publicação prevista no termo do Decreto-Lei nº 243/2001 de 5 de Setembro. - As recolhas de amostras e análises foram efectuadas pelos técnicos do laboratório Agroleico. - De acordo com os resultados obtidos, os parâmetros obedecem às normas de qualidade à excepção de situações pontuais em que foi ultrapassado o valor paramétrico. O Campaniço setembro/outubro 2007 notícia Maria Rosa Contreiras Casa do Alentejo em Toronto O Alentejo ali tão perto A Câmara Municipal de Castro Verde associou-se à XXIII Semana Cultural da Casa do Alentejo em Toronto, edição que assinalou o regresso da castrense Maria Rosa Contreiras à actividade da associação. M aria Rosa Contreiras de Sousa é a sócia número 1 da Casa do Alentejo em Toronto. Chegou ao Canadá em 1974, onde assentou arraiais e lhe nasceu uma filha... sempre com a sua terra natal perto do coração. Facto que a levou a integrar o grupo de pessoas que a 20 de Fevereiro de 1983 fundariam uma Casa do Alentejo em paragens distantes. Durante os primeiros 12 anos desempenhou diversos cargos na direcção, entre os quais, o de Presidente, a que se seguiu um período de interregno após o falecimento do seu marido, também ele sócio fundador. Actualmente, é Presidente da Direcção a jovem luso-canadiana Stephanie Fidalgo, descendente de família de Aljustrel. Agora, Maria Rosa está de regresso à actividade na Casa do Alentejo desempenhando o papel de coordenadora cultural, onde assume responsabilidades ao nível da programação. Exemplo disso foi a or- ganização da XXIII Semana Cul- bem vista pelos governantes protural Alentejana, que aconteceu de vinciais e federais”. A maioria che19 a 28 de Outubro, e à qual se as- gou há muito tempo, constituiu nesociou a Câmara Municipal de Cas- gócio, agarrou uma carreira laboral tro Verde, fazendo-se representar e viu a família crescer e ganhar raíe patrocinando a participação do zes.Talvez por isso, poucos pensem Grupo Violas Campaniças, que se em voltar. Há jornais, rádios e teleapresentou com uma formação di- visões portuguesas. Há uma rua dos ferente daquela a que estamos ha- portugueses onde os reclames fabituados. Constituída pelos jovens lam duas línguas. Uma outra com Pedro Mestre, Márcio Isidro e Ana um painel de azulejos e uma estátua Valadas, a actuação do Grupo pau- de homenagem ao poeta Camões. tou por um bom desempenho nas Há uma Casa do Benfica e um Nútrês actuações que efectuou. cleo do Sporting. No entanto, é no Durante uma semana, tendo pre- número 1130 da Dupont Street que sente o lema da casa “Alentejo, uma há uma porta aberta para os alenregião, um povo, uma tradição”, os tejanos repartirem a saudade e enconvívios intensificaram-se e a nos- contrarem um pouco da sua terra. É sa maneira de estar foi rainha. À aí que fica a sede da Casa do Alenmesa teve assento a gastronomia tejo, um espaço amplo e acolhedor, (não faltaram as migas, o ensopa- com serviço de bar e restaurante, do de borrego, etc), o cante alente- sala de espectáculos, a galeria Aljano, os bailes, o fado… e claro, tam- berto de Castro e outras instalações, bém se mostraram os trabalhos que continuam a receber o entusiasdesenvolvidos pelos projectos que mo dos que aí procuram o convívio, a associação dinamiza junto da co- “Há entusiasmo, não o mesmo dos munidade: o grupo coral, as danças primeiros tempos, mas também tefolclóricas, a ginástica, etc. Na opi- mos que compreender que as pessonião de Maria Rosa “a Casa do Alen- as se modificam. Passados 25 anos tejo tem sido uma das que tem dado muita coisa mudou, as pessoas enmaior nome à comunidade portu- velhecem, temos que enfrentar a reguesa. Foi a partir dela que se inicia- alidade. Para os nossos filhos a Casa ram as semanas culturais, exemplo do Alentejo não lhes diz aquilo que seguido por outras casas, continu- nos diz a nós.” Mesmo com cenário ando a nossa a ser a maior de to- diferente nos dias de hoje, os memdas elas, porque trazemos artistas e bros mais velhos comungam que é convidados de Portugal. A maioria sua responsabilidade continuar a fica-se pela prata da casa”. ensinar à juventude o valor das suas Toronto é uma cidade do mundo tradições e da cultura, assim como Diferentes comunidades continu- o sentimento de comunidade que am a fixar-se nesta metrópole de 4 forma a Casa do Alentejo. Muitos milhões de habitantes, onde se es- jovens luso-canadianos aí crescetima que portugueses sejam per- ram, tiveram na Casa do Alentejo, to de 300 mil, “uma comunidade em determinada fase da sua vida, a sua segunda casa, por isso, a aposta em não perder o sentimento de pertença é um desafio para o futuro. O facto de nos cargos dos orgãos de gestão se encontrarem jovens de segunda geração, como é o caso da Presidente da Direcção, evidencia essa preocupação. Mas o Alentejo não é excepção, muitas outras regiões (Beiras, Minho, Açores, etc.) têm na cidade as suas casas, o que fez com que surgisse um organismo denominado de Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário, onde Maria Rosa é vice-presidente do Conselho de Presidentes. “Trata-se da cúpula de todos os clubes existentes, que procura estabelecer o diálogo e a unidade associativa entre os membros e que assume especial importância nas Comemorações do Dia de Portugal (10 de Junho)”, uma enorme festa marcada por uma parada que percorre algumas artérias da cidade. Terminada que está a Semana Cultural, Maria Rosa e a equipa que integra têm pela frente a programação do XXV Aniversário da Casa do Alentejo, que irá acontecer em Fevereiro de 2008: “Nós queremos fazer uma retrospectiva do que fizemos durante estes 25 anos. Gostaríamos de ter um pouco de tudo do nosso Alentejo, para divulgar a nossa riqueza e demonstrar à comunidade que continuamos a ter capacidade Actuação Violas Campaniças para trabalhar.” Ao longo do tempo a actividade dinamizada contou com o apoio de diferentes entidades, com destaque para as Câmaras Municipais: “continua a existir um trabalho de parceria e hoje muitas das autarquias são sócias colectivas da Casa do Alentejo.” Toronto, capital da província do Ontário, é a maior cidade do Canadá. Situa-se na margem norte do Lago Ontário e é considerada uma das cidades mais dinâmicas da América do Norte, atraindo milhares de de imigrantes anualmente, desde a década de 1850. É actualmente o “motor da economia do Canadá”, assumindo-se como uma cidade global que exerce significativa influência a nível nacional e internacional pelo facto de ser um centro financeiro, bem como um dos principais centros culturais e científicos. Possui um dos melhores padrões de vida da América do Norte, sendo para muitos uma das melhores metrópoles do mundo para se viver. Toronto é uma cidade multicultural e que faz desta coabitação uma mais valia, reservando espaço para as vivências especificas das comunidades. É nesse contexto que os alentejanos dinamizam a sua cultura e ultrapassam a barreira da distância. No calor do convívio, no nº 1130 da Dupont Street, o Alentejo fica ali tão perto. O Campaniço setembro/outubro 2007 entrevista CICLO DE ENTREVISTAS Compreender Fernando Pessoa Depois da ciência, a literatura é o tema em destaque neste ciclo de entrevistas dedicado a castrenses envolvidos em projectos de investigação científica. Manuela Parreira da Silva é natural de Castro Verde e a segunda entrevistada deste ciclo. Fernando Pessoa é o seu objecto de estudo e de constante pesquisa. Há já alguns anos que escreve poesia, tendo publicado parte da sua obra em revistas e na editora Assírio & Alvim. Actualmente, dedica-se ao estudo do espólio pessoano, nomeadamente à fixação e edição de textos do poeta, bem como à investigação da sua correspondência, a qual resultou na obra “Correspondência 19051935”, editada em dois volumes. Em entrevista ao “Campaniço” fala-nos de um dos mais brilhantes poetas portugueses do século XX - Fernando Pessoa. Sandra Policarpo Como descreveria os seus tempos de liceu em Castro Verde? Já mantinha, nesta fase dos seus estudos, um encantamento pela poesia? Sente que estes tempos foram também um incentivo para aquele é hoje o centro dos seus estudos? Sempre gostei muito de frequentar a escola e de aprender tudo o que pudesse aprender. Os anos passados no Colégio, em Castro Verde, foram de uma permanente descoberta, quase poderia dizer deslumbramento. Era o mundo que se abria! Numa época tão cinzenta e numa vila tão fechada e sufocante como era Castro Verde nessa altura, o único caminho para a liberdade de espírito era mesmo estudar e ler tudo o que apanhasse à mão. Às vezes, em casa, perguntavam-me de que disciplina gostava mais e eu hesitava, porque me parecia difícil escolher entre História, Português, Geografia, Inglês, Francês, Ciências, apesar de ter tido sempre uma maior inclinação para as Letras. Por isso, posso dizer que tudo o que fui aprendendo, mesmo até com os professores menos preparados, foi um incentivo para continuar a estudar. O meu primeiro contacto a sério com livros de poesia surgiu, no entanto, com a biblioteca itinerante da Gulbenkian. Lembro-me de requisitar alguns e copiar os poemas ou versos que mais me tocavam para uma agenda que eu tinha com o mapa de Portugal. Quando penso no que teria podido ler, se existisse uma bela biblioteca como a que existe hoje na nossa terra… contas de alfaiate, horóscopos, cartas recebidas e cópias de cartas enviadas, mas também poemas e textos em prosa acabados e passados e passados a limpo, originais manuscritos e dactilografados de parte da sua obra publicada em vida, etc., etc. É preciso identificar os fragmentos, tentar perceber a que obra se destinariam, o que nem sempre é claro e, evidentemente, ler o que lá está escrito… Outra das vertentes do meu trabalho, consiste em republicar textos já conhecidos, depois de confrontados com os originais do autor, tentando portanto corrigir ou propor leituras que parecem ser mais correctas. Editar Fernando Pessoa passa certamente por um trabalho minucioso de análise. Como lidou com o carácter fragmentário da escrita pessoana e a multiplicidade de suportes, como as folhinhas tiradas de mini blocos de papel, os grandes recortes de imprensa, os cartões de visita e os diversos envelopes? Manuela Parreira da Silva Portuguesa, mas o que fui (fomos) descobrindo no espólio ultrapassava tudo o que eu podia supor. Como é que Fernando Pessoa é, Como surgiu este interesse pela na sua perspectiva, encarado pela investigação da obra literária de sociedade? É lhe dado o devido Fernando Pessoa? valor nas escolas, a nível curricular, Tudo começou quando estava a ou sente que a sua obra passa um fazer um mestrado em Literatura na pouco despercebida no contexto Faculdade de Ciências Sociais e Hu- actual? manas, por volta de 1988, data do 1º A mim, parece-me que Fernando centenário do nascimento de Fer- Pessoa continua a ser muito pouco nando Pessoa. Teresa Rita Lopes, conhecido, embora muita gente lhe grande especialista da obra pessoa- saiba o nome e até identifique bem na, era minha professora e sugeriu a sua figura. Alguns sabem quem foi, que nos dedicássemos à pesquisa que escreveu em nome de mais três do espólio do poeta. Era essa, na sua personalidades, leram poemas da opinião, a melhor forma de come- «Mensagem», sabem talvez de cor morar o seu nascimento: conhecer alguns versos que se tornaram quae dar a conhecer aos outros o mui- se provérbios, como aquele «Tudo to que permanecia ignorado da sua vale a pena, se a alma não é pequeobra. É certo que eu já tinha contac- na». Uns vêem-no como um louto com a poesia de Pessoa, e estuda- co, bêbado e miserável, porque ouva-a, porque estava a dar, há alguns viram dizer; outros acham que era anos, aulas do 12º ano de Literatura um bocadinho fascista; outros, que escrevia de uma forma muito complicada e incompreensível. Tudo isso, evidentemente, tem muito de fantasioso. Conhecer melhor a sua biografia e, sobretudo, ler o que escreveu, evitaria estas apressadas conclusões. Infelizmente, em Portugal, lê-se muito pouco, as pessoas contentamse com o que ouvem dizer, não têm grande gosto pela cultura em geral e muito menos ainda pela poesia. De qualquer modo, o facto de fazer parte do currículo escolar tem levado as novas gerações a estudar e a interessar-se pelo poeta. Tenho encontrado muita gente jovem que fica encantada com os heterónimos. Tenho também muitos alunos estrangeiros que vêm para Portugal para estudar Pessoa e que são incentivados a estudar português para o poderem estudar no original. Neste momento, não sei se Fernando Pessoa não será mais apreciado no estrangeiro do que em Portugal. Fernando Pessoa foi uma das personagens que mais profundamente marcou a literatura e a cultura portuguesa do século XX. A Manuela tem centrado a sua investigação na obra pessoana. No que consiste concretamente a sua pesquisa e como descreveria todo o trabalho que tem desenvolvido em torno do poeta? O meu trabalho (e da equipa em que me integro) consiste, fundamentalmente, em decifrar, entender e organizar os papéis que Fernando Pessoa deixou e que constituem o seu espólio (comprado à família depois da sua morte e depositado na Biblioteca Nacional de Lisboa). São cerca de 27 mil documentos: rascunhos de poemas e outros textos em prosa (contos, peças de teatro, ensaios sobre os mais variados temas, traduções), esboços, projectos de obras a escrever e a publicar, planos de vida, apontamentos, notas, recortes de jornais, É, de facto, um trabalho de minúcia e de grande paciência. A grande dificuldade está precisamente em decifrar a letra de Pessoa. Por vezes, as palavras são escritas nas margens, com palavras alternativas nas entrelinhas. Regra geral, o texto vai diminuindo de legibilidade à medida que avança na folha. Ficam muitas vezes frases incompreensíveis, a que é preciso voltar várias vezes, “(...) nada se consegue sem esforço. Neste campo de investigação, como noutro qualquer, a persistência, a paciência e o amor ao conhecimento são imprescindíveis.” uma e outra vez, às vezes durante meses, nem sempre com total satisfação. É também uma questão de treino e, sobretudo, nunca desistir… Depois, nem sempre a articulação dos textos é linear. É fundamental ir percebendo os hábitos de escrita do autor. Conhecer cada vez me- O Campaniço setembro/outubro 2007 entrevista lhor a sua obra ajuda a pesquisa, e a pesquisa ajuda a conhecer cada vez melhor a sua obra. Mas só assim se pode pretender editar a sua obra de uma forma credível. Lembro que as primeiras edições póstumas, feitas talvez com alguma pressa, contêm muitos erros e discrepâncias que eram, se calhar, inevitáveis, pois só um continuado contacto com o espólio pode dar resultados aceitáveis. brar em tantos autores o tenho salvado da loucura. Vivendo e dando expressão a cada uma das suas partes, esta foi também uma forma de alcançar a unidade do seu ser disperso. E assim, ele construiu «toda uma literatura». A verdade é que Pessoa é muitas pessoas (se calhar como todos nós, só que nos empenhamos em parecer uma só, coerente, normalzinha…) e estudar a sua obra é estudar, pelo menos, seis ou sete grandes obras. É isso, de resto, que faz dele um caso único na literatura e que atrai a atenção de estudiosos e leitores de todo o mundo. Para além dos fragmentos da sua escrita e da sua incompletude, que outras dificuldades encontrou aquando da organização do espólio de Fernando Pessoa? Uma grande dificuldade é, por vezes, reconhecer «quem» escreveu este ou aquele texto. Como se sabe, Pessoa desdobrou-se em três heterónimos e em muitas personalidades literárias. Por vezes, indicava a obra a que se destinava o fragmento ou o nome (completo ou em iniciais) do seu «autor»: Livro do Desassossego, Regresso dos Deuses, ou Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alexander Search, António Mora, por exemplo. Mas, a maioria das vezes, isto não acontece. É o investigador que acaba por ter de atribuir essa autoria, o que, se em muitos casos se pode fazer com elevado grau de confiança (atendendo ao estilo da escrita), noutros casos é extremamente difícil. Uma outra dificuldade tem que ver com a decisão sobre que textos devem ou não ser publicados. Será legítimo publicar textos incompletos, com muitas lacunas? Interessará ao leitor conhecer as obras menos conseguidas? São perguntas que constantemente se nos deparam. O corpus pessoano atrai cada vez mais investigadores, dada a dimensão inacabada e múltipla da sua obra literária. É de prever que o seu trabalho continuado torne gradualmente conhecida quase toda a produção de Pessoa? Convém esclarecer que muitas pessoas foram trabalhando o espólio de Pessoa, ao longo dos anos. Este trabalho não poderia nunca ser realizado por uma só pessoa. A equipa a que pertenço (dirigida pela Prof. Teresa Rita Lopes) integra uma meia dúzia de «operários», nem tanto, mas há outras pessoas, algumas estrangeiras, que trabalham nessa tentativa de dar a conhecer «quase toda» a produção pessoana. Mas, a mim parece-me que seriam precisas muitas mais. Sobretudo, seria importante que houvesse gente não só do campo da literatura, mas de outros domínios, preparada para poder compreender o alcance e aferir o valor de tudo quanto Fernando Pessoa escreveu, em português e inglês, no plano da filosofia, sociologia, maçonaria, esoterismos vários, astrologia, etc. Como se liga a poesia de Pessoa à sua correspondência? As cartas são também espaço de criação? Pude estudar com bastante profundidade a correspondência de Fernando Pessoa, com vista à minha tese de doutoramento que incidiu sobre esse tema. Uma das con- A Manuela editou, juntamente com Ana Maria Freitas e Madalena Dine, a obra ortónima de Fernando Pessoa, numa publicação que se divide em três volumes. O que exprime objectivamente a poesia ortónima do poeta? Poema após poema, íntimo, escrevia Aquela grande obra do seu ser Que nunca em tempo algum alguém leria E que ele via o universo a ler. Era mais que poeta: era profeta, E em seus versos errados e divinos Toca o rebate o que nele era poeta, Mas numa torre que não tinha sinos. Viveu assim, feliz do que escreveu, Morreu, deixando a obra como sobra Da alma que fora… Mas, meu Deus, e eu? Eu que nem tenho a fé nem tenho a obra? Fernando Pessoa 13 Agosto1934 clusões a que cheguei foi essa: há Tendo em consideração o contacto uma continuidade entre a escrita li- que tem tido com a sua escrita, terária e a escrita de uma carta. Não como o descreveria na sua é assim tão diferente como se pode- personalidade de homem/poeta? ria pensar. Escrever é um acto criaParece-me que no caso de Pessoa tivo, solitário, mesmo que exista no é difícil separar o homem do poeta. horizonte um destinatário real ou Ele vivia certamente para a sua obra. fictício. Pessoa escreveu também Até a sua relação amorosa com Ofémuitas cartas de ficção, e, nas cartas lia Queirós foi interrompida por ele realmente dirigidas aos amigos, ir- com esse argumento. O seu destino rompe muitas vezes um sujeito po- não podia ser a vida banal, «quotiético. diana e tributável» das pessoas comuns. Estava destinado a outra forA correspondência denota também ma de existência e, por isso, não essa poética do fingimento tão podia distrair-se com o amor. Era característica da sua poesia? também com certeza um homem de Como dizia, as cartas são propí- grandes projectos, que teria depois cias á ficção, ao «fingimento», até alguma dificuldade em concretiporque o destinatário não está pre- zar. Isto não será para admirar, pois, sente. Encontrei, por exemplo, con- para realizar todos os projectos que tradições, entre cartas enviadas e nos deixou esboçados no seu espóos rascunhos delas. A própria exis- lio, precisaria de mil vidas, e ele só tência de tantos rascunhos de cartas teve uma, bem curta. mostra que escrever cartas é uma actividade muito pouco espontânea Na carta a Adolfo Casais Monteiro, (pelo menos para Fernando Pes- Fernando Pessoa escreveu: «A soa). O interessante é que ele afirma, origem dos meus heterónimos com frequência, aos seus interlocu- é o fundo traço de histeria que tores, que está a escrever ao correr existe em mim». Pessoa foi o da pena ou da máquina, sem pen- maior e o mais conhecido exemplo sar muito… O que não é verdade. Há da produção de heterónimos, uma grande preocupação em esco- despersonalizando-se, dividindo-se lher as palavras, em escrever de uma em autores vários e de cuja obra forma que deixe o destinatário bem era ele o executor. Como podemos impressionado. É humano… Escre- compreender essa capacidade de ver é «outrar-se», como ele diria, é multiplicidade em Fernando Pessoa? ser outro, é ver-se de fora, conhecerPessoa auto-diagnosticou-se se e dar a conhecer uma faceta de si muitas vezes. Talvez esta sua capaaos outros. Em verso ou em carta. cidade extraordinária de se desdo- A poesia ortónima (assinada com o seu próprio nome) é também ela multifacetada. Há muitas linhas de leitura possíveis: há poemas rimados, segundo uma estrutura perfeitamente tradicional; há poemas longos, dentro de uma lógica modernista; há poesia filosófica ou filosofante e poesia satírica; há quadras populares e versos de circunstância feitos para as crianças da família e grandes poemas líricos, de uma densidade enorme. Por grande parte dos seus versos ortónimos (mas não só) perpassa um sentimento profundo de solidão essencial, de insatisfação, de saudades da infância e do futuro, uma permanente interrogação do real e da transcendência. Esta edição dá conta da evolução do autor… Até certo ponto, sim, pois apresenta, de forma cronológica, a maior parte da sua produção, desde 1902 até 1935, ano da sua morte. Podemos ter acesso aos inúmeros poemas da juventude e ir acompanhando a biografia da sua obra. Por outro lado, embora, como é natural, encontremos poemas algo incipientes, próprios de um jovem que estava a aprender a escrever em português (já que passou a infância e adolescência na África do Sul, e estudou em escolas inglesas), encontramos também poemas de grande qualidade e de grande profundidade, que anunciam e definem o grande poeta em que se tornaria. Mas é bom não esquecer que o próprio Fernando Pessoa disse, muito mais tarde: «Não evoluo. Viajo». Nesta edição, creio que podemos acompanhar a sua «viagem». Fernando Pessoa possuía ligações com o ocultismo e o misticismo, salientando-se a Maçonaria e a Rosa Cruz (embora não se conheça qualquer filiação concreta em Loja ou Fraternidade destas escolas de pensamento). Estas ligações são visíveis na sua escrita? De que forma se manifestam? Esta é uma vertente da obra de F. Pessoa que não está ainda suficientemente estudada. Há milhares de páginas escritas sobre esses assuntos, no seu espólio. Infeliz- mente, muitas das pessoas que a têm abordado, têm dificuldade em estudar os contributos de Pessoa com algum distanciamento intelectual. Querem à força encontrar nas suas palavras uma filiação que vá ao encontro da sua própria (dos investigadores), o que distorce muitas vezes a realidade. Também neste campo, é preciso conhecimentos de ocultismo que permitam reconhecer a importância e o sentido daquilo que é dito. Mas, sem dúvida, que não podemos estudar a obra de Pessoa ignorando esta vertente. Para além das páginas dedicadas aos referidos temas, há muitos reflexos deles na obra literária pessoana: referências a personalidades do campo esotérico, reflexões sobre a alma oculta do ser e do universo, uso de símbolos, para além de poemas assumidamente esotéricos. Creio até que uma explicação para a obra pessoana no seu todo pode passar por uma leitura desta natureza, como já tem sido feita e que resulta muito estimulante. Sendo natural de Castro Verde e, considerando este trabalho um estímulo e um exemplo para os jovens do concelho e do país, que queiram enveredar por esta área, que conselho lhes daria? Uma coisa muito importante, a ter sempre presente, é que nada se consegue sem esforço. Neste campo de investigação, como noutro qualquer, a persistência, a paciência e o amor ao conhecimento são imprescindíveis. Se se estiver a pensar em ganhar muito dinheiro, e ainda por cima «com uma perna às costas», que parece ser, nos tempos actuais, o único objectivo a alcançar, não vale a pena enveredar por esta área. É igualmente importante que o investigador saiba assumir os seus erros e esteja sempre disponível para aceitar as críticas como bem-vindas. Não parecerá talvez muito importuno dizer que o esforço, a vontade de aprender e a alegria intensa da descoberta são um grande espaço de felicidade. E isto todos queremos, novos e menos novos… Manuela Parreira da Silva nasceu em Castro Verde, em 28 de Outubro de 1950 e doutorou-se em Literatura Portuguesa na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 1999. É Professora auxiliar do Departamento de Línguas e Literaturas Românicas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde lecciona Teoria da Tradução e Teoria e Prática da Tradução Literária. Pertence ao Instituto de Estudos sobre o Modernismo, orientado pela Professora Doutora Teresa Rita Lopes, dedicando-se, nomeadamente, à investigação do espólio de Fernando Pessoa e outros modernistas. Tem trabalhado na fixação do texto, selecção, introdução e notas de diversos textos de que se destaca a Correspondência Inédita de Fernando Pessoa . O Campaniço setembro/outubro 2007 destaque 10 “Há uma falta extraordinária É conhecida a afirmação de que o bater de asas de uma borboleta na Ásia pode provocar uma tempestade na América. É uma imagem do mundo global em que vivemos. Também a decisão dos Estados Unidos de aumentar substancialmente a quota de biocombustíveis fez com que as reservas de cereais em todo o mundo estejam quase esgotadas e que o seu preço esteja a subir em flecha. Consequências que também já chegaram ao Campo Branco, mas onde, feitas as contas do deve e haver, o aumento do preço dos cereais não compensa o aumento dos factores de produção. Carlos Júlio Os cereais voltam a estar na ordem do dia. Não há cereais no mundo e tudo devido à política energética do Estados Unidos, que também pode mudar, basta o novo presidente americano, que aí vem, mudar a política para tudo se alterar. “A subida dos cereais vai inflacionar toda uma cadeia. No Campo Branco somos perdedores porque a nossa campanha de cereais do ano passado foi péssima e estamos a comprar cereais e rações a preços muito caros. Neste saldo estamos a perder”, considera José da Luz, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco. José da Luz está há 35 anos na actividade agrícola e não se lembra de uma situação como a que hoje se vive: “O mundo está a passar por uma falta abismal de cereais, devido à sua utilização para biocombustíveis, o que nos leva a concluir que terrenos que não eram propícios à sementeira de cereais, o sejam muito brevemente dada a escassez dos mesmos, até porque os melhores terrenos de cereais do Alentejo têm sido, nos últimos tempos, plantados de olivais”. “Neste momento há já dificuldade em arranjar cereal para o consumo humano. Isso começa a ser bastante preocupante. Por isso, este ano, o “setaside”, ou seja, os terrenos que ficavam sem ser cultivados, mas cuja área era paga, acabou. Nesta campanha essa terra já pode ser semeada, ou pastoreada, devido precisamente à grande falta de cereais. Outra situação grave que está a acontecer é o aumento substancial do preço das rações que começa a ser incomportável para os produtores pecuários” acrescenta José da Luz, dizendo que esta situação torna a vida dos agricultores do Campo Branco ainda mais complicada. E explica porquê: “(...) no ano passado mal conseguimos semear. Houve pouco cereal e os agricultores desta zona, para fazerem as suas sementeiras, têm que comprar cereais a preços muito altos. Por outro lado, os combustíveis aumentaram de preço e os adubos também subiram muito, assim como as rações para o gado. E a nossa situação aqui no meio é muito difícil”. À pergunta - neste contexto dos biocombustíveis, as regiões tradicionais na produção de cereais, como Castro Verde, poderiam sair O Campaniço setembro/outubro 2007 destaque 11 de cereais em todo o mundo” a ganhar? - José da Luz considera que não é bem assim. As produções na região são fracas, e os aumentos decorrentes da falta de cereais vão atingir fortemente os agricultores. “ Esse problema já se põe hoje. Os preços estão exorbitantes. O pão já subiu, subiu o arroz, o leite. A carne é que não. E compreendemos: se a carne subir não tem comprador.Tudo sobe: o preço dos combustíveis, os adubos, que tiveram agora uma subida nunca antes vista, devido ao facto dos Estados Unidos semearem “todas as pontas” para a produção de biocombustíveis, inclusive áreas que já tinham abandonado. Estão também a comprar todas as matérias-primas para a produção de adubos, daí que estes tenham subido avassaladoramente e isso já se faz sentir aqui. Os adubos actualmente estão mais caros 40% do que há um ano atrás”. “Por vezes não compensa semear” firma, “este ano é verdade que o trigo subiu. Houve trigo vendido a 20, a 40 e a 60 escudos, mas em contrapartida os adubos num mês já aumentaram duas ou três vezes. O preço do que compramos sobe sempre mais que o preço daquilo que vendemos. A meu ver, a situação nunca esteve tão má como agora. Os preços dos factores de produção são muito elevados e o produtor é o que menos recebe: é ele que prepara a terra, que semeia e tem que investir, mas no final não tem garantia nenhuma de que o que recebe lhe dá para pagar as despesas”. Para Carlos Colaço ainda há muitas incógnitas. “E se o preço do trigo agora está alto ninguém nos garante que no fim da campanha não haja um excesso de produção aqui ou ali ou uma mudança na política e que os preços não desçam de tal forma que mal dê para as despesas”. Essa é também a opinião de José Fernando. “É o que eu acho que vai acontecer. Não acredito muito nessa política energética. Já há muito tempo que ouvimos falar que as reservas de petróleo se estão a esgotar, será por isso que se estão a preparar com os biocombustíveis, mas na minha opinião ainda não se sabe muito bem o que vai acontecer”. Mais jovens, José Fernando, Vasco Canas e Carlos Colaço, também agricultores em Castro Verde, concordam com José da Luz e dizem que a situação é grave e que as saídas são poucas, numa região sobretudo de pecuária em extensivo, onde os cereais muitas vezes se destinam apenas a forragem e a palhas. Para José Fernando “na nossa região, no distrito de Beja, os bons Apesar deste “renascimento” da terrenos estão cultivados de olivei- produção de cereais, a região do ras e de vinha. Depois sobram os Campo Branco tem tido na produoutros, que são os terrenos mais es- ção cerealífera, desde sempre, uma queléticos, mais ruins. Tem que ser das suas componentes principais. um ano excepcional para se faze- As alternativas têm sido poucas ou rem aqui dois mil, dois mil e poucos nenhumas. José da Luz refere que quilos por hectare. De facto, com houve alterações, mas sobretudo os biocombustíveis esses terrenos nas técnicas e na maquinaria utilimarginais podem ser aproveitados, zada. “As alterações que se verificamas há a questão dos custos para os ram foram mais técnicas, porque o cultivarmos. Está tudo alto, os com- que fazíamos antes é exactamente bustíveis, os adubos e as produções o mesmo que fazemos agora: ceresão sempre fracas.” Carlos Cola- ais e pecuária em extensivo. Com a ço afina pelo mesmo diapasão. “Na criação da Zona de Protecção Espemaior parte dos casos nem sequer cial estão-nos muito limitadas ouse justifica estarmos a semear um tras alternativas, Não temos acesterreno marginal. Não compensa, so ao regadio, do mesmo modo que por muito bom que seja o ano”. não nos é permitida a florestação. Vasco Canas, no mesmo tom, rea- Daí que não tenhamos nem a alter- “Alterações foram mais técnicas” nativa da floresta, nem a alternativa de pomares ou de olivais. Isso limita-nos muito, sobretudo as camadas de agricultores mais jovens. Quanto a mim, embora não fosse em grandes áreas, podia-se dar a possibilidade a um jovem agricultor de fazer algum regadio que permitisse, por exemplo, o olival ou outros pomares ou mesmo a produção de forragens”. Aliás, o mal-estar com a ZPE e com as medidas compensatórias introduzidas pelo Plano Zonal parece estar a crescer. “O Plano Zonal quando foi criado tinha bons objectivos só que, ao longo dos tempos, caiu muito na politiquice e sempre que há alterações no Quadro Comunitário de Apoio o Plano Zonal é revisto. Dá ideia que o Plano Zonal flutua à maré da onda política. O que acontece é que um agricultor que adira ao Plano Zonal ao fim de 5 anos não sabe se vai continuar, já que desconhece as regras do jogo. Um agricultor duma área vizinha que faça floresta tem o problema garantido por 20 anos, com ajudas muito mais compensatórias. Em contrapartida, o agricultor do Plano Zonal que protegeu a paisagem e o ambiente, que contribuiu para a protecção da natureza, tem ajudas muito mais reduzidas e muito distantes daqueles que fazem floresta. Foi uma luta que sempre travámos para que essas ajudas fossem similares, mas que nunca conseguimos ganhar. E as informações que tenho sobre as ajudas para este novo ciclo do Plano Zonal é que elas estão, mais uma vez, desajustadas”. “O Plano Zonal é para esquecer” Relativamente ao cenário actual, José Fernando é ainda mais pessimista. “Vou cumprir o último contrato das agro-ambientais, que foi feito em 2004 e para o ano não sei se vou aderir às medidas que saíram agora. Pelo que li, aquilo vai ser muito complicado. Aqui na zona não se pode fazer nada. Eu sou agricultor em Castro Verde, se fosse agricultor em Beja, se calhar, ti- nha alternativas. Aqui não! Bastava ser em Ourique ou em Almodôvar. Com o Plano Zonal acabámos por ficar a perder. Primeiro, não podemos florestar. Agora praticamente nem temos Plano Zonal. Mesmo que queiramos vender aos espanhóis, que estão comprando tudo, eles não as querem porque não podem fazer regadio e, por isso, as terras valem muito menos aqui do que fora do Plano Zonal”. Para José da Luz “falou-se muito em substituição do cereal por outro tipo de culturas, mas isso nunca aconteceu, nunca foi viável. Culturas alternativas ao trigo, à cevada e à aveia ou ao triticale precisam de água. Sem água não há quaisquer alternativas. A complementaridade aos cereais sempre foi a pecuária. Aqui predomina a pecuária extensiva e depois há o aproveitamento de terras agrícolas para se produzirem complementos. O cereal que produzimos, grande parte das vezes, é utilizado para o fabrico de rações para a própria exploração e para fenos e palhas. Em relação à pecuária houve, a dado, momento um aumento de bovinos, mas neste momento está estacionário. Os ovinos, no entanto, prevalecem na região. Há 140 mil ovinos adultos, enquanto temos 22 ou 23 mil bovinas adultas. É um factor importante da economia das explorações agrícolas”. Mais jovens e mais cultos José da Luz diz que a região não tem vindo a perder agricultores. Pelo contrário. “Eu até acho que aqui o Campo Branco é das zonas onde aparecem mais jovens a virem para a agricultura, muitos deles já com cursos e mesmo licenciados, que vêm dar continuidade às explorações dos pais. Pena é que não possam ter mais alternativas”. E acrescenta: “Vivemos rodeados de papéis. É um absurdo. Os agricultores estão completamente exaustos de papéis. A carga burocrática é imensa e não tem diminuído. O que tem evoluído é a capacidade do agricultor e das suas organizações conseguirem mexerse com toda essa papelada. Hoje já muitos agricultores, e não só a camada mais jovem, recorrem à informática e à Internet”. Mas nem tudo está tão mau assim, refere José da Luz com uma ponta de esperança. “Considerando a nossa região como uma zona, não de terras marginais, mas de terras pobres, com as dificuldades e com a crise que tem estado latente, originada pelas condições climatéricas adversas, os agricultores têm evoluído bastante e têm procurado criar condições para poderem sobreviver e dar alguma dignidade ao futuro das suas famílias e da região”. Reclamando por um Plano Zonal mais justo Desde o início do Plano Zonal de Castro Verde, em 1995, que a Liga para Protecção da Natureza (LPN) e a Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB) têm desenvolvido um trabalho de parceria para a implementação desta Medida Agro-Ambiental. O Plano Zonal tem desempenhado um papel crucial na manutenção de uma agricultura que promove a conservação de aves que estão ameaçadas mundialmente, funcionando como um instrumento de gestão activa da biodiversidade e da conservação da natureza. No Quadro de Programação Financeira 2000-2006, verificaram-se algumas alterações no Plano Zonal ao nível dos compromissos agrícolas e dos montantes de apoio pela perda de rendimentos e custos adicionais. Estas alterações financeiras tiveram um impacte muito negativo, pois o Plano Zonal deixou de compensar os agricultores pelo serviço ambiental prestado. Sendo a agricultura uma actividade económica e produtiva, rapidamente se verificou que outras opções, como a florestação de terras agrícolas ou o aumento dos efectivos pecuários, poderiam trazer mais rendimento que manter as práti- cas agrícolas tradicionais previstas no Plano Zonal. Conscientes da importância do Plano Zonal, a LPN e a AACB têm desenvolvido, desde Julho de 2006, um esforço para sensibilizar os decisores políticos da importância do Plano Zonal, solicitando um enquadramento mais justo no novo Quadro de Programação para 2007-2013, através do novo Plano de Desenvolvimento Rural Estas diligências culminaram com reuniões em Bruxelas com o Comissário do Ambiente e com a Comissária da Agricultura, durante o passado mês de Setembro, para sensibilizar a Comissão Europeia relativamente a todo o trabalho desenvolvido ao longo de mais de uma década pelos agricultores do Campo Branco na defesa da biodiversidade ameaçada. A AACB e a LPN continuam, assim, zelosamente empenhadas na defesa de um Plano Zonal que reconheça o contributo inigualável que os agricultores do Campo Branco já efectuaram e que se deseja que continue. Rita Alcazar (LPN) O Campaniço setembro/outubro 2007 cultura 12 Viola campaniça e viola caipira Encontro de Culturas Um encontro de violas que resultou na incursão pela cultura de dois países. Um encontro que juntou Pedro Mestre e Chico Lobo e que agora resultou na edição de um CD. CD pela preservação da caipira e campaniça Conheceram-se há apenas um ano mas a cumplicidade que os une parece existir desde sempre. Em comum, partilham uma sonoridade rústica, profunda, característica da região onde nasceram. Foi nesta perspectiva de afinidades que a campaniça de Pedro Mestre se cruzou com a caipira de Chico Lobo, tocadores de viola mas também percursores de um processo de valorização e divulgação destes instrumentos. Depois do encontro que encheu a antiga Fábrica, em Castro Verde, Chico Lobo e Pedro Mestre editaram recentemente o CD “Encontro de Violas”, numa homenagem à música que os une. Um álbum que é não só o registo inédito do (re) encontro entre a cultura portuguesa e brasileira, mas também a soma da viola caipira de Chico Lobo com a viola campaniça de Pedro Mestre como símbolo da união entre os povos. “Encontro de Violas” foi idealizado na Sete e é uma co-produção entre a Associação de Cante Alentejano os Cardadores (ACA) e a Viola Brasil Produções. Nas palavras de Chico Lobo o resultado da gravação deste CD é como um reencontro entre mãe e filha. “A viola caipira é filha da viola campaniça. Têm uma ligação umbilical. A caipira deixa de ser órfã e a campaniça ganha novo sentido’’ Em Agosto, Pedro Mestre regressou ao Brasil para apresentação do CD, juntamente com Chico Lobo, numa tournée que se prolongou até ao mês de Setembro e que percorreu várias regiões do Brasil, desde Minas Gerais, S. Paulo e Paraná. Contudo, o lançamento do disco Pedro Mestre e Chico Lobo não se limitará ao Brasil. Em 2008, será a vez de Chico Lobo regressar a Portugal para outros “encon- “Encontramo-nos em Évora onde o que juntos poderiam desempenhar tros” na companhia de Pedro Mes- Pedro me falou de todo o trabalho pela preservação, divulgação, vatre. Tudo em prol da divulgação de que se realiza aqui em Castro Ver- lorização destas culturas que se induas culturas que se interligam e de ao nível do ensino e da constru- terligam, Chico Lobo e Pedro Mescomplementam. O CD é prova des- ção da viola campaniça. Durante o tre decidiram percorrer Portugal e se trabalho conjunto pela preserva- meu concerto em Serpa convidei-o o Brasil. ção e valorização das duas violas en- a tocarmos algo juntos. Quando eu Chico Lobo tinha apenas 7 anos quanto tradições em ascensão. bati na viola, e o Pedro bateu na vio- quando contactou pela primeira la, percebemos que havia qualquer vez com a cultura da viola. Hoje é O início de uma coisa em comum. E tudo de impro- pioneiro da caipira no Brasil e uma grande amizade viso… O público ficou emocionado. referência da música de tradição. Trouxe algo da memória. Recordou “Quando o meu pai recebia em nosFoi em Serpa, no III Encontro a campaniça que faz parte da iden- sa casa as Folias de Reis, que são de Culturas, em 2006, que os dois tidade do Alentejo. Voltei ao Brasil acompanhadas de variados insvioleiros se cruzaram pela primei- convicto que precisava de trazer o trumentos, sendo o principal a caira vez. Chico Lobo, natural de São Pedro ao Brasil”. pira, eu ficava deslumbrado com João Del Rei, compositor e cantaE assim foi… Três meses depois o seu toque. Cresci ouvindo isso e dor mineiro, curioso pela história actuavam juntos pelo estado de Mi- foi assim que aos 14 anos tive a mida campaniça, partiu em busca de nas Gerais. Foram notícia de pri- nha primeira viola e passei a tocar Pedro Mestre. Hoje encara esse en- meira página. Tempos mais tarde, e a aprender sozinho.” Uma paixão contro como “um grande aconteci- Serpa decidiu convidar os dois mú- que foi crescendo e que se matemento que ocorreu na vida de am- sicos para um espectáculo a dois, rializou verdadeiramente quando bos”. Ainda em Serpa, durante a sua naquele que seria o IV Encontro Chico Lobo se mudou para a capiactuação no III Encontro de Cul- de Culturas. Desde então, decidi- tal de Minas Gerais. Aí começou a turas, Chico Lobo convidou Pedro ram iniciar juntos um trabalho de pesquisar a viola e a aprender com Mestre a subir ao palco, para uma resgate cultural das violas caipira e os mestres, os violeiros dos grotões, participação especial, de improviso: campaniça. Conscientes do papel que lhe ensinaram o universo da viola e as raízes profundas que explicam a sua origem. Artisticamente lançou o seu primeiro trabalho em 1996. Em 1997 aventurou-se pela Itália, onde realizou dez espectáculos, despertando aos poucos o interesse da crítica sobre aquele novo violeiro que chegava com a caipira às costas. Hoje, a viola é tocada no Brasil inteiro, atravessando um período de grande ascensão na música popular brasileira, agregando em seu redor uma cultura popular tradicional, de riqueza e de valor inestimável para a humanidade. Pedro Mestre e Chico Lobo, músicos que através das cordas das suas violas tocam prosas mineiras e alentejanas conduzindo o público numa viagem através das caravelas da história. Uma fusão que Chico Lobo encara como imprescindível por considerar que juntos podem “desenvolver um maior trabalho de valorização destes instrumentos.” Santa bárbara de padrões “Fragmentos da Memória” Quem passou por Sta. Bárbara de Padrões no último fim-de-semana de Agosto não ficou indiferente à festa: o cartaz diversificado, aliado ao espírito popular, esteve à medida de todos. A apresentação da primeira edição da freguesia “Santa Bárbara de Padrões: Fragmentos da Memória” foi este ano um dos grandes momentos das festas. Foi no terceiro dia das tradicio- Bárbara de Casa (Andaluzia), Lenais festas da aldeia que foi apre- onardo Abreu, Presidente da Junsentado ao público o livro “Santa ta de Freguesia de St.ª Bárbara de Bárbara de Padrões: Fragmentos da Nexe (Algarve), Paulo NascimenMemória”, a primeira publicação to, Vereador da Cultura da Câmara editada pela Junta de Freguesia. Na Municipal de Castro Verde e Miguel apresentação estiveram presentes Rego, coordenador da publicação e Manuel dos Santos, Presidente da autor de parte dos seus textos. Junta de Freguesia de St.ª Bárbara Segundo Manuel dos Santos de Padrões, Gonzala Santos, Presi- “este livro dará aos leitores a possidente da Junta de Freguesia de St.ª bilidade de conhecerem melhor a freguesia, não só no ponto de vista histórico, mas também ao nível da geologia, das questões ambientais e do território”. A publicação nasceu no âmbito de um projecto regional transfronteiriço que dura há já três anos e que tem permitido o aprofundar de conhecimentos e o contacto com a realidade destas freguesias que partilham em comum o mesmo topónimo. De acordo com Leonardo Abreu, “o objectivo deste projecto era tornar mais conhecida a história das nossas freguesias, enquanto factor determinante para a identidade de cada um de nós”. A primeira fase desta colaboração entre as três Santas Bárbaras acabou por ser o aprofundar do património histórico e cultural de cada uma das freguesias, resultando em cada uma delas na concretização de um livro. Para breve aguarda-se a realização de outras actividades, nomeadamente de carácter recreativo e cultural. Três dias de pura festa que, a par da apresentação da edição, ficaram marcados pelo convívio e pela presença dos emigrantes da terra que reviveram uma vez mais a animação característica da sua freguesia. O Campaniço setembro/outubro 2007 cultura 13 Feira de Castro 2007 Mais um ano! O tradicional cante alentejano, o fado, e os ritmos tradicionais “encontraram-se” este ano num espectáculo que marcou o arranque de mais uma Feira de Castro. Pelas ruas apinhadas de gente, houve desfile de grupos corais que, a passo lento, entoaram a genuinidade do seu cante. Houve folclore algarvio e cante ao baldão. Tudo ao sabor de mais uma tradicional Feira de Castro. C astro Verde vestiu-se de gala, uma vez mais, para receber os milhares de pessoas que anualmente acorrem a uma das mais antigas e tradicionais feiras do Sul do país. Domingo, foi como sempre o grande dia, mas o espectáculo evocativo deste momento histórico aconteceu logo na sexta à noite. “Encontro na Feira” encheu o CineTeatro Municipal e levou a palco os “Ganhões”, “Maio Moço” e o fadista António Zambujo. Momentos musicais distintos, mas largamente aplaudidos pelo público. Estava dado o “pontapé de saída” para uma das maiores feiras do país. Das principais ruas da vila até ao Largo, o espaço de mostra, compra e venda de produtos, trouxe milhares de forasteiros que encheram as ruas formando um mar de gente. O Sol inundou este ano a Feira de Castro, dificultando o negócio aos vendedores de guarda-chuvas e agasalhos para o Inverno. Mas será sempre assim: faça chuva, ou faça sol, haverá sempre quem não goste! No sábado, dia 20, a Banda da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro saiu à rua pelas principais artérias da vila e à tarde cumpriu-se a tradição em mais edição de dvd Baldão na Feira de Castro “Baldão na Feira de Castro”. Assim se intitula o documentário editado em DVD pela Câmara Municipal de Castro Verde, durante a Planície Mediterrânica 2007. A apresentação aconteceu no Fórum Municipal, no dia 13 de Setembro e foi transmitida em directo pela Rádio Castrense, no programa “Património”. O documentário, produzido por José Luis Jones, reúne imagens recolhidas no encontro de baldão que aconteceu na Feira de Castro 2006, e é fruto de uma parceria entre a Cortiçol, a Câmara Municipal e José Luís Jones. Com apenas 18 minutos de gravação, este breve documentário reúne à mesa cantadores de baldão e tocadores de viola campaniça e estabelece a relação desta manifestação com a última grande fei- ra do sul, outora palco de grandes desafios de despique e baldão que animavam as muitas noites que durava a feira. Fruto de uma organização diferente que já se tornou tradição na feira de hoje, o conjunto de imagens assume-se como um documento importante para a memória cultural da região e como uma introdução importante para um primeiro contacto com o cante ao Baldão, procurando divulgar de modo pedagógico esta tradição. Depois da apresentação do DVD, seguiu-se um encontro de cante ao baldão, onde se reviveu a proeza deste “canto de improviso”, onde os muitos cantadores presentes responderam com rapidez e imaginação aos motes obrigatórios. uma “Planície a Cantar” com desfile de grupos corais alentejanos. À noite, no Restaurante Solposto foi a vez do “XVII Encontro de Tocadores de Viola Campaniça e Cantadores de Despique e Baldão” homenagear esta forma de cantar de improviso. No Domingo a feira revelou-se, em toda a sua exuberância, com as amêndoas e os figos secos do Algarve, os pêros e as maçãs, as guloseimas, mas também as ultimas tendências em roupa e sapatos. Para o ano há mais, com a certeza que esta é uma tradição que está para durar. z O Campaniço setembro/outubro 2007 actividades 14 Projectos para todas as idades Agora que o Outono chegou, é tempo de fazer o balanço das actividades que marcaram este Verão. Paralelamente aos ATL’s infantis, a Câmara Municipal de Castro Verde promoveu nestes meses o projecto“RIR em Movimento” para animar as horas vagas de pessoas com mais de 55 anos. Projectos para todas as idades que levaram a animação fora de portas. T odos os anos, o entusiasmo de ocupar de forma divertida os tempos livres de Verão, traz dezenas de crianças para esta iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Castro Verde, que já dura há 10 anos. Este ano, apesar de privilegiarem o contacto com o ar livre e com as actividades desportivas, os ATL’s não se limitaram a isso. O projecto foi essencialmente formado por ateliers de diferentes áreas, nomeadamente, ateliers de expressão plástica, de educação ambiental, de expressão motora e visitas culturais Com início a 9 de Julho, o projecto prolongou-se até ao fim de Agosto e dividiu-se em dois pólos: em Castro Verde, agrupando também as crianças das freguesias de Casével e Entradas, e em Santa Bárbara, estendendo-se às crianças da freguesia de São Marcos da Atabueira. Tudo em prol de uma uma ocupação saudável e enriquecedora destes meses de férias e de um espírito de entreajuda mais fortalecido. Paralelamente aos ATL’s, a Câmara Municipal de Castro Verde decidiu este ano alargar a oferta e promover o projecto “RIR em Movimento” com o objectivo de dinamizar os tempos livres de indivíduos com mais de 55 anos. “Recrear, Inovar e Reabilitar” foi o lema deste projecto que teve como cenário a actividade física, a criatividade e o convívio. A par de tudo isto, o projecto procurou essencialmente desenvolver um conjunto de actividades inovadoras, determinantes para o bem-estar dos participantes. Piscina, passeios, caminhadas e roteiros patrimoniais pelo concelho, foram apenas algumas das actividades desenvolvidas nestes dois meses. A experiência, dizem os participantes, é para repetir. Para o ano, a animação regressará aos espaços de sempre, com a promessa de mais e melhores actividades. Nesta edição, damos a conhecer a opinião de miúdos e graúdos sobre os projectos de tempos livres em que participaram, não fossem eles os actores principais destas iniciativas. O Campaniço esteve na festa de encerramento dos Atl’s e do projecto RIR em Movimento”. Entre crianças e adultos ficámos a saber aquilo que mais gostaram nestes dois meses de actividade. *** 1. Este é o primeiro ano em que participas nos Atl’s? 2. Porque é que decidiste participar? 3. O que é que mais gostaste nestes Atl’s? 4. Foste tu quem quis inscrever-se nos Atl’s ou foram os teus pais? 5. O que aprendeste de novo nos Atl’s deste ano? 6. E agora que os Atl’s encerraram, vais sentir saudades? 7. Para além das actividades na piscina, do cinema e das visitas, em que outras actividades gostavas de ter participado? Marta Marques 1 2 anos 1. Não, já não é a primeira vez. Tinha 10 anos quando me inscrevi. 2. Não gosto de estar desocupada, por isso decidi participar. Assim pude vir à piscina e divertir-me com os meus amigos. Gostei muito deste ano, só tenho pena de para o ano já não me poder inscrever. 3. Gostei muito do acampamento no Vale Gonçalinho e do Peddy Paper. A piscina e a visita aos Bombeiros foram outras das iniciativas que mais gostei. 4. Uma amiga incentivou-me a inscrever. Depois pedi aos meus pais e eles deixaram-me vir. 5. A visita que fizemos ao Fluviário de Mora foi muito interessante e nesse dia vimos exposições, aquários... Nunca lá tinha ido e nesse dia fiquei a conhecer melhor os diferentes tipos de peixes. 6. Sim, vou ter muitas saudades, até porque depois deste ano já não me posso inscrever mais. 7. Gostava de ter ido à praia fluvial, em Mora, mas não levei fato de banho. Ana Raimundo 11 anos 1. Não me lembro, mas já alguns anos que participo. 2. Decidi participar por causa dos amigos, da piscina e das brincadeiras. Pedi à minha mãe para me inscrever e ela concordou. 3. O que mais gostei este ano foi mesmo o acampamento e o Peddy Paper, mas também gostei muito da visita ao Fluviário e de ter feito mais amigos. 4. Os meus pais quiseram que eu me inscrevesse mas eu também fiquei contente por vir, pois sabia que vinha para a brincadeira. 5. Este ano, aprendemos alguns jogos diferentes, como o Peddy Paper. Foi muito engraçado. 6. Sim, agora vou sentir algumas saudades, mas a escola está quase a começar. Para o ano há mais! Ainda posso inscrever-me mais um ano. 7. As que realizámos foram interessantes mas o que eu gostava mesmo era que pudéssemos ter vindo todos os dias á piscina. Mariana Dores 8 anos 1. Não. Há já dois anos que participo. 2. Inscrevi-me principalmente para poder vir à piscina, sair e poder conhecer outras pessoas e outros lugares. Tem sido uma boa experiência. Nestes dois anos tenho sentido algumas diferenças. Este ano, por exemplo, gostei muito da ideia do acampamento. 3. Aquilo que mais gostei nestes Atl’s foi, sem dúvida, o acampamento no Vale Gonçalinho e a realização de um Peddy Paper, que foi muito interessante. Nunca tinha acampado e adorei a experiência. 4. Fui eu quem me quis inscrever e, entretanto, perguntei à minha mãe que me disse logo que sim. Acho que os Atl’s são bons para nós porque nos ajudam a viver e a conviver com outras pessoas que até então nem conhecíamos. 5. Fomos à Sociedade e experimentámos alguns instrumentos, como a trompa, o clarinete e o trompete. Aprendemos também uma moda alentejana cantada pelos Ganhões que se chama “É tão grande o Alentejo”. 6. Vou sentir saudades. Gostava que os Atl’s continuassem até à abertura da escola. Do que vou sentir mais saudades é da piscina e dos passeios. 7. Eu gostei de tudo, mas se fosse possível gostava de ter feito uma visita à Alemanha. *** 1. O que o levou a participar no “RIR – Recrear, Inovar e Reabilitar”? 2. Como descreve esta experiência? 3. Quais as actividades que mais gostou neste projecto? 4. Acha que é importante desenvolver este tipo de actividades para pessoas com mais de 55 anos? 5. E agora que encerraram, vai sentir saudades? Gostava que estes Atl’s voltassem no próximo Verão? Luís Jorge Casével 1. Eu já ando na Ginástica há algum tempo em Casével, e o João, que é o nosso professor alertou-nos para esta iniciativa onde iriam acontecer muitas actividades diferentes e decidi participar. 2. Bem, eu só participei no RIR durante o mês de Agosto e foi muito bom ter vindo. Gostei muito das nossas vindas à piscina, duas vezes por semana. Foi a primeira vez que entrei numa piscina e agora até já sei dar umas braçadas. Também gostei muito dos professores. Foi tudo muito bem organizado. 3. Gostei muito de ir a Sintra, foi pena foi estar a chover nesse dia. Mas foi muito bonito. O convívio foi o melhor. 4. Estas actividades deviam ser sempre desenvolvidas para pessoas da minha idade. São muito boas para a cabeça e para o corpo e ajudam uma pessoa a desenvolver. 5. Sim, vou ter saudades. Deus queira que para o ano haja outra vez. Eu gosto destas coisas. No meu tempo não havia nada disto. Diverti-me e convivi muito. Maria Cruz Castro Verde 1. Gosto muito de conviver e aborrece-me estar sozinha em casa. Aqui pude conhecer outras pessoas e distrair-me um pouco. 2. Foram dois meses muito divertidos. Depois de ter participado no mês de Julho, decidi continuar e inscrevi-me nas actividades para Agosto. Gostei muito da experiência. 3. Neste tempo todo, realizámos muitas actividades, desde jogos tradicionais, actividades aquáticas e caminhadas; passeios e roteiros turísticos. Gostei muito de ter ido a Belém e de conhecer os arredores da nossa vila. 4. Sou uma pessoa activa e gosto muito de conviver. Na minha opinião é bom que existam este tipo de iniciativas para as pessoas da nossa idade. 5. Vou, claro. Agora resta-me fazer a limpeza da casa. Este projecto foi muito interessante e para mim foi uma experiência nova muito positiva. Noémia Valente S. Marcos 1. A Maria João avisou-me que ia abrir um novo projecto durante os meses de Julho e Agosto. Como preciso de fazer piscina, por questões de saúde, inscrevi-me. 2. Esta foi a primeira vez que participei numa iniciativa deste género e como tal achei tudo muito interessante. Foi bom fazer novas amizades. 3. Gostei bastante dos passeios, especialmente os que fizemos a Nossa Sra. de Aracelis e a Belém. Também gostei de visitar as igrejas do concelho. Senti que aprendi coisas novas. 4. Sim, sem dúvida. Para além do convívio que se cria, é sempre positivo participar nestas actividades. 5. Sim, vou sentir algumas. Para o ano gostava de me voltar a inscrever. Adorei a piscina. Fizemos exercícios específicos, bons para a minha saúde. O Campaniço setembro/outubro 2007 reportagem 15 A Força da Fé As coincidências da vida encaminharam o jovem para os caminhos da Igreja. A primeira missão foi vir para Castro Verde. Terra pela qual se apaixonou e que agora deixou com a promessa de voltar, se possível, e com a certeza de que aqui se sentiu feliz. liliana valente Por coincidências que o levaram a acreditar que elas não existem. Que têm um propósito e que não acontecem por acaso, o Padre Rui, seguiu os caminhos da Igreja Católica. A data de nascimento foi o primeiro prenúncio. Nasceu a 24 de Dezembro de 1964, no dia da celebração do nascimento de Jesus Cristo. Era um facto demasiado forte para se desprender dele. Foi, por assim dizer, a primeira “coincidência”. As sendas da vida cruzaram-se sempre no mesmo ponto, parecendo indicar sempre na mesma direcção. Tudo demasiado forte. Tudo a produzir nele aquilo a que se chama “vocação”. Acreditou nela desde sempre. Dizer que as coincidências o levaram a acreditar na vocação não passa de pura semântica, porque nunca tal foi posto em causa nem foi uma coisa a que fosse obrigado. Nasceu em Ourém, distrito de Santarém, num Ribatejo a pisar a Beira Litoral. Terra da qual tem saudades e onde teve uma infância que diz “normal”. Família, amiPadre Rui Valério gos, brincadeiras e a fé. Sempre a fé. Aos seis anos foi para a esco- olha para esse período de uma mala primária e aos sete, a segunda neira muito peculiar: “hoje vejo coincidência. Desta vez, um triste que essas coisas não aconteceram incidente, que o empurrou para o por acaso. Posso quase que dizer Hospital Universitário de Coimbra. que os alicerces da minha vocação Uma queda que lhe quebrou uma sacerdotal estariam a ser colocaperna, fê-lo passar tempo “infini- dos, por ventura, ali.” Segue-se o to” longe da família e perto de mui- resto da escola primária, o Semitas desgraças, de muitas doenças e nário e a consequente Ordenação. enfermos irreversíveis. Perto e lon- Primeira obediência: vir para Casge de mais para uma criança. Forte tro Verde. Decorria o ano de 1993 de mais mesmo para quem é forte. e acompanhavam-no o Padre CarFoi para ele uma experiência mar- los e o Padre Abel. Dois anos pascante, presenciou, durante quase 5 sados e voltou para Lisboa. Só em longos meses, as desgraças vindas 2001 volta a Castro Verde, desda Guerra do Ultramar. Aí tomou ta vez sozinho, para a sua missão “contacto com a realidade humana de seis anos. Parte agora com prona sua dimensão mais dramática, messas de, “se for possível”, voltar. mais brutal.” Era a precoce prova Agora regressa para o mesmo sítio de que a sua vida seria a de “man- em Lisboa, trabalhando na formadar a semente à terra”. Afirma que ção de futuros sacerdotes. Tesouro da Basílica comemorou IV Aniversário No passado dia 3 de Novembro, o Tesouro da Basílica Real assinalou o seu IV Aniversário promovendo um concerto comemorativo pela Banda da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1.º de Janeiro, que foi fortemente aplaudida, com destaque para o solista André Dourado. A iniciativa que se realizou no grandioso espaço da Basílica Real, evocou assim o surgimento do Núcleo de Arte Sacra, que integra a rede de museus da Diocese de Beja. O projecto foi possível graças ao estabelecimento de uma parceria, que levou à criação da associação Tesouro da Basílica Real, e que permite actualmente abertura do templo e do museu ao público. A Basílica Real é a principal peça do património edificado do concelho, pelo que assume um papel muito importante na dinamização de roteiros culturais, atraindo muitos visitantes. A Obra Não fala nela. Não a quer assumir com a humildade cúmplice de quem não quer os louros para si. Mas ela é reconhecida, através dos vários projectos em que se envolveu com a comunidade. Os tesouros desvendados e publicitados estão agora à mostra de todos como sinal da sua passagem. O Tesouro mais rico de todos, o da Basílica foi um projecto que abraçou e concretizou dando a conhecer ao público peças únicas, numa iniciativa também ela única. Antes de partir quis deixar ainda outra marca. Espera que em pouco tempo, o histórico relógio da Basílica dê as horas certas. Tirou-o da arrecadação e procurou quem o restaurasse. Encontrou o filho de quem o tinha construído. Fé de família que com carinho abraçou esta obra hercúlea. Mas há mais. Há quem denote a sua constante ligação com a comunidade. Não gosta de elogios, prefere reconhecer que fez amigos por aqui e que leva consigo uma certeza: “em Castro Verde fui feliz”. A Fé do homem e dos homens A crença na vida religiosa, a Fé, é como um membro da família, ou um membro de si próprio: “no meu sub-consciente, podíamos quase dizer que nunca me compreendi, nunca olhei para mim, nem tomei consciência do meu nascimento, da minha existência separada da Neste momento está a decorrer um processo de diálogo entre diferentes parceiros que tem como objectivo a criação de um segundo núcleo de arte sacra em Castro Verde, mais concretamente na Igreja da Misericórdia, juntando-se assim ao da Basílica Real e ao Museu da Lucerna. Para além da exposição de material, esta política tem subjacente a recuperação e valorização de espaços do nosso património edificado, bem como a salvaguarda e promoção do mesmo. Novos Párocos Com a ida do Padre Rui Valério para Lisboa, assumiram funções nas paróquias do concelho os Padres Eduardo Osório e Ricardo Meira, pertencentes à Ordem dos Missionários do Espírito Santo. existência de Jesus.” Mas as coincidências estão sempre presentes e “nunca são por acaso”. Foi por isso que foi para o Seminário Monfortino. Findo o Seminário pensou ir para a Faculdade de Direito, mas preferiu descansar um ano e fazer o noviciado. Diz que a ideia clara de se tornar padre surgiu por volta de 1984. A ordenação data de 23 de Março de 1991. Depois de sair de Castro Verde, em 1995, segue para Leuven, na Bélgica, onde faz uma pós-graduação, na Universidade Católica. Volta para Lisboa em 1996 onde fica cinco anos antes de nova ingressão em Castro Verde. De 2001 a 2007. Sete anos de trabalho numa comunidade que diz, tal como todo o povo alentejano, ter uma relação muito própria com a fé. Aprendeu a ver a fé através dos olhos desses homens e respeitou-a, integrou-se nela e acreditou-a como uma forma diferente de viver a vida religiosa, não menos bela, não menos verdadeira. A relação que se estabelece com Deus é sempre uma relação muito pessoal, relação que se tem como quem se relaciona com a extensa planície. Essa coisa infindável sempre presente. Deve ser essa a especificidade da fé dos alentejanos, essa coisa desprendida mas forte. Não se explica. Sente-se. Foi assim que olhou para este desafio, como uma outra vivência enriquecedora. Fundiu-se com a comunidade. O cante “uma paixão”. As vozes em uníssono das modas são como “orações” cantadas, diz. Juntou a sua às “Vozes de Casével” e viveu em pleno essa prece das vozes graves, pedindo um Alentejo diferente e mais próspero. Deixa Casével mas ficou-lhe o gosto. Em Lisboa já procura um coral alentejano para continuar a viver essa experiência cultural tão própria do Alentejo. O Campaniço setembro/outubro 2007 novembro Pomares, estercá-los no crescente, podá-los no Minguante, protegê-los das geadas. Plantar cerejeiras, pessegueiros, pereiras e macieiras, no Crescente. Plantar batata, alho, couve temporã, tremoço. Semear cereais, fava, ervilha, e em camas quentes alface, beterraba, cebola, nabiça, nabo, rabanete e tomate. Colher azeitona, beterraba. Na horta semear agrião, alface, cenoura, couves, com excepção da couve-flor e brócolos. No jardim estercar covas para a plantação na Primavera de árvores ou arbustos, e estercar as plantas contra o vento. Plantar bolbos de flores e roseiras. Podar as roseiras. FotoDestaque Receitas FASES DA LUA Agricultura e jardinagem Quarto Minguante – 1 Novembro Lua Nova – 9 Novembro Quarto Crescente – 17 Novembro Lua Cheia – 24 Novembro Quarto Minguante – 1 Dezembro Lua Nova – 9 Dezembro Quarto Crescente – 17 Dezembro Lua Cheia – 24 Dezembro Quarto Minguante – 31 Dezembro Canja de Perdiz Para 6 pessoas Informações do Borda d’Água Põe-se tudo a cozer em água fria. Retiram-se a salsa atada, a cebola, o toucinho e o osso. Desfia-se a carne das perdizes. No caldo passado coze-se o arroz. Á hora de ir para a mesa, põe-se a carne desfiada e os raminhos de hortelã no fundo da terrina e rega-se com o caldo a ferver. A linguiça e o toucinho que só deram gosto a sopa, comem-se ao pequeno-almoço do dia seguinte, sobre torradas de pão alentejano, muito quentes. O tocador de harmónica ou se quiserem de “flaita de beiços”, fezse ao palco da tenda árabe na Planície Mediterrânica. Já se mandavam as valsas da Serra de Grândola e as Papoilas tinham ensinado danças dos nossos bailes de outros tempos. Danças que agora se aposta em revitalizar e salvaguardar. Neste foto destaque aqui fica a homenagem ao homem e ao instrumento que, outrora, sem grandes aparelhagens, eram suficientes para levantar o pó do chão, animando até às tantas. Manuel Florêncio Planície Mediterrânica 2007 Recorrendo à temática local complete as palavras cruzadas. 1. Conhecido pelas suas mantas 2. É em Castro Verde no dia 29 de Junho 3. Erva que também é nome de rua 4. A cor do nosso campo 5. Diz o povo que às vezes alguém a tem curta ou solta 6. Localidade do concelho 7. Era utilizada para pintar as casas 8. Precede a Afonso Henriques 9. Diz o povo que é “andar na boa vida” ou “fazer troça de” 10. Monte com nome de algarismo 11. Todos os Santos têm um 12. É onde acontece o Património 13. Comida que pode ser de mão cheia 14. Estrutura de cera das colmeias 15. Canção alentejana 16. Local onde se tratava o cereal 17. Homem que trabalhava no campo 18. Agora 19. É quando nos lembramos de Sta. Bárbara 20. Dona da casa mais exótica de Castro Verde 21. Vento quente do Verão 22. O povo não gosta do ouvir cantar fora de horas 23. Homem que mais cabeças assa 24. Nome de rua e praça 25. Ribeira afluente do Guadiana 26. A dos Prazeres era a mais conhecida 27. Acontecem nos santos populares 28. Padroeira de Castro Verde 29. Título da Basílica 30. Chamar alguém é “dar de...” (popular) 31. Seara Nova é nome de 32. A procissão de Entradas é em sua honra 33. É quem levanta a moda 34. Antiga mina do concelho 35. Tema do nosso cancioneiro 36. Alimento base da nossa gastronomia tradicional 37. Forma de baile 38. Minério extraído em Neves – Corvo 39. O Abegão era perito em fixá-lo 40. Onde se fazem as mantas 41. Mês de feira 42. Bom sítio para se ir aos tordos 43. Poço com réplica no largo da feira 2 perdizes 1 fatia de toucinho 1 osso de presunto Uma linguiça pequena 1 molho de salsa Sal e pimenta 1 ramo de hortelã Perna de Javali assada no forno Para 6 pessoas 1 perna de javali 2 colheres de banha 2 colheres de azeite 1 colher de colorau 6 dentes de alho 1 raminho de tomilho ou alecrim Sal e pimenta Faz-se uma papa com todos os temperos, sendo os alhos pisados. Esfrega-se a perna de javali e deixa-se temperada uma hora. Salpica-se com tomilho e vai ao forno do pão. Vai-se regando com o próprio molho. Assim que estiver dourada, cobre-se com alumínio e deixa-se ficar no forno até estar completamente cozida. Encharcada Para 8 pessoas 0,5kg de açúcar 20 gemas e 4 ovos inteiros 2 dl de água Canela em pó Põe-se o açúcar ao lume num tacho de fundo grosso, juntamente com a água até fazer ponto de pérola. Entretanto separam-se as gemas das claras, juntam-se os ovos inteiros, batem-se ligeiramente com um garfo e passam-se pelo passador. Juntam-se os ovos à calda e mexem-se com uma colher de pau até cozerem. Deitamse num prato que possa ir ao calor e deixam-se 15 minutos sob o grelhador para dourar. Serve-se o doce frio, polvilhado com canela. Soluções 1. Lombador 2. Feriado 3. Urze 4. Branco 5. Rédea 6. Neves 7. Oca 8. Dom 9. Pagode 10. Sete 11. Dia 12. Rádio 13. Açorda 14. Favo 15. Moda 16. Eira 17. Almocreve 18. Já 19. Trovoada 20. Maria 21. Suão 22. Galo 23. João 24. Liberdade 25. Terges 26. Moagem 27. Mastros 28. Conceição 29. Real 30. Vaia 31. Rua 32. Esperança 33. Alto 34. Ferragudo 35. Amor 36. Pão 37. Roda 38. Cobre 39. Aro 40. Tear 41. Maio 42. Olival 43. Condessa Palavras Cruzadas LAZER&UTILIDADES 16 Receitas retiradas do livro “Cozinha Tradicional do Alentejo” de Maria Antónia Goes O Campaniço setembro/outubro 2007 cidadania 17 leones lima Igualdade de oportunidades Atravessou Portugal em cadeira de rodas. Mais de 700 km em protesto contra a desigualdade de oportunidades. Castro Verde foi a penúltima etapa deste percurso que começou em Viana do Castelo. © FOTO REVISTA CULTOS José Leones Lima, 52 anos, paraplégico com 80% de incapacidade, atravessou Portugal de lés a lés, de Viana do Castelo a Faro, numa cadeira de rodas, com um objectivo bem definido – protestar contra a desigualdade de oportunidades de cidadãos portadores de deficiência. A viagem teve início dia 1 de Agosto e dezoito dias depois, Castro Verde foi uma das paragens. Uma estadia curta tendo em consideração a finalidade que levou este homem a percorrer o país em cadeira de rodas. Em Castro Verde foi recebido pelo Gabinete de Educação e Acção Social da Câmara Municipal, seguindo-se depois um almoço no Restaurante SolPosto e dormida no Aparthotel do Castro. Numa cadeira adaptada com “pedais manuais”, Leones Lima percorreu cerca de 731 quilómetros (uma média de 35 a 40km por dia), desde Viana do Castelo, até Faro, a última etapa deste percurso. Com esta viagem, Leones Lima deu o seu “grito de protesto”, chamando a atenção sobre a lamentável situação em que vivem a maioria dos deficientes no nosso país. Formado em electrónica, José Leones Lima foi Chefe de Departamento, Sub-Director e Director Técnico em empresas de Electrónica Industrial. Está inscrito do Centro de Emprego mas desempregado há três anos. Diz que se inscreveu “numa ampla gama de tarefas possíveis de executar com qualidade” mas que as portas “se fecham com um estrondo envergonhado quando vêem a cadeira de rodas”. Para ganhar a vida começou a escrever. Neste momento escreve o seu terceiro livro, um romance com 280 páginas. Com o apoio de várias edilidades, José Leones Lima conseguiu levar a efeito esta jornada que assinala o ‘Ano Europeu de Igualdade de Oportunidades” e que teve como objectivo “protestar contra a discriminação das pessoas portadoras de deficiência”. As precipitações intensas são fenómenos meteorológicos característicos do período do Outono à Primavera, embora possam ocorrer em qualquer altura do ano. Originam longos períodos de precipitação, por vezes com a duração de vários dias, conduzindo à saturação dos solos, e proporcionado a formação de cheias, com todas as consequências associadas. Estas precipitações podem durar apenas alguns minutos ou horas. As regiões planas, como o Alentejo e Algarve, são mais propícias à sua formação. São fenómenos de difícil previsão, que provocam rapidamente inundações urbanas (habitações e estabelecimentos, ruas e estradas), pela dificuldade de os colectores drenarem as águas pluviais que se concentram muito rapidamente, e podem ainda causar deslizamentos de solos e sérios prejuízos na agricultura e danos no ambiente. Leones Lima em Castro Verde energias renováveis Pela saúde do planeta! Os incentivos à utilização de Até lá, dê o seu contributo na energias renováveis e o grande in- poupança de energia! Existem peteresse que este assunto levan- quenos gestos que pode exercer no tou nestes últimos anos deve-se à dia-a-dia, no sentido de contribuir consciencialização da possível es- para uma utilização racional de cassez dos recursos fósseis e à ne- energia. Tendo em conta uma sécessidade de redução das emissões rie de recomendações e conselhos de gases nocivos para a atmosfera - úteis, é possível reduzir os consuos gases de efeito de estufa. mos energéticos mantendo o conMatérias-primas como o petró- forto e a produtividade das activileo e o carvão têm vindo a consu- dades dependentes de energia. mir-se rapidamente e são demasiaPara tal é necessário implemendo preciosas para serem utilizadas tar medidas e acções, que apesar em processos de combustão para de simples, podem traduzir-se em produzir energia eléctrica. Para significativas poupanças energéalém disso, ao serem queimados, ticas e económicas. Aqui ficam peestes combustíveis, produzem quenos truques para reduzir o congrandes quantidades de substân- sumo energético em sua casa: cias poluidoras para o planeta. As energias renováveis, por sua vez, Iluminação são fontes inesgotáveis de energia obtidas a partir da Natureza que m Utilize as lâmpadas económinos rodeia, como o Sol, o Vento, a cas: fluorescentes tubulares e as Chuva, as Ondas do Mar, o Calor da fluorescentes compactas. EmboTerra ou as Plantas e poderão, num ra mais caras, emitem a mesma luz, futuro próximo, e para bem de to- podem durar 8 a 10 vezes mais e dos, vir a ser as mais importantes economizam até 80% do consumo fontes na produção de electricida- de energia. m Prefira a luz natural de. A energia solar, por exemplo, é (adapte a disposição da sala, quarcada vez mais utilizada no aqueci- to, etc.). m Desligue a iluminação mento de água em habitações. No sempre que não precise. m Utilize futuro, espera-se que a sua utiliza- lâmpadas com a potência adequação pelo homem aumente signifi- da às necessidades do local e tipo cativamente. de utilização. Protecção Civil alerta Ferro de Engomar a reduzir as trocas de água entre os alimentos e o ar interior do frigorím Procure utilizá-lo o menor nú- fico. mero de vezes possível. m O fer- m Nunca guarde alimentos quenro de engomar deve ser ligado, de tes no frigorífico, porque o choque preferência, quando houver uma de temperaturas provoca a sua degrande quantidade de roupa para terioração e um aumento do conpassar. m Utilize a temperatura sumo de energia, para manutenção correcta para cada tipo de tecido. da temperatura. m A regulação do m As roupas mais delicadas devem termóstato é muito importante (as ser passadas primeiro. temperaturas recomendadas são entre 3 a 5ºC para o frigorífico e Frigorífico 15ºC para o congelador). m Quando se ausentar de casa por períodos m Deve evitar abrir desnecessaria- prolongados, se possível, esvazie mente a porta, pense no o frigorífico desligue-o que vai buscar anda tomada. tes de abrir o frigorífico, uma vez que a abertura das portas pode representar até 20% do consumo global do electrodoméstico. m Não encha demasiado o frigorífico, para deste modo o ar circular livremente entre os alimentos. m Coloque a comida em recipientes de modo A título de exemplo, as fortes chuvadas que ocorreram um pouco por todo o concelho, em Novembro do ano passado, destruíram estradas e caminhos municipais. Após uma apreciação dos estragos, concluiu-se que esses locais coincidiam principalmente com zonas de pontes e pontões. Na maior parte dos locais verificou-se que alguns agricultores, provavelmente com a intenção de evitar que os animais se deslocassem para a estrada, colocaram protecções nos pontões. Porém, essas protecções, em contacto com os pastos acumulados, criaram um efeito tampa contribuindo para que a água passasse por cima das estradas com facilidade, rasgando a trincheira de queda. Situações que, para além dos inúmeros estragos, podem pôr em risco a segurança das pessoas. Assim, no sentido de evitar situações idênticas durante os próximos meses, o Serviço Municipal de Protecção Civil apela a todos aqueles que tenham propriedades por onde passem linhas de água com pontões, o favor de colaborarem de forma a evitar que os mesmos fiquem obstruídos e causem transtornos desta natureza. O Serviço Municipal de Protecção Civil de Castro Verde está ao seu dispor através do telefone 286 320 700 [email protected] Centro de saúde: 286 320 140 aaaaaaaaaa O Campaniço setembro/outubro 2007 leitores 18 Histórias, Lendas e Mistérios Não polua a natureza Insatisfação e Pesar No monte da Minhota, há um sobreiral e logo na ponta do sobreiral há umas sobreiras altas e uma delas é a sobreira dos bonecos, essa sobreira tem uns bonecos desenhados na casca cortiça, mesmo depois de lhe ser tirada a cortiça, trabalho que é feito de nove em nove anos, passado uns tempos lá estão os bonecos desenhados, não me perguntem porquê mas o que é certo é que os bonecos estão lá. Também junto à extrema com a herdade da Broca existe um cabeço que é o cerro do moinho da Broca onde, no princípio do século XX, ainda existia um moinho de vento. O que vi do resto do moinho foi um pequeno planalto no cimo do cabeço. Na encosta do dito cabeço existe um chaparro com um grande seixo branco por baixo. Chamam-lhe o “chaparro do seixo” e diziam que à tardinha aparecia um homem sentado no seixo e que era a alma do moleiro. Isso eu nunca vi, mas o meu irmão Artur que era mais velho que eu dizia que o via com um colete cinzento e a fumar um cachimbo, e outros moços que foram ajudas do meu pai também o viram. Entre Aljustrel e Castro Verde existe uma estrada muito antiga que começa em Valdoca e atravessa as herdades do mau ladrão, broca, minhota, amendoeira, sobreira, corta rabos, etc. e do monte da minhota parte uma estrada que vai até Messejana. Essa estrada cruza-se com a estrada de Castro e nessa cruz em noites de lua cheia iam lá fazer bruxarias com garrafas de bebidas, galinhas pretas, ervas, flores, etc. Eu sei porque quando andava com os porcos via essas coisas mas não lhe tocava por medo, mas os porcos esses não queriam saber das bruxas e comiam aquilo tudo. No ano em que andei na escola na estação de Castro Verde, depois das aulas ficava na brincadeira até às tantas da noite, um dia a minha mãe sem eu saber disse à minha prima Deolinda, que tinha mais dois anos que eu para me meterem medo, para que eu não ficasse até tão tarde. É claro que arranjou a maneira de contarem histórias de medos, luzes, almas do outro mundo, almas de bico, etc. Bem, o que é certo é que eu depois de andar uns quinhentos metros junto à linha de caminho de ferro que vai para Aljustrel, comecei a ver luzes amarelas, verdes, azuis, já via uma égua branca sem cabeça tudo a acompanhar-me do outro lado da ribeira. Eu só o que fazia era chorar. Fui até ao monte do Carregueiro, e pedi ao pastor das ovelhas que morava nesse monte, para que para que o filho dele o Filipe fosse comigo até à minha casa. É claro, durante dois ou três dias, não abalava tarde, mas depois comecei a pensar que essas luzes e medos só estavam na minha imaginação, voltei ao mesmo e nunca mais tive medo dissessem o que dissessem. Tudo isto são memórias doutros tempos. Se o Campaniço achar que deve publicar estas memórias para que as pessoas se lembrem que sempre existiram estas lendas e mistérios, publique. O planeta está moribundo De tanta evolução E as pessoas continuam A deitar lixo no chão É impossível estarmos satisfeitos com o que se passa connosco: nas nossas vidas, famílias, sociedade em geral. Connosco, por ver que as pessoas que nos rodeiam, só pensam em nos prejudicar, enganar, roubar de toda a maneira e feitio. Quem não tinha costume de duvidar das pessoas, tem que pensar que a maior parte delas só vive de enganos e vigarices, e por isso o melhor é começar a duvidar de toda a gente. Nas famílias também é muito triste. O que se verifica, em primeiro lugar, é o interesse e não o amor que deveria existir entre pais e filhos. Haver solidariedade para com os mais velhos, pensar que um dia também vão ser velhos e necessitar dos mais novos. Mas não é isso que se verifica: põem-nos nos lares, vende-lhes o que lhes pertence e o desgosto acaba com eles em pouco tempo. Esse é o objectivo principal. Depois vão a Fátima fazer penitência e fica tudo resolvido e a consciência em paz… Como fazia aquele assassino em série que matou três meninas de 16, 17 e 18 anos de idade. Acabava de matar e depois ia a Fátima a pé. Aquilo é que era “fé”. É nesta sociedade em que nós vivemos! E não há uma Justiça com mão pesada para estes crimes que nos revoltam tanto? Começam por lhes fazer exames médicos, acabam por lhes “arranjar” doença mentais que os consideram irresponsáveis dos seus actos. Vão sendo protegidos de todos os crimes que praticaram… Tantas vidas ceifadas, tantas esperanças perdidas, adiadas para sempre. As crianças também são muito mal tratadas, até pelos pais, sendo ofendidas, violadas e torturadas pelos que tinham o dever de as respeitar e proteger de todo o mal. Os nossos olhos choram com desgosto, o nosso coração sangra de dor ao sabermos que um tresloucado entra numa escola mata dezasseis crianças, uma professora, uma funcionária, fere física e moralmente todas as alunas da mesma escola. Porquê tudo isto…? Haverá alguém que possa obter uma resposta plausível para estas loucuras? Sim, porque só um louco varrido com instintos assassinos procederia assim. A loucura poderia vir de repente, quanto à sua malvadez, essa já estava dentro dele, sabe-se lá porquê… Para nós, são pessoas ou crianças totalmente desconhecidas, mas esse facto não obsta de maneira alguma a que mesmo de muito longe se sofra com tantas situações de injustiça e loucura criminosa. A vida poderia ser tão e agradável se as pessoas quisessem, mas infelizmente não querem, preferem transformar o mundo num arsenal de armamento para matar e destruir cidades inteiras, destruir obras de arte, coisa que esses assassinos nunca saberiam fazer. Será que vale a pena viver para se tomar conhecimento de tanta tragédia? Mas se isto nos servisse de conforto: saber que apenas podemos protestar e revoltar porque não há forças com direito de calar os nossos sentimentos enquanto tivermos coragem para isso e não for proibido expressar a nossa modesta opinião. Sebastião Augusto Manuel - Pinhal Novo Caro Sebastião, Porque não haveria o Campaniço de publicar estas estórias retiradas do nevoeiro da memória? Muitos são os dizeres que dão origem a estas situações que alimentam o imaginário e por vezes semeiam o medo. Já se dizem muito menos mas continuam a existir. Mande sempre! Elas dizem que não querem No Ecoponto deitar E pela sua ignorância O clima está a mudar Com esta evolução Estragam o planeta E qualquer dia isto vai Mesmo tudo p’ro maneta Já não há Verão nem Inverno Vêem mas não querem crer Há muita poluição no mar E o peixe está a morrer Cara Amiga, Obrigado pelos versos a apelar à consciência ambiental de todos nós. Nunca é de mais sensibilizar para o equilíbrio entre a actividade humana e a Natureza. Os nossos pequenos gestos todos somados são muito importantes. Aqui fica o seu alerta. Mande sempre! Todos poluem a Terra Disso eu tenho a certeza Deitam-se gases no ar E polui-se a Natureza Esta coisa da poluição Tem muito que se lhe diga Mas alguns ainda dizem Que isto é tudo cantiga Mas eu também já ouvi Que isto tudo é uma treta E assim vão continuando A poluir o planeta Para bem de todos nós Vamos lá reciclar Não polua a Natureza E o mundo vai mudar Maria José Sebastião Vale de Santiago Caro Leitor, Belo mote este do “Zé Saramago rural” / Incógnito trabalhador ... retrato de uma vivência rural que marcou tanta gente. Uma homenagem. Aguardamos a próxima criação poética! NECROLOGIA Álvaro Manuel Custódio 83 anos – Entradas| Ana Bárbara Romano Palma – Beja| Ana Maria da Costa 91 anos – Mte da Figueirinha| António João Agostinho 77 anos – Entradas| Assunção das Neves Aires Pinto 89 anos – Casével| Beatriz da Conceição 69 anos – Rolão| Cândida Maria Contreiras 38 anos – Castro Verde| Cândido Cavaco Fatias Pereira 64 anos – Beja| Carlos Figueira Revés 84 anos – Castro Verde| Eduardo Maria de Matos 90 anos – Ourique-Gare| Eduardo Soares Ferreira 82 anos – Mte de Geraldos| Emília Sousa Costa 77 anos – Casével| Idalina dos Santos Matos 87 anos – Entradas| Ilda Maria Catarina Santiago 90 anos – Mte de Almeirim| Joana Fortes de Brito 73 anos – Entradas João Correia Branco 63 anos – Sta. Bárbara de Padrões| João Francisco 81 anos – Castro Verde| Júlia das Neves Guerreiro 87 anos – Castro Verde| Luísa Lança Damos 69 anos – Sete| Manuel Santos Lúcio 85 anos – Entradas| Maria dos Prazeres Pereira 94 anos – Castro Verde| Maria Joana Santiago 87 anos – Entradas| Raul Maria Bento 85 anos – Entradas| Sara Isabel Cordeiro 16 anos – Lisboa “Zé Saramago” Alquevei na Cavandela Guardei cabras nos Janeiros Ceifei trigo na Portela Fui hortelão nos Pereiros. Fiz atalho no Mourão Mondei também nas Bicadas, Semeei no Torrejão, Fui seareiro nas Entradas. Ordenhador nos Burunhaxos, No Reguengo fui carteiro Amansei mulas e machos, Nos Gregórios fui caseiro. Juntei cortiça amadia No monte da Caldeireira Fiz melão e melancia Na terra da Ameixeira. Lá na terra do Marguilho Colhi grão de madrugada, Fiz calcadoiros com trilho, Limpei ao vento a cevada. Mariana Inácio cavaco Faleceu a 19/08/07 Castro Verde Albertina Maria Mestre Jacinto José Pereira Jacinto Sales Neto António eduardo revés Faleceu a 09/09/07 Castro Verde Faleceu a 14 /09/07 Castro Verde Faleceu a 25/10/07 Santiago do Caçém Faleceu a 22/10/07 Castro Verde A família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar. A família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar. A família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar. A família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar. A família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar. Nas Cabeças, fui moiral, De ovelhas, de alavão Fui ao mato ao Garrochal Tive um forno no Rolão “Zé Saramago rural” Incógnito trabalhador … Estátua com pedestal Na procura de um escultor J.J. Alves da Costa Rita Isidro Cara Rita, Recuperámos uma reflexão que nos havia enviado e não foi possível publicar na edição anterior. Aqui abrimos espaço à sua legitima inquietação. Mande sempre! O Campaniço setembro/outubro 2007 leitores 19 Breve Desabafo sobre António Emídio Ventura Como não concordo com as homenagens póstumas, nem com os nomes de ruas quando as pessoas já não estão entre nós e sou adepta de dizermos às pessoas que gostamos delas sem medos de represálias, eis-me aqui a escrever algumas palavras sobre António Emídio Ventura. Neste tempo de viragem e numa altura em que na aldeia dos Aivados outros tempos se avizinham, piores ou melhores só o futuro dirá, apraz-me escrever hoje algumas palavras (não é de modo nenhum uma homenagem), sobre um HOMEM que durante 30 anos ajudou (muito) uma aldeia comunitária do nosso país. Sendo muito mais novo que António Carlos - nome porque é conhecido na aldeia( herança de seu pai), desde sempre me lembro dele com carinho e quero aqui prestar-lhe algum tributo com as minhas humildes palavras e peço desde já desculpa se poucos defeitos lhe conseguir encontrar. Perfeito não é, pois defeitos todos temos. De tenra idade lembro-me da sua moto potente e única que irrompia pela aldeia e anunciava a sua chegada e algumas vezes lá íamos dar uma voltinha, com a sua filha pela rua sem saída. Lembro-me perfeitamente das suas ausências na guerra colonial e como seus pais, esposa e filha viviam pendentes da chegada dos seus aerogramas. Da minha meninice pobre mas feliz nunca esquecerei as suas chegadas do Ultramar: dos brinquedos que trazia para a filha e que todos compartilhávamos, das frutas em calda que nunca tínhamos experimentado, da delicia que era entrarmos nos slides que fazíamos com a filha. Nunca esquecerei o 1º. Romance (Jonh Chauffer Russo) que aos 11 anos li, cedido por minha mãe que lhe tinha sido emprestado por António Carlos (o pai), homem bondoso ligado à pastorícia, mas à altura bastante culto e que só já recordo sentado num cadeirão de pau (cadeirão em lugar de destaque na sala de estar de sua única neta), sempre a ler e que muito nos incentivava, mostrando-nos sempre livros o que talvez feito nascer em mim o gosto pela leitura. Dirão alguns que são palavras de saudosismo e não a falar dos 30 anos que esteve à frente da governação do povo de Aivados, mas sobre isso não me irei alargar muito pois, sou Aivadense (nascido e criado), de alma e coração, mas nunca me empenhei muito na parte politica. Sou interessado, mas não participante activo. Com o 25 Abril/1974 - versus fim da guerra colonial, Sargento Ventura fica no quartel de Beja e começa o seu interesse(activamente) pela causa da herdade dos Aivados a que quase todos aderem na que foi a grande “batalha”, entre o povo e os latifundiários que detinham parte da herdade como sua,” batalha” que até hoje judicialmente ainda não está completamente vencida. Quando se chega ao fim do mandato da lista em vigência após o 25 Abril e há de novo eleições, pois sempre assim foi nos Aivados, lá está António Ventura na frente e sempre durante 30 anos. Tanto tempo sempre com a mesma pessoa a governar??!! Sim, somos uma freguesia/concelho de Dinossáurios! Quando lhe foi confiado o destino de: terras, dinheiro (na altura doze contos e quinhentos) e todos os pertences da aldeia para gerir com os seus companheiros democraticamente eleitos, começou um duro trabalho, de aprendizagem também para António Ventura que não teria na altura grandes conhecimentos em áreas por onde teve de se aventurar, mas que volvidos 30 anos e contra ventos e marés direi que estes anos enalteceram a minha aldeia. Dirão muitos: pode fazer-se melhor! Deixem-me duvidar… (e também não será difícil, dado o vasto património físico e financeiro que foi entregue aos novos “governantes”). Duvido, mas estou de fora a ver e esperando que a lista agora eleita me mostre que estava enganada e gostaria de volvidos alguns anos voltar a fazer homenagem aos que estão agora à frente do destino da minha aldeia. Lista essa que logo à partida não começou bem, uma vez que num universo de oitenta e tal votantes, só trinta e cinco votaram sim, todos os outros votos foram em branco, ou seja ficou demonstrado que a lista eleita é à partida perdedora e não vitoriosa, como se espera nestas coisas de votos. Deixo o benefício da dúvida. O futuro dirá! Concordo que com a conta bancária recheada que fica e a continuação de parcerias entre Câmara Municipal e Junta Freguesia e outras Instituições Locais se pode fazer um bom trabalho. Será matéria para outras crónicas, pois o que me traz aqui hoje é um simples tributo a um homem que em matéria de ídolos masculinos, desde menino e depois de meus pais e avô (nesta altura não tínhamos os Morangos com Açúcar/Floribella, para adorarmos), vem logo a seguir e que hoje merece aqui o meu muito obrigado, que se alarga certamente a toda a minha família, que mesmo sem ter conhecimento do que estou a fazer me apoiará incondicionalmente. Pessoalmente agradeço poder fazer parte do seu núcleo de amigos e atrevo-me a dar-lhe alguns conselhos: descanse, dedique-se à sua família e a si próprio, coisa que nos últimos 30 anos descurou um pouco. Bem-haja! Quem tão bom e tanto trabalho fez (ele e seus companheiros, claro), merece o descanso do guerreiro. Jamais se arrependa de ter sido: Justo, generoso, benemérito, teimoso, amigo de seu semelhante, coerente…e tal como diz o quadro herança de sua austera mãe:”Morre o homem, fica a fama”, no seu caso a boa fama e para alguns incrédulos que possam pensar que estou a exagerar, fica o seguinte ditado popular:”atrás de mim virá, quem bom de mim fará”. A.P. Aivados José Manuel Vargas é professor do Ensino Secundário e investigador de História Local e Regional. Nesta edição do Campaniço, publicamos um artigo da sua autoria intitulado “O Foral de Castro Verde”. Um contributo documental sobre a Carta de Foral, mais concretamente sobre a sua entrega e publicação em 1515. O Foral de Castro Verde (1510) A sua entrega e publicação em 1515 A recente edição do Foral de Castro Verde, com reprodução fac-similada do original que se conserva na posse da Câmara, veio colocar à disposição dos estudiosos novos contributos para o conhecimento do processo de elaboração, registo e entrega dos forais manuelinos. Um dos aspectos menos conhecidos desse processo é precisamente a entrega e a publicação dos forais, pois a maioria dos originais que chegaram até nós não apresenta o registo do auto de publicação e entrega, como sucede com o foral de Castro Verde. Outorgado por D. Manuel, em 20 de Setembro de 1510, o foral de Castro Verde só foi registado na chancelaria régia depois de 1512, pois foi necessário aguardar que todos os forais das vilas de Campo de Ourique estivessem concluídos, já que foram registados em conjunto a seguir ao foral de Santiago de Cacém que serviu de modelo, mas cuja concessão ocorreu em 20 de Setembro de 1512. Curiosamente, o foral de Castro Verde, dado e assinado pelo Rei em 1510, apresenta nas esferas do frontispício a data de 1512, o que demonstra ter sido a iluminura concluída numa fase posterior à execução caligráfica. Feito o registo na chancelaria, foi colocado no foral o selo real de chumbo e foi rubricado pelo chanceler-mor Rui Boto na última folha, depois da assinatura do Rei. No foral de Castro Verde (fl. 12) podem ver-se quer a rubrica do chanceler (Rodericus) junto à anotação “foral pera crasto verde”, quer o orifício por onde pendia o trancelim com o selo régio, entretanto desaparecido. Concluída esta primeira fase do processo, faltava então entregar o foral aos representantes do concelho e fazer a sua leitura pública, para entrar de facto e de direito em vigor. Foi o que aconteceu no dia 26 de Março de 1515, na presença dos oficiais concelhios e do representante do senhorio da terra, que era comenda da Ordem de Santiago. Terminado esse acto, o escrivão da Câmara registou a seguinte acta: Pruujcado foi o forall hatras estprito per pero fagrosso moço da camara d’el Rey nosso senhor em ha camara da ujlla de crasto Verde xxbj dias de março Jbcxb perante Diego Alvarez escudeiro Jujz ordenayro em a dita ujlla E Ruy Diaz E Joham da Rossa uereadores E Domingos Fernandes procurador do Concelho, estando hy de presente Tristam Martins, Rendeiro das Rendas da comenda da mesma, sendo hy junta a maior parte do pouo que pera Jsso em ispeçiall foi chamado como pollo Regimento de ssua alteza vinha ordenado. E porque todo hassi passa na verdade asynaram haqui per cruzes e tambem hasinaram Gonçallo Vasquez e Luis Filisso E Gonçallo Ramirão E JorJe Diaz E eu Joham de contreyras, espriuam da camara que ho espriuj. Na transcrição modernizada, pode ler-se: Publicado foi o foral atrás escrito, por Pedro Fragoso, moço da câmara de El Rei, nosso senhor, na câmara da Vila de Castro Verde, 26 dias de Março 1515, perante Diogo Álvares, escudeiro, juiz ordinário na dita vila, e Rui Dias e João da Rosa, vereadores, e Domingos Fernandes, procurador do concelho, estando aí, de presente, Tristão Martins, rendeiro das rendas da comenda da mesma, sendo aí junta a maior parte do povo que para isso em especial foi chamado, como pelo regimento de sua alteza vinha ordenado. E porque tudo assim passa na verdade, assinaram aqui por cruzes. E também assinaram Gonçalo Vasques e Luís Felício e Gonçalo Ramirão e Jorge Dias, e eu João de Contreiras, escrivão da câmara que o escrevi. José Manuel Vargas Nota da Redacção O número de correspondência recebida por parte dos nossos leitores não nos permite publicar todos os textos. Foi feita uma selecção do conjunto que nos chegou às mãos. Na próxima edição continuaremos a sua publicação. Os trabalhos podem ser enviados por correio ou por email: Campaniço. Câmara Municipal de Castro Verde. Praça do Município, 7780-217 Castro Verde. [email protected]. O Campaniço setembro/outubro 2007 breves ICNB vai criar ZPE das Piçarras O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade apresentou as propostas para a criação de novas zonas de protecção especial, que surgem no contexto do processo de colmatação da insuficiente designação de áreas para aves estepárias, decorrente do processo de contencioso comunitário. Destas novas zonas faz parte a criação da ZPE das Piçarras, abrangendo território dos concelhos de Castro Verde, Ourique e Almodôvar, num total de 2827 hectares. O ICNB argumenta que se trata de um habitat em risco de fragmentação devido ao aumento de florestações recentes de pinheiro manso na área circundante. Após a conclusão da proposta técnica, o processo entra agora na fase de inquérito público. AUTARQUIA 20 edifícios escolares Transferência de titularidade Escolas do Ensino Básico de Aivados, Almeirim, Geraldos, Namorados e Piçarras vão ser sujeitas a obras de adaptação para reaproveitamento do espaço. A utilização para actividades recreativas e comunitárias é um dos objectivos da sua revalorização. O endividamento líquido bancário acumulado da Administração Local apresentou, no final de Agosto de 2007, um saldo positivo de 280 milhões de euros.Regista-se assim uma redução do endividamento líquido bancário relativamente ao período homólogo do ano anterior, de que resulta um aumento do superávit de cerca de 272 milhões de euros. O Montante de capital em dívida junto da banca decresceu 60% face ao período homólogo do ano anterior. Este resultado positivo registado é o mais alto desde 1998, representando, por um lado, o inequívoco decréscimo do recurso ao crédito bancário, mas também o aumento da liquidez da Administração Local. Aprendizagem Conjunta A Junta de Freguesia de Castro Verde proporciona, para os meses que se aproximam, cursos direccionados a pessoas com mais de 30 anos. A escolha é variada e para todos os gostos. Iniciação à informática, iniciação ao inglês, expressão plástica, português para estrangeiros e bordados, são algumas das aprendizagens disponíveis. No âmbito do seu V Aniversário, o Grupo Coral “As Atabuas” de São Marcos da Atabueira organizou um encontro de grupos corais como forma de comemorar os seus cinco anos de existência. A iniciativa aconteceu dia 27 de Outubro, em S. Marcos da Atabueira. Castrense vence Torneio da Rádio O F.C. Castrense foi o grande vencedor do 7.º Torneio de Futebol da Rádio Castrense, que se realizou em Setembro passado. Esta foi a terceira vez que a equipa castrense arrecadou o primeiro lugar na competição que juntou centenas de adeptos no Estádio Municipal 25 de Abril, em Castro Verde. As restantes posições foram ocupada pelos seguintes clubes: 2º Almodovarense, 3º S. Marcos e 4º Entradense. Munícipios Redução do Endividamento Bancário Atabuas: V Aniversário Edifício Escolar dos Geraldos Após aprovação da Assembleia Municipal, a Câmara Municipal de Castro Verde vai transferir a titularidade, a título gratuito, dos edifícios escolares do 1.º ciclo do Ensino Básico de Aivados, Almeirim, Geraldos, Namorados e Piçarras, para a Junta de Freguesia de Castro Verde. Uma decisão que teve por base o encerramento dos respectivos edifícios e a sua capacidade de utilização para outras funções de interesse comunitário, uma vez que, por razões de natureza demográfica, legal e também de organização da rede municipal de equipamentos educa- tivos, consignada na Carta Educativa, não se perspectiva que os edifícios em causa possam vir a retomar as funções escolares para que foram criados. A Carta Educativa recomenda assim que as escolas desactivadas devido à reestruturação da rede deverão ser afectas a funções comunitárias de interesse público, nomeadamente à animação de projectos Sócio-Culturais nas comunidades onde se inserem. Nalguns destes edifícios escolares já vêm decorrendo actividades sócio-culturais e recreativas através de projectos di- namizados pela Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Castro Verde. De realçar que a Escola dos Namorados já foi alvo de uma intervenção e já funciona como centro comunitário. Assim, e reconhecendo o interesse destes projectos, a Câmara Municipal acordou com a Junta de Freguesia, a realização de obras de adaptação e melhoria nalguns destes edifícios com financiamento municipal, ao abrigo do protocolo de colaboração e delegação de competências para o efeito celebrado. Orçamento de Estado 2008 ANMP rejeita Proposta O Conselho Geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) rejeitou por unanimidade, a proposta de Orçamento de Estado (OE) para 2008, alegando que esta não contempla transferências devidas de centenas de milhões de euros. Em causa está a “violação do estabelecido na lei de finanças locais”, uma vez que o governo se comprometeu a um crescimento das transferências para os municípios equivalente ao crescimento das receitas fiscais. Para este órgão da ANMP, o crescimento das transferências para as autarquias deveria ser da ordem dos 8%, equivalente ao aumento das receitas fiscais (IVA, IRS, IRC), e não de 4,5%, o que aca- ba por lesar as autarquias em “cerca de 200 milhões de euros”. Para a associação, a proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2008 contém “diversos erros e omissões, não cumprindo a Lei das Finanças Locais imposta pelo próprio Governo em 2006, para além de contradizer as afirmações proferidas pelo primeiro-ministro em matéria de financiamento do poder local”. “A proposta de OE para 2008 está errada porque utiliza valores de cobrança do IRS diferentes dos que constam da Conta Geral do Estado” e utiliza “critérios irreais de distribuição do Fundo Social Municipal que a própria Assembleia da Repú- blica já rejeitou na Lei do Orçamento do Estado para 2007”, lê-se na resolução aprovada na reunião. Quanto às omissões, a ANMP alega que a proposta de OE “esqueceu as transferências de competências nas áreas do ambiente e ordenamento do território”, acordadas com o primeiro-ministro em Janeiro de 2007, e inscreve uma verba insuficiente para satisfazer os contratos-programa já assinados. Exposição “Projecto Fábrica” “Ser, Estar e Haver” é o título da exposição concebida no âmbito do projecto Fábrica, patente ao público até 17 de Novembro, no Fórum Municipal. Uma exposição que mostrou os trabalhos realizados pelos frequentadores do atelier e a grande diversidade de sensibilidades que emergiram neste atelier de pintura. Ao todo 26 artistas, muitas probabilidades e diferentes olhares para a realidade. Porque a pintura é isso mesmo – “ser, estar e haver…” Revista Cultos tem novo rosto Desde Outubro que a Revista Cultos, editada no concelho de Castro Verde, se apresenta nas bancas com um novo design gráfico e novos conteúdos informativos. Uma mudança que se produziu também no site da revista em www.revistacultos. Onde é agora possível consultar as notícias mais recentes da região e ter acesso a entrevistas e crónicas de opinião já editadas. Tudo em prol de um produto jornalístico cada vez melhor e mais interessante a nível informativo.