1 Introdução - Câmara Municipal da Lousã
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1 Introdução - Câmara Municipal da Lousã
Zona de Caça Municipal da Lousã 1 Introdução A actividade da caça data dos primórdios da História. Constituindo, inicialmente um meio para a subsistência do Homem, posteriormente foi praticado pela nobreza portuguesa como exercício da actividade bélica em tempo de paz, tornando-se, com o decorrer dos tempos, numa actividade lúdica, de convívio e contacto com a natureza. O crescente peso económico que a caça tem nalgumas regiões da Península Ibérica, leva a que se pense na exploração cinegética de um modo mais racional e com base científica. É sabido que, e cada vez mais, a incorporação da actividade cinegética nas explorações agrícolas pode representar um importante factor na promoção do aumento sustentado do seu rendimento e na manutenção da sua actividade. Tal como refere Marques (1985) a caça surge como uma actividade económica, que bem gerida poderá funcionar como uma fonte geradora de receitas das áreas com aptidão florestal e cinegética. A Câmara Municipal da Lousã, ao requerer a renovação da gestão da Zona de Caça Municipal (ZCM) da Lousã, pretende realizar acções de conservação, fomento e exploração racional das espécies cinegéticas presentes na zona e do seu habitat. Intimamente associada à serra com o mesmo nome, a vila da Lousã desenvolve-se numa bacia topográfica com ricos campos agrícolas atravessados pelo Rio Arouce que desagua no Rio Ceira, nas proximidades de Foz de Arouce. A Serra da Lousã (1204 m), em ligação com a Serra do Açor e a Serra da Estrela (1993 m), é o princípio do mais imponente dos alinhamentos montanhosos de Portugal, sendo fundamentalmente xistosa e precâmbrica, portanto geologicamente muito antiga. A actividade agrícola praticada no fértil sopé da Serra (Bacia da Lousã), bem como junto às principais linhas de água e povoações do concelho, proporciona algum alimento para as várias espécies cinegéticas presentes. Contudo, a Lousã é um concelho essencialmente florestal. A floresta ocupa cerca de 60% da área total do concelho e é caracterizada pela predominância do Pinheiro-bravo (Pinus pinaster). -3- Zona de Caça Municipal da Lousã Mais recentemente e, nos terrenos privados, tem-se assistido a uma proliferação do Eucalipto (Eucalyptus spp.). Também algumas espécies arbóreas, outrora dominantes, se podem encontrar dispersas pelo concelho. Destas, destacam-se o Castanheiro (Castanea sativa) e espécies do género Quercus, nomeadamente o Carvalho-negral (Quercus pyrenaica), Carvalho-alvarinho (Quercus robur) e o Sobreiro (Quercus suber). Algumas zonas ribeirinhas e encostas das serranias preservam, respectivamente, uma vegetação ripícola e um matagal mediterrâneo característico da região e de elevado interesse ecológico. Desta forma, e atendendo ao coberto vegetal dominante, a entidade gestora da ZCM da Lousã pretende promover, prioritariamente na exploração da caça maior, nomeadamente na exploração racional das três espécies de caça maior existentes, javali, veado e corço. Figura 1 - ZCM da Lousã com aptidão para a caça ao javali Com potencial em termos florestais e paisagísticos, deslumbra-se que o desenvolvimento sustentado do concelho da Lousã passe, fundamentalmente, pela implementação e dinamização das actividades económicas relacionadas com a Natureza (Caça, Pesca Desportiva, Fotografia, Percursos pedestres, etc.) e o Turismo. A importância ecológica desta vasta região, foi reconhecida internacionalmente, pela sua inclusão na Rede Natura 2000, referente a sítios classificados por possuírem habitats e espécies de interesse comunitário, ao abrigo da directiva ―Habitats‖. A Área Classificada (AC) PTCON 0060 — Serra da Lousã (Resolução do Conselho de -4- Zona de Caça Municipal da Lousã Ministros n.°76/2000, de 5 de Julho) tem uma área total de 15 158,12 ha dos quais 777,94 ha estão inseridos na Zona de Caça Municipal da Lousã (Anexo I). 1.1 Justificação da criação da Zona de Caça Municipal e seus objectivos A criação das Zonas de Caça Municipais (ZCM) é uma ferramenta fundamental para a gestão dos recursos cinegéticos existentes no concelho, para além de proporcionar o exercício organizado da caça a um número maximizado de caçadores em condições particularmente acessíveis. Através da gestão contínua da ZCM serão favorecidas as populações locais existentes, permitindo uma maximização das suas potencialidades cinegéticas. 2 Localização A Zona de Caça Municipal da Lousã possui uma área total de 10 810,05 ha e, dada a importância e os interesses específicos para a Conservação da Natureza dos terrenos incluídos na referida Zona de Caça, serão criadas, pela entidade gestora, cinco áreas não sujeitas à actividade cinegética com um total de 1 087,42 ha (10 % da área útil da ZCM) e que englobam a totalidade da Área Classificada incluída na ZCM (Anexo I). Existem 3 Campos de Treino de Caça, embora em área não incluída na ZCM. A localização e delimitação da ZCM é apresentada no Anexo I, que tem como base as Cartas Militares n.º 242 e 252, à escala 1/25 000, do Instituto Geográfico do Exército. Anexo ao presente projecto é apresentada a mesma informação em suporte digital, formato Shapefile. Do presente Plano de Gestão (PG), consta a caracterização biogeofísica dos terrenos incluídos na ZCM, as espécies cinegéticas presentes e a explorar no concelho da Lousã, os recursos humanos e materiais a disponibilizar pela entidade candidata, o orçamento previsional e fontes de financiamento para o período de renovação e os -5- Zona de Caça Municipal da Lousã critérios de proporcionalidade utilizados para o acesso dos caçadores, bem como as taxas a cobrar pelo exercício da caça. Relativamente às espécies cinegéticas a explorar, apresenta-se a listagem das mesmas, as estimativas qualitativas das espécies sedentárias e o Plano Anual de Exploração (PAE) para a época venatória 2008/2009 (Anexo II). Serão ainda abordadas as potencialidades cinegéticas do concelho da Lousã, bem como as medidas previstas para o fomento e conservação do património cinegético, com destaque para os métodos de monitorização das espécies sedentárias, medidas estas vocacionadas para a implementação de uma exploração cinegética mais eficiente e sustentada a levar a cabo pela Câmara Municipal da Lousã. -6- Zona de Caça Municipal da Lousã 3 Caracterização edafo-climática 3.1 Clima O encadeamento montanhoso do Maciço Central desempenha, pela sua imponente massa, uma acção de particular importância nas características climáticas desta zona e de toda a região. De uma maneira sumária e, tendo por base os dados recolhidos na Estação Meteorológica da Lousã-Boavista (401 m), é apresentada a caracterização climática da zona: - Temperatura média anual: 14° C; - Temperatura média das máximas mensais: 18,4° C; - Temperatura média das mínimas mensais: 8,7° C; - Temperatura Máxima Absoluta: 39,6° C; - Temperatura Mínima Absoluta: -4,5° C; - Precipitação média anual: 1960 mm; - Humidade relativa do ar (às 9h): 78 %; - Ventos dominantes: Este A Temperatura média anual é menor nas cotas mais altas (13° C) e a precipitação aumenta com a altitude, estimando-se que atinja valores de 1600 mm nos cumes da serra. As chuvas são abundantes, incidindo nos meses de Janeiro, Março e Dezembro. As temperaturas estivais atingem valores elevados, durante o dia, levando à ocorrência de períodos de secura, mais proeminentes nas partes altas. Tal como refere Dias e Rebelo (1985), a rede hidrográfica da serra da Lousã, reflecte, também, o carácter basicamente mediterrâneo do clima da região. De facto, a resposta rápida às chuvadas intensas é logo denunciada pelo significativo aumento do caudal das linhas de água. De referir ainda outro factor climático importante para as espécies, a humidade relativa do ar ou quantidade de vapor de água existente na atmosfera, a qual depende da existência de factores como a água, o vento, a pressão atmosférica e a temperatura, os quais no seu conjunto afectam a velocidade da água e a transpiração dos seres vivos. -7- Zona de Caça Municipal da Lousã 3.2 Geologia e Solos Numa perspectiva geológica e litológica, a Serra da Lousã é dominada por xistos - desde os argilosos, passando pelos xistos mosqueados até aos grauvaques. Ocorrem também alguns afloramentos graníticos, na parte mais Nordeste do concelho. Outras formações geomorfológicas de grande significado na Orografia da região são as cristas quarzíticas que, pela sua dureza, se destacam na paisagem através das formas vigorosas que lhe imprimem. No limite oriental da Serra da Lousã desenvolvemse os chamados Penedos de Góis (1048 m de altitude), que constituem um dos exemplos mais exuberantes destas formações quartzíticas, datando do Período Silúrico (ca. 600 milhões de anos). A importância da tectónica é enorme em toda a área porquanto comanda o soerguimento das serras de xisto explicando quer o seu relevo, quer os acentuados declives característicos da topografia serrana, quer ainda o vigoroso encaixe e adaptação da rede hidrográfica. O acidente mais importante, a Falha da Lousã, delimita a área montanhosa a Norte e apresenta uma direcção NE-SW. É responsável pela forma como a Norte a Serra da Lousã se ergue abruptamente, com fortes declives nomeadamente no vale da Ribeira de S. João, desde os 200 m até acima dos 900 m de altitude. A topografia das áreas de xisto favorece, com a multiplicidade de declives acentuados, o trabalho da erosão. Constituí-se assim, sobre as vertentes, uma cobertura de resíduos de rocha que se fragmentam e que são levados pela escorrência antes de chegarem a alterar-se completamente. Desta forma, em vez de um solo argiloso de alteração que só se constitui em áreas planas, nomeadamente na Bacia da Lousã, formase, um terreno ―cascalhento‖ muito pobre, imperfeitamente coberto por um solo esquelético. 3.3 Orografia O declive afecta a vegetação directa e indirectamente. Á medida que diferem os valores de declive, existe também uma variação na incidência dos raios solares e, por isso uma variação da intensidade de insolação. Em zonas em que os declives são acentuados a circulação de água e o escorrimento superficial é maior, condicionando -8- Zona de Caça Municipal da Lousã deste modo a capacidade de armazenamento de água no solo e contribuindo para que o risco de erosão e deslizamento de terras aumente. As cotas altimétricas do concelho da Lousã, variam entre os 64 metros, a Noroeste, nas proximidades de Foz de Arouce e os 1205 metros de altitude no Alto do Trevim. A Sul predominam as mais elevadas altimétricas na ordem dos 900-1000 metros, enquanto que na parte Central os valores médios são de aproximadamente 90110 metros. 3.4 Hidrografia Toda a área do concelho da Lousã, incluída na Zona de Caça Municipal, está inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Mondego. O principal curso de água que atravessa o concelho no sentido Este - Oeste é o rio Ceira, afluente da margem esquerda do maior rio inteiramente português, o rio Mondego. Por todo o concelho é possível encontrar várias linhas de água permanentes. A Ribeira de S. João localiza-se na freguesia da Lousã, na parte Sul do concelho da Lousã, cruzando-a no sentido Sudeste-Noroeste. Nasce na Ribeira da Cerdeira que, após a confluência com a Ribeira de Catarredor, que nasce na vertente meridional do Alto do Trevim (um dos pontos mais altos do centro de Portugal), num local designado por Lagar da Ermida (305 m), toma o nome de Ribeira de S. João. Desagua no Rio Ceira, próximo da povoação de Foz de Arouce (68 m). Outros cursos de água permanentes, afluentes do rio Ceira, podem encontrar-se na área da ZCM da Lousã: Ribeira da Ponte Velha, Ribeira do Alquebe, Ribeira do Alveite, Ribeira da Avessada, Ribeira Maior, Ribeira da Cornaga e Ribeiro do Arneiro. Estas linhas de água, algumas delas bastante meandrizadas, são capazes de assegurar grande parte das necessidades hídricas da fauna, durante o período estival. -9- Zona de Caça Municipal da Lousã Figura 2 - O rio Ceira, nas proximidades de Casal da Eira. A precipitação em forma de chuva assume particular importância, já que a neve apenas cai no Inverno e mantém-se por pouco tempo, não tendo reflexos nítidos no regime dos rios que têm uma resposta essencialmente pluvial. A variabilidade e irregularidade da distribuição das precipitações, típicas do clima mediterrâneo, vêm justificar o regime irregular destes cursos de água que comportam variações bruscas entre cheias e estiagens. Se a conjuntura climática é a grande responsável pelo volume e frequência das precipitações, deve-se às características do relevo e às características litológicas, o modo como se fazem os processos de escoamento. Devido à ocorrência de xistos e rochas menos permeáveis, encontram-se poucos aquíferos em toda a extensão do concelho da Lousã. Naturalmente, a litologia, a tectónica e a geomorfologia condicionam a recarga e descarga dos aquíferos subterrâneos. As intercalações quartzíticas e as zonas de maior alteração da rocha mãe permitem, no entanto, o aparecimento isolado de alguns aquíferos e um número considerável de nascentes. As águas que não se infiltram, escorrem pela superfície, alimentando directamente as abundantes ribeiras e rios da Bacia Hidrográfica do Mondego. - 10 - Zona de Caça Municipal da Lousã Nesta distribuição de água superficial, verifica-se que, apenas nos locais de cota mais elevada e de solos mais permeáveis, a baixa disponibilidade hídrica poderá dificultar a fixação das espécies faunísticas, pelo que, está prevista a instalação de charcas/pontos de água artificiais. - 11 - Zona de Caça Municipal da Lousã 4 Caracterização geral da ocupação do solo As evidências no terreno, levam a crer, que o último coberto vegetal natural da Serra da Lousã tenha sido o carvalhal (Carvalho-alvarinho (Quercus robur) e Carvalhonegral (Quercus pyrenaica) nas partes mais altas, interrompido por sobreirais (Quercus suber) nas zonas de climas mais temperados e secos e por soitos ou castiçais (Castanea sativa), próximos das aldeias. No entanto, o intenso pastoreio, as várias políticas de reflorestação e os frequentes incêndios que têm assolado esta região, provocaram a perda de parte importante deste coberto, verificando-se presentemente a existência de monoculturas de Pinheiro-bravo (Pinus pinaster), de eucalipto (Eucalyptus spp.), de urzais (Erica spp.), de tojais (Ulex spp.) e de giestais (Cytisus spp.). No Gráfico 1 podem ser visualizadas, esquematicamente, as diferentes ocupações florestais e as respectivas percentagens, no concelho onde se insere a Zona de Caça Municipal. Gráfico 1 – Percentagem de ocupação florestal no concelho da Lousã Ocupação do Solo 1% 18% 19% 2% 60% Ocupação Agrícola Ocupação Florestal Ocupação Urbana Incultos Água Fonte: GAT (2004) Os povoamentos existentes na ZCM são de extrema importância na medida em que servem de abrigo, refúgio e de fonte de alimento aos animais. Segundo Albuquerque (1984), as zonas ecológicas da região distribuem-se por fácies de características sub-Atlânticas a fácies Atlânticas e Mediterrâneo-Atlânticas. - 12 - Zona de Caça Municipal da Lousã Presentemente, a área da ZCM da Lousã está fortemente retalhada, considerando-se oito tipos de unidades paisagísticas: campos agrícolas, pinhal, eucaliptal, mistos de pinheiro-bravo e eucaliptal, folhosas diversas, incultos, massas hídricas e áreas urbanas. 4.1 Campos Agrícolas Os campos agrícolas existentes localizam-se essencialmente nas várzeas da Bacia da Lousã, junto às linhas de água e às povoações espalhadas por todo o concelho. As culturas dominantes são o milho (Zea mays), a aveia (Avena sp.), a batata (Solanum tuberosum), o feijão (Phaseolus spp.) e as hortaliças. Figura 3 - Os campos agrícolas ocorrem nas várzeas junto às populações. Esta unidade inclui também algumas vinhas (Vitis vinifera) dispersas, de reduzido interesse vinícola e económico. O olival (Olea europaea), que existe um pouco por todo o lado, é frequente nas freguesias da Lousã e Gândaras. Alguns pequenos pomares com macieiras (Malus spp.), nogueiras (Juglans regia), cerejeiras (Prunus avium), pessegueiros (Prunus persica), marmeleiros (Cydonia oblonga) e figueiras (Ficus carica) encontram-se por toda a área. As pequenas parcelas agrícolas junto às povoações, localizadas nas cotas mais elevadas aparecem, muitas vezes, sob a forma de socalcos, denotando o elevado esforço da população local em conseguir um - 13 - Zona de Caça Municipal da Lousã pouco de terra arável para cultivo. No entanto, tem-se verificado ao longo dos anos uma forte recessão da actividade agrícola, traduzindo-se num crescente abandono dos campos agrícolas, ou mesmo da sua ocupação por espécies florestais de crescimento rápido. A entidade gestora da ZCM da Lousã prevê o cultivo e fomento de parcelas agrícolas, outrora cultivadas, tendo em vista assegurar as necessidades alimentares das várias espécies cinegéticas existentes, nomeadamente do coelho-bravo, da perdizvermelha e das aves migradoras. 4.2 Pinhal Os frequentes incêndios que têm assolado esta região, provocaram a perda de parte importante deste coberto, verificando-se presentemente uma redução da área de pinhal (Pinus pinaster) no concelho da Lousã, em detrimento do aumento da área de exóticas. Figura 4 – O pinhal ainda predomina na ZCM da Lousã. As manchas existentes (cerca de 28% da ZCM), correspondem a plantações existentes em redor das povoações, cujos habitantes ainda vão usando o coberto arbustivo (matos, queirós, carquejas, etc.) para fazer a ―cama‖ dos animais, nos currais. - 14 - Zona de Caça Municipal da Lousã 4.3 Eucaliptal O eucaliptal (Eucalyptus spp.), que engloba várias espécies desta árvore australiana, ocupa cerca de 10% da área da ZCM da Lousã, correspondente a terrenos privados. Aos poucos, o eucaliptal vai-se estendendo por todo o concelho, impondo-se às restantes formas de vegetação. No seu coberto arbustivo e sub-arbustivo é possível encontrar as seguintes espécies: estevas (Cistus ladanifer), giestas (Cytisus spp.), queirós (Erica spp.), tojos (Ulex spp.), carquejas (Pterospartium tridentatum) e os lentiscos-bastardos (Phiilyrea angustifolia), entre compostas e gramíneas que constituem o estrato herbáceo. 4.4 Mistos de Pinheiro-bravo e Eucaliptos A associação destas duas espécies arbóreas é frequente por toda a ZCM da Lousã, embora em pequenas parcelas. O coberto arbustivo e sub-arbustivo destes povoamentos é constituído por tojo (Ulex spp.), queiró (Erica spp.), carqueja (Pterospartium tridentatum) e feto-ordinário (Pteridium aquilinum), ocorrendo, por vezes, medronheiro, castanheiro e carvalho disperso, testemunhando o coberto vegetal anterior. Os povoamentos mistos de eucalipto e pinheiro-bravo localizam-se, geralmente, junto às povoações do Centro e Norte do concelho. 4.5 Folhosas diversas Várias folhosas ocorrem pela ZCM, testemunhando o coberto vegetal original. Os castanheiros (Castanea sativa) foram outrora dominantes, restringindo-se actualmente às proximidades de algumas povoações (e.g. Vilarinho, Souto Longo, etc.) ou ao longo de algumas ribeiras, de mais difícil acesso. Também o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o sobreiro (Quercus suber) e o carvalho-negra (Quercus pyrenaica), aparecem pela ZCM, muitas vezes sob a forma de povoamento. Associadas a estas manchas de folhosas ocorrem várias espécies arbustivas e arbóreas, tais como o medronheiro (Arbutus unedo), a esteva (Cistus adanifer), a giesta (Cytisus spp.), a queiró (Erica spp.), o tojo (Ulex spp.), a carqueja (Pterospartium tridentatum) e o lentisco-bastardo (Phillyrea angustifo1ia), entre compostas e gramíneas. - 15 - Zona de Caça Municipal da Lousã 4.6 Incultos Os incultos existentes na ZCM da Lousã, compreendem as zonas que, pelas suas características físicas ou devido à sua ocupação, não tem uso florestal ou agrícola, correspondendo fundamentalmente às áreas de matos, resultantes da acção dos incêndios florestais consecutivos, e aos afloramentos rochosos. Os matos, rasteiros e altos, poderão constituir zonas de extrema importância para refúgio e alimentação de javali, visto localizarem-se normalmente junto a linhas de água tributárias do rio Ceira, e serem compostos por exemplares dispersos de carvalho-alvarinho (Quercus robur) e sobreiro (Quercus suber), e uma densidade considerável de medronheiro (Arbutus unedo), giesta (Cytisus spp.), queiró e urze (Erica spp.), tojo (Ulex spp.), tojo-molar (Genista triacanthos), carqueja (Pterospartium tridentatum) e feto-ordinário (Pteridium aquilinum). Prevê-se que algumas parcelas sofram desmatação e gradual substituição por campos de alimentação com culturas arvenses. 4.7 Linhas de Água O rio Ceira, que atravessa a ZCM no sentido Este-Oeste, constitui o curso de água de maior importância nesta região. Como já foi referido no ponto 3.4, toda a ZCM é coberta por uma extensa rede de linhas de água, de importância crucial para as espécies cinegéticas. Algumas delas ainda mantém um coberto vegetal natural, constituído por floresta Laurisilva - como os azereiros (Frunus lusitanica), os folhados (Viburnum tinus), os loureiros (Laurus nobilis), os azevinhos (ilex aquifolium), os adernos-de-folhas-largas (Phillyrea latifolia), as heras (Hedera helix) e os fetos-reais (Osmunda regalis) que coexistem com os salgueiros (Salix spp.), os amieiros (Alnus glutinosa), os sabugueiros (Sambucus nigra), os sanguinhos-de-água (Frangula alnus), os freixos-de-folha-estreita (Fraxinus angustifolia), os medronheiros (Arbutus unedo), os pilriteiros (Crataegus monogyna), os carvalhos (Quercus spp.), os zambujeiros (Olea europaea var. sylvestris), as silvas (Rubus spp.), as madressilvas (Lonicera spp.), as gilbardeiras (Ruscus aculeatus), entre outras. - 16 - Zona de Caça Municipal da Lousã Figura 5 – Densa e diversificada vegetação ribeirinha junto às linhas de água. Contudo, a forte presença de espécies infestantes como a mimosa (Acacia dealbata) e a acácia (Acacia melanoxylon), coloca em risco o precioso coberto vegetal original destas matas ribeirinhas, que urgem, a todo o custo, preservar. 4.8 Área Social O Concelho da Lousã, de características rurais acentuadas, possui bastantes povoações que se concentram, fundamentalmente, na parte Central e Norte do concelho. Nas encostas da Serra da Lousã encontram-se actualmente aldeias, muitas delas abandonadas que, num passado recente, apresentavam ainda uma população activa significativa. As agrestes condições serranas associadas à forte emigração verificada nos anos sessenta e setenta, terão sido as principais causas para o gradual desaparecimento de pessoas das áreas mais isoladas do concelho. De referir que, é nas proximidades das povoações onde se encontra uma maior riqueza e diversidade vegetal (campos agrícolas, folhosas diversas, mistos pinheiro-bravo-eucalipto) em íntima associação com uma maior diversidade faunística. - 17 - Zona de Caça Municipal da Lousã 5 Espécies cinegéticas 5.1 Espécies cinegéticas presentes no Concelho da Lousã As espécies cinegéticas presentes no Concelho da Lousã constam no Quadro 1. Quadro 1 - Espécies cinegéticas que ocorrem no Concelho da Lousã Nome comum Nome científico Perdiz-vermelha Alectoris rufa Faisão Phasianus colchicus Melro Turdus merula Gaio Garrulus glandarius Pega rabuda Pica pica Gralha preta Corvus corone *Pato-real Anas platyrhynchos *Galinha d’água Gallinula chloropus Tarambola-dourada Pluvialis apricaria Pombo-bravo Coluba oenas Pombo-torcaz Columba palumbus Migradoras ou Estorninho malhado Sturnus vulgaris parcialmente Rola-comum Streptopelia turtur Codorniz Coturnix coturnix Tordo-comum Turdus philomelos Tordo-ruivo Turdus iliacus Tordo-zornal Turdus pilaris **Tordeia Turdus viscivorus Galinhola Scolopax rusticola Lebre Lepus granatensis Mamíferos Coelho Oryctolagus cuniculus Sedentários Raposa Vulpes vulpes Saca rabos Herpestes ichneumon Javali Sus scrofa Veado Cervus elaphus Corço Capreolus capreolus Sedentárias Caça Menor 1 Migradoras Caça Maior 1 Sedentária * Ave aquática ** Ave sedentária, embora seja considerada migradora - 18 - Zona de Caça Municipal da Lousã 5.2 Espécies cinegéticas a explorar na ZCM As espécies cinegéticas objecto de exploração na ZCM da Lousã constam no Quadro 2. Quadro 2 - Espécies cinegéticas a explorar na ZCM da Lousã Nome comum Nome científico Perdiz-vermelha Alectoris rufa *Pato-real Anas platyrhynchos Pombo-bravo Coluba oenas Pombo-torcaz Columba palumbus Migradoras ou Estorninho malhado Sturnus vulgaris parcialmente Rola-comum Streptopelia turtur Migradoras2 Codorniz Coturnix coturnix Tordo-comum Turdus philomelos Tordo-zornal Turdus pilaris Galinhola Scolopax rusticola Lebre Lepus granatensis Coelho Oryctolagus cuniculus Raposa Vulpes vulpes Javali Sus scrofa Veado Cervus elaphus Corço Capreolus capreolus Sedentárias Caça Menor Mamíferos Sedentários Caça Maior Sedentária Seguidamente consideram-se as espécies para as quais a ZCM da Lousã apresenta potencialidades. 2 * Ave aquática - 19 - Zona de Caça Municipal da Lousã 5.2.1 Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) É uma espécie que prefere as zonas que lhe forneçam locais de refúgio em terrenos não cultivados, com um coberto baixo e denso, com solos secos e arenosos, permitindo a escavação de tocas e locais de alimentação relativamente próximos com disponibilidades alimentares durante todo o ano em quantidade e diversificadas. A sua alimentação é constituída essencialmente por plantas herbáceas, raízes, caules e grãos (Mendonça, 1997). Trata-se de uma espécie para a qual o concelho da Lousã, concretamente a sua zona mais central, apresenta grandes potencialidades, assumindo uma elevada importância económica, ecológica e social. De referir que os recentes surtos das doenças Hemorrágica Viral e Mixomatose, parecem não ter afectado grandemente os efectivos presentes na zona, sendo o coelhobravo considerado como a principal espécie sedentária de caça menor. 5.2.2 Lebre ( Lepus granatensis) A lebre pertence à mesma família do coelho, o que se reflecte aliás nalgumas semelhanças morfológicas. No entanto, distingue-se facilmente da outra espécie pelo seu tamanho maior (50 a 60 cm), bem como o grande comprimento dos seus membros posteriores, facto que lhe permite adquirir grande velocidade, podendo atingir cerca de 60 km/h. A lebre é uma espécie particularmente adaptada a zonas planas e abertas. Embora se possa encontrar até aos 2000 m de altitude, prefere zonas planas ou pouco declivosas e encontra-se ligada às terras de cultivo e aos pousios frescos e com coberto arbustivo pouco denso. É considerada herbívora, mas a sua dieta varia em função da disponibilidade de alimento no meio e as estações do ano. O seu regime alimentar é composto por sementes, grãos, frutos e ervas. Esta espécie apresenta actualmente um baixo número de efectivos, sendo necessário proceder a acções de fomento nas zonas planas e mais abertas da ZCM, marginais às principais linhas de água, onde encontra habitat adequado. Presentemente - 20 - Zona de Caça Municipal da Lousã detectaram-se alguns indivíduos e vestígios desta espécie numa área de incultos, a Norte da ZCM. Contudo, não se prevê o início da exploração cinegética desta espécie a curtomédio prazo, dependendo a mesma, do sucesso de recuperação dos actuais quantitativos. 5.2.3 Raposa (Vulpes vulpes) A presença desta espécie deve-se fundamentalmente ao coberto vegetal e à presença das suas presas naturais, nomeadamente coelho e roedores. É junto às povoações locais que muitas vezes a sua presença é notável. 5.2.4 Perdiz vermelha ( Alectoris rufa) A perdiz é considerada a ave de caça com maior valor económico e interesse cinegético. Este interesse surge devido a uma série de características anatómicas e comportamentais que lhe permite ter o voo que os verdadeiros caçadores de perdiz tanto apreciam. É uma ave que prefere as zonas de culturas cerealíferas, mas também se pode encontrar na periferia das áreas incultas ou de matos e por vezes também em vinhas (DGF, 2001). Em termos edáficos, adapta-se facilmente a qualquer tipo, mas tem preferência por solos bem drenados e ligeiros. A água é um dos factores limitantes sobretudo para os perdigotos, pelo que as populações preferem locais com boa distribuição dos pontos de água e locais com sombra que impedem a desidratação. Esta espécie tem uma particularidade, uma vez que quando ameaçada por predadores alados, a perdiz fica imóvel, aproveitando o seu mimetismo. A sua alimentação é essencialmente insectívora no primeiro mês de vida, evoluindo radicalmente por forma a englobar produtos de origem vegetal, como grãos (trigo, cevada, aveia), bolota e também folhas, rebentos, bagas, flores e raízes de uma grande variedade de plantas espontâneas (DGF, 2001). A Perdiz-vermelha é uma espécie cinegética que se encontra presentemente com um reduzido número de efectivos na área da ZCM. Por este motivo será alvo de uma exploração exploração cinegética menos intensiva, sendo intenção prioritária da entidade gestora da ZCM da Lousã levar a cabo várias acções de fomento de habitat, por forma a promover a recuperação desta ave sedentária. - 21 - Zona de Caça Municipal da Lousã 5.2.5 Migradoras O concelho da Lousã é local de passagem de várias aves migradoras, nomeadamente da rola-comum, pombo-torcaz e comum e tordo-comum, que poderão constituir uma mais valia para a ZCM, se a sua exploração for racional e sustentada. Estas aves concentram-se nas proximidades das povoações, junto aos campos agrícolas onde se alimentam e refugiando-se nos pinhais e folhosas existentes nas bordaduras das aldeias e das linhas de água. 5.2.6 Javali (Sus scrofa) O javali é uma espécie que embora frequente uma grande diversidade de meios prefere matos cerrados. Esta espécie necessita de extensas zonas de abrigo, bem como de locais com grande disponibilidade de água, pois para além de beber frequentemente, banha-se em locais lamacentos para se desparasitar. O coberto vegetal dominante no concelho é favorável a este ungulado, que ocorre mais frequentemente nas áreas dos matos junto às linhas de água, onde encontra alimento, água e refúgio. A forte presença desta espécie na zona é confirmada não só pelos inúmeros vestígios encontrados, nomeadamente pegadas, fossadas, trilhos e estragos verificados nos terrenos agrícolas e florestais, como também pelas frequentes observações directas de indivíduos. As suas preferências alimentares são a bolota, castanha, pinhão e alguns produtos agrícolas como o milho. A exploração cinegética desta espécie tem sido realizada no concelho, através dos processos de Montaria e Espera. - 22 - Zona de Caça Municipal da Lousã 6 Metodologias, Estimativas Populacionais das Espécies Cinegéticas Sedentárias e Potencialidades da ZCM da Lousã Devido ao facto de não ter sido possível implementar metodologias de capturarecaptura ou metodologias de remoção (as únicas que permitem aceder rigorosamente a densidades absolutas), os dados obtidos são apresentados segundo uma escala qualitativa, que é um reflexo da abundância das várias espécies cinegéticas sedentárias, no concelho da Lousã. Das metodologias utilizadas com a finalidade de obter estimativas das várias populações animais, destacam-se as seguintes: ► A prospecção de quadrículas amostradas para a detecção de índices indirectos (pegadas, restos alimentares, excrementos, trilhos, etc.), permitiram a identificação das diferentes espécies cinegéticas presentes, que, pela sua biologia e etologia, são dificilmente observadas; ► O recurso a transeptos diurnos e nocturnos. Estes transeptos, que tiveram como finalidade a observação directa de indivíduos das espécies sedentárias, foram realizados aleatoriamente, e definidos por forma a atravessar os diferentes estratos que existem na Zona de Caça (referidos no ponto 4.). A contagem cronometrada de espécies sedentárias, permitiu aceder de uma forma expedita, a um índice de abundância relativa. Este método, apesar de ter alguns pressupostos bastante simplistas, apresenta como grande vantagem a sua rapidez, aspecto este de extrema importância, atendendo ao tempo de realização e à sazonalidade das actividades de campo efectuadas. Espera-se que, de futuro, a entidade concessionária com o devido apoio técnico, estabeleça uma metodologia mais sistematizada e completa, conforme descrito no ponto 9.3, por forma a aceder com mais fiabilidade a estimativas do número de espécies sedentárias presentes e, desta forma ajustar, em cada época venatória, o respectivo Plano Anual de Exploração. - 23 - Zona de Caça Municipal da Lousã Na avaliação do potencial cinegético de uma determinada região, deve recorrerse a estudos exaustivos e contínuos, que compreendem as seguintes etapas: - delimitação da área de estudo; - construção de modelos dos índices de adequação do habitat (HSI); - cálculo dos HSI das áreas estudadas; - cálculo das unidades de habitat disponíveis por espécie; - cálculo da população potencial por espécie; - avaliação da produção cinegética potencial por espécie. No entanto, a metodologia referida é dispendiosa e morosa, pelo que a sua aplicação ao caso concreto da Zona de Caça Municipal da Lousã não foi totalmente realizada. Por conseguinte, e através de metodologias mais simples, foi possível aceder, de uma forma preliminar e qualitativa, às potencialidades do concelho da Lousã para as diferentes espécies cinegéticas sedentárias presentes. Com base na análise dos resultados preliminares obtidos, apresentam-se na Quadro 3 as estimativas qualitativas actuais do coelho-bravo, da lebre, da perdizvermelha, da raposa e do javali, bem como as potencialidades do concelho da Lousã para estas espécies cinegéticas. As estimativas populacionais qualitativas/estatuto para cada espécie sedentária são apresentadas segundo quatro classes (raro, presente, comum e abundante), e a potencialidade da ZCM para cada espécie é apresentada segundo três classes (desfavorável, favorável e potencialmente favorável). Relativamente às espécies migradoras, não são apresentadas quaisquer previsões, devido às múltiplas condicionantes externas a que estão sujeitas. A análise da evolução dos efectivos populacionais estimados anualmente, conjugada com a interpretação rigorosa dos quantitativos abatidos destas espécies sedentárias ao longo das várias épocas venatórias, irão permitir realizar alguns ajustes nos Planos Anuais de Exploração, que serão apresentados à Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral (DRABL), de acordo com a legislação vigente. - 24 - Zona de Caça Municipal da Lousã Quadro 3 - Estimativas qualitativas das espécies sedentárias alvo de exploração e potencialidades da ZCM da Lousã. Espécie Estimativas actuais Potencialidades actuais da ZCM Coelho-bravo Abundante Potencialmente favorável Lebre Presente Favorável Perdiz-vermelha Comum Potencialmente favorável Raposa Abundante Potencialmente favorável Javali Abundante Potencialmente favorável Relativamente à raposa e ao javali, a presença de um número elevado de indivíduos nos vários habitats amostrados (espécies consideradas abundantes), está associada à forte plasticidade biológica destas espécies que são capazes de se adaptarem a grandes alterações do habitat. Enquanto que a raposa ocorre um pouco por todo o concelho (nos povoamentos puros de eucalipto, inclusivé), o javali é mais frequente nas encostas da Serra da Lousã e nos vales com matos altos (urzes, tojos, medronheiros), algumas folhosas (castanheiros, sobreiros, carvalhos) e nas proximidades de cursos de água. Estas zonas correspondem às imediações de Vilarinho, Serpins e Foz de Arouce, Constata-se que a ocorrência de alguns vestígios de antigas manchas florestais de folhosas e a presença de campos agrícolas foram, no passado, factores determinantes para a ocorrência de um elevado número de exemplares das espécies sedentárias. Contudo, a degradação resultante da substituição dos antigos povoamentos florestais (mais diversificados em termos de espécies florestais) por monoculturas de eucalipto e pinheiro-bravo, submetidas a processos de limpeza mecânica, influenciaram a ocorrência de um grande número de espécies animais. Estas alterações na estrutura agro-florestal afectaram as populações de coelhosbravos (Oryctolagus cuniculus algirus), lebres (Lepus granatensis) e perdizes- ermelhas (Alectoris rufa), que viram as disponibilidades alimentares fortemente reduzidas. Neste momento, as populações das espécies cinegéticas acima referidas encontram-se confinadas às zonas de campos agrícolas próximos das povoações (principalmente nas zonas de ecótono entre os campos agrícolas e os povoamentos de pinheiro-bravo ou mistos de eucalipto e pinheiro-bravo) e às zonas onde não ocorreu remoção da vegetação arbustiva (incultos com matos rasteiros). - 25 - Zona de Caça Municipal da Lousã Os locais com maior presença de Perdiz-vermelha situam-se junto às povoações de Avessada, Valada, Marmeleira, Tojal, Póvoa, Papanata, Pegos e Cômoros. O coelhobravo encontra-se junto à linha de caminho de ferro, ao Rio Arouce e nas proximidades de todas as povoações do concelho. A presença de espécies de caça menor nos povoamentos puros de eucalipto é nula ou residual. Assim, o coelho-bravo é classificado como abundante para a generalidade do concelho, a perdiz-vermelha corno comum e a lebre é considerada presente, pois restringe-se ao planalto da Cabeça Gorda. O concelho da Lousã possui, presentemente, mais potencialidade para as espécies de caça maior, sobretudo javali (Sus scrofa), do que para espécies de caça menor. As profundas alterações ao nível da estrutura e tipo florestal, associadas ao êxodo rural e à biologia da própria espécie, favoreceram a expansão do javali, em detrimento das espécies de caça menor, sujeitas a uma grande pressão cinegética e com mais limitações a nível alimentar, pois são muito dependentes de culturas agrícolas, nomeadamente cereais e hortícolas. Para além disso, a presença de veado e corço, poderão constituir uma mais-valia para a ZCM da Lousã a médio-longo prazo. - 26 - Zona de Caça Municipal da Lousã 7 Períodos, processos, meios e dias de caça Os períodos venatórios que a seguir se apresentam (Quadro 4) são os previstos no Decreto-Lei n.º 227-B12000 de 15 de Setembro, podendo sofrer alterações mediante Portaria do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Nesta tabela são apresentados não só os períodos venatórios de cada espécie ou grupo de espécies, como também os processos e meios de caça a utilizar. Quadro 4 - Períodos, processos e meios de caça para cada espécie ou grupos de espécie Espécies3 Coelho bravo* Lebre Períodos de caça Processos de caça Meios de caça Salto Espingarda e cães Espera Espingarda Batida Espingarda e batedores Salto Espingarda e cães Batida Espingarda, batedores e cães Corricão Cavalo, pau e cães de caça Salto Espingarda e cães Batida Espingarda e batedores Espera Espingarda c/ ou s/ chamariz Salto Espingarda e cães Batida Espingarda e batedores Salto Espingarda e cães Espera Espingarda Setembro a Dezembro Setembro a Dezembro Janeiro e Fevereiro Raposa Outubro a Fevereiro Perdiz-vermelha Outubro a Dezembro Pato-real** Agosto a Janeiro Galinhola Outubro a Fevereiro Salto Espingarda e cães Rola-comum *** Agosto e Setembro Espera Espingarda Codorniz Setembro a Dezembro Salto Espingarda e cães Salto Espingarda e cães Espera Espingarda Salto Espingarda e cães Espera Espingarda Tordos e Estorninho-malhado Pombos **** Outubro a Fevereiro Agosto a Fevereiro 3 * Quando sejam previsíveis epizootias características do Coelho-bravo, pode ser autorizada no mês Julho a caça a esta espécie, mediante autorização prévia da Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral. ** Na caça ao pato-real é permitido o uso de negaças, chamarizes e barco. O exercício da caça ao pato-real fora do período que medeia entre o nascer e o pôr do Sol, só pode ser exercido pelo processo de Espera e até 100 metros de distância dos planos de água. *** A caça a esta espécie é proibida a menos de 100 metros de linhas e pontos de água acessíveis à fauna bem como de locais artificiais de alimentação. **** - Na caça aos pombos é permitido o uso de negaças; Nos meses de Agosto e Setembro é proibido o exercício da caça a menos de 100 metros de linhas e de pontos de água acessíveis à fauna bem como de locais artificiais de alimentação. - 27 - Zona de Caça Municipal da Lousã Montaria Carabina/espingarda e matilha Batida Carabina/espingarda e batedores Espera Carabina/espingarda Aproximação Carabina/espingarda Montaria Carabina/espingarda e matilha Batida Carabina/espingarda e batedores Espera Carabina/espingarda Aproximação Carabina/espingarda Outubro a Fevereiro Javali Todo o ano Outubro a Fevereiro Veado e Corço Todo o ano Os períodos venatórios considerados para cada espécie ou grupo de espécies (artigos 88.° a 101.° do Decreto-Lei 227-B/2000 de 15 de Setembro) correspondem aos limites máximos legalmente definidos, podendo a Câmara Municipal da Lousã, entidade gestora da ZCM da Lousã, proceder à diminuição dos mesmos, desde que referidos na proposta do Plano Anual de Exploração. Os processos através dos quais pode ser exercida a caça são os constantes no Artigo 86.° do Decreto-Lei 227-B/2000 de 15 de Setembro. Os meios de caça a utilizar serão a arma de fogo (espingarda ou carabina) e cães adequados a cada espécie alvo de exploração. Para a caça ao javali, ao veado e ao corço, no caso de se utilizar espingarda, esta deve possuir obrigatoriamente cartuchos carregados com um projéctil único, vulgarmente designado por bala. O exercício da caça só é permitido entre o nascer e o pôr do Sol, com a excepção da caça ao javali, ao veado e ao corço, que pode ser realizada fora daquele período, pelos processos de aproximação e espera, com a restrição de por este último processo só ser autorizada em período de lua cheia. A caça aos Tordos só é permitida entre o nascer do Sol e as 16 horas, com excepção dos locais definidos em edital das DRA, onde pode ser exercida até ao pôr-do-sol. O exercício de caça às diferentes espécies cinegéticas pode ser praticado nos dias referidos no Quadro 5. Os dias apresentados são os previstos no Plano Anual de Exploração. - 28 - Zona de Caça Municipal da Lousã Quadro 1 - Dias de caça para cada espécie.4 Espécies Segunda- Terça- Quarta- Quinta- Sexta- feira feira feira feira feira Sábado Domingo Feriados a) Coelho-bravo * * * Lebre * * * Raposa b) * * * Perdiz-vermelha * * * Pato-real * * * Galinhola * * * Rola-comum * * * Codorniz * * * Pombos * * * Tordos * * * Estorninho-malhado * * * * * Javali, veado e corço c) * * * * * * * É proibido caçar ou transportar armas de caça nos dias em que se realizam eleições ou referendos nacionais e ainda quando se efectuem eleições ou referendos locais no município da Lousã. 4 a) O exercício de caça é permitido em todos os feriados nacionais com excepção do dia de Natal. b) A caça de batida à raposa prevista na alínea b) do n.º 2 do artigo 90º do Decreto-Lei n.º 227 - B / 2000 de 15 de Setembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 338/2001 de 26 de Dezembro, nos meses de Janeiro e Fevereiro pode ser exercida ao Sábado. c) A caça ao javali, através do processo de espera e aproximação prevista no n.º 3 do artigo 101 do Decreto-Lei n.º 227 – B / 2000 de 15 de Setembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 338/2001 de 26 de Dezembro, pode ser exercida durante toda a época venatória em qualquer dia da semana. - 29 - Zona de Caça Municipal da Lousã 8 Espécies de Vertebrados ameaçados presentes na Região É intenção da Câmara Municipal da Lousã proceder à divulgação, junto dos caçadores e população em geral, da presença de vertebrados com estatuto de ameaça na região, por forma a que as acções a desenvolver, decorrentes das actividades cinegética e agro-silvo-pastoril, não comprometam a sua conservação. De referir, que na Área Classificada incluída na ZCM da Lousã, não se irá proceder ao acto venatório, constituindo a totalidade da mesma Área Não Sujeita à Actividade Cinegética (Anexo I). A entidade gestora pretende também efectuar algumas sessões de esclarecimentos sobre espécies cinegéticas e ameaçadas da região, solicitando, para tal, o apoio técnico do ICN, da DGRF e da UNAVE. No Quadro 6 são apresentados os vertebrados ameaçados, existentes na região, bem como o seu estatuto de conservação, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Vol. 1). Classe Quadro 6 - Vertebrados ameaçados, presentes na região da ZCM da Lousã. Espécie Nome Científico Estatuto de Conservação Esquilo Toirão Gato-Bravo Lontra Águia-cobreira Sciurus vulgaris Mustela putorius Felis silvesiris Lutra lutra Circaetus gallicus Raro Insuficientemente Indeterminado Insuficientemente Insuficientemente Açor Accipiter getilis Indeterminado Gavião Accipiter nisus Indeterminado Tartaranhão-azulado Circus cyaneus Indeterminado Tartaranhão-caçador Circus pygargus Vulnerável Falcão-peregrino Falco peregrinus Raro Noitibó-da-Europa Caprimulgus europaeus Insuficientemente Ferreirinha-Alpina Prunella collaris Rara Corvo Corvus corax Vulnerável Melro d’água Cinclus cinclus Vulnerável Papa-Moscas-Preto Ficedula hypoleuca Raro Cartaxo-do-Norte Saxicola rubetra Raro Melro-das-Rochas Monticola saxatilis Indeterminado Dom-Fafe Pyrrhula pyrrhula Raro Anfíbios Salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica Insuficientemente Répteis Vibora-cornuda Vipera latastei Indeterminado Mamíferos Aves - 30 - Zona de Caça Municipal da Lousã 9 Gestão e Ordenamento Cinegético O sucesso da ZCM depende essencialmente do acompanhamento constante na evolução das diferentes espécies. Será preconizado um conjunto de acções de gestão, de modo a melhorar as condições existentes e necessárias à reprodução das espécies presentes, nomeadamente: habitat e alimentação, pontos de água, censos, repovoamentos, recursos humanos e fiscalização. 9.1 Habitat e alimentação No sentido de maximizar as potencialidades cinegéticas do concelho da Lousã, tendo por base uma gestão racional e sustentada, deverá investir-se fundamentalmente no maneio de habitat propício à fixação e incremento das populações cinegéticas presentes na região. Todas as intervenções sobre o habitat, levadas a cabo pela Câmara Municipal da Lousã, serão efectuadas em consonância com a legislação existente, nomeadamente o Decreto-Lei n.°140/99, de 24 de Abril, no qual são referidas as medidas que visam assegurar a biodiversidade, através da conservação e do restabelecimento dos habitats naturais bem como da flora e fauna selvagens a eles associados. As actividades agrícolas devem ser coordenadas com o ciclo biológico das espécies, uma vez que estas áreas funcionam como locais de refúgio, alimentação e reprodução de algumas espécies cinegéticas. Os pesticidas usados no controlo de pragas das culturas agrícolas contribui para a redução do número de efectivos das populações. De modo a reduzir este efeito tentar-se-á sensibilizar os agricultores. Como a Zona de Caça Municipal da Lousã se encontra vocacionada para a exploração de caça maior, mais concretamente de javali (Sus scrofa), as acções a realizar, estão relacionadas com as suas necessidades hídricas, de alimento e refúgio. Relativamente ao javali prevê-se ainda a implementação de comedouros artificiais nos locais de maior interesse, para a distribuição de milho em grão, de modo a fixar esta espécie nos vales e encostas evitando, deste modo, os estragos nos campos agrícolas. - 31 - Zona de Caça Municipal da Lousã Para as espécies de caça maior, principalmente cervídeos, é ainda conveniente a distribuição de blocos de sal-gema para complementar a sua alimentação, pela reposição de sais em falta. Estes blocos de sal deverão ser colocados junto às charcas de água a instalar. Também a caça menor, nomeadamente de Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus), de Perdiz-vermelha (Alectoris rufa) e das Aves Migradoras (com destaque para a rola e os pombos), será fomentada através da implementação de medidas relacionadas com a melhoria das suas condições de nidificação, refúgio, alimentação e fixação. Por forma a fomentar as espécies sedentárias presentes na zona, propõe-se que sejam semeadas pequenas parcelas, em terrenos incultos (áreas de matos), situados nas cotas médias e altas da ZCM, com algumas culturas arvenses de sequeiro cultivadas na região, como a aveia (Avena sp.) e o trigo (Triticum sp.) e, implementar as culturas de feijão (Phaseolus sp.) e tremocilha (Lupinus luteus) de modo a garantir não só a redução dos estragos nas culturas mais comuns na região, como também assegurar o alimento e a fixação das espécies objecto de exploração. Também a cultura do girassol (Helianthus annuus) será fomentada, tendo em vista a melhoria da disponibilidade alimentar para a rola-comum. Estes campos de alimentação deverão ser realizados em parcelas de pequenas dimensões (em média 0,5 ha). A conservação e restabelecimento de algumas manchas arbóreas e arbustivas que ocorrem na zona, especialmente as galerias ripícolas, revelam-se aspectos importantes para o fomento cinegético, uma vez que estes locais funcionam muitas vezes como corredores ecológicos, locais de abrigo, de alimentação (directa ou indirecta) e mesmo de reprodução das várias espécies cinegéticas. Estas medidas serão levadas a cabo de acordo com a legislação vigente, nomeadamente o Decreto-Lei n.° 140/99, de 24 de Abril, evitando-se a deterioração ou destruição dos locais ou áreas de refúgio das espécies animais constantes do anexo B-IV do mesmo Decreto-Lei, e também das espécies cinegéticas. O fomento e a instalação de espécies arbóreas ou arbustivas produtoras de frutos e bagas, bem como o adensamento da vegetação ripícola que ocorre nas margens das linhas de água perpendiculares aos Rios Ceira e Arouce, serão realizados recorrendo-se - 32 - Zona de Caça Municipal da Lousã exclusivamente a espécies já existentes na região, como o carvalho-cerquinho (Quercus faginea), o sobreiro (Quercus suber) e o medronheiro (Arbutus unedo). Também a coordenação das actividades silvícolas (limpeza, desbaste ou corte de manchas florestais) e agrícolas (ceifas, etc.), com o ciclo reprodutivo das espécies presentes, revela-se um aspecto importante para o fomento cinegético, uma vez que estes locais funcionam muitas vezes como sítios de refúgio, alimentação e de nidificação das várias espécies cinegéticas. A entidade gestora da ZCM da Lousã tem previstas várias medidas que visam minimizar eventuais prejuízos provocados pelas espécies cinegéticas, nas actividades agrícola e florestal, nomeadamente: - campos de alimentação (já referidos anteriormente); - protecção dos bacelos, dos campos de milho e das plantações jovens de espécies arbóreas locais; - correcção de densidades; - captura dos animais em causa e colocação dos mesmos em locais com condições alimentares favoráveis. É ainda de salientar que a indemnização dos prejuízos aos proprietários deve ser sempre evitada, salvaguardando os possíveis aproveitamentos eu daí advêm, actuando sempre na base da prevenção, uma vez que esta se torna menos dispendiosa e socialmente mais eficaz. É também importante a implementação, por parte das entidades gestoras e/ou DGRF, de um processo de levantamento e quantificação rigoroso dos prejuízos, não só ao nível das culturas agrícolas ou povoamentos florestais atingidos, como sob o ponto de vista económico (DGRF, UNAVE, 2007). 9.2 Pontos de água Na Zona de Caça Municipal da Lousã, para além dos rios Ceira e Arouce e das linhas de água que para eles drenam, ocorrem algumas nascentes e poços artificiais, que serão alvo de acções de limpeza e posterior manutenção, por formaa assegurar as necessidades hídricas das várias espécies cinegéticas existentes ou de passagem. Para reforçar este objectivo, e também para auxiliar o combate aos incêndios florestais, - 33 - Zona de Caça Municipal da Lousã prevê-se a construção de várias charcas artificiais, em várias partes da ZCM, sujeitas a maior secura (Norte e Sul) e, onde a baixa impermeabilidade dos solos o justifique. Também serão distribuídos bebedouros artificiais adaptados às diversas espécies. Estes bebedouros serão estrategicamente instalados, tentando conjugar-se vários aspectos como a disponibilidade alimentar e a proximidade de zonas de refúgio. Estes pontos revelam-se de uma grande importância não só para o javali, como também para a rola-comum e a perdiz-vermelha. Para estas últimas, estes pontos de água proporcionam ainda, nas suas proximidades, alimentos suculentos tais como vegetação verde, insectos, e outros invertebrados, essenciais para a sobrevivência dos perdigotos, mas também importantes para as perdizes adultas. Para além disso, os bebedouros permitem, a adopção de medidas preventivas e curativas nas populações cinegéticas, através da adição de produtos farmacêuticos à água. 9.3 Censos A realização de censos às espécies é uma ferramenta essencial para a gestão cinegética. Recomenda-se que estes sejam efectuados anualmente, em períodos prédeterminados. Esta informação quando complementada com o plano de exploração permitir-nos-á prever a quantidade de indivíduos a abater em cada época venatória, promovendo, deste modo, a gestão cinegética sustentada. No caso do coelho-bravo devem efectuar-se antes do início da época de caça ―batidas brancas‖ (sem espingarda), para determinação dos efectivos e, com base nessas contagens e métodos de análise posterior, estabelecer um limite máximo de capturas. Os censos populacionais devem ser efectuados sempre nos mesmos percursos, para permitir uma comparação ao longo do tempo e, esses percursos deverão ser definidos por forma a atravessar os diferentes biótopos que existem na Zona de Caça. Outros métodos, como o da observação camuflada e o da contagem crepuscular e matinal em percursos preestabelecidos, com o uso de viatura todo-o-terreno e projectores de luz, podem ser utilizados no recenseamento de espécies cinegéticas. Durante a época de caça devem continuar a ser avaliados os efectivos, bem como a relação macho/fêmea e adulto/juvenil, com a certeza de que, para a manutenção dos mesmos não se deve ultrapassar 40 a 50% dos indivíduos recenseados no início da época. - 34 - Zona de Caça Municipal da Lousã O censo das perdizes-vermelhas deve ser realizado em três épocas distintas: época de acasalamento, época pós-eclosão e pré-época venatória, O censo dos casais deve ser feito nos meses de Janeiro e Fevereiro, percorrendo, a pé ou com o uso de viatura, percursos fixos em áreas propícias à ocorrência desta espécie. Estes percursos devem ser feitos no início e no fim do dia, durante duas ou três vezes por semana, registando-se todos os casais observados. O censo dos perdigotos deverá ser feito nos meses de Junho e Julho. Finalmente, o censo dos bandos deverá ser feito no mês de Setembro. O censo populacional de javali, pode ser realizado através da contagem de indivíduos a partir das torres de observação a instalar na ZCM, próximas dos locais de alimentação artificial. Para além disso, deve proceder-se à realização de transeptos pedestres diurnos e nocturnos, onde são registados índices indirectos e directos de presença, com o objectivo de avaliar o uso de habitat por parte desta espécie. Também a frequência anual, dos estragos provocados nas culturas, por esta espécie, devem ser quantificados e tidos em linha de conta para uma mais rigorosa e eficiente avaliação deste ungulado na zona. 9.4 Repovoamento O repovoamento é frequentemente indicado como um método eficaz no incremento da densidade populacional de determinada espécie em locais onde o seu efectivo é reduzido. No entanto, os elevados gastos económicos associados à sua realização, nem sempre são acompanhados do êxito esperado, devendo realizar-se algumas acções que minimizem este risco, nomeadamente controlo de predadores, assegurar a disponibilidade de alimento e água e escolha dos locais de largada, de modo a proporcionar boas condições de adaptação ao novo habitat. Algumas das espécies cinegéticas ocorrem actualmente em número muito reduzido, como é o caso da lebre (Lepus granatensis), ou abaixo da capacidade de carga dos habitats encontrados na ZCM, como é o caso da perdiz-vermelha (Alectoris rufa), apesar da zona apresentar boas condições para a fixação destas espécies. Torna-se, como tal, imperativo a identificação e quantificação das causas que conduziram aos reduzidos efectivos presentes e, a partir dos existentes, implementar medidas que visem o seu incremento. Também as populações de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus) apresentam tendências para a diminuição, devido a múltiplas causas: perda de habitat, - 35 - Zona de Caça Municipal da Lousã abandono das culturas arvenses de sequeiro, elevada pressão cinegética, predação e as Doenças Hemorrágica Viral (DHV) e Mixomatose. Normalmente os repovoamentos surgem como a acção de gestão mais amplamente utilizada para recuperar as populações autóctones. No entanto, o fomento dos efectivos das espécies cinegéticas a explorar, deverá ser preferencialmente preconizado através de um correcto maneio de habitat e, as acções de repovoamento, deverão ser efectuadas excepcionalmente. A entidade gestora não prevê qualquer acção de repovoamento na Área Classificada incluída na ZCM. A Câmara Municipal da Lousã, só irá recorrer a esta medida, em último recurso e atendendo aos seguintes princípios: - Não introduzir coelhos-bravos onde já existem, mesmo que sejam poucos (novos coelhos significa alteração do equilíbrio social, genético e imunológico). Os repovoamentos devem ser feitos apenas em zonas onde o coelho-bravo desapareceu por completo; - Utilizar sempre coelhos-bravos com pureza genética comprovada e pertencentes à subespécie Oryctolagus cuniculus algirus e, se possível, provenientes de regiões adjacentes; - Ter cuidado acrescido com o transporte dos espécimes e o seu stress (um coelho stressado e debilitado morre em horas ou dias e, para além disso, a lesão da córnea dos olhos, frequente neste tipo de acções, provoca a cegueira dos animais em pouco tempo); - Preparar o local da libertação dos coelhos-bravos com antecedência, proporcionando locais de refúgio (―moroços‖ naturais, pré-fabricados ou apenas montes de pedra e mato); - Se na zona houver pouco alimento, devem-se abrir pequenas clareiras no matagal; - Vedar a área envolvente do ―moroço‖, durante alguns dias, até que os coelhosbravos libertados, fiquem mais tranquilos e se adaptem ao mesmo. Deve-se manter uma proporção adequada de sexos (6 M : 4 F) e soltar 8-12 indivíduos por ―moroço‖. O sucesso das acções de repovoamento depende, em grande parte, da correcta aplicação e adaptação local dos princípios acima referidos, que devem ser complementados com uma considerável melhoria de habitat, conforme descrito no ponto anterior. - 36 - Zona de Caça Municipal da Lousã No que respeita à caça maior, e tendo em vista uma gestão mais eficaz e sustentada, o processo de caça à espera ao javali, surge como o mais amplamente utilizado. Ao privilegiar-se a caça ao javali pelo processo de espera, deve-se ter como objectivo a obtenção de uma estrutura etária equilibrada através da caça selectiva dos indivíduos. Do ponto de vista técnico e económico, é possível delinear dois tipos de modelo de exploração: ―Modelo de troféus‖ — qualitativo - A caça ao javali é selectiva tendo em linha de conta o peso do animal. Os indivíduos a abater devem possuir menos de 30-40 Kg e/ou mais de 80 Kg. ―Modelo de Biomassa‖ — quantitativo - O caçador pode abater qualquer animal, excepto as fêmeas em gestação ou a amamentar crias. Podem eventualmente abater os ―listados‖, mas não as fêmeas. Com o objectivo de assegurar a conservação e fomento das espécies cinegéticas presentes na ZCM, a entidade gestora criou cinco áreas não sujeitas à actividade cinegética que perfazem uma área total de 1 060,52 ha (9,8 % da área da ZCM) e que englobam a totalidade da Área Classificada incluída na ZCM (Anexo I). É intenção da Câmara Municipal da Lousã delimitar outras áreas importantes para o fomento das espécies cinegéticas e conservação de espécies ameaçadas, nas quais não será praticado o acto cinegético e que poderão ser alvo de rotação ao longo do período de gestão. 9.5 Fiscalização As medidas efectuadas para o fomento e conservação do património cinegético passam obrigatoriamente por uma capaz e bem definida fiscalização, levada a cabo não só pela entidade gestora da ZCM da Lousã (nomeadamente por um funcionário autárquico com funções de vigilância e fiscalização), como também pelos vários caçadores e proprietários dos terrenos inseridos na mesma. A existência de uma boa rede de caminhos por toda a ZCM, facilita, em parte, esta tarefa que deverá ser mais reforçada no Verão, dados os riscos de toda a índole, a que ficam sujeitas as várias espécies da fauna e flora que o correm nesta zona. - 37 - Zona de Caça Municipal da Lousã 10 Recursos Humanos e Materiais a disponibilizar pela CML Para a execução e sucesso dos objectivos propostos pela Câmara Municipal da Lousã (CML), será nomeado um guarda florestal auxiliar a tempo inteiro, que desempenhará funções técnico-legais no âmbito da gestão e fiscalização, bem como um gestor a meio tempo, que coordenará os processos administrativos, as acções de campo, as jornadas de caça, etc. Para além disso, o Médico Veterinário Municipal participará na gestão da ZCM, sendo responsável pelos aspectos médico-sanitários das várias espécies cinegéticas presentes no concelho. O Técnico Gestor será o responsável pela avaliação, definição e concretização das acções necessárias e pela proposta do Plano Anual de Exploração, sua divulgação, aceitação de candidaturas, realização dos sorteios e acompanhamento das jornadas de caça. Estas tarefas poderão ser apoiadas pelos Clubes de Caçadores existentes no concelho da Lousã. A Câmara Municipal da Lousã disponibilizará algumas viaturas do seu parque automóvel, concretamente viaturas todo-o-terreno, não só para o guarda florestal auxiliar, como também para as várias acções de gestão. Também algumas máquinas agrícolas e florestais que possui, darão apoio nas acções de gestão a realizar no terreno. A Câmara Municipal da Lousã, localizada no centro da vila da Lousã, funcionará como centro de apoio à gestão e ordenamento técnico-administrativo da Zona de Caça Municipal. Para além dos Clubes de Caçadores locais, a entidade gestora terá o apoio das várias Juntas de Freguesia do concelho, de técnicos de Instituições Públicas e da Aflopinhal – Associação Florestal do Pinhal conhecedores da realidade cinegética concelhia. Este apoio englobará as várias actividades administrativas e as acções técnico-científicas, tidas como fundamentais para uma gestão eficiente e sustentada da ZCM. - 38 - Zona de Caça Municipal da Lousã 11 Orçamento previsional e Fontes de Financiamento para Período de Renovação No Quadro 9 são apresentadas, de uma forma resumida, as fontes de receitas e as despesas da Zona de Caça Municipal da Lousã, para o total dos seis anos de gestão. Uma tabela mais detalhada é apresentada de seguida, sendo descriminadas as despesas e receitas por época venatória. Como se pode observar, as despesas mais relevantes durante este período, dizem respeito aos vencimentos do guarda florestal auxiliar e do gestor. A principal fonte de financiamento da ZCM consiste nas taxas a cobrar nas várias jornadas de caça. - 39 - Zona de Caça Municipal da Lousã 11.1 Despesas As despesas previstas com a ZCM da Lousã para os 6 anos de gestão constam no Quadro 7. Quadro 2 – Despesas consideradas para a ZCM da Lousã. Despesas (€) Tipo de acção 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 Vencimentos (Guarda Florestal Auxiliar e Gestor) 9800,00 9800,00 9800,00 9800,00 9800,00 9800,00 Sinalização 1900,00 1900,00 1500,00 1500,00 1500,00 1500,00 Transportes (combustíveis, aquisição/manutenção) 2600,00 2600,00 2600,00 2600,00 2600,00 2600,00 Repovoamentos 10000,00 10000,0 5000,00 5000,00 5000,00 5000,00 Acções de Ordenamento 15000,00 10000,00 10000,00 5000,00 5000,00 5000,00 Seguros e Matilhas 12400,00 12400,00 12400,00 12400,00 12400,00 12400,00 Custos Administrativos 4200,00 4200,00 4200,00 4200,00 4200,00 4200,00 Diversos 4000,00 4000,00 4000,00 4000,00 4000,00 4000,00 Total: 59900,00 54900,00 49500,00 44500,00 44500,00 44500,00 - 40 - Zona de Caça Municipal da Lousã 11.2 Receitas As receitas previstas com a ZCM da Lousã para os 6 anos de gestão constam no Quadro 8. Quadro 3 – Receitas previstas para a ZCM da Lousã. Receitas (€) Tipo de acção 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 Taxas das Jornadas de Caça 28000,00 28000,00 28000,00 28000,00 28000,00 28000,00 Peças de caça abatida e vendidas em leilão 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 3300,00 3300,00 3300,00 3300,00 3300,00 3300,00 Total: - 41 - Plano de Gestão 11.3 Saldos previsionais O balanço para os seis anos de gestão da ZCM está representado no Quadro 9. Quadro 4 – Saldos previsionais para a ZCM da Lousã. Despesas (€) Tipo de acção Valor Vencimentos (Guarda Florestal Auxiliar e Gestor) 58800,00 Sinalização 9800,00 Transportes (combustíveis, aquisição/manutenção) 15600,00 Repovoamentos 40000,00 Acções de Ordenamento 50000,00 Seguros e Matilhas 74400,00 Custos Administrativos 25200,00 Diversos 24000,00 Total: 297800,00 Receitas (€) Tipo de acção Valor Taxas das Jornadas de Caça 16800,00 Peças de caça abatida e vendidas em leilão 3000,00 Total: 19800,00 Total de Despesas 297800,00 Total de Receitas 19800,00 Saldo 27800,00 Plano de Gestão 12 Regime de admissão a caçadores Para cumprimento do disposto no n.º 1 do artigo 16 do Decreto-Lei n.º 227- B/2000 de 15 de Setembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 338/2001 de 26 de Dezembro, torna-se necessário determinar os critérios de proporcionalidade a utilizar para o acesso de caçadores, tal como as respectivas taxas a cobrar pelo exercício de caça. 12.1 Limites Diários de Abate, Percentagens e Taxas a Cobrar Os limites de peças a abater na ZCM da Lousã, os escalões e as percentagens diárias de caçadores admitidos, bem como as taxas diárias a cobrar por caçador em cada jornada de caça, encontram-se estabelecidos no Plano Anual de Exploração para a época 2008/2009. As categorias ou escalões de caçadores considerados, são os que constam no nº 1 do Artigo 16.° do Decreto-Lei n.° 227-B/2000 de 15 de Setembro e seguidamente definidos: Escalão A - Proprietários, usufrutuários e arrendatários dos terrenos inseridos na ZCM da Lousã, os caçadores que integrem a direcção da CML, bem como os membros da CML que participem na sua gestão, não associados em zonas de caça integradas na IP Região Cinegética; Escalão B - Os caçadores residentes no concelho da Lousã, não associados em zonas de caça integradas na IIª Região Cinegética; Escalão C - Caçadores não residentes no concelho da Lousã, não associados em zonas de caça integradas na IIª Região Cinegética; Escalão D - Os demais caçadores. Os valores considerados para as taxas a cobrar por caçador, em cada jornada de caça, estão de acordo com a Portaria n.º 1118/2001 de 20 de Setembro. Os critérios de proporcionalidade, as condições de candidatura e acesso dos caçadores às várias jornadas, bem como outras disposições relativas à exploração cinegética da Zona de Caça Municipal da Lousã, serão divulgados em cada época venatória Plano de Gestão e atempadamente pela entidade gestora, através de Edital colocado nos locais de costume e publicado num jornal local e/ou nacional, bem como através do site deste Município. Os interessados deverão enviar, dentro dos prazos fixados, as suas inscrições para a Câmara Municipal da Lousã, sito na Rua Dr. João Santos, 3200-953 Lousã, após o preenchimento de um formulário de candidatura apropriado. A constituição da ZCM da Lousã, ao possibilitar a participação de caçadores não residentes no concelho da Lousã nas várias jornadas de caça, constitui uma mais valia para todo o concelho, assumindo-se que o desenvolvimento sustentado desta vasta região passa, fundamentalmente, pela implementação e dinamização das actividades económicas relacionadas com o ordenamento e gestão dos recursos naturais em estreita ligação com a actividade turística. 13 Referências bibliográficas Plano de Gestão Albuquerque, J.P.M., 1984. Carta Ecológica de Portugal, M. E.. Direcção Geral dos Serviços Agrícolas. Lisboa. Dias, Pedro e Rebelo, Fernando, 1985: Lousã. A Terra e as Gentes, Lousã, Câmara Municipal da Lousã. DGF, 2001. Direcção Geral das Florestas, Lisboa. GAT, 2004. Plano Director Municipal. Lousã. I.N.M.G., 1988. O Clima de Portugal. Fasc. XL, Vol. 3. Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Portugal, Lisboa. Marques, M. S., 1985. Contribuição para o Estudo de um Projecto de Uso Múltiplo do Concelho de Castanheira de Pêra. Relatório de Estágio do Curso de Engenheiro Silvicultor, UTL, ISA, Lisboa. Mendonça, Carla S. C. A. O., 1997. Estudo de uma população de coelho bravo na Zona de Caça Social da Serra da Lousã. Relatório de Fim de Curso, IPC, ESAC, Coimbra. DGRF, UNAVE, 2007. Plano Global de Gestão para a População de Veados da Serra da Lousã. SEARN, 1982. Carta Geológica. Secretaria de Estado do Ambiente e Recursos Naturais, Lisboa. Sousa, S., 1995. Avaliação das Potencialidades Cinegéticas na Zona da Beira Serra: Javali (Sus scrofa L. 1958). Relatório de Fim de Curso de Engenheiro Florestal, UTAD, Vila Real. Índice 1 Introdução ................................................................................................................ - 3 1.1 Justificação da criação da Zona de Caça Municipal e seus objectivos ...... - 5 - 2 Localização .............................................................................................................. - 5 - 3 Caracterização edafo-climática ............................................................................... - 7 - 4 5 3.1 Clima ................................................................................................................ - 7 - 3.2 Geologia e Solos .............................................................................................. - 8 - 3.3 Orografia ......................................................................................................... - 8 - 3.4 Hidrografia ...................................................................................................... - 9 - Caracterização geral da ocupação do solo ........................................................... - 12 4.1 Campos Agrícolas ......................................................................................... - 13 - 4.2 Pinhal ............................................................................................................. - 14 - 4.3 Eucaliptal....................................................................................................... - 15 - 4.4 Mistos de Pinheiro-bravo e Eucaliptos ....................................................... - 15 - 4.5 Folhosas diversas .......................................................................................... - 15 - 4.6 Incultos .......................................................................................................... - 16 - 4.7 Linhas de Água ............................................................................................. - 16 - 4.8 Área Social .................................................................................................... - 17 - Espécies cinegéticas ............................................................................................... - 18 5.1 Espécies cinegéticas presentes no Concelho da Lousã .............................. - 18 - 5.2 Espécies cinegéticas a explorar na ZCM .................................................... - 19 5.2.1 Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) ...................................................... - 20 5.2.2 Lebre ( Lepus granatensis) ......................................................................... - 20 5.2.3 Raposa (Vulpes vulpes)............................................................................... - 21 5.2.4 Perdiz vermelha ( Alectoris rufa) ............................................................... - 21 5.2.5 Migradoras .................................................................................................. - 22 5.2.6 Javali (Sus scrofa)....................................................................................... - 22 6 Metodologias, Estimativas Populacionais das Espécies Cinegéticas Sedentárias e Potencialidades da ZCM da Lousã ............................................................................... - 23 7 Períodos, processos, meios e dias de caça ............................................................. - 27 - 8 Espécies de Vertebrados ameaçados presentes na Região ................................... - 30 - 9 Gestão e Ordenamento Cinegético ........................................................................ - 31 9.1 Habitat e alimentação ................................................................................... - 31 - 9.2 Pontos de água .............................................................................................. - 33 - 9.3 Censos ............................................................................................................ - 34 - 9.4 Repovoamento ............................................................................................... - 35 - 9.5 Fiscalização ................................................................................................... - 37 - 10 Recursos Humanos e Materiais a disponibilizar pela CML ................................ - 38 11 Orçamento previsional e Fontes de Financiamento para Período de Renovação- 39 11.1 Despesas ......................................................................................................... - 40 - 11.2 Receitas .......................................................................................................... - 41 - 11.3 Saldos previsionais............................................................................................. 42 12 Regime de admissão a caçadores ............................................................................... 43 12.1 Limites Diários de Abate, Percentagens e Taxas a Cobrar ........................... 43 13 Referências bibliográficas .......................................................................................... 44 14 Anexos ............................................................................. Erro! Marcador não definido. 14.1 Anexo I ..................................................................... Erro! Marcador não definido. 14.2 Anexo II ................................................................... Erro! Marcador não definido. 14.3 Anexo III.................................................................. Erro! Marcador não definido. Índice de Quadros QUADRO 1 - ESPÉCIES CINEGÉTICAS QUE OCORREM NO CONCELHO DA LOUSÃ ........................................... - 18 QUADRO 2 - ESPÉCIES CINEGÉTICAS A EXPLORAR NA ZCM DA LOUSÃ ....................................................... - 19 QUADRO 3 - ESTIMATIVAS QUALITATIVAS DAS ESPÉCIES SEDENTÁRIAS ALVO DE EXPLORAÇÃO E POTENCIALIDADES DA ZCM DA LOUSÃ. ............................................................................................. - 25 - QUADRO 4 - PERÍODOS, PROCESSOS E MEIOS DE CAÇA PARA CADA ESPÉCIE OU GRUPOS DE ESPÉCIE ........... - 27 QUADRO 5 - DIAS DE CAÇA PARA CADA ESPÉCIE. ........................................................................................ - 29 QUADRO 6 - VERTEBRADOS AMEAÇADOS, PRESENTES NA REGIÃO DA ZCM DA LOUSÃ. ............................. - 30 QUADRO 7 – DESPESAS CONSIDERADAS PARA A ZCM DA LOUSÃ. .............................................................. - 40 QUADRO 8 – RECEITAS PREVISTAS PARA A ZCM DA LOUSÃ. ...................................................................... - 41 QUADRO 9 – SALDOS PREVISIONAIS PARA A ZCM DA LOUSÃ. ........................................................................ 42 Índice de Gráficos GRÁFICO 1 – PERCENTAGEM DE OCUPAÇÃO FLORESTAL NO CONCELHO DA LOUSÃ ......................................- 12 -