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www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 01 02 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br www.banasqualidade.com.br BQ | junho 2013 | 79 Sumário Agosto de 2013 | Edição 254 | Ano XXI Capa : 123RF Regulares 04 Cartas 05 Editorial 06 Pelo Mundo Algumas palavras do Papa aos... Gestores 08 Em Foco Quantos MASP’s existem? 09 ISO9001 Abertura da temporada de caça níqueis da Qualidade. 20 Gestão Pesooa Física ou Jurídica? O desafio de separar os interesses e os bens. 33 MASP Como ensinar pessoas comuns a usar o MASP 35 Inside As notícias do mercado 36 Normalização Nos projetos de iluminação pública, o gestor deve atender a requisitos específicos. 42 Recursos Novidades e lançamentos do mercado. 54 SoftExpert A tecnologia da informação como alicerce fundamental da excelência organizacional. 68 Ferramentas Folha de Verificação ou Lista de Verificação. 75 Metrologia Calibração de instrumentos de medição por ultrassom. 82 Ponto Crítico Treinamento é custo 39 Case Riverview Hospital www.banasqualidade.com.br Destaques 21 CAPA: No Brasil, a segurança da informação ainda não é levada a sério A segurança nos negócios não deve ser mais dependente apenas de reparos na rede da Tecnologia da Informação (TI), mas sim da proteção de dados enquanto permite seguro e livre fluxo de colaboração. 30 Just-in-time : Conceito,definição e objetivos “Just in time é um sistema que tem por objetivo produzir a quantidade demandada a uma qualidade perfeita, sem excesso e de forma rápida, tranportando o produto para o lugar certo no tempo desejado” (Hall, R. W., 1983). 43 A Segurança de produtos de consumo A norma ISO 10377:2013 – Consumer product safety – Guidelines for suppliers oferece aos fornecedores, como designers e varejistas, as orientações práticas sobre como avaliar e gerenciar o risco de fornecer produtos seguros para o consumidor. 59 Planejamento: Controle de Produção Relato do processo de implantação e uso de um sistema de apontamento da produção. 70 Ensaios: Dois produtos testados sem norma Seja por incompetência ou descaso, dois produtos ensaiados pelo Inmetro não mereceram atenção por parte da ABNT para determinar os seus requisitos de fabricação no país, ou seja, não têm normas técnicas: escovas de dentes e andadores infantis BQ | Agosto 2013 | 03 Cartas Escreva para o Editor Hayrton do Prado através do Email: [email protected] “O cliente sempre tem razão”; será? Rosemeire Conceição - São Paulo – SP A máxima “o cliente sempre tem razão” vem sendo, definitivamente, questionada, em decorrência do crescimento expressivo das práticas de má-fé por parte de alguns consumidores, que se aproveitam dos canais de defesa do consumidor para tirar vantagem em determinadas situações. O fenômeno indica ainda outros problemas: a precariedade da relação entre fornecedor e consumidor e também o desvirtuamento das lei por parte dos consumidores. Prova disso é a enxurrada de reclamações que são levadas ao Procon e aos juizados de pequenas causas, que poderiam ser evitadas se os fornecedores desenvolvessem maior habilidade em se relacionar com o consumidor para resolver possíveis problemas com os seus produtos. O procedimento tornaria mais fácil identificar a veracidade das reclamações. Ao contrário disso, muitos fornecedores preferem criar dificuldades para verificar se, de fato, há problema com seu produto e a partir daí apresentar solução sob a justificativa de evitar má-fé do comprador, o que prejudica o consumidor honesto e cria o ambiente favorável para os compradores de má-fé agirem. Outro fator que facilita a ação daqueles que agem de má-fé é o fato de o Procon , órgão que recebe por mês mais de 60 mil queixas só em São Paulo, não contar com nenhuma política capaz de apurar fraudes, seja do lado do fornecedor ou do consumidor. De um lado há despreparo dos fornecedores e de outro, nos deparamos com a realidade de termos um Código de Defesa do Consumidor relativamente novo. Passaram-se quase 23 anos desde sua criação, mas apenas no ano passado abriu-se a discussão sobre quais outros temas deveriam ser abordados no CDC, principalmente relacionados às compras pela internet. Um dos pontos do CDC que continua gerando controvérsia é a inversão do ônus da prova, que é justamente um dos reforços à crença de que o consumidor tem sempre a razão, já que, através desse instituto, que consiste na transferência da obrigação de trazer ao processo as provas de ausência de culpa ou dolo no ato que resultou nos fatos, o fornecedor pode ver-se obrigado a provar o contrário. Todavia, esse, que deveria ser um instrumento utilizado com cautela pelos juízes, acabou por ser, muitas vezes, banalizado, tendo se tornado regra em diversas comarcas do Brasil, em ações nas quais são objetos as variadas relações de consumo, sendo que muitas vezes a determinação de inversão sequer guarda esta relação com a questão de dolo ou culpa, mas com os fatos em si. Outra situação curiosa é a facilidade com a 04 | Agosto 2013 | BQ qual os juízes têm concedido medidas acautelatórias em ações que envolvem relações de consumo. Recentemente vimos divulgados na imprensa uma situação absurda, na qual alguns consumidores aproveitam-se dessa facilidade trazida pela sua já presumida hipossuficiência. Os aposentados, pensionistas e funcionários de algumas classes, após contratarem com instituições financeiras para obtenção de empréstimo através de crédito consignado, propunham ações alegando desconhecer tais negócios jurídicos e pleiteando a concessão de medida antecipatória de tutela para suspender os descontos em suas folhas de pagamento ou benefício previdenciário. Em decorrência da presunção da verdade dos fatos alegados pelas partes aí consideradas frágeis, os juízes, antes mesmo de ouvirem os fornecedores, estavam concedendo a medida acautelatória e determinando a suspensão de tais descontos. A surpresa veio depois, quando se descobriu a existência de uma quadrilha que utiliza-se deste meio tão somente para conseguir a liberação da margem consignável das verbas destes “frágeis” consumidores para, na sequência, estes terem a liberdade de contratar com outras instituições que poderão vir a ser as suas próximas vítimas. Com tal articulação, os pensionistas/aposentados viam-se livres da dívida, já que o primeiro fornecedor contratado acabava por ser impossibilitada de voltar a consignar as parcelas, por ausência de limite, já que tais descontos, por força de lei, não podem superar 30% dos vencimentos mensais. O que se nota é que, no país do “jeitinho”, o CDC, que é visto em muitos países como modelo, têm sido utilizado de forma desvirtuada, beneficiando pessoas de má-fé e prejudicando fornecedores e consumidores de boa-fé. O pacote de medidas denominado Plano Nacional de Consumo e Cidadania, que visa criar mais mecanismos para garantir a melhoria da qualidade dos serviços e estimular o desenvolvimento das relações de consumo, pode colaborar com o progresso na solução dos problemas provenientes desse tipo de relação. Todavia, a criação indiscriminada de leis não é suficiente para trazer a diminuição das demandas e, embora tal pacote possa colaborar com o avanço nas relações de consumo, já que uma das metas será a melhoria do pós-venda, que é um dos fatores que gera milhares de reclamações, esta medida sozinha não colaborará com a solução dos problemas. É fundamental que os fornecedores busquem resguardar-se da melhor forma possível, sempre mantendo registro das relações mantidas, de modo a ter provas que possam solucionar as questões de forma administrativa e, em última hipótese, judicial. Gerar custos aos cofres públicos com reclamações legítimas não é um problema, é um direito. Mas criar um ambiente propício para que consumidores mal-intencionados tentem obter vantagens, atrapalhem a Justiça e ainda façam a sociedade pagar a conta é vergonhoso e injusto. Entrevista de emprego Fernando Montero Capella - São Paulo - SP A entrevista de emprego é um momento crucial para aqueles que estão buscando uma recolocação profissional. Qualquer deslize pode minar as chances de ser o escolhido para a vaga. Os sete pecados capitais na hora da entrevista de emprego: 1) Chegar atrasado : É considerado um pecado quase que mortal. Trata-se de um filtro de eliminação de candidatos em muitas empresas. O trânsito já não é mais considerado desculpa. Se o candidato não chega no horário para uma entrevista de emprego, o que dirá trabalhando na empresa? Saia de casa mais cedo, pois chegar com antecedência fará você se preparar melhor psicologicamente, não ficar ansioso, estressado nem aparecer todo suado. 2) Ir trajado de forma inadequada : Nadúvida,senão estivercertodequaltrajeusar,procureoptarpelomais formal.Issoevitacometergafes.Nocasodoshomens,o idealéoternocomgravata,aindaquevenhacrescendoa tendênciadoblazersemgravata.Paramulheres,terninho clássicoousaiadiscreta,naalturadosjoelhos. 3) Demonstrar nervosismo excessivo : Faz parte da dinâmica o selecionador quebrar o gelo no início. Mas, se no decorrer da entrevista, perante o questionamento do entrevistador, o candidato demonstrar nervosismo ou titubear nas respostas, pode demonstrar insegurança dos aspectos que estão sendo levados em conta. Tente manter a calma. Encare a entrevista como uma oportunidade, mas lembre-se que não é a última. 4) Atender o celular : Por mais incrível que possa parecer, hácandidatosquenãodesligamotelefonee,quando chegamensagemoualguémliga,aindapedemlicença paraatender.Seoentrevistadorformuitoeducado,até deixaocandidatoatenderedepoisterminaaentrevista, masaschancesdoentrevistadoseguiradiantesão mínimas.Seforocaso,deixeocelularcomalguémda recepçãoantesdeentrarnasalaoucoloque-onomodo silenciosoouvibracall. 5) Usar gírias e/ou palavrões : Numa entrevista, a clareza na comunicação é fundamental. O uso de linguagem de grupos é inapropriado, pois às vezes fica até difícil para o selecionador entender uma mensagem. Seja claro, educado e demonstre boa postura. 6)Apostura/comunicaçãonãoverbal:Incluioolhar, oacenardecabeça,osuspiro…Enãoolharnosolhos aoresponderasquestõesdoentrevistadoréumpecado capital.Demonstrainsegurança,alémdefaltaderespeito. 7) Mentir www.banasqualidade.com.br Editorial Hayrton do Prado Revista Banas Qualidade Telefones: +55(11) 3798.6380 /3742.0352 Email: [email protected] Twitter: @banasqualidade Facebook: banasqualidade Site: banasqualidade.com.br Editorial Publisher: Fernando Banas [email protected] Editor: Hayrton do Prado [email protected] Produção Editorial: Adilson Barbosa [email protected] Colaboradores Editoriais Jeannette Galbinski Maurício Ferraz de Paiva Claudemir Y.Oribe Roberto Inagake Roberta Pithon Odécio Branchini Colaboradores da Edição Adrianno Gomes Cristiano Bertolucci Silveira Elizabeth Nielsen Francisco A.Simões Braga Henrique de Andrade Jorge Bassalo Orlando Oda Rafel Stannieder Pereira Ricardo Lepper Vagner Miranda Eventos e Treinamentos Christine Banas Telefone: +55(11) 37420352 [email protected] Publicidade Edila Editorial Latina Ltda. Telefone: +55(11) 3798.6380/37420352 [email protected] Assinaturas Telefone: +55(11) 3798.6380 [email protected] Assinatura digital Semestral (6 edições) : R$ 45,00 Anual (12 edições) : R$ 85,00 Bianual (24 edições) : R$140,00 A Revista Banas Qualidade - DIGITAL é publicada pela EDILA-Editorial Latina Ltda. com sede em São Paulo/SP - Brasil. A publicação não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e colunistas. ISSN - 1676-7845 Ano XXI - Edição 250 Saúde e segurança nos frigoríficos O Brasil é líder mundial na exportação de carnes, com 1,52 milhão de t comercializadas somente no ano passado, segundo levantamento recente do United States De¬partment of Agriculture (USDA), superando a Índia e a Austrália. No mesmo período, bateu recorde de receita com US$ 5,77 bilhões, 6,8% a mais que o recorde anterior alcançado em 2008, aponta um cálculo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Até 2020, 44,5% da demanda de carnes em todo o mundo poderá ser suprida pela produção nacional, estima o Minis¬tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todo esse crescimento não foi acompanhado pelas melhorias para os trabalhadores que operam no setor. Inves¬timentos em automação industrial, aceleração do ritmo de trabalho, baixo custo de mão de obra e a pressão cada vez maior por produtividade reconfiguram o processo industrial visando uma disputa de mercado feroz, sem, no entanto, prever a reorganização do trabalho dentro desta nova realidade. A atividade no setor que, por si só, já expunha o trabalhador a diversos riscos ocupacionais acaba se tornando muito mais prejudicial, na medida em que as cobranças aumentam e as ações de saúde e segurança não acompanham as necessidades impostas por este tipo de modelo de produção. Assim, os casos de doenças e acidentes do trabalho nesse setor ganharam proporções preocupantes. Por isso, o Ministério do Trabalho e ¬Emprego (MTE) publicou a NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamen¬to de Carnes e Derivados. O texto enumera 15 itens principais, que vão desde mobiliário e pos¬tos de trabalho até informações e treinamentos em Saúde e Segurança no Trabalho (SST), estabelecendo os requisitos mínimos para avaliar, controlar e monito¬rar os riscos na atividade. São esses os itens: mobiliário e postos de trabalho; estrados, passarelas e plataformas; manuseio de produtos; levantamento e transporte de produtos e cargas; recepção e descarga de animais; máquinas; equipamentos e ferramentas; condições ambientais de trabalho; equipamentos de proteção individual (EPI) e vestimentas de trabalho; gerenciamento dos riscos; Programas de Prevenção dos Riscos Ambientais e de Controle Médico de Saúde Ocupacional; organização temporal do trabalho; organização das atividades; Análise Ergonômica do Trabalho; e Informações e Treinamentos em Segurança e Saúde no Trabalho. Na verdade o que se detectou no setor foram os seguintes meios que possibilitam o acontecimento dos acidentes: facas, serras manuais e elétricas, moedor, amaciador e os ganchos. Além disso, as causas mais frequentes dos acidentes ocorridos no ambiente de trabalho são: excesso de confiança no manuseio da maquinaria já por portar uma certa habilidade há algum tempo; a tentativa de agilizar o processo devido a grande demanda ou até mesmo por atraso dos funcionários; diálogos desnecessários enquanto realizam as tarefas; o posicionamento de certas máquinas do ponto de vista ergonômico; falta de sinalização adequada; falta de limpeza no que diz respeito a formação de poças de sangue, vazamento das freezers e torneiras, caracterizando a possibilidade de quedas com possíveis fraturas daqueles que estão ligados intimamente com as tarefas; e preocupações referentes a vida pessoal que podem lhe tirar a atenção da tarefa em execução. www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 05 Pelo Mundo Jeannette Galbinski Destaque Energia solar para recarregar celulares Nos EUA, a partir do mês de junho, a população de Nova York já pode carregar seus celulares gratuitamente em estações alimentadas por energia solar espalhadas pela cidade. Serão 25 locais disponíveis, uma parceria entre a prefeitura e a operadora AT&T, quem teve a iniciativa. Esta moda deveria pegar no Brasil! http://noticias.ambientebrasil.com.br/ clipping/2013/06/20/95488-estacoes-oferecem-recarregamento-gratuito-de-smartphones-usando-energia-solar-nos-eua.html Sustentabilidade Normalização ISO 9001 Melhores Práticas de Sustentabilidade A próxima revisão da ISO 9001 prevista para 2015 alcançou o estágio de“draft” projeto no processo de desenvolvimento de padrões internacionais. O Grupo de Assessoria Técnica dos EUA para ISO TC176, grupo responsável pelo desenvolvimento de posições de consenso para ISO 9001, está recolhendo feedback adicional das partes interessadas. Todos os comentários serão recolhidos, avaliados e apresentados no Grupo de Assessoria Técnica 176. Faça o download do Comitê da ISO 9001: https://secure.asq.org/perl/msg. pl?prvurl=http://rube.asq.org/2013/06/iso-9001/committee-draft.pdf Six Sigma Mantendo em mente o tema de sustentar resultados através de uma cultura da qualidade, ASQ está à procura de pessoas apaixonadas por Lean e Six Sigma para enviar sessões de apresentações para a Conferência ASQ Lean e Six Sigma 2014. 06 | Agosto 2013 | BQ Todas as apresentações devem demonstrar resultados produzidos a partir de aplicações de ferramentas Lean e Six Sigma e metodologias, e as medidas tomadas para manter esses resultados. Veja os temas: http://asq.org/conferences/six-sigma/2014/call-for-presentations/ A 5ª edição do prêmio Melhores Práticas de Sustentabilidade (Prêmio A3P), promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), tem como objetivo evidenciar as iniciativas sustentáveis de entidades públicas. A ganhadora da edição do ano passado foi a prefeitura de Vitória/ES, criando um programa que através da conscientização, favorecesse as novas atitudes ambientalmente corretas, aumentando a qualidade de vida. As inscrições ficam abertas até o dia 15 de setembro. Maiores detalhes e inscrições no site: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p www.banasqualidade.com.br Pelo Mundo Jeannette Galbinski Meio Ambiente Dia Mundial do Meio Ambiente contra o desperdício de alimentos A cada ano, 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçados. Isto é equivalente à produção total da África subsaariana.“Pensar. Comer. Conservar”foi o tema deste ano do Dia Mundial do Meio Ambiente que teve como objetivo combater o desperdício e perda de alimentos, incentivando a todos a reduzir as sobras de comida. As normas ISO podem ajudar a alcançar ISO 14001 Seguradoras alteram avaliação de risco Os eventos climáticos têm sido afetados pelas mudanças mais constantes e imprevisíveis de clima. Isto faz com que as seguradoras mudem a maneira de estimar o risco de desastres naturais. A dificuldade de prever os riscos de forma precisa deve-se à falta de dados histó- ricos para prever as futuras catástrofes além das divergências entre estudos científicos. As catástrofes naturais custaram ao mundo cerca de US$2,5 trilhões neste século. É necessário que a indústria dos seguros ajude a diminuir os riscos e aumente a conscientização através da informação para os riscos das mudanças climáticas. E a sua empresa, prevê riscos de desastres naturais? http://noticias.ambientebrasil. com.br/clipping/2013/06/25/95625-novo-clima-obriga-seguradoras-a-alterar-avaliacao-de-risco-diz-estudo.html Gestão ISO 10008:2013 - Gestão da Qualidade para o Comércio Eletrônico ISO 10008:2013 fornece orientações para o planejamento, concepção, desenvolvimento, implementação, manutenção e melhoria de um sistema de operação business-to-consumer de comércio eletrônico eficaz e eficiente dentro de uma organização. O objetivo é capacitar as organizações para criar um sistema justo, eficaz, eficiente, transparente e seguro, para desta forma aumentar a confiança e satisfação dos consumidores. A orientação dada na ISO 10008:2013 pode complementar o sistema de gestão da qualidade de uma organização. http://asq.org/quality-press/display-item/ index html?item=T939E&WT.dcsvid=NDk4ODA2ODA0MjMS1&WT.mc id=EM1110434 www.banasqualidade.com.br este objetivo, aumentando a eficiência e ajudando a reduzir o desperdício desnecessário. ISO 14020, ISO 14021, ISO 14024 e ISO 14025 podem ser usados por organizações para comunicar sobre o seu impacto ambiental para que os consumidores possam tomar decisões conscientes. http://www.iso.org/iso/ home/news_index/news_archive/news. htm?refid=Ref1746 Inovação Atualizações Requisitos Específicos Ford A Ford anunciou em Junho a atualização dos seguintes documentos: Global Phased PPAP, Requisitos Específicos Ford para ISO/TS 16949 e PPAP 4º Edição. Essas atualizações estão alinhadas com os requisitos APQP para ano modelo 2015 em diante e irão reforçar e atualizar alguns assuntos chaves: - Gerenciamento do Tier 1 nos subfornecedores; - Requisitos de controle para características críticas; - Requisitos para comprovação da capacidade produtiva; - Atualização dos requisitos para ferramental de protótipo e Análise dos Meios de Medição; - Esclarecimentos sobre requisitos de capabilidade de processo, FMEA, fornecedores de pneus e aprovação de aparência. BQ | Agosto 2013 | 07 Em Foco Algumas palavras do Papa ... aos Gestores. O. Branchini - MSc em Metalurgia, Consultor de Empresas, Auditor Líder em Gestão da Qualidade, Ambiental, Responsabilidade Social e Segurança e Saúde no Trabalho, Diretor Técnico da Qualitividade Treinamento e Consultoria SS. branchini@qualitividade. com.br N a brilhante entrevista do Papa Francisco ao jornalista Gerson Camarotti, pudemos identificar muitas lições para as pessoas e em particular para os gestores, dentre elas destaco: “Um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados.” Com estas palavras o Papa nos faz pensar: - “Será que devemos temer os inconformismos? As não conformidades?” Infelizmente para a maioria das pessoas, e em particular os gestores, a não conformidade deve ser temida e na maioria dos casos mais do que isso ela deve mesmo ser escondida e esquecida. Certamente este raciocínio e modo de agir não é o adequado, nem mesmo o mais inteligente; pois na medida em que escondemos e nos esforçamos para esquecer as não conformidades estaremos agindo contra a sabedoria do querer saber o porquê ela aconteceu e o que deve ser feito para resolvê-la. Ninguém reclama por reclamar, nenhum erro é apontado sem haver um requisito contrariado, toda a experiência do mundo não é suficiente para simplesmente se deixar de considerar 08 | Agosto 2013 | BQ os erros, os acidentes, os riscos e os impactos que ocorrem ou até mesmo que poderão vir a ocorrer. Neste sentido as normas de gestão enfatizam a identificação do erro, suas causas e adoção de soluções propostas gerando ações eficientes e eficazes para a eliminação do erro e evitar a sua repetição Há também outro aprendizado nas palavras simples e diretas do Papa: “Um jovem que não protesta não me agrada..... O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias.” Sem dúvida motivar os outros sejam os mais jovens ou subordinados a falarem, expressarem suas opiniões e posições é antes de tudo um ato de inteligência dos mais velhos, ou ditos mais experientes, pois é da duvida e da pergunta e não das respostas que nasce o conhecimento. Neste caso também as normas de gestão nos incentivam à comunicação nos dois sentidos, na necessidade de revisarmos para atualização de procedimentos e instruções aos novos processos ou tecnologias, na necessidade de revermos nossas políticas, na importância de prover competências às pessoas, no planejamento das mudanças organizacionais e principalmente na determinação fazer com que cada um dos colaboradores saiba a importância suas atividades em prol do atingimento dos objetivos pessoais e organizacionais. Em outras palavras se o Papa conhece as normas de gestão, ou as normas de gestão são sábias, eu não sei, mas o interessante é perceber que as duas vão no mesmo sentido ou seja da melhoria, do sucesso e da sustentabilidade. www.banasqualidade.com.br ISO 9001 Caça Níqueis Versão 2015 Aberta a temporada de caça níqueis da Qualidade. Mal foi publicada a minuta de revisão da norma ISO 9001:2008 para 2015 , já aparecem os Seminários anunciando a mudança. Por Rafael Stannieder Pereira É claro que temos que nos preocupar com a revisão ,pois sabemos das correrias de última hora e consequentemente as certificações compulsoriamente lavradas, como aconteceram nas últimas revisões.Algumas áreas gerenciadas por Superintendências de Zona Franca , onde as Certificações ISO 9001 eram condições necessárias e obrigatórias, absorveram em 35 dias restantes de prazo de validade, uma batelada de up-grades, julgados temporalmente impossíveis de serem realizados no prazo, pelas próprias Certificadoras www.banasqualidade.com.br atuantes na Região. Como num passe de mágica todas passaram, que lindo! Preocupações maiores, como por exemplo, as melhorais contínuas, continuam no campo Político. Se fala de Indicadores e Objetivos mensuráveis, num mesmo tom , esquecendo de que estes DADOS importantes para o crescimento das Empresas é que realmente deveriam ser trabalhados de maneira que, uma vez mensurados, quais as metas deveriam ser alcançadas. Os Banqueiros já fazem com seus bancários à séculos. Gerente que não u BQ | Agosto 2013 | 09 ISO 9001 Versão 2015 atende metas , decresce ou é demitido! A mudança da versão de 2000 já falava sobre isto nas entre linhas, mas os Consultores de Plantão, inventando seus Indicadores, vendiam suas ideias para os pobres Representantes da Direção que por sua vez repassavam para a Diretoria e estas assinavam seus registros de “Análise Crítica da Alta Direção “, com conteúdos vazios, levando o nada a coisa nenhuma! De que adianta colocar como indicador: Realizar X treinamentos por semestre? Por que não Y?Os treinamentos devem ser programados de acordo com as verdadeiras necessidades da Empresa. Caramba a norma havia invertido, Treinamento e Competência por Competência e Treinamento. Para muitos babaquice , mas não ! É claro que se admite alguém , antes de tudo , buscando a Competência na função, no ramo , na profissão, no cargo, no ofício, avaliando quando necessário habilidades. Quando passamos por este degrau , treinamos nas atividades da Empresa, apresentamos o coquetel de boas vindas, os produtos ( agora bens e serviços ) que a empresa PROJETA & DESENVOLVE, daí proibição da EXCLUSÃO de P&D ( à menos que se revogue da 9000 a definição de Projeto & Desenvolvimento). Treinamento então fica bastante relativo, se tomado como um simples Indicador! Os caça níqueis estão aí! Estamos no CD da mudança 2015 ! Antecipar e divulgar já, os argumentos de uma CD , ou seja uma norma em Comitê Draft, antes de virar Norma ou IS ( International Standard ) é se auto promover ou iniciar o enchimento do pé de meia precoce . A sequência do CD é ir para DIS - Draft International Standard , depois FDIS - Final Draft International Standard - que mesmo estando em FDIS pode ser modificada , para finalmente virar IS - International Standard. Então, estamos muito longe de abrirmos Seminários , Palestras e Mesas Redondas para discutir aquilo que ainda está sendo comentado e votado. Certa ocasião em um Seminário para discussão do assunto revisão , pedi a palavra que estava com um destes especialistas Políticos da ISO 9001 e falei que no Brasil na época da mudança da 1994 para a 2000 ( versão da 10 | Agosto 2013 | BQ ISO 9001), algumas empresas foram auditadas com DIS 9001:2000 em julho de 2000. Estávamos em Julho e a norma foi aprovada somente em Janeiro de 2001 ( versão brasileira ) . Então fiz minha crítica, de que estas empresas que foram auditadas com uma minuta de norma ( DIS ) , como poderiam aguardar 7 meses para sair na capa de revistas de Economia e Política ( tipo Época e Veja) ? Como as primeiras empresas a receberem o Certificado da nova Versão sem que fossem reauditadas pela versão definitiva? Ele respondeu que na Europa assim também aconteceu e que era normalíssimo! NÃO , NÃO e NÃO! Respondi : “Então lá é pior do que aqui! Me retirei do Seminário!” Isto é comercio e este Sr nunca opinou sobre as verdadeiras mudanças que deveriam ter , como: NÃO à EXCLUSÃO do 7.3 e SIM à INDICADORES FINANCEIROS , que pudessem derivar mais recursos para treinamentos, proteção ambiental e SEGURANÇA REAL DO TRABALHADOR, que aliás é a nova tendência da 9001, mas é muito cedo para especular. Cabem às Certificadoras acompanharem as evoluções e na hora certa informarem oficialmente o que será mudado e qual o prazo definitivo para a migração! Torçamos para ficar clara a PROIBIÇÃO da Exclusão de Projeto & Desenvolvimento , senão teremos que manter nos CERTIFICADOS: Certificado ISO 9001:2015 Exclusão de 8.5 Desenvolvimento de Produtos e Serviços- Aqui continua JAZENDO 9002:1994. Parece que não, pois não atentaram ou fingiram que não viram as críticas e até mudaram item para Desenvolvimento de Produtos e Serviços . Aliás duas modificações em uma , descrevendo Produtos e Serviços, não é a mesma coisa? Pelo menos era o Produto definido como: Materiais Processados, Serviços , Hardware e Software. Será que vai ser assim... esperemos! n Rafael Stannieder Pereira - Diretor Executivo da BAC-QS e da DAS Certification. www.banasqualidade.com.br Gestão Gerenciamento Pessoa física ou jurídica? O desafio de separar os interesses e os bens A influência que os gestores exercem no processo de mudança organizacional é fundamental em construir espaços nas organizações, sejam para facilitar as discussões e questionamentos da equipe, sejam para um gerenciamento eficiente que sempre é exigido por meio de competências e habilidades, para interligar-se com os departamentos da organização, ou uma depende da outra. Isso faz com que os departamentos da empresa se interagem-se, trazendo resultados positivos para toda a organização Por Vagner Miranda U ma regra que consta em todas as listas sobre práticas para o sucesso na gestão dos negócios, diz que é preciso haver uma completa separação do patrimônio que pertence à pessoa física do sócio e o da pessoa jurídica. Mesmo assim, por mais que a regra seja do conhecimento de empreendedores e empresários experientes, é mais comum encontrar confusão patrimonial e também de interesses, do que a separação recomendada. Responder o porquê isso acontece não é tarefa simples e mesmo que se encontre a resposta certa, não significa que passará a ser praticada com facilidade. É possível que essa regra seja uma das mais difíceis de ser seguida por donos e dirigentes de empresa, mesmo naquelas já consolidadas no mercado. Para confirmar, basta observar que grandes empresas abordam o tema ao construírem seus sistemas de governança corporativa e que nos relatórios www.banasqualidade.com.br de auditoria, recomendações de melhorias das práticas e controles relacionados com o tema são comuns. Há que se considerar que essa segregação não diz respeito apenas e tão somente aos bens corpóreos da empresa e dos sócios, como dinheiro, carros e dependências, mas considera também a necessidade de separar interesses pessoais dos empresariais. O tema é complexo e discutir com profundidade a ponto de entendê-lo demanda tempo e dedicação, visto que envolve questões que permitem abordagens de profissionais de diversas áreas do conhecimento, passando por administração, economia, direito, psicologia, sociologia, ética, etc. Principalmente em empresas de sucesso, quem decide passa a ter que lidar com pressões internas e externas, cujo tipo e origem aumentam e dificultam o gerenciamento com eficiência. Pressões com origem em pessoas que ele não gosta de decepcionar por questões de ordem senti u BQ | Agosto 2013 | 11 Gestão Gerenciamento mental e emocional ou decorrente das características da própria pessoa, como ego, exibicionismo, demonstração de poder, entre outros, contribuem bastante para dificultar uma atuação mais firme do administrador. Devido a tudo isso, cabe citar alguns pontos para alertar aqueles que estão se iniciando como empreendedores, donos ou gestores de pequenas, médias ou grandes empresas. Remuneração: o salário do dono que trabalha na empresa deve ser compatível com a capacidade financeira da corporação e o parâmetro deve ser o mesmo que é pago a um profissional que exerce funções semelhantes no mercado. Bens: a empresa deve ser equipada apenas com bens cuja finalidade seja exclusivamente para o alcance dos seus objetivos. Nada de comprar itens apenas para satisfazer o ego de seus donos. Os bens da empresa devem ser de uso comum dos funcionários e ser úteis para a execução dos trabalhos. Horário de trabalho: mesmo o dono da empresa deve procurar estabelecer uma rotina de trabalho que atenda aos interesses da empresa. Evite marcar compromissos pessoais em horário comercial e, da mesma forma, procure não trabalhar em horas de lazer. Transações: os recursos provenientes de empréstimos contraídos e despesas incorridas em nome da empresa devem ser utilizados no desenvolvimento das atividades da mesma. Usar cartões corporativos para sanar despesas pessoais está fora de cogitação. Contratação: se um profissional contratado for um familiar ou amigo, convém que o critério usado seja apenas a capacidade em realizar eficientemente as tarefas do cargo e resolver problemas. Não cabe uma escolha pautada nas questões de ordem sentimental. Não deixe a empresa se tornar um cabide de empregos. Compras e vendas: as compras e vendas feitas pela empresa devem ter como parâmetro os preços e práticas do mercado, sem benevolências e que tirem a eficiência da empresa. Nada de ter fornecedores que cobram mais caro sem oferecer um benefício elevado em troca. Também não venda mais barato aos amigos, sacrificando assim a lucratividade e principalmente a sustentabilidade da empresa. “Caixa dois”: não convém aceitar ofertas do mercado onde o dinheiro da venda realizada deixa de entrar no caixa da empresa, assim como pagar dívidas da empresa com dinheiro da pessoa física. Mantenha as contas da empresa sempre em ordem com a contabilidade. Em suma, entenda que sua empresa não é um bem único e exclusivo seu, que deve favorecer apenas aos seus interesses. Lembre-se que a empresa é da sociedade, da comunidade onde está inserida e principalmente dos seus funcionários. Todos são interdependentes dela e, tomar atitudes descabidas pode colocar sua própria existência em risco. Mantenha-se na posição de presidente, como um funcionário que recebe salário para tomar as melhores decisões para todos. Vagner Miranda Rocha é administrador de empresas e sócio da VSW Soluções Empresariais. Por que só algumas empresas conseguem sobreviver e crescer? Por Orlando Oda V árias causas são apontadas para o fracasso das empresas que abrem e fecham antes de completar os dois anos de vida: falta de planejamento, falta de inovação, local errado, falta de conhecimento, tino comercial ou a inabilidade do empreendedor no trato com os clientes e funcionários, etc. Mas penso que existe algo ainda mais impactante do que tudo isso. Um dentista estuda cinco anos na faculdade de odontologia para que? Para cuidar do seu próprio dente? Não! Seu trabalho é para tratar os dentes de outras pessoas. O fundamento do trabalho é sempre trabalhar para os outros. O grande erro do empreendedor que começa um negócio e fracassa está no seu modo de pensar: “vou abrir um negócio para mim, não vou mais trabalhar para os outros”. Ora, se o fundamento do trabalho está em trabalhar para os outros, aquele que não quer isso não precisa ter 12 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br Gestão Gerenciamento clientes. A empresa trabalha sempre para produzir algo para outras pessoas e nunca para o seu proprietário. E xiste u ma i dei a er r ad a no Br asi l que p ar te pr i ncip a lme nte de p ar t idos p ol ít icos e s i nd i c atos qu e ve nd em a idei a de que o empres ár i o g an ha mu ito di n heiro, que b ast a empre end er p ar a f i c ar r i co. E s que c em de dizer que p ara g an har di n he i ro pre cis a t r ab a l har muito, no m í ni mo d e 12 a 15 hor as p or di a, s em fer i ad ã o, s áb ad o, d om ingo. Tem muitos imp o stos a p ag ar, mu it as cont as, pre c is a ac ord ar ce d o e d or mi r mu ito t arde. Por cont a diss o, muit as p e ss o as s e ave ntur am a abr ir empres as, s on ham e m s e r e mpres ár io p ar a gan har din hei ro rapi d ame nte. Vejo muitas barracas vendendo tudo quanto é coisa na calçada. Tem uma dessas na avenida por onde passo f requentemente que ocupa mais da metade da largura da calçada. As pessoas que circulam por lá não tem espaço para passar e são obrigadas a andar na avenida, junto com os carros. Not a- s e a tot a l indiferenç a do propr ie t ár i o c om as p e ss o as , c omo s e o negó c io del e não f i z ess e p ar te d a comunid ade. S ó est á intere ss ado e m e xp or a su a merc ador i a, vend er e g an har di n he i ro. E ste exempl o most r a o c omp or t ame nto de uma b o a p ar te do s e mpree nd e d ore s i n i ci antes. Fa lt a a b as e f und amen t a l qu e suste nt a um negó cio: t r ab a l har p ara o s out ros . Os d ois f u nd amento s que resumem p orqu e a lg u mas e mpres as não s obre v ivem e não c re s ce m s ã o: a ) a empres a tem a f ina l id ad e d e s er v i r, s e r út i l à s o c ie d ade, à comunid ad e a qu e p e r te nce. Em out r as p a l av r as, a empres a é d a s o ci e d a de, d a comunid ade; b) s e as p es s o as p e rceb e re m que numa empres a não exis te a vont a de de s er v ir ao públ ico el a fe chará. O pr i me i ro f und amento expl ic a p orque 2 5 % d as e mpre s as fe cham antes de compl et ar d ois ano s de v i d a . Fe cham p orque simpl esmente nã o te m vont ad e de t r ab a l har p ar a out ros , s er út i l aos out ros. Q uerem s ó gan har din hei ro, s ó est ão pre o c up ados com o própr io gan ho, nã o i mp or t and o em s er é út i l às p ess o as, em s er ne ce ss ár i o ao mundo. Mas p orque mesmo as empresas que tem bons propósitos muitas vezes acabam fechando? O s e g u ndo f u nd amento diz que “s e a s o- www.banasqualidade.com.br ci e d ad e p erceb er que numa empres a ex iste a vont ad e d e s er v i r ao públi co, el a prosp e r ar á”. O u s ej a, as p ess o as pre cis am s ab er que a e m pres a existe e tem muit a vont ad e d e s e r út i l. É ness e p onto que ent ram as vend as , ma rket i ng , prop agand a, re d e d e cont atos e a cr i at iv i d ad e p ara abr i r um c ana l d e comu ni c aç ão com o s eu públi co. O f und amento d a prop agand a “não é vend er”, mas s i m le v ar uma mens agem, uma ofer t a, uma at raç ã o qu e f aç a com que o cli ente p erceb a que a e mpre s a tem o prop ós ito d e s er v i r. Pens o que s e uma empres a não for ne c e ss ár i a ao mund o não há raz ão p ara nas c e r, cres cer, prog re d i r. Ass i m s end o, a chave p ar a garant i r a s obre v ivênci a e o cres ci mento d a empres a est á em s er e cont i nu ar s end o ne c e ss ár i a ao mund o ao longo d e to d o o ci cl o d e su a v i d a. É neste momento que d e ve ent r ar a i novaç ão. C ab e ao ad mi n ist rad or d a empre s a re d i re ci oná- l a p ara cont i nu ar s end o s e mpre ne cess ár i a ao mund o. u Orlando Oda é administrador de empresas, mestrado em administração financeira pela FGV e presidente do Grupo AfixCode. BQ | Agosto 2013 | 13 Gestão Gerenciamento O papel do agente de mudanças em implementações de projetos Por Jorge Bassalo G erir os aspectos humanos e emocionais em cenários de mudanças organizacionais tornou-se um fator crítico de sucesso para as implementações de projetos. Garantir a adaptação às mudanças e o alcance dos resultados esperados significa conseguir engajamento e compromisso de toda a estrutura organizacional. Um processo de mudança organizacional, que tem sua origem no topo da organização a partir do alcance de uma intenção estratégica, pode estar fadado ao fracasso, pois seu êxito compreende coletivizar e comprometer pessoas com as novas ideias. Quem são os responsáveis por essa árdua tarefa? Quem são os facilitadores do processo de mudança organizacional? Quem são esses agentes de mudança? O papel do agente, termo utilizado para se referir aos que facilitam o processo de mudança, é um dos mais difundidos nas metodologias de Gestão de Mudanças Organizacionais (GMO). Eles podem ser externos – no papel de consultores – ou internos: profissionais das áreas de gestão de pessoas, gestores e equipes de projeto, lideranças organizacionais ou ainda pessoas que exerçam o poder na organização pela influência dos seus pares. Portanto, se estes atores internos serão também os facilitadores das mudanças organizacionais, deverão estar preparados e engajados para a condução do processo. Como, então, facilitar o engajamento destes atores? A prática de GMO vem mostrando que a formação de agentes de mudança internos é uma construção que pode se consolidar ou não ao longo do projeto, e que envolve diversos fatores, tais como patrocínio e maturidade organizacional em gestão de pessoas. Um dos aspectos críticos em projetos é a mobilização dos agentes de mudanças internos (lideranças e equipes de Recursos Humanos) quanto aos seus papéis e responsabilidades. O que inclui, 14 | Agosto 2013 | BQ além de responsabilidades técnicas, comportamentos que facilitem a mudança na base da organização não envolvida diretamente com o projeto e suas definições estratégicas. E também, o compromisso com atividades vinculadas à gestão dos aspectos humanos: reuniões e fóruns de mapeamento de impactos organizacionais, planejamento de estratégias de comunicação e treinamentos, facilitação de fóruns de discussão, reuniões de lições aprendidas, entre outros. Isto significa que, como líderes, serão os responsáveis por informar e dialogar com as equipes quanto aos aspectos da mudança (o que muda efetivamente, os impactos dessa mudança e os benefícios que se pretende alcançar); viabilizar aos grupos a capacitação para operar no novo cenário e tomar decisões assumindo riscos para o negócio. É comum, também, que as áreas vinculadas a pessoas e processos não entendam o seu próprio papel como “donas” do processo de gestão dos aspectos humanos nas mudanças organizacionais, adotando postura de distanciamento do projeto e da realidade das equipes envolvidas, tendo como uma das consequências, a falta de preparo para facilitar a consolidação da mudança após o término do projeto. Percebe-se, então, que suportar e facilitar o processo de transição organizacional perpassa por aspectos subjetivos como a mobilização de agentes de mudança internos. Este é um processo contínuo para a construção e amadurecimento frente às etapas de implementação do projeto. Formá-los pressupõe, principalmente, dar-lhes condições de se apropriarem desse papel. Este é o papel do consultor, como facilitador externo do processo de mudança. Jorge Bassalo é sócio-diretor da Strategy Consulting www.banasqualidade.com.br Gestão Gerenciamento Treinamento como elemento-chave para passar a inflexão Por Adriano Gomes U m verdadeiro furacão de mudanças está passando pelo mundo dos negócios. Há empresas que foram literalmente varridas da superfície. Um grupo pequeno, como sempre, entendeu a direção dos novos ventos e mudou a trajetória. Porém uma parte considerável ficou espremida, perdida, juntando cacos e pensando em se reerguer nas “mesmas bases”. Correram para um pseudo abrigo seguro. Voltar ao seu próprio “mundinho” de explicações ineficazes e sem a menor relação aos tais ventos do furacão. E depois de um tempo, com a casa parcialmente terminada, ainda se gabam de ter vencido a força inexorável da mudança. Não entendem a relatividade do tempo e do espaço. Em pouquíssimo tempo serão ultrapassadas de forma definitiva por aquele pequeno grupo que entendeu a rota dos ventos (leia-se: mudança). Todo bom marinheiro sabe o quanto é importante numa tempestade em alto mar seguir a trajetória do vento. Caso contrário a embarcação poderá submergir. Frases como: “eu sei muito bem o que o nosso cliente quer: o menor preço com os maiores prazos” ou “já conhecemos o que o mercado exige, só não entendo porque não estamos vendendo mais”, fazem parte do conjunto de crenças das empresas. Mas há uma boa notícia: tais empresas estão no chamado “ponto de inflexão”. E podem sim virar o jogo, redirecionar suas velas e mastros. Mas esta é a resposta sobre o que deve ser feito. Porém, como fazer? Para colocar em marcha a mudança, três pilares serão fundamentais, a saber: - Equipe Comprometida: equipe é diferente de grupo ou de um bando de pessoas que se reúne esporadicamente para baterem papo-furado em reuniões estafantes. Equipe é algo mais nobre e que necessita de todo um trabalho para a sua perfeita criação e desenvolvimento nas empresas. - Relatórios Gerenciais: o relatório deve ser entendido como um medidor dos esforços de toda a equipe no sentido de buscar e atingir os resultados. Por uma questão de facilidade os objetivos a serem alcançados o os atingidos são expressos em moeda. Portanto, um bom relatório faz com que todos se sintam responsáveis pelos objetivos. - Planejamento Estratégico: A famosa frase do filósofo romano Sêneca vale neste contexto: “não há bons ventos para aquele que não sabe para onde vai”. Sem estratégia, missão e uma visão de como lidaremos com nossos concorrentes, clientes, pontos fortes e fracos, será inútil prosseguir. Já sabemos “o que” deve ser feito e “como”. Mas como mudar a atitude das pessoas diante deste novo e inevitável ce- www.banasqualidade.com.br nário? Uma nova conduta deverá nortear as ações da gerência. A empresa precisará se reinventar. E tal processo é contínuo e ininterrupto. A segunda tarefa seria transformar os antigos cargos de chefia em posições de empreendedores internos. Metas e objetivos realistas seriam criados para que todos lutassem pelos resultados. A empresa fornecerá todo o respaldo material e as equipes, juntamente com seus líderes, entrariam em ação. Ainda nesta fase a ligação umbilical com seu ex-subordinados seria quebrada. Agora os funcionários pertencem à empresa como um todo e não mais sujeitas às alterações de humor e raiva de seu ex-chefe. As metas são claras, construídas por todos. E a liderança de fato seria testada. Uma coisa é certa: tem muita gente engravatada com MBA que não vai suportar o tranco. Na verdade, poucas das pessoas que ocupam hoje cargos gerenciais irão se acostumar com estas exigências do futuro (que está mais próximo do que nunca). Outra pergunta necessária se faz em relação ao instrumento necessário a ser empregado para tal transformação. Não há dúvidas que somente o conhecimento é capaz de nos libertar. E o veículo que conduz o conhecimento, sobretudo em ambientes empresariais, é o treinamento. As empresas realizam muitos eventos que, raras vezes, proporcionam uma verdadeira revolução nos costumes e na forma de ver a realidade. O treinamento deve levar conhecimento com base científica, independente da forma pela qual a empresa enxerga a realidade. A ciência é superior a qualquer empresa. Quando bem realizado, o treinamento visa passar aos participantes a prática do seu dia a dia com conceitos e teorias de vanguarda, estabelecendo um elo fundamentado na realidade do ambiente de seus clientes. Nesse instante, é criado o processo cognitivo no participante e, portanto, há significado. Como definiu Peter Senge (autor de “A Quinta Disciplina”), o treinamento deve atravessar, passo a passo, os diferentes níveis de aprendizagem: domínio dos resultados do negócio; domínio do conhecimento, da ação do negócio e do ambiente; domínio das mudanças duradouras; aprendizagem profunda dos temas e suas implicações; mudanças orientadas para resultados; mudança de atitudes e crenças; teoria, métodos e instrumentos; e habilidades voltadas ao negócio duradouro. A educação corporativa é a possibilidade real de a empresa sair do mundo das ideias e manifestá-las de maneira significativa. É um investimento no maior capital das organizações de sucesso, isto é, o capital intelectual, sendo esse o u BQ | Agosto 2013 | 15 Gestão Gerenciamento maior patrimônio destas organizações do futuro. São estas pessoas que farão a diferença das empresas, hoje e sempre. Mas, a verdadeira inflexão vem agora. Na verdade, empresa é uma abstração, uma personalidade jurídica. A verdadeira mudança deverá ocorrer nas pessoas, mais precisamente em suas mentes. Para tanto, as pessoas que quiserem adentrar, com sucesso, à nova era das organizações do futuro, devem estar atentas: primeiro na empresa que tem ou que está trabalhando e segundo, no estágio atual de conhecimentos para a próxima jornada. A empresa do futuro será um centro de desenvolvimento do conhecimento aplicado e seus gestores portadores da missão de modificar continuamente o ambiente. Desta maneira, podem ocorrer quatro diferentes ambientes numa empresa. Isto explica em parte o porquê das pessoas estarem, na maior parte do tempo, reclamando da empresa e a empresa reclamando das pessoas. Somente conseguir-se-á terminar com esse cenário de perda literal de tempo, dinheiro e energia, quando forem afinadas as expectativas das pessoas e da empresa. Existem duas vertentes que devemos olhar o problema. Uma das vias da bifurcação é enxergar o problema da ótica da empresa. A outra é observada com os olhos voltados às pessoas. É fundamental frisar que o termo “pessoas”, neste contexto, se entende por colaboradores e proprietários das empresas. Ambos, empresa e pessoas, podem ser mais ou menos rigorosos no processo de desenvolvimento. E também podem escolher caminhos certos ou errados na jornada rumo a este mesmo desenvolvimento. Não se quer aqui, criticar ou emitir qualquer espécie de julgamento do que vem a ser o certo ou errado. Apenas e tão somente pretende-se abrir uma discussão de um assunto que, na qualidade de professor, escritor e consultor de empresas, assisto in loco nas empresas, leio nos jornais e revistas especializadas e discuto nos vários cursos que ministro, nos mais diferentes locais e setores do mercado. A seguir, iremos discutir cada uma das quatro possibilidades que um ambiente empresarial pode apresentar. Leia, atentamente, a cada um deles e tente localizar a sua empresa. Frustração – Este ambiente desanimado e sem vida é encontrado quando a empresa não exige o desenvolvimento de novas habilidades ou, quando exige, é bem baixa a quantidade do ponto anterior até o novo. Para piorar o cenário, as remotas novas habilidades não têm nenhum planejamento para serem conquistadas. As pessoas, não raramente, até realizam “cursinhos”, “treinamentinhos” que de nada adiantam na vida prática: não criam significados. Vem logo o sofisma: “treinamento não adianta nada!” ou “perdi meu tempo com esse curso!” Existem, 16 | Agosto 2013 | BQ cursos bons e ruins; como também existem bons e péssimos instrutores. Porém, o fato que importa e que ninguém diz, é se o tal conhecimento que se está adquirindo é necessário para uma empresa que não sai do lugar no estágio de desenvolvimento. Esta é a verdadeira questão. Desmotivação – este ambiente é tão sem graça quanto o anterior. Pior, ainda, para as pessoas. Enquanto na frustração há um “acordo tácito” de incapacidade de ambos os lados, na desmotivação as pessoas até vão em busca de conhecimentos úteis, porém, a empresa fica parada no tempo. É muito comum escutar a seguinte frase em alguns cursos: “gostaria que meu chefe fizesse este curso” ou “você diz coisas que ocorrem na minha empresa; você a conhece?” Então, o que ocorre? Pessoas que não têm motivos para acreditar que a empresa que trabalham irá mudar de fato? Substituição – A nova mania contemporânea é este quadrante. Nunca se trocou tanto de gente em tão pouco espaço de tempo. E também nunca se viu tanta troca inútil. Um estudo demonstra que outros países também passaram por este modismo. Dá um ar chique dizer que se está substituindo a diretoria, a gerência … O que não se muda é a mentalidade tacanha e reducionista das empresas. Modismo, aliás, em administração é o que não falta. Richard Pascale listou somente 30 nos últimos 40 anos. Dá uma média de um modismo a cada 16 meses. Vive-se, também, uma eterna substituição de modismo. Outro estudo publicado nos EUA demonstra que 50% dos gerentes novos são substituídos antes de completar um ano de empresa. Até onde possa parecer razoável, nada deixa claro que uma pessoa possa ter todas as informações para substituir outra em tão curto espaço de tempo. O fato é que neste ponto há um conflito de interesses no sentido de desenvolver conhecimento muito forte. De um lado, a empresa necessita que se vá de A para B. De outro lado, as pessoas partem de A e chegam em C, D ou nem partem de lugar algum. A solução simplista vem à tona: trocam-se as pessoas, vem um novo salvador da pátria e a história volta a se repetir. Superação – este deveria ser o maior objetivo de qualquer empresa. Levar a organização e as pessoas a superar constantemente o seu momento atual de desenvolvimento. Claro, que só é possível, quando as pessoas buscam o caminho certo e a empresa é uma avalanche de conhecimento. As fichas estão na mesa. Você não é o crupiê, mas sim um dos jogadores da mesa. Aposte seu futuro para onde, inevitavelmente, será empurrado: para a ampliação constante e o eterno desenvolvimento de tudo o que se sabe até agora. n Adriano Gomes é administrador de empresas (ESAN-SP), fez pós-graduação em finanças (ESAN-SP), é mestre em controladoria e finanças (PUC-SP). Consultor atuante nas áreas financeiras, comercial e planejamento estratégico. É professor universitário e autor de vários livros. www.banasqualidade.com.br www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 17 CAPA Tecnologia da Informação No Brasil, a segurança da informação ainda não é levada a sério Hayrton Rodrigues do Prado Filho U m estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), depois de analisar a segurança das informações prestadas por um universo de 121 mil empresas em todo o país, detectou que 47% dos estabelecimentos pesquisados tem um sistema de segurança inadequado. A pesquisa foi realizada tendo como base mais de 50 milhões de Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e), emitidas por estes 121 mil estabelecimentos, como forma de subsidiar o desenvolvimento de sistemas de identificação dos tributos na notas e cupons. A primeira conclusão do estudo está relacionada à extrema fragilidade com que as empresas guardam e mantêm seus arquivos eletrônicos de notas fiscais: cerca de 47% das empresas analisadas têm baixo grau de segurança das suas informações; 35% têm grau médio de segurança; enquanto somente 18% das empresas possuem elevado nível de segurança. A metodologia utilizada para aferir o grau de segurança da guarda das informações fiscais foi feita a partir das validações de segurança e exposição das Notas Fiscais Eletrônicas. A partir desta análise, foi possível verificar se a empresa tem maior ou menor preocupação com o sigilo das suas informações, já que no arquivo XML da NF-e estão contidas informações sigilosas como nome, endereço, e-mail e telefone dos clientes, discriminação das mercadorias vendidas, valor unitário e condições de pagamento da transação. Segundo o presidente do Conselho Superior e coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, “o resultado assustou os técnicos envolvidos na análise, pois demonstra a fragilidade na segurança das 18 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br A segurança nos negócios não deve ser mais dependente apenas de reparos na rede da Tecnologia da Informação (TI), mas sim da proteção de dados enquanto permite seguro e livre fluxo de colaboração. Para realizar isso, as empresas precisam avaliar as estratégias de segurança com base em sua flexibilidade em vez de sua rigidez, permitindo comunicações empresariais seguras e eficazes, independentemente do ponto de acesso. Essa desintegração de parâmetros já estabelecidos e a evolução de uma arquitetura aberta. www.banasqualidade.com.br informações motivada, principalmente, pelo complexo sistema tributário brasileiro”. O estudo do IBPT aponta, por exemplo, que boa parte das NFes está arquivada em extensões dos próprios sites das empresas, sem qualquer exigência de login e senha para acesso às informações. Na verdade, a segurança da informação diz respeito à proteção de determinados dados, com a intenção de preservar seus respectivos valores para uma organização (empresa) ou um indivíduo. Pode-se entender como informação todo o conteúdo ou dado valioso para um indivíduo/organização, que consiste em qualquer conteúdo com capacidade de armazenamento ou transferência, que serve a determinado propósito e que é de utilidade do ser humano. Atualmente, a informação digital é um dos principais produtos de nossa era e necessita ser convenientemente protegida. A segurança de determinadas informações podem ser afetadas por vários fatores, como os comportamentais e do usuário, pelo ambiente/ infraestrutura em que ela se encontra e por pessoas que têm o objetivo de roubar, destruir ou modificar essas informações. Confidencialidade, disponibilidade e integridade são algumas das características básicas da segurança da informação, e podem ser consideradas até mesmo atributos. A confidencialidade diz respeito à inacessibilidade da informação, que não pode ser divulgada para um usuário, entidade ou processo não autorizado; a integridade diz que a informação não deve ser alterada ou excluída sem autorização; a e disponibilidade está relacionada com o acesso aos serviços do sistema/ máquina para usuários ou entidades autorizadas. Toda a vulnerabilidade de um sistema ou computador pode representar possibilidades de ponto de ataque de terceiros. Esse tipo de segurança não é somente para sistemas computacionais, como imaginamos. Além de também envolver informações eletrônicas e sistemas de armazenamento, esse tipo de segurança também se aplica a vários outros aspectos e formas de proteger, monitorar e cuidar de dados. A informação é um ativo essencial para os negócios de uma organização e consequentemente precisa ser adequadamente protegida. Hoje em dia, com o ambiente de negócios cada vez mais interconectado, a maior disponibilidade de serviços web, a expansão dos dispositivos moveis como notebooks, tablets, smartphones, etc, essa proteção necessita maiores cuidados e atenção. É inegável que as informações sejam mais expostas devido a essa interconexão e consequentemente isso aumenta o risco de ameaças e u BQ | Agosto 2013 | 19 CAPA Tecnologia da Informação vulnerabilidades. Como a maior parte das informações vitais para o sucesso de uma organização reside em sistemas computacionais, perdas de dados podem ser catastróficas. Os riscos de um negócio com sistema de segurança da informação inadequado são incalculáveis. Basicamente, Segurança da Informação é a preservação de três requisitos básicos: a confidencialidade, a integridade e a disponibilidade da informação. Ela abrange muito mais do que a segurança da informação de TI. Ela cobre a segurança de toda e qualquer informação da empresa, esteja ela em meios eletrônicos, papel, filmes, conversas ou até mesmo na mente dos funcionários. Para se ter uma segurança da informação adequada em uma empresa, deve-se implementar controles adequados, políticas, processos, procedimentos, estruturas organizacionais e funções de software e hardware. O objetivo da segurança da informação é garantir o funcionamento da organização frente às ameaças a que ela esteja sujeita. A NBR ISO/IEC 27002 de 08/2005 – Tecnologia da informação – Técnicas de segurança – Código de prática para a gestão da segurança da informação (clique no link para mais informações) estabelece as diretrizes e os princípios gerais para iniciar, implementar, manter e melhorar a gestão da segurança da informação em uma organização. Os objetivos definidos proveem diretrizes gerais sobre as metas geralmente aceitas para a gestão da segurança da informação. Os objetivos de controle e os controles dessa norma têm como finalidade ser implementados para atender aos requisitos identificados por meio da análise/avaliação de riscos. Pode servir como um guia prático para desenvolver os procedimentos de segurança da informação da organização e as eficientes práticas de gestão da segurança, e para ajudar a criar confiança nas atividades interorganizacionais. Ela substitui a NBR ISO/IEC 17799. Segundo a norma, a informação é um ativo que, como qualquer outro ativo importante, é essencial para os negócios de uma organização e consequentemente necessita ser adequadamente protegida. Isto é especialmente importante no ambiente dos negócios, cada vez mais interconectado. Como um resultado deste incrível aumento da interconectividade, a informação está agora exposta a um crescente número e a uma grande variedade de ameaças e vulnerabilidades. A informação pode existir em diversas formas. Ela pode ser impressa ou escrita em papel, armazenada eletronicamente, transmitida pelo correio ou por meios eletrônicos, apresentada em filmes ou falada em conversas. Seja qual for a forma apresentada ou o 20 | Agosto 2013 | BQ meio através do qual a informação é compartilhada ou armazenada, é recomendado que ela seja sempre protegida adequadamente. A Segurança da informação é a proteção da informação de vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o retorno sobre os investimentos e as oportunidades de negócio. Ela é obtida a partir da implementação de um conjunto de controles adequados, incluindo políticas, processos, procedimentos, estruturas organizacionais e funções de software e hardware. Estes controles precisam ser estabelecidos, implementados, monitorados, analisados criticamente e melhorados, onde necessário, para garantir que os objetivos do negócio e de segurança da organização sejam atendidos. Convém que isto seja feito em conjunto com outros processos de gestão do negócio. A informação e os processos de apoio, sistemas e redes são importantes ativos para os negócios. Definir, alcançar, manter e melhorar a segurança da informação podem ser atividades essenciais para assegurar a competitividade, o fluxo de caixa, a lucratividade, o atendimento aos requisitos legais e a imagem da organização junto ao mercado. As organizações, seus sistemas de informação e redes de computadores são expostos a diversos tipos de ameaças à segurança da informação, incluindo fraudes eletrônicas, espionagem, sabotagem, vandalismo, incêndio e inundação. Os danos causados por código malicioso, hackers e ataques de denial of service estão se tornando cada vez mais comuns, mais ambiciosos e incrivelmente mais sofisticados. A segurança da informação é importante para os negócios, tanto do setor público como do setor privado, e para proteger as infraestruturas críticas. Em ambos os setores, a função da segurança da informação é viabilizar os negócios como o governo eletrônico (e-gov) ou o comércio eletrônico (e-business), e evitar ou reduzir os riscos relevantes. A interconexão de redes públicas e privadas e o compartilhamento de recursos de informação aumentam a dificuldade de se controlar o acesso. A tendência da computação distribuída reduz a eficácia da implementação de um controle de acesso centralizado. Muitos sistemas de informação não foram projetados para serem seguros. A segurança da informação que pode ser alcançada por meios técnicos é limitada e deve ser apoiada por uma gestão e por procedimentos apropriados. A identificação de controles a serem implantados requer um planejamento cuidadoso e uma atenção aos detalhes. A gestão da segurança da www.banasqualidade.com.br CAPA Tecnologia da Informação informação requer pelo menos a participação de todos os funcionários da organização. Pode ser que seja necessária também a participação de acionistas, fornecedores, terceiras partes, clientes ou outras partes externas. Uma consultoria externa especializada pode ser também necessária. Essa norma contém 11 seções de controles de segurança da informação, que juntas totalizam 39 categorias principais de segurança e uma seção introdutória que aborda a análise/avaliação e o tratamento de riscos. Cada seção contém um número de categorias principais de segurança da informação. As 11 seções (acompanhadas com o respectivo número de categorias) são: a) Política de Segurança da Informação (1); b) Organizando a Segurança da Informação (2); c) Gestão de Ativos (2); d) Segurança em Recursos Humanos (3); e) Segurança Física e do Ambiente (2); f) Gestão das Operações e Comunicações (10); g) Controle de Acesso (7); h) Aquisição, Desenvolvimento e Manutenção de Sistemas de Informação (6); i) Gestão de Incidentes de Segurança da Informação (2); j) Gestão da Continuidade do Negócio (1); k) Conformidade (3). E como estabelecer requisitos de segurança da informação? É de fundamental importância que uma organização identifique os seus requisitos de segurança da informação. Uma das maneiras para se identificar esses requisitos é através da análise e avaliação de riscos para a organização, levando-se em conta os objetivos e as estratégias globais de negocio da organização. Assim, serão identificadas as ameaças aos ativos de informação bem como as vulnerabilidades destes, de forma a realizar uma estimativa da probabilidade de ocorrência dessas ameaças e do impacto potencial aos negócios. Os resultados da análise e avaliação dos riscos, nortearão as ações gerenciais apropriadas e as prioridades no www.banasqualidade.com.br sentido de proteger os ativos de informação desses riscos. É essencial que uma organização identifique os seus requisitos de segurança da informação. Existem três fontes principais de requisitos de segurança da informação. Uma fonte é obtida a partir da análise/ avaliação de riscos para a organização, levando-se em conta os objetivos e as estratégias globais de negócio da organização. Por meio da análise/avaliação de riscos, são identificadas as ameaças aos ativos e as vulnerabilidades destes, e realizada uma estimativa da probabilidade de ocorrência das ameaças e do impacto potencial ao negócio. Uma outra fonte é a legislação vigente, os estatutos, a regulamentação e as cláusulas contratuais que a organização, seus parceiros comerciais, contratados e provedores de serviço têm que atender, além do seu ambiente sociocultural. A terceira fonte é um conjunto particular de princípios, objetivos e os requisitos do negócio para o processamento da informação que uma organização tem que desenvolver para apoiar suas operações. Dessa forma, os requisitos de segurança da informação são identificados por meio de uma análise/ avaliação sistemática dos riscos de segurança da informação. Os gastos com os controles precisam ser balanceados de acordo com os danos causados aos negócios gerados pelas potenciais falhas na segurança da informação. Os resultados da análise/avaliação de riscos ajudarão a direcionar e a determinar as ações gerenciais apropriadas e as prioridades para o gerenciamento dos riscos da segurança da informação, e para a implementação dos controles selecionados para a proteção contra estes riscos. Convém que a análise/ avaliação de riscos seja repetida periodicamente para u BQ | Agosto 2013 | 21 CAPA Tecnologia da Informação contemplar quaisquer mudanças que possam influenciar os resultados desta análise/avaliação. As informações adicionais sobre a análise/avaliação de riscos de segurança da informação podem ser encontradas no item 4.1 “Analisando/avaliando os riscos de segurança da informação”. Uma vez que os requisitos de segurança da informação e os riscos tenham sido identificados e as decisões para o tratamento dos riscos tenham sido tomadas, convém que controles apropriados sejam selecionados e implementados para assegurar que os riscos sejam reduzidos a um nível aceitável. Os controles podem ser selecionados a partir dessa norma ou de um outro conjunto de controles ou novos controles podem ser desenvolvidos para atender às necessidades específicas, conforme apropriado. A seleção de controles de segurança da informação depende das decisões da organização, baseadas nos critérios para aceitação de risco, nas opções para tratamento do risco e no enfoque geral da gestão de risco aplicado à organização, e convém que também esteja sujeito a todas as legislações e regulamentações nacionais e internacionais, relevantes. Alguns dos controles nessa norma podem ser considerados 22 | Agosto 2013 | BQ como princípios básicos para a gestão da segurança da informação e podem ser aplicados na maioria das organizações. Esses controles são explicados em mais detalhes no item “Ponto de partida para a segurança da informação”. As informações adicionais sobre seleção de controles e outras opções para tratamento de risco podem ser encontradas em 4.2 “Tratamento dos riscos de segurança da informação”. Um certo número de controles pode ser considerado um bom ponto de partida para a implementação da segurança da informação. Estes controles são baseados tanto em requisitos legais como nas melhores práticas de segurança da informação normalmente usadas. Os controles considerados essenciais para uma organização, sob o ponto de vista legal, incluem, dependendo da legislação aplicável: proteção de dados e privacidade de informações pessoais (ver 15.1.4); proteção de registros organizacionais (ver 15.1.3); direitos de propriedade intelectual (ver 15.1.2). Os controles considerados práticas para a segurança da informação incluem: documento da política de segurança da informação (ver 5.1.1); atribuição de responsabilidades para a segurança da informação (ver 6.1.3); conscientização, educação e treinamento em segurança da informação (ver 8.2.2); processamento correto nas aplicações (ver 12.2); gestão de vulnerabilidades técnicas (ver 12.6); gestão da continuidade do negócio (ver seção 14); gestão de incidentes de segurança da informação e melhorias (ver 13.2). Esses controles se aplicam para a maioria das organizações e na maioria dos ambientes. Convém observar que, embora todos os controles nessa norma sejam importantes e devam ser considerados, a relevância de qualquer controle deve ser determinada segundo os riscos específicos a que uma organização está exposta. Por isto, embora o enfoque acima seja considerado um bom ponto de partida, ele não substitui a seleção de controles, baseado na análise/avaliação de riscos. E quais os fatores críticos de sucesso? A experiência tem mostrado que os seguintes fatores são geralmente críticos para o sucesso da implementação da segurança da informação dentro de uma organização: política de segurança da informação, objetivos e atividades, que reflitam os objetivos do negócio; uma abordagem e uma estrutura para a implementação, manutenção, monitoramento e melhoria da segurança da informação que seja consistente com a cultura organizacional; comprometimento e apoio visível de todos os níveis www.banasqualidade.com.br CAPA Tecnologia da Informação gerenciais; um bom entendimento dos requisitos de segurança da informação, da análise/avaliação de riscos e da gestão de risco; divulgação eficiente da segurança da informação para todos os gerentes, funcionários e outras partes envolvidas para se alcançar a conscientização; distribuição de diretrizes e normas sobre a política de segurança da informação para todos os gerentes, funcionários e outras partes envolvidas; provisão de recursos financeiros para as atividades da gestão de segurança da informação; provisão de conscientização, treinamento e educação adequados; estabelecimento de um eficiente processo de gestão de incidentes de segurança da informação; implementação de um sistema de medição que seja usado para avaliar o desempenho da gestão da segurança da informação e obtenção de sugestões para a melhoria. Igualmente, a ISO e a IEC publicaram uma nova norma internacional procurando estabelecer parâmetros para as organizações sobre como fazer uso integrado de segurança da informação e padrões de serviço do sistema de gestão. A relação entre a segurança da informação e gestão de serviços é tão estreita que muitas organizações já reconhecem os benefícios de adotar ambas as normas: a ISO/IEC 27001 para segurança da informação e a ISO/IEC 20000-1 para gerenciamento de serviços. Assim, foi publicada a nova ISO/IEC 27013:2012 – Tecnologia da informação – Técnicas de segurança – Orientação sobre a implementação integrada da ISO/IEC 27001 e ISO/IEC 20000-1 (ISO/ IEC 27013:2012, Information technology – Security www.banasqualidade.com.br techniques – Guidance on the integrated implementation of ISO/IEC 27001 and ISO/IEC 20000-1). Ela fornece orientação para ser usada se um padrão é implementado antes do outro ou de ambos os padrões são implementadas simultaneamente. “Tanto a ISO/IEC 27001 para segurança da informação e a ISO/IEC 20000-1 para o serviço de gerenciamento de endereço possuem processos e atividades muito semelhantes, incluindo o importante princípio da melhoria contínua”, disse Edward Humphreys, coordenador dos sistemas de informação de gestão de segurança do grupo de trabalho ISO/ IEC JTC 1/SC 27). “Uma série de vantagens pode ser adquirida através da implementação de um sistema de gestão integrada que tenha em conta não só os serviços prestados, mas também a proteção dos ativos de informação”. Para Jenny Dugmore, ex-presidente do grupo de trabalho de gerenciamento de serviços ISO/ IEC JTC 1/SC 7, a publicação da ISO/IEC 27013 surgiu a partir do reconhecimento de que a combinação de uso de ambas as normas internacionais traria benefícios adicionais. A ISO/IEC 27013 dá orientações sobre os primeiros passos a serem tomadas por organizações que desejam aumentar a eficiência, melhorar a sua segurança da informação e a gestão dos serviços”. Os principais benefícios de uma implementação integrada incluem: ganho de credibilidade para um serviço eficaz e seguro para clientes internos ou externos da organização; redução de custos de um programa integrado; redução do tempo de implementação, devido ao desenvolvimento integrado de processos comuns a ambos os padrões; eliminação de duplicações não necessárias; promoção do entendimento entre a gestão de serviços e o pessoal de segurança; e melhoria do processo de certificação. Os usuários dessa norma incluem auditores, organizações de execução informações de segurança e/ ou sistemas de gerenciamento de serviços e organizações envolvidas na certificação, em auditoria ou treinamento, certificação/registro de sistemas de gestão e acreditação ou padronização na área de avaliação da conformidade. Há um relatório técnico, a norma ISO/IEC TR 2000010, em desenvolvimento para fornecer uma visão geral dos conceitos da norma ISO/IEC 20000, explicando a terminologia utilizada dentro da série e como identificar as diferentes partes da norma ISO/IEC 20000 que interagem uns com os outros e como o u BQ | Agosto 2013 | 23 CAPA Tecnologia da Informação padrão está inter-relacionado com outros padrões ISO/IEC. Da mesma forma, a norma ISO/IEC TR 90006 está em desenvolvimento com as diretrizes de auditoria para a aplicação da ISO 9001 para a gestão de serviços. Também, a ABNT acaba de publicar a NBR ISO/ IEC 27014 de 06/2013 – Tecnologia da Informação – Técnicas de Segurança – Governança de segurança da informação que fornece orientação sobre conceitos e princípios para a governança de segurança da informação, pela qual as organizações podem avaliar, dirigir, monitorar e comunicar as atividades relacionadas com a segurança da informação dentro da organização. É aplicável a todos os tipos e tamanhos de organizações. Esta recomendação/norma fornece orientações sobre a governança de segurança da informação. A segurança da informação tornou-se uma questão-chave para as organizações. Não somente os requisitos regulamentares estão aumentando, mas também as falhas nas medidas de segurança da informação de uma organização podem ter um impacto direto na reputação da organização. Portanto, é altamente recomendado que o corpo diretivo, como parte de suas responsabilidades de governança, supervisione, cada vez mais, a segurança da informação para garantir que os objetivos da organização sejam alcançados. Além disso, a governança de segurança da informação provê uma forte ligação entre o corpo diretivo de uma organização, a gerência executiva e os responsáveis pela implementação e operação de um sistema de gestão de segurança da informação. Ela fornece a ordem essencial para direcionar as iniciativas de segurança da informação por toda a organização. Ademais, uma governança de segurança da informação eficaz garante que o corpo diretivo receba informação relevante – dentro de um contexto de negócios – sobre as atividades relacionadas com a segurança da informação. Isso permite decisões pertinentes e oportunas sobre as questões de segurança da informação em apoio aos objetivos estratégicos da organização. A governança de segurança da informação necessita alinhar os objetivos e estratégias de segurança da informação com os objetivos e estratégias do negócio e requer a conformidade com leis, regulamentos e contratos. Convém que seja avaliada, analisada e implementada por meio de uma abordagem de gestão de riscos, apoiada por um sistema de controles internos. O corpo diretivo é o maior responsável pelas decisões de uma organização e pelo seu desempenho. Em relação 24 | Agosto 2013 | BQ à segurança da informação, o foco principal do corpo diretivo é garantir que a abordagem da organização para a segurança da informação seja eficiente, eficaz, aceitável e alinhada com os objetivos e estratégias de negócios, dando devida consideração às expectativas das partes interessadas. Diversas partes interessadas podem ter diferentes valores e necessidades. Os objetivos da governança da segurança da informação são para: alinhar os objetivos e estratégia da segurança da informação com os objetivos e estratégia do negócio (alinhamento estratégico); agregar valor para o corpo diretivo e para as partes interessadas (entrega de valor); e garantir que os riscos da informação estão sendo adequadamente endereçados (responsabilidade). Os resultados desejados a partir da implementação eficaz da governança da segurança da informação incluem: visibilidade do corpo diretivo sobre a situação da segurança da informação; uma abordagem ágil para a tomada de decisões sobre os riscos da informação; investimentos eficientes e eficazes em segurança da informação; conformidade com requisitos externos (legais, regulamentares ou contratuais). Segundo a NBR ISO/IEC 27014, existem vários outros modelos de áreas de governança em uma organização, como a governança da tecnologia da informação e governança organizacional. Cada modelo de governança é um componente integrante da governança de uma organização, que enfatiza a importância do alinhamento com os objetivos de negócios. Geralmente, é vantajoso para o corpo diretivo desenvolver uma visão holística e integrada de seu modelo de governança, na qual convém que a governança da segurança da informação seja uma parte. Os escopos de modelos de governança às vezes se sobrepõem. Enquanto o escopo abrangente da governança de tecnologia da informação visa recursos necessários para adquirir, processar, armazenar e disseminar a informação, o escopo da governança da segurança da informação abrange a confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação. Ambos os esquemas de governança precisam ser tratados pelos seguintes processos de governança: ADM (Avaliação, Direção e Monitoração). Entretanto, a governança da segurança da informação requer também o processo interno de “comunicação”. As tarefas requeridas do corpo diretivo para estabelecer a governança da segurança da informação são descritas na Seção 5. As tarefas de governança também estão relacionadas com os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 27001, bem como com u www.banasqualidade.com.br www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 25 CAPA Tecnologia da Informação as outras normas da família SGSI, como referenciado na Bibliografia. São seis princípios que fornecem uma base sólida para a implementação de processos de governança para a segurança da informação. A declaração de cada princípio faz referência ao que convém que aconteça mas não prescreve como, quando, nem por quem os princípios seriam implementados, porque estes aspectos dependem da natureza da organização que implementará os princípios. Convém ao corpo diretivo exigir que esses princípios sejam aplicados e designar alguém com responsabilidade, responsabilização e autoridade para implementá-las. Princípio 1: Estabelecer a segurança da informação em toda a organização – Convém a governança da segurança da informação garantir que as atividades de segurança da informação sejam entendidas e integradas. Convém que a segurança da informação seja tratada em um nível organizacional, com a tomada de decisões que leve em consideração o negócio, a segurança da informação e todos os outros aspectos relevantes. Convém que atividades relativas à segurança física e lógica sejam rigorosamente coordenadas. Para estabelecer a segurança em toda a organização, convém que a responsabilidade e a responsabilização da segurança da informação seja estabelecida em cada porção das atividades de uma organização. Isto normalmente ultrapassa as “fronteiras” geralmente percebidas da organização, por exemplo, com informações que estão sendo armazenadas ou transferidas por terceiros. 26 | Agosto 2013 | BQ Princípio 2: Adotar uma abordagem baseada em riscos – Convém que a governança da segurança da informação seja fundamentada em decisões baseadas nos riscos. Convém que a definição “de quanto” de segurança é aceitável seja baseado no apetite ao risco da organização, incluindo a perda da vantagem competitiva, conformidade e riscos de responsabilidade civil, interrupções operacionais, danos à reputação e perdas financeiras. Para adotar uma gestão de riscos da informação adequada para a organização, convém que esta esteja consistente e integrada à abordagem global de gestão de riscos da organização. Convém que os níveis aceitáveis de segurança da informação sejam definidos com base no apetite ao risco da organização, incluindo a perda da vantagem competitiva, conformidade e riscos de responsabilidade civil, interrupções operacionais, danos à reputação e perdas financeiras. Convém que os recursos apropriados para a implementação da gestão de riscos da informação sejam alocados pelo corpo diretivo. Princípio 3: Estabelecer a direção de decisões de investimento – Convém à governança da segurança da informação estabelecer uma estratégia de investimento em segurança da informação com base em resultados de negócios alcançados, resultando na harmonização entre os requisitos de negócio e os da segurança da informação, tanto em curto como em longo prazo, visando atender às necessidades atuais e crescentes das partes interessadas. Para otimizar os investimentos em segurança da informação no apoio aos objetivos da organização, convém ao corpo diretivo assegurar que a segurança da informação seja integrada com os atuais www.banasqualidade.com.br CAPA Tecnologia da Informação processos da organização para gastos com capital e operação (investimentos e despesas), conformidade legal e regulatória, para reporte de riscos. Princípio 4: Assegurar conformidade com os requisitos internos e externos – Convém à governança da segurança da informação garantir que as políticas e práticas de segurança da informação atendam à legislação e regulamentações pertinentes obrigatórias, assim como aos requisitos de negócio ou contratuais e aos outros requisitos externos ou internos. Para endereçar as questões de conformidade e cumprimento, convém ao corpo diretivo obter a garantia de que as atividades de segurança da informação estejam satisfatoriamente cumprindo os requisitos internos e externos autorizando encomendando/autorizando auditorias de segurança independentes. Princípio 5: Promover um ambiente positivo de segurança – Convém que a governança da segurança da informação seja construída sobre o comportamento humano, incluindo as crescentes necessidades de todas as partes interessadas, visto que o comportamento humano é um dos elementos fundamentais para manter o nível apropriado de segurança da informação. Caso não estejam adequadamente coordenados, os objetivos, papéis, responsabilidades e recursos podem entrar em conflito uns com os outros, resultando em falhas para o cumprimento dos objetivos de negócio. Por isso, a harmonização e a orientação orquestradas entre as diversas partes interessadas são muito importantes. Para estabelecer uma cultura positiva de segurança da informação, convém que o corpo diretivo exija, promova e apoie a coordenação das atividades das partes interessadas para alcançar uma direção coerente para a segurança da informação. Isto viabilizará a implantação de programas de educação, treinamento e conscientização em segurança. Princípio 6: Analisar criticamente o desempenho em relação aos resultados de negócios – Convém que a governança da segurança da informação garanta que a abordagem adotada www.banasqualidade.com.br para proteger a informação esteja adequada à sua finalidade de apoio à organização, proporcionando níveis acordados de segurança da informação. Convém que o desempenho da segurança seja mantido nos níveis necessários para atender aos requisitos de negócio atuais e futuros. Para analisar criticamente o desempenho de segurança da informação a partir de uma perspectiva da governança, convém que o corpo diretivo avalie o desempenho da segurança da informação em relação ao seu impacto no negócio, e não apenas a eficácia e a eficiência dos controles de segurança. Isto pode ser feito realizando-se análises críticas agendadas de um programa de medição de desempenho para monitoramento, auditoria e melhoria, e, assim, associando o desempenho da segurança da informação com o desempenho do negócio. Por tudo isso, deve-se levar em conta que os incidentes de segurança da informação vêm aumentando consideravelmente ao longo dos últimos anos e assumem as formas mais variadas, como, por exemplo: infecção por vírus, acesso não autorizado, ataques denial of service contra redes e sistemas, furto de informação proprietária, invasão de sistemas, fraudes internas e externas, uso não autorizado de redes sem fio, entre outras. Não são apenas as ameaças externas que representam riscos a uma corporação. Os próprios funcioná¬rios representam alto risco quando malintencionados ou mesmo quando não conscientes dos riscos envolvidos na manipulação da informação.u BQ | Agosto 2013 | 27 CAPA Tecnologia da Informação Dados de pesquisas apontam que mais de dois terços dos incidentes de segurança têm origem interna. Em contrapartida, é curioso notar que, em geral, o volume de investimentos destinados a minimizar a ocorrência desses incidentes, de causa interna, é significativamente menor do que os montantes destinados a prevenir ameaças externas. Surge, então, um desafio adicional na gestão da segurança de uma corporação: como garantir que os próprios cola¬boradores não se tornem causadores de incidentes de segurança? Como minimizar esses riscos? A resposta pode começar em cumprir os requisitos das normas técnicas. Segurança cibernética Um texto escrito pelo técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Samuel Cesar Júnior, analisou a segurança cibernética no país em comparação com Estados Unidos, Rússia e Índia. O estudo descreve as estratégias dos países, bem como as principais instituições responsáveis pela defesa cibernética. A segurança da informação e a defesa cibernética são fundamentais para o uso adequado das tecnologias de informação e comunicação (TICs). Atualmente, praticamente todas as infraestruturas críticas que dão suporte ao progresso, à paz e à segurança da sociedade dependem de sistemas computacionais. As recentes revelações de espionagem, feitas pelo exanalista da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA) Edward Snowden, evidenciaram o quanto as redes e as comunicações ainda são frágeis. A rapidez com que os fatos estão ocorrendo no mundo virtual têm surpreendido autoridades, indústria e usuários, que não estão preparados para lidar com questões referentes à segurança na rede. O Brasil não é exceção. O estudo aponta que é preciso investimento adequado em equipamentos e capacitação de pessoal, assim como um plano estrutural de segurança e defesa cibernética nacional. De acordo com dados do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br), apresentados no texto, são identificados em torno de três mil incidentes de segurança por mês nas 320 grandes redes do governo. Em termos de arranjo institucional, há diferenças substanciais no modelo americano para o modelo brasileiro e indiano, por exemplo. Enquanto, nos Estados Unidos, segurança e defesa cibernética possuem uma estrutura de governança bastante centralizada, no Brasil e Índia, existem várias instituições respondendo pelo assunto, o que tende a dificultar ações coordenadas de longo prazo. Todavia o mais critico é que o Brasil ainda não possui um plano ou politica estruturante de investimento e melhoria em segurança cibernética, apesar da Estratégia Nacional de Defesa 28 | Agosto 2013 | BQ e do Livro Verde de Defesa terem reconhecido a importância do tema. Assim, o estudo conclui que, mesmo em um ambiente de constante melhora, o Brasil ainda precisa avançar muito para enfrentar os desafios inerentes ao ambiente virtual. A deficiência de governança das tecnologias da informação dentro dos próprios órgãos da administração federal e a falta de programas de cooperação, investimento e capacitação de longo prazo contribuem para o aumento da vulnerabilidade. Na verdade, a defesa cibernética diz respeito ao conjunto de ações defensivas, exploratórias e ofensivas, no contexto de um planejamento militar, realizadas no espaço cibernético, com as finalidades de proteger os sistemas de informação, obter dados para a produção de conhecimento de inteligência e causar prejuízos aos sistemas de informação do oponente. A segurança cibernética refere-se à proteção e garantia de utilização de ativos de informação estratégicos, principalmente os ligados às infraestruturas críticas da informação (redes de comunicações e de computadores e seus sistemas informatizados) que controlam as infraestruturas críticas nacionais. Também abrange a interação com órgãos públicos e privados envolvidos no funcionamento das infraestruturas críticas nacionais, especialmente os órgãos da administração pública federal. Dessa forma, percebe-se que segurança e defesa cibernética buscam viabilizar e assegurar a disponibilidade, a integridade, a confidencialidade e a autenticidade dos ativos de informações. Estes ativos são entendidos como o valor tangível e intangível que reflete tanto a importância do ativo de informação para o alcance dos objetivos estratégicos de um órgão ou entidade, quanto o quão cada ativo de informação é imprescindível aos interesses da sociedade e do Estado. No Brasil, tanto a segurança quanto a defesa ainda se encontram em estágio embrionário de organização, todavia algumas ações já vêm sendo tomadas. Por outro lado, nota-se que as maiores economias mundiais, bem como demais países em desenvolvimento, também não estão muito avançados em relação à sistematização e organização dos mecanismos de proteção cibernética. A começar pelos Estados Unidos, que apenas em 2009 criaram, oficialmente, o Comando de Defesa Cibernética. Por meio de uma análise das estratégias cibernéticas nacionais, nota-se que até mesmo as grandes potências estão em busca de parceiros e aliados para, por meio de troca de experiências, conseguirem avançar na proteção e salvaguarda dos dados. Acredita-se que esse amplo convite ao estabelecimento de novas parcerias é resultado da percepção de que ações individuais não avançam na velocidade necessária. Certamente, os países mais ricos possuem instrumentos mais sofisticados e orçamento muito superior em relação www.banasqualidade.com.br CAPA Tecnologia da Informação ao Brasil. Todavia, tecnologias ligadas a sistemas digitais, especialmente quando envolvem elaboração de software, inteligência, talento e criatividade dos desenvolvedores, podem superar eventuais vantagens tecnológicas e orçamentárias (Takemura, Osajima e Kawano, 2009). Exemplo disto são as frequentes invasões de sistemas superprotegidos, como as ocorridas no Pentágono, Sony, RSA Security e MasterCard, por grupos dedicados ao cibercrime. O Brasil ainda conta com um parque empresarial pequeno, com cerca de 40 empresas de desenvolvimento e/ou fornecimento de soluções robustas em segurança ou defesa cibernética localizadas no país. O Estado tem capacidade de ser o propulsor da iniciativa privada rumo ao desenvolvimento de novas soluções em segurança e defesa. Nesse sentido, algumas ações podem ser tomadas, como: organizar o regime legal, regulatório e tributário da indústria nacional de material de defesa para que ela tenha condições de abrir mão das necessidades momentâneas do mercado para priorizar os imperativos estratégicos nacionais; criar fundos perenes de apoio à pesquisa em defesa cibernética a serem feitas pela iniciativa privada, mas com a possibilidade de integração com o meio acadêmico ou institutos de pesquisa; o componente estatal da indústria de material de defesa deve ter www.banasqualidade.com.br por vocação fomentar o que o setor privado não possa projetar e fabricar, a curto e médio prazo, de maneira rentável; o Estado precisa ser vitrine dos produtos nacionais para os clientes estrangeiros; isto porque uma empresa que não consegue vender seus produtos no mercado interno dificilmente terá êxito ao tentar vendê-los no mercado internacional; e o futuro das capacitações tecnológicas nacionais de defesa depende mais da formação de recursos humanos do que do desenvolvimento de aparato industrial. Daí a primazia da política de formação de especialistas em ciência básica e aplicada. Ao se fazer uma análise da vulnerabilidade das redes brasileiras, percebe-se que o Brasil ainda tem muito que avançar para conseguir se equiparar aos países ricos. Todavia, para se conseguir esse emparelhamento partindose da fase de maturidade da tecnologia, o processo torna-se muito caro e, mesmo assim, com poucas chances de sucesso. Sabe-se que os recursos são escassos e que as grandes potências mundiais dispõem de orçamento e realizam investimentos muito superiores, se comparados aos países emergentes. O ponto de entrada mais promissor, para países em desenvolvimento como o Brasil, é a fase inicial de desenvolvimento, fase esta pela qual o mundo atravessa. Basta lembrar que os países ricos estão rogando por possibilidade de parcerias. n BQ | Agosto 2013 | 29 Metodologia Just in Time JUST IN TIME: Conceito, definição e objetivos “Just in time é um sistema que tem por objetivo produzir a quantidade demandada a uma qualidade perfeita, sem excesso e de forma rápida, tranportando o produto para o lugar certo no tempo desejado” (Hall, R. W., 1983). 30 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br Metodologia Just in Time Por Cristiano Bertulucci Silveira E sta definição sintetiza muito bem o conceito do just in time (também conhecido como JIT) e seu impacto em toda cadeia produtiva. O JIT tem a premissa de alocar a matéria prima, na quantidade e no tempo necessário. Ele está relacionado com a produção por demanda, ou seja, a venda do produto ativa e puxa todo processo produtivo. Objetivos do Just in time Todo esforço investido no JIT tem como objetivo reduzir, ou mesmo eliminar, todo estoque e desperdícios nos diferentes estágios do processo eliminando os custos derivados. Este conceito por si só leva a um processo de melhoria contínua, pois exige da administração o desenvolvimento de políticas, padronização de processos e elementos que tornam a empresa competitiva. A Figura 1 exemplifica como os estoques podem ser diminuídos em uma linha de manufatura com a aplicação do Just-in-Time. www.banasqualidade.com.br Demonstração de um processo de manufatura antes e depois do Just in Time. Demonstrando graficamente, podemos ver a redução de estoques com a aplicação do JIT. (Figura 2) Pelo gráfico, observamos que quando reduzimos a quantidade do lote, o inventário reduz drasticamente. A princípio, qualquer pessoa percebe que é uma grande vantagem trabalhar com o JIT. No entanto, não é tão simples assim. Vejamos as vantagens, as desvantagens e os pré-requisitos para que o JIT possa funcionar de forma adequada na empresa. Just in time: vantagens e desvantagens A vantagem de utilizar este conceito está na agilidade e na redução de custos que ocorrem em toda cadeia produtiva. Algumas plantas já são estruturadas com células onde são alocados os fornecedores para que eles possam fornecer em pequenas quantidades e em fluxo contínuo. Toda a lógica do sistema contribui para otimizar o espaço utilizado na planta. Podemos relacionar ainda as seguintes vantagens: u BQ | Agosto 2013 | 31 Metodologia Just in Time • Rápida conversão dos materiais; • Redução do trabalho em processo; • Redução de espaço e manuseio; • Rápida resposta aos problemas; • Redução de agendamentos e rastreamentos; • Maior responsabilidade; • Melhor qualidade; • Menos desperdícios e retrabalhos; • Melhor resposta ao mercado; • Melhoria de atitude. A desvantagem é que este conceito não pode ser aplicado em produtos com demanda pouco previsível e com grandes oscilações. Outro ponto é que ele funciona com maior eficiência com pequenos números de fornecedores sendo necessário que os mesmos tenham estabilidade no fornecimento de materiais. Just in time e Kanban Para os iniciantes, uma dúvida é comum: “O just in time e o kanban não são as mesmas coisas?”. A resposta é: “Não”, Explicando a resposta: O kanban é uma ferramenta de trabalho utilizada para o controle de produção (muito importante no conceito do just in time). No kanban, são utilizados cartões que controlam o estoque e a produção de forma visual. O just in time é mais do que uma técnica de gestão de produção. No Just in time estão incluídos conceitos de administração de produtividade, gestão de materiais, projeto do produto, gestão de qualidade, recursos humanos e a administração do trabalho. 32 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br Metodologia Just in Time Na prática o que ocorre é os dois conceitos operando em complemento, ou seja, o kanban funcionando de forma conjunta com o just in time. Condições para implantação do JIT Para a implantação do Just in time é necessário que a empresa tome algumas atitudes. Veja abaixo algumas delas: • Comprometimento da alta administração; • Verificar onde é possível a implementação do Kanban; • Realizar o treinamento de funcionários; • Investir capital para melhoria de processos; • Melhorar a capacidade de medir o desempenho em diversos setores; • Facilitar a comunicação entre as áreas; • Dominar os processos pertinentes; • Garantir eficiência no controle de qualidade Estas ações são necessárias pela seguinte razão: Os estoques altos em uma linha de produção escondem determinados problemas como: má concepção de produto, setup longo, layout deficiente, baixa qualidade, máquinas avariadas e fornecedores não confiáveis. Quando a empresa decide implantar o JIT, estes problemas, que antes não eram visíveis, irão aflorar. Por este motivo, o JIT só pode acontecer após: • O tempo de setup ser reduzido ou eliminado; • A taxa de defeitos referentes a qualidade ser minimizada; • Existir prevenção das avarias dos equipamentos; • Os prazos de entrega serem mínimos; • Existir otimização da dimensão dos lotes; • A movimentação e os transportes serem minimizados Just in time e Lean Manufacturing Lean Manufacturing, também chamada de Manufatura Enxuta, lança mão de várias ferramentas, sendo o conceito de Just in time considerado um de seus principais pilares. Na prática, o JIT é uma das origens do sistema Toyota de Produção, que por sua vez é a origem da Lean Manufacturing. A frase abaixo reflete bem este pensamento: “Quando uma organização atingir o estado Lean, então poderá dizer-se que funciona verdadeiramente segundo conceitos JIT.” Como a automação industrial e softwares contribuem para o sistema just in time? Como observado, o JIT requer uma programação cuidadosamente planejada, principalmente no que tange ao fluxo de recursos através do processo de produção. Geralmente, empresas industriais modernas utilizam softwares de programação de produção sofisticados que consideram o planejamento para cada período de tempo na linha. Eles também podem possuir a funcionalidade de encomendar o estoque correto quando necessário. As informações são trocadas com fornecedores e clientes através de EDI (Electronic Data Interchange) para ajudar a garantir que cada detalhe está correto. A aut om a ç ã o i n du s t r i a l p or s u a v e z , p o d e au x i l i a r a m on it or a r v a r i áv e i s i mp or t a nt e s d e pro c e s s o d e f or m a a e v it a r p a r a d a s d e e q u ip a m e nt o s q u e n ã o p o d e m o c or re r d e v i d o a o f at o d e q u e n o J I T t r a b a l h a m o s c om p ou c o e s t o q u e . O controle de interrupções de máquinas produtivas, perda de produtos e produção efetiva também pode ser feito com a utilização de sensores e softwares de automação. A grande vantagem é que tudo pode ser feito em tempo real, premissa básica do Just in Time. n Cristiano Bertulucci Silveira é engenheiro eletricista pela Unesp com MBA em Gestão de Projetos pela FVG e certificado pelo PMI. Atuou em gestão de ativos e gestão de projetos em grandes empresas como CBA-Votorantim Metais, Siemens e Votorantim Cimentos. Atualmente é diretor de projetos da Citisystems – cristiano@citisystems. com.br – Skype: cristianociti www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 33 MASP Como ensinar pessoas comuns a usar o MASP Claudemir Y. Oribe mestre em administração de empresas PUC Minas/ Fundação Dom Cabral sócio consultor da Qualypro claudemir@qualypro. com.br Qualquer um pode aprender a resolver problemas complexos. Basta ter acesso a formação correta e se dedicar para complementar o aprendizado no ambiente de trabalho. Qualquer um pode resolver problemas. Essa constatação já foi demonstrada até mesmo com experiências científicas em seres não humanos. No entanto, na medida em que componentes do problema e da solução se desarranjam no tempo e no espaço, e se escondem sob todos os elementos materiais e imateriais da organização, podemos dizer que temos diante de nós problemas denominados de complexos. Os problemas complexos não são obras de assombração, de entes do além ou do campo incompreensível da metafísica. São problemas cujas causas estão ocultas, esperando alguém com mais disposição e competência, para serem desvendadas, explicadas e solucionadas. Um problema complexo exige, portanto, um repertório mais aprimorado de conhecimentos, habilidades e atitudes que podem muito bem serem aprendidas por quem quer que seja. Se qualquer um pode resolver problemas complexos desde que tenha as competências, é preciso então esclarecer como essas competências podem ser obtidas. Aplicar o MASP não se resume em seguir uma sequencia de etapas ou, muito menos, preencher um formulário de ação corretiva. As competências podem ser obtidas em salas de aula e no ambiente de aplicação. Em salas de aula é preciso em primeiro lugar esclarecer que existem várias formas de resolver problemas como por exemplo, a tentativa e erro, a intuitiva, a experimental e a científica. É preciso mostrar as vantagens e desvantagens de cada abordagem e mostrar por que usar a abordagem científica é a melhor frente as demais. Isso se faz com exposição e exemplificação, onde os participantes se lembrarão dos insucessos dos métodos menos estruturados. Em seguida deve-se procurar desenvolver algumas habilidades básicas. Ordenação e raciocínio lógico por meio de exercícios práticos para colocar coisas em ordem, ou jogos como sudoku, podem ajudar nesse papel. Mais adiante é preciso, evidentemente, ensinar o método em si, relacionando suas etapas com o ciclo PDCA e mostrando como o método, embora se compondo de um certo número de etapas e passos, tem uma consistência lógica tão bem feita que pode ser montada sem consulta, após uma explicação, na forma de um quebra-cabeças. Esse exercício simples tem uma dupla finalidade: fazer as pessoas pensarem sobre a sequencia metodológica do MASP e remover a ideia preconcebida de que o MASP é ele, por si só, complexo. Ainda em sala de aula, é desejável passar alguns 34 | Agosto 2013 | BQ conceitos como a da racionalidade, a objetividade e a sistematização. Esses conceitos fazem parte do pano de fundo e da fundamentação que sustenta o MASP como método analítico e científico. Sem eles arrisca-se a ser abduzido pela tentação da irracionalidade, da subjetividade e do encontro da sorte grande, que acertam vez ou outra, mas que não podem ser ensinados, pela impossibilidade de reprodução. Finalmente, é importante ensinar os participantes a utilizar um conjunto mínimo de ferramentas da qualidade, afinal, método e ferramenta são aliados inseparáveis na resolução de problemas. Este conjunto pode variar entre sete e vinte, dependendo da carga horária do curso, que deve ser algo entre 16 e 40 horas. As ferramentas devem ser praticadas em sala considerando, evidentemente, o conhecimento prévio dos participantes. É fundamental que o participante aprenda a função de cada ferramenta para a execução de cada etapa ou passo do MASP. Estudos de caso e um exercício de aplicação do método e das ferramentas, com problemas simulados ou reais, podem ajudar os participantes a compreender e vencer a barreira natural entre o ambiente de aprendizagem e o ambiente de aplicação. Tudo pode ser feito com materiais simples, como papel em branco, papel quadriculado, canetas coloridas, réguas e dados gerados na hora ou fornecidos pelo instrutor. Se for possível, o uso de programas de computador torna o processo mais interessante para aqueles que dominam esses recursos. Uma vez aprendido o método e as ferramentas em sala de aula, é preciso complementar o aprendizado em campo pois, infelizmente, as competências não podem ser desenvolvidas apenas no ambiente didático. A própria experiência de usar o método fornecerá os conhecimentos tácitos que preenchem pequenas lacunas deixadas pelo aprendizado em sala de aula. É importante, então, propiciar contatos com pessoas de elevada experiência de aplicação, bem como conhecimento absolutamente consistente do método. Abandonar a própria sorte, os empregados que acabaram de aprender o método, é desperdiçar tempo e dinheiro, pois qualquer um pode resolver problemas complexos usando o MASP mas, para isso, é recomendável que, além de aprender em sala, desenvolva pelo menos três projetos. No primeiro eles terão dificuldades e os trabalhos talvez não fique tão bons. No segundo, corrigirão os erros que cometeram na primeira vez. Na terceira aplicação, se bem orientados, os empregados serão “feras” em MASP. Essa competência jamais será perdida e as experiências positivas serão levadas para o resto de suas vidas.n www.banasqualidade.com.br nside Notícias do Mercado Vanzolini como entidade de certificação da CERTICS A Fundação Vanzolini, foi qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) como entidade de certificação da CERTICS. A CERTICS foi criada com o intuito de potencializar a capacidade de transformação do mercado brasileiro de TI. Seu principal objetivo é alavancar a autonomia tecnológica, a capacidade de inovação e a geração de negócios baseados em conhecimento, que são os princípios do desenvolvimento nacional sustentável. A certificação destina-se às organizações desenvolvedoras de software instaladas em território nacional, de diferentes portes, nichos de mercado e modelos de negócios. Vale ressaltar que ela é voluntária e serve de instrumento às organizações que buscam a qualificação para a preferência em compras públicas e diferenciação no mercado. Pesquisa e Desenvolvimento na área de END Salvador (BA) será palco de mais um Encontro Regional de END e Inspeção, que acontece em 29 de agosto de 2013. A 11ª edição do Encontro Regional www.banasqualidade.com.br de END e Inspeção divulgará as pesquisas em andamento na área e promoverá o intercâmbio de informações, tecnologias e práticas com foco na região Nordeste e em seus polos de desenvolvimento. O evento contará com apresentações de trabalhos e sessões técnicas, mesas redondas e palestras que abordarão temas como: aplicação dos ENDs, desenvolvimento de novos ensaios, novas técnicas não convencionais de inspeção, uso da informática em END e no gerenciamento da inspeção, sistemas especializados para END e para a garantia da qualidade e formação, treinamento e qualificação. http://w w w.abendieventos.org. br/11_encontro/ Consiga doações para realizar os seus projetos ambientais e sociais! A praça, a viela, a escola, o terreno público, o centro comunitário estão abertos, porém em condições precárias ou sub-utilizados, não cumprindo todo o seu potencial ambiental, social e cooperativista. Esta é a realidade do seu bairro? E vocês, seus amigos e amigos de amigos tem a vontade e o conhecimento para mudar esta realidade? Este é o momento de escrever o seu projeto e de uma forma coletiva e colaborativa conseguir doações e voluntários para viabilizar a sua Causa. Conheça o portal Causa Coletiva (www.causacoletiva.com), uma ferramenta para ajudar você a divulgar o seu projeto social e/ou ambiental e conseguir apoio financeiro para que ele se torne realidade. Veja também algumas dicas em “Comece seu projeto” ou nos contate no www.facebook.com/causacoletiva. Qualidade na cultura pop Alguma vez você já tentou explicar a um leigo ou a um colega, exatamente o que é que faz um profissional da qualidade? Trazendo para a vida real os conceitos da qualidade, pode ser um desafio, e exemplos reconhecíveis à mão podem ser um exemplo real que facilitará a explicação. O site da thecqi.org pediu a seus membros do LinkedIn-CQI para sugerirem exemplos de conceitos de gestão de qualidade presentes em livros, na televisão e no cinema. Os resultados foram surpreendentes e diversificados. Veja: http://www.flickr. c om / / p h ot o s / 9 8 5 9 8 6 4 3 @ N 0 6 / sets/72157634545168761/show/ Guia RBC - 2014 Já esta em elaboração o unico guia da Rede Brasilera de Calibração do país. Uma fonte permanente de consultas que em seu primeiro ano de edição digital teve mais de 18 mil downloads. Maiores informações: [email protected] BQ | Agosto 2013 | 35 Normalização Iluminação Iluminação pública: Cumprir as normas técnicas aumenta a segurança da população Nos projetos de iluminação pública, o gestor público deve atender a requisitos específicos, provendo benefícios econômicos e sociais para os cidadãos, incluindo a redução de acidentes noturnos; melhoria das condições de vida, principalmente nas comunidades carentes; auxílio à proteção policial, com ênfase na segurança dos indivíduos e propriedades; facilidade do fluxo do tráfego; destaque nos edifícios e obras públicas durante a noite; e eficiência Por Mauricio Ferraz de Paiva A iluminação pública é essencial à qualidade de vida nos centros urbanos, atuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes desfrutar, plenamente, do espaço público no período noturno. Além de estar diretamente ligada à segurança pública no tráfego, a iluminação pública previne a criminalidade, embeleza as áreas urbanas, destaca e valoriza monumentos, prédios e paisagens, facilita a hierarquia viária, orienta percursos e aproveita melhor as áreas de lazer. A NBR 5101: Iluminação pública – Procedimento estabelece os requisitos para iluminação de vias públicas, propiciando segurança aos tráfegos de pedestres e de veículos, pois muitas vezes em algumas cidades brasileiras a iluminação pública não cumpre com a sua função social. Ela deve ter como principal objetivo proporcionar visibilidade para a segurança do tráfego de veículos e pedestres de forma rápida, precisa e confortável. 36 | Agosto 2013 | BQ Os projetos de iluminação pública devem atender aos requisitos específicos do usuário, provendo benefícios econômicos e sociais para os cidadãos, incluindo a redução de acidentes noturnos; melhoria das condições de vida, principalmente nas comunidades carentes; auxílio à proteção policial, com ênfase na segurança dos indivíduos e propriedades; facilidade do fluxo do tráfego; destaque nos edifícios e obras públicas durante a noite; e eficiência energética. A aplicação da norma NBR 5101 irá produzir iluminação adequada e utilização racional da energia, se o projetista e o usuário utilizarem: lâmpadas, reatores e luminárias eficientes, com distribuições apropriadas para cada tipo de instalação; luminárias com posicionamento e alturas de montagem adequadas; um bom programa de manutenção, para assegurar a integridade do sistema e a preservação do nível de iluminação considerado no projeto. A distribuição apropriada das intensidades www.banasqualidade.com.br Normalização Iluminação luminosas das luminárias é um dos fatores essenciais de iluminação eficiente em vias. As intensidades emitidas pelas luminárias são controladas direcionalmente e distribuídas de acordo com a necessidade para visibilidade adequada (rápida, precisa e confortável). As distribuições de intensidades são geralmente projetadas para uma faixa típica de condições, as quais incluem altura de montagem de luminárias, posição transversal de luminárias (avanço), espaçamento, posicionamento, largura das vias a serem efetivamente iluminadas, porcentagem do fluxo luminoso na pista e áreas adjacentes, mantida a eficiência do sistema. A poluição luminosa é o brilho noturno no céu acima das áreas características de concentração urbana que é provocada pela luz artificial mal direcionada de casas, prédios e demais instalações, que é refletida na poeira, vapor de água e outras partículas dispersas na atmosfera. No caso da poluição luminosa pode ser entendida www.banasqualidade.com.br como desperdício de energia, provocada por luminárias, instalações e projetos ineficientes e mal elaborados. No caso da iluminação pública, a poluição luminosa é traduzida em projetos com níveis de iluminância superdimensionados não condizentes com a iluminação recomendada nessa norma ou por luminárias sem o correto controle de dispersão de luz. As luminárias recomendadas para reduzir a parcela da iluminação pública na poluição luminosa devem possuir uma classificação que mantenha baixa a emissão de luz acima do eixo horizontal, possua alta eficiência luminosa e permita baixos ângulos de instalação. Os projetores, quando necessário, devem possuir aletas internas ou externas que limitem a propagação da luz para fora da área a ser iluminada. Para permitir uma melhor convivência entre a iluminação pública e a arborização, é apresentada uma equação que pode ser utilizada para desobstruir a iluminação na via. A equação considera os ângulos de máxima incidência de luz u BQ | Agosto 2013 | 37 Normalização Iluminação das luminárias nos sentidos longitudinal e transversal à via, a sua altura de montagem e a distância da árvore. A equação apresentada deve ser utilizada para auxiliar os planejadores municipais, as empresas de iluminação pública e os órgãos gestores da arborização urbana nas seguintes situações: na adequação dos sistemas existentes onde a posteação e as árvores já existam, permitindo definir a linha de poda dos ramos que comprometam a iluminação; na implantação de novos sistemas de iluminação em praças, vias e calçadões, auxiliando na definição da posição dos postes e sua distância às árvores existentes; e na implantação de novas árvores em praças, vias e calçadões, auxiliando na definição das árvores em relação aos postes existentes. Já a NBR 15129 de 07/2012 - Luminárias para iluminação pública - Requisitos particulares estabelece os requisitos para as luminárias para vias públicas, iluminação pública e outros tipos de aplicações de iluminação externa, com equipamentos auxiliares integrados ou não integrados, para iluminação pública; luminárias para túneis; e luminárias integradas com coluna, com uma altura mínima em relação ao solo de 2,5 m; e uso de outras fontes elétricas de iluminação com tensões de alimentação não superiores a 1.000 V. As luminárias para iluminação pública destinam-se à iluminação de vias públicas, ruas, praças, avenidas, túneis, passagens subterrâneas, jardins, vias, estradas e passarelas. As luminárias integradas com coluna com altura total inferior a 2,5 m estão sob análise. A fotometria das luminárias para iluminação pública é tratada na NBR 5101. A distribuição das intensidades luminosas da luminária em relação à via é classificada de acordo com três critérios: a) distribuição longitudinal (em plano vertical); b) distribuição transversal; e c) controle de distribuição de intensidade luminosa no espaço acima dos cones de 800 e 900, cujo vértice coincide com o centro óptico da luminária (distribuição de intensidade luminosa no espaço acima de 800 e 900 em relação à linha vertical que contém o centro óptico da luminária). A classificação de distribuição de intensidade luminosa longitudinal e transversal deve ser feita na base do diagrama de isocandela, traçada sobre um sistema retangular de coordenadas contendo uma série de linhas longitudinais da via (LLV) em múltiplos da altura de montagem (AM) e uma série de linhas transversais da via (LTV) também em múltiplos da altura de montagem. Enfim, ao longo da história brasileira, a iluminação pública foi importantíssima para as cidades, em virtude do crescimento da urbanização e dos problemas gerados 38 | Agosto 2013 | BQ por esse crescimento, como a falta de infraestrutura nas cidades (esgoto, água tratada, etc.). Atualmente, a falta de iluminação pública nas ruas contribui bastante para a prática de crimes. A escuridão e a falta de iluminação prejudicam os cidadãos, que, geralmente, em razão do trabalho ou estudo, acabam transitando à noite nas ruas. A falta de iluminação pública nas ruas das cidades contribui significativamente para a falta de segurança da população das cidades. Em conclusão, pode-se dizer que um adequado projeto de iluminação deve ter como objetivo ser um potente dissuador psicológico, principalmente quando instalado nas áreas de acesso. A forte iluminação ofusca a visão do provável agressor. Estudos científicos evidenciam 90% dos estímulos externos ao organismo humano vêm de percepções visuais. Pode-se perceber assim, a importância da luz como influenciadora de muitas funções do organismo humano entre elas o seu comportamento. Entende-se que iluminação apresenta dois propósitos para a arquitetura contra o crime: uma seria para a iluminação de atividades humanas da sua vida diária e a outra para a sua segurança. A luz faz as pessoas se sentirem mais seguras, principalmente à noite, em função da sensação de controle visual do que ocorre à sua volta, notadamente quando esta luz atinge os limites do local onde a pessoa se encontra.n Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria [email protected] www.banasqualidade.com.br Minitab Estudo de Caso Riverview Hospital Association: Melhorando a satisfação do cliente A Riverview Hospital Association confia no Minitab Statistical Software para analisar dados de seu programa Lean Six Sigma. FATOS PRINCIPAIS ORGANIZAÇÃO Riverview Hospital Association VISÃO GERAL • Estabelecida em 1912 • Provedor de assistência médica independente e de propriedade da comunidade na região central de Wisconsin • Inclui o Riverview Hospital, várias clínicas médicas, um centro de câncer, centro de substituição de articulações, centro de cuidados com ferimentos e instalação odontológica. DESAFIO Melhorar as pontuações de satisfação dos pacientes PRODUTOS USADOS Minitab Statistical Software RESULTADOS • Melhoria do processo de educação na liberação do paciente • Melhoria na porcentagem média de respostas positivas da pesquisa mensal • Aproveitamento das lições aprendidas em projetos futuros para melhorar a satisfação dos pacientes www.banasqualidade.com.br A Riverview Hospital Association, uma provedora de assistência médica que atende pacientes em Wisconsin Rapids, Wisconsin e cidades vizinhas, é proprietária e opera o Riverview Hospital, assim como um centro de câncer, instalação odontológica e várias clínicas de saúde de família que oferecem assistência médica primária. A associação do hospital fornece assistência médica compassiva e de altíssimo nível para essas comunidades e, ao mesmo tempo, mantém preços acessíveis aos pacientes. Para provedores como a Riverview, as recentes mudanças no sistema de assistência médica dos EUA colocaram mais ênfase na melhoria da qualidade do atendimento e no aumento da satisfação do paciente. "Nessa era de reforma da assistência médica, é ainda mais essencial para os provedores ter um método sistemático para melhorar a maneira que a assistência é prestada," diz Christopher Spranger, diretor de Lean Six Sigma e melhoria de qualidade na Riverview Hospital Association. "Temos um programa Lean Six Sigma implantado há quatro anos e trabalhamos continuamente buscando maneiras para tornar nosso hospital mais seguro e eficiente." Para acompanhar essas mudanças, que incluem modificações em como os pagamentos do Medicare são alocados aos provedores de assistência médica, a Riverview confia nos processos Lean Six Sigma e no Minitab Statistical Software para fazer melhorias conduzidas pelos dados na satisfação do cliente e na qualidade do atendimento. u BQ | Agosto 2013 | 39 Minitab Estudo de Caso O Desafio Sob o que é conhecido como Hospital Inpatient Value-Based Purchasing (VBP), uma parte dos pagamentos do Medicare que os hospitais recebem está ligada diretamente com as métricas de satisfação do cliente e qualidade do atendimento, em vez de totalmente no volume de tratamento dos pacientes do Medicare. Uma nova regra do Centers for Medicare and Medicaid Services (CMS) concede pagamentos de incentivos Medicare a hospitais que estão atingindo altos padrões de qualidade de atendimento ou que estejam mostrando melhorias suficientes. Os hospitais que não atingem esses padrões estão sujeitos à redução nos pagamentos do Medicare. "Quase todos os hospitais tratam uma porcentagem suficientemente grande de pacientes do Medicare," diz Spranger, "assim, essa regra apresenta um desafio significativo com implicações financeiras substanciais para nós e para muitos outros hospitais." Os pagamentos de incentivos são determinados pela pontuação dos hospitais em duas áreas. Uma área leva em consideração o processo clínico do atendimento, onde o hospital é julgado por seu desempenho em cumprir doze medições clínicas predefinidas. A segunda área é baseada na experiência geral do paciente e medida através de uma pesquisa chamada de Hospital Consumer Assessment of Healthcare Providers and Systems (HCAHPS, Avaliação de clientes do hospital dos sistemas e provedores de assistência médica). As pontuações do HCAHPS dependem da porcentagem de respostas positivas recebidas por cada pergunta dentro de cada "dimensão" ou categoria específica. As dimensões incluem: comunicação com médicos e enfermeiros, clareza na informação de liberação, classificação geral do hospital, etc. Quando Spranger e a equipe de Lean Six Sigma na Riverview descobriram que as pontuações gerais da pesquisa HCAHPS do hospital eram mais baixas que o desejado para a dimensão de informações sobre liberações, eles se comprometeram para melhorar as pontuações com técnicas Lean Six Sigma e análise de dados. Com as cartas de controle do Minitab, a equipe de Lean Six Sigma da Riverview analisou e monitorou os patamares das taxas de resposta positiva da satisfação dos clientes durante vários meses. Como a Minitab ajudou A meta da equipe de Lean Six Sigma era melhorar a porcentagem de respostas "sim" para a seguinte pergunta de sim ou não da pesquisa HCAHPS: "Durante a permanência no hospital, os médicos, 40 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br Minitab Estudo de Caso enfermeiros ou outros funcionários do hospital perguntaram se você teria a ajuda necessária ao deixar o hospital?" Para começar, a equipe avaliou seu patamar de desempenho, representando graficamente os resultados dos 24 meses anteriores com uma carta de controle do Minitab. Uma carta de controle representa os dados sequencialmente, facilitando a visualização da variação de um processo ao longo do tempo, e se essa variação é anormal ou não. O gráfico revelou um processo estável e uma taxa atual de resposta mensal positiva média de 85 por cento. A meta era melhorar as respostas mensais positivas e ultrapassar a marca de referência de 91 por cento. Para determinar fatores subjacentes que poderiam ocasionar baixas pontuações, Spranger e a equipe escolheram analisar dados de pacientes que já estavam disponíveis ao hospital, coletados como parte da pesquisa HCAHPS. Eles tiveram acesso à idade do paciente, sexo, duração da permanência, idioma principal, nível de escolaridade, unidade hospitalar visitada, etc. Com cartas, histogramas e gráficos do Minitab, eles conseguiram explorar as variáveis e respostas graficamente, facilitado a visualização de padrões e tendências nos dados. A equipe se aprofundou na análise das variáveis e usou o Assistente do Minitab—uma ferramenta baseada em menu que guia os usuários passo a passo durante suas análises estatísticas. Eles seguiram as árvores de decisão interativas para determinar qual análise usar e selecionaram a análise de variância (ANOVA) para comparar as médias da amostra e procurar diferenças significativas nas variáveis que poderiam estar afetando a pergunta da pesquisa HCAHPS. A equipe da Riverview começou esse projeto com uma suposição predefinida de que as diferenças no nível de escolaridade ou idioma principal do participante da pesquisa poderiam oferecer uma visão clara sobre as baixas pontuações, mas a análise dessas variáveis não revelou diferença estatística significativa. No entanto, a análise de outras variáveis revelou diferenças estatisticamente significativas nos grupos de idade dos participantes da pesquisa e na unidade hospitalar visitada. "Analisar os dados no Minitab nos ajudou a identificar grupos de pacientes específicos que estavam com uma pontuação normalmente menor e depois a direcionar os esforços de melhoria do processo para essas populações de pacientes," diz Spranger. "Conseguimos pegar um grande problema e nos www.banasqualidade.com.br aprofundar nos detalhes até chegar a uma população de pacientes bem específica". Resultados A equipe de Lean Six Sigma da Riverview conseguiu reduzir o escopo do projeto e usar os conhecimentos adquiridos para melhorar a satisfação dos pacientes nos grupos identificados com pontuação mais baixa. "Historicamente, as organizações de saúde tentam melhorar a satisfação do paciente através do treinamento de funcionários e outras soluções de grande escala," diz Spranger. "Agora, com uma abordagem direcionada pelos dados, conseguimos abordar melhor as melhorias." As melhorias para esse projeto tiveram como objetivo os grupos de pacientes com baixa pontuação de faixas etárias específicas, além de pacientes que permaneceram em unidades hospitalares específicas. A equipe também usou o esforço de melhoria para resolver problemas importantes identificados no processo atual para lidar com as liberações de paciente, que incluíam tempo para educação, garantindo o envolvimento de um cuidador da família e esclarecendo resultados com o paciente. Eles reprojetaram o processo de educação da liberação em três fases para lidar com problemas anteriores com o tempo, colaboraram com clínicas médicas de atendimento primário para garantir a consistência, criaram um processo para garantir que um cuidador familiar principal fosse identificado para se envolver na gestão do cuidado após a liberação e esclareceram a terminologia na documentação de liberação que não era considerada clara. Após implantar essas estratégias de melhoria, a equipe comparou a proporção atual de respostas "sim" com as respostas anteriores ao início do projeto. Eles obtiveram um ganho impressionante em sua proporção de respostas "sim" e cumpriram sua meta de ultrapassar a marca de referência de 91 por cento para a média de respostas mensais positivas. Atualmente, Spranger e sua equipe estão aproveitando outras lições aprendidas durante esse projeto e formando mais equipes de melhoria para analisar e melhorar as outras dimensões do HCAHPS. "Nossa meta final é melhorar a experiência dos nossos pacientes," diz Spranger. "Através de esforços como esses, a equipe de Lean Six Sigma na Riverview continua a cumprir nossa missão". www.minitab.com/pt-BR BQ | Agosto 2013 | 41 Recursos Livros, Websites e Produtos Software de Gestão O SoftExpert Excellence Suite é a mais completa solução corporativa para a gestão integrada da excelência e conformidade empresarial. Oferecendo um amplo conjunto de módulos multi-idiomas, nativamente integrados e 100% web, a solução automatiza os principais processos envolvidos nas necessidades de melhoria e otimização das diversas áreas de negócio das organizações, aprimorando a gestão, reduzindo custos operacionais, e facilitando o atendimento às principais normas e regulamentações do mercado. A solução também complementa e otimiza a utilização dos sistemas de gestão empresarial, estando integrada aos principais ERPs do mercado através de conectores prontos ou desenvolvidos conforme a necessidade específica de cada empresa. Principais áreas de atuação: • Gestão de Processos de Negócio • Gestão da Performance Corporativa • Gestão dos Ativos Empresariais • Gestão do Conteúdo Empresarial • Gestão da Qualidade Empresarial • Gestão do Meio-Ambiente, Saúde e Segurança • Gestão de Governança, Riscos e Regulamentos • Gestão do Desenvolvimento Humano • Gestão de Serviços de TI • Gestão do Ciclo de Vida do Produto • Gestão de Projetos e Portfolios • Gestão de Riscos Corporativos Principais regulamentos atendidos: • • • • ISO 9000 ISO13485 ISO 14000 ISO 31000 42 | Agosto 2013 | BQ • OHSAS 18000 • ISO/TS 16949 • FDA 21 CFR Part 11 • FDA 21 CFR Part 820 • ISO 22000 (HACCP) • ISO/IEC 17025 • SOX • AS/NZS 4360 • BSC • PMBOK • JCAHO • ISO 20000 (ITIL) • COBIT • CMMI http://www.softexpert.com.br/se-suite.php Tragédias, crimes e práticas infrativas decorrentes da não observância de normas técnicas brasileiras Essa publicação aborda, por meio da apresentação de casos reais, como o cumprimento de normas técnicas NBR – ABNT estão diretamente ligadas à segurança, à saúde e à qualidade de vida em nosso dia a dia. Discute, também, com essas normas geram economia: reduzindo a crescente variedade de produtos e procedimentos; facilitam a comunicação: proporcionando meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o cliente e melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços; protegem o consumidor, provendo a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos e serviços; eliminam as barreiras técnicas e comerciais, evitando a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países facilitando, portanto, o intercâmbio comercial. A nova tendência das publicações Em recente pesquisa realizada com editores dos EUA e Canadá, ficou constatado de que 90 por cento já possuem conteúdo móvel ou digital, contra menos de 50 por cento em 2010. Os resultados da pesquisa também mostram que as empresas de mídia estão distribuindo conteúdo em múltiplas plataformas, ansiosos para che- gar na frente dos leitores sobre o seu dispositivo de escolha. Os produtos da Apple ainda dominam o mercado, com 85 por cento das editoras com aplicativos para iPhone e 87 por cento com aplicativos do iPad. Mas o Kindle e aplicativos Nook estão crescendo. “As empresas de mídia sabem que a entrega de conteúdo onde e quando os consumidores querem é fundamental”, disse Eric John, vice-presidente de serviços digitais da AAM. “Eles sabem que o conteúdo digital, incluindo as edições baseadas em navegador e aplicativos móveis, já não é a onda do futuro, mas as apostas da mesa para continuar chegando e crescendo em quantidade de leitores digitais. Resultados da pesquisa deste ano mostram que as editoras adotaram tablets, smartphones e Web como parte integrante de sua estratégia global de publicação multi-plataforma. O mais recente exemplo desta migração dos leitores da mídia impressa para a mídia digital, são os jornais de todo o mundo que têm observado o crescente crescimento dos leitores da versão eletrônica. Para as revistas, principalmente do segmento especializado, os altos custos gráficos e de distribuição têm levado diversas publicações em todo o mundo a repensarem a estratégia de seu negócio. No Brasil a Revista BQ Banas Qualidade, em uma decisão inédita transformou sua publicação em versão apenas digital a partir de janeiro deste ano. Uma plataforma amigável que possibilita a interatividade, tornou a publicação mais completa de informações e com diversas ferramentas que possiblitam ao leitor, assistir a video dentro da revista, enviar email para articulistas e colunistas, fazer link com anunciantes, fazer busca por palavras, marcar páginas e textos, salvar a publicação em PDF e outras ferramentas de busca e consulta. Com o o tema de “levamos a informação onde ela precisa estar...”, a Revista BQ se antecipa ao seu tempo. www.banasqualidade.com.br Consumidor Defesa A segurança de produtos de consumo A norma ISO 10377:2013 – Consumer product safety – Guidelines for suppliers oferece aos fornecedores, como designers e varejistas, as orientações práticas sobre como avaliar e gerenciar o risco de fornecer produtos seguros para o consumidor. Por Elizabeth Nielsen U ma nova norma que fornece as diretrizes para a segurança de produtos de consumo está prestes a ter um efeito significativo e positivo sobre os fornecedores, produtos e consumidores. A ISO 10377:2013 – Consumer product safety – Guidelines for suppliers (Segurança de produtos de consumo – Orientações para os fornecedores) oferece aos fornecedores, como designers e varejistas, as orientações práticas sobre como avaliar e gerenciar o risco de fornecer produtos seguros para o consumidor. A norma é destinada a pequenas e médias empresas (PME), bem como as empresas maiores e oferece avaliação de risco e técnicas de gerenciamento para produtos mais seguros ao consumidor. Na verdade, os grupos focais usando uma norma em reuniões com fornecedores www.banasqualidade.com.br de PME podem identificar os principais requisitos e avaliar a sua utilidade. A norma é dividida em quatro seções principais descrevendo os princípios gerais, projeto seguro, produção segura e de segurança no varejo. São e salvo Os produtos são mais seguros quando os fornecedores têm uma ajuda no seu desenvolvimento, seja nas matérias primas, componentes, submontagem preparação, projeto, fabricação ou fase de distribuição. Criando um protótipo e verificando a sua disponibilidade de produção, reduzem a probabilidade de produtos defeituosos durante a produção. Fazendo a análise de perigos e pontos eliminam então quaisquer perigos remanescentes que possam justificar um aviso e instruções para o usuário final.u BQ | Agosto 2013 | 43 Consumidor Defesa Mas os produtos mais seguros também reduzem a responsabilidade. Embora a ISO 10377 se concentra principalmente sobre a segurança do produto, não foi surpresa que também limita a responsabilidade do fornecedor. O resultado é uma maior segurança e a redução do passivo em uma só penada. A linha inferior: um produto com menos chance de abrigar defeitos latentes que podem, inadvertidamente, prejudicar o usuário. Independentemente da estrutura da empresa e organização, a ISO 10377 irá afetar todos os fornecedores, independentemente do seu papel na cadeia de abastecimento e todos os tipos de produtos seja qual for a origem. A importância da rastreabilidade Os produtos devem ser rastreáveis e realizar um identificador único que é rotulado ou marcado na fonte. Isto também vale para matérias primas, componentes e subconjuntos. Os fornecedores devem insistir em produtos devidamente identificados a partir de fornecedores e ser capaz de rastrear os produtos de volta para sua fonte direta e identificar o próximo destinatário direto do produto na cadeia de abastecimento. A ISO 10377 afirma que a rastreabilidade vai atender às necessidades dos negócios, como a conformidade regulatória e a avaliação de segurança do produto, e irá melhorar o controle, a eficiência e o custo de um recall do produto, se necessário. Os produtos são seguros quando eles carregam documentação sobre o produto, seu design, sua produção e sua gestão no mercado. Um programa de retenção de documentos pode especificar como os usuários precisam segurar um documento, mas também deve indicar quais os documentos de produtos manter. Os fornecedores devem ser capazes de reconhecer o desen- volvimento de um produto através de sua documentação e traçar a sua concepção, avaliação de risco, análise de risco e decisões de ensaios para a sua concepção. A cultura de segurança do começo ao fim A ISO 10377 enfatiza a importância da construção de segurança para o produto na fase de projeto, fornecendo orientação para a identificação de perigos, avaliação de riscos confiável e medidas para reduzir possíveis riscos dos produtos. Ela serve como um ponto de referência para eliminar os perigos que seriam inaceitáveis durante o uso do produto, proporcionando consistência em toda a linha e estabelecer uma cultura de confiança em todas as funções da empresa. A norma também salienta a necessidade de uma cultura de segurança organizacional que abrange toda a cadeia de abastecimento. Ele explica como construir uma cultura de segurança do produto através de uma gestão estruturada de segurança do produto, colocando ênfase renovada na safetyrelated as tarefas a serem executadas nas fases de concepção, produção e comercialização de acordo com uma lista de verificação simples e incorporando objetivos de garantia da qualidade. Por exemplo, para uma PME, uma abordagem em cinco etapas seria um bom lugar para começar o seu plano de gestão de segurança de produtos: (1) verificar o compromisso da gestão para a segurança do produto, (2) o desenvolvimento de uma política de segurança do produto, de acordo com a tolerância ao risco da empresa , (3) à nomeação de um oficial de segurança do produto, (4) a integração de funções de segurança em estádios design, produção e comercialização, e (5) a criação de um protocolo de comunicação em toda a organização. A agenda de quatro pilares Para maior comodidade do usuário, ISO 10377 é dividida em quatro seções principais destacando áreas específicas. • Princípios gerais: esboços básicos, como a promoção de uma cultura de segurança do produto em toda a organização, buscando a melhoria contínua, melhor treinamento de pessoal, gerenciamento de registros e controle de documentos, e estabelecimento de processos de rastreabilidade e monitoramento de produto. • Aspectos de segurança do projeto: Especificações técnicas, risco tolerável pela identificação de perigos, avaliação de riscos e redução/eliminação, e as advertências 44 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br Consumidor Defesa • • e instruções sobre os riscos residuais para o usuário final. Segurança na produção: passos práticos para promover os princípios básicos de segurança em toda a cadeia de suprimentos, com foco em aspectos como práticas de fabricação, validação de projeto, protótipos de produtos, aquisição de material, ferramental, controle das especificações dos produtos e montagens de componentes, análise de amostras e auditoria na produção. Segurança no mercado: especifica as responsabilidades que incumbem ao importador, distribuidor e varejista para garantir que o produto encomendado continue a cumprir todos os requisitos de segurança. Isso é feito por meio de avaliações pré-compra e coleta de dados em curso, e, uma vez que o produto chegue aos seus usuários, identificar eventuais riscos do produto que foram perdidas durante as avaliações anteriores. www.banasqualidade.com.br Segurança é igual proteção Mark Kinzie, delegado da ANSI do ISO/PC 240, ISO/ PC 243, Consumer Product Safety , declarou recentemente: “Segurança, especialmente a segurança do produto, pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Para um engenheiro, é a análise de risco. Para um gerente de risco, é a perda de controle. Para um regulador, é o cumprimento. E para um advogado, é responsabilidade”. Claro que para um consumidor, a segurança do produto significa simplesmente proteção da família – um fato reconhecido pelo ISO/PC 243, o comitê responsável pela criação deste documento de orientação prática.n Elizabeth Nielsen é presidente do ISO/PC 243 – Consumer Product Safety. É uma cientista do governo e analista política canadense, tendo sido responsável por testar produtos em conformidade com os regulamentos e normas de segurança, e vem trabalhando para o desenvolvimento de normas, legislação e regulamentos. Traduzido por Hayrton do Prado Filho. BQ | Agosto 2013 | 45 Planejamento Controle de Produção Relato do processo de implantação e uso de um sistema de apontamento da produção Este trabalho tem como objetivo apresentar o relato de uma experiência empresarial de implantação de um sistema de apontamento de produção. Melhorar o Planejamento e Controle da Produção (PCP) é uma alternativa para que as empresas industriais possam atender diversas demandas provenientes do cenário empresarial. Para consecução do objetivo proposto, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre os temas de interesse, seguida de um estudo de caso em uma empresa que atua no fornecimento e fabricação de equipamentos médico-hospitalares localizada no interior do estado de São Paulo. Como principais resultados, observou-se que o sistema de apontamento implantado possibilitou melhorias no controle de produção da empresa, a identificação e solução de causas de improdutividade no chão de fábrica, além de permitir melhores e maiores informações para tomada de decisão no que refere ao planejamento e controle das atividades de produção. 46 | Agosto 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br Planejamento Controle de Produção Por Francisco Andrea Simões Braga e José Henrique de Andrade M uito se fala na concorrência acirrada entre empresas do mesmo segmento, na preocupação em manter-se no mercado, no impacto causado pelas mudanças do cenário empresarial, na necessidade de melhor atender o cliente e de como as empresas devem responder essas demandas. Dentre as diversas alternativas possíveis, as empresas buscam soluções para eliminar ou pelo menos minimizar os efeitos dessas demandas. De acordo com Corrêa et al. (2001), acurácia e atualização das informações disponíveis nos sistemas de informação são duas coisas difíceis de se encontrar em diversas empresas brasileiras, caracterizando um problema endêmico, gerando consequências mais graves do que os gestores imaginam. Como essas empresas geralmente possuem muitos recursos produtivos (máquinas, mão-de-obra, equipamentos, instalações, dentre outros), é importante que elas possuam meios de planejá-los, controlá-los e tomar decisões de como gerenciá-los. Nas empresas de manufatura, o setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP) tem como objetivo principal desenvolver atividades relativas ao atendimento das necessidades da empresa com relação à administração da produção, envolvendo inclusive a necessidade de disponibilizar informações para controle dos processos e recursos e isso está atrelado ao controle da produção, que, por sua vez, é uma das atividades do PCP. Rotineiramente o planejamento é realizado com base em ferramentas e cálculos que apresentam bons resultados, porém nem sempre perfeitos. Isso requer uma verificação do que foi executado frente ao planejado (FAVARETTO, 2002). É nessa fase então que atua o Controle da Produção (CP) Diante deste contexto, objetivo deste trabalho é apresentar o relato de uma experiência empresarial de implantação de um sistema de apontamento de produção, demonstrando os ganhos para a realização do CP e consequentemente para o melhor atendimento das demandas provenientes do ambiente empresarial. A fim de atingir o objetivo proposto, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre os temas de interesse e um estudo de caso em uma empresa industrial localizada no interior do estado de São Paulo. 1. Referencial teórico 1. 1 Planejamento e controle da produção www.banasqualidade.com.br De acordo Burbidge (1981, p.21), o PCP “é a função da administração relacionada com o planejamento, direção e controle do suprimento de materiais e das atividades de processo em uma empresa”. Gerenciar com eficiência o fluxo de material, a utilização de pessoas e equipamentos e responder às necessidades do cliente utilizando a capacidade dos fornecedores e da estrutura interna é tarefa essencial do sistema de PCP. O sistema de PCP fornece a informação a partir da qual gerentes tomam decisões efetivas (BURBIDGE, 1990; VOLLMANN et al., 2006). Decisões com o objetivo de definir o que, quando, quanto e como produzir, comprar e entregar, são também atividades inerentes ao PCP (FERNANDES e GODINHO FILHO, 2010). Slack et al. (2011) descrevem que o propósito do planejamento e controle da produção é de garantir que a produção ocorra eficazmente e produza produtos e serviços como se deve, porém a divisão entre planejamento e controle não é muito clara tanto na teoria quanto na prática, mas há características que auxiliam a distinguir os dois: • O planejamento consolida o que se pretende que aconteça no futuro, gerando um plano. Esse plano não garante que o planejado seja executado devido a várias variáveis que interferem na execução; • O controle é o processo de lidar com essas variáveis e contorna-las, é atividade primordial que envolve o replanejamento e o ajuste de operações para que os objetivos do plano estabelecido sejam atingidos. O planejamento da produção (PP) pode ser dividido em três principais atividades: inicia-se com a gestão da demanda no médio prazo, pois juntamente com a gestão financeira formam os principais inputs para o planejamento agregado da produção (PAP); posteriormente planeja-se a capacidade a médio prazo, interagindo com as decisões do PAP; por fim o PAP é desagregado (FERNANDES e GODINHO FILHO, 2010). A atividade gerencial responsável por regular o fluxo de materiais em um sistema de produção por meio de informações e decisões no curto prazo é o Controle da Produção (CP), isso é, planejar, coordenar, dirigir e controlar no curto prazo (BURBIDGE, 1990; FERNANDES e GODINHO FILHO, 2010). Segundo Moreira (2004) a programação e o controle da produção são atividades notadamente operacionais que encerram um ciclo de planejamento mais longo iniciado com o Planejamento da Capacidade e seguido do Planejamento Agregado. A fim de cumprirem o papel de suporte ao atingi u BQ | Agosto 2013 | 47 Planejamento Controle de Produção mento dos objetivos estratégicos da organização, Corrêa et al. (2001) citam que os sistemas de administração da produção devem ser capazes de: apoiar o tomador de decisões; conhecer e fornecer informações a respeito da situação dos recursos e das ordens de compra e de produção. Deste modo, assegurar que as ordens de produção sejam cumpridas de forma correta e na data correta significa controlar a produção, fazendo uso adequado do sistema de administração empregado. O processo de CP tem como objetivo principal confrontar o que foi realizado ao que foi planejado e prover meios de viabilizar os planos de produção. Com base nessa verificação, é possível fornecer informações de retorno ao planejamento, conhecido como feedback. Com isso, torna-se possível que desvios e erros sejam detectados, permitindo a elaboração de novos planos ou a revisão dos já existentes e também possibilita formar uma base histórica para ser usada em planejamentos futuros (MARÇOLA e ANDRADE, 2009). Tubino (1999) destaca que quanto mais rápido os problemas forem identificados, mais eficazes serão as medidas tomadas a fim de que os planos sejam cumpridos. Aumentar a rapidez da identificação dos problemas está diretamente relacionado à melhoria dos métodos de apontamento da produção, aspecto que será detalhado na próxima seção. 1.2 Apontamento da produção O apontamento da produção é uma das atividades principais que compõem o controle de chão de fábrica, também conhecido na literatura como Shop-Floor Control. Fernandes e Godinho Filho (2010) dividem o apontamento em três atividades: a) Acompanhamento ou monitoramento; 48 | Agosto 2013 | BQ b)Cálculo de indicadores de desempenho; c)Realimentação ou feddback. Em vista da necessidade de obter dados sobre os recursos e das ordens, é preciso possuir um sistema que colete essas informações. Diversos são os tipos de coleta e registro de dados da produção. Favaretto (2002) descreve três categorias: apontamento manual; com coletores de dados e; coleta automática. O apontamento manual é muito funcional e recomendado para ambientes de operação com lead time longo onde ocorre pouca evolução física da produção, baixos volumes diários de produção e reduzida frequência de coleta (MARÇOLA e ANDRADE, 2009), porém possui várias desvantagens, tais como: • Grande possibilidade de erros no processo de coleta e registro dos dados; • Quanto menor a frequência de registro, maior será o tempo para os dados serem conhecidos; • Elevação do custo da mão-de-obra devido ao tempo requerido para apontamento; • Necessidades de controles paralelos devido a não disponibilização de todas as informações nos formulários de apontamento. Nesse sistema há a necessidade do preenchimento de tabelas, formulários ou impressos próprios com campos para registro de pelo menos alguns dados para coleta das informações no chão de fábrica. Marçola e Andrade (2009) apresentam três formas distintas de apontamento manual: • Apontamento manual centralizado, onde os operadores deslocam-se a um local definido - geralmente uma central de apontamento - e solicitam ao apontador que proceda a abertura ou fechamento da sua operação dentro de uma ordem de fabricação. São informados também o encerramento de operações, os motivo de paradas, dentre outras informações; • Apontamento manual escrito, onde os próprios operadores realizam o preenchimento do formulário de apontamento. Os dados registrados são os mesmo do caso anterior e ao fim do turno de trabalho, o formulário de apontamento é entregue ou depositado em lugar especifico para posterior registro em www.banasqualidade.com.br Planejamento Controle de Produção sistema informatizado por outra pessoa; • Apontamento manual auxiliado pelo computador, onde os próprios operadores realizam o apontamento, porém com o uso de recursos amigáveis, tais como botões de comando, lista de dados, chaves de funções especiais, dentre outros. O apontamento com coletores de dados é caracterizado pelo uso de sensores eletrônicos para a captura de dados, ou seja, os operados ao invés de registrarem informações manualmente, operam coletores de dados que por meio de códigos de barras operacionalizam o processo de coleta. Este tipo de apontamento é recomendado para ambientes com uma considerável quantidade de manuseio e processamento de produtos no chão de fábrica (MARÇOLA e ANDRADE, 2009). Já a coleta automática se dá sem intervenção do operador. Nesta situação são utilizadas conexões eletrônicas diretas a partir de sensores instalados nos recursos produtivos que efetuam a coleta de dados simultaneamente à realização das atividades no chão de fábrica. Deste modo, a acurácia e atualização do sistema de administração da produção é garantida em tempo real. Este tipo de apontamento é bastante adequado para linhas de produção e processo contínuo, nos quais elevada mecanização dos meios de produção é utilizada (MARÇOLA e ANDRADE, 2009). 2. Método de pesquisa e apresentação da empresa objeto de estudo Em vista dos procedimentos metodológicos utilizados nesse trabalho, podemos classifica-lo como um estudo de caso. Yin (2001, p.32) define estudo de caso como sendo “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas. Os dados sobre a empresa objeto de estudo e do processo estudado para elaboração do presente trabalho foram obtidos por meio de observação direta, análise de documentos, entrevistas com encarregados de setores do departamento fabril e gerentes. A empresa objeto de estudo é uma metalúrgica e atua no fornecimento de equipamentos médico-hospitalares para hospitais, clinicas de saúde, indústrias, laboratórios dentre outros. Com atuação no interior de São Paulo desde 1975, trata-se de uma empresa totalmente nacional que conta com um parque fabril que emprega aproximadamente cem colaboradores, dos quais setenta estão alocados no setor de produção. www.banasqualidade.com.br A configuração do setor de produção é caracterizada por um layout funcional no setor de fabricação (usinagem, polimento e caldeiraria) e por um layout celular na área de montagem (células segmentadas para atender necessidades específicas de famílias de produtos). O sistema de produção da empresa é caracterizado como sendo misto com predominância da estratégia de resposta à demanda Make-to-order (MTO) e uma pequena parcela de itens Make-to-stock (MTS). A programação da produção e montagem é feita pelo departamento de PCP após o recebimento do pedido de venda no caso dos itens MTO e conforme previsão de demanda dos itens MTS. A empresa atravessou um longo período em que a maioria de seus pedidos de venda são entregues fora do prazo estipulado (em atraso), por conta disso contratou uma empresa de consultoria a fim de melhorar seu processo gestão da produção. 2. Problema encontrado A empresa objeto de estudo não possuía uma forma de apontamento bem definida. Os tempos de fabricação das peças e montagens eram registrados no formulário da Ordem de Fabricação (OF), com campos para data e hora do inicio e término de cada operação, preenchidos pelos próprios operadores em cada operação a ser realizada. Porém com essa forma de registro os tempos de produção não eram verificados e registrados sistematicamente para análise. Após o término da OF, as mesmas eram simplesmente encerradas e arquivadas pelo PCP, com isso geravam-se problemas como: • Nem todos os colaboradores registravam os tempos de produção; • Os tempos definidos para cada operação não condiziam com o tempo real de produção da peça/ produto; • Não era possível determinar ao certo qual operador realizou determinada operação; • Os motivos de improdutividade não eram registrados; • Inexistência de indicadores para acompanhamento e controle do apontamento da produção; • Muitos roteiros de fabricação/montagem em desacordo com a sequência tecnológica (ordenação inadequada ou falta das operações necessárias); • Informações de tempos recebidas tardiamente no PCP, os tempos só retornavam após a finalização de todas as operações da OF. u BQ | Agosto 2013 | 49 Planejamento Controle de Produção 2.2 Objetivos da implantação e uso do processo de apontamento da produção Os principais objetivos a serem atingidos com a implantação e uso do processo de apontamento da produção foram: • Fazer com que todos os colaboradores do processo produtivo apontem os tempos de realização de suas atividades diárias (tanto produtivas como inativas); • Corrigir os roteiros (sequência e operações) e os tempos de realização das operações definidos nas OF; • Tornar possível registrar o colaborador que realizou determinada operação; • Desenvolver gráficos e indicadores do processo de apontamento; • Mensurar o volume de horas inativas/improdutivas, permitindo ações corretivas; • Agilizar a consulta do status da OF, com o lançamento dos apontamentos no sistema informatizado diariamente. 2.3 Atividades desenvolvidas para implantação do processo de apontamento da produção A empresa iniciou seus trabalhos de implantação do processo de apontamento da produção com a ajuda da empresa de consultoria já mencionada. Inicialmente a consultoria apresentou ao coordenador do projeto e aos encarregados dos setores de fabricação e montagem algumas formas usuais de apontamento utilizadas por empresas de manufatura. Em comum acordo entre as partes, ficou definido que a forma de apontamento da produção seria por meio do apontamento manual escrito. Essa escolha se deu principalmente pelo fato do apontamento manual ser uma das formas mais simples dentre as disponíveis, requerer pouco investimento, além disso, possibilita a mudança de cultura da organização, fazendo com que Quadro 01: Motivos de inativos - Fonte: Elaboração própria Esses tipos de inativos foram descritos na parte inferior do cartão de apontamento e numerados para facilitar a identificação e o registro. 50 | Agosto 2013 | BQ os colaboradores se acostumem com a sistemática de apontamento – mesmo conhecidas suas desvantagens apontadas na literatura. Foi realizada uma visita em uma empresa da cidade onde o processo de apontamento da produção está bem consolidado. Isso serviu para que os envolvidos pudessem ter uma visão do processo de apontamento na prática e sanassem quaisquer duvidas sobre a aplicação do processo. Além destas atividades iniciais, foram desenvolvidas mais cinco atividades com o intuito de detalhar a solução de apontamento a ser implantada, conforme descrito a seguir. Atividade 1 - Desenvolvimento do modelo de cartão de apontamento O cartão de apontamento desenvolvido conta com os campos: identificação do colaborador e de seu setor, pois cada cartão é individual; a data em que o cartão será utilizado, pois é utilizado um cartão por dia de trabalho; uma grid com colunas identificando hora de inicio, hora de término, número da ordem de fabricação ou evento de inativo, número da operação, status da operação (se encerrada ou não) e o recurso (equipamento ou setor onde a operação foi realizada); legenda com os motivos inativos; campo para assinatura do colaborador. Antes da proposição do modelo final de cartão, foi realizado um teste piloto confirmando as necessidades de informação para o processo. Atividade 2 - Definição dos motivos de inativos Os tipos de inativos foram definidos pelos encarregados dos setores com base em seus conhecimentos dos principais motivos de paradas da produção e montagem. Foram definidos quatorze motivos de inatividade de produção, conforme apresentado no quadro 01. Atividade 3 - Alteração do formulário de ordem de fabricação O formulário de ordem de fabricação possuía diversos campos que necessitavam serem preenchidos pelos operadores antes e após a realização de cada operação. Com a implantação do cartão de apontamento, alguns campos não necessitam mais constar no formulário da ordem de fabricação, por isso o mesmo foi revisado retirando-se os campos de data e horário de realização de cada operação. www.banasqualidade.com.br Atividade 4 - Definição da sistemática do processo de apontamento de produção. Foi definida uma sistemática para todo o processo de apontamento de produção que contempla as fases: • Ao inicio do turno de trabalho o colaborador retira o seu cartão de apontamento em um quadro fixado ao lado do relógio de ponto. Todos os cartões que serão utilizados durante a semana já estão disponíveis no quadro e estão devidamente identificados com o dia, nome e setor do colaborador; • Ao dar inicio a uma operação descrita na OF, o operador preenche o cartão de apontamento com os dados: hora de inicio, número da OF, número da operação e o recurso que está utilizando. Caso o registro seja referente a uma atividade inativa, o local do número da OF é preenchido com o código referente ao inativo; • Ao término da operação ou da atividade inativa, o colaborador registra a hora de conclusão da mesma e informa se foi encerrada ou não; • Ao término do turno de trabalho, o colaborador assina o cartão e o deposita em uma caixa alocada ao lado do relógio de ponto.Foi definido pela equipe de implantação que as paradas para almoço, banheiro, e intervalos para lanches não seriam registrados no cartão de apontamento, pois o sistema ERP seria configurado para descontar esses tempos. Com isso foi possível agilizar o processo de apontamento e minimizar a quantidade de registros apontados Figura1- Evolução de horas apontadas. Fonte: Obtido na empresa Figura 2 – Horas inativas apontadas por tipo de inativo. Fonte: Obtido na empresa www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 51 os motivos de inativos. Os registros foram cadastrados no sistema ERP e verificou-se que o mesmo atenderia as necessidades da organização quanto ao registro dos apontamentos. diariamente nos cartões. Definiu-se um colaborador responsável por auxiliar o processo de apontamento da produção (impressão das etiquetas de identificação dos cartões de apontamento, disponibilização dos cartões para os colaboradores, esclarecimento de dúvidas, lançamento dos dados no sistema ERP e geração dos indicadores de desempenho). Atividade 5 - Preparação do material de treinamento Antes de realizar o teste piloto com o modelo do cartão de apontamento, foi necessário elaborar um material para treinar primeiramente os responsáveis dos processos e os operadores que realizariam o teste piloto e posteriormente todos os colaboradores da organização que utilizariam esse cartão. O material para treinamento descrevia a situação atual do processo de apontamento, o modelo do cartão de apontamento, os motivos de inativos e a sistemática de apontamento definida, assim como os objetivos e ganhos advindos com a realização do apontamento. 3. O processo de implantação e uso do apontamento na empresa A implantação do processo de apontamento da produção teve duração total de três meses desde a fase de levantamento das necessidades até a fase de utilização plena do processo. Quatro etapas do processo de implantação podem ser destacadas, conforme exposto a seguir: Etapa 1 - Treinamentos com lideres e teste piloto Com o material de treinamento elaborado e o cartão de apontamento definido, os encarregados de fabricação e montagem e alguns colaboradores foram treinados a fim de realizar um teste piloto. Esse teste piloto possibilitou verificar se todos os campos constantes no cartão de apontamento eram suficientes. Possibilitou também verificar se todos os motivos de inativos estavam contemplados. Além disso, foi possível perceber se o sistema ERP da organização possuía formas de cadastrar os registros do cartão de apontamento. O teste piloto teve duração de duas semanas e foi realizado nos setores de fabricação e montagem. O cartão de apontamento não necessitou ser alterado bem como 52 | Agosto 2013 | BQ Etapa 2 - Elaboração de procedimento documentado A fim de documentar o processo de apontamento de produção, foi elaborado um procedimento documentado descrevendo toda a sistemática do processo. Etapa 3 - Treinamento com todos os colaboradores Após a validação do cartão de apontamento durante o teste piloto, deu-se inicio a fase de treinamento a todos os colaboradores da organização que utilizariam o cartão de apontamento. Durante o treinamento foram feitos exercícios práticos do preenchimento do cartão. Todos os colaboradores foram treinados e os cartões de apontamento começaram a serem utilizados após a realização do treinamento. Como sistemática adotada pela organização, todo novo colaborador do setor de fabricação e montagem passa, durante a integração, pelo treinamento de apontamento. Etapa 4 - Acompanhamento do processo por meio de indicadores Após um mês de utilização do cartão de apontamento, foi possível elaborar alguns gráficos e indicadores que permitem monitorar e acompanhar o processo de apontamento. Os gráficos elaborados foram: • Evolução de Horas Apontadas: esse gráfico demonstra o total de horas que foram apontadas durante o mês, destacando o volume de horas produtivas e inativas. Com ele foi possível verificar a melhoria no processo de apontamento de mão-de-obra com o avanço da utilização da sistemática de apontamento de produção implantada. • Total de Horas Inativas Apontadas por Tipo de Inativo: nesse gráfico observa-se, dentre o total de horas inativas apontadas, o volume de horas para cada um dos tipos de inativos. É possível dessa forma, tomar ações para diminuir ou minimizar essas atividades inativas, reduzindo-se as causas de improdutividade observadas no chão de fábrica. Como exemplo dos indicadores desenvolvidos, destacam-se: a) Horas produtivas por homem-dia; b) Improdutividade. Calculados conforme expressões a seguir. As principais dificuldades encontradas na fase de implantação do processo de apontamento de produção foram: www.banasqualidade.com.br Planejamento Controle de Produção • Algumas peças produzidas pela empresa não possuíam cadastro e/ou roteiro de fabricação no ERP; • Alguns roteiros de fabricação estavam com atividades defasadas ou incorretas o que exigiu sua correção e a elaboração de operações e roteiros padrões; • Não entrega dos cartões pelos colaboradores ao final do turno de trabalho; • Os apontamentos iniciais eram falhos e os cartões de apontamento chegavam rasurados. 4. Resultados Ao término da elaboração desse artigo, o sistema de apontamento estava implantado a cinco meses, devido a esse curto espaço de tempo não é possível estimar concretamente todos os resultados advindos de sua implantação. No entanto, alguns resultados já podem ser demonstrados, tais como: • Criação de uma força-tarefa para cadastro de itens e elaboração de roteiros de fabricação de todas as peças fabricadas pela empresa; • Correção de roteiros de fabricação com atividades defasadas ou incorretas; • Acompanhamento do total de horas produtivas e o total de horas inativas apontadas mensalmente; • O sistema de apontamento permitiu que o responsável do PCP visualiza-se no sistema ERP a fase em que se encontra determinada peça, sem a necessidade de ir até o chão de fabrica verificar; • O CP já obteve muitos ganhos, pois os tempos de realização das operações dos roteiros de fabricação passaram a ser conhecidos, possibilitando que a programação da produção seja realizada com maior critério. 5. Considerações finais O processo de apontamento da produção mostrou-se eficiente em uma empresa onde a sistemática de apontamento não era adotada sistematicamente, permitiu dar início a uma alteração na cultura da empresa no que se refere ao CP. Como o processo de apontamento é de suma importância para a tomada de decisões dentro do ambiente fabril, o mesmo deve ser constantemente aprimorado e melhorado com o objetivo de coletar dados mais confiáveis, precisos e de forma rápida, dinamizando uma etapa da crucial da atividade de CP. Com essa visão, os próximos passos para a melhoria contínua do sistema implantado seriam: • Corrigir os tempos de fabricação de cada atividade descrita nos roteiros de fabricação com base nos tempos médios apontador por tipo de peças; www.banasqualidade.com.br • Estimar o custo de fabricação de cada peça produzida pela empresa; • Elaborar gráficos de carga-máquina; • Implantar um sistema de apontamento semiautomático com a utilização de leitores de código de barra. Aspectos esses, que podem ser tratados em trabalhos futuros. Referências BURBIDGE, J. L. Planejamento e controle da produção. São Paulo: Atlas, 1981. BURBIDGE, J. L. Production control: a universal conceptual framework. Production Planning & Control, Vol. 1, N. 1, p. 3-16, 1990. CORRÊA, H.L.; GIANESI, I.G.N.; CAON, M. Planejamento, Programação e Controle da Produção. MRP II / ERP. Conceitos, Uso e Implantação – São Paulo: Atlas, 2001. FAVARETTO, F. Considerações sobre o apontamento da produção. In: XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Curitiba, 2002 MARÇOLA, J.A.; ANDRADE, J.H. Melhorias no processo de apontamento manual da mão-de-obra em ambientes de produção Engineer-to-order – um estudo de caso. In: XVI Simpósio de Engenharia de Produção. Bauru, 2009. MOREIRA, D. A. Administração da Produção e operações – São Paulo-SP: Pioneira Thomson Learning, 2004. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A.; JOHNSTON, R. Administração da Produção – Edição Compacta – São Paulo-SP: Atlas, 2011. TUBINO, D.F. Sistemas de Produção: A produtividade no chão de fábrica – Porto Alegre-RS: Bookman, 1999. VOLMANN, T.E.; BERRY, W.L.; WHYBARK, D.C.; JACOBS, F.R. Sistemas de Planejamento & Controle da produção para o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Porto Alegre-RS: Bookman, 2006 n Francisco Andrea Simões Braga: Formado em Engenharia de Produção no Centro Universitário de Araraquara (UNIARA) e especialista em Gestão da Produção pela Universidade Federal de São Carlos (DEP-UFSCar). Atualmente trabalha como Gerente da Qualidade em uma fabricante de equipamentos médico-hospitalares. José Henrique de Andrade: Doutorando em Engenharia de Produção (DEP-UFSCar), Mestre em Engenharia de Produção (EESC-USP) e Engenheiro de Produção Mecânica (EESC-USP). Atua desde 2003 na grande área de Gestão da Produção e Operações com foco em Planejamento e Controle da Produção. Atualmente é sócio-consultor na GESTARE e professor universitário. [email protected] BQ | Agosto 2013 | 53 SoftExpert Tecnologia da Informação A tecnologia da informação como alicerce fundamental da excelência organizacional – Parte 2 Na primeira parte deste artigo, publicado na edição anterior, foram apresentadas as distintas iniciativas que somadas formam o modelo de excelência organizacional, bem como apresentamos as tecnologias da informação correspondentes para estas iniciativas. Nesta segunda e última parte abordarei a interdependência existente entre estas iniciativas para a construção de um sistema único de gestão a vista centrado na excelência das operações e do desempenho organizacional. Com a leitura desse artigo você entenderá: - as principais ligações entre todas as iniciativas do modelo de excelência organizacional; - por que estas iniciativas e tecnologias implementadas isoladamente impedem a excelência organizacional; - os benefícios da integração destas tecnologias em uma plataforma única de gestão; - principais erros cometidos na introdução destas iniciativas e tecnologias; - por que o ERP isoladamente não é suficiente para a excelência organizacional. Por Ricardo Lepper A integração das tecnologias para a construção do modelo de excelência em gestão. Na ilustração abaixo vê-se um quebra-cabeças no qual cada peça representa um elemento da gestão e a última delas é o modelo de excelência organizacional resultante da soma de todas as iniciativas anteriores. A simbologia do quebra-cabeça não está nesta imagem por acaso. Simplesmente implementar todas estas 54 | Agosto 2013 | BQ distintas iniciativas na organização, ainda que signifique uma empreitada desafiadora e demorada, pode até vir a se transformar em um obstáculo para a obtenção de um modelo de excelência organizacional. Para isto, é necessária que estas iniciativas se encaixem como as peças do quebra-cabeça. Isto é, que as interligações e interdependências entre todas estas iniciativas estejam igualmente definidas e implementadas dentro de um modelo único de gestão a vista. Sem isto, a gestão fica particionada e comprometida em termos de qualidade, produtividade e eficácia. Veja abaixo, de forma clara e prática, alguns exemplos destas interdependências entre todas estas iniciativas e tecnologias que integram o modelo de excelência organizacional. 1. Gestão do desempenho Conforme a ilustração fundamentada na metodologia mais difundida no mundo, o Balanced Scorecard (BSC), gerir estratégia e desempenho não significa simplesmente publicar murais com indicadores nas áreas e atualizar o comparativo previsto versus realizado. Uma gestão profissional do desempenho atua principalmente no planejamento e controle do que é necessário para que as metas de crescimento possam ser de fato alcançadas, e atua proativamente para que os resultados se www.banasqualidade.com.br SoftExpert Tecnologia da Informação mantenham dentro do planejado ao longo do exercício. Para isto, esta gestão atua em conjunto com diversas outras gestões, tais como as exemplificadas abaixo: Gestão de Riscos, no mapeamento, avaliação e mitigação dos riscos que podem comprometer o alcance dos objetivos e metas estabelecidos. Para exemplificar esta relação podemos citar os riscos "Recessão de mercado" e "Aquisições ou fusões dos concorrentes" para o objetivo estratégico, "Melhorar o valor para o acionista" da perspectiva financeira, e a implementação do controle "Plano de retenção de capital" como medida preventiva para o risco "Recessão de mercado". Gestão de Projetos, no planejamento, execução e controle das iniciativas e atividades correspondentes que deverão ser implementadas para viabilizar o crescimento planejado para os objetivos e metas. Gestão da Qualidade, no registro e controle dos incidentes e as ações preventivas ou corretivas que devem ser tomadas para a recuperação de qualquer indicador cujo resultado apresenta-se abaixo do esperado em um determinado momento ou período decorrido de tempo. Um exemplo sempre atual de incidente é o "Faturamento abaixo da meta mínima" que desdobra um conjunto de ações correspondentes, tais como "Avaliar situação dos canais de venda abaixo da meta" e "Suspender novos investimentos ou custos significativos". Em resumo, sem a atuação conjunta com as demais gestões, a gestão do desempenho serve apenas como um mural dinâmico da realidade da empresa a cada momento, mas não como um veículo promotor da estratégia e do crescimento em todos os níveis da organização. www.banasqualidade.com.br 2. Gestão dos produtos Como os produtos, que podem ser bens ou serviços, são a própria razão de existência de uma organização, eles também representam o maior elo de conexão entre as distintas operações e áreas dentro de qualquer estrutura organizacional. Consequentemente, esta sinergia e colaboração multidepartamental precisa estar assegurada durante a gestão de todo o ciclo de vida dos produtos. Além disto, diferentemente do entendimento de que esta gestão está limitada apenas ao processo de desenvolver o produto, finalizando após o seu lançamento ao mercado, gerir adequadamente um produto requer igualmente o controle e monitoramento das fases de realização ou fabricação, entrega ou implantação, suporte e assistência técnica, fechando o ciclo na melhoria evolutiva substituição ou descontinuidade do produto. Neste percurso, esta gestão é suportada por praticamente todas as demais gestões, tais como nas relações exemplificadas a seguir: Gestão do Conhecimento, na geração, distribuição e controle de toda a documentação que descreve o produto para todos os envolvidos na cadeia de fornecimento e consumo, incluindo especificações técnicas, desenhos de engenharia, procedimentos e instruções de trabalho, laudos e registros emitidos no processo produtivo, manuais de instalação e utilização, etc. Gestão de Projetos, no planejamento e controle dos projetos, incluindo prazos, entregas e recursos, suportando todas as etapas da metodologia empregada pela empresa no desenvolvimento de novos produtos e processos, ou na modificação dos existentes, tais como Stage-Gate, APQP, seis sigma, etc. Gestão da Qualidade, tanto na definição e validação dos requisitos de qualidade estabelecidos para o produto durante a sua concepção e desenvolvimento, quanto na operacionalização dos controles da qualidade e tratamento dos desvios durante a sua produção, entrega e assistência técnica. Gestão do Desempenho, na definição e monitoramento dos indicadores que qualificam o desempenho dos produtos, como índice de produtividade, nível de rentabilidade, índices de perda ou refugo, volume ou custo de troca ou reparo, etc., além das ações corretivas para reestabelecimento do desempenho adequado, incluindo mudanças nos produtos ou processos em toda a cadeia produtiva. Gestão de Processos, tanto na modelagem e validação dos processos de produção e entrega dos produtos durante o seu desenvolvimento, quanto na u BQ | Agosto 2013 | 55 SoftExpert Tecnologia da Informação operacionalização do processo de mudança desde a captura das oportunidades de melhoria, avaliação da viabilidade técnica e financeira, até a sua aprovação para a próxima versão do produto a ser lançado. Gestão do meio ambiente, saúde e segurança, tanto na identificação e análise dos impactos e perigos nos processos produtivos e de fornecimento e também na manipulação e descarte dos produtos, quanto na definição e implementação dos programas e controles requeridos para reduzir os impactos ambientais e de saúde e segurança do trabalhador. Sem estas integrações acima, a gestão de produtos torna-se apenas um grande repositório de informações sobre produtos, não proporcionando um efetivo aumento de velocidade e produtividade nos processos de desenvolvimento e mudança, além de não produzir um aprendizado evolutivo eficaz sobre o desempenho dos produtos tanto na ótica dos clientes quanto ao longo de toda a cadeia de fornecimento. 3. Gestão dos processos Como os processos são o coração de qualquer organização, determinando como a mesma realiza suas operações produtivas ou administrativas do começo ao fim, naturalmente todas as demais gestões impactam ou são impactadas por processos. E isto fica ainda mais evidente com o entendimento de que a gestão por processos não se limita apenas em definir e padronizar o "modus operandi" do negócio da organização, mas também tem o compromisso de garantir toda a sua execução com a máxima qualidade e produtividade. Para cumprir com as exigências em todas as etapas do ciclo de vida contínuo dos processos, esta gestão necessita da colaboração proativa 56 | Agosto 2013 | BQ das demais gestões, tais como nas situações exemplificadas abaixo: Gestão do Conhecimento, desde a geração e disponibilização de toda a documentação que descreve os processos e atividades para os seus realizadores, incluindo procedimentos normativos, instruções de trabalho e formulários, até a captura, preenchimento e preservação dos documentos e formulários de entrada ou saída requeridos durante a execução das atividades ao longo do processo, como ordens de compra, contratos, relatórios de despesas de viagem, etc. Gestão da Qualidade, tanto na definição dos requisitos de qualidade e a análise de falhas durante a modelagem dos processos e atividades, quanto na operacionalização dos controles da qualidade e tratamento dos desvios e não conformidades durante a execução dos processos. Para entendimento da aplicação prática desta união, imaginemos um processo de faturamento onde uma de suas atividades seja a emissão de uma nota fiscal de venda com base em uma proposta comercial aprovada e uma instrução de trabalho. Na análise de falhas deste processo identificou-se o preenchimento incorreto dos itens da nota fiscal e a aplicação incorreta de valores referente ao frete das mercadorias. Para a prevenção ou redução destes erros foi disparado um plano de ação para a introdução dos controles de inspeção dos itens de verificação das notas segundo um critério de amostragem e do controle estatístico diário do processo sobre a quantidade e tipos de erros cometidos durante a execução desta atividade pela equipe de faturamento. Gestão do Desempenho, desde pela definição dos indicadores e métricas de desempenho que determinam a eficiência e eficácia do processo mapeado, incluindo tempos e custos de execução, produtividade per capita, etc., até a medição e monitoramento dos resultados alcançados. Gestão de Riscos, no mapeamento, monitoramento e mitigação dos riscos inerentes aos processos e atividades, incluindo riscos operacionais, legais, contratuais, etc. Gestão das Competências, desde a clara identificação das habilidades e competências requeridas nas atividades dos processos, até a detecção dos profissionais mais capacitados e a detecção daqueles que não possuem qualificação mínima suficiente para a execução das atividades sob sua responsabilidade. Gestão da TI, na definição das aplicações da TI que atuam como recursos essenciais na execução das atividades dos processos, bem como no cumprimento www.banasqualidade.com.br SoftExpert Tecnologia da Informação de um nível de atendimento e de serviço exemplar para assegurar alta produtividade e eficiência na execução das atividades. Uma gestão de processos sem as integrações acima significa processos pouco eficazes e de baixa maturidade, demandando longos períodos de tempo para a evolução efetiva dos mesmos, pois a criação e a mudança dos processos são realizadas na base da tentativa e erro, embasadas apenas a partir de percepções empíricas e desprovidas de uma análise critica fundamentada em fatos e dados. Na prática, por definição o resultado final da prática acima são fluxogramas de trabalho documentados e não processos gerenciados propriamente ditos. Ao contrário, com a soma das gestões acima a organização passa a ter uma visão ágil e precisa do comportamento dos processos e do conjunto de mudanças que trarão melhor resultado técnica e financeiramente a cada novo ciclo de melhoria evolutiva dos processos. 4. Gestão dos projetos Diferentemente do conceito de um projeto, que é uma empreitada com início e fim bem definidos, a gestão de projetos é um processo contínuo retroalimentado, onde além de controlar os projetos atuais com eficácia a organização deve também capturar as experiências e lições aprendidas e transformá-las em aprendizado e melhoria contínua sobre os novos projetos, proporcionando rápida evolução na realização dos distintos tipos de projeto relacionados com o seu negócio. Além disto, conforme a metodologia PMBOK mais difundida no mundo, esta gestão não se limita em controlar atividades e prazos sequenciados na estrutura do projeto, mas também diversos outros elementos sob www.banasqualidade.com.br gestão, incluindo pessoas, qualidade, riscos e aquisições. Os exemplos a seguir ilustram algumas outras iniciativas alinhadas com as premissas acima para a gestão eficaz de projetos: Gestão do Conhecimento, desde a geração e disponibilização de toda a documentação que regulamenta a execução de cada tipo de projeto, incluindo procedimentos normativos, especificações de itens, contratos, desenhos de engenharia, formulários, até a captura, preenchimento e preservação de quaisquer documentos e formulários de entrada ou saída requeridos na execução das atividades ao longo do projeto. Gestão da Qualidade, desde a padronização e operacionalização dos controles da qualidade aplicados em pontos definidos na estrutura do projeto, incluindo listas de verificação, inspeção de saídas e entradas, auditorias, até o registro e tratamento dos desvios encontrados durante toda a execução dos projetos. Gestão de Riscos, na identificação, avaliação e tratamento dos riscos inerentes ao projeto e suas atividades, incluindo riscos financeiros, legais, contratuais, etc. Gestão das Competências, tanto na definição das habilidades e competências requeridas nas atividades dos projetos e na seleção dos recursos que melhor atendam estes critérios, quanto na implementação do plano de treinamento e qualificação dos profissionais para maior aderência aos requisitos dos projetos. Gestão de Processos, na modelagem, execução e controle de processos relacionados com atividades ou entregas dos projetos, tais como processos de aquisição, contratação, medição de serviços ou entregas, pagamento ou faturamento de/para terceiros, etc. Gestão do Desempenho, desde a definição dos indicadores e métricas de desempenho que determinam a eficiência e eficácia do portfolio de projetos e das equipes multidisciplinares, até a medição e monitoramento dos resultados alcançados e tratamento dos desvios encontrados. Em resumo, sem estas outras gestões atuando em conjunto, a gestão de projetos acaba limitada ao planejamento e controle de cronogramas físicos e financeiros, sem crescimento da capacidade e maturidade da organização na melhor utilização dos seus escassos recursos materiais, humanos e financeiros tipicamente disponíveis para os projetos. BQ | Agosto 2013 | 57 SoftExpert Tecnologia da Informação até impedindo a correta identificação e medição das competências alinhadas com as operações e equipes, e consequentemente inibindo uma análise assertiva que acelere o desenvolvimento do capital humano. 5. Gestão das Competências O capital humano representa não apenas o principal ativo de uma organização, mas também a sua maior fonte de variação nas operações e nos resultados. Por conta disto, além de entender qual a condição ótima para o melhor desempenho dos profissionais, é necessário também medir e monitorar o progresso efetivamente alcançado para retroalimentar cada novo ciclo evolutivo desta gestão. Para cumprir eficazmente este papel, em cada uma das etapas do ciclo PDCL, que significa Planejar, Executar, Verificar e Aprender, esta gestão necessita de diversas outras gestões, tais como nas relações exemplificadas abaixo: Gestão de Processos, assegurando o mapeamento das habilidades e competências diretamente sobre os processos e atividades modelados e monitorados. Gestão do Conhecimento, no controle de toda a documentação relacionada com as habilidades e competências, incluindo procedimentos, instruções de trabalho, especificações técnicas, leis e regulamentos, etc., bem como no levantamento da necessidade de treinamentos sobre novos documentos emitidos e retreinamentos dos profissionais sobre as revisões destes. Gestão do Desempenho, na definição e apresentação dos indicadores e métricas de desempenho relacionadas com o cumprimento dos resultados individuais e coletivos nas avaliações de competência dos profissionais. Gestão da Qualidade, no controle dos planos de ação para desenvolvimento dos profissionais sobre os gaps apontados nas avaliações de competências, bem como no tratamento de incidentes e correção de desvios originados por falta de qualificação ou competência profissional. Sem esta visão integrada com as outras gestões, as informações e o conhecimento que sustentam esta gestão se desatualizam rapidamente, dificultando ou 58 | Agosto 2013 | BQ 6. Gestão dos Ativos Muito mais do que agir com eficiência e rapidez na correção de defeitos para diminuir o tempo de interrupção dos processos produtivos, a gestão de ativos deve focar na eliminação ou prevenção das fontes que comprometem o melhor rendimento e tempo de vida útil possível destes ativos, e consequentemente, das operações que eles suportam. Para isto, diversas outras gestões contribuem diretamente para o cumprimento desta missão da gestão de ativos, tais como as exemplificadas abaixo: Gestão do Conhecimento, na captura, geração e disponibilização de toda a documentação técnica ou operacional referente a ativos e atividades de manutenção, incluindo especificações técnicas, desenhos de engenharia, procedimentos e instruções de trabalho, manuais, contratos, licenças, etc. Gestão do Desempenho, na definição, medição e monitoramento dos indicadores e métricas de desempenho relacionadas com ativos e atividades da manutenção, incluindo índices de disponibilidade, tempo de reparo, tempo médio entre falhas, etc., somado ao controle das ações para recuperação dos indicadores abaixo da meta planejada. Gestão da Qualidade, tanto na análise de falhas potenciais dos equipamentos e aplicação dos respectivos controles de qualidade preventivos, quanto no tratamento de incidentes, não conformidades e desvios originados por falhas de equipamento ou de manutenção, somado ao controle dos planos de ações corretivas e preventivas. www.banasqualidade.com.br SoftExpert Tecnologia da Informação Gestão das Competências, desde o mapeamento das habilidades e qualificações técnicas requeridas pelas equipes da manutenção, até a avaliação das competências dos profissionais e o desenvolvimento dos treinamentos para eliminar as deficiências evidenciadas das equipes. Gestão de Projetos, tanto no planejamento e controle dos projetos, recursos e atividades realizados sobre os ativos, como construções e reformas de instalações, modernização de equipamentos e linhas, instalação e setup de novos ativos, etc. Gestão do meio ambiente, saúde e segurança, na identificação e avaliação dos perigos existentes e na implementação de programas e controles para reduzir os impactos ambientais e de saúde e segurança do trabalhador na operação de equipamentos e instalações. Organizações que aplicam a gestão de ativos isoladamente sem a soma das demais, via de regra encontram como limite a viabilização de um programa exemplar de manutenção corretiva, mas distante de alcançar o seu objetivo maior, que é viabilizar uma ótima relação custo-benefício e de retorno do investimento sobre todas as operações e processos suportados por ativos. Com esta abordagem corporativa, a gestão de riscos é também um elemento central que necessita do suporte de outras distintas gestões, como nos exemplos mencionados a seguir: Gestão de Processos, no fornecimento dos fluxos dos processos sobre os quais os riscos são identificados e quantificados, na execução de atividades de controle ou medidas de controle implementadas nos processos para eliminação ou redução dos riscos, na notificação da necessidade de atualização das avaliações de riscos no momento da mudança dos processos vigentes. Gestão do Conhecimento, na captura, geração e distribuição de toda a documentação relacionada com os riscos, incluindo leis, regulamentos, normas, contratos, etc., bem como relacionadas aos controles, incluindo instruções de trabalho, métodos de inspeção, procedimentos para testes de controles, registros e laudos de testes, etc. Gestão de Projetos, no planejamento e controle dos cronogramas e recursos para a implementação dos planos de resposta aos riscos, como, por exemplo, a introdução de novos controles ou tecnologias que eliminem, previnam ou mitiguem os riscos significativos. Gestão da Qualidade, desde a operacionalização de controles definidos tanto para a prevenção ou detecção dos riscos como também para a avaliação da efetividade dos próprios controles, incluindo a aplicação das ferramentas de inspeção, CEP e auditoria, até o tratamento de incidentes e eventos de riscos com o planejamento e controle das ações corretivas e preventivas. Sem esta ação conjunta com as outras gestões, as informações e práticas estabelecidas durante o exercício desta gestão perdem seu efeito rapidamente, ofuscando uma avaliação assertiva e um tratamento exemplar dos riscos corporativos, e consequentemente reduzindo a eficácia dos investimentos aplicados para esta gestão. 7. Gestão de Riscos Apesar de existir há décadas, a gestão de riscos ganhou maior visibilidade e importância a nível mundial após os grandes escândalos de renomadas empresas globais por fraudes e manipulações nas suas operações e resultados financeiros. Conforme estabelecido em diversos padrões difundidos mundialmente, tais como ISO 31000, SOX, COSO e ISO 22301, a gestão de riscos é um dos pilares essenciais para sustentação da governança corporativa e de continuidade dos negócios, e não deve ser equivocadamente aplicada apenas como suporte para as outras gestões. www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 59 SoftExpert Tecnologia da Informação 8. Gestão da Qualidade Apesar de muitas vezes a qualidade ser entendida internamente como uma área de apoio para as demais áreas da empresa, a qualidade de fato mostra seu principal valor como um elemento essencial na própria concepção e evolução de todos os produtos, processos e operações da empresa, e consequentemente ela deve ser definida e praticada no exercício de cada função profissional independentemente do nível ou área da organização. Neste sentido, para o correto exercício da gestão da qualidade corporativa, outras gestões precisam atuar em conjunto de maneira transparente, como nos exemplos a seguir: Gestão do Desempenho, desde a definição dos indicadores e métricas de desempenho da qualidade nas operações e áreas da organização, como índice de refugo ou perda nos processos e operações, volume de reclamações e defeitos em campo, volume e custo das não conformidades, etc., até a medição e monitoramento dos resultados alcançados e correção dos desvios. Gestão de Processos, no fornecimento dos fluxos dos processos sobre os quais as características mensuráveis ou atributivas da qualidade são identificados e quantificados, na execução de atividades de controle nos processos que acionam as ferramentas da qualidade para a prevenção ou detecção de defeitos, e na comunicação proativa da necessidade de revisão das características e controles da qualidade no momento da mudança dos processos vigentes. Gestão do Conhecimento, na captura, criação e disponibilização de todos os documentos e registros relacionados com o sistema de gestão da qualidade, incluindo procedimentos, instruções de trabalho, métodos de inspeção, formulários, etc., além de diversos outros controles, como revisões, cópias controladas, validades, etc. Gestão de Projetos, no planejamento e controle das iniciativas para melhoria da qualidade em produtos, processos e operações, suportadas em programas com equipes multidisciplinares, como seis sigma, lean manufacturing, círculos de controle de qualidade, etc. Gestão das Competências, na definição das habilidades requeridas para o exercício das atividades de garantia e controle da qualidade, bem como na condução dos programas de treinamento e qualificação dos profissionais para desenvolver e manter estas habilidades. Pelo exposto acima, isoladamente a gestão da qualidade acaba na prática restrita a um instrumento 60 | Agosto 2013 | BQ orquestrador de programas setoriais de controle da qualidade, pois é exatamente graças a adição destas outras gestões que a qualidade pode ser efetivamente mapeada, implementada e analisada a nível corporativo, dentro de um ciclo retroalimentado que apresenta uma visão clara dos pontos de melhoria que possibilitam os maiores ganhos com a qualidade para o próximo ciclo em toda a organização. 9. Gestão do Conhecimento Esta gestão representa um dos principais alicerces para o crescimento organizacional, operacionalizando a captura e a preservação do conhecimento organizacional, e consequentemente, promovendo uma blindagem eficaz contra a perda ou obsolescência deste conhecimento pela informalidade das operações e turnover de profissionais. Sem esta gestão, a organização cria um freio natural que engessa o crescimento organizacional pela incapacidade de transferir com velocidade o conhecimento institucionalizado para aqueles que ingressam na organização ou que assumem novas posições em um ciclo natural da evolução profissional. Para cumprir este objetivo de agente multiplicador do conhecimento materializado na forma de documentos e conteúdos por toda a organização, a gestão do conhecimento utiliza importantes contribuições de outras gestões, como estas exemplificadas abaixo: Gestão de Competências, na identificação dos documentos e revisões que requerem ações de qualificação, bem como no planejamento e controle da realização dos treinamentos dos profissionais que utilizam estes documentos no exercício das suas funções. Gestão de Processos, no controle das atividades dos processos de criação ou revisão de documentos, bem como no disparo e operacionalização de processos www.banasqualidade.com.br SoftExpert Tecnologia da Informação movidos por conteúdos, como por exemplo, pedidos de venda, ordens de compra, reclamações de clientes ou judiciais, etc. Gestão da Qualidade, no tratamento de incidentes e não conformidades oriundas de falhas na geração ou preenchimento de registros bem como por erros nas informações contidas em documentos normativos, incluindo especificações, procedimentos, etc. Sem esta atuação conjunta, esta gestão fica reduzida basicamente a um repositório de conteúdos, não promovendo velocidade com assertividade na transferência do conhecimento para as equipes e na aplicação deste conhecimento dentro dos processos e rotinas diárias da organização. 10. Gestão de Serviços de TI Assumindo um papel cada vez mais estratégico na sustentabilidade das operações e na diferenciação da organização perante o mercado, a tecnologia da informação se tornou um item capital nos processos de inovação e melhoria contínua organizacional, sendo comumente uma das principais engrenagens na evolução das operações em toda a cadeia de fornecimento para o cliente. Para tanto, a TI enquanto negócio precisa garantir que toda esta infraestrutura organizacional cumpra eficazmente o seu papel tanto no suporte das operações atuais como na implementação de mudanças que promoverão o desempenho do negócio para um patamar superior. Para isto, ele utiliza diversas outras gestões na viabilização do seu modelo de gestão, tais como as exemplificadas abaixo: Gestão do Desempenho, desde a definição dos objetivos e metas de desempenho que determinam www.banasqualidade.com.br a eficácia da TI na prestação dos serviços as áreas operações, até a medição e monitoramento dos resultados alcançados. Gestão de Processos, na modelagem e operacionalização dos processos da TI e do catálogo de serviços, no mapeamento dos ativos e controles da TI sobre as atividades e processos da organização como um todo, e na implementação dos processos de mudança, incluindo a captura das oportunidades de melhoria, avaliação da viabilidade e aprovação para implementação. Gestão do Conhecimento, no controle de toda a documentação relacionada com as operações, controles e registros da TI, incluindo políticas, procedimentos, relatórios de atividades, laudos de análise e certificados, documentação técnica das aplicações, etc. Gestão das Competências, incluindo o mapeamento das habilidades e competências requeridas pelas equipes de TI na execução do catálogo de serviços e outras operações, além da avaliação das competências e execução do plano de desenvolvimento dos profissionais para eliminar as deficiências identificadas. Gestão da Qualidade, na operacionalização da gestão de incidentes e de problemas de TI, bem como para auditorias do sistema de gestão da TI com base nas normas aplicáveis, como a ISO2000 na gestão de serviços da TI e a ISO27001 na segurança da informação. Gestão de Projetos, no planejamento e controle dos projetos disparados a partir da gestão de mudanças e do catálogo de serviços, bem como na alocação e monitoramento dos recursos humanos e materiais da TI aplicados sobre estes projetos. Gestão de Riscos, na identificação, avaliação e tratamento dos riscos inerentes a TI, incluindo riscos de interrupção da infraestrutura que suporta as operações da organização, falhas na segurança e confidencialidade das informações, etc. Sem o suporte destas outras gestões, a gestão de serviços de TI comumente se confunde com help desk aos usuários e operações, limitando sua atuação apenas como um agente reativo de suporte ao negócio e não como um promotor ativo de mudanças e de evolução alinhado com os objetivos da organização. BQ | Agosto 2013 | 61 SoftExpert Tecnologia da Informação 11. Gestão do Ecossistema Nestas últimas duas décadas, a gestão responsável pelo ecossistema, incluindo meio ambiente, funcionários e comunidades, deixou de existir unicamente nos grandes polos industriais em setores altamente poluentes ou perigosos, passando agora a fazer parte das estratégias das organizações dos mais variados ramos, preocupadas com a continuidade do negócio pelo cumprimento impecável das leis e regulamentos e com a imagem da empresa perante a sociedade. Com este propósito, mais do que uma área organizacional, esta gestão está fundamentada em um modelo evolutivo que aplica diversas outras gestões, incluindo as exemplificadas a seguir: Gestão do Desempenho, desde a definição dos objetivos e metas de desempenho que determinam a eficácia desta gestão na saúde e segurança, meio ambiente e responsabilidade social, até a medição e monitoramento dos resultados alcançados. Gestão de Processos, no mapeamento e execução dos processos da saúde, segurança, meio ambiente e responsabilidade social, na identificação e avaliação dos aspectos ambientais e perigos do trabalhador diretamente sobre os fluxos dos processos operacionais mapeados na organização, na notificação da mudança destes processos para revisão destas avaliações de perigos, e na execução de medidas de controle de EHS diretamente nos processos para eliminação ou prevenção destes perigos. Gestão do Conhecimento, no controle de toda a documentação relacionadas com a gestão do ecossistema, bem como seus controles e registros, incluindo políticas, procedimentos, legislação e regulamentos, licenças de operação, registros e laudos diversos, etc. Gestão das Competências, incluindo o mapeamento das habilidades e competências requeridas pelos profissionais que atuam no controle e na execução de operações relacionadas com o ecossistema, além da avaliação das competências dos profissionais e o plano de treinamento e qualificação para eliminar as deficiências encontradas. Gestão da Qualidade, na operacionalização da gestão de incidentes e acidentes, planos de ações corretivas e preventivas, inspeção e controle da qualidade dos processos e suas saídas, como efluentes líquidos e emissões atmosféricas, bem como para auditorias do sistema de gestão do ecossistema, incluindo as normas ISO14000 para meio ambiente, OHSAS 18000 para saúde e segurança, e SA 8000 para responsabilidade social. 62 | Agosto 2013 | BQ Gestão de Projetos, na gestão dos programas do ecossistema para a redução dos níveis de impacto no meio ambiente e ao trabalhador bem como na introdução de iniciativas que promovam os resultados de uma forma geral, tais como implementação de novas tecnologias para redução de níveis de poluição, programas e mecanismos para prevenção ou redução de acidentes, etc. Considerar a gestão do EHS ou SMS desconectada das demais significa reduzir esta gestão para um sistema de avaliação de aspectos e perigos, muito aquém de permitir uma gestão orientada a resultados retratando a eficácia alcançada e uma gestão da mudança fundamentada na análise crítica dos processos e programas monitorados em beneficio desta gestão. Com base em tudo o que foi mencionado e exemplificado para este conjunto de tecnologias, analise novamente este quebra-cabeça abaixo. Com a certeza de que todas estas distintas tecnologias estão ligadas, ou diretamente entre si, ou através de alguma outra neste mesmo conjunto, é logicamente impossível implementar um modelo corporativo de excelência em gestão quando as mesmas estão separadas, e consequentemente não são partes de um único modelo de gestão. Aliás, este mesmo princípio é aplicado pelo mercado há décadas para o ERP, onde cada organização adquire um único ERP com um conjunto de módulos integrados que melhor atenda as necessidades do seu negócio, mesmo que este ERP escolhido não seja a melhor opção entre todas as avaliadas para cada operação ou processo individualmente na organização. www.banasqualidade.com.br SoftExpert Tecnologia da Informação A ruptura na gestão pelo isolamento das tecnologias da informação A partir de agora é possível entender na prática porque estas tecnologias aplicadas separadamente das demais acabam inibindo e até impedindo a excelência organizacional. Será fundamentado também porque é tão difícil ter sucesso na sustentabilidade de uma tecnologia isoladamente no suporte unicamente a sua própria gestão para o uso corporativo, sem a união com as outras tecnologias. as demais tecnologias certamente não contemplará adequadamente as funcionalidades cobertas pelas demais. Tomando apenas como exemplo a tecnologia de gestão do desempenho, não é de se esperar que as respectivas soluções de mercado criadas unicamente para este fim possuam um gestor de projetos poderoso para a gestão das iniciativas, um gestor da qualidade completo para o controle dos planos de ação corretivos, e um gestor de riscos corporativo para a análise e redução dos riscos sobre os objetivos e metas. E este mesmo raciocínio se aplica para todas as demais tecnologias. E já imaginou no caos organizacional se para cada distinta tecnologia for utilizada uma ferramenta própria de planos de ação ou de avaliação de riscos? Ao invés de uma ferramenta corporativa padronizada para planos de ação ou riscos, a organização terá diferentes ferramentas feudalizadas para a mesma finalidade, caos provocado unicamente por conta da falta de integração entre tecnologias. 2. Produtividade O problema aqui nada tem a ver com o fato de qualquer uma destas diferentes tecnologias serem implantadas em tempos distintos, e até de forma independente das demais, mas sim quando estas não se conectam de forma transparente para os seus usuários no dia-a-dia, com a mesma perfeição existente entre as peças em um quebra-cabeça. A ilustração abaixo resume os 10 principais itens comprometidos quando as tecnologias não estão perfeitamente integradas formando um modelo único de gestão a vista: 1. Funcionalidade Por definição, cada uma das tecnologias tratadas anteriormente centrará suas melhores funcionalidades no atendimento da respectiva iniciativa. Assim, qualquer produto de mercado que não contemple www.banasqualidade.com.br Quando estas diferentes tecnologias não estão harmonicamente integradas, fatalmente os usuários estarão fadados a perder tempo navegando excessivamente entre diferentes produtos mesmo durante a execução de uma única atividade da sua função. Tomando por exemplo o caso da gestão do conhecimento, no momento em que o usuário estiver executando uma atividade dentro de qualquer outra tecnologia que estiver isolada e necessitar consultar ou editar um documento, sem este acesso direto e automático nativo entre estas duas tecnologias ele terá que interromper a ação em execução na tecnologia em uso, entrar na tecnologia de documentos e executar uma série de passos adicionais através de telas, campos e botões até encontrar o documento certo e então começar a ação desejada. Quando as tecnologias operam juntas neste processo, um único clique separa a ação em execução em qualquer distinta tecnologia da imediata visualização ou edição do respectivo documento na tecnologia ECM. 3. Usabilidade Diferentes tecnologias significam diferentes estilos de navegação, diferentes terminologias e nomenclaturas para itens e operações, diferentes simbologias dos BQ | Agosto 2013 | 63 SoftExpert Tecnologia da Informação botões e de status dos itens, diferentes métodos de pesquisa e registro de informações, etc. Isto implica em significativos custos adicionais e elevados tempos para a qualificação dos usuários em distintas tecnologias, bem como dificuldades no aprendizado, rejeição no uso das aplicações e insatisfação elevada dos usuários e áreas. Ao contrário, quando estas distintas tecnologias operam sobre um único ambiente compartilhado, um mesmo raciocínio e identidade visual é padronizado independentemente da tecnologia, como por exemplo, desde um mesmo ícone para incluir qualquer item, como um documento, projeto, competência, processo, etc., até um mesmo mecanismo de busca, agrupamento e visualização de resultados não importando qual a tecnologia em uso. 4. Confiabilidade Especialmente nos pontos de integração entre as distintas tecnologias, quando estas não estão perfeitamente integradas, fatalmente cadastros e informação terão que ser repetidos em duplicidade, e assim além do esforço duplicado fatalmente por erro humano estas informações também acabam com conteúdos diferentes em algum momento entre as tecnologias, comprometendo a confiabilidade e o uso correto das mesmas. A titulo de exemplificação, imagine os cadastros de competências, de riscos e de documentos onde cada um contém uma série de campos e dados registrados nas suas respectivas tecnologias de gestão. Agora imagine ter que recadastrar estas mesmas competências, riscos e documentos novamente no mapeamento dos processos, no planejamento dos projetos, entre outras distintas tecnologias que necessitam destas mesmas informações. Fatalmente ao longo do tempo, por esquecimento ou erro de digitação, as atualizações destes cadastros de competências, riscos e documentos não serão devidamente replicados para as demais tecnologias que fazem uso desta, gerando não conformidades e falhas na execução das operações que fazem uso destas informações. 5. Interoperabilidade Quando as distintas tecnologias não estão nativamente integradas em uma única plataforma, a única alternativa para implementar quaisquer destas conexões tipicamente demanda expressivos consumos de recursos da TI, acarretando altos custos e longos períodos de tempo para a conclusão destas integrações, 64 | Agosto 2013 | BQ além de frequentes retrabalhos na atualização destas provocadas por trocas de versões destas distintas tecnologias ou pela evolução da necessidade dos usuários. Além disto, em geral as trilhas de auditoria das operações realizadas pelos usuários permanecem desintegradas, impossibilitando uma rastreabilidade completa e confiável destas operações do início ao fim, dificultando sensivelmente a certificação destas tecnologias em substituição aos processos executados manualmente ou com registros em papel, especialmente em ambientes altamente regulados, como nos setores financeiro, farmacêutico, alimentos e saúde. 6. Conectividade Tecnologias de distintos fornecedores implicam em diferentes arquiteturas de comunicação e linguagens de programação de serviços. Além disto, ao invés de compartilhar um único serviço comum para todas as distintas tecnologias, será necessário codificar o mesmo serviço repetidas vezes, multiplicando esforços, custos e tempos. A titulo de exemplificação, desde as configurações com servidores de e-mails ou de autenticação de usuários (single sign on), as integrações bi-direcionais com portais colaborativos ou intranets, até a codificação de serviços para consumo ou fornecimento de recursos e informações com outras aplicações da empresa, retratam alguns casos práticos desta multiplicação exaustiva de esforços quando estas tecnologias não fazem parte de uma única plataforma comum. 7. Portabilidade Um dos principais problemas vivenciados pela TI está na compatibilização da infraestrutura interna para os diferentes requisitos de hardware e software exigidos pelas tecnologias de distintos fabricantes. Muitas vezes, diferentes tecnologias podem ainda apresentar restrições onde o atendimento de uma tecnologia significa estar incompatível com a outra. Além disto, tecnologias de fornecedores diferentes sofrem atualizações em tempos distintos e que passam a apresentar novos requisitos, incluindo restrições com versões anteriores de softwares que suportam estas tecnologias, como browsers, banco de dados, servidores de aplicações, etc. Com todas estas tecnologias internalizadas em uma única plataforma, haverá sempre somente um único conjunto de requisitos comuns para todas estas tecnologias. www.banasqualidade.com.br SoftExpert Tecnologia da Informação 8. Manutenibilidade Como dito acima, distintas tecnologias sofrem atualizações com velocidades distintas e liberadas em momentos distintos. Em especial, para os casos dos patches de correção disponibilizados pelos fabricantes, é comum que estas liberações aconteçam muitas vezes no decorrer de um ano. Assim, múltiplas tecnologias de diferentes fornecedores obrigam a TI a multiplicar seus esforços e custos com estas atividades de instalação e atualização. Quando estas tecnologias estão todas embarcadas em uma única plataforma, uma única ação atualiza todas as tecnologias em conjunto, com o mesmo esforço necessário para realizar esta tarefa para cada uma destas tecnologias que estiverem isoladas. 9. Escalabilidade Quando todas estas distintas tecnologias rodam sobre uma mesma plataforma nativa, o crescimento do número de usuários ou a adição de outras tecnologias do conjunto que não estejam em uso pela organização em um determinado momento, requer uma ação quase instantânea, limitada tipicamente à troca de uma senha ou chave de ativação promovendo este crescimento. Além disto, como compartilham o consumo dos mesmos recursos de infraestrutura, suportam um crescimento muito maior de usuários e transações em relação as tecnologias isoladas, onde neste último caso cada tecnologia pré-aloca separadamente o máximo de recursos disponíveis conforme a sua necessidade individual, incluindo alocação de memória e disco, área de trabalho de gerenciadores de banco de dados e de aplicações, entre diversos outros itens, devorando assim muito mais facilmente e rapidamente a totalidade dos recursos existentes nos ambientes que suportam estas aplicações. 10. Custo (TCO) Independentemente das políticas de licenciamento de distintos fabricantes, uma regra é clara: custa várias vezes mais caro comprar uma licença separadamente para cada distinta tecnologia do que comprar esta mesma licença para uso compartilhado entre várias tecnologias. Isto porque quando uma mesma pessoa estiver utilizando distintas tecnologias em um mesmo período de trabalho, ela não estará consumindo uma única licença para todas e sim uma licença separada para cada uma delas totalizando várias licenças em www.banasqualidade.com.br uso por um único usuário. Além disto, conforme mencionado nos itens anteriores, os custos diretos da TI com manutenção, crescimento e compatibilização se multiplicam com tecnologias isoladas, além dos custos das operações e processos fins, decorrentes da menor produtividade, duplicidade de esforços, e retrabalho dos profissionais que utilizam estas tecnologias. Por último, um outro custo pode ser ainda mais nocivo, fruto dos erros e falhas oriundas desta falta de integração das tecnologias e consistência da informações, quantificadas em perdas internas por defeitos ou não conformidades, somado a penalidades, multas e sanções impostas por clientes, agências reguladoras e governos. A ruptura tecnológica pelo feudalismo organizacional Conforme explicado, a gestão de processos necessita de conhecimento, desempenho necessita de projetos, produtos necessita de qualidade, projetos necessita de riscos, qualidade necessita de processos, ativos necessita de desempenho, competências necessita de conhecimento, e assim todas estas tecnologias interagem umas com as outras formando o modelo de excelência em gestão. No entanto, é natural em qualquer organização que a prioridade e a urgência para cada uma destas distintas tecnologias possa ocorrer em tempos bem distintos. Além disto, em muitos casos não é nem viável imaginar implantar várias tecnologias de uma única vez. E unicamente o fato deste processo ser gradativo e por partes não gera nenhum problema de fato. Entretanto, um grave e custoso erro oriundo desta introdução de cada tecnologia separadamente acontece quando falta o entendimento da real importância desta integração com as demais tecnologias para viabilizar um modelo sustentável de gestão e excelência organizacional. Nestes casos, o resultado costuma ser a aquisição de quaisquer destas tecnologias em momentos distintos, sem considerar a integração com outras tecnologias já implementadas e aquelas que virão posteriormente. E por que estas organizações tomam esta decisão equivocada na aquisição destas tecnologias que suportam um modelo único de gestão? Os três principais motivos estão relacionados a seguir: 1. Iniciativa feudalizada Por conta de uma dor ou necessidade emergencial, identifica-se a tecnologia correspondente que atenda especificamente esta demanda, sem avaliar de fato o uso corporativo desta em atendimento as outras áreas e aplicações onde esta mesma tecnologia é empregada, BQ | Agosto 2013 | 65 SoftExpert Tecnologia da Informação bem como sem considerar as conexões com as demais tecnologias. E ainda que a equipe avaliadora perceba esta limitação, movidos pela urgência para aquisição e implantação, a decisão acaba por uma solução "tapa buraco" de curto prazo que não terá condições de evoluir posteriormente para o uso corporativo. A consequência disto em poucos anos costuma ser a completa substituição do produto por outro com a perda total do investimento somada a um grande esforço e retrabalho para a migração para um novo produto. 2. Orçamento feudalizado No momento do planejamento orçamentário, o valor reservado para o próximo exercício via de regra é limitado com base em cotações prévias para uma demanda específica apontada como prioritária, mas sem um entendimento mais refinado sobre a mesma. Durante o exercício seguinte onde a demanda é minuciosamente detalhada e as tecnologia são efetivamente avaliadas, ainda que a empresa identifique a tempo a não aderência das soluções anteriormente cotadas para atendimento de requisitos técnicos para a sua aplicação futura em nível corporativo, em muitos casos por restrição orçamentária e prazo para consumo deste recurso opta-se por uma solução sabidamente de curto prazo, cientes até de que este produto terá de ser substituído futuramente. 3. Estrutura feudalizada. Neste caso existe uma área "dona" da demanda e cuja decisão da tecnologia será efetivamente aquela para atendimento das suas próprias dores, bloqueando qualquer "interferência" externa e desconsiderando qualquer critério sobre esta tecnologia em foco que venha a beneficiar as dores latentes de outras áreas, mesmo cientes de que existam opções que efetivamente podem atender a todas as demandas conjuntamente. É comum vivenciar situações onde a área justifica esta postura pelo fato de ter sido ela a captadora dos recursos financeiros e não desejar correr nenhum risco por "dividir" a "sua" tecnologia com outras áreas, incluindo a falta de licenças durante o uso compartilhado, interferências na configuração da solução, etc. Por fim, esta decisão pelo "ótimo local" acaba também descontinuada posteriormente e substituída por outra "ótima global" para uso corporativo. Porque o ERP não é suficiente para a excelência organizacional Tipicamente o ERP é a tecnologia de gestão empresarial 66 | Agosto 2013 | BQ utilizada para suportar as principais operações e áreas em qualquer organização, incluindo financeiro, recursos humanos, compras, contabilidade, supply-chain, etc. Somado a isto, via de regra ele é também a responsável por operacionalizar toda a sequência de transações dentro da cadeia de fornecimento da organização, através do registro das informações necessárias para o cumprimento das operações entre todas as partes envolvidas, incluindo fornecedores, estrutura organizacional interna e clientes. Entretanto, tipicamente as soluções de ERP, ou não possuem este conjunto de tecnologias ou não endereçam adequadamente o modelo de excelência organizacional explicado anteriormente. Exatamente por conta disto, a maioria esmagadora das organizações compradoras destas tecnologias para excelência em gestão já possuem um ERP implantado suportando suas operações. Mesmo assim, é comum que a organização tome inicialmente a decisão de usar o ERP para toda e qualquer necessidade que surgir, muitas vezes mesmo sem existir um nível de aderência minimamente satisfatório, o que acaba deflagrando uma interminável onda de customizações no ERP que por fim acabam por desfigurá-lo no seu uso projetado enquanto produto e o tornam demasiadamente engessado para a organização, tornando a sua manutenção evolutiva com a chegada de novas versões extremamente cara, complexa e demorada. Além disto, igualmente comum é a prática das organizações em adquirir soluções especialistas pontualmente e sem muito controle para atendimento de demandas emergenciais de cada área. E um terceiro fator que também costuma ocorrer em paralelo é a proliferação acelerada de planilhas eletrônicas para atendimento destas lacunas não atendidas pelo ERP, que começam como uma medida paliativa provisória e acabam se perpetuando indefinidamente. E o resultado da soma destas práticas acima é um caos tecnológico com uma diversidade de ferramentas e controles desconectados, e até duplicados, impossibilitando a construção de um modelo integrado de gestão que suporte de forma prática e eficaz os pilares da excelência organizacional. Por fim, depois de um longo período de insatisfação acrescido de muita perda financeira e de energia, estas organizações normalmente acabam por tomar a decisão duradoura de padronizar as suas aplicações a nível corporativo e de forma complementar ao ERP, onde cada parte cumpra eficazmente com aquilo que ela foi realmente projetada para executar na sua forma padrão. Neste momento, um fator crítico de sucesso nestas aquisições está em adquirir o menor número possível de aplicações corporativas que cumpram com o maior número de lacunas não atendidas pelo ERP, visando simplificar as atividades fins das áreas e a manutenção pela TI. www.banasqualidade.com.br SoftExpert Tecnologia da Informação Aliás, esta mesma diretriz foi igualmente aplicada no próprio processo de seleção do ERP, onde vence aquele que contenha um conjunto integrado de módulos mais aderentes com as operações, áreas e processos da empresa, mesmo que este não tenha sido o melhor pontuado em cada um dos módulos avaliados individualmente. Não por acaso que, unicamente motivada pelo requisito integração, uma única organização não adquire vários ERPs diferentes, mesmo em cenários onde o ERP A tenha sido o melhor pontuado para o processo produtivo, o ERP B para o financeiro e o ERP C para o recursos humanos. Sendo assim, finalizo este artigo com uma frase adaptada do esporte que melhor resume tudo o que foi abordado neste artigo: uma tecnologia isoladamente pode até decidir o próximo jogo, mas somente a união das tecnologias será capaz de vencer o campeonato. Obtenha mais informações a respeito deste tema: Webinar “A TI como Alicerce da Excelência Organizacional” Apresentação executiva: A Excelência na Gestão Ricardo Lepper atua há mais de 20 anos no desenvolvimento e implantação de sistemas de gestão, com participação ativa em dezenas de projetos relacionados à excelência e qualidade em instituições dos mais diversos portes e ramos, incluindo algumas das maiores empresas do país. Desde 1995 ocupa o cargo de presidente da SoftExpert Software, empresa exportadora de software presente em mais de 30 países ao redor do mundo. É graduado em Ciências da Computação e especialista em Sistemas de Informação. Lepper pode ser contatado através do e-mail [email protected], ou pelo telefone (47) 2101-9900 www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 | 67 Ferramentas o stã e G Roberta Pithon Nesta edição será abordada a quarta ferramenta da Qualidade, a Folha de Verificação ou Lista de Verificação, que pode ser considerada a mais simples das ferramentas da qualidade. F olhas de Verificação são tabelas utilizadas para facilitar a coleta, registro e análise dos dados, pois permitem uma sumarização dos dados e até mesmo uma representação gráfica do número de eventos que estamos interessados em analisar. A Folha de Verificação é muito utilizada para responder a pergunta ´Com que frequência tal evento acontece ?´ Um exemplo de Folha de Verificação pode ser observado abaixo : 5)Analisar os dados As informações de uma Folha de Verificação são utilizadas frequentemente para o direcionamento das tomadas de ações, como por exemplo, para uma melhoria de um processo ou produto. As informações coletadas através de uma Folha de Verificação servem como entrada para a utilização de outras ferramentas da qualidade, como Histograma, Diagrama de Pareto, entre outras. Existem também outros tipos de Folhas de Verificação. Check List Muitas vezes, a Folha de Verificação é construída à medida que os eventos ocorrem, permitindo uma análise das informações no momento em que ocorrem, possibilitando uma tomada de ação imediata. As etapas para a elaboração de uma Folha de Verificação são : 1)Estabelecer claramente o que se quer analisar O objetivo do estudo e a definição do que será analisado deve ser claramente divulgado a todos os responsáveis. 2) Definir o período de coleta dos dados Da mesma forma, o período de coleta dos dados deve ser definido e comunicado a todos os responsáveis. 3) Criar a Folha de Verificação Um Folha de Verificação deve ser desenvolvida para a aplicação definida nas etapas anteriores e deve descrever todas as informações relacionadas : local, data e responsáveis pela coleta de dados, identificação do evento sendo analisado, colunas com os nomes dos eventos, total de cada coluna e de cada linha e total geral. Na Folha de verificação deve também existir um espaço para registro das ocorrências de cada evento. 4)Coletar e registrar os Dados Cada ocorrência do evento estudado deve ser registrado no campo específico através de uma marcação ou símbolo (ponto, círculo, traço ou simular). Se for conveniente, os comentários pertinentes devem ser registrados em um Diário de Bordo para análise posterior. 68 | Agosto 2013 | BQ Check list é uma listagem das atividades ou etapas que precisam ser verificadas ou cumpridas para a conclusão ou verificação de uma tarefa. Por exemplo, tópicos a serem verificados em uma Auditoria Interna de Sistema de Gestão. O Check List, muito utilizado no meio empresarial, é também muito utilizado no dia-a-dia de todos, por exemplo, uma lista de compra de supermercado, uma lista com as atividades a serem realizadas em um determinado período. Measle Chart Tipo de Folha de Verificação que fornece uma imagem visual do item sendo analisado. Identifica graficamente onde estão localizados, por exemplo, os defeitos de um produto, ou onde devem ser realizadas manutenções e/ou verificações em um produto ou processo. Roberta Pithon - Pós-Graduada em Qualidade, em Sistemas Integrados de Gestão e em Gestão Empresarial. Mestranda em Engenharia Mecânica – Unicamp. CQE, CQA, CMQ/OE, CSSGB e CSSBB pela ASQ. Lead Auditor ISO 9001, ISO/TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001. Sócia-diretora, consultora, instrutora e auditora da Excelint Gestão Empresarial. [email protected] www.banasqualidade.com.br www.banasqualidade.com.br 68 | junho 2013 | BQ www.banasqualidade.com.br BQ | julho 2013| |69 69 www.banasqualidade.com.br BQ | Agosto 2013 Metrologia Ensaios- Dois produtos testados pelo Inmetro não possuem normas técnicas no Brasil Seja por incompetência ou descaso, dois produtos ensaiados pelo Inmetro não mereceram atenção por parte da ABNT para determinar os seus requisitos de fabricação no país, ou seja, não têm normas técnicas: escovas de dentes e andadores infantis Por Hayrton Rodrigues do Prado Filho É importante lembrar que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). trata-se de uma associação privada, declarada de utilidade pública, que recebe subvenção do Poder Público para exercer sua função. Por ato do Inmetro, aprovado pelos ministros competentes, a ABNT é o órgão de normalização que representa o Brasil junto a organismos internacionais de normatização, no caso, especificamente junto á International Organization for Standartization, conhecida mundialmente pelo rótulo ISO. A elaboração de normas técnicas é atribuída a comissões de especialistas representantes das classes e categorias profissionais envolvidas. No Brasil, mais de 15 mil especialistas colaboram na elaboração das normas técnicas que, após discussões, avaliações, 70 | Agosto 2013 | BQ testes etc. são construídas e entregues à ABNT que as aprova para que produzam efeitos. Produtos sem normas técnicas são um risco para a sociedade. O cumprimento das normas técnicas estabelece uma presunção de conformidade, de qualidade, de atendimento aos requisitos técnicos mínimos de segurança e desempenho. A falta de atendimento às normas técnicas impõe ao fabricante ou prestador de serviço o ônus de provar que o produto ou serviço atende aos requisitos mínimos de segurança e qualidade exigidos pela sociedade técnica e o mercado de consumo, ainda que não estejam normalizados. Na verdade, a observância das normas técnicas brasileiras é obrigatória e já existe jurisprudência dos tribunais nacionais dizendo que há implicações criminais pela sua não observância. www.banasqualidade.com.br O Inmetro testou os andadores infantis que estão sendo vendidos no mercado nacional e a conclusão foi uma só: os pais e mães precisam ficar alertas no uso desses equipamentos. Importante ressaltar que não há normas técnicas brasileiras (NBR) sobre o equipamento, o que é uma lacuna lamentável por parte da ABNT. Segundo o Inmetro, o andador infantil é um aparelho utilizado com intenção de auxiliar os bebês no aprendizado de andar. Compõe-se de estruturas rígidas, de formato variado – normalmente circulares – dentro das quais fica o bebê, preso à estrutura por meio de tiras ou similares. A parte superior é construída de maneira a proporcionar apoio ao bebê, ao passo que a parte inferior é aberta ou mais larga, permitindo o movimento das pernas e pés. Um conjunto de rodas presas à estrutura de diversas formas possibilita o deslocamento do aparelho em inúmeras direções. O andador pode ser feito de madeira, metal, plástico ou ainda pela combinação desses materiais em peças diversas. Há modelos dobráveis e alguns que podem conter outras “funções” como móbiles e jogos para os bebês, bem como espaços para copos, mamadeiras ou afins. Na maioria dos produtos, há sistemas de nivelamento de altura. Os modelos diferenciam-se não só pelo formato (alguns imitam automóveis, por exemplo), mas também pelo sistema. Nos tradicionais, há uma espécie de cadeira em que a criança fica sentada; mas há outros que possuem suporte para as mãos e permitem que os adultos empurrem o objeto, além de serem “vazados” na base, para que as crianças também possam usar os pés para propulsionar o aparelho. Por fim, há aqueles chamados de andadores “modernos” em que a criança apenas empurra o equipamento sem que esteja presa a ele. Por conta de sua popularidade e diversidade de fabricantes, além de ter sido apontado como o principal modelo causador de acidentes e de seu uso intensivo e extensivo pela população, o modelo tradicional foi selecionado para esta análise. www.banasqualidade.com.br O andador apresenta possibilidade de discussão em dois campos diversos: o primeiro, dentro da questão da medicina e da puericultura; o segundo, voltado à segurança quanto ao seu uso. Alguns estudos internacionais apontam para conclusões que sugerem que os andadores atrasam o desenvolvimento motor das crianças, frente àquelas que dispensaram seu uso. São muitas as opiniões que coadunam com esta posição, acusando o andador de forçar a criança a pular etapas essenciais a seu desenvolvimento. Tais artigos apontam que, em certos casos, devido ao tamanho do usuário, pode haver problemas quanto à posição da criança, gerando graves deficiências com o tempo. Afirmam também que o objeto impede a exploração livre do espaço ao redor do bebê, prejudicando seu desenvolvimento cognitivo. Por fim, chega-se a levantar a hipótese que crianças usuárias de andadores recebem menos estímulos de seus pais e, com isso, poderiam ter algum comprometimento no progresso neurológico. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por exemplo, considera, em artigo publicado em sua revista eletrônica, o produto “perigoso e absolutamente desnecessário”, tendo, inclusive indicado aos pediatras a desestimularem seu uso junto aos pais das crianças e, quanto à recomendação, afirma: “O andador atrasa o desenvolvimento psicomotor da criança, ainda que não muito. Bebês que utilizam andadores levam mais tempo para ficar de pé e caminhar sem apoio. Além disso, engatinham menos e têm escores inferiores nos testes de desenvolvimento. O exercício físico é muito prejudicado pelo uso do andador, pois, embora ele confira mais mobilidade e velocidade, a criança precisa despender menos energia com ele do que tentando alcançar o que lhe interessa com seus próprios braços e pernas.” Uma pesquisa da University College Dublin de 2002 aponta que o uso do andador atrasa o BQ | Agosto 2013 | 71 Metrologia Ensaios desenvolvimento do bebê de maneira bastante acentuada. Entre os dados da pesquisa, destaca-se o que afirma que cada 24 h de uso do andador causa um atraso de 3,3 dias no aprendizado de andar sozinho e 3,7 dias para ficar em pé autonomamente. Por outro lado, em 2010, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apresentou estudo em que afirma que o uso do andador não atrasa a aquisição da marcha independente, tampouco acelera sua aquisição. Portanto, por este parecer mais atual, a questão do uso do produto adquire uma conotação neutra em relação ao processo do desenvolvimento da criança. O ponto consensual entre as diversas opiniões sobre o uso do objeto está no fato de que o andador pode causar acidentes e deve ser utilizado sempre sob supervisão dos responsáveis. Não são poucos os relatos de acidentes com o produto, gerando consequências bastante graves em alguns casos. Na Austrália, a Product Safety dedica uma página de seu sítio para alertar para os perigos do andador, incluindo sérias lesões e risco de morte. O país adota, desde 2002, um conjunto de requisitos mínimos de segurança para o produto. As estatísticas mostram um total de 135 acidentes relatados em emergências de hospitais entre 2000 e 2008, apenas na região de Victoria. Antes da regulamentação, eram registrados mais de 25 casos por ano de acidentes com o produto, número que caiu pela metade após a adoção de requisitos de segurança. No Canadá, os dados são do Canadian Hospitals Injury Reporting and Prevention Program (CHIRPP), um sistema informático que reúne e analisa os dados de lesões tratados por 16 hospitais no Canadá. Esse banco de dados revela que, entre abril de 1990 e o começo de 2003, constataram-se 2018 lesões relacionadas ao uso de andadores. Esses dados motivaram a proibição da venda, da importação e de anúncios do produto no país. As restrições englobam, inclusive, andadores modificados e aqueles de segunda mão. Um estudo realizado por universidades do País de Gales revelou que quase 15.000 acidentes envolvendo andadores foram relatados no Reino Unido entre 1997 e 2002. Os dados apontam as quedas como a principal causa de lesões graves e, a ampla maioria dos relatos envolve escadas. Mais ainda, a pesquisa alerta que 97% dos acidentes afetam principalmente cabeça e pescoço. Ainda no Reino Unido, o sistema da Royal Society for the Prevention of Accidents (ROSPA) aponta em seus bancos de dados um total de 7.833 registros de acidentes envolvendo andadores entre 2000 e 2002. 72 | Agosto 2013 | BQ O sistema europeu de alerta sobre produtos RAPEX registroou, entre 2010 e 2011, 59 ocorrências em diversos países, com inúmeras comunicações de acidentes, gerando ações governamentais de retiradas compulsórias do mercado e casos de recall de produtos. A Consumer Product Safety Commission (CPSC), por meio do sistema de vigilância eletrônico Neiss, registra 979 casos de acidentes envolvendo o produto apenas no ano de 2011. A American Academy of Pediatrics apontou dados de mais de 20.100 lesões causadas por andadores em 1995 e 8.800 em 1999. O Banco de Acidentes de Consumo mantido pelo Inmetro possui seis registros sobre o produto, todos indicando lesões físicas com alto potencial de gravidade, ocorridos em regiões diversas do país: “O andador tombou e a criança caiu. Além disso, o pezinho prendeu no suporte da roda.” “Rodinhas dianteiras quebraram e a criança caiu no chão.” “A criança estava no andador e o pano do mesmo cedeu fazendo com que a criança caísse no chão.” “Durante a utilização do produto a criança caiu do andador que estava sobre um piso frio, sem degrau, por mais de uma vez na mesma semana.” “O carrinho virou com a criança e a mesma bateu com a cabeça no chão.” “Rodinhas dianteiras quebraram e a criança caiu no chão.” “A criança seguiu todas as informações de uso do brinquedo, segurando com as duas mãos nele, e mesmo assim caiu com a cabeça no chão.” O Inmetro está acompanhando o cenário internacional e as tendências sobre o tema, como as ações de recall realizadas na Europa; os alertas e a regulamentação australiana; a elaboração de normas europeias e americanas; além da proibição desde 2007 da comercialização do produto no Canadá. Em 23 de janeiro do corrente ano, o Inmetro realizou reunião com as partes interessadas, a fim de contextualizar a análise em andadores infantis e sua metodologia, de maneira a fomentar, de forma cientificamente embasada, a tomada de decisões do instituto e das demais partes interessadas. Nesse contexto, com o intuito de verificar se de fato os andadores representam um risco à saúde e segurança dos consumidores infantis, o Inmetro considerou necessária a avaliação dos andadores disponíveis no mercado de consumo, no que diz respeito ao atendimento aos critérios estabelecidos na norma europeia vigente para o produto, a EN 1273:2005 – Child use and care articles – Baby walking frames – Safety requirements and test methods. Cabe ressaltar que a presente análise não www.banasqualidade.com.br Metrologia Ensaios possui por finalidade a definição de resultados quanto aos benefícios ou prejuízos para o desenvolvimento motor ou cognitivo da criança. Essa questão ultrapassa o campo de atuação do Inmetro, cabendo aos especialistas das áreas médicas e da puericultura as conclusões acerca do uso do andador em relação à aquisição da marcha infantil. Assim, a análise teve por objetivo a avaliação da tendência de conformidade do segmento, bem como servir como um instrumento motivador à discussão sobre sua utilização ou possíveis ações no tocante a melhorias nos produtos e regulamentações. Foram testados dez diferentes marcas de andadores entre produtos de fabricação nacional e importados disponíveis no mercado brasileiro, em distintas faixas de preço, correlacionandose às diferentes classes consumidoras do produto. www.banasqualidade.com.br Os resultados encontrados na análise demonstram que a tendência do setor de andadores é a de não conformidade com a metodologia definida pelo Inmetro, uma vez que todas as marcas analisadas foram consideradas não conformes, representando o não atendimento à norma técnica do produto. Os resultados dos ensaios evidenciam que os produtos são inseguros para o uso, especialmente na questão de prevenção de quedas, o acidente mais comum na utilização de andadores, segundo os inúmeros dados disponíveis em todo o mundo. Mesmo quando tomados em outros aspectos, não há uniformidade quanto à segurança, já que existem inúmeras não conformidades em relação outros ensaios, como ensaios relativos aos assentos e às forças dinâmicas e estáticas a que o produto pode ser submetido. BQ | Agosto 2013 | 73 Metrologia Ensaios Cabe destacar ainda que, em ambos os casos, de acordo com o art. 6°, III do Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC), é direito básico do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com a especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. Mais ainda, a preocupação do legislador com a segurança do consumidor é evidente, quando, no referido Código afirma em seu artigo 8º, III, que os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Nesse contexto, é importante ressaltar que os resultados da análise indicam que mesmo sob a supervisão de adultos, os índices de acidente são altos. Além disso, a gravidade das ocorrências registradas indica a necessidade de maior atenção ao produto. O relatório completo está em http:// www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/andadores_ infantis.pdf No caso das escovas dentais, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), no Brasil, terceiro maior mercado do mundo de produtos de higiene oral, apenas precedido por Estados Unidos e Japão, a demanda do mercado para esses produtos tem aumentado continuamente ao longo dos anos, alcançando, em 2011, o volume de 361 milhões de escovas vendidas. Em 1997, o volume de vendas foi de 114 milhões. Em 1998, o Inmetro realizou uma análise em escovas dentais para uso adulto e infantil, após um levantamento epidemiológico feito entre os anos de 1986 e 1996, pela Coordenação de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, no qual foi observado que o índice de dentes atacados por cáries entre crianças de até 12 anos sofreu uma redução de 54% nesse período (de sete para três dentes) devido, principalmente, a fatores como a implantação de programas de educação em saúde bucal e a fluoretação das águas para abastecimento público. Nessa análise, das 24 marcas analisadas, duas foram consideradas não conformes no ensaio de Rigidez das Cerdas, sendo uma de uso adulto e uma de uso infantil. Já no ensaio de Rotulagem, mais uma marca de uso infantil obteve uma não conformidade por não declarar a rigidez da sua escova. Nesse contexto, diante do crescimento da demanda por produtos de higiene oral, diretamente proporcional ao aumento do volume de importações e exportações, do surgimento de diversas novas marcas de produtos nacionais e importados, comercializadas com preços cada vez mais 74 | Agosto 2013 | BQ acessíveis a todas as classes sociais e do elevado número de sugestões dos consumidores para análise desses produtos, o Inmetro decidiu analisar escovas dentais, destinadas ao uso adulto e infantil, com o objetivo de verificar se elas atendem aos requisitos normativos vigentes para o produto. Como no Brasil não há normas técnicas publicadas sobre escovas de dentes, o Inmetro usou como referência a Resolução Anvisa nº 211, de 14 de julho de 2005 que estabelece a Definição e a Classificação de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes e outros; a ISO 8627: 1987 – Dentistry – Stiffness of the tufted área of toothbrushes (Odontologia – Rigidez da área encerdada); a Portaria Anvisa nº 97, de 26 de junho de 1996 que dispõe sobre as normas e requisitos técnicos a que estão sujeitas as escovas dentais; e a Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, do Ministério da Justiça – Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC). Os resultados encontrados na análise demonstraram que a tendência do mercado de escovas dentais é de conformidade em relação à metodologia elaborada pelo Inmetro, pois apenas quatro, que corresponde a 16% das 25 marcas analisadas apresentaram não conformidade em algum dos ensaios realizados. Apesar dessa tendência favorável, evidenciada pelo resultado de conformidade da maioria das marcas analisadas, alguns dos resultados podem ser considerados preocupantes por colocarem em risco a saúde do consumidor. A rigidez das cerdas muito elevada, a tensão para remoção dos tufos quase desprezível e as formas das extremidades das cerdas com um péssimo acabamento são itens preocupantes quando pensamos em uma higiene bucal eficaz e para a proteção da gengiva e do esmalte dos dentes. Ao contrário do cenário encontrado nas escovas dentais de uso adulto, observou-se o atendimento total aos critérios definidos pelo Inmetro no que se refere às escovas dentais destinadas ao uso infantil, significando 100% de conformidade em todos os ensaios realizados. Considerando que o público infantil requer cuidados especiais, devido à sua natural fragilidade e maior exposição a riscos de uma forma geral, pode-se dizer que os resultados das escovas dentais destinadas ao uso infantil foi satisfatório, o que significa dizer que estas são seguras e que não oferecem riscos à saúde das crianças. Diante do exposto, o Inmetro enviará esse relatório de análise com os respectivos resultados para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que sejam tomadas as providências cabíveis. Para ler o relatório completo, acesse o link http://www.inmetro. gov.br/consumidor/produtos/escovas_dentais.pdf www.banasqualidade.com.br Metrologia Calibração A calibração de instrumentos de medição de espessura por ultrassom A medição de espessuras é a utilização mais frequente do ensaio por ultrassom. A importância da medição de espessuras por ultrassom deve-se primeiro ao fato do ensaio não necessitar do acesso à parede oposta para a sua execução, o que permite o acompanhamento do desgaste de um equipamento sem a necessidade da interrupção do seu funcionamento. O segundo motivo da ampla utilização do ensaio deve-se à simplicidade da sua execução (utiliza-se um aparelho que fornece diretamente a espessura em milímetros). Outro motivo importante é a rapidez na sua execução e obtenção dos resultados, onde o inspetor em poucos segundos pode determinar a espessura de uma peça Da Redação A calibração é um procedimento experimental através do qual são estabelecidas, sob condições específicas, as relações entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões. Como exemplos, www.banasqualidade.com.br através de uma calibração é possível estabelecer: a relação entre temperatura e tensão termoelétrica de um termopar; uma estimativa dos erros sistemáticos de um manômetro; o valor efetivo de uma massa padrão; a dureza efetiva de uma placa "padrão de dureza"; o valor efetivo de um "resistor padrão". O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do mensurando para as BQ | Agosto 2013 | 75 Metrologia Calibração indicações, como a determinação das correções a serem aplicadas. Uma calibração também pode determinar outras propriedades metrológicas como, por exemplo, os efeitos das grandezas de influência sobre a indicação, ou o comportamento metrológico de sistemas de medição em condições adversas de utilização (em temperaturas elevadas ou muito baixas, na ausência de gravidade, sob radiação nuclear, etc). O resultado da calibração geralmente é registrado em um documento específico denominado certificado de calibração ou, algumas vezes, referido como relatório de calibração. O certificado de calibração apresenta várias informações acerca do desempenho metrológico do sistema de medição analisado e descreve claramente os procedimentos realizados. Frequentemente, como seu principal resultado, apresenta uma tabela, ou gráfico, contendo, para cada ponto medido ao longo da faixa de medição: as estimativas da correção a ser aplicada e a estimativa da incerteza associada à correção. Em função dos resultados obtidos, o desempenho da medição pode ser comparado com aquele constante nas especificações de uma norma técnica, ou outras determinações legais, e um parecer de conformidade pode ser emitido. Os resultados de uma calibração são geralmente destinados a muitas aplicações. Como, por exemplo, ao levantamento da curva de erros visando determinar se, nas condições em que foi calibrado, o sistema de medição está em conformidade com uma norma, especificação legal ou tolerância definida para o produto a ser medido, e consequente emissão de certificado. Efetuado periodicamente, garantirá a confiabilidade dos resultados da medição e assegurará correlação (rastreabilidade) aos padrões nacionais e internacionais. Igualmente, ao levantamento da curva de erros visando determinar dados e parâmetros para a operação de ajuste do sistema de medição; ao levantamento detalhado da curva de erros e tabelas com valores da 76 | Agosto 2013 | BQ correção e sua incerteza, com o objetivo de corrigir os efeitos sistemáticos, visando reduzir a incerteza do resultado da medição. A aplicação da correção poderá ser efetuada manual ou automaticamente. Também para a análise do comportamento metrológico e operacional dos sistemas de medição nas fases de desenvolvimento e aperfeiçoamento, incluindo a análise das grandezas externas que influem no seu comportamento; análise do comportamento metrológico e operacional dos sistemas de medição em condições especiais de operação (por exemplo: elevadas temperaturas, na ausência de gravidade, em elevadas pressões, etc.). Adicionalmente, a calibração deve ser efetuada quando, por alguma razão, se deseja o levantamento mais detalhado sobre o comportamento metrológico de um sistema de medição, sobre o qual existe dúvida ou suspeita de funcionamento irregular. A NBR 15865 de 08/2010 - Metrologia - Ensaios Não Destrutivos - Calibração de instrumentos de medição de espessura por ultrassom estabelece um procedimento para a calibração eletrônica de instrumentos de medição de espessura por ultrassom. Os instrumentos de medição contemplados nessa norma são aqueles com os quais se realizam medições em materiais que apresentam propagação linear do ultrassom, permitindo associar o tempo de trânsito com a distância percorrida pelo som. Os procedimentos descritos na norma não se aplicam a calibração de cabos, blocos e transdutores, que são objeto de outras normas. Estes itens devem ser calibrados utilizando-se normas nacionais ou internacionais aplicáveis. A norma não se aplica a sistemas de medição de espessura por ressonância. Recomenda-se que os instrumentos que sejam calibrados de acordo com essa norma tenham periodicidade de calibração não superior a 12 meses, sendo recomendado o intervalo de seis meses. www.banasqualidade.com.br Metrologia Calibração Importante dizer que os sistemas de medição de espessura por ultrassom são compostos por um gerador de sinais ultrassônicos, um transdutor emissor, um transdutor receptor, um sistema de aquisição de sinais e um sistema de processamento de sinais. Os componentes do sistema de medição podem ser integrados total ou parcialmente. O gerador de sinais pode ser analógico ou digital. O sistema de medição pode incluir um sistema de amplificação de potência integrado ou externo. A transdução de emissão e recepção pode ser integrada em um único dispositivo, contendo duplo cristal ou monocristal. O sistema de aquisição de sinais pode ser integrado ao de processamento ou independente, acoplado a um computador pessoal de uso dedicado ou não. O processamento pode ser feito analógica ou digitalmente, neste último caso incluindo-se aplicativos (softwares) de automação. Assim, os instrumentos de medição de espessura a serem calibrados devem ser encaminhados para calibração com todos os acessórios para a sua correta operação, incluindo o manual do usuário e fonte de alimentação, caso disponíveis. A ausência de um ou mais acessórios pode inviabilizar a calibração. Qualquer reparo ou manutenção no sistema de medição requer nova calibração, independentemente da periodicidade estabelecida. Os cabos e os transdutores influenciam diretamente nos resultados das medições, devendo ser calibrados para utilização em sistemas de medição de espessura por ultrassom. As condições atmosféricas, temperatura e umidade devem ser monitoradas e registradas durante toda a calibração. Os requisitos para competência do executor da calibração incluem: as calibrações descritas nesta Norma devem ser realizadas por laboratórios acreditados conforme a ABNT NBR lSO/IEC 17925; quando não houver laboratório acreditado para a grandeza a ser calibrada, podem realizar as calibrações os laboratórios com padrões rastreados à Rede Brasileira de Calibração (RBC) ou ao Inmetro, ou laboratório com seu sistema metrológico nacional ou internacional formalmente reconhecido como operando conforme a ABNT NBR ISO/lEC 17025. Quanto aos padrões de referência e de trabalho, a grandeza a ser calibrada em um instrumento de medição de espessura por ultrassom é o tempo. Com a base de tempo do sistema de aquisição se calcula a distância (espessura) de um objeto ou material a ser medido. O padrão de referência do laboratório deve ser um instrumento de medição calibrado quanto à grandeza tempo. O padrão de trabalho do laboratório pode ser www.banasqualidade.com.br o próprio padrão de referência. Exemplo: um osciloscópio com a base de tempo calibrada. A precisão da base de tempo do osciloscópio deve ser apropriada para a resolução da calibração pretendida. O gerador de sinal deve ser capaz de gerar sinais com resolução igual ou melhor que 1 ns. O procedimento de calibração deve atender aos requisitos definidos na ABNT NBR IEC 17025, inclusive com relação ao cálculo das incertezas de medição na calibração. A calibração é realizada simulando-se espessuras e velocidades de propagação ultrassônica de acordo com as faixas de medição e velocidades do instrumento de medição. A partir de uma velocidade ajustada no sistema de medição de espessura, devem ser simuladas no mínimo quatro espessuras, dentro da faixa de trabalho do sistema. A partir de uma das espessuras simuladas de acordo com 8.2.1, deve ser ajustada ao menos mais uma velocidade para ser realizada a calibração. As velocidades e as espessuras a calibrar podem ser sugeridas pelo usuário. O sinal gerado deve ser uma onda quadrada com duração de um ciclo ou de um impulso equivalente. A amplitude do sinal gerado deve ser suficiente para leitura do sistema de medição de espessura. Os resultados das medições devem ser registrados em um certificado de calibração contendo no mínimo as seguintes informações: a) nome e endereço do laboratório e o local onde as calibrações foram realizadas, se diferentes do endereço do laboratório; b) identificação unívoca do certificado de calibração (tal como número de série), e em cada página uma identificação que assegure que a página seja reconhecida como parte do certificado de calibração, uma clara identificação do final do certificado de calibração; c) nome e endereço do cliente; d) identificação do método utilizado; e) uma descrição, condição e identificação não ambígua do (s) item(ns) calibrado(s); f) resultados da calibração com as unidades de medida, onde apropriado, e suas respectivas incertezas de medição; g) nome(s), função (ões) e assinatura(s) ou identificação equivalente da(s) pessoa(s) autorizada(s) para emissão do certificado de calibração; h) as condições ambientais sob as quais as calibrações foram feitas, que tenham influência sobre os resultados da medição; i) a incerteza da medição e/ ou uma declaração de conformidade com uma especificação metrológica ou seção desta; j) evidência de que as medições são rastreáveis atendendo ao especificado nos itens 6.1 e 6.2; k) onde pertinente, uma declaração de que os resultados se referem somente aos itens calibrados. Convém que os certificados de calibração impressos incluam também o número da página e o número total de paginas. É recomendado que os laboratórios incluam uma declaração especificando que o certificado de calibração só deve ser reproduzido completo. Reprodução de partes requer aprovação escrita do laboratório. BQ | Agosto 2013 | 77 Ponto Crítico Roberto Shoichi Inagaki Treinamento é custo! E m muitas das minhas palestras e cursos pergunto para as pessoas se treinamento é custo ou investimento. A resposta inissona (em coro) é “investimento”. Depois eu peço para as pessoas definirem o que é investimento, e as respostas são as mais variadas. A melhor definição que eu ouvi foi esta: “investimento é a aplicação de algum tipo de recurso com a expectativa de receber um retorno futuro superior ao aplicado”. Então a princípio todo treinamento é um “custo” (horas a serem disponibilizadas, material, instrutor, etc.), se será um “bom” investimento o futuro irá demonstrar... Neste ponto é que entram as avaliações de eficácia dos treinamentos burocráticos (as normas de gestão nem sequer requerem registros destas avaliações), ineficazes, custosos, etc... Atualmente no Brasil se fala muito em educação, investimento em treinamento, mas volto a afirmar que educação assim como treinamento a princípio é custo. Através da minha experiência profissional vejo que a maioria dos treinamentos nas organizações são extremamente ineficazes; tanto as realizadas através de métodos on-the-job (treinamento no posto de trabalho) quanto os treinamentos realizados pelos multiplicadores. Para isto basta uma conta simples: se um “bom” participante retém em média 70% do que foi ensinado, o primeiro “discipulo” desta cadeia de aprendizado aprenderá 70% dos 70% ou seja 49% dos ensinamentos primários. É importante verificar ainda se o multiplicador tem a capacidade de “ensinar” o que foi aprendido, pois um bom aluno não significa de forma alguma um bom professor. A capacitação dos multiplicadores das atividades operacionais é de suma importância. Uma vez eu ouvi um instrutor de um curso de CNC dizer o seguinte no final do treinamento: “- Esta máquina é tão simples de ser operada que qualquer ameba depois deste meu treinamento conseguiria fazê-la funcionar. Alguém tem alguma dúvida?”. Vejam que não podemos economizar recursos no treinamento destes “instrutores”. Sabemos que os recursos humanos, financeiros e materiais das organizações estão cada vez mais reduzidos e caros (o governo não é um problema de falta de recursos e sim de má gestão). 78 | Agosto 2013 | BQ Esta é mais uma razão para exigirmos que cada real investido em treinamento tenha um retorno percebido através dos vários indicadores de gestão da organização. Caso contrário o treinamento terá sido apenas custo. Questionário de eficácia dos treinamentos: 1- A competência do pessoal de sua organização é definida através: a-De um planejamento estratégico definido b-Definição de cargos e salários c-Da proximidade de uma auditoria 2- A eficácia das ações para se obter a competência é realizada através: a-Da correlação entre o treinamento e os indicadores organizacionais/ estratégicos b-Da correlação entre o objetivo e as ações tomadas c-De formulários preenchidos depois de alguns dias 3- Os indicadores de treinamento da organização são: a-Alinhados com os do planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo b-Analisados criticamente pela direção pelo menos uma vez por trimestre c-Horas de treinamento por funcionário – ano 4- Qual é a única profissão que não se curva ao imperador no Japão? a-Professores (em uma terra onde não há professores não há imperadores) b-Professores e primeiro ministro c-No Japão não tem mais imperador 5- Na sua empresa o “on-the-job training” significa? a-Treinamento intensivo no trabalho a ser realizado b-Treinamento no posto de trabalho c-Se você não é quadrado, então se vira Respostas corretas: todas as “a” Roberto S. Inagaki é Consultor Empresarial. [email protected]. www.banasqualidade.com.br Catalogos de Produtos e Serviços em uma plataforma amigável e interativa. Tenha seu catálogo de Produtos e Serviços disponibilizado em seu site na internet, em formato PageFlip com as seguintes ferramentas amigáveis: • Colocação de vídeo • Link com site • Colocação de Folders • Colocação de fotos adicionais • Envio de Email automático. • Mensagens especiais • Separação por capítulos com marcador externo de página • Índice Geral de busca automática Todos estes recursos podem ser alocados em todas as páginas do catálogo, tornando-o mais atrativo e completo. Por outro lado, seu cliente poderá fazer: • Marcação de texto • Busca automática por palavras • Marcação de página • Anexar mensagem • Distribuir na rede interna da empresa • Salvar o catálogo em arquivo PDF Ou seja, multiplicar a visibilidade, atingir uma maior publico e aumentar as perspectivas de resultados. 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