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Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Gestão de Activos Paulo Monteiro [email protected] Telf.: 21 382 17 48 Raúl Póvoa [email protected] Telf.: 21 383 56 18 Evolução dos Indicadores Macroeconómicos e Mercados Financeiros Durante o primeiro trimestre, as previsões para o crescimento económico mundial voltaram a ser revistas em baixa. De acordo com as Joana Fernandes últimas estimativas da Comissão Europeia e do Fundo Monetário [email protected] Telf.: 21 382 12 66 Internacional (FMI), a economia mundial deverá crescer entre 3.2% e 3.5%, respectivamente, em 2013. Taxas de Crescimento do PIB (%) Mundo EUA Japão Reino Unido Zona Euro Alemanha França Grécia Itália Espanha Portugal Emergentes FMI 2013 2014 Actual Anterior Actual Anterior 3,5 3,6 4,1 4,2 2,0 2,1 3,0 2,9 1,2 1,2 0,7 1,1 1,0 1,1 1,9 2,2 -0,2 0,1 1,0 1,1 0,6 0,9 1,4 1,3 0,3 0,4 0,9 1,1 -4,2 -4,0 0,6 0,6 -1,0 -0,7 0,5 0,5 -1,5 -1,4 0,8 1,0 -2,3 -1,0 0,6 0,8 5,5 5,6 5,9 5,9 Comissão Europeia 2013 2014 Actual Anterior Actual Anterior 3,2 3,3 3,9 3,9 1,9 2,3 2,6 2,6 1,0 0,8 1,6 1,9 0,9 0,9 1,9 2,0 -0,3 0,1 1,4 1,4 0,5 0,8 2,0 2,0 0,1 0,4 1,2 1,2 -4,4 -4,2 0,6 0,6 -1,0 -0,5 0,8 0,8 -1,4 -1,4 0,8 0,8 -1,9 -1,0 0,8 0,8 5,4 5,3 5,7 5,7 Fonte: FMI e Comissão Europeia Banco Invest, SA www.bancoinvest.pt Av. Eng. Duarte Pacheco Torre 1, 11º andar 1070-101 Lisboa Portugal O ano iniciou-se com valorizações das classes de activos com risco, nomeadamente das acções. Nos EUA, os índices de referência Dow Jones Industrial e S&P-500 registaram novos máximos históricos e, na Europa, os índices inglês e alemão terminaram perto dos máximos de 2007, apesar da turbulência das últimas semanas desencadeada pelo resgate ao quarto país da Zona Euro, o Chipre. Página 1 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Evolução dos indicadores macroeconómicos As previsões para o crescimento económico mundial voltaram a ser revistas em baixa pelos principais organismos internacionais, no primeiro trimestre. As revisões foram particularmente acentuadas na Zona Euro, onde a crise da dívida pública se encontra longe de estar resolvida, com o alastramento recente ao Chipre. Estados-Unidos A economia norte-americana deverá crescer 2.0% em 2013, segundo as últimas A economia norte-americana é esperada crescer 2.0%, em 2013, segundo o FMI, assente na recuperação do consumo privado e do investimento. previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). No último trimestre do ano passado, o PIB cresceu apenas 0.1% (anualizado), ritmo que deverá, contudo, acelerar durante o ano, suportado pela recuperação do consumo privado e do investimento, e pela manutenção da política monetária favorável. O impacto do designado ‚budget sequester‛ (diminuição da despesa pública e aumento de impostos), no crescimento deste ano é esperado ser limitado, considerando a referida recuperação da procura interna e do apoio da Reserva Federal (FED). Crescimento do PIB, ISM e Taxa de Desemprego 6 65 4 60 12 10 US Taxa de Desemprego (%, eixo esquerdo) US Hourly earnings (% y/y) 4 55 2 50 8 3 0 45 -2 -4 6 40 US GDP (% y/y, eixo esquerdo) 35 US ISM Manufacturing PMI SA -6 Mar-03 5 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 30 Mar-13 2 4 2 Fev-03 Fev-05 Fev-07 Fev-09 Fev-11 1 Fev-13 Fonte: Bloomberg Na base da melhoria da confiança dos consumidores, continua a trajectória descendente da taxa de desemprego que, em Fevereiro, se fixou nos 7.7%, e a recuperação do sector imobiliário residencial, com os preços a terminarem 2012 como uma subida anual de 6.8%. Consequentemente, a taxa de inflação registou, nos dois primeiros meses do ano, uma ligeira subida, dos 1.7%, em Dezembro último, para os 2.0%. Descontando os custos com alimentação e energia, a taxa de inflação manteve-se estável em torno nos 2.0% Página 2 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Confiança dos Consumidores e Taxa de Inflação 140 120 US Confiança dos Consumidores (índice, eixo esq.) 9 US Personal Savings (%) 8 7 100 4 6 5 80 4 60 2 0 3 2 40 20 Mar-03 6 -2 1 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 0 Mar-13 US CPI (%, y/y) US CPI ex. Alimentação e Energia (% y/y) -4 Fev-03 Fev-05 Fev-07 Fev-09 Fev-11 Fev-13 Fonte: Bloomberg Zona Euro O cenário macroeconómico na Zona Euro voltou a deteriorar-se durante o primeiro Segundo a Comissão Europeia, a economia da Zona Euro deverá contrair 0.3%, em 2013. A recuperação deverá ocorrer no próximo ano, com um crescimento de 1.4%. trimestre deste ano. As previsões oficiais para o crescimento foram revistas em baixa, reflectindo o contágio aos países do centro pelos da periferia, reféns da consolidação orçamental e aumento do desemprego. A economia da Zona Euro é agora esperada contrair entre 0.2% e 0.3%, em 2013, com a Alemanha e França (a crescer 0.5% e 0.1%, respectivamente, segundo a Comissão Europeia) incapazes de contrabalançar as severas recessões esperadas para os países do sul, em particular Espanha (-1.4%), Grécia (-4.4%) e Portugal (-1.9%). A Itália, por sua vez, deverá contrair 1.0%, este ano. A recuperação na Zona Euro deverá ocorrer apenas em 2014, com um crescimento de 1.4%, segundo as últimas previsões da Comissão Europeia. Crescimento do PIB e Taxa de Desemprego 6 120 13 4 110 12 2 100 11 0 90 10 -2 80 9 70 8 EUR Taxa de Desemprego (%, eixo esquerdo) EUR Hourly earnings (% y/y) 5 4 3 2 Euro-Zone GDP (% y/y, eixo esquerdo) -4 -6 Dez-02 Euro-Zone Economic Confidence Dez-04 Dez-06 Dez-08 Dez-10 60 Dez-12 7 Mar-03 1 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 0 Mar-13 Fonte: Bloomberg Página 3 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 A taxa de desemprego atingiu os 11.9%, na Zona Euro. Os países do sul são os mais afectados. A taxa de desemprego na Zona Euro, tal como referido, manteve a tendência de subida, tendo fixado um novo máximo de 11.9%, em Janeiro. A situação é particularmente dramática em Espanha, Grécia e Portugal, onde o desemprego é esperado atingir os 26.9%, 27.0% e 17.3%, respectivamente, no final deste ano. Pela positiva destaca-se, sem grande surpresa, a Alemanha com uma taxa de desemprego esperada abaixo dos 6%. Nesta conjuntura de fraco crescimento económico, alta taxa de desemprego e diminuição da pressão dos custos laborais, a taxa de inflação caiu para os 1.8%, em Fevereiro, abaixo da referência oficial dos 2.0%. Não considerando os custos com alimentação e energia, a taxa de inflação (core) diminuiu para os 1.3%. Euro: Confiança dos Consumidores e Taxa de Inflação 0 6 -5 4 -10 2 5 3 -15 0 -20 -25 -30 -2 EUR Confiança dos Consumidores (índice, eixo esq.) 1 Euro-Zone CPI (%, y/y) -4 EUR Retail Sales (%, y/y) -35 Mar-03 Mar-05 Mar-07 Euro-Zone CPI ex. Alimentação e Energia (% y/y) Mar-09 Mar-11 -6 Mar-13 -1 Fev-03 Fev-05 Fev-07 Fev-09 Fev-11 Fev-13 Fonte: Bloomberg Portugal Em Portugal, a recessão agravouse no quarto trimestre do ano passado. Em 2013, a economia nacional deverá contrair 2.3%, segundo o FMI.. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB nacional diminuiu 3.8% no quarto trimestre de 2012, face ao período homólogo. Relativamente ao terceiro trimestre do ano passado, a queda foi de 1.8%. Para esta deterioração, contribuiu largamente a diminuição das exportações (-0.5%, em termos homólogos). O consumo privado continua particularmente deprimido, tendo caído 5.3%, em termos homólogos, assim como o investimento que diminuiu 13.2%. O saldo da balança corrente reduziu-se em cerca de 9.4 mil milhões de euros, em 2012, cerca de 1.5% do PIB. Em meados de 2011, ultrapassava os 9% do produto nacional. Esta recuperação, segundo o INE, resultou, sobretudo, da redução do défice da balança de bens, do aumento do excedente da balança de serviços e transferências correntes e da redução do défice da balança de rendimentos. Página 4 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Portugal: Crescimento do PIB e Saldo Externo de Bens e Serviços 2,00 4 1,00 2 0,00 0 -1,00 -2 0 -4 Balança Corrente (% PIB) -8 Trimestral (% trim/trim, eixo esquerdo) -2,00 -12 -4 Anual (%, var. homóloga) -3,00 Dez-02 Dez-04 Dez-06 Dez-08 Dez-10 -6 Dez-12 -16 Dez-02 Dez-04 Dez-06 Dez-08 Dez-10 Dez-12 Fonte: Bloomberg e INE. Saldo Externo de Bens e Serviços em milhões de euros (preços correntes). De acordo com a Síntese da Execução Orçamental da Direcção Geral do Orçamento, de Janeiro último, o défice do Estado, na óptica da contabilidade pública, ascendeu a 8.9 mil milhões de euros, em 2012. Incluindo os outros serviços da Administração Central, bem como as Administrações Regionais e Locais e a Segurança Social, o saldo das Administrações Públicas ascendeu aos 7.0 mil milhões de euros, valor inferior aos 9.0 mil milhões estabelecidos no Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF). O saldo corrente primário do Estado fixou-se nos -2.0 milhões de euros. No total das Administrações Públicas o saldo primário atingiu os -1.1 mil milhões de euros. Por fim, segundo a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), a dívida total directa do Estado, no final de 2012, ascendia a 195 mil milhões de euros, cerca de 118% do PIB. 250 140% 120% Dívida Total 200 % do PIB (eixo dto) 100% 150 80% Thousands Thousands Portugal: Dívida Directa do Estado 200 PIB (pr. Correntes) 180 Var Anual % (eixo dto) 8% 6% 160 140 4% 120 100 60% 100 40% 50 2% 80 0% 60 40 20% 0 0% 1999 2002 2005 2008 2011 -2% 20 0 -4% 1999 2002 2005 2008 2011 Fonte: INE, IGCP Página 5 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Países Emergentes Segundo as últimas previsões do FMI e da Comissão Europeia, os países emergentes De acordo com as últimas estimativas do FMI, as economias emergentes e em desenvolvimento deverão crescer 5.5% e 5.8%, em 2013 e 2014, respectivamente. e em desenvolvimento deverão crescer, em média, cerca de 5.5% e 5.8% em 2013 e 2014, respectivamente. Apesar do abrandamento dos últimos trimestres, a China deverá manter a liderança, com um crescimento do PIB na ordem dos 8%, em 2013. Nos dois primeiros meses deste ano, o investimento em imobiliário reacelarou dos 16.2% para os 22,8%, em termos homólogos. As exportações também surpreenderam pela positiva, com uma subida homóloga de 23%, em igual período. A taxa de inflação subiu para os 3.2%, em Fevereiro. Por último, uma referência ao Brasil, cuja economia começou a evidenciar alguns sinais de recuperação. O PIB, que no último trimestre do ano passado subiu 1.4%, é esperado crescer 3.5% e 4.0%, em 2013 e 2014, respectivamente. A taxa de inflação também tem vindo a subir, o que poderá implicar uma postura mais agressiva por parte das autoridades monetárias. Economias BRIC (continua na página seguinte) 16 China GDP (% y/y) (eixo esq.) 14 China CPI (% y/y) 10 15 8 10 6 12 16 14 12 5 10 4 0 10 8 2 8 0 -2 -10 6 4 Mar-03 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 10 6 -5 -4 -15 Mar-03 Mar-13 4 Rússia GDP (% y/y) (eixo esq.) 2 Rússia CPI (% y/y) Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 20 12 0 Mar-13 16 Brasil GDP (% y/y) (eixo esq.) 8 Brasil CPI (% y/y) 16 6 10 12 8 12 4 6 2 4 0 4 -2 -4 Mar-03 8 8 India GDP (% y/y) (eixo esq.) 2 4 India CPI (% y/y) Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 0 Mar-13 0 Mar-07 Set-08 Mar-10 Set-11 0 Mar-13 Fonte: Bloomberg Página 6 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Evolução dos mercados financeiros O ano iniciou-se com um sentimento positivo nas principais bolsas mundiais. Nos EstadosUnidos, o índice Dow Jones Industrial registou novo máximo histórico. Perto do final do trimestre, o modelo de resgate financeiro ao Chipre adicionou volatilidade aos mercados. O ano iniciou-se com valorizações das classes de activos com risco, nomeadamente das acções. Nos EUA, os índices de referência Dow Jones Industrial e S&P-500 registaram novos máximos históricos e, na Europa, os índices inglês e alemão terminaram perto dos máximos de 2007, apesar da turbulência das últimas semanas desencadeada pelo resgate ao quarto país da Zona Euro, o Chipre. Mercados Accionistas Nos Estados-Unidos, os índices Dow Jones Industrial e S&P-500 registaram novos máximos históricos, nos 14585 e 1570 pontos, respectivamente. O sentimento dos investidores continuou positivo, impulsionado pelos bons resultados das empresas, no quarto trimestre do ano passado, e, não menos importante, pelo compromisso da FED em manter o momentum na economia, através de liquidez abundante e taxas de juro baixas. Desta forma, os índices de referência S&P-500 e Nasdaq-100 terminaram o trimestre com valorizações de 10.0% e 5.9%, respectivamente. Mercados Accionistas versus Volatilidade 1800 1600 70 S&P-500 (eixo esquerdo) 5000 Vstoxx 60 VIX 1400 50 1200 40 70 EuroStoxx-50 (eixo esquerdo) 60 4000 50 40 3000 1000 30 800 20 600 10 400 Mar-03 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 0 Mar-13 30 20 2000 10 1000 Dez-02 Dez-04 Dez-06 Dez-08 Dez-10 0 Dez-12 Fonte: Bloomberg Na Europa, as subidas foram mais modestas. O índice Europe Stoxx-600 registou uma subida trimestral de 5.0%. Os mercados com melhor desempenho foram os inglês (FTSE-100, +8.7%), português (PSI-20, +3.0%) e francês (CAC-40, +2.5%). Por seu turno, os desempenhos mais fracos foram os registados pelos mercados espanhol (IBEX-35, -3.0%) e italiano (FTSE MIB, -5.7%). Os mercados emergentes continuaram a registar um desempenho inferior ao dos congéneres desenvolvidos. Destaque ainda para a underperformance dos mercados emergentes relativamente aos desenvolvidos: o índice MSCI World valorizou, no trimestre, 7.2%, mais 9.1 pontos percentuais do que o índice MSCI Emerging Markets, ambos em USD. Página 7 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Evolução dos Mercados Accionistas Mundiais (YTD 2013) S&P-500 10,0 16,5 8,7 FTSE-100 ISE 30 (Turquia) 8,3 7,2 MSCI World Shangai Comp. (China) -1,4 5,9 Nasdaq-100 MSCI Emerging -1,9 PSI-20 3,0 CAC-40 DAX-30 MSCI FM Africa 2013 (%, Local) -3,0 2013 (%, Local) 2,4 MICEX (Rússia) -2,5 2,5 Bovespa (Brasil) -7,6 IBEX-35 -3,0 Sensex 30 (India) Fonte: Bloomberg Relativamente ao mercado nacional, o trimestre ficou marcado, mais uma vez, por uma elevada dispersão de retornos. Entre os títulos constituintes do índice PSI-20 (+3.0%), os melhores desempenhos foram os registados pelas acções do BCP (+26.7%), Semapa (+23.9%) e Novabase (+23.4%); as piores variações foram as do Banif (-16.4%), BES (-10.7%) e Cofina (-7.0%). Maiores e menores subidas do PSI-20. Banif-16,4 BES Cofina EDP Renováveis Sonae SGPS PSI-20 Mota Engil Altri Sonae Indústria -10,7 Portugal Telecom YTD (%) -7,0 -5,6 1,9 -1,0 REN -0,9 Jerónimo Martins -0,5 Cofina 18,6 20,8 Mota Engil Novabase 23,4 Sonae SGPS Semapa 23,9 Altri 26,7 BPI BCP 12 Meses (%) -5,3 Galp Energia PSI-20 3,0 -19,0 4,8 40,5 52,7 57,0 67,8 103,1 Fonte: Bloomberg Sectorialmente, tomando como referência os índices globais da MSCI, as maiores subidas foram as obtidas pelos sectores Farmacêutico (+13.4%), Consumer Staples (+12.0%) e Consumo Discricionário (+9.5%). Os sectores com menores variações foram os Materiais (-4.0%), Tecnologia (+4.5%) e Energia (+4.8%). Página 8 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Evolução Sectorial (Global) 25,00 YTD (%) 20,00 12 Meses (%) 15,00 10,00 5,00 0,00 -5,00 -10,00 Fonte: Bloomberg, Índices MSCI World Mercados Cambiais O Euro perdeu 3.0% face ao USD, no primeiro trimestre, penalizado pelo impasse político em Itália, e pelo resgate financeiro ao Chipre, onde ocorrerão perdas para os depositantes. Apesar da volatilidade verificada, a cotação do Euro (EUR) terminou o trimestre praticamente inalterada face ao dólar norte-americano (USD). Após um início de ano bastante positivo, tendo ultrapassado os 1.36, o EUR acabou por ser penalizado pela instabilidade provocada pelo impasse político em Itália, onde ainda não foi formado governo, e pela crise financeira em Chipre, que culminou no quinto resgate na Zona Euro, com perdas pesadas para os (grandes) depositantes e obrigacionistas dos bancos cipriotas. Neste sentido, o USD acabou por, uma vez mais, beneficiar do aumento da aversão ao risco na Zona Euro. Evolução do Euro e do Dollar Index Spot 1,80 1,60 EUR-USD 180 105 EUR-GBP 170 100 EUR-JPY (eixo direito) 160 1,40 150 140 1,20 130 1,00 120 110 0,80 0,60 0,40 Mar-03 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 Saldo da Balança Corrente EUA (% do PIB) 95 90 -1 -2 85 -3 80 -4 75 100 70 90 65 80 Mar-13 0 Dollar Index Spot (eixo esq.) 60 Mar-03 -5 -6 Set-05 Mar-08 Set-10 -7 Mar-13 Fonte: Bloomberg Página 9 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Cenário diferente foi o verificado relativamente às moedas inglesa (GBP) e japonesa (JPY), contra as quais o EUR apreciou 3.6% e 6.4%, respectivamente, no trimestre. Contudo, mais do que uma preferência particular pela moeda europeia, estes movimentos deveram-se, em larga medida, às fortes depreciações destas moedas face ao USD, penalizadas pelas políticas monetárias expansionistas nestes dois países, visando impulsionar as respectivas economias. Taxas de Juro Tanto a FED como o BCE mantiveram inalteradas as taxas de juro de referência, nos 0.25% e 0.75%, respectivamente. Sem grande surpresa, a FED manteve inalterada a taxa de juro de referência, nos actuais 0.25%. Nos prazos mais longos, porém, acentuou-se a tendência de subida das taxas de juro, descontando os indicadores económicos positivos. Nos prazos de 5 e 10 anos, as taxas swap terminaram o trimestre nos 0.95% e 2.0%, respectivamente, mais altas 10 e 23 bps do que no final de Dezembro. Evolução das Taxas de Juro - USD 6,0% 6,0% Libor 3M US Swap 5Y 5,0% 5,0% US Swap 10Y 4,0% 4,0% 3,0% 3,0% 2,0% 2,0% 1,0% 1,0% FED Target Rate 0,0% Mar-08 Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 Mar-13 0,0% Mar-08 Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 Mar-13 Fonte: Bloomberg Também na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) manteve inalterada a taxa de juro de referência, nos 0.75%. Apesar das fracas perspectivas económicas, o BCE continua a resistir a um corte de taxas de juro, mantendo-se fiel ao seu mandato de garante da estabilidade dos preços. Nos prazos mais longos, as subidas foram modestas e anuladas, face aos máximos de Fevereiro, pelos resultados das eleições em Itália e pela crise financeira em Chipre, factores que assombram a esperada recuperação económica na Zona Euro. Página 10 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Evolução das Taxas de Juro - EUR 6,0% 6,0% Euribor 3M 5,0% Eur Swap 5Y 5,0% Eur Swap 10Y 4,0% 4,0% 3,0% 3,0% 2,0% 2,0% 1,0% 1,0% 0,0% Mar-08 Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 Mar-13 0,0% Mar-08 ECB Main Refi Rate Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 Mar-13 Fonte: Bloomberg Dívida Pública As yields dos Treasuries a 10 anos encerraram o trimestre nos 1.85%. Na Zona Euro, os bunds alemães a 10 anos fixaram-se nos 1.29%, no final de Março. Nos Estados-Unidos, as yields a 10 anos dos Treasuries encerraram o trimestre com uma subida de 10 bps, relativamente ao final do ano passado. Apesar da evolução favorável dos indicadores económicos, a subida destas yields tem sido contida pela FED, ao abrigo do programa de compra de títulos. Segundo este programa, a FED tem comprado, mensalmente, 85 mil milhões de USD de títulos hipotecários e dívida pública, visando fomentar o crescimento económico e a diminuição do desemprego. Dívida Pública core – yields a 10 anos, nominais e reais 6,0% 6,0% 5,0% Bunds 10Y Real 5,0% Bunds 10Y Treasuries 10Y Real Treasuries 10Y 4,0% 3,0% 4,0% 2,0% 3,0% 1,0% 0,0% 2,0% -1,0% 1,0% Mar-08 Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 Mar-13 -2,0% Mar-08 Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 Mar-13 Fonte: Bloomberg Página 11 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Por sua vez, na Zona Euro, os títulos de dívida alemã continuaram a beneficiar do seu estatuto de ‘porto de abrigo’, num cenário de fraco crescimento económico. A crise da dívida europeia parece ainda longe de estar resolvida, com vários (e importantes) países condicionados pela consolidação orçamental e obrigatoriedade de desalavancagem, como a Espanha e a Itália, esta última ainda sem um governo formado, após as eleições de Fevereiro último. Desta forma, os bunds a dez anos alemães terminaram o trimestre nos 1.29%, bem abaixo dos 1.64% atingidos no final de Janeiro. Relativamente aos países periféricos, o trimestre foi de consolidação, após os fortes Os spreads da dívida pública dos países periféricos terminaram o trimestre pressionados pelo resgate financeiro ao Chipre. ganhos no segundo semestre de 2012. Em Portugal, a yield a 5 anos terminou nos 5.10%, mais 479 bps do que as congéneres alemãs. Em Espanha e Itália, as yields para o mesmo prazo terminaram nos 3.82% e 3.53%, respectivamente. Face à Alemanha, os spreads destes dois países registaram um comportamento simétrico: o spread de Itália aumentou 23 bps, enquanto que o de Espanha diminuiu 25 bps, desde o início do ano. Crise da dívida soberana Spreads relativamente à Alemanha 20,0% 8,0% Itália 5Y Portugal 5Y Aústria 5Y Espanha 5Y 15,0% 6,0% Irlanda 5Y 10,0% 4,0% 5,0% 2,0% 0,0% Dez-09 Jun-10 Dez-10 Jun-11 Dez-11 Jun-12 Dez-12 0,0% Mar-10 França 5Y Bélgica 5Y Set-10 Mar-11 Set-11 Mar-12 Set-12 Mar-13 Fonte: Bloomberg. Dívida Privada Os spreads da dívida privada encerraram o trimestre pouco alterados relativamente ao final do ano passado. No segmento das obrigações de dívida privada, o trimestre foi igualmente de consolidação. Apesar dos ganhos registados nos mercados accionistas, na Europa os spreads mantiveram-se relativamente estáveis no trimestre, evidenciando a relutância dos investidores em aceitar novas diminuições nestes prémios de risco. Nas obrigações de menor qualidade creditícia (High Yield), os spreads, terminaram o mês de Março nos 487 bps, após o mínimo de 400 bps, registado antes da crise financeira em Chipre. Página 12 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Spreads da Dívida Privada (Europa) 1200 1600 250 JPMorgan Sub Tier1 1000 200 1200 800 150 600 800 100 400 400 50 iTraxx Main (eixo esq.) 200 iTraxx X-over 0 Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 0 Mar-13 0 Mar-09 Mar-10 Mar-11 Mar-12 Mar-13 Fonte: Bloomberg Matérias-Primas As matérias-primas, em média, valorizaram 1.3%, no primeiro trimestre, em USD. Enquanto classe de activos, as matérias-primas encerraram o trimestre com uma valorização de apenas 1.3%. A fraca conjuntura na Europa e a desaceleração da economia chinesa, têm pesado na evolução recente dos preços da generalidade das matérias-primas, com maior incidência nos metais industriais (-6.3%) e produtos agrícolas (-3.7%). A cotação do Ouro, por sua vez, desvalorizou 4.6%, no trimestre, com os investidores cada vez mais a descontarem o possível fim das compras de títulos pela FED no final deste ano, à medida que a recuperação económica ganha sustentabilidade. Evolução das Commodities 800 800 Energia Metais Industriais Produtos Agrícolas Metais Preciosos 600 600 400 400 200 200 0 Mar-03 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 Mar-13 0 Mar-03 Mar-05 Mar-07 Mar-09 Mar-11 Mar-13 Fonte: Bloomberg Paulo Monteiro Redigido em 3 de Abril de 2013 Página 13 Invest Outlook 2º Trimestre 2013 Disclaimer A informação contida neste documento tem um carácter exclusivamente informativo e particular. A informação foi obtida junto de fontes consideradas fiáveis, não sendo, contudo, possível garantir a sua precisão. As opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos seus autores, reflectindo apenas os seus pontos de vista, os quais podem não ser coincidentes com opiniões expressas por outras áreas do Banco Invest, SA. 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