Dr. Marcelo Barbosa Henriques - CRMV-SP
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Dr. Marcelo Barbosa Henriques - CRMV-SP
Dr. Marcelo Barbosa Henriques Zootecnista Mestre em Gestão de Recursos Naturais – Unesp Doutor em Zoologia – Unesp Orientador do curso de pós graduação (nível mestrado) em Pesca e Aquicultura do Instituto de Pesca Professor titular do curso de Medicina Veterinária da UNIMES (Santos) SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ANIMAIS AQUÁTICOS DE INTERESSE COMERCIAL: MANEJO HÍDRICO E ALIMENTAR PARA AQUICULTURA Dr. Marcelo B. Henriques Pesquisador Cientí Científico Instituto de Pesca – SAA/SP E-mail: [email protected] 1 PESCA – CAPTURA GLOBAL (1950-2006) 93 milhões t 58,1% do pescado consumido no mundo Fonte: FAO (2008) PESCA – CAPTURA BRASIL (1950(1950-2006) 779.000 t 0,84% da prod. mundial 2 AQUICULTURA MUNDIAL (PRODUÇÃO) 67 milhões t 41,9% do pescado consumido no mundo AQUICULTURA – BRASIL (PRODUÇ (PRODUÇÃO) 272.000 t 0,41% prod. mundial 3 AQUICULTURA Esta atividade pode ser definida como "o cultivo ou criação de organismos que têm na água o seu normal ou mais freqüente meio de vida". A aquicultura é uma atividade dedicada ao cultivo de diferentes espécies de peixes, crustáceos, moluscos e plantas aquáticas e, perfila-se como uma valiosa alternativa de produção de alimentos sem a dependência dos limitados recursos existentes nos ecossistemas marinhos e continentais. A aquicultura é uma atividade de produção que apresenta uma taxa de crescimento mundial de mais de 8%. FINALIDADES DA AQUICULTURA: Alimentação humana, repovoamento, isca (pesca esportiva), ornamentação, animais de laboratório, pérolas, contribuição indireta na alimentação humana Aquicultura Continental A região Sul liderou a produção da aqüicultura continental em 2004, com 34%, baseada principalmente no cultivo de carpas e tilápias. A região Nordeste apareceu na segunda colocação, com 22%, focada no cultivo de tilápias e de tambaquis. A seguir veio a região Centro-Oeste, com o equivalente a 18% da produção nacional, alavancada pela produção do tambacu, pacu, tilápia e tambaqui. A região Sudeste ficou com a quarta posição, com 17%, baseada na produção de tilápia, carpa, truta, tambacu e o tambaqui. A região Norte contribuiu com 10% da aqüicultura continental, ancorada basicamente pelo cultivo do tambaqui. 4 Aquicultura Marinha Segundo dados do IBAMA (2006), em 2004 a produção brasileira da aqüicultura marinha foi de 88.967 toneladas ou o equivalente a 33% da produção nacional, ressaltando-se novamente uma queda de 11, 9% da produção neste ambiente, provocado pela crise que se instalou na carcinicultura. A região Nordeste foi responsável por 79,5% do cultivo de organismos aquáticos marinhos sendo 99,99% representado pela produção do camarão marinho e apenas 0,01% pela produção de ostras. A região Sul ficou na segunda posição na produção marinha, com 19%, fortemente ancorada pelo cultivo de mexilhões e ostras. A representatividade nas Regiões Sudeste e Norte foi bastante pequena, registrando 1% e 0,3% respectivamente. • 2005 - Brasil – aquicultura: 98.557 produtores, instalados numa área de 78.552 ha, o que perfaz uma área média de 0,80 ha/propriedade. • Esses dados indicam que a aquicultura brasileira, com exceção do setor da carcinicultura, é sustentada principalmente por pequenos produtores. • PROBLEMA OU SOLUÇÃO ????? 5 Potencialidades Naturais Quando se fala em potencial para o desenvolvimento da aqüicultura no Brasil: • possui 7.367 km de costa; • possui 5, 5 milhões de hectares em águas represadas; • possui 3, 5 milhões de hectares em águas represadas em reservatórios de hidrelétricas; • apresenta clima preponderantemente tropical; • é auto-suficiente na produção de grãos. • concentra 13,8% de toda a água doce superficial do mundo disponível no planeta; • a Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, com 3.984.467 km2 em território brasileiro; • apresenta abundância de água doce em praticamente todas as regiões do país; A maior disponibilidade de corpos de água está concentrada nas regiões Norte e Centro Oeste, que concentram cerca de 89% do potencial de águas superficiais do país. IMPORTÂNCIA DA AQUICULTURA Gera empregos e renda Protege o meio ambiente Aproveita áreas sem interesse econômico Diminui a pressão extrativa sobre os recursos explotados Fixa os produtores Incorpora os pescadores a uma atividade planificada Estimula as cadeias produtivas (Aquicultura&Turismo) Atrator artificial 6 Vantagens do peixe em relação a outros animais de criação Alimentação: eficiência na utilização da proteína Pecilotérmico: não requer muita energia Vantagens da aquicultura •Aproveitamento de áreas improdutivas •Utilização de subprodutos agropecuários •Elevada produção por área •Renda complementar para o agricultor •Eficiente conversão alimentar •Utilização de reservatórios de água construídos para outra finalidade •Disponibilidade imediata do produto, sem os problemas de sazonalidade da pesca extrativa OSMORREGULAÇÃO Água doce: Fluído (sangue) hipertônico em relação à água, bebe pouco, absorve sais pelas brânquias e urina pouco Água salgada: Fluído hipotônico, bebe muito, libera sais pelas brânquias e urina muito NOÇÕES BÁSICAS DE LIMNOLOGIA Sistemas aquáticos Água doce: Sistemas lóticos (água corrente – rio) Sistemas lênticos (lago – águas paradas ou relativamente paradas) Água salgada: Oceanos Manguezais Estuários 7 Ambientes aquáticos: água doce e marinha Distribuição da água no mundo: Localização Mar Rochas e águas subterrâneas Gelo Rios e lagos Vapor d’água na atmosfera % 86,5 12,2 1,2 0,03 0,001 Lagos Classificação quanto a produtividade: Eutróficos – lago que tem sua vida, boa produtividade, formado a milhões de anos Oligotróficos – pouco produtivo, pouca biomassa, mas pode ficar rico Distróficos – mais pobre, porque não apresenta condições de haver proliferação de organismos, o solo é muito ruim Perfil de Rios Nascente: leito estreito, muitas pedras grandes Zona dos rápidos: não existe deposição dos sedimentos, o terreno é inclinado, as pedras são menores, os vegetais existem somente na margem porque no fundo eles não conseguem se fixar Zona de remanso: deposição de sedimentos, o leito é mais largo, existem mais vegetais no leito e nas margens Estuário: alta produtividade (maior que qualquer outro), predominância de indivíduos eurihalinos (suportam grande variação de salinidade) 8 Ambientes Marinhos Área = 363 milhões de Km2 (72% da superfície da Terra) Prof. Média = 3,8 km (prof. Máx. 11 Km) Salinidade: 35 ppm Temperatura: -4 a 45°C pH: próximo de 7 perfil do mar: plataforma continental; talude; planície abissal, cordilheira mesooceânica Divisão em zonas: nerítica e oceânica Zona nerítica: sob a plataforma continental (supra-litoral: da preamar p/ cima; meso-litoral: entre a preamar e a baixamar; infra-litoral: entre a baixamar até o fundo) Zona oceânica: além da plataforma continental 4 comunidades neríticas de importância: estuários, recifes de coral, manguezais e lagoas costeiras O Uso de Água na Aquicultura A água será a grande commodity ambiental dos próximos anos e também o maior motivador de conflitos de interesses de seus múltiplos usos. Para a aquicultura, pode-se dizer que a água é a principal matéria-prima. Parques Aquícolas Um dos instrumentos criados para disciplinar o uso dos corpos d’ água de domínio da União para fins de uso na aqüicultura. Parques Aquícolas são espaços físicos contínuos em meio aquático delimitado, que compreendem um conjunto de áreas aquícolas, destinadas a projetos de aqüicultura, individuais ou coletivos. O uso da água é dado pelo sistema de loteamento, estrutura semelhante a condomínio. Não existe a figura do proprietário. A autorização de uso se dá por concessão do espaço físico. 9 A ÁGUA PARA A AQUICULTURA Propriedades físicas Temperatura: Os peixes são animais pecilotérmicos, são menos resistentes a variação da temperatura. Influencia também os teores de oxigênio dissolvido Temperatura efetiva: é aquela que vai dar os limites de tolerância para a sobrevivência de um organismo aquático Propriedades físicas Transparência É a capacidade da água de permitir a passagem da luz ou da radiação solar luz – fundamental para o desenvolvimento do fitoplâncton medida através do disco de Secchi transparência ideal para viveiros entre 20 e 30 cm Turbidez ou cor aparente É a quantidade de material dissolvido na água pode ser causada por: partículas de argila (cor terra); plâncton (cor verde, azulada ou avermelhada); óxido de ferro (cor amarelada ou ferruginosa); ácidos orgânicos (cor castanho escuro) 10 Propriedades químicas Oxigênio dissolvido (O2D) importante para a respiração de todos os organismos aquáticos é medido em miligramas por litro peixes tropicais ideal 6 a 8 mg/L origina-se na água pela fotossíntese, pressão atmosférica, movimentação e/ou circulação da água (quedas naturais, aeradores) cuidados com a adubação águas mais frias tem maior capacidade de reter o O2D que as mais quentes método para medição do O2D: oxímetro ou Winkler Propriedades químicas Potencial hidrogeniônico (pH) reflete o grau de acidez ou alcalinidade da água varia de 0 a 14 máxima produtividade para aquicultura: entre 6,5 e 9 ideal: entre 7 e 8 (N,P,K vão ser melhores aproveitados) o pH da água é um reflexo do pH dos solos adjacentes é medido através de pHmetro ou papel tornasol é corrigido através da calagem Reservas alcalinas elementos alcalinos da água que mantém o pH na faixa recomendável e evitam variações bruscas do mesmo mais freqüentes: cálcio e magnésio controle também é feito por calagem 11 Propriedades químicas Nutrientes minerais são necessários: N, P, K, Ca, Mg, C e micronutrientes – para o bom desenvolvimento dos produtores primários está diretamente relacionado com a qualidade dos solos adjacentes e naquele sobre o qual repousa o corpo d’água K,Fe,Mg e Si: existem em quantidades suficientes, os demais devem ser aplicados pela adubação Fósforo (P): Importante para a fotossíntese, respiração, síntese de ptns e reprodução vegetal É absorvido na forma de fosfatos (PO4) solúveis. É um elemento limitante da produtividade primária em viveiros piscícolas É um elemento que apresenta poder residual junto ao sedimento Propriedades químicas Nutrientes minerais Nitrogênio (N): É parte integrante da molécula de proteína É absorvida pelos vegetais na forma de nitrato (NO-3) As formas (amônia e nitrito) são reduzidas a nitrato por ação de bactérias Carbono (C): Trata-se do elemento existente em maior quantidade em todos os seres vivos, integrando as moléculas de poteínas e carboidratos Participa da elaboração da glicose no processo da fotossíntese É importante em conjunto com o cálcio na estabilidade do pH e na formação de carapaças de algas e zooplâncton Ocorre na água principalmente na forma de dióxido de carbono(CO2) CO2 + água = ácido carbônico ácido carbônico + carbonato de cálcio = bicarbonatos solúveis (estabilizador de pH) 12 Elementos tóxicos Dióxido de carbono: 0,35 ppm (matam as larvas); 1,00 ppm (matam alevinos e adultos). O excesso é evitado controlando-se as adubações orgânicas Gás sulfídrico: 6,00 ppm (matam os peixes) Originado da biodigestão da matéria orgânica (madeiras, folhas) O excesso é evitado controlando-se as adubações orgânicas Metano (CH4): Produzido pela biodigestão da celulose em meio anaeróbio O excesso é evitado controlando-se as adubações orgânicas Amônia (NH4): Teores maiores que 0,01 ppm já apresentam problemas aos peixes É liberada pelos peixes através das brânquias Altos valores acarretam paralisação do crescimento e o excesso a morte SERES AQUÁTICOS Estão agrupados em comunidades, conforme sua localização no corpo d’água. Plâncton: É a base da cadeia alimentar. São todos os organismos aquáticos incapazes de vencerem as correntes. Divide-se em: Fitoplâncton: é a fração vegetal, composta de algas microscópicas, são os maiores produtores de O2. Ex: algas verdes (clorofíceas), diatomáceas Zooplâncton: É a fração animal, compostas por microcrustáceos, copépodos, rotíferos, etc. Pode ser: Holoplâncton (permanente) ou Meroplâncton (provisório) Importância do plâncton para a aquicultura: Todos os peixes na fase larval são plânctófagos e a grande maioria mesmo na fase adulta ainda continuam plânctófagos. 13 SERES AQUÁTICOS Necton: São os organismos vivos que vivem livremente na água, vencendo a correnteza. Benton: São organismos que se desenvolvem sobre o fundo do corpo d’água. Plantas e animais que vivem no fundo. Ex: os anelídeos, larvas de alguns insetos. Perifiton: São animais ou plantas que vivem nas folhas ou raízes de vegetais flutuantes Macrófitas aquáticas: São vegetais de tamanho maior, que se desenvolvem flutuando pela superfície. Ex: aguapé Neuston: São os animais que conseguem se sustentar sobre a tensão superficial da água. Ex: aranha d’água Bactérias redutoras: São as responsáveis pela biodigestão de todo o material orgânico morto existente no meio aquático. FERTILIZAÇÃO DE AMBIENTES AQUÁTICOS Calagem É a adição de compostos cálcicos no solo ou na massa d’água com a finalidade de corrigir a acidez de um ou de outro. Importância: age sobre os fatores biológicos da produção (dá melhores condições ao N,P,K serem melhores aproveitados), age sobre o estado sanitário dos peixes (elimina fungos, larvas ou ovos de parasitas) Necessidade da calagem: quando o pH está baixo, ou as reservas alcalinas estão reduzidas, precipitar matéria orgânica, presença de doenças 14 Métodos de calagem no solo: Quando se inicia a criação, com o solo úmido, aplica-se o calcáreo esperando 15 dias para reagir com o solo. Encher o tanque e esperar mais 15 dias para medir o pH. Se o pH estiver na faixa de 6,5 a 9,0 já se pode fazer a adubação na massa d’água: Deve ser feito parcialmente, de maneira branda, para poder sedimentar. Deve-se sempre usar a cal hidratada Compostos cálcicos encontrados no mercado pó calcáreo, terra cálcica, cal virgem (devem ser bem moídos) , cal hidratada (+recomendada) e cianamida (combate parasitos) Adubação Introdução de compostos orgânicos ou químicos em ambientes aquáticos com a finalidade principal de produzir plâncton para favorecer a produção piscícola. Outra finalidade é a alimentação (estercos). Importância: produção de plâncton e melhoria do solo Tipos de adubo Orgânico: degetos de animais: herbívoros (só fertiliza)- caprinos, bovinos, ovinos – 4.000 kg/ha/mês monogástricos (além de fertilizar alimenta)- suínos e aves – 2.000 kg/há/mês verde: restos de cultura, folhas de vegetais não lenhosos efluente de biodigestor (2 a 2,5% de efluente do volume do tanque a cada 30 dias) 15 Tipos de adubo: Químico: N,P,K Nitrogênio: (salitre do Chile) início da criação – 50 kg/ha Fósforo: (superfosfato simples) 188 kg/ha/mês Potássio: início da criação – 30 kg/ha Metodologia de aplicação do adubo Na água: O adubo deve ser colocado na parte rasa longe da entrada d’água: a lanço, sacos, baldes furados, pocilgas, cercados de bambu No solo: O adubo orgânico deve ser recoberto com uma camada fina de terra QUALIDADE DA ÁGUA Impacto do efluente de aquicultura sobre o meio ambiente Pode carrear: •Sobras de alimentação •Sobras metabólicas •Detritos em geral •Produtos Químicos específicos •Parasitas e organismos patogênicos •Ovos, larvas e alevinos de peixes Efeitos: Modificação da qualidade de água do corpo receptor (sólidos em suspensão aumentando a turbidez; matéria orgânica aumentando a DBO e amônia e diminuindo o O2D Ação de produtos químicos sobre a biota aquática Problemas sanitários Dispersão de espécies exóticas e seres geneticamente manipulados 16 Manejo Adubo orgânico: problema é a falta de controle (grande proliferação de algas). Aspecto sanitário: os Supermercados não aceitam mais peixes criados com adubo orgânico (fazem a colimetria) Produtos químicos: pesticidas e herbicidas; augicidas (sulfato de cobre); controle de macrofitas, controle de espécie de peixes indesejáveis, controle de pequenos predadores (neguvon, dipterex) Drogas veterinárias: controle de doenças Antibióticos: (prevenção de doenças) Hormônios: indução de crescimento e reversão sexual Aditivos alimentares: vitaminas e pigmentos Aspectos Sanitários Propagação de parasitas e agentes patogênicos Utilização de produtos para a desinfecção de tanques Introdução de espécies exóticas Hibridação Alteração nos habitats Predação Espécies manipuladas geneticamente (transgênicos) Controle de efluentes Tratamento dos efluentes Cuidados na utilização de produtos químicos Manejo voltado para minimizar a ação poluidora do efluente Avaliação da toxicidade do efluente Restrição quanto a locais de descarga do efluente A descarga nunca poderá ser maior do que o volume do fluxo do corpo receptor O efluente não poderá alterar a qualidade de água do corpo receptor Substâncias tóxicas Depende da concentração para ser tóxico 17 TIPOS DE EXPLORAÇÃO EM AQUICULTURA Classificação quanto a finalidade: Cria ou produção de sementes (alevinos) Depende de: •demanda favorável por sementes na região; maior dedicação por parte do piscicultor •maior ocupação de mão de obra; mão de obra qualificada; instalações e equipamentos mais complexos Recria, engorda ou produção de pescado Depende de: •menor dedicação por parte do piscicultor •menor ocupação de mão de obra •mão de obra menos qualificada •instalações e equipamentos menos complexos, podendo-se realizar em represas rurais •oferta de alevinos •demanda e preço do pescado na região Exploração mista de cria e recria Lazer Sanitários: moscas, caramujos Ornamentação Classificação quanto à intensidade Extensiva: a interferência do homem nos fatores de produtividade é mínima, restringe-se ao povoamento inicial do corpo d’água. Caracteriza-se por: •Impossibilidade de esvaziamento total do criadouro •Impossibilidade de despesca •Ausência de controle da reprodução dos animais estocados •Presença de peixes e aves predadoras •Ausência de práticas de adubação, calagem e alimentação artificial •Peixes se alimentando apenas da produtividade natural •Existência de uma sub-população devido ao ataque de predadores ou de uma superpopulação devido à ausência de controle da reprodução •Produtividade baixa, dificilmente ultrapassando a média de 400 kg/ha/ano 18 Semi-intensiva: o homem já interfere em alguns fatores de produtividade, resultando nas seguintes características •Possibilidade de esvaziamento total do criadouro •Possibilidade de despesca •Controle da reprodução dos animais estocados •Ausência ou controle de predação •Presença de práticas de adubação, calagem e opcionalmente uma alimentação artificial a base de subprodutos regionais (suino-piscicultura; ave-piscicultura ou rizipiscicultura) •Manutenção de uma densidade populacional correta durante o período de cultivo •Produtividades boas, podendo chegar a 10 ton/ha/ano Intensiva: todos os fatores de produção são controlados pelo homem, resultando nas seguintes características. (além das apresentadas na semi-intensiva) •Densidade elevada de peixes por volume d’água •Alimentação artificial a base de rações balanceadas •Necessidade de alto fluxo de água ou de uma recirculação forçada (altos teores de O2D e um bom arraste de matérias tóxicas) •Produtividades elevadas, podendo-se ultrapassar os 90 kg/m3/ano INSTALAÇÕES UTILIZADAS EM AQUICULTURA Tanques e viveiros: São ambientes aquáticos construídos com a finalidade de proporcionar a reprodução e a produção de organismos aquáticos Classificação dos tanques e viveiros: quanto as dimensões: o tamanho pode variar muito -profundidade ( fundo = + de 3m; pouco profundo = 1 a 3m; raso = - de 1m) ideal: 40 a 60 cm na parte rasa e 1 a 1,5m na parte mais funda Obs: A piscicultura não se preocupa com a profundidade excessiva e sim a área inundada quanto a forma: quadrados, retangulares, redondos e triangulares quanto a categoria: derivação ou interceptação 19 Classificação quanto a finalidade: •reprodução •larvicultura •alevinagem •crescimento •engorda •produção de alimento para peixes (plâncton) •depuração (alvenaria) •quarentena (no ponto mais a jusante do terreno) Viveiros Características topografia: deve-se se levar em consideração DOIS pontos: cota d’água e ponto de drenagem (mangueira de nível, piquetes, teodolitos, balizas,trena) formato retangular com entrada e saída localizadas nos lados menores opostas uma a outra declividade caixas de coleta ou despesca: opcional declividade: mínima de 0,5% 20 Talude 2,5 m água 2:1 3:1 Inclinação dos taludes e cristas: 2:1 a 3:1 , a crista deverá ter no mínimo 2,5 m de largura Cobertura vegetal dos diques: gramados para evitar a erosão (grama batatais – Paspalum notatum) Escolha do local Características Solo: argilo-arenosos Sub-solo: não deve ser pedregoso, arenoso ou turfoso Água: deve ser de boa qualidade, conduzida por gravidade Topografia: ideal de 5 a 10% de declividade Livre de enchentes Vazão de água necessária: semi-intensivo: ideal é de 10 L/s/ha (renovação de 5%/dia) 21 Sistemas de abastecimento bombeamento ou gravidade transporte de água: canal de derivação, alvenaria com declividade suave entrada de água: cano que liga a comporta ao corpo do viveiro (3 a 4 polegadas) comporta: alteração no canal de derivação com a finalidade de reter impurezas Sistemas de escoamento superficial: não é a ideal profunda: Monge (maior que 400m2), cachimbo (até 400 m2), sifão (quando não se tem sistema de esvaziamento) Partes de um viveiro ou tanque comporta cano de entrada de água sistema de coleta (caixa de peixe) monge cano de escoamento CULTIVO DE PEIXES DE ÁGUA DOCE Características desejáveis •reprodução em cativeiro •hábito alimentar onívoro (aceite alimentação artificial) •criação em altas densidades •boa conversão alimentar •aceitação no mercado consumidor •rusticidade •suportar o clima da região em que se deseja fazer o cultivo 22 CULTIVO DE CARPAS Originária da China, onde é criada há mais de 2.000 anos No Brasil, a introdução da carpa ocorreu em 1904, pela Secretaria da Agricultura do estado de São Paulo. As principais espécies cultivadas comercialmente no Brasil são as carpas comuns (Cyprinus carpio) variedades: espelho ou real (alta poucas escamas de grande tamanho), escama ou comum (longa muitas escamas de pequeno tamanho), colorida (ornamentação) e couro (sem escama não se adaptou bem no Brasil) Carpas chinesas (Ctenopharyngodon idella – carpa-capim; Hipophtalmichys molitrix – carpa-prateada; Aristichthys nobilis - Carpa cabeça-grande Segundo os dados analisados, a carpa foi o peixe mais cultivado no país nos anos de 1996 até 2001. A partir de 2002, a produção de tilápias superou a produção destes ciprinídeos, e a carpa passou a ocupar o segundo lugar na produção de peixes. Em 2004, a produção de carpas no Brasil representou 17% da produção total da aquicultura nacional. O cultivo de carpas teve um crescimento bastante acentuado até o ano de 2002, quando registrou uma produção de 54.963 toneladas, com a região Sul contribuindo com 77,4% da produção daquele ano. Após o ano de 2002, o cultivo desta espécie passou a apresentar uma curva de declínio, registrando em 2004 uma queda de 10,4% na produção. 23 Condições para a criação Ambiente ideal: água parada e quente, 1 a 1,5 m profundidade, 7 a 8 ppm de O2d (pode chegar até 3 ppm sem problema) temperatura: vive de 0 a 40°C (até 13°C o crescimento é lento, de 20 a 28°C faixa de reprodução e de 24 a 28°C o crescimento é ótimo com maior conversão alimentar) pH entre 6,5 e 8,0 (ideal 7,0) Reprodução ovíparos: fecundação e desenvolvimento dos ovos no meio externo macho: 2 a 5 anos – fêmeas: 3 a 6 anos (proporção: 2 a 3 machos para cada fêmea) 1 fêmea de 1 kg produz de 100.000 a 120.000 ovos manejo da reprodução: desova ocorre geral/ entre 4 e 6 horas da manhã (Kakabans) Alimentação onívoro ração: 37 a 42% de PB na fase inicial quando o peixe atinge 10 cm abaixa-se a quantidade de PB para 25% quantidade de ração: 3% peso vivo/dia CULTIVO DE TILÁPIAS A tilápia (Oreochromis niloticus) foi introduzida no Brasil pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, em 1952, para conter a proliferação de algas e macrófitas aquáticas em represas. A tilápia passou a ser a espécie de peixe mais cultivada no Brasil a partir do ano de 2002. Em 2004 a sua produção representou 26% do total produzido pela aquicultura nacional O cultivo da tilápia desenvolveu-se de forma bastante significativa no Brasil a partir de 1996. 24 Características favoráveis da tilápia para uso na piscicultura •resistência a baixa concentração de O2D •resistência a doenças •rápido crescimento •adapta-se bem ao manejo de cultivo •ótimo rendimento de filé (35%) •amplo espectro de alimentação •produção de sub-produtos (pele) •controla caramujos (Biomphalaria) •suporta super lotação Alimentação: Onívora ( algas filamentosas – fito, macrófitas, matéria orgânica em decomposição, degetos de animais) Qualidade da água: limites (morte 13°C; alimentação 20°C; reprodução 23ºC; ótimo crescimento entre 25 e 30ºC) Oxigênio dissolvido: suporta até 0,5 mg/L, ideal é acima de 3 mg/L Amônia: suporta até 3 mg/L Sexagem manual: maturidade sexual com 4 a 5 meses de vida, pode desovar até 4 vezes por ano com cerca de 1500 óvulos por desova. Incubação oral 4 a 6 dias Desova: em ninhos, mas incuba os ovos na boca Hibridação: macho da hornorum com fêmea da nilótica, na F1 100% machos. Não são apenas os cromossomos sexuais que regulam o sexo (genes autossomicos Zw). Se o peixe não for puro não resolve consorciação com carnívoros: tucunaré ou black-bass – na proporção de 85% de tilápias e 15% da espécie carnívora 25 Reversão sexual larva: 1º alimentação com 11 dias, hormônio 17 α β metil testosterona – 30 a 60 mg/kg ração. 28 dias de aplicação do hormônio alimentação: 1º semana 20% biomassa; 2° 15%; 3º 10% (3 a 4 x ao dia) 35 a 55 kg de fêmeas na proporção de 1 macho: 2 fêmeas (alimentação 1% biomassa) – resulta em 70 a 80.000 alevinos selecionados abaixo de 13 mm preparo da ração: peneira de 0,6 mm (partículas batidas no mix); 1 L de álcool etílico 95% + 6 g hormônio (sol. estoque) 10 mL da solução estoque + 500 mL de álcool + 1kg de ração = mistura-se devagar e deixa secar numa prateleira ou estufa 60° C até sair o cheiro de álcool depois de 28 dias: 100 a 120.000 alevinos/ha dosagem: 250 a 400 g para 1000 alevinosrevertidos no berçário Engorda (2 fases) - 2 a 4 meses: 50 a 100 ind/m2 alimentação: 20% biomassa 4 a 6 x dia conversão: 2,5 a 3:1 - 4 a 7 meses: 0,3 a 5 ind/m2 alimentação: 1,5 a 3% biomassa peso inicial: 30 a 100g peso final: 500g conversão alimentar: 1,8 a 2,0:1 TANQUE-REDE (OPÇÃO) 26 Cultivos em Tanques-Rede Tanques-rede são estruturas de tela ou rede, fechadas de todos os lados, que retêm os peixes e permitem a troca completa de água, na forma de fluxo contínuo, que remove os metabólitos e fornece oxigênio aos peixes. Estima-se que o investimento necessário para a produção de uma tonelada de peixe em tanques-rede seja da ordem de 30-40% daquele para viveiros convencionais. Este fato, aliado às altas produtividades que este sistema de criação de peixes pode proporcionar, tem sido responsável pela grande expansão que se tem observado no país CULTIVO DE TRUTAS Introduzida no Brasil em 1949 – espécie Oncorhynchus mykiss (truta arco-íris) Em 2004 a produção de trutas no Brasil representou apenas 1% do total produzido pela aquicultura nacional. Concentra-se nas regiões Sudeste e Sul responsáveis por 75% e 25% da produção da espécie em 2004, respectivamente. A região Sudeste teve um crescimento importante da produção de truta a partir do no de 1998, porém verifica-se uma estagnação da produção da espécie nas duas regiões brasileiras a partir de 2002 27 Condições para a criação O2d mínimo = 5 ppm (5,5 ppm valor crítico sempre deve ser subtraído do total para a determinação do O2d realmente disponível, ideal 7 a 8 ppm) pH = neutro (podendo variar de 6 a 8,5) Temperatura (o seu aumento causa queda do O2d na água e o peixe aumenta o seu metabolismo, aumentando assim, amônia, DBO, e desenvolvimento de outros organismos patogênicos Reprodução = maio a julho (Tº da água entre 10 e 12 ºC) Crescimento = 15 a 18ºC Turbidez e transparência (concentração desejável, sempre inferior a 70 mg/L, maior que isso causa irritação das brânquias) Vazão (1 L/min/kg de peixe) sempre na estiagem Reprodução e incubação idade dos reprodutores: 2 até 5 anos (peso mínimo de 700 g) separar os machos das fêmeas em março semanalmente as fêmeas são triadas (tem-se o prazo de 1 semana para não ocorrer a reabsorção) os machos a cada 15 dias estão pronto de novo (sofre menos stress) cerca de 30% dos machos utilizados morrem após a primeira reprodução proporção: 4 fêmeas/1 macho postura: 1 fêmea de 1 kg produz apenas de 1500 a 2000 óvulos os machos fornecem 10 a 12 mL de sêmen (16 bilhões de sptz/ml) 28 método úmido = não é utilizado porque a vida do sptz na água é de apenas 1 minuto (método a seco = 80 a 90% de aproveitamento) Após a fertilização a seco espera-se 5 minutos para então se fazer a lavagem Não se deve deixar a água cair diretamente sobre os óvulos Após a lavagem leva-se os ovos para sala de incubação Eclosão = 30 dias Reversão sexual Hormônio feminino = 17 ß estradiol por 90 dias (3 a 4 mg/kg de ração) Triploidização = provoca-se a ruptura dos fusos metafásicos impedindo a expulsão do 2º corpúsculo polar, retendo no ovo 2 conjuntos cromossômicos maternos, resultando em um zigoto triplóide. Esses indivíduos triplóides são sexualmente estéreis. Deve ser fecundado com sêmen de fêmea (masculinizadas com hormônio 17 α metiltestosterona). Choque térmico de 10ºC para 28ºC por 20 minutos. Desvantagem é que mata mais de 30 % dos óvulos. Alimentação (Conversão alimentar = 2:1) Proteína 42% (varia de 32 a 60%) o importante é a proporcionalidade dos aminoácidos. O mais difícil e acertar a metionina e a fenilalamina. Lipídeos = 8% (ideal 12%). Os omega 3 mantêm-se flexíveis a baixas T°, coloca-se 1% na ração (fonte: óleo de soja) Energia = 2700 kcal/kg (ideal maior que 3.000), na ração o teor de carboidrato não pode ultrapassar os 9% porque a truta não tem como fazer o desdobramento Aflatoxina = problemas na estocagem da ração (máx 1 mês) Consumo de ração: a partir de 20 dias quando já absorveu saco vitelínico 10% pv a uma T° de 18°C (depende da temperatura). Pode chegar até a 3% (T° de 4°C) Tamanho comercial = 250 a 350 g (20 a 25 cm de comprimento) tempo de 10 a 18 meses 29 Ranicultura A produção da rã touro-gigante (Rana catesbeiana) em 2004 foi de 631 toneladas, gerando US$ 4 milhões em receitas. Em 2004 observou-se uma taxa de incremento de apenas 1% na produção nacional. A ranicultura concentrou-se principalmente na região Sudeste, responsável por 69% (436 toneladas) do total produzido no país, com o estado de São Paulo liderando a produção, seguido pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. A segunda região em produção foi o Centro-Oeste com 30%, com o cultivo sendo desenvolvido em Goiás e no Distrito Federal. Outros estados que desenvolvem a ranicultura são a Bahia, o Ceará e Rondônia, com uma produção pouco significativa Carcinicultura de Água Doce No ano de 2004 a carcinicultura de água doce com a espécie Macrobrachium rosenbergii representou apenas 0,1% (363 toneladas) da produção total da aqüicultura brasileira. O ano de 2004 registrou uma queda de 55,4% na produção deste crustáceo. A sua produção é dominada pela região Sudeste com 75%, sendo o estado do Espírito Santo responsável por 69% da produção. A região Nordeste contribuiu com 16% e a região Norte, representada pelo estado do Pará com 9,7%. 30 Espécies Nativas O Brasil possui inúmeras espécies nativas com grande potencial para exploração pela aquicultura. No entanto, a grande maioria delas (para não falar na totalidade) necessita ainda de uma série de aportes científicos e tecnológicos para colocá-las em um patamar de plena viabilidade zootécnica e econômica. Enquanto isso não acontece, a aquicultura brasileira é amplamente dominada pelas espécies exóticas. Tambaqui O tambaqui (Colossoma macropomum) é cultivado apenas na América Latina, sendo que o Brasil liderou a produção, com 70% de um total de 36,2 mil toneladas produzidas em 2004, seguido pela Colômbia, com 15% e a Venezuela, com 14%. Em 2004 a produção do tambaqui no Brasil representou 9,4% da produção total da aquicultura nacional. A região Norte foi responsável pela maior produção de tambaqui em nível nacional (51,4%), seguida pelas regiões Nordeste, com 23% e Centro Oeste, com 21%. O tambaqui foi a espécie de peixes cultivada no maior número de estados, em 2004, não sendo registrado o seu cultivo apenas no Paraná e Rio Grande do Sul. O estado com a maior produção foi o Amazonas, com 4,5 mil toneladas, seguido pelo Mato Grosso, com 3,9 mil toneladas e Rondônia, com 3,2 mil toneladas e Bahia, com 2,6 mil toneladas 31 Pacu Em 2004 a produção do pacu (Piaractus mesopotamicus) representou 3,3% da produção total da aquicultura nacional. A produção nacional foi concentrada no Centro-Oeste, com 80%. O restante distribuiu-se nas regiões Sudeste, Norte e Sul, com 9%, 7% e 3,5%, respectivamente. O grande produtor de pacu foi o estado do Mato Grosso com 5 mil toneladas, seguido pelo Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e São Paulo Tambacu O tambacu é um híbrido do tambaqui e do pacu e representou, em 2004, 4% da produção total da aquicultura nacional. O cultivo do tambacu foi registrado nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste, porém concentrou-se no Centro-Oeste, responsável por 73% da produção 32 Curimbatá O curimbatá (Prochilodus scrofa) é produzido apenas na América do Sul, sendo o Brasil o líder absoluto, com 98% da produção em 2004. Naquele ano, sua produção representou 1% da produção total da aquicultura nacional. O curimbatá foi cultivado em apenas sete estados, em 2004, sendo que o Sergipe foi o líder na produção com 774 toneladas, seguido por Alagoas, Acre e Rondônia Pintado O pintado (Pseudoplatystoma corruscans), espécie nobre da bacia do Pantanal, teve uma produção nacional de 1.153 toneladas em 2004, com uma taxa de incremento de 40% em relação ao ano de 2003. A produção concentrou-se basicamente na região Centro-Oeste com 96,5%, com o estado do Mato Grosso do Sul liderando a produção com 58% (670 toneladas). A região Centro-Oeste tem demonstrado um crescimento bastante significativo na produção dessa espécie, com um incremento de 38% no ano de 2004. A região Sudeste registrou um incremento ainda maior, de 189% no mesmo período A produção do pintado foi registrada apenas em cinco estados: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo e Rio de Janeiro 33 REPRODUÇÃO INDUZIDA - FATORES IMPORTANTES PARA O SUCESSO: escolha de reprodutores machos (caracteres externos como coloração e tamanho; liberação de sêmen; características seminais: volume de sêmen, motilidade, concentação espermática) fêmeas ( idade; caracteres externos como: ventre abaulado, papila genital aberta; características dos ovócitos: coloração, diâmetro e padrão de distribuição desses diâmetros, posição do núcleo) conhecimento básico sobre o comportamento biológico (natureza e cativeiro) manejo de reprodutores densidade de estocagem alimentação e nutrição manuseio/stress qualidade da água hormonal (tipos de hormônio, dosagem, hora da aplicação, intervalo de aplicação) sistemas de incubação tipos de incubadoras profilaxia HIPOFISAÇÃO Aplicação de hormônio gonadotrópico extraído da hipófise de peixes doadores , os quais devem ser adultos e estarem maduros. A hipófise deve ser retirada imediatamente após a morte do doador, pois, os hormônios gonadotrópicos são glicoproteínas (suceptíveis a alterações). Administração: hipófise + solução salina (0,7% NaCl) = 1 mL (centrifugar ou macerar) Dosagem: em geral 2 doses – 1° introdutória ou preparatória e depois de 6 a 8 hs a 2º Métodos de preservação da hipófise: álcool absoluto ou acetona 34 HIPOFISAÇÃO - Problemas: Procedência – espécie utilizada como doadora, distância filogenética entre o doador e o receptor Potência – estágio de maturação do doador Especificidade – possui muitos hormônios não relacionados com a reprodução, é difícil determinar a atividade gonadotrófica específica Dosagem – depende: idade do receptor, sexo do receptor, estádio de maturação gonadal do receptor Estado de preservação e método de coleta da hipófise Desvalorização do produto (peixe no mercado) – A remoção de hipófises envolve o sacrifício do peixe doador CULTIVO DE ORGANISMOS ALIMENTO Critérios de escolha do organismo •tamanho adequado •ciclo de vida curto (deve-se multiplicar rapidamente) •resistência a variações das condições ambientais •valor nutritivo e qualidade adequada •taxa de fertilidade alta •digestão fácil •capacidade de sobreviver em altas concentrações •facilidade de obtenção e de cultivo •hábito não predatório 35 ALIMENTAÇÃO NATURAL 1° fase – Rotíferos: cerca de 10 dias (boca pequena) – 1 mm 2° fase – Cladóceros e copépodas menores (10 a 20 dias de cultivo) – 5 mm 3º fase – Organismos maiores (após 20 dias) Cladóceros e copépodos de todos os tamanhos, pequenas larvas de insetos (10 mm) Ração na larvicultura/alevinagem: pelo menos metade da proteína tem que ser de origem animal (teor de 35 a 40%) Tamanho da partícula: menor que 0,35 mm (pó) MANEJO ALIMENTAR RAÇÕES O consumo de ração varia de acordo com a temperatura. O peixe come menos ração no frio, por isso é necessário um aumento na % de PB para que a dieta não se torne pobre Exigências de PTN em nossas condições: truta 33% bagre 28% matrinchã 35% tambaqui 18 a 22% tilápia 22% carpa 24 a 30% pacú 26% 36 Alimentos Protéicos Origem vegetal: farelo de soja (anti-trÍptico- tostamento) farelo de algodão (gossipol – anti-oxidante, máximo 24%) amendoim (aflotoxina) gergelim (ideal para casar com a soja) leucena (aa mimosina – tóxico) Origem animal: Farinha de Peixe (40% na fase de larva é muito importante) Farinha de Carne (é muito fraudada, a boa tem 50% de PTN e 4% de P Farinha de pena (máx 5%, queratina, baixa digestibilidade) Farinha de carne e osso (PTN de baixo valor) Farinha de víscera (de ave é ótima sem a pena) Farinha de sangue (90% de PB mas só 17% é digerível, rica em lisina, usa-se em níveis baixos) Farinha de crisálida (máx 20% excesso causa odor) Farinha de minhoca (máx. de 30%, existe um ferormônio que é exalado que inibe o crescimento do peixe). Alimentos Energéticos Farelo de trigo Farelo de milho (fator anti-fósforo) Farelo de arroz Sorgo (tanino) Farelo de mandioca Minerais Ca – sua deficiência diminui o crescimento, o apetite e a conversão alimentar P – baixo crescimento, mineralização do osso, cabeça deformada, espinha curvada ou anormal 37 Sistemas de Cultivo Empregados na Aqüicultura Continental Piscicultura Cultivos em viveiros adubados. No caso de cultivos de tilápia, a capacidade de suporte pode variar entre 1.000 a 3.700 kg/ha, em função da qualidade e da quantidade dos fertilizantes aplicados. Utilização de adubação e alimento suplementar. A substituição de parte dos fertilizantes por um alimento suplementar aumenta a oferta de alimento e reduz a carga orgânica nos viveiros, permitindo o aumento na capacidade de suporte. Nos cultivos de tilápia, a capacidade de suporte é limitada entre 2.500 a 5.000kg/ha, dependendo da qualidade do alimento suplementar utilizado e da quantidade de adubos aplicada. Viveiros com baixa renovação de água e ração completa. A capacidade de suporte de tilápias em viveiros com ração completa, baixa renovação de água e sem aeração varia entre 6.000 a 10.000kg/ha, sendo limitada pela concentração de oxigênio dissolvido. Viveiros com renovação de água e aeração. A renovação de água diminui a carga orgânica e a concentração de amônia na água, o que permite aumentar o araçoamento e, portanto, a capacidade de suporte. A capacidade de suporte pode chegar a 40.000 kg/ha, em função da taxa de renovação de água, da existência ou não de aeração, da forma como a aeração é aplicada, entre muitos outros fatores. 38 Cultivos consorciados. O principal consórcio empregado na piscicultura nacional envolve a piscicultura e a suinocultura. O estado em que esse tipo de atividade mais se destaca é Santa Catarina, embora os consórcios sejam relativamente comuns nas diversas regiões brasileiras. O diferencial de Santa Catarina é que o modelo utilizado (Modelo Alto Vale de Piscicultura Integrada) foi primeiramente desenvolvido, aprimorado, testado e validado, só então difundido e popularizado. A produtividade dos sistemas de piscicultura consorciada está ligada diretamente à permanente disponibilidade de subprodutos, principalmente dejetos de suínos e aves, ao manejo dispensado ao cultivo, à utilização de alevinos de qualidade e ao uso de rações artificiais, complementarmente. Em Santa Catarina, os produtores têm alcançado produtividade média de aproximadamente 1.400 kg/ha/ano e, em alguns casos, produtividades superiores a 8.000 kg/ha/ano, com excelentes resultados econômicos. A base teórica do consorciamento alicerça-se nos seguintes princípios: Uso de subprodutos agrícolas (principalmente adubos orgânicos): atua em três vias como fonte alimentar dos peixes: - direta, quando os peixes aproveitam porções ou partículas do material adicionado aos viveiros; - semi-direta, quando a matéria orgânica é decomposta por uma grande variedade de microrganismos, como bactérias, fungos, protozoários, etc., compondo o detrito, que é utilizado como base alimentar das espécies cultivadas; - indireta, quando a matéria orgânica, sob ação de microrganismos, libera substâncias nutritivas como carbono, nitrogênio, fósforo, em formas assimiláveis pelas plantas clorofiladas. 39 Policultivo. Utilização simultânea de várias espécies de peixes no mesmo viveiro. Objetiva-se com a prática, o máximo aproveitamento das diferentes formas de alimento natural, presentes no ambiente. Através do uso de espécies com hábitos alimentares (preferenciais) diferentes, estabelece-se uma “combinação sinérgica” entre os indivíduos, maximizando o aproveitamento dos níveis tróficos nos ecossistemas. Abastecimento controlado e renovação mínima de água: o abastecimento de água é utilizado somente para compensar as perdas por evaporação e infiltração. Nessas condições, potencializa-se o aproveitamento do material orgânico adicionado ao viveiro, na forma de alimento aos peixes e limita-se a adição dos subprodutos à capacidade de reciclagem dos ambientes de cultivo. Baixa densidade de povoamento: sistema de produção com densidades de peixamento ao redor de 0, 5 a 1 peixe/m² de área alagada (engorda). AQUICULTURA MARINHA (MARICULTURA) 40 CARCINICULTURA POTENCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO GAIOLAS FLUTUANTES Litopenaeus schimitti VIVEIROS EM TERRA PLANADA Farfantepenaeus brasiliensis CANANÉIA ILHA COMPRIDA Farfantepenaeus paulensis • O camarão branco do Pacífico Litopenaeus vannamei foi introduzido como espécie principal nos cultivos do nordeste brasileiro. 100000 90000 80000 Toneladas 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 87 19 88 19 89 19 90 19 94 19 96 19 97 19 98 19 99 19 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 41 MALACOCULTURA As ostras, os mexilhões e as vieiras (coquilles) são moluscos que, por terem duas conchas, são conhecidos como BIVALVES (duas valvas ou duas conchas). • Cultivo de mexilhões: “mitilicultura” •Cultivo de ostras: “ostreicultura” •Cultivo de vieiras (coquilles): “pectinicultura”. Hoje se cultiva comercialmente na região Sudeste: • o mexilhão Perna perna • a ostra nativa do mangue Crassostrea rhizophorae • a ostra do Pacífico Crassostrea gigas • a vieira Nodipecten nodosus Em caráter experimental: • o sururu Mytella falcata • a ostra perlífera Pinctada margaritifera. 42 Outras espécies de interesse econômico ainda não cultivadas em escala comercial Almeja - Lucina pectinata Mytilus edulis platensis (RS) Berbigão ou Vongole Anomalocardia brasiliana FASES DO CULTIVO ESCOLHA DA ÁREA E DO MÉ MÉTODO DE CULTIVO ASPECTOS PRIMÁRIOS – aqueles que quando não atendidos excluem a área para a implantação da atividade • Condições de abrigo compatível • Ausência de maré vermelha (saxitoxina) • Salinidade adequada para a espécie escolhida • Produção primária • Profundidade propícia (sistema adotado) • Isenção de poluentes químicos e nos limites aceitáveis de poluição orgânica – Resolução CONAMA nº 357/2005 •Concordância com as normas de segurança e navegação 43 FASES DO CULTIVO ESCOLHA DA ÁREA E DO MÉ MÉTODO DE CULTIVO ASPECTOS SECUNDÁRIOS – aqueles que devemos considerar para melhor implantar a maricultura, não excluindo necessariamente a área por permitir possibilidade de compatibilização. • Atividade pesqueira • Temperatura: ideal entre 24 a 26º C (suportam de 15 a 32º C) • Atividade turística • Proximidade de mercado • Vias e condições de acesso • Ponto de apoio em terra • Segurança CONTAMINAÇÃO QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA Não há há como o produtor ou consumidor detectar, atravé através do odor ou aspecto, se os mexilhões estão contaminados por bacté bactérias, hidrocarbonetos, defensivos ou metais pesados. Ao contrá contrário da contaminaç contaminação quí química, a contaminaç contaminação microbioló microbiológica pode ser eliminada dos mexilhões atravé através do processo de depuraç depuração 44 Aná Análises voltadas à qualidade da água para implantaç implantação de maricultura Artigo 18 da Resoluç Resolução CONAMA nº nº. 357 de 2005, 2005, que trata das águas salinas de classe 1, ideais para a criaç criação de organismos aquá aquáticos. As aná análises devem ser realizadas quatro vezes ao longo de um ano, observandoobservando-se as seguintes condiç condições e padrões: - coliformes termolerantes: termolerantes: Para o cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentaç alimentação humana, a mé média geomé geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, termotolerantes, de um mí mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá deverá exceder 43 por 100 mililitros. - carbono orgânico total até até 3 mg/L, mg/L, como C - OD, OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L mg/L O2 - pH: pH: de 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudanç mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade Padrões quí químicos de qualidade de água: gua: Parâmetros orgânicos - valores má máximos Aldrin + Dieldrin 0,0019 µg/L; Benzeno 700 µg/L; Carbaril 0,32 µg/L; Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L; 2,42,4-D 30,0 µg/L; DDT (p,p’ (p,p’-DDT+ p,p’ p,p’-DDE + p,p’ p,p’-DDD) 0,001 µg/L; Demeton (DemetonDemeton-O + DemetonDemeton-S) 0,1 µg/L; Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L; Endossulfan 0,01 µg/L; Endrin 0,004 µg/L; Etilbenzeno 25 µg/L; Fenó Fenóis totais (substâncias que reagem com 44- aminoantipirina) aminoantipirina) 60 µg/L C6H5OH; Gution 0,01 µg/L; Heptacloro epó epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L; Lindano (g-HCH) HCH) 0,004 µg/L; Malation 0,1 µg/L; Metoxicloro 0,03 µg/L; Monoclorobenzeno 25 µg/L; Pentaclorofenol 7,9 µg/L; PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L; Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno 0,2 mg/L; mg/L; 2,4,52,4,5-T 10,0 µg/L; Tolueno 215 µg/L; Toxafeno 0,0002 µg/L; 2,4,52,4,5-TP 10,0 µg/L; Tributilestanho 0,01 µg/L TBT; Triclorobenzeno (1,2,3(1,2,3-TCB + 1,2,41,2,4-TCB) 80 µg/L; Tricloroeteno 30,0 µg/L. 45 Padrões quí químicos de qualidade de água: gua: Parâmetros inorgânicos - valores má máximos Alumí Alumínio dissolvido 1,5 mg/L; mg/L; Arsênio total 0,01 mg/L; mg/L; Bário total 1,0 mg/L; mg/L; Berí Berílio total 5,3 µg/L; Boro total 5,0 mg/L; mg/L; Cá Cádmio total 0,005 mg/L; mg/L; Chumbo total 0,01 mg/L; mg/L; Cianeto livre 0,001 mg/L; mg/L; Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L; mg/L; Cobre dissolvido 0,005 mg/L; mg/L; Cromo total 0,05 mg/L; mg/L; Ferro dissolvido 0,3 mg/L; mg/L; Fluoreto total 1,4 mg/L; mg/L; Fó Fósforo Total 0,062 mg/L; mg/L; Manganês total 0,1 mg/L; mg/L; Mercú Mercúrio total 0,0002 mg/L; mg/L; Ní Níquel total 0,025 mg/L; mg/L; Nitrato 0,40 mg/L; mg/L; Nitrito 0,07 mg/L; mg/L; Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L; mg/L; Polifosfatos (determinado pela diferenç diferença entre fó fósforo ácido hidrolisá hidrolisável total e fósforo reativo total) 0,031 mg/L; mg/L; Prata total 0,005 mg/L; mg/L; Selênio total 0,01 mg/L; mg/L; Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L; mg/L; Tá Tálio total 0,1 mg/L; mg/L; Urânio Total 0,5 mg/L; mg/L; Zinco total 0,09 mg/L. mg/L. Nas águas salinas, alé além desses padrões estabelecidos, aplicaraplicar-sese-ão os seguintes padrões em substituiç substituição ou adicionalmente: Parâmetro inorgânico - valor má máximo Arsênio total 0,14 µg/L. Parâmetros orgânicos - valores má máximos Benzeno 51 µg/L; Benzidina 0,0002 µg/L; Benzo(a)antraceno Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L; Benzo(a)pireno Benzo(a)pireno 0,018 µg/L; Benzo(b)fluoranteno Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L; Benzo(k)fluoranteno Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L; 22-Clorofenol 150 µg/L; 2,42,4-Diclorofenol 290 µg/L; Criseno 0,018 µg/L; Dibenzo(a,h) antraceno 0,018 µg/L; 1,2Dibenzo(a,h)antraceno 1,2-Dicloroetano 37 µg/L; 1,11,1-Dicloroeteno 3 µg/L; 3,33,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L; Heptacloro epó epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L; Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L; Indeno(1,2,3 Indeno(1,2,3--cd)pireno cd)pireno 0,018 µg/L; PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L; Pentaclorofenol 3,0 µg/L; Tetracloroeteno 3,3 µg/L; 2,4,62,4,6Triclorofenol 2,4 µg/L. 46 MITILICULTURA MEXILHÃO Perna perna OBTENÇÃO DE SEMENTES São mexilhões com cerca de 20 mm (10 - 40 mm). Podem ser obtidas por: • produção em laboratório • coleta nos costões • coleta artificial Coleta de sementes em bancos naturais 47 Extração em Bancos Naturais Normalmente carregam consigo uma grande quantidade de formas jovens de predadores e competidores Desvantagem: reduzido potencial de crescimento, já já que geralmente se trata de indiví indivíduos velhos que, pela constante exposiç exposição ao ar, cresceram pouco, dando a impressão de serem animais jovens. 48 Extração em Bancos Naturais Ponto de vista ecoló ecológico: a raspagem dos bancos naturais implica uma forte agressão ambiental, já já que juntamente com as sementes de mexilhões, são arrancadas diversas outras espé espécies animais e vegetais importantes na manutenç manutenção do ecossistema dos costões rochosos A maior desvantagem do processo de extraç extração, reside na dificuldade cada vez maior de se encontrar bancos naturais com sementes em abundância, já já que se acham super explotados, principalmente aqueles de fá fácil acesso INSTRUÇÃO NORMATIVA No- 105, DE 20 DE JULHO DE 2006 (DEFESO) Art. 1º Estabelecer regras de ordenamento pesqueiro para a extração de mexilhões Perna perna (LINNAEUS, 1758) de estoques naturais e os procedimentos para instalação de empreendimentos de malacocultura em Águas de Domínio da União no Litoral Sudeste e Sul do Brasil. Art. 3º Proibir, anualmente, a extração, o abastecimento dos cultivos, o transporte, o beneficiamento, a industrialização, o armazenamento e a comercialização de mexilhão (P. perna), em qualquer fase de seu ciclo de vida, proveniente dos estoques naturais, nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no período de 1º de setembro a 31 de dezembro. 49 Coletor Artificial de Bambu SEMEADURA (ensacamento) Sistema francês 1º passo: debulhar (separar uma semente da outra) e limpar Processo de semeadura: n° animais por metro de rede 50 Densidade – 1,5 a 2,0 kg de sementes/metro linear de corda (Aproximadamente 500 a 700 sementes) Distribuiç Distribuição das sementes na rede de algodão SEMEADURA (ensacamento) Introdução da rede de Nylon com auxílio do PVC 51 Sistema Francês de emalhamento ESTRUTURAS PARA A ENGORDA Long- line (Espinhel) O seu uso tem se difundido grandemente por todos os continentes, com exceç exceção da Europa, onde o uso de balsas já já se constitui em uma tradiç tradição. O cabo de sustentaç sustentação, do qual são suspensas as redes, deve ter um diâmetro em torno de 1/2 polegada, ao passo que o cabo de fundeamento, fundeamento, que é amarrado às poitas, necessita apresentar um diâmetro mí mínimo de 5/8 polegada. A maior dificuldade em se trabalhar com longlong-lines é o manejo das redes já já que as amarraç amarrações das redes, vistorias perió periódicas, colheitas, etc., tem que ser feitas de dentro de uma embarcaç embarcação, devido à impossibilidade de se trabalhar sobre a estrutura, como é feito nas balsas. Uma maneira de resolver esse problema é a construç construção de uma "balsa de serviç serviço" (plataforma de trabalho para essas atividades e outras, como a semeadura e o beneficiamento dos mexilhões despescados) despescados) 52 ESTRUTURAS PARA A ENGORDA LongLong- line (Espinhel) LONG-LINE ou ESPINHEL DIMENSIONAMENTO: • 1 rede de 2 m com 9 meses pesa 30 kg de mexilhão – o peso dentro da água cai p/ 1/3 (10 kg) + 4kg fouling + 1 kg peso morto = 15 kg x 100 redes = 1500 kg • Preciso para 1 long-line de 50 m = 1500 litros de flutuadores • Fundeio: melhor em fundo lodoso com poitas de 300 a 400kg. O comprimento dos cabos de fundeio deve ser 3 a 5 x a profundidade do local 53 CONDUÇÃO DAS CRIAÇÕES Visitas diá diárias às criaç criações, incluindo vistorias mais minuciosas nas redes e nas estruturas, apó após perí períodos de mau tempo, com a finalidade de reparar possí possíveis danos, tais como o embaraç embaraçamento das redes ou afrouxamento dos cabos das poitas devido ao arrasto das mesmas. Controle do fouling COLHEITA Entre o 7º e 10° mês, quando os animais atingem de 6 a 7 cm Retirada da rede ou corda mexilhoneira 54 PRODUTIVIDADE A produtividade de uma criaç criação pode ser considerada boa quando atinge 10 kg/m de corda, ou seja, um acré acréscimo de mais de 6 vezes em relaç relação ao peso inicialmente semeado (1,5 kg/m). No litoral de São Paulo a produtividade má máxima é alcanç alcançada aos 9 ou 10 meses de cultivo, estabilizandoestabilizando-se ou decrescendo daí daí por diante. Deve ser ressaltado que as condiç condições climá climáticas e ambientais de cada região brasileira influem na obtenç obtenção de uma maior ou menor produtividade, motivo pelo qual o perí período de tempo anteriormente citada pode variar de um local de cultivo para outro. SISTEMA BATEA CIRCULAR (ESPANHA) 55 Sistema de cultivo contínuo (Nova Zelândia) No sistema contínuo as cordas de cultivo, que no sistema manual não passam de dois metros, dão lugar a uma corda de 500 a 1000 metros de comprimento. Estas são penduradas no cabo principal do espinhel em alças de até 10 metros. Quando é chegada a hora da colheita, o espinhel é colhido inteiro e de uma só vez, ao mesmo tempo em que os mexilhões pequenos são ressemeados . Aspectos das cordas de cultivo utilizadas no sistema contínuo 56 Esquema do sistema convencional de cultivo e do sistema de cultivo contínuo (Adaptado de Fukui North America). Barco empregado no cultivo neozelandês 57 OSTREICULTURA Ostras fixadas em raízes de mangue Crassostrea sp. 58 • No litoral paulista, o complexo estuarino-lagunar de Cananéia é considerado o maior produtor da ostra do mangue em bancos naturais. • Segundo Santos (1978) e Rios (1994), a ostra que ocorre nos manguezais brasileiros é da espécie Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1819) ou Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) que são consideradas sinonímias por esses autores. •No entanto, estudos mais recentes evidenciam a existência de duas ou mais espécies de ostra do gênero Crassostrea nos estuário brasileiros (Absher, 1989; Ignacio et al., 2000; Lapégue et al., 2002; Lazoski, 2004; Pie et al., 2006), inclusive no de Cananéia, demonstrando, através de técnicas moleculares, que C. rhizophorae e C. brasiliana são duas espécies distintas. •Entretanto, é difícil distinguir visualmente as mesmas em seu ambiente natural. Assim, optou-se em adotar a nomenclatura Crassostrea sp. • Ao se detectar o pico de fixação de fixação de sementes, são lançados os coletores comerciais. Coletores Comerciais • Tipo vertical 68 lâminas de alumínio • Tipo horizontal 40 garrafas de “pet” vazadas 59 Destroncamento das sementes do substrato de pet e persiana. Seleção por tamanho em peneira de malha de 10 a 15mm Após a captação: • Coletores comerciais são retirados da água, desmontados e redistribuídos em bolsas dispostas em tabuleiros na entremarés e lanternas berçário de 3 mm entrenós instaladas em espinhel na zona infralitoral, onde permanecem por 2 meses. • Após 2 meses, as sementes são destroncadas e selecionadas com peneira de 12 mm entrenós. 60 Engorda Os tabuleiros têm forma retangular, medem 10m x 1m, são sustentados por travessões e estacas de cimento. Sobre eles são colocadas telas de plástico, com malha de 20 mm entrenós, onde são depositadas as ostras. Os tabuleiros são montados na zona entremarés e ficam distanciados do solo cerca de 30 cm, a fim de evitar o acúmulo de detritos ou material lodoso. As ostras são distribuídas em densidades de 25 dúzias/m2 em cada tabuleiro e recobertas com outra tela de plástico (malha de 8 mm entre-nós), para ficarem protegidas da ação dos predadores e, também, da radiação solar. Cultivo da ostra Crassostrea brasiliana sobre tabuleiro 61 Tabuleiro – Mandira (madeira x cimento) Tela de netlon – 20 mm (baixo) / 8 mm (sombreamento) Tabuleiro – cimento (50 cm entre estacas) 62 Ostra de Cananéia COOPEROSTRA No ano de 1999, por meio de apoio do poder público, foi criada a Cooperostra, uma instituição comunitária, que comercializa ostras de extrativismo e manejadas em viveiros e possui uma estrutura para depuração (tratamento higiênico-sanitário de moluscos bivalves, exigido pela legislação, para torná-los aptos ao consumo humano). Atualmente, 87% dos produtores vinculados à Cooperostra pertencem à comunidade de Mandira. 63 DEPURAÇÃO Cloraç Cloração: ão: antes de chegar aos tanques, a água do mar sofre um tratamento com gá gás cloro, sendo depois submetida à aeraç aeração para que o gás evapore. A desvantagem desse mé método é o perigo que a manipulaç manipulação do cloro representa, por sua alta toxicidade, alé além da possibilidade de, por vezes, os mexilhões adquirem o sabor do produto. produto. Ozonizaç Ozonização: ão: igual procedimento ao anterior, utilizandoutilizando-se gá gás ozônio em vez de cloro. A desvantagem nesse caso fica por conta do alto custo custo do ozônio, alé além do que esse gá gás pode provocar alteraç alterações na textura dos tecidos dos mexilhões, tornandotornando-os ressecados. Irradiaç Irradiação: ão: nesse mé método, a água do mar, apó após ser previamente filtrada, circula por uma unidade esterilizadora que pode ser, por exemplo, exemplo, uma caixa contendo lâmpadas de raios ultravioleta, sendo a seguir introduzida introduzida no tanque de depuraç depuração. Apesar do elevado custo de implantaç implantação, esse método apresentaapresenta-se como o mais recomendá recomendável, já já que, alé além de ser o mais eficiente e de manutenç manutenção mais barata, os animais não sofrem nenhum tipo de alteraç alteração no aspecto ou sabor. DEPURAÇÃO 64 Fluxograma Fluxograma da da Depuradora Depuradora Entrega do Produto (“batido” e recuperado) Contagem, seleção e classificação por tamanho Lavagem em alta pressão Banho em água doce Acondicionamento em caixas tipo “frangão” Depuração em água da laguna descontaminada por UV (4 a 6h) Retirada das caixas do tanque (escorrer a água) Embalagem, carimbo, prazo de validade e lacre Expedição, transporte e distribuição em veículo climatizado (15º) Caixas plásticas – ostras para depuração 65 Ostras Adultas (de cultivo ou de ambiente natural) LABORATÓRIO Manutenção e condicionamento de reprodutores 19ºC Choque térmico até 28ºC Fecundação dos gametas Consumidor Final MARICULTOR Desova Larvicultura (70 a 300 µm) Cultivo de Microalgas 6a9 meses Fase Final ( 3 a 10 cm) 25ºC 18 a 25 dias Engorda Larvas Assentamento (“spats”) 25ºC até 15 dias Pré-sementes Pré-berçário (0,3 a 1 mm) Pré-sementes Fase Intermediária ( 1 a 3 cm) 2a3 meses Sementes Berçário ( 1 a 10 mm) Temp. ambiente 15 a 30 dias Produção Primária 1 a 2 meses MAR VIABILIDADE ECONÔMICA DO CULTIVO DA GAROUPA VERDADEIRA (Epinephelus marginatus) EM TANQUES-REDE, REGIÃO SUDESTE DO BRASIL RESUMO: A piscicultura marinha surge como Informações Ecomômicas, SP, v.36, n.8, ago. 2006. alternativa para minimizar a crise atravessada pelo Páginas: 15-25 Site para download: www.iea.sp.gov.br sobre os estoques dentro de um contexto econômico setor pesqueiro, visando reduzir o esforço pesqueiro e ambiental sustentável. O objetivo desta pesquisa foi estimar a viabilidade econômica do cultivo da garoupa verdadeira em tanques-rede na Região Sudeste do Brasil. Esta pesquisa apresentou uma Taxa Interna de Retorno entre 15,05% e 36,74% para os dois preços de venda praticados (R$15,00 e R$18,00), demonstrando-se economicamente viável. Os valores de TIR obtidos são similares aos dos cultivos de ostras e mexilhões marinhos praticados nas Regiões Sudeste e Sul do Brasil. 66 Localização das Fazendas Marinhas Fonte: Instituto de Pesca/CATI Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo 2000 Por que a malacocultura desenvolveu-se na região de Florianópolis e não na Baixada Santista ? 67 ENTRAVES DA ATIVIDADE NO LITORAL PAULISTA VONTADE POLÍ POLÍTICA CRÉ CRÉDITO TRADIÇ TRADIÇÃO PESQUEIRA SEMENTES/ MANEJO ASSISTÊNCIA TÉ TÉCNICA/ LEIS COMERCIALIZAÇ COMERCIALIZAÇÃO PESQUISAS DIRIDIDAS EXTENSÃO PESQUEIRA CAPACITAÇ CAPACITAÇÃO SIF & VIGILÂNCIA SANITÁ SANITÁRIA FURTO MARKETING BUROCRACIA: BUROCRACIA: Para o projeto ser avaliado pelo Diretoria de Portos e Costas :(www.dpc .mar.mil.br) é necessá :(www.dpc.mar.mil.br) necessário: Planta com localizaç localização da área em escala entre 1:25.000 e 1:75.000, em confronto com as áreas circunvizinhas; Planta perí perímetro externo ao empreendimento pretendido em escala 1:100 ou 1:500; Planta de construç construção do equipamento (1:50 a 1:200); Memorial descritivo do empreendimento proposto Termo de compromisso do interessado para com as inspeç inspeções e pendências; Documentaç Documentação fotográ fotográfica (no mí mínimo duas fotos do local). 68 Daí Daí o processo segue para o Comando do 8º 8º Distrito Naval (em São Paulo) e apó após aprovaç aprovação volta para a SEAP (3 meses se tudo estiver OK). Todas as despesas despesas necessá necessárias correm por conta do interessado. Convêm que antes de ir para o DPC, a proposta passe pela avaliaç avaliação dos órgãos ambientais competentes. Para agilizar o processo de licenciamento licenciamento ambiental é necessá necessário fazer um levantamento ficoló ficológico e fauní faunístico da região onde será será implantada a atividade e també também a aná análise da água segundo a resoluç resolução CONAMA 357/2005. A depender do interesse e objetivo da instalaç instalação, a SEAP pode arcar com o ônus do custo de elaboraç elaboração e licenç licença pré prévia. Para a instalaç cola devem ser citados (se houver), planos instalação de um parque aqüí aqüícola locais de desenvolvimento da maricultura (PLDM). As faixas a serem serem demarcadas devem ser preferencialmente para as comunidades tradicionais com a apresentaç apresentação de um plano de monitoramento ambiental (avaliando a taxa de crescimento e evitando elevadas densidades). Esse plano deve ser discutido em audiência pú pública com os usuá usuários para aprovaç aprovação e posterior encaminhamento junto com o processo. Se for possí possível, planificar a viabilidade de instalaç instalação de uma planta de beneficiamento para o produto cultivado, obtendo certificaç certificação sanitá sanitária, dando qualidade ao produto final e garantindo a rastreabilidade para o consumidor final. Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM) Para proporcionar o desenvolvimento sustentável da maricultura, promovendo a ocupação ordenada, ambientalmente segura e socialmente justa das águas da União destinadas à maricultura A proposta é planejar o desenvolvimento do setor, com a aplicação das ferramentas do microzoneamento em escala municipal e, quando for o caso, realizar o planejamento específico para baías, lagoas, reservatórios e estuários. Os PLDM incluem uma série de procedimentos e incentivos para definir os melhores lugares destinados à instalação das fazendas marinhas. Para isso, a proposta é realizar um detalhado levantamento das condições ambientais das áreas marinhas e terrestres onde serão instaladas as áreas de maricultura. Na elaboração de cada PLDM será dada especial atenção à preservação do acesso às comunidades instaladas nas regiões costeiras e às suas atividades tradicionais. 69 Não se espera apenas que ocorra aumento da produç produção, ão, mas que este aumento venha acompanhado de um real desenvolvimento sustentá sustentável da atividade e dos setores vinculados à cadeia de produç produção, ão, proporcionando melhoria na qualidade de vida de todos aqueles, que, de uma forma ou de outra, estão envolvidos com o setor. OBRIGADO [email protected] Instituto de Pesca: www.pesca.sp.gov.br 70