carvão mineral, energia e meio ambiente
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carvão mineral, energia e meio ambiente
CARVÃO MINERAL, ENERGIA E MEIO AMBIENTE . Catherine da R. Rossi, Felipe M. Santos, Lucas P. Zanchetta, Maurício D. Ronçani, Patrick N. Rubbo, Reginaldo Geremias & Thayane L. Bilésimo . Curso de Engenharia de Energia, Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Araranguá, Araranguá, SC BREVE HISTÓRICO DA ATIVIDADE CARBONÍFERA . Historicamente, a atividade carbonífera em nível nacional se concentrou na região sul do País Rio Grande do Sul Santa Catarina Carvão descoberto em Descoberto no início 1975 pelo português do século XIX pelos Vicente Wenceslau tropeiros que se Gomes de Carvalho, na deslocavam entre o localidade de Curral município de Lages e alto, na Estância do Laguna. Leão. Paraná Entre os anos de 1910 a 1918, foram iniciadas as primeiras pesquisas do carvão mineral no município de Figueira. . A expansão da indústria de mineração nacional sempre esteve vinculada à viabilidade, envolvendo aspectos da: . Qualidade do minério . Infraestrutura . Preços do transporte . Concorrências com as importações . Subsídios estatais . Danos socioambientais CARVÃO MINERAL E ENERGIA . Atualmente no Brasil, a principal aplicação do carvão mineral é a geração de energia elétrica por meio de usinas termelétricas. Matriz de energia elétrica brasileira em 2011 (Fonte: Balanço Energético Nacional 2012) CARVÃO MINERAL E MEIO AMBIENTE A área total impactada na região carbonífera de Santa Catarina é cerca de 205 km2, sendo as principais fontes poluidoras: • pilhas de rejeito • bacias de decantação • áreas mineradas a céu aberto (estéril) • minas subterrâneas • instalações de beneficiamento do carvão • pátios de carga • bocas de minas abandonadas • uso de rejeitos como material de aterro . drenagem ácida . chuva ácida (PINHEIRO, 2012) Principais danos socioambientais . Danos à fauna e à flora . Danos à saúde humana . Contaminação dos mananciais hídricos . Contaminação do solo . Contaminaçaão atmosférica (PINHEIRO, 2012) Estudos dos danos na região sul de Santa Catarina (2003 a 2013) . Em trabalho efetuado na região carbonífera de Criciúma/SC, foi constatada expressiva toxicidade aguda em Artemia sp expostas à drenagem de mina de subsolo (CL50 = 3,1%), a efluente de infiltração de bacias de decantação (CL50 = 6,7%), bem como às águas de rio atingidas pelos efluentes de mineração de carvão (CL50 = 2,3%), sendo todas as amostras coletadas na região. . Foi sugerido que a toxicidade seria decorrente dos baixos valores de pH (2,35 a 3,50) e das concentrações elevadas de metais, principalmente de ferro (78,20 a 415,62 mg L-1), manganês (13,35 a 16,50 mg L-1) e zinco (0,07 a 11,80 mg L-) presentes nas amostras (Geremias (Geremias et al, 2013)et al, 2003) . Teixeira e colaboradores (2004) constataram inibição do crescimento de raízes de Allium cepa L. (RC50=25,2%) quando expostas às águas de rio da região carbonífera de Criciúma contaminadas por efluentes da mineração. . Um significativo índice de dano ao DNA também foi observado no grupo exposto às águas (ID = 150,3 11,5), quando comparado ao controle negativo (ID = 47,1 4,5). . Sugeriu-se que a toxicidade das águas seria decorrente da acidez (pH= 3,18) e da presença de metais como ferro (11,80 mg L-1) e manganês (2,80 mg L-1) gerados pela mineração. . Pinho e colaboradores (2004) fizeram estudos em ratos Wistar expostos de forma aguda ao pó de carvão coletados em empresa de mineração de Criciúma (SC) . Foram avaliados processos inflamatórios no pulmão . Avaliou-se o papel de estresse oxidativo neste processo, sendo determinada – peroxidação lipídica medida pela quantidade de espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) – dano oxidativo a proteínas por meio da determinação de grupos carbonil, – potencial antioxidante total (TRAP), – atividade da catalase (CAT) – atividade da superóxido dismutase (SOD). Durante as fases inflamatórias agudas e crônicas do pulmão foi observada uma diminuição na TRAP dos grupos expostos ao pó de carvão, quando comparado com o controle. Infiltrado inflamatório Estresse oxidativo . Em trabalho descrito na literatura foi observado expressiva toxicidade aguda em Daphnia magna (CE50=11,62) e Artemia sp. (CE50= 10,72) expostos a efluentes de mineração de carvão coletadas na região sul catarinense. . Também se constatou inibição do crescimento de raízes em Allium cepa L. (RC50=9,21%) e significativa elevação do índice de dano ao DNA (ID= 254,5 ± 15,1) em células meristemáticas de Allium cepa L. exposta aos efluentes quando comparado ao grupo controle negativo (ID = 53,1 ± 5.9). . Foi sugerido que o dano estaria associado à elevada acidez (pH= 2,72) e expressiva concentração de metais como ferro (35 mg L-1), alumínio (31,9 mg L-1), manganês (11,80 mg L-1), zinco (2,26 mg L-1 ) e chumbo 0,05 mgnL-1) presentes no efluente (Teixeira et al., 2005). . Em trabalho efetuado por Menegon (2005), procurou-se avaliar: . Toxicidade em Artemia sp. e Allium cepa L. expostos à drenagem ácida de mina de carvão de subsolo coletada em empresa mineradora situada na região carbonífera de Criciúma. . Valores de pH e a concentração dos metais Al, Fe e Mn e de sulfatos. 10 0 80 60 40 20 Parâmetros drenagem físico-químicos obtidos em 0 0 5 10 15 20 25 Mortalidade em Artemia sp (n=10) concentrações de águas de drenagem. pH Alumínio (mg.L-1) Valores obtidos Valores do CONAMA 2,89 6,0 - 9,0 29,7 0,1 - 0,2 Ferro (mg.L-1) 22,7 0,05 – 5,00 Manganês (mg. L1) 15,7 0,1 – 0,5 SO42- (mg. L-1) 2175 250 6 Comprimento da raiz (cm) Parâmetros físicoquímicos 5 * Controle negativo AD a 3,12% AD a 6,25% AD a 12,5% AD a 25% AD a 50% AD a 100% 4 3 2 *** 1 *** *** *** 0 Figura 3. Comprimento das raízes de Allium cepa (n=9) expostas por 7 dias a diferentes concentrações de águas de drenagem (AD) e ao controle negativo. (Média Erro Padrão da Média). Diferença significativa em relação ao controle negativo (* P<0,05 e ***P<0,001). Índice de dano ao DNA 200 150 100 50 *** *** *** *** *** Controle negativo AD a 3,12% AD a 6,25% AD a 12,5% AD a 25% AD a 50% AD a 100% 0 Índice de dano ao DNA em células do meristema de Allium cepa L. Benassi e colaboradores (2006) avaliaram estresse oxidativo e genotoxicidade em sangue e fígado de tilapia (Oreochromis niloticus) expostos a efluentes gerados na mineração de carvão coletados no município de Siderópolis/SC. . . Foi detereminado o pH e a concentração de metais no efluente . Carvalho (2008) avaliou a degradação ambiental provocada pela mineração de carvão no bairro Colonial, município de Criciúma, e suas conseqüências relativas às condições dos recursos hídricos, do solo e do ar, e à ocupação humana no local. . O trabalho procurou também levantar o perfil socioeconômico dos moradores, analisando os problemas ambientais causados pela extração do carvão, com avaliação das consequências para a população local. . Para tanto, foram realizado entrevistas, onde 87% dos entrevistados tinham exercido a profissão de mineiro e 13% eram viúvas de mineiro. . Em trabalho descrito por Geremias e colaboradores (2008), foi avaliada a toxicidade aguda em Artemia sp. e Daphnia magna expostos à drenagem ácida de mineração de carvão. . Em trabalho realizado por Pereira (2008) avaliou-se a genotoxicidade em tecido hepático e sangüíneo de camundongos tratados com Baccharis trimera (Less.) DC. (carqueja). . Para tanto, amostras da planta foram coletadas em solos não degradados (branco) e degradados pela atividade carbonífera a céu aberto situada no município de Treviso, sul de Santa Catarina, Brasil. . Foram preparados extratos hidroalcoólico e decocto a partir da planta. . Camundongos foram divididos em 5 grupos e submetidos a diferentes tratamentos: – – – – – grupo 1 (controle negativo) foi tratado apenas com solução salina (NaCl 0,9 %); grupo 2 recebeu extrato da planta de solo não degradado; grupo 3 recebeu extrato da planta de solo degradado; grupo 4 recebeu decocto da planta de solo não degradado; grupo 5 recebeu decocto da planta de solo degradado. . Em outro estudo, Sílvio e colaboradores (2009) avaliaram o estrese oxidativo e concentração de metais em indivíduos expostos e não expostos à mineração de carvão. : . Grupo 1: trabalhadores diretamente envolvidos na extração do carvão em mineração a céu aberto da região de Lauro Müller, sul de Santa Catarina; . Grupo 2: trabalhadores diretamente expostos à extração do carvão em mineração de subsolo ou galerias subterrâneas da mesma região; . Grupo 3: indivíduos residentes na cidade de Lauro Müller à cerca de 12 Km das áreas de extração do carvão, os quais não tinham nenhuma relação profissional com atividades de extração ou qualquer outra atividade que os exponha em contato direto com o minério, mas que estavam sujeitos à contaminação de forma indireta; . Grupo 4: controle (não exposto), sendo constituído por voluntários doadores de sangue, provenientes do banco de sangue do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), campus trindade, Florianópolis. . Os resultados da concentração de metais se apresentavam significativaemnte aumentados quando comparado ao grupo não exposto: . Trabalhadores de superfície (Pb = 9,38 ± 0,22 µg L ; Cu = 78,75 ± 2,01 -1 -1 -1 µg L ; Fe= 1245, 24 ± 19,26 µg L ; Zn = 1064 ± 53,69 µg L ), -1 . Trabalhadores de subsolo (Pb = 5,69 ± 0,10 µg L ; Cu = 60,84 ± 2,82 µg -1 -1 -1 L ; Fe = 1249,10 ± 71,37 µg L ; Zn = 1159,04 ± 157,26 µg L -1 -1 . Residentes (Pb= 5,53 ± 1,03 µg L ; Cu= 50,96 ± 1,24 µg L ) -1 . Grupo não exposto (Pb = 2,20± 0,52 µg L ; Cu = 43,42 ± 1,27 µg L ; Fe -1 -1 = 1032,74 ± 60,05 µg L ; Zn = 287,69 ± 18,21 µg L ) -1 -1 . Em trabalho descrito por Lattuada e colaboradores (2009), foi avaliada a toxicidade de águas de rio impactado pela atividade de mineração de carvão. . Amostras de água e de sedimento foram coletadas em 5 pontos distitntos ao longo do Rio Mãe Luzia, localizado no município de Criciúma, sul de Santa Catarina, até estuário do Rio Araranguá, município de Araranguá, sul de santa Catarina. . Foram determinadas as concentrações dos metais Cr, Mn, Fe, Ni, Zn, Cd e Zn nas amostras, bem como efetuados ensaios de toxicidade em Daphnia magna . Borges (2010) avaliou pH e metais em amostras de águas do Rio Urussanga/SC, bem como toxicidade em Artemia sp, Daphnia magna e Allium cepa L. Expostos às águas pH e concentrações de metais em águas do Rio Urussanga coletadas em 3 diferentes pontos Parametros Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 pH 2,6 3,5 4.1 Al (mg L-1) 54,2 6,2 3,5 Fe (mg L-1) 26,3 0,8 0,3 Mn (mg L-1) 3,0 0,6 0,6 Observou-se que as águas coletadas no Ponto 1 provocaram expressiva toxicidade aguda em Artemia sp. (CL50 = 4.4 %). Também foi constatado que as águas promoveram significativa inibição do crescimento da raiz de Allium cepa L. (Ponto 1= 0,05 ± 0,054 cm, Ponto 2 = Em Daphnia magna observou-se maior toxicidade aguda no Ponto 1 (CL50 = 6.2 %), quando comparado ao Ponto 2 (CL50 = 70.7%) e ao Ponto 3 (CL50 = 73.4%). 0,083 ± 0,040 cm e Ponto 3= 0,72 ± 0,813cm), quando comparado ao controle negativo exposto à água mineral (3,979 ± 1,868cm ) . Em trabalho descrito por Leffa (2010) foi avaliado o potencial genotóxico de rejeitos provenientes do beneficiamento de carvão mineral em empresa situada no Sul de Santa Catarina, em amostra de hemolinfa de molusco Helix aspersa (Müller, 1774): . O primeiro grupo (grupo controle) foi alimentado apenas com alface orgânico (sem agrotóxico) . O segundo grupo foi acomodado sobre uma camada de 6 cm do rejeito piritoso obtido em um depósito de rejeitos do beneficiamento do carvão, sendo fornecida para alimentação alface orgânico . O terceiro grupo foram alimentados com alface cultivada na horta sobre depósito de rejeitos impermeabilizados. Em trabalho desenvolvido por Zocche e colaboradores (2010) foi avaliada a genotoxicidade em morcegos Molossus molossus e Tadarida brasiliensis . . Coleta no município de Siderópolis (SC) onde a atividade carbonífera se faz presente . Coleta no município de Timbé do Sul (SC), caracterizado como uma área livre da influência da atividade carbonífera (área controle) . A concentração dos metais Al, Si, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Cd e Pb também foi determinada em tecido hepático. . Os resultados obtidos indicaram que a concentração dos metais Cr (5,7 ± 3,2 µg g-1), Ni (4,3 ± 3,0 µg g-1), Cu (27,3 ± 6,5 µg g-1) e Pb (5,8 ± 2,8 µg g-1) em fígados de M. molossus e de Fe (1,032 ± 33 µg g-1) e Cu (232 ± 7,3 µg.g-1) em fígados de T. brasiliensis coletados na área de mineração de carvão foram superiores aos do grupo coletado na área de controle. . Na área de mineração de carvão, as maiores concetrações de Al (35,1 ± 11,3 μg g-1), Si (26,6 ± 4,7 μg g-1), Mn (59,5 ± 10,7 μg g-1), Fe (2,340 ± 32 μg.g-1) e Ni (8,6 ± 3,7 μg.g-1) foram registrados em E. diminutus, enquanto que as de Cr (5,7 ± 3,2 μg.g-1) e Pb (5,8 ± 2,8 μg.g-1) foram registradas em M. molossus. Além disso, T. brasiliensis apresentou maior concetração de Zn (141,4 ± 19,7 μg g-1). . Em trabalho descrito por Possamai e colaboradores (2010) foi efetuado estudos da correlação entre estresse oxidativo frente à exposição a materiais particulados (MP) oriundos da combustão de carvão em uma usina termolelétrica situada no município de Capivari de Baixo, sul do estado de santa Catarina. . Grupo 1: trabalhadores da área da combustão e que estão diretamente expostos ao material particulado. Grupo 2: indivíduos indiretamente expostos constituído por trabalhadores em escritório da empresa localizado a 200 metros do local de combustão. . Grupo 3: O terceiro grupo era formado por indivíduos residentes na cidade de Capivari de Baixo, situada a 2km do local de combustão. Grupo 4: O quarto grupo foi considerado o controle (não exposto), sendo constituído por voluntários doadores de sangue, provenientes do banco de sangue do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), situada a 100 km do localde combustão. Zocche et al. (2013) determinaram o teor de metais pesados nos tecidos de Hypsiboas faber a partir de uma área de mineração de carvão e comparada os danos no DNA as células do sangue desses animais com a de animais que vivem em uma área não poluída. Estudos de caracterização de amostras de cinzas da Termelétrica (Quispe et al., 2012) Estudos com amostras de sedimentos em diferentes pontos do Rio Tubarão/SC (Silva et al., 2013) Resultados obtidos Estudos com minerais coletados na ICC – Imbituba/SC (Oliveira et al., 2012) Resultados Presença de As, Cr, Cu, Co, La, Mn, Ni, Pb, Sb, Se, Sr, Ti, Zn, and Zr, Bruchchen e colaboradores (in press) realizaram trabalho de avaliação da qualidade das águas do Rio Criciúma (Criciúma/SC) utilizando bioensaios. Amostras de águas do rio foram coletadas em 3 diferentes pontos : Ponto 1. corresponde à proximidade da nascente Ponto 2. situa-se no intermédio da região central da cidade e o Ponto 3. localiza-se ao final da região central. Foram realizados ensaios de toxicidade em Artemia sp., Daphnia magna e Allium cepa L. bem como, genotoxicidade em Allium cepa L. e em peixes Geophagus brasilienses expostos às mesmas. 1 2 3 500 12 a,b Índice de Dano (0-400) Comprimento das raízes (cm) 400 8 4 a,c a,b 300 200 100 a,b 0 Controle Estação 1 Estação 2 Estação 3 0 Controle Estação 1 Estação 2 Estação 3 Inibição do crescimento das raízes em Allium cepa L. Índice de Dano ao DNA em Allium cepa L. 500 A 500 B a,b 400 a,b Índice de Dano (0-400) Índice de Dano (0-400) 400 300 200 100 a,b a,b Estação 2 Estação 3 300 200 100 0 Controle Estação 1 Estação 2 Estação 3 0 Controle Estação 1 Índice de Dano ao DNA em células sanguíneas (A) e em fígado (B) de Geophagus brasilienses CONCLUSÃO . Dependência histórica de subsídios estatais . Baixa participação na matriz energética nacional . Danos socioambientais . Obrigado
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