Alain Jacquet, Le Déjeuner sur l`Herbe – Análise, Filipa Gomes, 2009.
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Alain Jacquet, Le Déjeuner sur l`Herbe – Análise, Filipa Gomes, 2009.
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES Alain Jacquet, Le Déjeuner sur l’Herbe – Análise Fevereiro de 2009 Filipa Gomes Publicado em http://www.arte.com.pt Alain Jacquet, Le Déjeuner sur l’Herbe – Análise Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa Mestrado em Pintura Lisboa Fevereiro de 2009 Filipa Gomes E-mail [email protected] Imagem da capa Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe, 1964 Serigrafia sobre tela 175 cm x195 cm Museu Colecção Berardo, Lisboa Fonte: Colecção Berardo Online ÍNDICE Introdução ........................................................................................................... 1 Biografia .............................................................................................................. 3 Anos 60 – Enquadramento Histórico, Social e Artístico ...................................... 9 Le Déjeuner sur l’Herbe – Análise da obra ......................................................... 13 Conclusão ........................................................................................................... 29 Bibliografia .......................................................................................................... 31 Monografias ............................................................................................. 31 Referências .............................................................................................. 33 Documentos electrónicos ......................................................................... 33 Anexos ................................................................................................................ 37 Imagens ................................................................................................... 37 Cronologia de Exposições ....................................................................... 69 Exposições individuais ................................................................. 69 Exposições colectivas .................................................................. 72 Exposições de Le Déjeuner sur l’Herbe ....................................... 76 “Homage to Alain Jacquet: The last interview” …………….…………..…. 79 Introdução INTRODUÇÃO Neste trabalho propomo-nos analisar a pintura Déjeuner sur l’Herbe de Alain Jacquet, que pertence ao Museu Colecção Berardo, em Lisboa. Alain Jacquet é essencialmente reconhecido enquanto representante francês do movimento artístico americano Pop Art. Durante todo o seu percurso, recorreu frequentemente à reinterpretação pictórica de obras de arte célebres, de grandes mestres da pintura, como é o caso desta, que alude ao Déjeuner sur l’Herbe de Édouard Manet. Este tipo de abordagem, rica em alusões, foi um elemento chave no percurso artístico de Alain Jacquet. Consideramos pertinente a análise desta obra pois embora o artista tenha efectuado a sua primeira exposição individual em 1961, foi esta versão contemporânea do antigo Manet, exposta em 1964, já em Nova Iorque, na Galeria Alexandre Iolas, que lhe trouxe o reconhecimento do público e da crítica. Esta ‘pintura’ foi a primeira da série Camouflages a ser efectuada por processo serigráfico. Numa primeira fase é apresentada uma breve biografia do autor da obra em análise, pois consideramos essencial enquadrar a pintura em questão no percurso do artista. Num segundo momento procede-se ao seu enquadramento histórico, social e artístico. Na terceira fase é apresentada a análise da obra Le Déjeuner sur l’Herbe, estabelecendo paralelismos com a pintura que o inspirou, a obra homónima de Édouard Manet, e outras que se debruçam sobre o mesmo tema. É de salientar que pouco tempo antes, também Picasso produzira uma série baseada na mesma pintura de Manet, tal como Monet o havia efectuado cerca de um século antes. O Déjeuner sur l’Herbe foi apenas uma de muitas obras que se inspiraram em motivos de relevo da História da Arte. Jacquet buscou inspiração em muitas outras obras de arte, tais como a Olympia de Manet·, La Source de Ingres1 e a representação de Adão do tecto da Capela Sistina2, da autoria de Miguel Ângelo. Le Déjeuner sur l’Herbe é uma das obras mais emblemáticas do percurso de Alain Jacquet e também do Museu Colecção Berardo. Desde a abertura do mesmo, em Junho de 2007, já foi apresentada em diversos momentos. Inicialmente esteve patente na exposição inaugural do Museu no CCB, entre 25 de Junho de 2007 e 16 de Setembro do mesmo ano. De 26 de Outubro de 2007 a 27 de Janeiro de 2008 esteve na exposição Pop Art 1956-1968, na Scuderie del Quirinale, em Itália. Até 10 de Maio de 2009 a obra estará patente na mostra Não te posso ver nem pintado, no CCB, um percurso pela pintura figurativa dos últimos cinquenta anos, comissariada por Eric Corne. Le Déjeuner sur l’Herbe encontra-se exposta num 1 2 Imagem 3, p. 38 Imagem 4, p. 39 1 Introdução espaço a par de Take Away Nº13, um óleo sobre tela de 1963 da autoria de Anthony Donaldson, Surfer Girl4, uma pintura de 1965 de Gerald Laing, Bildnis Helmut Klinker5, uma técnica mista sobre tela de 1965 da autoria de Sigmar Polke e Sombra Projectada de Michele Presle6, uma pintura a óleo sobre ‘ciré’ preto de 1965 da autoria de Lourdes Castro. Todas pertencentes à Pop Art ou ao ‘Nouveau Réalisme’, excepto Le Déjeuner sur l’Herbe, que faz a ponte entre os dois e surge, efectivamente, em destaque. Filipa Gomes Vista da Exposição Não te posso ver nem Pintado, 2009 Museu Colecção Berardo, Lisboa 3 4 5 6 Imagem 59, p. 65 Imagem 60, p. 66 Imagem 61, p. 66 Imagem 62, p. 67 2 Biografia BIOGRAFIA 1939 Nasce a 22 de Fevereiro em Neuilly-sur-Seine. 1959 Matricula-se na Universidade de Grenoble. 1959-1960 Estuda arquitectura na École des Beaux-Arts de Paris. Como pintor foi um autodidacta, extremamente influenciado pela Pop Art americana que havia surgido nos anos 50. 1960-61 Primeiro contacto com o ‘Nouveau Réalisme’ de Tinguely, Niki de Saint-Phalle, Yves Klein e Pierre Restany. Encontro com os escritores Harry Mathiews e John Ashbery. Lê a obra Impressions d’Afrique, de Raymond Roussel. Produz a obra Lever de Soleil sur la Falaise8, um óleo sobre tela. Inicia os seus estudos sobre a justaposição de cores primárias e secundárias. As seis cores são justapostas nas obras Jeu de Jacquet9 e Mur de Cylindres10. Faz a sua primeira exposição individual na Galerie Breteau em Paris. 1962-63 Executa as obras Images d’Épinal11, Jeux de Cubes12 e Puzzles13. Inicia a série Camouflages, na qual a sobreposição dá origem a imagens ambíguas sobre as obras de Bronzino (Vénus, Cupido e o Tempo, ou Alegoria da Luxúria14, dá origem a Camouflage Bronzino, Le Baiser15), Paolo Uccello (A Batalha de San Romano16 deu origem a Camouflage Paolo Uccello, La Bataille de San Romano17) Botticelli (O Nascimento de Vénus18 deu origem a Camouflage Botticelli, Naissance de Vénus19), Miguel Ângelo (Figura de Adão do tecto da Capela Sistina20 deu origem a Camouflage Michel-Ange, Chapelle Sixtine, Génie21), Chirico (L’Énigme de l’Heure22 deu origem a Camouflage Chirico, L’énigme de l’heure23) e Lichtenstein (Aloha24 dá origem a Camouflage Lichtenstein, Little Aloha25), entre outros. 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Imagem 6, p. 40 Imagem 7, p. 40 Imagem 8, p. 41 Imagem 9, p. 41 Imagem 10, p. 42 Imagem 11, p. 42 Imagem 12, p. 43 Imagem 13, p. 43 Imagem 14, p. 44 Imagem 15, p. 44 Imagem 16, p. 45 Imagem 17, p. 45 Imagem 4, p. 39 Imagem 5, p. 39 Imagem 18, p. 46 Imagem 19, p. 46 Imagem 20, p. 47 3 Biografia 1964 Viaja para Nova Iorque e encontra-se com os artistas Pop americanos Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Robert Rauschenberg. Dá início aos seus estudos sobre a tricromia da síntese cromática e a trama fotográfica. Começa a utilizar no seu trabalho todo um conjunto de tramas fotomecânicas com pontos, linhas, elipses e círculos concêntricos. Ao trabalhar com fotografia e objectos mecanizados cria o termo “Mec Art”26 para descrever o seu trabalho. Faz a sua primeira exposição individual em Nova Iorque, na galeria Alexander Iolas27, onde apresenta trabalhos da série Camouflages. Regressa a Paris e dá início a Le Déjeuner sur l’Herbe. 1965 Instala-se em Nova Iorque. Em 1965 as principais galerias e coleccionadores Americanos começaram a preveligiar o trabalho de artistas nacionais em detrimento dos europeus. Iolas começa a investir em Martial Raysse, que se mostrava um artista menos imprevisível logo, melhor adaptado às exigências do mercado. Percorre a Europa, Guiana e Brasil. Produz a obra Mother and Child, em positivo28 e negativo. 1966 Produz Olympia29, Zebra30 e The Swimming Hole. Olympia foi produzida a partir da obra homónima de Manet. 1967 Analisa os efeitos de transparência e opacidade em materiais diversos. Produz as seguintes obras em plexiglass transparente: Bulldozer (acrílico sobre plexiglass deformado), Satellite 1 e 2, Leap Frog e Rolls Royce Jet Engine. Todas as peças foram realizadas a partir de fotografias tiradas no Salon de l’Aviation de Bourget. 1968 Começa a interessar-se pelo pensamento exotérico; fundamentalmente pelo sistema de síntese que este estabalece. Estuda o alfabeto Braille. 25 Imagem 21, p. 47 “Mec Art” é a abreviatura de “Mechanical Art”, ou “arte mecânica”. É um termo que se aplica a obras produzidas através da transferência de imagens fotográficas para telas foto-sensibilizadas. Andy Warhol foi dos primeiros artistas a usar este tipo de transferência fotográfica nas suas serigrafias no entanto, os artistas europeus que ficaram associados à “Mec Art” tinham por hábito modificar ou reestruturar as imagens originais para criar outras, mais sintéticas, ao contrário do que era praticado pelos artistas americanos. [CHILVERS, Ian, Mec Art, “A Dictionary of Twentieth-Century Art” – em linha] 27 Imagem 22, p. 48 28 Imagem 23, p. 48 29 Imagem 2, p. 37 30 Imagem 24, p. 49 26 4 Biografia 1968-1969 Continua os seus estudos sobre o alfabeto Braille. Conclui que este representa um ponto sobre uma superfície e começa a reflectir sobre o ponto que gera uma linha, que por sua vez gera uma superfície, que gera uma trama. Seguindo esta linha de pensamento, tem início Le Tricot de Varsovie31, que foi feito e desfeito anualmente, ao longo de uma década. Apresenta Braille Smoke Signal32 na Bienal de San Marino. Apresenta a obra Les Fils Électriques33 na Galeria Yvon Lambert em Paris: um circuito eléctrico entre uma das paredes da galeria e um local exterior. Era um jogo entre o interior e o exterior a partir de um ponto. Inicia o estudo da síntese das cores entre o branco e o negro e começa a interessar-se pelo sistema binário. 1970 Publica os seguintes livros em Braille: Le Livre des Transparences (Braille sobre acetato transparente), Le Mirroir (Braille sobre acetato espelhado) e Mille et Deuxième Nuit (Braille sobre papel negro), entre outros. 1971 Produz a obra Silver Marble34, um ponto com doze metros de diâmetro constituido por pontos e pintado sobre uma parede em Genebra. Inicia a escultura monumental Amazonas35, a partir de um desenho de Boullé, um projecto para a Biblioteca Nacional. 1972 Produz The First Breakfast36, uma serigrafia sobre tela repintada a óleo. Inicia a série Terres ou Peintures de visions, produzida a partir de fotografias da NASA captadas durante a Missão Apollo de 1969, que mostram o planeta Terra tal como aparece aos astronautas. 1973 Produz La Grande Gaufre37, uma peça composta por sessenta e quatro elementos em zamac38 que representam os 64 sinais Braille. 31 Imagem 25, p. 49 Imagem 26, p. 50 33 Imagem 27, p. 50 34 Imagem 28, p. 50 35 Imagens 29 e 30, p. 51 36 Imagem 31, p. 52 37 Imagem 32, p. 52 38 O zamac é uma Liga de Zinco composta por quatro componentes metalicos básicos para sua formação (liga): Alumínio (Al), Cobre (Cu), Magnésio (Mg) e Zinco (Zn) SHG 99,999. Possui uma boa resistência à corrosão, tracção, choques e desgastes, e tem uma tonalidade cinza. De todas as ligas de metais não ferrosos, o zamac é uma das que possui maior utilização, devido às suas propriedades físicas, mecânicas e à fácil capacidade de revestimento por electrodeposição (Banho de crómio, níquel, cobre, ouro). O seu baixo ponto de fusão (aproximadamente 400°C) permite uma maior durabilidade do molde, permitindo uma maior produção de peças em série fundidas. O seu preço elevado fez recentemente com que o zamac fosse substituído em larga escala pelo alumínio, que além de ter menor densidade (peças mais leves, menor uso de material), tem actualmente um preço bastante inferior. [WIKIPEDIA, Zamac – em linha] 32 5 Biografia 1974 Viaja para Marrocos e regressa a Paris. Produz Top, la Toupie39, uma escultura executada em mármore negro e branco, que representa a síntese do sistema binário. 1976 Produz La Baratte40, uma peça composta por sessenta e quatro discos sobrepostos, em que cada um apresenta um dos sessenta e quatro sinais do alfabeto Braille. Rodando os discos é possível escrever em todos os idiomas do Mundo. 1977 Produz Mâ Coco41, em gesso, um ponto Braille sobre a superfície de um anel de Möbius que pode ser lido alternadamente como positivo ou como negativo. 1978 Instala-se em Saint-Martin, nas Antilhas. A partir de The First Breakfast, faz várias Peintures de visions nas quais a imagem da Terra surge povoada por animais, paisagens e rostos.42 1980 Regressa a Nova Iorque. Termina a obra La Dentellière nº 39643. 1981 Vive entre Saint-Martin e Nova Iorque. Termina a obra La Madone des Cocotiers44. Produz Saint-Jean-Baptiste, étude d’après Léonard da Vinci45, uma luva em borracha e plástico que constitui um estudo a partir de Les Deux Doigts de Leonardo da Vinci, na qual os dois dedos representados formam um anel de Möbius. 1983 Produz La Vérité Sortant du Puits46, uma peça em resina sintética e óleo sobre tela, que constitui uma obra de síntese feita a partir da imagem inversa de The First Breakfast. É uma espécie de alegoria sobre a verdade do artista, que alguns podem considerar de carácter quase pornográfico. Mostra um ser hermafrodita cujo sexo feminino se encontra no lugar da Pirâmide de Quéops, ao lado do qual está um pénis erecto. O artista considerava que a espiritualidade se atingia através da prática sexual (doutrina Tântrica). 39 Imagem 33, p. 53 40 41 42 43 44 45 46 Imagem 34, p. 53 Imagem 35, p. 54 Imagem 36, p. 54 Imagem 37, p. 55 Imagem 38, p. 55 Imagem 39, p. 56 Imagem 40, p. 56 6 Biografia 1984-1985 Cria Peintures de visions, onde dá uma nova utilização ao preto e branco que permite tornar as visões mais precisas ao aumentar-lhes o contraste47. 1986 Produz L.h.o.o.q.48, um óleo sobre tela que constitui um ponto de encontro entre La Gioconda de Leonardo da Vinci e La Fontaine de Marcel Duchamp. 1987 Produz L’oeuf49, uma serigrafia sobre tela realçada a óleo que representa uma vista anamórfica do globo terrestre. Uma das versões foi executada com auxílio de um computador. 1988 Cria uma nova versão do Déjeuner sur L’Herbe em resina sintética sobre tela, pintada por um computador50. Produz La Découverte de l’Amérique51, um acrílico sobre tela que constitui uma nova anamorfose da Terra. Foi um trabalho em que recorreu a uma paleta gráfica e ao computador. Cria Death of a Salesman52, uma obra efectuada com pigmentos sintéticos sobre uma tela de algodão, feita com o auxílio de um computador. 1988-89 Regressa a Paris e trabalha num atelier em Beaubourg, emprestado pelo Museu Nacional de Arte Moderna. 1989 Vive entre Paris e Nova Iorque. Trabalha no programa de novas tecnologias do Departamento de Artes Plásticas da ENSAD53. Produz Horse Head in a Mirror54, um acrílico sobre tela que representa a nebulosa cabeça de cavalo. Produz Spinning Ring, um trabalho sobre a figura geométrica do toro. Em 89 Jacquet retoma os projectos do início dos anos 70 sobre o anel de Möbius e as garrafas de Klein.55 1992 Casa com Sophie Matisse, bisneta do pintor fauvista Henri Matisse.56 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 Imagem 41, p. 57 Imagem 42, p. 57 Imagem 43, p. 58 Imagem 44, p. 58 Imagem 45, p. 59 Imagem 46, p. 59 École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs, Paris, França. Imagem 47, p. 60 Imagem 48, p. 60 Imagem 49, p. 61 7 Biografia 2008 Morre a 4 de Setembro, aos 69 anos, em Manhattan. 8 ANOS 60 – Enquadramento Histórico, Social e Artístico ANOS 60 – Enquadramento Histórico, Social e Artístico A década de 60 constituiu um ponto de viragem na história do século XX, tanto do ponto de vista social como artístico. Quando olhamos para o período entre 1960 e 1965, verificamos que a Guerra Fria continuava mas começavam a surgir brechas na lógica dos dois blocos antagonistas (países ocidentais liderados pelos Estados Unidos da América versus países da Europa de Leste, liderados pela U.R.S.S.). Nos Estados Unidos, John F. Kennedy encarnava o novo sonho americano, e na U.R.S.S. Khrushchev começava a tomar posições críticas relativamente ao Estalinismo, estando o desanuviamento da Guerra Fria na agenda de ambos. A Igreja Católica, ao tempo do Papa João XXIII, emergia de um clima obsoleto adoptando uma liturgia de renovação e modernidade. O Terceiro Mundo começava a afirmar-se na cena internacional, tornando imperiosa a descolonização. Esta, revestia-se frequentemente de violência, mas o processo tornou-se irreversível. Na China, Mao Tse-tung entra em guerra aberta com o bloco Soviético preparando-se para iniciar a Revolução Cultural. Em resumo, a ordem estática do mundo herdada da Segunda Guerra Mundial, tinha os dias contados. Efectivamente as mudanças decisivas começavam a ter lugar, ainda que subrepticiamente; permaneciam invisíveis a uma visão estritamente política do mundo. Começaram nos países desenvolvidos espalhando-se rapidamente por todos os continentes. Assiste-se à expansão da sociedade de consumo, à proliferação dos supermercados, à expansão dos anúncios nos médios, às metamorfoses da paisagem urbana, ao triunfo das marcas e sinais de néon, e à extensão da subcultura de massas (o cinema comercial, o ‘star system’, as imagens dos anúncios, cartoons e canções pop). Tal revolução, que afectava todos os estratos da sociedade, espalhava-se pelo Mundo, usando os novos meios técnicos para aumentar o seu impacto: jornais ilustrados e revistas, rádio, televisão. A Pop Art foi a resposta artística a este fenómeno emergente. Em simultâneo, os antigos meios de transmissão da arte sofriam uma transformação radical, o que afectava a própria natureza daquilo que eram supostos transmitir. As revistas de arte ajudaram a criar um público muito mais alargado, os discos mudaram a nossa percepção da música, a invenção da impressão a quatro cores (quadricromia) permitiu uma profusão de cor nas reproduções que até então era inimaginável. Os livros de arte, que reproduziam as obras primas de todos os períodos e civilizações, estavam agora à disposição de todos, aproximando o público da arte. O que André Malraux designou por “Museu Imaginário” começava a tomar forma. O que anteriormente era apenas conhecido de ouvido, através de textos e 9 ANOS 60 – Enquadramento Histórico, Social e Artístico desenhos ou a custo de viagens longas e dispendiosas, tornou-se cada vez mais acessível por via da indústria de reprodução gráfica. Tal possibilidade revolucionou o modo de ver o mundo e a arte, ao liberta-la dos constrangimentos do tempo e do espaço. Hoje, um estudante dispõe da reprodução a cores da maior parte das obras magistrais (...). Em 1850, quantas estátuas se encontravam reproduzidas? (...) Conhecia-se o Louvre (e algumas das suas dependências), que cada um recordava como podia; hoje dispomos de mais obras significativas, capazes de colmatar as falhas da memória, do que as que um grande museu é capaz de conter. Na verdade, criou-se um Museu Imaginário, que vai aprofundar ao máximo o incompleto confronto imposto pelos verdadeiros museus: respondendo ao apelo por estes lançado, as artes plásticas inventaram a sua imprensa.57 É certo que alguns adoptaram a posição crítica de Adorno em relação à indústria cultural, vendo perigo nestas novas possibilidades. Temiam que a Cultura fosse reduzida à condição de banalidade. No entanto, outros preferiram falar em progresso democrático, declarando que o que outrora estava reservado a uma elite se tornava disponível para o público em geral. À época, poucos conheciam as teorias que Walter Benjamin havia formulado, antes da Segunda Guerra Mundial, sobre a mutação que a arte começava a sofrer através da reprodutibilidade técnica. Apenas um grupo restrito se apercebeu de que estes fenómenos representavam uma verdadeira transformação ao nível das relações sociais, e que o mundo mergulhava numa servidão generalizada. Le spectacle n’est pas un ensemble d’images mais un rapport social entre des personnes médiatisé par des images.58 O mundo da arte mantém-se completo, contraditório e perturbado por diversas tensões. A expansão do consumismo, o espectáculo e a cultura de massas afectavam-no. Foi na década de 60 que o jazz atingiu o seu auge, no entanto, a música pop, que ainda era conhecida como rock n’ roll, começava a dominar. Na dramaturgia francesa, uma nova forma de escrever começava a pôr em causa os velhos códigos de representação. No cinema, Jean-Luc Godard representava o que de mais inovador se fazia na indústria; os seus filmes inseriam-se no estilo New Wave e continham deliberadas descontinuidades narrativas, efeitos de alienação, colagens, citações ocultas, jogos com códigos de banda-desenhada ou foto-novelas, assim como material publicitário. A Pop Art, nascida na década de 50, em Inglaterra, vivia agora o seu auge nos Estados Unidos, representada por artistas como Andy Warhol e Roy Lichtenstein. Os jovens artistas do momento encaravam o Expressionismo Abstracto, assim como as grandes inovações de Picasso, como pertencentes ao passado. A década de 60 foi uma época dominada por um sentimento “do agora”. Considerava-se que a história da arte evoluia através de um conceito Darwiniano de ruptura. 57 58 MALRAUX, André , O Museu Imaginário, p. 14 Filme produzido por Guy Debord a partir da obra La Société du Spectacle, Simar Films, 1973, 13’ 25’’. 10 ANOS 60 – Enquadramento Histórico, Social e Artístico Alain Jacquet não partilhava destes ideais. O trabalho de Picasso e a abstracção não lhe eram indiferentes. Talvez daí derive a sua singularidade. Em França, o ‘Nouveau Réalisme’, caracterizado pela utilização da apropriação estética, parecia encarar a ‘pintura-pintura’ como algo excessivamente explorado. Liderados por Pierre Restany, os artistas deste grupo começaram a apostar em novas soluções técnicas, aproveitando objectos e materiais que advinham da cultura de massas desta sociedade de consumo e atribuindo-lhes um novo sentido. Tal como estes artistas, também Jacquet fez uso da estratégia da apropriação, no entanto, não considerava que a pintura por si só estivesse ultrapassada. Numa época de grandes mutações, marcada por uma sociedade saturada de imagens, um artista tinha de apresentar características muito diferentes de até então. Espírito de desafio, capacidade de improviso, olhar crítico, uma grande capacidade para absorver informação visual, auto-confiança, liberdade para se apropriar do que lhe interessasse e audácia para criar confrontos. Alain Jacquet reunia grande parte destas características. 11 12 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal LE DÉJEUNER SUR L’HERBE – Análise da obra Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe, 1964 Serigrafia sobre tela 175 cm x195 cm Museu Colecção Berardo, Lisboa59 Le Déjeuner sur l’Herbe, a primeira série de Alain Jacquet integralmente executada a partir de processos foto-mecânicos, constitui o seu primeiro trabalho de “mec art”60 e é sem dúvida o conjunto de obras mais conhecido de Camouflages. A série Camouflages tece uma verdadeira rede de interferências, um registo de imagens geralmente recolhidas a partir de obras de relevo da História da Arte que apresentam um forte conteúdo em termos iconográficos. Alain Jacquet desconstrói cada peça, desmistificando-a; dessacraliza-a. Esvazia-a do ponto de vista iconológico ao aproxima-la, em termos formais, dos paradigmas de representação típicos dos media, da publicidade e do consumo. Deste modo, Jacquet cria um 59 Fonte: Colecção Berardo Online 60 acrónimo para “mechanical art” 13 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal código de linguagem mais simples, que se encontra mais próximo do entendimento do observador comum.61 O sistema de tramas ópticas que o artista adopta em Le Déjeuner sur l’Herbe permite-lhe questionar as leis da percepção visual. Ao jogar com a escala das tramas de impressão da tricromia ou da quadricromia, Jacquet constrói um sistema de distanciamento no qual o observador é obrigado a fazer a síntese formal e cromática. É esta dinâmica que o torna equidistante do ‘Nouveau Réalisme’ e da Pop Art, num jogo subtil entre a apropriação e o plágio. Contudo, o que vemos como resultado não são cópias automáticas; Jacquet evita a aridez da construção dos procedimentos de reprodução mecânica, ao permitir que se veja o traço da intervenção manual do artista. O conjunto das obras efectuadas com trama permite uma declinação múltipla em que o aspecto serial é destruído pelo facto das imagens serem permanentemente reenquadradas. Em Camouflages nota-se um paradoxo sublinhado por Pierre Restany que faz com que Jacquet não possa enquadrar-se em absoluto com o espírito do ‘Nouveau Réalisme’: o seu trabalho enraiza-se deliberadamente na reprodução e não no objecto real, na representação e não na apresentação. Jacquet partilha, com os artistas da Pop Art americana, o gosto pela citação da História da Arte (a Renascença Italiana – Leonardo da Vinci, Sandro Botticelli, Miguel Ângelo – e os mestres dos séculos XIX e XX – Manet, Picasso, Mondrian, Matisse); por outro lado põe em questão o imaginário dos artistas mais representativos desse mesmo movimento (Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Robert Indiana, Jasper Johns). Os pintores Pop americanos incluem no seu discurso a recolha imediata de imagens publicitárias; as montagens de Jacquet são frequentemente mais complexas e trabalham sobre um sistema elaborado de citações. O lado artesanal das suas obras, por vezes aproxima-o mais da Pop Art inglesa do que da americana. Os aspectos de convergência entre o trabalho de Jacquet e o ‘Nouveau Réalisme’ radicam no recurso a jogos de palavras através da colagem semântica pelas suas virtudes criativas (por exemplo, a concha da Vénus de Botticelli é substituída pelo logo da empresa petrolífera Shell). Vamos concentrar-nos em Le Déjeuner sur l’Herbe, que por vezes parece resumir toda a obra de Alain Jacquet, mais concretamente na prova que se encontra no Museu Colecção Berardo em Lisboa. Le Déjeuner sur l'Herbe é uma serigrafia sobre tela, de 1964, com 175 cm por 195 cm. Esta pintura, que possivelmente deriva de Fiesta Campestre de Giorgione e de um detalhe d’O Julgamento de Paris de Marcantonio Raimondi, foi originalmente pintada por Manet em 1863, e tornou-se o grande ponto de passagem para a modernidade a nível artístico. 61 A Pop Art utilizou muitas das características e estratégias visuais desenvolvidas por uma sociedade que se pautava essencialmente pelas leis do consumo e da comunicação em massa. Em termos de linguagem visual, tanto a nível da cor como em termos gráficos, explorou essencialmente as imagens difundidas pelos diversos meios de comunicação social. Insurgindo-se contra o elitismo formal e conceptual do Expressionismo Abstracto, encontrava-se muito mais próxima do entendimento do observador comum e da cultura popular de massas. 14 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Giorgione Fiesta Campestre, 1510 Óleo sobre tela 110 cm x 138 cm Musée du Louvre, Paris62 Marcantonio Raimondi O Julgamento de Paris, 1514-1518 Gravura 298 cm x 442 cm British Museum, Londres63 Manet Le Dejeuner sur L'Herbe, 1863 Óleo sobre tela 214 cm x 269 cm Musée d'Orsay, Paris64 62 Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/61/Fiesta_campestre.jpg Fonte: http://www.wga.hu/frames-e.html?/html/r/raimondi/index.html 64 Fonte: http://www.artchive.com/artchive/M/manet/manet_dejeuner.jpg.html 63 15 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Em 1963, ano do centenário do Déjeuner sur l’herbe, Jacquet teve um primeiro encontro com o conjunto de variações que Picasso havia feito sobre essa mesma obra; um ano depois, começa a trabalhar nas suas versões deste conhecido tema bucólico. Picasso Versões de Le Déjeuner sur l’Herbe (d’après Edouard Manet), 196065 65 Fontes: http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2007/10/le-dejeuner-sur-lherbe-_picasso.jpg http://images.google.com/imgres?imgurl=http://static.guim.co.uk/sysimages/Guardian/Pix/pictures/2008/08/26/Picasso460.jpg&imgrefurl=http://www.guardian.co.uk/artanddesi gn/2008/aug/27/art.france&usg=__bhuoRexJh7Wwa5fVgwHQ9cLz04=&h=276&w=460&sz=37&hl=en&start=5&tbnid=p0aBBX1EG_tB_M:&tbnh=77&tbnw=128& prev=/images%3Fq%3Dpicasso%2Bdejeuner%26gbv%3D2%26hl%3Den http://www.beyeler.com/press-images/images/27_eros/eros_1/10_Picasso_Le_Dejeuner.jpg 16 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Partindo da obra homónima de Manet, para a criação de Le Déjeuner sur l’Herbe Jacquet concebeu um autêntico quadro vivo da cena. Os protagonistas escolhidos para a recriação foram os amigos Pierre Restany, crítico de arte e mentor do ‘Nouveau Réalisme’, Jeannine de Goldschmidt, directora da Galerie J em Paris, Mario Schifano, um artista plástico Italiano e Jacqueline Lafon, esposa de Restany e irmã de Jeannine. Adoptando poses similares às das personagens de Manet, o cenário desenvolve-se na Quinta Plaisir, em Seine-et-Oise, nos arredores a oeste de Paris, junto a uma piscina. O espaço pertencia a Marie-Louise Lafon, sogra de Pierre Restany. O nome do local onde foi tirada a fotografia, ‘Plaisir’, presta-se a um certo jogo de sentido e é certo que a escolha dos intervenientes no quadro também não foi inocente. Jacquet convidou o crítico de arte Pierre Restany, o principal impulsionador do ‘Nouveau Réalisme’, para posar para um trabalho que claramente ia contra os seus princípios. O cenário, produzido por Jacquet e fotografado por Jacques Montagnac a 31 de Maio de 1964, deu origem a três fotografias das quais o artista seleccionou uma que constituiu a matéria a partir da qual criou uma obra de declinações múltiplas, em que usou diversas soluções técnicas numa longa perspectiva serial que joga com ligeiros reenquadramentos parciais. Fotografia seleccionada 17 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Produção: Alain Jacquet Fotografia: Jacques Montagnac 3 fotografias para Le Déjeuner sur l’Herbe, 196466 A composição mostra três personagens principais: uma figura feminina despida (Jeannine de Goldschmidt) rodeada por dois homens integralmente vestidos com trajes contemporâneos à beira de uma piscina. A figura feminina em primeiro plano apresenta o corpo de perfil e o rosto a três quartos, apoiando o cotovelo no seu joelho direito. Pierre Restany surge como personificação do crítico de arte. Encontra-se em frente da figura feminina em primeiro plano, reclinado, e apresenta-se de fato de tom claro, chapéu e gravata, talvez demasiado formal para a cena em questão. Mario Schifano personifica o artista e surge do lado esquerdo da mesma figura feminina. Por contraponto à imagem do crítico, o artista é representado com uma indumentária mais informal, de casaco, mas sem camisa nem gravata. Ao fundo, do outro lado da piscina, à beira da água, está uma figura feminina com um fato de banho azul (Jacqueline Lafon), que se apresenta como espectadora da cena. Esta última corresponde à personagem de Manet que surge no plano de fundo tentando esconder a sua nudez. Manet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhe), 1863 Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhe), 196467 66 67 Fonte: RESTANY, Pierre, Alain Jacquet: Le Déjeuner sur l’Herbe 1964-1989 – 25º Anniversaire, p. 8 Fotografia de Filipa Gomes, Museu Colecção Berardo, Lisboa, 2009 18 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhes), 196468 A mão estendida do crítico parece convidar os outros dois personagens em primeiro plano a consumir os alimentos que se encontram depositados aos seus pés. A escolha destes certamente não é inocente; as laranjas, os tomates, o pepino e as beringelas são claramente referências sexuais. 68 Fotografias de Filipa Gomes, Museu Colecção Berardo, Lisboa, 2009 19 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhe), 196469 Manet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhe) 1863 Um cesto tombado, de onde saem os alimentos repousa sobre uma toalha de cor ‘azul Klein’, o que pode ser considerado uma alusão ao próprio Yves Klein. Uma touca de banho em borracha parece sugerir um ramo de rosas. Um outro apontamento de malícia nesta composição é a alusão velada ao nome do artista, ou seja, a sua assinatura, que surge na embalagem de pão de milho da conhecida marca francesa de pão de longa conservação “Jacquet”. O escalonamento da trama de cores primárias que mascara a assinatura do fabricante de pão de milho é paradigmático. Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhe), 196470 O enquadramento fotográfico estrutura a imagem a partir de triângulos criados pelos joelhos dos personagens que se encontram em primeiro plano. O ponto axial 69 70 Fotografia de Filipa Gomes, Museu Colecção Berardo, Lisboa, 2009 Fotografia de Filipa Gomes, Museu Colecção Berardo, Lisboa, 2009 20 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal da composição surge representado pela espectadora que se encontra do outro lado da piscina. O plano de água reflecte a imagem desta. Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhe), 196471 A linha do plano de água, ao fundo, encontra-se precisamente à altura dos olhos do artista; os pontos, ou os olhos do artista, fundem-se com os pontos ou a linha da piscina. A posição deste é instável; ou se levanta e desaparece no ar ou escorrega e cai à água. O vermelho da sua roupa e o seu olhar representam o desejo à beira do fogo. 71 Fotografia de Filipa Gomes, Museu Colecção Berardo, Lisboa, 2009 21 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Alain Jacquet Le Déjeuner sur l'Herbe (detalhe), 196472 No livro que celebra o vigésimo quinto aniversário de Le Déjeuner sur l’Herbe, Pierre Restany enfatiza o facto desta obra constituir uma transcrição da Cosmogonia dos Rosa-Cruz de Max Heindel. Le Déjeuner sur l’herbe se relève, on l’a vu, d’une symbologie initiatique, celle du rôle et de la place de l’artiste au sein de la cosmogénèse: son rôle est métamorphique, sa position instable vis-à-vis des quatre éléments de l’univers.73 Esta instabilidade dinâmica contrasta em absoluto com a imagem das restantes personagens. Enquanto no artista observamos uma forte tensão que quase infere movimento no quadro, as restantes figuras encontram-se em pose, em repouso. Em Le Déjeuner sur l’Herbe a luz que banha a composição, apesar das sombras fortes que se projectam da esquerda para a direita, é bastante homogénea. O brilho e a saturação das cores contribuem em muito para a luminosidade vibrante do quadro. Em 1964 a maior parte da pintura que se produzia havia abandonado a ilusão da perspectiva. Com raras excepções, era pouco frequente ser usada fora dos parâmetros do mundo académico. A noção de perspectiva não é uma característica inerente à pintura. Uma pintura é sempre um plano. Em Le Déjeuner sur l’Herbe esta ilusão reaparece, mas não de uma forma inocente ou como era obtida anteriormente; surge como um código, mediado pela fotografia. Aqui a noção de profundidade não contradiz o efeito de superfície plana produzido pela 72 73 Fotografia de Filipa Gomes, Museu Colecção Berardo, Lisboa, 2009 RESTANY, Pierre, Alain Jacquet: Le Déjeuner sur l’Herbe 1964-1989 – 25º Anniversaire, p.15 22 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal homogeneidade da superfície no entanto, não se limita a construir este efeito, pois a pintura também parece ser projectada para a frente. Embora a fotografia que deu origem a esta obra já fosse bastante intensa, foi apenas uma fase intermédia do processo. Para Jacquet a fotografia é apenas um ponto de partida para a fractalização da imagem final. A fotografia é fragmentada através dos diferentes pontos da trama de impressão. No entanto, é de salientar que na ausência de um original com o qual comparar estes tratamentos analíticos, não poderíamos avaliar o seu grau de fragmentação e decomposição. Ao contrário de afirmar que a representação fotográfica da realidade é mais precisa do que a sua representação pictórica, Jacquet diz-nos que a fotografia contribui, em algumas circunstâncias, para afastar de nós essa realidade, ou seja, que ela pode “camuflar” a realidade. O poder que as imagens fotográficas exercem sobre nós, amplamente explorado pela publicidade para atrair a atenção dos consumidores, fez com que Jacquet tenha querido ‘estilhaçar’ a imagem original, corromper a sua aparentemente perfeita adequação à realidade. O artista confiou a execução da pintura que resultou da fotografia inicial a uma máquina. Usou a técnica de impressão a quatro cores (reduzindo-as às três primárias e ao negro) que se distribuem e combinam em pontos que constroem uma trama. Em seguida, a maquete é ampliada até atingir um equilíbrio em que se mostra sem distorcer em absoluto a nossa percepção total do tema. A concretização de Déjeuner sur l’Herbe foi bastante complexa. Como o galerista Iolas recusou financiar a execução técnica da série, sugerindo-lhe que continuasse na linha das pinturas anteriores de Camouflages, Jacquet teve de pedir um empréstimo e levou cerca de dois anos a pagá-lo. Para além do factor económico, também pela sua dificuldade técnica, foi bastante difícil encontrar uma gráfica que aceitasse este trabalho. Foi numa agência de publicidade em Paris que finalmente conseguiu encontrar um técnico de serigrafia que aceitasse a tarefa, embora sem garantir a qualidade do resultado. Déjeuner sur l’Herbe consiste num trabalho de provas múltiplas pois o artista pretendia que as obras circulassem. Jacquet abandonou conscientemente os princípios de singularidade e noção de original no que tocava à sua obra, pois o estatuto e valor da criação mantém-se quando esta realmente tira partido dos processos de reprodução mecânica. A unicidade advém da série e não de cada um dos elementos que a constituem. A obra de arte reproduzida, torna-se cada vez mais a reprodução de uma obra de arte que assenta na reprodutibilidade.74 Foram impressas cem provas sobre tela e quarenta em papel, cujas pequenas diferenças resultam de algumas variações de cor originadas pelo próprio processo de impressão, mas tal não invalida o conceito de serialidade que o artista assumiu neste trabalho. 74 BENJAMIN, Walter, A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica, p. 83 23 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Das cem provas, noventa e cinco foram usadas para pesquisas sobre as possibilidades estruturais da trama pontilhada e a separação das cores segundo a dialéctica de fragmentação e unificação, demonstrando desta forma a tendência da arte moderna para a experimentação. Alain Jacquet 195 fragmentos recortados Déjeuner sur l’Herbe, 1864 Tinta celulósica sobre papel75 de Le Jacquet criou várias variantes e trabalhos tendo por base Le Déjeuner sur l’Herbe. Inicialmente, reenquadrou cada uma das 3 figuras que se encontravam em primeiro plano. Consequentemente, à medida que a escala do personagem reenquadrado aumenta e a noção de profundidade desaparece, também a representação da figura se desvanece numa trama de pontos coloridos apresentando-se, por vezes, quase abstracta. Exemplos disso são os conjuntos de imagens Portrait d’un Homme e Portrait de Jeannine. O ponto ampliado da trama contém toda a informação do objecto de onde foi retirado. Alain Jacquet Portrait d’un Homme, positivo, azul, amarelo, vermelho, 1964 Tinta celulósica sobre tela 162 cm x 114 cm76 75 76 Fonte: RESTANY, Pierre, Alain Jacquet: Le Déjeuner sur l’Herbe 1964-1989 – 25º Anniversaire, p. 31 Fonte: SMITH, Duncan, Alain Jacquet, p. 11 24 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Alain Jacquet Portrait de Jeannine, 1966 Plexiglass, três folhas, duas cores 180 cm x 120 cm x 20 cm77 Toda a gama de distorções da imagem original do Déjeuner celebram a fragmentação através dos mesmos processos mecânicos que presidiram ao nascimento primordial da imagem. Em 1936 Walter Benjamin afirmou: No início do século XX, a reprodução técnica tinha atingido um nível tal que começara a tornar objecto seu, não só a totalidade das obras de arte provenientes de épocas anteriores, e a submeter os seus efeitos às modificações mais profundas, como também a conquistar o seu próprio lugar entre os procedimentos artísticos.78 No momento em que Alain Jacquet criou o seu Déjeuner, todas estas previsões se tornaram realidade. Em Le Déjeuner sur l’Herbe há uma sensação de desfamiliarização ao nível da representação. Esta é conseguida através do foco, ou seja, o grau de abstracção da obra muda consoante nos aproximamos ou afastamos. Ao afastarmo-nos da superfície pictórica, a ilusão de aparente redução do tamanho dos pontos, e consequente fusão dos mesmos a nível visual, torna o ‘desenho’ da obra mais perceptível. Por outro lado, quando nos aproximamos, a estrutura pontilhada da superfície fica mais evidente, ‘aumenta’, tornando a obra quase abstracta. 77 Fonte: RESTANY, Pierre, Alain Jacquet: Le Déjeuner sur l’Herbe 1964-1989 – 25º Anniversaire, p. 37 78 BENJAMIN, Walter, A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica, pp. 76-77 25 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal “My work is all about making images disappear,” he said in an interview in The New York Times in 1968. “It’s a visual, formal thing — there’s no deep philosophy behind it and I’m not commenting on photojournalism. I’m fascinated by the way a picture can break down into the tiniest abstract elements close up, then reappear as a pictorial image.” 79 Nos Estados Unidos, a utilização da serigrafia como processo de impressão de imagens de grandes proporções começava a generalizar-se; surgia por todo o lado em cartazes publicitários. Jacquet ficou fascinado com o processo pois até então a utilização deste tipo de impressão limitava-se a pequenas reproduções de desenhos. Em 1963 as últimas Camouflages que produziu foram extremamente exigentes em termos de tempo e esforço de execução. Foi também por este motivo que quis experimentar um processo mais directo. Jacquet pensou que seria interessante subverter o uso da serigrafia a cores, ao fazer com que as fotografias fossem divididades em milhares de pontos que combinassem o preto com as três cores primárias, até se obter o tom desejado. Para além da técnica, era necessário encontrar um tema que aliasse uma aparente modernidade a uma obra canónica da história da arte, tal como havia criado nas anteriores Camouflages. Foi do encontro com as versões de Picasso do Déjeuner sur l’Herbe de Manet que lhe surgiu a ideia de criar a sua própria variação do Déjeuner. Em 1863, Le Déjeuner sur l’Herbe de Manet escandalizou a sociedade por apresentar uma figura desnuda sem qualquer justificação mitológica ou histórica. A cena quotidiana ao ar livre (um piquenique) sugeria uma orgia em que as duas figuras masculinas surgiam vestidas com os trajes da sua época, uma terceira, feminina aparecia com uma peça de vestuário algo transparente e uma quarta, também do sexo feminino, sem qualquer motivo que amenizasse o escândalo, apresentava-se despida. Na obra de Jacquet observa-se o mesmo, mas ao contrário do que seria de esperar em pleno século XX, também esta ofendeu a moral e aparente puritanismo que vigorava na sociedade. Não simplesmente por uma qualquer figura feminina estar nua, pois o escândalo do nu por si só já não era um valor de representação, mas porque a obra, enquanto serigrafia, derivava de um código fotográfico, ou seja, da própria realidade. Jacquet acentua a “contingência soberana” da fotografia, ou seja, a sua capacidade de transcrever um acontecimento irreversível. É através da grelha serigráfica que ameniza, de certa forma, o realismo da cena; a estrutura pontilhada surge como uma ‘cortina’ que distancia a fotografia inicial do observador. Há uma certa ambiguidade em Le Déjeuner sur l’Herbe. Inicialmente o espectador é convidado à transgressão, mas à medida que se aproxima do plano de representação, perde o foco. Não é possível distinguir o detalhe fotográfico nesta trama de pontos, ou seja, se por um lado a obra quase surge como um convite ao voyeurismo, por outro fecha-se em si mesma. Le Déjeuner sur l’Herbe é uma pintura de uma relatividade absoluta, pois ao movimentarmo-nos para a frente ou para trás, a imagem transforma-se por completo. Não existe, portanto, uma distância correcta para apreciar esta obra. Dependendo da posição do espectador, também a percepção que terá dela variará. 79 Apud GRIMES, William, Alain Jacquet Playful Pop Artist, Dies at 69 [em linha] 26 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal Sabemos que em 1936 Walter Benjamin se debruçava sobre a questão da perda da ‘aura’ das obras de arte quando eram submetidas a processos de reprodução mecânicos, no entanto, Le Déjeuner sur l’Herbe não pode resumir-se à sua técnica de execução. É, de facto, uma pintura quase inteiramente gerada por uma máquina, mas é certo que não perdeu a sua ‘aura’. O impacto que tem sobre nós é inegável. Por muito pouco tempo que percamos a observá-la, parece ficar directamente gravada no nosso sistema de percepção e difícil será esquecê-la. A enigmática estratégia de sedução de um constante velar e desvelar criam o mistério que a tornam paradigmática. O tema do Déjeuner sur l’Herbe tem sido amplamente revisitado. Depois do quadro de Jacquet, muitos foram os que a ele regressaram, nas mais variadas áreas. Em 1972 Gilbert Shelton usa o tema para criar a capa para o número três da revista de banda desenhada The Fabulous Furry Freak Brothers.80 Muitos anos mais tarde, Rick Veitch81 faz o mesmo, embora numa versão contemporânea que remete para a presença americana no Iraque. Em 1980 Malcolm MacLaren parte de Manet para a criação da capa do álbum da banda Bow Wow Wow82 que escandalizou pelo facto da figura desnudada ser a vocalista da banda que à altura era menor. Em 1982 o escultor John de Andrea83 cria a sua própria interpretação da pintura de Manet. Em vez das cores realistas presentes na pintura original, de Andrea opta por atribuir uma escala de cinzentos à sua escultura. Em parte porque o primeiro contacto que teve com a obra de Manet foi através de uma fotografia a preto e branco, mas também porque pretendia distanciar a sua peça da realidade, fazendo com que o observador a encarasse apenas como uma obra de arte. Manet usou como modelos o seu irmão Eugène, o escultor Holandês Ferdinand Leenhoff e a modelo Victorine Meurent. De Andrea optou por criar retratos de si próprio e da sua assistente. Em contraste com as figuras masculinas elegantemente vestidas do Déjeuner de Manet, aqui os mesmos surgem com tshirts salpicadas de tinta, o que sugere que se encontravam num atelier, acompanhados por uma modelo. Em 1994 Ron English também cria o seu The New Luncheon on the Grass84, onde troca o papel das figuras femininas com o das masculinas, mantendo as mesmas posições. No mesmo ano, J. Seward Johnson cria o seu Déjeuner Déjà Vu85, uma escultura em bronze nos Grounds for Sculpture em Hamilton, New Jersey. É praticamente uma tridimensionalização fiel da obra de Manet. Mais recentemente, em 2008, Allen Jones cria o seu Déjeuner sur l’Herbe no jardim de Chatsworth86 no Quebec. A escultura consiste em três figuras vermelhas 80 81 82 83 84 85 86 Imagem 51, p. 62 Imagem 52, p. 62 Imagem 53, p. 63 Imagem 54, p. 63 Imagem 55, p. 64 Imagem 56, p. 64 Imagens 57 e 58, p. 65 27 Déjeuner sur l’Herbe – Análise Formal em metal de duas mulheres e um homem. O artista optou por deixar um lugar vago para o visitante que se queira juntar ao piquenique. La scène champêtre a la vie dure.87 87 RESTANY, Pierre, Alain Jacquet: Le Déjeuner sur l’Herbe 1964-1989 – 25º Anniversaire, p. 19 28 Conclusão CONCLUSÃO Ao compararmos Le Déjeuner sur l’Herbe com obras anteriores da série Camouflages, concluímos que existe uma noção tanto de quebra como de continuidade. O artista continua a usar imagens chave da história da arte e a tirar partido do choque entre as diferentes linguagens plásticas; continua a explorar a fronteira entre a arte e a não arte, o limiar entre o figurativo e o abstracto e os jogos de variação de escala e foco. Por outro lado, abandona o carácter mais ‘artesanal’ ao nível da execução ao usar, pela primeira vez, processos de reprodução fotomecânicos. O que anteriormente era conseguido através da sobreposição de várias camadas de signos, surge agora condensado num único plano de representação. A totalidade da obra de Jacquet é frequentemente identificada a partir dos registos específicos deste quadro, ou seja, Le Déjeuner sur l’Herbe ditou grande parte dos princípios que vieram a marcar todo o seu percurso artístico. É de salientar que na década de 60 Jacquet antecipou e influenciou muitas das características do trabalho que outros artistas vieram a criar no contexto da Pop Art. No entanto, talvez devido ao seu espírito crítico e sentido de humor corrosivo, estes vieram a receber muito mais crédito do que ele. É inegável que só a partir de 1964, quando Jacquet exibiu Camoulage Hot Dog Lichtenstein na Alexander Iolas Gallery, é que Roy Lichtenstein começou a modificar a escala dos seus pontos, alargando-os e conferindo-lhes um papel desestabilizador ao nível da representação. É de salientar que se em Lichtenstein o ponto emula a fotografia, em Jacquet o ponto constroi-a; ele é o cerne da própria lógica de fragmentação. O ponto é o culminar da sua pesquisa no Déjeuner. A obsessão de Jacquet pelo ponto não teria ocorrido sem a submissão do artista aos limites das distorções do Déjeuner. O seu duradouro fascínio pelas propriedades físicas e simbólicas do ponto, não advém do livre processo imaginativo, mas de uma pesquisa rigorosamente empírica – talvez mesmo científica – o resultado de um método de trabalho seguido por Jacquet ao longo de toda a sua carreira. É o ponto do Déjeuner reduzido a fumo (Braïlle Smoke Signal)88 que antecipa a mudança da trama que o levará a pintar as suas Peintures de visions, nomeadamente The First Breakfast 89. Esta é o desdobramento espacial e o alterego de Le Déjeuner sur l’Herbe. The First Breakfast é, para todos os efeitos, ‘Le Petit Déjeuner’. É possível que em vida, Alain Jacquet não tenha obtido todo o reconhecimento que lhe era devido pelo seu contributo para o desenvolvimento do panorama artístico contemporâneo. 88 89 Imagem 26, p. 50 Imagem 31, p. 52 29 Conclusão Nem sempre foi fácil ser um artista Francês em Nova Iorque, especialmente nos anos em que galeristas e coleccionadores Americanos consideravam que a Pop Art deveria ser tomada como um movimento artístico de carácter nacional. Renaud Siegmann: What does the New York school mean to you? Alain Jacquet: It is quite simple - it is not Cézanne or Modigliani. It is business: knowing what to sell, to whom, at what price.90 90 SIEGMANN, Renaud, Homage to Alain Jacquet: The last interview [em linha] 30 Bibliografia BIBLIOGRAFIA AA.VV. – Colecção Berardo: Sintra Museu de Arte Moderna. CAPELO, Francisco, introd.; VIOLETTE, Robert, comp.; RAMOS, Teresa, trad. 1ª edição. Sintra [Portugal]: Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo. 1996. 428 p. ISBN 972-97391-0-5 AA.VV. – The Sixties: Britain and France, 1960-1973 The utopian years. MELLOR, David Alan, ed. lit.; GERVEREAU, Laurent, ed. lit.; WILSON, Sarah, colab.; DORLÉAC, Laurence Bertrand, colab.; HAYWARD, Judith, trad. 1ª edição. Londres [Reino Unido]: Philip Wilson Publishers Limited. 1997. 288 p. Tradução de: Les Sixties, Années utopies, Paris [França]: Somogy Éditions d’Art, 1996. ISBN 0 85667 467 2 ARNHEIM, Rudolf – To the Rescue of Art – Twenty-six Essays. Londres [Reino Unido]: University of California Press. 1992. 248 p. 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Edouard Manet Olympia, 1863 Óleo sobre tela 130,5 cm x 190 cm Musée d'Orsay, Paris Fonte: http://www.artchive.com/artchive/M/manet/olympia.jpg.html 2. Alain Jacquet Olympia, 1965 Serigrafia sobre vinil 120 cm x 160 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 42 37 Imagens 3. Ingres La Source, 1856 Óleo sobre tela 163 cm x 80 cm Musée d'Orsay, Paris Fonte: http://www.humanitiesweb.org/human.php?s=g&p=c&a=p&ID=177 38 Imagens 4. Miguel Ângelo A Criação de Adão, 1508-1512 Fresco Tecto da Capela Sistina, Vaticano Fonte: http://cgfa.sunsite.dk/michelan/p-michela7.htm 5. Alain Jacquet Camouflage Michel-Ange, Chapelle Sixtine, Génie II, 1962-1963 Óleo sobre tela 200 cm x 144 cm Colecção particular, Paris Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 51 39 Imagens 6. Alain Jacquet Lever de Soleil sur la Falaise, 1960 Óleo sobre tela 100 cm x 81 cm Colecção particular, Paris Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 31 7. Alain Jacquet Jeu de Jacquet, 1961 Óleo sobre tela 201 cm x 192 cm Colecção particular, Paris Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 30 40 Imagens 8. Alain Jacquet Mur de Cylindres, 1961 Cada peça: 150 cm de altura, 40 cm de diâmetro Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, Paris Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 35 9. Alain Jacquet Camouflage Image d’Epinal, Mort et Convoi de l’Invincible Malborough, 1962 Óleo sobre tela 200 cm x 195 cm Colecção particular, Paris Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 29 41 Imagens 10. Alain Jacquet Jeux de Cubes, 1962 Tela pintada colada sobre contraplacado Cada cubo: 50 cm x 50 cm x 50 cm Colecção particular, Paris Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 43 11. Alain Jacquet Puzzle, 1962 Óleo sobre madeira Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 8 42 Imagens 12. Bronzino Vénus, Cupido e o Tempo (Alegoria da Luxúria), 1540-1545 Óleo sobre madeira 147 cm x 117 cm National Gallery, Londres Fonte: http://cgfa.sunsite.dk/bronzino/p-bronzino10.htm 13. Alain Jacquet Camouflage Bronzino, Le Baiser, 1963 Óleo sobre tela 195 cm x 130 cm Colecção particular Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 57 43 Imagens 14. Paolo Uccello A Batalha de San Romano, 1454-1457 Têmpera sobre madeira Painel lateral esquerdo – National Gallery, Londres Painel central – Galleria degli Uffizi, Florença Painel lateral direito – Musée du Louvre, Paris Fontes, respectivamente: http://www.abcgallery.com/U/uccello/uccello7.html http://www.abcgallery.com/U/uccello/uccello8.html http://www.abcgallery.com/U/uccello/uccello1.html 15. Alain Jacquet Camouflage Paolo Uccello, Rout of San Romano, 1963 Óleo sobre tela 200 cm x 130 cm National Gallery, Londres Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 16 44 Imagens 16. Sandro Botticelli O Nascimento de Vénus, 1485 Têmpera sobre madeira 172,5 cm x 278,5 cm Galleria degli Uffizi, Florença Fonte: http://cgfa.sunsite.dk/botticel/p-bottice7.htm 17. Alain Jacquet Camouflage Botticelli, Naissance de Vénus II, 1963-1964 Óleo sobre tela 230 cm x 140 cm Modern Art Museum of Fort Worth, Texas Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 8 45 Imagens 18. Giorgio de Chirico L'énigme de l'Heure, 1912 Óleo sobre linho Colección Mattioli, Milão Fonte: http://pintura.aut.org/BU04?Autnum=11243&Empnum=0&Inicio=61 19. Alain Jacquet Camouflage Chirico, L'énigme de l'Heure, 1963 Óleo sobre tela 80 cm x 100 cm Colecção particular Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 56 46 Imagens 20. Roy Lichtenstein Aloha, 1962 Fonte: http://www.ocaiw.com/galleria_maestri/image.php?id=505&id_img=553&cat alog=&lang=en&letter=&start=&name= 21. Alain Jacquet Camouflage Lichtenstein, Little Aloha, 1963 Óleo sobre tela 100 cm x 100 cm Colecção particular Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 74 47 Imagens 22. Exposição de Alain Jacquet na Alexander Iolas Gallery, 1964 © Adélaide de Menil Fonte: Scarpetta, Guy, Alain Jacquet: Camouflages 1961-1964, p. 143 23. Alain Jacquet Mother and Child, positivo, 1966 Acrílico sobre tela 260 cm x 195 cm Colecção particular, Paris Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 12 48 Imagens 24. Alain Jacquet Zebra, 1967 Acrílico sobre tela 4 painéis, cada um com 114 cm x 162 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 42 25. Alain Jacquet Le Tricot de Varsovie, 1969 Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 82 49 Imagens 26. Alain Jacquet Braïlle Smoke Signal, 1969 Bienal de San Marino Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 15 27. Alain Jacquet Les Fils Électriques, 1968 Galerie Yvon Lambert, Paris Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 85 28. Alain Jacquet Silver Marble (La Bille de Genève), 1971 Serigrafia sobre papel 90 cm x 90 cm (édition Galerie Bonnier) Fonte: http://www.designartefact.com/IMG/jpg/DSC03829.jpg 50 Imagens 29. Alain Jacquet Desenho preparatório para Amazonas, 1971 Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 83 30. Alain Jacquet Maquete de Amazonas (atelier de Nova Iorque), 1971 Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 83 51 Imagens 31. Alain Jacquet The First Breakfast, 1972/78 Serigrafia sobre tela repintada a óleo 118 cm x 163 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 17 32. Alain Jacquet La Grande Gaufre, 1973 Elementos em zamac Diâmetro 150 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 48 52 Imagens 33. Alain Jacquet Top, La Toupie, 1975 mármore Diâmetro 18 cm, altura 18 cm Patrick Fox Gallery, Nova Iorque Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 15 34. Alain Jacquet La Baratte, 1975 (apresentação na Bienal de Veneza em 1976) Betão, madeira amazakoué, cobre e ferro Altura 180 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 15 53 Imagens 35. Alain Jacquet Mâ Coco, 1977 Gesso 19 cm x 15 cm x 17 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 53 36. Alain Jacquet La Vague, 1981 Óleo sobre tela 157,5 cm x 239 cm Galerie de France Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 18 54 Imagens 37. Alain Jacquet La Dentellière nº 396, 1980 Óleo sobre tela 198 cm x 151 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 17 38. Alain Jacquet La Madone des Cocotiers, 1981 Óleo sobre tela 190,5 cm x 145 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 58 55 Imagens 39. Alain Jacquet Saint-Jean-Baptiste, étude d’après Léonard da Vinci, 1981 Moinho para criança e luva de borracha Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 54 40. Alain Jacquet La Vérité Sortant du Puits, 1983 Resina sintética sobre tela 396 cm x 670 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 16 (© D.J. Dee) 56 Imagens 41. Alain Jacquet Dolphin, 1985 Óleo sobre tela 205 cm x 205 cm Colecção F.N.A.C., Paris, depositada no Musée de Nîmes Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 69 42. Alain Jacquet L.h.o.o.q., 1986 Óleo sobre tela Diâmetro 203 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 17 57 Imagens 43. Alain Jacquet L’oeuf, 1987 Serigrafia sobre tela repintada a óleo 163 cm x 127 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 67 44. Alain Jacquet Le Déjeuner sur l’Herbe, 1988 Pintura por computador, resina sintética sobre tela Díptico: 198 cm x 270 cm e 20 cm x 270 cm Galerie Beaubourg Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 6 (© A. Rzepka) 58 Imagens 45. Alain Jacquet La Découverte de l’Amérique 1, 1989 Acrílico sobre tela 240 cm x 240 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 76 46. Alain Jacquet Death of a Salesman, 1988 Pigmentos sintéticos sobre tela de algodão, caixilhos metálicos e mala pintada 240 cm x 240 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 61 59 Imagens 47. Alain Jacquet Horse Head in a Mirror, 1989 Pintura por computador, acrílico sobre tela 300 cm x 500 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 79 48. Alain Jacquet Duncan Donut, 1989 Pintura por computador, acrílico sobre tela 250 cm x 200 cm Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 20 60 Imagens 49. Sophie Matisse e Alain Jacquet Fonte: httpwww.artnet.commagazineusfeaturesfinchfinch9-17-08_detail.asppicnum=3 50. Exposição no Museu de Lodz, 1969 Fonte: Smith, Duncan, Alain Jacquet, p. 85 61 Imagens 51. Gilbert Shelton The Fabulous Freak Brothers número 3, 1972 Fonte: http://www.coverbrowser.com/image/freak-brothers/3-1.jpg 52. Rick Veitch Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_hnwoiFFPmv8/SMzVWnR3LbI/AAAAAAAAAE8/TD5xRYjz15s/s320/A RLOVv2-Cv3-R2_large.jpg 62 Imagens 53. Malcolm MacLaren Capa do cd da banda Bow Wow Wow, 1980 Fonte: http://www.ydhaus.com/attach/1/1764833780.jpg 54. John de Andrea Manet: Déjeuner sur l’Herbe, 1982 Polivinil policromado em oleo Musée d´Orsay, Paris Fonte: http://www.speedmuseum.org/deandrea_n.html# 63 Imagens 55. Ron English The New Luncheon on the Grass, 1994 Fonte: http://images.google.com/imgres?imgurl=http://www.ydhaus.com/attach/1/1657305923.jpg&img refurl=http://www.ydhaus.com/entry/0803%25C7%25AE%25B9%25E7%25C0%25A7%25BF%25A1%25C1%25A1%25BD%25C9%25BD%25C4%25BB%25E7&usg=__NzZJYMZfhPUET_aLCqu5 rl7kfBM=&h=421&w=560&sz=72&hl=en&start=50&um=1&tbnid=Bwwi1npWBNFaXM:&tbnh=10 0&tbnw=133&prev=/images%3Fq%3Ddejeuner%2Bsur%2Bl%2527herbe%2Bbow%2Bwow%2 Bwow%26start%3D42%26ndsp%3D21%26um%3D1%26hl%3Den%26sa%3DN 56. J. Seward Johnson Déjeuner Déjà Vu, 1994 Bronze Grounds for Sculpture, Hamilton, New Jersey Fonte: http://www.math.princeton.edu/~wwong/content_images/gallery/20060713/041.jpg 64 Imagens 57. 58. Allen Jones Déjeuner sur l’Herbe, 2008 Jardim de Chatsworth, Quebec Fontes: http://chatsworth.org/whattodo/img/sculptures/quebec_header.jpg http://chatsworth.org/whattodo/img/sculptures/quebec2.jpg 59. Anthony Donaldson Take Away Nº 1, 1963 Óleo sobre tela 152 cm x 152 cm Museu Colecção Berardo, Lisboa Fonte: http://www.berardomodern.com/?toplevelid=33&CID=102&opt=sw&tab=enlarge&v1=171&lang= pt 65 Imagens 60. Gerald Laing Surfer Girl, 1965 Óleo sobre tela 122 cm x 76 cm Museu Colecção Berardo, Lisboa Fonte: http://www.berardomodern.com/?toplevelid=3 3&CID=102&opt=sw&v1=326&lang=pt 61. Sigmar Polke Bildnis Helmut Klinker, 1965 Dispersão sobre tela 134,6 cm x 99,4 cm Museu Colecção Berardo, Lisboa Fonte: http://www.berardomodern.com/?toplevelid=3 3&CID=102&opt=sw&v1=454&lang=pt 66 Imagens 62. Lourdes Castro Sombra Projectada de Micheline Presle, 1965 Óleo sobre "ciré" preto 89 cm x 130 cm Museu Colecção Berardo Fonte: http://www.berardomodern.com/?toplevelid=33&CID=102&opt=sw&v1=657&lang=pt 67 68 Cronologia de Exposições EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS 1961 Galerie Breteau, Paris 1962 Galerie Aujourd’hui, Bruxelas 1963 Robert Frazer Gallery, Londres Galerie Breteau, Paris 1964 Alexander Iolas Gallery, Nova Iorque 1965 Bischofberger Gallery, Zurique Galerie Laurence Rubin, Paris Galerie J., Paris Galerie Rémi Audouin, Paris Galeria Relevo, Rio de Janeiro Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro 1966 Galerie M.E. Thelen, Essen Galerij 20, Amsterdão 1967 Galerie Heiner Friedrich, Munique Galerie de Boog, Curaçao Galleria Apollinaire, Milão Bienal de São Paulo, São Paulo 1968 Museum of Contemporary Art, Chicago Waddel Gallery, Nova Iorque Galerie Yvon Lambert, Paris 1969 Muzeum Stuky W/Lodzy, Lodz, Polónia91 Galeria Foksal, Varsóvia Galerie Yvon Lambert, Paris Swensk Franska Konstgalleriet, Estocolmo 1970 The Clear Book and Braille, Galerie der Spiegel, Colónia Galleria Lambert, Milão Galeria Foksal, Varsóvia Galerie Micro, Berlim 91 Imagem 50, p. 61 69 Cronologia de Exposições 1971 Galleria La Salita, Roma Galerie Yvon Lambert, Paris Galerie Bonnier, Geneve 1973 Galerie Bama, Paris 1974 Centre National d’Art Contemporain, Paris 1976 Biennale de Venezia, Venezia 1977 Galleri Jacobson, Estocolmo 1978 Alain Jacquet, Donut Flight 6078, ARC, Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, Paris Galerie Bonnier, Geneve Galerie Givaudan, Geneve Musée d’Art et d’Histoire, Geneve 1981 Gaia dans l’Espace, Galerie de France, Paris 1985 Alain Jacquet, Generic Paintings, Patrick Fox Gallery, Nova Iorque 1986 Patrick Fox Gallery, Nova Iorque 1987 Galerie Michel Vidal, Paris 1988 Alain Jacquet, Bilder + Grafik 1965-1971, Galerie Schedle & Arpagus, Zurique Galerie Bonnier, Geneve Musée de Nîmes – Galerie des Arènes, Nimes Galerie Michel Vidal, Paris 1989 Alain Jacquet 25 Anniversaire du Déjeuner sur l’Herbe, Galerie Beaubourg, Paris Pavillon Français, Bienal de São Paulo, São Paulo De L’Instabilité, Centre National des Arts Plastiques, Paris 1990 Bienal de São Paulo, Le Pavillon Français, Cnap, Paris Bienal de São Paulo, Le Pavillon Français, Centre de la Vieille Charité, Marselha Galerie Beaubourg, Paris 70 Cronologia de Exposições 1991 Galerie Jousse Seguin, Paris Galerie Pascal de Sarthe, Los Angeles 1992 Exposición Universal de Sevilla, Pavillon Français, Sevilha Alain Jacquet, Oeuvres Récentes, Centre d’Art de Castres, et Centres Culturel de l’Albijois, Albi 1993 L’Atelier de New York, Galeries Contemporaines, Musée National d’Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris Alain Jacquet, fait main, Variations sur la Terre, Galerie Beaubourg, Paris 1995 Portraits, Galerie Pierre Nouvion, Mónaco 1996 Galerie Daniel Templon, Paris Camouflages 62-63, Galerie Daniel Varenne, FIAC, Paris 1997 Galeria Hugo Lapa, Lisboa 1998 Galerie Hervé Lourdel, Paris Galerie Métropolis, Lyon Galerie Ghislaine Hussenot, Bruxelas Musée de Picardie, Amiens Rendez-vous, Guggenheim Museum, Nova Iorque 1999 Palais des Congrés, Paris 2002 Alain Jacquet, Camouflages 1961-1964, Couvent des Cordeliers, Châteauroux 2005 Musée d’Art Moderne et d’Art Contemporain, Nice 71 Cronologia de Exposições EXPOSIÇÕES COLECTIVAS 1960 Exposição Fontaine des Quatre Saisons, Paris 1961 Biennale de Paris, Paris 1962 Réalités Nouvelles, Salon des Réalités Nouvelles, Musée d’Art Moderne, Paris Collections Françaises, Musée des Arts Décoratifs, Paris Salon International des Galeries Pilotes, American Center, Paris Musée Municipal, Lausanne 1964 Salon Comparaison, Musée National d’Art Moderne, Paris 1965 Salon de Mai, Musée National d’Art Moderne, Paris International Award Exhibition, Guggenheim Museum, Nova Iorque 1966 Art in the Mirror (Gene Swenson), Museum of Modern Art, Nova Iorque Musée Galliera, Paris 1966 – 1967 Exposition Itinérante Premio Marzotto, Stedelijk Museum, Amsterdão, Tate Gallery, Londres 1967 Artypo, Stedelijk Van Abbe Museum, Eindhoven Bienal de São Paulo, São Paulo 1968 Obsessive Image, Institute of Contemporary Art, Londres Triennale, Milão Collection Hahn, Colónia Arts Multiplicata, Wallraf-Richartz Museum in Der Kunsthalle, Colónia Prospect, Dusseldorfe Peintres Européens d’Aujourd’hui, Musée des Arts Décoratifs, Paris Documenta 3, Cassel 1969 The Jewish Museum, Nova Iorque National Collections of Fine Arts, The Smithsonian Institution, Washington Museum of Contemporary Art, Chicago The High Museum of Art, Atlanta Dayton Art Institute, Dayton Documenta 4, Cassel Peintures Françaises depuis le 19 Siècle, Royal Academy of Arts, Londres Ars 69, Ateneum Museum, Helsínquia 72 Cronologia de Exposições Quand les Attitudes Deviennent Forme, Kunsthalle, Berna I.C.A., Londres Inflated Image, Museum of Modern Art, Nova Iorque Biennale de San Marino, San Marino Art by Telephone, Museum of Contemporary Art, Chicago 1976 Biennale de Venezia, Venezia 1978 Mecanised Image (Pat Gilmour), Arts Council of Great Britain, Londres 1983 Bonjour Monsieur Manet, Musée National d’Art Moderne, Paris The Screen Print (Pat Gilmour), National Gallery, Camberra The Regentrified Jungle (Joe Lewis), Hamilton College, Clinton, Nova Iorque Intoxication (Nicolas Mouffarege), Monique Knowlton Gallery, Nova Iorque 1984 Individualités (G. Breerette), Mole Antonellia, Turim Individualités, Galleria Nazionale d’Arte Moderna, Roma Extasy, Monique Knowlton Gallery, Nova Iorque 1985 Ripe Fruit (Lisa Lieberman), PS1 L.1. City, Nova Iorque Benefict Auction for el Bohio, PS1 L.1. City, Nova Iorque Art Design and the Modern Corporation, National Museum of American Art, Washington D.C. Dix Artistes Français dans l’Espace (Catherine Millet), Seibu Museum, Tóquio 1986 Correspondances: New York Art Now, La Fôret Museum Harjuki, Tóquio 1988 Vraiment Faux, Foundation Cartier, Jouy-en-Josas 1989 Critiques/Artistes, Pierre Restany, Alain Jacquet, Gallery Urban, Paris De l’Instabilité, Centre National des Arts Plastiques, Paris Coup d’Envoi ou L’Art à la Lettre, Musée de la Poste, Paris 1990 Bienal de São Paulo, Pavillion Français, Cnap, Paris – Centre da la Vieille Charité, Marselha L’Art en France 1945-1990, Fondation Daniel Templon, Fréjus Collections, Centre George Pompidou, Paris 1991 Galerie 1900-2000, Paris Pierre Restany, le Coeur et la Raison, Musée de Jacobins, Morlaix Pop Art, Royal Academy of Arts, Londres Musée Ludwig, Colónia 73 Cronologia de Exposições Centre de Arte Reina Sofia, Madrid Musée des Beaux-Arts, Montreal Echt Falsch, Stück Villa, Munique Veramente Falso, Rotonda Bessana, Milão 1992 Tinguely zu Ehren, Galerie Klaus Littman, Bâle Magyar Nemzeti Galeria, Collection F.N.A.C. 1962-1990, Galeria Nacional de Budapeste, Budapeste De Bonnard à Baselitz, Estampes et Livres d’Artistes, 10 Ans d’Enrichissement du Cabinet des Estampes, Bibliothèque Nationale, Paris Atelier de France, Musée Ludwig, Coblence Le Tondo Aujourd’hui, Abbaye Saint-Germain, Auxerre Le Tondo Aujourd’hui, Collège Saint-Lazare, Avallon Le Tondo Aujourd’hui, Fondation Deutsch, Lausanne 1993 Le Tondo Aujourd’hui, Musée Sankt, Saint-Ingbert, Alemanha Copier-Créer, Musée du Louvre, Paris Ils ont Cité Matisse, Galerie de France, Paris Le Cabinet de Curiosité, Château d’Oiron, Domainde de Kerguehennec Juxtapositions (13 artistes du 13 arrondissement), Grand Verrière de la Gare d’Austerlitz, Paris Humanisme et Technologie, Museu de Arte Contemporânea de Séul 1994 The Pop Image, Malborough Gallery, Nova Iorque L’Art du Portrait aux XIX et XX Siècles en France, Museu de Arte de Shoto, Tóquio L’Art du Portrait aux XIX et XX Siècles en France, Museu de Kariya L’Art du Portrait aux XIX et XX Siècles en France, Museu de Arte Moderna de Akita, Japão L’Art Français, Galleria Nazionale de Arte Moderna, Bolonha 1995 Festival International du Film de Cannes, 100 Ans de Cinéma, réalisation du rideau de scène (La Dance, 24m x 12m) Realização do retrato da Senhora Chung, Museu Sonje, Kyong-Ju, Coreia Pop Art, Malborough Gallery, Nova Iorque 1996 Chimérique Polymères, Musée d’Art Moderne et d’Art Contemporain, Nice Chicago Art Fair, Daniel Templon Gallery, Chicago Foire de Bâle, Galerie Daniel Templon, Suiça 1997 Made in France, 1947-1997, Musée National d’Art Moderne, Centre George Pompidou, Paris Pop Sixties Transatlantic Crossing, Centro Cultural de Belém, Lisboa De Klein a Warhol, face-a-face França/Estados Unidos, Collection du Musée National d’Art Moderne, Paris Musée d’Art Moderne et Contemporain, Nice 74 Cronologia de Exposições 1998 Icare, Villa du Parc, Annemasse Fondation Cartier, Paris Galerie air de Paris, Paris Masterpieces from the Centre George Pompidou and the Guggenheim, Guggenheim Museum, Nova Iorque 1999 Le Big Crunch, Galerie Serge Aboukrat, Paris Pop Impressions Europe/USA, Museum of Modern Art, Nova Iorque 2000 Les 100 Sourires de Mona Lisa, Tokyo Metropolitan Art Museum 2000 Les Années Pop, Centre George Pompidou, Paris 75 Cronologia de Exposições EXPOSIÇÕES de Le Déjeuner sur l’Herbe desde que integrou a Colecção Berardo 17-05-1997 – 31-08-1997 Colecção Berardo Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo (SMAM-CB), Portugal 11-09-1997 – 17-11-1997 Pop ´60s Travessia Transatlântica Centro Cultural de Belém (CCB), Portugal 08-11-1999 – 01-03-2000 Nova Apresentação da Colecção Berardo Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo (SMAM-CB), Portugal 27-01-2000 – 27-08-2000 Colecção Berardo Collection 1917-1999 Centro Cultural de Belém (CCB), Portugal 15-10-2000 – 14-01-2001 Durante o Fim - Rui Chafes Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo (SMAM-CB), Portugal 19-04-2002 – 15-09-2002 Colecção Berardo - Arte Pop & Ca. Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo (SMAM-CB), Portugal 10-10-2003 – 13-03-2004 Corpus: Visões do Corpo na Colecção Berardo Centro Cultural de Belém (CCB), Portugal 06-11-2004 – 26-12-2004 Pop Art & Co. - The Berardo Collection - Sintra Museum of Modern Art (Tokyo) The Bunkamura Museum of Art, Japão 19-01-2005 – 06-02-2005 Pop Art & Co. - The Berardo Collection - Sintra Museum of Modern Art (Osaka) Daimaru Museum, (Umeda, Osaka), Japão 19-02-2005 – 27-03-2005 Pop Art & Co. - The Berardo Collection - Sintra Museum of Modern Art (Gunma) The Museum of Modern Art (Gunma), Japão 03-04-2005 – 22-05-2005 Pop Art & Co. - The Berardo Collection - Sintra Museum of Modern Art (Kochi) The Museum of Art (Kochi), Japão 29-05-2005 – 10-07-2005 Pop Art & Co. - The Berardo Collection - Sintra Museum of Modern Art (Hiroshima) Hiroshima City Museum of Contemporary Art, Japão 76 Cronologia de Exposições 26-07-2005 – 28-08-2005 Pop Art & Co. - The Berardo Collection - Sintra Museum of Modern Art (Sapporo) Hokkaido Museum of Modern Art (Sapporo), Japão 10-09-2005 – 30-10-2005 Pop Art & Co. - The Berardo Collection - Sintra Museum of Modern Art (Nagoya) Nagoya City Art Museum, Japão 15-03-2006 – 05-05-2006 Liberdade de Imprensa Colecção Berardo Galeria Diário de Noticias, Portugal 27-06-2006 – 31-01-2007 Sedução Cinema & Pintura Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo (SMAM-CB), Portugal 25-06-2007 – 16-09-2007 Museu Berardo "Piso 2" Centro Cultural de Belém (CCB), Portugal 26-10-2007 – 27-01-2008 POP ART 1956 -1968 Scuderie del Quirinale, Itália 15-09-2008 – 05-2009 Não te posso ver nem pintado Centro Cultural de Belém (CCB), Portugal 77 78 Homage to Alain Jacquet: The last interview Homage to Alain Jacquet: The last interview92 “At the age of 69 years, the artist passed away on September 4 in New York on the after-effects of cancer. We met him in his West Broadway studio, ahead of his next exhibition. Incognito in both retrospectives of the Grand Palais dedicated to New Realism and to narrative figuration, Alain Jacquet was not American enough to be labelled Pop Art either. Even though his art showed imagery derived from the US culture - star-spangled banner, Statue of Liberty, Walt Disney figures - it was only about playing with finesse between appropriation and misappropriation. Born on February 22, 1939 in Neuilly-sur-Seine, Alain Jacquet represented France at the Biennial of Venice in 1976, and again at the Biennial of São Paulo in 1989. And three great exhibitions welcomed his work in the Hexagone: in 1976 in the "musée d'Art moderne de la Ville de Paris" (1976), in the "Centre Pompidou" (1993) and in the "Musée d'art moderne et d'art contemporain de Nice" (2005). Not too bad for an expatriate. Not enough for some people who saw more in him than just an underground painter that arrived in New York at the beginning of the 60s. Being on the fringes of mainstream art of the XXth century, as French Minister for Culture Christine Albanel noted in her tribute to the artist on September 8, Alain Jacquet knew how to remain an independent artist, without attracting disciples and without being parochial. A free spirit, in every sense. In 1961, he presented his first exhibition in 92 SIEGMANN, Renaud, Homage to Alain Jacquet: The last interview [em linha] 79 Homage to Alain Jacquet: The last interview the Galerie Breteau in Paris. He showed his "Cylindres" in vivid colours, thus anticipating his abstract-figurative choices of later years. This set him and his works against the ageing School of Paris. Flirting with the New Realists, he was already closer to the Americans. In 1964, Alain Jacquet traversed the Atlantic Ocean in order to show his Camouflages in New York, and at the same time, to question art history - Renaissance (da Vinci, Botticelli), classic and modern art (Manet, Picasso, Matisse, Mondrian), and contemporary art: Warhol, Lichtenstein, Indiana. Following these wefts, came serigraphies to which the artist gave the look of advertisements, thus challenging the perception standards of his time. A masterwork of the Mec Art group - abbreviation for "Mechanical Art" enunciated by Restany - his famous Déjeuner sur l'herbe (1964) reconstructs Manet's painting by increasing the size of points and of the image via various procedures of chromatic reproduction - a visual approach that brought the artist, in the course of the 70s, to rework pictures from the Nasa. A planned monographic exhibition of his "Visions" - pictures of the Earth and the solar system - was supposed to take place at Villa Tamaris, in La Seyne sur Mer, but unfortunately, was cancelled due to a poor health. Renaud Siegmann: After having studied architecture for two years at the school of fine arts in Paris, what made you move to New York in 1964? Alain Jacquet: My grandfather was American. And also because the experience I had had in the Lycée Français in London. In 1963, I had an exhibition at Robert Fraser's, the top gallery in Europe at that time. With English Pop Art: Peter Blake, Derek Boshier, Richard Hamilton, Allen Jones. In Paris, I had close contacts with the Americans. It was Harry Mathews, Niki de Saint Phalle's ex-husband, who introduced me to Larry Rivers and Jasper Johns, whom I saw at the gallery Larcade - like Rauschenberg at Cordier, rue de Miromesnil. I was therefore well informed about what was happening in New York at the beginning of the 60s. Renaud Siegmann: That is where you showed up with your Camouflages - at Iolas' who became your dealer in 1964? Alain Jacquet: Yes, indeed, and my canvas were sold to Bill Copley, as well as to other collectors of Warhol and Lichtenstein... Renaud Siegmann: Were there other French artists in New York at the time? Alain Jacquet: Not really: Duchamp was still there, but would not last. Arman was there since 1962. Bernar Venet settled down in 1965. And then, there is Christo, Marisol… But apart from that, nothing worth mentioning. Renaud Siegmann: Not even other Europeans? Alain Jacquet: Before 1964, German artists did not exist at all [over there]. There were some Italians like Mario Schifano - who is in "Le Déjeuner sur l'herbe" with Restany and Jeannine Goldschmidt of the gallery J at Paris - because there were some great Italian collectors in New York. 80 Homage to Alain Jacquet: The last interview Renaud Siegmann: With the Biennial of Venice, the year 1964 was a watershed in art history and in the history of the market? Alain Jacquet: After the Biennial of Venice, the Rauschenberg award, everything switched, everything went in the other direction, to the other side of the Atlantic. Renaud Siegmann: How's that? Alain Jacquet: Well, there was New York, the American artists. And suddenly, no one else! Renaud Siegmann: And then? Alain Jacquet: Many artists migrated to New York. Money, buyers, beautiful galleries and good artists - everything was there, and not in France. Renaud Siegmann: So those were the happy days at the Chelsea Hotel? Alain Jacquet: With one foot in New York, we took a room or an apartment at the Chelsea Hotel. I lived there, too, on the same floor as Arthur Miller who was two doors down the hall. But apart from that, there was nothing mentionable, neither in Soho nor in Tribeca. It was a dead area: a building cost 8000 $, quasi nothing. Then, the prices climbed, the artists moved into lofts, and so on. Renaud Siegmann: An at this time, which were the artists that led the field: Pollock, de Kooning, Rothko, Kline? Alain Jacquet: They were there, but that was past that. No, it was more - Warhol, Lichtenstein, Rauschenberg, but also Stella, Donald Judd, Sol LeWitt… But all well considered, it was not very well defined. We'd meet in the West Village at a pub where Expressionists would hand out, but that was already out of fashion. Quite quickly everybody moved over to Max's Kansas City, which does not exist any more today. Renaud Siegmann: At your first exhibition, did you meet this who's-who of New York? Alain Jacquet: At the evening of my vernissage, a quarter of an hour before the opening, Lichtenstein was there with Castelli. And then, at around 6 p.m., Warhol appeared. So he knew exactly what he did when he brought out his " camouflages " twenty years later. Although they do not have anything to do with mine, it is the idea... Renaud Siegmann: Wasn't there a certain amibiguity around La Cène - between your version of da Vinci and the remake by Warhol in 1986? Alain Jacquet: It is even more complex than that! My version of La Cène dates from 1964. Then, Iolas invited Warhol to make his own painting, but he knew very well that I had done something on that motif. He did not ask me though, he asked Andy, and Andy did it. Well, things like that happen, ideas go for a walk. In the end, this was not really the problem. There are evident things and less evident things. If I had taken up the American passport, this would have perhaps been different. 81 Homage to Alain Jacquet: The last interview Renaud Siegmann: After the effervescence of the 60s, what movements revived art in New York? Alain Jacquet: American art calmed down in the 70s: land art, body art, performance art. We had to wait for 1978 to see graffiti emerge which was absolutely fascinating - in my opinion, a very American art, with fabulous artists that I all knew. Renaud Siegmann: A movement that was taken seriously, it seems, without really being taken seriously. Alain Jacquet: That's right; in terms of politics, graffiti shook too many values. Conclusion: the dealers bet on only one guy. This was Basquiat because he had studied art. But he himself asked difficult questions. In Soho, he had written three letters instead of his name, at the entrance of his atelier: TAR - [referring to the substance] in order to say "black". It was a New York where I have seen scenes... of basic racism, a terrible shock! Renaud Siegmann: Who do you appreciate in current American art? Alain Jacquet: I love Condo, his last paintings about God and his crucifixions on display at Luhring Augustine. Jeff Koons makes some good stuff, too. In the 80s, Jeff reskilled himself and became trader on the stock exchange. By which he profited. Because now he knows all the billionaires, and his works sell like hotcakes at incredible prices. Renaud Siegmann: Do these exorbitant sums make American art a better art than the others? Alain Jacquet: These are simple but well thought-out works. When you create an object with material from the space industry for example, your sculpture costs you let's say - 2 M$. You have to sell afterwards. This is where it happens. Another example: Richard Serra's steel plates; it is armour plating for military defense, for nuclear aircraft-carriers. Securing access to this kind of technology costs you enormously... The material, the transformation etc - all that means enormous costs. Renaud Siegmann: What does the New York school mean to you? Alain Jacquet: It is quite simple - it is not Cézanne or Modigliani. It is business: knowing what to sell, to whom, at what price.” 82