O MODELO CMM (Capability Maturity Model) - sage
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O MODELO CMM (Capability Maturity Model) - sage
O MODELO CMM (Capability Maturity Model) NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE DO BRASIL, CHINA E ÍNDIA; impactos, perspectivas e tendências Saulo Barbará de Oliveira 2004 As razões que motivaram a escolha do problema e, particularmente, do tema da pesquisa, são várias. Entretanto, as que merecem destaque estão diretamente ligadas ao campo de interesse do autor da pesquisa, tendo em vista a sua experiência profissional e acadêmica, que somam mais de 30 anos na área da Tecnologia da Informação (TI), trabalhando em empresas de grande porte e instituições de ensino superior, inicialmente como técnico, por um período aproximado de 15 anos, e depois na função de executivo e professor, nos últimos 17 anos. Dentre as atividades que exerceu ou exerce, relacionadas com tema da pesquisa, estão: análise e otimização de desempenho de sistemas (softwares e aplicativos); racionalização de recursos computacionais; análise e modelagem de processos tecnológicos; qualidade de serviços; implementação de procedimentos e certificação de processos através de metodologias proprietárias ou normas e critérios, como a ISO 9000 e Critérios de excelência organizacional dos Prêmios Qualidade-Rio e do Governo Federal. Orientadores Prof. Dr. Rogério de Aragão Valle Prof. Dr. Claudio Fernando Mahler RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO - BRASIL 2004 O MODELO CMM (Capability Maturity Model) NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE DO BRASIL, CHINA E ÍNDIA; impactos, perspectivas e tendências. Saulo Barbará de Oliveira TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Aprovada por: _____________________________________ Prof. Rogério de Aragão Bastos Valle, D.Sc. _____________________________________ Prof. Cláudio Fernando Mahler, D.Sc. _____________________________________ Prof. Luis Alfredo Vidal de Carvalho, D.Sc. _____________________________________ Prof. Paulo Bastos Tigre, D.Sc. _____________________________________ Prof. Antonio José Junqueira Botelho, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL FEVEREIRO DE 2004 OLIVEIRA, SAULO BARBARÁ O CMM (Capability Maturity Model) na Indústria de Software do Brasil, China e Índia; impactos, perspectivas e tendências estudo de casos múltiplos em empresas de software destes países, 2004. X, 208 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,Engenharia de Produção, 2004) Tese – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. 1. CMM, 2. Capability Maturity Model, 3. Indústria de Software, 4. Qualidade em Software, 5. Gestão de Processos, Modelos de Desenvolvimento de Software. COPPE/UFRJ II.Título (série) 6. Resumo da Tese apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.) O MODELO CMM (Capability Maturity Model) NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE DO BRASIL, CHINA E ÍNDIA; impactos, perspectivas e tendências. Saulo Barbará de Oliveira Fevereiro/2004 Orientadores: Rogerio de Aragão Bastos Valle Claudio Fernando Mahler O objetivo deste estudo é apresentar e discutir alguns dos fatores relacionados à percepção das pessoas, em nível técnico e gerencial, a respeito da utilização do modelo CMM (Capability Maturity Model) na Indústria de Software do Brasil, China e da Índia. A pesquisa de campo foi aplicada em empresas brasileiras, chinesas e indianas, usuárias desse modelo, procurando-se levantar dados e informações para subsidiar o estudo e a discussão dos resultados obtidos sobre impactos, vantagens e desvantagens, tendências e perspectivas com o uso do CMM nessas empresas. A pesquisa preocupou-se em investigar nas fábricas de software pesquisadas algumas das percepções dos indivíduos, sujeitos da pesquisa, com base em seus próprios conhecimentos e experiências com este modelo. Os principais resultados da pesquisa são: o CMM não contribui muito nos processos organizacionais, embora esta contribuição seja maior nas empresas; somente nas organizações de maior nível de maturidade (nível 5 do CMM) o CMM é considerado um modelo de gestão de processos; seu maior impacto está nas empresas de menor nível de maturidade; suas maiores contribuições estão nos processos de equipe e ambiente de trabalho, qualidade e produtividade e análise e modelagem de processos; os padrões internacionais são capazes de igualar os processos organizacionais de empresas do mundo todo. Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.) THE CMM MODEL (Capability Maturity Model) IN SOFTWARE INDUSTRY OF BRAZIL, CHINA AND ÍNDIA; impacts, perspectives e trends. Saulo Barbará de Oliveira Fevereiro/2004 Orientadores: Rogerio de Aragão Bastos Valle Claudio Fernando Mahler The objective of this study is to present some of the factors related to the people's perception to discuss, in technical and managerial level, regarding the use of the CMM model (Capability Maturity Model) in the Software Industry of Brazil, China and of India. The field research was applied to Brazilian, Chinese and Indians companies, users of this model, seeking the rising of data and information to base the study and the discussion results obtained on the impacts, advantages and disadvantages, tendencies and perspectives with the use of the model in these companies. This research, worried in to investigate and to study, in the research software factories, some of individuals' perceptions, subject of the research, based in there knowledge and work experience with this model. The research mains results are: CMM does not contribute very much to the organizational processes, although it contribution is best seen in smaller size companies; only in high maturity level companies (CMM level 5) CMM is considered a process model; CMM largest impact is on low maturity level companies; CMM major contributions are at environment and time work processes, quality and productivity and process analysis and modeling; international standards are capable of levering organizational processes of companies around the world. A Tê, minha esposa, e ao Felipe, meu filho, com a esperança de um Brasil melhor, mais justo e promissor; aos meus irmãos Wander, Laércio e Paulo, pelo constante apoio no meu tempo de adolescente. OFEREÇO Aos meus pais, in memorian; DEDICO AGRADECIMENTOS Aos Profs. Rogério Valle e Cláudio Mahler, pela dedicação, firmeza, constância e sábia orientação. Aos colegas do Laboratório de Sistemas de Gestão Avançada em Engenharia da Produção (SAGE) da UFRJ/COPPE, pelo constante apoio e intercambio de idéias, críticas e sugestões. A Mark C. Paukl, Bill Curtis e Watts Humphrey, três dos pioneiros do CMM, pelo fornecimento de informações relevantes e pronto atendimento na solução de dúvidas a respeito do CMM. Aos Professores Longji Tang e Pamela Pan, da RMIT University of Australia, pelas informações. Ao Prof. Fang Zhao, pela gentil oferta do seu paper sobre a gestão do conhecimento e qualidade. Ao Prof. Luis Alfredo Vidal de Carvalho, à Profa. Ana Regina Rocha, ambos do Programa de Engenharia de Computação e Sistemas da COPPE, ao Paulo R. Espíndola, da IBM Brasil e ao Com. Vasconcelos, da Marinha de Guerra do Brasil, pelas críticas e sugestões na fase de teste do questionário. Ao Renato Luiz Della Volpe, pela contribuição com o relato sobre sua experiência com o CMM na NEC do Brasil e outras empresas. Ao Prof. Thomaz Wood, da Revista de Administração de Empresas da FGV, e ao Henrique Faulhaber, colunista de o Valor Econômico, pelas sugestões sobre Tecnologia, Pessoas e Processos Organizacionais. À Cristina Filipak Machado, do subcomitê da qualidade do software da ABNT, pela informação sobre a ISO-15288. Ao Átila Bollequim, pela cópia da sua dissertação de mestrado sobre a “Implantação do Modelo CMM de Qualidade de Software no Brasil”. Ao Prof. José Meyohas, pela atenciosa revisão ortográfica dos originais. Ao Ricardo Reinprecht, da Editora Axcel Book do Brasil e Developers’ Magazine, pela gentil oferta do livro e software SPARK de suporte a elaboração de monografias, dissertações e teses. À Zélia D. Nogueira, pela valiosa contribuição na editoração eletrônica da tese, por meio do software SPARK. Não poderia deixar de agradecer também a colaboração de Marcelo Pita, pelo suporte no tratamento estatístico dos dados de pesquisa, através do uso do software SPSS. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................14 1.1 Visão Geral do Problema e do Tema Estudado...........................................................14 1.1.1 Colocação e Formulação do Problema .....................................................................15 1.1.2 Escolha do Problema e Tema ...................................................................................15 1.1.3 Relevância ................................................................................................................16 1.1.4 Definição da Hipótese ..............................................................................................17 2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................... 18 2.1 O CONTEXTO ATUAL DO PROBLEMA ESTUDADO ........................................ 18 2.1.1 O Problema do Conflito de Interesses ......................................................................22 2.1.2 O Problema da Avaliação de Desempenho ..............................................................25 2.1.3 O Exemplo da MTW ................................................................................................31 2.1.4 O Acordo de Expectativas, da MTW .......................................................................33 2.1.5 A Questão do Desempenho Humano .......................................................................34 2.2 VISÃO GERAL DOS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE ...........................................36 2.2.1 A Problemática do Conceito de Qualidade...............................................................36 2.2.2 Definindo o Conceito de Qualidade .........................................................................38 2.3 A QUESTÃO DOS PROCESSOS ..............................................................................41 2.4 Os PROCESSOS E A QUALIDADE DE SOFTWARE..............................................49 2.4.1 As Melhores Práticas para o Software......................................................................50 2.4.2 A Qualidade do Software versus Processos..............................................................51 2.4.3 O Ciclo de Vida do Software....................................................................................52 2.4.4 OS MÉTODOS E MODELOS DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE.......53 2.4.5 As Normas ou Padrões Internacionais......................................................................57 2.4.5.1 A ISO 9000:2000...................................................................................................58 2.4.5.2 A ISO/IEC 15504 ..................................................................................................60 2.4.5.3 A ISO/IEC 9126 ....................................................................................................62 2.4.5.4 A ISO/IEC 1207 ....................................................................................................63 2.4.5.5 A ISO/IEC 15288 ..................................................................................................63 2.5 REVISÃO DO MODELO ESTUDADO ....................................................................63 2.5.1 As Bases do CMM....................................................................................................65 2.5.2 A Estrutura do CMM................................................................................................70 2.5.3 Capacitação do Processo ..........................................................................................72 2.5.4 Áreas-Chave de Processo .........................................................................................72 2.5.5 Metas ........................................................................................................................74 2.5.6 Características Comuns ............................................................................................74 2.5.7 Práticas-chave...........................................................................................................74 2.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA MATURIDADE...............................................75 2.7 FRAGILIDADE DOS MODELOS .............................................................................75 2.8 O SW-CMM E O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA MATURIDADE..................78 2.9 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAÍSES ESTUDADOS .................................82 2.9.1 As Bases Sociais, Econômicas e Políticas................................................................82 2.9.2 A Indústria de Software nos Países Pesquisados ......................................................83 2.10 A GLOBALIZAÇÃO DO SOFTWARE E SERVIÇOS ............................................85 2.11 A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE SOFTWARE (IBS)............................................87 2.11.1 O Estágio atual da Indústria Brasileira de Software ...............................................91 2.12 O SETOR DE SOFTWARE DA ÍNDIA ....................................................................93 2.13 O SETOR DE SOFTWARE DA CHINA...................................................................98 3.1 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................104 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO E DA PESQUISA DE CAMPO ...................104 3.1.1 Delineamento da Pesquisa ......................................................................................104 3.1.2 Estratégias da Pesquisa...........................................................................................104 3.1.3 Tipos da Pesquisa ...................................................................................................106 3.1.4 Sujeitos e Amostra..................................................................................................106 3.1.5 Operacionalização das Variáveis............................................................................107 3.1.6 Instrumentos de Pesquisa .......................................................................................108 3.1.7 Procedimentos ........................................................................................................109 3.1.7.1 Contatos com as empresas...................................................................................109 3.1.8 METODOLOGIA 110 3.1.8.1 Tratamento Estatístico, Análise dos Dados e Elaboração do Relatório ..............110 3.1.8.2 Análise Multivariada dos Dados .........................................................................110 3.1.8.3 Análise de Confiabilidade ...................................................................................111 3.1.8.4 Análise Fatorial ...................................................................................................112 3.1.8.5 Medidas utilizadas para escolha do número de fatores .......................................113 3.1.8.6 Medidas para avaliação do ajuste do modelo de análise fatorial.........................114 3.1.8.6.1 Comunalidades .................................................................................................114 3.1.8.7 Medida de Identificação dos Fatores ...................................................................114 3.1.8.8 Utilização dos resultados .....................................................................................114 3.1.8.9 Análise de Confiabilidade das Variáveis.............................................................115 3.1.8.10 Análise Fatorial das Variáveis...........................................................................115 3.1.8.11 Análise dos Quartis............................................................................................116 3.1.8.12 Interpretação dos Fatores...................................................................................116 3.1.8.13 Comparação de Características de Interesse......................................................117 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................119 4.1 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.........................................119 5 CONCLUSÕES ............................................................................................................119 5.1 Resultados..................................................................................................................134 5.2 Perspectivas e Tendências .........................................................................................138 5.3 Recomendações .........................................................................................................138 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................141 ANEXOS DE TABELAS E OUTROS DOCUMENTOS ..............................................150 GLOSSÁRIO...................................................................................................................196 FIGURAS Figura 1 - Componentes Essenciais da Qualidade .........................................................19 Figura 2 - Hierarquia dos Processos Orgenizacionais (1) ..............................................45 Figura 3 - Hierarquia dos Processos Orgenizacionais (2) ..............................................46 Figura 4 - Os Padrões e a Flexibilidade dos Processos ..................................................47 Figura 5 - Evolução da ISO 9000 ...................................................................................59 Figura 6 - Modelo de Gestão de Processos ....................................................................60 Figura 7 - A Norma ISO/IEC 12207 ..............................................................................63 Figura 8 - Os Níveis do CMM........................................................................................68 Figura 9 - Estrutura Geral do CMM ...............................................................................71 TABELAS Tabela 1 - Tipos de Avaliação do CMM ......................................................................79 Tabela 2 - Os Primeiros no Rank das Avaliações CMM..............................................80 Tabela 3 - Tempo Médio de Transição no CMM .........................................................80 Tabela 4 - Número de Avaliações pelo CMMI no Mundo...........................................81 Tabela 5 - Número de Avaliações pelo CMMI por País ..............................................81 Tabela 6 - Alguns Indicadores Socio-econômicos dos Países Pesquisados (Anexo).150 Tabela 7 - As 10 Maiores Empresas de Software .........................................................86 Tabela 8 - Vendas internas e externas na indústria de TI indiana (1994-1999) ...........94 Tabela 9 - Aplicação em Pesquisa e Desenvolvimento – 2001 ..................................101 Tabela 10 - Produção de Software na China.................................................................101 Tabela 11 - Distribuição das exportações de software de alguns países emergentes ...102 Tabela 12 - Alguns dos Principais Produtores Mundiais de software ..........................102 Tabela 13 - A Indústria de Software no Brasil, China e Índia......................................103 Tabela 14 - Indicador de Confiabilidade ......................................................................116 Demais Tabelas - Anexos.............................................................................................150 QUADROS Quadro 1 - Diferentes Visões dos Processos (1) ............................................................43 Quadro 2 - Diferentes Visões dos Processos (2) ............................................................43 Quadro 3 - Exemplo de um Processo de Garantia de Qualidade em Software..............44 Quadro 4 - Cronologia e Evolução do CMM.................................................................70 Quadro 5 - Os Níveis de Maturidade e Respas KPAs ...................................................73 Quadro 6 - Alguns Portais Sugeridos para Visita .........................................................87 Quadro 7 - Operacionalização das Variáveis da Pesquisa (Taxonomia) ....................108 14 1 INTRODUÇÃO 1.1 VISÃO GERAL DO PROBLEMA E DO TEMA ESTUDADO Os artefatos da Tecnologia da Informação (TI) estão presentes em todas as áreas das ciências. É praticamente impossível viver sem eles, sejam componentes de softwares ou de hardwares. Na Idade Média, o servo da gleba era vassalo do Senhor Feudal. Na era em que vivemos, para alguns a “Era da Digital” ou a “Era da Informação”, para outros, a “Era do Conhecimento”, o ser humano é escravo da “Tecnologia da Informação”. Ela molda e configura o mundo à nossa volta. Sem ela, não passamos de “excluídos”. Conseqüentemente, para sairmos do anonimato, ser alguém e ter as mínimas condições de competir por um melhor lugar na sociedade, dependemos da TI. É ela que capta, trata, armazena e nos fornece as informações de que precisamos para ter um padrão mínimo de dignidade humana. Em um passado não muito distante, o indivíduo valia pelo que sabia. Mas, hoje, o indivíduo vale mais pelo que é capaz de fazer com o que sabe e pela habilidade em compartilhar informações e conhecimento. O “Saber” tem também sua importância, mas no mundo tecnológico, torna-se rapidamente obsoleto e perde o seu valor. Na vanguarda da TI está o mundo digital a nossa volta. Na retaguarda estão dispositivos, máquinas, pessoas e software. São estes os principais componentes que dão suporte a TI. Pode-se dizer que, o desenvolvimento humano, tal como o progresso da sociedade, está diretamente relacionado à capacidade de seu país de desenvolver e usar efetivamente a TI. Desse modo, a qualidade, produtividade e competitividade da indústria dos componentes da TI são de vital importância para qualquer nação que queira desenvolver-se econômica e socialmente. Uma vez que o software representa um dos principais componentes da TI, cuidar da qualidade e da capacidade de desenvolvimento de software do país assume 15 lugar de destaque na sociedade. Este é o principal motivo pelo qual optamos pela escolha deste tema de pesquisa. Por outro lado, acreditamos que um estudo desta natureza sirva de contribuição no resgate da memória deste pulsante setor, a Indústria de Software, nos países pesquisados, isto é Brasil, China e Índia, notadamente no caso brasileiro, onde a carência de literatura especializada neste setor é fortemente sentida. 1.1.1 Colocação e Formulação do Problema As razões que motivaram a escolha do problema e, particularmente, do tema da pesquisa, são várias. Entretanto, as que merecem destaque estão diretamente ligadas ao campo de interesse do autor da pesquisa, tendo em vista a sua experiência profissional e acadêmica, que somam mais de 30 anos na área da Tecnologia da Informação (TI), trabalhando em empresas de grande porte e instituições de ensino superior, inicialmente como técnico, por um período aproximado de 15 anos, e depois na função de executivo e professor, nos últimos 17 anos. Dentre as atividades que exerceu ou exerce, relacionadas com tema da pesquisa, estão: análise e otimização de sistemas (softwares e aplicativos); racionalização de recursos computacionais; análise e modelagem de processos tecnológicos; qualidade de serviços; implementação de procedimentos e certificação de processos através de metodologias proprietárias ou normas e critérios, como a ISO 9000 e Critérios de excelência organizacional dos Prêmios Qualidade-Rio e do Governo Federal. 1.1.2 Escolha do Problema e Tema O motivo da escolha de empresas brasileiras para a aplicação da pesquisa de campo se deve ao fato do autor ser brasileiro e residir no país, o que facilita a condução da pesquisa. A escolha da China e Índia, não foi meramente ao acaso. A decisão recaiu nestes países, dadas as várias semelhanças e contrastes que ambos guardam entre eles e 16 o Brasil, especialmente devido ao fato de os três países selecionados, serem considerados emergentes na indústria mundial de software. Desse modo, coloca-se em primeira mão a definição do tema de estudo: “O MODELO CMM (Capability Maturity Model) NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE DO BRASIL, CHINA E ÍNDIA: impactos, perspectivas e tendências”. Assim, tendo como ponto de partida para a definição do problema de estudo, o que propõe Gil (1994, pp. 52-57), faz-se necessário introduzir a dimensão e o escopo do problema de pesquisa, que é: “Até que ponto o uso do CMM contribui para a melhoria dos processos de desenvolvimento e manutenção de software?”. Embora haja várias definições para processos, como será discutido no próximo capítulo, porém, especificamente neste caso, deve-se entender por processos as atividades de apoio à fabricação, manutenção e contratação de softwares, sistemas e aplicativos, e que neste estudo, serão considerados como pertencentes a três categorias: Pessoas, Processos (organizacionais e de trabalho) e Tecnologia. 1.1.3 Relevância A importância do problema em questão fundamenta-se pelo fato do objeto da pesquisa ser um tema novo e ainda pouco explorado, mas que vem ganhando importância e notoriedade, muito rapidamente, como ferramenta de suporte a gestão de processos de desenvolvimento de software no mundo inteiro, particularmente no Brasil, China e na Índia, foco da nossa pesquisa e estudo. 17 1.1.4 Definição da Hipótese Seguindo as recomendações de Gil (Ibid., pp. 60-67), no que concerne à construção da hipótese, propõe-se para o problema a seguinte hipótese: “A utilização do modelo CMM contribui de forma positiva e significativa para a melhoria dos processos de desenvolvimento e manutenção de softwares”. 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O CONTEXTO ATUAL DO PROBLEMA ESTUDADO O objetivo fundamental deste estudo é relativo ao desempenho das tarefas ou atividades, isto é, ao desempenho dos processos organizacionais referentes aos seguintes subsistemas ou áreas: Pessoas, Processos de Trabalho e Tecnologia. Porém, o desenvolvimento inicial desse tópico tem como base a “Visão Sistêmica da Organização”. Isto se deve ao fato de que, a pesquisa de campo subseqüente foi planejada e estruturada baseando-se nessa visão. Embora a abordagem sistêmica não seja nova, já que foi considerada uma das Teorias Gerais da Administração, por volta de 1960, a partir dos conceitos propostos inicialmente por Ludvig Von Bertalanffy que, em 1947, publicou sua famosa Teoria Geral dos Sistemas, o que nos interessa dessa abordagem é sua maneira de enxergar a organização como sistema sócio-técnico, sistema este constituído por diferentes subsistemas, de acordo com o entendimento de vários autores da Administração. No entanto, como escreveu Bertalanffy (1977, p. 25): Esta Teoria [Geral dos Sistemas] é moldada em uma filosofia que adota a premissa de que a única maneira inteligível de entender uma organização é estudá-la como um sistema, uma vez que a análise dos sistemas trata a organização como um sistema de variáveis mutuamente dependentes. Não obstante tenha desde então essa Teoria evoluído bastante, entretanto nosso ponto de partida, visando contextualizar na atualidade o tema estudado, procura enfatizar essa abordagem sob uma diferente visão sistêmica, propondo que a empresa contemporânea seja compreendida como um conjunto (sistema organizacional) de três 19 elementos (subsistemas): pessoas, processos e tecnologia, ou tecnologia da informação, conforme prefere determinar Tadeu Cruz em duas de suas obras (Cruz, 1996, pp. 11-20), (Cruz, 2000, pp. 33-42) e (Cruz, 2003, pp. 33-43). Dos três elementos ou subsistemas, já usando a linguagem sistêmica, o que merece maior atenção é, sem dúvida, o Subsistema Pessoas, de acordo com o entendimento de diversos autores, conforme apresentaremos ao longo deste tópico. Os demais subsistemas, ou seja, Processos e Tecnologia, são conseqüências do primeiro. Sem pessoas não existem processos nem tecnologia. Por isto, nossa atenção inicial estará voltada para esse subsistema, deixando para o próximo tópico a apresentação e discussão dos outros subsistemas. É necessário fazer aqui uma ressalva: devido à abrangência e extensão dos fundamentos e conceitos sistêmicos, cada um desses subsistemas oferece material suficiente para outras teses ou dissertações. No entanto, o foco do presente estudo é qualidade de software, usando o modelo Capability Maturity Model (CMM), tendo sido os processos (subsistemas) escolhidos no sentido de proporcionar uma visão multidisciplinar ou sistêmica das empresas pesquisadas, cujo principal objetivo foi servir de base teórica de argumentação para o desenvolvimento do presente trabalho. A qualidade depende da integração destes três componentes Pessoas Qualidade Processos Tecnologia Figura 1 Componentes Essenciais da Qualidade Fonte: Cruz (2003, p. 39) – modificado Portando, a ênfase, no presente momento, é quanto ao subsistema Pessoas, deixando para posterior discussão os subsistemas Processos e Tecnologia. 20 Desse modo, conforme discussão a seguir, são as pessoas que, em geral, as organizações costumam alegar como sendo seu maior patrimônio. Embora as empresas reconheçam que as pessoas devam estar em primeiro lugar, porque delas dependem os demais subsistemas, na prática a teoria parece demonstrar ser outra completamente diferente. Como argumenta Pfeffer (1998, p. 94-98), “Embora as organizações jurem valorizar seus funcionários, seu principal patrimônio, a maioria raramente pratica o que promete”. Na realidade, parece não haver dúvida de que esse seja o sistema mais sensível em qualquer tipo de organização, bem como onde estão os maiores problemas, como dizia Deming (1901-1993): 94% dos problemas [organizacionais] são baseados em causas comuns, pertencem ao sistema [pessoas] e são de responsabilidade da administração... A maioria dos problemas das áreas de serviço e de produção pertencem ao sistema... Os operários são prejudicados pelos sistemas. Deming (1990, pp.100 e 225). Claus Möller, considerado grande autoridade no assunto, propõe-se a falar de pessoas, usando conceitos da qualidade. Para ele, a qualidade perpassa todas as cinco áreas nas quais ele sugere dividir a organização, que são: qualidade pessoal, qualidade departamental, qualidade de produtos, qualidade de serviços e qualidade da empresa. Em seu entendimento, a qualidade pessoal é a primeira delas, só depois é que vêm as outras. Também, neste caso, as pessoas ocupam posição de destaque, sendo o centro das atenções (Möller, 2001, p. 7). A qualidade pessoal, continua ele, é a base de todos os tipos de qualidade; é crucial para a sua auto-estima, pois determina seu bem-estar, sua eficiência, suas atitudes e seu comportamento. Möller não pensa diferentemente dos autores já citados, a respeito da desconsideração com que as empresas tratam as pessoas, chegando a afirmar: 21 A importância do fator humano é muitas vezes substimada pela iniciativa privada, pelos funcionários públicos [empresa pública] e até mesmo pelos peritos em qualidade. A qualidade dos produtos ou serviços depende dos esforços de indivíduos ou de grupos. A qualidade técnica busca o ‘lucro’. A qualidade humana ‘vai além do lucro’. (Möller, 2001, p. 14). Möller, não satisfeito com tais afirmações, prossegue dizendo que a qualidade pessoal inicia uma reação de melhorias em cadeia. Altos níveis de qualidade pessoal contribuem para altos níveis de qualidade nos departamentos. Departamentos com altos níveis de qualidade criam produtos e serviços de qualidade superior. A qualidade em todas as áreas conduz a uma ‘cultura da qualidade’, a qual influencia toda a empresa. Uma empresa de qualidade possui ambiente e clientes satisfeitos. Clientes satisfeitos traduzem-se em melhores resultados financeiros, imagem melhor e um futuro brilhante (2001, p.14). Por último, completando o ciclo, continua o autor, com senso de orgulho pelas realizações da empresa, cria-se um senso geral de bem-estar que encoraja o desenvolvimento de um ambiente criativo, de espírito de equipe e de um nível mais elevado de qualidade pessoal (2001, p. 17). O desafio de colocar e manter esse ciclo vital operante começa com a seleção das pessoas certas para o lugar certo. Porém, garante Möller, é sempre possível melhorar nossa capacidade de relação, e encontrar as pessoas certas é a chave do sucesso de uma empresa. Futuramente, continua ele, as empresas competirão entre si não apenas por clientes, mas também por recursos humanos qualificados. Em um mercado competitivo, se a empresa não tiver uma cultura que estimule e mantenha os funcionários, eles trabalharão para o concorrente. O custo de empregar a pessoa errada é muito alto. Coloque seus funcionários em primeiro lugar, e eles farão o mesmo como os clientes, finaliza Möller (p. 106). 22 2.1.1 O Problema do Conflito de Interesses A questão do desempenho dos processos organizacionais leva-nos, necessariamente, ao estudo das pessoas, razão pela qual resolvemos começar por este subsistema. Contudo, discorrer sobre pessoas e processos, sem antes situar o problema dos objetivos individuais e organizacionais seria, em nosso entendimento, deixar de lado um dos principais fatores que levam ao relacionamento recíproco entre pessoas e processos organizacionais. Assim, julgamos oportuno fazer uma breve introdução sobre o assunto. Pessoas e organizações têm diferentes objetivos. Mas isto não significa que seus interesses tenham de ser, necessariamente, conflitantes. Este é um problema muito antigo, que foi, inclusive, uma das preocupações do próprio Taylor (1987, p. 32), chegando a motivá-lo a descrever o seguinte sobre o assunto: A maioria dos homens crê que os interesses fundamentais dos empregados e empregadores sejam necessariamente antagônicos. Ao contrário, a administração científica tem, por seus fundamentos, a certeza de que os verdadeiros interesses de ambos são um, único e mesmo: de que a prosperidade do empregador não pode existir, por muitos anos, se não for acompanhada pela prosperidade do empregado, e vice-versa, e de que é preciso dar ao trabalhador o que ele mais deseja – altos salários – e ao empregador também o que ele realmente almeja – baixo custo de produção. Por outro lado, Likert (1980, pp. 2-3), um dos pioneiros no estudo dos conflitos organizacionais, entende serem muitas as fontes de conflitos organizacionais, e que tais fontes ampliam-se, à medida que os direitos humanos e individuais, as conquistas da cidadania e dos direitos dos próprios trabalhadores clamam por justiça, por meio das diversas conquistas sociais. Para Likert “é evidente que os conflitos amargos e sem solução estão se ampliando e se intensificando com freqüência. Isto, para ele, acontece em todos os níveis da sociedade: entre nações e dentro das nações, entre organizações e dentro das organizações” (Likert, 1980, pp. 3-4). 23 As causas disso são várias, mas começam com a legitimação e reafirmação das conquistas dos direitos humanos, que geram expectativas que podem ou não ser satisfeitas. Mesmo que ocorram melhorias em setores como habitação, educação, oportunidades e empregos, administração de justiça e liberdade civis, as expectativas crescem, em geral, mais rapidamente do que estas melhorias acontecem (Likert, 1980, p. 3). Quando se legitimam novos e acalentadores valores ou direitos ou se criam expectativas, prossegue o autor, sem satisfazê-los (pelo menos na proporção em que são gerados) produzem-se atitudes desfavoráveis e frustrações. Essas reações desfavoráveis se ampliam quando pessoas desprivilegiadas não apenas deixam de experimentar novos empregos, salários e moradia – em relação às suas expectativas – como também se acham incapazes de exercer qualquer influência nas decisões relativas ao cumprimento desses direitos, recentemente legitimados, que são tão importantes para elas. (Likert, 1980, p. 3). Porém, procurando entender melhor o que propõe Likert, o que se pode notar é, de fato, uma aparente contradição entre tais objetivos. Por exemplo, enquanto a organização quer sobreviver, crescer, reduzir custos, lucrar, produzir mais e melhor, os indivíduos, por outro lado, buscam melhores salários e benefícios, conforto, estabilidade e segurança no trabalho. Entretanto, serem conflitantes ou não, dependerá de como a organização for capaz de conciliar os objetivos individuais com os organizacionais. Trata-se, conforme afirma Etzioni (1973, p. 17), de “um complicado jogo de poder” cuja solução requer negociação, participação e sinergia de esforços. Em resumo, as organizações são constituídas de pessoas e depende delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões. Porém, “muitos fatores entram em choque, a fim de determinar o objetivo ou objetivos de uma organização”. Por outro lado, as organizações representam, para os indivíduos, o meio pelo qual eles podem alcançar seus objetivos. Entretanto, felizmente, essas são apenas teorias, que nos ajudam a ver de diferentes maneiras os indivíduos e as organizações e que nos servem de base para entendermos a complexidade de ambos os sistemas. Embora isso possa representar um alívio nesta relação “Organização e Indivíduos” não exime a organização da 24 responsabilidade pela solução do aparente conflito. Quando isso é levado a bom termo e o problema é tratado com a devida atenção, já é do senso comum que, tanto a organização, como o indivíduo, triunfam em suas missões e o impasse caminha para uma solução natural. O conflito é visto como a luta ativa de cada um por um resultado desejado para si, o qual, quando não alcançado, impede os outros de conseguirem o resultado favorável a eles, produzindo, com isto, hostilidade. Um conflito é tido como solucionado quando todas as partes oponentes estão satisfeitas com o resultado. Um conflito permanece sem solução enquanto uma das partes estiver insatisfeita com o resultado (Likert, 1980, p. 8). Todavia, os conflitos não são de todo ruins, até mesmo porque eles fazem parte da natureza humana na busca constante por melhorias. O lado bom dos conflitos é que estes geram tensões e ‘as tensões são necessárias e inevitáveis para o pensamento criativo. O que é preciso, segundo Likert, é encontrar uma maneira de resolvê-los construtivamente, sem eliminar as diferenças que levam ao conflito, uma vez que as diferenças e tensões geram muitas vezes, resultados produtivos, criatividade e inovação (Likert, 1980, p. 5). De qualquer forma, suprir as necessidades de ambos os sistemas (pessoas e organização) não é tarefa fácil, pelo que se pode deduzir do que vimos até agora. Contudo, há exemplos de sucesso que pode ser citados, como o caso da empresa MTW Corp., como veremos mais adiante neste mesmo capítulo. Embora seja um problema freqüentíssimo, continua sendo, ainda, uma preocupação das organizações contemporâneas, cuja maioria delas não consegue superar. Nosso objetivo, neste momento, não é resgatar o estágio atual do problema, mas chamar a atenção para o fato de que ele continua a merecer o empenho das organizações da nossa era, desde a época dos clássicos da Administração. 25 2.1.2 O Problema da Avaliação de Desempenho Outro problema entre a organização e o sistema pessoas refere-se à avaliação de desempenho e a remuneração, isto é, ao subsistema de recompensas e reconhecimento. Novamente, faz-se necessária aqui outra explicação. Embora se faça referência a esse sistema, o objetivo da nossa pesquisa não é a remuneração das pessoas, pelos serviços prestados, mas sim seu desempenho em relação às tarefas. Este assunto faz parte das nossas discussões iniciais, por acreditarmos, que a avaliação de desempenho desemboca, necessariamente, noutra vertente, que é a recompensa dada às pessoas, seja em forma de pagamento ou de oferta de vantagens e benefícios. Tal como o caso dos conflitos organizacionais descrito antes, o problema da avaliação de desempenho é antigo e vem desde o surgimento das primeiras empresas, tendo sido também Taylor um dos pioneiros na tentativa de solução, ao propor que os trabalhadores deveriam ser remunerados por um sistema de cotas. Nesse sistema, os trabalhadores que produzissem mais peças seriam os que receberiam mais. Esse esquema desenvolvido por Taylor, em 1895, na Midvale Steel Company – uma das empresas em que trabalhou – passou a ser chamado Sistema de Pagamento por Peça com Gratificação Diferenciada (A Piece Rate System), o qual, argumentava seu autor, deveria ser a base de qualquer modalidade criteriosa de remuneração dos operários (Taylor, 1987, pp. 50 e 91). Taylor queria com esse sistema estimular o aumento da produtividade, mas sabia que isto não seria possível, sem que antes resolvessem alguns dos problemas de ordem administrativa. Assim, o principal objetivo da Administração Científica, na concepção do seu autor, consistia em “assegurar a máxima prosperidade para o empregador junto com a máxima prosperidade para o empregado” (Taylor, 1987, p. 31). Máxima prosperidade significava, para o empregador, lucros a curto e longo prazos e, para o empregado, remuneração gradualmente maior e pleno desenvolvimento de suas capacidades. Essa prosperidade mútua só poderia pressupor ausência de conflitos entre administração e funcionalismo (Taylor, 1987, pp. 129-130). 26 Desse modo, a Administração Científica, segundo seu criador, corresponde para o operário, o patrão e, particularmente para aqueles que a implementam, em primeiro lugar, a eliminação de todas as causas de disputa e desentendimento em si (Taylor, 1987, p. 128). Porém, isso não constitui elemento simples, mas uma combinação global que pode ser assim sumarizada: “Ciência, em lugar de empirismo; harmonia, em vez de discórdia; cooperação, não individualismo; rendimento máximo, no lugar de produção reduzida; desenvolvimento de cada homem, no sentido de alcançar mais eficiência e prosperidade” (Ibid.). Para seu tempo, as proposições de Taylor parecem ter sido grande avanço nas relações entre organização e pessoas. Embora o conceito e a prática de remuneração de pessoal tenham evoluído desde então, continua sendo um grande problema na atualidade. Isto pode ser fundamentado recorrendo-se a Juran (1997, p.102), que diz: O sistema de Taylor continua bastante presente entre nós. Em conseqüência, as empresas não estão utilizando um enorme ativo que possuem: a educação, a experiência e a criatividade de sua força de trabalho. Elas geralmente concordam que o sistema de Taylor é obsoleto e deve ser substituído, mas não chegam a um consenso sobre qual seria o novo sistema. Existem diversas opções, continua Juran, e todas vêm sendo testadas. Das quatro opções propostas por ele, todas se relacionam direta ou indiretamente com as pessoas: criação de condições para o autogerenciamento dos funcionários; criação de condições para a auto-inspeção; ampliação do âmbito do trabalho, horizontal e verticalmente; montagem de equipes autodirigidas. Todas essas opções, no entendimento do autor, envolvem transferência de trabalho dos supervisores e especialistas para os trabalhadores (descentralização de tarefas); por isso, prossegue Juran, as empresas estão enfrentando muita resistência de ordem cultural. Acredita Juran, que o sistema de Taylor será irremediavelmente substituído, e que todas as opções citadas se desenvolverão, mas o principal substituto desse sistema serão as equipes auto-dirigidas (Juran, 1997, p. 102). 27 Deming (1990), considerado por muitos o “Pai da Qualidade”, é outro crítico do sistema de avaliação e recompensas que vai ainda mais fundo nesta questão, ao afirmar que tanto a administração por objetivos, que é baseada em metas a serem cumpridas, quanto a administração por números (foco nos resultados), levam ao mesmo mal. Para ele, “seria melhor talvez dizer, ‘administração pelo medo’”; seu efeito é devastador (Deming, 1990, p. 76). Não satisfeito com esse adjetivo, Deming, ao descrever sobre o que ele considera ser as cinco doenças fatais da administração, na qual ele inclui o sistema de avaliação de desempenho e recompensas, declara: Este sistema alimenta o desempenho a curto prazo, aniquila o planejamento a longo prazo, introduz o medo, demole o espírito de equipe, fomenta a rivalidade e a política. Deixa as pessoas amargas, oprimidas, machucadas, esgotadas, deslocadas, desesperadas, abatidas, sentido-se inferiores, algumas até deprimidas, incapacitadas para o trabalho depois de conheceram sua avaliação, sem compreender por que são inferiores. É injusto, pois atribui aos membros de um grupo [talvez fosse melhor falar em equipe] diferenças que podem ser totalmente devidas ao sistema em que trabalham” (p. 76-77). Para Deming, o erro básico é que a avaliação de desempenho ou classificação por mérito, concentra-se no produto final, e não na liderança que ajuda as pessoas. É uma maneira de evitar a preocupação com os problemas das pessoas. Um administrador, afirma Deming, transforma-se, na realidade, em administrador de defeitos. A idéia de avaliação por desempenho, para o “Pai da Qualidade”, é fascinante (porém enganosa). “O som das palavras atiça a imaginação: ‘pagar pelo que se obtém’; ‘obter o que se paga’; motivar as pessoas a fazerem o melhor possível, para seu próprio bem”. E aproveita Deming para alfinetar ainda mais: “O efeito é exatamente o oposto daquele que as palavras prometem. Todo mundo quer ir para frente, ou tentar ir, para seu próprio bem, para salvaguarda de sua própria vida (profissional). Quem perde é a empresa” (Deming, 1990, p 77). O sistema pretende fazer justiça, mas é injusto e devastador por natureza. Isso pode ser notado pelo que afirma Deming: “A classificação por mérito recompensa os que 28 se saem bem dentro do sistema. Não recompensa tentativas para melhorar o sistema. Não altera nada”. Como alega James K. Bakker, da Ford Motor Company, citado por Deming, “Se qualquer pessoa da direção perguntar a um administrador de fábrica o que ele espera realizar no próximo ano, a resposta será um eco da política (meta numérica) da empresa” Deming (Deming, 1990, p. 77). A classificação por mérito não faz sentido como instrumento previsor de desempenho, exceto para as pessoas que se situam fora dos limites das diferenças devidas ao sistema em que trabalham. E o pior é que os sistemas tradicionais de avaliação aumentam as variações de desempenho entre as pessoas, garante Deming. O problema está na resposta precisa dos esquemas de avaliação. O que ocorre, segundo Willian W. Scherkenbach, também da Ford, igualmente citado por Deming, é que “uma pessoa é classificada abaixo da média e vê outras pessoas classificadas acima da média; naturalmente, pergunta o porquê da diferença. Passa, então, a imitar as pessoas acima da média, e o resultado é um enfraquecimento do desempenho”. Talvez o maior problema da avaliação de desempenho esteja na sua incapacidade de mensurar e levar em consideração os valores intangíveis. Uma vez que nesse sistema o que conta são os resultados, a meta numérica alcançada (como o total de horas trabalhadas, a quantidade de projetos desenvolvidos ou de peças produzidas, etc.), “Contar é fácil”, socorre Deming, “contagens desobrigam os administradores a darem significado à medição”. Mas qual seria o efeito multiplicador sobre as vendas a um cliente satisfeito? questiona Deming (1990, p. 91). O que se sabe é que o efeito é oposto, quando um cliente fica insatisfeito com o que a empresa lhe oferece. Na verdade, sentencia Deming, os números mais importantes que uma pessoa precisa para administrar são desconhecidos ou impossíveis de conhecer. São, portanto, intangíveis e, por isso mesmo, difíceis de contabilizar. Pelo menos esse é um dos principais desafios de uma das mais recentes teorias da Administração de empresas, conhecida como Gestão do Conhecimento. Embora naquela época (final da década de 80 e início de 90), Deming já falasse em “conhecimento”, ao enunciar o 11º. Princípio da Melhoria Contínua, numa lista de 14 29 princípios, a disciplina Gestão do Conhecimento está ainda dando os seus primeiros passos. No entanto, mesmo naquele tempo, Deming já havia introduzido o conceito “Saber Profundo” e conclamava as empresas a dar a devida importância a esse princípio. Porém, não é a Gestão do Conhecimento que nos interessa agora, mas o sistema de avaliação de desempenho, por sua deficiência e injustiça com as pessoas. E para argumentar a nosso favor, recorremos mais uma vez ao que afirma Deming (1990, p. 82), sobre esta questão: Uma avaliação justa é impossível. Uma falácia comum é a de que é possível avaliar pessoas; classificar por categorias de desempenho para o próximo ano, como base no desempenho do ano anterior. O desempenho de qualquer pessoa é o resultado da combinação de muitas forças: a própria pessoa, as pessoas com as quais trabalha, o cargo, o material com que trabalha, seu equipamento, seu cliente, seu administrador.. as condições ambientais (barulho, confusão, comida num restaurante da empresa). Estas forças geram diferenças incrivelmente grandes de pessoa para pessoa... As diferenças evidentes entre pessoas decorrem quase que totalmente de ação do sistema em que trabalham, e não delas próprias. Uma pessoa que não é promovida, assevera Deming, não consegue entender por que seu desempenho é pior do que o de outra. Não é de admirar, prossegue Deming, que essa pessoa considere o resultado de sua avaliação como um jogo de loteria. O que é realmente de admirar é que Deming não está sozinho, quando critica o sistema de avaliação e recompensas. Exemplos disso são o próprio Juran, contemporâneo de Deming, também considerado um dos pioneiros da qualidade, e Claus Möller, como veremos mais adiante. Em seu artigo “Qualidade no Século XXI”, Juran (1997, pp. 96104) fala da importância das pessoas nas organizações deste novo século e garante que “o sistema de recompensas deve ser revisto, levando em consideração as funções e responsabilidades” Juran (1997, p. 103). De acordo com Möller (1992, p. 108), há várias maneiras de se reconhecer o trabalho das pessoas. Pode-se pagar mais, dando lhes melhores salários ou cargos; no entanto, este é apenas um caminho. O que precisamos saber é o que faz de alguém 30 vencedor ou um perdedor. A resposta é uma só: a auto-estima, a sensação de estar bem consigo mesmo. E que fator determinará minha auto-estima?, questiona Möller. Ele mesmo adianta a resposta: o tipo de “reforço” que eu receber. Reforço, segundo Möller, é uma expressão usada em Psicologia, que significa qualquer tipo de estímulo recebido. Se alguém disser “gosto de você”, este é um reforço positivo. Se disser “isso está errado”, é um reforço negativo. Ou ainda, se ninguém dá atenção a você, estaremos no que chamamos de “reforço zero”, e esta é a pior situação possível. A auto-estima, completa Möller, é a conseqüência do “saldo dos reforços e reconhecimentos”, mais ou menos como uma conta bancária que criamos em nosso cérebro (Möller, 1992, p. 108). Mas isso não é tudo, conforme procura explicar o autor: Podemos receber reforços positivos de várias formas, como, por exemplo, um aumento de salário. Mas, quando nossas necessidades básicas são atendidas: alimentação, roupas, assistência médica e segurança, passamos a nos preocupar com a realização pessoal e, conseqüentemente, a desejar mais intensamente que nossa vida tenha um significado e um objetivo. Queremos nos sentir importantes e, se o trabalho que estivermos realizando for reconhecido, pelo menos por algumas pessoas, saberemos que ele é significativo (Ibid., p. 109). Desse modo, parece não ser difícil harmonizar os objetivos organizacionais com os pessoais. Nada disso a complicação começa agora, ...quando, segundo Möller, as pessoas, ao receberem poucos “reforços”, começam a descobrir maneiras estranhas de consegui-los, principalmente por meio de símbolos de status, como uma casa maior ou um automóvel novo. Nesse momento, torna-se importante apresentar “provas” de que se está bem. Se compreendem isso, garante o autor, os gerentes poderão criar um ambiente de trabalho em que as pessoas recebam atenção, evitando a situação do “reforço zero”, que existe em muitas empresas. (Möller, 1992, p. 109) - grifo nosso. É a esse ponto que gostaríamos de chegar, ao citar Claus Möller, quando afirma: Os funcionários fazem um bom trabalho e não há nenhuma repercussão; fazem um mau trabalho e o silencio é total. Em geral não se dá muita atenção ao trabalho realizado pelas pessoas... Se o objetivo for criar uma organização forte, é preciso construir uma ponte entre a política de salários e o plano de carreira. Não basta pagar mais porque as pessoas venderam mais, mas também 31 pelas contribuições para o trabalho em equipe, ou por melhorar os relacionamentos, ou por conquistar mais qualidade, ou por ter apresentado novas idéias. Nada disso, entretanto, acontece na maioria das empresas. Se alguém aparece com boas idéias, isso não é devidamente reconhecido, pois as idéias que vêm da alta administração são as únicas a ser implantadas (Möller, 1992, p. 109). Concluindo, afirma Möller, “O sucesso da empresa não será possível sem que haja sucesso pessoal. No futebol, por exemplo, cada jogador acredita que, se ele ganhar, todos ganharão”. 2.1.3 O Exemplo da MTW Os exemplos de sucesso não são abundantes, mas existem em algumas organizações, como é o caso da MTW Corporation, uma empresa de software para a Internet e de serviços de consultoria, sediada em Mission Woods, Kansas, EUA. Talvez não precisássemos ir tão longe para buscar um exemplo de sucesso, pois, sem dúvida, há exemplos aqui mesmo no Brasil. Porém, o caso da MTW vale a pena ser citado, devido a sua relação com o tema e problema do nosso estudo, por ser essa uma empresa do setor de software, que foi motivo de matéria da respeitada revista HSM Management de set./out. de 2001 (HSM, 2001, pp. 94-98). Conforme descreve o artigo da HSM, a MTW construiu uma cultura em torno da idéia de “Nossa gente vem em primeiro lugar”. Cada pessoa contratada pela MTW assina um “Acordo de Expectativas”, no qual são compartilhados seus objetivos pessoais e profissionais com as metas pretendidas pela empresa e funcionário. Segundo Ed. Ossie, Presidente da MTW, citado no artigo, “Firmar um pacto deste tipo, entre empregador e empregado, é uma prática inspirada nos acordos de desempenho que visam resolver conflitos de expectativas, tratados no livro Os Setes Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, de Stephen Covey” (HSM, 2001, pp. 94-98). 32 Ao citar o trabalho de Covey (2000), acreditamos que Ossie esteja referindo-se a alguns tópicos específicos dessa obra, por exemplo: a) a interdependência, o paradigma do nós: “Nós podemos fazer isto. Nós podemos cooperar. Nós vamos unir nossos talentos e habilidades para juntos criarmos algo melhor...As pessoas interdependentes combinam seus próprios esforços com os esforços dos outros, para conseguir um resultado melhor (Covey, 2000, p. 61); b) “Os compromissos que assumimos conosco e com os outros e sua manutenção, são a essência e a manifestação mais clara da proatividade. Ao fazermos e cumprirmos as promessas para nós mesmos e para com os outros, pouco a pouco a honra torna-se mais forte do que o estado de espírito” (pp. 115-116); c) “A delegação administrativa está focada nos resultados, e não nos métodos... e pressupõe compreensão e comprometimentos mútuos” (p. 222). Na MTW, como descreve o referido artigo, o acordo de expectativa está sempre evoluindo e acompanha o funcionário durante toda a carreira, podendo ser revisto a cada seis meses ou no final de cada projeto. No entanto, o que nos interessa particularmente neste caso são os resultados alcançados pela MTW com esse instrumento, descritos a seguir. A experiência positiva da MTW, relatada pela HSM, é fruto da união de, pelo menos, três indivíduos que acreditam que as pessoas sejam a mola mestra de qualquer organização de sucesso. Nesse empreendimento estão, primeiramente, o fundador da MTW, Dick Mueller, um ex-funcionário da IBM que saíra para criar sua própria empresa, para oferecer serviços na área de software para seguradoras e governos estaduais. Mueller, pensava em ter uma organização que priorizasse as pessoas. Depois veio Ed. Ossie, que tinha uma longa carreira na Texas Instruments, com 19 anos de trabalho árduo e bem-sucedido, na área de software. Ossie chegou a ter, sob sua liderança, 1,5 mil pessoas em 25 países, e receita em torno de US$ 200 milhões. Não estava feliz, com o rumo que tinha tomado sua vida particular, sempre relegada o segundo plano, em detrimento da carreira profissional. Com o convite de Mueller, para assumir a presidência executiva da MTW, Ossie viu, nesta oportunidade, a chance de refazer sua vida, principalmente com a possibilidade de colocar em prática o que pensava sobre as pessoas. O terceiro indivíduo a entrar em cena foi Jefrey Pfeffer, autor do livro 33 The Human Equation. Pfeffer tinha convicção de que quando os funcionários se sentem seguros, com poder, e suas opiniões são ouvidas, eles não somente trabalham com mais inteligência, como também geram mais retorno para os acionistas. O fato é que, ao colocarem em prática essa teoria, os resultados financeiros da MTW dispararam; a empresa saiu de um faturamento de US$ 7 milhões para quase US$ 40 milhões, em apenas cinco anos. Em 2000, o lucro operacional bruto da MTW correspondeu a 14% das receitas, o número de funcionários aumentou de 50 para 215 e a empresa estimava contratar mais 85 pessoas até o final de 2001. 2.1.4 O Acordo de Expectativas da MTW Como visto antes, trata-se de um documento que deve ser assinado pelas partes, isto é, o funcionário e a MTW. O compromisso assumido, de acordo com a HSM, é uma forma de estimular o desenvolvimento de ambos, pois parte-se da premissa de que quando a organização cresce, o indivíduo deve crescer junto. Um bom exemplo é o caso de John Van Blaricum, que trabalhava em “marketing”, que declara ser esse tipo de acordo uma mistura de metas gerais e específicas. No caso dele, ele queria apoio da empresa para ampliar sua experiência em marketing de software, encontrar um mentor para ajudá-lo a crescer profissionalmente, envolver-se em várias associações profissionais para aumentar seu conhecimento do setor e ter mais proximidade com a área de operações, a fim de “aprender mais sobre o negócio, e não somente sobre marketing. A MTW, não apenas concordou com as suas intenções, mas foi além, criando condições para que as expectativas de Blaricum fossem realizadas, ao acertar com ele que sua equipe seria responsável pela reprogramação e relançamento do site da empresa na Internet, até certa data; que ele escrevesse três artigos sobre a MTW e os publicasse num prazo de seis meses; que ele freqüentasse determinado número de conferências do setor a fim de realizar a promoção para um novo mercado”. O importante nisto, conforme diz Van Blaricum, é que a elaboração de um acordo, com esse nível de detalhe, ajudou-o a planejar e focalizar seus esforços para o ano seguinte. 34 Para Ossie, o acordo de expectativas reforça outros impulsionadores importantes do sucesso da MTW como por exemplo baixa rotatividade, recrutamento cuidadoso e remuneração vinculada a aumentos no valor da empresa, uma vez que o funcionário é estimulado a adquirir cotas de participação, ou melhor, ações da empresa, cujos funcionários detém atualmente 53,5% das ações. Conforme afirma Ossie, no relato da HSM, a baixa rotatividade é uma vantagem competitiva evidente da MTW, já que seu índice em 2000 foi de apenas 6,7% para uma média do setor (software e tecnologia) de 30% ao ano. Quando Ossie assumiu a direção da MTW, este índice era de 24%, mas vem sempre caindo, ano a ano, desde então. Finalmente, segundo o artigo da HSM, além de todas as práticas adotadas na MTW, visando criar e manter o espírito de equipe, talvez mais eficaz seja o que Ossie chama de “livro aberto”, pois a empresa compartilha informações financeiras com todos e sempre esclarece as expectativas das suas metas financeiras. Essa é uma estratégia que parece dar resultado, já que há três anos a empresa tinha ações cotadas a US$ 0,58 e no segundo semestre de 2001 já valiam US$ 5,11; uma valorização patrimonial de quase dez vezes, em apenas três anos, portanto. 2.1.5 A Questão do Desempenho Humano Como colocado no início deste capítulo, o objetivo básico da nossa pesquisa é quanto ao desempenho das tarefas ou atividades, isto é, o desempenho dos processos organizacionais referentes aos seguintes subsistemas: Pessoas, Processos de Trabalho e Tecnologia. A definição de processos e sua correlação com o mundo das organizações serão descritas mais à frente, não prejudicando o entendimento deste tópico. A definição do desempenho, tal como as definições de “Habilidades” e “Competências” são assuntos até certo ponto complexos, e que, por isto mesmo, requerem cuidado e prudência, para não se enveredar por áreas do conhecimento em 35 constante discussão, para as quais não se chegou ainda a um consenso. No entanto, conforme passaremos a descrever, o que nos interessa sobre o desempenho é sua “capacidade de obtenção de resultados esperados, de maneira “quantificável”. Nesse contexto, passaremos a usar a definição de Hunger et al (2002): Desempenho é o resultado final de uma atividade. A seleção dos parâmetros adequados para se avaliar o desempenho depende da unidade organizacional a ser analisada e dos objetivos a alcançar. Os objetivos previamente estabelecidos na parte de formulação da estratégia do processo de gestão estratégica (tratando da lucratividade, da participação de mercado e da redução de custo, entre outros) certamente devem ser usados para avaliar o desempenho da corporação, uma vez implementada as estratégias ( p. 215). Para Hunger e Wheelen, pode-se estabelecer dois tipos de controle tendo em vista a avaliação do desempenho: controle de comportamento e controles de saída. Os controles de saída especificam aquilo que deverá ser alcançado enfocando o resultado final dos comportamentos por meio de objetivos e alvos de desempenho, ou marcos. Já os controles de comportamento especificam como alguma coisa deve ser feita, por meio de políticas, regras, procedimentos ou padrões de operação (p. 216). Os controles de comportamento, conforme asseveram esses autores, se referem à conformidade e padrões adotados pela empresa. Os de saída relacionam-se às medidas de desempenho, tais como cotas de vendas, reduções de custos específicos, objetivos de lucro, etc. Um bom exemplo de controle de comportamento cada vez mais popular, como descrevem os autores, é a adoção da Norma ISO série 9000, no sentido de dotar a organização de padrões voltados para a qualidade. Pelo exposto, uma vez que nosso interesse neste estudo se refere à avaliação do uso modelo CMM nos processos de desenvolvimento de software, fica claro que os tipos de desempenhos que estamos interessados em pesquisar situam-se numa fronteira difusa entre os controles de comportamento e de saída. Isto torna-se mais evidente, ao examinarmos os tipos de questões, objeto da pesquisa campo, formuladas no questionário. 36 2.2 VISÃO GERAL DOS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE Inicialmente, antes de se tratar dos aspectos da qualidade de software, é oportuno descrever brevemente alguns dos conceitos fundamentais inerentes à qualidade. 2.2.1 A Problemática do Conceito de Qualidade Um dos pontos relevantes no mundo da qualidade é a própria definição do termo. Tão relevante que qualquer iniciativa ou programa de qualidade corre o risco de insucesso, se as definições pertinentes à qualidade não forem descritas e seus objetivos bem divulgados na organização. Definir qualidade não é tarefa das mais simples, como também não o é definir seus princípios e conceitos. Há, inclusive, divergências entre os grandes especialistas da área, como Deming, Crosby e Juran, entre outros. Há ainda más interpretações que têm gerado confusões sobre o tema (Oliveira, 1997, p. 18), talvez porque qualidade não tenha um significado preciso ou “uma definição operacional”, conforme pensam Dobyns e Crawford-Mason (1991, p. 49), que afirmam ser esta “parte da dificuldade para se tentar entender o que os experts em qualidade estão dizendo”; e prosseguem, “algumas confusões lingüísticas surgem quando os experts aprendem mais e tentam distingui-las a partir do que eles sabem”. Separar em partes e tentar entender esses conceitos pode aumentar ainda mais a confusão, porque a qualidade faz parte de um esforço todo harmônico e contencioso, que Armand Fergenbaun define como “controle total da qualidade” (TQC, ou Total Quality Control), praticamente a mesma expressão usada por um dos consagrados especialistas japoneses, Kaoru Ishikawa, embora no Japão a definição usual seja “controle de qualidade” que, como afirma Ishikawa, mesmo havendo semelhanças, os termos são diferentes, tendo os japoneses feito a adaptação do mesmo do Japão “tornando-o mais palatável ao gosto japonês”. 37 Outro especialista americano, Philip B. Crosby (1992, p 15), com referência à sazonalidade, diz que “com ou sem ela, incluindo ou não a palavra total, isto não altera o resultado”, o que é questionável, pois tanto as adições ou exclusões de palavras, como as adaptações culturais, são extremamente relevantes. Fang Zhao e Peter Brian, pesquisador e doutorando, respectivamente, da RMIT University of Australia (Zhao e Brian, 2002, pp. 3-4) concordam que as definições e conceitos da gestão pela qualidade total (TQM ou Total Quality Management) são muito vagos, mas ressalvam que são úteis para fornecer um breve perfil dos conceitos inerentes ao termo, vitais para o entendimento dos princípios da qualidade, tais como: • clientes são internos (pessoal da organização) e externos (consumidores dos produtos e serviços); • atingir e exceder as necessidades dos clientes deve ser o foco principal da organização; • a liderança em qualidade vai do topo até o chão-de-fábrica da organização, e requer comprometimento de todos; • o mais alto nível de integridade, honestidade, verdade e franqueza são ingredientes-chave da GQT; • a qualidade total oferece a cada indivíduo a oportunidade de participar, contribuir e desenvolver senso de parceria; • a GQT envolve a melhoria contínua, de forma mensurável, em todos os níveis da organização. A essência do moderno pensamento da gestão da qualidade, como pensa Dalrymple (2000, p. 2), é que a organização deverá procurar melhorar cada aspecto de sua atividade. Tal melhoria é uma tarefa contínua e sem fim, e que é responsabilidade de todas as pessoas da organização contribuírem para alcançar esse objetivo. Alguns dos elementos da questão de melhoria inclui trabalho em equipe, liderança, treinamento, 38 constância de propósito (como dizia Deming), sustentabilidade, conhecimento da variabilidade, etc. Algumas das ferramentas para fazer isso, continua Dalrymple, incluem as normas da ISO da série 9.000, os modelos de excelência de negócios (por exemplo, os critérios de excelência dos Prêmios Qualidade) e outros instrumentos, como os extensivos modelos de gestão dos processos. 2.2.2 Definindo o Conceito de Qualidade Assim, é importante que se defina e divulgue o conceito da qualidade para toda a empresa, para que se tenha um entendimento comum e compartilhado por todas as pessoas da organização. No entendimento de James Teboul (1991, p. 31), “qualidade é aquilo que, às vezes, manifesta-se no momento de uso, mas que também dá satisfação do ponto de vista estético, até mesmo ético, quando temos a sensação de que o produto corresponde ao que se esperava e que não fomos ’enganados’ em relação à mercadoria”. Na tentativa de ampliar sua definição, Teboul diz que: Qualidade é, antes de mais nada, a conformidade com as especificações [do mesmo modo como pensa Crosby]. É também a resposta ajustada à utilização que se tem em mente, na hora da compra e também a longo prazo. Mas é também aquele ‘algo mais’ de sedução e excelência, mais próxima do desejo do que da qualidade (p. 31). Hutchings (1994, p. 25) presta também sua contribuição com uma definição operacional para qualidade, portanto, de natureza mais prática do que filosófica, e 39 amplamente aceita, segundo ele, que é: “qualidade é a capacidade de satisfazer as necessidades expressas e implícitas” dos clientes. A nova ISO 9000:2000, no item 3.1.1 (Fundamentos e Vocabulário), descreve a qualidade como sendo o “grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”. Esta norma vai ainda mais longe e propõe oito princípios de gestão da qualidade (ver tópico A NBR ISO 9000:2000). Segundo o Comitê CB-25 da ABNT: Um princípio de gestão da qualidade é uma crença ou regra fundamental e abrangente para conduzir e operar uma organização, visando melhorar continuamente o seu desempenho em longo prazo pela focalização nos clientes e, ao mesmo tempo, encaminhando as necessidades de todas as partes interessadas (Melo, 2002, p. 25). Atualmente, muito se tem perguntado por que não se fala tanto em qualidade como, principalmente, nas duas décadas anteriores. O que se tem questionado é se a “moda” ou “onda” da qualidade já teria passado e se estaríamos vivendo agora uma outra era como, por exemplo, a Gestão do Conhecimento. Observa-se isso em vários momentos de nossas atividades profissionais, seja no exercício da profissão do magistério ou nas consultorias empresariais realizadas, implementando iniciativas e programas da qualidade e preparando empresas para a certificação com base na ISO. A pergunta não nos surpreende mais, uma vez que temos uma visão clara sobre a questão, que é a seguinte: a qualidade, atualmente, faz parte das atividades cotidianas das organizações – não de todas, é claro – pois se percebe que, em geral, nas pequenas e médias empresas ela sequer chegou, com raras exceções. Isso pode ser observado consultando as pesquisas conduzidas pelo SEBRAE sobre pequenas e médias empresas, em seu site institucional1. Porém, nas organizações modernas e competitivas, a qualidade faz parte da cultura organizacional, estando relacionada a todas as atividades, tais como: nas funções de 1 Entidade Civil sem fins lucrativos, o SEBRAE passou a ser, após a reformulação introduzida em 1990, um sistema de apoio ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas. Veja detalhes em: http://www.df.sebrae.com.br/ 40 engenharia, produção, pesquisa, finanças, marketing, entre outras. A qualidade nessas empresas é preocupação de todos e essencial para o sucesso organizacional. Ela começa no planejamento estratégico e se desdobra até as micro-atividades ou tarefas operacionais, como propõe Garvin (1992, p. 25), ao afirmar que gestão estratégica da qualidade (SQM ou Strategic Quality Management) representa a quarta era da qualidade, depois da inspeção (primeira era), do controle estatístico de qualidade (segunda era) e da garantia da qualidade (terceira era). Ela está presente nas mais simples ferramentas de administração como nas planilhas, gráficos e diagramas que usamos no dia-a-dia, até os mais sofisticados modelos ou sistemas de gestão empresarial, como os critérios para o Prêmio Nacional de Qualidade, Seis SIGMA, normas ISO, ERP (Enterprize Resource Planning) e CMM. Isso não significa, no entanto, que nessas organizações deixou-se de cometer erros, falhas humanas ou sistêmicas, e que os produtos estejam livres de defeitos, os serviços livres de falhas e os processos funcionam perfeitamente, sem problema algum. Pode significar, simplesmente, que as falhas, erros ou defeitos estão sob controle e que são identificadas, conhecidas suas causas e tratadas as não-conformidades. Isso ocorre porque a qualidade, ou melhor, a organização, é um sistema, como diz Deming (1990). Conforme expressa Woods (entre 1999 e 2003), o paradigma da Gestão pela Qualidade Total é entender as organizações como sistemas... Aqueles que entendem esse paradigma verão a GQT como uma evolução lógica deste conceito. E mais, continua Woods, eles entendem que esse paradigma, que é o sistema organizacional, consiste em partes que se integram, interagem e sabem o que precisam fazer para transformar e agregar valor às suas entradas visando criar saídas que resolvam os problemas de alguns grupos de consumidores... Em termos de TQM, o que isto significa é que a visão da organização como um sistema (Visão Sistêmica) ajuda os gerentes a compreender os procedimentos que funcionam bem e os que não funcionam, e por quê. Assim, o que os gerentes precisam fazer é gerenciar o sistema de processo organizacional, consciente ou inconscientemente, habilidosamente ou erradamente, para ter o trabalho feito. O paradigma dos sistemas ajuda a entender isso e a gestão de qualidade total fornece um guia geral para a melhoria contínua. 41 Quando a organização é administrada como um sistema, prossegue Woods, os gerentes não têm chance de fazerem o que querem, a não ser seguir as regras do sistema, com base na filosofia da gestão de processos. Desse modo, a GQT, com foco nos seus processos, na melhoria e deleite dos clientes, sugere meios de maximizar a eficiência e efetividade do sistema, aumentando as chances de sucesso no mercado, finaliza Woods. Zhao e Bryan (2002, p. 3) reforçam a teoria da visão sistêmica da GQT, dizendo que em termos de processo de entrada e saída, a GQT é um conjunto de inputs que inclui equipamentos, materiais, informações e conhecimentos, procedimentos e métodos e pessoas e suas habilidades. As saídas do processo de transformação são produtos, serviços, informações e qualquer resultado que alcance as necessidades e expectativas dos clientes. 2.3 A QUESTÃO DOS PROCESSOS Hoje, os processos fazem parte das atividades organizacionais, constuindo-se em requisitos para a implementação de ferramentas administrativas, modelos de gestão e de outros instrumentos, como a norma ISO 9.000:2.000, sistemas ERPs e o próprio CMM, cuja implementação obedece ao princípio da abordagem de processo (Melo, 2002, p. 33). Na realidade, “todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo. Não existe um produto ou serviço oferecido por uma empresa sem um processo organizacional” (Gonçalves, 2000, p .6). Então, o que seria um processo? Humphrey (1989), uma das maiores autoridades no assunto, tendo sido o mentor do CMM, ao escrever sobre o tema diz que os processos são um conjunto definido de passos para a realização de uma tarefa. Um processo definido, continua ele, é aquele que é descrito suficientemente em detalhes, de forma que possa ser consistentemente usado. 42 Processos definidos, completa Humphrey, auxiliam no planejamento e execução de um serviço. Para Hammer e Champy (1994), processo é um grupo de atividades realizadas numa seqüência lógica, com o objetivo de produzir um bem ou serviço que tem valor para um grupo específico de clientes. Percebe-se então que, do mesmo modo que a qualidade, um processo pode ser definido de várias maneiras. Jacobson e seus colaboradores (1999) advogam que um processo define quem está fazendo o quê e como alcançar um certo objetivo. Kanter (1997) complementa essa linha de raciocínio ao afirmar que os processos permitem que as pessoas assumam mais responsabilidades, adotem mecanismos mais eficientes de participação na realização do trabalho e empreguem melhores meios de comunicação. Os processos podem também ser vistos de diferentes modos ou como categorias básicas (Gonçalves, 2000, p. 13). No primeiro caso, os processos podem ser vistos como: fluxo de material, fluxo de trabalho, série de etapas ou fases, atividades coordenadas, mudanças de estado etc. No segundo caso, o das categorias, os processos podem ser de negócio ou de clientes, organizacionais ou de integração, e gerenciais, conforme descrevem os quadros seguintes. 43 Quadro 1 Diferentes Visões dos Processos (1) PROCESSO COMO Fluxo de Material EXEMPLO Fluxo de Trabalho • Processo de fabricação industrial • Desenvolvimento de produto Recrutamento e contratação de pessoal Modernização do parque industrial Redesenho de um processo • • Série de Etapas CARACTERÍSTICAS • • • • • • • • • Inputs e outputs claros Atividades discretas Fluxo observável Desenvolvimento linear Seqüência de atividades Início e final claros Atividades discretas Seqüência de atividades • Caminhos alternativos para o resultado Nenhum fluxo perceptível Conexão entre atividades • • Fonte: Gonçalves (2000, p. 13) – modificado. Os processos podem ainda ser divididos em primários, de apoio e gerenciais, conforme mostrado a seguir. Quadro 2 Diferentes Visões dos Processos (2) E X E M P L O S CATEGORIA Processos De negócio ou de clientes • Desenvolvimento de produtos • Atendimento de pedidos Processos Organizacionais ou de integração Primários de • Vendas • Distribuição • Cobrança Suporte • Planejamento estratégico • Orçamento empresarial • Recrutamento e seleção • Compras • Treinamento operacional Processos Gerenciais Gerenciais • Fixação de metas • Avaliação do desempenho empresarial • Alocação de recursos Fonte: Gonçalves (2000, p. 13) - adaptado. 44 De outro modo, com base no princípio de hierarquia da Teoria Geral dos Sistemas, proposta por Bentalanffy (1977), pode-se ainda dizer que os processos apresentam uma estrutura e seguem uma hierarquia. Tanto a estrutura como a hierarquia podem ser representadas graficamente de diversas formas, usando diferentes tipos de diagramas. Porém, visando facilitar o entendimento, optou-se por simplificar a apresentação, mostrando, inicialmente, um exemplo de Drabick (2000, p. 23) que ilustra, especificamente, o processo de Garantia da Qualidade de Software ou SQA (Software Quality Assurance). Quadro 3 Exemplo de um Processo de Garantia da Qualidade de Software Input Processo Output Garantia da Qualidade t w • Requisitos • Plano de gerência do processo • Plano de gerência de configuração • Plano de desenvolvimento de software • Plano de teste • Dados sobre riscos Focos do processo • Resultado de revisão de plano • Lista atualizada dos riscos • Resultados de revisão de sistemas t • Plano de garantia de qualidade • Plano de métricos • Plano de riscos • Relatórios revisados • Recomendação de melhoria de processos • Itens de status das ações Melhoramentos do processo Fonte: Drabick (2000, p. 23) – adaptado Quanto à hierarquia dos processos, recorreu-se a Campos (1998, p. 127), que ilustra, com clareza, este ponto, conforme mostra o diagrama a seguir, sobre os processos organizacionais. 45 Hierarquia dos Processos Organizacionais Estratégica Controle de grupo Relevância Macro-Processo Processos de time Atividades Tarefas ou Operação Operacional Individual CAMPOS (1998, p. 127), modificado. Figura 2 Hierarquia dos Processos Organizacionais (1) Fonte: Campos (1998, p. 127) – modificado Outro exemplo que ilustra a hierarquia dos processos é apresentado por Slack et al (1997, p. 39), o qual, apresentado a seguir, mostra como um macroprocesso, seus processos e microprocessos relacionam-se entre si. 46 Macroprocesso Rede de Televisão Pesquisa de Mercado Produção de cenário Manutenção e conserto Processo Madeira Aço Plástico Carpinteiro Produção de cenário Cenários e Instalações Ferramentas e peças Setor de construção de cenários Manutenção e conserto Equipamento mantido e consertado Setor de consertos e manutenção Microprocesso Informações de consumidores Pesquisa de mercado Orientações Setor de pesquisa de mercado Figura 3 Hierarquia dos Processos Organizacionais (2) Fonte: Slack et al (1997, p. 39) – modificado A necessidade de desenvolver uma estrutura e estabelecer uma hierarquia dos processos pode levar ao engessamento ou rigidez das atividades organizacionais. No entanto, para reduzir esse risco, é preciso que os gestores dos diferentes processos tenham autoridade e poder para desenvolver as regras e procedimentos necessários e, ao mesmo tempo, flexibilidade e capacidade de mudar as regras e procedimentos de forma apropriada, conforme mostra a figura a seguir. 47 Capacidade de desenvolver regras Autoridade e Poder: P a d r o n iz a ç ã o v e r s u s F le x ib ilid a d e (+ ) 2 ) B u r o c r a c ia 1) C aos 4 ) A m b ie n t e f a v o r á v e l à c r ia t iv id a d e e m udanças 3 ) A n a r q u ia (+ ) (-) F le x ib ilid a d e : C a p a c id a d e d e m u d a r a s r e g r a s C A M P O S (1 9 9 8 , p . 4 0 ) , m o d ific a d o . Figura 4 Os Padrões e a Flexibilidade dos Processos Fonte: Campos (1998, p. 40) – modificado Examinando-se a presente figura, pode-se chegar às seguintes conclusões: a) pouca autoridade e poder e pouca flexibilidade geram o caos; b) muita autoridade e poder, mas pouca flexibilidade, instala a burocracia; c) pouca autoridade e poder e muita flexibilidade, institui a anarquia; d) muita autoridade e poder e muita flexibilidade cria um ambiente favorável à criatividade e mudanças. Nesse sentido, e considerando o processo de desenvolvimento de software, Humphey (1989, p. 3) afirma que: Enquanto que os processos de software não devem ser burocráticos, alguns elementos do processo deverão ser rigidamente controlados. Há meios conhecidos e efetivos para controlar alterações em programas, por exemplo, e eles deverão ser usados em todos os grandes projetos. Igualmente, mudanças 48 de requisitos são quase sempre um problema e eles precisam ser rigorosamente gerenciados. Um processo, no entanto, prossegue Humphrey, fornece orientações para se executar o trabalho. Ele é um guia, e não uma camisa-de-força. Entretanto, diz ele, o desenvolvimento de software tem um grande número de passos detalhados, e nenhum processo prático poderia controlar todos. Assim, o processo deve ser visto como um guia geral de orientação que requer do engenheiro de software considerável capacidade de julgamento, ao realizar o seu trabalho. O desenvolvimento de software é um processo dinâmico e complexo, pois há fatores interagindo ao longo do ciclo de vida do software (ver o tópico O Ciclo de Vida do Software) que impactam o seu custo final, o cronograma e a qualidade. Infelizmente, esses fatores são raramente levados em consideração nos projetos de software (Madachy e Tarbet, 2000, p. 15). Porém, quando os sistemas tornam-se mais complexos, os requisitos de desenvolvimento de software podem ser usados para aumentar a qualidade e produtividade do produto (sistema e software). Neste caso, o desenvolvimento e a manutenção destes produtos estão se tornando um grande desafio (Hull et al, 2002, p. 2). Ao fazerem referência aos requisitos de desenvolvimento de software, o que Hull e sua equipe pretendem é chamar a atenção para as “melhores práticas”. Assim, prosseguem eles “a ligação entre as melhores práticas e os processos de software é simples: um processo deve, no mínimo, não inibir o desempenho de um conjunto das melhores práticas, e as mais positivas deverão ser recomendadas e incorporadas aos processos”. Para eles, muitas das melhores práticas têm sido passadas de uma disciplina para outra e de um projeto para outro completamente independente de métodos e processos. A não-consolidação das melhores práticas nos processos de projetos de software causa diversos problemas, tais como os listados por Kruchten (1998), dos quais procurou-se destacar os seguintes: arquiteturas fragilisadas, falhas na gerência de riscos, testes insuficientes, não detecção de inconsistências nos requisitos, design e 49 implementações, gerência ad hoc (improvisada) de requisitos, subjulgamento da complexidade, comunicação ambígua e imprecisa e propagação descontrolada das mudanças. Assim, para evitar problemas desse tipo, bem como para melhorar a qualidade e produtividade, várias tentativas têm sido feitas pelos desenvolvedores de software na busca de melhores práticas, modelos, metodologias ou métodos capazes de garantir a gerência dos processos de projeto, desenvolvimento e manutenção de software. 2.4 OS PROCESSOS E A QUALIDADE DE SOFTWARE O CMM focaliza três macroprocessos, referentes aos processos de aquisição, desenvolvimento e manutenção de software. O objetivo inicial do modelo é permitir a implementação de padrões de desempenho dos processos, de modo que estes sejam efetivamente gerenciados. Uma vez alcançada, de forma perene, essa meta, o objetivo final do CMM é a gestão efetiva do desempenho organizacional, de vez que uma organização é uma coleção de processos, como definição de Gonçalves (2000), vista antes. Desse modo, visando estabelecer pontos comuns de entendimento sobre os aspectos básicos da qualidade de software e as características desses processos, antes de apresentar o modelo estudado, serão abordados os seguintes tópicos, pela ordem: • as melhores práticas; • a qualidade de software versus processos; • o ciclo de vida do software; • os métodos e modelos de desenvolvimento e manutenção de software. 50 2.4.1 As Melhores Práticas para o Software A relação das melhores práticas a serem usadas pode variar, dependendo da ferramenta de desenvolvimento de software empregada. Por exemplo, no caso do SPMN (Software Program Managers Network), as melhores práticas vieram do ASC (Airlie Software Conncil), tendo sido introduzidas nesse produto com modificações, para a identificação dos processos fundamentais e oferecer soluções consideradas essenciais ao sucesso da gestão do desenvolvimento e manutenção de software em larga escala. (Hull, 2002, p. 3). Essas práticas podem ser encontradas no site institucional do produto2, sendo as principais a gerência formal de risco, os acordos sobre interfaces, as inspeções formais, a gerência de métricas baseadas em cronograma, os dispositivos binários de qualidade, a auditoria de erros visando a melhoria da qualidade, a gerência de configuração, etc. A exemplo de outras ferramentas, o CMM descreve também uma série de práticas, conforme se poderá notar no capítulo Revisão do Modelo Estudado. A relação completa dessas práticas pode ser obtida através dos manuais ou documentação desse modelo, ou diretamente no site do Instituto de Engenharia de Software 3. Como descreve Clark (1997, p. 38), o processo de desenvolvimento dirige as atividades dos desenvolvedores, do pessoal de garantia da qualidade e do gerenciamento do projeto. Estas atividades incluem as práticas do SM-CMM (Software Capapability Model) orientadas para a gerência de requisitos, desenho de produto, codificação (programação), unidades de testes, integração e testes, gerência de configuração, garantia da qualidade e revisão por pares. 2 3 www.spmn.com www.cmu.sei.com 51 2.4.2 A Qualidade do Software versus Processos Para os produtos de software, a qualidade deve estar incluída desde o início; ela não é algo que pode ser adicionado depois. Para obter a qualidade do produto de software, o processo de desenvolvimento deve, também, ter algum nível de qualidade. (Mendonza, 2002)36. Paulk (2002, p. 3) concorda com Mendoza e sua equipe, ao afirmar que “a qualidade de um sistema (software) é amplamente governada pela qualidade do processo usado para desenvolvê-lo e mantê-lo”. Para ele, isso implica ter foco no processo, como no produto. Algumas das ferramentas de avaliação internacional da qualidade de software são centradas na qualidade do produto, enquanto outras são centradas na qualidade do processo. No primeiro caso está a norma ISO/IEC 9126 (ITC 1/SC 7-2001): no segundo, pode-se citar as ISO 9000:2000 e 15540 (ITC1/SC 7-1997) e o CMM (Paulk, 2002). Há ferramentas que permitem gerenciar a qualidade sob diferentes pontos de vista e podem ajudar em algumas tarefas e atividades do processo de desenvolvimento de software. Algumas dessas ferramentas, complementa Mendonza, são baseadas em normas e modelos internacionais de avaliação da qualidade de software. Entretanto, a gestão da qualidade não garante que o software seja desenvolvido sem falhas e esteja em conformidade com as especificações. Por isso, é importante ater-se às partes críticas do processo de desenvolvimento que são o planejamento da qualidade, a seleção de atributos e o planejamento de como esses atributos podem ser alcançados. Uma das maneiras de se obter a qualidade do software é através da implementação do processo de melhoria de software (SPI ou Software Process Improvement). Paulk (1993), mais uma vez, concorda com isso. Para ele, de fato a melhoria pode ser conseguida através do SPI. Paulk é, também, de opinião de que a “importância da qualidade e dos processos é visível no mundo inteiro” e uma forma de conseguir isso é através da implementação e uso de normas e modelos, tais como: o SM- 52 CMM, ISO 9001 (sistema de gestão de qualidade) e ISO/IEC 15504 (avaliação do processo de software). 2.4.3 O Ciclo de Vida do Software O desenvolvimento de software é uma atividade complexa, pois envolve uma série de estágios interdependentes, hierárquicos e logicamente encadeados, o que dá a idéia de uma queda de água em cascata, motivo pelo qual o modelo mais conhecido tem esse nome. Arora et al (2001, pp. 1268 e 1269), como base nesse modelo, refere-se aos seis estágios que o constitui: conceitualização, análise de requisitos, desenho de alto nível, desenho de baixo nível, codificação, teste e suporte. Nos últimos dez anos foram criados muitos métodos de análise e desenho centrados na arquitetura, começando com o método SAAM (Software Architecture Analysis Method). Outros vieram depois, como por exemplo: a) Quality Attribute Workshop (QAW); Cost-Benefit Analysis Method (CBAM); Active Reviews for Intermediate Design (ARID), e; Attribute-Driven Design (ADD) Kazman et al (2003, p. 1). Porém, todos apresentam vantagens e desvantagens. No entanto, um método de controle de processos de ciclo de vida de software típico deve incluir, no mínimo, as atividades; entendimento das necessidades e limitações do negócio, seleção e definição dos requisitos, esboço da arquitetura, desenho da arquitetura, implementação, testes, correções e manutenção (p. 2). Todavia, é oportuno se fazer referencia à publicação do MCT (2002, pp. 183185), que descreve o ciclo de desenvolvimento de software, como sendo a união de três conjuntos de processos: a) processos fundamentais do ciclo de vida do software; b) processos de apoio do ciclo de vida do software; c) processos organizacionais do ciclo de vida do software. Este modo de ver o ciclo de vida do software por processos é importante, pois ajuda a entender a estrutura de processos adotada na presente pesquisa. 53 2.4.4 MÉTODOS E MODELOS DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE Um método, conforme definição do dicionário Micchaelis (1998, p. 1368), tem diversos significados. Todavia, as melhores definições aplicáveis nesse contexto são: a) um conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar um fim e especialmente para chegar a um conhecimento científico ou comunicá-lo aos outros; b) ordem ou sistema que se segue no estudo ou no ensino de qualquer disciplina; c) maneira de fazer as coisas, modo de proceder. Essa última definição é a que melhor se aplica nesse estudo, porém, ainda precisa ser melhorada, incluindo-se as palavras “sistemática” e “estabelecido”. Desse modo, a definição mais apropriada nesse caso seria: “maneira sistemática ou estabelecida de fazer as coisas”, tal como propõe Hull (2002, p. 15). Assim, baseandose nessas definições, principalmente nessa última, Hull entende que o desenvolvimento de software poderia ser descrito como sendo um conjunto de métodos (atividades executadas por engenheiros de software para desenvolver diagramas de eventos, mudança de estado, etc.) que, juntos podem ser referenciados como uma metodologia. E a maneira como as metodologias são usadas está ligada ao processo. Por outro lado, os modelos, como pensam Madachy e Tarbet (2000, p. 15), servem como base de entendimento comum dos processos de uma organização. Para eles, o pensamento sistêmico, como meio de encontrar e levar luz à estrutura do sistema organizacional que influencia sua dinâmica de comportamento, juntamente com a dinâmica do sistema como uma metodologia de simulação, fornece as habilidades críticas para gerenciar o complexo desenvolvimento de software. Modelos, continuam eles, são também, um excelente veículo para os esforços de aprendizagem em ambos os níveis: organizacional e pessoal. Um dos primeiros modelos de engenharia de software a ser usado foi o de Fred Brooks (Hull 2002, p. 19), concebido a partir dos seguintes pressupostos: os novos funcionários precisam ser treinados por pessoas experientes, para serem mais rápidos; 54 quanto mais pessoas em um projeto, mais problemas de comunicação; em média, as pessoas mais experientes são mais produtivas que as novas. Esse modelo foi desenvolvido para a gestão de pessoal nos processos de desenvolvimento de software, principalmente para lidar com o problema de alocação de pessoas nos projetos de software. No entendimento de Paulk (2002, p. 42), Modelos são simplificações do mundo real. Modelos e padrões não são plenos, eles precisam ser interpretados, adaptados e alinhados aos objetivos do negócio da organização. É necessário julgamento (o melhor seria bom senso) para usá-los corretamente. Os modelos são potencialmente úteis para lidar com as disfunções organizacionais visando a certificação ou a melhoria do nível de maturidade. Finalmente, conclui Paulk (Ibid, p. 45), qualquer modelo ou padrão pode ser usado efetivamente para a melhoria do processo, desde que usado de modo apropriado. Alguns modelos e padrões são mais adequados para determinados ambientes; é o caso, por exemplo, do SM-CMM, destinado a melhoria do processo de software. Nesse contexto, surge o termo “modelagem de processo”. A modelagem de processo é a maneira escolhida (o modelo e sua forma de implementação) para identificar, organizar, desenhar ou redesenhar os processos organizacionais. Como descrevem Chung et al (2003, p. 14), nos anos recentes, muitas organizações têm considerado a modelagem organizacional, especialmente a modelagem dos processos de negócios, como sendo uma efetiva ferramenta para o gerenciamento das mudanças organizacionais. A aplicação da modelagem dos processos, prosseguem eles, tem trazido benefícios para muitas organizações, mas os modelos desenvolvidos tendem a ser usados 55 para referência durante as operações de negócio e atividades de reengenharia. Eles raramente desempenham um papel ativo no suporte à execução dos processos do dia-adia. Porém, se provido tal suporte, garantem eles, a modelagem de processo por meio de workflow4, por exemplo, traz potenciais benefícios e ganhos, tais como: fornece uma estrutura (modelo) simples, que permite o planejamento, execução e monitoramento dos processos. Isso garante que os processos planejados sejam seguidos fielmente e permite a inspeção de informação sobre o estado atual do processo; possibilita que se tenha flexibilidade na modelagem de processos e respectivo planejamento, de modo que os planos de processos possam ser revisados visando a sua melhoria; melhora a qualidade do processo decisório, devido ao efetivo gerenciamento de informação e sua disseminação para as partes interessadas (Chung et al, 2003, p. 160). A crise do desenvolvimento de software tem sido discutida há décadas, e o pessoal da indústria de software tem buscado, incansavelmente, resolver os vários problemas que afetam sua qualidade e produtividade, como garantem Kuilboer e Ashrafi (2000, p. 27). “O pessoal da indústria de software vem procurando por uma bala de prata para resolver os problemas de cancelamento de projeto, excesso de custos e atrasos de cronograma”. Um dos motivos dessa crise é as aplicações de softwares terem crescido em complexidade e tamanho e, criticamente, afirmam Kuilboer e Ashrafi, a busca de uma solução tem-se tornado imperativa. Existe uma variedade de ferramentas que oferecem facilidades e recursos para o desenho de processo e seus respectivos fluxos, que vão desde a própria função “DRAW” do Word, passando pelo VISION 5, até software específicos e completos para este propósito, como diz Feibus (1998), como os softwares de workflow. No entanto, vale a pena observar o que recomenda Tucek (1997) sobre o assunto, ao afirmar que, embora um software de workflow seja útil, deve-se lembrar que ele é apenas uma ferramenta e não uma solução para o redesenho de problemas. 4 Workflow são ferramentas, ou melhor, sistemas de gerenciamento e controle do fluxo de processos. Um software multipropósito para desenhos de tipos diversos, como redes, diagramas, fluxos de eventos, etc. 5 56 Um workflow é um mecanismo que suporta a cooperação de trabalho entre membros de equipes, de acordo com a lógica definida para o processo. Um sistema de gestão do workflow é um sistema que define completamente, gerencia e executa as especificações do workflow por meio da execução do software (Zhuge, 2002, p. 465). Sistemas de workflow são destinados a apoiar os processos de negócio. Esses sistemas oferecem modelos de processos específicos que precisam ser adaptados para refletir as mudanças da organização (Chung, 2003, p. 149). Desse modo, ao longo dos anos, uma série de ferramentas e técnicas têm sido usadas na tentativa de, pelo menos, minimizar o problema. É o caso, por exemplo, das ferramentas de apoio ao desenvolvimento de software do tipo CASE (Computer Aided Software Engineering), RAD (Rapid Application Developement) e Engenharia de Informação. Contudo, se existissem apenas essas, a escolha da ferramenta ideal ou mais recomendada seria simples. O problema se complica pelo fato de a lista dessas ferramentas ter crescido muito rapidamente. A descrição da lista completa não é propósito desse estudo. Apenas para se ter uma idéia da dimensão e abrangência da quantidade de padrões disponíveis, basta consultar o Catálogo on line6 da Organização Internacional de Padronização (ISO), onde estão registrados mais de 14.000 padrões e normas internacionais para comércio, governo e sociedade. Somente para desenvolvimento de software e documentação de sistemas, que não cobrem toda a área de tecnologia da informação (TI), são cerca de 80 as normas ISO listadas no catálogo, embora algumas estejam desativadas ou em processo de revisão ou atualização. 6 Este catálogo pode ser acessado em www.iso.ch/iso/isonline.openrpage. 57 2.4.5 Normas ou Padrões Internacionais Além das ferramentas, modelos e métodos de suporte ao desenvolvimento e manutenção de software, existe um conjunto amplo de normas ou padrões estabelecidos internacionalmente. Neste tópico, a preocupação é quanto aos mais usados ou, pelo menos, os mais conhecidos. Assim, as seguintes normas serão brevemente descritas, nesta seqüência: ISO 9000:2000, ISO/IEC 15504, ISO 9126, ISO/IEC 12207 e ISO/IEC 15288. Algumas das normas e modelos para a qualidade de software são centrados na qualidade do produto, enquanto outros são centrados na qualidade do processo, como descrito antes. No primeiro caso está, por exemplo, a ISO/IEC 9126 e, no segundo, as normas ISO 9000:2000, ISO/IEC 15504, o CMM (Mendoza, 2002, p.18) e Kuilboer (2000, p.27) e os critérios dos prêmios nacionais da qualidade do Brasil (PNQ), EUA (MBNQA) e do Japão (Deming Prize), por exemplo. As normas ISO são padrões internacionais, cujo desenvolvimento e tutela são de responsabilidade da International Organization for Standardization, daí o nome ISO, que é um organismo supragovernamental, sem fins lucrativos com sede em Genebra, na Suíça, do qual participam mais de 120 países, incluindo o Brasil. Cada país tem um representante na ISO que, no caso do Brasil, é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Cada país membro da ISO tem o direito de participar dos fóruns internacionais sobre a elaboração e revisão das normas, bem como a liberdade de fazer a tradução e as adaptações necessárias à sua adequação à própria realidade nacional. Para isso, são geralmente criados comitês e subcomitês que tratam de normas específicas, de acordo com a finalidade de cada um deles. No caso da ABNT, por exemplo, o Comitê Brasileiro da Qualidade (CB 25) é quem cuida das ISO 9000. 58 2.4.5.1 A ISO 9000:2000 A versão brasileira da ISO 9000, a NBR ISO: 9000, versão 2000, é atualmente, um conjunto de normas da qualidade em que se incluem: NBR ISO/FDIS 9000 (2000) • NBR ISO 9000:2000 – descreve os fundamentos de sistemas de gestão de qualidade (SGQ) e estabelece a terminologia para esses sistemas; • NBR ISO 9001:2000 – especifica os requisitos para um sistema de gestão de qualidade, no qual a organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que atendem aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamentares aplicáveis, visando aumentar a satisfação do cliente; • NBR ISO 9004:2000 – provê diretrizes referentes à eficácia e eficiência do sistema de gestão de qualidade, visando à melhoria do desempenho organizacional e à satisfação dos clientes e de outras partes interessadas; • NBR ISO 19011:1995 – descreve as diretrizes sobre auditoria de sistemas de gestão da qualidade e ambiental.7 A família de normas ISO 9000 vem passando por diferentes atualizações desde a sua primeira versão, em 1987, mesma época em que o CMM começou a ser discutido e desenvolvido. Comparando-se a figura a seguir (sobre a evolução da ISO 9000) com o quadro cronológico apresentado no capítulo sobre o CMM, observa-se certa semelhança histórica entre ambos. 7 Detalhes adicionais sobre essas normas podem ser encontrados nos sites: www.isso.org e www.abnt.org.br 59 2000 2a. Guerra 1994 1987 1947 1939-1945 Desenvolvimento de Normas militares sobre Qualidade Publicação da ISO-9000 International Organization for Standardization ISO-9000:2000 Ver. 2 ISO-9000 Ver. 1 Figura 5 Evolução da ISO 9000 Fonte: elaborada com base em consultas no site da ISO (www.iso.ch) A norma ISO 9000 foi desenvolvida para assistir organizações, de todos os tipos e tamanhos, a implementar e operar efetivamente o seu Sistema de Gestão de Qualidade. Para tal, a norma possui uma estrutura própria, mas semelhante, por exemplo, aos critérios de excelência do Prêmio Nacional de Qualidade. Esta estrutura descreve os princípios da gestão da qualidade (NBR ISO 9001:2000 e NBR ISO 9004:2000): • Foco no cliente; • Liderança; • Envolvimento das pessoas; • Abordagem dos processos; • Abordagem sistêmica para a gestão; • Melhoria contínua; • Tomada de decisão baseada em fatos; • Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores. 60 A figura a seguir serve para se ter uma idéia melhor sobre o inter-relacionamento dos princípios da qualidade. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE RESPONSABILIDADE DA DIREÇÃO GESTÃO DE RECURSOS Especificações PROCESSOS SAÍDAS Requisitos dos Clientes ENTRADAS REALIZAÇÃO DO PRODUTO Atendimento Satisfação dos Clientes MEDIÇÃO, ANÁLISE E MELHORIA Figura 6 Modelo de Gestão de Processos Fonte: NBR NBR ISO 9001:2000 e 9004:2000 2.4.5.2 A ISO/IEC 15504 A finalidade dessa norma é dar o suporte necessário à avaliação do processo de software, no sentido de propor melhorias. Trata-se de uma das mais recentes normas de software, popularmente conhecida como padrão SPICE (Software Process Improvement and Capability dEtermination), composta por um conjunto de nove normas ou documentos, descritos a seguir: (ITC 1/SC 7. 1997) Parte 1 – Conceitos e guia introdutório; Parte 2 – Modelos de gerenciamento de processos; Parte 3 – Avaliação do processo; Parte 4 – Guia para condução de avaliação; Parte 5 – Construção, seleção e uso de ferramentas de avaliação; Parte 6 – Qualificação e treinamento dos avaliadores; 61 Parte 7 – Guia para o processo de melhoria; Parte 8 – Guia para orientação e determinação da capacitação do processo; Parte 9 – Dicionário de termos. Das normas e padrões disponíveis para software, possivelmente a ISO /IEC 15504 é a norma que mais se aproxima do SM-CMM, uma vez que segue uma estrutura parecida com esse modelo, no que se refere aos níveis de maturidade, possuindo seis níveis de maturidade que, no geral, têm boa correspondência com as descrições dos cinco níveis do CMM. Por isso, Paulk (1999b), ao analisar ambos os padrões, chegou às seguintes conclusões: das nove partes da ISO/IEC 15504, as mais diretamente relacionadas ao SW-CMM são a parte 2 (modelos de processos) e a parte 5 (que fornece um exemplo de modelo). A conclusão mais importante de Paulk possivelmente seja a que se refere ao impacto dessa norma no CMM, ao argumentar: “Como uma norma de padrão internacional, espera-se que esta ISO venha a afetar a evolução contínua dos produtos relacionados CMM” (Paulk, 1999b). A preocupação de Paulk faz sentido, pois as normas ISO, mais baratas, menos complexas e mais conhecidas do que o CMM, têm demonstrado ser um concorrente de peso desse modelo. 62 2.4.5.3 A ISO/IEC 9126 Ao todo, quatro partes compõem a família dessa norma: 9126-1, modelo de qualidade; 9126-2, métricas externas; 9126-3 métricas internas e 9126-4 métricas de qualidade de uso. Esta norma descreve seis dimensões ou características da qualidade de software, que são: funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, manutenabilidade, portabilidade e eficiência. ITC 1/SC 7 (2001). Embora tais dimensões sejam descrições distintas da qualidade, documentadas como uma série de características particulares de cada uma delas, deve-se observar que o grau de importância das dimensões pode variar, de acordo com o produto de software. A portabilidade, por exemplo, pode não ser importante, quando o software a ser desenvolvido é destinado a uma plataforma exclusiva ou proprietária, e a manutenabilidade, outro exemplo, pode não fazer sentido, se o software for desenvolvido visando a uma solução provisória ou de ciclo de vida curto. (Veenendaal e Hendriks, 2002, p. 6). O desafio é descobrir quais as características e subcaracterísticas mais relevantes em toda a cadeia de produção de software. Uma das maneiras mais tradicionais de se fazer isso é consultar todos os envolvidos no processo, tanto os clientes internos (as pessoas da organização) como os externos (os clientes ou usuários propriamente ditos). Veenendaal e Hendriks (2002, p. 7), no entanto, chamam a atenção para o fato de que as características de qualidade dessa norma nem sempre são fáceis de ser interpretadas. E questionam: O que é manutenabilidade? O que significa coexistência (uma das características da portabilidade)? E mais, é difícil comunicar (numa linha de produção de software), considerando essas características da qualidade desta norma de um modo não ambíguo. Se é difícil de ser entendida pelos profissionais de TI, como seria, então, para os usuários de software? questionam os autores. Além disso, muitos usuários nem sempre percebem que o software também é um produto. Como as características de qualidade não fazem parte comumente da terminologia dos clientes, é 63 difícil pedir às pessoas que determinem que características são mais importantes para o componente do produto de software, finalizam eles. 2.4.5.4 A ISO/IEC 12207 Essa norma apresenta uma estrutura para os processos do ciclo de vida do software, com uma terminologia bem definida (ISO/IEC, 1995), conforme ilustra a figura a seguir. Estrutura da Norma ISO 12207 Processos Fundamentais Processos Aquisição de Apoio Documentação Fornecimento Gerência de Garantia Operação da Configuração Qualidade Verificação Revisão Manutenção Conjunta Auditoria Resolução de Problema Processos Organizacionais Gerência Infra -estrutura Melhoria Treinamento Figura 7 A Norma ISO/IEC 12207 Fonte: ISO/IEC 1207 (www.iso.ch) Adaptação Validação Desenvolvimento 64 Além dos processos de desenvolvimento, a ISO/IEC 12207 descreve, também, as atividades e tarefas que norteiam a aquisição de sistema, produtos de software independentes (stard-done) e serviços de software, bem como o fornecimento, operação e manutenção de software. Como norma, a ISO/IEC 12207 (1995), não é prescritiva, sendo suas características gerais a não-especificação de “como” implementar ou executar as atividades e tarefas, a não-determinação de um modelo de ciclo de vida específico ou método de desenvolvimento e a não-descrição dos requisitos de adaptação aos padrões de conformidade da organização ou aos seus projetos. 2.4.5.5 A ISO/IEC 15288 Atualmente, está em desenvolvimento, pelo Subcomitê nº 7 da ISO, que cuida da questão da normatização sobre sistemas e engenharia de software, outra norma sobre ciclo de vida, que é a ISO/IEC 15288 – Systems Life Cicles Process – ISO/IEC 15288 (2002). Como garante Cristina Filipak Machado8, coordenadora do CT-21:101 (Comitê de Engenharia e Portabilidade de Software) e um dos membros representantes da ABNT nos fóruns de discussão dessa norma, “A 15288 foi publicada em 2002 na ISO. Aqui no Brasil ainda teremos de fazer a tradução”. 8 Comunicação por e-mail, recebida em 12 de jan. 2004, em resposta à solicitação do autor. 65 2.5 REVISÃO DO MODELO ESTUDADO 2.5.1 As Bases do CMM Visando dar legitimidade e ser coerente com os fatos e eventos ocorridos desde o surgimento do CMM até seu estágio atual, grande parte do que foi aqui proposto e apresentado sobre esse modelo baseia-se nas pesquisas realizadas no site do SEI (SEI ou Software Engineering Institute), representante official do CMM, e nas obras de Mark C. Paulk, um dos escritores mais ativos e dinâmicos participante dos diferentes projetos desse instituto. O CMM surgiu das preocupações e necessidades do Departamento de Defesa dos EUA (DoD), da Associação Nacional de Defesa Industrial e da comunidade de Informática, em geral, relativamente ao problema de contratação de software, como se verá neste capítulo. Dessa forma, tanto o CMM como o modelo mais recente do SEI, o CMMI (Capability Maturity Model Integrated) tiveram o apoio, primeiramente, do DoD (patrocinador dos modelos) e, depois, dessas duas instituições, que resolveram incentivar e promover seu desenvolvimento. O órgão responsável pelo desenvolvimento, manutenção e suporte do CMM é o Instituto de Engenharia de Software que é, ao mesmo tempo, uma fundação federal de pesquisa e um centro de desenvolvimento, criado em 1984, sob os auspícios do DoD, com a missão de melhorar o estado-de-arte das práticas de engenharia de software. Segundo Paulk (1999a, p.1), a existência do SEI deve-se à “crise do software” resultante do atraso crônico dos projetos de software, do estouro do orçamento, de menor funcionalidade que a desejada e da qualidade duvidosa. Desse modo, continua Paulk, depois de duas décadas de promessas não cumpridas (sobre os ganhos de qualidade e produtividade, de aplicação de novas metodologias e tecnologias), as organizações começaram a perceber que seu problema fundamental era a inabilidade de gerenciar os 66 processos de software (Paulk et al, 1993)2. Conforme descrições de Paulk e seus colaboradores, o SEI, com a assistência da Mitre Corporation, em novembro de 1986, começou a desenvolver um arcabouço (framework) de maturidade de processos que ajudaria as organizações a melhorar seus processos de software. Em setembro de 1987, o SEI liberou uma breve descrição do arcabouço, complementa Humphrey (1989). Posteriormente, prosseguem Paulk e sua equipe, este arcabouço foi descrito e expandido por Humphrey, em seu livro de gerência de processo de Software, publicado em 1989 pela Addison-Wesley – UEA (Managing the Software Process). Nesse livro, Humprey apresentava dois métodos e um questionário voltados para a implementação e avaliação dos processos de software, que passariam a ser as bases iniciais do modelo CMM. Depois de quatro anos de experiências com esse modelo embrionário, o SEI acabou desdobrando-o e transformando-o na estrutura básica do CMM (Paulk et al, 1991) e Weber et al (1991). Jamil (2001) ajuda a entender melhor o propósito do CMM, dizendo que: O CMM foi proposto com o intuito de orientar os produtores de software a controlar os processos inerentes a esta produção, estabelecer patamares de controle e estatísticas mais aprimoradas e escalas, passando a estabelecer pontos ótimos para estes objetivos e, mais valiosamente, capacitar a organização a trilhar uma evolução continuada nos processos de engenharia de software e gerenciamento de produção. (Jamil, 2001, p. 292). Junior (2003), ao descrever sobre o CMMI, que é a evolução do CMM, diz que: a exemplo do CMM, o CMMI se constitui num guia para o desenvolvimento de processos, não se constituindo em processos ou descrições dos mesmos. Ou seja, o modelo descreve o que deve contemplar o processo, mas não indica como. Cada organização deverá interpretar e adaptar a implementação das práticas contidas no modelo a partir de sua realidade, cultura, objetivos, estratégias, tamanho, segmento do mercado em que atua, tecnologia que utiliza, etc. (p. 3). 67 O CMM é um modelo de processo normativo que facilita as atividades de desenvolvimento e manutenção de software por uma organização, através da definição de bases para o aprimoramento e melhoria contínua do processo. O que se espera, ao usar esse modelo, é que a organização evolua ao longo de um processo de implementação e maturação da sua capacidade produtiva, mesmo tendo partido de uma fase caótica de desenvolvimento de software, mas passando pela evolução gradual e sustentada dos seus processos até chegar ao último nível de maturidade que, no CMM, é o nível 5. Os princípios de melhoria contínua comumente conhecidos como KAIZEN, que orientaram o desenvolvimento do modelo, partiram dos conceitos e fundamentos da Gestão pela Qualidade Total (GQT) que tiveram, nos trabalhos dos autores pioneiros desta área (como Walter Shewhart, W. Edwards Deming, Philip Crosby e Joseph Juran) as bases fundamentais do CMM. Por exemplo, os princípios de controle estatístico de processos apoiaram-se nas obras de Walter Shewhart, da década de 30, mas ao longo do tempo passaram por evoluções e aprimoramentos, acrescidos pelos trabalhos de Deming e Juran e, por último, sofreram inovações e adaptações do SEI na composição do modelo final de Gerência de Projetos e Controle Quantitativo de Processos de Desenvolvimento e Manutenção de Software. Jamil (2001, p. 234) e Paulk (1999a, p. 2). No que se refere ao custo da qualidade inerente à gerência de configuração de software do CMM, Kasse e Macquaid (2000, p. 9) afirmam que tais princípios se basearam em trabalhos de Juran e Crosby. Paulk e seus colaboradores procuraram esclarecer sobre a importância dos princípios da qualidade na construção do CMM, descrevendo: O modelo de cinco níveis descreve um caminho evolucionário a partir da imaturidade, processos ad hoc, para a maturidade e princípios de negócio que variam da gestão pela qualidade total aos mais novos pensamentos sobre organizações, tais como os sistemas dinâmicos (Paulk, 1996, p. 5). 68 Com base em conversas informais com profissionais de TI, pode-se dizer que geralmente as empresas são levadas a buscarem o CMM por dois motivos básico: a) o fato ser este um dos modelos mais bem aceitos para a contratação de software desenvolvido sob encomenda; b) a crença de que o CMM representa uma boa ferramenta de gestão de processos de software. A Escalada da Maturidade 5 • Otimizado • Prevenção de defeitos • Gerência de mudança de tecnologia 4 • Gerenciado • Gerência quantitativa do processo • Gerência de qualidade do software 3 2 • Repetitível • Definido • Foco nos processos da organização • Definição do processo da organização • Programa de treinamento • Gerência do software integrado • Engenharia de produto de software • Coordenação inter-grupos • Revisões • Gerência de requisitos • Planejamento do projeto de software • Acompanhamento e supervisão do projeto de software • Gerência de subcontratos de software • Garantia da qualidade do software 1 • Inicial Figura 8 Os Níveis do CMM Fonte: Elaborado com base em Paulk et al (1993) – adaptado. Por outro lado, para não esquecer os princípios de análise e modelagem de processos, sob os quais se assenta a estrutura inicial do modelo CMM, é oportuno frisar a contribuição de Watts Humphey, em sua obra citada anteriormente (Gerenciando o 69 processo de software), a qual usa uma técnica de modelagem de processo desenvolvida pela IBM e conhecida como IPO, descrita no capítulo 13 desse livro (Drabick, 2000, p. 22). Tal como as normas ISO que, como já vimos, geralmente constitui-se em famílias, o CMM apresenta uma variedade de modelos, de acordo com sua aplicação específica. Embora o modelo voltado para software (SW-CMM) seja o mais conhecido e referenciado sendo ele o nosso objeto de estudo e pesquisa, outros modelos existem, tais como: • System Engineering Capability Maturity Model (SE-CMM) – destinado à Engenharia de Sistemas; • People Management Capability Maturity Model (PM-CMM) – destinado à gestão de pessoas; • Software Acquisition Capability Maturity Model (AS-CMM) – destinado à aquisição de software; • Engineering Maturity Model (EMM) – destinado à maturidade de projetos de engenharia. Para que se tenha uma visão mais acurada acerca das versões dos modelos desenvolvidos pelo SEI, Paulk (2001, p. 39) apresenta o seguinte quadro: 70 Quadro 4 Cronologia e Evolução do CMM Ano Descrição 1979 Grade ou janela de maturidade de Crosby (livro Quality is Free) 1985 Grade ou janela de maturidade da IBM (modelo Riadice) 1987 Arcabouço do CMM do SEI 1988 Domínios de processo de software do SEI 1989 Modelo normativo do SEI 1990 SW-CMM versão 0-2 do SEI 1990 SW-CMM versão 0-6 do SEI 1991 SW-CMM versão 1-0 do SEI 1993 SW-CMM versão 1-1 do SEI 1995 Guia de práticas baseado no modelo SPICE 1995 Engenharia de sistemas (SE-CMM) 1997 SW-CMM versão 2 (rascunho C) 1998 EIA 731 ou modelo de capacitação de Engenharia de Sistemas 1998 ISO/ IEC/ 5504 tipo 2 (relatórios técnicos) 2000 CMMI versão 1.0 (o modelo mais recente de CMM, proposto pelo SEI) Fonte: Paulk (2001, p. 39) 2.5.2 A Estrutura do CMM O CMM é constituído de cinco níveis de maturidade, cada qual indicando e descrevendo metas a ser alcançadas e áreas-chave de processos (KPAs ou Key Process Areas) para a melhoria dos mesmos. No entendimento de Paulk e seus colegas, um nível de maturidade é uma plataforma bem definida e orientada para a busca da maturidade dos processos de software (Paulk, 1993) 2. Os cinco níveis de maturidade formam o topo da estrutura do CMM, a qual se completa com as áreas-chave de processo (2º nível de estrutura, de cima para baixo), as características comuns (Common Features) e as práticas-chave (3º e 4º níveis da estrutura, respectivamente). A figura a seguir, elaborada com base em Paulk (1993, p. 9) e Jamil (2001, p. 30), ilustra esse aspecto. 71 MLs Nível de maturidade Contém: KPAs Indica: Áreas-chave de processos Capacitação Organizado por: CFs onte: Paulk Características Visa atingir: Contém: Metas KPs Determina Práticas-chave Implementação Descreve Infra-estrutura Figura 9 Estrutura Geral do CMM Fonte: Paulk (1993, p. 9) e Jamil (2001, p. 300) – modificado Nota-se pela figura apresentada, que os níveis de maturidade contêm as áreaschave de processos, organizados pelas características comuns, os quais contêm as práticas-chave a elas associadas. 72 2.5.3 Capacitação do Processo A capacitação do processo (PC ou Process Capability) descreve uma série de resultados planejados que podem ser obtidos por meio do gerenciamento dos processos software. A PC de uma organização fornece um meio produtivo de alcançar a maioria dos resultados esperados no projeto de software seguinte (Paulk et al, 1993, p. 10). 2.5.4 Áreas-Chave de Processo O número de áreas-chave de processo (KPAs ou Key Process Area) varia de acordo com o nível de maturidade (ML ou Maturity Level). No nível 1 não existe KPA alguma, pois este nível é apenas referencial, que indica não haver maturidade, por tratarse daquelas organizações onde impera um estado caótico nas atividades de desenvolvimento de software. Por isso, o CMM começa com o nível 2, não contemplando o estado caótico da organização, conforme ilustra o quadro a seguir, elaborado com base em Paulk et al (1996) e Dülgar (2003, p. 27). 73 Quadro 5 Os Níveis de Maturidade e Respectivas KPAs Nível 1- Inicial 2- Repetitivo Foco ou ênfase Não se aplica Processo de gerência de processo 3- Definido Engenharia de organizacional 4- Gerenciado Qualidade de produto e processo 5- Otimizado Melhoria contínua de processo processo e suporte Número de KPAs e sua descrição Nenhuma KPA 6 KPAs • Gerência de requisitos • Planejamento de projeto de software • Auditoria e inspeção de projeto de software • Gerência de subcontratação de software • Garantia da qualidade do software • Gerência de configuração de software 7 KPAs • Foco no processo organizacional • Definição de processo organizacional • Programa de treinamento • Gerência de integração de software • Engenharia de produto de software • Coordenação intergrupal • Revisão por pares 2 KPAs • Gerência quantitativa de processo • Gerência de qualidade de software 3 KPAs • Prevenção de defeito • Gerência de mudança de tecnologia • Gerência de mudança de processo Fontes: Paulk (1996) e Dülgar (2003, p.27) – modificado Cada ML é composto de um número variável de KPAs, conforme visto anteriormente. Cada KPA identifica um conjunto de atividades relacionadas (Clusters) que, quando executadas coletivamente, permitem alcançar um conjunto de metas consideradas importantes para o estabelecimento da capacidade do processo naquele nível de maturidade. As KPAs, como descrevem Paulk et al (1993, p. 10) são definidas dentro de cada ML. Por exemplo, a primeira KPA do nível 2 refere-se à gerência de requisitos; a segunda, ao planejamento de projeto de software, etc. 74 2.5.5 Metas As metas sumarizam as práticas-chave de uma KPA e podem ser usadas para determinar se uma organização ou projeto tem, efetivamente, a KPA implementada. As metas (G ou Gold) representam o escopo, fronteiras ou limites e a finalidade de cada KPA, conforme descrevem Paulk e sua equipe (1993, p. 11). 2.5.6 Características Comuns As práticas-chave são divididas em cinco seções de características comuns (CF ou Common Features), a saber: comprometimento com o desempenho; habilidade de desempenho; atividades desempenhadas; medição e análise; verificação de implementação. As CFs são atributos que indicam se a implementação e institucionalização de uma KPA é efetiva, repetitiva e duradoura. Como o próprio nome sugere, as atividades desempenhadas descrevem as atividades realizadas. As outras quatro CFs descrevem os fatores de institucionalização capazes de integrar o processo como parte da cultura organizacional (Paulk, 1993). 2.5.7 Práticas-chave Cada KPA é descrita levando em consideração as práticas-chave (KP ou Key Practices) que, quando implementadas, descrevem a infra-estrutura e as atividades que mais contribuem para a efetiva implementação e institucionalização daquele KPA. Por exemplo, uma das práticas-chave do planejamento de projeto de software do nível 2 é o 75 planejamento de desenvolvimento de software elaborado de acordo com um procedimento documentado (Paulk, ibid, p. 12). O CMM segundo Costa (2000, p. 29) “reúne as melhores práticas de engenharia de software conhecidas. Seu mérito não está em inventar novas técnicas, mas em integrar num todo coerente estas técnicas, antes dispersas”. Observa-se, pelo exposto, que a estrutura do CMM é hierárquica e sistematizada e, de acordo com o nível de maturidade, aplicam-se as KPAs, CFs e KPs correspondentes ao processo completo de aquisição, desenvolvimento e manutenção de software. 2.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA MATURIDADE Alguns dos modelos de desenvolvimento de software descrevem critérios para a avaliação da maturidade. Clark (1997, pp. 24-27) relaciona quatro desses modelos, que são o próprio SW-CMM, o SPR (Software Productivity Research), o SDC/CR (Software Development Capability/Capacity Review) e a ISO-9000:1997 – partes 1 e 3 (atualmente substituídas pela ISO 9000:2000 – partes 1 e 4). Seria oportuno incluir nessa relação a ISO/IEC 15504, o mais novo instrumento de apoio à avaliação da maturidade. 2.7 FRAGILIDADE DOS MODELOS Nas últimas décadas, assistiu-se à introdução, no mercado, de numerosos métodos para guiar a Engenharia de Software na busca da qualidade. O desenvolvimento de software não pode ser feito de qualquer modo (ad hoc) ou de improviso, pois requer regras capazes de garantir sua qualidade, regras essas definidas por meio de padrões, tais 76 como: exatidão, correção, robustez, adaptabilidade, rentabilidade e manutenabilidade (Tekinerdoğan et al, 2003, p. 4). Em contraste com os tradicionais métodos e critérios de melhoria de processos como, por exemplo, o CMM e o SPICE, recentemente tem-se advogado outros métodos mais ágeis, como um novo paradigma para o desenvolvimento acelerado de softwares de alta volatilidade, isto é, de ciclo de vida curto. A crítica básica da comunidade de desenvolvimento de software aos modelos citados e em favor de métodos mais ágeis é fundamentada, principalmente, na grande rigidez e no alto custo para a obtenção dos fatores de qualidade para os projetos contemporâneos que têm de lidar com a mudança contínua dos requisitos. Tais métodos, neste caso, podem tornar se um problema. Desse modo, em vez de focar nos processos, tendo em vista o paradigma de desenvolvimento mais ágil de software, é sugerido adotar processos menos complexos, com menor rigidez. Os métodos mais ágeis não se baseiam em regras rígidas a ser aplicadas numa ordem estrita; ao invés disso, introduzem um conjunto de práticas destinadas a desenvolver software de uma maneira mais eficiente e eficaz (Tekinerdoğan et al, 2003, pp. 4-5). Estes autores descrevem alguns desses métodos do novo paradigma, que são: CRISTAL, SCRUM, Adaptative e Software Developement e o mais importante deles, conhecido como Extreme Programming (XP). Por outro lado, o próprio CMM apresenta vantagens e desvantagens. Como afirmam Costa (2000, p. 40) e Bamberger (1997, p. 112), o CMM não aborda todos os processos de software e todas as questões ligadas à qualidade. Também não estão cobertos itens como engenharia concorrente, trabalho em equipe, “marketing” ou recursos humanos. Essa e outras constatações contribuíram para que o SEI desenvolvesse um modelo mais completo que é CMMI (Capability Maturity Model Integration) em substituição a versão anterior (CMM). Ao lançar o CMMI, o SEI estabeleceu como data final de suporte ao CMM o dia 31 de dezembro de 2001. Esse fato tem gerado controvérsias sobre o destino do CMM nas empresas usuárias, as vantagens e desvantagem da migração para o CMMI e qual o risco da não migração. 77 Alguns artigos foram e continuam sendo escritos a esse respeito (Junior, 2003; Banberger, 1997; Hefner e Tauser, 2002; Heinz, 2002; Della Volpe e Spinola, 2000). Contudo, a conclusão mais plausível sobre o assunto é que as empresas não farão a migração de forma tão rápida como se esperava. Dentre algumas das razões para isto, estão: a) A preservação dos investimentos feitos no CMM; b) A migração para o CMMI que requer tempo, esforços, recursos e bom planejamento; c) A noção que vem sendo difundida por consultores independentes do CMM, de que é melhor e mais fácil migrar para o CMMI, se a empresa já estiver operando com o nível 2 ou 3 do CMM; d) A existências de alguns mitos e realidades envolvendo o CMMI de que ele é muito mais caro, difícil de ser entendido e que por ser um muito mais abrangente do que o CMM, perdeu a especificidade. Uma das posições mais claras, e possivelmente mais lógica, sobre essa questão é de Junior (2003, p 6), que diz: Muita organizações que já possuem níveis de maturidade implantados irão optar, inicialmente, por implementar as melhorias nos processos a partir desta versão, antes de migrar para o CMMI. Pra as empresas que já possuem níveis 2 e 3 de maturidade, o que se recomenda é a realização de um diagnóstico, confrontando com as práticas do CMMI, de modo a avaliar o esforço necessário, o custo e o impacto no projeto, de modo a concuir pela viabilidade da migração... As organizações que se encontram num processo de implantação de melhorias visando uma avaliação oficial para o nível 2 (a maoiria dos casos), o que se recoemnda é a manutenção do SW-CMM até que as metas estratégicas definidas sejam alcançadas e o processo de melhoria já se mostra estável. 78 Outra referência vale a pena ser citada, pois vem de Bill Curtis, um dos coautores do SW-CMM9. Bill, que atualmente não está trabalhando mais no SEI, e tem sua própria empresa de consultoria, conhecida como Teraquest, garante que o CMM não está no fim, pois o SEI continua a orientar a avaliação pelo método SCAMPI (um dos dois tipos de avaliação deste modelo), ficando claro que o SW-CMM não está como os dias contados. O que está acabando é o CBA-IPI (o outro tipo de avaliação do SW-CMM). Muitas organizações continuam com o SW-CMM, especialmente no mundo da TI. 2.8 O SW-CMM E O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA MATURIDADE No entendimento de Clark (1997), o modelo de capacitação da maturidade nos processos de software (SW-CMM ou Software Capability Maturity Model) fornece um conjunto de requisitos que uma organização pode usar para o estabelecimento do processo de software usado para controlar o desenvolvimento de produto de software. Para ser classificada em um nível de maturidade específico, uma organização tem que demonstrar estar capacitada em um número de áreas-chave de processo associado com aquele nível. As capacidades demosntradas na transição de um nível mais baixo para outro mais alto são cumulativas. Em outras palavras, uma organização de nível 3 tem que demonstrar as capacidades de nível 2, como também do nível 3 (p. 3). O SW-CMM oferece duas alternativas possíveis para a avaliação do nível de maturidade organizacional, que são: avaliação da capacitação de software (SCE ou Software Capability Evolutions) e avaliação do processo de software (SPA ou Software Process Assessment). As avaliações são feitas por uma equipe bem treinada em SWCMM. 9 Comunicação por e-mail, recebida em 29 de out. 2003, em resposta à solicitação do autor. 79 No primeiro caso, a avaliação consiste no preenchimento de um questionário de maturidade para os vários projetos. As respostas desse questionário são destacadas, avaliadas e geram um relatório com descobertas ou pontos relevantes, que orientarão na elaboração de uma lista de recomendações de melhorias. No segundo caso, consiste na identificação da vulnerabilidade organizacional, ou melhor, na identificação dos fatores de riscos dos projetos específicos. A equipe avaliadora faz entrevistas, examina evidências físicas sobre os requisitos dos processos de software, tais como a política, procedimentos e documento dos requisitos de software (Clark, p. 6). O SEI mantém em seu site o registro das avaliações realizadas em todo o mundo, de ambas as modalidades e de outras. Embora tal registro não contabilize todas as avaliações realizadas mundialmente, pois nem todas as organizações autorizam a divulgação de suas avaliações, por meio de consultas a esse site, em janeiro de 2004, foi possível fazer o seguinte levantamento sobre o CMM: Tabela 1 Tipos de Avaliação do CMM Tipo de avaliação Quantidade - Avaliações internas de melhoria de processo (CBA IPIs ou CMM Based 2.351 Appraisals for Internal Process Improvement) - Avaliações de processo de software (SPAs) 484 - Total de avaliações 2.835 - Organizações avaliadas 2.150 - Organizações participantes - Organizações reavaliadas 715 2.150 - Projetos conduzidos 11.823 - Percentual de organizações fora dos EUA 52,2% 10 Fonte: SEI/CMU/EDU . Dados de 1987 a junho de 2003 – Consulta realizada em 17 de jan. 2004. 10 Consulta: www.sei.cmu.edu/sema/ 80 O Conselho de Produtividade de Hong Kong também divulga em seu portal o número de avaliações acumuladas e o vertiginoso crescimento da China (106%) em apenas três meses, conforme mostra a tabela a seguir. Tabela 2 Os Primeiros no Rank das Avaliações CMM Avaliações CMM – Os 10 Primeiros Países Estados Unidos (EUA) India Reino Unido França Japão Canadá China (Mainland) Israel Áustria Italia Número de Avaliações CMM (Acumuladas) Março de 2002 Agosto de 2002 Crescimento 1.498 1.563 4% 153 187 22% 103 110 7% 103 105 2% 46 56 22% 47 51 9% 18 37 106% 27 28 4% 27 27 0% 21 24 14% Fonte: SIIC/HKPC (2003) O tempo de transição de um nível mais baixo para outro imediatamente acima, para as organizações que iniciaram seus esforços de implementação de processos de software com base no CMM, em 1992 ou depois disso foi, em média: Tabela 3 Tempo Médio de Transição no CMM (para um nível mais alto) Número de meses Transição Do nível Para o nível 1 2 22 2 3 21 3 4 25 4 5 15 Fonte: CMM-PROFILE (2003). Dados de 1987 a junho de 2003 – Consulta realizada em 17 de jan. 2004. No caso do CMMI, pelo fato de ser recente esse modelo, principalmente, os indicadores de avaliação são menores, como é de se esperar, conforme mostrado a seguir. 81 Tabela 4 Número de Avaliações pelo CMMI no Mundo Avaliações Número de Avaliações • Avaliações realizadas • Organizações avaliadas 93 • Empresas participantes 52 • Organizações reavaliadas • Projetos conduzidos • Percentual de organizações fora dos EUA 100 6 357 54% Fonte: CMMI-PROFILE (2003). Dados de abril de 2002 a junho de 2003 – Consulta realizada em 17 de jan. 2004. Das organizações avaliadas pelo CMMI nos dois últimos níveis de maturidade, a Índia é o país com o maior número de empresas avaliadas (77), seguido pelos Estados Unidos (59), conforme se pode observar na tabela a seguir. Tabela 5 Número de Avaliações pelo CMMI por País País Número de organizações avaliadas Com nível de maturidade 4 Com nível de maturidade 5 Austrália 2 - Canadá - 1 China - 2 França 1 - 27 50 Irlanda 1 - Israel 1 1 Rússia - - Cingapura 1 - Estados Unidos 9 20 Índia Fonte: LHMO (2002). Dados de out. 2002. A relação das empresas detentoras dos mais altos níveis de maturidade (níveis 4 e 5) é também mantida pelo SEI. Embora este número não chegue ainda a cem empresas, no mundo todo, conforme mostrado na tabela anterior, vale pena consultar essa relação (LHMO, 2003). 82 2.9 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAÍSES ESTUDADOS 2.9.1 As Bases Sociais, Econômicas e Políticas O Brasil, a Índia e a China guardam entre si muitas semelhanças e contrastes. Talvez mais contrastes do que semelhanças. Estas estão, principalmente, na área sócioeconômica e aparecem na carência, miséria e sofrimento de seus povos. Vários indicadores comprovam isto, tais como: baixa renda per capita, concentração e má distribuição de renda, precariedade do desenvolvimento humano, alto nível de analfabetismo, como mostra a tabela 6, no anexo 1. Os maiores contrastes entre esses países estão, possivelmente, em suas religiões, culturas, hábitos e costumes. Dos três países, o Brasil e a Índia são tropicais, enquanto a China possui um clima mais para subtropical. A Índia e a China têm, em particular, o fato de serem os países mais populosos do planeta. Entretanto, os acirrados contrastes da Índia merecem destaque. Em ruas de cidades, como Bombay, por exemplo, carroças movidas a tração animal se misturam a ciclistas, caminhões, ônibus e transeuntes num emaranhado difícil de se conceber. Em “Índia, um olhar amoroso”, livro que revela as belezas e misérias daquele país, Carrière (2003) descreve, num estilo que parece equilibrar a emoção e a razão, o seguinte: ... se reunirmos todos os dados concebíveis (territórios, população, religiões, idiomas, modo de vida), se os estudarmos de acordo com os nossos métodos, o mais imparcial e seriamente possível, só poderemos chegar a uma conclusão implacável: A Índia não existe. Um conjunto desses não pode funcionar. Ela é incoerente. Contudo é este o caso. A Índia existe e funciona. Aqui, a pluralidade parece ser o cimento. É a diferença que reúne. É a ilusão que é real (p. 6). 83 Feitas essas breves comparações, cabe agora fazer uma análise mais detalhada sobre a indústria de software e algumas das características do setor de TI dos países estudados. 2.9.2 A Indústria de Software nos Países Pesquisados A globalização não é um fenômeno unicamente dos tempos modernos. As suas raízes, provavelmente, vêm dos tempos de Marco Pólo ou, como escreve Sorj (2003, p. 11), desde Cristóvão Colombo. Os fatores globalizantes são muitos e variados: sociais, culturais, políticos, econômicos e tecnológicos. Inicialmente, garante Sorj, impulsionados pelo mercantilismo e, posteriormente, pela Revolução Industrial, estes fatores criaram impérios e colônias, levando à escravidão milhares de africanos, dizimando povos indígenas e negando o direito à dignidade, boa parte da Humanidade. A uns, mais que outros, positiva ou negativamente, os impactos da globalização afetam todos os países. A globalização, conforme definida pelo Banco Mundial, “é o processo de integração das economias e sociedades ao redor do mundo. É um processo complexo que afeta muitos aspectos de nossas vidas”. World Bank (2002). Assim, discutir os diferentes aspectos da globalização não faz parte do propósito deste trabalho, pois entendemos que esta seja uma tarefa mais apropriada para economistas e sociólogos. Porém, introduzi-la brevemente neste contexto é importante, para se tentar entender algumas das características sócio-econômica relacionadas ao setor de software dos países pesquisados. Desse modo, sem entrar no mérito da discussão sobre ser a globalização boa ou ruim, justa ou não, predatória ou fornecedora de vantagens e benefícios para os países, cabe ressaltar alguns dados sobre o fenômeno, o que será feito, em parte, com base no último relatório do Banco Mundial, sobre globalização, crescimento a pobreza (ibid.) e 84 em outro documento das Nações Unidas, sobre o mercado mundial de software (UNCTAC/ITE/TEB/12, 2002), acrescidos de outras fontes. Primeiramente, conforme registra o relatório do Banco Mundial, nem todos os países conseguem integrar com sucesso sua economia no mercado global e acabam perdendo com isto. Neste caso, em média, a economia desses países se contraiu, a pobreza aumentou e o nível educacional cresceu menos rapidamente do que nos outros. Mas, a China, a Índia e outros países têm se beneficiado da globalização, no que se refere ao crescimento econômico e a redução da pobreza. Ela também tem propiciado a estes países, incluindo o Brasil, aumentar, nos últimos anos, a exportação de bens manufaturados e serviços, em substituição gradativa aos produtos primários. No caso do desenvolvimento e comercialização de software e serviços, parece claro que a globalização tem acenado com oportunidades para os países tidos como emergentes neste setor, como é o caso dos países pesquisados, acrescentando-se a Irlanda e Israel. Pelo menos é o que dá conta as Nações Unidas, quando descreve que a indústria de software e serviços correlatos vem crescendo muito rapidamente na produção de bens e serviços de alto valor para os clientes. Isso se deve ao fato, descreve o documento, de que a maior parte do que este setor produz é baseada no conhecimento, e nada melhor do que o conhecimento para agregar valor aos produtos e serviços. Embora esse setor seja dominado por empresas baseadas na maioria dos países industrializados, mesmo assim ele continua a oferecer grandes perspectivas para o desenvolvimento econômico e industrial das economias em desenvolvimento. UNCTAC/ITE/TEB/12 (ibid.). Todavia, deve-se examinar com cuidado os aspectos positivos e negativos desse segmento, pois a globalização do software fornece, ao mesmo tempo, oportunidades e desafios aos países desenvolvidos. A competitividade já não é mais entre Norte e Sul, mas entre o mais rápido e lento (Kambhampati, 2002, pp. 23 e 24). 85 2.10 A GLOBALIZAÇÃO DO SOFTWARE E SERVIÇOS A internacionalização do software e serviços correlatos começou tarde, comparada com a internacionalização dos produtos manufaturados e outras tantas atividades de serviços. Até meados de 1970, somente os fabricantes de hardware serviam ao mercado global. Porém, no fim dos anos 80, a expansão internacional do setor de software e serviços decolou e o software passou a estar mais disponível e exportado; mais sistemas especialistas e empresas de desenvolvimento de software se expandiram e foram, imediatamente, seguidos pelas maiores empresas de TI e venda de serviços que, por sua vez, foram substituídas pelo aparecimento do software de pacote e serviços maiores e mais completos, como os fornecidos pela Microsoft e Oracle (UNCTAD/ITE/TEB/12, 2002). O que é mais interessante observar, no entanto, é que a expansão internacional desse setor tem sido dominada pela maioria dos países industrializados, em termos de demanda e fornecimento. Por exemplo, estima-se que perto de 97% da demanda global, no início de 1980, pertencia aos países membros da OCDE11, não tendo havido mudança significativa, nesse comportamento, nos anos seguintes. UNCTAD/ITE/TEB/12 (ibid, pp. 9-10). Igualmente, em 1990, as vendas americanas de software e serviços correlatos ainda dominavam o mercado global desse setor, com 57%, num valor estimado em US$ 110 bilhões, seguidos pelas vendas do Japão, França, Alemanha, Reino Unido e Canadá, com mais de 37% do mercado internacional (Ibid, pp. 9-10). A tabela a seguir mostra as dez maiores empresas globais de software. 11 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Instituição supranacional que congrega 30 dos países mais desenvolvidos do mundo todo, com raras exceções, como o México, por exemplo. Nem um dos três países pesquisados faz parte desta organização, muitas vezes chamada de elitista, mas mundialmente conhecida pelas suas publicações e estatísticas sobre economia, educação, comércio exterior, desenvolvimento e ciências. Consulta: http://www.oecd.org/ 86 Tabela 7 As 10 Maiores Empresas de Software As 10 Primeiras Empresas de Venda de Software no Mercado Global Colocação Empresa Vendas (em Bilhão de US$) Total de Vendas em 2002 Vendas de Software em 2002* 1º. Microsoft 30.8 25.9 2º. IBM 81.2 13.1 3º. Oracle 9.4 6.9 4º. SAP 7.0 6.8 5º. HP 70.5 2.6 6º. Computer Associates 3.1 2.5 7º. Hitachi 81.5 1.5 8º. Veritas 1.5 1.4 9º. Symantec 1.3 1.3 10º. Intuit 1.5 1.3 * Venda de Software para usuário-final (Licenças de produtos e Manutenção) Fonte: SIIC/HKPC Embora o domínio do mercado internacional de software seja dos membros da OCDE, em que a maioria absoluta é de países desenvolvidos, é importante observar que as vendas globais desse setor, bem como as dos produtos de TI dos países em desenvolvimento vêm crescendo mais rapidamente do que as dos países desenvolvidos, conforme se poderá notar mais à frente. 87 2.11 A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE SOFTWARE (IBS) A oportunidade de desenvolvimento de software para suprir as necessidades internas e galgar o mercado externo tem sido, nos últimos dois anos, motivo de reportagens freqüentes em jornais e revistas do Brasil e de sites ou portais da Internet dos três países pesquisados. Os temas abordados variam, mas nota-se uma constância em torno da necessidade de qualificação e expansão da indústria de software, tanto das fábricas como do pessoal, visando, principalmente à exportação. Têm-se discutido, por exemplo, desde a adoção de normas técnicas, metodologias e modelos de qualidade de software, como as ISOs e o CMM, até a necessidade de investimentos mais significativos, passando, inclusive pela formação acadêmica dos profissionais desse setor. É freqüente, por exemplo, a publicação de dados e informações que comparam a competitividade dos países pesquisados nesse setor, como o número de profissionais de Informática, de Ciência da Computação e de Engenharia de Software, bem como de mestres e doutores formados anualmente. Neste sentido, embora as políticas de apoio e fomento dos três países tenham as suas características e particularidades, as medidas adotadas, em geral, visam a aumentar as exportações de serviço e software. Basta fazer uma visita aos portais descritos a seguir para observar isto. Quadro 6 Alguns Portais Sugeridos para Visita PAÍS Brasil China Índia PORTAIS http://www.mct.gov.br/sepin/ http://www.mct.gov.br/Temas/info/Dsi/qualidad/Qualidade.htm http://www.softex.br/ http://www.mdic.gov.br/comext/secex/secex.html http://www.made-in-china.com/ http://www.chinadaily.com.cn/en/home/index.html http://www.nasscom.org/ http://www.nasscom.org/strategic.asp http://www.qaiindia.com/News_room/News/quality_bug.htm Quanto aos periódicos internacionais, nas buscas feitas pela Internet, a Índia aparece com mais número de artigos e papers publicados relacionados aos temas sobre 88 indústria de software, qualidade de software, exportação de software, CMM e ISO. A extensão da pesquisa envolvendo estes assuntos diretamente relacionados ao Brasil e à China mostra a raridade de artigos e papers publicados nesses periódicos. Porém, como no caso da Índia, nos sites e portais governamentais e de organismos de apoio e fomento ao software desses países o tema é extensivo e freqüente. No caso brasileiro, destaca-se a recente publicação de um documento de pesquisa sobre o assunto, com o nome “A indústria de Software no Brasil: fortalecendo a economia do conhecimento”, resultado de um projeto de intercâmbio científico entre o MIT (Massachussets Information Technology) e a SOFTEX (Instituição Brasileira de Apoio a Exportação de Software) SOFTEX (2002). Desse documento, rico em dados e informações sobre o mercado brasileiro de software, como também sobre a China e a Índia, procurou-se extrair algumas das informações mais relevantes ao propósito deste estudo, como se verá a seguir. O estudo é baseado em coleta de dados secundários e entrevistas com 57 empresas líderes em vários segmentos da indústria nacional (uma amostra de 21,4% de comercialização total nacional de software, em 2001). Inicialmente, deve-se destacar a coincidência de que seis dessas empresas participaram também da nossa pesquisa sobre o CMM. A pesquisa da SOFTEX12, embora recente, descreve algumas características que demonstram que a indústria brasileira de software já possuía, há cerca de seis ou oito anos, algumas estratégias de vendas externas, conforme se pode observar comparando-se com uma pesquisa anterior conduzida por Correa (1996), sobre as estratégias para a exportação de software dos países em desenvolvimento, onde aparece, na América Latina, o estudo sobre o Chile, Brasil e Argentina. Por exemplo, o Brasil, já no início dos 12 Sociedade para Promoção de Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX). Entidade privada, sem fins lucrativos, que desenvolve ações de empreendedorismo, capacitação, financiamento e mercado para promover a competitividade da indústria brasileira de software. Consulta: http://www.softex.br/ 89 anos 90, se destacava como o maior mercado da região, com vendas anuais estimadas em US$ 7 bilhões, Correa (1996, p. 175) contra os recentes US$ 7.7 bilhões, de 2001, registrados na pesquisa da SOFTEX (2002, p. 13). Na pesquisa da SOFTEX, a IBS caracteriza-se por uma forte demanda doméstica que desestimula a exportação, fator igualmente descrito na pesquisa de (Correa 1995). Contudo, a pesquisa atual da SOFTEX é mais abrangente e expressiva. Por exemplo, Correa não conseguiu pesquisar a produção doméstica brasileira de software, registrando “não haver dados sobre este segmento do mercado”. A pesquisa da SOFTEX, em contrapartida, descreve um valor de exportação de US$ 1 milhão em 1990, US$ 72 milhões em 2000 e de US$ 100 milhões em 2001 (SOFTEX, 2002, p. 19). O estudo da SOFTEX é oportuno, porque traz uma visão ampla e atualizada sobre o mercado interno, perspectivas de exportação, pontos fortes e fracos da IBS, bem como os desafios a serem vencidos para que o país tenha melhor projeção internacional nesse setor. O referido estudo chama a atenção para o fato de que, embora a IBS venha alcançando um bom desempenho nos últimos anos, enfrenta, em contrapartida, uma série de problemas típicos de crescimento de uma indústria nova, destacando a fragmentação e ausência de produção em escala nas empresas líderes,; uma crescente competição internacional, exemplificada por importações no período de 2000-2001 da ordem de US$ 1 bilhão/ano (cerca de 12% do mercado doméstico), o desafio maior de adquirir competitividade internacional em um mercado promissor e em forte expansão, atualmente dominado por um grupo restrito de países também emergentes nesse setor, como a Índia, Israel e Irlanda, o aumento da concorrência internacional, com a entrada de novos competidores no mercado global, como a China, Filipinas, Argentina e México. Contudo, a pesquisa destaca, como pontos fortes do país, o tamanho e a sofisticação do mercado brasileiro e a criatividade e competência dos profissionais da IBS. 90 Para apoiar a IBS na sua busca pela competitividade, além da SOFTEX, o Brasil conta com outras instituições e programas de fomento ao setor como, por exemplo: - Secretaria de Política Informática do Ministério da Ciências e Tecnologia (SEPIN) - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade em software, um subcomitê do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP), criado em 1993 (PBQP, 2002, p. 11). Há também outros programas e iniciativas, dos quais um tem relação direta com o presente estudo, que é o “Projeto rumo ao CMM”, de responsabilidade do núcleo regional da SOFTEX do Sul13 . Esse projeto visa promover a capacitação de empresas desenvolvedoras de software na implementação de sistemas de garantia da qualidade de seus processos. A principal finalidade desse programa é prestar consultoria e treinamento de pessoal na utilização do CMM. A SOFTSUL prevê, neste ano, formar um segundo grupo de empresas para reeditar o Projeto Rumo ao CMM, que busca suportar a implementação do nível 2 do modelo, em grupos de até dez empresas. O Brasil tem cerca de 23 empresas usuárias do modelo CMM (dados levantados na pesquisa, até novembro de 2003). Dessas, apenas três estão no terceiro nível de maturidade. A grande parte delas (20) estão no nível 2. É importante observar que das 78 empresas que estão no nível de maturidade 5, em todo o mundo, a Índia se orgulha de registrar que 54 delas estão em seu território (Nasscom) 14. 13 Consulta: http://www.softsul-softex.org.br/projeto_cmm.htm/. 14 Consulta: Associação Nacional de Empresas de Software e Serviços da Índia. Disponível em: http://www.nasscom.org.in/. Acesso em: 5 jun. 2003.. 91 2.11.1 O Estágio atual da Indústria Brasileira de Software Após ter passado pela experiência da reserva de mercado de Informática, nos anos 70 e 80, que ainda hoje é alvo de críticas, mas também de elogios de entidades e indivíduos, a IBS ensaia dar passos mais largos e arrojados, ocupando, atualmente a 7ª posição no mercado mundial de software. O crescimento do mercado brasileiro de software vem experimentando uma taxa média anual de 11% desde 1995, a maior do setor de TI, três vezes maior do que a de hardware e cerca de cinco vezes maior do que a taxa de crescimento do PIB (SOFTEX. 2002, p. 20). No período de 1991 a 2001, a contribuição do setor de software no PIB brasileiro mais do que triplicou, saindo de 0,27% para 0,71%, enquanto que a participação dos produtos de TI passou de 1,7% para 2,9% do PIB (ibid). As empresas desenvolvedoras de software no Brasil se concentram na Região Sudeste (62%) e na Região Sul (24%). Quanto à criação de empregos por parte dessas empresas, 54% estão no sudeste e 23% no centro-oeste. Por outro lado, a distribuição das empresas envolvidas com software e seus respectivos serviços se concentram no sudeste, na ordem de 59%, e no Sul, em 27% (ibid, p. 20). O estudo da SOFTEX chama a atenção também para o foto de que a IBS está focada no desenvolvimento do produto, com ênfase para o software customizável, destinado ao mercado externo. O referido estudo apresenta ainda, além de tantos outros dados, os seguintes: - o crescimento do número de empresas de software (desenvolvedoras de programas, processamento de dados e atividades de banco de dados), que passou de 4,3 mil em 1994, para 5,4 mil em 2000; - o universo total de empresas com atividades potenciais de software, que era de 7 mil em 1994, passando para 10,7 mil em 2000; 92 - o fato de que 82% dessas são microempresas, contra apenas 2% que são de grande porte. Desse universo, 2.938 se concentram no desenvolvimento de software. Finalmente, o número de empregos, no mesmo período: - no setor de TI e atividades correlatas: passou de 112 mil para 167 mil; - na indústria de software (segundo dados da SEPIN, com base na RAIS do Ministério do Trabalho): passou de 121 mil para cerca de 158 mil. Além desse, outro recente estudo dá conta da posição brasileira em relação ao mercado geral de TI. Embora o foco desse estudo esteja mais orientado para os aspectos econômicos da indústria de hardware no Brasil do que do mercado de software, seus autores, Tigre e Botelho (2001, pp. 100-101), concluem que no mercado regional (Mercosul) os incentivos em pesquisa e desenvolvimento e na produção local parecem ter criado um melhor ambiente para o Brasil transformar se em um centro de produção de TI regional, uma vez que Argentina, Uruguai e Chile não mais produzem hardware e estão se tornando um mercado para a exportação de TI do Brasil. Por sua vez, esses países estão aumentando sua indústria de software e o Brasil representa um importante mercado para esses países (p. 101). Entretanto, o futuro da indústria brasileira de TI, concluem Tigre e Botelho (2001), ... não está na comodização da produção de hardware, pois, na América Latina, o México está mais bem posicionado do que o Brasil para desenvolver uma indústria de exportação em longa escala (...) a real vantagem comparativa do Brasil está no desenho e engenharia intensiva de aplicações, em vez da manufatura de per si (p. 101). 93 2.12 O SETOR DE SOFTWARE DA ÍNDIA A Índia é o mais bem sucedido exportador de software entre os países em desenvolvimento. Porém, para entender melhor o seu setor de software, seria necessário uma análise cuidadosa das características desse setor. Até recentemente, a Índia contava com políticas econômicas protecionistas bem definidas, com foco na substituição das importações e destinadas a buscar a auto-suficiência de várias áreas – um caso parecido com o do Brasil (Correa, 1995, p. 177). Mesmo sendo um país de contrastes, a Índia alcançou considerável capacidade tecnológica em áreas de alta tecnologia, como no campo da energia nuclear. O país conta com base científica e profissionais bem treinados em ciência e engenharia (Correa, op. cit.). Apesar disso, os salários são baixos, não apenas para a força de trabalho braçal, mas também, para engenheiros e cientistas, que são abundantes (Dossani e Kenney, 2002, p. 238). Isso se reflete positivamente em seu setor de exportação de softwares e serviços, cujas vendas, calculadas em US$ 128 milhões em 1990-91, passaram para US$ 8.3 bilhões em 2001 (Patibandla e Petersen, 2002, p. 1577). A Índia exporta software e serviços para mais de 102 países ao redor do mundo, e uma em cada quatro gigantes globais terceirizam serviços de software com a Índia. A tabela a seguir mostra as vendas da Índia em vários períodos (Nasscom, 2001). 94 Tabela 8 Vendas internas e externas na indústria de TI indiana (1994-1999) Descrição Software Domésticos Exportações Total Hardware Domésticos Exportações Total Periféricos Domésticos Exportações Total Outros Treinamento Manutenção Redes e outros Total Geral 1994-95 1995-96 1996-97 1997-98 1998-99 1999-2000 350 485 835 490 734 1,224 670 1,083 1,753 950 1,750 2,700 1,250 2,650 3,900 1,700 4,000 5,700 590 177 767 1,037 35 1,072 1,050 286 1,336 1,205 201 1,406 1,026 4 1,030 1,450 86 1,536 148 6 154 196 6 202 181 14 195 229 19 248 329 18 347 435 27 462 107 142 36 2,041 145 172 710 2,886 183 182 156 3,805 263 221 193 5,031 302 236 237 6,052 400 263 310 8,671 A Índia ostenta o crescimento da sua indústria interna (caseira) de software, que começou nos anos 80 e se tornou visível no cenário mundial em meados de 90. Experimentando rápido crescimento, algumas empresas de software indianas tiveram significativo sucesso, contribuindo para que fossem listadas na NASDAQ15. Adicionalmente a este cenário favorável ao crescimento, um número expressivo de engenheiros indianos, que haviam migrado para os Estados Unidos, ao voltarem para o país, tornaram-se empreendedores bem-sucedidos ao criar suas próprias empresas de alta tecnologia. Muitos desses empresários, são atualmente considerados multimilionários ou bilionários, enquanto outros tornaram-se capitalistas de risco, passando a fomentar o desenvolvimento do setor naquele país (Dossani e Keney, 2002). De acordo com Correa (1996, p. 177), o país tinha, até 1993, cerca de 600 empresas produtoras de software e empregavam aproximadamente de 50 mil pessoas. Atualmente, conforme dados do The Gardian (2003), jornal indiano de repercussão nacional, a força de trabalho nesse setor conta com mais de meio milhão de profissionais de TI e, a cada ano, mais de 75 mil novos profissionais são lançados no mercado de trabalho. 15 Bolsa de Valores de Nova York que comercializa ações de empresas de alta tecnologia. 95 Por outro lado, ao tentar explicar o mercado de TI indiano, Khan (1999, p. 248) expõe uma visão diferente dos autores até aqui examinados e conclui que a Índia ocupa uma posição marginal no mercado global de TI. Khan parte do seguinte raciocínio: somando-se a produção total de software indiano no setor doméstico e de exportação, chega-se ao valor aproximado de US$ 3 bilhões. Tomando-se o mesmo período de produção de hardware, incluindo as vendas internas e as exportações, o valor estaria em torno de US$ 2,5 bilhões. Em comparação, o mercado mundial de software é estimado em US$ 400-500 bilhões e a produção mundial de hardware em US$ 300-400 bilhões. Assim, Khan chega à conclusão de que a indústria de TI da Índia (hardware e software) seria menor que 1% do mercado mundial, indicando claramente que a Índia não passa de uma economia marginal de TI. O estudo de Khan é interessante, porque traz luz à interpretação do mercado de TI indiano, simplesmente comparando um conjunto de valores não complexos na tentativa de examinar a competitividade da Índia. Assim, Khan sugere confrontar os 2,5 bilhões da produção de hardware indiana de 1997-98 com o mesmo setor e período da Malásia e Tailândia, que foi de US$ 8-9 bilhões, e de Taiwan e Cingapura, que foi de US$ 18-20 bilhões. O autor alerta para o fato de que a Índia compete no mercado global com outros países considerados também emergentes no setor de software como China, Rússia e Israel. Khan observa também o fato de que no setor de software, embora as exportações indianas estejam crescendo a uma taxa significativa, estando na mesma ordem de outros países como Israel, Irlanda e Cingapura, entretanto com a entrada de muitos países da Europa Oriental, além da China e Rússia no mercado global, a Índia terá que enfrentar uma rápida competição no futuro, para a qual ela parece não estar preparada. Procurando esclarecer, Khan diz que a maior limitação da Índia, atualmente, é a ausência de uma base forte de hardware e componentes eletrônicos dentro do país. Para ele, a Índia, com seus problemas sociais complexos, para superar tais problemas e tornar-se competitiva precisaria recorrer ao uso e disseminação da computação intensiva, o que acaba sendo um grande desafio para o país (Khan, 1999, p. 248). 96 Para ele, globalização implica competição, que exige refinamento nos processos de manufatura, otimização do uso de recursos e melhoria da qualidade de serviços. Um alto grau de automação na indústria é então imperativo, para se chegar à classe mundial da qualidade em produtos e serviços. A Índia precisa ainda experimentar a computação e comunicação em larga escala, para prover educação básica para o crescimento da população, considerando a carência de escolas, professores, infra-estrutura e outras facilidades essenciais ao desenvolvimento. (Ibid., p. 249). Em parte, as conclusões de Khan são compartilhadas por Jain e Kumar (2003), ao afirmarem que a rapidez do desenvolvimento e a obsolescência tecnológica têm deixado pouca escolha no front da tecnologia aos países em desenvolvimento, como a Índia, e que a âncora da tecnologia de uma nação precisa estar dentro do próprio país, para que este tenha condições de atingir sustentabilidade e autopropagação da prosperidade. Por outro lado, a posição de Jain e Kumar sobre o desenvolvimento de uma base tecnológica na Índia contraria Khan, quando esses garantem que: A Índia, reconhecendo a importância da ciência e da tecnologia como uma das maiores forças do desenvolvimento nacional, depositou especial atenção na criação de uma forte infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento, durante os anos iniciais após a sua independência (p. 113 ). Jain e Kumar (2003, p. 114) tentam sustentar essa opinião, dizendo que a Índia instalou no país uma cadeia de cerca de 3000 instituições científicas, das quais 2000 estão voltadas para a pesquisa e desenvolvimento, incluindo cerca de 1400 unidades internas no setor industrial, instituições acadêmicas, laboratórios de testes e outras tecnologias. Entretanto, deve-se tomar cuidado com as posições dos diferentes autores descritos nesse contexto, por tratar se de uma simples revisão da literatura, sem o devido aprofundamento necessário para se tirar conclusões definitivas. 97 Conforme dizem Balasubramanyam e Balasubramanyam (1997, p. 1857), muitos artigos continuam sendo publicados com base no trabalho de Singer (1950) sobre investimentos e empréstimo, escrito há mais de 40 anos (agora mais de 50), o qual se encontra desatualizado. Contudo, Banerjee (2001, p. 3) vê o setor indiano de software do seguinte modo: As firmas indianas de software, diferentes das outras empresas de outros setores operam em mercado global. O mercado interno de software e serviços é pequeno e uma significativa porção do consumo doméstico de software é suprida pelas importações. A exportação de produtos de software e serviços constitui o suporte principal do negócio. No entanto, Banerjee (2001, p. 4) entende também que: ambos, exportação intensiva e destinação da exportação implicam competência. Além disso, aumentar continuamente a exportação implica a presença de uma competência tecnológica dinâmica, particularmente, uma vez que o mercado é muito dinâmico, as tecnologias têm vida curta e os produtos, ciclos de vida também curto. Banerjee. Em geral, as empresas indianas de software, finaliza Banerjee, “terão que orientar o centro das competências para as áreas de produtos, projetos e serviços, devendo ter capacidades dinâmicas para aumentar sua participação no mercado internacional”. 98 2.13 O SETOR DE SOFTWARE DA CHINA A China é mais conhecida pela sua indústria de equipamentos e componentes eletrônicos (hardware) do que pela sua indústria de software e serviços. O país, até 1978, era uma sociedade socialista sujeita ao planejamento e controle estatal semelhante ao estilo da economia soviética. (Gao, 2003, pp. 3-4). A reforma econômica iniciada em dezembro de 1978, batizada pelo governo chinês de “política de porta aberta” (Yang, 2003, p. 137), somada a outra reforma mais profunda, nos anos 90, permitiram sua abertura para o mercado externo, fazendo do país uma economia voltada para o comércio exterior (Gibb e Li, 2003, p. 318). Desde então, o verdadeiro fenômeno de crescimento da economia chinesa, que ganhou pulso no período de 1980-1990, ultrapassando o desempenho dos chamados “tigres asiáticos”, tem recebido considerável atenção do mercado externo (Gibb e Li, ibid., p. 404). Conforme descrevem Gibb e Li, no período de 1980-95 o PIB chinês cresceu 10% ao ano. Embora esse crescimento tenha caído no final de 1990, mesmo assim tem crescido em torno de 7% anualmente, ou seja, duas ou três vezes a taxa de crescimento da Europa ocidental (2003, p. 405). Em meados de 1990, a China ocupava a sétima posição na economia mundial, em termos de dólares, e no final dos anos 90 ela ainda continuou a ser uma das dez maiores no mercado global. Numa economia reconhecidamente estatal, esse notável crescimento foi liderado pela iniciativa privada, vindo de um setor da economia chinesa conhecido como Township and Village Enterprises, composto por micro, pequenas e médias empresas de comunidades locais e parcialmente controladas pelo Governo (Gibb e Li, 2003, p. 403 e 406). Por outro lado, o país vem tentando fomentar seu setor de TI, especialmente no que se refere ao desenvolvimento de software e serviços, para ganhar competitividade, 99 principalmente no mercado externo, que perde, por exemplo, para países como Israel, cujas exportações de TI foram de US$ 79 bilhões, Coréia do Sul (US$ 15 bilhões), Cingapura (US$ 6,7 bilhões), e inclusive a Irlanda (US$ 5 bilhões) em 1997, enquanto que suas exportações nesse mesmo setor e período ficaram em US$ 3,4 bilhões (Bajpai e Shatri, 1998, p. 33). Entretanto, em comparação com a Índia, o setor de TI chinês exportou quase que o dobro nesse período. O total exportado pela Índia foi de US$ 1,8 bilhão, enquanto que o da China foi de US$ 3,4 bilhões (Bajpai e Shatri, 1998, p. 33). Tudo parece indicar, realmente, que as reformas tiveram impactos positivos no setor de TI da China. De acordo com Wang e Turban16 (1994, p. 26), o sucesso da implementação do Roc Information Industry Development Plan17 (1980-89), o qual a indústria da informação foi declarada como estratégia, resultou numa produção total anual de TI, principalmente de produtos de hardware, acima de US$ 6 bilhões em 1990, inserindo o país em sétimo lugar na relação dos maiores fornecedores mundiais de TI. Esse resultado contribuiu para que o governo chinês estendesse esse plano até 2000. Além disso, noutro plano de desenvolvimento, mais abrangente, conhecido como “Plano de Desenvolvimento Nacional de Seis Anos (1991-96)”, os setores de informação, telecomunicações e de semicondutores foram também declarados como estratégicos, complementam Wang e Turban. No que se refere a produtos manufaturados de baixa, média e até alta tecnologia18, a China aparece sempre em primeiro lugar na lista dos países em desenvolvimento líderes em exportação. O Brasil, embora também apareça como um dos 10 primeiros nessas categorias, não ocupa lugar de destaque em relação ao volume exportado pela China, a Índia está em pior situação, figurando somente na lista de exportação de produtos de 16 Em citação ao trabalho Information Industry Yearbook (1991) do Institute for Information Industry, Ministry of Economic Affairs, República da China. Dez. pp. 3, 4, 12 (original em chinês). 17 Plano de desenvolvimento da Indústria de Informação da República da China (ROC) de 1980-89 . 18 Na lista de produtos manufaturados de baixa tecnologia estão, por exemplo, os têxteis, roupas, sapatos e produtos de engenharia simples. Em média tecnologia: equipamentos e máquinas industriais, automóveis e produtos químicos. Em alta tecnologia estão, geralmente, os produtos da subcategoria de tecnologia da informação e comunicação (UNCTAD, op.cit., p.14). 100 baixa tecnologia, embora nessa lista fique ligeiramente à frente do Brasil, como se verá a seguir. Na lista de manufaturados de baixa tecnologia, dos 15 países em desenvolvimento líderes em exportação no período de 1985 a 2000, o Brasil ocupa o 11º lugar, com vendas na ordem de US$ 8 bilhões, a Índia em 6º lugar, com cerca de US$ 18 bilhões e a China em 1º lugar, com mais de US$ 160 bilhões (UNCTAD, 2003, p. 18). Na relação de manufaturados de média tecnologia, dos dez primeiros exportadores, o Brasil fica em 7º lugar, com vendas em torno de US$ 13 bilhões e a China em 1º lugar com quase US$ 60 bilhões. A Índia, como citado antes, não figura nessa lista. (p. 19). Finalmente, em relação aos manufaturados de alta tecnologia do mesmo período, porém, dos 11 países em desenvolvimento líderes em exportações, o Brasil ocupa o último lugar, com cerca de US$ 5 bilhões, estando a China novamente em primeiro lugar com mais de US$ 75 milhões, enquanto que a Índia permanece fora da lista (UNCTAD, 2003, p. 19). Em relação à aplicação em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), um dos fatores de fomento à tecnologia (UNCTAD, op. cit.), com base na tabela a seguir, elaborada com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a China ocupa também lugar de destaque entre os países mais industrializados, ficando em terceiro lugar em volume de recursos aplicados, com quase US$ 60 bilhões, estando atrás apenas dos Estados Unidos, perto de US$ 253 milhões aplicados e o Japão, com cerca de US$ 96,5 milhões. A Índia está em melhor posição do que o Brasil, com aplicação de US$ 19,4 milhões, ficando em 7º lugar, e o Brasil em 9º lugar, com US$ 13,6 milhões de recursos aplicados em P&D. 101 Tabela 9 Aplicação em Pesquisa e Desenvolvimento – 2001 Colocação/País Volume aplicado Colocação/País Volume aplicado (em US$ milhões) (em US$ milhões) 1º EUA 256.938 7º Índia 19.440 2º Japão 96.532 8º Canadá 16.122 3º China 59.829 9º Brasil 13.659 4º Alemanha 47.827 10º Itália (em 2000) 13.556 5º França 30.703 11º Rússia 11.624 6º Reino Unido 24.558 12º Taiwan 10.902 Fonte: OCDE (PPP 1995). Publicado em: Valor Econômico, Cad. Internacional, 28 out. 2003, p. A9. A produção chinesa de software apresentou, de acordo com o volume comercializado em 2001, os seguintes valores: Tabela 10 Produção de Software na China Produção de Software em 2001 Valores em US$ bilhões Produtos 3,6 Serviços 4,3 Exportações * 0,34 Total 8,24 Fonte: a) SOFTEX (2002, p. 17) b) Bajpai e Shartri (1998, p.33)* - Dados de 1997. A consolidação de dados e informações sobre as características do setor de software dos países estudados, feita a seguir, contribui para melhor entendimento deste setor. Essa consolidação foi feita usando-se as tabelas a seguir apresentadas, construídas com base na literatura e demais fontes consultadas. 102 De acordo com dados do Banco Mundial, apresentados no Relatório de Tecnologia para o Desenvolvimento (UNCTAD/ITE/TED/12, 2002, p. 17), a distribuição das exportações de software da China e Índia, em 1990, comparados com outros países em desenvolvimento, era a seguinte (ver tabela 11): Tabela 11 Distribuição das exportações de software de alguns países emergentes Distribuição das exportações de software (em percentagem) País Serviços de Software de pacotes Entrada de dados software • Irlanda 65 21 14 • México 53 32 15 • Hungria 49 59 1 • Filipinas 39 20 41 • Cingapura 25 50 17 • Israel 19 76 5 • China 17 56 27 • Índia 90 5 5 • Brasil ND ND ND Fonte: Banco Mundial (1992) – UNCTAD/ITE/TEB/12 (2002, p.17). A tabela a seguir nos permite avaliar a posição dos países pesquisados na economia mundial de software, dentre os mais competitivos neste setor. Tabela 12 Alguns dos Principais Produtores Mundiais de software Principais produtores de software do mundo em 2000 (valores em US$ bilhões) USA Japão Irlanda Índia Korea Brasil* China ... Global Produção 2400 572 89.0 88.5 83.2 78 71.7 ... 5.960 Percentagem 40.2 9.6 1.5 1.48 1.39 1.30 1.2 ... 100 Fontes: a) Tang (2002); b) MCT/SEPIN (2002)* 103 Por último, a tabela seguinte nos permite ter uma visão geral sobre o setor e países estudados. Tabela 13 A Indústria de Software no Brasil, China e Índia* Ano 2000 (US$ bilhões) Brasil China Índia Mercado doméstico (produtos e serviços) 7,2 7,0 1.8 Produtos 3,2 3,0 nd* Serviços 4,0 4,0 nd Exportações (produtos e serviços) 0,1 0,4 4,0 Total software 7,3 7,4 5,8 158.353 186.000 350.000 10.713 10.000 >2.800 2.398 5.700 nd 23.109 50.000 73.000 Mercado doméstico (produtos e serviços) 7.7 7,9 2,0 Produtos 3.6 3,6 nd Serviços 4.1 4,3 0,4 Exportações (produtos e serviços) nd nd 6,2 Total software 7,7 7,9 8,2 4,627 3,765 Pessoas em software Empresas em software Empresas em desenvolvimento de software Ano 2001 Graduados anualmente na área de TI Salário (em US$)** np Fontes: * SOFTEX (2002, p. 23); ** Bajpai e Shastri (1998, p. 33) np = dado não disponível. 104 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO E DA PESQUISA DE CAMPO O desenvolvimento do projeto de tese, bem como a tese propriamente dita, no que se refere à metodologia de trabalhos acadêmicos e científicos, isto, elaboração de texto, citações e referências bibliográficas, apoiaram-se nas recomendações gerais de Levine (2000). Quanto às técnicas e métodos usados para planejamento e condução das pesquisas de campo, recorreu-se a Yin (2001). No que se refere a padrões para trabalhos acadêmicos e científicos, recorreu-se às normas NBR 6023 (2002), NBR 10520 (2002) e NBR 14724 (2002). 3.1.1 Delineamento da Pesquisa Pesquisa é o processo de formulação sistemático do desenvolvimento do método científico, cujo objetivo fundamental é descobrir respostas para o problema estudado. Assim, utilizando-se a metodologia científica, torna-se possível obter novos conhecimentos da realidade estudada (Gil, 1994, p. 43). Nesse contexto, o objetivo básico da pesquisa foi tentar obter possíveis respostas para o objeto em estudo, isto é, que impactos tem a utilização do CMM nos processos de desenvolvimento e manutenção de software, conforme discutido na Introdução do presente trabalho. 3.1.2 Estratégias da Pesquisa Considerando a natureza do problema proposto, que se refere diretamente à percepção dos sujeitos pesquisados acerca do CMM, deu-se preferência ao uso das duas estratégias mais comumente recomendadas para esse tipo de pesquisa, que são o 105 Levantamento de Dados e o Estudo de Casos Múltiplos, de acordo com o que sugerem Yin (2001, pp. 24-37) e Gil (1994, pp. 76-90). Observa-se, com isso que as estratégias escolhidas conduzem a estudos diferentes, o que permite obter melhor nível de abrangência e maior grau de consistência, possibilitando o aprofundamento do estudo. Por conseguinte, a estratégia de levantamento de dados confere status de pesquisa do tipo explicativa, tendo sido sua escolha baseada no que recomenda Gil, cujas vantagens podem ser resumidas no seguinte: a) caracterizam se pela solicitação de informações a um conjunto de pessoas significativas, isto é, amostras acerca do problema estudado, para, em seguida, mediante análise quantitativa, obter conclusões correspondentes aos dados coletados; b) as conclusões obtidas a partir dessa amostra são projetadas para a totalidade do universo, levando em conta a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos; c) os dados são obtidos mediante questionários que buscam dar ênfase aos aspectos perceptivos dos sujeitos investigados acerca de suas experiências, e; d) as variáveis em estudo podem ser codificadas, permitindo o uso de correlações e outros procedimentos estatísticos e, à medida que os levantamentos se valem de amostras probabilísticas, torna-se possível conhecer a inclusive a margem de erro dos resultados obtidos. Por outro lado, a opção pelo estudo de caso, pode ser justificada recorrendo-se aos fundamentos de Yin (2001) e McCutcheon e Meredith (1993) acerca desse tipo de estratégia de pesquisa, tais como: a) o Estudo de Caso (EC) conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador, que são a observação direta e uma série sistêmica de entrevistas; b) o EC conta com a capacidade e poder diferenciados de lidar com ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações. 106 3.1.3 Tipos da Pesquisa Considerando as fundamentações anteriores, em relação às estratégias escolhidas, justifica-se a opção pela Pesquisa Descritiva, no caso de Levantamento de Dados, e pela Pesquisa Exploratória, no Estudo de Casos. 3.1.4 Sujeitos e Amostra A pesquisa tem como sujeitos profissionais de nível técnico e gerentes de empresas de software e serviços no Brasil, Índia e China. Ao todo, foram pesquisadas dez empresas brasileiras, seis indianas e três chinesas, que não serão identificadas, resguardando-se a ética referente a pesquisas científicas. Dentre essas, três são microempresas (até dez funcionários), seis são pequenas (11 a 99 funcionários), sete são de médio porte (100 a 499 funcionários) e três são de grande porte (acima de 500 funcionários)19. Embora tais empresas desenvolvam atividades muito diversificadas, no ramo de software e serviços as unidades pesquisadas se dedicam a uma ou mais das seguintes atividades: a) Desenvolve software para uso próprio; b) Desenvolve software-pacote para comercialização (package software); c) Desenvolve software sob encomenda para terceiros (custom software); d) Desenvolve software embarcado (embedded/boundled); e) Desenvolve software para Internet (Internet enable software); f) Distribui ou editora software de terceiros. 19 Deve-se observar que, para efeito de classificação do porte da empresa, foram considerados somente a quantidade de funcionários que trabalham diretamente com os processos de desenvolvimento de software. 107 3.1.5 Operacionalização das Variáveis O processo de operacionalização das variáveis da pesquisa de campo teve como base o que descreve Gil (1994, pp. 81-90), no que se refere à definição do esquema necessário para apoiar e sustentar a pesquisa empírica. Essa forma de pesquisa consiste em investigar fenômenos contemporâneos dentro do contexto de vida real, que é o caso da presente pesquisa. Essa conceituação, que pode ser chamada de operacional, presta-se à definição das dimensões a serem pesquisadas, bem como seus indicadores e os elementos que indicam seus valores, de forma prática. Com base nisso, garante Gil, torna-se possível a medição desses indicadores, o que permite conhecer o valores das variáveis de pesquisa. Assim, com base nas recomendações de Gil, procurou-se desenvolver um esquema que fosse útil ao planejamento da pesquisa e proporcionasse, ao mesmo tempo, o suporte metodológico necessário à construção dos instrumentos de pesquisa de campo, de maneira estruturada, conforme ilustra o diagrama a seguir. 108 Quadro 7 Operacionalização das Variáveis da Pesquisa (Taxonomia) MACROSISTEMA SISTEMA SUBSISTEMA MICROSISTEMA (Rotina) PROCESSOS DIMENSÕES DE DESEMPENHO (Gestão) INDICADORES DE DESEMPENHO • Treinamento • Pessoas Sistema Organizacional (Macroprocesso) • Processos de Trabalho • Questões (Resultados) • Desenvolvimento • Ambiente e equipe • Qualidade e Produtividade • Metodologia (Ferramentas) • Tecnologia • Análise e Modelagem MICROPROCESSO MACROPROCESSO PROCESSO SUB-PROCESSO (Atividade) Fonte: elaborado com base na metodologia de pesquisa 3.1.6 Instrumentos de Pesquisa Com base nesse esquema, a tarefa de construção dos instrumentos de coleta de dados (questionários) tornou-se mais fácil, pois permitiu introduzir o conceito de pesquisa estruturada nesse instrumento, o qual buscou avaliar as seguintes variáveis ou dimensões de desempenho, conforme mostra o diagrama anterior: motivação para treinamento e desenvolvimento de pessoal, ambiente e equipe de trabalho, qualidade, produtividade e competitividade,metodologias ou ferramentas. Ao mesmo tempo, possibilitou a formulação das questões pesquisadas, das quais derivam os respectivos indicadores de desempenho, responsáveis pela medição dos dados coletados. 109 Para o desenvolvimento do questionário, no que se refere à formulação de questões, procurou-se seguir as orientações propostas por Levine (2002). Foram elaboradas duas versões do questionário (veja anexo 2), uma em Português (aplicada no Brasil) e outra em inglês (aplicada nos outros dois países pesquisados). Além da preocupação pelo uso de questionário do tipo estruturado, visando facilitar o levantamento de dados e a apuração dos resultados, procurou-se incluir, neste instrumento de pesquisa o princípio de escalas, com o objetivo de possibilitar o estudo de opiniões e atitudes dos sujeitos pesquisados, de forma mais precisa e mensurável. Isso permite transformar fatos que habitualmente são vistos como qualitativos em fatos quantitativos (Gil, 1994, p. 135). Escalas são instrumentos construídos com o objetivo de medir a intensidade das opiniões e atitudes da maneira mais objetiva possível. Isso faz com que a pesquisa seja mais fidedigna e válida, pois permite medir o que realmente se propõe a fazer (Gil, pp. 134-136). 3.1.7 Procedimentos 3.1.7.1 Contatos com as empresas Inicialmente, para se chegar às empresas usuárias do CMM, usaram-se de vários expedientes, como contatos pessoais, rede de relacionamento, Internet, jornais, etc. Posteriormente, recorreu-se ao uso de telefone e e-mails para contato inicial com os representantes das empresas, visando à apresentação do tema, projeto de pesquisa e consulta sobre o interesse na participação da pesquisa de campo. A seguir, enviou-se uma carta-convite às empresas que demonstraram desejo em participar do projeto. A etapa seguinte consistiu no envio de cópia do questionário por e-mail para as empresas que concordaram em participar da pesquisa, com instruções de preenchimento e solicitação de retorno, também por e-mail, para o autor da pesquisa. 110 3.1.8 METODOLOGIA 3.1.8.1 Tratamento Estatístico, Análise dos Dados e Elaboração do Relatório O tratamento estatístico, a análise e dados e a apuração dos resultados basearamse no trabalho de Suhr (entre 1999 e 2002), conforme descrito a seguir. 3.1.8.2 Análise Multivariada dos Dados A identificação de relações entre muitas variáveis é um processo difícil dentro da análise de dados, o que exige um cuidadoso trabalho de testes e observação das correlações entre todas elas. Geralmente, essa tarefa requer a seleção de técnicas estatísticas e seu respectivo teste sobre a base dos dados coletados, de modo a promover a confiabilidade dos resultados apurados. Desse modo, visando a atender esses requisitos, recorre-se a dois procedimentos distintos. Inicialmente, tentou-se aplicar as técnicas de análise de correspondência e de análise de cluster, feitas com base nos grupos de perguntas formuladas no questionário. Porém, os resultados estatísticos gerados demonstraram não ser viável uma análise de menor escala, não fornecendo subsídios para identificar, com segurança, as relações entre todas as variáveis, como, por exemplo, diferenças entre países, escolaridade, nível de CMM usado, etc. A principal razão dessa ocorrência foi a pouca variabilidade das repostas dos indivíduos, tendo havido uma concentração na escala dos níveis 4 e 5, usada nas questões pesquisadas. Recorreu-se, então, a outra técnica de estatística (Análise de Confiabilidade e Análise Fatorial), na identificação de relações de interdependência ou dependência entre as variáveis de estudo que demonstrou ser mais apropriada para a análise de um grande número de variáveis simultaneamente (métodos de análise multivariada). 111 Desse modo, tendo em vista a natureza dos dados coletados (as variáveis de interesse são apresentadas como medidas de uma escala ordinal), procurou-se identificar possíveis diferenças existentes entre características dos informantes da pesquisa, procedendo-se à estratificação dos dados por: a) país de origem; b) nível de maturidade organizacional (CMM usado); c) escolaridade; d) tamanho da empresa pesquisada. 3.1.8.3 Análise de Confiabilidade Os dados utilizados neste estudo compreendem um levantamento de informações que visavam medir a melhoria advinda da utilização do CMM nas diversas etapas de produção de softwares. Deve-se observar que o questionário usado na pesquisa foi dividido em duas partes: a primeira, com informações sobre a empresa e o informante, e segunda, com perguntas divididas de acordo com o processo de produção, identificando, através de uma escala ordinal, o grau de melhoria alcançado no processo, devido ao uso do CMM. Essa segunda parte do questionário continha 25 perguntas, cujas respostas eram dadas segundo uma escala de 5 para 1 (melhor para pior). Deve-se esclarecer que este tipo de escala não pode ser usado diretamente na análise fatorial, pois tal análise trata dados em escala intervalar. Para que a utilização da análise fatorial seja possível, faz-se necessário averiguar em que grau os escores (número de ordem marcado para cada item para cada indivíduo) efetivamente discriminam o conjunto de indivíduos informantes. Porém, usando-se a técnica escolhida esse tratamento tornou-se viável, pois a análise de confiabilidade procura, através de uma medida, verificar o grau de acuidade e precisão de um procedimento de medida. A medida utilizada é expressa pela seguinte fórmula: (n)( SDt2 − ∑ SDi2 ) α= ( n − 1) SDt2 onde: α é a confiabilidade estimada; 112 n é o número de questões do questionário; SDt é o desvio padrão dos escores do questionário; SDi é o desvio padrão dos escores dos informantes em um item. Confiabilidade (alpha) superior a 60% é considerada satisfatória em instrumentos destinados à pesquisa. Para instrumentos destinados a diagnóstico e tomada de decisões, tal medida deve ser superior a 95%. Uma vez consideradas as questões a ser tratadas e determinadas as medidas de confiabilidade, passou-se à análise fatorial, visando verificar se as medidas encontradas poderiam ser consideradas ou aceitas. 3.1.8.4 Análise Fatorial A análise fatorial é um método estatístico multivariado, cujo propósito é identificar um conjunto de fatores que expliquem a maior parte da variabilidade das variáveis medidas em um conjunto de objetos ou indivíduos. Esses fatores podem ser concebidos como novas medidas sintéticas compostas a partir das medidas originais (combinações lineares das variáveis originais). Essas medidas compostas correspondem a características não observáveis e responsáveis pela relação existente entre as variáveis originais (medidas originalmente verificadas). A finalidade dessas novas medidas é descrever, do melhor modo possível, o relacionamento entre várias variáveis, de forma condensada e com perda mínima de informação. O modelo de análise fatorial reduz o conjunto de variáveis originais a um novo conjunto de quantidades não observáveis, conhecidos como fatores. A análise desses novos fatores determina as relações contidas no conjunto de dados. No entanto, há algumas considerações a serem feitas a respeito deste procedimento como, por exemplo, a) com quantos fatores deve-se trabalhar?; b) como devemos interpretar os fatores? 113 Uma vez que existem critérios para determinação do número de fatores que devem ser retidos para análise e estatísticas de correlação entre as variáveis originais e os fatores que permitem a interpretação dos fatores, faz-se necessário descrever os princípios estatísticos básicos destes critérios, para se entender melhor os resultados encontrados na pesquisa. 3.1.8.5 Medidas utilizadas para escolha do número de fatores a) Diferenças consecutivas entre os autovalores A determinação dos eixos principais que correspondem aos fatores subjacentes aos dados é feita por meio do cálculo dos autovalores da matriz de correlações entre todas as variáveis (aspectos/itens) da análise. A forma com que as diferenças entre os autovalores se comportam (do maior para o menor) permite escolher um número de autovalores elevados, que são retidos, descartando-se todos os demais, quando a diferença deixa de ser significativa. b) Autovalores maiores que 1 (um) Considera-se aleatória a variância (variabilidade) explicada por autovalores com valores inferiores a 1 (um). c) Proporção da variância explicada pelos fatores Como a análise fatorial reduz o número de variáveis a um número menor de fatores, é esperado que estes fatores representem uma grande parcela da variabilidade contida nos dados. Este critério baseia-se na escolha de um determinado número de fatores que, juntos, expliquem uma proporção da variabilidade que seja considerada adequada para o analista. Usualmente retêm-se os autovalores correspondentes aos fatores que, juntos, detenham mais de 70% da variabilidade. 114 3.1.8.6 Medidas para avaliação do ajuste do modelo de análise fatorial 3.1.8.6.1 Comunalidades Trata-se de uma quantidade que expressa a parcela da variância de cada uma das variáveis (que neste caso são os indicadores), que é explicada pelos fatores retidos para análise. 3.1.8.7 Medida de identificação dos fatores Quando já escolhidos os autovalores que serão retidos para análise e avaliados os resultados de ajuste do modelo, passa-se à etapa de interpretação dos fatores. Obtémse, como resultado da análise, a correlação entre as variáveis originais e os fatores. Este resultado permite identificar quais variáveis estão mais relacionadas a um determinado fator e assim interpretar o aspecto representado pelo fator. 3.1.8.8 Utilização dos resultados Uma vez identificados os fatores, faz-se a análise dos aspectos de interesse. Para os novos fatores (variáveis) são calculadas medidas (escores) para todos os indivíduos do conjunto original de dados. Um indivíduo com escore alto apresenta, para determinado fator, valores elevados para as variáveis originais positivamente correlacionadas com este fator e valores baixos para as variáveis negativamente correlacionadas. Tais medidas (escores) podem ser utilizadas para obter-ser médias para características dos indivíduos, entre outras medidas estatísticas. 115 3.1.8.9 Análise de Confiabilidade das Variaáveis A segunda parte do questionário foi dividida em três diferentes conjuntos de perguntas: a) processos de gestão de pessoas; b) processos (organizacionais) de gestão de trabalho; c) processos de gestão de tecnologia. Para cada subconjunto foi calculada a confiabilidade. Os resultados obtidos são apresentados a seguir. Tabela 14 Indicador de Confiabilidade Processos de Gestão de ALPHA Pessoas 0,739 Trabalho 0,878 Tecnologia 0,856 A partir desses resultados, optou-se pela utilização de análise fatorial, no intuito de identificar fatores subjacentes que explicassem as respostas (escores) dadas pelos indivíduos. 3.1.8.10 Análise Fatorial das Variáveis A análise fatorial das 25 variáveis identificou sete autovalores maiores que 1, os quais representam pouco menos de 70% da variabilidade total observada no conjunto de dados. Esses sete fatores serão considerados as novas variáveis de análise. 116 Para o conjunto de novas variáveis (sete fatores) as comunalidades para cada uma das variáveis antigas são apresentadas na tabela 14 do anexo. 3.1.8.11 Análise dos Quartis A análise dos quartis foi feita com base na tabela 22 do anexo. A demais tabelas (de 23 a 28) dão o suporte necessário para análise e interpretação dos resultados, com base nos quartis e medianas. O primeiro quartil consiste da medida que separa os 25% menores valores de um conjunto de dados. Entre o primeiro quaril e a mediana existem 25% dos valores de um conjunto de dados; entre a mediana e o terceiro quartil existem outros 25% do total de valores e acima do terceiro quartil estão os demais 25% dos valores de um conjunto de dados. Essas medidas permitem ter-se uma idéia da distribuição dos valores. Quando comparados segundo as características, permitem identificar onde algumas características separam valores mais altos ou mais baixos que os observados para o conjunto total. 3.1.8.12 Interpretação dos Fatores A tabela 15 do anexo mostra a correlação entre as questões e os novos fatores. Através das correlações observadas nomearam-se os fatores que são: a) Fator 1 - Qualidade e Produtividade (Questões 2.2.1 a 2.2.6) a. autovalor: 6,50 b. porcentagem: 26% b) Fator 2 – Metodologia (Questões 3.1.1 a 3.1.5) a. autovalor: 3,55 b. porcentagem: 14% 117 c) Fator 3 – Gestão Organizacional - Planejamento, organização, execução e controle - (Questões 1.1.1, 1.1.2, 1.1.3 e 1.1.5) a. autovalor: 2,14 b. porcentagem: 8,5% d) Fator 4 – Ambiente de Trabalho e Equipe (Questões 2.1.1 a 2.1.4) a. autovalor: 1,48 b. porcentagem: 5,9% e) Fator 5 – Análise e Modelagem de Processo (Questões 3.2.1 a 3.2.3) a. autovalor: 1,33 b. porcentagem: 5,3% f) Fator 6 – Treinamento e Formação Profissional (Questões 1.1.6 e 1.1.7) a. autovalor: 1,27 b. porcentagem: 5,1% g) Fator 7 – (CMM) Sistema Completo e Integrado (Questão 3.1.6) a. autovalor: 1 b. porcentagem: 4%. Tais fatores, representando as novas variáveis de pesquisas, estão diretamente relacionados com os tipos de processos estudados, conforme descrito a seguir: a) processos de gestão de pessoas (fatores 4 e 6); b) processos de gestão de trabalho (fatores 1, 3, 5 e 7); c) processos de gestão de tecnologia (fator 2). 3.1.8.13 Comparação de Características de Interesse Com base nesses sete fatores, estabeleceram-se valores para cada um dos indivíduos informantes, de forma que cada um tivesse um valor distinto em cada fator. Assim, pôde-se obter médias dessas novas variáveis para as características de interesse. Ao todo, foi possível estabelecer seis características de interesse, descritas a seguir, 118 tendo sido as três primeiras selecionadas para o presente estudo, pelo fato de a variância ser menor entre as opções de respostas escolhidas pelos indivíduos informantes. a) País de origem (Vide tabela 16 do anexo); b) CMM utilizado na empresa (Vide tabela 17 do anexo); c) Tamanho da empresa (Vide tabela 18 do anexo); d) Escolaridade do informante (Vide tabela 19 do anexo); e) Cargo do informante (Vide tabela 20 do anexo) ; f) Formação acadêmica do informante (Vide tabela 21 do anexo). 119 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS As tabelas originais referenciadas em cada característica de interesse (numeradas de 16 a 21, anexo 2) deram origem à construção de outras, apresentadas no anexo 3 (países pesquisados – anexo 3.1, nível de maturidade do CMM – anexo 3.2 e portes das empresas – anexo 3.3), as quais serviram de base para análise e interpretação dos resultados. 1) Característica de interesse: países de origem (Tabela 16 do anexo) (Impacto do modelo de acordo com o país pesquisado) a. Fator 1 – Qualidade e Produtividade i. Questões 2.2.1 a 2.2.6 – Em que medida o CMM contribui para Melhorar a qualidade e produtividade? Na análise dos dados apurados, foi possível chegar se aos seguintes resultados: País Score Rank Análise Brasil 0,01 2 Melhora pouco China 0,35 1 Melhora bem Índia -0,16 3 Melhora muito pouco Fonte: Tabela de apuração por país pesquisado (anexo 3.1) Com base nesse resultado, pode-se fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas há percepção de que o CMM tenha contribuído, de algum modo, na melhoria da Q&P dos processos de trabalho. Dessa forma, seria lógico concluir que 120 brasileiros e indianos percebem de modo semelhante o impacto do CMM na gestão da Q&P, entendendo haver alguma contribuição do modelo na melhoria da Q&P, enquanto que para os chineses o impacto e a melhoria são mais significativos. b. Fator 2 – O CMM na gestão de tecnologia i. Questões 3.1.1 a 3.1.5 – O CMM pode ser considerado uma excelente ferramenta de gestão de tecnologia? Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: País Score Rank Análise Brasil 0,00 2 Concorda parcialmente China -0,41 3 Discorda bastante Índia 0,16 1 Concorda parcialmente Fonte: Tabela de apuração por país pesquisado (anexo 3.1) Com base nessa análise, pode-se fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas não há uma percepção segura de que o CMM tenha contribuído na gestão de processos de tecnologia. Pode-se concluir, no entanto, os brasileiros e indianos pensam de forma semelhante, tal como na questão anterior, entendendo que o CMM pode, de certo modo, ser visto como modelo ou ferramenta de gestão tecnológica, enquanto os chineses discordam dessa visão. c. Fator 3 – O CMM como modelo de gestão organizacional i. Questões 1.1.1 a 1.1.3 e 1.1.5 – Em que medida o CMM contribui para a gestão dos processos organizacionais? Estudando-se os dados apurados, foi possível chegar à seguinte análise: 121 País Score Rank Análise Brasil 0,26 1 Contribui medianamente (Nem muito nem pouco) China 0,09 2 Contribui pouco Índia -0,49 3 Não contribui Fonte: Tabela de apuração por país pesquisado (anexo 3.1) Baseando-se na análise dos resultados, pode-se perceber que, no Brasil essa questão é vista de maneira ligeiramente mais otimista do que nos outros países pesquisados, entendendo-se haver uma contribuição mediana do CMM na gestão de processos organizacionais. Na China acredita-se haver pouca contribuição, enquanto na Índia acredita-se não haver contribuição, diferindo da China, onde há discordância acentuada. Isso indica que brasileiros e chineses pensam de forma parecida, entendendo que o CMM pode, de certo modo, ser visto como modelo ou ferramenta de gestão dos processos organizacionais, enquanto que os indianos entendem que não pode. d. Fator 4 – Ambiente e Equipe de Trabalho i. Questões 2.1.1 a 2.1.4 – Em que medida o CMM contribui para Melhorar a qualidade do ambiente e equipe de trabalho? Na análise dos dados apurados, foi possível chegar se aos seguintes resultados: País Score Rank Análise asil 0,00 2 Pouca melhoria China 0,45 1 De boa para muita melhoria Índia -0,02 3 Pouca melhoria Fonte: Tabela de apuração por país pesquisado (anexo 3.1) 122 Pela apuração, nota-se que Brasil e Índia voltaram a pensar igualmente, ao concordarem que o CMM melhoria pouco a qualidade do ambiente e equipe de trabalho. Desta vez, a China, é otimista ao assinalar que o CMM dê boa contribuição nessa questão. Isso poderia ser interpretado do seguinte modo: nas empresas pesquisadas, dos três países há uma razoável percepção de que o CMM contribui para Melhorar o ambiente e equipe de trabalho. Pode-se, então chegar à seguinte conclusão: a pesquisa indica que brasileiros e indianos acreditam que o CMM pôde, de certa maneira, contribuir para Melhorar a qualidade do ambiente e das equipes de trabalho, enquanto que os chineses são mais otimistas, ao considerar em ter havido uma melhoria significativa nesse aspecto. e. Fator 5 – Analise e Modelagem de Processos i. Questões 3.2.1 a 3.2.3 – O CMM pode ser considerado como uma excelente ferramenta de processos? Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: País Score Rank Análise Brasil -0,00 2 Concorda parcialmente China -0,67 3 Discorda totalmente Índia 0,30 1 Concorda Fonte: Tabela de apuração por país pesquisado (anexo 3.1) Pode-se, então, fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas, dos três países, não há percepção segura de que o CMM seja excelente ferramenta de gestão dos processos. Isso pode nos levar a concluir haver indícios de que o CMM possa ser considerado como ferramenta de gestão de processos, mas apenas no Brasil e na Índia, pois na China não há concordância a este respeito. f. Fator 6 – Treinamento e Desenvolvimento Profissional i. Questões 1.1.6 e 1.1.7 – Em que medida o CMM contribui para motivar a busca pelo treinamento? 123 Análise dos resultados: País Score Rank Análise Brasil 0,03 1 Contribui pouco China -0,10 3 Contribui pouco Índia -0,02 2 Contribui pouco Fonte: Tabela de apuração por país pesquisado (anexo 3.1) Baseando-se nos resultados, percebe-se haver concordância, entre os indivíduos dos três países pesquisados, de que o CMM contribui pouco na motivação da busca de treinamento ou desenvolvimento profissional. Pode-se concluir haver indícios de alguma contribuição do CMM nos processos de treinamento e desenvolvimento de pessoal de forma semelhante nos três países pesquisados. g. Fator 7 – O CMM como Modelo Completo e Integrado i. Questões 3.1.6 – O CMM pode ser considerado modelo completo e integrado de gestão de processos de desenvolvimento de software? A análise dos dados apurados indicou os seguintes resultados: País Score Rank Análise Brasil 0,19 2 Concorda mais ou menos China 0,36 1 Concorda Índia -0,49 3 Discorda bastante Fonte: Tabela de apuração por país pesquisado (anexo 3.1) Pela apuração, nota-se que nas empresas e países pesquisados não há concordância unânime de que o CMM seja visto como modelo completo e integrado dos processos de desenvolvimento de software (GPS). 124 A pesquisa indica que brasileiros e chineses concordam, em parte, que o CMM seja modelo completo e integrado de GPS, enquanto indianos discordam dessa posição. Deve-se observar, no entanto, que, de fato, o CMM não é modelo completo e integrado de gestão dos processos de software; isso levou o SEI a desenvolver a nova versão deste modelo, o CMMI, conforme discutido no referencial teórico. 2) Característica de interesse: CMM utilizado na empresa (Tabela 17) (Impacto do modelo, de acordo com os Níveis de Maturidade) a. Fator 1 – Qualidade e Produtividade i. Questões 2.2.1 a 2.2.6 – Em que medida o CMM contribui para Melhorar qualidade e produtividade? A análise dos dados indicou os seguintes resultados: Nível Score Rank Análise 2 0,01 1 Melhora Pouco 3 -0,02 3 Melhora Pouco 4 -0,02 4 Melhora Pouco 5 0,00 2 Melhora Pouco Fonte: Tabela de apuração por nível de CMM (anexo 3.2) Com base nesses resultados pode-se fazer a seguinte interpretação; nas empresas pesquisadas, há unanimidade em torno da percepção de que o CMM tenha contribuído um pouco para Melhorar qualidade e produtividade (Q&P) dos processos de trabalho, independentemente do nível de maturidade (ML) da organização. Assim, pode-se concluir que a pesquisa indica ter havido alguma melhoria na gestão da Q&P dos processos de trabalho, nos quatro ML do CMM igualmente. b. Fator 2 – O CMM na gestão de tecnologia 125 i. Questões 3.1.1 a 3.1.5 – O CMM pode ser considerado uma excelente ferramenta de gestão tecnológica? Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: Nível Score Rank Análise 2 -0,11 3 Concorda parcialmente 3 0,10 2 Concorda parcialmente 4 -0,13 4 Concorda parcialmente 5 0,16 1 Concorda parcialmente Fonte: Tabela de apuração por nível de CMM (anexo 3.2) Com base nesses resultados, pode-se fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas, o CMM pode, de certa forma, ser considerado ferramenta de modelagem dos processos tecnológicos, independentemente do ML da organização. Pode-se, assim, concluir que a pesquisa indica uma tendência parcial de se considerar o CMM ferramenta de modelagem de processos de tecnologia, seja qual for o ML da organização. c. Fator 3 – O CMM como modelo de gestão organizacional i. Questões 1.1.1 a 1.1.3 e 1.1.5 – Em que medida o CMM contribui para a gestão dos processos organizacionais? Estudando-se os dados apurados, foi possível chegar à seguinte análise: Nível Score Rank Análise 2 0,20 2 Contribui medianamente 3 0,39 1 Contribui medianamente 4 -0,21 3 Contribui pouco ou quase nada 5 -0,48 4 Contribui quase nada ou nada Fonte: Tabela de apuração por nível de CMM (anexo 3.2) 126 Com base nos resultados desta análise, pode-se fazer a seguinte interpretação; nas empresas pesquisadas, o CMM pode contribuir na gestão dos processos organizacionais, com pequena variação no grau de contribuição, que dependendo do ML da organização. Assim, pode-se concluir que a pesquisa indica ter havido uma pequena contribuição do CMM na gestão dos processos organizacionais, que pode variar de acordo como o ML da organização. d. Fator 4 – Ambiente e Equipe de Trabalho i. Questões 2.1.1 a 2.1.4 – Em que medida o CMM contribui para melhorar qualidade do ambiente e equipe de trabalho? A análise dos dados indicou os seguintes resultados: Nível Score Rank Análise 2 0,14 1 Pouca melhoria 3 -0,16 4 Pouca melhoria 4 -0,12 3 Pouca melhoria 5 -0,00 2 Pouca melhoria Fonte: Tabela de apuração por nível de CMM (anexo 3.2) Com base nessa análise, pode-se fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas, o CMM contribui para melhorar ambiente e equipe de trabalho, embora pouco e de modo semelhante nos quatros níveis. A conclusão é de que o CMM pode, de certa maneira, contribuir na gestão de pessoas, apresentando igualmente alguma melhoria na qualidade do ambiente e equipes de trabalho, de modo igual, independentemente do ML da organização. e. Fator 5 – Análise e Modelagem de Processos 127 i. Questões 3.2.1 a 3.2.3 – O CMM pode ser considerado excelente ferramenta de processos? Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: Nível Score Rank Análise 2 -0,15 2 Concorda parcialmente 3 -0,20 3 Concorda parcialmente 4 -0,33 4 Discorda 5 0,39 1 Concorda Fonte: Tabela de apuração por nível de CMM (anexo 3.2) A partir dessa análise, é possível fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas, o CMM pode ou não ser considerado excelente ferramenta de modelagem de processos, dependendo do ML de cada empresa. Desse modo, a pesquisa indica que o CMM pode, de certa maneira, ser visto como excelente ferramenta de gestão de processo, exceto nas organizações com ML 4. f. Fator 6 – Treinamento e Desenvolvimento Profissional i. Questões 1.1.6 e 1.1.7 – Em que medida o CMM contribui para motivar busca pelo treinamento? Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: Nível Score Rank Análise 2 0,07 2 Contribui pouco 3 -0,06 3 Contribui pouco 4 -0,25 4 Contribui praticamente nada 5 0,10 1 Contribui pouco Fonte: Tabela de apuração por nível de CMM (anexo 3.2) 128 Observa-se, então que, nas empresas pesquisadas, o CMM contribuiu, mas pouco ou quase nada, para motivar o treinamento e desenvolvimento de pessoas nas organizações de qualquer ML. A pesquisa indica ter havido alguma contribuição do CMM em relação à motivação para treinamento e desenvolvimento das pessoas, de forma semelhante nos ML 2, 3 e 5. Porém, nas organizações de ML 4, praticamente não houve contribuição. g. Fator 7 – O CMM como Modelo Completo e Integrado i. Questão 3.1.6 – O CMM pode ser considerado modelo completo e integrado de gestão de processos de desenvolvimento de software? A análise dos dados indicou os seguintes resultados: Nível Score Rank Análise 2 0,38 1 Concorda bastante 3 -0,12 2 Concorda parcialmente 4 -0,16 3 Concorda parcialmente 5 -0,35 4 Discorda bastante Fonte: Tabela de apuração por nível de CMM (anexo 3.2) A análise permite identificar dois extremos nos resultados obtidos, que estão nas organizações de ML 2 e ML 5. No primeiro caso, há bastante concordância mas no segundo, bastante discordância sobre se o CMM pode ser considerado modelo completo e integrado de processos. Por outro lado, há também um indicativo de concordância parcial nos ML 3 e ML 4. A conclusão é de que o CMM pode ser visto como modelo completo e integrado de gestão de processos somente nas empresas de ML 2. Porém, nas organizações de ML 129 3 e ML 4, a concordância é parcial, enquanto que nas empresas de ML 5 a discordância sobre essa consideração é grande. 3) Característica de interesse: tamanho da empresa (Tabela 18) (Impacto do modelo, de acordo com o porte da empresa) a. Fator 1 – Qualidade e Produtividade i. Questões 2.2.1 a 2.2.6 – Em que medida o CMM contribui para melhorar qualidade e produtividade? A análise dos dados indicou os seguintes resultados: Porte Score Rank Análise Mc 0,78 1 Melhora muito P 0,10 2 Melhora pouco M -0,20 4 Melhora quase nada G 0,00 3 Melhora pouco Fonte: Tabela de apuração por porte de empresa (anexo 3.3) Com base nesses resultados, faz-se a seguinte interpretação: sas empresas pesquisadas, o CMM pode, de alguma forma, contribuir nos processos de trabalho nas organizações de qualquer porte, mas com variação. Pode-se, assim, concluir que a pesquisa indica ter havido alguma melhoria na gestão dos processos de trabalho, de modo igual, nas organizações de P e G porte, uma boa melhoria nas microempresas e quase nada nas médias empresas. b. Fator 2 – O CMM na gestão de tecnologia i. Questões 3.1.1 a 3.1.5 – O CMM pode ser considerado excelente ferramenta de gestão tecnológica? 130 Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: Porte Score Rank Análise Mc 0,33 1 Concorda P 0,05 2 Concorda parcialmente M -0,12 4 Concorda parcialmente G 0,04 3 Concorda parcialmente Fonte: Tabela de apuração por porte de empresa (anexo 3.3) Com base nesses resultados, pode-se fazer a seguinte interpretação: o CMM pode, de certa forma, ser considerado ferramenta de modelagem dos processos de tecnologia de forma semelhante em todas as empresas pesquisadas. Pode-se, assim, concluir que a pesquisa indica certa tendência de se considerar o CMM ferramenta de modelagem de processos de tecnologia, de modo parecido nas empresas de P, M e G porte; no entanto essa tendência é ligeiramente maior nas microempresas. c. Fator 3 – O CMM como modelo de gestão organizacional i. Questões 1.1.1 a 1.1.3 e 1.1.5 – Em que medida o CMM contribui para a gestão dos processos organizacionais? A análise dos dados indicou os seguintes resultados: Porte Score Rank Análise Mc 0,28 1 Contribui medianamente P 0,02 3 Contribui pouco M 0,09 2 Contribui pouco G -0,18 4 Contribui quase nada Fonte: Tabela de apuração por porte de empresa (anexo 3.3) 131 Com base nos resultados dessa análise, pode-se fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas o CMM pode contribuir, de certa forma, na gestão dos processos organizacionais de empresas de qualquer porte, sendo muito pouca a variação do grau de contribuição relativamente aos seus . A conclusão é de que há indícios nas empresas pesquisadas, de que o CMM contribuiu na gestão dos processos organizacionais, embora tenha havido variação de grau de contribuição relativamente aos seus portes. d. Fator 4 – Ambiente e Equipe de Trabalho i. Questões 2.1.1 a 2.1.4 – Em que medida o CMM contribui para melhorar qualidade do ambiente e equipe de trabalho? A análise dos dados indicou os seguintes resultados: Porte Score Rank Análise Mc 0,09 2 Pouca melhoria P 0,15 1 Pouca melhoria M 0,04 3 Pouca melhoria G -0,18 4 Pouca melhoria Fonte: Tabela de apuração por porte de empresa (anexo 3.3) Com base nessa análise, pode-se fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas, o CMM pode contribuir, embora pouco, mas de modo semelhante ao da Gestão de Pessoas, independentemente do porte da empresa. Conclui-se que há indícios de que, nas empresas pesquisadas, o uso do CMM contribuiu na gestão de pessoas, apresentando alguma melhoria na qualidade do ambiente e das equipes de trabalho. 132 e. Fator 5 – Analise e Modelagem de Processos i. Questões 3.2.1 a 3.2.3 – O CMM pode ser considerado excelente ferramenta de processos? Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: Porte Score Rank Análise Mc -0,14 4 Concorda parcialmente P -0,05 2 Concorda parcialmente M -0,16 3 Concorda parcialmente G 0,14 1 Concorda parcialmente Fonte: Tabela de apuração por porte de empresa (anexo 3.3) A partir dessa análise, é possível fazer a seguinte interpretação: nas empresas pesquisadas, o CMM pode, de certa forma, ser interpretado como ferramenta de modelagem de processos, independentemente do porte da empresa; portanto, há indícios de que, nas empresas pesquisadas, o CMM seja entendido como ferramenta de gestão de processo. f. Fator 6 – Treinamento e Desenvolvimento Profissional i. Questões 1.1.6 e 1.1.7 – Em que medida o CMM contribui para motivar busca pelo treinamento? Analisando-se os dados apurados, chegou-se aos seguintes resultados: Porte Score Rank Análise Mc 0,58 1 Contribui significativamente P 0,23 2 Contribui Medianamente M -0,28 4 Quase não Contribui G 0,04 3 Contribui pouco Fonte: Tabela de apuração por porte de empresa (anexo 3.3) 133 Observa-se, então, que, nas empresas pesquisadas, o CMM contribuiu, de alguma forma, na Gestão de Pessoas, em organizações de qualquer porte. A pesquisa indica ter havido alguma contribuição do CMM nos processos de gestão de pessoal, porém de forma diferente, de acordo com o tamanho da organização pesquisada. A maior contribuição ocorreu primeiramente nas microempresas, depois nas de P e G porte, e por último, nas médias empresas. g. Fator 7 – O CMM como Modelo Completo e Integrado i. Questão 3.1.6 – O CMM pode ser considerado modelo completo e integrado de gestão de processos de desenvolvimento de software? A análise dos dados indicou os seguintes resultados: Score Rank Análise Porte Mc 0,17 2 Concorda parcialmente P 0,27 1 Concorda M 0,10 3 Concorda parcialmente G -0,35 4 Discorda bastante Fonte: Tabela de apuração por porte de empresa (anexo 3.3) A análise permite ver o CMM, de alguma forma, como modelo completo e integrado de gestão de processos de software, exceto nas grandes empresas. A pesquisa indica haver maior aceitação do CMM, como modelo completo e integrado de processos, somente nas P empresas e parcialmente nas Mc e M. nas empresas de maior porte o modelo tem dificuldade de ser aceito como sistema completo e integrado de processos organizacionais. 134 5 CONCLUSÕES 5.1 Resultados Possivelmente, o mais resultado mais surpreendente da presente pesquisa, seja o fato de dar sustentação a uma das concepções bastante aceita universalmente; o emprego de padrões e normas internacionais, como a ISO, por exemplo, oferece facilidades e recursos capazes de igualar, num mesmo patamar, os processos de gestão de organização de empresas do mundo inteiro. Essa capacidade de universalização dos processos parece ser ainda maior ao usar o CMM, conforme se pode observar pelos resultados da pesquisa. As constatações decorrem do fato de não ter havido, de modo geral, diferenças significativas entre as respostas dadas às questões formuladas, em todas as características de interesse pesquisadas. Essa pequena variação das respostas, independentemente do país de origem, do nível de maturidade do CMM e do tamanho da empresa pesquisada, não se alterou de forma significativa, ao se analisar os resultados obtidos nos três países pesquisados, mesmo após o uso de uma técnica de estatística mais sofisticada. A padronização, que é um dos efeitos da globalização, torna possível produzir qualquer bem ou serviço em qualquer parte do mundo, dentro dos mesmos padrões de desempenho, design, conforto, durabilidade e demais dimensões de qualidade e produtividade. Além disso, nos sistemas altamente padronizados, mesmo havendo variações em algumas das entradas ou das condições iniciais de processamento, o sistema é capaz de manter as mesmas saídas. A esse princípio, Bertalanffy (1968, 64 e 65) atribuiu o nome de “Eqüifinalidade”. Em linhas gerais, as constatações dessa pesquisa insistem em corroborar esse princípio da Teoria Geral dos Sistemas. Por outro lado, a utilização das novas variáveis, construídas com base nos sete fatores de pesquisa, permitiu observar a variação das respostas dos indivíduos pesquisados nas características de interesse estudadas, isto é, países, nível do CMM e tamanho da empresa, dando base de fundamentação necessária para avaliação da 135 hipótese da pesquisa. Nesse sentido, seria correto afirmar, com certa margem de segurança, que o CMM não contribui, de forma significativa, para a melhoria dos processos de software e tão pouco dos demais processos de gestão pesquisados. No entanto, a pesquisa permite observar que o CMM contribui nos diferentes processos (pessoas, tecnologia e processos de trabalho), dependendo da variável e da característica observadas. Por exemplo, na característica “tamanho da empresa”, de forma geral, esta contribuição é duvidosa nas organizações de maior porte, enquanto que nas micro-empresas aparece como significativa em cinco das sete variáveis estudadas (qualidade e produtividade, gestão tecnológica, ambiente de trabalho e equipe, treinamento e desenvolvimento profissional e o CMM como modelo de gestão completo e integrado). A conclusão que se pode tirar dessa observação é a de que o CMM presta contribuição significativa às microempresas e praticamente nada às de grande porte, o que parece óbvio, de vez que essas empresas costumam ter uma estrutura organizacional mais estável, estando os seus processos mais organizados e controlados que nas microempresas. Entretanto, uma dúvida permeia esta conclusão: a contribuição do CMM é maior nas microempresas pelo fato de elas serem mais carentes e mais dependentes de padrões organizacionais? Se a resposta for afirmativa seria lógico questionar tal magnitude de contribuição, simplesmente pelo fato de que, não tendo mesmo padrão, quaisquer modelos ou normas adotados poderiam produzir resultado semelhante ao do CMM. Um dos resultados que podem surpreender, ao compara os dados dos países pesquisados, é o fato de a China ter demonstrado maior otimismo com o CMM do que a Índia (país acentuadamente à frente, em número de empresas usuárias do modelo). Tal otimismo pode ser observado, por exemplo, ao analisar se os dados das variáveis qualidade e produtividade, ambiente e equipe de trabalho e o CMM como modelo completo e integrado de gestão. Na tentativa de explicar esse fato, pode-se argumentar que, na Índia, o momento de euforia com o modelo já tenha passado; que no Brasil esse momento ainda não chegou, dado ao fato de o modelo encontrar se nos seus primeiros 136 anos de vida e ser ainda muito pouco conhecido, e que na China, ele já começa a contagiar seus praticantes. Ao comparar todos os sete fatores da pesquisa entre os três países, os resultados da análise nos levam a concluir que a China continua a ser o país mais otimista em relação a contribuição do CMM, seguida pela Índia e, por último, pelo o Brasil. Esse resultado parece confirmar nossa suspeita de que cada país esteja vivenciando estágios diferentes na prática do CMM. Outro resultado chama a atenção, ao se comparar o nível de maturidade organizacional (ML), da característica CMM usado, no que diz respeito à análise e modelagem de processo. Somente as organizações com ML 5 concordam que o CMM seja ferramenta de modelagem, enquanto que o maior impacto esperado deveria estar na gestão de processos das empresas de menor ML, uma vez que é nestas organizações que se encontra o maior nível de desordem, conforme descrito no referencial teórico. Tal resultado confronta com outra observação da mesma característica de interesse, quando se tenta conceber o CMM como modelo de gestão de processos, em que o resultado esperado não surpreende, confirmando a expectativa de que somente as organizações de ML 2, vêem o CMM como modelo completo e integrado de gestão de processos. Esse resultado merece também reflexão. Tal como o que acontece com as microempresas, o CMM pode estar causando melhor impacto nas organizações de nível 2, simplesmente pelo fato de que, nesse nível de maturidade, os processos não estão ainda consolidados e, desse modo, qualquer ferramenta de melhoria de processos poderia causar o mesmo efeito. No que se refere ao impacto do CMM na gestão dos processos de tecnologia, percebe-se claramente que o modelo contribui pouco. O pior é que isso não representa um resultado isolado, pois no que diz respeito aos processos de trabalho (ambiente e equipe), processos organizacionais (planejamento, organização, execução e controle de tarefas), análise e modelagem de processos e gestão de pessoas (treinamento e 137 desenvolvimento), o resultado da pesquisa é muito semelhante, levando à conclusão de que o CMM contribui pouco na melhoria desses fatores. Na tentativa de estabelecer uma escala de comparação sobre a contribuição do modelo estudado nos diferentes fatores, com base nos resultados da pesquisa, seria justo propor a seguinte classificação: primeiramente, as maiores contribuições seriam, em mesma ordem de grandeza, dos fatores 2, 4, 5 e 6 (metodologia, ambiente de trabalho, análise e modelagem e treinamento de desenvolvimento); em segundo lugar, viria o fator 1 (qualidade e produtividade); por último o fator 7 (o CMM como modelo completo e integrado). Porém, deve-se chamar a atenção para o fato da colocação do fator 7 em último lugar, pois, entre os demais fatores, esse é o que gerou mais controvérsias entre as respostas dadas pelos indivíduos pesquisados. Há muita variação entre as respostas dadas, que vão de “concorda bastante” a “discorda bastante”, quanto ao fato de o CMM ser modelo de gestão completo e integrado. Por isso, essa é uma das questões que merece ser mais discutida. A conclusão final, acerca dos resultados da pesquisa, é a de que uma intervenção programada, do tipo “implementação de uma nova tecnologia ou de um novo modelo de gestão de processos”, influencia ou impacta a gestão organizacional, em menor ou maior grau, dependendo das variáveis envolvidas no ambiente ou cultura organizacionais, como é o caso do CMM. Porém, no caso específico do CMM, os resultados das pesquisas nos levam a acreditar que o impacto não é significativo. Há, contudo, a esperança de que o CMMI, modelo mais abrangente e, de fato, mais integrado do que o CMM, possa resolver algumas das limitações do modelo em questão, permitindo que seu uso se dissemine por outros tipos de organização, não ficando restrito às empresas de software. Porém, há o risco de que esse novo modelo continue a ser pouco usado nas organizações do mundo inteiro, pelo fato de a nova ISO (15288) representar forte e real ameaça a este modelo, como descrito no referencial teórico. 138 5.2 Perspectivas e Tendências Tudo parece indicar que o SW-CMM terá ainda vida longa. As razões para se pensar assim se fundamentam no fato de que o SEI não descontinuou o modelo CMM, propriamente dito, como acreditam muitos profissionais de TI, mas apenas um dos seus componentes (o método CBA IPI, de avaliação do nível de maturidade organizacional). Como bem diz Bill Curtis20 no e-mail enviado ao autor e citado anteriormente, está claro que o SW-CMM vai continuar do mesmo modo, pensa Junior (2003). Outras razões para se pensar assim, apóiam-se nos fatos descritos no referencial teórico, como, por exemplo: as empresas querem tirar o maior proveito possível do investimento no CMM; outras, continuarão a usar o modelo para elevar o nível de maturidade, até chegarem a um estágio de evolução que lhes permitam migrar para o CMMI, com menos riscos. Por outro lado, seria também lógico considerar que o próprio CMMI está correndo risco, por alguns motivos, como discutido antes. O principal deles é a concorrência com outros modelos de gestão de processos, como as ISO 9000 e a ISO/IEC 15504, mais fáceis de implementação, de menor custo e por serem normas internacionais de maior alcance, aceitação e uso do que o CMMI, o qual, na tentativa de integrar outros modelos de maturidade, acabou ficando parecido com os sistemas ERPs: complexos, grandes e genéricos demais para serem usados pela maioria das organizações. Outro motivo ainda é que se baseia no aparecimento recente dos chamados “modelos ágeis”, que parecem estar muito mais próximos da realidade das pequenas e médias empresas de softwares (sua grande maioria) do que os modelos maiores e sofisticados, como o CMMI. 20 Usando as próprias palavras de Bill: “Since the SEI is piloting the use of the SCAMPI appraisal method with SW-CMM, it is clear that SW-CM v1.1 will not be sunset.. The only thing going away is the CBA IPI assessment method. Many organizations are staying with SW-CMM, especially in the IT word… The IT word has a much different profile of work”. 139 Todavia, mesmo com seus prós e contras, não seria fora de propósito acreditar que o CMM e o CMMI continuarão em cena por muito tempo, pois o Departamento de Defesa Americano, principal usuário e patrocinador desses produtos, além de ser o maior comprador de software do mundo, continuará a exigir que seus fornecedores demonstrem ter a qualidade necessária; e o uso de um desses modelos, por esses fornecedores, seria um forte recurso na estratégia de negócios com o DoD. 5.3 Recomendações No mundo científico, e mais ainda no acadêmico, percebem-se e aceitam-se, com naturalidade, o fato de que as pesquisas são temporais e espaciais. Isto é, seus resultados medem ou avaliam um fenômeno, evento ou comportamento que podem variar de acordo com o local e época da pesquisa. Dessa forma, os resultados da presente pesquisa devem ser vistos e analisados no respectivo contexto e momento estudados: o impacto do CMM em algumas de muitas empresas usuárias desse modelo e em três de muitos outros paises onde o referido modelo é praticado. Outro fato que recomenda cautela ao interpretar os resultados da presente pesquisa é o fato de que o CMM ainda e muito pouco usado (não chegando a 3 mil empresas) e menos ainda pesquisado no mundo todo, quando se compara, por exemplo o número de empresas certificadas pela ISO, que ultrapassa a 30 mil. Conseqüentemente, seria oportuno propor as seguintes recomendações: a) que se proceda outros estudos e pesquisas que forneçam outros subsídios para uma análise mais abrangente e profunda sobre o objeto estudado, pesquisando-se, por exemplo, o uso do CMM em outros países também considerados emergentes na indústria de software, como Israel e Irlanda; b) que sejam incluídos nessas pesquisas, o estudo de caso do Japão e Estados Unidos (onde estão a maioria absoluta dos usuários do CMM) e por serem estes os maiores produtores de softwares do mundo. Tal medida serviria 140 como suporte necessário ao estudo e confronto das práticas adotadas por estes países, em comparação com as práticas dos países emergentes; c) que se considere também como objeto de pesquisa para posterior estudo e comparação, outros modelos ou padrões de qualidade de software, como por exemplos as normas ISO/IEC 15504 e 15288, ou os modelos ágeis que, como visto, despontam como grandes concorrentes do modelo estudado. Evidentemente, o problema é complexo e grande demais para ser resolvido em curto prazo e merece o concurso de muitas outras pesquisas dessa natureza, cujas contribuições poderão trazer mais luz na tentativa de esclarecimento dessas e outras questões de estudo. 141 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARORA, Ashish, et al. The Indian Software Services Industries. Research Policy, 30 (2001) 1-1267-1287, 7 de novembro de 2000. BAJPAI, Nirupan; SHASTRI, Vanita. Software Industry in India: a case study. Development discussion paper, n. 667, dez. 1998, Harvard Institute for International development. BALASUBRAMANYAM, Ahalya e BALASUBRAMANYAN V. N. Singer, Services and Software. World Development, Vol. 25, No. 11, pp. 1857-1861, 1997. BAMBERGER, Judy. Essence of the Capability Maturity Model. Software Realities. ST Labs Inc. USA: James Bach Ed., 1997, pp.112-114. BANERJEE, P. Some Indicators of Dynamic Technological Competencies: understanding of indian software managers. 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Acesso em: 27 fev. 2003. 150 ANEXOS DE TABELAS E OUTROS DOCUMENTOS 151 ANEXO 1 Tabela 6 Alguns Indicadores Sócio-Econômicos dos Países Pesquisados Indicador Localização6 Brasil China Índia Leste da América do Leste da Ásia Centro-Sul da Ásia 9.572.900 3.287.782 Sul Área (Km2)6 Clima6 8.547.403 Equatorial, maior parte Variado: montanha, Variado: montanha, tropical monção e árido frio monção (maior parte) árido tropical, etc. Principais cidades6 Brasília (Capital: Pequim-Beijing (Capital: Nova Délhi (Capital: 1.969.868) 12.000.000) 294.783) São Paulo (9.968.485) Xangai (14.700.000) Mumbai (Aglomeração Rio de Janeiro Tianjin (10.400.000) urbana: 16.086.000, em (5.598.953) 2001) Salvador (2.302.832) Calcutá (Aglomeração BH (2.139.125) urbana: 13.058.000, em 2000) Délhi (Aglomeração urbana: 12.441.000, em 2000) Bangalore: 4.292.223 Regime político6 República Democrática Comunismo – Um único República Partidos políticos: 19 partido Parlamentarista Partidos (2): do Congresso e do Povo Idiomas6 Português (oficial) Mandarim (Oficial) Hindi (Oficial) e várias Dialetos regionais línguas regionais, (principais): Min, VU e sendo 6 as principais Cantonês População 1 170.4 milhões 1.3 bilhão 1 bilhão População Rural 4 27 milhões 853 milhões 545 milhões População urbana 6 81,25% (2000) 32% (1997) 27% (1997) 504 (2001) 6 1.346 (2003) 1 509 (2003) 1 23.7% 79.9% 47.3% PIB (em US $ bilhões) População que vive com 152 menos de US$ 2 por dia (Quase ¼ da (Maioria absoluta da (Quase a metade da (1990-2001)7 população) população) população) 1,4% (2001) 3 8,55 (2003) 2 7% (2003) 2 US $ 3.580 US $ 4.690 US $ 2.610 87.3% 85.8% 58% 0,777 (2001) 0,721 (2000) 0,590 (2001) 0,590 (em 2002) 0,403 (em 2001) np np US $ 0,8 2 US $ 0,66 2 Taxa de crescimento do PIB PIB per capita (PPP)1 Índice de Alfabetismo – Percentual acima de 15 anos (2001)7 IDH (0-1)7 Desigualdade Social (Índice GINI)1, 5 Custo por hora trabalhada Religiões (principais) 6 Católica Apostólica Sem Religião 42,2% Hinduísmo 74,5% Romana 73,8% Crenças populares 28,5% Islamismo 12,1% Evangélicas 15,4% Budismo 8,4% Cristianismo 6,2% Sem Religião 7,3% Ateísmo 8,1% Cristianismo 7,1% 1 – Consulta (Banco Mundial): www.worldbank.org 2 – The Economist (Ranking das Nações Unidas) 3 – IBGE (censo demográfico 1940-2000 e PNAD 2001, PNUD 2000, Banco Central e FGV) 4 – FAO, Banco Mundial – Publicado in: Valor Econômico, caderno Brasil, 11 de dez. 2003, p. A6 5 – Índice GINI (varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade) 6 – Almanaque Abril – A Enciclopédia da Atualidade, 2000 e 2003. 7 – Consulta (Nações Unidas): www.undp.org/hdr2003/indicator/ np – Não disponível 153 Tabela 14.1 Comunalidades Questão Comunalidades P2111 0,73 P2112 0,72 P2113 0,6 P2115 0,69 P2116 0,79 P2117 0,76 P2211 0,49 P2212 0,67 P2213 0,75 P2214 0,72 P2221 0,65 P2222 0,69 P2223 0,71 P2224 0,81 P2225 0,75 P2226 0,69 P2311 0,55 P2312 0,62 P2313 0,69 P2314 0,64 P2315 0,66 P2316 0,7 P2321 0,77 P2322 0,78 P2323 0,63 154 Tabela 15 Correlação dos Fatores Questão FATOR1 FATOR2 FATOR3 FATOR4 FATOR5 FATOR6 FATOR7 P2224 0,81546 -0,04662 0,02460 P2222 0,80114 0,06721 0,01216 0,00317 0,10226 -0,06112 -0,17831 P2226 0,79792 0,14019 0,11322 0,10361 0,09850 -0,05565 -0,02227 P2223 0,78466 0,14477 0,08226 0,17229 0,11011 -0,00814 -0,15915 P2221 0,66020 0,03231 0,05326 0,18621 -0,11780 0,01814 0,40195 P2225 0,65451 -0,14535 -0,05936 0,23266 -0,05228 0,14143 0,47305 P2313 -0,03909 0,79891 0,08918 0,12832 0,08999 0,13139 -0,00444 P2314 -0,04288 0,73883 0,21474 0,03866 0,16993 0,11546 P2312 0,16734 0,73592 0,08860 0,05035 0,19630 0,00212 -0,05695 P2311 0,15809 0,59007 0,06484 0,07971 0,36281 -0,07374 0,18377 P2315 0,11846 0,57228 0,21045 0,07440 0,07740 P2111 -0,01845 0,08676 0,82334 0,13692 0,05474 -0,01443 0,14542 P2112 0,03759 0,08720 0,80284 0,10954 0,22298 0,04076 P2115 0,09899 0,17556 0,76877 0,08277 0,01513 0,20788 -0,07393 P2113 0,20223 0,42037 0,57144 0,10957 0,02937 0,18979 P2214 0,09934 0,02041 0,04790 0,83699 0,05532 0,03071 -0,05847 P2213 0,16676 -0,01822 0,11780 0,83110 0,03176 0,09695 P2212 0,18545 0,19186 0,12913 0,75694 -0,03663 0,07704 -0,01575 P2211 0,34378 0,22226 0,18248 0,51296 P2322 0,11045 0,14857 0,11376 -0,00713 0,85598 0,03287 P2321 0,01833 0,21245 0,09540 0,09441 0,81916 0,13904 -0,11496 P2323 0,01877 0,35987 0,08605 0,00779 0,64231 0,01840 0,27969 P2116 0,03325 0,19174 0,06241 0,00396 0,01487 0,86341 0,07014 P2117 -0,08525 0,03649 0,21658 0,17974 0,14457 0,80034 -0,09351 P2316 0,01491 0,21433 -0,04268 0,30127 -0,15362 0,62836 0,37348 0,23627 -0,00967 0,03828 0,26500 0,29438 0,07503 0,44338 0,05224 0,09519 0,10061 0,08988 -0,01722 0,13645 0,06414 155 Tabela 16 Característica de Interesse – País PAIS e Rank entre os três países Média BR Rank CH Rank IN Rank FATOR1 0,01146168 2 0,35051154 1 -0,16950656 3 FATOR2 0,00858879 2 -0,41140769 3 0,16029016 1 FATOR3 0,26119159 1 0,09379615 2 -0,49813279 3 FATOR4 0,00292056 2 0,04577692 1 -0,02463279 3 FATOR5 -0,00995421 2 -0,67765385 3 0,30630492 1 FATOR6 0,03940187 1 -0,10517308 3 -0,02427705 2 FATOR7 0,19381028 2 0,36977692 1 -0,4975623 3 Tabela 17 Característica de Interesse – CMM CMM e Rank Média 2 Rank 3 Rank 4 Rank 5 Rank FATOR1 0,01504932 1 -0,02003902 3 -0,02154333 4 0,007382 2 FATOR2 -0,11550411 3 0,10129268 2 -0,13649 4 0,167472 1 FATOR3 0,2008863 2 0,39269024 1 -0,21764667 3 -0,48471 4 FATOR4 0,14854247 1 -0,1692561 4 -0,12638667 3 -0,002248 2 FATOR5 -0,01551507 2 -0,20641951 3 -0,33315333 4 0,391818 1 FATOR6 0,07384932 2 -0,06667805 3 -0,25964667 4 0,102656 1 FATOR7 0,38451233 1 -0,12896585 2 -0,16341667 3 -0,357574 4 Tabela 18 Característica de Interesse – Tamanho da Empresa Tamanho da Empresa e Rank Média Até 10 Rank 11 a 99 Rank 100 a 499 Rank 500 e mais Rank FATOR1 0,789 1 0,10527609 2 -0,2006726 4 0,00536825 3 FATOR2 0,33201667 1 0,05364565 2 -0,1257137 4 0,04325873 3 FATOR3 0,288325 1 0,02469565 3 0,09984795 2 -0,18864603 4 FATOR4 0,093 2 0,15474348 1 0,04772055 3 -0,18599524 4 FATOR5 -0,14768333 4 -0,05872174 2 -0,06742055 3 0,14913651 1 FATOR6 0,58904167 1 0,23464348 2 -0,2835863 4 0,04508413 3 FATOR7 0,17503333 2 0,27781957 1 0,10344247 3 -0,35604444 4 Número de Empresas Pesquisadas = 19 Quant. 3 5 7 4 156 Tabela 19 Característica de Interesse – Escolaridade Escolaridade e Rank Média 0 Rank 2 Rank 3 Rank 4 Rank 5 Rank FATOR1 0,30294444 1 0,28514667 2 0,05262604 3 -0,05533333 4 -0,2495122 5 FATOR2 0,0113 4 0,43134 1 0,01448021 3 -0,27905152 5 0,0304122 2 FATOR3 -0,37013333 5 0,36763333 1 -0,09679583 4 0,32725455 2 -0,09000488 3 FATOR4 0,44267778 1 -0,04296 4 -0,12475313 5 0,00890303 3 0,20348537 2 FATOR5 -0,12852222 4 0,23216 1 0,13262396 2 -0,10633333 3 -0,28166098 5 FATOR6 -0,32634444 5 -0,25987333 4 0,11135729 1 -0,06733333 3 -0,03981707 2 FATOR7 -0,14392222 5 0,43634667 1 0,01357187 2 -0,02935152 3 -0,13618537 4 Tabela 20 Característica de Interesse – Cargo do Informante Cargo e Rank Média 0 Rank 1 0,53 1 0,1 Ran 2 Ran - 6 k FATOR1 2 0,21 3 - 8 1,07 FATOR3 - 7 0,44 Ran - 5 k 0,03 FATOR2 3 - 4 Ran - 4 k 0,02 5 k Ran 6 Ran - 8 k 0,08 3 0,01 0,2 - 0,31 - 0,09 4 0,03 5 0,46 2 0,02 6 1 0,08 3 0,04 4 0,01 5 0,31 2 -0,2 6 0,23 k 1,36 1 - 8 1,02 1 - 7 8 0,62 - 8 0,19 2 0,17 1 0,13 - 6 0,11 3 0,09 4 0,01 5 7 0,09 5 0,07 6 0,15 3 2 - 7 - 6 - 8 0,05 4 0,26 2 0,25 5 0,53 1 0,05 3 0 4 0,1 0,18 FATOR7 7 0,14 7 0,41 FATOR6 - 0,21 0,08 FATOR5 Ran k 0,78 FATOR4 7 0,49 8 0,23 7 0,07 6 0,04 5 0,01 4 0,03 0,29 3 0,45 1,08 2 1,94 1 157 Tabela 21 Característica de Interesse – Formação Acadêmica do Informante Formação e Rank Média 0 FATOR1 - Ran 1 Ran k 2 Ran k Ran - k 4 Ran 8 0,25 3 k -0,3 7 0,02 4 7 0,12 4 0,27 2 0,14 3 -0,1 6 4 0,4 1 - 5 0,21 3 - 7 2 - 6 5 0,14 4 0,11 0,2 0,25 FATOR5 - 8 0,41 FATOR6 - 6 - - - 5 - 4 0,15 6 5 6 0,3 5 - 2 0,11 2 0,97 1 8 1,13 1 - 8 k - 2 - 4 0,28 k 0,24 6 0,4 2 7 0,72 1 0,2 3 2,83 4 - 0,54 1 - 7 0,04 3 0,42 2 - 7 -0,9 8 - 7 0,16 5 0,12 3 0,2 1 0,21 3 -0,6 8 - 6 0,65 0,12 1 0,21 Tabela 22 Quartis FATOR1 FATOR2 FATOR3 FATOR4 FATOR5 FATOR6 FATOR7 1ºQUARTIL -0,58 -0,51 -0,39 -0,73 -0,73 -0,59 -0,8 MEDIANA 0,08 0,08 0,28 0,12 0,12 -0,04 0,08 2ºQUARTIL 0,82 0,73 0,62 0,76 0,76 0,81 0,78 Tabela 23 Fator1 (Proporção de informantes) % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- BR 26,17 23,36 23,36 27,10 CH 26,92 11,54 26,92 34,62 IN 24,59 32,79 22,95 19,67 26,03 20,55 24,66 28,77 País CMM 2 8 0,63 0,05 0,3 Ran 0,13 - 0,01 0,04 0,04 7 0,25 0,09 - - 0,15 0,08 0,01 0,19 FATOR7 Ran 0,03 0,09 FATOR4 6 0,12 0,23 FATOR3 Ran k 0,46 - 5 k 5 0,01 FATOR2 3 158 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 3 31,71 26,83 19,51 21,95 4 33,33 23,33 16,67 26,67 5 16,00 30,00 30,00 24,00 Até 10 0,00 8,33 41,67 50,00 De 11 a 99 26,09 19,57 30,43 23,91 De 100 a 499 34,25 28,77 16,44 20,55 500 e mais 20,63 26,98 23,81 28,57 0 22,22 11,11 22,22 44,44 2 6,67 33,33 26,67 33,33 3 23,96 21,88 27,08 27,08 4 27,27 27,27 21,21 24,24 5 36,59 29,27 17,07 17,07 0 10,00 10,00 20,00 60,00 1 25,00 25,00 0,00 50,00 2 22,45 24,49 32,65 20,41 3 27,50 20,00 25,00 27,50 4 29,41 27,94 20,59 22,06 5 18,18 36,36 9,09 36,36 6 36,36 18,18 27,27 18,18 7 0,00 100,00 0,00 0,00 0 35,71 16,67 19,05 28,57 1 38,71 22,58 16,13 22,58 2 12,20 46,34 19,51 21,95 Tam. Empresa Escolaridade Cargo Formação 159 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 3 45,45 27,27 9,09 18,18 4 14,29 19,05 42,86 23,81 5 30,77 15,38 30,77 23,08 6 23,08 15,38 15,38 46,15 7 0,00 0,00 0,00 100,00 Tabela 24 Fator2 (Proporção de informantes) % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- BR 23,36 20,56 28,97 27,21 CH 46,16 23,08 15,38 15,38 IN 19,67 32,79 19,67 27,87 2 24,66 23,29 31,51 20,55 3 29,27 14,63 19,51 36,59 4 36,67 30,00 10,00 23,33 5 16,00 32,00 26,00 26,00 Até 10 16,67 16,67 41,67 25,00 De 11 a 99 19,57 23,91 30,43 26,09 De 100 a 499 28,77 27,40 20,55 23,29 500 e mais 26,98 23,81 20,63 28,57 0 33,33 11,11 33,33 22,22 2 6,67 20,00 33,33 40,00 3 22,92 23,96 28,13 25,00 4 39,39 21,21 18,18 21,21 País CMM Tam. Empresa Escolaridade 160 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 5 24,39 34,15 14,63 26,83 0 30,00 10,00 0,00 60,00 1 50,00 50,00 0,00 0,00 2 32,65 30,61 16,33 20,41 3 17,50 30,00 32,50 20,00 4 25,00 20,59 30,88 23,53 5 18,18 0,00 36,36 45,45 6 18,18 36,36 9,09 36,36 7 0,00 0,00 0,00 100,00 0 38,10 21,43 23,81 16,67 1 16,13 19,35 32,26 32,26 2 12,20 36,59 14,63 36,59 3 27,27 9,09 27,27 36,36 4 26,19 26,19 28,57 19,05 5 38,46 23,08 15,38 23,08 6 30,77 23,08 30,77 15,38 7 0,00 0,00 0,00 100,00 Cargo Formação Tabela 25 Fator3 (Proporção de informantes) % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- BR 11,21 24,30 33,64 30,84 CH 23,08 19,23 15,38 42,31 IN 49,18 31,15 13,11 6,56 País CMM 161 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 2 12,33 23,29 34,25 30,14 3 9,76 24,39 26,83 39,02 4 33,33 30,00 16,67 20,00 5 50,00 28,00 14,00 8,00 Até 10 8,33 50,00 25,00 16,67 De 11 a 99 17,39 26,09 28,26 28,26 De 100 a 499 23,29 23,29 23,29 30,14 500 e mais 34,92 23,81 23,81 17,46 0 44,44 22,22 22,22 11,11 2 6,67 13,33 46,67 33,33 3 26,04 29,17 26,04 18,75 4 18,18 21,21 24,24 36,36 5 29,27 26,83 14,63 29,27 0 50,00 30,00 10,00 10,00 1 0,00 25,00 50,00 25,00 2 24,49 28,57 16,33 30,61 3 25,00 27,50 30,00 17,50 4 22,06 22,06 29,41 26,47 5 9,09 18,18 27,27 45,45 6 36,36 36,36 18,18 9,09 7 100,00 0,00 0,00 0,00 0 28,57 26,19 14,29 30,95 1 9,68 25,81 29,03 35,48 Tam. Empresa Escolaridade Cargo Formação 162 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 2 39,02 14,63 19,51 26,83 3 18,18 9,09 45,45 27,27 4 21,43 40,48 23,81 14,29 5 30,77 23,08 30,77 15,38 6 7,69 30,77 46,15 15,38 7 100,00 0,00 0,00 0,00 Tabela 26 Fator4 (Proporção de informantes) % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- BR 28,97 18,69 18,69 33,64 CH 19,23 23,08 46,15 11,54 IN 21,31 36,07 26,23 16,39 2 23,29 21,92 19,18 35,62 3 34,15 12,20 29,27 24,39 4 30,00 30,00 23,33 16,67 5 18,00 36,00 30,00 16,00 Até 10 25,00 8,33 25,00 41,67 De 11 a 99 21,74 21,74 32,61 23,91 De 100 a 499 24,66 23,29 23,29 28,77 500 e mais 28,57 31,75 20,63 19,05 0 11,11 11,11 44,44 33,33 2 26,67 26,67 33,33 13,33 País CMM Tam. Empresa Escolaridade 163 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 3 27,08 26,04 22,92 23,96 4 36,36 12,12 9,09 42,42 5 14,63 34,15 34,15 17,07 0 10,00 30,00 50,00 10,00 1 25,00 50,00 0,00 25,00 2 28,57 32,65 14,29 24,49 3 22,5 20,00 25,00 32,50 4 29,41 16,18 27,94 26,47 5 18,18 27,27 45,45 9,09 6 18,18 36,36 18,18 27,27 7 0,00 100,00 0,00 0,00 0 16,67 19,05 38,10 26,19 1 35,48 16,13 19,35 29,03 2 29,27 26,83 21,95 21,95 3 27,27 18,18 27,27 27,27 4 28,57 38,10 23,81 9,52 5 0,00 15,38 30,77 53,85 6 23,08 30,77 0,00 46,15 7 100,00 0,00 0,00 0,00 Cargo Formação 164 Tabela 27 Fator5 (Proporção de informantes) % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- BR 24,30 29,91 24,30 21,50 CH 50,00 19,23 11,54 19,23 IN 16,39 18,03 29,51 36,07 2 23,29 28,77 27,40 20,55 3 34,15 26,83 14,63 24,39 4 40,00 23,33 13,33 23,33 5 12,00 18,00 34,00 36,00 Até 10 41,67 8,33 25,00 25,00 De 11 a 99 28,26 17,39 19,57 34,78 De 100 a 499 27,40 27,40 21,92 23,29 500 e mais 17,46 30,16 30,16 22,22 0 33,33 22,22 22,22 22,22 2 6,67 40,00 40,00 13,33 3 22,92 20,83 25,00 31,25 4 30,30 27,27 15,15 27,27 5 31,71 26,83 24,39 17,07 0 60,00 10,00 0,00 30,00 1 0,00 50,00 0,00 50,00 2 20,41 20,41 30,61 28,57 3 15,00 30,00 15,00 40,00 4 35,29 23,53 22,06 19,12 País CMM Tam. Empresa Escolaridade Cargo 165 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 5 9,09 45,45 36,36 9,09 6 18,18 18,18 54,55 9,09 7 0,00 0,00 100,00 0,00 0 42,86 19,05 21,43 16,67 1 19,35 35,48 29,03 16,13 2 24,39 31,71 24,39 19,51 3 27,27 27,27 18,18 27,27 4 11,90 16,67 19,05 52,38 5 38,46 15,38 23,08 23,08 6 15,38 30,77 38,46 15,38 7 0,00 0,00 100,00 0,00 Formação Tabela 27 Fator6 (Proporção de informantes) % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- BR 28,04 16,82 26,17 28,97 CH 19,23 42,31 19,23 19,23 IN 24,59 29,51 26,23 19,67 2 26,03 16,44 28,77 28,77 3 29,27 26,83 17,07 26,83 4 23,33 40,00 23,33 13,33 5 24,00 24,00 28,00 24,00 País CMM 166 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- Até 10 8,33 8,33 25,00 58,33 De 11 a 99 21,74 23,91 23,91 30,43 De 100 a 499 32,88 26,03 24,66 16,44 500 e mais 23,81 25,40 26,98 23,81 0 22,22 33,33 33,33 11,11 2 33,33 33,33 20,00 13,33 3 25,00 20,83 27,08 27,08 4 33,33 12,12 24,24 30,30 5 19,51 36,59 21,95 21,95 0 20,00 40,00 20,00 20,00 1 25,00 0,00 25,00 50,00 2 20,41 24,49 32,65 22,45 3 25,00 25,00 25,00 25,00 4 26,47 17,65 27,94 27,94 5 36,36 45,45 9,09 9,09 6 36,36 36,36 0,00 27,27 7 100,00 0,00 0,00 0,00 Tam. Empresa Escolaridade Cargo Formação 167 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 0 19,05 45,24 21,43 14,29 1 29,03 19,35 29,03 22,58 2 24,39 24,39 21,95 29,27 3 27,27 9,09 54,55 9,09 4 28,57 16,67 21,43 33,33 5 15,38 15,38 38,46 30,77 6 38,46 15,38 15,38 30,77 7 100,00 0,00 0,00 0,00 Tabela 28 Fator7 (Proporção de informantes) % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- BR 19,63 19,63 27,10 33,64 CH 11,54 30,77 26,92 30,77 IN 42,62 29,51 19,67 8,20 2 12,33 19,18 27,40 41,10 3 29,27 26,83 26,83 17,07 4 26,67 30,00 26,67 16,67 5 42,00 26,00 18,00 14,00 Até 10 25,00 8,33 41,67 25,00 De 11 a 99 17,39 23,91 21,74 36,96 De 100 a 499 19,18 26,03 27,40 27,40 500 e mais 39,68 25,40 20,63 14,29 País CMM Tam. Empresa 168 % -Q1 Q1-MED MED-Q3 Q3- 0 11,11 55,56 33,33 0,00 2 20,00 6,67 26,67 46,67 3 27,08 18,75 26,04 28,13 4 24,24 21,21 30,30 24,24 5 29,27 39,02 14,63 17,07 0 30,00 30,00 40,00 0,00 1 25,00 25,00 50,00 0,00 2 28,57 26,53 20,41 24,49 3 27,50 25,00 15,00 32,50 4 26,47 22,06 29,41 22,06 5 27,27 18,18 27,27 27,27 6 0,00 27,27 27,27 45,45 7 0,00 0,00 0,00 100,00 0 16,67 42,86 21,43 19,05 1 22,58 16,13 16,13 45,16 2 21,95 14,63 34,15 29,27 3 9,09 27,27 27,27 36,36 4 54,76 21,43 14,29 7,69 5 23,08 30,77 38,46 7,69 6 0,00 7,69 46,15 46,15 7 0,00 100,00 0,00 0,00 Escolaridade Cargo Formação 169 ANEXO 2 – Modelos dos Questionários QUESTIONÁRIO no. 01-1 (Versão em Português) Tempo médio de preenchimento: 15 minutos APLICAÇÃO: gerentes e técnicos de empresas usuárias do modelo CMM Este questionário tem como finalidade servir de instrumento de coleta de dados para uma pesquisa da Indústria de Software do Brasil. Esta pesquisa servirá como suporte a um estudo acadêmico, cujo objetivo é fazer uma análise crítica sobre as possíveis contribuições do modelo CMM para a melhoria da gestão dos processos de software. A razão social da empresa não será divulgada, mantendo-se sigilo absoluto, a menos que tenhamos a devida autorização para tal. Sua colaboração será de extrema importância para o estudo que está sendo realizado. Muito obrigado pela sua atenção e colaboração! CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA: • a) Nome da Empresa e Unidade usuária do CMM/Fábrica de Software (optional): b) Atividade(s) da Unidade (Permitido a marcação de mais de um item, de acordo com cada caso) ( ( ( ( ( ( ( ) Desenvolve software para uso próprio ) Desenvolve software-pacote para comercialização (package software) ) Desenvolve software sob encomenda para terceiros (custom software) ) Desenvolve software embarcado (embedded/bundled) ) Desenvolve software para Internet (Internet enable software) ) É distribuidora ou editora de software de terceiros ) Não desenvolve e não distribui software (encerre a pesquisa) 170 c) Estados e cidades onde estão as unidades das fábricas de software • Estado: ___________________ Cidade: _________________________ • Estado: ___________________ Cidade: _________________________ • Estado: ___________________ Cidade: _________________________ d) Ramo de negócio:________________________________________________ e) Nível de CMM de sua empresa: 2 ( ) 3( ) 4( ) 5( ) f) Total de pessoas que trabalham em sua unidade da fábrica de software: • Em atividades “fim” (processos produtivos de software): ____________ • Em atividades “meio” (processos de apoio): ______________ g) Total de pessoas que trabalha na unidade da fábrica de software pesquisada: • Em atividades “fim” (processos produtivos de software): _____________ • Em atividades “meio” (processos de apoio): _________________ h) Indique o seu cargo ou função na empresa: ___________________________ i) Indique o seu nível educacional: ( ) Secundário incompleto ( ( ) Superior incompleto ( ( ) Pós-graduação ou especialização ( ) Mestrado incompleto ( ( ) Doutorado incompleto ( ) Secundário completo ) Superior completo ) Mestrado completo ) Doutorado completo j) Indique a sua formação acadêmica: __________________________________ QUESTIONÁRIO INSTRUÇÕES 1) O questionário a seguir tem como objetivo colher a sua percepção sobre o uso do modelo CMM na cadeia de desenvolvimento de software. Para isto, você deverá responder as questões que se seguem, com base em seus conhecimentos e experiência neste método; 171 2) Para efeito desta pesquisa você deverá considerar como “Gestão do Processo Desenvolvimento de Software”, todas as atividades envolvidas na fabricação do software, que vão desde o seu desenho e projeto, passando pelo seu desenvolvimento propriamente dito, seguido pelos testes até a sua manutenção ou atualização; 3) A cada uma das perguntas formuladas você deverá escolher e marcar com um “X”, numa escala decrescente de 5 a 1, o nível desta escala que melhor satisfaça à sua expectativa de resposta. Por exemplo, se você considera que o modelo CMM tem uma contribuição muito significativa na Gestão do Processo de Desenvolvimento de Software, então você deve indicar a sua resposta como se segue: 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada X 4) O questionário é individual e o mesmo modelo se aplica tanto aos gerentes com aos técnicos; 5) Roga-se que todas as perguntas do questionário sejam respondidas; 6) Em caso de dúvida, por favor me consultar diretamente, por telefone (2570-6588 ou 99739067) ou e-mail, [email protected] como preferir 1) PROCESSOS GESTÃO DE PESSOAS 1.1) QUESTÕES SOBRE TREINAMENTO E DESEMPENHO DE TAREFAS Em seu entendimento, em que medida a utilização do Modelo CMM pela sua empresa contribui para: 1.1.1) Melhorar o planejamento das tarefas ou atividades de desenvolvimento de software? 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 1.1.2) Melhorar a organização das tarefas ou atividades de desenvolvimento de software? 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 172 1.1.3) Melhorar a execução das tarefas ou atividades de desenvolvimento de software? 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 1.1.5) Melhorar o controle das tarefas ou atividades de desenvolvimento de software? 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 1.1.6) Motivá-lo a buscar treinamento profissional de forma continuada, por meio de novos cursos técnicos? 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 1.1.7) Motivá-lo a buscar o desenvolvimento ou formação profissional, por meio de cursos acadêmicos como de graduação ou pós-graduação? 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 1.1.8) Quanto tempo de treinamento (em horas) foi necessário para que você se sentisse capacitado o Modelo CMM em suas funções? ____________ 1.1.9) Em que local e horário ocorreu o treinamento referido na questão anterior? 1) No local de trabalho e no horário normal de expediente 2) No local de trabalho, mas fora do horário de expediente 3) Fora do local de trabalho, mas no horário normal de expediente 4) Fora do local de trabalho e do horário expediente 173 1.1.10) De acordo com a sua experiência, para quais atividades do desenvolvimento de software, o modelo CMM é mais recomendado? a) b) c) d) e) ___________________________ ___________________________ ___________________________ ___________________________ ___________________________ 2) GESTÃO DE PROCESSOS DE TRABALHO 2.1) QUESTÕES SOBRE AMBIENTE E EQUIPE Em sua percepção, quanto o Modelo CMM utilizado pela sua empresa contribui para: 2.1.1) A melhoria do ambiente de trabalho, através de uma maior participação dos empregados nas tarefas e atividades: 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 2.1.2) A melhoria da qualidade de vida de seus empregados - Isto é, os empregados passaram a ter alguma melhoria de condição de trabalho, vantagem ou benefício adicional: 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 2 – Quase nada 1 – Nada 2.1.3) A redução dos índices de rotatividade (turnover) de pessoal? 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2.1.4) A redução dos índices absenteísmo (de falta ao trabalho) na empresa: 174 5 – Muito 4 – Nem muito nem pouco (medianamente) 3 – Pouco 2 – Quase nada 1 – Nada 2.2) QUESTÕES SOBRE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE Em seu entendimento, quanto o Modelo CMM utilizado pela sua empresa contribui para: 2.2.1) Aumentar a produtividade de software de sua empresa? 5 – Muito Mais de 60% 4 – Nem muito nem pouco Mais de 30% e menos de 60% 3 – Pouco Mais 10% e menos de 30% 2 – Quase nada Até 10% 1 – Nada 0% 2.2.2) Aumentar a procura pelos produtos ou serviços de sua empresa? 5 – Muito Mais de 60% 4 – Nem muito nem pouco Mais de 30% e menos de 60% 3 – Pouco Mais 10% e menos de 30% 2 – Quase nada Até 10% 1 – Nada 0% 2.3.3) Aumentar a fidelidade de seus clientes para com a sua empresa? 5 – Muito Mais de 60% 4 – Nem muito nem pouco Mais de 30% e menos de 60% 3 – Pouco Mais 10% e menos de 30% 2 – Quase nada Até 10% 1 – Nada 2 – Quase nada Até 10% 1 – Nada 0% 2.2.4) A redução dos custos de produção de software? 5 – Muito Mais de 60% 4 – Nem muito nem pouco Mais de 30% e menos de 60% 3 – Pouco Mais 10% e menos de 30% 0% 175 2.2.5) A redução do preço de seus produtos ou serviços? 5 – Muito Mais de 60% 4 – Nem muito nem pouco Mais de 30% e menos de 60% 3 – Pouco Mais 10% e menos de 30% 2 – Quase nada Até 10% 1 – Nada 0% 2.3.6) Redução das queixas e reclamações de seus clientes quanto aos produtos ou serviços de sua empresa? 5 – Muito Mais de 60% 4 – Nem muito nem pouco Mais de 30% e menos de 60% 3 – Pouco Mais 10% e menos de 30% 2 – Quase nada Até 10% 1 – Nada 0% 3) PROCESSOS DE GESTÃO DE TECNOLOGIA 3.1) QUESTÕES SOBRE METODOLOGIA (OU FERRAMENTA) O modelo CMM, utilizado pela sua empresa, pode ser considerado: 3.1.1. Um excelente modelo para ajudar a entender e melhorar o desenvolvimento de software de sua empresa: 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo totalmente 3.1.2. Um excelente modelo para ajudar a descobrir os pontos fracos e fortes do desenvolvimento de software de sua empresa: 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo totalmente 3.1.3. Um excelente modelo para ajudar a identificar e priorizar os trabalhos importantes de desenvolvimento de software de sua empresa: 176 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo plenamente 3.1.4. Um excelente modelo para ajudar a diagnosticar os problemas de desenvolvimento de software de sua empresa: 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo plenamente 3.1.5. Um excelente modelo para ajudar a resolver os problemas de desenvolvimento de software de sua empresa: 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo plenamente 3.1.6. Um sistema completo e integrado que ajuda a planejar, implementar e administrar a qualidade de software de sua empresa: 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo plenamente 3.2) QUESTÕES SOBRE ANÁLISE E MODELAGEM A análise e modelagem de processos, do modelo CMM, utilizado pela sua empresa ajuda, significativamente: 3.2.1. Na análise crítica de novos processos (prospecção) de desenvolvimento de software de sua empresa: 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo totalmente 3.2.2. Na criação de novos processos de desenvolvimento de software de sua empresa 177 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo totalmente 3.2.3. Na manutenção (em todos os seus aspectos) de processos de desenvolvimento de software de sua empresa 5 – Concordo plenamente 4 – Concordo 3 – Concordo parcialmente 2 – Discordo 1 – Discordo totalmente Após o seu preenchimento, por favor, retorne o questionário diretamente para: [email protected] 178 Questionnaire No. 01-1 (English Version) Average time for completion: 15 minutes Apply to: managers and technicians working in CMM user firms. This questionnaire aims to collect data for a research on Brazilian Software Firms to be used in an academic study with the purpose of making a critical analysis on the possible contribution of the CMM model for the improvement of software process management. The company names will not be disclosed, so as to preserve their privacy, unless we are allowed to do so by the company itself. Our experience indicates that it will take you approximately 15 minutes to answer the questions below. Your participation will be very important for our project. We are very grateful for your assistance COMPANY DESCRIPTION a) Company name (optional): ______________________________________ b) Companhy Specialization (you can check as many as company is responsible for) ( ( ( ( ( ( ( ) Software development for self use ) Packaged Software development ) Custom Software development ) Embedded/bundled Software development ) Internet enable Software development ) Outsourcing Software development ) Not a software development nor a distributing company 179 c) Country: ( ) China ( ) USA ( • City: ________________________________ ) India d) Business activity: _____________________________________ e) CMM Level of your firm: ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 f) Number of employees: • directly engaged in software production: ____________________ • in support activities: _____________________ g) Indicate position, please: ________________________________________ h) Indicate your educational level, please: ( ( ( ( ( ( ( ) Secondary education ) Graduation in _______________________ ) Master degree not concluded ) Master degree in ________________________ ) PHD degree not concluded ) PHD degree in _________________________ ) Other __________________________________ QUESTIONNAIRE INSTRUCTIONS 1) The research is useful to be acquainted about your personal experience on the CMM model chain. 2) The research will consider as Software Process Development Management all activities directly involved in software production. Chose the answer that better fits your experience 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 180 X 1) PERSONNEL PROCESS MANAGEMENT 1.1. TRAINING ACTIVITIES PERFORMANCE How does CMM help … 1.1.1) …to improve planning tasks and activities for software development? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 1.1.2) …to improve to organize tasks and activities for software development? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 1.1.3) …to improve task implementation and activities for software development? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 1.1.5) … to improve the monitoring of tasks and activities for software development? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 1.1.6) … to stimulate yourself to continuously take new Professional training and technical courses? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost 1 – Nothing 181 nothing 1.1.7) … to stimulate you to develop your professional career at higher academic levels? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 11.8) How long (in hours) have you been training before you were able to use CMM in your activities? __________________________________ 11.9) Where did you get training? 2) at work 1. at work (out of working (during working hours) hours) 3) out of work (during working time) 4) out of work (out of working time) 1.1.10) According to your experience which activities are better suited for the CMM? a) b) c) d) e) ___________________________ ___________________________ ___________________________ ___________________________ ___________________________ 2) WORK PROCESS MANAGEMENT 2.1) QUESTIONS ON TEAM AND ENVIRONMENT How does CMM help … 2.1.1) … to improve the working environment by involving the team in tasks and activities? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 182 2.1.2) … to improve your working conditions and benefits? 5 – Very Much 4 – More or less 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 3 – Little 2 – Almost nothing 1 – Nothing 2.1.3) … to reduce personnel turnover? 5 – Very Much 4 – More or less 2.1.4) … to reduce personnel absenteeism? 5 – Very Much 4 – More or less 2.2) QUALITY AND PRODUCTIVITY PROCESS In your perception or experience, is the CMM model in use at your company instrumental to… 2.2.1) improve productivity? 5 Very Much More than 60% 4 More or less More than 30% and less than 60% 3 Little More than 10% and less than 30% 2 Almost Nothing 1 Nothing Up to 10% 0% 2.2.2) … improve the demand of the market for the company’s services and products? 5 Very Much More than 60% 4 More or less More than 30% and less than 60% 3 Little More than 10% and less than 30% 2 Almost Nothing 1 Nothing Up to 10% 0% 183 2.2.3) … improve the client's loyalty as regards the company’s services and products? 5 Very Much More than 60% 4 More or less More than 30% and less than 60% 3 Little 2 Almost Nothing 1 Nothing More than 10% and less than 30% Up to 10% 0% 2.2.4) … reduce software cost production? 5 Very Much More than 60% 4 More or less More than 30% and less than 60% 3 Little 2 Almost Nothing 1 Nothing More than 10% and less than 30% Up to 10% 0% 2.2.5) …reduce prices for services and products? 5 Very Much More than 60% 4 More or less More than 30% and less than 60% 3 Little 2 Almost Nothing 1 Nothing Up to 10% More than 10% and less than 30% 0% 2.2.6) …. reduce client complaints on services and products? 5 Very Much More than 60% 4 More or less More than 30% and less than 60% 3 Little More than 10% and less than 30% 2 Almost Nothing 1 Nothing Up to 10% 3) TECHNOLOGY PROCESS MANAGEMENT 3.1) QUESTIONS ON METHODOLOGY (OR TOOLS) 0% 184 Do you consider the CMM used in your company… 3.1.1) … is an excellent model to help to understand and to improve the company´s software development process? 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.1.2) … is an excellent model to discover the strong and weak points in the firm's software development process? 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.1.3) …. is an excellent model to help to identify and prioritize important tasks for the company’s software development process? 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.1.4) … is an excellent model to help to understand and make a diagnosis of the problems of the company’s software development process? 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.1.5) …is an excellent model to help to solve problems in the firm's software development process? 185 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.1.6) … a complete and integrated system to help to plan, implement and manage the company’s software development quality process? 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.2) PROCESS ANALYSIS AND MODELLING The firm's CMM analysis and modeling process makes a significant contribution … 3.2.1) …in the process related to the critical analysis of the firm's new software development procedures. 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.2.2) … in the creation of the firm's new software development process. 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree 3.2.3) in all the maintenance aspects of the firm's software development process. 186 5 I fully agree 4 I agree 3 I partially disagree 2 I disagree 1 I fully disagree Please, after completing this questionnaire send it to [email protected] 187 ANEXO 3 ANEXO 3.1 001PAÍS - Análise e Interpretação dos Resultados dos países Característica de Interesse - Países pesquisados Fator1 – Qualidade e Produtividade Questões 2.2.1 a 2.2.6 – Em que medida o CMM contribui para melhorar a qualidade e produtividade (Q&P)? Gestão da Qualidade Processos: Trabalho País Brasil Score 0,01 Rank 2 China 0,35 1 Índia -0,16 3 Análise Interpretação Melhora Pouco (cerca de Nas empresas pesquisadas há percepção de que o 10% a 30%) CMM tenha contribuído, de algum modo, na Melhora bem (cerca de gestão da Q&P. 30% a 60%) Melhora muito pouco (no máximo 10%) Conclusão A pesquisa indica que brasileiros e indianos percebem de modo semelhante o impacto do CMM na gestão da Q&P, entendendo haver alguma contribuição do modelo na melhoria da Q&P, enquanto que para os chineses o impacto e melhoria são mais significativos. Fator2 – O CMM como Modelo de Gestão Tecnológica Questões 3.1.1 a 3.1.5 – O CMM pode ser considerado como um excelente modelo ou ferramenta da Gestão Tecnológica? Gestão de Tecnologia Processos: Tecnologia País Brasil China Índia Score 0,00 -0,41 0,16 Rank 2 3 1 Análise Interpretação Concorda parcialmente Nas empresas pesquisadas não há uma percepção Discorda bastante segura de que o CMM tenha contribuído na gestão Concorda parcialmente de processos de tecnologia Conclusão A pesquisa indica Brasileiros e Indianos pensam de forma semelhante, entendendo que o CMM pode, de certo modo, ser visto como um modelo ou ferramenta de gestão tecnológica, enquanto que os chineses discordam desta visão. Fator3 – O CMM como Modelo de Gestão Organizacional (Planejamento, organização, execução e controle) Questões 1.1.1, 1.1.3 e 1.1.5 – Em que medida o CMM contribui para a gestão das atividades ou tarefas de desenvolvimento de SW? Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais País Score Rank Análise Interpretação Brasil 0,26 1 Contribui Medianamente Nas empresas pesquisadas não há uma percepção (Nem muito nem pouco) segura de que o CMM tenha contribuído na gestão China 0,09 2 Contribui pouco de processos organizacionais 188 Índia -0,49 3 Não contribui Conclusão A pesquisa indica que brasileiros e chineses pensam de forma parecida, entendendo que o CMM pode, de certo modo, ser visto como um modelo ou ferramenta de gestão dos processos organizacionais, enquanto que os Indianos entendem que não podem. Fator4 – Ambiente de Trabalho e Equipe Questões 2.1.1 a 2.1.4 – Em que medida o CMM contribui para melhorar a qualidade do ambiente e das equipes de trabalho? Gestão de Pessoas Processos: Pessoas País Score Rank Análise Interpretação Brasil 0,00 2 Pouca melhora Nas empresas pesquisadas há uma razoável China 0,45 1 De boa pra muita melhora percepção de que o CMM tenha contribuído na Índia -0,02 3 Pouca melhora gestão de pessoas Conclusão A pesquisa indica que brasileiros e indianos acreditam que o uso CMM pode, de certa maneira, contribuir para melhorar a qualidade do ambiente e das equipes de trabalho, enquanto que os chineses são mais otimistas, ao considerar ter havido uma melhora significativa neste aspectos com o uso do CMM Fator5 – Análise e Modelagem de Processos OrganizacionaisQuestões 3.2.1 a 2.2.3 – O CMM em sua empresa pode ser considerado como uma excelente ferramenta de processos? Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais País Score Rank Análise Interpretação Brasil -0,00 2 Concorda parcialmente Nas empresas dos países pesquisados China -0,67 3 Discorda totalmente não há uma percepção segura de que Índia 0,30 1 Concorda o CMM seja uma excelente ferramenta de gestão dos processos Conclusão Há indícios de que o CMM possa ser considerado como uma ferramenta de gestão de processos, mas apenas no Brasil e na Índia, enquanto na China não há concordância a este respeito. Fator6 – Treinamento e Desenvolvimento ou Formação Profissional Questões 1.1.6 e 1.1.7 – Em que medida o CMM contribui para motivar a busca por treinamento, desenvolvimento ou formação profissional? Gestão de Pessoas Processos: Pessoas País Score Rank Análise Interpretação Brasil 0,03 1 Contribui pouco Nas empresas dos países pesquisados tem-se China -0,10 3 Contribui pouco a percepção de que o CMM contribuiu pouco Índia -0,02 2 Contribui pouco na gestão de pessoas Conclusão Há indícios de ter havido alguma contribuição do CMM nos processos de treinamento e desenvolvimento de pessoal de forma semelhante nos 3 países pesquisados. 189 Fator7 – Sistema Completo e Integrado Questão 3.1.6 – O CMM pode ser considerado como um modelo completo e integrado que ajuda a planejar, implementar e administrar a qualidade de SW de sua empresa Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais País Score Rank Análise Interpretação Brasil 0,19 2 Concorda mais ou menos Nas empresas dos países pesquisados não China 0,36 1 Concorda concordância unânime de que o CMM seja Índia -0,49 3 Discorda bastante visto como um modelo completo e integrado de GPO Conclusão A pesquisa indica que brasileiros e chineses concordam em parte de que o CMM seja um modelo completo de integrado de GPO, enquanto que os indianos discordam desta posição. 190 ANEXO 3.2 002(CMM) - Análise e Interpretação dos Resultados dos países Característica de Interesse – CMM (Impacto do modelo de acordo com os Níveis de Maturidade) Fator1 – Qualidade e Produtividade Questões 2.2.1 a 2.2.6 – Em que medida o CMM contribui para melhorar a qualidade e produtividade (Q&P)? Gestão da Qualidade Processos: Trabalho Nível Score Rank Análise 2 0,01 1 Melhora Pouco Interpretação (cerca de 10% a 30%) Nas empresas pesquisadas há 3 -0,02 3 Melhora Pouco (cerca de 10% a 30%) unanimidade em torno da percepção de que o CMM tenha contribuído um pouco 4 -0,02 4 Melhora Pouco (cerca de 10% a 30%) para melhorar a Q&P dos processos de trabalho, independentemente do NM da 5 0,00 2 Melhora Pouco (cerca de 10% a 30%) organização Conclusão A pesquisa indica ter havido alguma melhora na gestão da Q&P dos processos de trabalho, igualmente, nos 4 NM do CMM. Fator2 – O CMM como Modelo de Gestão Tecnológica Questões 3.1.1 a 3.1.5 – O CMM pode ser considerado como um excelente modelo ou ferramenta da Gestão Tecnológica? Gestão da Tecnologia Processos: Tecnologia Nível Score Rank Análise 2 -0,11 3 Concorda parcialmente Interpretação 3 0,10 2 Concorda parcialmente Nas empresas pesquisadas o CMM 4 -0,13 4 Concorda parcialmente pode, certa forma, ser considerado 5 0,16 1 Concorda parcialmente como uma ferramenta de modelagem dos processos de tecnologia independentemente do NM da organização Conclusão A pesquisa indica uma tendência parcial de se considerar o CMM como uma ferramenta de modelagem de processos de tecnologia, independentemente do NM da organização. Fator3 – O CMM como Modelo de Gestão Organizacional (Planejamento, organização, execução e controle) Questões 1.1.1, 1.1.3 e 1.1.5 – Em que medida o CMM contribui para a gestão das atividades ou tarefas de desenvolvimento de SW? Gestão de Processos 191 Processos: Processos Organizacionais Nível Score Rank Análise 2 0,20 2 Contribui Interpretação medianamente Nas empresas pesquisadas o CMM 3 0,39 1 Contribui pode contribuir na gestão dos medianamente processos organizacionais, variando 4 -0,21 3 Contribui pouco ou pouco o grau de contribuição quase nada dependendo do NM da organização. 5 -0,48 4 Contribui quase nada ou nada Conclusão A pesquisa indica ter havido uma pequena contribuição do CMM na gestão dos processos organizacionais, sendo porém pequena esta contribuição, independentemente no NM da organização. Fator4 – Ambiente de Trabalho e Equipe Questões 2.1.1 a 2.1.4 – Em que medida o CMM contribui para melhorar a qualidade do ambiente e das equipes de trabalho? Gestão de Pessoas Processos: Pessoas Nível Score Rank Análise Interpretação 2 0,14 1 Pouca melhora Nas empresas pesquisadas o CMM 3 -0,16 4 Pouca melhora contribui para melhorar o ambiente e 4 -0,12 3 Pouca melhora equipe de trabalho, embora pouco e de 5 -0,00 2 Pouca melhora modo semelhantes nos 4 níveis Conclusão A pesquisa indica que o uso CMM pode, de certa maneira, contribuir na gestão de pessoas, apresentando alguma melhoria na qualidade do ambiente e equipes de trabalho, de modo igual independentemente do NM da organização. Fator5 – Análise e Modelagem de Processos Organizacionais Questões 3.2.1 a 2.2.3 – O CMM em sua empresa pode ser considerado como excelente ferramenta de processos? Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais Nível Score Rank Análise Interpretação 2 -0,15 2 Concorda parcialmente 3 -0,20 3 Concorda parcialmente Nas empresas pesquisadas o CMM pode ou não ser interpretado como 4 -0,33 4 Discorda uma excelente ferramenta de 5 0,39 1 Concorda modelagem de processos Conclusão A pesquisa indica que o CMM pode ser entendido como uma excelente ferramenta de gestão de processo pelas empresas de NM 2, 3 e 5, mas não nas organizações do NM 4. 192 Fator6 – Treinamento e Desenvolvimento ou Formação Profissional Questões 1.1.6 e 1.1.7 – Em que medida o CMM contribui para motivar a busca por treinamento, desenvolvimento ou formação profissional? Gestão de Pessoas Processos: Pessoas Nível Score Rank Análise Interpretação Nas empresas pesquisadas o CMM 2 0,07 2 Contribui pouco contribuiu, mas pouco ou quase nada, 3 -0,06 3 Contribui pouco 4 -0,25 4 Contribui praticamente para motivar o treinamento e desenvolvimento de pessoas nas nada organizações de qualquer NM 5 0,10 1 Contribui pouco Conclusão A pesquisa indica ter havido alguma contribuição do CMM em relação a motivação para o treinamento e desenvolvimento das pessoas, de forma semelhante nos NM 2, 3 e 5. Porém, nas organizações de NM 4, praticamente não houve contribuição. Fator7 – Sistema Completo e Integrado Questão 3.1.6 – O CMM pode ser considerado como um modelo completo e integrado que ajuda a planejar, implementar e administrar a qualidade de SW de sua empresa Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais Nível Score Rank Análise Interpretação 2 0,38 1 Concorda bastante 3 -0,12 2 Concorda parcialmente O CMM pode ser visto, de alguma 4 -0,16 3 Concorda parcialmente forma, como um modelo completo e integrado de GPO 5 -0,35 4 Discorda bastante Conclusão A pesquisa indica haver dois extremos nas organizações de NM 2 e 5. No primeiro caso há bastante concordância e no segundo bastante discordância sobre se o CMM pode ser considerado um modelo completo e integrado de GPO. Por outro lado há também um indicativo de concordância parcial nos NM 3 e 4. 193 ANEXO 3.3 003PORTE - Análise e Interpretação dos Resultados por Porte das Empresas Característica de Interesse – Porte da Empresa (Impacto do modelo conforme o tamanho da empresa) Fator1 – Qualidade e Produtividade Questões 2.2.1 a 2.2.6 – Em que medida o CMM contribui para melhorar a qualidade e produtividade (Q&P)? Gestão da Qualidade Processos: Trabalho Porte Score Rank Análise Interpretação O CMM pode, de alguma forma, Mc 0,78 1 Melhora muito (mais de contribuir nos processos de trabalho nas Até 10p 60%) P 0,10 2 Melhora Pouco (cerca de organizações de qualquer porte, mas com variação 11/99 10% a 30%) M -0,20 4 Melhora quase nada 100/499 (cerca de 10% a 30%) G 0,00 3 Melhora Pouco (cerca de 500> 10% a 30%) Conclusão A pesquisa indica ter havido alguma melhora na gestão dos processos de trabalho de modo igual nas organizações de P e G porte, uma boa melhoria nas micro-empresas e quase nada nas Médias empresas. Fator2 – O CMM como Modelo de Gestão Tecnológica Questões 3.1.1 a 3.1.5 – O CMM pode ser considerado como um excelente modelo ou ferramenta da Gestão Tecnológica? Gestão da Tecnologia Processos: Tecnologia Porte Score Rank Análise Interpretação O CMM pode, de certa forma, ser Mc 0,33 1 Concorda considerado como uma ferramenta de Até 10p modelagem dos processos de tecnologia, P 0,05 2 Concorda parcialmente de forma semelhante, em todas as 11/99 empresas pesquisadas M -0,12 4 Concorda parcialmente 100/499 G 0,04 3 Concorda parcialmente 500> Conclusão A pesquisa indica uma certa tendência de se considerar oCMM como uma ferramenta de modelagem de processos de tecnologia, de modo semelhante nas empresas de P, M e G porte, mas esta tendência é ligeiramente maior nas micro-empresas. 194 Fator3 – O CMM como Modelo de Gestão Organizacional (Planejamento, organização, execução e controle) Questões 1.1.1, 1.1.3 e 1.1.5 – Em que medida o CMM contribui para a gestão das atividades ou tarefas de desenvolvimento de SW? Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais Porte Score Rank Análise Interpretação MC 0,28 1 Contribui medianamente A pesquisa indica que o CMM pode contribuir, de certa forma, na gestão dos Até 10p processos organizacionais em empresas P 0,02 3 Contribui pouco de qualquer porte, sendo muito pouco a 11/99 variação do grau de contribuição de um M 0,09 2 Contribui pouco tamanho de empresa para outro 100/499 G -0,18 4 Quase não Contribui 500> Conclusão Há indícios de que nas empresas pesquisadas, o CMM contribuiu, na gestão dos processos organizacionais, embora tenha havido variação do grau de contribuição de um tamanho de empresa para outro. Fator4 – Ambiente de Trabalho e Equipe Questões 2.1.1 a 2.1.4 – Em que medida o CMM contribui para melhorar a qualidade do ambiente e das equipes de trabalho? Gestão de Pessoas Processos: Pessoas Porte Score Rank Análise Interpretação A pesquisa indica que o CMM pode MC 0,09 2 Pouca melhora contribui, embora pouco mas de modo Até 10p semelhante na Gestão de Pessoas, P 0,15 1 Pouca melhora independentemente do porte da empresa 11/99 M 0,04 3 Pouca melhora 100/499 G -0,18 4 Pouca melhora 500> Conclusão Há indícios de que nas empresas pesquisadas o uso CMM contribuiu na gestão de pessoas, apresentando alguma melhora na qualidade do ambiente e das equipes de trabalho Fator5 – Análise e Modelagem de Processos Organizacionais Questões 3.2.1 a 2.2.3 – O CMM em sua empresa pode ser considerado como excelente ferramenta de processos? Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais Porte Score Rank Análise Interpretação MC -0,14 4 Concorda parcialmente Até 10p P -0,05 2 Concorda parcialmente A pesquisa indica que o CMM pode, de 11/99 certa forma, ser interpretado como uma M -0,16 3 Concorda parcialmente ferramenta de modelagem de processos 100/499 independentemente do porte da empresa 195 G 500> 0,14 1 Concorda parcialmente Conclusão Há indícios de que nas empresas pesquisadas o CMM seja entendido como uma ferramenta de gestão de processo Fator6 – Treinamento e Desenvolvimento ou Formação Profissional Questões 1.1.6 e 1.1.7 – Em que medida o CMM contribui para motivar a busca por treinamento, desenvolvimento ou formação profissional? Gestão de Pessoas Processos: Pessoas Porte Score Rank Análise Interpretação A pesquisa indica que o CMM pode MC 0,58 1 Contribui contribuir, de alguma forma, na Gestão de Até 10p significativamente P 0,23 2 Contribui Medianamente Pessoas, em organizações de qualquer porte 11/99 M -0,28 4 Quase não Contribui 100/499 G 0,04 3 Contribui pouco 500> Conclusão A pesquisa indica ter havido alguma contribuição do CMM nos processos de gestão de pessoal de forma diferente, de acordo com o tamanho da organização pesquisada. A maior contribuição ocorreu primeiramente nas micro-empresas, depois nas P, G e por último nas médias empresas. Fator7 – Sistema Completo e Integrado Questão 3.1.6 – O CMM pode ser considerado como um modelo completo e integrado que ajuda a planejar, implementar e administrar a qualidade de SW de sua empresa Gestão de Processos Processos: Processos Organizacionais Porte Score Rank Análise Interpretação A pesquisa indica que o CMM pode ser MC 0,17 2 Concorda parcialmente visto, de alguma forma, como um modelo Até 10p completo e integrado de GPO, apenas nas P 0,27 1 Concorda Mc, P e Médias empresas. 11/99 M 0,10 3 Concorda parcialmente 100/499 G -0,35 4 Discorda bastante 500> Conclusão A pesquisa indica haver uma maior aceitação de que o CMM possa se considerado como um modelo completo e integrado de GPO, somente nas P empresas e parcialmente nas Mc e M. nas empresas de maior o modelo tem dificuldade de ser aceito como um sistema completo e integrado nos processos organizacionais. 196 GLOSSÁRIO Elaborado com base na bibliografia consultada e demais fontes: MCT/DSI (2004), FDG (2004), FPNQ (2003), FIESP/CIESC-SP (2004). ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – Entidade privada sem fins lucrativos, fundada em 1940, atua como Fórum Nacional de Normalização e é credenciada pelo CONMETRO - Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. A ABNT representa no Brasil as entidades de normalização internacional ISO - International Organization for Standardization e IEC - International Eletrotechnical Comission. Compete à ABNT, através do Certificado de Registro de Empresa, a Certificação do Sistema de Garantia da Qualidade de uma empresa em relação aos requisitos de uma das normas ABNT da série NBR ISO 9000 (ver). Análise Multivariada – Ferramenta estatística que processa as informações de modo a simplificar a estrutura dos dados e a sintetizar as informações quando o número de variáveis envolvidas é muito grande, facilitando o entendimento do relacionamento existente entre as variáveis do processo. É utilizada na Pesquisa de Mercado. Análise de Requisitos – Conjunto de atividades que permite identificar as necessidades do usuário de modo a obter uma definição clara das características (requisitos) de um sistema. Essas características descrevem o sistema em termos de funcionalidades, desempenho esperado, restrições de projeto, níveis de qualidade esperados, interface com outros elementos do sistema. Processo de estudar as necessidades do usuário para se chegar a uma definição dos requisitos de sistema, hardware ou software. [IEEE Std 610.12]. Atividade – Menor divisão do trabalho, isto é, a ação exercida pelo executor para realizar uma tarefa. Um conjunto de atividades constitui uma tarefa. Auditoria – Exame sistemático e independente, para determinar se as atividades da qualidade e seus resultados estão de acordo com as disposições planejadas, se estas foram implementadas com eficácia e se são adequadas à consecução dos objetivos. [NBR ISO 8402]. 197 Avaliação – Exame sistemático do grau em que um produto, processo ou serviço atende aos requisitos especificados. Avaliação de Processos – Atividade integrante do Gerenciamento da Rotina do Trabalho do dia-a-dia, conduzida para verificar se cada processo da empresa é capaz de alcançar o nível de qualidade estabelecido no projeto. É uma forma eficiente de verificação do cumprimento dos padrões e de identificação de problemas. Capacidade do Processo – Capacidade que um processo tem de atender a um determinado requisito. A avaliação da capacidade de um processo é feita segundo métodos estatísticos e não de forma empírica. Característica – Qualquer propriedade distinta de um item, de um processo, de um produto ou de um serviço que possa ser diferenciada quantitativamente ou qualitativamente. CASE (Computer Aided Software Engineering) – Ferramenta de apoio ao desenvolvimento de software. Em linhas gerais, apóia a execução de atividades do desenvolvimento do software de forma automatizada. Em alguns casos, implementa um ambiente relativamente refinado no qual várias atividades de especificação ou codificação são apoiadas por recursos computacionais. Dependendo do tipo de atividade suportada podem ser classificados em Lower CASE, provendo suporte à codificação, teste, depuração e manutenção do código ou Upper CASE, suportando diversas tarefas de análise e projeto de sistemas. Eventualmente, ferramentas CASE podem ser integradas em ambientes de desenvolvimento de software. Neste caso, apoiando parte das atividades previstas em um processo de desenvolvimento de software. CB 25 – Comitê Brasileiro da Qualidade que cuida das ISO 9000. Certificação – Modo pelo qual uma terceira parte dá garantia escrita de que um produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados. [ABNT ISO/IEC GUIA 2]. Certificação de Software – Emissão de um certificado de conformidade de um software a um certo conjunto de normas ou especificações, comprovada por testes de conformidade e por testes de campo. 198 CMM (Capability Maturity Model) – Modelo para avaliação da maturidade dos processos de software de uma organização e para identificação das práticas chave que são requeridas para aumentar a maturidade desses processos. O CMM prevê cinco níveis de maturidade: inicial, repetível, definido, gerenciado e otimizando. O modelo inicial foi proposto por Watts S. Humphrey, a partir das propostas de Philip B. Crosby, e vem sendo aperfeiçoado pelo Software Engineering Institute - SEI da Carnegie Mellon University. [http://www.sei.cmu.edu/cmm/cmm.html]. Comparação com as melhores práticas (benchmarking) – Processo contínuo de comparação de práticas de gestão, que pode incluir a comparação de estratégias, procedimentos, operações, sistemas, processos, produtos e serviços. Essa comparação é feita com organizações líderes reconhecidas no mercado, inclusive com líderes de ramos de atividade diferentes da organização, para identificar as oportunidades para melhoria do desempenho. Confiabilidade – Conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do software de manter seu nível de desempenho sob condições estabelecidas durante um período de tempo estabelecido. [NBR 13596]. Tem como subcaracterísticas: maturidade, tolerância à falhas e recuperabilidade. Configuração – Relação entre versões de um objeto composto, ou seja, configuração é uma instância do sistema composta da união de uma versão específica de cada objeto componente. Arranjo de um sistema computacional ou de seus componentes como definidos pelo seu número, natureza e interconexão de suas partes constituintes. [IEEE Std 610.12]. Conformidade – Satisfação dos requisitos especificados. Controle da qualidade – Conjunto das técnicas e atividades de caráter operacional utilizadas com vista a satisfazer os requisitos da qualidade. Controle de um processo – Acompanhamento de todas as operações que lhe estão associadas controlando as fases críticas e significativas, de modo a assegurar que o produto ou serviço final está conforme com as especificações definidas. 199 Defeito – Não satisfação de um requisito ou de uma expectativa razoável, ligados a uma utilização prevista, incluindo o relativo à segurança. Eficiência – Conjunto de atributos que evidenciam o relacionamento entre o nível de desempenho do software e a quantidade de recursos usados, sob condições estabelecidas. [NBR 13596]. Tem como subcaracterísticas: comportamento em relação ao tempo e comportamento em relação aos recursos. Estrutura organizacional – Responsabilidades, autoridades e relações dispostas segundo um modelo, através do qual uma organização desempenha as suas funções. Funcionalidade – Conjunto de atributos que evidenciam a existência de um conjunto de funções e suas propriedades especificadas. As funções são as que satisfazem as necessidades explícitas ou implícitas. [NBR 13596]. Tem como subcaracterísticas: adequação, acurácia, interoperabilidade, conformidade, segurança de acesso. Garantia da Qualidade – Conjunto de atividades planejadas e sistemáticas, implementadas no sistema da qualidade e demonstradas como necessárias para prover confiança adequada de que uma entidade atenderá os requisitos para a qualidade. [NBR ISO 8402]. Gestão pela qualidade total – Modo de gestão de uma organização, centrado na qualidade, baseado na participação de todos os seus membros e visando o sucesso em longo prazo através da satisfação dos clientes e de benefícios para todos os membros da organização e para a sociedade. Gerência de Projetos – Processo que tem início antes do trabalho técnico, prossegue à medida que o software se desenvolve do modelo conceitual para o modelo computacional e encerra somente quando o software se torna obsoleto. Gerência de Requisitos – Estabelecimento e manutenção de um entendimento/acordo com o cliente sobre os requisitos para o projeto de software. Este acordo refere-se aos requisitos do sistema alocados para o software. O cliente pode ser interpretado como o grupo de engenharia do sistema, o grupo de marketing, outra organização interna, ou um cliente externo. O acordo compreende requisitos técnicos e não técnicos. O acordo 200 forma a base para a estimativa, planejamento, execução e acompanhamento das atividades do projeto de software através do ciclo de vida do software. [Key Practices of the Capability Maturity Model, versão 1.1, Feb. 1993]. Gerência de Configuração (Software Configuration Management ou SCM) – Atividade abrangente que é aplicada em todo o processo de engenharia de software, podendo ser vista como uma atividade de garantia da qualidade de software. Uma vez que uma mudança pode ocorrer a qualquer tempo, as atividades de SCM são desenvolvidas para identificar a mudança; controlar a mudança; garantir que a mudança esteja sendo adequadamente implementada; e relatar a mudança a outras pessoas que possam ter interesse nela. O gerenciamento de configuração de software é um conjunto de atividades que foi desenvolvido para administrar as mudanças em todo o ciclo de vida do software. Globalização – Conforme definida pelo Banco Mundial “é o processo de integração das economias e sociedades ao redor do mundo. É um processo complexo e que afeta muitos aspectos de nossas vidas”. World Bank (2002). Inspeção – Conjunto de actividades tais como medir, examinar, ensaiar ou verificar uma ou mais características de uma entidade e comparar os resultados com os requisitos especificados de modo a determinar se a conformidade é obtida para cada uma destas características. ISO (Ver também ISO e NBR ISO) – International Organization for Standardization (Organização Internacional de Padronização). É uma entidade fundada em 1947, sediada na Suiça, que congrega organismos de normalização nacionais, cuja principal atividade é a de elaborar padrões para especificações e métodos de trabalho nas mais diversas áreas da sociedade exceto no setor eletro-eletrônico onde a responsabilidade fica a cargo da International Electrotechical Comission. O Brasil é representado na International Organization for Standardization através da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISO 9241 – Norma que define requisitos ergonômicos para o trabalho de escritório com computadores (VDT – Visual Display Terminals), objetivando promover a saúde e a 201 segurança de usuários de computadores e garantir que eles possam operar esses equipamentos com eficiência e conforto. ISO/IEC 14598 (Ref. Tecnologia da Informação) – Avaliação de produto de sofftware. Família de normas que tratam do processo de avaliação de um produto de software e complementam o modelo apresentado na norma ISO/IEC 9126, hoje na forma de drafts. ISO/IEC 15504 (Ref. Tecnologia da Informação) – Avaliação do processo de sofftware. Futura norma internacional para avaliação de processos de software, em desenvolvimento pelo projeto SPICE (Software Process Improvement and Capability dEtermination), o que a torna conhecida também como Modelo SPICE. Atualmente está publicada como um relatório técnico (ISO/IEC TR 15504) da ISO/IEC com previsão de ser publicada como norma em 2002. Define um modelo de referência com processos e níveis de capacidade, orientações sobre como utilizá-lo para melhoria contínua ou determinação da capacidade, e um modelo exemplo compatível . KAIZEN – Kai significa modificar e zen para melhorar. Ou seja, modificar para melhorar ou melhoria contínua. A filosofia e os conceitos Kaizen tiveram sua origem no Japão, em 1950, quando Taiichi Ohmo criou o sistema Toyota de produção, desenvolvendo técnicas como Just in Time, Kanban etc, possibilitando, entre outros, resultados de melhoria na qualidade com baixo custo e, portanto, aumento na lucratividade. É um conceito que une a filosofia, os sistemas e as ferramentas para a solução de problemas. Partindo do princípio de que sempre é possível fazer melhor, nenhum dia deve passar sem que algum tipo de melhoria tenha sido implantada. Manutenibilidade – Conjunto de atributos que evidenciam o esforço necessário para fazer modificações especificadas no software. [NBR 13596]. Tem como subcaracterísticas: analisabilidade, modificabilidade, estabilidade e testabilidade. Medição – Ação de aplicar uma métrica de qualidade de software a um produto de software específico. [NBR 13596]. Melhoria da qualidade – Ações levadas a efeito em toda a organização, a fim de aumentar a eficácia e a eficiência das atividades e dos processos para proporcionar benefícios acrescidos tanto à organização como aos seus clientes. 202 Melhoria Contínua – Princípio que reza que a melhoria num produto, serviço ou processo é contínua e que deve ser sistematicamente procurada. A melhoria contínua não é somente limitada às mudanças incrementais, mas inclui igualmente alterações radicais e inovadoras. Melhoria de Processos de Software (Software Process Improvement) – Uma abordagem (SPI) para melhoria das organizações que desenvolvem e mantêm software. É baseada na melhoria da capacidade de processos fundamentais para organizações de software. Utiliza como referência um modelo de processo, como por exemplo, o CMM e a ISO/IEC 15504-SPICE. Métrica de Qualidade de Software – Método e uma escala quantitativa que podem ser usados para determinar o valor que uma particularidade (feature) recebe em um produto de software específico. [NBR 13596]. Modelo de garantia da qualidade – Conjunto normalizado ou selecionado de requisitos do sistema da qualidade associados para satisfazer, numa dada situação, as necessidades da garantia da qualidade. Método – Maneira sistemática ou estabelecida de fazer as coisas, tal como propõe Hull (2002, p. 15). Modelagem de processo – Maneira escolhida (o modelo e sua forma de implementação) para identificar, organizar, desenhar ou redesenhar os processos organizacionais. Não conformidade – Não satisfação de um requisito especificado. NBR – Prefixo das normas brasileiras (Ver também as normas ISO/IEC) NBR ISO 9000 – As normas da família NBR ISO 9000 foram concebidas para prover um conjunto genérico de normas de sistema da qualidade, aplicáveis a uma vasta extensão de indústrias e de setores econômicos. Elas são independentes de qualquer setor industrial/econômico específico. Coletivamente, fornecem as diretrizes para a 203 gestão da qualidade e os requisitos gerais para a garantia da qualidade. São equivalentes às ISO 9000. NBR ISO/IEC 12119 (Tecnologia da Informação) – Refere-se aos testes e requisitos de qualidade de software. Estabelece os requisitos de qualidade para pacotes de software e instruções de como testar um pacote de software com relação aos requisitos estabelecidos. NBR ISO/IEC 12207 (Tecnologia da informação) – Processos de ciclo de vida de software, Brasil. Norma que estabelece uma estrutura comum para os processos de ciclo de vida de software, com terminologia bem definida, que pode ser referenciada pela indústria de software. NBR 13596 (Tecnologia da informação) – Para a avaliação de produto de software, suas características de qualidade e diretrizes para o seu uso. Versão brasileira da norma ISO/IEC 9126. Necessidades dos Clientes – Expectativas e desejos dos clientes em relação a um produto ou serviço. Negócio – Resultado do trabalho de uma ou mais pessoas que se unem para processar energia, materiais e informações (conhecimento) provenientes da sociedade e assim gerar produtos para satisfazer às necessidades de sobrevivência das pessoas desta mesma sociedade. Normas – Refere-se a documentos para estabelecimento de regras, diretrizes ou características técnicas a serem aplicadas em materiais, produtos, processos e serviços, visando à garantia dos seus resultados adaptados aos seus propósitos. São estabelecidas por consenso e retratam interesses e necessidades da sociedade, sendo aprovadas por organismos reconhecidos. 204 Organização – Empresa, sociedade, companhia, corporação ou instituição, ou parte delas, de responsabilidade limitada ou não, de direito público ou privado, que disponha de uma estrutura funcional e administrativa própria. Política da Qualidade – Intenções e diretrizes globais de uma organização relativas à qualidade, formalmente expressas pela alta administração. [NBR ISO 8402] Portabilidade – Conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do software de ser transferido de um ambiente para outro. [NBR 13596]. Tem como subcaracterísticas: adaptabilidade, capacidade para ser instalado, conformidade e capacidade para substituir. Prestação de serviço – Aquelas atividades do fornecedor que são necessárias ao fornecimento do serviço. Procedimento – Modo especificado para executar uma atividade. Processo – Conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas). [NBR ISO 8402]; agrupamento em seqüência de todas as tarefas destinadas a obter um determinado resultado; combinação de equipamentos, instalações, mão-de-obra, métodos, técnicas, ferramentas, procedimentos e outros fatores, com a finalidade de elaborar um produto ou alcançar um resultado preestabelecido. Processo capaz – Processo estável que apresenta índices de capacidade relativamente à característica em estudo, com valores iguais ou superiores a 1,66 durante o estudo preliminar e 1,33 nos estudo contínuo. Processo estável – Processo cujos valores correspondentes à característica em estudo apresentam uma distribuição normal e estão compreendidos, de uma forma aleatória, nos limites de controle. 205 Processo de qualificação de produto – Processo de demonstrar que uma entidade é capaz de satisfazer requisitos especificados. Processo de Software – Conjunto de atividades, métodos, práticas e transformações que as pessoas empregam para desenvolver e manter software e os produtos associados (por exemplo, planos de projeto, documentos de projeto e desenho, código, casos de teste, manual do usuário). Processos de apoio (support processes) – Processos que dão apoio aos processos relativos ao produto (projeto, produção e entrega dos produtos) e que são usualmente projetados em função de necessidades relacionadas à estrutura e aos fatores internos à organização. Processos de produção (production processes) – Processos relacionados às atividadesfim, aqueles que geram os produtos finais da organização e geram valor direto para os clientes. Envolvem tanto a fabricação de bens como a prestação de serviços. Processos organizacionais (organizational processes) – Outros processos importantes, além dos relacionados ao produto, às áreas de apoio e aos fornecedores, que sustentam as práticas de gestão relatadas em outros itens que não os do Critério 6 - Processos, bem como todas as práticas do ciclo de aprendizado dos Itens de enfoque e aplicação. Produtividade (productivity) – Eficiência na utilização de recursos. Apesar de a palavra ser freqüentemente aplicada a um único fator, como mão-de-obra (produtividade do trabalho), máquina, materiais, energia e capital, o conceito de produtividade também se aplica ao total dos recursos consumidos na obtenção de um produto. A produtividade global, também denominada fator de produtividade total, é calculada pela combinação da produtividade dos diferentes recursos utilizados para obtenção de um produto. Essa combinação geralmente requer uma média ponderada dos indicadores de produtividade, compondo um único fator. Normalmente, os pesos atribuídos são proporcionais aos custos de cada recurso. A utilização de um indicador composto, como o fator de produtividade total, permite determinar se o efeito global das mudanças no processo é benéfico ou não, possivelmente envolvendo interação dos recursos. 206 Produto (product) – Resultado de atividades ou processos. Considerar que: a) o termo produto pode incluir serviços, materiais e equipamentos, informações ou uma combinação desses elementos; b) um produto pode ser tangível (como, por exemplo, equipamentos ou materiais) ou intangível (por exemplo, conhecimento ou conceitos), ou uma combinação dos dois; c) um produto pode ser intencional (por exemplo, oferta aos clientes), ou não-intencional (por exemplo, um poluente ou efeitos indesejáveis). Produto não conforme – Produto não conforme com as especificações. Projeto de Software – Envolve tipicamente análise, especificação, projeto (design), desenvolvimento, teste e/ou manutenção dos componentes de software e da documentação associada. [Mark Paulk, 1995] Qualidade (Quality) – Totalidade de características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas. [NBR ISO 8402]. Entidade pode ser uma atividade ou um processo, um produto, uma organização ou uma combinação desses. Requisitos (Requirements) – Necessidades básicas do cliente, geralmente explicitadas como condição de negócio no contrato com o fornecedor. São características, tais como especificações técnicas, prazo de entrega, garantia, que o cliente "requer" do produto. Uma condição ou capacidade necessitada por um usuário, para resolver um problema ou alcançar um objetivo. [IEEE 83]. Requisitos para a Qualidade – Expressão das necessidades ou sua tradução num conjunto de requisitos, explicitados em termos quantitativos ou qualitativos, objetivando definir as características de uma entidade a fim de permitir sua realização e seu exame. [NBR ISO 8402]. Serviço – Resultado gerado por atividades na interface entre o fornecedor e o cliente e por atividades internas do fornecedor com vista a satisfazer as necessidades do cliente. 207 Sistema da qualidade – Conjunto da estrutura organizacional, dos procedimentos, dos processos e dos recursos necessários para implementar a gestão da qualidade. Sistema de Garantia da Qualidade – Conjunto planejado de atividades que se adiciona ao processo natural de fornecimento de um dado produto, com o objetivo de reduzir o risco de falhas. Software – Informação em geral: planos, diretrizes, orientações, etc. Procedimentos, “maneira de fazer as coisas” em uma organização. Um dos três elementos básicos que compõem as organizações humanas (hardware, software e humanware). SPICE (Software Process Improvement and Capability dEtermination) – Projeto estabelecido em junho de 1993 pela ISO/IEC JTC1/SC7 (Subcomitê de Engenharia de Software) com três objetivos principais: auxiliar o desenvolvimento de uma Norma Internacional para avaliação de processos de software; coordenar e analisar utilizações desta futura Norma para subsidiar revisões antes de sua publicação como norma (esta atividade é chamada de SPICE Trials); e disseminar a futura norma no mercado. A norma desenvolvida é a ISO/IEC 15504 que está publicada atualmente com relatório técnico da ISO/IEC. Já foram realizadas duas fases do SPICE Trials, com dados sobre cerca de 100 utilizações da futura norma e a fase 3 está em andamento. Teste de Sistema – Processo de testar um sistema integrado de hardware e software para verificar se o sistema satisfaz seus requisitos especificados. [IEEE 83]. TQC (Total Quality Control) – A tradução mais adequada para esta sigla, considerando-se a definição aqui desenvolvida é "Controle Total da Qualidade". O TQC compreende as atividades de controle em todas as fases das quais depende a satisfação do cliente. TQM (Ver também Gestão pela Qualidade Total) – A tradução mais adequada para esta sigla, considerando-se a definição aqui desenvolvida é Gestão da Qualidade Total. O TQM abrange o gerenciamento do grau de eficácia e de eficiência em todos os elementos, internos e externos à empresa, impactados pela existência do 208 empreendimento. Diz respeito à satisfação do cliente ao mais baixo custo, privilegiando uma ênfase especial nas pessoas, na sua formação e no seu envolvimento total com os objetivos da empresa. Tratamento de uma não conformidade – Ação levada a efeito relativamente a uma entidade não conforme com vista a eliminar a não conformidade. Usabilidade – Conjunto de atributos que evidenciam o esforço necessário para se poder utilizar o software, bem como o julgamento individual desse uso, por um conjunto explícito ou implícito de usuários. [NBR 13596]. Tem como subcaracterísticas: inteligibilidade, apreensibilidade e operacionalidade. Visio - Software multipropósito para desenhos de diversos tipos de diagramas, como redes, fluxos de eventos, diagrama de entidade-relacionamento, etc. Workflow – Ferramentas, ou melhor, sistemas de gerenciamento e controle do fluxo de processos.