gestão com foco nos processos - CONSEG
Transcrição
gestão com foco nos processos - CONSEG
SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – 2007 GESTÃO COM FOCO NOS PROCESSOS: ADMINISTRAÇÃO PELA EXCELÊNCIA Cap PM REDCLIFF SIERRA DOS SANTOS – 50° BPM/I São Paulo 2007 SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – 2007 GESTÃO COM FOCO NOS PROCESSOS: ADMINISTRAÇÃO PELA EXCELÊNCIA Cap PM REDCLIFF SIERRA DOS SANTOS – 50° BPM/I Monografia de conclusão de curso, sob orientação ALDARVIS São Paulo 2007 do Cel Res PM RENATO Dedicatória Às minhas filhas, Mayara Yainã e Taynara Yrani, pela compreensão por minha ausência durante a confecção deste trabalho. Ao meu saudoso pai e à minha mãe, por contribuírem em ser o homem que sou. Ao meu irmão, pelo infindável apoio e incentivo a continuar. À minha companheira, pelo amor, compreensão, dedicação e incentivo nos momentos mais difíceis. Agradecimentos A Deus, por mais esta oportunidade de evolução. Ao Cel Res PM RENATO ALDARVIS, pelas sábias e valiosas orientações nos momentos de dúvida. Ao Maj PM SÍLVIO JOSÉ DE SOUZA, que figurou como meu co-orientador, pela sua paciência. Ao Ten PM JACINTHO DEL VECCHIO JUNIOR, pela colaboração e por suas inúmeras instigações. Aos Oficiais, Praças e Funcionários Civis das diversas OPM envolvidas, pelo apoio na elaboração desta obra. Ao Comando do CAES, Instrutores, Professores e demais integrantes dessa digna casa de ensino, pelos conhecimentos que foram transmitidos. Epígrafe SER EMPREENDEDOR Uma pessoa inteligente aprende com seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros... Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. É tomar atitudes que ninguém tomou. É ter a consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória. É não esperar uma herança, mas construir uma história... ... Como empreendedor você errará diversas vezes, mas esse é o preço da conquista. Não há vitórias sem derrotas e nem pódio sem labuta. Página constante do livro: “Dez Leis para Ser Feliz” RESUMO Podemos observar sensíveis modificações na Polícia Militar desde que foi iniciada a implantação da Gestão Contemporânea pela Qualidade, gestão que engloba, dentre outros fatores, a gestão com foco nos processos. Essa gestão é definida como o direcionamento de todas as ações do processo para o pleno atendimento das pessoas da comunidade nas questões de segurança pública ao alcance da Polícia Militar. A busca da excelência operacional tem como alicerce a análise da capacidade dos recursos humanos e nos processos de serviços operacionais e este, tem por meta contemplar maior adequação do serviço prestado ao uso a que se destina. O objetivo básico desse modelo de Gestão está focado na atenção dispensada aos clientes da Organização, priorizando a padronização dos métodos de trabalho, combatendo diretamente a variabilidade do processo de produção de serviços, buscando a eliminação dos erros, garantindo a satisfação do cliente, melhorando inclusive o processo, garantindo um serviço seguro e com qualidade. A presente monografia está na área de concentração em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA e a linha de pesquisa em GESTÃO PELA QUALIDADE. A delimitação espacial refere-se às Subunidades operacionais (Cia PM). Cada vez mais fica latente que, meramente, satisfazer as necessidades dos clientes não basta; é preciso ir além, buscar cada vez mais a excelência dos serviços, superar as expectativas dos clientes. Com esse escopo é que se busca a manutenção no mercado, a evolução na prestação de serviços, estabelecendo a premissa de que o cliente é a razão maior de existência da organização. ABSTRACT We can observe great modifications in the Military Police since the beginning of the Quality Contemporary Management implantation. This wide concept of management treats on the management with focus in the processes, amongst other factors. This management is defined as the aiming of all the actions of the process for the community’s full attendance, in order to solve questions of public security. The seek of operational excellence has as foundation the analysis of the capacity of the human resources, as soon as the reliability of operational services’ processes, and it has as scope to contemplate better adequacy of the service offered according to its goals. The basic objective of this model of Management is focused in the attention paid to the citizens, giving priority to the gauged working methods, fighting directly against the process of production of services’ variability, searching the elimination of the errors, guaranteeing the customer’s satisfaction, and also improving the process, certifying a safe and high-qualified service. The present monograph has as its area of concentration the CONTEMPORARY PUBLIC ADMINISTRATION and as its line of research the MANAGEMENT FOR the QUALITY. Its space delimitation mentions the Operational Companies (Cia PM). In the long run, it becomes more latent that merely satisfy the customers’ necessities is not enough; it is necessary to go beyond it, and search each time more the excellence of the services, in order to surpass the customers’ expectations, to reach these aims. With this target it is reached institution’s survival and the rendering of services’ evolution, establishing as premise the idea that the customer is the greatest reason of the organization’s existence. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação do Sistema de Avaliação de Gestão da Polícia Militar16 Figura 2 - Gestão de processos na Polícia Militar................................................17 Figura 3 - O sucesso organizacional. Modelo esquemático das interações gerenciais-organizacionais-societais..................................................................59 Figura 4 - Modelo básico de motivação................................................................63 Figura 5 - Hierarquia das necessidades de Maslow.............................................64 Figura 6 - Paralelo entre as necessidades humanas e da organização. ..............65 Figura 7 - Modelo de Vroom.................................................................................67 Figura 8 - O processo e seus elementos..............................................................74 Figura 9 - O Modelo Tachizawa de Gestão de Pessoas ......................................77 Figura 10 - Etapas básicas de um processo.......................................................85 Figura 11 - Fluxo de processos – por onde passam seus processos.................86 Figura 12 - Macrofluxo do processo de negócio.................................................89 Figura 13 - As fases da vida de um processo de negócio ..................................90 Figura 14 - Processo de serviço .......................................................................101 Figura 15 - Estruturas funcionais – impacto das barreiras de comunicações...104 Figura 16 - Organograma da Secretaria de Segurança Pública. ......................106 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Cronograma de execução de tarefas...................................................18 Tabela 2 - Evolução histórica: anos 1998 e 1999. ................................................39 Tabela 3 - Evolução histórica: anos 2000 e 2001. ................................................39 Tabela 4 - Evolução histórica: anos 2002 e 2003. ................................................40 Tabela 5 - Evolução histórica: anos 2004 e 2005. ................................................40 Tabela 6 - Concepções de homem nas diversas teorias organizacionais.............62 Tabela 7 - Fatores higiênicos e motivadores, segundo Herzberg. ........................65 Tabela 8 - Pressupostos das teorias X e Y de McGregor. ....................................66 Tabela 9 - Como as empresas obtêm o comprometimento dos funcionários. ......70 Tabela 10 - A Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas. ....................76 Tabela 11 - Etapas de implementação de gestão orientada por processos. .......93 Tabela 12 - Estrutura Funcional e Estrutura por Processos. ...............................95 Tabela 13 - Pressupostos clássicos sobre resistência à mudança e possíveis contrapressupostos. ...........................................................................................98 Tabela 14 - Tópicos associados à Gestão por Processos.................................100 Tabela 15 - Diferenças entre Serviços e Bens Físicos. .....................................134 Tabela 16 - Sugestão de Indicadores para os processos de polícia ostensiva. 148 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS SIGLA SIGNIFICADO POR EXTENSO ASSS Administração Superior da Sede da Secretaria B Op Base Operacional BCM Base Comunitária Móvel BCS Base Comunitária de Segurança BCSD BO/PM – TC Base Comunitária de Segurança Distrital Boletim de Ocorrências Policial Militar – Termo Circunstanciado CAO Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais CEDEC Coordenadoria Estadual de Defesa Civil Cia PM Companhia de Polícia Militar CONSEG Conselho Comunitário de Segurança COPOM Centro de Operações da Polícia Militar CQT Controle da Qualidade Total CSP Curso Superior de Polícia DETRAN Departamento Estadual de Trânsito EAD Ensino à Distância EM/PM Estado Maior da Polícia Militar FDG Fundação de Desenvolvimento Gerencial FGV Fundação Getúlio Vargas FNQ Fundação Nacional da Qualidade FPNQ Fundação para o Prêmio Nacional de Qualidade FT Força Tática GE General Eletric IAQ Internacional Academy for Quality ISO International Organization Standardization JCC MARE Jovens Construindo a Cidadania Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado OPM Organização Policial Militar OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte PBQP Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade PDCA As letras correspondem às iniciais, em Inglês, das palavras: Plan, Do, Check e Act PMESP Polícia Militar do Estado de São Paulo PMMG Polícia Militar de Minas Gerais PPGEP/UFSC Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina PPM Posto Policial Militar PPMQ Programa Polícia Militar da Qualidade PPQG Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão PPQPSV Programa Permanente de Qualidade e Produtividade no Serviço Público PQSP Programa de Qualidade no Serviço Público PQT Programa de Qualidade Total PROERD Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência RAE Revista de Administração de Empresas SAC Serviço de Atendimento ao Cliente SCEJ O Sindicato dos Cientistas e Engenheiros do Japão As letras correspondem às iniciais, em Inglês, das palavras: Standard, Do, Check e Act SDCA SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI/DN Serviço Nacional da Indústria – Departamento Nacional SINDEC Sistema Nacional de Defesa Civil SJD SSP Seção de Justiça e Disciplina Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública TRT/SP Tribunal Regional do Trabalho – São Paulo UBQ União Brasileira da Qualidade UFMG Universidade Federal de Minas Gerais SUMÁRIO INTRODUÇÃO.........................................................................................15 1 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................24 1.1 Livros ..............................................................................................................24 1.2 Monografias e Dissertações de Mestrado.......................................................25 1.3 Manuais, Apostilas e Normas .........................................................................25 1.4 Internet............................................................................................................26 1.5 Artigos e Publicações .....................................................................................27 2 HISTÓRICO DA QUALIDADE ..........................................................28 2.1 A Busca da Qualidade ....................................................................................28 2.2 A Gestão pela Qualidade total ........................................................................31 2.2.1 A Qualidade Total no Japão do pós-guerra ..................................................32 2.2.2 A Qualidade Total no mundo moderno .........................................................34 2.2.3 A Qualidade Total no Brasil ..........................................................................36 2.2.4 A Qualidade Total na Polícia Militar..............................................................37 3 A POLÍCIA OSTENSIVA DE SEGURANÇA ....................................42 3.1 O papel da Polícia Ostensiva de Segurança ..................................................42 3.1.1 Conceituação Legal ......................................................................................44 3.1.2 Objetivos a serem alcançados......................................................................45 3.1.2.1 Visibilidade .................................................................................................45 3.1.2.2 Cobertura....................................................................................................46 3.1.2.3 Resposta rápida .........................................................................................47 3.1.2.4 Acessibilidade.............................................................................................47 3.1.2.5 Eficácia – Resultados a longo prazo ..........................................................48 3.1.3 A híbrida atividade da Polícia de Segurança: polícia ostensiva e polícia judiciária........................................................................................................50 3.2 3.2.1 A Estrutura do Policiamento Ostensivo...........................................................51 Programas de Policiamento..........................................................................52 4 GESTÃO DE PESSOAS ...................................................................57 4.1 A importância das pessoas para as organizações..........................................60 4.2 A motivação como base para o comprometimento humano ...........................61 4.3 O comprometimento das pessoas ..................................................................68 4.4 Os grandes Gurus da Qualidade ....................................................................71 4.5 Conceitos e evolução da Gestão de Pessoas ................................................72 4.6 Objetivos da Gestão de Pessoas....................................................................77 4.7 A importância da Gestão de Pessoas.............................................................78 4.8 Considerações gerais sobre a Gestão de Pessoas ........................................80 5 GESTÃO DE PROCESSOS..............................................................83 5.1 A Gestão de Processos ..................................................................................83 5.1.1 O que é processo? .......................................................................................84 5.1.2 Tipos de Processo ........................................................................................87 5.1.3 Elementos de um processo ..........................................................................88 5.1.4 As fases de um processo..............................................................................89 5.1.5 Estrutura funcional e estrutura por processos ..............................................93 5.1.6 Transição para processos.............................................................................95 5.1.7 Mudança organizacional...............................................................................96 5.1.8 O “Processo Corporação”...........................................................................100 5.1.9 Segurança pública: Processo multifuncional ..............................................102 5.1.9.1 Breve histórico..........................................................................................102 5.1.9.2 Processo Multifuncional............................................................................103 5.1.9.3 Como funciona a Secretaria de Segurança Pública .................................105 5.1.9.4 Quais são as instituições que a compõe ..................................................106 5.1.9.5 Atribuições de cada instituição .................................................................108 5.1.9.6 Quais necessidades de ordem pública a serem satisfeitas ......................111 5.1.10 Complementaridade de ações ....................................................................116 5.1.11 Companhia de Policiamento: Unidade básica de produção dos serviços de polícia ostensiva .........................................................................................118 5.1.11.1 Caracterização estrutural..........................................................................118 5.1.11.2 Identificação das Cias PM com território habitado – Comunidades..........119 5.1.11.3 Identificação dos clientes e suas necessidades .......................................119 5.1.11.4 Detentora dos meios físicos: seres humanos e equipamentos.................121 5.1.11.5 Autoridade de resposta na área territorial.................................................122 5.1.12 Companhia de Policiamento e o processo de prestação de serviços de polícia ostensiva .........................................................................................122 5.1.12.1 Programas de policiamento na Cia PM ....................................................124 5.1.12.2 Atividades policiais especializadas: complementaridade da polícia ostensiva ..................................................................................................125 6 EXCÊLENCIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS..........................127 6.1 Qualidade em serviços .................................................................................131 6.1.1 Conceituação de qualidade em serviços ....................................................132 6.1.2 Características dos serviços .......................................................................134 6.2 A Polícia Militar como prestadora de serviços ..............................................136 6.3 Atributos exigidos à Polícia Militar para ser vista como uma prestadora de serviços excelentes.......................................................................................139 6.4 7 Considerações finais.....................................................................................144 PROPOSTA DA MONOGRAFIA: A CIA PM GERIDA COM FOCO NOS PROCESSOS ...............................................................................146 CONCLUSÂO ........................................................................................150 REFERÊNCIAS .....................................................................................154 INTRODUÇÃO A Gestão Contemporânea pela Qualidade, que tem início na Polícia Militar com a edição da DIRETRIZ Nº PM6-001/96 de 24Jan96, a qual estabelece normas gerais para implantação do Programa de Qualidade Total na PMESP, é um modelo gerencial que, na Polícia Militar do Estado de São Paulo, concentra seus esforços no processo produtivo de serviços, direcionando forças para o atendimento dos clientes, sejam eles internos ou externos à Corporação. A contínua busca pela melhoria na qualidade de sua prestação de serviços denota um esforço por agregar qualidade nos seus processos operacionais, dando ênfase à análise das causas e não mais à atenção exclusiva aos efeitos, criando-se, a partir daí, novas posturas gerenciais que visam a harmonizar metas operacionais, táticas e estratégicas. Podemos assim observar sensíveis modificações desde que foi iniciada a implantação da Gestão Contemporânea pela Qualidade, gestão que engloba, dentre outros fatores, a gestão com foco nos processos. Essa gestão é definida como o direcionamento de todas as ações do processo para o pleno atendimento das pessoas da comunidade nas questões de segurança pública ao alcance da Polícia Militar. A busca da excelência operacional tem como alicerce a análise da capacidade dos recursos humanos e os processos de serviços operacionais. Na Gestão de Processos, o impacto maior é sem dúvida na Gestão de Processos Operacionais, que tem por meta contemplar maior adequação do serviço prestado ao uso a que se destina. Estes resultados são de fácil percepção, já que os métodos de trabalho são padronizados. O objetivo básico desse modelo de Gestão está focado na atenção dispensada aos clientes da Organização. Introdução 16 A presente monografia pretende abordar o assunto na área de concentração da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA, na subárea QUALIDADE TOTAL e na linha de pesquisa em GESTÃO PELA QUALIDADE. O subsistema gestão de processos é a área foco em que se delimita o universo bibliográfico para estudos. O autor se apóia no modelo sistêmico de avaliação de gestão adotado pela Polícia Militar por meio da DIRETRIZ Nº PM6-001/30/04 de 01Mai04, a qual estabeleceu os critérios de excelência para a avaliação e certificação da gestão das Organizações Policiais Militares (OPM) no nível de comando igual ou superior a BPM ou equivalente, operacionais ou administrativas, para definir esta delimitação, o que se visualiza na figura a seguir. Figura 1 - Representação do Sistema de Avaliação de Gestão da Polícia Militar Fonte: FPNQ. Critérios de excelência. (Adaptado). Introdução 17 O estudo em questão recai sobre os processos de produção de serviços (operacionais), excluindo-se os processos de apoio (administrativos) e as atividades complementares (ação excepcional e aditiva), como ilustrado na figura a seguir. Figura 2 - Gestão de processos na Polícia Militar Fonte: FPNQ. Critérios de excelência. (Adaptado). Dentro desse universo de gestão, qual seja, a Gestão de Processos de Produção de Serviços (Operacionais), esta pesquisa procurará abordar a gestão destes processos usando como referencial uma Subunidade Operacional – Companhia de Polícia Militar. Parece incorreto conceitualmente abordar o assunto relativo à Gestão de Processos Operacionais focando apenas o nível de Subunidade Operacional, já que não se pode desmembrar uma Subunidade Operacional do contexto organizacional no qual está inserida. À primeira vista, seria mais coerente e apropriada a abordagem em nível de OPM – Batalhão de Polícia Militar, principalmente no tocante à liderança e a emanação de estratégias e planos operacionais, em razão do planejamento estar a cargo desse órgão por força da Lei 616/74 de 17 dez. 1974, que dispõe sobre a organização básica da PMESP. Para alguns estudiosos, tal prática não é impossível, e é até salutar em algumas circunstâncias. Dorodame Moura Leitão (1996, p. 153) diz que dentro de um ponto de vista conceitual e metodológico, não faz Introdução 18 sentido a realização de reflexões estratégicas por parte de órgãos operacionais. Entretanto, tal recomendação não deve ser seguida rigidamente. Existem situações em que podem ser aceitas e até incentivadas atividades de planejamento estratégico nos órgãos operacionais. Como exemplos, podemos citar a grandiosidade da nossa Organização e a diversidade de atividades desenvolvidas por uma Cia PM, o que é motivo suficiente para a propositura do trabalho nos termos em que a fazemos. O cronograma abaixo define a execução das tarefas: Tabela 1 - Cronograma de execução de tarefas Fonte: Autor. A busca pela Qualidade Total surge da necessidade das organizações cumprirem metas de realização interna, buscando a própria sobrevivência num mercado cada vez mais exigente. Renato Aldarvis (1997, p. 27), em sua monografia, ao tratar da importância da gestão pela qualidade no mundo contemporâneo, ressalta que: “a qualidade é um requisito mundial, todos os alienados a tal fato estão fadados a não sobreviver no mundo competitivo e superpovoado em que Introdução 19 vivemos”. Complementa dizendo que: “as organizações devem reconhecer na qualidade a legitimidade das suas existências. Nenhuma organização tem um fim em si mesma: o corporativismo é danoso e desonesto”. Cada vez mais fica latente que, meramente, satisfazer as necessidades dos clientes não basta; é preciso ir além, buscar cada vez mais a excelência dos serviços, superar as expectativas dos clientes. Com esse escopo é que se busca a manutenção no mercado, a evolução na prestação de serviços, estabelecendo a premissa de que o cliente é a razão maior de existência da Organização. Os objetivos deste trabalho são os de: • Mostrar que o foco nos processos é a base para assegurar a qualidade na prestação dos serviços policiais-militares: o Diminuindo sensivelmente os índices criminais nas localidades; o Aumentando o grau de satisfação dos clientes internos e externos; o Diminuindo a incidência de erros profissionais; e o Diminuindo o número de reclamações na Corregedoria da Polícia Militar e Ouvidoria das Polícias. • Constatar que a melhoria contínua dos processos se dá enfatizando a relação entre causas e efeitos; • Evidenciar que o enfoque nos processos traduz-se em fator de excelência operacional; e Introdução 20 • Colaborar na pesquisa e esclarecimento de conceitos. A Subunidade Operacional – Cia PM, consiste na unidade de produção de serviços policiais militares da polícia de segurança, visto que nas Unidades especializadas a sistemática é diferente. Logo, a Cia PM necessita otimizar o seu desempenho, vez que pelo esforço acumulado das Cias PM, os Batalhões de Polícia Militar, os Comandos de Policiamento de Área, os Grandes Comandos e a própria Corporação alcançam seus resultados. O problema estudado por esta monografia é o enfoque centrado exclusivamente em resultados ou nos efeitos de atividade operacional policial militar, ou seja, exclusivamente no serviço (resultado) que é produzido, quando o enfoque deveria ser centrado no processo, enfatizando a relação entre causas e efeitos. Os processos de produção de serviços operacionais de uma Cia PM podem ser segmentados em atividades ligadas à prevenção como o policiamento escolar, policiamento comunitário e atividades ligadas à resposta às solicitações, como é o caso da radiopatrulha. Quando enfatizamos que o enfoque deve se centrado no processo, significa que devemos estruturar, padronizar, treinar e operacionalizar estes processos de forma distinta, medindo-os também de forma apartada, com indicadores próprios para cada atividade. Todo processo, e especialmente o de serviço, tem uma razão para existir, devendo resultar em serviços que correspondam a uma utilidade ou necessidade, promovendo com isso a satisfação de quem o solicita. Sob essa perspectiva, portanto, um processo deve ser entendido como um conjunto de elementos mínimos e necessários para que se produza um bem ou serviço. Como nos ensina Kaoru Ishikawa (1997, p. 64), o processo se traduz em “um conjunto de fatores de causa, que combinados, produzem como resultado final um produto”. Introdução 21 A justificativa para este estudo recai na tese de que a gestão de uma Cia PM é globalizada e seus gestores têm como únicos focos o funcionamento dos programas de policiamento e a busca pela diminuição dos índices criminais. Podemos notar uma preocupação da Instituição em melhorar a qualidade dos seus serviços, o que a levou estabelecer objetivos organizacionais, onde, dentre outros, citamos: • Sistematizar e controlar os processos operacionais e administrativos, visando a diminuir os índices criminais; • Buscar a padronização dos procedimentos operacionais policiais militares; e • Criar mecanismos que incentivem a participação dos policiais militares na apresentação de sugestões para o aperfeiçoamento contínuo da Instituição. A hipótese é o dimensionamento dos programas de policiamento de forma convencional, considerando, entretanto, a fixação de efetivos, treinamento próprio para cada atividade e desenvolvimento de indicadores próprios, com análise crítica mensal, distribuição de metas de alcance, de forma individualizada, tanto para as atividades de prevenção como para as atividades de resposta às solicitações. A Gestão pela Qualidade Total dispõe de ferramentas estatísticas, que levam o nome de “Ferramentas da Qualidade”, e, nesse campo, Renato Aldarvis (1997, p. 107), em obra acima citada, esclarece que: Elas sozinhas não solucionam problemas de qualidade, elas produzem dados que após a submissão ao processo inteligente, transformam-se em elementos de diagnóstico. Outra característica das ferramentas é a necessidade de que as pessoas envolvidas nos processos se familiarizem com elas e encontrem confiabilidade em suas informações. Introdução 22 As ferramentas de controle de processos de qualidade destinamse ao monitoramento dos processos, diagnosticando defeitos e contribuindo com os seus aperfeiçoamentos. A garantia da qualidade se dá com a padronização do processo produtivo, minimizando as possibilidades da ocorrência da variabilidade. A busca constante da atualização dos processos operacionais permitirá que as necessidades dos clientes sejam não só satisfeitas como também superadas, levando-se em conta, inclusive, a satisfação das necessidades da própria Organização. A metodologia empregada baseia-se no método hipotéticodedutivo (indutivo-dedutivo), através de pesquisas bibliográficas, sites da Internet, entrevistas com o Orientador, com a finalidade de constatar a gestão dos processos em Subunidades Operacionais (Cia PM). São oito os capítulos que comporão a estrutura desta monografia, cujos conteúdos são descritos abaixo sucintamente. O primeiro traz o referencial teórico que serviu de base para a confecção deste trabalho monográfico. O segundo procura apresentar um breve histórico da Qualidade Total, referenciando o percurso do conceito da qualidade, a gestões de qualidade no Japão do pós-guerra e no mundo moderno, a gestão de qualidade no Brasil, no estado de São Paulo e, finalmente, a gestão pela qualidade total na Polícia Militar do Estado de São Paulo. O terceiro pretende demonstrar o papel da polícia ostensiva, as conceituações legais e como está estruturado o policiamento, enfatizando seus programas de policiamento, tanto os de atividades preventivas como aqueles ligados às respostas às solicitações. O quarto pretende abordar as estratégias adotadas pela Organização na Gestão de Pessoas, um dos componentes básicos para o caminho da excelência operacional. Introdução 23 O quinto pretende abordar, de forma ampla, a Gestão de Processos, a multifuncionalidade do processo de segurança pública, enfatizando o “Processo Corporação” – denominação atribuída aos processos específicos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, com enfoque maior na unidade básica de prestação de serviços, qual seja, a Cia PM. O sexto capítulo pretende ter como foco a excelência na prestação de serviços, caracterizando a Corporação como uma prestadora de serviços, focando, inclusive, os atributos básicos necessários para uma prestação de serviços com excelência. O sétimo capítulo apresenta a gestão de uma Cia PM com foco nos seus processos, proposta desta pesquisa. Capítulo 1 REFERENCIAL TEÓRICO O tema escolhido dispõe de um grande acervo bibliográfico. Este capítulo tem por finalidade apresentar as fontes escritas que serviram de subsídio para a confecção desta obra. 1.1 Livros Os livros “Gestão de pessoas – o novo papel dos recursos humanos nas organizações” e “Recursos humanos”, ambos de Idalberto Chiavenato, foram grandes referenciais para as reflexões apresentadas no capítulo Gestão de Pessoas, práticas que devem ser constantemente incentivadas na nossa Organização. As obras de Abraham H. Maslow, “Maslow no gerenciamento” e “Motivation and personality”, contribuíram sobremaneira para o reconhecimento das necessidades humanas e a forma como trabalhá-las positivamente, em favor da administração da organização. Com respeito à Gestão de Processos, Tadeu Cruz com sua obra “Sistemas, Métodos & Processos: administrando organizações por meio de processos de negócios”, L. G. Almeida, através do livro “Gestão do processo e a gestão estratégica”, trouxeram os esclarecimentos doutrinários necessários à compreensão do que vem a ser uma gestão com foco nos seus processos produtivos, caracterizando inclusive, os benefícios de se optar por essa gestão. Quanto a Excelência na Prestação de Serviços, podemos citar as obras de Alexandre Luzzi Las Casas, “Marketing de serviços”, a obra de Irineu G. N. Gianesi e Henrique Luiz Corrêa, “Administração estratégica de serviços: operações para satisfação do cliente” e a obra de Valarie A. Zeithaml e M. J. Bitner, “Service Referencial Teórico 25 Marketing”, as quais enriqueceram o estudo monográfico, dando-lhe credibilidade na abordagem do tema. 1.2 Monografias e Dissertações de Mestrado As monografias do C.A.O. e do C.S.P. do então Cap PM e Ten Cel PM Renato Aldarvis, respectivamente, proporcionaram suporte para a contextualização do tema abordado. Outros trabalhos monográficos contribuíram sobremaneira, com a defesa da tese proposta, referenciamos as monografias do C.S.P. do então Ten Cel PM Renato Aldarvis e do então Ten Cel PM Miguel Libório Cavalcanti Neto e as monografias do C.A.O. do então Cap PM Raul Galindo e do então Cap PM Sílvio José de Souza, e no capítulo de Gestão de Pessoas, o trabalho monográfico do então Ten Cel PM Washington Luiz Gaiotto. No campo da motivação voltada para a gestão de qualidade, podemos citar a contribuição das reflexões apresentadas por Cezar Augusto Oliveira em sua Dissertação de Mestrado da PPGEP/UFSC. 1.3 Manuais, Apostilas e Normas O Manual do Programa de Qualidade no Serviço Público (PQSP), desenvolvido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio da Secretaria de Gestão, que trata de orientações para implantação do Modelo de Excelência em Gestão Pública pela Qualidade. O Decreto Estadual nº 40.536 de 12 dez. 1995, Institui o Programa Permanente de Qualidade e Produtividade no Serviço Público. 26 Referencial Teórico As diretrizes nº PM6-001/96 de 24 jan. 1996, nº PM6-001/30/03 de 17 dez. 2003 e nº PM6-001/30/04 de 01 mar. 2004 demonstram a oportunidade e viabilidade do tema escolhido, para a nossa organização, dando ainda respaldo para a defesa do tema, pois o assunto tratado está em sintonia com os objetivos organizacionais da Corporação. O conjunto de diretrizes que tratam dos mais diversos programas de policiamento da Polícia Militar do Estado de São Paulo são: a Diretriz nº PM3007/02/05, que disciplina o Programa de Força Tática (FT) nas OPM Territoriais; Diretriz nº PM3-015/02/05, que disciplina o Programa de Policiamento Comunitário; Diretriz nº PM3-014/02/05, que disciplina o Programa de Policiamento Escolar; Diretriz nº PM3-012/02/05, que disciplina o Programa de Policiamento Integrado; Diretriz nº PM3-005/02/05, que disciplina a implantação do Programa de Policiamento com Motocicletas, e a Diretriz nº PM3-011/02/05, que disciplina o Programa de Radiopatrulha no Estado de São Paulo. Destacamos a contribuição da Apostila do Curso de Gestão Contemporânea pela Qualidade da 6ª EM/PM, principalmente na caracterização de uma organização prestadora de serviços com qualidade. 1.4 Internet A consulta por meio eletrônico a organizações de ensino do país, permitiu acrescentar à investigação defesas de pessoas renomadas, que contribuíram para a comprovação da tese proposta. Referencial Teórico 1.5 27 Artigos e Publicações Referenciamos os artigos de J. E. L Gonçalves na Revista de Administração de Empresas, principalmente as publicações com os temas “Processo, que processo?”, “As empresas são grandes coleções de processos” e “A necessidade de reinventar as empresas”, que também nos serviu de suporte na defesa da tese proposta, principalmente no tocante à atualidade e oportunidade do tema. Capítulo 2 2.1 HISTÓRICO DA QUALIDADE A Busca da Qualidade A Inglaterra, no século XVIII, é berço do movimento denominado “Revolução Industrial”. Esse movimento alterou por completo a economia européia e, em pouco tempo, toda a economia mundial, por haver propiciado a mudança de um modelo econômico de base rural para uma economia centrada nas indústrias manufatureiras, de produção em série e que criavam condições propícias para a urbanização. As indústrias manufatureiras, que se constituíram como as primeiras células do desenvolvimento industrial-capitalista, transformavam a matéria-prima em produtos de consumo, e, para tanto, necessitavam de grande quantidade de mão-de-obra. Surge assim uma infinidade de empregos, e nota-se um grande desenvolvimento nas nações onde se dá com maior ênfase esse alargamento da produção em massa, ou seja, principalmente na Inglaterra, na Alemanha e mais tardiamente nos Estados Unidos. Esse movimento industrial se expande, primeiramente, por toda a Europa e, posteriormente, atinge o Novo Continente – a América. Cada país promoveu sua industrialização conforme suas peculiaridades; manteve-se, em linhas gerais, a idéia original, mas foi diversificada a forma de operacionalizar essa industrialização. Por conta disso, surge o primeiro fenômeno da industrialização que nos interessa mais diretamente, a saber, a “despadronização industrial” – produtos sem utilidade ou funcionalidade fora Histórico da Qualidade 29 do país produtor. Há que se ressaltar um dado interessante: os equipamentos de produção em larga escala ainda não eram eles próprios produzidos em larga escala. A produção de teares, de maquinário siderúrgico e de usinagem ainda era produzida de maneira quase que caseira. Logo, apesar de produzirem em larga escala, produziam artefatos cujas peças, encaixes, modos de operação, entre outros, serviam apenas para aquele lote, para aquela demanda de produtos daquela fábrica específica. O problema – despadronização industrial – tornou-se evidente na 1ª Grande Guerra Mundial, já que um grupo de países se aliou a fim de combater um inimigo comum e, por conta da aliança, houve a troca de apoio armamentista; esses países puderam verificar que produtos militares fabricados fora de suas fronteiras eram, em geral, impróprios para as tropas aliadas. Por exemplo, a fabricação da munição de um determinado país do grupo aliado não estava dentro dos padrões de fabricação do armamento de outro país do mesmo grupo aliado. Só em 1935 que a Inglaterra, berço da Revolução Industrial, estabeleceu os primeiros padrões normativos – “Padrões Normativos Britânicos 600/2”, para serem aplicados no parque industrial da própria Inglaterra, para que a indústria interna pudesse falar a mesma língua, facilitando o inter-relacionamento entre fornecedores, aumentando a produção industrial do país e, conseqüentemente, trazendo melhorias não apenas no sentido operacional da produção, mas sobretudo gerando grande redução de custos. Seguindo o exemplo da Inglaterra e, diante do que se viu na Primeira Grande Guerra, os Estados Unidos, com a eclosão da Segunda Grande Guerra, também trataram de criar suas próprias normas – “Padrões Normativos Z-1”. Com o fim da Segunda Grande Guerra e com a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), os países integrantes dessa Organização estabeleceram padrões industriais para a produção do Histórico da Qualidade 30 equipamento militar a ser utilizado por suas forças; assim, criaram as Normas Mil-Q-5923C e Mil-Q-9858-A. Para que o comércio entre os países pudesse prosperar, era necessário que seus produtos fossem atrativos ao mercado internacional. Conseqüentemente, nasce o desejo de produzir bens com características de aceitabilidade mundial e, para tanto, surge a necessidade da padronização industrial. Nota-se uma preocupação, mesmo que indireta, com a qualidade interna do produto, existente desde 1935, com os primeiros sinais de padronização industrial, além da diversificação dos fornecedores de produtos e serviços, que faz aumentar a preocupação com a qualidade daquilo que é oferecido, já que é essa preocupação o grande referencial de escolha no momento de se optar por este ou aquele fornecedor. No ano de 1976, motivados pela necessidade de se encontrar um consenso mundial de padronização de procedimentos, iniciam-se estudos comparativos das normas de padronização industrial existentes, especialmente as americanas e européias, através da Organização Internacional para Normatização (International Organization Standardization – ISO). O resultado surge em 1987 com a publicação da primeira série de Normas Internacionais ISO 9000 composta pelas normas ISO 9000, ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003 e ISO 9004. As normas ISO passam a garantir que as empresas certificadas possuem uma padronização industrial de seus produtos e um sistema de garantia da qualidade destes. Além das normas ISO, outros mecanismos colaboraram no despertar mundial para a qualidade dos produtos e serviços. A criação, em 1952, no Japão, do Prêmio Deming de Qualidade; em 1984 nos Estados Unidos, é instituído o Prêmio Malcom Baldrige, ambos ofertados anualmente a pessoas e organizações que tenham obtido destaque na tratativa do Controle de Qualidade. No Brasil, citamos o Prêmio Nacional de Qualidade, Histórico da Qualidade 31 instituído em 1992 e dirigido às indústrias de manufaturas, organizações prestadoras de serviços e pequenas empresas. 2.2 A Gestão pela Qualidade total W. Edwards Deming nasce no ano de 1900, no oeste americano, filho de um advogado e de uma senhora dedicada à arte da música. Sofreu influências da intelectualidade do pai, da sensibilidade artística da mãe, aliado ao fato de ter que aprender a sobreviver em um ambiente hostil. Estas influências renderam-lhe características pessoais, devido ao que mais tarde passou a ser conhecido como o ”Pai do Controle Estatístico da Qualidade”. Este controle estatístico é o precursor da Gestão pela Qualidade Total. Graduou-se em Física e Matemática, tendo desde logo despertado grande interesse pelo estudo da estatística aplicada aos processos industriais. Na década de 30 conheceu Walter A. Shewart, um estatístico da Bell Laboratories, que havia desenvolvido uma forma dos próprios operários acompanharem e controlarem os altos e baixos dos seus processos produtivos através de um gráfico, o “Gráfico de Controle”. Com o início da Segunda Grande Guerra Mundial, exigiu-se um esforço exagerado no setor industrial americano; constituía-se assim um clima propício para as idéias de Deming, que inauguraram uma nova forma de gerir processos produtivos através do controle estatístico. Deming Influenciou algumas indústrias inseridas no esforço de guerra no sentido de usar a estatística para melhorar a qualidade do material produzido. Com isso, foi possível aos Estados Unidos produzirem suprimentos militares mais baratos e nas quantidades necessárias. Histórico da Qualidade 32 Entretanto, com o fim do conflito mundial e a vitória dos aliados, os Estados Unidos encontram-se numa situação extremamente privilegiada. Já era nessa época o país de maior produção industrial do mundo, e, com uma economia interna privilegiada, o clima, agora, torna-se propício ao consumismo, a quantidade passa a ser mais importante que a qualidade. Perante esse status quo, as técnicas de Deming são abandonadas. 2.2.1 A Qualidade Total no Japão do pós-guerra Enquanto nos Estados Unidos o setor produtivo, como dissemos, encontrava-se no auge de sua capacidade de produção, experimentando uma onda de condições extremamente propícias, situação muito diferente ocorria no Japão. O país estava arruinado. As indústrias estavam completamente destruídas, somente a cidade de Kioto havia sido poupada da devastação em larga escala. Forças de ocupação desembarcaram no Japão e rapidamente adotaram medidas de recuperação de serviços básicos e essenciais, e, com o tempo a indústria de telecomunicações japonesa passou a utilizar o moderno sistema de controle de qualidade. Concomitantemente, o Dr. Deming foi ao Japão para planejar o censo japonês do pós-guerra. Aproveitou-se da oportunidade para ofertar à comunidade científica japonesa sua forma inovadora de gerir processos produtivos. Era senso comum entre os integrantes da comunidade científica que o Dr. Deming e suas idéias inovadoras proporcionaram suporte para que os Estados Unidos pudessem vencer a guerra. O Sindicato dos Cientistas e Engenheiros do Japão (SCEJ) convidou o Dr. Deming a retornar ao Japão a fim de proferir uma série de palestras para administradores e engenheiros, procurando sensibilizá-los quanto à importância da qualidade para a produção de um bem ou serviço. Histórico da Qualidade 33 Foi, inclusive, reservado um dia especial para a realização de um seminário para presidentes e diretores de empresas. Os japoneses, motivados pela nova proposta, não só aceitaramna como rapidamente aperfeiçoaram-na, tornando-a uma forma consagrada de administração, evocando o respeito mútuo entre as pessoas envolvidas nos processos produtivos. O SCEJ passou a desenvolver estudos e pesquisas de controle de qualidade, donde despontaram nomes como Dr. Kenichi Koynagi e Dr. Kaoru Ishikawa, sendo que mais tarde eles implantariam o “Prêmio Deming de Qualidade”, honraria que era ofertada a qualquer indivíduo ou organização pela contribuição para a disseminação e o desenvolvimento das teorias relacionadas ao controle de qualidade. Deming voltou mais uma vez ao Japão, e desta vez dirigiu seus ensinamentos a vinte e um dos maiores empresários japoneses, incluindo os Presidentes da Toyota, Mitsubishi, Nissan, Hitachi, Fujitsu e dezesseis outros. Outro nome que destacamos no controle de qualidade da produção de bens e serviços, que juntamente com o Dr Deming é pioneiro na divulgação de que a qualidade nos processos produtivos não ocorre por acaso é o do americano, J. M. Juran. Nascido em 1904, graduou-se mais tarde em Engenharia e Direito. Também foi convidado pelo SCEJ a fim de promover uma série de palestras direcionadas ao que se chamou de “planejamento para obtenção da qualidade”, apresentando metodologia e ferramentas para essa implantação. Foi exatamente nesse período que os conceitos de qualidade passaram a ser veiculados por toda a administração, extrapolando os limites dos setores produtivos. A partir daí, o grande nome no Japão passa a ser o Dr. Ishikawa, que anualmente, juntamente com o Prêmio Deming, passa a organizar a Conferência Anual de Controle de Qualidade. O Dr Ishikawa transformou os conceitos ocidentais de controle da qualidade dos processos produtivos em Histórico da Qualidade 34 uma metodologia própria e aplicável ao povo japonês, já que o Japão é um país milenar, com características particulares muito distintas das características dos países do ocidente. Era necessária, portanto, a busca de fórmula própria, de modo que esta metodologia de controle da qualidade fosse amplamente divulgada, adotada, e principalmente, aceita por todo o país. A história do povo japonês é mesmo surpreendente; no fim da 2ª Grande Guerra Mundial, o país é reduzido a escombros, população quase dizimada. Cidades inteiras destruídas pelas bombas atômicas. O país é o retrato mórbido do caos de uma guerra sem precedentes. Ocorre que um fato de muita importância chamou a atenção da humanidade: este mesmo país, retrato do caos, em menos de 50 anos do pós-guerra, surge como a grande nação japonesa, um dos países mais ricos e de maior índice de industrialização do mundo. 2.2.2 A Qualidade Total no mundo moderno O quadro geral do pós-guerra, como já dissemos, estava delineado: de um lado os países vitoriosos, sendo que, dentre eles, os Estados Unidos é quem se encontrava na situação mais favorável, com setor produtivo na capacidade máxima e em franco crescimento; de outro, o lado os países derrotados; dentre eles, destacamos o Japão, com seu parque industrial arrasado, seu povo humilhado frente às tropas de ocupação. Os americanos, lembremos, haviam relegado a segundo plano a metodologia do Dr Deming, metodologia esta que garantiu a vitória aos países aliados, e adotando a política da quantidade em detrimento a qualidade. Já nos anos sessenta (mais especificamente, no ano de 1965) esse quadro já não é mais o mesmo: ele inverte-se; e o grande responsável Histórico da Qualidade 35 por isso foi o Dr Ishikawa, que dá conhecimento aos países do Ocidente e ao mundo os métodos de controle da qualidade adotados no Japão. Em 1969 é fundada a Internacional Academy for Quality (IAQ) na primeira Conferência Internacional de Controle da Qualidade, realizada na cidade de Tóquio, onde o Japão tem a oportunidade de ensinar ao mundo os métodos de controle da qualidade. A expressão “qualidade” não estava esquecida por completo na comunidade científica mundial; é verdade que durante os anos seguintes ao pós-guerra a metodologia de controle da qualidade teve uma aplicabilidade muito maior no Japão, prova disso, como já dissemos, é a ascensão fabulosa desse país após o fim do conflito mundial. Armand V. Feigenbaum, administrador americano, funcionário da General Eletric (GE), em 1957, motivado pelas idéias de Deming e acreditando que serem essas idéias poderiam e deveriam ser aplicadas de uma forma mais abrangente, cria uma metodologia de manter a administração sob rígido controle, nasce o termo “Controle da Qualidade Total” (CQT). Feigenbaum acreditava que a qualidade total poderia ser definida como “um sistema eficiente para a integração do desenvolvimento, da manutenção, e dos esforços de melhoramento de qualidade dos diversos grupos de uma organização” (Feigenbaum, 1994), definição que consta em seu livro “Total Quality Control: Engineering and Management”, publicado em 1961. Notamos, pela definição, que Feigembaum vincula a qualidade à participação das pessoas e dos setores da organização. Por meio dos esforços dos envolvidos no processo, neste período pós-guerra, o parque industrial japonês surgiu no cenário mundial, promovendo uma reviravolta na economia do país. Para podermos ter uma idéia desta reviravolta, em 1980, a rede americana de televisão NBC exibiu um programa intitulado “If Japan Can, Why Can’t We ?“, demonstrando ao mundo os benefícios do controle da qualidade adotados no Japão e convidando o povo americano a seguir esta metodologia. Histórico da Qualidade 36 Nos dias atuais, a Gestão pela Qualidade Total é reconhecida mundialmente como o caminho da excelência industrial, prestação de serviços, geração de riqueza e satisfação do homem. O Japão continua sendo uma das potências mundiais em produção industrial. Seus produtos são exportados para todos os países do mundo, sendo a eles atribuída alta confiabilidade. Sua gestão industrial promoveu a quebra de monopólios comerciais, e o exemplo clássico disso é o recorde de vendas de automóveis japoneses nos Estados Unidos, quebrando gigantes do mercado americano como Ford, General Motors e outros. O processo de mudanças provocado pelos conceitos de qualidade também afetou os Estados Unidos; a produção apoiada no consumismo foi repensada, é cada vez maior o número de empresas que buscam afinar-se com as práticas de gestão pela qualidade total, sobretudo por que ficou claro que a sobrevivência das empresas depende sobretudo da produção de bens e serviços que atendam às necessidades dos clientes. A globalização gerou um crescimento mundial sem precedentes, e este momento passará a ser conhecido como a Era da Informação. A tônica dessa mudança é exigir cada vez mais dos envolvidos nos processos produtivos o respeito aos direitos e às garantias fundamentais dos indivíduos. 2.2.3 A Qualidade Total no Brasil No Brasil não foi diferente, e a evidência disso é a promulgação da Constituição Federal de 1988, ela é conhecida como a “Constituição Cidadã”, pela nítida demonstração de colocar as pessoas em posição de privilégio diante da sociedade brasileira. A Constituição exige do Estado o Histórico da Qualidade 37 mais profundo respeito ao direito de cidadania, obrigando-o a satisfazer todas as necessidades da sociedade. Somam-se a esse mérito iniciativas como a do Governo Federal que implementou no ano de 1990 o “Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade”, estabelecendo regras de respeito máximo aos direitos dos usuários do Serviço Público. São instaladas ouvidorias nos órgãos públicos, a fim de garantir o respeito ao direito do consumidor (usuário) do Serviço Público. Surgem também inúmeras organizações de defesa do consumidor, para promoção dos direitos humanos, para o combate à violência. Acompanhando a evolução do Governo Federal, em 1995, o Governo do Estado de São Paulo instituiu o Programa Permanente de Qualidade e Produtividade no Serviço Público (PPQPSV), com a edição do Decreto nº 40.536, de 12 dez 1995. Além de ser ferramenta de modernização do Estado, o Programa foi um marco no âmbito estadual, já que promoveu a possibilidade para que todos os órgãos da Administração Pública Estadual pudessem buscar a qualidade nos seus serviços. 2.2.4 A Qualidade Total na Polícia Militar Desse modo, acompanhando a modernização do Governo do Estado e vislumbrando na Gestão pela Qualidade Total uma valiosa opção de aperfeiçoamento organizacional, em 1997, a Polícia Militar iniciou o seu Programa de Gestão pela Qualidade Total. Podemos citar dois fatores que contribuíram sensivelmente para o rápido engajamento da Corporação nesta inovadora forma de Gestão: 1) No ano de 1997, durante um levante armado de presos, ocorrido na Casa de Detenção de São Paulo, após a intervenção da Polícia Histórico da Qualidade 38 Militar, por meio dos Batalhões de Choque, restou vitimados 111 presos. O fato ganhou repercussão na mídia internacional. 2) Em um bairro periférico de Diadema (Região da Grande São Paulo), durante uma operação policial um Policial Militar atirou em um homem, causando a sua morte. Esse fato gerou grande repercussão negativa junto à opinião pública. Integrado a Comissão Estadual de Direitos Humanos, foi criada a Comissão de Implantação da Polícia Comunitária e o Conselho Geral da Comunidade. Especial atenção foi dispensada aos trabalhos dos Conselhos Comunitários de Segurança. A partir daí o Comando da Corporação procurou aproximar-se das comunidades e junto com elas encontrar caminhos para a solução dos problemas de segurança. Muito antes desses episódios e da própria edição do Decreto nº 40.536, de 12 dez 1995, a Polícia Militar já dava os primeiros passos rumo a Gestão pela Qualidade Total. Em novembro de 1995, através de parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 04 oficiais, dentre eles o ex-Comandante Geral, Cel PM Rui César Melo, freqüentaram o curso “Programa SEBRAE da Qualidade”, criando o primeiro embrião relacionado à Qualidade na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Em 26 de fevereiro de 1996, em consonância com o Programa Permanente de Qualidade e Produtividade no Serviço Público foi editada a DIRETRIZ Nº PM6-001 de 24Jan96, cuja finalidade era estabelecer normas para a implantação do Programa de Qualidade Total na Corporação. A primeira edição do Sistema de Avaliação de Desempenho na Polícia Militar foi editada em 1997. Nas tabelas a seguir podemos observar a evolução e os caminhos percorridos pela qualidade na Polícia Militar logo após sua implantação. Histórico da Qualidade Tabela 2 - 39 Evolução histórica: anos 1998 e 1999. Fonte:<http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/6empm/home/defa ult.asp? hit= evol>. Acesso em: 22 fev. 2007. (Adaptado). Tabela 3 - Evolução histórica: anos 2000 e 2001. Fonte:<http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/6empm/home/defa ult.asp? hit= evol>. Acesso em: 22 fev. 2007. (Adaptado). Histórico da Qualidade Tabela 4 - 40 Evolução histórica: anos 2002 e 2003. Fonte:<http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/6empm/home/defa ult.asp? hit= evol>. Acesso em: 22 fev. 2007. (Adaptado). Tabela 5 - Evolução histórica: anos 2004 e 2005. Fonte:<http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/6empm/home/defa ult.asp? hit= evol>. Acesso em: 22 fev. 2007. (Adaptado). Histórico da Qualidade 41 Com referência ao ano de 2006, destacamos a premiação de 3 OPM com medalhas no Grau Bronze no Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão. O 6° Ciclo do Prêmio Polícia Militar da Qualidade – PPMQ, contou com a participação de noventa e sete OPM inscritas, tendo com resultado final: quinze OPM Vencedoras no Grau Bronze; doze OPM recertificadas no Grau Bronze; seis OPM Vencedoras no Grau Prata; duas OPM recertificadas no Grau Prata e uma OPM recertificada no Grau Ouro. Destacamos também a certificação do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CFAP pelas normas ISO 9001:2000. Cabe ressaltar que o CFAP é a única Organização Militar reconhecida no Prêmio Gestão Banas. Capítulo 3 3.1 A POLÍCIA OSTENSIVA DE SEGURANÇA O papel da Polícia Ostensiva de Segurança A segurança pública é dever do Estado e direito de todos, embora também seja responsabilidade de todos. Não basta, portanto, que o sistema seja efetivamente eficiente, que conte apenas com o envolvimento dos órgãos que o integram; é necessário a efetiva colaboração da sociedade. Ela deve ser estimulada a participar do processo de formação de idéias e propostas, buscando gerar mecanismos de controle e/ou redução dos indicadores de ilegalidade, obtendo melhorias nos níveis de preservação da ordem pública e, conseqüentemente, melhorando a qualidade de vida. Norteados por esse pensamento, nos idos de 1985 através do Decreto Estadual nº 23.455 de 10 de maio de 1985, foram criados os Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEGs), entidades compostas por líderes comunitários do mesmo bairro ou município, com a finalidade de se reunirem voluntariamente, para discutir e analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas comunitários de segurança, desenvolver campanhas educativas e estreitar laços de entendimento e cooperação entre várias lideranças locais. Cada Conselho passa a ser uma entidade de apoio à Polícia Estadual nas relações comunitárias. Pode-se afirmar que os CONSEGs representam hoje a mais ampla, sólida, duradoura e bem sucedida iniciativa de Polícia orientada para a comunidade em curso no Brasil. É diante desse quadro que por meio da DIRETRIZ nº PM3-008/02/06 de 01Ago06, que estabelece normas para o Sistema Operacional de Policiamento PM 43 A Polícia Ostensiva de Segurança (NORSOP), a Polícia Militar se apresenta como uma Polícia Comunitária, adotando essa postura de forma filosófica e estratégica. Filosófica, pois deve permear todos os níveis e ser absorvida por todos os membros da Instituição Policial-Militar. Estratégica, pois deve direcionar todos os esforços, medidas e programas institucionais no sentido de criar sólidos laços entre a Organização e seus clientes externos. Essa interação permite obter dos clientes respaldo, cooperação, parceria, participação e informações, contribuindo sensivelmente para a preservação da ordem pública, para a obtenção do grau de segurança pública desejado e aceitável e para a melhoria da qualidade de vida do ambiente. Jean Paul Brodeur (2000, p. 32-33), ao considerar a polícia contemporânea, esclarece: O papel apropriado da polícia na sociedade tem sido uma matéria por muitos anos debatida, mas há poucas dúvidas de que o trabalho de controlar o crime é considerado como prioridade maior da polícia sob o modelo tradicional (outras funções-chave incluem fornecer serviços de emergência, administrar a justiça através da prisão e oferecer uma cadeia de serviços não-emergenciais). Na teoria do policiamento comunitário, o controle do crime, o atendimento de emergência e à justiça - como concebidos tradicionalmente recebem uma atenção menor, enquanto os serviços não emergenciais recebem atenção maior. Essa modificação nas prioridades tem sido justificada de vários modos. Primeiro, as funções de controlar o crime, atender emergência e justiça constituem uma pequena proporção da demanda total pelo serviço policial; segundo, pesquisas demonstram que a ação das instituições policiais não tem sido muito eficaz nessas funções, dada a própria gênese do crime que transcende os esforços policiais; terceiro, os problemas criminais e não emergenciais representam a preocupação mais freqüente dos residentes nas comunidades; a quarta e mais convincente das razões tem a ver com a natureza da vida urbana e as forças que contribuem para o declínio das localidades. O modelo de policiamento comunitário não propõe objetivos diferentes de policiamento, mas, ao contrário, sugere que meios alternativos de atingir esses objetivos devem receber mais atenção. Consubstancia-se aí o desafio das organizações policiais ostensivas – interiorizar o conceito de ser uma polícia comunitária, em profunda parceria com as comunidades nas quais se faz presente, utilizando-se de todas as forças legítimas no esforço de manutenção da ordem pública, gerando assim, tranqüilidade dos cidadãos. A Polícia Ostensiva de Segurança 44 As medidas necessárias para se atingir esse objetivo extrapolam as adotadas pela polícia; o papel das comunidades é de suma importância, porque cabe a elas a quebra da teoria da oportunidade do cometimento de crimes, ou seja, cabe a elas a adoção de posturas que não permitam aos delinqüentes a prática de condutas anti-sociais e criminosas. Os problemas de segurança pública – calçamento das ruas, colocação de muros em terrenos baldios, funcionamento de bares e casas de diversão pública irregulares – não são, na sua maioria, problemas de polícia. Assim, os planos a serem produzidos serão de segurança pública e não apenas planos de ação da polícia. 3.1.1 Conceituação Legal A Constituição Federal de 1988, no Título V, capítulo III, artigo 144, inciso V, estabelece que: A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública, aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. [...] A Constituição do Estado de São Paulo, no seu Título III, capítulo III, seção III, no caput do artigo 141 prevê: À Polícia Militar, órgão permanente, incumbe, além das atribuições definidas em lei, a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. A competência da Polícia Militar, órgão no Estado de São Paulo, responsável pela polícia ostensiva de segurança, está disposta no artigo 2º da Lei nº 616/74 de 17 dez. 1974, que dispõe sobre a organização básica da PMESP, ressaltando-se os incisos I, II, III, V do referido artigo: A Polícia Ostensiva de Segurança 45 I - executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo fardado, planejado pelas autoridades policiais competentes, conceituadas na legislação federal pertinente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; II - atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem; III - atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas; [...] V - realizar serviços de prevenção e de extinção de incêndios, simultaneamente com o de proteção e salvamento de vidas humanas e material no local do sinistro, bem como o de busca e salvamento, prestando socorros em casos de afogamentos, inundações, desabamentos, acidentes em geral, catástrofes e calamidades públicas; [...] Quanto ao policiamento ostensivo, a referida Lei nº 616/74 prevê, no caput do artigo 3º: Artigo 3º - Entende-se por policiamento ostensivo a ação policial em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados sejam identificados de imediato quer pela farda quer pelo equipamento, quer pelo armamento ou viatura. 3.1.2 Objetivos a serem alcançados Com o intuito de materializar no cotidiano da sociedade as aspirações que são encontradas nos preceitos legais que se referem ao problema da segurança pública, a Organização não pode se prender à observância estrita da norma, que remete a objetivos, mas não a condições de execução. Entre um e outro fator, é preciso desenvolver uma leitura crítica do serviço policial prestado pela instituição, o que também deverá ser mensurado por objetivos que podemos chamar de “mediatos”, por se tratarem de fundamentos preparatórios para a execução dos amplos objetivos legais. Trataremos desses objetivos mediatos a partir de agora. 3.1.2.1 Visibilidade Ação de polícia ostensiva que tem como fulcro marcar presença na área territorial, a fim de constranger a ação delituosa. É, em suma, a concretização do 46 A Polícia Ostensiva de Segurança espírito do policiamento ostensivo pela simples imposição do agente e dos meios do estado em locais estratégicos. Para tanto, o Comando da Polícia Militar sintetizou na INSTRUÇÃO POLICIAL MILITAR – I-28-PM de 07Abr03, que estabelece instruções para a distribuição e o completamento do efetivo Policial-Militar Territorial. Não se pode ignorar a existência de outros fatores que também colaboram com esses resultados. Ações que objetivem evitar ou mesmo reduzir a ocorrência e a intensidade de infrações penais são bons exemplos de fatores que colaboram para os efeitos do policiamento preventivo. Podemos citar como exemplos bem-sucedidos o Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (PROERD) e o Programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC), além do Programa Escola da Família, embora este não tenha seu nascedouro na Polícia Militar, também é um ótimo exemplo. Programas de remoção de ambientes favoráveis à ação criminosa e de co-participação da comunidade em ações comunitárias para elevação da qualidade de vida também são ótimos exemplos. Primamos para que o policial-militar possa reconhecer os ambientes ou situações que podem vir a gerar um fato ilícito, identificando os fatores que possam produzi-lo e, com sua interferência, diminuir a chance do aparecimento do resultado indesejado. 3.1.2.2 Cobertura Cobertura, originalmente, significa o ato de estabelecer as ações de polícia, sejam elas da natureza que forem, em determinado território preestabelecido. Obviamente, não é possível conceber a cobertura de maneira minimamente concreta sem considerar que ela está diretamente ligada às ações pontuais e gerais do organismo policial. A Polícia Militar está presente em todas as localidades do Estado. Buscamos a eqüidade na distribuição dos recursos frente a demanda de serviços de polícia ostensiva de cada área e,para tanto, foram estabelecidos critérios técnicos A Polícia Ostensiva de Segurança 47 baixados pelo Comando Geral por meio da PORTARIA DO CMT G Nº PM3008/01/03 de 05Jan04 para essa distribuição, proporcionando um nível uniforme e adequado de prestação de serviços. 3.1.2.3 Resposta rápida Tempo estimado médio considerado para o atendimento ao cliente para a prestação do serviço ao qual se destina a organização. A eficácia de um sistema policial está calcada na sua capacidade de resposta, ou seja, tanto melhor será o sistema quanto menor for seu tempo de resposta. A uma demanda específica a pronta resposta é extremamente benéfica, pois aumenta a confiabilidade na Organização, a certeza do atendimento do chamado e as chances de identificação e detenção dos agressores envolvidos. 3.1.2.4 Acessibilidade É de fundamental importância que os clientes da Organização tenham facilidade de acesso ao sistema policial. Essa facilidade de acesso é representada pelo contato telefônico, principalmente o de emergência – 190, e pelo conhecimento da localização e serviços disponíveis, tais como Postos Policiais-Militares (PPM), Bases Comunitárias de Segurança (BCS), Bases Comunitárias de Segurança Distritais (BCSD), Bases Operacionais (B Op), sedes de OPM e por pontos de estacionamento das Bases Comunitárias Móveis (BCM) e viaturas de patrulha. Entretanto, a acessibilidade não pode se constituir de uma via de mão única, ou seja, não é suficiente apenas “se fazer acessível” para o cliente, porque isso implica numa atitude extremamente passiva para uma organização que se pretende perene. Em suma, é preciso procurar implementar a acessibilidade da instituição ao seu cliente, a fim de principalmente trabalhar no sentido de angariar sua simpatia e respeito. Os programas sociais nos quais a Corporação se envolve são bons exemplos disso. A Polícia Ostensiva de Segurança 48 3.1.2.5 Eficácia – Resultados a longo prazo Os resultados a longo prazo esperados pela Instituição são, de maneira ampla, o reconhecimento e a consolidação de sua imagem como prestadora de serviços excelentes. Esse é o grande resultado esperado, pela Organização, em relação a todas as ações particulares adotadas no sentido de implementar serviços de qualidade. A Diretriz nº PM6-001/30/2000 de 21Mar00, que estabelece mecanismos de controle e verificação do cumprimento de metas pelas Organizações Policiais Militares (OPM) e seus integrantes, pauta que as ações, atividades, operações e realizações da Polícia Militar devem se ater ao cumprimento das Metas e Objetivos Organizacionais constantes do Plano Plurianual da Polícia Militar, bem como das ordens emanadas pelo Comando da Corporação. Esses Objetivos Organizacionais estão alinhados com o cumprimento das Diretrizes Governamentais, as quais são estabelecidas com base no Plano de Governo e nos anseios da população, em absoluto respeito aos propósitos da Segurança Pública, na legislação pertinente à Polícia Militar, bem como nas políticas e orientações do Comando Geral. 3.1.2.5.1 Diminuição dos índices criminais Em profunda sintonia com as Diretrizes Governamentais, com o Plano Plurianual da Corporação e com a Diretriz que estabelece o Plano de Metas e os mecanismos de controle e verificação, o Plano Estratégico de Comando Biênio 2005-2006 apresenta ações estratégicas, divididas em áreas de atuação estratégica, tais como: área de pessoal; área operacional; área administrativa e área políticoinstitucional. Essas ações estratégicas se desdobram em linhas de ação, que são amplamente divulgadas e executadas pelas OPM. Quanto à área operacional as linhas de ação se concentram na equalização de esforços operacionais em todo o Estado; ampliação e consolidação 49 A Polícia Ostensiva de Segurança dos programas de policiamento; otimização do policiamento ostensivo e sua gestão por meio de indicadores de desempenho; revisão e consolidação das normas operacionais; expansão e incentivo ao uso dos sistemas inteligentes e aperfeiçoamento do policiamento comunitário. Há que se considerar que a missão constitucional da Corporação, se desempenhada a contento, não se dissocia da diminuição ou, no mínimo, da manutenção dos índices criminais. Apesar de sua quantificação e possibilidade de diagnóstico discutíveis, o estudo do comportamento dos índices criminais pode ser tomado como um fator indireto de avaliação da qualidade e principalmente da eficácia dos serviços prestados. As ações desencadeadas pelas diversas linhas de ação na área operacional canalizam esforços para proporcionar um ambiente favorável à constante diminuição dos indicadores criminais, quer seja pelo combate direto ao delito criminal, quer seja por ações de presença constante e sólidas parcerias com a comunidade, inibindo o aparecimento dos pré-requisitos necessários ao delito criminal. 3.1.2.5.2 Obtenção da sensação de segurança Nem sempre a chamada sensação de segurança pode ser considerada como diretamente proporcional à realidade dos delitos praticados. Eis aqui um fator fundamental na atuação “corpo-a-corpo” com nossos clientes. Mesmo não sendo aptos a atuar sobre todos os fatores a que totalizam o conjunto de problemas relativos à segurança pública de determinado território, a sensação de bem-estar pode ser trabalhada em nível individual através da própria atuação do agente da Organização. Cabe à Polícia Militar preparar adequadamente seu profissional de campo, ou seja, aquele que irá manter contato direto com os usuários dos serviços da Organização, de modo a colaborar na obtenção da sensação de segurança, já que após a ocorrência de um delito, a sensação de segurança da vítima pode ser restabelecida no todo ou em parte pela simples forma de ser atendida, quer seja A Polícia Ostensiva de Segurança 50 pela rápida resposta da Corporação ao seu pedido de socorro, quer pela atenção dispensada pelo policial-militar ao problema apresentado pela vitima. As diretrizes organizacionais da Polícia Militar, no seu bojo, contemplam as políticas adotadas pela Organização voltadas para a área operacional, quais sejam: - o aumento da sensação de segurança da população; - a redução de índices criminais; - a consolidação de programas de policiamento; - a atualização de normas; - a expansão dos sistemas inteligentes; - o aperfeiçoamento de procedimentos operacionais; - a redefinição de indicadores de desempenho; e - a diminuição de resultados indesejados. 3.1.3 A híbrida atividade da Polícia de Segurança: polícia ostensiva e polícia judiciária Nossa Instituição, por força dos diplomas legais, compõe um sistema híbrido de Política de Segurança: a Polícia Militar é, via de regra, responsável pelo policiamento preventivo ostensivo fardado. À Polícia Civil, por sua vez, cabem as ações de polícia judiciária, não completando per se, nenhuma das duas instituições, o tão propalado ciclo completo de polícia. Não que as ações ostensivas ou preventivas se percam por causa desse sistema híbrido. O que pode acontecer é a quebra de continuidade do processo, combatido e minimizado pela tentativa de aproximar as instituições, através de planejamento de cúpula e de ações conjuntas desenvolvidas por elas. Concretizar a eficácia desse sistema nem sempre é simples. As duas instituições, apesar de comungarem objetivos semelhantes, possuem estruturas rígidas e culturas arraigadas que raramente se superpõem. Dessa maneira, é preciso superar preconceitos para conseguir um entendimento que permita a consecução das missões complementares das duas instituições, o que é amplamente facilitado pela crescente profissionalização que vemos aflorar ultimamente no âmbito das instituições que compõem o sistema estadual de segurança pública. A Polícia Ostensiva de Segurança 51 Apesar do estrito rigor normativo da divisão entre as atribuições de uma e de outra instituição, a prática torna essa rigidez menos presente. A própria necessidade de intervenção nos casos de flagrante delito, em suas diversas modalidades (crime que está acontecendo, que acabou de acontecer, cuja perseguição ou procura leva ao provável autor) exige a repressão imediata. As sutilezas jurídicas concernentes ao que denominamos competência legal também devem ser notadas, uma vez que a Corporação também age como polícia judiciária em certas modalidades delituosas, a saber, os crimes própria e impropriamente militares, conforme estabelecidos na legislação penal pátria. 3.2 A Estrutura do Policiamento Ostensivo Por policiamento ostensivo por meio da DIRETRIZ Nº PM3-008/02/06 de 01Ago06, que estabelece normas para o Sistema Operacional de Policiamento PM (NORSOP) podemos entender: 6.3.2. policiamento ostensivo Compõe-se das ações de fiscalização de polícia, sobre matéria de segurança pública, em cujo emprego o policial militar ou a fração de tropa é identificado de relance, quer pela farda, quer pelo equipamento, armamento ou viatura. É modo de atuar do Poder de Polícia. Essas ações de fiscalização de polícia são executadas por meio das modalidades abaixo elencadas, bem como suas atribuições centrais: Policiamento Ostensivo Geral (Urbano e Rural): Satisfazer as necessidades básicas de segurança pública, sejam elas de uma comunidade ou de um único cidadão. Policiamento Ostensivo de Trânsito (Urbano ou Rodoviário): Prevenir e reprimir atos de desobediência às normas relativas à segurança de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes. 52 A Polícia Ostensiva de Segurança Policiamento Ostensivo Ambiental: Salvaguardar recursos naturais do Estado e prevenção e repressão às infrações cometidas contra o meio ambiente. Policiamento Ostensivo de Choque: Empregado em missões extraordinárias de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública no território estadual. Policiamento Velado: Forma de atuação complementar e em apoio ao policiamento ostensivo, com o emprego de policiais militares em trajes civis. Policiamento Comunitário: Conjunto de todas as ações e medidas táticas ou operacionais voltadas à consecução dos objetivos estratégicos delineados pela Instituição Policial-Militar, no sentido de preservar a ordem pública, obter o nível de segurança pública desejado e aceitável, bem como proporcionar a melhoria da qualidade de vida, levadas a efeito em conjunto com as comunidades em que se desenvolve, por meio do respaldo, cooperação, parceria, participação e informações nelas angariados. 3.2.1 Programas de Policiamento O desenvolvimento das atividades de policiamento ostensivo pode ser dividido em vários programas, ao que denominamos Programas de Policiamento. Tais programas são destinados a atender determinados objetivos, sendo projetos de implantação duradoura, ajustáveis ao longo do tempo e regulados por diretriz própria. Basicamente traduzem a estratégia operacional da nossa Instituição. A organização do policiamento em programas define melhor os padrões de execução, facilitando inclusive o planejamento orçamentário para sua manutenção. O policiamento ostensivo da Polícia Militar é subdividido em vários programas, a saber: Programa Força Tática: Disciplinado pela DIRETRIZ Nº PM3-007/02/05 de 07Nov05, o programa visa a ação de polícia ostensiva de caráter especializado A Polícia Ostensiva de Segurança 53 onde o policiamento comunitário não seja suficiente para a resolução. Define Força Tática, bem como o seu emprego: 6.1.4. Força Tática É a denominação que recebe a fração F Ptr reforçada, treinada para ações táticas de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, tais como a prevenção setorizada, com intensificação ou saturação localizada de policiamento, repressão ao crime organizado ou em locais com alto índice de crimes violentos, ocorrências de vulto, eventos de importância, controle de tumultos e ações para restauração da ordem pública de maior magnitude. O Programa está instalado em 112 municípios do Estado, empregando 1143 viaturas e 2553 policiais militares. Programa Policiamento Comunitário: Disciplinado pela DIRETRIZ Nº PM3-015/02/05 de 07Nov05, o programa, nas OPM Territoriais, tem como objetivos previstos: 4.1. padronizar a organização e os procedimentos relativos à instalação e desativação de BCS, BCSD, B Op e PPM, bem como disciplinar seu funcionamento; 4.2. atualizar as normas que regulam a forma de emprego de BCM, garantindo a continuidade da eficácia dos serviços prestados pelo efetivo que atua nessas Vtr; 4.3. acentuar o caráter de visibilidade e acessibilidade da Polícia Militar por meio da otimização do emprego das instalações e viaturas tratadas nesta Dtz. A DIRETRIZ Nº PM3-015/02/05 ainda nos apresenta uma série de definições: 6.1.2. Base Comunitária de Segurança (BCS) 6.1.2.1. edificação policial-militar fixa, instalada segundo os critérios de acessibilidade, visibilidade e existência de comunidade que necessite de atendimento diuturno, servindo como ícone de referência da Polícia Militar para prestação do policiamento comunitário; 6.1.3. Posto Policial-Militar (PPM) 6.1.3.1. edificação policial-militar fixa e simples, instalada em local de grande movimento de pessoas, segundo os critérios de acessibilidade e visibilidade, visando atender ao público que a ela se dirige, inclusive lavrando BO/PM-TC; 6.1.4. Base Operacional (B Op) Instalação policial-militar fixa, típica das OPM subordinadas ao CPRv ou ao CPAmb, cujas características de funcionamento atendam, respectivamente, às peculiaridades do policiamento ostensivo rodoviário ou ambiental. 6.1.5. Base Comunitária de Segurança Distrital (BCSD) no modelo japonês denominado “Chuzaishô”: A Polícia Ostensiva de Segurança 54 6.1.5.1. variante de BCS aplicável aos Distritos Municipais do Interior, consistindo em 01 (um) PM que reside no local e presta atendimento ao público, a partir de sua residência; 6.1.6. Base Comunitária Móvel (BCM) Constitui-se em um trailer ou Vtr tipo perua “VAN”, com adaptação para emprego no policiamento comunitário, visando fazer frente a circunstâncias que necessitem de presença policial não permanente, sendo empregada, após criteriosa avaliação do Comando da OPM, onde haja necessidade ocasional ou transitória, ainda que periódica (exemplos: dias de pagamento, espetáculos públicos, competições desportivas, festas religiosas ou típicas, movimento comercial etc.), com guarnição básica de 03 (três) PM, que pode ser reforçada em casos de cobertura de eventos; 6.1.7. Patrulha Comunitária (Ptr Com) É o efetivo policial-militar designado para realizar o Policiamento Comunitário nas áreas ao redor de uma BCS, por meio de patrulhamento a pé e/ou de outro processo de policiamento (motorizado, usando a Vtr de apoio; em bicicleta etc.). 6.1.8. Viaturas Comunitárias (Vtr Com) 6.1.8.1. são aquelas utilizadas no Programa de Policiamento Comunitário (BCM, Vtr de apoio às BCS e Vtr de apoio às BCSD); O Programa está instalado em 169 municípios do Estado, contando com 268 BCS, 130 PPM, 26 BCSD, 285 BCM / Trailer, 268 viaturas de apoio e empregando 12048 policiais militares. Programa Policiamento Escolar: Disciplinado pela DIRETRIZ Nº PM3014/02/05 de 07Nov05, o programa, nas OPM Territoriais, tem como objetivos previstos: 3.1. consolidar a realização do policiamento escolar nos estabelecimentos de ensino; 3.2. desenvolver ações policiais permanentes, quer preventivas, quer repressivas imediatas, no chamado “perímetro escolar de segurança”, observando-se o disposto nesta Dtz e em suas referências, em especial a NI nº PM3-001/02/99; e 3.3. aproximar os Comandos de Policiamento de Área (Capital e Grande São Paulo) e os Comandos de Policiamento do Interior, por meio de suas OPM subordinadas, das Delegacias Regionais de Ensino (DRE), possibilitando o levantamento de prioridades, a aferição de resultados, a correção de planos e a perfeita interação do policiamento com a comunidade escolar, objetivo intrínseco da Polícia Comunitária; A DIRETRIZ Nº PM3-014/02/05 ainda define: Perímetro Escolar de Segurança Área contígua aos estabelecimentos de ensino da rede pública estadual que tem prioridade especial nas ações de prevenção e repressão policial, objetivando garantir a tranqüilidade de professores, pais e alunos, de modo a evitar o mau uso das A Polícia Ostensiva de Segurança 55 cercanias das escolas por parte de vendedores ambulantes e de pessoas estranhas à comunidade escolar. Policiamento Escolar Atividade policial ostensiva voltada à segurança dos estabelecimentos de ensino, visando cumprir o estabelecido no Programa de Segurança Escolar, de modo a satisfazer as necessidades de segurança da comunidade. O Programa está instalado em 287 municípios do Estado, empregando 1153 viaturas e 2553 policiais militares. Programa Policiamento Integrado: Disciplinado pela DIRETRIZ Nº PM3-012/02/05 de 07Nov05, o programa tem como objetivos previstos: 3.1. ampliar a sensação de segurança pela distribuição de policiamento em pontos estratégicos; 3.2. servir de referência policial para a população, tornando o policiamento ostensivo mais visível e, conseqüentemente, atuando mais na prevenção dos delitos; e 3.3. otimizar os meios humanos pela distribuição mais ampla de viaturas com base técnica. A DIRETRIZ Nº PM3-012/02/05 ainda define: 5.1.2. Policiamento Integrado O Policiamento Integrado é aquele em que um policial militar guarnece uma viatura, inserido num sistema de policiamento ostensivo capaz de assegurar-lhe condições mínimas de segurança, que atua, básica e eminentemente, de forma preventiva, em pontos de estacionamento determinados em subsetor de baixa expectativa de ocorrências e numa faixa de horário considerada adequada para sua finalidade preventiva e que permita ser visto e encontrado facilmente pelo cidadão, atingindo os objetivos organizacionais de acessibilidade e visibilidade. O Programa está instalado em 139 municípios do Estado, empregando 515 viaturas e 1030 policiais militares. Programa Rádio Patrulha: Disciplinado pela DIRETRIZ Nº PM3011/02/05 de 07Nov05, o programa tem como objetivos previstos: 4.1. atender com qualidade as demandas feitas pelo telefone 190 e reduzir ao mínimo a ocorrência de chamadas em espera; 4.2. obter, nos vários níveis de execução das OPM territoriais, procedimentos uniformes para o planejamento e distribuição das guarnições de radiopatrulha. A DIRETRIZ Nº PM3-011/02/05 ainda define: 6.2.2. Radiopatrulha (RP) A Polícia Ostensiva de Segurança 56 6.2.2.1. é a viatura, guarnecida por dois policiais militares, empregada na execução do patrulhamento preventivo e repressivo imediato, em um ou mais subsetores ou município; 6.2.2.2. cada RP constitui uma força de patrulha suficiente para as funções de presença, observação e intervenção (atendimento) dos casos (ocorrências) habituais. O Programa está instalado em 645 municípios do Estado, empregando 3383 viaturas e 27064 policiais militares. Programa ROCAM: Disciplinado pela DIRETRIZ Nº PM3-005/02/05 de 25Out05, o programa, nas OPM Territoriais, tem como objetivos previstos: 3.1. diminuir os índices criminais nos grandes corredores de trânsito dos municípios do Estado, caracterizados pelo elevado índice de roubos a veículos e transeuntes; 3.2. fazer com a que a comunidade constate efetivamente a ação dirigida e intensificada do policiamento com motocicletas, em razão da sua capacidade de diminuição da criminalidade nessas vias; 3.3. permitir a mensuração da eficácia do Programa na prevenção de delitos, principalmente os de roubo de veículos e dos pertences dos seus ocupantes, nos grandes corredores de trânsito e em seus cruzamentos, bem como em outras áreas consideradas críticas, denominadas Áreas de Interesse de Segurança Pública (AISP); 3.4. divulgar o policiamento com motocicletas à comunidade, aumentando sua confiança na prestação desse serviço de polícia ostensiva e, conseqüentemente, aumentando a sensação de segurança. A DIRETRIZ Nº PM3-005/02/05 define o desenvolvimento do programa: 5.3.1. o Programa ROCAM será desenvolvido em três modos de atuação, determinados em função da demografia e urbanização do município, conforme segue: 5.3.1.1. Patrulha dedicada à via: Policiamento realizado nos grandes corredores de trânsito, caracterizados pelo elevado índice de roubos, nas cidades com população acima de 500.000 (quinhentos mil) habitantes. 5.3.1.2. Patrulha atuando por área: Policiamento efetuado por AISP do Batalhão ou do município que seja, no mínimo, sede de Cia PM, com frota fixada mínima de 04 (quatro) motocicletas. 5.3.1.3. Patrulhamento integrado com motocicleta: Policiamento efetuado por um policial militar, devidamente inserido em um sistema de policiamento ostensivo capaz de assegurar-lhe condições mínimas de segurança, nas cidades que possuam, no mínimo, OPM de nível Gp ou Pel PM e frota fixada máxima de 03 (três) motocicletas. Embora se utilize da denominação, estas motos não fazem parte do Programa de Policiamento Integrado. O Programa está instalado em 211 municípios do Estado, empregando 1859 viaturas e 3718 policiais militares. Capítulo 4 GESTÃO DE PESSOAS Este capítulo procurará apresentar uma visão do ser humano no seu ambiente de trabalho, a partir do referencial teórico focando as políticas de pessoal, procurando ainda apresentar a importância de analisar o nível do comprometimento dessa mão-de-obra com a qualidade nas organizações. As pessoas passam a maior parte de seu tempo trabalhando dentro das organizações, passando a criar um forte e duradouro impacto sobre a qualidade de vida e dos produtos dos indivíduos. As pessoas nascem, crescem, são educadas, trabalham, têm expectativas, projetos pessoais e se divertem dentro das organizações. A motivação e o comprometimento das pessoas nas organizações não aconteceram por acaso, foi uma difícil e longa conquista de quase um século de constantes mudanças. As idéias e expectativas, via de regra, sofreram significativas influências das diversas teorias de administração de pensadores como: Taylor, Fayol, Weber, Mayo. Se partirmos do pressuposto de que as organizações atualmente são um sistema aberto e complexo de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas, e a cooperação entre elas é essencial para a existência da organização e das pessoas, poderemos destacar como principais elementos característicos de uma organização: o indivíduo que participa na organização; os objetivos da própria organização; a sua estrutura; a sua tecnologia e a sua permanência mutável no mercado. Chiavenato (1994, p.36), em sua obra, apresenta uma dicotomia da origem e destinação das organizações: De um lado, as organizações são constituídas de pessoas, por outro lado, as organizações constituem para as pessoas um meio pelo qual elas podem alcançar muitos de seus objetivos e realizações pessoais. No fundo as organizações existem para cumprirem objetivos que os indivíduos isoladamente não conseguem alcançar face as suas limitações individuais e desta forma as organizações 58 Gestão de Pessoas são criadas por pessoas para sobreporem suas limitações individuais. As organizações constituem uma das mais complexas e admiráveis instituições sociais que a criatividade e engenhosidade humana construíram. Uma organização somente existe quando: há pessoas capazes de se comunicarem e que estão dispostas a contribuir com a ação conjunta, a fim de alcançarem um objetivo comum. Segundo Chiavenato (1994, p. 37), para que uma organização consiga ser competitiva, especialmente nos dias atuais ela precisa ter eficácia administrativa e sugere algumas medidas como: - capacidade da administração em atrair uma força de trabalho adequada; - moral dos empregados e satisfação no trabalho em níveis elevados; - rotação de pessoal e absenteísmo em níveis baixos; - boas relações interpessoais; - boas relações departamentais; - percepção a respeito dos objetivos globais da organização; - utilização adequada da força de trabalho de alto nível; e - eficácia organizacional em adaptar-se ao ambiente externo. A eficácia administrativa, bem como as medidas sugeridas por Chiavenato, são extremamente aplicáveis ao modelo de organização que está inserida a Polícia Militar, embora constitucionalmente ela não necessite ser competitiva (pois legalmente tem exclusividade na atividade que desempenha) o usuário dos serviços da Organização está cada vez mais exigente em relação á atenção que lhe é dispensada. O fator humano nas organizações começou a ser valorizado a partir das contribuições importantes como a teoria motivacional de Abraham Maslow (2000) que é considerado pioneiro no estudo da auto-realização e da importância humana no trabalho, as contribuições de Herzberg sobre os fatores higiênicos e motivacionais, McGregor que complementou os estudos de Maslow, em sua Teoria X e Teoria Y até chegar aos estudos atuais de Moller sobre qualidade humana. As pessoas e as organizações estão numa relação complexa e contínua e do entendimento, compreensão e ação integrada dessa relação acontece à eficácia organizacional e a satisfação das pessoas. Na realidade, é um desafio que vem ocorrendo desde as primeiras organizações e, até hoje, são poucas organizações 59 Gestão de Pessoas que conseguem atingir o tão sonhado sucesso para as pessoas e para a organização. A eficácia e o sucesso organizacional constituem um tecido muito complexo em razão de suas múltiplas relações, relações essas que precisam atuar, dinamicamente, integradas à organização, conforme demonstra a figura abaixo. Figura 3 - O sucesso organizacional. Modelo esquemático das interações gerenciaisorganizacionais-societais. Fonte: Pickle, Hal, Fridlander, Frank (apud CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1994, p 52. (Adaptado). Na Polícia Militar, quando se fala em Gestão de Pessoas, o aspecto mais relevante relacionado ao assunto está descrito no item 5, letra “e” (Prescrições Diversas) da DIRETRIZ Nº PM6-001/96 de 24Jan96, na qual se lê: É imprescindível que na implantação do PQT, com o objetivo maior de satisfazer a necessidade de segurança da população paulista e conseqüente melhora da imagem da instituição, a Corporação busque igualmente satisfazer aqueles que são e fazem a Polícia Militar, através da melhoria do relacionamento interpessoal e o exercício da liderança em seus diversos níveis (o que pode ser conseguido pela gerência participativa e a delegação), melhoria das condições e do regime de trabalho, maior capacitação profissional e adequada assistência médico-hospitalar e odontológica, objetivos que, na realidade, deverão ser alcançados com a obediência dos princípios da qualidade. Assim a Corporação deu o primeiro passo para a grande caminhada na Gestão de Pessoas. 60 Gestão de Pessoas Para termos uma visão ampliada do assunto, necessário se faz nos remetermos àqueles que contribuíram para sedimentar os princípios de qualidade no mundo, conhecendo seus princípios e conceituações básicas. 4.1 A importância das pessoas para as organizações As organizações são compostas de pessoas. Essas pessoas, no âmbito organizacional, podem ser encaradas como indivíduos humanos, isto é, dotadas de características próprias de personalidade e de individualidade, aspirações, valores, atitudes, motivações e objetivos individuais, e, neste caso, devem receber tratamento pessoal e individualizado; ou podem ser encardas como recursos, dotadas de habilidades, capacidades, destrezas e conhecimentos necessários para a tarefa organizacional, e, neste caso, devem receber tratamento igual ou genérico, ou seja, pela média. Ao se valorar as pessoas como indivíduos, as organizações automaticamente obtêm delas o comprometimento e a energia motivacional, sendo que esse comprometimento extrapola as barreiras de mero funcionário da organização, e essa pessoa passa a se considerar parceiro nos negócios da organização. Este é o grande diferencial das organizações de sucesso. Moller (1999, p. 05), em sua obra, destaca que: “A qualidade pessoal é mais importante que os demais tipos de qualidade”. O autor aborda, de forma transparente, que a consciência mundial não se restringe apenas a produtos, serviços, processos e tecnologia. Agora, ela inclui o aspecto humano: a qualidade e o desempenho das pessoas que criam os produtos e serviços. Faz referência que a qualidade pessoal é a base para todos os outros tipos de qualidade. Outros autores renomados referenciam o aspecto humano como um dos mais importantes pilares de sustentação das organizações modernas, exemplificando podemos citar Vergara e Branco (2001), que abordam em sua obra a humanização nas empresas na atualidade; Santos (1999) aborda, em sua obra, a Gestão de Pessoas 61 constituição de organização baseada em equipes, aprendizagem organizacional e gestão da cultura organizacional, em complementação a abordagens funcionais da administração de recursos humanos. O grande expoente no trato da motivação das pessoas no ambiente organizacional foi Maslow (1970), que desde a década de trinta, até o final de sua vida (1970), preocupou-se, incansavelmente, em produzir importantes pesquisas sobre a motivação no trabalho, as organizações, o gerenciamento e a evolução social. 4.2 A motivação como base para o comprometimento humano Desde que o homem começou a se interessar por estudar seu próprio comportamento, diversas teorias surgiram para descrever e compreender esse comportamento. De um modo amplo, podemos conceituar a motivação como sendo um processo interno às pessoas que as orienta em direção a realizar uma ação ou objetivo. Assim, para que as empresas alcancem, nos seus programas, o sucesso pretendido, é conveniente direcionem seus objetivos procurando o bem estar de seus colaboradores. A motivação tem sido alvo de estudos, pesquisas e experimentos por parte de muitos autores que buscam ansiosamente por respostas que expliquem o comportamento das pessoas. Cada autor, por meio de sua teoria motivacional, desenvolve o assunto a partir de uma realidade específica, de uma visão de homem. Para entendermos melhor o assunto, a tabela abaixo ilustra as diversas visões de homem. Gestão de Pessoas Tabela 6 - 62 Concepções de homem nas diversas teorias organizacionais. Fonte: FROTA NETO, Antonio. Um estudo sobre motivação na teoria das Organizações. Fortaleza: Edições Universidade Federal do Ceará, 1983. (Adaptado). Partindo do pressuposto que a motivação é a energia mobilizada para um fim e o comprometimento é o alvo, o resultado, a eficácia, conforme defende e nos ensina o terapeuta da esperança, Viktor Frankl (1997, p. 187-188), “todas as teorias motivacionais partem do mesmo ponto: o ser humano. O que muda são as escolas ou abordagens psicológicas, filosóficas, antropológicas ou sociológicas a respeito do humano”. Assim, quando uma pessoa se coloca ou se direciona a um caminho ou um objetivo, ela não necessariamente está motivada a atingir este objetivo. Bergamini (1989) cita em sua obra que os fatores que levam a pessoa a caminhar naquela direção podem ser intrínsecos ou extrínsecos. Quando são intrínsecos, há motivação; quando são extrínsecos, há apenas movimento ou apenas satisfação. De modo geral, motivação é o motivo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma, ou que dá origem a uma propensão a um comportamento especifico. Leavitt (1964) apresenta, na figura abaixo, um modelo básico de motivação. 63 Gestão de Pessoas Figura 4 - Modelo básico de motivação Fonte: LEAVITT, Harold P. Managerial Psychology. Chicago: University of Chicago Press, 1964. (Adaptado). Maslow (2000), um dos pioneiros no estuda da motivação humana, aborda a teoria motivacional com foco numa hierarquia das necessidades básicas, trabalhando com o conceito de homeostase para demonstrar que o indivíduo busca atingir o estado de equilíbrio como se fosse um sistema auto-regulado. O indivíduo assume uma postura de um ser organizado sistemicamente e integrado com mecanismos estruturados e definidos com base no modelo de causaefeito, e possui necessidades que são componentes de seu todo como um modelo holístico envolvendo o interno e o externo do humano. A figura a seguir demonstra a hierarquia de necessidades humanas, segundo Maslow. 64 Gestão de Pessoas Figura 5 - Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: MASLOW, A. H. Maslow no gerenciamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000. (Adaptado). Frederick Herzberg psicólogo, consultor e professor universitário americano que lecionou no Antioch College, afirma que a satisfação de necessidades básicas não é fonte de motivação, mas de movimento; sendo assim, passou a conceber a motivação apenas como fruto da satisfação de necessidades complexas, como estima e auto-realização. Herzberg propôs, para a motivação no trabalho, o enriquecimento de cargos, como forma de satisfazer a estas necessidades complexas. Herzberg adotou como base de sua teoria a afirmação de que o comportamento humano no trabalho é orientado por dois grupos de fatores, a saber: Os Higiênicos e os Motivacionais, conforme ilustrado na tabela a seguir. 65 Gestão de Pessoas Tabela 7 - Fatores higiênicos e motivadores, segundo Herzberg. Fonte:<http://www.eps.ufsc.br/disserta96/queiroz/cap2/capitulo2.htm>. Acesso em: 02 mar. 2007. (Adaptado). Diversos autores buscaram integrar as necessidades humanas com as necessidades da organização. O modelo apresentado na figura a seguir busca retratar a realidade a partir da década de 1980. Figura 6 - Paralelo entre as necessidades humanas e da organização. Fonte:<http://www.indg.com.br/info/artigos/artigos.asp?id=16>. Acesso em: 02 mar. 2007. (Adaptado). 66 Gestão de Pessoas No estudo do comportamento humano na empresa, Douglas McGregor (1960) foi um pioneiro e desenvolveu suas famosas Teorias X e Y, que estabelecem duas interpretações entre a abordagem da administração cientifica e das relações humanas, conforme mostra a tabela abaixo. Tabela 8 - Pressupostos das teorias X e Y de McGregor. Fonte:<http://www.eps.ufsc.br/disserta96/queiroz/cap2/capitulo2.htm>. Acesso em: 02 mar. 2007. (Adaptado). A teoria contingencial é a mais recente teoria da administração. As propostas de Maslow, Herzberg e McGregor não conseguem atingir os resultados esperados, já que tais propostas estavam fundamentadas em uma estrutura uniforme e aparentemente universal e seqüencial de necessidades O homem complexo passa a ser estudado dentro de um novo paradigma. Surge no cenário teórico a proposta de Vroom (1997), calcada não mais em idéias predeterminadas, mas aceitando as diferenças individuais e situacionais. O autor descreve a motivação como sendo composta de duas partes: a primeira formada pelos desejos individuais, e a segunda formada pelas expectativas de alcançá-las. O autor ainda enfatiza a presença de uma força que move o indivíduo rumo a um determinado comportamento, potencializando a expectativa, gerando 67 Gestão de Pessoas certeza (subjetiva) de que o objetivo vai ser atingido. É o que Vroom chama de relação entre a expectativa e os resultados esperados. O modelo de Vroom trabalha a hipótese de que a motivação é um processo que orienta opções de comportamento para alcançar um determinado resultado ou objetivo, como mostra a figura a seguir. Figura 7 - Modelo de Vroom Fonte: VROOM, Victor H. Gestão de pessoas, não de pessoal: os melhores métodos de motivação e avaliação de desempenho. Rio de Janeiro: Campus, 1997. (Adaptado). Ouchi (1986) apresenta um novo programa de administração orientado para os recursos humanos, a Teoria Z, que se compõe de um conjunto de idéias, experiências e princípios extraído do estilo japonês de administração. A teoria tem como foco o sistema trabalhista do Japão e suas três instituições tradicionais e milenares, a saber: o emprego vitalício, a remuneração por antigüidade e o sindicato por empresa. Essa teoria é reconhecida por alguns autores como a base para todo programa de administração orientado para os recursos humanos. A aplicabilidade desta teoria nas organizações requer os seguintes pressupostos: a) Transparência dos propósitos e crenças da organização, sendo os chefes e líderes responsáveis por uma ampla divulgação. Necessário se faz uma boa comunicação de modo que todos compreendam seu papel. Gestão de Pessoas 68 b) Compromisso com a excelência, abolindo-se todas e quaisquer fraquezas. Os padrões de excelência devem ser continuamente medidos e refinados. c) Clara estratégia de negócios, de modo que a organização possa alcançar seus objetivos e sobreviver. d) Criação de uma mentalidade grupal orientada para a solução de problemas. e) Uma estrutura de trabalho e de informação, possibilitando que o trabalho seja analisado detidamente e questionado. f) Combinação de objetivos organizacionais e objetivos individuais. É necessário transparecer que as pessoas estão trabalhando forte para atingir os objetivos organizacionais, mas que também encontram satisfação quanto aos seus objetivos individuais. O comportamento humano nas empresas ainda é um grande desafio, porque envolve o processo de mudanças de um estado de conforto para um estado desejado ou idealizado. Esse processo de mudança envolve tanto a inteligência racional quanto a emocional, sendo a vontade de fazer, de mudar, o grande fiel da balança. Nesse campo, organizações como as japonesas Toyota, Honda, Nikon e as americanas Disney World, Wal-Mart, 3M, IBM, Aple e Stewsleonards têm mobilizado criativamente a energia motivacional dos funcionários e conseguido um alto nível de comprometimento das pessoas com a qualidade dos produtos e serviços, garantindo os sucessos dessas organizações. 4.3 O comprometimento das pessoas A revolução da qualidade no Japão, ocorrida, com maior ênfase, a partir do final da década de 1970, promoveu mudanças significativas nos modelos de Gestão de Pessoas 69 gestão nas empresas em todo o mundo. A regionalização das organizações dá lugar para a globalização. Novas tecnologias, novos métodos de gestão, a figura do cliente em primeiro lugar, a humanização da qualidade e, por fim as contribuições dos “Gurus” da qualidade, entre outros autores como Peter Drucker, Peter Senge, Arie DeGeus, Michael Porter, Prahalad & Hamel, Mintzberg e Tom Peters, são momentos importantes desse processo. A empresa com foco exclusivo na produção, modelo usado até então, foi radicalmente alterado na década de 1980. O foco agora está no “cliente-mercado”, obrigando as empresas a se tornarem mais competitivas, obrigando as pessoas das empresas, nesse novo cenário, a mudarem sua postura, a preocuparem-se com sua capacitação e, principalmente, com o nível de comprometimento dessas pessoas. As organizações com liderança no mercado concluíram que os níveis de qualidade estão intimamente ligados aos níveis de comprometimento das pessoas, e esse comprometimento não pode ser obtido através da coação ou perfumarias na política de recursos humanos da empresa. Tornou-se evidente que somente o dinheiro não era suficiente para se obter o comprometimento dos funcionários: assim, discussões sobre o que motiva esses funcionários voltaram à tona. Para que uma organização tenha o comprometimento de seus funcionários, necessário se faz investir na sua auto-estima, no seu autoconhecimento, no seu reconhecimento, no seu respeito e na sua valorização como pessoa. Em uma pesquisa com empresas norte-americanas, Desller (1997, p. 58) verificou que o comprometimento dos funcionários estava ligado a um conjunto de práticas compostas de ações administrativas especificas e concretas. Desller denominou essas práticas de “chaves para o comprometimento das pessoas”. O comprometimento dos funcionários permite a continuidade da sobrevivência da organização e contribui para que ela galgue dos seus objetivos. A tabela a seguir demonstra a classificação dessas práticas, segundo Desller. 70 Gestão de Pessoas Tabela 9 - Como as empresas obtêm o comprometimento dos funcionários. Fonte: DESSLER, Gary. Conquistando comprometimento: como construir e manter uma força de trabalho competitiva. São Paulo: Makron Books, 1997. (Adaptado). Oliveira (2002, p. 38), em sua obra, prega que o comprometimento dos funcionários é salutar para a competitividade da empresa e proporciona campo para se atingir níveis de produtividade com qualidade cada vez maiores. Neste caso a supervisão direta torna-se, até certo ponto, dispensável, frente ao nível de comprometimento. Por essa linha de pensamento, Bergamini (1989, apud Oliveira, 2002, p. 38) cita que ao atingirmos o comprometimento íntimo do funcionário por meio da motivação, este por si só se lidera, sem necessidade de que algo fora para dirigi-lo. Outro aspecto que passou a ter muita importância no comportamento das pessoas foi a comunicação, pois conceitualmente podemos entendê-la como um processo de transferir significado de uma pessoa para outra na forma de idéias ou informações. Até a década de 1940, a importância da comunicação era desconsiderada, provavelmente em função do sistema dominador das organizações. A comunicação interpessoal é sem dúvidas a mais importante das modalidades de comunicação, já que se apresenta como um processo transacional e interativo, onde as pessoas constroem o significado da relação. 71 Gestão de Pessoas Oliveira (2002, p. 39) cita que a comunicação possui quatro funções básicas: - Controle: para esclarecer as obrigações, implantar normas e estabelecer autoridade; - Informação: é a base para as tomadas de decisões e execução de ordens e instruções; - Motivação: para influenciar, integrar as pessoas nos objetivos e metas e; - Emoção: para expressar os sentimentos e emoções. O que motiva e compromete os empregados. 4.4 Os grandes Gurus da Qualidade Willian Edwards Deming é sem dúvidas o principal precursor da qualidade no mundo. Deming promoveu uma verdadeira revolução na forma de atuação do homem frente à produção de bens e serviços. Baseando-se no método estatístico, Deming pode avaliar e determinar se os esforços dos integrantes das empresas (clientes internos) estavam agregando valor aos clientes externos, ou seja, se estavam satisfazendo esses clientes. Podemos destacar como uma de suas maiores contribuições o estabelecimento de princípios (Deming, 1990, p. 18), num total de catorze, princípios esses aplicáveis a grandes e pequenas organizações. Dentre esses princípios, seis abordam, de forma mais próxima, temas relativos à Gestão de Pessoas; são eles: - Institua treinamento no local de trabalho. - Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor. - Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa. - Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. - Institua um forte programa de educação e autotreinamento. - Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é da competência de todo mundo. 72 Gestão de Pessoas Outro renomado precursor da qualidade, citado na apostila do Curso de Gestão Contemporânea pela Qualidade da Polícia Militar do Estado de São Paulo é o Dr Joseph M. Juran, com relação à Gestão de Pessoas aconselha que sejam seguidos os seguintes passos: - Forneça treinamento; - Divulgue os progressos; - Dê reconhecimento; - Comunique os resultados. Outro “guru” da qualidade também citado na apostila do Curso de Gestão Contemporânea pela Qualidade da Polícia Militar do Estado de São Paulo é Philip B. Crosby, que é conhecido mundialmente por ter popularizado o movimento pela qualidade nos Estados Unidos e em outros países, e, quanto ao assunto Gestão de Pessoas, Crosby recomenda os seguintes passos: - Avalie a consciência da qualidade e a preocupação pessoal de todos os funcionários; - Treine os supervisores para que executem ativamente sua parte no programa de melhoramento da qualidade; - Encoraje as pessoas a estabelecer metas de melhoramento para si mesmas e para seus grupos; - Reconheça e valorize aqueles que participam. Podemos notar nos pensamentos dos precursores da qualidade mundial a relevância que era imposta a força de trabalho de qualquer organização, força essa que deveria, obrigatoriamente, ser implementada pela Liderança. 4.5 Conceitos e evolução da Gestão de Pessoas A sociedade mais e mais tem desejado e exigido empresas com lideranças mais humanizadas, que possam suprir necessidades humanas e não somente tecnológicas. Essa postura vem se solidificando desde a revolução industrial, e é no profissional de recursos humanos que está calcada a responsabilidade de promover a transformação de organizações mecanicistas para organizações orgânicas ou humanizadas. Gestão de Pessoas 73 A história da administração de recursos humanos ou Gestão de Pessoas se confunde com a própria evolução natural das organizações. A cultura e o poder são os grandes determinantes do grau de flexibilidade dessa Gestão de Pessoas. Assim, nos países que adotam uma cultura mais politizada e voltada para o humanismo, pudemos perceber um grau de flexibilidade mais significativo do que naqueles países dominados por culturas autocráticas e dominadoras com forte poder concentrador. A Gestão de Pessoas nasceu da necessidade de se contabilizar e controlar os registros dos trabalhadores para efeito de pagamento ou descontos devidos. Seus primórdios remontam à administração cientifica de Frederick W. Taylor (1856-1915), nos Estados Unidos e Henry Fayol (1841-1925), na França. Também tem parcela significativa de contribuição Henry Ford (1863-1947), com suas idéias para diminuir custos da produção em massa, explorando o máximo de potencial dos operários da indústria automobilística americana. A Gestão de Pessoas é sem dúvidas um dos pontos mais importantes em qualquer organização voltada para a qualidade, visto que a força de trabalho (mãode-obra) consiste em destacado componente do processo de melhoria pela qualidade, conforme demonstrado na figura a seguir. Gestão de Pessoas 74 Figura 8 - O processo e seus elementos. Fonte: GAIOTTO, Washington Luiz. Utilização da Gestão Contemporânea da Qualidade na Gestão de Pessoas no Batalhão de Polícia Militar. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, 2002. (Adaptado). Porter (1997, p. 6-10) destaca que “não há como agregar valor da empresa para o cliente (nem agregar valor do cliente para a empresa) sem o engajamento e a participação do pessoal.” Por essa ótica, podemos afirmar que as pessoas são de fato o maior patrimônio da organização ou seu principal ativo. Dentro desse quadro, qual seja, de inserir e manter a organização voltada para a Gestão de Pessoas, o desafio maior dos administradores ou gestores das organizações está no fato de como aproveitar o potencial desse destacado componente do processo de melhoria, ou seja, as pessoas. O assunto não é novo, já vem sendo discutido por muitos autores da área. Segundo Drucker (1997, p. 64-68), a administração humana poderia ser despachada pelo correio, já que sob a ótica do trabalho, a sua natureza é meramente mecânica. O autor afirma que tudo que o que sabemos hoje sobre 75 Gestão de Pessoas administração de pessoal já era sabido no início da década de vinte e tudo o que praticamos já era praticado então. Diz ainda que houve aperfeiçoamentos, é claro; mas pouco mais que isso e que se pode encontrar muito do que se fala hoje nos escritos e artigos de Thomas Spates, um dos fundadores da administração de pessoal, publicados nos início dos anos vinte. O autor quer dizer que, na verdade, a administração de pessoas ganhou uma dose de opulência humanitária. Notamos significativas evoluções na tecnologia e na ciência em geral, porém, na administração humana, ainda acontece um vácuo de ações revolucionárias. Drucker defende que a administração de pessoal pode ser dividida em administração de pessoas, que se ocupa de contratação de pessoal, pagamento, férias, treinamento, etc. e administração por meio do conceito de relações humanas, que se ocupa com a satisfação dos empregados, comunicação e atitudes, entre outras atividades. Drucker sugeriu ainda que um dos desafios mais importantes para as organizações modernas era abandonar o conhecimento obsoleto e aprender a criar o novo conhecimento, através da melhoria contínua de todas as atividades, do desenvolvimento de novas aplicações a partir de seus próprios sucessos, e a inovação contínua como um processo organizado. Santos (1999) também valoriza os recursos humanos como dimensões estratégicas, ou seja, os recursos humanos são vistos, aceitos e tratados como recursos estratégicos e não como apenas mais um recurso operacional das organizações. Podemos notar que em toda organização voltada para a qualidade, e na Polícia Militar não é diferente, estão sempre presentes práticas modernas de Gestão de Pessoas alinhadas com as estratégias dessa organização, pois tais práticas, corroboradas com as estratégias organizacionais, permitem um real comprometimento da força operatriz, possibilitando sensível melhoria do clima organizacional e facilitando o desenvolvimento e a capacitação de seus integrantes, nos mais diversos níveis. 76 Gestão de Pessoas Podemos notar mudanças na forma de pensar o ser humano e as organizações, conforme comenta Diniz Costa (2000, p. 31). No quadro que se apresenta, a maior conquista está alicerçada na construção coletiva de crenças e valores sobre pessoas e sua contribuição para a excelência das organizações. Chiavenato (1999, p. 08) em seu livro, afirma que: Gestão de pessoas é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação de desempenho. Podemos notar através da afirmação “é o conjunto de políticas e práticas necessárias”, que Chiavenato ressalta a necessidade, para a organização, de uma política própria voltada para a Gestão de Pessoas. Na tabela abaixo, Chiavenato apresenta a base de mudanças na relação entre empregados e empregadores, onde há um contraste entre as Teorias Clássica e das Relações Humanas. Tabela 10 - A Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas – o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 8. (Adaptado). A política de pessoal, necessariamente, deve ter seu nascedouro junto à missão da organização, e deve estar afinada com a sua visão de futuro e fazer parte dos valores organizacionais. Essa política obrigatoriamente deve fazer parte também da filosofia gerencial dessa organização, já que é ela quem norteia as estratégias a fim de firmar alicerce nos objetivos relativos ao pessoal. 77 Gestão de Pessoas Tachizawa (2001) propõe um modelo que utiliza os conceitos do Planejamento e Administração Estratégica de Igor H. Ansoff e conceitos de processo. O planejamento estratégico busca posicionar a empresa em determinados cenários do mercado, a estratégia de gestão de pessoas visa utilizar as pessoas como diferencial competitivo e não mais como mero recurso; para tanto, Santos (1999) nos ensina que perfis, competências essenciais ou dimensões competitivas, precisam ser definidos. A figura abaixo permite uma visão geral do assunto tratado. Figura 9 - O Modelo Tachizawa de Gestão de Pessoas Fonte: TACHIZAWA, Takeshy; FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; FORTUNA, António Alfredo Mello. Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócio. Rio de Janeiro: FGV, 2001. (Adaptado). 4.6 Objetivos da Gestão de Pessoas Segundo Chiavenato (1999, p. 09), os objetivos da Gestão de Pessoas são variados; podemos destacar: - Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão: a gestão de pessoas deve auxiliar a organização a atingir suas metas e objetivos e realizar sua missão. - Proporcionar competitividade à organização: significa saber empregar as habilidades e capacidades da força de trabalho, 78 Gestão de Pessoas fazendo com que as pessoas sejam mais produtivas em benefício dos clientes, de parceiros e empregados. - Proporcionar à organização empregados bem treinados e bem motivados: oferecer reconhecimento às pessoas é o que constitui o elemento básico da motivação humana. - Aumentar a auto-atualização e a satisfação dos empregados no trabalho: para que sejam produtivos, os empregados devem sentir que o trabalho é adequado às suas capacidades e que estão sendo tratados eqüitativamente. A felicidade na organização e a satisfação no trabalho são fortes determinantes do sucesso da organização. - Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho: está relacionada com o estilo de gerência, liberdade e autonomia para tomar decisões, ambiente de trabalho agradável, segurança no emprego, horas adequadas de trabalho e tarefas significativas. Podemos compreender a Gestão de Pessoas como um processo continuamente em evolução. A conceituação tradicional, processo estanque, não evolutivo e morto em si mesmo, já não tem mais lugar nas organizações modernas e voltadas para a qualidade. Gerir recursos humanos, nos dias de hoje, é transformar os elementos que desgastam, destroem, dilaceram empresas e pessoas em elementos de plasticidade, recompensa, alegria, saúde, compartilhamento, altruísmo, gratidão, amor; enfim: elementos que agregam, constroem, vivificam. Podemos ainda compreender a Gestão de Pessoas como uma arte, e não como uma simples técnica de manejo humano. 4.7 A importância da Gestão de Pessoas Por muito tempo a qualidade foi avaliada por meio das características dos produtos (bens e serviços). “Aos olhos dos clientes, quanto melhores as características do produto, mais alta a sua qualidade” (Juran, 1997, p. 09), sendo os esforços produtivos centrados em busca desse fim, a qualidade do produto. Drucker (2001, p. 49-58) cita que as pessoas são consideradas, com certa constância, como o maior patrimônio ou ativo das organizações. Apesar das organizações supostamente acreditarem nisso, o autor não vê evidências, na prática, de tal máxima. Segundo o autor, a maioria delas: 79 Gestão de Pessoas Acredita, embora talvez não muito conscientemente, naquilo que acreditavam os empregadores do século XIX: as pessoas precisam mais de nós do que nós delas. Porém, as organizações precisam atrair pessoas, retê-las, reconhecê-las e recompensá-las, motivá-las e satisfazê-las. A importância da Gestão de Pessoas se baseia na observância de duas práticas, que cultivadas por todas as organizações voltadas para a qualidade: atingir seus objetivos que, em última análise, significa satisfazer seus clientes, e manter o quadro de pessoal altamente qualificado e motivado para que a primeira intenção possa ser atingida. Para a prática de Gestão de Pessoas, é necessário que a organização promova, por meio de sua filosofia gerencial, políticas próprias a fim de gerir seus recursos humanos. A Polícia Militar possui tais políticas, consubstanciadas em seu Planejamento Estratégico de Comando Biênio 2005-2006. A Polícia Militar, na busca pela excelência, não deve, em momento algum, deixar de observar essas práticas, pois o atendimento ao cliente passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento e reconhecimento dos seus clientes internos, sendo fatores indissolúveis e que devem estar em equilíbrio. O produto oferecido pela Polícia Militar não encontra no mercado concorrente legalmente constituído, e o impacto provocado pela Organização nas necessidades básicas das pessoas é extremamente considerável, principalmente no que diz respeito à necessidade de segurança. A capacidade de percepção do cliente externo esta cada vez mais aguçada, cada vez mais ele se torna mais exigente e crítico em relação ao que lhe é oferecido. Karl Albrecht (1992, p. 254) define qualidade em serviços, e essa é a mais difundida das definições, como sendo “a capacidade que uma experiência ou qualquer outro fator tem para satisfazer uma necessidade, resolver um problema ou fornecer um benefício a alguém”. James A. Fitzsimmons (2000, p. 249) escreve que: A satisfação do cliente com a qualidade do serviço pode ser definida pela comparação da percepção do serviço prestado com a expectativa do serviço desejado. Quando se excede a expectativa, o serviço é percebido como de qualidade excepcional, e também como 80 Gestão de Pessoas uma agradável surpresa. Quando, no entanto, não se atende as expectativas, a qualidade do serviço passa a ser inaceitável. Não podemos comparar o atraso de uma viatura em atender a solicitação de um cidadão com a demora na entrega de uma pizza encomendada por esse mesmo cidadão; as conseqüências do atraso, mesmo que no campo hipotético, no primeiro caso, são muito mais nefastas que no segundo caso. Embora, segundo a pirâmide de Maslow (2000, p. 94), no caso acima, duas necessidades primárias não foram satisfeitas (necessidades de segurança e necessidades fisiológicas), o não atendimento à necessidade de segurança é muito mais traumático, ficando indelevelmente marcado na percepção do cliente. Miguel Libório Cavalcanti Neto (1998, p. 188), em sua monografia, afirma que: As instituições começaram a perceber que são duplamente responsáveis: por elas mesmas e por seus funcionários. Então percebem que todo o segmento de aprimoramento e sofisticação de suas atividades passam, obrigatoriamente, pelo profissional. (grifo do autor). Assim, a consideração que os clientes externos dispensam a Instituição, ou seja, a forma como os clientes encaram o serviço prestado está intimamente ligada à capacidade dos representantes da Instituição em, mantendo contato com esses clientes, satisfazer suas necessidades. O grau de aceitação ou rejeição da Instituição depende, basicamente, da resposta dada pelo cliente interno à solicitação do cliente externo, ou seja, depende da satisfação da necessidade apresentada. 4.8 Considerações gerais sobre a Gestão de Pessoas Ao promovermos uma retrospectiva da Gestão de necessariamente precisamos nos ater a dois pontos de suma importância: Pessoas, 81 Gestão de Pessoas O primeiro ponto reforça a tese de que as organizações, independentemente de quaisquer outros aspectos, buscam a manutenção no mercado, e, para tanto, devem buscar e manter práticas de eficiência e resultados; tais práticas devem consagrar um modelo de gestão que valorize suas competências internas, permitindo que continuem sendo empresas vivas e competitivas. Organizações com uma vasta distribuição departamental, agravada pela distribuição geográfica dos setores em todo o Estado de São Paulo. Aliada à grande heterogeneidade dos recursos humanos, como é o caso da nossa organização, Polícia Militar devem dispensar especial ênfase à sedimentação de seu clima organizacional; só assim um modelo de gestão complexo, como é o caso da nossa organização, poderá manter o foco na valorização das suas pessoas, como acima nos é proposto. Tachizawa (2001, p. 34) afirma que “clima organizacional é a qualidade ou propriedade do ambiente institucional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e que influencia o comportamento dos mesmos”. Segundo Chiavenato (1999, p. 294): O treinamento é o processo pelo qual a pessoa é preparada para desempenhar de maneira excelente as tarefas específicas do cargo que deve ocupar. Modernamente, o treinamento é considerado um meio de desenvolver competências nas pessoas para que elas se tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais, e cada vez mais valiosas. O segundo ponto prende-se ao fato de que para que as organizações mantenham sempre suas configurações atualizadas, é essencial a prática de avaliação de desempenho e potencial de recursos humanos; esses instrumentos possibilitam às organizações adequarem-se às mudanças de mercado, permitindo a manutenção do foco na razão de existir da organização, o foco nos clientes e sua satisfação. Tachizawa (2001, p. 36), ao referir-se a avaliação de desempenho, escreve que: Pode ser considerada um dos mais importantes instrumentos de que dispõe a administração de uma empresa para analisar os resultados à luz da atuação de sua força de trabalho e para prever 82 Gestão de Pessoas posicionamentos futuros, considerando o potencial humano disponível em seus quadros. Entretanto, deve ter-se o cuidado para que não se transforme em meio de expiação, configurando-se como resultado extremamente desmotivante em qualquer organização. As causas de eventuais deficiências devem ser identificadas, propondo-se meios para sanálas. Por outro lado, os aspectos positivos devem ser examinados e maximizados, como forma de incentivo ao crescimento pessoal de cada integrante da organização. Os Comandantes de Batalhões devem pesquisar como a avaliação de desempenho está sendo conduzida em sua OPM, redirecionando seus esforços, caso seja necessário. Como já vimos, a avaliação de desempenho é um formidável instrumento de adequação da organização frente às mudanças e tendências dos clientes. Permite manter a organização sempre atual e competitiva. Os aspectos positivos gerados por essa avaliação devem ser examinados e maximizados, a fim de incentivar o crescimento pessoal de cada integrante da organização; em contrapartida, as causas de eventuais deficiências evidenciadas por essa avaliação, devem ser identificadas e propostos meios para sua correção. A utilização da avaliação de desempenho como forma de identificar e punir as pessoas gera intensa desmotivação no grupo no qual aquela pessoa está inserida. Por fim, ressaltamos que Vergara (2001, p. 20-30) propõe que a Gestão de Pessoas não deve ser encarada como um mero modismo, um empuxo comercial de momento; o objetivo de sobrevivência e manutenção da organização, no mercado, depende primordialmente da qualidade dos recursos humanos dessas organizações; são eles que proporcionam o alcance desses objetivos. As pessoas passam uma parte significativa de suas vidas, no interior das empresas. O bom gerenciamento das organizações depende das pessoas, pois são elas as responsáveis por definir a visão e o propósito da organização, suas estruturas e estratégias de negócio, de comercialização e marketing, gestão de recursos financeiros, gestão da produção e outras decisões. Os empresários, executivos e pesquisadores estão vendo as organizações do século XXI como construções sociais. A Gestão de Pessoas é de fundamental importância para que as ações, doravante, sejam agregadas não só de valores econômicos, mas principalmente de valores éticos e sociais. Capítulo 5 5.1 GESTÃO DE PROCESSOS A Gestão de Processos Neste capítulo pretendemos caracterizar, por meio de uma breve revisão literária, a Gestão por Processos. Inicialmente, apresentaremos o conceito de processo, definindo seus mais diversos tipos, os elementos presentes, bem como as diversas fases de seu gerenciamento. Apresentaremos um estudo comparativo de organizações estruturadas através do método tradicional e da gestão por processos, bem como o processo de transição envolvido nessa passagem, com suas diversas fases e principais dificuldades de implantação. Na Polícia Militar, podemos observar sensíveis modificações dos processos desde a implantação da Gestão Contemporânea pela Qualidade, por meio da DIRETRIZ Nº PM6-001/96 de 24Jan96, gestão que engloba a Gestão de Processos; dentro dessa gestão, o impacto maior é, sem dúvidas, na Gestão de Processos Operacionais. A prioridade nesse modelo de gestão adotado pela nossa organização é a padronização dos métodos de trabalho, combatendo diretamente a variabilidade do processo de produção de serviços, buscando a eliminação dos erros, garantindo a satisfação dos clientes, sejam eles pertencentes ao público interno ou externo à organização. Gestão de Processos 84 Os resultados produzidos com a padronização dos métodos de trabalho na Gestão de Processos Operacionais são facilmente perceptíveis, gerando, para a organização, um profundo e marcante impacto. 5.1.1 O que é processo? Segundo Ferreira (1996, p. 1395): “processo, palavra originária do latim ‘Processu’, significa ‘ato de proceder, de ir por diante, maneira pela qual se realiza uma operação, segundo determinadas normas, método, técnica’”. Não existe, e, nesse caso, concordam Graham e Lebaron (1994), um produto ou serviço oferecido por uma empresa, ou seja, não existe qualquer trabalho desenvolvido por uma organização sem um processo. O processo pode também ser definido como “uma coleção de tarefas e atividades que juntas – e somente juntas – transforma entradas em saídas” (Garvin, 1998, p. 33-50). Já na visão de Cruz (2003, p. 63): “Processo é o conjunto de atividades que tem por objetivo transformar insumos (entradas), adicionando-lhes valor por meio de procedimentos, em bens ou serviços (saídas) que serão entregues e devem atender aos clientes”. A figura abaixo apresenta um modelo básico das etapas de um processo. 85 Gestão de Processos Figura 10 - Etapas básicas de um processo. Fonte: Autor Se atentarmos às definições acima, todos os autores concordam que para estruturar uma empresa voltada para a Gestão por Processos é imprescindível o foco nos clientes. Hammer (1997, p. 86) destaca a importância dos clientes no processo de organização de uma empresa orientada para processos, já que os clientes consideram que a essência de uma empresa são os seus processos. Segundo Hammer, pouco importa, para o cliente, a estrutura organizacional da empresa ou, até mesmo, qual é a sua filosofia gerencial; o que importa finalmente são os produtos e serviços que a empresa irá produzir através de seus processos. O autor ainda defende que “valor” é a solução para o problema do cliente no atendimento de suas necessidades, e prova isso através da sua visão de cliente: Os clientes são pessoas cujo comportamento a empresa deseja influenciar proporcionando-lhes valor [...] Aparentemente, o relacionamento fundamental entre empresas e clientes tem por base a troca de produtos ou serviços por dinheiro, mas na verdade é muito mais abrangente do que isso. O relacionamento baseia-se em oferecer valor para influenciar e moldar o comportamento. Gonçalves (2000, p. 8-19) destaca a importância dos processos para a organização; é através deles que se forma, na empresa, uma linha de atividades, que tem início naquilo que o cliente deseja de um produto ou serviço, e tem como final o cliente adquirindo um produto ou serviço, exatamente como ele idealizou. 86 Gestão de Processos Manganelli (1995, p. 23) cita em sua obra que essas atividades podem ser divididas em atividades que agregam valor ao cliente (importantes para o cliente); atividades de transferência (permitem que o fluxo de trabalho atravesse as fronteiras departamentais da organização) e atividades de controle (controlam as atividades de transferência). Quanto maior for o número de departamentos envolvidos no fluxo de trabalho de uma organização, maiores serão as atividades de transferência e, com elas, as atividades de controle para essas transferências, já que haverá, para cada transferência departamental, um controle da pessoa que está entregando e um controle da pessoa que está recebendo. Estas atividades, além de não agregar valor algum ao cliente, quando existentes em número demasiado, tornam a empresa e seus processos produtivos ineficientes e ineficazes, como demonstra a ilustração a seguir. Figura 11 - Fluxo de processos – por onde passam seus processos. Fonte: Autor. Hammer (1997, p. 86) enfatiza que as empresas que optarem pela orientação por processos não precisam criar processos; eles já existem, só não estão estruturados e as pessoas envolvidas neles não têm a consciência da existência dos mesmos, estão absortas unicamente em suas próprias tarefas. Gestão de Processos 87 5.1.2 Tipos de Processo Genericamente, como Gonçalves (2000, p. 6-19) faz, podemos classificar os processos de uma empresa como internos (iniciam e terminam na própria empresa) e externos (multiplicidade de empresas envolvidas na sua realização). A interfuncionalidade – atravessa barreiras funcionais – e o fato dos clientes poderem ser internos e externos à organização são características presentes na maioria dos processos de qualquer organização. Os processos podem, segundo Gonçalves (2000, p. 8-19), ser classificados em três categorias básicas: Processos de Negócios ou Processos de Clientes, são aqueles que estão inseridos no funcionamento básico da organização, sendo suportado por outros processos internos. Têm como resultado um produto ou serviço, destinado ao cliente externo. Como exemplos, podemos citar as atividades de vendas, distribuição, atendimento de pedidos, etc. Processos Organizacionais ou de Integração Organizacional, são aqueles centralizados na organização; o cliente externo não o percebe e sequer sabe de sua existência, mas eles não deixam de ser essenciais por isso. São eles que garantem o suporte aos Processos de Negócios. Como exemplos, podemos citar as atividades de Planejamento Estratégico, Recrutamento e Seleção, entre outros. Processos Gerenciais são direcionados aos gerentes e suas relações. São responsáveis pela medição e ajustes no desempenho da organização. Como exemplos, podemos citar as atividades de Fixação de Metas, Avaliação de resultados, etc. Os processos, segundo o mesmo autor, são ainda divididos, com relação à capacidade de agregar valor, em: Processos Primários – atividades que agregam valor ao cliente – como exemplo, temos os Processos de Negócios; e Processos de Suporte ou Processos de Informação e decisão – apóiam o funcionamento dos 88 Gestão de Processos processos primários – como exemplos, temos os Processos Organizacionais e Gerenciais. Cruz (2003, p. 56) subdivide os processos de negócios em: Processos Industriais – ligam-se diretamente a produção do produto que será ofertado ao cliente – que podem ser processos industriais de manufatura ou processos industriais de serviços e Processos Administrativos ou de Suporte – que apóiam as áreas de produção e administrativa da organização – têm vínculo permanente ou temporário, sendo por isso também conhecidos como atividade-meio da organização. O objetivo fim da organização, ou seja, os processos industriais devem, obrigatoriamente, prevalecer sobre os processos administrativos; do contrário, seria um contra senso, uma total inversão de valores, uma completa falta de compromisso com os próprios objetivos da organização e mais, uma inexistência de comprometimento da organização com seu cliente. No entanto, Cruz, na obra acima referenciada, reforça a tese que jamais devemos colocar os processos administrativos em segundo plano, pois estaremos fadados a gerar um distanciamento das pessoas da organização com seus processos produtivos existentes, entre outros efeitos nocivos à permanência da organização no mercado. 5.1.3 Elementos de um processo Para a avaliação de todo processo, é necessário o conhecimento de algumas informações básicas. Cruz, em sua obra acima referenciada, nos ofertou o que ele denomina Macrofluxo do Processo, ou seja, um rol de quinze elementos que devem compor um processo de negócio. São eles: Objetivo do processo; clientes do processo; entradas físicas; entradas lógicas; saídas físicas; saídas lógicas; diretrizes; programa de melhoria contínua; benchmarking; metas; alocação de recursos; mão-de-obra; medição de desempenho; tecnologia da informação; gerente do processo. Gestão de Processos 89 Podemos conhecer, resumidamente, um processo por meio dos seus principais elementos, presentes ou não, através de um diagrama como é apresentado na figura abaixo. Figura 12 - Macrofluxo do processo de negócio Fonte: CRUZ, Tadeu. Sistemas, Métodos & Processos: administrando organizações por meio de processos de negócios. São Paulo: Atlas. 2003. p.68. (Adaptado). 5.1.4 As fases de um processo Ainda segundo Cruz (2003, p. 55), um processo de negócio deveria, ao longo do seu ciclo, apresentar três fases distintas, conforme a figura abaixo. Entretanto, nem sempre elas são encontradas, mesmo em organizações que, de alguma forma, se preocupam com seus processos. Gestão de Processos 90 Figura 13 - As fases da vida de um processo de negócio Fonte: CRUZ, Tadeu. Sistemas, Métodos & Processos: administrando organizações por meio de processos de negócios. São Paulo: Atlas. 2003. (Adaptado). O autor ressalta, também, a importância das ações de gerenciamento e melhoria, pois sem o primeiro, por absoluto desconhecimento do que se passa no processo, não há melhoria e, sem o segundo, não se consegue um desempenho adequado e uma produtividade satisfatória para a organização. A definição de um processo é importante, mas só isso não basta, é necessário que haja uma efetiva ação de gerenciamento sobre o mesmo. Almeida (2002, p. 39) define algumas etapas que devem ser seguidas para o gerenciamento de um processo, são elas: Escolha do processo: A coordenação dos trabalhos deverá ficar a cargo de alguém escolhido pela alta gerência, sendo necessário para o escolhido conhecimento sobre metodologia de gerenciamento de processos; caso contrário, será necessário a contratação de consultoria externa para treinamento do pessoal envolvido no processo. A partir daí, serão escolhidos os processos que sejam gerenciáveis – com limites perfeitamente definidos e conhecidos – e com reais possibilidades de gerar benefícios para a empresa, sendo que a escolha pode ser Gestão de Processos 91 feita pela alta gerência ou por meio de reuniões com esta, sendo eleito um processo como projeto piloto para aplicação da metodologia mais adequada. Seleção das equipes de melhoria: Após escolhido o processo piloto, são escolhidas as pessoas que irão trabalhar para a sua melhoria contínua. Elegese o “dono” do processo, de preferência um dos diretores da organização, e os demais membros da equipe, entre aquelas pessoas que participam ativamente do processo piloto. É importante que as pessoas escolhidas tenham uma grande dose de dedicação, competência, sejam abertas a inovações, comunicativas e formadoras de opinião. Almeida (2002, p. 41) aborda o assunto com extrema propriedade: Nenhuma organização pode se dar ao luxo de excluir seus gerentes, supervisores, funcionários, seus peões, das atividades de melhoria, de negar-lhes a oportunidade de participar da análise e solução dos problemas que eles enfrentam a cada dia. É inadmissível fazer com que milhares de colegas, ao baterem o ponto de entrada, pendurem seus cérebros junto com os cartões de ponto. Entrem para o trabalho apenas com seus braços e pernas, fiquem oito horas fazendo só que o “seu” mestre mandou, sem ao menos saberem por que estão fazendo aquilo daquela forma, e sem terem a menor noção dos problemas que advirão, caso façam algo errado. Escolhida a equipe de melhoria, o grupo deverá ser treinado nos conceitos, definições e ferramentas de melhoria do processo, bem como no seu gerenciamento. Preparação do processo: o dono do processo desencadeará algumas rotinas preparatórias: a) Elaboração da missão da equipe de melhoria: definição das ações que serão tomadas e orientação geral aos setores envolvidos. b) Revisão do macrofluxo operacional do processo: é a visão geral do processo que está sendo melhorado, sendo desenvolvido por aqueles que melhor conhecem o processo em questão. c) Sumário do processo: é o detalhamento do macrofluxo do processo, através de um fluxograma, apresentando as diversas atividades envolvidas. d) Análise das atividades: é o detalhamento de cada uma das atividades envolvidas, com suas entradas, saídas e processamento. Gestão de Processos 92 e) Definição dos indicadores de desempenho: mede a efetividade do processo. Podem ser indicadores operacionais, de qualidade, de produtividade e de satisfação de clientes externos ou internos. f) Acordos entre todos os pares de fornecedores/clientes do processo: busca a sintonia do processo, através de reuniões com clientes e fornecedores das atividades analisadas. g) Preparo do manual do processo: elaborado o manual, somente o dono do processo pode alterá-lo, devendo documentar todas as alterações introduzidas. É muito importante que este manual esteja disponível a todos os setores da organização. Operação do processo: fase que consiste na implementação das propostas apresentadas pela equipe de melhoria. O acompanhamento sistemático de todos os aspectos importantes para a implementação das melhorias sugeridas cabe ao dono do processo, já que é ele quem implementa e lidera o sistema gerencial que geram ações que incentivam, envolvem e comprometem todos os participantes do processo. A qualidade estará garantida quando todos estiverem motivados e envolvidos, quando cada um souber a importância de suas ações dentro do processo, sejam eles pertencentes aos níveis hierárquicos superiores ou aqueles que participam diretamente do processo. A tabela abaixo apresenta as etapas para implementação de uma gestão orientada por processos. Gestão de Processos 93 Tabela 11 - Etapas de implementação de gestão orientada por processos. Fonte: BELMIRO, T. R.; RECHE, J. R. F. O desafio de uma gestão por processos sob a ótica de uma telecom. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, p. 260-272, jul/ago/set. 2003. (Adaptado). 5.1.5 Estrutura funcional e estrutura por processos Em uma organização funcional, o trabalho é dividido em funções, departamentos e tarefas. Para Gonçalves (2000, p. 8-19), organização estruturada por funções é “um conjunto de unidades funcionais verticais isoladas umas das outras, operando em paralelo, sem muita interligação.” E continua referindo-se às dificuldades enfrentadas pelo processo: “Nesse modelo, os processos precisam atravessar as fronteiras entre as ‘chaminés’ funcionais, com sensível perda de tempo, qualidade e capacidade de atendimento.” Neste tipo de organização, os processos são ignorados, ao contrário do que ocorre em uma organização orientada por processos, onde eles são projetos, mensurados e principalmente, entendidos por todos. Nas organizações tradicionais, cabe unicamente aos gerentes a visão geral do quadro; aos funcionários, o foco é restrito; já nas organizações por processos, as pessoas trabalham em espírito de equipe com seus gerentes. O propósito é alcançar determinados objetivos, definidos pelos clientes, e o papel Gestão de Processos 94 desempenhado pelas pessoas nas organizações por processos são maiores e mais amplos. A empresa voltada para uma organização tradicional desconsidera por completo o cliente, porque o seu foco é no produto ou serviço desenvolvido por ela. A partir daí, ela tenta vender esse produto ou serviço ao cliente. As necessidades dos clientes devem, obrigatoriamente, ser o ponto inicial de qualquer processo produtivo, o produto ou serviço deve agregar valor ao cliente, satisfazer suas necessidades. Ter em mente a exata noção de que não se pode sobrepor um processo de integração a uma organização fragmentada por um desenho funcional tradicional, bem como redesenhar o modelo de organização são os ponto de partida para as organizações tradicionais que desejem estruturar-se por processos. A gestão por processos deixa clara a interdependência existente entre os envolvidos no processo, fornecedores, executores e clientes, todos fazem parte de um ciclo de atividades com o objetivo de gerar resultados organizacionais. Todos passam a ter uma visão global e integrada do fluxo de trabalho, passam a entender melhor os papéis que desempenham dentro desse processo. A tabela a seguir apresenta um comparativo entre uma organização com estrutura funcional e outra com estrutura por processos. 95 Gestão de Processos Tabela 12 - Estrutura Funcional e Estrutura por Processos. Fonte: Autor. 5.1.6 Transição para processos O sucesso da mudança de uma organização concebida tradicionalmente para uma perspectiva orientada por processos depende basicamente do interesse das pessoas em aprender a pensar novas formas de resolver um problema, de compreender melhor o seu negócio, de entender claramente seu papel dentro dessa organização, de assumir responsabilidades e trabalhar em equipe; enfim, de comprometer-se para com os objetivos da organização, buscando a satisfação do cliente, mantendo sua organização atual e competitiva. Uma mudança da estrutura tradicional para a voltada para processos encontra maior resistência nos executivos da alta gerência, chefes de divisão, pois se sentem ameaçados, acreditam que o estilo gerencial colaborativo tira a autonomia e o poder dos executivos sêniores. Ao contrário, na linha de frente, os trabalhadores raramente se opõem à mudança, se sentem vivos e ansiosos com a ampliação de seus trabalhos. Gestão de Processos 96 Segundo Hammer (1997), para que uma empresa caminhe para a mudança de foco, é necessário que sejam identificados seus processos; conscientizados todos na empresa desses processos e de sua importância para a organização; que sejam avaliados esses processos e, por fim que esses processos sejam geridos adequadamente. 5.1.7 Mudança organizacional Wood Junior (1995, p. 190), em sua obra, define mudança organizacional como sendo “qualquer transformação de natureza estrutural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de qualquer outro componente capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da organização.” Essas transformações são cada vez mais importantes e vitais, e não só para o sucesso das organizações; sem tais transformações, essas organizações não teriam condições de se manter num mercado cada vez mais competitivo, com uma vasta variedade de preferências de consumidores cada vez mais exigentes e ansiosos por novas tecnologias. Podemos dizer, concordando com Gonçalves (1998, p. 6-17), que há um consenso entre os autores que tratam do estudo da mudança organizacional ao reconhecerem que as mudanças nos sistemas de gestão das organizações estão ocorrendo cada vez mais, com maior velocidade e freqüência, respondendo às alterações ocorridas no ambiente externo das organizações. As organizações são obrigadas a constantemente alinharem seus processos, suas competências e seus sistemas de informações em relação aos objetivos estratégicos da empresa face à realidade imposta pelo mercado competitivo. O autor alerta que as técnicas que ultimamente estão sendo utilizadas para processar essas mudanças organizacionais não estão contribuindo para o equilíbrio das expectativas dos funcionários em relação a sua participação nas decisões referentes ao seu trabalho e em relação à própria empresa, isso por que 97 Gestão de Processos essas mudanças são meramente reativas, quando deveriam ser fruto de uma previsibilidade. Gonçalves (1998, p. 6-17) ainda cita: A empresa orientada para o cliente e que deseja criar uma boa impressão nos seus “momentos de verdade” deve ser organização para a mudança. Por exemplo, deve achatar a pirâmide, eliminar níveis hierárquicos de responsabilidade para conseguir responder direta e rapidamente às demandas dos seus clientes. Esse novo modelo organizacional, dotado de uma comunicação entre equipes estruturadas sistematicamente, permite uma interação maior, possibilitando uma elevação no desempenho das equipes e finalmente da própria organização como um todo. Para Robbins (2002), seis forças específicas colaboram e estimulam as mudanças organizacionais, sendo: a natureza da força de trabalho; a tecnologia; os choques econômicos; a competição; as tendências sociais e a política internacional. Essas forças podem ser inseridas nas organizações através de quatro categorias: Mudar a estrutura: diz respeito a alterações nas relações de autoridade, nos mecanismos de coordenação e do próprio replanejamento do trabalho. Mudar a tecnologia: envolve mudanças na maneira pela qual o trabalho propriamente dito é realizado, com a utilização de novos equipamentos, ferramentas ou métodos operacionais para a sua realização. Mudar as instalações físicas: diz respeito às mudanças no arranjo físico do espaço de trabalho. Mudar pessoas: envolve modificações de atitudes, habilidades, expectativas, percepções e comportamentos dos funcionários. As eventuais resistências provocadas por empregados descontentes que, eventualmente, podem impedir ou ameaçar o esforço de transformação, devem ser combatidas aproveitando-se do estudo da literatura gerencial e acadêmica, conforme tabela abaixo, que apresenta um conjunto de pressupostos que devem ser revisados. 98 Gestão de Processos Tabela 13 - Pressupostos clássicos sobre resistência à mudança e possíveis contrapressupostos. Fonte: HERNADEZ, J. M. C.; CALDAS. M. P. Resistência à mudança: uma revisão crítica. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 31-45, abr/jun. 2001. (Adaptado). Há que se considerar também a própria resistência da organização, já que ela é em sua essência a organização é conservadora e resiste ativamente à mudança. Robbins (2002) assinalou seis principais fontes de resistência organizacional: Inércia estrutural: são mecanismos internos responsáveis pela estabilidade da organização, moldando e orientando as pessoas a se comportarem de determinada maneira, ajustando-as à organização. Foco limitado de mudança: a base de formação de uma organização são seus subsistemas interdependentes; assim qualquer mudança que ocorra em um deles fatalmente afetará os demais. Mudanças em um único subsistema são anuladas pelo sistema no qual este está inserido. Inércia de grupo: as normas que regem os comportamentos em grupo reagem negativamente ao desejo de indivíduos do grupo quanto a aceitarem as mudanças. Gestão de Processos 99 Ameaça à especialização: grupos especializados sentem-se ameaçados e reagem negativamente frente às mudanças nos padrões organizacionais. Ameaça às relações de poder estabelecidas: relações de poder já estabelecidas são ameaçadas quando da distribuição de autoridade para tomada de decisão. Ameaça às alocações de recursos estabelecidas: grupos que controlam algum tipo de recurso sentem-se ameaçados, já que este recurso pode ser cortado ou realocado. A complexidade de convencer todo um coletivo de indivíduos que as mudanças trarão benefícios organizacionais, assim como retirar as pessoas de sua situação de conforto e convencê-los a aceitar e defender uma nova lógica de atuação com novos valores, propósitos, processos, sistemas, etc., é a grande dificuldade em todo processo de transformação. Por não se inteirarem adequadamente do que faz funcionar uma empresa orientada por processos, as empresas que tentam migrar de uma organização por tarefas para uma organização orientada por processos acabam esbarrando em sérias dificuldades. Gonçalves (2000, p. 8-19) cita: Muitas empresas querem organizar-se por processos, mas não têm uma noção clara dos passos a seguir e das providências que devem se tomadas. Outras não estão certas da decisão a tomar a respeito da sua estruturação por processos e podem beneficiar-se de um raciocínio que as ajude a decidir. Existem também as empresas que não sabem ao certo o que significa serem organizadas por processos e as que não têm certeza se a sua forma organizacional atual é adequada para a gestão por processos. Finalmente, ainda, as empresas que precisam de mais esclarecimentos sobre o assunto para que possam analisar as vantagens da gestão por processos. A tabela a seguir apresenta, de forma sucinta, a gestão por processos e sua evolução de uma organização orientada por processos. 100 Gestão de Processos Tabela 14 - Tópicos associados à Gestão por Processos. Fonte: Autor. 5.1.8 O “Processo Corporação” Nossa organização pode ser entendida como mantenedora de um grande processo de prestação de serviços, onde ela processa os insumos que recebe – tecnologias, informações, recursos, etc. – e devolve aos seus clientes serviços na área de segurança pública e informações afetas. A figura seguinte caracteriza um processo de serviço. 101 Gestão de Processos Figura 14 - Processo de serviço Fonte: POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Curso de Gestão Contemporânea pela Qualidade. São Paulo: 6ª EMPM. 1998. Apostila. (Adaptado). Se focarmos nossa Corporação como um processo, podemos chama-lo de Processo Corporação e dividi-lo em vários subprocessos e estes em várias atividades e estas podem ser subdivididas em ações e procedimentos operacionais. Tudo vai depender do prisma de observação, já que a Corporação pode ser entendida, se considerarmos a Secretaria de Segurança Pública como um processo, um subprocesso deste. Como já dissemos, depende do foco que é dado à organização. O prisma básico de um processo de serviço é que ele deve ensejar nos clientes uma aplicação, utilidade ou necessidade e, sobretudo, deve alcançar a satisfação desses clientes. Como já citamos anteriormente, a definição mais lógica e sucinta de processo nos é ofertada por Kaoru Ishikawa (1997, p. 64) onde processo é “um conjunto de fatores de causa que, combinados, produzem como resultado final um produto”. Fatores de causa, em organizações de serviços, são as pessoas da organização, seus métodos de trabalho e seus equipamentos à disposição do Gestão de Processos 102 sistema produtivo, ou seja, são os elementos mínimos necessários para que um processo produza um resultado. Também conhecidos como Fatores de serviço (Campos, 1992, p. 17). 5.1.9 Segurança pública: Processo multifuncional 5.1.9.1 Breve histórico A origem da palavra Polícia é grega, politeia “πολιτεια”, no latim, politia, sendo o seu significado: "governo de uma cidade, administração, forma de governo". Com o passar do tempo, no entanto, o seu significado se tornou mais particular, “passando a representar a ação do governo, enquanto exerce sua missão de tutela da ordem jurídica, assegurando a tranqüilidade pública e a proteção da sociedade contra as violações e malefícios”1. Data de 1530, conforme documentação constante no Museu Nacional do Rio de Janeiro, mais precisamente 20 de novembro, o primeiro referencial da instituição policial brasileira. O registro é da chegada de Martin Afonso de Souza ao Brasil-Colônia, enviado por D. João III para “promover a Justiça e organizar os serviços de ordem pública, como melhor entendesse nas terras conquistadas do Brasil”2. Inúmeras foram as reformulações por que passou a Instituição Policial Brasileira; só com a chegada do príncipe D. João ao Brasil, no dia 10 de agosto, é que criou-se, mediante Alvará Régio, o cargo de Intendente Geral de Polícia, sendo o Desembargador Paulo Fernandes Viana o primeiro a ocupar o cargo, sendo incumbido, imediatamente, de criar suas diversas seções. Em 03 de dezembro de 1841 foi editada a Lei nº 261, regulamentada pelo Decreto nº 120, de 31 de janeiro 1 Origens da instituição policial brasileira. Disponível em: <http://www.ssp.sp.gov.br/institucional/default.aspx? texto=1>. Acesso em: 20 abr. 2007. 2 op. cit. Gestão de Processos 103 de 1842, que modificava o então Código de Processo Criminal. Com essa lei, foi criado no município da Corte e em cada Província um Chefe de Polícia e respectivos Delegados e Subdelegados, sendo eles nomeados pelo Imperador ou pelos Presidentes de Província. O primeiro Chefe de Polícia da província de São Paulo foi o Conselheiro Rodrigo Antônio Monteiro de Barros, figura de alta projeção no cenário jurídico do país. O Inquérito Policial e outras inovações para a época (que perduram até os nossos dias) surge em 20 de setembro de 1871, com a edição da Lei nº 2033, regulamentada pelo Decreto nº 4824, de 22 de novembro do mesmo ano, produto da reforma do sistema adotado pela Lei nº 261, a qual separa JUSTIÇA e POLÍCIA como organizações distintas. 5.1.9.2 Processo Multifuncional No sistema no qual as organizações policiais estão inseridas, qual seja, o de segurança pública, onde as ações devem se pautar segundo as constantes e rápidas mudanças das necessidades dos seus clientes. Exige-se portanto, agilidade, produtividade e alta qualidade, que dependem necessariamente da eficiência e eficácia do processo de desenvolvimento dos seus serviços. Brown e Eisenhardt (1995, p. 344-378) defendem a idéia de que um desempenho superior deste processo torna-se condição essencial para garantir que a prestação do serviço oferecido esteja atualizada tecnologicamente e com características de desempenho, custo e abordagem condizentes com o atual nível de exigência dos consumidores. Não se pode admitir que o sistema de segurança pública se constitua em um conglomerado de organizações, estruturadas verticalmente e isoladas por barreiras funcional-departamentais. O sucesso consiste em disseminar informações e ações, já que quando se fala em procurar satisfazer as necessidades dos clientes, não se pode pensar individualmente nesta ou naquela organização. O cliente não pensa assim, o cliente quando entra em contato com o sistema, ele o avalia como um todo e não particularizando este ou aquele setor. 104 Gestão de Processos A visão com foco nas funções, com foco centrado na sua própria realidade e não nos processos, é o principal empecilho das organizações, é o que nos ensina José E. L. Gonçalves (2001, p. 199) em sua obra. Assim sendo, dentro desse contexto, a estrutura organizacional pode se tornar uma das principais fontes de responsabilidade pela baixa produtividade e pelos problemas de qualidade das Organizações Policiais ou do sistema policial como um todo. A figura a seguir representa as estruturas funcionais e o impacto das barreiras de comunicações. Figura 15 - Estruturas funcionais – impacto das barreiras de comunicações. Fonte: PROBST, Gilbert; RAUB, Steffen; ROMHARDT, Kai. Gestão do Conhecimento: os elementos construtivos do sucesso. Porto Alegre: Bookman, 2002. p. 286. (Adaptado). A segurança pública, obrigatoriamente, deve ter uma abordagem multidisciplinar, ou seja, requer o “trabalho em equipe”, a aplicação de práticas simultâneas e diversos métodos de desenvolvimento, provocando uma intensa e eficiente interação entre diferentes organizações envolvidas, a fim de projetar seus serviços de modo a atingir os anseios dos clientes. Se isso não ocorrer, ou seja, o conhecimento não for disseminado a todas as organizações envolvidas, permanecendo compartimentado, vai levar a atividade de segurança pública a sérias conseqüências, onde a ação efetiva de uma organização não será plenamente satisfatória por conta das ações ou omissões de uma outra organização do sistema. Gestão de Processos 105 5.1.9.3 Como funciona a Secretaria de Segurança Pública O termo Secretaria da Segurança Pública aparece pela primeira vez, no ano de 1906, por meio da Lei nº 1006, de 17 de Setembro de 1906, a qual extinguiu a então Chefatura de Polícia e apensou à Secretaria da Justiça os assuntos de segurança pública, alterando-se assim o nome da pasta para Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça e da Segurança Pública. Como pasta independente, a Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública nasceu com a edição do Decreto nº 4.789, de 05 de dezembro de 1930, no governo do Interventor Federal Cel. João Alberto Lins de Barros, que promoveu o desdobramento da pasta de Justiça em pastas distintas, a Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça e a Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. A Secretaria da Segurança Pública, no decorrer de sua existência, passou por uma série de transformações, ocorrendo novas anexações e desanexações. Foi extinta e restabelecida por duas vezes, uma em 1931, retornando em 1934 e a outra em 1939, retornando em 1941, com a edição do Decreto Lei nº 12.163, de 10 de setembro de 1941, no governo do então Interventor Federal Fernando Costa, que reestabeleceu a Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública e extinguiu definitivamente o cargo de Chefe de Polícia, continuando assim, até a época atual. É incumbência da Secretaria da Segurança Pública a administração da polícia em todo o território do Estado de São Paulo. É o Secretário da Segurança Pública o responsável pela Chefia Geral da organização policial do Estado, sendo ele nomeado pelo Governador do Estado e escolhido livremente pelo mesmo. A figura abaixo retrata o organograma da Secretaria de Segurança Pública. Gestão de Processos 106 Figura 16 - Organograma da Secretaria de Segurança Pública. Fonte: <http://www.ssp.sp.gov.br/institucional/organograma.aspx>. Acesso em: 20 abr. 2007. 5.1.9.4 Quais são as instituições que a compõe A Secretaria de Segurança Pública é composta basicamente pela Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Técnico-Científica e pelo Departamento Estadual de Trânsito. As Origens da Polícia Militar remontam ao período colonial. Relatos históricos dão conta que a primeira tropa organizada de que se tem notícia foi armada em São Vicente em 1542, com a missão precípua de expulsar uma força espanhola que ameaçava a capitania. Mais tarde passaram a existir três linhas de tropas na colônia: A tropa de defesa externa, devidamente remunerada. A tropa incumbida da segurança interna, ou de polícia, também remunerada. E a tropa de voluntários, que serviam para suprir as falhas das duas anteriores em efetivos. Todas compostas por cidadãos que, quando não necessários seus préstimos para a segurança interna ou externa, exerciam suas atividades usuais: eram lavradores, comerciantes, professores. Até o início do século XIX, eram as tropas de segurança interna e a de voluntários que exerciam o papel de polícia na capitania de São Paulo. Gestão de Processos 107 A Família Real, quando de sua vinda para o Brasil, trouxe com ela a "Guarda Real de Polícia", que aqui, após reorganização passou a ser a polícia da Corte. Com a reorganização da "Guarda Real de Polícia", a segurança da cidade passou a cargo das chamadas "Milícias", que, embora tenham sua origem na "Guarda", não desempenhavam suas funções a contento. Assim sendo, a Regência, em 9 de outubro de 1831, baixou lei criando o "Corpo de Municipais Permanentes" na Corte, autorizando que fosse feito o mesmo nas províncias. Era a reorganização da antiga "Guarda Real de Polícia", mas era também a certidão de nascimento da Polícia Militar. Em São Paulo, a 15 de dezembro de 1831, foi criado o Corpo de Municipais Permanentes, composto de cem praças a pé, e trinta praças a cavalo; eram os "cento e trinta de trinta e um". Estava fundada a Polícia Militar do Estado de São Paulo. Hoje em dia, a Polícia Militar é operacionalmente composta por nove Comandos de Policiamento do Interior, com seus Batalhões de Polícia Militar do Interior subordinados; Comando de Policiamento Metropolitano, composto por quatro Comandos de Policiamento de Área Metropolitano, com seus Batalhões de Polícia Militar Metropolitano subordinados; Comando de Policiamento da Capital, composto por oito Comandos de Policiamento de Área Metropolitano, com seus Batalhões de Polícia Militar Metropolitano subordinados; Comando do Corpo de Bombeiros, com seus Grupamentos de Bombeiros subordinados; Comando do Policiamento de Choque, com seus Batalhões de Choque subordinados; Comando do Policiamento Ambiental, com seus Batalhões de Policiamento Ambiental subordinados e Comando do Policiamento Rodoviário, com seus Batalhões de Policiamento Rodoviário subordinados. A Polícia Civil do Estado de São Paulo nasceu junto à Secretaria dos Negócios da Justiça em 1841, tendo por atribuição principal (essencial) o desenvolvimento das atividades administrativas e de Polícia Judiciária. Com a edição da Lei nº 261, de 3 de dezembro de 1841, regulamentada pelo Decreto nº 120, de 31 de janeiro de 1842, o qual modificou o Código de Processo Criminal, surge o cargo de delegado de polícia. Gestão de Processos 108 A Polícia Técnico-Científica foi regulamentada pela Lei Estadual nº 756, de 27 de junho de 1994, e teve sua estrutura organizacional disposta no Decreto nº 42.847, de 9 de Fevereiro de 1998, tendo por atribuição administrar as perícias criminalísticas e médico-legais realizadas em todo o Estado de São Paulo, auxiliando o Sistema Judiciário e cooperando com as Polícias Civil e Militar, além do Departamento Estadual de Trânsito. Antes da criação da Polícia Técnico-Científica, cabia à Polícia Civil a responsabilidade pelo Instituto de Criminalística e o Instituto Médico Legal, sendo o primeiro fundado em 1924 com o nome de Delegacia de Técnica Policial e o segundo criado em 1886, com o nome de Serviço Médico Policial da Capital. A história do Detran de São Paulo está intimamente ligada, e não poderia ser diferente, ao percurso histórico do uso do automóvel pelos brasileiros. Foi Alberto Santos Dumont o primeiro proprietário de um automóvel no Brasil. Em 1891, ele trouxe da França um automóvel Peugeot, comprado por 1.200 francos. Preocupado com as normas de circulação da novidade com rodas, em 1903, o então prefeito da cidade de São Paulo, Antonio Prado, instituiu algumas leis para regulamentar o seu uso, sendo também Álvaro Ramos designado para o cargo de diretor de trânsito. Essa seria a primeira célula que posteriormente seria estruturado como Departamento de Trânsito. 5.1.9.5 Atribuições de cada instituição As atribuições da Polícia Militar estão previstas conforme segue: Constituição Federal de 1988, conforme prevê o artigo 144 incisos e parágrafos, Título V – da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, Capítulo III – da Segurança Pública: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Gestão de Processos 109 [...] § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. [...] Constituição do Estado de São Paulo, conforme prevêem os artigos 139, parágrafos 2º e 3º, 141 e 142, Título III – da Organização do Estado, Capítulo III – da Segurança Pública, Seções I e III, Disposições Gerais e da Polícia Militar: Artigo 139 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio. [...] § 2º - A polícia do Estado será integrada pela Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. § 3º - A Polícia Militar, integrada pelo Corpo de Bombeiros é força auxiliar, reserva do Exército. [...] Artigo 141 - À Polícia Militar, órgão permanente, incumbe, além das atribuições definidas em lei, a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. [...] Artigo 142 - Ao Corpo de Bombeiros, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil, tendo seu quadro próprio e funcionamento definidos na legislação prevista no § 2º do artigo anterior. As atribuições da Polícia Civil estão previstas conforme segue: Constituição Federal de 1988, conforme prevê o artigo 144 incisos e parágrafos, Título V – da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, Capítulo III – da Segurança Pública, da Constituição da República Federativa do Brasil o que segue: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] IV - polícias civis; [...] § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Gestão de Processos 110 Constituição do Estado de São Paulo, conforme prevêem os artigos 139, parágrafo 2º e 140, Título III – da Organização do Estado, Capítulo III – da Segurança Pública, Seção II, da Polícia Civil: Artigo 139 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio. [...] § 2º - A polícia do Estado será integrada pela Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. [...] Artigo 140 - A Polícia Civil, órgão permanente, dirigida por delegados de polícia de carreira, bacharéis em direito, incumbe, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. As atribuições da Polícia Técnico-Científica estão previstas conforme segue: Constituição do Estado de São Paulo conforme prevê o artigo 140 parágrafo 5º, Título III – da Organização do Estado, Capítulo III – da Segurança Pública, Seção II, da Polícia Civil: [...] § 5º - Lei específica definirá a organização, funcionamento e atribuições da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, que será dirigida, alternadamente, por perito criminal e médico legista, sendo integrada pelos seguintes órgãos: I - Instituto de Criminalística; II - Instituto Médico Legal. A Lei Complementar nº 756/94 de 27 de jun. de 1994, que organiza a Superintendência da Polícia Técnico-Científica e dá outras providências correlatas, altera a forma de organização da Polícia Técnico-Científica e passa a defini-la da seguinte maneira: Artigo 1.º - A Superintendência da Polícia Técnico-Científica, prevista no § 5.º do artigo 140 da Constituição do Estado, órgão técnicocientífico auxiliar da atividade de polícia judiciária e do sistema judiciário, responsável pelas perícias criminalísticas e médico-legais, tem a seguinte estrutura: [...] Artigo 2.º - A Superintendência da Polícia Técnico-Científica tem por finalidade: I - coordenar e supervisionar os trabalhos de pesquisas nos campos da Criminalística e da Medicina Legal; II - proceder a estudos técnicos no âmbito de suas atividades específicas; Gestão de Processos 111 III - prestar orientação técnica às unidades subordinadas; IV - manter intercâmbio com entidades ligadas às áreas científicas correspondentes; V - exercer as atividades inerentes aos sistemas de administração geral; VI - zelar pela regularidade das atividades exercidas nas unidades subordinadas. São atribuições e competências do Departamento Estadual de Trânsito: Supervisionar e fiscalizar os exames de habilitação, expedir a Carteira Nacional de Habilitação aos condutores de veículos residentes no território do Estado de São Paulo. Supervisionar e fiscalizar o registro, o licenciamento e a expedição do certificado de registro de veículo automotor pertencente à frota de veículos do Estado de São Paulo. Prestar serviços referentes a cursos, programas e campanhas educativas de trânsito. Planejar e supervisionar a implantação da sinalização luminosa e gráfica, para o plano diretor de trânsito dos municípios do Estado de São Paulo. Fiscalizar o controle de apreensão e liberação de veículos e documentos. Apurar as infrações penais de autoria incerta ou desconhecida, praticadas com veículos motorizados, além de falsidade de documento de veículo e condutores. Aplicar e julgar as penalidades por infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro, com exceção das conferidas aos Órgãos Executivos Municipais de Trânsito, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar. 5.1.9.6 Quais necessidades de ordem pública a serem satisfeitas Fernando T. S. Habckost (1991, p. 11) atribui a seguinte conceituação: “[...] a necessidade torna-se pública por decisão dos órgãos políticos.” Assim, pode-se falar que tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar, em decorrência de uma decisão política, inserida em norma jurídica, é necessidade pública, que nada mais é do que toda necessidade de interesse geral, satisfeita pelo processo do serviço público, seja com o concurso dos seus agentes, ou por delegação a pessoas sob a supervisão do Estado. Continuando, poderíamos dizer que o conceito de ordem pública é obscuro, vago e indeterminado. Fábio Ramazzini Bechara (2005, p. 97) ensina que, Gestão de Processos 112 por se tratar de conceito indeterminado, a dificuldade de interpretação é maior do que nos conceitos legais determinados. Segundo ele: A ordem pública enquanto conceito indeterminado, caracterizado pela falta de precisão e ausência de determinismo em seu conteúdo, mas que apresenta ampla generalidade e abstração, põe-se no sistema como inequívoco princípio geral, cuja aplicabilidade manifesta-se nas mais variadas ramificações das ciências em geral, notadamente no direito, preservado, todavia, o sentido genuinamente concebido. A indeterminação do conteúdo da expressão faz com que a função do intérprete assuma um papel significativo no ajuste do termo. Considerando o sistema vigente como um sistema aberto de normas, que se assenta fundamentalmente em conceitos indeterminados, ao mesmo tempo em que se reconhece a necessidade de um esforço interpretativo muito mais árduo e acentuado, é inegável que o processo de interpretação gera um resultado social mais aceitável e próximo da realidade contextualizada. Se, por um lado, a indeterminação do conceito sugere uma aparente insegurança jurídica em razão da maior liberdade de argumentação deferida ao intérprete, de outro lado é, pois, evidente, a eficiência e o perfeito ajuste à historicidade dos fatos considerada. A ordem pública representa um anseio social de justiça, e torna-se evidente esse anseio, pois se preocupa em preservar valores fundamentais, de modo a proporcionar a construção de um ambiente e contexto absolutamente favoráveis ao pleno desenvolvimento humano. 5.1.9.6.1 Insalubridade Buscando uma definição junto ao SEBRAE3 de insalubridade, obtemos: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Quando nos referimos a qualquer desastre ou calamidade pública, condições das mais insalubres sempre estão presentes. 3 Definição de insalubridade. Disponível em: <http://www.sebraesp.com.br/principal/ melhorando%20seu%20neg %C3%B3cio/orienta%C3%A7%C3%B5es/recursos_humanos/legislacao/o_que_insalubridade.aspx>. Acesso em: 03 maio 2007. Gestão de Processos 113 Cabe ao Estado suprir as necessidades de interesse geral, que se incluem as necessidades de promover a defesa civil. A Constituição da República, no capitulo da “Segurança Pública”, art. 144, § 5° determina: “- aos corpos de bombeiros militare s [...] incumbe a execução de atividades de defesa civil”. Somente um setor do Estado jamais poderá suprir todas as necessidades de todos os envolvidos em um desastre. Nestes momentos, os esforços devem se unir, com o objetivo não só de socorrer os atingidos, mas também de restabelecer a ordem no mais breve espaço de tempo possível. A origem do “Sistema de Defesa Civil” se baseia no fato de que nos momentos de calamidade pública, há a possibilidade de que o Estado não tenha capacidade para suprir todas as necessidades de seus cidadãos. O Sistema Estadual de Defesa Civil foi reorganizado em 16 de junho de 1995, através do Decreto nº 40.151/95. Possui uma Coordenadoria subordinada diretamente ao Governador do Estado. O Sistema Estadual foi reestruturado e adequado à própria reestruturação do SINDEC (Sistema Nacional de Defesa Civil). A Polícia Militar é um dos órgãos que integram a CEDEC (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil), juntamente com representantes de cada Secretaria de Estado, da Polícia Civil e do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, vinculada à Casa Militar do Governo do Estado, tem missão de articular e coordenar ações preventivas, de socorro, assistenciais e de recuperação, com o objetivo de salvar vidas, assistir à população afetada e evitar prejuízos, recuperando ou reconstruindo cenários afetados por calamidades, quando necessário. Sua estratégia está centrada no planejamento e desenvolvimento de medidas que evitem desastres ou minimizem suas conseqüências, desempenhando um papel importante, ainda que específico. Gestão de Processos 114 5.1.9.6.2 Incolumidade Incolumidade nada mais é que a qualidade ou estado do incólume, que, por sua vez, é aquele livre de perigo, são e salvo, intato, ileso ou também pode ser considerado o bem conservado. Segundo parecer de Paulo José da Costa Jr4 Professor Titular de Direito Penal da USP e Livre-Docente da Universidade de Roma, publicado no DOU de 03 jul. 1998: A incolumidade pública deve ser entendida, no magistério de Rocco, como “a segurança de todos os cidadãos em geral sem determinação e limitação de pessoas (a coletividade dos cidadãos, a sociedade, o público) contra danos físicos pessoais (à vida, à saúde) e patrimoniais derivados do desencadear-se, por obra humana, das forças naturais, da alteração do funcionamento dos meios de transporte e de comunicação, da alteração de substâncias alimentares e medicinais destinadas ao público, etc.” Prepondera na incolumidade pública o interesse da coletividade, sem distinção de pessoas. A Constituição Federal de 1988, no Título V, capítulo III, artigo 144, inciso V, estabelece que: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]” Segundo Damásio E. de Jesus (2002, p. 61) “A incolumidade pública, bem que integra a segurança coletiva, é, pois, interesse que se encontra relacionado não a uma pessoa considerada isoladamente, e sim ao corpo social.” A própria finalidade do organismo social deve, portanto, ser a preservação do cidadão. Não obstante, para que essa finalidade passe do caráter de uma aspiração abstrata à realidade concreta, é necessário atribuir às forças do Estado em tela condições mínimas de exeqüibilidade de ações que efetivamente garantam a incolumidade pública. A Polícia Militar, até mesmo por força de sua missão constitucional, pode ser considerada como a principal organização que possui essa finalidade: é da própria natureza da instituição a guarda primaz pelos direitos 4 COSTA JR, Paulo José da. Parecer sobre nova redação do artigo 273 do Código Penal, dado pela Lei nº 9.677, de 02 jul. 1998, publicado no DOU de 03. jul. 1998. Disponível em: <http://www.abipla.org.br/legisl/abiplpa1.htm>. Acesso em: 03 maio 2007. Gestão de Processos 115 fundamentais do cidadão e, acessoriamente, a defesa das instituições democráticas legalmente constituídas. Não se pode, em absoluto, dada as características acima apontadas, pensar a Corporação dissociada de sua missão de defesa da incolumidade pública. 5.1.9.6.3 Segurança Pública Todos os seres humanos necessitam de segurança. Todos os seres humanos têm o direito de serem protegidos do medo, de todas as espécies de medo. O medo tem raízes profundas na alma dos seres. Radica-se no inconsciente e é objeto constante da pesquisa científica, com destaque para a Psicanálise. Uma sociedade democrática, com espírito de solidariedade, como a nossa, procura construir modelos de convivência social que afastem o medo do horizonte permanente de expectativas. A Polícia Militar não é mero suplemento social; é componente vital da sociedade. Ela pode ser vista como o desaguadouro natural de ansiedade e tensões da comunidade. Está, por força das circunstâncias, inserida no vértice do contexto dos efeitos dessas tensões; como é fato reconhecido e aceito que as causas desses desarranjos do tecido social extrapolam os limites das políticas de segurança pública, a instituição se coloca num contexto curioso: o de administrar e solucionar tanto quanto possível carências cujas causas remontam a circunstâncias históricoculturais. Não obstante, pretendemos que a Polícia Militar, na figura do seu profissional de segurança pública – o policial-militar – seja um ponto de referência para a população; e vamos mais além: a população deve ver na figura do policialmilitar, atuante e prestativo, um zeloso guardião da ordem e disciplina da vida social, digno da confiança e da admiração pública. Os problemas sociais que assolam nossa sociedade, hoje vivenciados e cada vez mais agravados, aí incluídos os de segurança pública, ultrapassam a Gestão de Processos 116 capacidade técnica dos órgãos policiais e só terão solução efetiva, como já dissemos, se tratados em conjunto com a comunidade. Destarte, em termos de Segurança Pública, não é possível que a comunidade permaneça em atitude passiva. A sua colaboração e seu apoio são imprescindíveis como forma de expansão dos recursos alocados à Polícia Militar pelo Estado. É pela filosofia de policiamento comunitário que a Polícia Militar se pauta para proporcionar a tão almejada sensação de segurança à sociedade paulista. 5.1.10 Complementaridade de ações Quando nos referimos à complementaridade de ações, particularmente em organizações como a nossa, devemos preliminarmente conceituar capital social. O conceito de capital social, antiga idéia tocquevilliana que se referia à capacidade da sociedade em auto-organizar-se e cujo uso estava restrito ao campo das ciências políticas, passa a ser apropriado pelos economistas quando estes começam a perceber que fatores extra-econômicos explicam melhor os diferentes níveis de desenvolvimento entre regiões, conforme aponta R. Putnam (2000), ou nações inteiras, conforme D. North (1990), do que os fatores estritamente econômicos. O conceito de capital social nos ajuda a captar os mecanismos e os fatores extra-econômicos que contribuem para o desenvolvimento, instituindo a importância dos fatores institucionais para a compreensão das relações econômicas. Para entender o conceito de capital social é necessário admitir que existem outros atores sociais e instituições (formais e informais) que se colocam como arranjos sociais intermediários entre o Estado e a comunidade. Uma vez que o capital social é intrínseco às relações sociais e, ao mesmo tempo, um produto da institucionalização dessas relações, podemos, como forma de se avaliar o potencial de criação de capital social em um determinado território, instrumentalizar a transição de suas formas latentes para formas mais maduras e institucionalizadas, o que pode ser feito sob o domínio da hipótese do construtivismo social. Em outras palavras, o estabelecimento de relações sinérgicas ocorre a partir Gestão de Processos 117 do momento em que há uma institucionalização de relações sociais que já carregam, em sua estrutura, formas latentes e menos desenvolvidas de capital social. Podemos referenciar a hipótese do construtivismo social de Peter Evans (1996, p. 119-132), observando as relações sinérgicas entre os representantes da nossa Corporação (policial-militar) e membros da sociedade (representantes de uma determinada comunidade). O construtivismo social se baseia na construção de uma base social propícia para o estabelecimento de relações sinérgicas entre agentes do Estado e membros da sociedade. A estrutura dessas relações sinérgicas compõese, de um lado, em uma complementaridade entre o poder público local e a sociedade e, de outro lado, em relações que cruzam a fronteira entre o público e o privado, nas quais os agentes do Estado corporificam metas que beneficiam as comunidades e os agentes das comunidades internalizam, em suas ações, o bemestar público. Esta imbricação entre agentes do Estado e atores da comunidade foi chamada por Evans de embeddedness. O termo embeddedness foi utilizado anteriormente por K. Polanyi (1944, p. 46-53), e por M. Granovetter (1985, p. 481-510), mas com um significado mais amplo do que o proposto por Peter Evans. Enquanto Evans está mais preocupado com a construção de relações sinérgicas entre o Estado e a sociedade local, adquirindo o conceito um conteúdo mais pragmático, Polanyi o utiliza para exprimir o caráter social e histórico da construção dos mercados, enquanto Granovetter estava preocupado com a propriedade de imersão social dos atores econômicos. Para Evans, o capital social é formado a partir do momento em que agentes públicos introjetam em seus projetos profissionais os anseios de uma determinada localidade, fazendo com que aqueles que fazem parte do aparato estatal façam também parte da comunidade na qual eles trabalham. Redes de confiança e de colaboração são criadas entre agentes públicos e a comunidade, relações que perpassam a fronteira entre o público e o privado e que movem o Estado e a sociedade em uma ação conjunta. Gestão de Processos 118 Pela perspectiva do construtivismo social, a sinergia se torna uma possibilidade latente em qualquer contexto social, bastando para isto uma articulação entre empreendimentos institucionais inovadores. 5.1.11 Companhia de Policiamento: Unidade básica de produção dos serviços de polícia ostensiva 5.1.11.1 Caracterização estrutural As Companhias de Polícia Militar, responsáveis pelo policiamento ostensivo e preventivo, para a preservação da ordem pública em determinadas circunscrições territoriais, estruturam-se da seguinte forma: - Comandante da Subunidade – Capitão PM; - Subcomandante – Tenente PM mais antigo dos Comandantes de Pelotão PM; - Encarregado da Administração – Sub Tenente PM ou Sargento PM; - Auxiliar de Administração e Escala – Praça não graduada, normalmente Sd PM; - Auxiliar SJD – Sargento PM; - Auxiliar de Administração, Estatística, Operacional e BO/PM – TC – Praça não graduada, normalmente Soldado PM; - Motorista da Administração – Praça não graduada, normalmente Soldado PM; O efetivo operacional das Companhias PM estão distribuídos pelos Pelotões PM, sob o comando de Tenente PM, sendo que se o Pelotão PM for destacado da sede da Cia PM, disporá de efetivo administrativo similar ao da Cia Gestão de Processos 119 PM. Também há OPM menores, denominadas Grupamento PM, sob o comando de Sargento PM, com seu respectivo efetivo operacional. 5.1.11.2 Identificação das Cias PM com território habitado – Comunidades Cabe, em primeira instância, ao Gestor ou Cmt da Cia PM, o qual é responsável direto pela área territorial de jurisdição de sua Unidade Territorial, o diagnóstico do local de atuação da Cia Territorial, bem como da comunidade que ali reside, o conhecimento da dinâmica da criminalidade e o reconhecimento da multiplicidade de dimensões que o envolvem e influenciam, tais como condições habitacionais, facilidade de acesso às unidades de ensino, atendimento público à saúde adequado, oportunidades de empregos, disponibilidade de transporte, existência de relações comunitárias, perfil psicológico predominante. É uma conduta espera por parte do Gestor ou Cmt de Cia PM estar próximo e participar ativamente da comunidade, a qual tem responsabilidade direta por força de jurisdição territorial. O diagnóstico e conhecimento do local ocorrem através do diálogo com as lideranças locais, através de consultas e pesquisas de opinião, do contato com as demais autoridades, identificando suas necessidades específicas. Cabe também ao Gestor incentivar seus subordinados a que façam o mesmo em seus locais de trabalho, buscando congregar a comunidade e sua liderança em torno dos objetivos comunitários de segurança pública. 5.1.11.3 Identificação dos clientes e suas necessidades Basicamente, a identificação das necessidades dos clientes, embora difícil, pode ser obtida através de pesquisa de opinião, através da identificação de necessidades evidentes, através do boca a boca e através da experiência de vivência da organização servindo uma clientela por longo tempo. Cabe salientar que a OPM Territorial que tem maior capacidade de captar os anseios e necessidades dos clientes é justamente a Cia PM, já que detêm a Gestão de Processos 120 responsabilidade jurisdicional sobre uma determinada área habitacional. É a Cia PM que está mais próxima da comunidade, vivenciando seu dia-a-dia e a servindo diuturnamente. Assim, os métodos de apuração de necessidades dos clientes são muito mais exeqüíveis no nível de uma Cia PM. É a Cia PM que tem a capacidade de desenvolver uma pesquisa de opinião com os usuários dos seus serviços; é a Cia PM que tem a capacidade de prontamente identificar as necessidades evidentes da comunidade e promover a pronta resposta a esses anseios; é a Cia PM que durante o patrulhamento de rotina pode desenvolver uma pesquisa boca a boca, mantendo e estreitando o relacionamento com seus usuários e pretensos usuários; e, finalmente, é a Cia PM por viver o dia-a-dia da comunidade que pode acumular experiências que serão úteis na busca da satisfação das necessidades dos clientes. Não podemos deixar de referenciar os bons resultados da pesquisa de opinião desenvolvida pelo serviço “Disque PM”, serviço nos moldes do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) das organizações privadas. Através do telefone 0800.555190, os clientes da Corporação podem manifestar-se sobre seus serviços. Como não podemos também, deixar de referenciar o serviço do COPOM, onde diariamente, através de ligação telefônica, colhe das pessoas atendidas pela Polícia Militar no dia anterior, sua impressão quanto à qualidade do serviço que lhe foi oferecido. Finalmente, por força da DIRETRIZ Nº PM5-002/50/98 de 20Ago98, que estabelece a coleta de dados e informações relativas ao Indicador do Nível de Satisfação do Público Externo, que foi alterada pela ORDEM COMPLEMENTAR Nº PM5-002/50/99 de 03Mar99, que passa a estabelecer a coleta de dados e informações relativas ao Indicador do Nível de Satisfação do Público Externo e do Indicador do Nível de Avaliação do Atendimento, assim, as Cias PM promovem trimestralmente a coleta de dados e informações relativas aos Indicadores do Nível de Satisfação do Público Externo e do Nível de Avaliação do Atendimento, remetendo os dados via cadeia de comando, a 5ª EM/PM e esta ao Setor de Estatística da 2ª EM/PM, para as providências junto ao Comando Geral da PM. Gestão de Processos 5.1.11.4 121 Detentora dos meios físicos: seres humanos e equipamentos Como já dissemos nesse capítulo, a nossa Organização, Polícia Militar, pode ser entendida como um grande processo de prestação de serviços. Por analogia, a Cia PM – OPM Territorial é um microprocesso de prestação de serviços desse macroprocesso. Paralelo a isso, se focarmos somente o processo de prestação de serviços de uma Cia PM – OPM Territorial, tranquilamente poderemos classificá-lo como um processo de prestação de serviços. Isso posto, é na Cia PM – OPM Territorial onde são processados os insumos que ela recebe, tais como tecnologias, informações, recursos, etc., e ofertados aos seus clientes serviços na área de Segurança Pública e informações afetas. Assim, é na Cia PM – OPM Territorial onde são depositados os meios – viaturas, armamentos, equipamentos, etc.; é na Cia PM – OPM Territorial onde é classificado o material humano – efetivo operacional; e, finalmente é também na Cia PM – OPM Territorial onde são aplicados os métodos – normas e diretrizes que regem a atuação operacional. Basicamente, um processo de serviço deve ensejar nos clientes uma aplicação, utilidade ou necessidade e, sobretudo, deve alcançar a satisfação desses clientes. E é a Cia PM – OPM Territorial que, preliminarmente, dados os elementos componentes do sistema de segurança pública, enseja essa aplicabilidade, utilidade, necessidade e funcionalidade de satisfazer os clientes da Organização. Aproveitamo-nos mais uma vez da definição de Kaoru Ishikawa, que descreve o processo como “um conjunto de fatores de causa que, combinados, produzem como resultado final um produto” (Ishikawa, 1997, p. 64). Cabe esclarecer que entendemos como fatores de causa, em organizações de serviços, suas pessoas, seus métodos de trabalho e seus equipamentos, ou seja, os elementos mínimos necessários para que um processo produza um resultado. Tais componentes, como dissemos, também são conhecidos como “Fatores de serviço” (Campos, 1992, p. 17). Gestão de Processos 5.1.11.5 122 Autoridade de resposta na área territorial Pudemos observar anteriormente que é Cia PM – OPM Territorial que detém o diagnóstico e o conhecimento do local onde residem seus clientes; pudemos também observar que é a Cia PM – OPM Territorial que mantém diálogo com as lideranças locais e com elas promovendo parcerias; verificamos ainda que é a Cia PM – OPM Territorial que tem a maior capacidade de captar os anseios e necessidades dos clientes, identificando, inclusive, as suas necessidades mais específicas; ressaltamos que, no sistema policial, a Cia PM – OPM Territorial é a que está mais próxima da comunidade, vivenciando seu dia-a-dia e servindo-a diuturnamente; seria surpresa se não fosse a responsável direta, representante do sistema policial naquela localidade, a responder prontamente aos anseios e necessidades dos seus clientes. Como já afirmamos anteriormente, a eficácia de um sistema policial está calcada na sua capacidade de resposta. 5.1.12 Companhia de Policiamento e o processo de prestação de serviços de polícia ostensiva Para falarmos do processo de prestação de serviços de polícia ostensiva de uma Cia PM – OPM Territorial, necessário se faz remetermos ao Plano Plurianual5 da Polícia Militar Biênio 2005-2006, onde consta a filosofia gerencial da Instituição, sua missão organizacional, bem como sua visão de futuro. Como missão da Polícia Militar: A Polícia Militar do Estado de São Paulo, inspirada no mais absoluto respeito à vida, à integridade física e à dignidade da pessoa humana, e no reconhecimento dos seus profissionais, visa proporcionar às comunidades a segurança necessária para a paz social, estando compromissada em servir com excelência. 5 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÂO PAULO. Plano Estratégico de Comando, Biênio 2005-2006. Disponível em: <http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/ unidades/6empm/home/planest.asp>. Acesso em 02 maio 2007. Gestão de Processos 123 Como visão de futuro da Polícia Militar: A Polícia Militar do Estado de São Paulo será uma instituição pública totalmente voltada para a satisfação das necessidades de seus clientes, e caracterizada pela legalidade, competência, atualidade, flexibilidade e pelo humanitarismo. Pela abrangência das definições, devidamente alinhada com a filosofia e as diretrizes da Organização, cada órgão subordinado deve, calcado nos interesses de seus clientes, estabelecer sua própria missão. E a vinculação da missão aos interesses dos clientes tem por base o pressuposto de que, como nos ensina Oliveira (2001, p. 294) “a Missão é a razão de ser da empresa. Conceituação do horizonte, dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar no futuro”. Da mesma forma, os órgãos subordinados devem elaborar sua a visão de futuro, já que tal visão trata das aspirações de uma determinada organização a respeito de seu futuro. Diante da realidade vivida por parte das Cias PM, ou seja, o seu distanciamento físico da sede da OPM a qual é diretamente subordinada, ou mesmo diante das peculiaridades de cada comunidade, sensíveis diferenças quanto à interesses, anseios e necessidades de comunidades próximas, mas distintas, como é o caso clássico das Cias PM do interior. É perfeitamente plausível o estabelecimento de missão e visão de futuro, mantendo o alinhamento com a filosofia gerencial e diretrizes da Organização, prestigiando-se assim os interesses dos clientes daquela comunidade específica, da qual a Cia PM é responsável em sua área de atuação. O processo de prestação de serviços de polícia ostensiva tende a ser mais eficiente quando há efetiva participação da comunidade. Assim, o Cmt Cia PM – OPM Territorial deve estimular essa participação; é preciso que a comunidade apresente idéias e propostas de modo a gerar mecanismos voltados ao controle e/ou redução dos índices criminais, gerando assim uma diminuição da violência e melhorando a qualidade de vida daquela comunidade. Cabe ao Cmt Cia PM – OPM Territorial envidar esforços, adotar medidas e aplicar os programas de policiamento em sua área de responsabilidade, a fim de criar condições propícias para que a comunidade tenha na Organização um parceiro, Gestão de Processos 124 compartilhando informações e contribuindo para a preservação da ordem pública. O fim almejado é basicamente satisfazer os integrantes da comunidade com melhorias nos níveis de segurança pública e, por conseguinte, melhorias nos níveis de qualidade de vida da área de responsabilidade jurisdicional da Cia PM. 5.1.12.1 Programas de policiamento na Cia PM A missão precípua de uma Cia PM – OPM Territorial é desenvolver o policiamento ostensivo geral, que tem por objetivo satisfazer as necessidades básicas de segurança pública da comunidade na sua área de responsabilidade jurisdicional, prevenindo o cometimento de ilícitos penais ou de infrações administrativas sujeitas ao controle da Instituição. A aplicabilidade de todas as atividades de policiamento, devidamente alinhadas com a filosofia e diretrizes da Organização, ocorre na Cia PM – OPM Territorial. Como já dissemos no capítulo intitulado A Polícia Ostensiva de Segurança, as atividades de policiamento ostensivo podem ser divididas em vários programas de policiamento, destinados a atender determinados objetivos e basicamente traduzem a estratégia operacional da nossa Instituição. Essa divisão permite ainda melhorias nos padrões de execução, facilitando inclusive o planejamento orçamentário para sua manutenção. A conceituação de Matriz Operacional está inserida no texto da DIRETRIZ Nº PM3-008/02/06 de 01Ago06, a qual estabelece normas para o Sistema Operacional de Policiamento PM (NORSOP), define: 6.3.5. Matriz Operacional É o conjunto de Programas de Policiamento empregados pela Polícia Militar visando à eficácia das ações de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública. Dependendo das peculiaridades de cada localidade e, segundo critérios de implantação e distribuição, baixados pelo Comando Geral da PM, a Cia PM – OPM Territorial poderá ter seus programas de policiamento. Gestão de Processos 125 Como já dissemos, os programas aplicáveis na Cia PM – OPM Territorial são: Programa Rádio Patrulha, disciplinado pela Diretriz nº PM3-011/02/05; Programa Policiamento Escolar, disciplinado pela Diretriz nº PM3014/02/05; Programa Policiamento Comunitário, disciplinado pela Diretriz nº PM3015/02/05; Programa Policiamento Integrado, disciplinado pela Diretriz nº PM3012/02/05; Programa Força Tática, disciplinado pela Diretriz nº PM3-007/02/05; e Programa ROCAM, disciplinado pela Diretriz nº PM3-005/02/05. 5.1.12.2 Atividades policiais especializadas: complementaridade da polícia ostensiva A execução do policiamento ostensivo de uma Cia PM – OPM Territorial – pode ainda ser complementado por ações de polícia ostensiva especializadas. Unidades especializadas são OPM com circunscrição superposta às da OPM Territorial, tendo competência diferenciada em virtude das missões específicas a ela atribuídas. Podemos ter ações de polícia especializada por parte das OPM subordinadas ao Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv), que executam de maneira complementar às atividades das F Ptr A a prevenção e repressão imediata dos delitos praticados nas rodovias e estradas estaduais, conforme previsto na DIRETRIZ Nº PM3-008/02/06, de 01Ago06, que estabelece normas para o Sistema Operacional de Policiamento PM (NORSOP). Podemos ter ações de polícia especializada por parte das OPM subordinadas ao Comando de Policiamento Ambiental (CPAmb), cujo policiamento é voltado à proteção do Meio Ambiente e prevenção/repressão imediata dos delitos Gestão de Processos 126 praticados na zona rural, conforme também previsto na DIRETRIZ Nº PM3008/02/06, de 01Ago06, que estabelece normas para o Sistema Operacional de Policiamento PM (NORSOP). Podemos ter ações de polícia especializada por parte das OPM subordinadas ao Comando de Policiamento Choque (CPChoq), efetivo com treinamento específico e equipamentos especiais, empregados em missões extraordinárias de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública. Como exemplos, podemos citar as ações do patrulhamento tático, as operações em área rural, montanhosa, ou de difícil acesso, as ações específicas de polícia relacionadas a seqüestros, ameaças com explosivos, resgate de reféns e similares, as operações desenvolvidas em locais de eventos desportivos culturais, artísticos e outros de grande envergadura, as ações de policiamento em que são utilizados cães e/ou solípedes. E, por fim, podemos ainda citar as ações de polícia que demandam o uso de aeronave, executadas pelo Grupamento de Rádio Patrulhamento Aéreo (GRPAe). Enfim, a Corporação procura, através da prestação de serviços adequados às demandas existentes, propiciar atendimento ao cidadão sob a perspectiva da segurança pública num contexto tão amplo quanto possível. Capítulo 6 EXCÊLENCIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A excelência na prestação de serviços é componente básico da gestão pública voltada para a excelência. Para que possamos operacionalizar esse tipo de gestão e comprovar a sua existência em uma determinada organização, necessário se faz que nessa gestão estejam presentes os fundamentos da Gestão Pública de Excelência, que nada mais são que valores essenciais que caracterizam a gestão pública como de excelência. Não são leis, normas ou técnicas, são valores que precisam ser paulatinamente internalizados até se tornarem definidores da gestão de uma organização. Para a maioria das organizações públicas, alguns ou todos os fundamentos que serão apresentados ainda não são fundamentos, ou seja, não foram internalizados como valores. São meros objetivos, fazem parte de uma visão futura da prática gerencial desejada. À medida que forem transformados em orientadores das práticas de gestão, tornar-se-ão gradativamente hábitos e, por fim valores inerentes à cultura organizacional. O Modelo de Excelência em Gestão Pública deve estar alicerçado em fundamentos próprios da natureza pública das organizações e em fundamentos próprios da gestão de excelência contemporânea. Juntos, esses fundamentos definem o que se entende hoje por excelência em gestão pública. Os primeiros fundamentos são constitucionais, encontram-se inseridos nas disposições gerais, seção I do capítulo VII – Da Administração Pública, caput do artigo 37 da Constituição Federal de 1988: A administração pública, direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência [...]. Excelência na prestação de serviços 128 Por legalidade podemos entender a estrita obediência à lei; nenhum resultado poderá ser considerado bom, nenhuma gestão poderá ser reconhecida como de excelência à revelia da lei. Moralidade é pautar a gestão pública por um código moral. Não se trata de ética (no sentido de princípios individuais, de foro íntimo), mas de princípios morais de aceitação pública. Por impessoalidade podemos entender o não fazer acepção de pessoas. O tratamento diferenciado restringe-se apenas aos casos previstos em lei. A cortesia, a rapidez no atendimento, a confiabilidade e o conforto são valores de um serviço público de qualidade e devem ser agregados a todos os usuários indistintamente. Em se tratando de organização pública, todos os seus usuários são preferenciais, são pessoas muito importantes. Já a publicidade se resume em ser transparente, dar publicidade aos dados e fatos. Essa é uma forma eficaz de indução do controle social. Por fim, eficiência é fazer o que precisa ser feito com o máximo de qualidade ao menor custo possível. Não se trata de redução de custo a qualquer custo, mas de buscar a melhor relação entre qualidade do serviço e a qualidade do gasto. Os fundamentos constitucionais são a base de sustentação do Modelo de Excelência em Gestão Pública, sendo que o conceito contemporâneo de uma gestão de excelência é suplementada pelos seguintes fundamentos: Excelência dirigida ao cidadão: A atenção prioritária ao cidadão e à sociedade na condição de usuários de serviços públicos e destinatários da ação decorrente do poder de Estado exercido pelas organizações públicas é um dos pressupostos, se não o mais importante, exigido na excelência em gestão pública. Essas organizações devem, constantemente, submeter-se à avaliação de seus usuários, de modo a gerar produtos e serviços de valor para esses cidadãos, proporcionando-lhes maior satisfação. Gestão participativa: O estilo da gestão pública de excelência é participativo, requer cooperação, compartilhamento de informações e confiança para Excelência na prestação de serviços 129 delegar, dando autonomia para atingir metas. Como resposta, as pessoas tomam posse dos desafios e dos processos de trabalho dos quais participam, tomam decisões, criam, inovam e dão à organização um clima organizacional saudável. Uma gestão participativa genuína requer uma atitude gerencial de liderança, que busque o máximo de cooperação das pessoas, reconhecendo a capacidade e o potencial diferenciado de cada um e harmonizando os interesses individuais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia das equipes de trabalho. Gestão baseada em processos e informações: O centro prático da ação da gestão pública de excelência é o processo, entendido como um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos/serviços (saídas) com alto valor agregado. Gerenciar um processo significa planejar, desenvolver e executar as suas atividades, assim como avaliar, analisar e melhorar seus resultados, proporcionando melhor desempenho à organização. A gestão de processos permite a transformação das hierarquias burocráticas em redes de unidades de alto desempenho. Os fatos e dados gerados em cada um desses processos, bem como os obtidos externamente à organização, se transformam em informações que assessoram a tomada de decisão e alimentam a produção de conhecimentos. Esses conhecimentos dão à organização pública alta capacidade para agir e poder para inovar. Valorização das pessoas: As pessoas fazem a diferença quando o assunto é o sucesso de uma organização. A valorização das pessoas pressupõe dar autonomia para atingir metas, criar oportunidades de aprendizado, de desenvolvimento das potencialidades e reconhecer os indivíduos pelo bom desempenho. Visão de futuro: A busca da excelência nas organizações públicas é diretamente relacionada à sua capacidade de estabelecer um estado futuro desejado que dê coerência ao processo decisório e que permita à organização antecipar-se às novas necessidades e expectativas dos cidadãos e da sociedade. Excelência na prestação de serviços 130 A visão de futuro impõe o agir persistente, contínuo, para que as ações do dia-a-dia da organização contribuam para a construção do futuro almejado. Ela indica o rumo para a organização, a constância de propósitos a mantém nesse rumo. Aprendizado organizacional: O aprendizado deve ser internalizado na cultura organizacional, tornando-se parte do trabalho diário em quaisquer de suas atividades, seja na constante busca da eliminação da causa de problemas, na busca de inovações e na motivação das pessoas pela própria satisfação de executarem suas atividades sempre da melhor maneira possível. É importante destacar que este fundamento perpassa horizontalmente toda a organização. Isto significa que independentemente do processo produtivo, da prática de gestão ou do padrão de trabalho, o aprendizado deve acontecer de maneira sistêmica. É preciso ir além dos problemas e procurar novas oportunidades para a organização. Isso é um processo contínuo e inesgotável que engloba tanto as melhorias incrementais, como as inovações e a ruptura de práticas que deixam de ser necessárias, apesar da competência da organização em realizá-las. Agilidade: A postura pró-ativa está relacionada à noção de antecipação e resposta rápida às mudanças do ambiente. Para tanto, a organização precisa antecipar-se no atendimento às novas demandas dos seus usuários e das demais partes interessadas. A resposta rápida agrega valor à prestação dos serviços públicos e aos resultados do exercício do poder de Estado. É de fundamental importância para o sucesso das organizações públicas formuladoras de políticas públicas perceber os sinais do ambiente e conseguir antecipar-se evitando problemas e/ou aproveitando oportunidades. Foco em resultados: O resultado é a materialização de todo o esforço da organização para o atendimento das necessidades de todas as partes interessadas. O sucesso de uma organização é avaliado por meio de resultados medidos por um conjunto de indicadores que devem refletir o grau de atendimento às expectativas de todas as partes interessadas. Excelência na prestação de serviços 131 Inovação: É fazer mudanças significativas para melhorar os processos, serviços e produtos da organização e criar novos valores para as partes interessadas da organização. Inovação levará a organização a novas dimensões de desempenho. Ela não diz respeito somente às áreas de pesquisa e desenvolvimento, mas abrange todos os aspectos e processos da organização. As organizações devem ser conduzidas e gerenciadas de forma que a inovação se torne parte da cultura. Controle social: A gestão das organizações públicas tem que estimular o cidadão e a própria sociedade a exercer ativamente o seu papel de guardiãs de seus direitos e de seus bens comuns. Nesse sentido, a boa gestão pública pressupõe a criação de canais efetivos de participação do cidadão nas decisões públicas, na avaliação dos serviços, inclusive na avaliação da atuação da organização relativamente aos impactos que possa causar à saúde pública, à segurança e ao meio ambiente. 6.1 Qualidade em serviços Quando tratamos da qualidade na prestação de um serviço, estamos nos referindo à essência da função de uma organização prestadora de serviços em relação aos seus clientes. Em organizações, como a Polícia Militar, podemos acrescentar uma agravante: os seus clientes externos não se resumem àqueles que recebem diretamente o serviço prestado, mas também aqueles que são atendidos indiretamente, ou seja, aquelas pessoas que não solicitaram o serviço, mas que, ao pagarem seus impostos, são extremamente críticas na observação da prestação do serviço a outrem. O ápice das relações entre os clientes e a organização, seja ela prestadora de serviços ou produtora de bens, consiste na necessidade da organização, com o seu trabalho, agregar valor ao cliente. Por valor através dos Excelência na prestação de serviços 132 ensinamentos obtidos no Curso de Gestão Contemporânea pela Qualidade, da Polícia Militar do Estado de São Paulo podemos entender como o benefício que os clientes recebem pelo ônus arcados. Aquilo que o cliente recebe por aquilo que paga, diretamente através do preço, ou indiretamente, através do pagamento de impostos. Assim, surge a preocupação das empresas com a melhoria dos serviços e a qualificação do pessoal envolvido na prestação de serviços, pois o cliente hoje, como já dissemos, está muito mais exigente e crítico em relação ao serviço que lhe é prestado. Prestar serviços, porém, apresenta peculiaridades em relação à manufatura. Não podemos simplesmente aplicar os processos já solidificados através de estudos e vasto conhecimento, que utilizamos na manufatura de bens aos serviços. É possível empregar toda a teoria e técnicas já estudadas para a manufatura, seja em qualidade, seja em custos ou em produção, mas tendo o cuidado de adaptá-las às especificidades dos serviços. 6.1.1 Conceituação de qualidade em serviços A definição mais difundida de qualidade em serviços foi oferecida por Karl Albrecht “é a capacidade que uma experiência ou qualquer outro fator tem para satisfazer uma necessidade, resolver um problema ou fornecer um benefício a alguém” (Albrecht, 1992, p. 254). Para Gianesi (1994, p. 91): A qualidade em serviços é composta de vários critérios de avaliação que são considerados pelos clientes. São eles: consistência, flexibilidade, competência, credibilidade, tangíveis, custo, acesso, atendimento/atmosfera e velocidade de atendimento. Cada critério será mais ou menos importante dependendo do tipo de serviço prestado. Entretanto, a característica mais significativa do serviço é o fato de produção e consumo serem simultâneos. Não se estoca serviços e a avaliação da Excelência na prestação de serviços 133 qualidade do mesmo é muito rápida ou até mesmo instantânea. O cliente participa ativamente do processo de prestação de serviço. Fitzsimmons (2000, p. 45) apresenta uma dificuldade do gerente do processo: “Gerentes de serviços têm dificuldades de identificar seus produtos. Este problema se deve a natureza intangível dos serviços, mas é a presença do cliente no processo que cria uma preocupação com a experiência de utilização do serviço.” A ciência da administração, ao longo dos tempos, sempre considerou o serviço como um subproduto. O devido valor ao tema só foi dado a partir de 1985, nos Estados Unidos, com a publicação da obra “Service Americal: Doing Business in the New Economy”. A conceituação de competitividade no mercado de prestação de serviços foi sedimentada nesta obra, sendo seu foco direcionado às empresas privadas de prestação de serviços, embora o conceito seja extremamente útil e aplicável às organizações públicas. O setor de serviços cresceu rapidamente nas últimas décadas e hoje é bastante expressivo na economia brasileira. Nas nações mais desenvolvidas do mundo esta também é uma realidade consolidada. Ao longo de suas obras, Karl Albrecht tem argumentado que: “no fundo da questão as organizações diferem somente no tipo de produto por elas fabricados, sendo eles bens ou serviços” (Albrecht, 1992, p. 75). Claus Moller (1993, p. 05) considera a argumentação de Karl Albrecht como a revolução da consciência, ou seja, uma nova forma de pensar a qualidade. Os antigos parâmetros da qualidade, ditados por Deming, com essa nova abordagem, foram ampliados e completados. A recomendação dessa nova abordagem da qualidade recomenda que as organizações preocupem-se não só com a qualidade intrínseca do produto, mas também com a qualidade das pessoas que compõe a organização, seus clientes internos. Excelência na prestação de serviços 134 6.1.2 Características dos serviços Vários autores procuram apresentar as características dos serviços através de um comparativo das características dos bens físicos, de forma a facilitar o entendimento sobre suas diferenças. Entre esses autores, podemos destacar nomes como A. Parasuraman, Valerie A Zeithaml, Richard Normann, E. Gummesson, I. N. Gianesi, H. L. Correa, Christin Grönroos, James A. Filtzsimmons e P. Kotler. A tabela a seguir resume, de modo geral, a abordagem desses autores. Tabela 15 - Diferenças entre Serviços e Bens Físicos. Fonte: GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços: a competição por serviços na hora da verdade. Rio de Janeiro: Campus, 1995. (Adaptado). Em síntese, os serviços identificam-se pelo desempenho, conforme afirma Valerie A Zeithaml (1996, p. 73-80) em sua obra, notadamente nas suas principais características, que são: Intangibilidade: O serviço é algo experimentado, não pode ser tocado, preservado ou mesmo estocado; a afirmação está em consonância com o pensamento de Lovelock e Wright (2001, p. 416). Os serviços são intangíveis por natureza, ou seja, eles não podem ser tocados ou possuídos pelo cliente como os bens manufaturados. Logo, o cliente vivencia o serviço que lhe é prestado, o que Excelência na prestação de serviços 135 torna mais difícil a sua avaliação, pois essa assume um caráter subjetivo, conforme nos ensina Las Casas (2000). Por isso, inovações em serviços não são patenteáveis. A fim de superar competidores de mercado ou, no caso da Polícia Militar, a fim de transpor expectativas dos clientes, as empresas devem, para assegurar os benefícios de um conceito original em serviços, expandi-los rapidamente, utilizandose da vantagem da precedência, ou mesmo da própria originalidade, provocando um impacto nos clientes. Perecibilidade: A utilização dos serviços está atrelada ao momento em que são oferecidos. A produção dos serviços ocorre ao mesmo tempo em que ele é consumido; daí decorrem algumas outras implicações, tais como a impossibilidade de estocagem de serviços e a necessidade do controle de qualidade ocorrer durante o processo, uma vez que não é possível se fazer inspeções como na indústria de manufatura. Eventuais erros que venham a ocorrer durante o processo são imediatamente percebidos pelo cliente, conforme também nos ensina Gianesi e Correa (1996) entre outros autores. Resumindo, um serviço é uma mercadoria perecível e não pode ser estocado como um bem de consumo. Os serviços, dessa forma, segundo Fitzsimmons (2000), operam como sistemas abertos, com todo o impacto das variações da demanda sendo transmitidas ao sistema. Inseparabilidade: Refere-se à “necessidade da presença do cliente ou um bem de sua propriedade” (Gianesi e Corrêa, 1996, p. 32). “O cliente participa do processo de produção” (Grönroos, 1995, p. 38), podendo participar, inclusive, como co-produtor do serviço. Serviços geralmente não podem ser separados da pessoa que os fornece. Produção e consumo ocorrem simultaneamente, embora Las Casas (2000, p. 15) saliente que “a introdução de novas tecnologias tem alterado algumas conseqüências do alto grau de contato entre o cliente e a empresa de serviços”. Essas inovações estão permitindo que os clientes possam consumir os serviços onde quer que estejam, por meio de fax, telefone, máquinas automatizadas e internet. Excelência na prestação de serviços 6.2 136 A Polícia Militar como prestadora de serviços Desde 1991, no cenário nacional, envidam-se esforços a fim de implantar o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP. Em 2001 através do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão foi instituído o Manual do Programa de Qualidade no Serviço Público (PQSP), que estabeleceu orientações para implantação do Modelo de Excelência em gestão Pública pela Qualidade. Assim, a administração pública brasileira vem desenvolvendo ações procurando tornar as organizações públicas cada vez mais preocupadas com o cidadão, procurando abolir definitivamente o paradigma de que o mais importante são seus processos burocráticos internos. Em outras palavras, os esforços da administração consistem em fazer com que a organização pública passe a considerar o cidadão como parte interessada e essencial ao sucesso da gestão pública. Para tanto, a satisfação do cidadão é item de verificação obrigatório na avaliação de desempenho institucional. O Governo do Estado de São Paulo, acompanhando o norte traçado, institui em 1995, por meio do Decreto nº 40.536 de 12 dez. 1995, que Institui o Programa Permanente de Qualidade e Produtividade no Serviço Público (PPQPSV). No Estado de São Paulo não foi diferente: o programa procurou mobilizar e sensibilizar as organizações para a melhoria da qualidade da gestão pública e do desempenho institucional, incentivando-as inclusive a proporcionar que o cidadão se torne um participante das atividades públicas, desempenhando o papel de avaliadores dos serviços e das ações do Estado. Assim, a Polícia Militar já havia dado os primeiros passos rumo a Gestão pela Qualidade Total, por meio de parceria com o SEBRAE, onde oficiais freqüentaram o curso “Programa SEBRAE da Qualidade”, e em 1997 a Polícia Militar iniciou por meio da DIRETRIZ Nº PM6-001/96 de m24Jan96, que estabelece normas gerais para implantação do Programa de Qualidade Total na PMESP, o seu Programa de Gestão pela Qualidade Total. Consciente dos benefícios da Gestão pela Qualidade Total como uma valiosa opção de aperfeiçoamento organizacional. Excelência na prestação de serviços 137 A qualidade implica, necessariamente, no estabelecimento de um sistema eficaz de liderança, que promova coesão e uniformidade às atividades da organização, a definição clara dos usuários – usuários diretos e indiretos dos serviços públicos – e dos resultados por eles esperados; o gerenciamento de informações, através de indicadores de desempenho; as ações de planejamento e acompanhamento das ações, a preocupação constante com o fazer certo na primeira vez, motivando, envolvendo, estimulando e desenvolvendo todos os servidores dentro do compromisso de que o serviço prestado deve, obrigatoriamente, agregar valor ao usuário do serviço público. É imperativo, no entanto, que a adoção da filosofia, dos métodos e das ferramentas da qualidade como instrumentos de transformação gerencial da organização leve em consideração as especificidades decorrentes de sua natureza como atividade pública. Com a efetivação do Plano Estratégico Plurianual, a Polícia Militar entrou definitivamente na corrida para ser reconhecida como uma Organização que prima pela excelência. Estabelecendo políticas voltadas, totalmente, para a satisfação do usuário de seus serviços, seus clientes externos – razão de sua existência, não deixando de se preocupar com o seu cliente interno, quer seja no gerenciamento dessas pessoas, quer seja na aplicação de métodos de avaliação e desempenho profissional, sempre mantendo em foco a premissa de que seus clientes internos são o seu maior patrimônio. A adoção do estilo gerencial, abandonado definitivamente o estilo administrativo burocrático, permitiu avanços na gestão de seus processos, voltados à melhoria contínua e à valorização do ser humano, mantendo sempre a visão nos resultados favoráveis à satisfação de seus clientes/usuários. É com esse enfoque que a Polícia Militar busca a consolidação da gestão pela qualidade como modelo e filosofia gerencial para suas rotinas administrativas e operacionais. A certeza de que a Organização está no caminho certo se dá através de critérios próprios de medição. E nesse campo, existem critérios praticados internacionalmente para avaliação de gestão das organizações, que mostram o que Excelência na prestação de serviços 138 a organização deve fazer para obter sucesso na busca pela excelência no desempenho e na implementação de melhorias. Na incessante busca de um modelo de Gestão de Excelência, a Polícia Militar criou em 2001 o “Prêmio Polícia Militar da Qualidade”, lançando também, nesta fase, os Critérios de Avaliação de Gestão (Critérios de Excelência), que são os referenciais para a busca do aperfeiçoamento diário de suas atividades, sejam elas administrativas ou operacionais. A base de referência adotada foram os Critérios do Prêmio Nacional da Qualidade, que constituem um modelo sistêmico de gestão, praticado por inúmeras organizações públicas e privadas. Esses critérios estão sedimentados em fundamentos essenciais para a obtenção da excelência do desempenho. Em apoio à manutenção do Programa 5S, já implantado na Corporação, foi incluído nos critérios da Polícia Militar o ambiente de trabalho. O Prêmio busca incentivar, motivar e reconhecer os bons desempenhos das Organizações Policiais Militares, bem como a prática do aperfeiçoamento contínuo. Assim, a Polícia Militar engajada nesse propósito de bem servir e ciente de que a gestão da qualidade é um instrumento da cidadania, que conduz não só os cidadãos, mas também os agentes públicos ao exercício de uma administração pública participativa, transparente, orientada para resultados e preparada para responder às demandas sociais, mantêm seu foco na Gestão pela Qualidade Total. Como prova clara, ainda podemos referenciar a recente ORDEM DE SERVIÇO Nº PM3-004/02/07-CIRCULAR de 01Fev07, que trata da responsabilidade de Comando, do Cel PM José Roberto Martins Marques, digníssimo Subcomandante PM, que evidencia a responsabilidade dos comandantes por seus comandados e, também, dos reflexos positivos para a Instituição em função desse esforço. A referida Ordem de Serviço enfatiza a cabal importância de que todo policial militar esteja convenientemente instruído, treinado e, principalmente, motivado, para a prestação dos serviços que lhe compete, enfatizando ainda que todo policial militar tem o dever de comprometer-se com as metas do Cmdo G que, em verdade, estarão voltadas para atender o interesse público, sempre em consonância com o princípio da legalidade. Excelência na prestação de serviços 139 Elevar o padrão dos serviços prestados ao cidadão e, ao mesmo tempo, tornar o cidadão mais exigente em relação aos serviços públicos a que tem direito, é o grande desafio da qualidade na administração pública e o foco da sua atuação. 6.3 Atributos exigidos à Polícia Militar para ser vista como uma prestadora de serviços excelentes Deming (1990, p. 40) nos ensina que a excelência em serviços pode ser alcançada adotando-se alguns comportamentos: - cultive a liderança em serviços: a chave consiste em ter uma liderança em serviços autêntica em todos os níveis da organização – uma liderança que inspire realizações; - desenvolva um sistema de informações sobre qualidade em serviços; - crie uma estratégia de serviços: É necessário àqueles que irão gerenciar – líderes em serviços – os processos que tenham visão, persistência, expectativas elevadas, conhecimento, empatia, poder de persuasão e integridade. Cabe ao líder de serviços, orientar, segundo a visão de serviços da organização, os fornecedores desse serviço. Em nossa Organização, todas as lideranças que têm uma visão global e integrada do fluxo de trabalho entendem melhor os papéis que desempenham dentro do processo. Também compete ao líder de serviços acreditar piamente na capacidade fundamental das pessoas de perceberem e desempenharem seus papéis da forma a estabelecer padrões de excelência. O líder deve fornecer as ferramentas necessárias para o sucesso e encorajamento dos comportamentos semelhantes ao da liderança por toda a organização. É a boa liderança em serviços que propulsiona a melhoria. Sem a visão contagiante da liderança, sem a direção, treinamentos e inspiração, a idéia de melhoria em qualidade não é transformada em ação. Excelência na prestação de serviços 140 Para Deming (1990, p. 64), para que uma organização alcance a liderança em serviços, ela deve adotar os seguintes critérios de liderança: “promova as pessoas para posições de maior responsabilidade; enfatize o envolvimento pessoal; enfatizem o fator confiança; encorajem o aprendizado da liderança”. Berry (1996, p. 74) em sua obra cita que as “organizações necessitam de lideranças em serviços de elevada qualidade em todos os níveis da organização”. Em síntese, pode-se considerar que a liderança é uma questão crucial para a qualidade em serviços. Assim, podemos afirmar que nossa Organização promove a gestão pela excelência de cada uma das unidades de produção de serviços, ou seja, cada uma das Cia PM – OPM Territorial. É com esse foco que procuramos resumir o grande interesse do Comando da Corporação em disseminar, a todos os níveis de gestores, e dentre os mais diversos processos de serviços, os princípios básicos da gestão de qualidade. Segundo Berry (1996), as organizações precisam se preocupar em manter um canal de informações sobre a qualidade dos seus serviços, que permita gerar informações oportunas e importantes, de modo que possam ser utilizadas pelos gestores em suas tomadas de decisão. Com esse sistema de informações, as organizações poderão encorajar e habilitar a gerência a incorporar a voz do usuário no processo de tomada de decisão; revelar e identificar as prioridades de serviços dos usuários e condições de melhoria dos serviços; orientar as decisões de alocação de recursos; permitir o rastreamento do desempenho em serviços da organização e dos concorrentes, ao longo do tempo; revelar impacto das iniciativas e dos investimentos feitos na qualidade dos serviços; fornecer dados baseados em desempenho para recompensar os serviços de elevada qualidade e corrigir os de baixa qualidade. Especificamente no caso da Polícia Militar, não temos concorrente legalmente constituído, embora seja fato de conhecimento público a atuação de outros segmentos em dissonância à legislação vigente, executando missões exclusivas, conforme previsão legal, tais como Polícia Civil, Guardas Municipais, Excelência na prestação de serviços 141 Empresas Privadas de Monitoramento e Vigilância. Em síntese, pode-se dizer que a voz do usuário pode orientar a melhoria em serviços. Berry (1996, p. 78), apresenta nove abordagens de pesquisa sobre qualidade em serviços, visando à obtenção de informações: • levantamento transacional: é feito com usuários que acabaram de realizar uma transação de serviço com a organização. O objetivo é avaliar o nível de satisfação do usuário com a experiência de serviço, bem como apreciar as razões das percepções enquanto a experiência ainda for recente. • levantamento em todo o mercado: tem por objetivo avaliar a impressão geral do usuário sobre serviços da organização. A avaliação do usuário sobre uma experiência de serviço recente e específica, pode se diferenciar das suas impressões gerais de serviços da organização, que vai se delineando mediante experiências acumuladas ao longo do tempo. • compras em disfarce: os compradores disfarçados são pesquisadores que se apresentam como usuários para avaliar diretamente a qualidade do serviço fornecido. • avaliações dos serviços: são visitas periódicas a usuários (ou a uma classe de usuários), para discutir todos os aspectos dos relacionamentos de serviço. É um processo formal constituído de um conjunto padrão de perguntas que devem sempre ser respondidas por escrito, para, posteriormente, serem encaminhadas correspondências aos usuários com as conclusões mais importantes e as prioridades de melhorias identificadas. • painéis consultivos de usuários: a organização recruta um grupo de usuários para fornecer feedback sobre a qualidade dos serviços prestados pela organização. As reuniões com conselhos de usuários podem produzir elevados níveis de cooperação em razão de os usuários se sentirem membros do grupo. • usuários novos, ex-usuários e usuários com freqüência em declínio: uma forma de fixar a atenção da gerência sobre a melhoria dos serviços é através de levantamentos que revelem o impacto da qualidade dos serviços nos resultados. Este tipo de levantamento pode identificar as conseqüências do desempenho de uma organização quanto à qualidade de seus serviços. Os levantamentos junto a novos usuários ajudam a organização a acompanhar as principais influências que interferem na atração dos usuários. Os levantamentos junto aos ex-usuários podem revelar as causas do afastamento dos usuários da organização. • entrevistas com grupos de foco: as entrevistas com grupos de foco são bastante conhecidas em pesquisas de qualidade em serviços porque são relativamente simples de serem implementadas. Permitem ao pesquisador ampliar seus conhecimentos e investigar os detalhes de uma determinada questão. Em uma pesquisa de qualidade em serviços, os grupos de foco são um cenário ideal para os usuários discutirem os problemas de serviço que estão enfrentando para sugerir idéias de melhorias. • relatório de campo dos funcionários: o sistema de relatório de campo é uma forma simples de obter e compartilhar os Excelência na prestação de serviços 142 conhecimentos de mercado que, em sua maioria, geralmente são perdidos. A disciplina de se preparar respostas mensais para perguntas pré-definidas reforça a necessidade de os funcionários prestarem atenção anos usuários, assim como para refletirem a respeito do que podem dizer sobre algo. • pesquisa entre funcionários: os levantamentos entre funcionários ajudam a expor as causas dos serviços de baixa qualidade. Ajuda, também, a revelar por que ocorrem problemas de serviços e o que as organizações devem fazer para solucioná-los. Pode, ainda, servir como sinal de alerta. A intensa exposição dos colaboradores ao sistema de fornecimento de serviços freqüentemente os habilita a perceberem uma falha no sistema antes do usuário. Com base na estratégia de serviços, é possível captar o que os usuários valorizam nos serviços. Cabe aos líderes das organizações definirem corretamente o que torna um serviço absoluto para poder trilhar o caminho em direção a excelência em serviços. É necessário colocar em ação e sustentar a visão de excelência em serviços, pois o seu valor está em poder orientar e estimular. No entanto, as palavras só atingirão as suas meta se reunirem as principais idéias da organização, sensibilizarem o espírito humano de realização e forem assimiladas automaticamente, sem a necessidade de recorrer a manuais de planejamento para conhecer a estratégia de serviços da organização. Caso isso ocorra, estamos vivenciando uma organização que, com certeza, não tem uma estratégia de serviços. Podemos identificar em um serviço de qualidade, quatro princípios: Credibilidade: faz referência a um serviço confiável e correto; Surpresa: implica no ato de surpreender o usuário; Recuperação: envolve reconquistar o usuário, caso o serviço tenha se mostrado insatisfatório anteriormente; e Integridade: exige um nível de respeito no relacionamento entre organização e os usuários. Para que uma estratégia de serviços dê bons resultados, necessário se faz comparar o que precisa ser feito e o que a organização faz extraordinariamente Excelência na prestação de serviços 143 bem, pois é a estratégia de serviços que fornecerá a estrutura para todos os investimentos nos desenvolvimentos de serviços. Berry (1996, p. 73) nos oferece um rol de etapas, consideradas por ele como principais, que proporcionam a identificação de uma sólida estratégia de serviços, colaborando ainda nas decisões e práticas necessárias para serviços excelentes. • determinar quais os atributos de serviços mais importantes para atender e exceder às expectativas dos usuários; • determinar em quais desses atributos são os mais vulneráveis; • determinar as habilidades de serviços existentes e potenciais da sua organização; • avaliar as competências e incompetências dos serviços, pontos fortes e fracos dos recursos, reputação dos serviços, filosofia e “razão de ser”; • desenvolver uma estratégia de serviços que se destine a atender às necessidades importantes e persistentes dos usuários, bem como a explorar as vulnerabilidades dos concorrentes e que seja adequada às capacidades e ao potencial de sua organização. Em síntese, pode-se dizer que todas as melhores organizações de serviços têm uma estratégia de serviços clara, poderosa, em sintonia com as práticas operacionais e a filosofia organizacional. Berry (1996, p. 82) aponta um outro complicador para as organizações de serviços; nessas organizações existe um número muito grande de serviços que, por sua natureza, são totalmente dependentes da mão-de-obra, gerando, por si só, um grau maior de variabilidade6 no processo de produção, se comparado com um processo executado principalmente por máquinas. Um mesmo prestador de serviços pode fornecer o mesmo tipo de serviço a dois usuários de forma muito diferente; vai depender das circunstâncias presentes em cada momento da prestação do serviço – a atitude do usuário, o cansaço do prestador de serviços ou a complexidade do serviço solicitado. A excelência em serviços é uma questão de mentalidade. Mentalidade é uma questão de liderança. A busca por mudanças é um processo que não tem fim; as idéias fazem parte do trabalho; o espírito empreendedor é forte; a orientação tem seu bojo nos valores, não nas políticas e nos manuais de procedimentos. 6 Walter A Sherwart foi o primeiro a reconhecer a variabilidade como fato concreto na indústria. Excelência na prestação de serviços 144 A Polícia Militar em sua gestão deixa clara a interdependência existente entre os envolvidos no processo, fornecedores, executores e clientes, todos fazem parte de um ciclo de atividades com o objetivo de gerar resultados organizacionais. 6.4 Considerações finais Baseando-se no que já foi dito sobre as características de um serviço, podemos dizer que qualidade em serviços está intimamente ligada à gestão de pessoas, embora instalações, processos internos e bens facilitadores também sejam importantes. A excelência é um todo e, nesse universo, o fator humano se destaca. As pessoas que lidam diretamente com o cliente têm uma grande responsabilidade, pois elas representam à personificação da empresa e são responsáveis pela imagem da mesma junto ao cliente. Consequentemente, elas deveriam ser valorizadas à altura da responsabilidade que têm em mãos e apresentarem alto grau de satisfação com o trabalho que realizam. Devemos ter em mente que não há clientes duradouramente satisfeitos se não há funcionários satisfeitos. O serviço é um relacionamento estabelecido entre pessoas, e capacidade técnica e habilidades de interrelacionamento têm sua parcela de importância. Ambientes de pouco reconhecimento ou que não apresentam boas condições de trabalho serão uma fonte pobre de estímulos à motivação pessoal e ao comprometimento com os objetivos da empresa; o ato de ouvir as pessoas é fundamental: assim como se deve ouvir o cliente, os funcionários também devem ser ouvidos, pois suas críticas e sugestões podem ser excelentes oportunidades de melhoria do negócio. Tal procedimento pode dar ao gestor, em função dos subsídios que uma reclamação, uma compreensão melhor dos processos que a empresa deve rever com maior urgência. O processo de valorização do funcionário ou cliente interno passa pelo reconhecimento de que as pessoas envolvidas com a prestação de serviço e em Excelência na prestação de serviços 145 contato direto como o cliente carregam a responsabilidade de influenciar o conceito que o cliente terá sobre a empresa e o serviço. Portanto, valorizar o funcionário significa aplicar efetivamente políticas de marketing interno, reconhecimento, recrutamento e seleção eficazes, ascensão profissional e treinamento de pessoal. É reconhecer o funcionário como agente ativo no processo de qualidade do serviço e de encantamento do cliente. Capítulo 7 PROPOSTA DA MONOGRAFIA: A CIA PM GERIDA COM FOCO NOS PROCESSOS A primeira consideração para a propositura de sugestão de otimização da atividade operacional da polícia ostensiva, conforme a sustentação teórica já realizada, é o reconhecimento incontestável de que a Subunidade Operacional – Cia PM é a unidade de produção dos serviços policiais dessa modalidade, respeitadas particularidades como as das Polícias Rodoviária e Ambiental, onde esse tipo de referencial pode ser encontrado em nível de pelotão, embora não serão explicitados nesta proposta. Também é necessário tomar como pressuposto que as atividades de policia ostensiva se dividem em prevenir o crime e a delinquência em geral e em responder a chamados que vão desde os de natureza criminal até os de natureza assistencial. A partir daí, os múltiplos serviços prestados pela Subunidade Operacional – Cia PM, quais sejam, radiopatrulha, policiamento escolar, policimento ostensivo a pé, policiamento velado, policimento comunitário, policiamento integrado, policiamento de trânsito, policiamento de próprios judiciais e policiamento em eventos públicos, devem ser distribuidos em dois processos operacionais: • Processo de Policiamento Ostensivo Preventivo; e • Processo de Policiamento Ostensivo de Resposta. O Processo de Policiamento Ostensivo Preventivo é aquele cujos inputs advém das estatísticas criminais, do estudo do comportamento criminoso, do reconhecimento de necessidades evidentes da população local, fazendo com que o gestor dos serviços, Comandante da Subunidade Operacional – Cia PM, detecte demandas locais de segurança e administre seus serviços para a obtenção dos resultados desejáveis. Outra fonte de demanda são as ordens emanadas dos escalões superiores, que podem detectar fatos criminais à distância, mas que 147 Proposta da Monografia demandam ações em massa, em todas as localidades, eventualmente através de ações conjuntas. Entretanto, a gestão dos elementos de produção, quais sejam, as pessoas empregadas, equipamentos utilizados e métodos de trabalho, devem ser geridos pelo gestor local, mesmo nas demandas corporativas, para que o princípio da autoridade com responsabilidade seja respeitado. Propõe-se que os seguintes serviços integrem o Processo de Policiamento Ostensivo Preventivo: • Policiamento Escolar; • Policiamento Velado; • Policiamento Integrado; e • Policiamento Comunitário. Já o Processo de Policiamento Ostensivo de Resposta, tem como inputs as solicitações feitas pela população local em geral, fazendo com que o gestor dos serviços (Comandante da Cia) não tenha que detectar demandas, mas responder as solicitações com requintes de excelência, buscando surpreender o solicitante na sua necessidade, que, a propósito, na maioria das vezes, não se trata de situação envolvendo prática criminal. Propõe-se que os seguintes serviços integrem o Processo de Policiamento Ostensivo de Resposta: • Policiamento de Radiopatrulha; • Policiamento Velado; e • Policiamento em Eventos Públicos. A necessidade de se administrar os serviços de polícia ostensiva por processos está no fato de que os objetivos do processo de prevenção e de resposta aos chamados são diversos: o objetivo do processo de prevenção é o evitar as práticas criminais ou anti-sociais, lesivas às pessoas, enquanto o objetivo da resposta aos chamados está na satisfação do usuário com a resposta oferecida. 148 Proposta da Monografia Se os objetivos são diferentes, os métodos de trabalho da mesma sorte também o são, assim como os resultados a serem alcançados. Os resultados devem ser previstos em metas estabelecidas sobre indicadores de resultado, naturalmente diversos de um para outro processo. Assim, cumprindo com a objetividade exigida para a proposta monográfica, sugerimos os seguintes indicadores para cada um dos processos de polícia ostensiva propostos: Tabela 16 - Sugestão de Indicadores para os processos de polícia ostensiva. Fonte: Autor. Como medida complementar, há de se criar um painel com referidos indicadores em local visível da Cia PM para que todos os policiais envolvidos no processo possam acompanhar suas evoluções ao longo do mês; também é necessário que haja o comprometimento de metas sobre tais indicadores com o escalão superior. Proposta da Monografia 149 Aproveitando a estrutura funcional já consagrada na Instituição, as metas deveriam ser acordadas entre o Comandante de Cia e o Coordenador Operacional e aprovadas em reunião formal com o Comando do Batalhão. Nessa reunião, além da aprovação das metas, o Cmt de Cia exporia seu planejamento para o perído com o propósito de alcançar as metas propostas, o que visa o controle da criminalidade local e a satisfação dos usuários dos serviços policiais militares. Aos policiais militares restariam medidas próprias, como a sensibilização de todos ao alcance dos objetivos propostos, quais sejam, o controle da criminalidade e a satisfação dos usuários dos serviços policiais militares locais. Também seria indispensável desenvolver instrução dirigida para esclarecer a nova sistemática, divulgar os indicadores e seu funcionamento e criar grupos de pessoas voluntárias para a busca da melhoria contínua. Os policiais militares deveriam especializar-se para atuar como agentes de prevenção ou de resposta a chamados, sendo escolhidos dentro de um perfil adequado a cada uma das tarefas e fixados nas atividades para a promoção de suas especializações. Propõe-se também que o Estágio de Aperfeiçoamento Profissional contemple o esclarecimento aos policiais militares da metodologia de divisão dos serviços em processos preventivos e de resposta, que se universalize dentre eles os objetivos as serem alcançados e que se crie a expectativa de participação no oferecimento de sugestões de melhorias e participação nos grupos internos de melhoria contínua. CONCLUSÂO Com base nos estudos levados a efeito, foi verificado que a Gestão pela Qualidade Total é uma opção gerencial interessante e viável à Polícia Militar do Estado de São Paulo. Para tal constatação, bem como a importância pela opção da gestão com foco nos processos, foi elaborada pesquisa bibliográfica extensa da teoria que alicerça a referida técnica administrativa, além de se haver procedido a uma análise conjuntural e organizacional da Instituição, apreciando sobretudo sua contextualização, no mister de oferecer segurança à população dentro do complexo Sistema de Persecução Criminal. O objetivo do presente trabalho monográfico foi o de mostrar que o foco nos processos é a base para assegurar a qualidade na prestação dos serviços policiais-militares, gerando uma sensível diminuição dos índices criminais, aumentando o grau de satisfação dos clientes, diminuindo a incidência de erros profissionais e o número de reclamações na Corregedoria da Polícia Militar e na Ouvidoria das Polícias. O presente trabalho monográfico também procurou ressaltar que a melhoria contínua só ocorre se enfatizarmos a relação entre causas e efeitos, e que a busca da excelência operacional traduz-se através do enfoque dado aos processos. Como já abordamos anteriormente, a Subunidade Operacional – Cia PM, consiste na unidade de produção de serviços policiais militares da polícia de segurança, sendo necessário uma otimização de seu desempenho, pois é justamente do acúmulo de esforços das Cias PM, os Batalhões de Polícia Militar, os Comandos de Policiamento de Área, os Grandes Comandos e a própria Corporação alcançam seus resultados. Iniciou-se o estudo com uma visão panorâmica da evolução histórica da Qualidade Total, referenciando o percurso do conceito da qualidade, a gestões de qualidade no Japão do pós-guerra e no mundo moderno, a gestão de qualidade no 151 Conclusão Brasil, no estado de São Paulo e, finalmente, a gestão pela qualidade total na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Esse panorama foi complementado com a demonstração do papel da polícia ostensiva, as conceituações legais, bem como pela análise acerca de como está estruturado o policiamento, dando ênfase a seus programas de policiamento, tanto os de atividades preventivas como aqueles ligados às respostas às solicitações. Pretendemos ainda abordar as estratégias adotadas pelas Organizações na Gestão de Pessoas e Gestão de Processos, componentes básicos para o caminho da excelência operacional. Por fim, pretendemos abordar o foco da excelência na prestação de serviços, caracterizando, inclusive, a Corporação como uma prestadora de serviços, focando seus atributos básicos necessários para uma prestação de serviços com excelência. Concluindo, o cerne do trabalho procura apresentar uma proposta de gestão de uma Subunidade Operacional – Cia PM com foco nos processos, buscando trazer embasamento teórico de sua utilização. A Polícia Militar do Estado de São Paulo, por sua natureza, é uma organização complexa, e, invariavelmente, tem padecido com o descompasso existente entre sua capacidade produtiva e a crescente demanda na área de Segurança Pública, o que ocorre, por vezes, pela forma de gerenciamento clássico, típico de organizações militares, onde a estrutura administrativa mantém um padrão rígido de verticalidade, com tendências taylorianas, produzindo, com isso, um distanciamento dos seus clientes, o que acaba por evidenciar dificuldades no envolvimento efetivo de todos os integrantes da Corporação no alcance das metas organizacionais. Esse cenário agrava-se na medida em que o desempenho de sua missão está inserido dentro de um sistema composto por cinco órgãos estatais, o que condiciona a obtenção de bons resultados à excelência da prestação dos serviços de cada um deles isoladamente, o que não vem ocorrendo. Por outro lado, com o passar do tempo, uma nova realidade se impõe: devido à proliferação de teorias liberais e humanísticas, a disseminação da cultura e Conclusão 152 de informações ao mais humilde dos homens, através dos poderosos e populares meios de comunicação, a sociedade cada dia exige mais dos seus governantes e do Estado como ente maior de gestão social, exigindo que suas Instituições respondam de forma mais efetiva a tais requisitos. A Polícia Militar é vítima natural de repulsa daqueles que são alvo da ação policial, já que trabalha numa área que permeia a fiscalização de condutas e restrição de direitos, ainda que calcada nos ditames da lei. A este cenário podemos ainda acrescentar que um defeito da atividade policial militar pode provocar grave prejuízo à vida, à liberdade, à integridade física das pessoas, provocando indignação e repulsa social, somado ao fato de que tais defeitos constituem fortes atrativos jornalísticos. Assim sendo, conclui-se que a Polícia Militar precisa estar preparada não só a cumprir sua missão, mas aperfeiçoar-se como instituição a ponto de anteciparse ao reconhecimento das necessidades dos integrantes da sociedade no que diz respeito aos seus anseios quanto ao serviço policial militar, e procurar satisfazê-las de forma competente e integral. Este trabalho monográfico procurou demonstrar que as lideranças devem atrever-se ao inédito, aceitar novos desafios, revendo valores culturais, paradigmas, tudo em homenagem à excelência dos serviços policiais militares. Parece ter sido comprovado ao longo deste trabalho que a Gestão com foco nos processos tem possibilitado o alcance da excelência dos serviços a inúmeras organizações privadas que se embrenharam definitivamente em tais caminhos, o que é uma possibilidade viável às organizações públicas, sobretudo as militares. A hesitação é natural, é o medo do novo, mas experiências pioneiras de inúmeras organizações privadas (embora com estruturas grandiosas e semelhantes às das organizações militares) são preciosas, e nos dão um mínimo de segurança para que deslanchemos no empreendimento. O Estado Brasileiro reconheceu com o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade que a qualidade é o caminho de evolução e desenvolvimento, o Conclusão 153 mesmo acontecendo com o Estado de São Paulo com o Programa Permanente da Qualidade e Produtividade no Serviço Público. Mesmo por questão lógica, não poderia uma instituição estatal voltar-se contra a opção do Estado; entretanto, mais do que uma condição compulsória, é um caminho de acerto, conforme o testemunho vivo de uma nação – o Japão. A Gestão pela Qualidade Total e, como parte dela, a gestão com foco nos processos, têm por mérito não impingir mudanças estruturais na organização na qual ela se implanta. Trata-se de uma filosofia gerencial com metodologia própria, que se ocupa de não violentar a organização, buscando a satisfação de todos, tanto os seus integrantes, quanto os beneficiados pelos serviços por ela produzidos. Por fim, prevê-se que todos se sentirão um pouco responsáveis pelo sucesso que a Polícia Militar alcançará na pretensão de servir com excelência a população de São Paulo. A gestão das Subunidades Operacionais – Cias PM com foco nos processos, dentro do contexto de qualidade total, é um caminho de esperança de um futuro de realização e prosperidade na Organização Policial Militar. A gestão com foco nos processos cria procedimentos padronizados, afasta variáveis de personalismos, dá unidade à Organização, permite continuidade de gestão e coloca as lideranças mais próximas das atividades operacionais. O autor espera que o presente trabalho traga embasamentos úteis à evolução do modo de gerir uma Unidade básica de prestação de serviços de polícia ostensiva de segurança, qual seja, como já referenciamos, a Subunidade Operacional – Cia PM. REFERÊNCIAS ABELL, Derek F. Duplo planejamento. HSM Management. São Paulo, n.16, p.16, set./out. 1999. ADLER, Mortimer J. (ed). Social Science: Selections from Twentieth-Century Anthopology, History, and Sociology. Great Books of the Western World, vol. 58. Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1994. ALBRECHT, Karl. Revolução nos Serviços. São Paulo: Pioneira, 1992. ALDARVIS, Renato. Planejamento Estratégico na Polícia Militar – Adaptação da Matriz Swot para emprego na Corporação Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, 2004. ______. Viabilidade de Implantação da Gestão pela Qualidade Total na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Monografia (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, 1997. ALMEIDA, L. G. Gestão do processo e a gestão estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. Atribuições e Competências do Departamento Estadual de Trânsito. Disponível em: <http://www.detran.sp.gov.br/conheca/detran.asp>. Acesso em: 23 abr. 2007. BAYLEY, David H. Padrões de policiamento. São Paulo: Edusp, 2001. BECHARA, Fábio Ramazzini. Prisão cautelar. São Paulo: Malheiros, 2005. BELMIRO, T. R.; RECHE, J. R. F. O desafio de uma gestão por processos sob a ótica de uma telecom. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, p. 260-272, jul/ago/set. 2003. BERGAMINI C. W. Motivação. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1989. BERRY, L. L. Serviços de satisfação máxima: guia prático. Rio de Janeiro: Campus, 1996. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 2007. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/ const/>. Acesso em: 23 abr. 2007. ______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão. Manual do Programa de Qualidade no Serviço Público (PQSP). Orientações para implantação do Modelo de Excelência em Gestão Pública pela Qualidade. Brasília, 2001. 155 BRODEUR, Jean Paul. Como reconhecer um bom policiamento. São Paulo: Edusp, 2000. BROWN, S.L.; EISENHARDT, K.M. Product Development: Past Research, Present Findings, and Future Directions. Academy of Management Review, [S.I.], v. 20, n. 2, p. 344-378, 1995. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 6.ed. Belo Horizonte, MG: Fundação Christiano Otoni, Escola da Engenharia da UFMG, 1992. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas – o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. ______. Recursos humanos. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1994. CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão. Planejamento Estratégico. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2000. COSTA JR., Paulo José da. Parecer sobre nova redação do artigo 273 do Código Penal, dado pela Lei nº 9.677, de 02 jul. 1998. D.O.U. de 03. jul. 1998. Disponível em: <http://www.abipla.org.br/legisl/abiplpa1.htm>. Acesso em: 03 maio 2007. CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano: o talento, a inteligência, e o conhecimento como forças econômicas, seu impacto nas empresas e nas decisões de investimento. São Paulo: Atlas, 1994. CRUZ, Tadeu. Sistemas, Métodos & Processos: administrando organizações por meio de processos de negócios. São Paulo: Atlas, 2003. ______. Sistemas Métodos & Processos: Administrando Organizações por meio de Processos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. Definição de Insalubridade. Disponível em: <http://www.sebraesp.com.br/principal /melhorando%20seu%20neg%C3%B3cio/orienta%C3%A7%C3%B5es/recursos_hu manos/legislacao/o_que_insalubridade.aspx>. Acesso em: 03 maio 2007. DEMING, William Edwards. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques-Saraiva, 1990. DESSLER, Gary. Conquistando comprometimento: como construir e manter uma força de trabalho competitiva. São Paulo: Makron Books, 1997. DINIS COSTA, Tarcizio. Qual o futuro para a área de recursos humanos nas empresas? São Paulo: Makron Books, 2000. DRUCKER, Peter F. Admirável mundo do conhecimento. HSM management. São Paulo, ano 1, v. 1, p. 64-68, mar/abr. 1997. 156 DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas – Modelo, Processos, Tendências e Perspectivas. São Paulo: Atlas, 2002. EVANS, P. Government Action, Social Capital and Development: Reviewing the Evidence of Synergy. World Development, v. 24, n. 6, p. 119-1132, 1996. Evolução Histórica da Qualidade. Disponível em: <http://www.intranet.polmil.sp. gov.br/organizacao/unidades/6empm/home/default.asp?hit=evol>. Acesso em: 02 maio 2007. FEIGENBAUM, A V. Controle da qualidade total. São Paulo: Makron Books, 1994. Fatores higiênicos e motivadores segundo Herzberg. Disponível em: <http://www. eps.ufsc.br/disserta96/queiroz/cap2/capitulo2.htm>. Acesso em: 02 mar. 2007. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. FITZSIMMONS, James A.; FITZSIMMONS, Mona J. Administração de serviços – operações, estratégias e tecnologia de informação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000. FRANKL, Viktor Emil. Em busca de sentido: Um psicólogo no campo de concentração. 7 ed. São Leopoldo: Vozes, 1997. FROTA NETO, Antonio. Um estudo sobre motivação na teoria Organizações. Fortaleza: Edições Universidade Federal do Ceará, 1983. das GAIOTTO, Washington Luiz. Utilização da Gestão Contemporânea da Qualidade na Gestão de Pessoas no Batalhão de Polícia Militar. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, 2002. GARVIN, D.A. The processes of organization and management. Sloan Management Review, p. 33-50, 1998, Summer. GIANESI, Irineu G. N.; CORREA, Henrique Luiz. Administração estratégica de serviços: operações para a satisfação do cliente. São Paulo: Atlas, 1994. GONÇALVES, J. E. L. As empresas são grandes coleções de processos. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 6-19, jan/mar. 2000. ______. A necessidade de reinventar as empresas. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 6-17, abr/jun. 1998. ______. Processo, que processo? RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 4, p. 8-19, out/dez. 2000. GRAHAM, M.; LEBARON, M. The horizontal revolution. San Francisco: JosseyBass, 1994. 157 GRANOVETTER, M. Economic Action and Social Structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, 91 (3), p. 481-510, nov. 1985. GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços: a competição por serviços na hora da. verdade. Rio de Janeiro: Campus, 1995. GRÖNROOS, Christin et. al. The NetOffer model: a case example from the virtual marketspace. Management Decision, [S.I.], v. 38, n. 4, p. 243-252, 2000. HAMMER, M. Além da reengenharia: como as organizações orientadas para processo estão mudando nosso trabalho e nossas vidas. Tradução Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campos, 1997. HERNADEZ, J. M. C.; CALDAS. M. P. Resistência à mudança: uma revisão crítica. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 31-45, abr/jun. 2001. ISHIKAWA, Kaoru. Controle de Qualidade Total: à moda japonesa. Tradução Iliana Torres. Rio de Janeiro: Campos,1997. JESUS, Damásio E. de. Possuir arma de fogo em casa, sem registro, configura crime? Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2589>. Acesso em: 03 maio 2007. JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto: os novos passos para o planejamento da qualidade em produtos e serviços. Tradução Nivaldo Montingelli Jr. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1997. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de serviços. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. LAUGENI, Fernando Piero; MARTINS, Petronio Garcia. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. LAURINDO, Fernando José Barbin; ROTONDARO, Roberto Gilioli. Gestão Integrada de Processos e da Tecnologia da Informação. São Paulo: Atlas, 2006. LEAVITT, Harold P. Managerial Psychology. Chicago: University of Chicago Press, 1964. LEITÃO, Dorodame Moura. Administração Estratégica: abordagem conceitual e atitudinal. 2. ed. Rio de Janeiro: SENAI/DN, Petrobrás, 1996. LOVELOCK, Christopher; WRIGHT, Lauren. Serviços: Marketing e Gestão. São Paulo: Saraiva, 2001. MANGANELLI, R. L.; KLEIN, M. M. Manual de reengenharia: um guia passo a passo para a transformação da sua empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1995. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo: Futura, 2000. 158 MASLOW, Abraham H. Maslow no gerenciamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000. ______. Motivation and personality. New York:: Harper and Row, 1970. McGREGOR, Douglas. The human side of enterprise. NY: McGraw-Hill, 1960. MIRSHAWKA, Victor. Entrosando-se com a qualidade. São Paulo: Nobel,1988. MOLLER, Claus. O lado humano da qualidade. 3 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. ______. O Lado Humano da Qualidade. 8 ed. São Paulo: Pioneira, 1993. NETO, Miguel Libório Cavalcanti. Desenvolvimento do policiamento comunitário no Estado de São Paulo – análises e perspectivas para o futuro. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, 1998. NORTH, D. Institutions, institutional change and economic performance. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. OLIVEIRA, Cezar Augusto. A contribuição dos fatores motivacionais para a qualidade. Dissertação de Mestrado, PPGEP/UFSC. Florianópolis, 2002. Origens da instituição policial brasileira. Disponível em: <http://www.ssp.sp. gov.br/institucional/default.aspx?texto=1>. Acesso em: 20 abr. 2007. OSTROFF, F.; SMITH, D. The horizontal organization. The McKinsey Quarterly, [S.I.], n. 1, 1992. OUCHI, W. G. Teoria Z: como as empresas podem enfrentar o desafio japonês. 10. ed. São Paulo: Nobel, 1986. Paralelo entre as necessidades humanas e da organização. Disponível em: <http://www.indg.com.br/info/artigos/artigos.asp?id=16>. Acesso em: 02 mar. 2007. POLANYI, K. The Great Transformation: the political and economic origins of our time. New York: Farrar & Rinebart, 1944. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Curso de Contemporânea pela Qualidade. São Paulo: 6ª EMPM. 1998. Apostila. Gestão ______. DIRETRIZ Nº PM3-005/02/05. Disciplina a implantação do Programa de Policiamento com Motocicletas no Estado de São Paulo, 25 out. 2005. ______. DIRETRIZ Nº PM3-007/02/05. Disciplina o Programa de Força Tática (F T) nas OPM Territoriais, 07 nov. 2005. ______. DIRETRIZ Nº PM3-008/02/06. Estabelece normas para o Sistema Operacional de Policiamento PM (NORSOP), 01 ago. 2006. 159 ______. DIRETRIZ Nº PM3-011/02/05. Disciplina o Programa de Radiopatrulha no Estado de São Paulo, voltado para o planejamento e execução do policiamento ostensivo motorizado nos subsetores e atendimento das chamadas ao telefone 190, 07 nov. 2005. ______. DIRETRIZ Nº PM3-012/02/05. Disciplina o Programa de Policiamento Integrado, 07 nov. 2005. ______. DIRETRIZ Nº PM3-014/02/05. Disciplina o Programa de Policiamento Escolar nas OPM Territoriais, 07 nov. 2005. ______. DIRETRIZ Nº PM3-015/02/05. Disciplina o Programa de Policiamento Comunitário nas OPM Territoriais, 07 nov. 2005. ______. DIRETRIZ Nº PM6-001/30/03. Estabelece normas para o funcionamento do Sistema de Supervisão e Padronização Operacional nos serviços policiaismilitares (SISUPA), 17 dez. 2003. ______. DIRETRIZ Nº PM6-001/30/04. Estabelece os critérios de excelência para a avaliação e certificação da gestão das Organizações Policiais Militares (OPM) no nível de comando igual ou superior a BPM ou equivalente, operacionais ou administrativas, 01 mar. 2004. ______. DIRETRIZ Nº PM6-001/96.Estabelece normas gerais para implantação do Programa de Qualidade Total na PMESP, 24 jan. 1996. ______. Diretrizes Organizacionais da Polícia Militar. Disponível em: <http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/6empm/home/default.asp ?hit=mis>. Acesso em: 22 fev. 2007. ______. Instrução Policial Militar nº 28 – I-28PM. Estabelece instruções para a distribuição e o completamento do efetivo policial-militar territorial, 07 abr. 2003. ______. Plano Estratégico de Comando, Biênio 2005-2006. Disponível em: <http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/6empm/home/planest.as p>. Acesso em 02 maio 2007. ______. Portaria do Cmt G nº PM3-008/01/03. Estabelece Matrizes Organizacionais e Distribuição das Organizações Policiais-Militares no Território, 05 jan. 2004. PORTER, Michael. A hora da estratégia. Revista HSM management. São Paulo, ano 1, n. 5, p. 6-10, nov/dez. 1997. Pressupostos das teorias X e Y de McGregor. Disponível em: <http://www .eps.ufsc.br/disserta96/queiroz/cap2/capitulo2.htm>. Acesso em: 02 mar. 2007. PROBST, Gilbert; RAUB, Steffen; ROMHARDT, Kai. Gestão do Conhecimento: os elementos construtivos do sucesso. Porto Alegre: Bookman, 2002. p. 286. 160 PUTNAM, R. Making Democracy Work. Princeton: Princeton University Press, 1993. Rio de Janeiro: FGV (trad.), 2000. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. Tradução Reynaldo Cavalheiro Marcondes. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SANTOS, Fernando C. A. Estratégia de recursos humanos: dimensões competitivas: São Paulo: Atlas, 1999. SÃO PAULO (Estado). Constituição do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/StaticFile/documentacao/cesp_completa.asp>. Acesso em: 02 maio 2007. ______. Decreto nº 40.536. Institui o Programa Permanente de Qualidade e Produtividade no Serviço Público, 12 dez. 1995. ______. Lei 616/74. Dispõe sobre a organização básica da PMESP, 17 dez. 1974. SCHEIN, Edgar. Organizational Culture and Leadership. San Francisco: JosseyBass,1992. SCOLA, Lourdes S. Por que trabalhar os valores. Matéria Científica – Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo. Disponível em: <http://www.sbdg.org.br>. Acesso em: 08 maio 2007. SIMÕES, Maria. O momento é de redefinição estratégica. Revista T&D. São Paulo, Edição 86, fev. 2000. SORDI, José Osvaldo de. Gestão por Processos uma Abordagem da Moderna Administração. São Paulo: Saraiva, 2005. SOUTO, Antônio Carlos O.; SERAPIÃO, Roberto de S. Gestão orientada à excelência. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. SOUZA, Sílvio José de. Gestão de Processos Operacionais: O Papel Padronização e da Supervisão na Diminuição dos Erros Profissionais Atividade Operacional Policial-Militar. Monografia (Curso de Aperfeiçoamento Oficiais) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar Estado de São Paulo. São Paulo, 2001. da da de do TACHIZAWA, Takeshy; FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; FORTUNA, Antônio Alfredo Mello. Gestão com Pessoas. Uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2001. TAMAYO, Alvaro; GONDIM, Maria das Graças C. Escala de Valores Organizacionais. Revista de Administração. São Paulo, v. 31, n. 2, p. 62-72, abr./jun. 1996. VERGARA, Sylvia Constant; BRANCO Paulo Durval. Empresa Humanizada: a organização necessária e possível. RAE – Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 41, n. 2, p. 20-30, abr/jun. 2001. 161 VROOM, Victor H. Gestão de pessoas, não de pessoal: os melhores métodos de motivação e avaliação de desempenho. Rio de Janeiro: Campus, 1997. WOOD JUNIOR, T. Mudança organizacional: aprofundando temas atuais em administração de empresas. São Paulo: Atlas, 1995. ZEITHAML, Valarie A.; BITNER, M. J. Service Marketing. New York: McGraw-Hill, 1996.