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Revista n° 26 JUN / JUL / AGO Tecnologia Social Social Tecnology Turbinas hidrocinéticas gerando energia em comunidades isoladas e mais and more Energy Summit em sua 6º Edição 6 Edition of the Ennergy Summit 6º Encontro de Negócios de Energia - SP 6th Business Meeting on Energy ACF Maria Carneiro Artigos Técnicos Tecnical Articles Agenda de eventos Events Schedulle Comitê Diretor do CERPCH Director Committee Ivonice Aires Campos Presidente [email protected] Geraldo Lúcio Tiago Filho [email protected] Secretário Executivo Editorial Gilberto Moura Valle Filho [email protected] Patrícia Cristina P. Silva Fapepe [email protected] Célio Bermann Editorial CEMIG 03 do Leitor 04CartaReader Letter IEE/USP [email protected] Hélio Goulart Júnior FURNAS [email protected] José Carlos César Amorim [email protected] Antonio Marcos R. Azevedo [email protected] Aymoré de Castro Alvim Filho [email protected] 05 Eventos Events IME 6º encontro de Negócios de Energia Eletrobrás 6th Business Meeting on Energy ANEEL Setor Elétrico em Debate Electric sector in debate Editorial Editorial Editor Jornalista Resp. Redação Projeto Gráfico Diagramação e Arte Tradução Equipe Técnica Pesquisa Geraldo Lúcio Tiago Filho Fabiana Gama Viana Camila Rocha Galhardo e Fabiana Gama Viana Orange Publicidade & Design Adriano Silva Bastos Adriana Candal Cidy Sampaio da Silva e Paulo Roberto Campos José Henrique Gabetta Jason Tibiriçá Ferrari PCH Notícias & SPH News é uma publicação trimestral do CERPCH 08 Artigos Técnicos Tecnical Articles The State of Art of Free-flow Hydro Turbines in Brazil Micro-Geração de Eletricidade em Pequenas Comunidades Isoladas da Amazônia com Grupos-Geradores Hidrocinéticos e Grupo Dieselétrico The PCH Notícias & SPH News is a three-month period publication made by CERPCH Tiragem/Edition: 4.500 exemplares/issues Avanços Sociais Social Advanced Av. BPS, 1303 - Bairro Pinheirinho, Itajubá - MG - Brasil cep: 37500-903 Tel: (+55 35) 3629 1278 Fax: (+55 35) 3629 1265 ISSN 1676-0220 02 14 Tecnologia Social Social Technology Agenda Schedulle 19 O Brasil tem o privilégio de ter suas bases energéticas na energia hidráulica, nossa matriz energética conta com 79% do total da energia elétrica produzida proveniente das hidrelétricas. Além de possuir um potencial remanesceste hidrelétrico, significante, o que coloca nosso país numa posição de destaque quanto à reserva de energia “limpa” no panorama mundial. As Usinas Hidrelétricas já implantadas são as de maiores quedas e situadas mais próximas dos centros de consumo, sendo certo, portanto, que no Brasil o custo da energia gerada aumentará para que se viabilizem os futuros aproveitamentos. Na 26ª edição da PCH Notícias & SHP News trazemos as turbinas hidrocinéticas como destaques. Estes equipamentos são capazes de gerar energia elétrica através da correnteza dos rios sem a necessidade da construção de barragens e formação de lagos. Em vista disso, estes empreendimentos representam excelente alternativa na geração de energia elétrica em comunidades ribeirinhas, principalmente aquelas isoladas da Região Amazônica. Vale destacar também que esta edição da PCH Notícias & SHP News inaugura novo layout e visual com diagramação moderna e limpa. Boa leitura a todos! Geraldo Lúcio Tiago Filho Brazil has the privilege of having its power based on water energy. Our energy matrix relies on 79% of the total produced power coming from hydroelectric plants. In addition, the country has a significant potential that has not been explored yet, which places the country on an outstanding position regarding to the reserves of 'clean' energy within the world scenario. The already implemented hydroelectric plants are those that have the highest head and are located near the consuming centers. Thus, undoubtedly, the cost of the generated power in Brazil will rise, so that the future energy potential can become feasible. In the 26th issue of PCH Notícias & SHP News we will deal mainly with hydrokinetic turbines. This equipment can generate electric power by using the flowing water of the rivers, without the need to build dams or set up reservoirs. This way, these enterprises represent an excellent alternative for the generation of electric power in riverside communities, mainly those isolated ones in the Amazon Region. Is also important to highlight that this issue will also start a new a new look, with a modern and clean layout. Enjoy your reading! Geraldo Lúcio Tiago Filho CARTA do leitor Sumaré, 20 de junho de 2005 Caro diretor da publicação PCH noticias, Por ocasião do evento Agrener 2005 tive a oportunidade de conhecer esta publicação e também um folder da PCH Luiz dias fiquei maravilhado com as informações contidas nas publicações, eu trabalhei por 24 anos como operador de subestação da Cesp e sempre tive uma curiosidade pelas PCHs. Como sempre trabalhei em subestação, não fiz nenhum curso sobre usinas, como é sabido também a Cesp tinha um patrimônio imenso tanto em termos de usinas hidrelétricas, como em termos de literatura, porém nós simples subalternos não temos oportunidade de participar de seminários ou congressos, nem temos contato com publicações, estando restrito aos cargos de chefia e a técnicos de nível superior, há também a cultura militar na empresa, onde não havia democracia na divulgação das atividades da empresa, afinal o que um peão, um mero operador precisa saber além de suas atividades diárias? Ficamos todos no prejuízo, pois se todos os “cespeanos” tivessem uma noção do poder, dimensão e importância da Cesp, isto poderia motivar a uma mobilização e quem sabe o processo de privatização teria sido diferente do que foi. Bem vamos deixar de filosofia e lamentação, e vamos correr atrás do prejuízo. Como deve ser do conhecimento da sua equipe a Cesp antes da privatização tinha no seu patrimônio cerca de 20 PCHs, sei disso movido pela curiosidade pessoal, onde estive em algumas unidades por conta própria e ficando ao ver um patrimônio imobilizado se deteriorando por mais de 15 a 20 anos. A única explicação é no meu entender o interesse de grandes corporações, grandes empreiteiras e interesses políticos. Sei que Itajubá é um celeiro no conhecimento e desenvolvimento dos estudos sobre eletricidade, haja visto o grande numero de engenheiros e técnicos oriundos das escolas e faculdades de Itajubá. Na Cesp, porém não tive conhecimento das publicações e de toda essa estrutura em termos de PCH, por este motivo gostaria se possível receber a publicação PCH Notícias, quero inclusive futuramente conhecer as instalações da Unifei voltadas ás PCHs. È muito importante este trabalho desenvolvido por todos, é trabalho de cunho social, democratizando o conhecimento e os benefícios que traz a energia às pequenas comunidades, nos rincões do Brasil. Sumaré, July 20th, 2005. Dear Editor, During Agrener 2005, I ran across this publication and a folder showing Luiz Dias SHP. I was amazed at the information both publications contained. I worked for Cesp (Electricity Company of the State of São Paulo) as a substation operator for 24 years, and I have always been curious about SHPs. As I always worked in substations, I never attended any courses on power plants. It is widely known that Cesp had a huge heritage regarding both hydropower plants and literature. However, we, low-level workers, have never had the opportunity to attend seminars or meetings, nor have we had contact with any sort of publication, which was restricted to higher-rank positions or superior level technicians. Also, a military culture was also present in the company, where the company's activities were not democratically disseminated. After all, what do simple workmen need to know besides their daily activities? We all lost, for if all the cespeanos had had a small notion of the Cesp's power, dimension and importance, this could have encouraged a movement and perhaps the privatization process might have been different. Well, let's stop whining and try to catch up! As you and your team may know, Cesp, before its privatization, had about 20 SHPs. I got this information moved by my own personal curiosity and, because of that I visited some of the plants by using my own means. I could then see some of these plants, which were decommissioned, deteriorating over 15 to 20 years. It is my understanding that the only explanation for that lies on the interest of large corporation and construction companies as well as on political interests. I know that Itajubá is a nest where knowledge and development regarding studies on electricity are fostered; there is a large number of engineers and technicians that come from school and colleges of the city. However, at Cesp, I didn't have the chance to know the both the publications and the structure regarding SHPs. That is the reason why I would like to receive this publication, PCH Notícias & SPH News. If it is possible, I would also like to visit UNIFEI's SPH facilities. The work that all of you have been developing is considerably important, for it has a social trait, disseminating knowledge and the benefits that the energy brings to small communities in Brazil's most isolated areas. Your faithfully, Noel Pires do Nascimento Antecipadamente agradeço a atenção. Noel Pires do Nascimento 04 1 Note: cespianos: people that work for Cesp. 6º Encontro de Negócios de Energia EVENTS Um dos maiores encontros de negócios do setor é realizado em São Paulo Por Camila Rocha Galhardo Em sua sexta edição, o Encontro de Negócios foi realizado pela CIESP de 9 a 11 de agosto de 2005 no Centro de Convenções Novotel em São Paulo (SP), reunindo profissionais do mercado de energia e clientes industriais. O evento foi palco de importantes discussões e contou com a participação do presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Antonio Neiva, do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Vieira Ferreira Levy, do presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Luiz Fernando Vianna, do secretário de planejamento do Ministério de Minas e Energia, Marcio Pereira Zimmermann, do diretor geral do Operador Nacional Sistema Elétrico (ONS), Mario Fernando de Melo Santos, do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, e do chefe do Departamento de Energia Elétrica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Nelson Siffert. Suprimento de Energia Um assunto que mereceu destaque durante o debate Translation: Adriana Candal foi a questão do suprimento de energia. Na visão do governo, o risco de um novo apagão é inexpressivo. 6th Business Durante sua apresentação, o presidente da EPE, Mauricio Meeting on Energy Tolmasquim, descartou a possibilidade de falta de energia e Combateu as criticas ao leilão de energia nova, dizendo que existe um cronograma que One of the largest business meetings was held in São Paulo está sendo cumprido. The 6th Business Meeting on Energy was held until 2009, except for the Northeast and North Segundo o ONS, até 2009 o sistema está asby CIESP at Novotel Convention Center in the systems where the simulations showed a risk segurado, com exceção do sistema Nordeste e city of São Paulo (SP), between August 9-11, higher than 5%. The ONS's Director gave a Norte, onde as simulações geraram o risco 2005, gathering professionals of the energy passionate speech on the calculation maior que 5 %. O diretor do Operador Naciomarket and industrial clients. The event was methodologies for the assessment of the nal Sistema Elétrico fez uma palestra inflamathe stage of important debates and relied on rationing plan. Mr. Santos stated that the da sobre as metodologias de cálculo para the participation of the President of ABRAGE calculations cannot use statistical data as avaliação do racionamento. Mario Santos afir(Brazilian Association of Electric Power Gene- premises, for the electric sector works with mou que os cálculos não podem tomar como rating Companies), Mr. Flávio Antonio Neiva, probabilities. premissas dados estáticos, pois o setor elétrithe Secretary of National Treasure , Mr. Renewable Space co trabalha com probabilidades. Joaquim Vieira Ferreira Levy, the President of During the event, a session to talk about the Espaço Renovável exporting potential of renewable sources of Durante o evento, foi realizada em paralelo APINE (Brazilian Association of Electric Power energy was also carried out. Equipment Independent Producers), Mr. Luiz Fernando uma sessão para discutir o potencial expormanufacturing companies, associations and Vianna, the Secretary of Planning of the MME tador das fontes renováveis de energia. reference centers took part in the workshop. (Ministry of Mines and Energy), Mr. Marcio Estiveram presentes no workshop empresas It was possible to observe, throughout this Pereira Zimmermann, the General Director of produtoras de equipamentos, associações e the ONS (Brazilian Independent System Ope- session, the need for the agents to mobilize centros de referência. themselves in order to make use of this Nesta sessão, constatou-se a necessidade dos rator), Mr. Mario Fernando de Melo Santos, the moment the country has been living in terms President of the EPE (Energy Research agentes se mobilizarem, aproveitando o bom of exportations. Another important aspect momento que o país enfrenta nas exporta- Company), Mr. Mauricio Tolmasquim, and the that was discussed was the creation of a ções. Outro aspecto importante discutido foi a Head of the Electric Power Department of tagging program that will guarantee the BNDES (National Bank for Economic and criação do programa de etiquetagem que quality stamp of the national products. garantirá o selo de qualidade dos produtos Social Development), Mr. Nelson Siffert. Supported by Método Eventos, the initiative Energy Supply nacionais. A iniciativa para a realização desta for this session to be carried out came from A topic that deserved special attention during sessão foi do Centro das Indústrias do Estado CIESP (Industry Association of the State of the debate was the issue regarding energy de São Paulo CIESP e do Centro Nacional de São Paulo) and CERPCH (National Center of supply. According to the government's point of Referência em Pequenas Centrais HidreléReference for Small Hydropower Plants). view the risk of a new blackout is practically tricas, com apoio da Método Eventos. Through the presentations and discussions, a Através das apresentações e discussões foi insignificant. During his presentation, EPE's working team and a document that will guide President, Mr. Tolmasquim, discarded the poscriado um grupo de trabalho e também um future activities were created. The main goal sibility of a power shortage and contested the documento que guiará suas atividades futuof the team will be the creation of the basis for criticism regarding the new energy auction, ras. O objetivo principal do grupo será a a program aiming at the exportation of saying that there was a schedule and it was criação das bases para um programa de products and services regarding renewable being followed. exportação de produtos e serviços de energia energy. According to ONS, the system is guaranteed renovável. O encontro de negócios se dividiu em dois ambientes: Seminários e Workshops: onde foram debatidos os cenários do mercado de energia e propostas para seu desenvolvimento, fornecendo, assim, informações relevantes para o planejamento estratégico das empresas, bem como informações sobre oportunidades de negócios; Encontro de Negócios: ambiente em forma de feira, onde os consumidores industriais tiveram acesso a algumas dezenas de expositores, entre geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia, distribuidoras de gás natural e GLP, fabricantes de equipamentos para geração e co-geração de energia, consultoras, órgãos governamentais, dentre outros. The business meeting was divided into two environments: Seminars and Workshops where the energy market scenarios and proposals to improve them were debated. So relevant information, as well as information on business opportunities, was provided, so that the companies can develop a good strategic planning; Business Meeting was a fair where the industrial consumers had access to some dozen stands set up by power generating, transmitting and distributing companies, natural gas and PLG distributors, manufacturers of equipment for power generation and cogeneration, consulting firms, governmental organs and so etc.. 05 Setor elétrico em debate Por Camila Rocha Galhardo Colaboração: Jason Tibiriçá Ferrari - CERPCH Evento discute principais aspectos do setor A Cidade do Rio de Janeiro foi sede no mês de agosto da sexta edição do Energy Summit, onde foram debatidas as alternativas de financiamento e outros aspectos estruturais da expansão do setor elétrico. Durante três dias, agentes do setor se reuniram para discutir diretrizes estratégicas para o mercado e compartilhar experiências de países vizinhos. Cenários de Suprimento de Energia no Brasil No primeiro dia, o principal tema de discussão foi a análise sobre os possíveis cenários de suprimento de energia no Brasil. Sob o comando do jornalista Sidney Resende, o debate foi bastante intenso e contou com a participação do Secretário de Energia do Rio de Janeiro, Wagner Victer, do Secretário do Ministério de Minas e Energia, Nelson Hubner, do presidente da CHESF, Dilton da Conti, e do presidente da CBIEE, Cláudio Sales, além dos Presidentes da Eletrobrás e da Empresa de Pesquisa Energética(EPE),Aloísio Vasconcelos e Mauricio Tolmasquim, respectivamente. Durante a sessão, a platéia ficou dividida com os pontos de vista do Governo e dos agentes do setor privado. Segundo o presidente da Tractebel, Maurício Bähr, "quem participar do leilão vai vender energia de uma usina que ainda não construiu. E podem surgir problemas até lá, tanto na área ambiental e judicial, como mudanças na alíquota dos impostos". Por outro lado, o governo mostrou otimismo ao discutir a licença prévia para 2.500MW provenientes de 17 usinas que podem ser leiloadas em dezembro. O secretário executivo do MME, Nelson Hubner, que representou o ministro Silas Rondeau na abertura do evento, afirmou que os cronogramas estão sendo cumpridos, e o licenciamento deve sair a tempo do leilão, que poderá ofertar o total 2.500 MW. Hubner ainda ponderou "Nem sei se precisaremos de tudo isso". Gás Natural Diante de um cenário de lentidão dos licenciamentos e da possível falta de energia em 2009 considerada mais provável para a Região Nordeste, alguns especialistas apontaram o gás natural como uma provável solução. Em sua apresentação no evento, o Presidente da EPE 06 Maurício Tolmasquim, anunciou que o governo vai liberar a participação de usinas térmicas na licitação, voltada para contratos de fornecimento a partir de 2008. Contudo, estudos em curso no MME indicam que a disponibilidade de gás para as termelétricas é bem inferior ao projetado. No Nordeste, a disponibilidade não permite mais de 40% da carga pelas usinas. As discussões sobre o gás se estenderam ao segundo dia do evento, quando outros aspectos foram colocados em discussão, como a relativa dependência brasileira do gás boliviano que, por questões políticas, tem se comprovado instável; além da descoberta da bacia de Santos que poderá ser explorada comercialmente em meados de 2009, com possível redução deste prazo em um ano, segundo o MME. Eletrobrás No final do segundo dia do Energy Summit, o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos, confirmou que, em janeiro 2006, acontecerá o lançamento das ações da estatal na Bolsa de Valores de Nova York. A operação ocorrerá no momento em que o grupo se prepara para lançar a sua nova subsidiária internacional, batizada de Eletrobrás Internacional. A empresa, segundo Vasconcelos, deverá concorrer com a francesa EDF e com a canadense Hydro Quebec na prestação de serviços de geração de energia. "A massa de conhecimento que a Eletrobrás tem acumulada nas áreas de construção, geração, transmissão e montagem está sendo continuamente consultada na África e na América Central e em países como China e Coréia do Sul. Por isso, tem um conhecimento extraordinário para vender junto com a engenharia brasileira, com o gerador brasileiro, com a turbina brasileira, com o desenho e a montagem brasileira", afirmou o presidente da estatal. Apesar de olhar com interesse para o exterior, Vasconcelos confirmou a participação das Empresas do Sistema Eletrobrás no leilão de novas usinas, previsto para dezembro. A participação será minoritária - limitada a 49% - em Sociedades de Propósito Específico, com mais de uma empresa do grupo ou com apenas sócios privados. Vasconcelos também destacou o papel da Eletrobrás no setor social e acadêmico, destacando o projeto realizado em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) que busca soluções para eficiência energética no âmbito do programa Procel. O projeto receberá um aporte de três milhões de reais para o centro de eficiência energética, localizado na UNIFEI. PCHs Viáveis no cenário atual do setor elétrico nacional Uma alternativa que tem comprovado sua viabilidade, no cenário atual do setor elétrico, são as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Elas representam 34% do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa) do Governo Federal e são alvo de programas regionais como o Minas PCH, desenvolvido pelo governo do Estado de Minas Gerais em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). Este trará um incremento de 400MW à matriz energética do Estado. Já no mercado livre de energia, a participação das PCHs se dá através da repotencia-lização de antigas centrais desativadas e da entrada em operação de novas usinas. O potencial de crescimento é significativo, segundo pesquisa realizada pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH). Neste estudo, foi detectado um potencial para exploração de 26GW e para repotencialização um potencial de 200MW e 1.033 centrais, cujo potencial é da ordem de 320MW. As PCHs são centrais de baixo impacto ambiental, com pequenos lagos e apresentam prazo para entrada em operação menor se comparadas às grandes centrais, além da geração de empregos, melhoria na qualidade de vida, com destaque para as cadeias produtivas locais. EVENTS Electric sector in debate T Meeting discusses principal aspects of the sector he city of Rio de Janeiro held the 6th Energy Summit, where funding alternatives and other structural aspects regarding the expansion of the electric sector were debated. Over three days, agents of the sector got together to talk about strategic guidelines for the market and share their experiences with their neighboring countries. Brazilian Power Supply Scenario On the first day, the main theme opened for discussion was an analysis about the possible power supply scenarios in Brazil. Conducted by journalist Sidney Resende, the debate was quite intense and relied on the participation of the Secretary of Energy of the city of Rio de Janeiro, Mr. Wagner Victer, the Secretary of MME (Ministry of Mines and Energy), Mr. Nelson Hubner, the president of CHESF, Mr. Dilton da Conti, and the president of CBIEE,Mr. Cláudio Sales. The presidents of Eletrobrás SHPs Feasible in today's national electric sector scenario An alternative that has proved its feasibility within today's electric sector scenario is the use of Small Hydropower Plants (SHPs). They represent 34% of PROINFA (a federal program that encourages power production out of alternative sources of energy) and they also are the target of regional programs such as Minas-PCH, which is a program developed by the state of Minas Gerais in a partnership with CEMIG (Energy Company of the State of Minas Gerais). This program will bring about 400MW the state energy matrix. As far as the energy free market is concerned, the participation of SHPs takes place by means of the refurbishment and repowering of old decommissioned plants and also by means of new plants that are being built. The potential growth is significant, according to a research carried out by CERPCH (National Center of Reference for Small Hydropower Plants). This study found out a potential of 26GW that can be explored and 200MW that can be repowered. 1,033 plants were also discovered and their potential ranges about 320MW. The SHPs are plants that cause low environmental impacts. They have small reservoirs and the deadline for their operation to start is shorter when compared to large plants. In addition, they generate jobs and improve life quality, mainly regarding the local production chains. and EPE (Energy Research Company), Mr. Aloísio Vasconcelos and Mr. Mauricio Tolmasquim respectively, were also present. During the session, the audience was divided between the government's and the private sector agents' points of view. According to the president of Tractebel, Mr. Maurício Bähr, "those who will participate in the auction will sell power from a plant that hasn't been built yet. Besides problems regarding either the environmental area or the legal area might arise as well as changes in the tax rates.” On the other hand, the government showed optimism while discussing the previous license for 2,500 MW coming from 17 plants that may be auctioned in December. MME's executive secretary, Mr. Hubner, who represented Minister Silas Rondeau in the opening ceremony, said that the schedules are being followed and the licenses must be granted in time for the auctions, which will offer 2,500 MW altogether. Mr. Hubner still said, I don't even know if we need all that power". Natural Gas Facing a scenario where the licensing process is slow and where there is a possibility of energy shortage in 2009 that is likely to affect the Northeast region, some experts consider the natural gas to be a probable solution. During his presentation, Mr. Tolmasquim, announced that the government will allow the participation of thermal power plants in the tender for contracts of power supply from 2008 on. However, studies that are being carried out by the MME indicate that the availability of natural gas for the thermal power plants will be considerably lower than it was first thought. In the Northeast, the availability does not allow more than 40% of The debates regarding natural gas continued the load in thermal plants.over the second day of the event, when other aspects were brought up, as for example the Brazilian depen- Translation: Adriana Candal dence on the Bolivian gas that, Because of political issues, has become unstable; the discovery of Santos Basin, which may start being commercially explored in the mid 2009 or possibly one year before that according to MME. Eletrobrás At the end of the second day, the president of Eletrobrás (a federally owned company), Mr. Vasconcelos, confirmed that the company will release part of its shares in the New York Stock Exchange in January. The operation will take place at the same time as the group is preparing itself to launch is new international branch called Eletrobrás Internacional. The company, according to Mr. Vasconcelos, may compete with the French company EDF and the Canadian one Hydro Quebec when it comes to services regarding power generation. “The amount of knowledge Eletrobrás has accumulated in the areas of construction, generation, transmission, and assemblage is being continuously used as reference by several countries in Africa and South America, as well as China and South Korea. That is the reason why Eletrobrás has an extraordinary knowledge to be sold together with the Brazilian engineering, a Brazilian generator, a Brazilian turbine, with Brazilian design and assemblage”, said the President of the company. In spite of looking abroad with a certain degree of interest, Mr. Vasconcelos confirmed the participation of the companies that are part of Eletrobrás System in the auction of the new plants that is forecast to take place in December. Their participation is limited to 49% in Specific Purpose Societies with either more than one company of the group or only private partners. Mr. Vasconcelos also highlighted Eletrobrás's role within the social and academic sectors, giving special attention to the project that is being carried out in a partnership with the Federal University of Itajubá (UNIFEI) that looks for solutions aiming at energy efficiency, which is part of the Procel program. The project will receive R$ 3 million of financial support, which will be allocated to the energy efficiency center, located at UNIFEI. 07 Comitê Editorial - editorial commite Presidente - President Geraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH UNIFEI Editores Associados - associated publishers Ângelo Rezek - IEE UNIFEI Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN UNIFEI Célio Bermann - IEE USP José Carlos César Amorim - IME Marcos Aurélio V. De Freitas - COPPE UFRJ Zulcy de Souza LHPCH UNIFEI Apresentação de Artigos Os interessados em enviar artigos a serem publicados nesta revista devem encaminhálos através do e-mail: [email protected] O material deverá ser aprovado pelo Comitê Editorial e estar dentro das seguintes normas de publicação: »os artigos deverão possuir no máximo seis páginas (incluindo tabelas e figuras) em Word; em letra Times New Roman; corpo 11; espaçamento simples; margens inferior 2,5 cm, superior 2,5 cm, esquerda 3 cm e direita 3 cm e tamanho do papel A4 (210X297 mm). »A presença de figuras e tabelas. No entanto, é indispensável que o artigo contenha as referências bibliográficas. O material deve ser enviado na língua original. If you are interested in having your article published by this magazine, you must sent it to [email protected]. The article must be approved by the editorial committee and must fulfill the norms of the magazine: the article must not surpass six pages; front: times new roman 12; margin inferior 2,5 cm, superior 2,5 cm, left 3 cm and right 3 cm; paper size A4 (210X297 cm) and simple space. Tables and figures are optional. The article must have bibliography and must be sent in the author's native language. 08 The of free-flow hydro turbines in Brazil Geraldo Lúcio Tiago Filho, PhD. Abstract This paper presents the state of the art of freeflow hydropower turbine, also known as a hydrokinetic turbine in Brazil. This kind of turbine is designed to generate electricity using only the kinetic energy of water flow in rivers and is used to generate electricity in isolated communities in the inland of Brazil. Moreover it is relevant to say that the developed technology has proved is necessary to be robust and suitable for the extremely severe conditions of the remote and isolated villages, since it is has been functioning uninterruptedly from several years with a minimum maintenance. This type of small hydrokinetic turbine typically can provide up to 2 kW of electric power, being a reliable alternative for the electrification of remote and isolated households, communities or social end-users. 1.Introduction Brazil, due to its huge watersheds network, presents a great hydropower potential evaluated in 260 GW. From this situation only 66 GW, 77 % of the Brazilian electric matrix is designated to electric energy generation. The major part of this potential is located the Amazon Region. Which rivers are torrential, run in plains what complicates its use for generation purposes. For the reason that there are vast distances between the communities, and due to the fact that the region is inhospitable and the communities are located in the margin of the rivers.. It is relevant to highlight the importance of equipment development adequate to very low head and the use of hydrokinetic turbines. The use of hydro kinetic energy The use of kinetic energy on the rivers can be considered one of the first forms that men invented to transform natural energy, not only in navigation but also in the activation of water rod. Nowadays it is still common to find water pumps driven with the use of water rods located on the rivers. UNIFEI / CERPCH The use of kinetic energy is considered to be an alternative or non-conventional form to generate electricity and has at its source a renewable energy supply. This technology is an advance in relation to environmental impacts, for it is not necessary to store potential energy in artificial lakes with the use of water dam, and so it consequently doesn't need to interfere with the natural course of rivers. Even though it is recognized the importance of this kind of hydro power utilization were usually this kind of turbine are derived from wind turbines, even if its operation is similar. 2.The Brazilian experience on kinetic turbine There are few references in Brazilian literature about the use of kinetic turbine to generate electricity and the knowledge in this field of application is equally poor. One of the first papers is a report of a prototype of a horizontal axis type turbine developed by Harwood- (1985) of the National Institute of Amazon Research (INPA). He utilized 4-meter diameter multi blade propeller wind of the type mills, which is anchored into the river to generate electricity. This equipment was experimented in rivers in the Amazon region with water velocities of 0,7 up robust enough to support an intense working regime and it did not have any protection against fluctuating debris and the mechanical transmission devices used in this system was made with chains and introduced significant losses and other operating problems. In 1999 the Hydro-mechanic Laboratory of Federal University of Itajubá, LHPCH, makes a reference to a low head hydraulic central with a hydrokinetic turbine. In this paper Zulcy (1999) analyses the characteristics of vertical axis and axial turbines, of Cruz (1995) and shows that the power per unit is typically up to 2 kW for water velocities of 0,6 to 1,5 m/s. Another proposal of axial turbine was done by Alencar (2001) in LHPCH however due to lack of finan-cial resources the equipment was not built. Actually the project is passing through a re-study process and is waiting for financial sup-port liberation from fomentation to 1,5 m/s and proved to be functional. However this equipment did not show being Figure 4. Hydrokitnetic Turbine by Alencar (2001) Figure 1- The kinetic energy used to drive pumps, by water rods. Figure 2 Hydrokinetic turbine by Harwood (1985) 09 técnicos institutions. The Center of Research in Electrical Energy CEPEL, (Nascimento- 1999) also did some mentions abaut a water rod adapted to generate electrical energy and a axial type turbine. This first equipment, constructed in association with a national manufacturer of water rods and the Federal University of Rio de Janeiro COPPE, has rods with width of 3 meters e diameter of 2 meters. It was mounted on floaters and had to generate 3,5 kW with water velocity of 1,5 m/s. The equipment, when in a functioning process with the placing of load, showed an accentuated reducing in the rods rotation, blocking its functioning. This project presents some innovations such as a bar in the turbine entrance and a stator at the entrance of the runner, which directs the water flow in the turbine. And that way to increase the attack angle of the blades of the propeller, optimizing the transformation of hydraulic energy. In addition to this, a suction tube is used at the outlet of the turbine and the use of cones in the center of the turbine to minimize the generating of turbulence in the water stream. This is shown in the figure 7. Figure 5. Turbine CEPEL by water rods (Nascimento 1999) According Els (2003), CEPEL made second experience with a prototype of a axial turbine in reduced scale (5/1) with a two bladed propeller. With this prototype measures where made to evaluate the influence of a converge mouthpiece at the entrance of the propeller. Nevertheless, the use of this device did not bring great increase in velocity. According to ELS (2003), in Brazil, the most successful experience in the use of electric energy happened in the Department of Mechanical Engineering from the University of Brasilia UNB, which researching group has been studying and developing experiences with diverse prototypes of vertical and axial turbines, as shown in figures 6. The turbine is composed of a protecting grid (1), a stator with directing blades (2), propeller (3), suction tube (4), cone for the incoming and outgoing flows (5), transmission box (6) Figure 7 Turbine axial parts made by UNB source Els (2003) According to ELS (2003), the influence of the suction tube on the performance of the turbine was tested empirically in the field, and it was noted that there was a significant increment in the overall performance of the turbine with the suction tube. The mechanical transmission system is implemented with a set of gears submersed in oil and a stage of transmission belts. The turbine drive a 2 kVA, 220 volts AC electrical generator in 1800 rpm, generating 1 kW of electricity. The generator is out of the river, putted in the extreme point of a lever which pivot is fixed in one of the river margins. The runner of the turbine is inserted in water flow bringing down the lever. See figure 8. Two models of turbines where tested and installed. Various blades compose the runner or propeller. Experiments where made, manufacturing the blades with metallic strips and also with metallic structure involved with fiberglass. According to Els (2003) the number of blades, the transversal area and its coefficient of solidity depend on the river flow. The best results for this turbine were obtained in river with a 2 m/s speed and a six blade, eighty centimeter, diameter propeller with a solidity coefficient of 30%. To control the voltage generated by the turbine, which in this case tends to vary with the water velocity and the load coupled on its grid, an electronic control system was designed. It maintains the electrical load on the grid constant in order to stabilize the grids voltage. 3.Conclusion The hydrokinetic generation groups are adequate to decentralized generation. Once they are indicated to the assistance of small isolated riverside communities and might present robust conception and ease installation and maintenance. The limitation of this kind of equipment have been being viable to low potential, and hardly will surpass 10 kW. However, its use presents vantages regarding the environment once it does not demands water storage or water stream deviation work Bibliography ALENCAR, H. Water Current Turbine, in PCH Noticias & SHP News, year 3, number 11, ago/set/ou 2001. ELS, Rudi Henri van, CAMPOS, C., BALDUÍNO L, Henriques A M. Hydrokinetic Turbine for Isolated Villages, in X Encontro Latino Americano e do Caribe em Pequenos Aproveitamentos Hidroenergéticos, Poços de Cldas, Minas Gerais, Brasil, 4 a 8 maio 2003, p- 298-272. NASCIMENTO, Marcos V. G. e outros. Opções à geração diesel elétrica para sistemas isolados na região norte: eólica, hidrocinética e biomassa. IV Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica SNPTEE, Foz de Iguaçu, Paraná, 1999. SOUZA, Zulcy de. PCH de baixa queda, Grupo de Trabajo sobre hidromecanica. 5a. reunión, IMFIA. Montevideo, Uruguay, 1999. Figure 6 Prototypes made by UNB ELS (2003) Figure 8 Photos of the turbines made by UNB. Source Els(2003) 10 Ricardo Wilson Aguiar da Cruz Micro-Geração de Eletricidade em Pequenas Comunidades Isoladas da Amazônia com Grupos-Geradores Hidrocinéticos e Grupo Dieselétrico Resumo Este artigo propõe uma concepção de sistema, em certo sentido híbrido, consistindo de grupos-geradores hidrocinéticos, conhecidos na região como “cata-águas”, consorciados com um pequeno gerador dieselétrico existente, que pode ser instalado em comunidades rurais típicas das margens dos rios da região amazônica. Além do benefício do fornecimento de energia elétrica, em geral quase inexistente, as próprias comunidades podem construir seu sistema. Dessa forma, são elencadas razões sócio-econômicas e parâmetros técnicos para esse fim. Abstract This paper proposes a system, in a certain way a hybrid system, that can supply electric energy to small communities among those typically established along Amazonian river margins, which consists of parallel hydrokinetics turbine power sets, usually known in Amazon as 'cata-água' (in Portuguese), and set on parallel to an existing Diesel power set. Besides the poor benefit of surplus of electric energy most of the time, the hybrid systems can be built by the communities itself. The work elects social, economic and technical parameters for this purpose. Introdução A carência de eletricidade é fato antigo no interior amazônico. Numa região de dimensões continentais e população rarefeita, ainda persiste o cenário de carência de energia elétrica nas pequenas comunidades isoladas, obrigando os ribeirinhos à velha iluminação a lamparina. A colonização da Amazônia concentrou os povoados nas margens dos rios mais próximos da calha da bacia amazônica, região de planície alagada e onde há poucas chances para a construção de usinas que exijam represamento. No Estado do Amazonas, o maior da região e cujo interior é dos menos povoados, atualmente, 85% da população está na calha oriental do Rio Amazonas (IBGE, 1992) e é razoavelmente atendida pela concessionária local, a CEAM, no que pese seus eternos problemas de caixa, falta de peças de reposição e o caro transporte de combustível. Os 15% restantes estão nas regiões mais elevadas, inacessíveis e distantes, o que contribui para sua carência de eletricidade. Em geral, a demanda per capita média no interior amazonense é da ordem de 0,04 kWe (Cruz, 1995). Em decorrência do grande vazio ocupacional da região, surgem comunidades dentro da área distrital dos municípios, geralmente em volta de um pequeno pólo econômico de exploração de produtos naturais (pau-rosa, andiroba, sorva, etc.), com população raramente excedendo 200 pessoas (IBGE, 1992). Algumas dessas comunidades chegam a distar 500 km da sede do município, sendo comum disporem de um pequeno grupo dieselétrico na faixa de 5 kVA que só funciona nos dias de festa. Concepção do Sistema Híbrido No contexto deste trabalho, idealizou-se um sistema que opere 24 horas por dia, produzindo uma potência firme dimensionada assumindo como representativa para as comunidades isoladas da região uma população de 200 habitantes e a demanda per capita média de 0,04 kWe. Do total, foi tomado arbitrariamente apenas metade, como forma de relevar o menor tamanho sócio-econômico dessas comunidades isoladas. A capacidade de um sistema para uma comunidade tipo assim é: Q = ½ ´ 200 hab. ´ 0,04 kWe/hab. = 4,0 kWe É esperado que a disponibilização de energia elétrica permita que as comunidades isoladas possam implementar algumas atividades econômicas e de subsistência, e. g. a produção de farinha de mandioca (SUFRAMA,1999). O sistema concebido só deverá operar hibridamente quando o grupo dieselétrico tiver que ser acionado para atendimento de pontas, como à noite, durante festas comunitárias, porque é a inconstância de acesso ao óleo diesel e o seu custo que não permitem operação econômica do eventual grupo existente, como se demonstra na próxima seção. As duas geometrias hidrocinéticas potencialmente aplicáveis, porque já foram investigadas em Manaus, são descritas a seguir. - Cata-água do INPA: faz parte da família de rotores tipo hélice. Foi adaptado de um rotor de cata-vento multi-pá americano, com flutuadores feitos com tambores de 200 litros (Harwood, 1980). O número de pás do protótipo (Fig. 1) foi reduzido para 8. A eficiência resultou baixa, mas estima-se que pode aumentar com desenvolvimento técnico. É uma alternativa de fácil execução com materiais locais, que não exige mão-de-obra para funcionar. Nos EUA e Escócia já foram testados rotores de hélice com duas a três pás, de alta eficiência. cinética de três pás retas com a forma de perfis aerodinâmicos biconvexos (Fig. 2) demonstrou possuir melhor eficiência que o cata-água, tanto experimental, como relatado pelo Instituto Canadense de Hidráulica (apud Cruz, 1995) onde os testes incorporaram várias idéias simples para implementação da eficiência; como teórica (Cruz, 1995). Também pode ser construído com materiais locais e usar a idéia dos flutuadores com tambores do cata-água. Figura 2. Ilustração artística do Darrieus-tripá. As velocidades encontradas nas áreas mais altas dos rios amazônicos, em geral em altitudes acima de 100 m, têm potencial para aproveitamentos hidrocinéticos. Dados levantados por Harwood (apud Cruz, 1995) permitem adotar uma velocidade média de 1,5 m/s nessas regiões, no período das cheias. Devido uma turbina hidrocinética só usar a energia cinética do curso d'água, suas dimensões são muito maiores dos que as turbinas hidráulicas convencionais, para uma mesma potência. Por isso, só é possível construir máquinas para potências muito baixas. A potência útil em [kWe] que um grupo-gerador hidrocinético pode extrair da correnteza é dada por (Cruz, 1995): Pu = ½ η hc C p g A V 3 Figura 1. Ilustração artística do cata-água do INPA. - Darrieus tripá: este rotor deriva do rotor eólico de mesmo nome. A configuração hidro- Onde Nhc é o rendimento total do grupo (0,7 a 0,85), Cp é o coeficiente de potência (máximo teórico de 0,593, o chamado limite de Betz), A [m2] é a área frontal do rotor e V [m/s] é a velocidade média do curso d'água defronte do rotor. Quanto mais rudimentar a confecção da máquina, menor o produto . No Canadá, 1. Dados técnicos dos rotores hidrocinéticos Dado Potência elétrica Diâmetro do rotor Altura total do conjunto Flutuadores Rotação nominal Velocidade da água Densidade de potência frontal obtida Cata-Água 1 kW 4,0 m 5,5 m 6 tb/200 l 70 rpm 1,5 m/s 0,08 kWe/m2 Darrieus 1,5 kW 1,2 m (4,0 m de altura) 5,3 m 6 tb/200 l 70 rpm 1,5 m/s 0,313 kWe/m2 Fontes: Harwood (1980) e Cruz (1995). 11 técnicos Escócia e EUA, países que mais têm desenvolvido essas máquinas, este produto chega aos 0,25 para rotores a hélice tri-pá (Cruz, 1995). Na Tabela 1 (anteriror) se têm as características do cata-água que foi experimentado pelo INPA (Har-wood,1980), e do Darrieus estudado teoricamente por Cruz (1995). Um cata-água com a capacidade total de 4,0 kWe teria um diâmetro exagerado, tornandose mecanicamente impraticável. Assim, o ideal é o uso de várias máquinas em paralelo. Considerando-se máquinas com as dimensões e a eficiência da Tabela 1, para atender os 4,0 kWe do cálculo (1), são necessárias 4 máquinas em paralelo. Em uma etapa posterior de desenvolvimento que permita elevar a eficiência do cata-água possivelmente adotando um rotor hélice mais elaborado, as dimensões dos rotores poderiam ser substancialmente reduzidas. No momento, a opção pelo rotor multipá americano modificado é, do ponto de vista construtivo, um recurso fácil porque são disponíveis no mercado nacional. Na opção pelo grupo Darrieus, que não possui fabricantes do similar eólico no País, tem-se que esta é uma máquina de confecção mais difícil do que o cata-água. Os materiais e as técnicas necessários para construir o rotor Darrieus são mais difíceis de encontrar no interior. Não obstante, o número de máquinas para atender à capacidade total de 4,0 kWe seria menor, se adotado a máquina da Tabela 1. Assim, 3 máquinas em paralelo bastariam. Em uma primeira fase, a escolha do grupo recai sobre o cata-água. Nesse caso, a especificação dos componentes deve seguir o que já foi testado pelo INPA (Harwood, 1983): »Flutuadores em tambores de 200 litros amarrados com arame e ripas de madeira; »Plataforma do conjunto flutuante totalmente de madeira; »Rotor de cata-vento de 4,0 m de diâmetro, reforçado nas extremidades; »Mancais do rotor em cumaru, madeira oleaginosa usada com esta finalidade; »Alternador elétrico de automóvel, que pode ser recondicionado; »Transmissão de força do rotor ao alternador por corrente; e »Ancoragem por poitas usando cabos de nylon e pedras em bloco. Aspectos Econômicos O custo total de uma unidade piloto, composta de 4 cata-águas de 1 kWe, sistemas auxiliares (cabos, instrumentos, etc.) e itens indiretos (projetos, transportes, viagens, etc.), é estimado em torno de R$ 80.000, significando um custo de instalação da ordem de 8 510 US$/kW, se usando materiais e sub-sistemas de primeira-mão, um valor muito alto que pode cair se usados materiais de segunda mão; e a longo prazo pode cair mais ainda, devido aos efeitos escala de produção e aprendizado, e aos benefícios sociais diretos e indiretos que poderão advir. No contexto de uma análise comparativa entre alternativas isoladas, investigou-se o número de horas de operação diárias que iguala o custo operacional de 4 cata-águas e 1 grupo dieselétrico de 4,0 kW. Para tanto, se considerou a amortização dos custos de implantação e os custos de O&M de ambas as 12 alternativas; e o custo de combustível do grupo dieselétrico; assumidos os coeficientes técnicos da Tabela 2. Isso é o que se mostra na Figura 3. Vê-se ali que a alternativa hidrocinética se iguala à alternativa dieselétrica se operando diariamente pouco mais de 5¾ horas, quando o custo operacional é da ordem de 15.940 R$/ano (189 R$/Wh). 19500 18750 18000 17250 16500 Conjunto Cata-Água 15750 15000 14250 13500 12750 12000 11250 10500 1,25 1,75 2,25 2,75 3,25 3,75 4,25 4,75 5,25 5,75 6,25 Figura 3. Custo de operação anual do conjunto cata-água e do grupo dieselétrico Os custos da Figura 3 foram determinados assumindo o sistema hidrocinético operando 24 h/dia e o dieselétrico de 1 h/dia a 24 h/dia, 365 dias por ano. A Figura 3 mostra nitidamente que o grupo dieselétrico só é economicamente atrativo operando poucas horas por dia, daí porque no sistema concebido este só é pensado para atender as “pontas de carga” das comunidades. Externalidades Envolvidas As questões ambientais e sócio-culturais são importantes quando se analisam tecnologias de geração elétrica, haja vista seus altos potenciais de impacto. No contexto do conceito do desenvolvimento sustentado, não se pode relegar ao segundo plano o tripé ambiente-sociedade-economia. Porém, o uso de grupos hidrocinéticos em larga escala na Amazônia é desconhecido. Grupos dielétricos, por seu turno, já são Dieselétrico tradicionalmente usados há mais de 40 anos na região, de sorte que suas externalidades já se internalizaram. Dessa forma, pode-se inferir que as possíveis externalidades do sistema concebido se relacionam aos grupos hidrocinéticos. A Tabela 3 elenca algumas externalidades positivas e negativas das duas alternativas hidrocinéticas, com seus níveis 6,75 7,25 7,75 8,25 de impacto, que se podem divisar no presente estágio da concepção, visando corroborar a opção primária pelo cata-água. Os riscos de danos por choque, perda de peças e danos aos peixes é maior no cata-água porque área circular frontal é maior do que a das pás verticais do Darrieus. No entanto, não são empecilhos fortes. Para evitar o problema, o INPA propôs antepor ao rotor uma tela de arame. Quanto às técnicas construtivas, o rotor do cata-água é menos exigente do que o Darri- 2. Coeficientes para comparação de alternativas Descriminação Custo horário médio de O&M (R$/ano) Custo horário de combustível (R$) Investimentos fixos (R$) Taxa de desconto (% a.a.) Vida útil (anos) Conjunto Cata-água ? a ? 80.000 15,0 20 Dieselétrico 7.600 3,5·(t/dia) b 6.000 15,0 10 Notas: a Foi considerado que, dadas as suas características operacionais, o cata -água não exige mão -de-obra para funcionar. b Considerou-se um consumo específico de 0,35 litro/kWhe e o óleo diesel a 2,5 R$/litro no interior. 3. Possíveis externalidades dos grupos hidrocinéticos na Amazônia Externalidade Risco de danos por choque de detritos flutuantes devido à proximidade entre as máquinas e a área que ocupam Risco de o rotor causar danos a cardumes de peixes devido à proximidade entre as máquinas e a área que ocupam Risco de perda de partes e peças Uso de técnicas construtivas difíceis Necessidade de regulação da velocidade de rotação Benefícios do aprendizado sobre a máquina (melhoria do projeto, reprodução, etc.) Possibilidade de fabricação comercial local Efeitos da p ouca escolaridade da comunidade sobre o aprendizado e a fabricação local Custos envolvidos no acesso a lubrificantes Custos envolvidos no estoque de peças Risco de aumento do tráfego de barcos perto das máquinas Risco de não se conseguir a mpliar a capacidade de ger ação (relacionado aos fatores acima), por crescimento rápido da demanda em decorrência da atração de ri beirinhos pela disponibilidade de eletricidade Impacto Relativo Cata-água Darrieus Maior Menor Maior Menor Baixíssimo Menor Nenhuma Baixíssimo Maior Constante Alto Baixo Alta Baixa Menor Maior Nenhum Nenhum Baixo Nenhum Nenhum Baixo Menor Maior eus. Também, o Darrieus é problemático na regulação de sua rotação pulsante, em decorrência da variação senoidal das forças hidrodinâmicas que atuam nas pás (Cruz, 1995). Isso obriga a máquina a operar apenas na rotação de projeto, porque as flutuações trazem o risco de travamento do rotor, que pararia de girar. Esse fenômeno não existe no cata-água, que é capaz de sofrer variações razoáveis de rotação. Os benefícios do aprendizado e a possibilidade de fabricação das máquinas no interior são interligadas e da maior importância, posto que é justamente nisso onde reside a motivação para um projeto energético de grande importância social no interior da Amazônia. No tocante ao aprendizado, o cata-água tem possibilidades elevadas de difundir-se, porque seu modo de funcionamento é rapidamente associado por qualquer pessoa com os cataventos. O Darrieus não, porque as forças hidrodinâmicas que atuam em suas pás são herméticas para o público em geral. A solução da questão escolaridade demanda esforço para o êxito do projeto. Na próxima seção são indicadas idéias básicas visando internalizar os benefícios do ensino técnico necessário para que as próprias comunidades possam construir suas máquinas. Não há custos associados com as externalidades que se referem a custos com lubrificantes e estoque de peças porque, primeiro, como já mencionado, a madeira cumaru que pode ser usada nos mancais é autolubrificante; e segundo, a baixa rotação das máquinas não as candidata a desgastes e quebras, o que, se ocorrerem, são de fáceis consertos. Finalmente, o crescimento populacional da comunidade pode exigir rápido aumento de oferta de energia, e aumentar o risco de abalroamento por barcos para ambas as máqui- nas, mas a facilidade construtiva do cata-água permite que isso seja feito mais rapidamente. Em síntese, pode-se constatar que das 12 possíveis externalidades da Tabela 3, o cataágua possui 7 dentre as positivas, o que o confirma como a melhor alternativa hidrocinética. Estratégias para Implantação do Projeto O sucesso da difusão das técnicas de construção necessariamente passa pela questão da escolaridade no interior, normalmente muito baixa para o êxito de um projeto tecnológico. Devem-se incluir metas educacionais no projeto, que deverão acompanhar a construção. Nesse sentido, deve ser buscado apoio nas escolas de engenharia para projetos e difusão técnica, e nas secretarias de educação estaduais e no SESI que dispõem de barcos escola e pessoal qualificado para ensino de mecânica na região. Também é necessário buscar fontes de financiamento para implantar os sistemas. Uma possibilidade são as linhas disponíveis para pequenos agricultores do Governo do Amazonas. Conclusões e Recomendações A geração no interior é possível se o interiorano for o senhor do processo. Não há novidade alguma nisso, aliás, como já o diziam os gregos há 2 300 anos. Por isso, no início, podem-se prever reações de fontes políticas e ideológicas ao projeto. Tais problemas deverão ser tratados pelo diálogo constante, tanto nas localidades, por assembléias públicas, como pela mídia disponível, mostrando sempre os verdadeiros objetivos do projeto o bem estar do homem. Possíveis problemas técnicos deverá haver, principalmente no início, devido ao tempo necessário para o aprendizado de construção e operação. É nessa fase que o trabalho educacional deverá ser mais atuante, mantendo contato constante com as partes envolvidas no projeto. Um dos vícios que deverá ser tentado eliminar nas comunidades é a dependência a benfeitores políticos que geralmente lucram com a ignorância grassa. Isso pode levar o projeto ao fracasso, a exemplo de recentes políticas de doação de moto-serras e motores estacionários no interior, casos em que os utensílios foram usados até que quebrassem, sem que o interiorano soubesse como consertá-los. Uma maneira de evitar isso é conferir destaque para as ações educativas, sendo possível recrutar estudantes universitários para reforço das ações. Como mencionado, o custo de implantação do grupo hidrocinético deverá cair conforme o número de unidades implantadas aumentar. É possível ainda a integração do sistema concebido com outras tecnologias de suprimento, como os painéis foto-voltaicos. Essa possibilidade denota a flexibilidade que os grupos hidrocinéticos possuem para compor sistemas híbridos ou múltiplos de geração, destacando se que, nisso, estas máquinas são particularmente propícias para sustentarem bases de carga de micro-sistemas de geração. Referências HARWOOD, John Harry; Protótipo de um cata-água que gera 1 kW de eletricidade; Acta Amazonica; Vol. 3; N. 15; pp 403-412; Manaus; 1980. CRUZ, Ricardo Wilson Aguiar da; Modelagem de Turbina Hidrocinética a Eixo Vertical; Dissertação de mestrado; EFEI; Itajubá; 1995. Sinopse Preliminar do Censo Demográfico do Amazonas; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; p 25; Rio de Janeiro; 1992. Projeto Potencialidades do Estado do Amazonas. Síntese dos Resultados SUFRAMA; Impresso; Manaus; 1999. Esta Publicação conta com o apoio da: This publication has the support of: FUNDAÇÃO DE APOIO AO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO DE ITAJUBÁ Av. Paulo Carneiro Santiago,472, Bairro Pinheirinho - cep:37500-191 ITAJUBÁ - MG TELEFONE: (35) 3622-3543 FAX: (35) 3622-0107 Para maiores informações acesse: For more information acess: http://www.cerpch.unifei.edu.br 13 AVANÇOS Sociais Tecnologia Social Turbinas Hidrocinéticas são alternativas na geração energia elétrica no país Por Fabiana Gama Viana Tecnologia social a serviço das comunidades ribeirinhas e uma alternativa na geração sustentável de energia elétrica nessas localidades. As turbinas hidrocinéticas são aquelas capazes de gerar energia através da correnteza dos rios, sem a necessidade de construção de barragens e formação de lagos. Este equipamento, que fica suspenso por um braço mecânico instalado na margem ou flutuando em bóias no meio do rio, consiste em um cilindro oco de metal que pode ser de vários tamanhos (de quatro a nove metros de comprimento), com uma hélice acoplada em seu interior. A quantidade de energia gerada está diretamente relacionada à velocidade da água e à profundidade do rio que devem ser de, no mínimo, 1,5 metro por segundo (m/s) e 1 metro (m), respectivamente. A partir daí, segundo o professor Franco Morale da Universidade de Brasília (UnB), é possível gerar até 20 quilowatts hora (kWh) ou 14,4 mil kWh por mês, o que daria para atender várias residências de classe média por mês (Agência CT, 13/05/2004). Antes de o equipamento ser instalado, são realizados estudos relacionados aos dados topográficos, ao mapeamento via satélite das áreas com potencial hidráulico, além da identificação do perfil da comunidade. Este último aspecto é fundamental, pois são diagnosticadas as carências e as necessidades da região onde vai haver a geração de energia, e a comunidade é,posteriormente,treinada para cuidar da manutenção e operação da turbina. Vantagens A partir daí, a turbina hidrocinética apresenta inúmeras vantagens. A primeira delas é o baixo custo ambiental, pois este empreendimento não necessita de grandes obras de engenharia, além de não ocorrer alteração na flora e fauna locais. Da mesma forma, a turbina hidrocinética tem a vantagem de possuir uma maior durabilidade, com média de 30 anos, sem interrupções na geração de energia, e manutenção a ser realizada a cada seis meses. O equipamento também pode ser instalado praticamente em qualquer rio com correnteza, além de adaptações que podem ser feitas para aproveitar quedas d'água, pequenos desníveis ou até mesmo máquinas instaladas em série para demandas maiores. Vale destacar ainda que a turbina hidrocinética possibilita às comunidades ribeirinhas o acesso à ener-gia elétrica sem a necessidade de uma rede elétrica completa instalada. Pesquisas Mesmo sendo uma tecnologia com grande demanda social, as pesquisas com turbinas que utilizam a correnteza dos rios para gerar energia elétrica são recentes, e a literatura disponível sobre o tema é escassa. A concepção das turbinas hidrocinéticas remonta à década de 1970, quando foram iniciados trabalhos buscando formas alternativas de energia, como energia solar, eólica, biomassa e microcentrais hidrelétricas, em função dos problemas deflagrados com a Crise do Petróleo em 1973. 14 Modelo comercial da turbina hidrocinética - detalhe do desenho Turbinas Hidrocinéticas Existem basicamente dois tipos de turbinas hidrocinéticas segundo a posição de giro do eixo: turbinas de eixo horizontal ou axial e de eixo vertical. Eixo horizontal do tipo axial: De acordo com a concepção de John Harry Harwood, estas possuem um rotor de seis pás, apoiado sobre mancais de rolamento, sustentado por barras fixadas numa base formada por flutuadores. O fluxo da água fica alinhado com o eixo de transformação mecânica. Esta turbina é ancorada no fundo do leito do rio. Eixo vertical: As turbinas hidrocinéticas de eixo vertical, a partir da concepção de R. W. A. Cruz,possuem um rotor com três pás, semelhante ao rotor Darrieus, utilizado em turbinas eólicas. O fluxo fica perpendicular ao eixo de transformação mecânica da turbina. Esta é ancorada no fundo do leito do rio. Turbinas de eixo vertical, explicam Van Els, Campos e Salomon (2005), são preferidas quando é necessário tirar proveito da energia cinética de um fluxo cuja direção pode mudar com o tempo, como por exemplo, sistemas de aproveitamento de fluxo das marés. Darrieus: O dispositivo é constituído um rotor com 2 até 4 pás, ou lâminas, retas com as duas extremidades presas a um disco solidário ao eixo. O eixo, através de um sistema de polia e correia, aciona o gerador instalado estrategicamente sobre flutuadores. O conjunto é ancorado, através de cabos, de forma a permitir um melhor posicionamento e um maior aproveitamento da correnteza do rio. O eixo na posição vertical facilita a instalação do gerador ou de polias multiplicadoras de velocidade, e caracteriza-se, principalmente, em produzir energia independente da direção da correnteza. Gorlov: é uma turbina desenvolvida recentemente com base no rotor Darrieus, cujas duas pás ou lâminas tem forma helicoidal. Segundo seu inventor, essa configuração apresenta maiores rendimentos e menores vibrações, uma vez que sempre haverá uma pá em posição de receber o fluxo. Possui rotação unidirecional mantendo um escoamento livre, com um rendimento máximo que pode alcançar 35 %o que é normal em se tratando de um rotor operando em um meio não confinado segundo principio de Betz, é fabricada em alumínio e revestida com uma camada de material anti-aderente, reduzindo desta forma o atrito na água e prevenindo contra o acúmulo de crustáceos e sujeira. Podendo ser usada na posição vertical ou horizontal. Savonius:Também conhecidos como rotores “s”, funciona com correntes de água em qualquer sentido. Basicamente o rotor é constituído por duas pás semi-circulares colocadas uma justaposta à outra. De concepção bastante simples, esse tipo de rotor tem-se prestado para pequenas instalações de bombeamento. Rodas d'água: ë um dos mais simples dispositivo para o aproveitamento da energia hidráulica. O seu funcionamento se dá pela incidência da água nas pás, ou caçambas da roda, que com seu peso e a energia cinética da água, aciona a roda, fazendo girar o seu eixo. A admissão da água na roda pó ser feita por cima, lateralmente ou por baixo. O desvio da água até o roda pode ser feito mediante o uso de tubos de PVC, chapas de aço galvanizado, calha de madeira ou alvenaria. A velocidade de rotação é muito baixa, isto é, de 1 a 40 giros por minuto, mas mesmo assim pode ser utilizada para movimentar moinhos, serrarias; gerar eletricidade (100 a 1000 Watts) e bombear água a um reservatório. Fonte: ALENCAR, Harley Souza e TIAGO FILHO, Geraldo Lúcio. Geração Descentralizada com Energia Alternativa para o Desenvolvimento Sustentável de Regiões Ribeirinhas. UNIFEI, 2003 VAN ELS, Rudi Henri, CAMPOS, Clóvis de Oliveira, SALOMON, Lúcio Benedito Reno. Turbinas Hidrocinéticas no Brasil. UnB, 2005. De acordo com informações do Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH), na década de 1980, o pesquisador John Harry Harwood desenvol-veu máquinas hidrocinéticas de eixo horizontal com rotor multipás de quatro metros de diâmetro, semelhante ao de um moinho de vento, que foi experimentado em rios da Amazônia com velocidades de água de 0,7 a 1,5 m/s. Estes equipamentos, concebi-dos para atender potências de consumo da ordem de 2 kW, possuíam rotores de turbinas tipo Hélice e foram apoiados em grandes balsas com flutuadores. Contudo, mesmo o equipamento mostrando ser funcional, este apresentou uma série de dificuldades em relação a um intenso regime de funcionamen-to e à proteção contra objetos flutuantes, além de apresentar perdas significativas e outros problemas operacionais em virtude do dispositivo de transmissão mecânico utilizado no sistema ser feito com correias e um rendimento baixo, da ordem de 30%. Após o protótipo de Harwood, vários outros estudos foram feitos. No início dos anos 2000, um grupo de pesquisa do Laboratório Hidromecânico para Pequenas Centrais Hidrelé-tricas (LHPCH) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) elaborou um arranjo de turbina hidrocinética com um rotor do tipo axial, montada em uma plataforma com difusor, localizado à montante do rotor, com a finalidade de direcionar melhor o fluxo e aumentar o rendimento da máquina. O equipamento não chegou a ser construído e, atualmente, está em processo de re-estudo, aguardando apoio de instituições de fomento à pesquisa. Da mesma forma, o Centro de Pesquisa em Energia Elétrica (CEPEL), dentre outras experiências, experimentou um protótipo de uma turbina axial em escala reduzida com rotor de duas lâminas. A partir daí, o CEPEL realizou medições para avaliar a influência de um sistema de convergência do fluxo no rotor. Grupo UnB De todas as experiências realizadas no país, merecem destaque aquelas desenvolvidas pelo Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UnB) que tem estudado e desenvolvido protótipos diversos de turbinas verticais e axiais (ver quadro). Essas pesquisas iniciaram-se há 10 anos. Em 1995, foi instalado o primeiro protótipo em um povoado isolado do município de Correntina, no interior da Bahia, com capacidade de 840 kWh por mês. Dois anos depois, o grupo obteve o primeiro reconhecimento público e oficial dos estudos desenvolvidos quando receberam o Prêmio Jovem Cientista do Instituto de Ciência e Tecnologia do Governo do Distrito Federal. Em 2003, o grupo fundou a empresa Hidrocinética Engenharia, instalada no campus da UnB e integrante do Programa de Incubação de Empresas do Centro de Desenvolvimento Tecnológico. Desafios Mesmo com as pesquisas desenvolvidas e com as boas perspectivas em torno das turbinas hidrocinéticas, ainda são muitos os desafios enfrentados, sejam em relação à restrição de mercado e à melhoria tecnológica do equipamento, seja na redução dos custos de produção. No entanto, é preciso que os estudos continuem já que essa alternativa de geração de energia elétrica tem imensurável importância social, propiciando o desenvolvimento e o crescimento econômico das comunidades ribeirinhas, além de minimizar os impactos ambientais. Fonte: ALENCAR, Harley Souza e TIAGO FILHO, Geraldo Lúcio. Geração Descentralizada com Energia Alternativa para o Desenvolvimento Sustentável de Regiões Ribeirinhas. UNIFEI, 2003 VAN ELS, Rudi Henri, CAMPOS, Clóvis de Oliveira, SALOMON, Lúcio Benedito Reno. Turbinas Hidrocinéticas no Brasil. UnB, 2005. ”Não é fácil produzir uma unidade geradora confiável, com um baixo custo de fabricação” Em entrevista o prof. Clóvis Campos,do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília As pesquisas com turbinas hidrocinéticas são desenvolvidas pelo grupo do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UnB) há 10 anos. Ainda assim, muitos são as dificuldades e os desafios enfrentados nesses estudos, seja sob o ponto de vista de diminuição dos custos de produção, seja sob o aspecto de melhoria tecnológica do equipamento. “Não é fácil produzir uma unidade geradora confiável, com um baixo custo de fabricação”, explica o professor Clóvis de Oliveira Campos, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília e sócio-fundador da empresa Hidrocinética Engenharia Ltda. No entanto, é preciso ressaltar o papel social dessa alternativa de geração de energia elétrica. “Com uma turbina hidrocinética, é possível melhorar em muito a qualidade de vida de ribeirinhos, criando inclusive condições de melhor fixá-los em sua origem, Os bons resultados que temos obtido são em decorrência da execução de um projeto mecânico desenvolvido com base em larga experiência em projetos, construções mecânicas em geral e também experiência em tratamentos anticorrosivos que fomos aprendendo ao longo do tempo. Evitando o êxodo rural”, ressalta Campos. Em entrevista à PCH Notícias & SHP News, o prof. Clóvis Campos apresenta a importância das turbinas hidrocinéticas no contexto brasileiro e suas vantagens, além dos desafios e perspectivas. PCH -Qual o potencial de geração de energia elétrica a partir de turbinas hidrocinéticas atualmente no Brasil? Prof. Clóvis - O atendimento da demanda de energia, em todo o Brasil, é enorme e, mesmo assim, a quantidade de lugares onde se pode introduzir uma turbina hidrocinética é muito significativa. As primeiras turbinas que produzimos (Universidade de Brasília - UnB),encontram-se em operação no interior do estado da Bahia. Atualmente existem 4 unidades funcionando lá, gerando energia limpa, segura, confiável e de baixo custo. Construímos uma outra unidade em parceria com o INPA [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia], que se encontra na Região Amazônica. Qual a potência máxima de uma turbina hidrocinética? A potência que obtivemos em máquinas de até 1,2 m de diâmetro foi de 2 kW. É relevante -O custo de aquisição de uma turbina hidrocinética varia de R$15.000 a R$20.000 para máquinas para corredeiras e grandes rios, respectivamente; -Os custos totais de instalação e montagem dependem principalmente da facilidade de acesso, além de outros custos da logística de instalação, o que pode facilmente exceder os custos de aquisição do equipamento; -O custo de instalação também engloba o projeto executivo, a montagem da estrutura de sustentação na margem do rio ou a montagem da estrutura de ancoragem; -A manutenção preventiva e limpeza podem ser executadas por um operador treinado. Este deve fazer a limpeza junto à grade de proteção da turbina pelo menos uma vez por semana, além de se fazer a verificação rotineira de seu funcionamento; -A cada seis meses é necessário fazer uma verificação seguindo um plano de manutenção preventiva. O custo de peças de reposição (escovas, óleo lubrificante, correias, etc.) fica em torno de R$ 125,00 por ano. -A cada dois anos é necessário fazer uma revisão geral da máquina, substituindo os componentes que venham a comprometer a confiabilidade do equipamento e tratamento anti-corrosivo, que pode chegar a um custo de R$ 750,00 por revisão. Esses dados foram levantados a partir a partir da experiência acumulada de operar a primeira turbina experimental durante nove anos no município de Correntina (BA). Não estão incluídos os custos com mão-de-obra e logística de transporte. Estes custos podem variar conforme a região de instalação da turbina. 15 AVANÇOS Sociais lembrar que uma máquina que gera 2 kW, em 24h por dia, produz 1.400 kWh por mês. Qual é o custo de produção de uma turbina hidrocinética? E os custos de manutenção? Os custos de fabricação ainda estão um pouco elevados devido ao processo ainda ser bastante artesanal. Criamos como empresa incubada, no Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Faculdade de Tecnologia da UnB, a empresa Hidrocinética Engenharia Ltda. para produzir e comercializar as turbinas hidrocinéticas. Uma unidade que possa produzir até 2 kW está custando hoje aproximadamente R$15.000,00 (custos em Brasília). E em termos de custos do kW gerado? Essa é uma forma competitiva de geração de energia elétrica? O custo do kW gerado é bastante atraente em fazendas ou em locais onde a alternativa de geração são os grupos Diesel geradores. E se formos comparar com o preço da energia elétrica gerada a partir de um gerador a Diesel? Seja com Diesel ou qualquer outra alternativa térmica, a diferença é enorme. Os donos das máquinas instaladas no interior da Bahia que o digam. Quais são as dificuldades enfrentadas hoje nas pesquisas sobre turbinas hidrocinéticas? Uma das dificuldades mais significativas está nos sistemas de transmissão mecânica versus custos. Não é fácil produzir uma unidade geradora confiável, com um baixo custo defabricação. Os bons resultados que temos obtido são em decorrência da execução de um projeto mecânico desenvolvido com base em larga experiência em projetos, construções mecânicas em geral e também experiência em tratamentos anticorrosivos que fomos aprendendo ao longo do tempo. Não há incentivos do Governo Federal para a utilização das turbinas hidrocinéticas em comunidades isoladas? O governo até que está iniciando algum apoio com programas como o "Luz para Todos". Estamos construindo uma unidade que vai ser instalada em breve, no interior do Amapá. De Correntina (BA) causou uma perda enorme nos peixes que naquele rio existiam. Uma turbina hidrocinética não causa o menor impacto ambiental. Os custos de fabricação ainda estão um pouco elevados devido ao processo ainda ser bastante artesanal. Sob os aspectos ambientais, comparativamente, quais são os impactos ambientais ocasionados por uma usina hidrelétrica comum e a geração de energia elétrica a partir da turbina hidrocinética? Eu tenho experiência com usinas convencionais. Eu sei, eu vi o que a Usina de Tucuruí, Balbina e Samuel fizeram na Região Norte. Eu sei que uma pequenina usina dentro da cidade de Correntina (BA) causou uma perda enorme nos peixes que naquele rio existiam. Uma turbina hidrocinética não causa o menor impacto ambiental. Atualmente, como estão as pesquisas sobre turbinas hidrocinéticas no mundo e, em particular, no Brasil? Alguns pesquisadores estão se interessando, Turbina hidrocinética sob flutuantes porém os resultados ainda não passam de projetos que quando muito saem de um computador e passam para relatórios.A execução, a fabricação e a obtenção de resultados ainda deixam muito a desejar, principalmente porque o produto final é de pequena capacidade e o usuário, população ribeirinha, é de baixa renda. Quais são as perspectivas para a geração de energia elétrica a partir de turbinas hidrocinéticas no Brasil? As perspectivas são boas, são muito importantes, porque com uma turbina hidrocinética é possível melhorar em muito a qualidade de vida de ribeirinhos, criando inclusive condições de melhor fixá-los em sua origem, evitando o êxodo rural. Fonte: VAN ELS, Rudi Henri, CAMPOS, Clóvis de Oliveira, SALOMON, Lúcio Benedito Reno. Turbinas Hidrocinéticas no Brasil. UnB, 2005. Hydrokinetic Turbines Basically, there are two types of hydrokinetic turbines that are classified according to the axis position: horizontal and vertical axis turbines. Horizontal axis turbines: According to John Harry Harwood's conception these turbines have a 6-blade rotor supported on bearings, sustained by bars fixed on a platform with floaters. The water flow is aligned to the mechanical transforming axis. This turbine is anchored in the bottom of the river. Vertical axis turbines: According to R. W. A. Cruz's conception vertical axis hydrokinetic have a 3-blade rotor, which is similar to the Darrieus rotor used by wind turbines. The water flows through the axis of the turbine perpendicularly. This turbine is also anchored in the bottom of the river. Vertical axis turbines, as explained by Van Els, Campos and Salomon (2005), are the best choice when it is necessary to use the kinetic energy of a flow whose direction may change with time, e.g. tidal flow systems. Darrieus: The device consists of a rotor with 2 to 4 blades, whose extremities are fixed to disks, forming only one set that rotates together with axis. The generator is driven by the turbine by using a belt-drive system. By using cables, the unit can be anchored in a way to optimize the use of the flowing water of the river. The axis in a vertical position facilitates the installation of the generator or speed increasers. The main feature of the turbine is the production of energy regardless of the direction of the flow. Gorlov: it's a recently developed turbine based on the so-called Darrieus turbine. Alexander Gorlov's design uses blades that are twisted into the shape of a helix, rotate at twice the velocity of the water current flow, and turn in the same direction regardless of the flow direction. According to its inventor this arrangement presents higher efficiencies and lower vibrations, for there will always be a blade in position to receive the flow. It has a unidirectional rotation that can maintain a free flow, and its maximum efficiency may reach 35%, which is normal according to the Betz principle as far as a turbine operating in flowing water is concerned. The turbine is made from aluminum coated with an anti-adherent material to reduce the friction with the water and avoid the accumulation of crustaceous and debris. The turbine can be positioned horizontally or vertically. Savonius: Also known as “S” rotors, it works with flowing water that comes from any direction. Basically, the rotor consists of two scoops that are overlapping and, if one looks down on the rotor from above, a two-scoop machine would look like an "S" shape in cross section. Having a considerably simple design, this type of rotor has been used in small pumping stations. Water wheel: It is one of the most simple devices used for extracting power from a flow of water. A water wheel consists of a large wheel, typically wooden, with a number of blades or buckets arranged on the outside rim forming the driving surface. The wheel is mounted vertically on a horizontal axle that is used as a power take-off. Historic water wheels came in two basic forms undershot and overshot. The overshot wheel has the water channeled to the wheel at the top and slightly to one side in the direction of rotation. The water collects in the buckets on that side of the wheel, making it heavier than the other "empty" side. The weight turns the wheel, and the water flows out into the tail-water when the wheel rotates enough to invert the buckets. The overshot design uses almost all of the water flow for power (unless there is a leak) and does not require rapid flow. The overshot wheel is a far more powerful and efficient design, but because it requires constructing a dam and a pond it is far more capital intensive. The rotation speed is considerably low, i.e., ranging from 1 to 40 rotations per minute. It can be used for powering flour mills, sawmills, generating electricity (100 to 1000 Watts) and pumping water from a reservoir. 16 Social Technology Translation: Adriana Candal Hydrokinetic turbines: an alternative for electric power generation in the country A social technology that serves riverside communities and an alternative for the sustainable generation of electric power in these communities, hydrokinetic turbines are those able to generate energy by using the flowing water of the rivers, without the need to build dams or set up reservoirs. This equipment, which is suspended by a mechanical arm installed on the riverbanks or floats in the middle of the river by using floaters, consists of a metal hollow cylinder, with an internal blade, that can have different sizes (from 4 to 9 meters long). The amount of power that is generated is directly proportional to the speed of the flowing water and to the depth of the river, at least 1.5 meter per second (m/s) and 1 meter (m), respectively. According to Professor Franco Morale with the University of Brasília (UNB) by using any combination higher than that one, it is possible to generate up to 20 kilowatts/hour (kWh) or 14.4 thousand kWh a month, which would be enough to meet the demand of several medium-class households a month (Agência CT, 13/05/2004). Before installing the equipment, studies regarding the topographic data, satellite mapping of the areas that present hydraulic potential and the identification of the community's profile are carried out. The last item is fundamental aspect, for the needs of the region where the energy will be generated can be diagnosed, and the community will be trained to carry out the maintenance and operation of the turbines. Advantages Hydrokinetic turbines present innumerable advantages. The first one of them is the low environmental cost, for this enterprise does not need large engineering works and does not change the local flora and fauna. In addition, hydrokinetic turbines have greater durability, 30 years on average, carrying out maintenance checks every six months and without interrupting the power generation. The equipment can be installed on practically any river that has a flow. Besides, it is possible to make adjustments to use waterfalls, small rapids or even machines that can be installed in a series to meet higher demands. It is important to highlight that hydrokinetic turbines make it possible for riverside communities to have access to electric power without the need of a complete power grid. Researches Even being a technology with considerable social demand, researches on turbines that use river flowing waters for generating electric power are fairly recent and the literature available about this theme is scarce. The conception of hydrokinetic turbines goes back to the 1970s, when the studies searching for alternative sources of energy, e.g. solar, wind and biomass energy and the use of SHPs (Small Hydropower Plants) started because of problems caused by the 1973 Oil Crisis. According to information provided by CERPCH (National Center of Reference for Small Hydropower Plants), in the 1980s, researcher John Harry Harwood developed horizontal axis hydrokinetic machines with a four-meter long multi-blade rotor, similar to windmills. They were tested in rivers of the Amazon Region presenting flowing water speed ranging from 0.7 to 1.5 m/s. These machines, conceived for consumption demands ranging about 2 kW, had helixlike turbine rotors and were supported by large rafts. However, although the equipment seemed to be fairly functional, it presented a number of difficulties in relation to its intensive utilization regime and its protection against floating objects. In addition, it presented significant losses and other operational problems because the mechanical transmission device used by the system was made with belts, and also, a low efficiency, about 30%. After Harwood's prototype, several other studies were carried out. In the early 2000, a research group of the LHPCH (Hydro-mechanic Laboratory for Small Hydropower Plants) at the Federal University of Itajubá (UNIFEI) elaborated an arrangement consisting of a hydrokinetic turbine with an axial rotor assembled on a platform with a flow directing structure, located upstream of the rotor, aiming at improving the efficiency of the machine. The equipment was never built and, today, it is being re-studied, waiting for the financial support of R&D institutions. In the same way, CEPEL (Research Center on Electric Power), among other experiences, tested a prototype of a turbine with a two-blade axial rotor in a reduced scale. Then CEPEL carried out readings to assess the influence of a flow convergence system on the rotor. UnB Group Among all the experiences carried out in the country, the ones that deserve to be high-lighted are those developed by the Department of Mechanical Engineering of the University of Brasília (UnB), which has been studying and developing several prototypes of vertical and axial turbines (refer to figure). These researches started ten years ago. In 1995, the first prototype with a capacity of 840 kWh/month was installed in an isolated community that was part of the city of Correntina in the state of Bahia. Two years later, the studies were first publicly and officially recog- Fig. 1 - Hydrokinetic Turbines nized when the group received prize 'Young Scientist' granted by the Federal Institute of Science and Technology of the Federal. In 2003, the group founded the company Hidrocinética Engenharia, located at the campus of UnB, which is part of a program of the Technological Development Center that encourages the development of new companies. Challenges In spite of the already developed researches and the good perspectives regarding hydrokinetic turbines, there are still a lot of challenges to be faced, in relation to either market restrictions or reduction in the production costs. However, the studies must continue, given that this alternative for generating of electric power has immeasu-rable social importance, for besides mitigating environmental impacts, it makes it possible for riverside communities to develop and grow economically speaking. 17 AVANÇOS Sociais “It is not easy to produce a reliable generating unit at a low manufacturing cost” Em entrevista o prof. Clóvis Campos,do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília A group that is part of the Department of Mechanical Engineering of the University of Brasília (UnB) has been developing researches on hydrokinetic turbines for ten years. Still, these studies must face many difficulties and challenges regarding either the reduction in the production costs or the technological improvement of the equipment. “It is not easy to produce a reliable generating unit with a low manufacturing cost”, explains professor Clóvis de Oliveira Campos, who is part of the Department of Mechanical Engineering of the University of Brasília and partner and co-founder of the company Hidrocinética Engenharia Ltda. However, it is important to highlight the social role that is played by this alternative for the generation of electric power. “By using a hydrokinetic turbi-ne it is possible to improve the life quality of the people who dwell along the rivers significantly, and even create better conditions to keep them where their roots are, avoiding the exodus from rural areas”, states Professor Campos. In an interview to the PCH Notícias & SHP News, Professor Campos talks about the importance of hydrokinetic turbines within the Brazilian scenario, their advantages, challenges and perspective. PCH - What is today's generating potential of electric power out of hydrokinetic turbines in Brazil Prof. Clóvis - The supply of power all over the country is huge, and still, the number of places where a hydrokinetic turbine could be introduced is quite significant. The first turbines that we produced [University of Brasília UnB] are operating in the countryside of the state of Bahia. Today, there are four units operating there, generating clean and reliable energy at low costs. In a partnership with INPA (National Research Institute of Amazônia) we built another one, which is operating in the Amazon Region. What is the maximum power of a hydrokinetic turbine? The power that we attained from machines of up to 1.2 m of diameter was 2 kW. It is important to remember that a machine that generates 2 kW every hour 24 hours a day, generates 1,400 kWh a month. What is the manufacturing cost of a hydrokinetic turbine? And its maintenance costs? The manufacturing costs are still a little high because the process is considerably rudimentary. We created a company within the Center of Technological Development * of the Technology College of UnB called Hidrocinética Engenharia Ltda. in order to manufacture and commercialize hydrokinetic turbines. Today, a unit that can generate up to 2 kW costs about R$15,000.00 (costs in Brasília).This center aims at encouraging the development and the creation of new technological companies. What about the costs of the generated kW? Is this a competitive form of generation of electric power? The cost of the generated kW is rather attractive on farms or in places where the alternative for generation consists of Diesel generating units. And if compare with the price of the electric power generated by Diesel generator Either with Diesel or any other thermal alternative the difference is huge. The owners of the machines installed in Bahia's countryside know that quite well. Today, what are the difficulties faced by those who work on the research of hydrokinetic turbines? One of the most significant difficulties lies on the mechanic transmission systems versus costs. It is not easy to produce a reliable generating unit at low manufacturing costs. The good results we have been attaining come from a mechanical project that was developed based on the vast experience on designs and mechanic constructions in general and also the experience on anti-corrosive treatment we have been accumulating over the years. Are there no incentives from the Federal Government towards the use of hydrokinetic turbines in isolated communities? The government has just started to provide some sort of support with programs such as “Light for Everyone”. We are building a unit that will soon be installed in the countryside of the state of Amapá. Environmentally speaking, what are the impacts caused by a conventional hydroelectric plant in comparison with those caused by the generation of electric power by using a hydrokinetic turbine? One of the most significant difficulties lies on themechanic transmission systems versus costs. It is not easy to produce a reliable generatingunit at low manufacturing costs. 18 I have experience of conventional hydroelectric plants. I know, I saw what the plants of Tucuruí, Balbina and Samuel caused in the North Region. I know that a small plant in the town of Correntina (BA) caused the death of a large amount of fish that lived in that river. Hydrokinetic turbines do not cause the slightest environmental impacts. Today, what is the status of the researches on hydrokinetic turbines in the world and, particularly, in Brazil? Some researchers are getting more interested. However, the results are still simple projects that leave the computer hard disk to become reports. The realization, the manufacturing and the attainment of results are still far from reaching the desired level, mainly because the final product presents a small capacity and because of the users, people who dwell along the rivers, have low income. What are the perspectives regarding the generation of electric power out of hydrokinetic turbines in Brazil? The perspectives are good and very important, for by using hydrokinetic turbines it is possible to improve the life quality of the people who dwell along the rivers significantly, and even create better conditions to keep them where their roots are, avoiding the exodus from rural areas The good results we have been attaining come from a mechanical project that was developed based on the vast experience on designs and mechanic constructions in general and also the experience on anticorrosive treatment we have been accumulating over the years. »The purchasing cost of hydrokinetic turbines ranges from R$15,000 to R$20,000 for machines that will use rapids and large rivers, respectively; »The total, installation and assembly, costs depend mainly on how easy the access is. There are also other installing logistic costs, which may easily surpass the purchasing costs; »The installation cost also comprises the executive project, assembly of the supporting structure on the river bank or the assembly of the anchoring structure; »Operations regarding preventing maintenance and cleaning can be carried out by a trained operators. They must clean the turbine protecting grate at least once a week and carry out a routine check to make sure that the turbine is working properly; »Every six months it is necessary to carry out a check following a preventing maintenance plan. The cost of the replacing parts(brushes,lubricating oil,belts,etc.) ranges about R$ 125.00 a year »Every two years it is necessary to carry out a general check on the machine, replacing the part that could compromise the reliability of the equipment. It is also important to carry out an anti-corrosive treatment. The cost of each general check may reach a cost of R$ 750.00. ***These data were collected from the experience of operating the first experimental turbine for nine years in the town of Correntina (BA). The costs regarding labor and transport are not included. These costs may vary according to the region where the turbine will be installed. Fonte: VAN ELS, Rudi Henri, CAMPOS, Clóvis de Oliveira, SALOMON, Lúcio Benedito Reno. Turbinas Hidrocinéticas no Brasil. UnB, 2005. II EE-VEI 8 a 10 de março 2006 Carbon Markets Américas 29 a 30 de março de 2006 Rio de Janeiro - RJ Brasil [email protected] www.greenpowerconferenes.com V SBPMCH 03 a 06 de abril 2006 I Simpósio de Gestão e Monitoramento de Aproveitamentos Hidroenergéticos 28 de abril de 2006 Belo Horizonte MG Brasil [email protected] www.cerpch.unifei.edu.br AGRENER GD 2006 06 a 08 de junho de 2006 VII SINCONEE e o III GEDOC 20 a 22 de junho de 2006 Florianópolis-SC Brasil [email protected] http://www.sinconee.com.br Second International Congress on Energy Efficiency and Renewable Energy Sources, 8 a 10 de março 2006 Sofia - Bulgaria http://www.viaexpo.com/ee-vei-2006/eng/congress2006.php Carbon Markets 29 a 30 de março de 2006 V Simpósio Brasileiro sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas 3 de abril de 2006 Florianópolis SC Brasil [email protected] http://www.cbdb.org.br/ I SIGMAH 28 de abril de 2006 6º Congresso Internacional sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural 06 a 08 de Junho de 2006 UNICAMP - Campinas (SP) - Brasil [email protected] VII SINCONEE e o III GEDOC 20 a 22 de junho de 2006 Para maiores informações sobre eventos e cursos, acesse: http:// www.cerpch.unifei.edu.br For more information about courses and events, acces: http:// www.cerpch.unifei.edu.br I Simpósio de Gestão e Monitoramento de Aproveitamentos Hidroenergéticos Abril de 2006 Itajubá - MG