Nossas Tradições - Jornal O Açoriano

Transcrição

Nossas Tradições - Jornal O Açoriano
ano 9 Nº76
outubro DE 2014
Director: Mário Carvalho
Sair da ilha é a pior
maneira de ficar nela
Editorial
O Açoriano
EDIÇÕES MAR
4231-B, Boul. St-Laurent
Montréal, Québec
H2W 1Z4
Tel.: (514) 284-1813
Fax: (514) 284-6150
www.oacoriano.org
[email protected]
PRESIDENTE:
Sandy Martins
Feliz aniversário Açoriano
Mais um aniversário, mais um ano de vida,
já lá vão nove anos que a nossa e vossa revista “O Açoriano” deu à luz a sua primeira
edição, no dia 29 de outubro de 2005!
Tudo começou de um simples desejo, de publicar uma revista que fosse a voz e a montra
do povo açoriano, suas gentes e tradições. O
povo açoriano, numa mão guarda a terra, na
outra o mar e no coração a saudade da sua ilha!
VICE-PRESIDENTE:
Nancy Martins
DIRECTOR:
Mario Carvalho
DIRECTOR ADJUNTO:
Antero Branco
REDACÇÃO:
Sandy Martins
COLABORADORES:
Debby Martins
Maria Calisto
Natércia Rodrigues
CORRESPONDENTES:
Açores
Alamo Oliveira
Edite Miguel
Jorge Rocha
Roberto Medeiros
FOTOGRAFIA:
Anthony Nunes
Ricardo Santos
Açores
Humberto Tibúrcio
INFOGRAFIA:
Sylvio Martins
Corrector
ortográfico
Natércia Rodrigues
Envie o seu
pedido para ser
Assinante
O Açoriano
4231-B, Bl. St-Laurent
Montréal, Québec
H2W 1Z4
Esta revista nasceu para o povo, cresceu com o
povo e só irá morrer quando o povo deixar de
a ler e a acolher no seu lar.
Ao longo destes nove anos, “O Açoriano”,
como havia sido expresso na altura da apresentação ao público presente na casa dos Açores do Quebeque, aonde foi lançada a primeira
edição, a sua missão seria de fazer parte da
vida dos emigrantes açorianos, (aqui residentes) para muitos é uma peça de coleção, em
cada publicação há sempre alguém que nos
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O Açoriano
aborda para dar os parabéns, felicitar por este ou
aquele artigo, evento que tenha sido publicado, ou
por uma fotografia que tenha saído na revista.
Como tudo na vida, nem sempre tem sido fácil dar
continuidade, mas os leitores merecem todo o esforço
e dedicação de toda a equipa um obrigado especial,
aos comércios que apoiam financeiramente através
da publicidade, ao Jornal a Voz de Portugal, editor
Sr. Eduíno Martins, Infografista Sr. Sylvio Martins
e diretor Sr. Mário Carvalho que
têm estado presentes desde a primeira edição.
É preciso não esquecer que é
difícil agradar a todos, e estamos
conscientes de que melhor poderia
ser feito, humildemente, vamos
continuando, dentro das nossas
possibilidades financeiras e humanas.
Aqui recordo e publico, um extrato da crónica “Haja Saúde” da
primeira edição:
“Açoriano, não irás ocupar o
lugar de ninguém, muito menos
derrubar ou ofuscar aqueles que
já existem! Tu és diferente por te
chamares Açoriano. Navega à procura dos cinco continentes, cruza
os oceanos, voa entre vales e montes, cidades e aldeias, para informar aquele que está carente de notícias da sua terra, evita as colinas,
precipícios e mares com baixios
encobertos pela maré cheia.
Navega na certeza do rumo certo.
Fala dos teus antepassados, do
presente e do futuro, fala da terra
aonde nasceu e daqueles que andaram descalços e que nunca foram
à escola, mas, souberam honrar o
nome dos seus pais, fala do filho
da terra que um dia deixou a ilha e
o mar que o embalou com destino
à ilha da saudade.
A partir de hoje, irás ser uma janela virada para o
mar azul das nove ilhas dos Açores, vais ser uma vitrina no meio desta comunidade para poder expor a
tua história, gastronomia e cultura.
Podes contar com a colaboração e desempenho
dos teus conterrâneos, amigos colaboradores e comerciantes que têm orgulho em te ajudar a crescer
e preencher o vazio que perdura muito na alma dos
Açorianos. Vi-te conceber, gerar e nascer, mas não te
quero ver morrer!”
Parabéns Açoriano e muitos anos de vida!
Gente da Terra
Haja Saúde Minha Mãe
Mário Carvalho
Levei as minhas filhas este verão, à
minha terra, quantas saudades, quantas alegrias e tristezas, mergulhadas na
chegada e na partida daquela que já foi
a minha terra, dizendo adeus, sem ter
a certeza de voltar a beijar, e, abraçar
quem um dia me deu a vida!
Haja Saúde, acabou-se o verão, foi tempo de ir e voltar, deixar a terra que nos viu
nascer e voltar à terra que nos acolheu, e,
nos deu a oportunidade de vencer! Os anos
de ausência, passados fora da minha terra,
fizeram com que eu deixasse de ser daquela
vida, para lhe dizer o último adeus, beijar
aquele rosto gelado e carregar nos meus
braços o seu corpo para a sepultura.
Quando cheguei a sua casa, procurei e não
encontrei a minha mãe, olhando os álbuns
de fotografias, recordando, o tempo que já
passou, mas, sobretudo, matando saudades
dos filhos e netos, outros familiares e amigos, ausentes, e, do seu querido António já
falecido, ou então lendo a revista O Açoriano, fazia questão que lhe enviasse cada
publicação.
Entrei na cozinha, já não havia no ar aquele cheiro da comida que só a minha mãe
sabia cozinhar, polvo guisado, com que me
terra, e, ela deixou de ser a minha terra!
Cada vez é mais difícil emocionalmente,
voltar aos dois palmos e meio de terra que
é a minha aldeia, porque num só palmo de
terra sagrada, está sepultado toda a razão da
minha existência.
“Meu querido e nunca esquecido filho,
faço votos que estas minhas mal notadas linhas te vaia encontrar de ótima saúde. Nós
por cá vamos bem graças a Deus! Marinho,
tenho tantas saudades tuas!...”. Era assim
que durante muitos anos minha mãe começava as cartas que me enviava. Nunca mais
receberei cartas assim, já não tenho quem
me escreva, já não tenho a minha mãe para
me escrever, ler os meus artigos, e, falar ao
telefone todas as manhãs!
Voltei, e, já não tinha no aeroporto, aqueles doces braços, abertos à minha espera,
aquela boca para me beijar, aquela voz para
me dizer, meu querido filho, meu amor,
como é tão bom a gente se ver outra vez!
Nunca mais terei chegadas assim! Voltei,
para ver, pela última vez o seu corpo já sem
brindava em cada chegada, se não, chicharros fritos com molho de vilão. Nunca mais
irei comer comida tão saborosa!
Chegou a noite, e, como era hábito nos últimos anos, após a morte do meu pai a vizinha, a tia Beatriz, vinha passar o serão com
ela, bateu à porta e entrou. Ela contemplou
ao seu redor e não a encontrou para conversar. Vi que não era só eu que procurava e
não encontrava, sentou-se à mesa connosco, os cinco, dos sete filhos da Veneranda.
Durante toda a noite estive esperando, para
ouvir aquelas histórias que só a minha mãe
sabia contar, que dava para escrever um livro, histórias de rir. Nunca mais irei passar
um serão escutando aquelas histórias, as
aventuras do meu avô João Tibúrcio, pai da
minha mãe!
Não é fácil falar da minha mãe, quando o
coração dói de dor e luto, quando a saudade
do seu alegre sorriso, afaga a minha alma.
Morreu uma grande esposa, uma grande MÃE, mas morreu acima de tudo uma
grande Mulher, de personalidade impar,
simples, sorridente e honesta. Ela amava a
sua terra, foi uma grande embaixatriz, nunca se cansava de dizer que a Ribeira Quente
era a terra mais linda do mundo.
Gostaria publicamente, dizer obrigado,
aos médicos e a todo o pessoal do hospital
do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, aos familiares e amigos, pelo carinho,
amizade, bondade e disponibilidade, que
acompanharam a minha mãe na sua doença!
Agradecer toda a generosidade, e simpatia, que tenho recebido neste momento
único e muito doloroso, de luto e pranto.
Não tenho palavras para dizer, um obrigado
especial, Sandra, Sónia, Eduarda, tia Beatriz e a Diana que acompanharam a minha
mãe, nesta travessia do deserto, à procura
daquela gota de saúde, que nunca chegou
a encontrar.
Mama, eis-me aqui órfão do teu amor e da
alegria do teu sorriso, dos teus lindos olhos,
dos teus conselhos. Neste momento o meu
corpo é como uma canoa à deriva, sem
leme, nem velas, sem rumo, perdi o norte e
o sul, perdi o porto de abrigo, que me acolhia, nas horas boas e difíceis da vida.
Hoje, na minha vida trocam-se os ventos,
cruzam-se os mares, misturam-se as emoções, na tristeza da tua morte e na alegria
de recordar a (minha) mãe que tu foste para
os teus filhos e de saber que havia tanta
gente que gostava de ti, que orgulho!
Fecharam-se para sempre, os teus lindos
olhos verdes que nunca se cansaram de
olhar o horizonte, à espera de ver um filho
teu voltar, nem que fosse por alguns dias!
Tua casa era uma porta aberta a todas as
horas do dia, sempre pronta a receber as
pessoas, quem lá passava sempre encontrava uma palavra amiga, sempre tiravas
tempo para ouvir e aconselhar quem te procurava, dando conforto, e uma palavra de
esperança. Que bonito sorriso, que lindos
olhos, como eras tão linda, e vaidosa!
Teu coração era um cofre que guardava o
amor e amizade, quem nele entrava nunca
mais saia. No meu peito o vento parou, o
mar sossegou em silêncio, digo baixinho,
Adeus, mãe, Veneranda que a tua alma
descanse em paz. E, agora para terminar
recebe um beijo e um abraço deste teu filho
que tanto te amou, e, te amará para sempre.
Haja Saúde, e, até um dia que Deus
queira.
O Açoriano
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Nossas Tradições
A emigração de
açorianos para as Bermudas
A descoberta da Bermuda é atribuída
ao navegador espanhol Juan de Bermúdez que lá naufragou, em 1503. Contudo,
os primeiros habitantes não se fixaram lá
devido a tal naufrágio, mas só em 1609,
quando o barco da marinha, Sir Geoge
Somers naufragou e, então, os colonos
ingleses estabeleceram-se e passaram a
ser designados por Somers Islands.
Em 1684, estas ilhas tornaram-se colónia
da Coroa Inglesa. Pouco tempo depois, chegaram trabalhadores portugueses, oriundos
das ilhas da Madeira e dos Açores, após importação de escravos negros.
A composição étnica do arquipélago das
Bermudas é 54,8% de negros, 34,1% brancos e 6,4% de mestiços. As ilhas têm uma
pequena mas crescente comunidade asiática. Um segmento significativo da população também é de ascendência portuguesa
(10%), o resultado da imigração de ilhas
pertencentes a Portugal (nomeadamente
dos Açores) durante os últimos 160 anos.
No arquipélago nao há nascentes de agua
á muita chuva, mas sem rios nem lagos de
água doce.
Todas as casas construídas em Bermuda
tem uma compilação de cisterna (depósito)
sob a casa e os telhados de todas as casas
são construídos para recuperar a água da
chuva para a cisterna. Todas as casas têm
telhados brancos que são hierarquizados
para retardar o fluxo de água de chuva e,
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O Açoriano
em seguida, canalizá-la para uma calha que
está ligada ao depósito de água. Ninguém
pode construir uma casa em Bermuda sem
uma cisterna.; por isto, a água potável tem
que ser importada e armazenada.
A emigração de açorianos para as Bermudas data da segunda metade no século
XIX. Constituídas por 150 pequenas ilhas,
das quais apenas 20 são habitadas, desde há
muito que são local de acolhimento para os
emigrantes açorianos.
A emigração para esta colónia de governo autónomo do Reino Unido reveste-se de
características específicas, nomeadamente
no que concerne à permanência definitiva
dos seus emigrantes, assim como à sua residência, apenas autorizada mediante contrato de trabalho previamente assinado.
Apesar destas especificidades a emigração
para a Bermudas registou desde sempre a
preferência de muitos açorianos, maioritariamente micaelenses. Estes fixaram-se
essencialmente, em Hamilton, capital da
Bermudas, trabalhando em áreas ligadas ao
turismo, restauração e jardinagem.
A emigração para este destino nunca registou números acima dos mil indivíduos
ao ano, como no caso de outros países, mas
se tivermos em conta as especificidades
atrás mencionadas, verificamos que registou número elevados, sendo ainda, actualmente um destino de referência.
À semelhança do sucedido com outros
destinos de emigração, foi na década de 60
e 70 que se registaram os maiores fluxos de
emigração, verificando-se um declínio após
estas décadas, com algumas oscilações.
Devido às especificidades desta emigração em que o regresso ao país de origem é
obrigatório, a comunidade dispõe de uma
escola oficial portuguesa, para que aos filhos de residentes e aos que ali nascem seja
facultada a instrução da língua e cultura do
seu pais de origem. Tal como outras comunidades promove o movimento associativo,
a comunicação social, bem como a preservação da sua identidade cultural. O carácter provisório desta emigração não impede
a comunidade açoriana na Bermuda viva
a sua cultura. O pitoresco cenário e um
clima quente fazem das ilhas da Bermuda
um óptimo “refúgio” para umas férias. O
turismo é um importante contributo para a
economia das ilhas. São quatro os símbolos
nacionais: a ave “cahow”, a flor bermudiana da família da “íris”, a árvore cedro da
Bermuda e o vegetal “cebola”.
O dólar da Bermuda corresponde, exactamente, ao dólar dos Estados Unidos da
América, que é dividido em 100 cêntimos.
Nas ilhas da Bermuda produz-se pouca
coisa, devido à escassez de solos bons para
cultivo.
O ponto culminante do arquipélago,
com 79 metros, é Town Hill, próximo a
Hamilton.
Ilhas e memória
Francisco Cota Fagundes
Professor Catedrático da
University of Massachusetts Amherst
Nossas Tradições
A memória é a faculdade que nos permite aproximar o passado onde estivemos do presente onde estamos; que nos
autoriza a selecionar o que vamos reter
então, por momentos, a pátria que nunca
teve e nunca terá.
Ao despertar – se desperta – para as potencialidades da nova terra, as Ilhas distanciam-se e ele e elas sofrem novas metamorfoses. Desta vez descobre o emigrante
e desentranha do ser não a Shangri-lá mas a
Geena. Apercebe-se, ao adentrar-se mais na
Mas sempre surge mais um dia em que a
brutal realidade do país recetor o ameaça:
o racismo (e o eugenismo que lhe impunha
uma raça a que nem sabia que pertencia),
os interesses criados deste lado por parte
dos conterrâneos, o capitalismo brutal que
precisa de carne e sensibilidades humanas
para se alimentar, a marginalização, por
vezes ostensiva e provinda do Outro. Outras vezes a marginalização é auto-imposta,
como mecanismo de defesa. Algum tipo de
fuga torna-se novamente imperativo. Para
onde fugir, porém, se já nem pátria tem?
Persistentemente para a(s) memória(s) das
Ilhas, que uma vez mais se convertem em
terra da promissão ao revés na distância
cada vez mais intransponível do tempo.
De realidades e ilusões se alimenta o emigrante ao longo da vida: as realidades de
cá (a que não pode fugir), e as ilusões de
lá (a que não se pode render, sob pena de
auto-ludíbrio e dolorosas desilusões). O
emigrante é o que vive entre dois mundos:
um pé plantado num, outro pé plantado no
outro, sem jamais poder fincar os dois pés
num só mundo. E já aí vêm das Ilhas mais
levas de emigrantes, pela mesma ou semelhantes razões de sempre: a procura de um
do que nos foi possível ou permitido vivenciar; que nos compele a unir esforços
individuais a coletivos, pois quantas memórias são formadas e partilhadas em
grupo, aproximando-nos, ao reativá-las,
de parentes, amigos, de todo um povo
que conosco partilha uma língua, uma
cultura, uma experiência histórica. A
memória é o que nos faz e mantém humanos, nos permite a amizade e o amor.
Daí o nosso medo de a perder – o equivalente de uma rasura do ser consciente.
A perda da memória é a morte em vida.
Para o emigrante, porém, a memória
pode ser tanto bálsamo como fel.
É o bálsamo que nos suaviza a dor quando, recém-chegados ao país recetor, nos
atinge a estranheza duma nova língua, de
novos hábitos quotidianos, a falta dos amigos e conhecidos, das pedras dos caminhos
que estávamos habituados a pisar. Tudo
isto se traslada para a(s) memória(s) e a(s)
metamorfoseia. Quanto mais o sofrimento
das ausências se acentua, mais as Ilhas distantes se aproximam como a Shangri-lá que
nunca foram mas passam a ser em momentos de acutilante dor. O emigrante possui
realidade em que está imerso, da irrealidade
em que viveu, do que lhe fora negado, do
que lhe haviam roubado os interesses criados. E sente-se retrospetivamente violado.
E os ressentimentos apropriam-se dele – e
as resoluções perseguem-no de nunca mais
sequer voltar. Passa a ser, emocional e psiquicamente, o apátrida, o sem-Ilhas.
êxodo libertador que raras vezes encontra
a liberdade que não há. Alguns terão mais
sorte, outros terão menos. São todos dignos
de pena. Daniel de Sá tinha razão: “Sair da
ilha é a pior maneira de ficar nela”. Embora
o destino humano seja emigrar, a emigração é um tipo de morte, destino último do
homem.
O Açoriano
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Nossas Tradições
Quando são os outros a reconhecer o
José Gabriel Ávila
Recentemente enviaram-me este link (http://www.hola.com/
viajes/2014071872577/azores-naturaleza-portugal/ ) da edição
espanhola da mundialmente conhecida Revista Hola - Hello
(versão inglesa) com este título apelativo:Azores, un bucólico
archipiélago para amantes de la Naturaleza virgen.
Para além dos destinos tradicionais que movimentam milhões
de visitantes, outros há que começam a cativar e a surpreender
cada vez mais nichos da população. Os Açores, pelo que revela a
importante reportagem da revista Hola, parece continuar na moda
dos destinos exóticos, bafejados por uma natureza virgem, onde
ainda não entraram os triturantes mecanismos do mercado mais
preocupados com o lucro fácil, muito menos com a preservação da
No leed do artigo profusamente ilustrado com magníficas paisagens de quase todas as ilhas, pode ler-se:”Esculpidas por la Naturaleza sobre el azul del Atlántico, las nueve islitas que lo forman son
perfectas para los que buscan destinos sin trillar. Espectaculares
paisajes volcánicos, playas de lava, aguas termales, avistamiento
de ballenas…, resumimos en esta galería de imágenes algunos de
sus encantos.”
Amiúde, protesta-se por se despender avultadas verbas numa determinada promoção do arquipélago, questiona-se os efeitos das
campanhas face aos resultados apurados, nestes tempos de dificuldade. É legítimo interrogar os poderes públicos sobre o bom
aproveitamento dos impostos de todos nós. Todavia, nem sempre
as campanhas são bem sucedidas. A explicação reside, muitas vezes, em lobbies organizados por grandes interesses económicos
que orientam os consumidores para áreas turísticas sobejamente
conhecidas, onde desenvolvem os seus vultuosos investimentos.
natureza, do ambiente e da cultura.
Este problema estão os Açores a viver, ao defender-se, sem mais,
passagens aéreas baratas, e se ignora os graves inconvenientes que
um desmesurado fluxo de visitantes pode provocar no frágil ecossistema das ilhas e na capacidade hoteleira instalada.
Um dia destes, duas moças suíças, confessavam que a unidade
hoteleira onde estavam instaladas, nada tinha a ver com a arquitetura rural da ilha do Pico, onde preferiam ter ficado instaladas.
No entanto, a agência em Berna tinha programado assim e nada
podiam fazer...
Este mês de agosto, tem-se notado um movimento constante de
jovens visitantes estrangeiros pelas estradas e trilhos desta ilha. A
comprovar a opção pelo turismo de natureza, cuja qualidade alguns media estrangeiros de grande tiragem têm divulgado mais
que os portugueses.
Todavia, internamente, um grande trabalho há a fazer no âmbito
6
O Açoriano
o que somos
da informação pública e no melhoramento dos locais e sítios onde
se pode apreciar a paisagem e natureza desta ilha.
Infelizmente, parece que cada serviço trabalha para seu lado: numas zonas as bermas estão cuidadas, as sebes tratadas, os mira-
douros construídos permitem o descanso do corpo e do espírito;
abundam placas sinalizadoras, explicativas dos sítios e das classificações atribuídas. Noutras zonas, é o desmazelo nas bermas da
estrada, a falta de sinalização horizontal, os buracos e covas...um
mundo à parte, relegado para segundo plano pelos poderes regio-
Nossas Tradições
nais e municipais. Nem uma placa sinalizando a paisagem protegida, um sítio classificado, um importante fato ou monumento
de importância histórica, uma baía por onde se exportava o vinho
verdelho, um escritor, um eclesiástico que se distinguiu no Oriente, enfim... tanto que há a revelar da nossa identidade.
De nada serve os serviços públicos trabalharem, isoladamente e
apresentarem serviço apenas nos locais onde estão instalados. Se
essa atitude pode proporcionar a manutenção do poder, desenvolve
sobretudo a revolta, contestação e insatisfação popular.
Que bom seria que os responsáveis políticos se sentassem à mesa
e, sem perderem a sua identidade, concertassem programas para o
bem comum, promovendo a ilha toda!...Ganhariam os visitantes e
os residentes sentir-se-iam fortalecidos no seu amor à terra.
Os Açores valem a pena, mas valem mais, sobretudo, quando
são os estrangeiros a reconhecer as virtualidades que a natureza nos proporciona.
O Açoriano
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Nossas Tradições
10ª Semana Cultural e 36º Aniversário
A Casa dos Açores do Quebeque acabou de celebrar o seu
trigésimo sexto aniversário. Para honrar tão prestigiado acontecimento, foi planeado uma semana cultural.
Esta semana cultural teve inicio quarta-feira, dia 29 de novembro
as 19 horas com as boasvindas, do presidente da Casa dos Açores,
o Sr. Benjamim Moniz. Os presentes foram privilegiados com um
belo concerto,executado pela Filarmónica do Divino Espírito Santo. O grupo Reviver,fez-nos reviver,com a apresentação duma das
mais belas tradições do povo Açoriano “as Vindimas. A atuação
do Grupo Folclórico CAQ, encantou-nos, como já é de costume.
Quinta-Feira 30 de outubro às 19h00: Manifesto - 800 Anos da
Língua Portuguesa e sua
evolução, com os conferencistas: Luiz Saraiva, poeta e escritor e
o Dr. António Pedro Costa,
Deputado da Assembleia Legislativa da Região dos Açores, Maria do Carmo Couto, Professora de Ensino da Língua Portuguesa
na Comunidade Portuguesa de Montreal. Esta noite terminou com
o Lançamento do Livro “Divino Espírito Santo em Rabo de Peixe”
escrito pela Sra. Maria Lurdes Silveira Ferreira, de São Miguel,
Açores.
Sábado 1 de novembro às 19h00: Esposição, e Apresentação Açores ÎlesRèves, ÎlesVécues, de Véronique Santos, Estudante da
Universidade
do Quebeque em Montreal. Lancamento do CD Grupo Cantares
do Mar do Norte - Dr. Antonio Pedro Costa. E, para finalizar a
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O Açoriano
atuação, do Grupo Raízes da Casa dos Açores da Nova Inglaterra,
que nos encantou.
Domingo 2 de novembro as 15h00: 36º Aniversário da Casa dos
Açores do Quebeque, e Encerramento da 10ª Semana Cultural.
Foi servido um almoço,tipo “buffet” preparado pelos membros da
Direção com delícias tradicionais dos Açores. A animação durante o almoço teve a gargo da nossa artista da comunidade Viviana
Lourenco e tambem do Grupo Raízes da Casa dos Açores da Nova
Inglaterra que vieram acompanhar a simpática Presidente Nélia
Alves Guimarães que falou muito bem sobre os nossos povos e
suas gentes.
Durante esta tarde a Casa dos Açores teve vários convidados de
Honra: o Dr. Paulo Teves, Director Regional das Comunidades;
Carlos Botelho, Director da SATA em Toronto; o Dr. José Guedes
Bleck de Sousa, Consul-Geral de Portugal em Montreal; a Sra.
Clementina Santos, Directora das Comunidades em Montreal;
Emanuel Linhares, Diretor da Caixa Portuguesa Desjardins. Guimarães que falou muito bem sobre os nossos povos e suas gentes.
Parabéns.
Nossas Tradições
Grandiosa festa
em honra de São Paulo
São Paulo, apóstolo da fé, padroeiro da Ribeira Quente, foi
festejado, em grande, pelos sócios e amigos da Associação Saudades da Terra Quebequente, no passado sábado dia 4 de outubro.
Muitos conhecem a Associação Saudades da Terra Quebequente
que foi fundada a 15 de Janeiro de 1997, e que organizam anualmente, a festa do chicharro, na Primavera, e o convivio em honra
do seu Padroeiro no Outono. Todos os anos esta sala fica sempre
num encanto quando nós entrámos na sala de Saint-Enfant- de-Je-
nunca o tinha visto, mas, posso dizer que foi uma verdadeira jóia
para todos. O mestre de cerimónia, Mário Carvalho, salientou que
a festa foi um grande sucesso e que todos gostaram da festa. Também podemos notar que a parte do jantar terminou cedo, o que
é sensacional, cada prato foi uma maravilha e com abundância,
desde o início com a entrada de carnes frias e queijo, sopa e o
prato principal com os seus famosos rosbife com batatas (e não
esquecendo o molho de cogumelos, uma coisa que eu adoro), e,
finalmente uma grande travessa de frutas frescas e pastéis de natas.
sus, deu para perceber que os organizadores desta festa, são gente
trabalhadora e unida. A sala estava muito bonita, iluminada e decorada de branco e vermelho. Os benévolos devem ter trabalhado
horas sem fim. Todos os anos, esta associação surpreende todos
com esta festa. Este ano decidi de fazer descobrir esta festa a alguns amigos da minha idade, nunca foram a uma festa portuguesa,
e, desta vez, quis apresentar uma das melhores festas em Montreal.
E, no final desta noite, todos me disseram que é realmente a melhor festa. Todos ficaram admirados, pelo excelente trabalho que
foi feito pela organização do evento.
A noite iniciou-se com as boas-vindas, proferidas por Mário Carvalho, que ao mesmo tempo apresentou a equipa que serviria durante a noite. Esta noite memorável brilhou com o seu espetacular
efeito visual, graças à decoração do salão. Luz, alegria, boa gente,
etc., tudo a módico preço para esta magnífica festa. O elenco artístico foi, sem dúvida uma das melhores com o conjunto MEXE-MEXE e o talentoso DJ XMEN, que fez delirar a mocidade.
Já ouvi falar do conjunto Mexe-Mexe (vindo de Toronto), mas
Com tudo isso na barriga, é tempo de ir queimá-las, dançando toda
a noite, com um conjunto que não quis nos deixar descansar até
ao final da noite, acompanhado do DJ XMen que fez a alegria de
todos com boa música. A mercearia Sá e Filhos deram uma garrafa
de azeite Bom Dia, para cada mesa, e foi sorteado de uma maneira
muita engraçada. Obrigado por este gesto generoso.
Parabéns ao presidente Roberto Carvalho e toda a sua equipa pela
excelente organização, mas também pela capacidade de motivarem inúmeros jovens a participar na festa. Domingo serviu
certamente de dia de descanso para os organizadores, que trabalharam muito, e talvez até para algumas pessoas que dançaram
muito. Pelo que se viu durante a festa, temos a certeza que todos
gostaram desta linda noite.
A Associação Saudades da Terra Quebequente agradece a todas
as pessoas que se implicaram durante a preparação deste grandioso
evento.
Por meu lado, agradeço aos organizadores pelo seu empenho
e dedicação durante todos estes anos, e viva a Ribeira Quente!
O Açoriano
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Nossas Tradições
Festa de Nossa
Senhora dos Milagres
Na sua vigésima segunda edição, a comissão organizadora da festa e Nossa
Senhora dos Milagres, contou com a
presidência honorária de Cristina Silva,
empresária, na área da educação.
Na sala de Nossa Senhora, completamente remodelada, a jovem Elizabeth Branco
ofereceu o terço, durante nove dias, ao que
chamamos de novena.
Nos dias em que participei, assisti a duas
ocasiões, à chegada, de grupos de peregrinos, que em sinal de sacrifício ou em pagamento de promessas, fizeram a caminhada
bas fundadoras da festa. Disse ainda que
partilhava o mandato, com a princesinha
Eva Branco-Vieira. Cristina Silva, na sua
intervenção, felicitou o trabalho desempenhado pelo jovem conselho de administração, liderado por Décio Cardoso, que tem
dado um outro dinamismo nesta agremiação.
Por outro lado ela os encorajou a se ligarem a outros, menos jovens, mas com experiência associativa, para manter um bom
equilíbrio entre as gerações. Não conseguiu
conter a emoção, quando falou da sua irmã
tendo como vocalista o talentoso Brian Ferreira, fez dançar, os devotos da Senhora da
Serreta, até altas horas da madrugada.
No domingo, a missa solene foi presidida
pelo Reverendo Padre José-Maria Cardoso, com a participação do diácono Ramos
e dos acólitos Brian e o Hugo.
A animação esteve a cargo do Grupo Coral de Santa Cruz. Logo após a celebração,
a procissão de Nossa Senhora dos Milagres,
acompanhada pela Filarmónica Portuguesa
de Montreal, percorreu algumas das ruas da
freguesia de Hochelaga, até à Associação.
Sentimos a falta da Banda de Nossa Senhora dos Milagres que habitualmente
abrilhantava estes festejos. O arraial, sempre muito divertido teve, mais uma vez, a
participação de Manuel Augusto que iniciou a sua atuação cantando à ilha Terceira
e de seguida interpretou algumas das suas
melodias que encantaram os amorosos e
a partir de Santa Cruz até Hochelaga, um
percurso de doze quilómetros.
Durante o jantar oferecido à senhora presidente, confeccionado pela Carina Toledo,
tivemos a agradável surpresa de ouvir Jason Coroa a cantar Fado.
Ele nos habituou, ao longo da sua carreira,
a cantar música clássica. Fiquei admirado
com o seu talento de fadista. A comunidade fica mais rica com outro artista que põe
em destaque a nossa canção nacional. Lisa
Rocha, agradeceu à comissão organizadora por a ter escolhido para rainha da festa.
Sentiu-se honrada, não só por representar a
juventude, mas porque a festa de Nossa Senhora dos Milagres lhe diz muito. As suas
duas avós, Leontina e Juvenália, foram am-
10
O Açoriano
Leontina Cândido, uma das fundadoras da
festa. No final, agradeceu a presença de todos, em particular ao Sr. Padre José Maria
Cardoso. Acrescentou ainda ter ficado grata pelo convite da comissão organizadora,
coordenado pela Filomena Coelho, para
presidir a festa deste ano. A abertura do tradicional do baile esteve a cargo do popular
Manuel Augusto, que se deslocou de Toronto para esta ocasião. No sábado, fomos,
mais uma vez surpreendidos, no desfile do
bodo de Santo António. O Santo já não vai
no andor, mas sim ao cólo. A parada foi
abrilhantada pela orquestra da Filarmónica
Portuguesa de Montreal, que no final, com
a cumplicidade de Jimmy Faria animaram
a assistência. O novo conjunto Evolution,
alimentou esperanças nos que amam em silêncio. A Filarmónica Portuguesa de Montreal, agora liderada pela simpática “maestrinha” Maria- -José Raposo, homenageou
o povo terceirense, grande aficionado da
festa brava, iniciaram o seu concerto tocando um magnífico “passo doble”.
Muitos parabéns à comissão organizadora, à equipa do Décio Cardoso e a
todos que trabalharam para esta bonita
festa em Louvor à Senhora dos Milagres.
Nossas Tradições
Orgulhoso da sua Fé
em Nossa Senhora do Monte
Tiveram lugar no mês de agosto as festas em honra da Nossa Senhora do Monte, padroeira da Madeira. Celebrado na
Madeira, a 15 de agosto de todos os anos,
em Montreal, na Missão Santa Cruz, a
tradição ficou a ser no Segundo domingo
do mês de agosto.
1470. Diz-se que essa lendária aparição poderia ter sucedido no reinado de D. João II
(1477-1495). O relato é da autoria de Gaspar Frutuoso ou de Henrique Henriques de
Noronha e vem narrado no verso das gravuras que representam a pequenina e veneranda imagem. Reza assim: «Há mais de 300
A história da Nossa Senhora do Monte
é especial. Não existem documentos que
fixem a data exacta da lendária e miraculosa aparição da Virgem a uma humilde
pastorinha no local, também lendário, do
Terreiro da Luta. Diz-se que essa lendária
aparição poderia ter sucedido entre Outubro de 1477 e Outubro de 1445. Existem
várias versões sobre a lenda de Nossa Senhora do Monte. O certo é que, no tempo
da Aparição, já existia, no Monte, a Ermida
de Nossa Senhora da Encarnação, mandada
construir por Adão Gonçalves Ferreira em
anos, no Terreiro da Luta, cerca de 1 quilómetro acima da igreja de Nossa Senhora do
Monte, uma Menina, de tarde, brincou com
certa pastorinha, e deu-lhe merenda. Esta,
cheia de júbilo, refere o facto à sua família,
que lhe não deu crédito, por lhe ser impossível que naquela mata erma e tão arredada
da povoação aparecesse uma Menina.
Na tarde seguinte reiterou-se o facto e a
pastorinha o recontou. No dia imediato, à
hora indicada pela pastorinha, o pai desta,
ocultamente foi observar a cena, e viu sobre uma pedra
uma pequena imagem de Maria Santíssima, e à frente desta «a inocente pastorinha
que, a seu pai, inopinadamente aparecido,
afirmava ser aquela imagem a Menina de
quem lhe falava». O pastor, admirado, não
usou tocar a Imagem e participou o facto à
autoridade que mandou
colocá-la na capela da Incarnação, próxima da actual igreja de N.ª S.ª do Monte»
- nome que desde então foi dado àquela
veneranda imagem». Voltando aos tempos
modernos de 2014, a festa da Nossa Senhora do Monte recebeu o sr.Padre Antonio
Paulo Sousa, vindo diretamente da Madeira para celebrar a missa solene da festa. Na
sua mala vinha uma mensagem do bispo do
Funchal, que sublinhava no seu texto, os
500 anos do Diocese do Funchal.
Na continuaçao da parte religiosa, a procissão teve certas difficuldades para começar a procissão a hora certa, devido a um
atrasso das forças de segurança. Mas o amor
a Nossa Senhora do Monte foi mais forte e
o povo ficou até ao fim para rezar e louvar
a sua santidade. Na parte profana, como
certas pessoas qualificaram, a festa ficou ao
encargo de artistas de origem madeirense.
O artista vedeta foi o Alex Câmara, que
soube animar a multidão no sábado à noite
e domingo á tarde. Na segunda parte da sua
atuação, ele foi acomphado por bailarinos,
que nos davam a impressão de estarmos em
Portugal. Vindo de Toronto, o cantor Décio
Gonçalves e vindo da Venezuela, o Carlos
Kanto ofereceram á multidão música, que
proporcionou ás pessoas animar o espaço
á frente do palco. E sem esquecer o rancho
folclorico madeirense de Toronto que soube apresentar as danças tradicionais da ilha
da Madeira, com um professionalismo, que
faz orgulho. Para concluir as festas em honra da Nossa Senhora do Monte, a multidão
de quebequenses, assim como de portugueses, estavam todos com um sorriso ao ver
as espetadas de carne e o famoso bolo do
caco, que fêz salivar todos e continuar a dar
fama a uma festa, que é hoje uma instituição na nossa comunidade.
Parabéns á equipa e comissão das festas da Nossa Senhora do Monte, pelas
suas paixões nas suas tradições, afim de
continuar a divulgar aos outros, sobretudo aos quebequenses.
O Açoriano
11
Congresso
25º aniversário das celebrações
do Sagrado Coração de Jesus
Este ano tivemos a honra de celebrar o
25º aniversário das festividades em honra do Sagrado Coração de Jesus, que se
iniciou em 1989. Esta festa durante muitos anos foi celebrado em grande ,com
milhares de pessoas a participar , hoje, é
muito diferente. Com uma comunidade
a envelhecer e com muitas pessoas ainda
em Portugal, esta festa perdeu muito do
seu brilho.
trela” destas festividades.
Sábado, houve as habituais atividades no
adro da Igreja Santa Cruz, com a atuação
da Filarmónica Portuguesa de Montreal,
Jimmy Faria, Jomani, Fátima Miguel e Michelle Madeira. No Domingo, após a celebração eucarística das 16h00, a procissão
saiu, assaz e enobrecida com as imagens de
Santa Cecília, de N. Senhora de Fátima, N.
Senhora da Estrela e N. Senhora dos Mi-
Apesar de tudo, e graças á comissão da
festa os presentes tiveram a oportunidade
de viver e presenciar um bom espetáculo.
Com um orçamento mais em linha com o
prestigio desta festa e com a preciosa colaboração de Eddy Silva, foi possível contratar uma grande artista, vinda de Toronto.
Seu nome Michelle Madeira, que nos ofereceu uma bela atuação. Sem dúvida a “es-
lagres e a veneranda imagem do Sagrado
Coração de Jesus, nas ruas do bairro português, (Rachel, St-Urbin, Duluth e regressando pela Clark e Rachel, acompanhada
pela filarmónica Portuguesa de Montreal,
Filarmónica do Divino Espírito Santo de
Laval e a Banda de Nossa Senhora dos Milagres.
A temperatura não estava muito prometo-
12
O Açoriano
ra nessa tarde, fizemos muitas apostas, mas
no final, perdi. Eu pensava que ia chover,…
e não choveu, isto para o grande beneficio
dos organizadores e festejantes. Muitas nuvens, é certo, um pouco fresquito pelo fim
da
tarde, mas tudo correu bem,. Uma nova
artista que está a brilhar em Toronto veio
para estas festividade, Michelle Madeira
nasceu no dia 8 de julho de 1986, em Toronto. É filha de António e Rosa Madeira
naturais, respectivamente de Vila Franca
do Campo e Portugal continental. Com
quatro anos de idade já cantava canções do
“WALT DISNEY” para uma caixa gravadora da companhia “FISHER PRICE” que
ela ciúmentamente guardava. Hoje, Michelle tem uma linda voz que faz sonhar e acalmar as saudades da nossa terra.
É claro que ela já fez 1500 espetáculos,
ganhou imensos prémios e já fez grandes
atuações através das comunidades canadianas e americanas, e já atuou no Canadian
Idol. Em 2008, ganhou o prémio de Mississauga Future Star. Em 2012 foi a grande
vencedora do concurso
Lombardi Portuguese-Canadian Singing
Festival. E, Finalmente, fez um novo álbum, Fonteiras, com 12 canções que amostra um pouquinho do seu grande talento.
Uma boa mistura entre canções portuguesas e inglesas. Uma verdadeira estrelinha
que veio dar um toque a esta festa. Obrigado pelo espetáculo e o seu sorriso que me
encantou. Durante toda a
tarde e através da noite, houve espetáculos, iniciados com Jomani, o Rancho Folclórico
da Santa Cruz e Tamar de Nazaré, Fátima Miguel e Jimmy Faria. A Filarmónica
do Divino Espírito Santo de Laval também
nos ofereceu um bom concerto. A festa
continuou ainda um pouco mais no subsolo da igreja até tarde, porque segunda-feira
sendo dia feriado, permitindo assim a todos
de recuperar forças durante o dia, antes de
voltar para as suas atividades na terça-feira.
Parabéns à Comissão das festas e a todos
que colaboraram nesta festa, que soube
reunir a simplicidade e a brilhante cultura
portuguesa neste fim- -de-semana. Confiemos para que tudo continue no mesmo caminho e até à próxima edição.
Entre o céu e o mar
Uma coisa não dá pra negar: a todo
tempo estamos sendo avaliados pelas
pessoas que nos rodeiam.
Nesse sentido, especialistas asseguram
que temos apenas 30 segundos para causar
uma boa impressão. E se a gente refletir
sobre, como a gente se comporta num primeiro encontro, vai ver como isso é verdade. Acontece quando entramos numa casa,
hospital, escritório, num avião, etc. Observamos, e, a primeira impressão é, que nos
leva a nos sentirmos bem ou mal, gostar ou
não, e, de ter vontade de voltar ou não.
Certamente que todos nós fomos testemunhos destes géneros de acontecimentos que
nunca pensamos um dia, viver um momento assim nas nossas vidas, sejam eles bons
ou maus, momentos de alegria ou de tristeza, de medo ou até de terror.
Sem querer dramatizar o que vivi, e, certamente que cada um viveu e interpretou
à sua maneira, o que sentiu, cada um dos
passageiros do voo da Sata Internacional,
fazendo a ligação Montreal, Ponta Delgada
do dia 15 de agosto passado!
Não sei por que razão o ar condicionado
não funcionava no interior da aeronave
Airbus A310, com o avançar da viagem,
cada vez era mais insuportável e até sufocante, ao ponte de algumas pessoas terem
desmaiado e ter sido pedido ajuda médica através do sistema de comunicação do
avião! Felizmente havia um médico (Canadiano) a bordo que prontamente prestou
auxilio e socorro às duas mulheres que se
sentiram aflitas, certamente que tranquilizou muitos outros passageiros, que poderiam a vir a ser também eles vítimas de uma
crise de pânico, pela falta de ar e calor que
se fazia sentir. Cada vez mais as pessoas
estavam a reclamar pelo desconforto que
causava esta situação anormal, nenhuma
ação foi tomada para remediar tal situação.
Vendo isto chamei a atenção de um agente
de bordo para lhe alertar que eles deviam
servir água aos passageiros, para confortar
Congresso
as pessoas, respondeu-me em tom de brincadeira “a água estava cara e no fundo do
avião o bar estava aberto!”.
Como é sabido há pessoas que tem medo
de andar de avião ou então de incomodar o
passageiro do lado.
Informei-lhe que iria relatar publicamente
o que estávamos a viver, aquilo que qualificava uma viagem entre o mar e o inferno,
não por razões meteorológicas, minutos
depois, a chefe de cabina, prontamente se
aproximou para dizer que não era justo da
minha parte, falar assim para com a equipa
a bordo, dizendo que nem tiveram tempo
mais recentes acidentes de aviões neste ano
de 2014.
Talvez por esta razão me senti mais
apreensivo no interior do avião da Sata,
mas, como diz um ditado antigo, um mal
nunca vem só, e, muitas vezes a sua amplificação é o resultado da falta de liderança e
o saber tomar o controlo dos acontecimentos menos favoráveis ou imprevistos, como
dizem os brasileiros “é preciso saber dar a
volta por cima”, mas, isto já é um defeito
da nossa gente portuguesa, o não querer
assumir as suas responsabilidades, quando
falham, e, o cliente demonstra o seu desa-
para comer! Imaginam, depois da refeição
servida (2 horas de voo) nem mais uma
gota de água foi servida durante (3 horas)
com um ambiente de ar sufocante!
Mais tarde tive conhecimento, que uma
mãe e o bebé haviam sofrido queimaduras
devido a um acidente causado por um dos
agentes de bordo. Tendo em mente o que
acontece quando há um desastre aéreo, e,
que o avião aonde estou fechado durante
várias horas, a milhares de metros de altitude, não está a funcionar bem (ar condicionado), faz pensar ao pior, deixa-nos todos
apreensivos, e, vem à mente as mais diabólicas ideias de medo, e, sobretudo quando
ainda estão presentes na nossa memória, os
grado, pelo serviço recebido. Infelizmente,
em tempo de crise, continuam com a mesma arrogância, esquecendo de que quem
paga tem o direito de reclamar, e, exigir
aquilo que tem direito.
Se por ter peso a mais na bagagem tenho
que pagar! O que devo fazer logo que não
recebi o serviço pelo preço que paguei?
Para terminar, podem ter a certeza que os
Açores e a Sata, hoje precisam mais dos
Emigrantes do que nunca, e, quando este
monopólio da Sata, nas viagens aéreas deixar de existir muitos dos seus funcionários
irão para o desemprego.
Eu nasci assim, cresci assim e irei morrer assim!
O Açoriano
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Olhar Açores
Açores, verão e férias
Serafim da Cunha
Professor e Conselheiro Pedagógico aposentado
Natural da Graciosa, residente em Woburn, Mass., EUA
Com a chegada do tempo ameno, apetecido já há muitos meses, os açorianos residentes na América do Norte anseiam pelo
dia em que a SATA os levará às ilhas açorianas, calmas, de mar
azul forte, de água temperada e transparente de uma beleza
invulgar. Contudo, cada vez se torna mais difícil levar a família
a passar umas férias na terra que a viu nascer, onde se sentem bem, amam, e nunca esquecem. Embora as dificuldades
financeiras sejam conhecidas de todos, o afeto à ilha supera os
obstáculos.
Todo o processo começa nos primeiros meses do ano para garantir um lugar, já que os voos estão sempre cheios. Se se pretende
que as crianças e, mesmo os jovens fiquem juntos, com os familiares, têm de pagar uma quantia extra. Nunca se viajou tão caro
na SATA. Com o preço abusivo da passagem, mais o excesso de
bagagem, que aumentou mais de 300%, mil dólares não dá para
pagar o custo de uma só passagem.
O governo regional sabe quanto a gente açoriana gosta da sua
terra, porém nada faz para reduzir o custo das passagens. “Os voos
estão sempre cheios”. Torna-se necessário pensar em alternativas à
SATA e à TAP. Se cinquenta por cento (50%) da gente na diáspora
não escolher os Açores para férias no verão, isso aluiria o orçamento das companhias que nos têm explorado. Contudo, a SATA
necessita de nós, porque a sua condição financeira é muito questionável.
Depois de um voo empacado de gente, como “sardinha em lata”
a aterragem acaba em palmas, e desperta-se para a alegria da chegada, com sorrisos e abraços amigos. A agitação começa com a
tomada dos táxis, ou transportes de amigos e familiares, que com
prazer, disseminam os passageiros pela ilha, bem como a SATA
Açores, que transporta os restantes às outras ilhas. Há os que optam por viajar interilhas nos ferryboats.
Cada vez mais a gente dos Açores na diáspora tem menos familiares na ilha, contudo continua a visitá-los permanecendo nos hotéis e residenciais. Participam em todas as festividades, dispersas
pela ilha. Há os que preferem relaxar, e apreciar a paisagem, diversificada e única, a gastronomia, que na sua maioria é orgânica, especialmente o peixe, pescado na madrugada do dia em que vai ser
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O Açoriano
consumido. Também há quem aproveite a calma e a serenidade do
mar para na praia ler obras dos jovens escritores portugueses, ou
até dos mais amadurecidos, que na sua maioria ignora o novo acordo ortográfico. Para o leitor comum é paradoxal pensar que os que
deviam dar o exemplo no uso do novo acordo são os primeiros a
menosprezá-lo, indicando que este não é mais do que um conjunto
de acentos sem importância. Esta negação só confunde o cidadão
comum. Contudo o acordo ortográfico já é exigido e ensinado no
sistema escolar português. No próximo ano escolar (2014-2015), e
de acordo com o Ministério da Educação, os alunos e as alunas vão
ser testados no mesmo, inclusivamente os do décimo segundo ano,
no exame nacional de língua portuguesa. O tempo amadurecerá os
preconceitos estereotipados para com o acordo.
As condições de lazer nos Açores são tão relaxantes que o tempo
parece voar, encurtando os dias, onde o tempo da pesca de mergulho ou calhau, da praia, da leitura, ou até mesmo da pintura, se
dissipa demasiadamente rápido. Assim o açoriano regressa ao país
de acolhimento, com mais energia positiva, e otimismo, para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia da vida agitada e competitiva.
O otimismo leva-o a acreditar que nos próximos anos os Açores terão um desenvolvimento maior, sólido e enriquecedor para
todos os residentes. As negociações entre os EUA e a UE, que
presentemente estão em curso, levarão a um acordo, comercial e
industrial entre os dois continentes, dando vida à posição estratégica dos Açores.
Os portos na plataforma atlântica, Açores, podem originar centros de abastecimento de combustível, de géneros alimentares,
ou de transbordo de mercadorias entre navios de carga de todos
os tipos, mas com rotas diferentes. Para que tal aconteça, hoje o
governo regional já deve ter um plano devidamente estruturado e
desenvolvido, por técnicos internacionais e nacionais especializados e experientes na área. O governo regional não se pode deixar
manipular pelo governo nacional, para que não aconteça o mesmo
que aconteceu com as pescas e a agricultura, há algumas décadas.
Os representantes açorianos no parlamento europeu têm de
ser conhecedores profundos desta matéria, para que apartidariamente possam defender os interesses dos Açores. Estes
não se podem intimidar, com a retórica dos colegas dos ouros
países, que lutam persistentemente para levar aos seus países
as melhores vantagens, de que o país e o seu povo possam vir
a beneficiar.
Gastronomia
Açorda mista de
Peixe e Marisco
ingredientes:
- 1 pão caseiro tipo alentejano
- 1 ramo de coentros
- Azeite
- 2 alhos grandes picados
- 1/2 embalagem
de marisco misto
- Camarão médio q.b.
- Delícias do mar q.b.
- 2/3 lombos ou
filetes de pescada
- Sal e piripiri q.b.
preparação:
Comece por passar, por breves minutos, o marisco e o peixe por
água a ferver. Retire e escorra bem, guardando a água da cozedura.
Num tacho de barro, leve os alhos ao lume no azeite até ficaram
bem alourados.
Depois, junte ao azeite a água da cozedura do peixe e marisco.
Quando levantar fervura, junte o pão já partido aos pedaços não
muito grandes e a metade dos coentros.
Deixe cozinhar por 5 minutos para depois juntar o peixe e o marisco. Tempere a gosto com sal e piripiri.
No final, junte as delícias do mar aos pedacinhos, envolve tudo
muito bem e desligue o lume.
À parte, bata muito bem dois ovos ou gemas, como preferir, e
junte à açorda, mexendo muito bem. Decore com uns camarões à
volta da travessa de barro e salpique com coentros picados. Sirva
de imediato.
O Açoriano
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Quem são eles?
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O Açoriano