Percepção da configuração prático
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Percepção da configuração prático
gens | Design | Lingua 3 Transversalidade T I R D A S E l a n o i c n u -f o ic t á pr ão ç ra s¹ u Edilene Leandro de Brito ig vei f n ó Graduada em Design pela o m c Universidade Federal de Pernambuco a uto d o ea ã Gabriela Sousa Ribeiro pç is d e Mestre em Design pela Universidade c da r Federal de Pernambuco Pe pe de 3 Resumo Este trabalho propõe avaliar a percepção da configuração práticofuncional de usuários quanto ao uso dos artefatos pedais de automóveis, referente ao formato, tamanho e espaçamento entre sete modelos populares utilizados como viaturas policiais. A pesquisa, conduzida a partir dos métodos descritivo e explicativo, baseada em revisão bibliográfica e técnicas de observação, descrição, comparação, análise e síntese e levantamento físico, além de entrevistas e questionários, foi realizada junto a motoristas policiais de um Batalhão da Polícia Militar, em Pernambuco. Foram identificadas dificuldades entre os pesquisados em perceber o pleno funcionamento dos pedais, proveniente em ser o pedal um artefato sem ligações emocionais na hora da escolha do carro e no seu uso. Além dos problemas inerentes do produto pedal, outros fatores de interferência foram identificados como o sapato dos militares, o coturno. Avalia-se ser o pedal do carro um artefato que necessita ser mais estudado para interferências mais concretas.1 Palavras chaves: configuração prático-funcional, pedais de automóveis, coturno. Abstract This study proposes to evaluate the perception of users’ practicalfunctional configuration, regarding the use of automobiles’ pedals, referring to the shape, size and spacing between seven popular cars models used by the police force. The survey, conducted from the descriptive and explanatory methods, based on bibliographic review and observation, description, comparison, analysis, synthesis and physical survey techniques, as well as interviews and questionnaires, was managed among drivers of a Military Police Battalion, in Pernambuco. Difficulties were identified among those surveyed in 1 Este artigo é fruto de pesquisa orientada pela Profa. M.Sc. Gabriela Sousa Ribeiro, durante suas atividades junto a Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste. 3 TR Jun IA /20 noticing the full operation of the pedals, because they’re an artifact without emotional attachments when it comes to choosing and using the car. Besides the problems inherent the pedals, another interfering fact was identified as the shoes of the military wear, the combat boots. The cars’ pedals were evaluated as artifacts that need to be further studied, in order to suffer more concrete interferences. Keywords: practical-functional configuration, cars’ pedals, combat boots. DE 14 S 1 TR Jun IA /20 1. Introdução A indústria automobilística, há décadas, investe em pesquisa de mercado e, a cada novo lançamento, a propaganda ressalta nos modelos as inovações estéticas e simbólicas, mesmo quando se refere à potência dos motores, porque o carro, há muito tempo, se tornou um objeto de desejo. Paralelo ao crescente desejo do consumidor em adquirir um automóvel, está o aumento em acidentes, envolvendo as mais diversas causas, e, muitas vezes, com vítimas fatais. A legislação de trânsito brasileira busca coibir algumas práticas de motoristas e também orienta as montadoras com itens obrigatórios como cinto de segurança em todos os modelos. Em relação aos pedais do carro, a lei volta-se ao motorista e penaliza com multa quem não estiver usando um calçado firme ao pé (CONTRAN, 2010). A falta de especificações quanto ao tipo de calçado deixa uma brecha para ser guiada pelo bom senso do motorista ou do agente de trânsito. Mesmo sendo um artefato com uma linguagem simbólica imensa, várias empresas adotam automóveis populares como item indispensável para a execução das tarefas, como é o caso de um Batalhão de Polícia Militar, em Pernambuco. As viaturas são carros de modelos utilizados pela população civil, mas identificados com a marca da corporação para o serviço da segurança pública. O valor simbólico embutido no carro, a legislação de trânsito, os altos investimentos em pesquisa de mercado promovido pela indústria automobilística para captar percepções dos consumidores, a utilização do carro como ferramenta de trabalho e, em especial, as controvérsias da função prática do pedal gerou o problema desta pesquisa buscando responder quais aspectos interferem negativamente no uso dos pedais de carros utilizados como viaturas policiais: a configuração dos pedais (não se considera o sistema ao qual ele faz parte, mas formado, espaçamento e altura) ou é apenas o calçado (coturno), segundo a percepção dos motoristas policiais? Busca-se assim, neste artigo, avaliar as percepções dos consumidores na função prática quanto ao uso dos artefatos pedais de automóvel, durante a realização de suas atividades como motoristas policiais. DE 14 S 2 TR Jun IA /20 A partir da revisão bibliográfica foi identificada uma carência de estudo nesta área. Há muitas pesquisas quanto à parte mecânica e valores simbólicos, mas a função prática dos demais artefatos que compõe o carro e, em específico, os pedais, não. Para coleta de dados e pesquisa de campo, este trabalho apoia-se em outros procedimentos metodológicos, além do bibliográfico, compreendendo nos métodos descritivo e explicativo. Técnicas como observação assistemática, descrição, análise e síntese, levantamento físico e comparação auxiliaram na condução da pesquisa com vistas a obter as respostas almejadas. Esta última técnica teve maior enfoque na análise dos dados com a aplicação de questionário estruturado junto à amostra escolhida, a partir de perguntas abertas. Um questionário inicial foi aplicado a uma pequena amostragem de sete policiais motoristas para os devidos ajustes ao questionário final respondido por 84 policiais de um Batalhão da Polícia Militar, em Pernambuco. A apresentação da pesquisa está distribuída, a partir da introdução, com uma breve revisão bibliográfica, compondo a segunda parte deste artigo, comentários sobre a legislação de trânsito, aspectos dos pedais do carro, do calçado coturno. Em seguida, a revisão bibliográfica foca a percepção do consumidor e as estratégias da indústria automobilística na configuração da função simbólica. A terceira parte contém os procedimentos metodológicos e a justificativa da escolha da amostra pesquisada. A quarta parte compreende os resultados e análises da pesquisa de campo ilustradas com gráficos e imagens. Segue-se, como quinta parte, a conclusão possível com a pesquisa de campo compatível com a fundamentação teórica. Para o acesso às informações contidas neste trabalho, as fontes pesquisadas estão nas referências bibliográficas e o artigo finaliza com o agradecimento aos respondentes de um Batalhão da Polícia Militar, locado em uma cidade de Pernambuco. DE 14 S 3 TR Jun IA /20 2. O artefato pedal veicular e suas relações As pesquisas bibliográficas feitas sobre o tema pedal apontou pouca literatura sobre o assunto. Os pedais do carro, relativos aos dispositivos para acionamento de embreagem, freio e aceleração, quando mencionados, são apenas para descrever o momento em acionar a parte mecânica. Os estudos concentramse no funcionamento do sistema de embreagem/freio/aceleração apresentando eficiência ou deficiência na parte mecânica. Apesar de muito pouco ser mencionado quanto ao uso específico do pedal e sua relação com o motorista, se há ou não interferência no desempenho no ato de dirigir e acionar os sistemas de embreagem, velocidade e freio, Santos e Costa Neto (2007) afirmam que o sistema de acionamento da embreagem está diretamente relacionado com conforto e ergonomia do veículo. Formato, tamanho e espaçamento não são considerados. Ao longo dos anos, a experiência do motorista transforma o ato de dirigir em algo mecânico e, ao se trocar de carro, é necessário se readaptar às configurações colocadas por cada fabricante em seus distintos modelos veiculares. Santos (2006) lembra que cada fabricante de automóvel e caminhão tem um modelo específico para o pedal, cilindro mestres, auxiliares, tubulações, garfos de acionamento, discos e platôs de embreagem. O autor foca sua pesquisa no desempenho mecânico do sistema de embreagem de caminhões leves, mas faz uma rápida relação com o tamanho dos pés (diferencia em gênero) com os pedais, afirmando que o curso do pedal depende da distância da cadeira. 2.1 O calçado e o uso dos pedais O código de trânsito brasileiro nos artigos 103 a 105 trata sobre os itens de seguranças que as montadoras nacionais e internacionais são obrigadas a colocar nos veículos. Quanto aos pedais, não fazem referências, mas em seu artigo 252, inciso IV, considera infração média e penaliza com multa o motorista DE 14 S 4 TR Jun IA /20 que estiver “usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa a utilização dos pedais” (CONTRAN, 2010). Não há um detalhamento sobre qual tipo de calçado é ou não é firme aos pés ou o que pode comprometer o acionamento dos pedais e deixa sobre a responsabilidade do agente de trânsito definir o tais critérios no momento da fiscalização. Para este artigo, o sapato analisado em uso com os pedais é o coturno utilizado pelos militares. Segundo Martins e Melo (2005), o coturno no formato atual foi criado no século XVII e, mesmo com modelos e tecnologias mais avançados, segue a mesma estrutura rígida, porém, adéqua-se ao código nacional de trânsito em firmarse no pé. Os pedais são alavancas geralmente suspensas na parte inferior do carro e são acionadas pelos pés do motorista. Suas funções são acionar a parte mecânica da embreagem, freio e aceleração (KAWAGUCHI, 2005). Kawaguchi (2005) faz uma análise quanto à avaliação de consumidores de carro de passeio sobre o uso do pedal de freio e sua resposta com a parte mecânica do veículo. O autor afirma o erro na metodologia das pesquisas das montadoras, e por isso, as respostas dos consumidores e revistas especializadas são vagas e subjetivas não fornecendo aos departamentos de marketing e planejamento de produto informações consistentes para o desenvolvimento satisfatório ao consumidor de veículo de passeio. Gillespie (1992) levanta a importância da ergonomia do pedal do freio para a sensação no sistema de frenagem. Ainda sobre a relação formato do pedal e qualidade no sistema de frenagem, Markus (1999) mostra que pedal com tamanho maior responde com mais eficiência em veículos com freio de disco nas quatro rodas. A análise feita por Kawaguchi (2005), mesmo sendo específica para o pedal de freio, pode ser estendida para os pedais de embreagem e aceleração. Quando menciona a falha nas pesquisas de mercado das montadoras reforça as afirmações de Bürdek (2006) e Heskett (2006) no foco da indústria automobilísticas na busca de informações para o desenvolvimento das funções simbólicas e estéticas. Para analisar a função prática é necessária pesquisa específica. DE 14 S 5 TR Jun IA /20 De acordo com Lojacono e Zaccai (2004), isto ocorre em produtos que não possuem ligações emocionais. Geram, com isso, dificuldades na coleta de informações pelas pesquisas de mercado voltadas a desenvolvimento e aprimoramento de produtos. O consumidor, simplesmente, não sabe opinar porque não percebe a função. A ligação emocional do consumidor está no carro como um todo, os pedais passam despercebidos. 2.2 Função percebida do artefato carro Para perceber é necessário sentir. Esta afirmativa resume o processo de escolha do consumidor apresentado por Solomon (2002). Enfatiza o autor da necessidade das campanhas de marketing estimular os cinco sentidos do público-alvo. Porém, o marketing, ao apresentar o produto, este deve conter na sua configuração os estímulos básicos de cor, luz, som, odores e texturas, conforme menciona Löbach (2001), Bürdek (2006) e Heskett (2006). Na configuração de produtos, as funções prática, estética e simbólica estão presentes, entretanto, uma função pode sobressair em relação às outras e o mesmo produto em seu redesign sofrerá alterações de valores em sua configuração, de acordo com o entendimento de como uma sociedade vive em um determinado espaço de tempo que este produto esteja sendo criado ou em processo de redesign (LÖBACH, 2001). Para traduzir nos artefatos uma linguagem a expressar os desejos dos consumidores, a indústria investe em pesquisa. Isto reflete no desenvolvimento de produtos com melhor posicionamento no mercado. Para Bürdek (2006), é o carro que melhor representa um artefato com informações geradas da observação e compreensão do que deseja o consumidor. A indústria automobilística analisa as percepções sentidas das experiências com produtos já existentes e, a cada modelo lançado no mercado, há destaques para novas percepções estimuladas pela propaganda e com as experiências dos tests drives nas concessionárias. No automóvel, as funções simbólicas e estéticas sobressaem na percepção. A importância para a função simbólica do carro é uma DE 14 S 6 TR Jun IA /20 estratégia antiga da indústria automobilística. A análise feita por Heskett (2006) do modelo Cadillac “Eldorado” e seu rabo de peixe dos anos de 1950 exemplifica o quanto as necessidades simbólicas moviam os consumidores a adquirirem o automóvel naquela época. “Eles [os Cadillacs Eldorado] eram uma imagem da riqueza e do poder” (HESKETT, 2006, p. 184), mesmo apresentando deficiências funcionais notórias, uma delas, o alto consumo de gasolina, mesmo assim, por status, ninguém questionava e era o carro dos sonhos dos norte-americanos. A percepção de valor simbólico e também estético ainda permanece no consumidor na escolha do automóvel. Pouco analisa as questões funcionais de itens importantes. O automóvel é um composto de vários outros produtos (bancos, portas, faróis, volante, painel, rodas, entre outros artefatos) e alguns têm maior atenção do consumidor do que outros. No caso dos pedais, é um item ligado a parte mecânica do carro e na pesquisa realizada para este estudo, o grupo entrevistado teve dificuldades em analisar a função prática do objeto em foco na sua totalidade. 3. Procedimentos Metodológicos Para a elaboração deste artigo, dentro dos procedimentos científicos, buscou-se uma análise entre os procedimentos metodológicos possíveis a serem aplicados. Para melhor compreensão e explanação das justificativas referentes às escolhas, dividiu-se este item quanto ao método e à técnica, e, quanto ao universo e amostra pesquisada. 3.1 Quanto ao método e à técnica Foram utilizados os métodos bibliográfico, explicativo e descritivo nesta pesquisa. Conforme Vergara (2003), o método bibliográfico possibilita uma análise sistematizada sobre o assunto estudado e as fontes são livros, revistas e outras publicações. A mesma autora afirma que para a utilização do método explicativo, DE 14 S 7 TR Jun IA /20 necessita-se do método descritivo como base de suas explicações. Os métodos escolhidos auxiliaram na elaboração da fundamentação teórica (bibliográfico) e na análise da pesquisa de campo (descritivo e explicativo). As técnicas escolhidas para este estudo foram: • Observação assistemática: para a estruturação dos questionários foram recolhidas e registradas informações e fatos de maneira informal (Marconi; Lakatos, 2004) juntamente com relatos dos policiais motoristas e outros condutores fora da PM, que auxiliaram a estruturação dos questionários. • Descrição: foi-se questionado quanto ao tamanho e espaçamento entre os pedais • Comparação: os pedais dos veículos analisados são comparados para identificar os modelos mais apreciados e os menos apreciados entre os entrevistados. A tabela 1 descreve os modelos pesquisados. • Análise e síntese: todos os dados passaram por análise e buscou-se sintetizar as informações de forma coerente e imparcial. • Levantamento físico em nível dos equipamentos: os policiais entrevistados analisam quanto ao espaço reservado para os pedais em condições de uso. • Entrevistas e a aplicação de um questionário junto aos policiais motoristas, com intenção de confirmar os dados anteriormente levantados e se aprofundar no assunto. 3.2 Quanto ao universo e à amostra pesquisados O universo pesquisado foi os motoristas da Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE), com número estimado em PMs habilitados na função em todo o estado em 3.796 motoristas. A frota da PMPE é de 2.823 viaturas. A amostra compreendeu 98 motoristas entrevistados após a chegada do plantão de 12 horas, locados DE 14 S 8 TR Jun IA /20 em um Batalhão da Polícia Militar, em Pernambuco. O número da amostra compreendeu três dias de entrevistas nas trocas do plantão permitindo ao motorista PM a escolha em responder ou não o questionário. A limitação de dias obedeceu ao acordo entre as pesquisadoras e o comando do Batalhão pesquisado. A frota para a amostra foi 39 viaturas. A escolha pelo grupo deu-se pelos seguintes fatores: • Todos os entrevistados usam o mesmo tipo de calçado, o coturno, calçado desenvolvido para ser fixo no pé e de solado antiderrapante, que faz parte do uniforme dos pesquisados (FIGURA 1). • A frota de viaturas são carros sem adaptações, em especial, nos pedais, e são modelos populares usados pela população sem sistemas automáticos. • Os militares dirigem vários modelos e vários carros do mesmo modelo. • O plantão varia de 12 a 24 horas para o motorista. Possibilita para a pesquisa um período longo na sequência ao ato de dirigir. • Todos dirigem em diversas condições de velocidades, estresse e estradas (autoestrada, área urbana com ruas calçadas, esburacadas, asfaltadas, solo batido, entre outros). Figura 1: PMs em serviço calçados com coturno. Fonte: acervo das autoras (2010) DE 14 S 9 TR Jun IA /20 Quanto à frota, está distribuída de acordo com a Tabela 1: Tabela 1 - Frota Batalhão da Polícia Militar estudado Quantidade 13 21 01 01 01 01 01 Modelo Parati S-10 L-200 Gol Pálio Sprinter Bandeirantes Fonte: Batalhão estudado, 2010 Fabricante Volkswagen Chevrolet Mitsubishi Volkswagen Fiat Mercedez Toyota Ano 2010 2008 2007 2006 2003 2001 2000 3.3 Quanto à aplicação de entrevistas e questionários Após análise dos dados por meio da revisão bibliográfica acerca do tema e da coleta dos dados a partir das primeiras técnicas supracitadas, foram elaboradas perguntas abertas e aplicadas a sete motoristas da amostra. Esta primeira fase possibilitou a estruturação do questionário a ser aplicado. Elaborado o questionário, outros sete policiais motoristas foram selecionados para a aplicação do pré-teste. A partir da análise das duas primeiras etapas dos questionários, percebeu-se a necessidade de reformulações nas questões, foi, então, elaborado o questionário com perguntas fechadas e abertas e aplicado com 84 motoristas. A abordagem final ocorreu entre as trocas de plantão na sede do Batalhão estudado entre os dias 08 e 10 de junho de 2010. 4. Resultados e discussões Alguns dados foram recolhidos como possíveis informações para análises mais aprofundadas compreendendo: • O tamanho do calçado: 26% calçam 41; 25%, tamanho 40; DE 14 S 10 TR Jun IA /20 18% usam 38; 16%, 42; 8% têm o pé tamanho 43; 4% são 44; 2% usam sapatos 38 e apenas 1% dos entrevistados é acima da numeração 45. • Tempo de habilitação: 43% dirige de 0 a 9 anos; 41% dos entrevistados têm de 10 a 19 anos de habilitação; 14%, de 20 a 29 anos; 1% está habilitado há mais de 30 anos e 1% não soube responder. • Quantidade de modelos que já dirigiram na vida: 1 a 5 modelos, 16%; 6 a 10 modelos, 50%; de 11 a 15 modelos, 14%; 16 a 20, 5%; acima de 21 modelos, 2%, e 13% não souberam responder. Quanto ao tempo de serviço na corporação como motorista, os dados foram os apresentados no Gráfico 1: Gráfico 1 – Tempo na função motorista como policiais Com a abertura de concurso e o aumento do número de efetivos na corporação, justifica-se 42% dos entrevistados estarem na função motorista há 1 ano. Para isso, as informações complementares, como tempo de habilitação, número de modelos de automóveis que os entrevistados dirigiram durante a vida e a dinâmica do desempenho na função profissional, validam o grupo para esta pesquisa. Para certificar-se do tipo de calçado usado em serviço, 100% dos entrevistados afirmaram utilizarem o coturno ao dirigir as DE 14 S 11 TR Jun IA /20 viaturas e 43% responderam já ter dirigido os modelos utilizados na PMs com outro tipo de calçado. Dentre esses 43%, foi questionado quanto à diferença no uso do pedal com outro tipo de calçado. Os resultados estão no Gráfico 2: Entre os entrevistados, 36% afirmaram que outro sapato é melhor para o uso dos pedais. Somados aos outros percentuais, observa-se que o coturno interfere no uso dos pedais. O Quadro 1 apresenta os carros mais utilizados na corporação, sendo a Parati, fabricante Volkswagen, o modelo de mais acesso entre os motoristas. Gráfico 2 – Mesmo modelo das viaturas, mas usando outro tipo de calçado Quadro 1 – carros mais utilizados pelos motoristas do Batalhão pesquisado DE 14 S 12 TR Jun IA /20 Dos entrevistados, 65% afirmaram já ter dirigido os mesmos modelos das viaturas, porém, de anos anteriores. Do grupo que assinalou positivo, 57% não percebeu se há diferença e 43% afirmaram ter percebido mudanças nos pedais. Dos 43%, esses foram questionados quanto à percepção da evolução do produto e o desempenho no uso dos pedais ficando os seguintes percentuais, conforme Gráfico 3: Gráfico 3 – Percepção da evolução e desempenho dos pedais no mesmo modelo de anos diferentes O fato de 44% nunca ter reparado nos pedais entre os modelos de anos diferentes, somado aos 57% que não perceberam diferença entre os mesmos modelos de veículos de anos anteriores, comprovam a teoria que os pedais dos veículos são artefatos sem ligações emocionais e, assim, dificulta a opinião do consumidor. Para uma análise comparativa dos dados, os resultados dos gráficos 4, 5 e 6 concernem aos aspectos físicos dos pedais e são apresentados simultaneamente: DE 14 S 13 TR Jun IA /20 Gráfico 6 – Quanto à distância DE 14 S 14 TR Jun IA /20 Há o mesmo percentual de 49% ao formato e ao tamanho: os entrevistados consideram bom e correto, respectivamente. Em relação ao formato, os percentuais relativos a perfeito, muito bom e bom fornecem respostas satisfatórias ao artefato para este item. Em relação ao tamanho, 15% responderam nunca perceber e 25% considera o tamanho pequeno. Referente à distância entre os pedais, o percentual dos que nunca perceberam torna-se maior: 35% contra 23% que considera a distância perfeita. A atenção fica nos percentuais referente à falta de percepção quanto aos três itens pesquisados. Os dados gerados nos gráficos 5 e 6 despertam para uma maior necessidade de avaliação do produto. Dentro da função prática, o pedal deve atender às exigências plenas de funcionamento por questões de segurança. Para isso, perguntou-se se o pé já enganchou no pedal. O resultado está no Gráfico 7. Os motivos dos engates estão no Gráfico 8. Gráfico 8 - Motivos apresentados pelos motoristas porque o pé enganchou no pedal DE 14 S 15 TR Jun IA /20 Apenas 29% afirmaram ter o pé já enganchado entre os pedais. Entre os motivos apresentados pelos motoristas dos que já tiveram o pé enganchado, há razões inerentes ao próprio pedal (29% referem-se ao espaço pequeno entre os pedais e 12% mencionaram o desgaste do produto); 21% mencionam outro artefato que compõe o carro (o tapete) e outros 13% afirmaram a tensão no momento da ocorrência, ou seja, pressões psicológicas provocadas no desempenho da função como policial. Outra pergunta referente ao pleno funcionamento foi se o pé escorregou dos pedais. A maioria, 61%, respondeu sim. Os motivos estão no Gráfico 9. As respostas geradas no Gráfico 9 foram a partir de uma pergunta aberta. Entre os problemas apontados, alguns são específicos do pedal, outros do coturno, além de outros motivos, como a tensão para atender a ocorrência. O maior percentual ficou com o coturno molhado, 31%. Se o calçado militar foi desenvolvido para ser antiderrapante, molhado não atende a esta função prática, porém, o pedal também não oferece atrito o suficiente para evitar que o pé escorregue. Os pedais de cada um dos automóveis utilizados como viaturas foram fotografados e alguns já apresentam desgaste justificando as informações dos entrevistados conforme a Figura 2. DE 14 S 16 TR Jun IA /20 a) Parati – 2010 b) Sprinter - 2001 c) Gol – 2006 d) L-200 – 2007 e) S-10 – 2008 f) Pálio – 2003 g) Bandeirantes - 2000 Figura 2 – pedais dos veículos utilizados como viaturas pelo Batalhão estudado. Fonte: acervo das autoras (2010) Os pedais têm tamanhos e espaçamentos diferentes. Alguns como Gol, Pálio e L-200 já apresentam sinais de desgaste. Os entrevistados ficaram livres para assinalarem quais modelos apresentavam os melhores pedais. A Parati, Sprinter, L-200 e S-10 foram assinaladas como melhores. Menos de 50% dos entrevistados tem acesso ao modelo Bandeirantes. Dos que dirigem este carro, todos consideraram o pior pedal. A Parati e a Sprinter são de fabricantes diferentes (Volkswagen e Mercedes), mas os pedais de freio e aceleração são idênticos e ambos estão entre os carros favoritos no item pedais. Desde a pesquisa aberta para definição do questionário final, os entrevistados mencionaram outros modelos que não fazem parte da frota pesquisada, mas tiveram oportunidade em dirigir. Alegaram serem os tamanhos e espaçamentos dos modelos, em geral, desconfortáveis, em especial ao policial devido ao tipo de calçado, o coturno, porque o pé fica quase imobilizado. DE 14 S 17 TR Jun IA /20 5. Conclusão Para atender ao objetivo proposto neste trabalho, que foi avaliar as percepções dos consumidores na função prática quanto ao uso dos artefatos pedais de automóvel, chegou-se às seguintes conclusões: • A dificuldade dos entrevistados em analisar as configurações prático-funcionais dos pedais ocorre por ser este um artefato sem ligações emocionais. • O coturno, mesmo desenvolvido com solado antiderrapante apresenta problemas, em especial, quando está molhado. • Outros artefatos que compõem o carro também interferem no desempenho do pedal, em especial, o tapete. • Para os que percebem o funcionamento dos pedais, a constância do uso e o conseguinte desgaste, somado aos problemas de tamanho e distância podem provocar problemas sérios como o pé escorregar ou enganchar entre os pedais. • Produtos utilizados na limpeza, como o óleo de limpeza veicular, foram apontados como motivos de interferência no desempenho dos pedais. O calçado dos policiais tem influência no desempenho dos pedais, porém, os policiais motoristas entrevistados alegaram também perceberem as inconveniências dirigindo o mesmo modelo calçado com outros tipos de sapatos. Há no mercado uma infinidade de sapatos e adequar os solados aos pedais dos carros torna-se ilógico. Pode-se afirmar que o artefato pedal precisa ser repensando em sua configuração, em particular, para a função prática, por ser um item de segurança no carro, mesmo que a legislação de trânsito brasileira penalize apenas o condutor quanto ao tipo de calçado e não acionam os fabricantes para a busca de soluções do problema. O calçado dos militares, o coturno, mesmo sendo considerado adequado para dirigir, segundo a pesquisa realizada, apresenta falhas em contato com os pedais. Por isso, o problema proposto DE 14 S 18 TR Jun IA /20 neste artigo em saber quais aspectos interfere negativamente no uso dos pedais de carros utilizados como viaturas, a configuração do pedal ou do calçado, segundo a percepção dos motoristas policiais, passa a ser respondido: ambos impõem restrições. Almeja-se que os resultados apresentados nesta pesquisa auxiliem na conscientização do problema e dê subsídios à continuidade de pesquisas sobre o assunto, com vistas ao redesign do artefato pedais, possibilitando mais segurança e conforto aos motoristas em seus deslocamentos. 6. Referências bibliográficas BÜRDEK, B. E. História, teoria e prática do Design de Produto. 1ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2006 CONTRAN. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br Acesso em 06 jul. 2010 GILLESPIE, T. D. Braking Performance. In: GILLESPIE, T. D. Fundamentals of Vehicle Dynamics. 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