Bermardo
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Comunicação CULTURA VISUAL E O ENSINO DE ARTE NAS ESCOLAS: PARA ALÉM DE UMA QUESTÃO DISCIPLINAR RANGEL, Valeska Bermardo SALVADÓ, Noemí Duran1 Palavras-chaves: Cultura Visual, Projetos de Trabalho, Arte RESUMO Nossa comunicação parte da experiência no curso de doutorado “Artes Visuales y Educación: un enfoque construccionista”. Como professoras de Arte e ao mesmo tempo, estudantes de doutorado, o espaço universitário nos permite refletir sobre o sentido de nossa prática como professoras. É assim que gostaríamos de compartir como vivemos a aproximação à perspectiva da Cultura Visual para repensar o ensino de Arte nas escolas, expondo as dúvidas e inquietudes que isto nos gerou, especialmente em relação ao sentido que podemos dar ao currículo quando acreditamos em práticas educativas pautadas na interdisciplinaridade. Mas que isso, a Cultura Visual se apresenta não apenas como uma ampliação dos objetos artísticos, das disciplinas, ou linguagens artísticas a serem abordados, mas sim como uma perspectiva diferenciada de abordar tais objetos. Cinema, histórias em quadrinhos, cartazes publicitários, televisão, teatro, design, fotografia etc., ampliam não apenas as possibilidades do ensino de Arte nas escolas, mas também requerem uma outra maneira de abordar-los para além da mera leitura de imagens. Requer que estabeleçamos conexões com distintas referências, como um jogo, onde não há uma resposta certa, se não aquela que poderá responder as nossas próprias inquietudes. Pensar o ensino de Arte nesta perspectiva pressupõe ir além de meramente aprender a ler uma imagem, requer conhecer criticamente as diferentes manifestações artísticas de cada cultura e não apenas da cultura ocidental ou dos livros de História da Arte. Compreender a Arte, considerando a Cultura Visual e não apenas as imagens oficiais, poderão ajudar-nos alunos e professores a interpretar o passado, a realidade presente e a nós mesmos. (Bansky: Indoors. http://www.banksy.co.uk/) 1 Universidad de Barcelona (UB) 1 Era uma vez duas meninas Valeska e Noemí, que moravam no mesmo bairro e todas as manhãs percorriam juntas o mesmo caminho para chegar a escola. Porém, uma vez ali nunca coincidiam porque Noemí estava na turma do terceiro ano e Valeska na turma de segundo. “Hoy en día, pese a que educadores son cada vez más conscientes de la importancia del pensamiento intuitivo, los programas escolares siguen estructurándose según la modalidad del hemisferio izquierdo. La enseñanza es gradual: los alumnos han de pasar unos cursos (primero, segundo, tercero, etc...) que siguen una dirección lineal. Las principales materias de estudio son verbales y numéricas: lectura, escritura, aritmética. Hay horarios, las mesas se organizan en filas... Y todos tienen la sensación que alguna cosa no va bien.” (EDWARDS, B., p. 52, 2000). Algum tempo depois, apesar da escola, estas duas meninas conseguiram encontrar um espaço para poder compartir suas experiências e aprendizagens, no curso de Doutorado em “Artes Visuales y Educación: un enfoque construccionista”, coordenado pelo Prof.Dr. Fernando Hernández na Facultad de Bellas Artes da Universidad de Barcelona. Fomos convidadas por Fernando a construir recorridos de aprendizagem a partir de nossas experiências em relação a perspectiva da Cultura Visual. Tratava-se de um trabalho compartido com os demais companheiros que vinham de diferentes escolas. Pessoas que participavam, alguns de forma mais pontual, outros de forma mais permanente, alguns que já haviam acabado a tese, outros que começávamos… Foi uma experiência de aprendizagem cooperativa e horizontal onde as distintas realidades nunca supuseram um obstáculo, se não um estímulo. “Los grupos de aprendizaje cooperativo deberían trabajar juntos para conseguir objetivos comunes, uno de los cuales es promover el aprendizaje de todos los indivíduos del grupo.” (Freedman, 2006: 205) Participamos em um processo de indagação discursiva ativa, prestando atenção aos eventos visuais em relação a quem vê e o que vê, “como construcción social de aquello visual a menudo invisible” (TAVIN,K; 2003: 205). Sendo assim, prestamos atenção em como os eventos visuais contribuem a criar olhares e processos naturalizados. Neste sentido, tratamos de revisar as condições de produção destes eventos visuais a partir de uma articulação 2 intertextual, associando as distintas representações visuais com os discurssos sobre gênero, etnia, narrativas históricas, etc. Nos aproximamos portanto ao que Nancy Pauly considera “intertextual articulation with Cultural Text and Narratives” (PAULY,N.,2003:276). Pauly distingue Cultural Text como “associations with music, books, toys, games, movies, environments, social practices, historical events”, de Cultural Narratives “large social stories or discourses about gender, ethnicity, historical narratives, etc” (PAULY,N.,2003:269). Neste espaço nos sentimos tomando consciência daquilo que nos rodeava, daquelas coisas que convivem e parecem não ter conexão…Neste processo, vivido como um espaço político, com uma práxis correspondente a esta forma de indagação para quebrar dualismos e buscar narrativas alternativas... Más que significam estas “narrativas alternativas”? Nos ajudou a encontrar este significado observar como trabalham os artistas contemporâneos, que se atrevem a questionar os discursos hegemônicos. Compreendemos que como pesquisadoras nos limitamos a narrar histórias e esta reflexão nos afastou da pretensão de querer emitir discursos de verdade. “Saber que uno se limita a contar historias, y que algunas son simplemente más interesantes, más aceptables, más persuasivas o más dilucidatorios que otras y que uno no hace nada más que eso, es dar un paso decisivo para escapar a la “ideología de la representación” y a los señuelos de la Modernidad. Claro que esto nos aleja de la pretensión de poder emitir el discurso de la Verdad. Esto nos vuelve a situar como “simplemente humanos” y puede dañar la autoestima de quienes desean ser tan absolutos como los Dioses. Es sin duda un paso costoso” (IBAÑEZ, T.; 2005: 15) Mas o que podemos aprender dos artistas contemporâneos? Como comprender e interpretar a arte contemporânea desde nossos próprios olhares e perspectivas? Como aprender a autorizar nosso próprio discurso neste processo? Chegamos então ao trabalho do artista Gaith Abdul-Ahad, um jovem fotógrafo iraquiano, que trabalha sem a proteção do exército americano na invasão dos Estados Unidos ao Iraque. Seu trabalho não pretende transformar a realidade em si, se aproxima más do que outra artista contemporánea, Ursula Biemman, chama de “ativismo simbólico”. Nesta forma de ativismo o que se pretende é que o trabalho artístico possa ajudar a modificar as práticas discursivas sobre estas mesmas realidades. As fotografias de Gaith, que retratam a versão “não autorizada” do 3 cotidiano de seu país invadido, foram deslocadas das páginas dos jornais (The Guardian, NYTimes, Washington Post, etc.) para a BIAC2 (Bienal Internacional de Arte Contemporáneo de Sevilla 2). Ao analisarmos seu trabalho inevitavelmente assumimos uma postura, nos localizamos em relação a estes “outros” ali retratados. E quem somos, os que osbservamos estas fotos de guerra? Tão distantes e tão próximas ao mesmo tempo! Estas são histórias destes “outros”, estes “outros que habitan em nossos olhares. “El último cuento de esa colección, De barro estamos hechos, está basado en una tragedia ocurrida en Colombia en 1985, cuando la violenta erupción del volcán Nevado del Ruiz provocó una avalancha de nieve derretida que se deslizó por la ladera de la montaña y sepultó por completo una aldea. Miles de personas perecieron, pero el mundo recuerda la catastofre sobre todo por Omaira Sánchez, una niña de trece años que quedó atrapada en el barro. Durante tres días agonizó con pavorosa lentitud ante fotógrafos, periodistas y camarógrafos de televisión, que acudieron en helicópteros. Sus ojos en la pantalla me han penado desde entonces. Tengo todavía su fotografía sobre mi escritorio, una y otra vez la he contemplado largamente tratando de entender el significado de su martirio. Tres años más tarde en California traté de exorcizar esa pesadilla relatando la historia, quise describir el tormento de esa pobre niña sepultada en vida, pero a medida que escribía me fui dando cuenta que ésa no era la esencia del cuento. Le di otra vuelta, a ver si podía narrar los hechos desde los sentimientos del hombre que acompaña a la chica durante esos tres días; pero cuando terminé esta versión comprendí que tampoco se trataba de eso. La verdadera historia es la de una mujer – y esa mujer soy yo – que observa en una pantalla al hombre que sostiene a la niña. El cuento es sobre mis sentimientos y los cambios inevitables que experimenté al presenciar la agonía de esa criatura.” (Allende, I.;2003: 404). Como compreender a experiência da guerra a distância e mediados pela “hiperrealidad virtual”? (Baudrillard, 1991). De que modo nos afeta quando não estamos “diretamente” envolvidos em uma guerra? Como reagimos a tudo isso? A proliferação destas imagens violentas de guerra? Como nos situamos diante a dor dos outros? (Sontag, 2003). Partimos do pressuposto de que “uma imagem vale mais que mil palavras!”. Ledo engano. A distância, para compreendermos a realidade da guerra, faltam as imagens, as mil palavras e ainda assim pode que resulte inalcançável, inacessível. Nos esquecemos que estas imagens são representações da realidade e não a realidade em si. Parece impossível acreditar quando são tão reais como as imagens de guerra, ou melhor dizendo, tão naturalizadas. Neste interim é importante exercitar “las políticas de la mirada mas 4 allá de la subjetividad ingenua y de la excepcionalidad y lejania” (Cruz, 2006: 63). Desconstruir os olhares ingênuos e potenciar a construção de olhares críticos, podem nos levar para além da compaixão e situar-nos nas implicações e responsabilidades nos fatos representados naquelas imagens. “Apartar la simpatía que extendemos a los otros acosados por la guerra y la política asesina a cambio de una reflexión sobre cómo nuestros privilegios están ubicados en el mismo mapa que su sufrimiento, y pueden estar vinculados – de maneras que acaso prefiramos no imaginar -, del mismo modo como la riqueza de algunos quizás implique la indigencia de otros, es una tarea para la cual las imágenes dolorosas y conmovedoras sólo ofrecen el primer estímulo.” (Sontag, 2003: 130). Nem monstros da moral, nem heróis que transformaremos o mundo. Compreender estas representações não nos tornará melhores nem mudaram o mundo. Isso sim pode ser um convite à reflexão: o que podemos aprender dos outros? De nós mesmos? Do mundo em que vivemos através dos artistas contemporâneos? Ao estudar os artistas contemporâneos a partir de nossas próprias dúvidas e problematizações, nos chamou a atenção para o fato de como havíamos aprendido a História da Arte na escola. Nos perguntávamos quais eram as “verdades” que nos haviam ensinado? Estávamos de acordo que era necessário revisar as condições em que se produziram a grande História da Arte, quem sabe em outras circunstâncias poderia ter sido a história das grandes artistas… “The discourse of feminism and the achievements of women were hidden, and only the knowledges that had no power to disturb the status quo were reproduced. The same process of omission, silence and repression continues today.” (DALTON,P.;2001:108). “Las mujeres, escribió Schopenhauer, pueden tener talentos dignos de atención, pero no genio, puesto que siempre se mantienen en la subjetividad.” (SHINER,L. 2004:275). Portanto, o fato de que não tenhamos conhecimento da existência de grandes artistas na História da Arte (“oficial”), não quer dizer que elas nunca existiram. Tem mais relação com questões como concepções de gênio e imaginação que ajudaram a manter os preconceitos de gênero no século XVIII, por exemplo. Neste exercício de revisão, além da ausência das mulheres artistas também sentimos falta de uma “história da recepção”, daqueles que observam e são 5 observados. Para além de uma sensualidade e semiótica das imagens na qual se detém a História da Arte, a perspectiva da Cultura Visual nos ajudou a compreender as construções sociais e de identidade que comporta qualquer representação visual. “(…) art history’s interest in the sensuous and semiotic peculiarity of the visual, as opposed to visual culture’s interest in identity politics and social constructions. […] art history has not looked at broader contexts of artworks or paid attention to the ways in which they have created viewers.“ (ELKINS,J.;2003:23) Consideramos que é fácil visualizar, porém não tanto visibilizar estas questões. “If art education is to empower students to percieve and meanignfully engage in the ideological and cultural srtuggles embedded within the visual, art educators will need to first render these struggles visible.” (DARTS,D.;2004:319). Uma tarde, em uma cafeteria de Barcelona, na qual costumávamos compartilhar angústias e alegrias, nos chamou a atenção um anúncio de Coca-Cola na capa de uma revista. Foi engraçado constatar a forma como aquela propaganda falava de nós. Ao interpelar tão diretamente o sujeito que observa, acreditamos que poderia servir para perguntar a nossos alunos o que viam deles mesmos naquela representação visual. Como espigagoras2 que somos, este recurso formava parte de nossa busca constante de imagens e textos culturais em nosso entorno. Sabíamos que cedo ou O grupo do primeiro ano do doutorado vai se autodenominar Espigador@s, aludindo ao documental de Agnès Varda “Los Espigadores y La Espigadora” que nos indicou o professor Fernando Hernández. Espigar, coletar com uma atitude de curiosidade permanente é um dos valores que temos muito presentes em nossa formação como pesquisadoras. Nesta mesma linha, conectamos com o paradigma do construccionismo social, que segundo Gergen, cumpre uma função liberadora. Este autor considera ainda que o construccionismo social “nos invita a adoptar una actitud de curiosidad infinita, a mantenernos constantemente abiertos a lo que cada tradición aporta de riqueza y combinaciones impensadas” (GERGEN,K.,J.;2006:50). 2 6 tarde poderíamos utilizá-lo em função do problema que juntos com nossos alunos quiséssemos investigar. Aprendemos que na Cultura Visual há uma ampliação dos objetos aos quais prestamos atenção, para além das grandes obras de arte, sem excluí-las. No entanto, o mais importante não foi descobrir que um anúncio publicitário faz parte da Cultura Visual, mas sim considerar a relação entre aquele que observa e aquilo que se está observando. Ou seja, não se trata do objeto em si, se não do modo como nos apropriamos deles (Hernández, 2007). Entendemos a perspectiva da Cultura Visual de acordo, entre outros, com Kevin M. Tavin, o qual contempla uma dimensão fenomenológica que enfatiza a experiência do sujeito e da subjetividade. Tavin destaca também uma dimensão substancial referente ao que inclui a Cultura Visual, não apenas obras de arte, mais também outros elementos da cultura popular, do cinema, histórias em quadrinhos, cartazes publicitários, televisão, teatro, design, fotografia, etc. A terceira dimensão desta perspectiva, segundo Tavin, é entender a Cultura Visual como um projeto pedagógico transdisciplinar, o qual supõe contextualizar o sujeito e seu olhar (considerando as dimensões anteriores) com métodos abertos e fluídos, porque nossa relação com a Cultura Visual é sempre situacional e nossos problemas e as disciplinas requeridas em cada caso também serão cambiantes (Tavin, 2003). Saindo da cafeteria, lembramos que aquele era o último final de semana da exposição de Fragonard no Caixa Fórum. Depois de desfrutar da visita, nos perguntamos: será que teria sentido um projeto de Cultura Visual a partir de Fragonard? Não seria mais fácil conectar com os alunos a partir de uma representação visual como a do anúncio de Coca-Cola? Eles reconheceriam e se identificariam mais facilmente do que com um quadro de Fragonard, não? Mas... Fragonard para aprender o que? Exatamente! Esta era a pergunta chave. O objeto de estudo não é Fragonard em si. Fragonard nos serve para ilustrar um problema, um questionamento. Olha esse quadro por exemplo: La Lectora (1776, National Gallery, Washington). A leitura, a intimidade, ambas são temas que conectam perfeitamente com as experiências dos estudantes do primeiro ano, no processo que se econtram agora aprendendo a 7 ler e relacionar-se com os demais. Com nossas companherias da escola, os meninos e meninas, as famílias, nos aproximamos a esta questão partindo de nossa experiência e buscando formas alternativas de investigar sobre as versões já cosntruídas em torno a como se aprende a ler ou o que é a intimidade. Não teria sentido uma pergunta a partir de apenas uma disciplina, o problema requeria colaborações teóricas, provisórias e particulares, de maneira que o diálogo interdisciplinar resultava imprescindível para nossa investigação e nossa aprendizagem. Entramos em um processo de gerar perguntas mais do que respostas e, a partir das perguntas que iam surgindo, se delineava nosso percurso de aprendizagem, que previamente teria sido quase impossível predizer. Consideramos que têm mais sentido perguntar-nos: o que pensamos que podemos aprender? Ao invés de: o que vamos aprender? Desta forma se entrecruzavam as distintas disciplinas para criar diferentes respostas e ao mesmo tempo novas perguntas. As obras de Fragonard não foram as únicas imagens com as quais nos relacionamos durante o projeto. Além disso, nos interessava pensar como poderíamos representar as trajetórias de aprendizagem a partir da perspectiva das múltiplas alfabetizações e por essa razão, procuramos que as representações visuais atuassem como mediadoras de experiências de aprendizagem ao longo de todo o projeto. “Cuando la cultura visual es comprendida como un discurso postmoderno, como un espacio postdisciplinar de investigación y no como una colección de representaciones visuales concretas (Mirzoeff, 1998), la cuestión de quien está mirando, es una cuestion de subjetividad, tan relevante y necesária de ser explorada como las cuestiones relacionadas con el que se mira.” (EISENHAUER, J.F;2006:156). Trabalhar com representações visuais contribuía na construção de diálogo entre as pessoas participantes, entre cada um deles e suas próprias experiênicas (de forma intrasubjetiva), e ajudava também a colocar em relação às distintas disciplinas que iam aparecendo segundo as perguntas que nos fazíamos. Todo esse processo estava conectado com as questões que nos fizemos inicialmente: o que acreditamos que podemos aprender deste projeto? (objetivos conceituais). Que podemos aprender de nós mesmos? (objetivos experenciais). Quais serão as relações estabelecidas? (objetivos analíticos). Que faremos com tudo isso? 8 (objetivos aplicados). Perguntas que correspondem aos objetivos da perspectiva “Learning by Design” (KALANTZIS, M. i COP, B.; 2005). Outra referência importante são os Projetos de Trabalho, entendidos não como uma técnica, ou uma metodologia em si, mas um convite à ruptura de certas práticas escolares. Entre outras coisas é fundamental considerar na concepção dos Projetos de Trabalho: 1.O valor da indagação crítica como estratégia de conhecimento 2.Aprender para compreender e agir 3.Questionar as representações “únicas” da realidade 4.Ir além do reducionismo psicológico e disciplinar 5.Mudar a organização do espaço e do tempo escolar 6.Pensar a escola como geradora de cultura e não só de aprendizagem de conteúdos 7.Transdisciplinaridade para aprender a compreender e interpretar a realidade (Hernández, 1998). Ainda hoje temos perguntas sem resposta, que nos geraram este projeto. Por exemplo: como influi o trabalho intersdisciplinar em nosso olhar, na relação entre aquele que observa e aquilo que é observado? Poderíamos falar em um “olhar interdisciplinar”? Valeska e Noemí nunca deixaram de fazer perguntas a elas mesmas e aprenderam a trabalhar colaborativamente, compartindo suas experiências de aprendizagem, pois se haviam dado conta da necessidade de sentirem-se impactadas, envolvidas, instigadas em um processo de formação. Algo que te tire o sono, ou melhor dizendo que te faça sonhar... E como isso resulta muito mais efetivo se em lugar de fazê-lo sozinha, se faz em relação com os outros. Um dos eixos da Cultura Visual é a a questão da identidade. “What presuppositions inform our understanding of subjects’ relationships to visual texts? When we speak of subjects’ relationships to particular visual texts, how do we define what is called a self, an identity, an individual, and/or a subject?” (EISENHAUER, J.F;2006:156). Valeska e Noemí, junto com seus companheiros viveram uma transição de uma concepção estática de sua identidade ao jogo cambiante de suas múltiplas identidades: educadoras, pesquisadoras, estudantes, mulheres entre outras. Do mesmo modo como nos diz James Paul Gee, ao conceber a identidade como 9 Being recognized as a certain “kind of person”, in a given context, is what I mean here by “identity”. In this sense of the term, all people have multiple identities connected no to their “internal states” but to their performances in society (GEE,J.P; 2001:99). A perspectiva da Cultura Visual lhes havia ensinado a repensar o ensino de Arte e a educação de um modo geral, havia facilitado uma experiência de reposicionamento, rompendo com os mecanismos de defesa que podiam ter para aprender de forma significativa. Isso as animou a imaginar narrativas alternativas para o ensino de Arte nas escolas, nos projetos que seguiriam trabalhando a partir daquele momento, porque se havian reconhecido como sujeitos nômades e se sentiam capazes de assumir riscos. Esta é uma obra de pura ficção. Qualquer semelhança entre fatos, lugares ou pessoas reais (não) terá sido mera coincidência : ) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALLENDE, Isabel (2003). Paula. Random House Mondadori. DeBolsillo. Barcelona. BAUDRILLARD, J. (1991). La guerra del Golfo no ha tenido lugar. Barcelona: Editorial Anagrama. BIEMMAN, Ursula. (2007). Anotaçoes da palestra proferida pela artista na Universidad de Barcelona no dia 6 de março. BRAIDOTTI, Rosi (2000): Sujetos nómades. Barcelona: Paidós. BURR, Vivien (1997): Introducció al construccionisme. [traducció, Mercé López Arnabat]. Barcelona: Universitat Oberta de Catalunya, Proa. CRUZ, Rossana Reguillo. (2006) Políticas de la mirada. Hacia una antropología de las pasiones contemporáneas. In: DUSSEL, Inés (comp.) Educar la mirada: políticas y pedagogías de la imagen. Buenos Aires: Manantial: Flacso, OSDE. DALTON, Pen (2001): Beyond gendering: tactics and strategies, a The gendering of art education. Buckingham: Open University press, 136-153. DARTS, D. 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