Plantas hospedeiras da mosca-negra dos citros na Paraíba Host
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Plantas hospedeiras da mosca-negra dos citros na Paraíba1 Edson Batista Lopes2, Adjair da Costa Leite3, Carlos Henrique de Brito4 e Jacinto de Luna Batista5 1 Pesquisa financiada com recursos do FUNDECI/BNB 2Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador da EMBRAPA/EMEPA-PB, Estação Experimental de Lagoa Seca, Lagoa Seca - PB. CEP 58.117-000. E-Mail: [email protected] 3Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor do Departamento de Ciências Biológicas do CCA/UFPB - Campus II, Areia - PB, CEP 58.397-000. E-Mail: [email protected] 4Biólogo, Dr., Professor do Departamento de Ciências Biológicas do CCA/UFPB - Campus II, Areia - PB. CEP 58.397-000. E-Mail: [email protected] 5Engenheiro Agrônomo, Fiscal Agropecuário da SEDAP, Parque de Exposição Carlos Pessoa Filho, Campina Grande - PB, CEP 58.411-450. E - Mail: [email protected] Resumo - O objetivo deste trabalho foi identificar plantas hospedeiras da mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi Ashby) nos municípios de Alagoa Nova e Matinhas. A praga foi detectada pela primeira vez no Sitio Orique, município de Alagoa Nova, no dia 20 dezembro de 2009, infestando folhas de laranja comum e laranja cultivar bahia. Folhas de possíveis plantas hospedeiras da mosca-negra dos citros, frutíferas e não frutíferas com sintomas da praga foram coletadas nestes municípios. O material vegetal coletado foi acondicionado em sacos de papel e enviado ao Laboratório de Fitossanidade da EMEPA-PB, em Lagoa Seca-PB, para investigação. Foram feitos exames a fresco do material e com auxílio de microscópio bilocular com aumento de 400x, investigou-se a presença de postura de ovos, ninfas e pupas do inseto-praga. As folhas com postura de ovos e ninfas do inseto foram registradas com auxílio de uma máquina fotográfica digital. Os resultados obtidos evidenciaram 20 plantas com folhas infestadas pela mosca-negra dos citros: abacateiro, bananeira, cajueiro, cafeeiro, gravioleira, jaboticabeira, mangueira, mamoeiro, pinheira, jambeiro, pitangueira, caneleira, cirigueleira, aceroleira, goiabeira, fruta-pão, jaqueira, roseira, sapotizeiro e romãzeira. Palavras-chave: infestação, praga dos citros, laranja comum, laranja bahia, frutíferas. Host plants of the citrus blackfly in Paraiba state Abstract - The objective of this study was to identify host plants of citrus blackfly (Aleurocanthus woglumi Ashby) in municipalities of Alagoa Nova and Matinhas, Paraiba, Brazil. The pest was first detected in the Sitio Orique, municipality of Alagoa Nova, on December 20, 2009, infesting leaves of orange common and orange bahia. Leaves of possible host plants of citrus blackfly, fruit tree and not fruit tree with symptoms of pest were collected in these counties. The collected plant material was placed in paper bags and sent to the Laboratory of Plant Health EMEPA-PB, in Lagoa Seca-PB, for investigation. Were made exams on fresh of the material and with aid of microscope bilocular with 400x magnification, we investigated the presence of egg laying, nymphs and pupae of the insect pest. The leaves with egg laying and insect nymphs were recorded with aid of a digital camera. The results showed 20 plants infested by the citrus blackfly: avocado, banana, cashew, coffee, soursop, jaboticabeira, mango, papaya, custard apple, jambo, Surinam cherry, cinnamon, cirigueleira, acerola, guava, breadfruit, jackfruit, rosebush, sapodilla and rhombus. Keywords: infestation, pest of citrus, orange common, orange bahia, fruit trees. Introdução A produção de frutas cítricas na Paraíba concentra-se na mesorregião Agreste Paraibano e, principalmente, na microrregião Brejo Paraibano. A Paraíba lidera a produção de tangerina (C. reticulata var. dancy) no Nordeste com uma área plantada, em 2009, de 1.942 hectares (IBGE, 2009), destacando-se Matinhas como o principal pólo produtor. A mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi Ashby) de origem asiática (Dietz & Zetek, 1920) é uma importante praga dos citros. Encontra-se disseminada nas Américas, África, Ásia e Oceania (Oliveira et al., 2001). Recém introduzida no Brasil, foi detectada pela primeira vez no estado do Pará, em 2001, na área urbana do município de Belém (Ronchi-Teles et al., 2009). Também foi encontrada no Pará (Oliveira et al., 2001; Cunha, 2003) e pode ser encontrada atualmente em mais da metade dos municípios paraenses (Maia et al., 2005). Há registros de ocorrência nos estados do Maranhão em 2003 (Lemos et al., 2006), Amapá em 2006 (Jordão & Silva, 2006) e São Paulo (Pena et al., 2008). No Amazonas foi detectada em Manaus, em junho de 2004, sobre plantas cítricas.É encontrada também nos municípios de Itacoatiara, Rio Preto da Eva e Iranduba, registros feitos em visitas nos plantios de citros (Pena & Silva, 2007). Raga & Costa (2008) relatam a ocorrência dessa praga no Município de Artur Nogueira, Estado de São Paulo atacando plantas cítricas de laranjeiras 'westin', 'hamlin,' e 'pêra' e em outras hospedeiros como abacateiro, goiabeira, bananeira e caquizeiro. Na Paraíba, o inseto-praga foi detectado pela primeira vez no sítio Orique de Baixo, município de Alagoa Nova, no dia 20 de dezembro de 2009 (Lopes et al., 2010). Os hospedeiros primários de A. woglumi são as plantas do gênero citrus, caju e abacate nas regiões pantropicais. São hospedeiros secundários, café na América do Sul, manga na Ásia e América do Sul, banana nas regiões pantropicais, uva na Índia, goiaba na China. Porém, em qualquer região, quando em elevada densidade populacional os adultos se Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.00-00, set. 2013 00 dispersam para outras plantas hospedeiras próximas das áreas infestadas, como: rosas, maçã, café, manga, figo, goiaba, abacate, banana, caju, uva, manga, mamão, pêra, romã e marmelo. No México, 75 espécies pertencentes a 38 famílias botânicas são relatadas como hospedeiras deste inseto (Sanivege, 2009). Leite & Lopes (2010) relataram 14 plantas hospedeiras da mosca-negra-dos-citros nos municípios de Alagoa Nova e Matinhas: abacateiro, bananeira, cajueiro, cafeeiro, gravioleira, jambeiro, jaboticabeira, mangueira, mamoeiro, pinheira, pitangueira, caneleira, cirigueleira e aceroleira. O presente trabalho teve por objetivo identificar e relatar plantas hospedeiras frutíferas e não frutíferas da moscanegra-dos-citros nos municípios de Alagoa Nova e Matinhas, na Paraíba. Material e Métodos Folhas de plantas frutíferas e não frutíferas com sintomas de ataque mosca-negra dos citros foram coletadas nos municípios de Alagoa Nova e Matinhas. Após a coleta o material vegetal foi acondicionado em sacos de papel e enviado ao Laboratório de Fitossanidade da EMEPA-PB, em Lagoa Seca. No laboratório foram feitos exames a 'fresco' de folhas e com o auxílio de um microscópio bilocular, com aumento de 400x, pesquisou-se a presença de ovos, ninfas e pupas do inseto-praga. Além dos exames, todas as folhas foram fotografadas com o auxílio de máquina fotográfica digital. Resultados e Discussão Os resultados obtidos nas plantas investigadas nos municípios de Alagoa Nova e Matinhas, levando-se em consideração a presença de ovos e de ninfas da mosca-negrado-citros nas folhas, podem ser visualizados nas Figuras de 1 à 20. Plantas hospedeiras primárias de A. woglumi são as plantas de citros, caju e abacate. Contudo, pode infestar mais de 300 espécies de plantas. São hospedeiros secundários: manga, uva, goiaba, banana, figo, rosas, maçã, mamão, pêra, romã e marmelo. No México, 75 espécies pertencentes a 38 famílias botânicas são relatadas como hospedeiras deste inseto (Nguyen & Hamon, 1993; Oliveira et al., 1999). As plantas hospedeiras preferidas pela mosca-negra-doscitros são as espécies do gênero Citrus (Angeles et al., 1971 e 1972; Clausen & Berry, 1932; Shaw, 1950; Howard & Neel, 1978; Steinberg et al. 1978). Entre 50 espécies de plantas estudadas por Howard & Neel (1978), sete suportaram o desenvolvimento de A. woglumi até a emergência do adulto; três destas pertencem à família Rutaceae, sendo Citrus sinensis Osbeck a mais favorável ao desenvolvimento de A. woglumi. A mosca-negra tem sido relatada em pelo menos 160 espécies de plantas, distribuídas em 63 famílias botânicas (Dietz & Zetek, 1920; Howard & Neel, 1978; Shaw, 1950; Steinberg et al., 1978). Na Flórida, em 1979, infestava pelo menos 115 espécies de plantas (Howard, 00 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.00-00, set. 2013 1979). Segundo Angeles et al. (1972), em levantamentos na Venezuela no período de 1967 a 1971, foram registradas 49 espécies hospedeiras, compreendidas em 16 famílias botânicas diferentes. Dentre as fortemente atacadas estão representantes da família Rutaceae (Tribo Citrae - espécies cítricas), e outro grupo onde é freqüente localizar infestações, porém não em altos níveis, como os representantes das famílias Bignoniaceae, Anacardiaceae, Myrtaceae, Rubiaceae, Araceae, Musaceae, Rosaceae e Salicaceae. Segundo esses autores em Murraya exotica L. (Rutaceae) foi verificada elevada postura e eclosão, porém as ninfas não passaram do primeiro ínstar. Além desta, Anturhium andreanum LIND. (Araceae); Hibiscus rosasinensis L. (Malvaceae); Philodendrum sp. (Araceae); Colocasia sp. (Araceae); Xanthosama sp. (Araceae); Carica papaya L. (Musaceae); Ricinus communis L. (Euphorbiaceae) não suportaram o desenvolvimento completo de A. woglumi. Segundo Weems (1962), no Oriente, A. woglumi ocorre raramente em plantas não cítricas e é de importância secundária para este hospedeiro devido ao controle quase total por inimigos naturais. Por outro lado, na América Central e no Caribe outras plantas hospedeiras são atacadas. Apesar de ser praga principal de citros, também infesta manga, café, “ardisia”, abacate, pêra, ameixa, romã, “poplar”, marmelo, uva, “ash”, sapoti, caju, “rose-apple”, fruta-do-conde, graviola, sapota, fruta-pão, carambola, goiaba, “mamoncillo”, “canistel” e muitas outras plantas tropicais e subtropicais. Os resultados obtidos por esse autor corroboram com a presente pesquisa quanto aos hospedeiros: manga, café, abacate, ameixa, romã, sapoti, caju, fruta-do-conde, graviola, fruta-pão e goiaba, Espécies como Citrus spp (Rutaceae); Persea americana Mill. (Lauraceae); Musa spp. (Musaceae); Psidium guajava L. (Myrtaceae); Mangifera indica L. (Anacardiaceae), Carica papaya L. (Caricaceae), Pyrus spp. (Rosaceae); Punica granatum L. (Punicaceae); Cydonia oblonga Mill. (Rosaceae); Rosa spp. (Rosaceae); Litchi sinensis Sonn. (Sapindaceae); Garcinia mangostana L. (Clusiaceae); Eugenia brasiliensis Lam. (Myrtaceae) e Prunus lusitânia L. (Rosaceae) são relatadas como hospedeiros de A. woglumi no Brasil pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Cunha, 2003). Levantamentos em 44 dos 71 municípios do Estado do Pará por Cunha (2003) revelaram altas infestações de A. woglumi em espécies cítricas como laranja doce, tangerinas, limão, pomelo, limas ácidas Tahiti e galego. As mangueiras, Mangifera indica, em geral, apresentaram altos índices de infestação, sendo grande o número de folhas com a face abaxial totalmente coberta por ninfas. Sendo assim, as plantas cítricas, mangueiras e grumixamas (Eugenia brasiliensis) são hospedeiros de A.woglumi. Jambeiros, Syzygium malaccence são hospedeiros não preferenciais da praga. Em roseiras, Rosa sinensis; bananeiras, Musa spp.; mamoeiros, Caryca papaya; cajueiros, Anacardium spp. e mangostãozeiros, Garcinia mangostana não são hospedeiros da praga no estado do Pará. Na presente pesquisa, a bananeira, o mamoeiro e o cajueiro foram identificados como hospedeiras da praga. Figura 1. Abacateiro Figura 2. Bananeira Figura 3. Cajueiro Figura 4. Cafeeiro Figura 5. Gravioleira Figura 6. Jaboticabeira Figura 7. Mangueira Figura 8. Mamoeiro Figura 9. Pinheira Figura 10. Jambeiro Figura 11. Pitangueira Figura 12. Caneleira Figura 13. Cirigueleira Figura 14. Aceroleira Figura 15. Goiabeira Figura 16. Fruta-pão Figura 17. Jaqueira Figura 18. Roseira Figura 19. Sapotizeiro Figura 20. Romãzeira Figura 1. Presença de ovos e de ninfas da mosca-negra-do-citros nas folhas de plantas de diferentes hospedeiras de A. woglumi, nos municípios de Alagoa Nova e Matinhas, na Paraíba. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.00-00, set. 2013 00 Conclusão As plantas investigadas consideradas hospedeiras nos municípios de Alagoa Nova e Matinhas, levando-se em consideração a presença de ovos e de ninfas da mosca-negrado-citros nas folhas foram as seguintes: abacateiro, bananeira, cajueiro, cafeeiro, gravioleira, jaboticabeira, mangueira, mamoeiro, pinheira, jambeiro, pitangueira, caneleira, cirigueleira, aceroleira, goiabeira, fruta-pão, jaqueira, roseira, sapotizeiro e romãzeira. Referências ANGELES, N.J.; DEDORDY, J.R.; PAREDES, P.P.; REQUENA, J.R. Mosca prieta (Aleurocanthus woglumi Ashby) de los cítricos em Venezuela. Agronomia Tropical, v.21, n.2, p.71-75, 1971. ANGELES, N.J. de; DEDORD, J.R.; MARTINEZ, N.B.; PAREDES, P.P.; REQUENA, J.R. Aportes en el estudio de hospederas de la “mosca prieta de los cítricos”, Aleurocanthus woglumi Ashby, en Venezuela. Agronomia Tropical, v.22 n.5. p. 549-553. 1972. CLAUSEN, C.P; BERRY, P.A. 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