Memorial Heitor lourenço Instalação Danzantes Interativos 2014.2
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Memorial Heitor lourenço Instalação Danzantes Interativos 2014.2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE HUMANIDADE, ARTES E CIÊNCIAS PROF. MILTON SANTOS CURSO DE BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM ARTES INSTALAÇÃO: DANZANTES INTERATIVOS SALVADOR DEZEMBRO / 2014 1 HEITOR DE ALCÂNTARA LOURENÇO INSTALAÇÃO:DANZANTES INTERATIVOS Memorial do projeto apresentado à disciplina Criação em Artes e Tecnologias Interativas, no curso de Bacharelado Interdisciplinar em Artes, do Instituto de Humanidade, Artes e Ciências Prof. Milton Santos. Professor Orientador: Cristiano Figueiró SALVADOR DEZEMBRO / 2014 2 1. INTRODUÇÃO Uma das questões mais intrigantes para os neurocientistas, é por que dançamos. A música e a dança estão intrinsecamente ligados e em muitos casos, a dança gera som. O ritmo é algo tão natural que ao ouvirmos música nem percebemos e já estamos nos movimentando. O dom de nós humanos para a sincronização inconsciente é único entre todos os animais. Dançar exige um tipo de coordenação interpessoal no espaço e tempo, quase inexistente em outros contextos sociais, e embora seja uma forma fundamental de expressão humana por muito tempo recebeu pouca atenção dos neurocientistas. Entretanto, recentemente, pesquisadores realizaram os primeiros estudos com imageamento do cérebro de dançarinos amadores e profissionais. Voltando quase quinhentos anos no tempo existem informações que os Danzantes astecas, que emprestam seu nome a esta instalação, entre os anos de 1533 e 1600 já vestiam calças chamadas de chachayotes, bordadas com sementes de uma árvore , a ayoyotl, que emitem um som a cada movimento ou passo e em 1982 a artista performático David Rokeby, com a obra “Very nervous system” já tentava, primeiro com um computador Apple II, produzir som através do movimento, mas só conseguindo sucesso 3 quando desenvolveu seu próprio sistema de sensores através de lâmpadas Fresnel pois naquela época os computadores ainda eram ineficientes para executar a sua ideia. Então posso dizer que quando conheci as possiblidades de aplicação do Software Pure Data ao som e ao movimento tendo já lido o artigo da American Scientific Brasil “A neurociência da dança”, nasceu ali a Instalação Danzantes Interativos, que facilmente correlacionei com cultura Asteca e com a obra de David Rokeby, que entre outras, encontra uma justificativa nos conceitos chaves da Neuróbica. 2. OBJETIVOS Partindo do principio que estamos mais acostumados a dançar a partir de um som, esta instalação propõe justamente o contrário, ou seja, gerar sons e compor música através do movimento do corpo. Sons esses desde os mais ínfimos aos mais complexos , podendo partir de uma nota a vários sons polifônicos que se sobrepõe bem como sons da voz e sons onomatopeicos gravados que serão reproduzidos através do movimento do corpo, variando de acordo como o corpo se comporta no espaço, compondo assim poemas sonoros únicos , resultado ora de performances preestabelecidas, ora de total improviso, ou do simples registro dos corpos que transitam de um lado para outro nas suas rotinas diárias dentro um espaço que a webcam de um notebook pode alcançar. A instalação tem também como objetivo mudar a rotina das pessoas que simplesmente passam sobre aquela ponte, propondo a essas pessoas momentos de descontração, de reflexão sobre o que e como está acontecendo a instalação. Para aqueles que tem a arte como profissão ou são estudantes dela a instalação semeia a possibilidade de utilização dessa tecnologia em espetáculos e em outros projetos. 4 3. JUSTIFICATIVA A corpo/mente, para se desenvolver de forma equilibrada e plena deve ser treinada, estimulada e desenvolvida e para isso não se deve acrescentar novas atividades à sua rotina e sim fazer de forma diferente o que você realiza diariamente. . 4. REFERENCIAL TEÓRICO Baseado na matéria da Sicientific American Brasil, intitulada “A neurociência da dança” onde os neurocientistas Steven Brown e Lawrence M. Parsons, em um estudo recente, juntamente com seu colega Michael J. Martinez do Health Science Center da University of Texas, em San Antonio, usando dançarinos amadores de tango como objeto escancearam o cérebro de cinco homens e cinco mulheres usando a tomografia de emissão de pósitrons, que registra as mudanças no fluxo sanguíneo cerebral seguidas por mudanças na atividade cerebral, ao comparar as imagens dos movimentos desses dançarinos, sincronizados com a música, às de movimentos auto ritmados, descobriram que uma parte inferior da via auditiva, uma estrutura subcortical chamada núcleo geniculado medial – MGN, na sigla em inglês –, era ativada apenas durante a primeira ação. A princípio partindo do pressuposto de que esse resultado apenas indicava meramente a presença de um estímulo auditivo – isto é, a música – na situação sincronizada, mas um outro conjunto de imagens de controle excluiu essa interpretação, pois quando os voluntários escutavam música, mas não moviam suas pernas, não detectamos mudança no fluxo sangüíneo do MGN. Embora ainda em estudos preliminares, encontraram resultados levaram a acreditar entre outras hipóteses que a atividade do MGN refere- se especificamente à sincronização e não apenas ao ato de ouvir, e assim , esse achado levou os cientistas a admitir a possibilidade de uma hipótese de “caminho menos honrado” em que o sincronismo inconsciente ocorre quando uma mensagem auditiva neural se projeta 5 diretamente nos circuitos auditivos e de ritmo presente no cerebelo, desviandose de áreas auditivas superiores no córtex cerebral. Então comecei a pensar o quão importante do ponto de vista da neurociência seria uma instalação que se propõe a gerar o som, e que é possível ritmá-los através dos movimentos do corpo e como isso poderia ser usado inclusive como ferramenta de exercício cerebral se encaixando ai com os conceitos chaves da Neuróbica que citei a justificativa desta instalação . Neste momento me ative ao fato não só da importante e intrigante relação e musica e movimento, como também que através da instalação, alterando a forma como isso acontece, estaria ajudando, mesmo que por pouco tempo, no desenvolvime\nto de novas e conexões cerebrais daqueles que nesta instalação se aventurassem um pouco mais, contudo projetando para um futuro próximo, porque não trabalhar com isso em colégios públicos como forma desenvolvimento cognitivo dos alunos. ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA 4.1 O PROCESSO CRIATIVO O projeto que começou em sala de aula, foi evoluindo ao passo que minhas ideias se adaptavam aos recursos e limitado pelo pouco tempo de um semestre para poder explorar mais as possibilidades da instalação. Primeiro Conheci orientador, através o do nosso Professos Cristiano Figueiró, as patchs desenvolvidas para o soft Pure Data e logo nó início me interessei pela possibilidade de trabalhar com o movimento devido a minha aproximação com a Escola de Dança da UFBa e as aulas de Contato Improvisação que vinha frequentando com o professor David Inhantelli, cogitei então a possibilidade que ao se movimentar na frente da webcam as pessoas pudessem alterar o volume, o ritmo e a 6 relação de graves e agudos, após alguns dias alterando a patch original desenvolvida por um grupo francês dedicado a arte interativa para que ela pudesse reproduzir os sons que fariam parte da instalação, neste momento percebi também que a minha ideia original, demandaria muito mais tempo para ser aulas e executada num semestre de talvez fosse inviável. Trabalhar com sons de berimbau foi uma escolha apenas para que houvesse uma identificação com a nossa cultura. 4.2 A CONSTRUÇÃO DO PROJETO Para a instalação escolhi a ponte ao lado da escola de dança por alguns motivos, primeiro pela identificação do projeto com o movimento e com a dança, segundo porque queria que os alunos de dança vissem as possibilidades dessa tecnologia e quem sabe de alguma forma dali poderíamos fazer ouros projetos juntos, terceiro porque são muitos os alunos que transitam por ali e mesmo sendo de outros cursos ou simplesmente transeuntes seriam importantes para registrar a reação delas com a instalação e por fim porque posteriormente poderia reapresenta-la no painel coreográfico de dança e facilitaria já ter instalado e testado tudo naquele local. Propus a colocação de um projetor virado para parede reproduzindo a tela do notebook e um amplificar, de forma que aumentasse o nível de interação das pessoas coma instalação o que também alcançou o êxito esperado, assim como a interação dos alunos da Escola de dança, que fizeram varias performances durante a instalação, os alunos de outros cursos e transeuntes, muitos interagiram e finalmente a reapresentação no dia do painel coreográfico. 7 Para a instalação do projetos no poste de iluminação da UFBa, parti da ideia de algo que se encaixasse sem no precisar mesmo danifica-lo conforme Figura 1, e para que fosse de fácil colocação e remoção, para isso utilizei compensado com um furo no meio da espessura da parte mais fina do poste, de forma que quando fosse colocado e travado ele se sustentassem devido ao atrito que iria contrapor a força da gravidade, como podem ver na em evidência na Figura 2 “A”. O travamento foi por um parafuso na parte articulada da estrutura que se fixava a uma base que passava por baixo das duas partes, Figura 2 “B”, após a primeira visita ao local da instalação percebi que apesar de bem fixo, o suporte tinha tendência a uma pequena inclinação que corrigi acrescentando a estrutura da Figura 2 “C”, após isso acrescentei tambem uma pequena cobertura que protegeria o projetor em caso de uma pequena chuva, dos raios do sol e folhas ou frutos que pudessem cair das arvores, vide Figura 2 ”D”. 4.3 MONTAGEM TÉCNICA O soft Pure Data (PD) deu a base para a ideia funcionar depois de baixar e modificar a patch original com a ajuda do prof. Cristiano Figueiró, o trabalho foi de escolher e desenvolver os vários sons de berimbau, alguns alterados de através do LMMS (Linux Multi Media Studio) soft livre que permite a construção e alteração de sons e criação batidas através da repetição destes, 8 com isso pude ter sons mais metalizados outros mais longos , uns com mais e outros com menos intensidade. Depois parti para como estes sons seriam distribuídos dentro da grade de 100 (cem) células em que foi dividido o campo visual da webcam, para que ao detectar alteração em cada uma dessas células, individual ou conjuntamente o patch reproduzisse um ou vários, dos sons de berimbau escolhidos. Patch desenvolvida Pure Data 9 4.4 O LOCAL DA INSTALAÇÃO Foram feitas algumas visitas ao local da instalação, uma para testar o suporte do projetor e do notebook, tive que voltar mais um dia onde só consegui testar o som, pois o projetor cedido pela escola de dança não estava disponível, voltei no dia anterior a instalação para testar o projetor e deixar já pronta a parte elétrica que passava por cima das arvores, com o objetivo de não atrapalhar os transeuntes, no dia da instalação cheguei as 10:00h da manha e primeiro fiz uma espécie de amostra no saguão da escola de dança onde já houve a participação de vários alunos da escola, funcionários e inclusive um contato com a professora Doutora do mestrado, Ludmila Pimentel que aborda Dança e tecnologias. Continuando a tarde montamos a estrutura toda do lado de fora, contamos com a ajuda do tempo que poderia inviabilizar a instalação. 5. CONCLUSÃO A Instalação cumpriu seu objetivo de várias maneiras pois em vários momentos timos pessoas sorridentes, se movimentando, compondo, performando e exercitando cérebros quando se propunham a fazer de uma forma diferente algo que fazem comumente que é dançar a partir de um som, várias pessoas interagiram, de várias pessoas interagiram de vários cursos, funcionários da universidade e transeuntes. 10 Foram feitos contatos com alguns alunos de dança que pretendem incorporar essa tecnologia em seus projetos e uma delas já faz parte do instalação novamente mestrado. foi A apresentada no painel coreográfico de dança cumprindo assim mais um objetivo. Os próximos passos agora são compor um espetáculo que possa explorar melhor tudo isso, propor performances que explorassem mais de cada um dos sons ali instalados, e mais para frente preparar a patch para fazer as alterações de graves, agudos, intensidade, ritmo como na ideia original 11 6. REFERÊNCIAS http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/coreografias_cerebrais.html http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_neurociencia_da_danca.html http://www.davidrokeby.com/vns.html http://en.wikipedia.org/wiki/David_Rokeby http://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3bica 12