Folder - Oi Futuro
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SEMPRE SEU , OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA Oi Futuro Flamengo Rio de Janeiro 2015 / 2016 APRESENTAÇÃO Roberto Guimarães Gestor de Cultura do Oi Futuro Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2015. Cara Marcia, tudo bem? Fo i u m g r a n d e p r a z e r e s t a r c o m vo c ê , n a s e m a n a p a s s a d a . E u e minha equipe saboreamos cada palavra dita naquela manhã. Ouvir uma artista, com uma trajetória tão bonita como a sua, explicando, na medida do possível, uma nova obra, historicizando, mesmo que resumidamente, cada etapa da a ve n t u r a q u e é c r i a r, f o i ú n i c o . No meio de um dia-a-dia, invariavelmente corrido, aquele encontro foi quase como estar em uma ilha. [E pensar que, de lá para cá, em um período curtíssimo de tempo, o mundo ficou ainda mais doido, mais poluído de lama e de sangue... ]. A impressão que fica é que aquele bate-papo nos tornou – a mim e a meus colegas – ainda mais privilegiados. Acompanhar, mesmo que abstratamente, o percurso, com s u a s d i ve r s a s c a m a d a s e p e l e s , q u e s e u t r a b a l h o va i a s s u m i r e m n o s s o p r é d i o , n o s f e z v i a j a r. S e n t i r o seu olhar irrequieto e acompanhar a fala de suas mãos f o i e n t e n d e r, n a p r á t i c a , o s e u respeito pela diferenciação entre o tempo do gesto e o tempo do espaço. Escutar sobre cada uma de seus bailarinos, sobre o poder de corpos e vidas tão diferentes, sobre a beleza da música barroca, sobre o preto e branco versus o multicolorido, só fez aumentar a curiosidade do que está por vir. Já sabia de seu interesse por cartas de amor, mas, agora, está claro que o que gosta, verdadeiramente, nessa forma de transmissão de emoção. E ficou entendido que o que vai ser visto - tanto nas fotos, como nos vídeos, como nos desenhos, como nas instalações, como na obra coreográfica e nas intervenções passará longe dos códigos fáceis da literalidade. Receber Sempre Teu, dentro das comemorações dos dez anos do Oi Futuro Flamengo, está sendo uma grande alegria. Raramente, o nosso centro cultural estará tão radicalmente ocupado, tão verdadeiramente convergente, com várias linguagens artísticas misturando-se de forma tão orgânica. Agora, chegou a hora tão esperada. A hora de encontro com o outro. A dor e a delícia de ser visto, ser percebido, ser sentido, ser amado, ser criticado. Seja bem-vinda e uma ótima estreia. Um abraço. Roberto Guimarães OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 03 CURADOR Alberto Saraiva 3 itens sobre a Marcia Milhazes Companhia de Dança O Gesto: Marcia considera o gesto o vetor de sua pesquisa, de modo que os grandes movimentos existem para que um determinado ponto seja descoberto. O gesto também é o limite que deve ser ultrapassado para que se consiga chegar ao seu núcleo. Este sim é o centro de interesse da coreografa. E ela só começa a partir dele. Seria um ponto extremamente sintético e finito não fosse a complexidade que ele ganha por ser da ordem do barroco. É articulado a outros núcleos e daí em diante projeta-se ao infinito espiralar que configura o movimento barroco seguindo o modelo de Deleuze. O interior do gesto - seu núcleo, como define a artista - é um ponto que se desvela no movimento do corpo, e deve ser tecido como uma malha físicovisual que sinaliza instâncias dos sentimentos humanos. Aqueles mais pessoais, que aparecem impressos nas cartas de amor trocadas entre amantes, parentes e amigos. São emoções de contrastes, de embates permanentes. O ser é um é ser na presença do outro, e a partir desse impacto. Não exatamente do tato, mas do conta. O Barroco: O Barroco é uma inestimável fonte de reflexão na trajetória cultural brasileira e se reafirma a partir da obra de diversos autores que reatualizam seu eixo temático, estético e humano a p r ox i m a n d o i d é i a s e i n vo c a n d o emoções. Segundo Paulo Herkenhoff “o Barroco é um discurso tropical elíptico, sinuoso e sedutor; uma presença no DNA brasileiro”. Essa brasilidade barroca, contínua, está sob forte dinâmica na obra de Marcia Milhazes que analisa seu itinerário estético-corporal a partir da dança. Talvez a dança seja um dos mais significativos pontos onde o barroco se exprime porque é o corpo que se manifesta de modo transgressor dentro do espaço e na cultura brasileira e trás recursos que são a marca desta singularidade. Digamos que a dança contemporânea de Marcia Milhazes vem de uma confluência de gestos que se refundam no tempo e no espaço. O núcleo do gesto discutido por ela é uma abertura dentro da espiral barroca. O gesto é um principio a ser intensificado em instabilidades infinitas. OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 05 E são as emoções que eles traduzem neste balé. Ele é um elemento de concentração dramática que tende a apresentar o enredamento das coisas. São micro-instâncias que aprofundam e revelam as contradições cíclicas da arte e da vida. Além das redescobertas necessárias ao diálogo contemporâneo, vê-se que a aventura desta dança trabalha com uma narrativa ficcional que torna notória a expressão dos silêncios sonoros e físicos das cartas de amor, a partir das quais a coreógrafa explora um percurso poético que estabelece ritmos que vão d a i n ve n ç ã o à r e i n ve n ç ã o e d a interpretação ao real. O Silêncio: Marcia Milhazes ensaia suas coreografias em silêncio. Quando a musica chega, o silêncio continua a existir, a tal ponto que sua presença pode ser visualizada no espetáculo, porque toda a coreografia foi desenvolvida e ensaiada em silêncio e ela fica marcada por essa organicidade. Fica claro que a música é uma camada posterior. Mas, é importante assinalar que a coreografia é criada a partir de um cabedal musical que a artista define antecipadamente. E isso é fundamental para que a coreografia venha à tona. Então, a dança fica no espaço entre a música que foi ouvida antes e a música que é adicionada depois. 06 Ali, naquele meio, está o silêncio, que não é anulado quando a música chega e que se adiciona a ela como um contraponto ao som. O silêncio torna-se um elemento fundamental na obra. Deste modo a qualidade do que é sonoro em suas peças partilham simultaneamente música e silêncio. Marcia cria um campo sonoro que é dado pelo corpo, pelo movimento, pela pontuação do corpo no espaço. É uma forma de tornar a dança sonora, e não submete-la totalmente à musica, mas estabelecer trocas na intenção de criar o som final do espetáculo. Marcia usa este modelo também para as contribuições das artes visuais. As peças são feitas sob encomenda, mas os artistas não assistem aos ensaios dos espetáculos. Isso parece dar à coreografa oportunidade de trabalhar mais com o improviso e dar mais chance ao acaso, forças irracionais que estão a favor do objeto artístico. OCUPAÇÃO ARTISTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA Alberto Saraiva SEMPRE SEU, Ficha Técnica - Oi Futuro Presidente José Augusto da Gama Figueira Vice-Presidente Roberto Terziani Diretoria Executiva José Luiz Gattas Hallak Marco Norci Schroeder Administração, Financeiro, Planejamento Gestão de Cultura Gerência de Cultura Curadoria de Artes Visuais Produção de Artes Visuais Sara Crosman Roberto Guimarães Victor D’Almeida Alberto Saraiva Claudia Leite (RJ) Gustavo Goulart (BH) Coordenação Oi Futuro BH Sérgio Pereira Museologia Bruna Cruz Equipe Cultura Bruno Singh Jairo Vargas João André Macena Joseph Andrade Marcelo Stu Marciel Oliveira Raphael Fernandes Yuri Chamusca Zelia Peixoto Estagiarios Lara Rabello Ranni Soares As experimentações da bailarina e coreógrafa Marcia Milhazes acerca da linguagem do gesto vêm construindo há quase 30 anos um imaginário da natureza humana a partir das possibilidades da dança. Essa trajetória de décadas desemboca na Ocupação Artística Marcia Milhazes Companhia de Dança, onde os movimentos se misturam com uma instalação e obras de Beatriz Milhazes, irmã de Marcia, e dão forma a uma experiência física e sensorial única da dança contemporânea, a partir da música barroca, da videoarte, da fotografia, da performance e de novas leituras dos limites do corpo. A Secretaria de Estado de Cultura, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, apoia com orgulho este projeto, assim como outros que, nesse percurso em busca da criação, contribuem para a inovação artística e cultural. Atenciosamente, Secretaria de Estado de Cultura OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 09 CARTA AO VISITANTE Marcia Milhazes Queridos visitantes, Não desejo tomar o seu tempo descrevendo minuciosamente a instigante Ocupação Artística no prédio da OI FUTURO do Flamengo. Uma experiência única através da arte, surge, intensa, carregada de vários meios , estes, profundamente trabalhados por mim, meus intérpretes e artistas convidados. Peço que observem e sintam cada espaço da Ocupação. Neles residem um mundo infinito de situações humanas, onde cada artista tentou falar de suas verdades olhando as minhas, tornando-as nossas e que agora, são SUAS. Um corpo dentro do outro, numa massa emocional. Cartas, das mais distintas, de anônimos e de tempos passados, me permitiram olhar para dentro de mim e encontrar o sentido da ocupação. Particularmente, cartas de um homem para suas duas irmãs que nunca pode encontrar. A partir delas escrevi as minhas, que agora as revelo. Vivemos uma época cética onde só se acredita no que se vê e a resistência em sentir o que não se pode entender . Meu desejo, é que possamos ter a chance de imaginar através da Ocupação artística, as maravilhas invisíveis que estão dentro de nós e ao nosso redor . Permitam que entremos no seu valioso tempo e, juntos, façamos uma caminhada onde a existência do amor, devoção em abundância, fantasia, fé, poesia, sonhos se tornem as únicas coisas reais e imutáveis. Obrigada Glauce, Beatriz, Ana Amélia, Aline, Elton, Chico, Eduardo, Ana Clara, Pedro, Roger, Gustavo, Alberto, Roberto, Cláudia, Joseph e equipes Sempre seu, Marcia Milhazes OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 11 ARTISTAS 1 Ana Clara Miranda - Fotografia Projeto Technô, Área externa 2 Chico Cunha - Desenhos Grande Campo, Área externa | Nivel 05 3 Beatriz Milhazes - Artista Plástica Painel - Foyer, térreo | Cenário, Nível 04 4 Gustavo Gelmini - Instalação Visual Monitores Foyer | Nível 02 5 Eduardo Antonello, Pedro Hasselmamm, Roger Lagr Música barroca, Nível 04 6 Marcia Milhazes Companhia de Dança Obra Coreográfica, Nível 04 OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 13 ANA CLARA MIRANDA Fotografia Projeto Technô Um gesto que não se limita a ser encerra e que não se limita. Um lugar apenas movimento com início, meio e que pode ser atravessado livremente fim, mas que se permite expandir-se por uma ausência de linearidade, ser no entre de seu próprio universo de circular sem se repetir, carregar em si sentimentos infinitos. A linguagem uma consciência e humanidade de dos gestos de Marcia Milhazes é imediato reconhecimento que nos como uma carta que não precisa de absorve antes mesmo de nos endereço para encontrar o seu darmos conta. destino. É sobre esse lugar de intimidade e Sob um cuidado investigativo e ao poesia que sobreponho a minha longo de muitos estudos, o trabalho linguagem fotográfica e congelo de registrar esse rico e minucioso alguns instantes entre duas universo me trouxe grandes eternidades para escrever com luz descobertas e uma profunda esta carta de gratidão infinita, como reflexão sobre esse lugar que não se seus gestos. Ana Clara Miranda 14 OCUPAÇÃO ARTISTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, CHICO CUNHA Desenhos Grande Campo | Nível 05 O desenho, como a dança, é construído pelo acúmulo de gestos que vão criando uma ideia composta por uma teia de relações espaciais. Sendo assim, os trabalhos executados especialmente para o Oi Futuro também são pensados como relações com o espaço físico e psicológico proposto por essa Ocupação híbrida de dança, espaço e visualidade, em que o gesto humano é, como no desenho, o princípio de tudo. Chico Cunha OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 15 BEATRIZ MILHAZES Artista Plástica Projeto Painel - Foyer | Cenário, Nível 04 Minha irmã Marcia e eu sempre tivemos “invadi” o palco - um móbile construído uma relação próxima de amizade, com materiais de Carnaval que participou incluindo muitas discussões artísticas e, da cena interagindo com os bailarinos. naturalmente, surgiu de uma dessas Este foi um momento importante para conversas, a ideia de que eu criasse seus cenários. Meus conceitos de linguagem são diretamente desenvolvidos através da pintura, no plano, e, finalmente, no diálogo em que a pintura começa a estabelecer com os outros meios que surgem ao longo de minha trajetória e carreira meu processo criativo no atelier. A partir desta experiência, minha linguagem saía do plano e iniciava uma construção no espaço em três dimensões. No meu processo de atelier, um novo meio surgia na minha obra - a pintura internacional, como a colagem, serigrafia e iniciou um diálogo definitivo com a projetos para espaços específicos. escultura. Com a coreografia “Tempo de Verão”, O intercâmbio entre os diversos meios e 2004, realizei o cenário para a Marcia linguagens pode ser muito ativo e rico e, a Milhazes Companhia de Dança aonde arte contemporânea, agradece! Beatriz Milhazes OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 17 GUSTAVO GELMINI Instalação Visual Nível 02 | Monitores - Foyer A dança que assisto é da primeira fileira do teatro, observo os corpos em closes, as sutilezas dos movimentos, detalhes que a grande cena não permite e que são vistos de perto. Filmar dança é captar essa perspectiva do olhar, além do ritmo e do pulso, inerentes aos movimentos presentes na cena. O processo de trabalho para esta instalação com Marcia Milhazes me permitiu explorar intensamente este outro lugar do movimento, conhecer de perto a delicadeza do processo desta coreógrafa e de seus bailarinos que têm em sua arte a relação com o sagrado. Assim como um músico barroco tenta alcançar uma perfeição divina em seus acordes, os movimentos desta Companhia são cercados de significados que buscam o que há de mais etéreo na arte. O sentimento que guia essa instalação visual é o reflexo do olhar da primeira fileira que amplia as possibilidades dessa Companhia em desenvolver um trabalho em que se busca alcançar esses movimentos etéreos. Gustavo Gelmini Direção: Gustavo Gelmini | Edição: Diego dos Anjos | Câmera: Gustavo Gelmini Luz e finalização: Diogo Leobons | Assistente de Direção: Marina Bra 18 OCUPAÇÃO ARTISTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, EDUARDO ANTONELLO Diretor musical | Cravo e Viola de Gamba PEDRO HASSELMAMM Viola de Gamba | Vielle Medieval | Sopros ROGER LAGR Violino Barroco Nível 04 Importantes formas de expressão do ser humano como a música, as artes plásticas e a dança vem caminhando lado a lado há muitos séculos. A gama de variações e possibilidades dentro desse rico universo cultural não se limita apenas aos termos técnicos como cadências, pas de bourrées e ritornellos, mas principalmente à performance e interpretação, características fundamentais que dão vida à obra. A fusão dessas artes e suas interpretações podem ser comparadas a um organismo vivo que está em constante transformação. Um organismo que se equilibra, se modifica e busca emocionar através de estímulos e respostas independente de gêneros e técnicas. Cada ser humano reage e esses estímulos de formas distintas podendo despertar diferentes sensações. As artes são como uma verdadeira amizade, t ê m e s s e p o d e r d e e m o c i o n a r, surpreender, entreter, nos levar além. Esse breve texto fala também de uma grande amizade que surgiu graças às artes e que hoje floresce com seu máximo potencial de criação conjunta e verdadeira. Eduardo Antonello OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 19 MARCIA MILHAZES Companhia de Dança Intérpretes Ana Amélia Vianna | Aline Arakaki | Elton Sacramento Dar um passo a mais, avançar na direção do sonho, fingir desconhecer os limites do corpo, da alma, da entrega. Cada novo trabalho lança a vida no desconhecido e ajuda a continuar acreditando que a casa-corpo da qual não posso me separar, pode um pouco mais. Se manter disponível, aberta, abraçando as dúvidas e as certezas e fazendo delas boas companheiras pelo caminho. Acho que é sobre isso que gostamos tanto de falar e, no fim das contas, o que chega aí, do outro lado do pano, é mistério. Que bom que seja sempre assim! Ana Amelia Cartas, encontros e uma poética. Em tempos de tantas divergências, sinto que esse novo projeto da Companhia veio como um convite ao diálogo e ao encontro. É muito gratificante fazer parte de um processo de criação como esse, onde podemos vivenciar a nossa linguagem através de novos prismas e experiências. Cada novo olhar traz uma nova questão, e a partir dessas trocas um novo tempo vai se estabelecendo, uma nova realidade é criada, e um lugar comum é construído... contudo a essência é mantida. Através de cada obra da Companhia, sinto que esse lugar que nos une guarda uma simplicidade rara e ao mesmo tempo infinita. Ainda que em tempos diferentes, existe um lugar comum onde nossas questões humanas residem em comunhão. Aline Arakaki Porque minha verdade pertence às suas! Minhas queridas, eu tenho tanto a lhes falar. E que a simplicidade encontrada no que digo nunca seja refletida em dúbios tons, podendo permitir a sensação do nu não encontrada na observação do olhar e sim no encontro de almas. São preciosas as possibilidades de me ver em vocês, de como sussurro meus pensamentos gerando finitos diálogos de maior escuta. Vejo em cada uma a complexa e plural existência em que estão debruçadas suas cartas ativas de todo zelo. As vejo, vejo-me, eu falo. Todas as sensações, os desejos, o diálogo, o nós na bucólica imersão do gesto-alma. Em cada silêncio que ouço em suas repetições, mais encontro meu olhar e minhas sensações conduzem meus estados. Meu corpo ganha voz, minha voz ganha gestualidade, e a gestualidade o sentido da linguagem que por decorrência ganha liberdade e plenitude. E elas? Vinde à mim "numa" análise observativa. E eu, apenas me entrego, trego sem ego. Nesse mar de sensações a deriva de mim. Elton Sacramento BIOGRAFIAS Marcia Milhazes Companhia de Dança Companhia independente, residente no Rio de Janeiro e Formada em dezembro de 1995, quando sua coreógrafa e diretora artística retornou da Inglaterra onde viveu por muitos anos em Londres, continuando sua carreira como bailarina profissional. Pós graduação (MA) em Estudos da Dança e Coreografia, no prestigioso Laban Centre for Movement and Dance - London. Recebeu o Título com distinção. A Companhia possui em seu repertório 17 obras coreográficas e 4 óperas. Todas as composições coreográficas são fruto de um importante diálogo de vários meios artísticos com a investigação sobre a arte brasileira, envolvendo assim, de forma profunda, a busca da linguagem do gesto. As mesmas receberam os mais importantes prêmios da crítica nacional e internacional. Mambembe (Duas vezes), APCA (Quatro vezes), Revista BRAVO - considerada uma das 100 artistas brasileiras mais importantes do Século XXI, em países como a Alemanha e França, dentre outros. A Companhia desenvolve desde a sua formação, um extenso programa educativo envolvendo jovens em geral, com necessidades especiais e adultos para a formação artística, além de ser criadora do Seminário “O Corpo na Arte Contemporânea” - ciclos de palestras ministradas por importantes artistas e pensadores da cena nacional. Desde sua formação a Companhia se apresenta nos mais importantes Teatros, Museus e Centros de Arte no Brasil e exterior. OCUPAÇÃO ARTÍSTICA MARCIA MILHAZES COMPANHIA DE DANÇA SEMPRE SEU, 23 Ana Clara Miranda, fotógrafa especializada em espetáculos artísticos com ênfase no cenário da música de concerto, ópera e ballet. Junto à Marcia Milhazes Cia de Dança vem desenvolvendo um trabalho de registro dos seus últimos espetáculos como a ópera-ballet Pigmalião (2012), Camélia (2012), O Bilhete (2014) e, ao longo de 2015, um registro documental mais profundo em torno do rico material gestual da coreógrafa, que resulta na exposição de 13 imagens para o seu novo projeto 'Sempre Seu'. Chico Cunha, vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ - formado em Arquitetura, consolida sua carreira nas Artes Plásticas, com destaque em exposições nacionais e internacionais, desde 1981, quando participa do Salão Carioca de Desenho e Gravura, “Em Torno do Parque Lage”, na Piccola Galeria, RJ. Desde então, participa regularmente de diversas exposições individuais e coletivas, donde podemos destacar a Bienal de São Paulo, Bienal de Cuba, a histórica exposição “Como Vai Você, Geração 80?” no Parque Lage, da qual se torna um dos principais ícones representativos da mostra, dentre outras importantes exposições nacionais e internacionais. Em 1990 especializa-se em História da Arte e Arquitetura no Brasil, pela PUC-RJ e, em 1991, é laureado com uma bolsa de estudos pela Prefeitura da Cidade do México, onde faz residência em Beca Ciudad de Mexico. - Tendo o desenho e a pintura como foco central para o desenvolvimento do seu trabalho como artista plástico, Chico Cunha é também, desde 2002, professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Seus trabalhos integram os acervos das Coleções Gilberto Chateaubriand – MAM-RJ, Marcantônio Vilaça, João Sattamini – MAC –Niterói e Paulo Figueiredo. Beatriz Milhazes é formada em Comunicação Social. Ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) em 1980 onde estudou até 1983 e atuou como professora de pintura até 1996.Milhazes é considerada uma das mais importantes artistas brasileiras e consolidou sua carreira no circuito nacional e internacional de Artes Plásticas com participação em Bienais de Veneza (2003), São Paulo (1998 e 2004) e Shangai (2006). Exposições individuais em Museus e Instituições prestigiosas como na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2008); na Fondation Cartier, Paris (2009); na Fondation Beyeler, Basel (2011); e mais recentemente na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; no Museo de Arte Latinoamericano (Malba), Buenos Aires (2012); no Paço Imperial, Rio de Janeiro e Pérez Art Museum, Miami, USA (2014/2015). - Suas obras integram as coleções dos Museum of Modern Art (MoMA); Solomon R. Guggenheim Museum; The Metropolitan Museum of Art (Met), em Nova York; do 21st Century Museum of Contemporary Art no Japão; e do Museo Reina Sofia, em Madrid, entre outros. Gustavo Gelmini , formado em cinema e em direção teatral no Centro de Estudo Experimental (Ana Kfouri), trabalha desde 2007 com direção de imagem para os coreógrafos Renato Vieira, Paulo Caldas, João Saldanha, Marcia Rubin, Esther Weitzman; entre outros. Dirigiu uma série de videodanças com a cia Staccato Paulo Caldas. Em 2013 dirigiu o espetáculo Encontros Impossíveis, em cartaz no Teatro do Leblon, espetáculo que dialoga entre a linguagem do teatro e cinema, com ousados recursos de projeções em cena. Já trabalhou como artista visual de diversos espetáculos, entre eles o Som da Motown, de Renato Vieira; Fonte, de Paulo Caldas; Porta da Frente, de Marco André Nunes e Jorge Caetano. - Em cinema foi produtor, editor e câmera de diversos e premiados documentários internacionais, entre eles, foi diretor assistente do documentário norte americano Mataram Irmã Dorothy, premiado como melhor documentário no SXSW, indicado ao Emmy Awards e préselecionado ao Oscar. - Atualmente finaliza o media-metragem de dança suítes para dança com coreografias de Alex Neoral, Renato Cruz e Renato Vieira, projeto contemplado pela Oi Futuro. Eduardo Antonello é bacharel em cravo e mestre em práticas interpretativas pela UFRJ contemplado com bolsas de iniciação científica e mestrado pela instituição sob a orientação do prof. Marcelo Fagerlande. Participa ativamente como organizador da Semana do Cravo, evento anual promovido pela universidade e dedicado ao instrumento no Brasil. Até os 23 anos realizou mais de 120 concertos com diversos grupos musicais incluindo a Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Petrobrás Sinfônica, Orquestra do Theatro Municipal do Rio e Johann Sebastian Rio e com solistas como a Mezzo Soprano Jennifer Larmore e o violoncelista Antonio Meneses. Atualmente é cravista concursado da UFRJ. Ficha Técnica Direção Artística, Coreografia e Concepção Marcia Milhazes Luz Glauce Milhazes Técnico de Luz Desenho Gráfico Rodrigo Lopes Marcia Milhazes e Edson Lopes Fotografia Ana Clara Miranda Tratamento de Imagens Mickele Petruccelli Figurino Confecção Assessoria de Imprensa Produção Executiva Marcia Milhazes Antonia Fróes Mário Canivello Comunicação Leila Grimming Marcia Milhazes e Glauce Milhazes O meu mais profundo agradecimento À minha amada mãe, companheira de todos os momentos da minha vida. Obrigada pelo seu olhar cuidadoso, maestria no detalhamento profissional e devoção à minha Companhia de Dança Sem você nada seria tão valioso e iluminado... Beatriz Milhazes, Chico Cunha, Luiz Roberto Castello Branco, Thomaz Milhazes, Beatriz Radunsky, Elizabeth Fanti, Cely Bianchi, os queridos amigos do staff do Espaço SESC de Copacabana, Eloisa Meneses, Mônica, Guilherme Vergara (Curador do MAC Museu de Arte Contemporânea de Niterói) Sabrina Curi (MAC), Joaquim Luiz Ferreira, Luiz Antonio de Cássio Ferreira, José Pires e equipe, Yeda e Josias Dias dos Santos, Edson Lopes, Marco Antonio Fernandes da Silva, João André Macena dos Santos, Ranni Soares, Joseph Andrade de Azevedo e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. MMilhazesDanca Esta obra foi composta em tipografias: Arial e XXX Impresso em papel XXX Impresso em dezembro de 2015 na Grafica XXX