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EXPERIENCES Roteiros de luxo 72 RED luxury itineraries Dias de Majestade Days of Majesty Um grandalhão bigodudo, vestido com traje típico, toca sua gaita de fole na estação de Edimburgo, liderando a fila de 28 passageiros para o embarque no The Royal Scotsman, o exclusivo trem da Orient-Express na Escócia: é o início de dias de luxo, boa mesa e degustações de whisky entre as incríveis paisagens das Highlands – onde nossos repórteres experimentaram como é ter tratamento de rei A big, mustached man, dressed in traditional garb, plays his bagpipes at Edinburgh station, leading a line of 28 passengers to board The Royal Scotsman, the exclusive train from the Orient-Express in Scotland: it’s the beginning of days of luxury, good food and whisky tastings among the incredible landscapes of the Highlands – where our reporters found out what’s it like getting the royal treatment por/by Daniel Nunes Gonçalves fotos/photos Adriano Fagundes Acordes de música tradicional escocesa ecoam na estação: um trem de luxo está prestes a partir Chords of traditional Scottish music echo throughout the station: a luxury train set to embark 73 EXPERIENCES Roteiros de luxo V estimos as pesadas saias xadrez, ajeitamos as gravatas-borboleta, demos cinco voltas com os cadarços dos sapatos em cada perna, prendemos as facas nas longas meias e amarramos as pochetes na cintura. Faltavam três horas para a partida do trem – programada britanicamente para 13h41 – quando terminamos de experimentar os kilts. Era nossa primeira vez alugando vestimentas tradicionais, e aquele ritual coroava com uma dose de glamour o que vinha pela frente: três dias a bordo do The Royal Scotsman, o expresso de luxo da mítica rede Orient-Express na Escócia. Ostentar os trajes da Kinloch Anderson já era sinônimo de nobreza: a marca existe desde 1868 e provê roupas para a Rainha Elizabeth e o Príncipe Charles. A partir dali, os reis seríamos nós – especialmente no jantar da última noite a bordo, que requeria vestimenta formal. Penduramos os cabides no típico táxi preto e aceleramos para a Edinburgh Waverley Station, onde xícaras de chá inglês nos esperavam na sala vip da estação e um tocador de gaita de fole conduziria a fileira de passageiros para o mais sofisticado trem do Reino Unido. “Welcome, ladies and gentlemen, good morning and thank you”, nos recebeu solenemente o anfitrião, Michael Andrews, no vagão panorâmico, decorado com tons quentes de bordô e dourado. “Aproveitem para observar a paisagem e tomar um drinque enquanto aguardam sua vez de serem levados às habitações.” Degustar os melhores whiskies do planeta justamente ali, no berço deles, era um dos prazeres mais aguardados dessa viagem. Mais de 600 garrafas são consumidas no trem a cada temporada de maio a setembro (não há serviço no inverno), e havia mais de 40 delas à disposição no bar. Das bebidas alcoólicas aos passeios feitos em terra a cada parada, tudo está incluído no preço do pacote: 2.140 libras (cerca de 5.500 reais) por aqueles três dias de passeio de ida e volta entre Edimburgo e as Highlands, as altas montanhas do Norte da Escócia. A Orient-Express opera ainda outras seis rotas no Reino Unido, num total de 74 RED luxury itineraries We donned the heavy, checkered skirts, arranged the bow ties, tied the shoelaces five times around each leg, tucked the knives into the long socks and fastened the pouches at the belt. It was three hours before the train’s departure – scheduled in British fashion for 1:41 p.m. – when we were done trying on the kilts. It was our first time renting traditional vestments, and that ritual crowned with a dose of glamor what was to come: three days aboard The Royal Scotsman, the luxury express train from the mythic Orient-Express franchise in Scotland. Exhibiting the outfits from Kinloch Anderson was in itself synonymous with nobility: the brand has existed since 1868 and it provides clothing for Queen Elizabeth and Prince Charles. From that point on, the kings would be us – especially at the dinner on the last night on board, which would require formal attire. We hung the hangers in the typical black taxi and sped to Edinburgh Waverley Station, where cups of English tea were awaiting us in the station’s VIP room, and a bagpipe player would conduct the line of passengers to the most sophisticated train in the U.K. “Welcome, ladies and gentlemen, good morning and thank you,” our host Michael Andrews welcomed us solemnly in the panoramic wagon, decorated in hot tones of burgundy and gold. “Take some time to admire the landscape and have a drink while waiting for your turn to be taken to the accommodations.” Sampling the best whiskies right there, in the place of their birth, was one of the most anticipated pleasures of that journey. More than 600 bottles are consumed on the train every season between May and September (there’s no service in the winter), and there were over 40 of them on display in the bar. Everything, from the alcoholic beverages to the activities on land at each stop, is included in the price of the package: 2,140 pounds (around 3,380 dollars) for those three days of roundtrip travel between Edinburgh and the Highlands, the high mountains in northern Scotland. The Orient-Express also operates Apresentação musical no vagão panorâmico, um dos dormitórios (abaixo), o trem estacionado durante a noite (abaixo, à dir.) e o barman Fraser Robson (na pág. oposta) servindo os passageiros A musical performance in the panoramic car, one of the dormitories (below), the train parked during the night (below, right) and bartender Fraser Robson (on the opposite page) serving passengers 75 EXPERIENCES Roteiros de luxo O ator e guia Ray Owens em Culloden, a destilaria da Chivas (à esq.), a pesca em Rothiemurchus (abaixo) e os maquinistas Daniel Forbes e Jim Waddell (na pág. oposta) Actor and guide Ray Owens in Culloden, the Chivas distillery (left), fishing in Rothiemurchus (below) and the machinists Daniel Forbes and Jim Waddell (on the opposite page) 76 RED luxury itineraries 25 viagens a cada ano, e elas podem durar até uma semana – a maior delas custa para cada passageiro 8.870 libras, ou uns 23.000 reais. Começamos por um Glenkinchie 12 anos, leve e com aroma floral. “Gostou desse ou prefere algo mais smoky?”, perguntou o simpático barman Fraser Robson, 21 anos, escocês de Edimburgo. Um dos 14 funcionários escalados para atender aquele grupo seleto de 28 passageiros (embora a capacidade total seja de 36 pessoas), Fraser servia as bebidas de forma segura, enquanto o trem apitava e já entrava em movimento. Sinal de que aproveitou bem o treinamento rigoroso feito ao longo de um mês antes do início da temporada, quando os empregados aprendem detalhes sobre o funcionamento e a história do The Royal Scotsman: embora tenha começado a circular em 1985, o trem tem a maior parte de sua estrutura datada da década de 1960. “Nenhum aprendizado é mais importante do que o de lidar com uma clientela exigente”, contou Fraser. “O trabalho é prazeroso: várias vezes me flagro olhando pelas janelas, admirando paisagens de tirar o fôlego.” Minutos depois já atravessávamos a cozinha, a biblioteca e os cinco vagões-dormitório daquela centopeia mecânica de 200 metros e corredores estreitos. A compensação viria dentro dos vinte quartos, maiores do que se espera encontrar em um trem. Adriano, meu colega fotógrafo, ficou na cabine M. “M de majestade”, brincou, dando uma piscada de olhos. Eu fui levado ao próximo quarto disponível, o da letra P – “P de príncipe”, retruquei, rindo. “Precisando de algo do nosso serviço de concierge, basta tocar este botão”, disse o atencioso francês que carregou nossas malas. Minutos depois eu faria o teste, pedindo que levassem uma camisa para tirar um leve amassado. Revestido de madeira decorada com marchetaria, meu quarto tinha duas camas de solteiro confortáveis diante de dois metros de janela, uma escrivaninha, guarda-roupa com roupões e, no banheiro privado, aquecedor para toalhas. Como se não fosse suficiente, o trem para durante a noite, garantindo melhor sono aos passageiros. A primeira parada aconteceria na destilaria da Dalwhinnie, a mais alta das 14 destilarias das montanhas de Speyside. As duas doses do final do tour davam continuidade às degustações que terminariam depois do jantar informal daquela primeira noite. No vagão Raven, six other routes through the U.K., for a total of 25 trips each year, and they can last up to a week – the longest costs each passenger 8,870 pounds, or about 14,000 dollars. We started with a 12-year-old Glenkinchie, light with a floral aroma. “Do you like this one, or would you prefer one that’s smokier?” asked the friendly bartender Fraser Robson, a 21-year-old Scotsman from Edinburgh. One of the 14 employees chosen to attend that select group of 28 passengers (though the total capacity is for 36), Fraser served the beverages safely while the train whistled and began moving. A sign that he made the most of the rigorous training done throughout a month at the beginning of the season, when the employees learn the details about the functions and history of The Royal Scotsman: though it began running in 1985, most of the train’s structure is dated from the 1960s. “The most important part of the training is learning how to deal with the demanding clientele,” said Fraser. “The work is pleasurable: I often catch myself looking out the windows, admiring the breathtaking landscape.” Minutes later, we crossed through the kitchen, the library and the five sleeping cars of that mechanical centipede of 650 feet and narrow corridors. The compensation would come inside the twenty rooms, bigger than you’d expect to find on a train. Adriano, my photographer colleague, stayed in cabin M. “M for majesty,” he joked, sending me a wink. I was taken to the next available room, that of the letter P – “P for prince,” I shot back, laughing. “If you need anything from our concierge service, just press this button,” said the friendly Frenchman who carried our bags. Minutes later, I would test it out, asking for them to iron out the wrinkles of my shirt. Lined and decorated with inlaid woodwork, my room had two comfortable twin beds alongside 6.5 feet of windows, a little desk, closet with robes and, in the private bathroom, a heater for the towels. As if that weren’t enough, the train stops during the night, to better ensure a good night’s sleep for the passengers. The first stop would take place at the Dalwhinnie distillery, the highest of 14 distilleries in the Speyside mountains. The two doses at the end of the tour continued the tasting that would end after the informal dinner on the first night. In the Raven 77 EXPERIENCES Roteiros de luxo Jantar formal no vagão-refeitório Victory, mesa posta no carro Raven (abaixo, à dir.), o chef Ian Steel (abaixo) e uma de suas criações e, na pág. oposta, uma garrafa de whisky 21 anos A formal dinner in the Victory dining car, a table in the Raven car (below, right), chef Ian Steel (below) and one of his creations, and, on the opposite page, a bottle of 21-year-old whisky cujas várias mesas acomodam 20 dos passageiros, nos sentamos à mesa com todos os talheres e taças a que tínhamos direito. À medida que montanhas com picos nevados, lagos e pastagens de ovelhas dançavam na paisagem, éramos apresentados ao menu: salada acompanhada de terrine de legumes com chutney de tomate e azeitonas pretas e filé de halibut com purê de batatas e aspargos – tudo sempre harmonizado com vinhos de primeira linha. A noite só caiu por volta das 23 horas, depois de assistirmos a uma apresentação de música típica escocesa no vagão panorâmico, já com o trem parado diante de um campo de golfe verdinho na estação Boat of Garten. E, claro, depois de mais algumas doses de puro malte. Quando despertamos para o café da manhã, o trem já estava em movimento para mais um trecho da viagem de 870 quilômetros. Os maquinistas Daniel Forbes, 70 anos, e Jim Waddell, 53, tinham levantado cedo, às 6 horas, para ligar o grande propulsor que impulsiona a locomotiva na velocidade média de 100 quilômetros por hora em uma linha exclusiva, diferente da usada por outros trens. “Motores bons como este, feito em 1957 e ainda na ativa, são um verdadeiro patrimônio”, nos contaria Jim mais tarde. “É um privilégio encerrar nossa carreira neste trem”, emendou seu colega Daniel. “Eu me aposentei, mas continuo aqui por amor ao ofício, com a vantagem de comer boa comida e de conhecer gente amável do mundo todo.” É no fim do dia que essa dupla relaxa e pode também tomar sua dose de whisky. E qual é o melhor destilado escocês? – perguntei. “É aquele que um amigo paga para você”, respondeu gargalhando o velho Jim. Naquela manhã, os passageiros trocaram o trem por uma van até o Rothiemurchus Estate, em meio a uma floresta de pinheiros do Parque Nacional Cairngorms, onde teriam de optar por qual passeio fazer: caminhar por 3 quilômetros e observar pássaros, uma paixão dos britânicos; passear por estradas mais distantes em veículos 4x4; se divertir com o clay pigeon shooting, um jogo de tiro que tem como alvos discos de argila lançados ao alto; ou praticar fly-fishing, aquele tipo de pesca com uma vara de linha longa onde são colocadas iscas coloridas que se assemelham a mosquitos. À tarde, depois da volta ao trem em Aviemore (quando fomos recebidos com drinques) e do almoço (bouillabaisse de 78 RED luxury itineraries wagon, whose many tables accommodate 20 passengers, we sat at a table with all the utensils and glasses that we could ask for. As the mountains with snowy peaks, lakes and pastures of sheep danced in the foreground, we were presented the menu: a salad accompanied by a vegetable terrine with tomato and black olive chutney and a halibut fillet with mashed potatoes and asparagus – all of it harmonized with first-rate wines. Night fell only around 11 p.m., after we saw a performance of typical Scottish music in the panoramic wagon, with the train stopped in front of a green golf course at the Boat of Garten station. And, of course, after a few doses of pure malt. When we awoke for breakfast, the train was already in motion for yet another stretch of the 540-mile trip. Machinists Daniel Forbes, 70, and Jim Waddell, 53, had gotten up early, at 6 a.m., to turn on the big engine that would propel the locomotive at an average speed of 62 mph on an exclusive track, different from the one used by other trains. “Good motors like this one, made in 1957 and still running, are a veritable patrimony,” Jim would tell us later on. “It’s a privilege for us to end our careers on this train,” added his colleague Daniel. “I retired, but I still work here for the love of the craft, with the advantage of eating good food and meeting lovely people from all over the world.” At the end of the day, this duo is able to finally relax and have their own dose of whisky. And which is the best kind of Scottish liquor? – I asked. “The kind that a friend buys for you,” old Jim answered with a laugh. That morning, the passengers traded the train for a van ride to the Rothiemurchus Estate, in the middle of a pine forest in Cairngorms National Park, where they could opt for one activity: walking for 1.8 mile and bird-watching, a passion of the British; passing across the most distant roads in 4x4 vehicles; enjoying some clay pigeon shooting, a shooting game in which you take aim at clay discs that are launched into the air; or fly-fishing, in which you utilize a fishing pole with long wire hooked to a colorful bait that looks like mosquitos. In the afternoon, after returning to the train in Aviemore (when we were welcomed with drinks) and 79 EXPERIENCES Roteiros de luxo Traje típico escocês Traditional Scottish garb Conheça a roupa formal usada por Adriano Fagundes (à esq.) e Daniel Nunes Learn about the formal clothing worn by Adriano Fagundes (left) and Daniel Nunes COLETE Com três botões, deve sempre cobrir a camisa branca CULOTTES • With three buttons, it must always cover the white shirt KILT É grande, pesado e com padronagens (tartans) que fazem menção a clãs tradicionais KILT • It’s large, heavy and with patterns (tartans) that reference traditional clans sporran Sempre preta, a modelo borboleta é exigida apenas em eventos solenes TIE • Always black, the bow tie model is only required on solemn occasions PALETÓ O modelo pequeno, usado aberto, não é o único – existem jaquetas e paletós maiores SUIT JACKET • The small model, worn open, is not the only kind – there are larger coats and jackets frutos do mar), a parada foi outra: o campo de batalhas de Culloden. “Aqui aconteceu o último grande conflito em terras britânicas, em 1746, quando morreram mais de 1.200 pessoas em apenas uma hora”, contou o guia e ator Ray Owens, vestido como um highlander. O programa mais esperado da viagem, no entanto, aconteceria naquela segunda noite (depois de passarmos por outra destilaria, a do Chivas): era o jantar formal. Dessa vez, fomos acomodados na única mesa coletiva do segundo vagão-refeitório, o Victory, construído em 1945. “Sempre usamos os mais frescos ingredientes escoceses, como estes salmões defumados”, contou o jovem chef Ian Steel, 33, escocês que já trabalhou em alguns dos melhores restaurantes de Glasgow e que foi chamado à mesa para ser aplaudido pelos comensais. Para nós, estrangeiros, mais marcante que a excelente comida era a pompa do evento. Como recomendado previamente, todos eram convidados a vestir black tie, tuxedo ou o traje típico escocês – que foi, claro, a nossa preferência. Vestimos o traje completo, da gravata-borboleta à faca na canela. O assunto das conversas na grande mesa variou de casamento real a filmes de Bollywood enquanto papeávamos com a família de Harsh Singhania, indiano de Nova Délhi, e com o casal Ian e Deborah Griffiths, britânicos de Londres em lua de mel. O trem parou para o segundo pernoite em Dundee, e todos que terminavam o jantar iam ouvir música ao vivo no vagão panorâmico. Alguns foram dormir logo, já que o Orient-Express terminaria a viagem na estação de Edimburgo às 9h49. Adriano e eu, porém, preferimos curtir mais um pouco nosso dia de lordes. “Mais uma dose?”, perguntou o barman Fraser. O rapaz baixou sobre a mesa uma garrafa de single malt The MacAllan, que passa por processo triplo de destilação. Cheios de pompa, acrescentamos um pouco de água para sentir o aroma, molhamos os lábios, fizemos um brinde. Encerramos nossa noite ali, degustando com aparente maturidade um autêntico whisky 21 anos. E, evidentemente, orgulhosos de nossos saiotes. MEIAS Compridas e pretas, recebem adereços também em xadrez que asseguram que estejam sempre altas SOCKS • Long and black, they are enhanced with checkered patterned suspenders that keep them pulled up mapa: Bruno Algarve A pochete levava a comida dos highlanders; hoje guarda carteira, celular e chaves sporran • It used to carry the food of the highlanders; today, it holds wallets, cell phones and keys GRAVATA 80 RED luxury itineraries having lunch (a seafood bouillabaisse), there was another stop: the battlefield at Culloden. “Here, the last great conflict on British soil took place in 1746, when over 1,200 people were killed in just an hour,” tells guide and actor Ray Owens, dressed as a highlander. The most-anticipated activity of the trip, however, would take place that second night (after passing through another distillery, Chivas): the formal dinner. This time, we were accommodated at a single collective table in the second serving car, the Victory, constructed in 1945. “We always use the freshest Scottish ingredients, like these smoked salmons,” says the young chef Ian Steel, 33, a Scotsman who’s worked in some of the best restaurants in Glasgow and who was called to the table to be applauded by the diners. For us, foreigners, more remarkable than the excellent food was the pomp of the event. As previously recommended, everyone was invited to don their black tie attire, a tuxedo or the traditional Scottish garb – which we opted for, of course. We got full dress: from the bow ties to the knives tucked in at our shins. The topic of conversation at the big table ranged from the royal wedding to Bollywood movies, while we chatted with the Harsh Singhania family, Indians from New Delhi, and Ian and Deborah Griffiths, a British married couple from London on their honeymoon. The train stopped for a second overnight stay in Dundee, and all those done with dinner went to listen to live music in the panoramic car. Some went to sleep right away, being that the Orient-Express would end its journey at the Edinburgh station at 9:49 a.m. Adriano and I, however, preferred to enjoy our day as lords a little more. “Another whisky?” asked bartender Fraser. The young man placed a bottle of single malt on the table, The MacAllan, which goes through a process of triple distillation. Filled with pomp, we added a little water in order to smell the aroma, licked our lips and made a toast. We wrapped up our night there, sampling with apparent maturity an authentic 21-year-old whisky. And blatantly proud of our kilts. INFO – The Royal Scotsman - royalscotsman.com; Kinloch Anderson - Commercial Street/Dock Street, Leith, kinlochanderson.com AGRADECIMENTOS/SPECIAL THANKS: Orient-Express (orient-express.com) 81