O designer que mobilou Portugal

Transcrição

O designer que mobilou Portugal
PARQ
49
DIRECTOR
Francisco Vaz Fernandes
[email protected]
EDITOR
Francisco Vaz Fernandes
[email protected]
COORDENAÇÃO DE MODA
Daniel Ribeiro
Sérgio Simões
DIRECÇÃO DE ARTE
Valdemar Lamego
[email protected]
www.k-u-n-g.com
PERIOCIDADE: Bimestral
DEPÓSITO LEGAL: 272758/08
REGISTO ERC: 125392
EDIÇÃO
Conforto Moderno Uni, Lda.
NIF: 508 399 289
PARQ
RUA QUIRINO DA FONSECA, 25 – 2ºESQ.
1000-251 LISBOA
T. 00351.218 473 379
IMPRESSÃO
EURODOIS
12.000 exemplares
DISTRIBUIÇÃO
Conforto Moderno Uni, Lda.
A reprodução de todo o material
é expressamente proibida sem
a permissão da Parq.Todos
os direitos reservados.
Copyright © 2008 — 2015 PARQ.
ASSINATURA ANUAL
12 euros
PA RQ
Fevereiro
Março
TEXTOS
EDITORIAL
Ana Rodrigues
António Pereira Ribeiro
Carla Carbone
Carlos Alberto Oliveira
Diogo Simão
Francisco Vaz Fernandes
Joana Teixeira
Marcelo Marcelo
Maria São Miguel
Mariana Viseu
Pedro Lima
Roger Winstanley
Rui Miguel Abreu
Sara Bernardino
Teresa Melo
OITO ANOS
FOTOS
Ana Luísa Silva
Andy Dyo
António Medeiros
Carlota Andrade
Joelma Aguiar
Pedro Pacheco
Silvia Martinez
2016
2016
Março
PARQ
49
YOU MUST
04
06
06
09–09
10
12
14–17
18–19
20
21
22
23
24–25
26–28
29
30
Queremos celebrar o 8º aniversário da PARQ com
vocês, leitores com quem partilhamos uma perceção inconformada do mundo. Por vezes idealista
ou absurdamente cruel, foram oito anos que consolidaram a visão que temos do mundo e que, de
uma forma ou de outra, teve sempre algum eco.
Temos o prazer de acompanhar uma geração com
a qual sentimos os mesmos sonhos e angústias e
que, graças a essa ligação, tornaram a PARQ numa
revista de culto na sociedade portuguesa.
Nesta edição, destacamos os Tinderstiks, a prova
viva de um clássico que caminha para o essencial,
evidenciando mais uma vez a sua eterna juventude.
Porque a flor da idade é para aqui chamada, fazemos também referência aos novos chef’s que revolucionam a cozinha contemporânea em Portugal:
Carlos Fernandes, Manuel Lino e Nuno Bergonse.
STYLING
Sendo a PARQ construída a partir de realidades
díspares e antagónicas, mas que convivem em paralelo, o tema central da edição é a atual crise dos
refugiados, desta vez pela visão de alguém que está
no terreno. Numa entrevista à PARQ, o fotógrafo
Mohammed Alkouh conta de que forma o seu trabalho artístico resgata a esperança de quem se encontra no meio deste inferno humanitário.
Diogo Ribeiro
Joana Borger
Morgana Andrade
Sérgio Simões
Para os que encontram a PARQ nos lugares habituais, sugiro que escolham espaço aberto, talvez
um dos jardins ou miradouros da capital que, pela
evidente claridade, permitem uma leitura agradável.
32–33
34–35
LUCAS: óculos em metal MARC JACOBS, pólo
em jersey de algodão LACOSTE, camisa de
ganga de mangas compridas LEVI’S
M a g a zi n e
Street Art
Fotografia
Arquitectura
Ilustração
Design
Música
Moda
Música
Música
Música
Música
Música / Arte
Moda
Moda
Beleza
Moda
Anderson .Paak
Tindersticks
Música
Música
CENTR AL PARQ
fotografia por António Medeiros
ass. fotografia por Sara Pinheiro
styling por Daniel Baptista
Ribeiro & Rita Cerqueira
ass. styling por Joana Borges
make-up por Inês Aguiar
hair por Cláudio Pacheco
36–39
40–43
44–47
48–55
56–63
modelos @ KaracterAgency
Beatriz Amaral
Carla Pereira
Lucas Ribeiro
PA RQ
Chefs
Mohammed Alkouh
Paolo Cappello
Gastronomia
Fotografia
Design
FASHION
Closer
Color Unblock
Moda
Moda
PARQ HERE
64
65
66
BEATRIZ: colete em ganga COS,
brincos em metal H&M
CARLA: casaco de ganga H&M STUDIO, calças de
ganga CHEAP MONDAY, brincos em metal H&M
www.
parqmag.
com
Okuda
Jimmy the Bull
MAAT
Sara Feio
José Espinho
Música no Cinema
Levis
Cheymoore
10 Discos
Sam Alone
Maternidade
Diogo Espectro
Hibu
Moda
Beleza
Shopping
SOUNDSTATION
por Francisco Vaz Fernandes
2
Fevereiro
3
Miss Jappa
Bubble Tea
Spot Real
Restaurante
Drink
Diversão
M a g a zi n e
You
Mus t
Se e
Kaos
Temple
by
Okuda
texto por Joana Teixeira
w w w.okudar t .es
Em Llanera, nas Astúrias, um templo antigo foi convertido
em La Iglesia Skate pelo coletivo de skaters LA CHURCH
BRIGADE, que construiu as rampas dentro do espaço
seguindo uma filosofia DIY. Em 2014, o artista espanhol
OKUDA SAN MIGUEL encontrou este altar de peregrinação
da cultura skate e apaixonou-se pelo seu conceito moderno
adaptado a uma estética construída há mais de 100 anos.
caleidoscópicos e figuras surreais: coloriu paredes,
tetos e arcadas, qual MIGUEL ÂNGELO pintando a Capela
Sistina. OKUDA transformou La Iglesia Skate no Kaos
Temple, a jóia da coroa do seu repertório artístico.
O skatepark foi reinaugurado em Dezembro do ano
passado com a presença do skater DANNY LÉON e gerou
uma forte agitação cultural devido à sua expressão
artística única que desafia a própria história da arte.
Inebriado pela essência urbana do espaço, OKUDA
visualizou a forma perfeita de o complementar. Inspirado
pela sua instalação Kaos Star, uma rosa-dos-ventos
assimétrica e colorida, o artista reinventou o interior
da igreja através de formas geométricas, desenhos
PA RQ
La Iglesia Skate aka Kaos Temple de Okuda
está agora aberta a entusiastas do skate e
apreciadores de arte contemporânea em geral.
4
M a g a zi n e
Authentic Store Lisboa
Rua do Ouro, 234
Authentic Store Porto
Arrábida Shopping, Lj 107
FREDPERRY.COM
You
Mus t
Se e
Jimmy
the Bull
texto por Joana Figueiredo
w w w.jimmy t hebull.com
Jimmy The Bull transformou-se num fenómeno imagético
no Instagram e as suas aventuras podem também ser folheadas num livro homónimo. RAFAEL é o diretor criativo da vida
de Jimmy, ilustrando-o em atividades como ler, voar, lavar os
dentes ou vestindo a pele de outros animais como um tubarão, um leão ou um coelho.
Um dia, o artista brasileiro RAFAEL MANTESSO deu por si sozinho
numa casa vazia sem mobília nem decoração: a única coisa que
a sua mulher lhe tinha deixado foi Jimmy Choo, um bull terrier.
MANTESSO pegou numa câmara fotográfica e começou a fazer retratos do cão, reinventando depois as fotografias com
um marcador e construindo assim uma história de fantasia na
qual Jimmy é o protagonista.
M
Em nome da arte, sempre é melhor ficar com o cão do que
mal acompanhado.
A
A
texto por Joana Teixeira
T
INDIVIDUAL STYLE
UNITED SPIRIT
TASHA VLOGGER
MAAT é a nova coqueluche cultural da contemporânea
Lisboa, o novo museu da Fundação EDP a ser inaugurado em
Outubro deste ano. À beira Tejo plantado, em Belém, o edifício foi concebido por AMANDA LEVETE, uma das grandes estrelas da arquitetura contemporânea, conhecida por propor
edifícios que combinam formas fluídas e orgânicas com tecnologia avançada. Sempre com propostas futuristas, LEVETE
–que ganhou recentemente o novo projeto de extensão do
VICTORIA AND ALBERT MUSEUM em Londres– propõe para
Lisboa 3 mil metros quadrados de galerias, um restaurante
com vista panorâmica e uma escadaria exterior a desaguar no
rio. O arquiteto PEDRO GADANHO será o director do futuro
museu, que promete um programa de exposições nacionais e
internacionais centradas na cultura contemporânea e que colocará em simbiose artes visuais e media, arquitetura e cidade, tecnologia e ciência, sociedade e pensamento.
O MAAT é o novo concorrente a património cultural.
*Estilo Individual | Espírito unido
PA RQ
6
M a g a zi n e
You
Sara Feio
Mus t
Se e
You
Mus t
O portefólio de SARA FEIO é um tesouro de texturas visuais e detalhes que se conectam sobretudo com a natureza.
Parecendo saltar das páginas de uma fábula invulgar, as suas
personagens carregam consigo uma sensação de movimento e
subtileza e projetam uma visão mitológica sobre a realidade.
Enriquecida continuamente por diferentes inspirações, «muitas nem são de desenho e ultimamente ando particularmente
fascinada por escultura e cerâmica contemporânea,» foram as
ilustrações do AUBREY BEARDSLEY que há 15/16 anos cativaram
a artista para o desenho de linha. «Ele fazia trabalhos delicados
cheios de pormenor, com flores e floreados mas que ao mesmo tempo conseguiam ser satíricos ou até escandalosos.»
Habituada às artes desde muito cedo –a avó, professora de
Artes e pintora e os pais, atores– SARA FEIO (31 anos) encontrou na ilustração o instrumento perfeito para se manifestar.
Quanto ao desenvolvimento do processo de criação, este tem
sempre início por uma pesquisa prévia. Logo, aparecem as
ideias, formam-se os conceitos, conjuram-se os esboços, aperfeiçoam-se os detalhes. «Faço quase sempre mais do que uma
opção de layout, mas raramente as mostro aos outros, são só
para mim. A duração de cada passo depende do nível do desafio e do tempo que me dão.»
Ilustrações de uma
Fauna Reinventada
E os instrumentos? «Para além da Wacom, para os trabalhos digitais, são as folhas de papel vegetal, o meu material-fetiche para desenhar. Junta‑lhes uma caneta Micron 0,05
e é uma orgia.»
Admiravelmente apurados, a cor, a fisionomia e o vigor das figuras criadas são por si só capazes de transportar a mente
para universos quiméricos. Como ilustradora, são os mundos
alternativos e as suas narrativas surreais, os seus lugares. «Isso
permite-me viver nos bastidores, sem me expor demasiado
mas dando o suficiente de mim para sentir que me consigo expressar e que tenho uma voz.»
Quem acompanha o percurso da ilustradora, apercebe-se do
esforço e da preocupação em manter a qualidade das imagens
produzidas, procurando nunca ofuscar a liberdade criativa que
a define: «embora tenha os meus projetos pessoais onde faço
o que me dá na cabeça –Pernas de Alicate sendo um deles–
tenho tentado melhorar duas vertentes específicas do meu
trabalho: stippling e linha; e as máscaras feitas em papel.»
PA RQ
8
No fundo, é a linguagem pictórica que distingue SARA FEIO.
Com uma sensibilidade inigualável, há em cada ilustração uma
espécie de jogo entre o real e o fabuloso, a quietude e a provocação, como uma história que rompe a superfície da consciência e penetra o sonho.
Contudo, é a biologia e a anatomia animal os atributos que dominam o seu trabalho. «Sempre tive um enorme fascínio por
animais num ponto de vista fantasioso, não no sentido dos animais reais mas daquilo que simbolizavam ou aquilo que eu imaginava que seriam se tivessem vozes e atitudes humanas.» A dicotomia presa/predador no artwork para a banda KEEP RAZORS
SHARP, as criaturas mitológicas no âmbito do 10º aniversário
da LX’s Music, não esquecendo as máscaras psicadélicas em
papel para diversos videoclips são apenas alguns dos trabalhos
que sobressaem no seu website oficial.
w w w.sara feio.com
M a g a zi n e
PA RQ
Se e
texto por Teresa Melo
9
M a g a zi n e
You
Mus t
Se e
O designer JOSÉ ESPINHO já há muito merecia uma exposição
desta envergadura dada a sua extensa obra. José Espinho,
Vida e Obra, no piso 3 do MUDE (Lisboa) é a homenagem ao
homem que, com a OLAIO e a SOUSA BRAGA, criou peças essenciais da arquitetura de interiores em Portugal.
Num primeiro momento, a exposição está organizada segundo a vida do autor, perfilada com os seus objetos pessoais e
retalhos de vida. De seguida é salientada a colaboração que
teve com a Câmara Municipal de Lisboa, onde se faz menção
do design gráfico e de diversas exposições. Por fim, evidencia-se a atividade que realizou junto da firma MÓVEIS OLAIO.
José
Espinho
O designer que
mobilou Portugal
A curadora GRAÇA PEDROSA teve em 2013 na Galeria Bessa
Pereira, um primeiro ensaio sobre a obra de JOSÉ ESPINHO
que agora aparece ampliada. O trajeto do designer teve início
nos anos 40, através da criação das cadeiras de estilo rústico
com o característico espaldar recortado em forma de coração. Na década seguinte, a sua abordagem é mais internacional, entrando neste período as cores viçosas e materiais novos de origem sintética.
A exposição pauta-se pela diversidade e intensidade, denunciadora da forte dedicação de JOSÉ ESPINHO a esta causa. Nela podemos ver cómodas, toucadores, secretárias, maples, estiradores e uma profusão de fotografias sobre o trabalho do autor.
Espinho viajou intensamente entre 1950 e 1960, influenciando
profundamente o desenvolvimento do seu critério estético.
Cidades como Milão, Colónia ou Copenhaga moldaram-lhe
o gosto e as formas dos objetos que criava. A mesa Modelo
Folhas (1962) é um bom exemplo e que alude a uma outra de
A.YOUNGER, a qual se revelam algumas analogias. Por sua vez,
a superfície da cadeira Modelo Folhas apresenta-se em forma de folha, incrustada, que lhe dá o nome, e sugere o tampo de mesa, Model no. 9015, em pauduk laminado, de TAPIO
WIRKKALA, desenhado em 1958.
texto por Carla Carbone
PA RQ
A exposição está patente até dia 6 de Maio de 2016.
10
fotografia por Luísa Ferreira
w w w.mude.p t
M a g a zi n e
You
Mus t
Rock
Edition
3
músicas
3
filmes
texto por Diogo Simão
No filme Reservoir Dogs (1992), de QUENTIN TARANTINO,
Vic Vega (MICHAEL MADSEN) diverte-se a torturar um polícia. Ao clássico estilo deste realizador, é empregada uma das
suas músicas de eleição: “Stuck in the Middle With You” dos
STEALERS WHEEL. Servindo de contraponto à brutalidade aplicada por Vega, o rock da banda britânica oferece uma divertida batida da qual facilmente se bate o pé.
“One great rock show can change the world!”. Este é um dos
mantras professados pela personagem de JACK BLACK no subvalorizado clássico de RICHARD LINKLATER, School of Rock (2003).
Aplicando essa teoria ao reino da 7ª arte, dir-se-ia que uma
grande canção de rock pode mudar um filme, conferir-lhe um
significado transcendente, espetar-lhe com uma dose abundante de badassness na veia ou simplesmente ajudar a introduzir uma personagem na maneira mais épica possível.
Por último, em The Big Lebowski (1998), realizado pelos irmãos COHEN, Jesus (interpretado por JOHN TURTURRO) apresenta-se à audiência enquanto lambe uma bola de bowling,
realiza um strike, dançando e provocando os seus adversários. Tudo ao som da versão dos THE GIPSY KINGS de “Hotel
California”. Haverá introdução mais memorável que esta?
Em The Doors (1991), realizado por OLIVER STONE, JIM MORRISON
(a melhor interpretação da carreira de VAL KILMER) tem uma
trip psicotrópica em cima do palco. Lançando‑se para o meio
do público, canta e dança com(o) um índio ao som das músicas
“Dead Cats”, “Dead Rats” e “Break on Through (to the other
side)”. Encapsulando perfeitamente o espirito da banda e do
filme, esta cena é indispensável à compreensão do seu todo.
PA RQ
Lis ten
12
M a g a zi n e
We
5 01
¬¬¬¬¬¬¬
Ar e
Live
in Levis
Tiago Silva
Copywriter, Instagramer e Dj
Mais de 50 mil seguidores no Instagram, este é o melhor
cartão-de-visita do user “umtiago”, ou melhor dizendo, de
TIAGO SILVA. Tudo começou por uma brincadeira, só porque
a namorada também estava nessa rede social, mas desde que
passou a ser sugerido pela equipa do Instragram, reconhece a
satisfação de se ver sucedido em cada Like de um novo Post.
Não gosta de complicações e até por isso não é fácil explicar
o seu sucesso, quando muitos fazem o mesmo, mas não é indiferente que TIAGO SILVA trabalhe no mundo da imagem e tanto
no Instagram como na agência de publicidade, trabalhe em dupla onde tudo é planeado ao milímetro. É esse gosto pelo rigor que encontra num modelo icónico como os 501, que faz
com que seja sempre a sua opção natural quando sai de casa.
Qual foi a tua primeira história com umas LEVIS?
Deve ter sido quando nasci. Eu ainda de fraldas, mas com um
pai baboso com as suas 501. Deve ser genético.
O que representa para ti as tuas 501?
Mais do que um par de calças, umas calças em denim ímpares.
texto por Francisco Vaz Fernandes
fotografia por Andy Dyo
styling por Sérgio Simões
make-up por Luciano Fialho
PA RQ
14
M a g a zi n e
We
Are
501 Live in
Levis
Rita Carolina Santos
Sub-gerente de loja e Bar tender
Como muitos portugueses, a RITA CAROLINA desdobra-se
para levar a vida pela frente. Faz o que ama e as suas 24 horas
transpiram moda e música, quase sempre com as suas LEVIS.
Tornou-se numa Dra. Denim nos 5 anos que está à frente da
loja da LEVIS do Chiado mas também carimba no RCA Club
para estar com a “família” e ganhar um extra. Tem um estilo
muito pessoal, inspirado na juventude rebelde americana dos
anos 50 e como tal, as suas 501, mais ou menos ajustadas, fazem parte do seu look. Os seus jeans são fonte de inspiração
para os seus clientes que não a deixam de surpreender. Já lhe
parece normal um cliente entrar na loja e querer o modelo
de jeans que está a usar. Tal como um senhor lhe fez crer,
as “calças não reconhecem cus!” e como tal, somos nós que
moldamos os nossos jeans. Não há dois iguais.
PA RQ
5 01
L ev i’s 5 0 1 CT j e a ns, L ev i’s b oy f r i e n d
t- sh i r t , L ev i’s r e d b o o t s
Are
L ev i’s 5 0 1 CT j e a ns, L ev i’s wo r k sh i r t ,
L ev i’s H y b r i d t r u cke r j a cke t
We
Qual foi a tua primeira história com a Levis?
Muito sinceramente começou no instante em que pus o pé
dentro de uma loja para deixar um simples curriculum. Senti-me assustada e ao mesmo tempo fascinada com todo o universo que via. Eram centenas de jeans perfeitamente alinhadas, um cheiro característico e pensei naquele instante “isto
deve ser brutal, mas como é que se entendem aqui dentro?”
Passados cinco anos a historia continua, mas com as minhas
LEVIS vestidas. Devo dizer que nunca mais me senti capaz de
usar qualquer outro jeans que não sejam as minhas LEVIS. Sei
de cor cada pormenor dos nossos jeans, cada acabamento, o
cheiro dos jeans já vem entranhado comigo para casa. É caso
para se dizer que é amor às Jeans.
O que representa para ti as tuas 501?
Power, conforto. O meu verdadeiro lado de “que se lixe o resto.”
15
M a g a zi n e
5 01
¬¬¬¬¬¬¬Are
Live
in Levis
Bruno Cardoso
Dj, Produtor e Programador
de música de dança
Com uma carreira internacional como Dj, BRUNO CARDOSO,
mais conhecido por XINOBI recorda que as primeiras 501 foram uma enorme conquista e motivo de orgulho, porque era
o ponto alto entre pares num liceu português da sua época.
Muitos anos depois, tornaram-se naquele básico cómodo que
não pode faltar quando entra em tournée. O ritmo pode ser
alucinante e uma ida aos Estados Unidos, pode representar
datas de atuação seguidas, que incluem muitas horas de voo
e duas de sono por dia, como já lhe aconteceu. Para o senhor, que teria gostado de juntar numa noite perfeita, ENNIO
MORRICONE e o SCIENTIST, o cheiro dos jeans joga com o seu
sentido prático e assegura-lhe uma boa imagem pública despreocupada fora e dentro do palco.
PA RQ
Uma história que te lembres com as tuas Levis?
Lembro-me de particularmente de umas LEVIS escuras e de um
blusão que comprei numa loja perto de casa. Com a ajuda da
minha mãe, coloquei um patch de Metallica. Um combo magnifico que exibi com orgulho num concerto deles em Alvalade.
O que representam para ti as 501?
501 é (e sempre será) o número mágico que associo à LEVIS.
Esse número e os confortáveis 32/32 que é o tamanho que visto. Sempre as vi como o cânone das calças de ganga atuais por
ser uma peça de vestuário que evoluiu a partir das necessidades de um operário até se tornarem uma referência pop, omnipresente. Do oeste americano até ao Denim Demon cantado
pelos noruegueses TURBONEGRO, com tudo o que há pelo meio.
16
M a g a zi n e
We
Are
Live in
Levis
501 Ann-Kristin
Wenzel
Chef e Modelo
Para os que seguiram a primeira edição do Masterchef
Portugal, ANN-KRISTIN é a modelo dinamarquesa que conseguiu chegar a final do programa. Há 14 anos a viver em
Portugal, primeiro por imposição do pai, adido militar transferido para Lisboa, depois por opção porque nunca mais
pode deixar o nosso calor, ANN-KRISTIN sempre lutou pela
sua independência. Aos 18 anos já era autónoma e vivia dos
trabalhos que uma carreira de modelo garantiam. Mas o gosto pela boa comida levou-a desde cedo para cozinha e daí
saiam bolos e jantares que confecionava para um círculo de
amigos proporcionando desde cedo um extra. Sempre usou
LEVIS, até porque fazia parte de imagem neutra com que se
apresentava como modelo mas considera que os seus jeans
representavam no essencial o seu espírito de independência e
a sua capacidade de vencer. Confessa que deve ter surpreendido no MasterChef porque ninguém esperaria de uma modelo tanta capacidade de desafio. “Nunca podemos julgar um
livro pela capa!”
PA RQ
5 01
L ev i’s 5 0 1 sh o r t s, L ev i’s b oy f r i e n d t r u cke r
j a cke t , L ev i’s r e la xe d wove n t e e
We
Are
L ev i’s 5 0 1 j e a ns, L ev i’s 5 0 1 t- sh i r t , L ev i’s
we s t e r n sh i r t , L ev i’s sl i p o n sn e a ke r s
We
A tua primeira história com umas LEVIS.
As minhas primeiras LEVIS foram herdadas da minha irmã que
era sete anos mais velha. Acho que as usei quatro anos seguidos. Na época, numa escola dinamarquesa umas 501 eram uma
peça essencial para estar na moda. Eu adorava tudo o que a
minha irmã usava, era o meu ídolo, por isso tudo o que ela me
passasse era como se estivesse a receber um tesouro. Estava
sempre à procura de oportunidades para estar no quarto dela
às escondidas para experimentar sem autorização tudo que
ela tinha. Curiosamente estas calças também vieram comigo
quando cheguei a Lisboa pela primeira vez. Foram cortadas e
passaram a ser uns calções.
O que representam para ti as 501?
Independência, mas também Portugal e o bom tempo que
aqui faz. Serão sempre lembranças felizes dos tais calções que
nasceram de umas 501 velhas.
17
M a g a zi n e
Max Binski
You
Mus t
Lis ten
You
Mus t
BRUNO SANTOS é o nome impresso no Cartão de Cidadão do
artista português nascido e criado em Viseu. Aos 18 anos mudou-se para Lisboa, viveu também um semestre em Istambul
e outro em Paris. Agora está de malas feitas para Berlim. Não
podia deixar de falar com ele antes de emigrar!
Mas quem é ele? É um jovem artista com um percurso invulgar.
Esteve quase a concluir a licenciatura em Medicina Nuclear, depois percebeu que era a desenhar e manobrar os pincéis que
era mais feliz. Abandonou o curso e transferiu-se para Design
na Faculdade de Arquitetura da antiga Universidade Técnica de
Lisboa, agora Universidade de Lisboa. Foi no mundo dos lápis, das canetas, dos pincéis, das reflex, do Creative Suite da
Adobe e da música mais experimentalista que BRUNO SANTOS
se mutou em MAX BINSKI –nome de uma faixa do duo NSI.
&
Radiq
Os seus trabalhos preferidos são os artworks feitos para os discos n.º 2 (Vlad Claia), o n.º 6 (Radiq) editados pela sua PLUIE/
NOIR e os encomendados pelas editoras CLIMAT e HDNSM, pela
promotora francesa IN/SIDE, pelo clube GARE PORTO e pelo bar
LITTLE RED DOOR em Paris. Ao verem o seu portefólio perceberão que estamos na presença de um homem que também foi e
parte dele ainda continua a ser das Ciências. Irão observar as
influências matemáticas, a organização sistemática e, sobretudo
nos trabalhos plásticos, uma descarada obsessão pelos detalhes.
Cleymoore
Gare Porto, o MINISTERIUM ou as idílicas festas FOMO que
aconteceram no verão passado em Lisboa.
As duas mutações de BRUNO SANTOS “CLEYMOORE” e “MAXBINSKI”,
formaram e firmaram uma sociedade e começaram a colaborar com a fundação da PLUIE/NOIR em 2012. “Eles” são os curadores audiovisuais do projeto: o primeiro trata das questões
da música e som, enquanto que o segundo se multiplica em
funções, desde o design gráfico à web, dos vídeos ao artwork.
w w w.ma x binski.com
soundcloud.com /cleymoore
w w w.pluienoir.com
Vlad Claia
A produção musical é mais tardia do que as manifestações e criações visuais. Aos 23 anos, entre a maquinaria, o Ableton e todo
o som emanado pelos monitores, nasceu uma outra nova mutação batizada de CLEYMOORE. BRUNO cria durante a noite e a verdade é que se sente tal influência nas suas edições. As subtilezas
e o hipnotismo do ambiente imperam na sua música. CLEYMOORE
deseja criar uma sensação de deslocamento espacial e temporal
causado por frequências pouco comuns e a repetição de elementos. Explicou-me que é por isso que os seus temas têm duração
entre 10 a 30 minutos, pois acredita que só desta forma consegue provocar desorientação nas pessoas, uma manifestação do
deslocamento supramencionado. Por isso, quando lhe pergunto
como descreve a sua música de forma sintética me respondeu:
Micro-abstrato-techno-hypno-eletrónica.
Possivelmente, o nome mais sonante publicado na sua editora
PLUIE/NOIR é o romeno PETRE INSPIRESCU que BRUNO conheceu
pelo velho MySpace. Enviou uma mensagem a PI ENSEMBLE interrogando-o se este não seria um disfarce de PETRE INSPIRESCU e
recebeu a confirmação do próprio! Começaram a falar a partir
daí, uma ligação natural de quem partilha visões semelhantes e
que se mantém até hoje.
Com as malas feitas, para Berlim –cidade onde me disse que
tem cada vez mais pessoas com quem colabora em múltiplos
projetos– revelou-me que este será um ano com novas edições na PLUIE/NOIR, colaborações internacionais e também ano
de showcase da sua editora no novo Lisboa Dance Festival.
MAX BINSKI, CLEYMOORE e a PLUIE/NOIR têm muito para oferecer.
Mas melhor, o que têm para presentear é fora da norma!
Cleymoore é também DJ e tocou em várias referências internacionais: no CONCRETE e no Rex Club (Paris), no Picknic
Electronic (Montreal), no Club Der Visionaere (Berlim) e voou
até ao Extremo Oriente para tocar no AIR TOKYO e, no que
é o Boiler Room japonês, o Dommune. E em Portugal? Já se
apoderou dos pratos e mesa de mistura de clubes como o
PA RQ
18
Lis ten
M a g a zi n e
PA RQ
texto por Marcelo Marcelo
19
M a g a zi n e
D ez
You
Mus t
Lis ten
VI. Este dia será sem dúvida, uma marca no calendário de
2016, uma vez que também os THE LAST SHADOW PUPPETS,
ALEX TURNER e MILES KANE, de novo juntos, apresentarão o
seu segundo álbum, Everything You’ve Come To Expect.
VII. Também já se conhece o espetacular single da soberba PJ
HARVEY “The Wheel”, retirado do seu novo álbum The Hope
Six Demolition Project, que sairá a 15 desse mês.
You
Mus t
Lis ten
Sam Alone
& The Gravediggers:
Tougher Than Leather
Aguardam-se dez álbuns com expectativa –sendo que alguns
têm edição para breve– pelos quais se espera que iluminem
os dias que aí vêm.
I. Comecemos pelos veteranos PRIMAL SCREAM, que editam a 18 de março Chaosmosis, do qual já se conhece o single “Where the Light Gets In”, com a colaboração de SKY
FERREIRA, numa canção altamente groovy.
VIII. Os dinamarqueses THE RAVEONETTES já divulgaram o
tema “This World is Empty (Without You)”, uma pequena pérola, que em nada desilude os fans da banda. Foi apresentado
como primeiro avanço das Rave Sound Of The Month Series,
cuja versão integral está prevista ainda para este ano, com a
fórmula original de uma música em cada mês do ano. Até ao
fecho da edição, ainda não é conhecido a data de lançamento,
nem o título de álbum.
II. O segundo álbum da eletrizante sueca ELLIPHANT, Living
Life Golden, será lançado a 25 do mesmo mês.
texto por Teresa Melo
fotografia por Catarina Espiga - Kitty Cat Kustom Arts
III. O primeiro dia de abril será uma data aparentemente fértil em edições. Neste dia, os STARWALKER, projeto paralelo de
JEAN-BENOIT DUNCKEL dos AIR, preveem lançar o seu álbum
de estreia. O single “Everybody’s Got Their Own Way” já é
conhecido e adivinham-se canções inebriantes no horizonte.
O esforço é ele próprio um feito: assim é o trabalho de SAM
ALONE & THE GRAVEDIGGERS. Depois de Dead Sailor (2008),
Restless (2009) e Youth In The Dark (2012), o álbum Tougher
Than Leather (2014) é editado mundialmente no dia 18 de
março deste ano pela editora PEOPLE LIKE YOU RECORDS.
IV. Por sua vez, será também lançado Amen & Goodbye, o
novo trabalho dos YEASAYER do qual faz parte o estimulante
single “I Am Chemistry” e “Prophecy Gun”.
V. Ainda neste dia, o magnífico duo PET SHOP BOYS irá lançar
Super, o sucessor de Electric (2013). Certamente um disco
irrepreensível.
IX + X. DAMON ALBARN, o multifacetado mago britânico da
música pop, alegou numa entrevista ao Jornal The Sun, que
o seu projeto paralelo THE GOOD THE BAD AND THE QUEEN,
apresentará finalmente o sucessor do álbum homónimo, ainda este ano. O cantor também referiu que tem planos para
lançar novo material dos GORILLAZ. Até ao fecho da edição,
ainda não são conhecidas as datas de lançamento dos discos,
nem os seus títulos.
texto por Carlos Alberto Oliveira
PA RQ
20
M a g a zi n e
O que faz este álbum tão especial é que nas suas extremidades está a soma de uma série de vontades em que o amanhã
seja melhor do que o ontem. Através de uma sonoridade muito própria que vai buscar ao rock n’roll, ao folk, ao country
e aos blues a sua virtude, Tougher Than Leather é uma ode a
todos os veteranos das suas próprias guerras que acreditam
que a glória não é uma utopia.
Um verdadeiro testamento para ser ouvido, Tougher Than
Leather –escrito e composto por POLI CORREIA, mentor da
banda de hardcore DEVIL IN ME– é único na sua capacidade
em elevar a esperança, entregando conselhos a quem os
quer ouvir. Subtis, são preenchidos por uma inteligência incomum e humildade que só poderiam ter vindo de um percurso sem ressentimentos.
Próximos Concertos
18.03.16 – Canecas Bar (Paços de Ferreira, Portugal)
19.03.16 – RCA Club (Lisboa, Portugal)
30.03.16 – Hafenkneipe (Zürich, Switzerland)
31.03.16 – Altes Schlachthaus
(Herzogenbuchsee, Switzerland)
01.04.16 – Alte Hackerei (Karlsruhe, Germany)
02.04.16 – AJZ (Chemnitz, Germany)
04.04.16 – Lux (Hannover, Germany)
05.04.16 – Cassiopeia (Berlin, Germany)
06.04.16 – Rock Cafe St. Pauli (Hamburg, Germany)
07.04.16 – Trompete (Bochum, Germany)
08.04.16 – W2 (Den Bosch, Netherlands)
Ouvi-lo atentamente é cristalizar emoções. Num fluxo de
resiliência e tenacidade, cada canção parece querer estender-se ou confrontar-se com a anterior. Compromisso, inquietação, confiança, deceção, coragem e persistência elevam-se em simultâneo com solos magníficos. Por fim, a
intensidade do single Tougher than Leather torna-se inevitavelmente no motor de todas elas: I know that we stand as
one! I know that we will be heard!
PA RQ
21
M a g a zi n e
You
Mus t
Lis ten
You
Mus t
Maternidade
D i o g o
ESPECTRO
texto por Ana Rodrigues
Sob o sol febril de 2014, andávamos ocupados a tentar justificar a súbita onda de calor daquele verão, e eis que nascia,
discretamente, a MATERNIDADE. Corpo estranho, em fase de
puberdade, difícil de catalogar nos termos habituais. Não é
uma editora, trabalha como agência e promotora, mas não é
nenhuma destas coisas num sentido estrito. Assume-se, sem
afirmações categóricas, como uma comunidade que reúne
uma série de valências transversais, de modo a facilitar a criação e promoção de novos artistas.
contexto em que a música atrai cada vez mais investimento, especialmente por parte dos grandes promotores, a
MATERNIDADE traduz a necessidade de cultivar um espaço subalterno em que projetos pequenos e independentes cumprem a necessidade de acompanhar artista, numa etapa preliminar –um momento mais frágil, mas que não deixa de ser o
mais fértil. Este é, antes de mais, um espaço afeto à possibilidade, em diálogo com artistas visuais e programadores que
trabalham no contexto da comunidade.
c a l ç as e swe a t e r C H E A P M O N DAY e sa p a t i l has
O n e St a r d a C O N V E RS E e m ha i r y su e d e
Apesar de tudo, no início estava a música –a música e as
vontades de VAIAPRAIA, VAN AYRES e FILIPE SAMBADO. Os primeiros passos foram motivados pela necessidade de agendar datas e pela vontade de organizar concertos com outros
músicos, amigos mais ou menos próximos. Assim surgiu o
EXÍLIO no Minho, uma série de eventos organizados na Casa
dos Amigos do Minho (Rua do Benformoso, no Intendente).
Por esta altura a MATERNIDADE era batizada, contando mesmo com o aval de quem melhor sabe destas coisas de nomear
–uma mãe–, e solidificava a ideia de um projeto assente nos
princípios do it yourself e do it together.
Fecha-se um ciclo, abre-se outro. Como qualquer outra coisa viva, a MATERNIDADE cresce como um organismo, que se
adapta e evolui em função do meio. A residência no DAMAS
(Rua da Voz do Operário, na Graça) é caso disso mesmo,
mantendo-se regular desde que o espaço abriu portas,
em Abril de 2015. Toma a intenção curatorial herdada dos
EXÍLIOS e revela o know-how gradual de quem acompanha o
projeto e cresce junto com ele.
Atualmente, a MATERNIDADE agencia um catálogo de artistas locais (que vai crescendo), reunindo LUÍS SEVERO, MIGHTY
SANDS, FILIPE SAMBADO, VAIAPRAIA, CLEMENTINE, CALCUTÁ e
JASMIM. Simultaneamente, faz booking de artistas internacionais, tendo recebido PEACH KELLI POP, DOG LEGS, CATHEDRALE
e LULL, que asseguraram datas dentro e fora de Lisboa. Num
PA RQ
No final do ano passado, em aliança com a DAMACHINE, foi
organizado o Girls to the Front –um dia de programação
que celebrou a relação íntima entre o feminismo e o punk
na cultura pop, cruzando música, conversas, filmes e performance. O evento é descrito como um «laboratório de
outras coisas por vir», desvelando a intenção futura de proporcionar momentos que visam questionar quer o momento presente, quer a realidade local, a partir de uma posição
politicamente comprometida com o rumo e a fluidez do feminismo contemporâneo.
Mantendo o formato de residência regular, o mês de fevereiro apresenta a primeira sessão de Domingos na
Incubadora, uma nova programação dedicada à exibição temática de filmes, em matinés mensais com encontro marcado n’O ARRANCA CORAÇÕES (Calçada do Cardeal, em Santa
Apolónia).
Sem nunca assumir a prerrogativa sobre o trabalho criativo
dos artistas, a MATERNIDADE traduz o seu selo como um espaço de acolhimento em que se partilham meios, experiências,
laços afetivos e um fervor adolescente que nunca se apaga.
Este corpo estranho permanece em mutação e amadurecimento constante, seguro do talento que acolhe. Se, porventura, ainda não houve oportunidade de passar por um dos
eventos da MATERNIDADE, ou descobrir um dos seus artistas,
garantimos que a ocasião estará para breve.
22
Se e
M a g a zi n e
texto por Ana Rodrigues
fotografia por Carlota Andrade
styling por Sérgio Simões
make-up por Cristina Cottinelli
Para DIOGO é determinante rodear-se de uma atmosfera criativa, em todos os pequenos achados: desde o espaço, aos objetos ou à roupa, todos com um papel determinante na música
e na expressão artística. É incrível quando todas essas correntes artísticas misturadas acabam por formar algo coeso ou
mesmo caótico, mas que resulta. «Não há uma sensação de
conforto face a estes objetos artísticos, mas sim uma provocação. Se isso acontecer, estou a fazer o meu trabalho bem.»
Partimos à descoberta do universo do artista DIOGO
ESPECTRO, que emerge entre as artes plásticas, a música, a
moda e a banda desenhada. Reconhecemos-lhe a crueza da
expressão que surge como uma experiência elementar e natural, à qual é necessário ceder o devido tempo e espaço –
algo que, reconhece, nem sempre é fácil de coadunar com
outras exigências quotidianas.
Tendo a poesia como ponto central do seu trabalho artístico, é a partir desta que se desenham outras experiências
criativas. Na sua performance em palco, enquanto vocalista
da banda THE ELECTRIC HOWL, revelam-se os meandros desta força criadora: toda a performance em que sou envolvido
pela música é incrível, estar a tocar, suar, perder a voz e depois não me lembrar de nada, só sei que aconteceu –e que
soube deliciosamente bem.
PA RQ
Este é um espírito que herda dos gestos contraculturais que
pontuaram o século anterior. As suas influências revisitam
as incontornáveis referências do rock, com BEATLES, PINK
FLOYD, LED ZAPPELIN ou PATTI SMITH. Demostra ainda especial interesse pela cultura juvenil americana da década de 90,
com NIRVANA, HOLE, SOUNDGARDEN ou SONIC YOUTH. Nas
artes plásticas, a mesma irreverência –desde PICASSO, ANDY
WARHOL, BASQUIAT, DON VAN VLIET (Captain Beefheart),
PIPILOTTI RIST ou KIM GORDON.
Ghosts & Highways, exposição individual de pintura, está patente no EKA PALACE até ao início de março, à qual se segue
outra exposição com a PARATISSIMA. Este ano podemos ainda
esperar a publicação de um livro de poemas e ilustrações, muitos concertos e o lançamento de um EP de THE ELECTRIC HOWL.
23
M a g a zi n e
You
Mus t
Wear
H I B U
You
Mus t
Wear
texto por António Pereira Ribeiro
fotografia por Pedro Pacheco
styling por Sérgio Simões
make-up por Marta Matias
hair Maria Castello Branco
para a Slash Creative Hair Studio
modelos
Rufane Tomas
@Dabanda M odels
Claudio Gonçalves
@K aracter M odels
Agradecimentos Slash Creative
Hair Studio, Lisboa
Quando os designers MARTA GONÇALVES e GONÇALO
PÁSCOA decidiram avançar com a HIBU em 2012,
compartilhavam o desejo de criar um projeto transversal.
“Hibu” é uma alteração da palavra francesa hibou, que
significa mocho ou coruja, mas não é por esse motivo
que a inspiração deste duo dinâmico é particularmente
noctívaga. Certos de conseguir incluir tudo e todos, nasceu
uma marca conceptual marcadamente minimalista, que
derruba quaisquer fronteiras de género. Coleções unissexo,
de modo a preparar um futuro inclusivo e tolerante.
PA RQ
24
M a g a zi n e
PA RQ
Os designers portugueses deram nas vistas no último
PORTUGAL FASHION com a coleção “Impression#2”,
um trabalho singular que recusa a sua própria
definição e privilegia a múltipla interpretação
de quem a lê. Seguiu-se a participação no
INTERNATIONAL FASHION SHOWCASE, em Londres.
Visto daqui, o futuro da HIBU parece risonho.
Aconselhamos a que estejam atentos à próxima
coleção. Esperamos conseguir ultrapassar quaisquer
expectativas, garantem os criativos inclusivos.
25
M a g a zi n e
You
Mus t
Wear
Civet
French Sport
A LE COQ SPORTIF regressa às suas raízes com uma linha
de roupa inspirada no melhor que sempre soube fazer no
sector têxtil. A coleção retoma a qualidade e autenticidade
dos tecidos da época redesenhados para garantir um
elemento de moda. Para o homem, as peças baseiam-se
no vestuário desportivo, com um componente de lazer e
têm sempre detalhes que se confundem, por vezes, com as
cores francesas. Para a mulher, a coleção mantem as mesmas
linhas de força, mas inspira-se essencialmente na prática do
ténis clássico, conferindo um aspeto elegante e très chic.
PA RQ
You
Mus t
Made
in Italy
Originals
&
Versent
A MERRELL propõe esta primavera dois modelos
versáteis pensados para o dia-a-dia de cada um. Com
um estilo casual de inspiração atlética –Civet para
senhora e Versent para homem– foram desenhados
para serem ultraleves e proporcionarem o máximo
conforto e uma passada suave tanto num ambiente
urbano como num passeio mais exigente.
26
Wear
M a g a zi n e
Apesar de ter começado como uma empresa italiana de
calçado de montanha, a DIADORA depressa adaptou‑se aos
ideais da prática desportiva no seio da sociedade europeia,
apostando em calçado destinado ao futebol e ao running. Um
dos seus modelos dos anos 90 que maior celebridade ganhou
foi o N9000, que se tornou o calçado de eleição dos campeões
de corrida dessa era. Para celebrar, a DIADORA recria-o
nesta estação com os materiais em pele e cores idênticos
aos originais. Para isso, passou a fabricar este modelo na sua
própria sede em Itália, revitalizando as antigas máquinas de
fabrico artesanal que estavam inativas há mais de uma década.
PA RQ
Criando peças clássicas sem complicações, a Authentic
Collection celebra esta estação, o espírito da originalidade.
A marca inglesa de vestuário desportivo, que inspirou
grande parte das subculturas, renova os polos e os cardigans
clássicos de fecho que aparecem agora em tecido waffle e
malha Argyle. O estilo moderno do outerwear faz destacar
um blusão feito com tecido técnico suíço Schoeller que
rivaliza com o eterno Harrington, o Bomber jacket e a
Parka. Este ano, os bolsos de alguns modelos aparecem
com detalhes de costura contrastante, inspirados pelo
original Tennis Bomber de 1950. Tudo isto, porque a
coleção FRED PERRY Authentic é usada para ser reconhecida.
A coroa de louros é como uma medalha de honra.
27
M a g a zi n e
You
Mus t
Wear
You
Mus t
Wear
B e a ut y
texto por Maria São Miguel
Ironside
Porque a proposta de criar uma linha de relógios em aço que
não representa apenas força e dureza, mas também um sentido inovador e ousado ainda se mantém. A DIESEL tem renovado periodicamente algum dos seus modelos de maior sucesso. O Ironside chega com nova roupagem e duas combinações
possíveis: bracelete preta com mostrador preto e laranja ou
bracelete verde escura com mostrador creme e vermelho. A
escolha depende apenas do estilo pessoal de cada um.
Pepe &
Bahati
Marc round
Sempre irreverente, MARC JACOBS propõe para a coleção de
eyewear desta estação, a reinterpretação de formas básicas que
confere aos seus modelos um design futurístico. Destaca‑se
este modelo de óculos redondo com uma rara armação metálica e ultra plana cromada em contraste com as lentes coloridas. A primavera está aí e só pode ser muito atraente.
PA RQ
A PEPE JEANS LONDON em colaboração com a ONG BAHATI
criou uma coleção cápsula de calçado para a Primavera/Verão
2016, inspirada nos prints etíopes. Traduz‑se num conjunto de
alpercatas para homem, mulher e júnior com desenhos geométricos e decorativos que refletem o trabalho artesanal criativo da Etiópia. O objetivo da BAHATI, Organização lançada em
2012 em Barcelona, é a de reduzir a taxa de mortalidade materna e infantil nos países africanos subdesenvolvidos através
da distribuição de aparelhos de scanner ultrassom. Parte dos
lucros das vendas desta coleção cápsula revertem, portanto, a
favor desta missão.
28
M a g a zi n e
Eternos
Interdito
A partir do sucesso de Infusion d’Iris, a PRADA criou mais cinco novos eau de parfum: Fleur d’Oranger, Iris Cédre, Vetiver,
Oillet e Amande. São fragrâncias clássicas que vagueiam na nossa memória e recorda-las, são autênticas viagens ao passado.
Um brilho extraordinário, cores altamente luminosas e um espantoso efeito vivo: assim poderia definir-se a Rouge Interdit
Vinyl, uma nova geração de batons da Givenchy para mulheres
urbanas e irreverentes. Está disponível em 16 tons.
Noite
Pegar num clássico e rejuvenesce-lo para que se torne mais
estimulante junto do público jovem e trendy, parece ser a proposta do novo perfume da YSL. Mantendo a natureza misteriosa do antecessor Black Opium, Nuit Blanches equilibra
os cheiros díspares da pimenta rosa, da laranja, da peónia, da
baunilha, do café e do sândalo sobre um véu de almíscar branco. Uma fragrância concebida para viver a noite intensamente,
sem limites, até à manhã do dia seguinte.
PA RQ
90s
Depois de ter criado a Blush Pallete para a URBAN DECAY, a
cantora norte americana GWEN STEFANI, um dos ícones da
moda dos anos 90, estende a sua colaboração propondo um
Glide-On Lip Pencil. Um lápis delineador à prova de água para
definir e moldar os lábios. Esta linha de batons mates garante
uma cor intensa numa só camada. Um exclusivo SEPHORA.
29
M a g a zi n e
You
Mus t
Shop
You
Mus t
Artefato Zulu
Shop
Escultura de Anish Kapoor
Levis
Fred Perry
Le Coq Sportif
Element
Boss
Linda Farrow
Pepe Jeans x Bahati
Fred Perry
Nixon
Diadora
Adidas Originals
Igor
Adidas Originals
Fila
Dr Martens
Volcom
CAT
PA RQ
ANERKJENDT
Reef
30
Merrell
M a g a zi n e
PA RQ
31
M a g a zi n e
Sound
St a t ion
Anderson
Paak
Anderson .Paak
Sound
St a t ion
Anderson
Paak
texto por Rui Miguel Abreu
Dos férteis terrenos de
Los Angeles emerge
mais um notável talento
que pega na soul para
lhe oferecer uma nova
perspetiva. Dr. Dre já é fã!
Malibu (2016) sucede a Venice (2014) no périplo pessoal de
ANDERSON .PAAK, cantor soul de exceção que é igualmente um dos grandes obreiros do futuro. Se o desmedido talento
exposto até ao osso em Malibu não fosse tão evidente –voz de
homem de trinta anos que viveu muito, que carrega óbvias cicatrizes e transporta tudo para dentro da sua arte, sem filtros
ou máscaras– poderia convencer-se qualquer cético enumerando argumentos extra no percurso deste nativo de Oxnard,
Califórnia (mesma terra de Madlib).
.PAAK trabalhou com SHAFIQ HUSAYN dos SA RA CREATIVE
PARTNERS, acusou no radar da Stones Throw depois de algumas edições de menor visibilidade, construiu uma cumplicidade com o produtor KNXLWLEDGE no projeto NXWORRIES e
assinou uma participação de altíssima visibilidade em seis dos
temas de Compton – A Soundtrack, o suposto álbum de despedida de DR. DRE. Já este ano, ANDERSON .PAAK fez saber que
está a trabalhar com FLYING LOTUS e anunciou a sua assinatura de contrato com a Aftermath de DRE. Qualquer uma destas entradas no seu rico currículo poderia servir de pilar para
assentar uma carreira. Mas além disso tudo, .PAAK ainda editou Malibu. Impressionante, de facto.
Filho de uma camponesa sul-coreana e de um ausente soldado da força aérea americana que fez também carreira como
PA RQ
32
M a g a zi n e
PA RQ
mecânico e presidiário, .PAAK sabe que a vida não é uma sucessão de capítulos cor-de-rosa. E tudo isso existe na sua música: a luz e a sombra, o riso e o lamento. Na faixa de abertura
“The Bird”, a voz passa em revista a sua a magoada biografia,
retirando daí não os abismos, mas a dignidade com que se ultrapassaram os obstáculos. Na sua voz a verdade vive livre.
ANDERSON .PAAK também é produtor e compreende as dinâmicas da música, as suas diferentes eras, as suas múltiplas tonalidades. O novo álbum navega entre soul clássica, devedora
dos monumentos da Motown, hip hop dos anos 90 ou estilismos eletrónicos mais contemporâneos. E em todos esses contextos, .PAAK soa natural, como se pertencesse a cada um dos
lugares que se digna visitar, sem nunca se deter excessivamente em nenhum deles.
Com colaborações certeiras de gente como BJ THE CHICAGO
KID, SCHOOLBOY Q, RAPSODY ou TALIB KWELI, .PAAK
nunca se deixa ofuscar pelo igualmente assinalável talento das
suas companhias, antes deixa claro que é tanto homem de monólogos quanto de diálogos. Malibu vai ser um daqueles discos
que vamos reencontrar no final do ano, quando se fizerem as
contas ao que de melhor 2016 nos deixa. É o good kid, mAAd
city que precisava de fazer agora. Quando assinar o seu próprio
To Pimp a Butterfly o mundo já não o vai poder ignorar mais.
33
M a g a zi n e
Sound
Cinema
Melancolia
St a t ion
Tinders t icks
Tindersticks
Sound
St a t ion
No ano em que completam 25 anos de carreira os
TINDERSTICKS lançam mais um álbum assinalável
na sua imaculada discografia. The Waiting Room não
ilude ninguém porque não promete soluções rebuscadas
ou reinvenções do género musical. Pelo contrário, aqui
contam-se as histórias urbanas de seres comuns e dos
seus pequenos demónios, inspirações recorrentes da
banda. Criam-se ambientes para que os sentimentos
respirem e se libertem. Vive-se a música no seu pleno
e no seu propósito. Aliás, como sempre o fizeram.
texto por Carlos Alberto Oliveira
O namoro entre a música dos TINDERSTICKS e o cinema já é
habitual, quer pela estrutura e textura das suas músicas, quer
pela colaboração com cineastas, como a realizadora CLAIRE
DENIS na construção das bandas sonoras dos seus filmes. Este
novo álbum explora sobretudo essa lógica. A par das músicas, o
disco conta também com a colaboração de vários realizadores
como CHRISTOPH GIRARDET, PIERRE VINOUR, GREGORIO
GRAZIOSI e CLAIRE DENIS para ilustrarem visualmente as
faixas de The Waiting Room.
A referência cinematográfica começa logo na faixa de abertura com o instrumental “Follow Me”, um cover do tema de
BRONISLAU KAPER, que em 1962, fez parte da banda sonora
do filme Mutiny on the Bounty (LEWIS MILESTONE, 1962).
Está assim dado o mote para a simbiose perfeita.
O spoken word contribui ainda mais para a construção cinematográfica do disco, sendo “How He Entreded” o melhor
exemplo. Com STUART a emprestar a voz a uma história desencantada e acompanhado por toda uma orquestração de
sons familiares, o resultado é uma poderosa canção, como não
se via desde “My Sister” de 1995.
Os restantes instrumentais, “This Fear of Emptiness” e
“Planting Holes”, partem de inícios idênticos, que poderiam ser
associados à chuva a cair em tachos e panelas de zinco, altamente sugestionável para uma célebre cena de um filme. A melancolia das melodias faz o resto, conduzindo o ouvinte para lugares
pessoais, sentimentos e pedaços de memórias das suas vidas.
Novamente recorrendo a uma narrativa forte, “Second Chance
Man” conta a história de um amor encontrado antes de ter sido
identificado. Mais uma vez a voz de STAPLES cresce ao ritmo
da canção, numa luta entre a contenção e a detonação, terminando num doce sussurro.
Ainda que seja habitual recorrerem aos trompetes Mariachi, a verdade é que estes nunca soaram tão bem como em “Help Yourself”,
sobretudo com elementos afrobeat a servirem de contraponto.
PA RQ
Tinders t icks
34
M a g a zi n e
PA RQ
O primeiro single a ser retirado do álbum, “Were We Once
Lovers?”, regista um baixo com acordes que denunciam uma
matriz disco invertida. Como se constata regularmente, a voz
acompanha a canção, embora alcançando aqui o seu mais alto
registo do álbum.
O centro nevrálgico do disco encontra-se em “Hey Lucinda”.
A música desenrola-se numa conversa swingante entre
STAPLES e LHASA de SELA, numa tentativa de convite para
dançar. Curiosamente este é o tema mais antigo do álbum, gravado pouco antes da prematura morte de SELA. Provavelmente
só agora, com o passar do tempo, se reuniram as condições
emocionais para se poder trabalhar condignamente a música
e, finalmente integrá-la no alinhamento de um álbum.
Também o tema “We Are Dreamers”, conta com a participação de uma convidada, a JEHNNY BETH das SAVAGES. O
ambiente tenso cresce ao som de precursões e de um saxofone, numa melodia claustrofóbica, atingindo a apoteose numa
convulsão alternada das vozes de STAPLES e da JEHNNY, na
reta final da música.
O tema que dá o título ao álbum “The Waiting Room” e “Like
Only Lovers Can”, que encerra o mesmo, remetem a banda
para territórios já explorados nos outros álbuns. Aliás, não fosse pelo poderosíssimo apelo ao cinema, este trabalho não tiraria a banda da sua zona de conforto, como aconteceu com
Simple Pleasures (1999) ou até mesmo os dois últimos registos
The Something Rain (2012) e Falling Down a Mountain (2010).
É verdade que o ambiente Noir, os cigarros, o whiskey, a decadência chic dos bares dos anos 50 e a postura de crooner
de STAPLES sempre esteve presente na aura da música da
banda, mas a materialização dessa atmosfera cinematográfica atinge a sua expressão máxima neste disco. The Waiting
Room funciona como a construção de uma banda sonora do
filme das muitas vidas dos TINDERSTICKS. Da minha vida.
Da sua vida. Da nossa!
35
M a g a zi n e
Cent ral
Fo od
Chefs
Por Amor à Jaleca
Cent ral
Food
Carlos Fernandes
Chefs
Loco
Basta um zapping rápido pelos canais televisivos. Comida,
receitas, chefs aos berros, facas a voar, concursos e
eliminatórias. Nem é preciso sair dos generalistas que o
fenómeno chegou há algum tempo. A cozinha virou palco e é
já ponto de interesse do público em geral. Mas se descermos
à terra vemos que talvez a realidade não seja assim. Pelo
menos, essa é a opinião deste grupo de chefs, todos sub-30 e
com experiências além-fronteiras. Estão os três a trabalhar
na capital, com projeto próprio ou não, e vêm dar-nos umas
luzes acerca do que é isto que é trabalhar na cozinha.
Elogio à Loucura
Uma nova geração de
Chefs portugueses
E se em vez do esperado bolo de chocolate ou fatia de tarte, aparecer caril e aipo no prato? «As sobremesas que eu
gosto de fazer são muito pouco consensuais,» diz CARLOS
FERNANDES, pasteleiro do LOCO, um restaurante de alta
cozinha ali ao lado da Basílica da Estrela. Com vinte e quatro anos e dez de experiência (entrou para a escola com 14),
o chef pasteleiro –ou simplesmente pasteleiro como prefere–
gosta de usar produtos menos convencionais. «Dá-me gozo
ver até que ponto posso explorar o ingrediente e até onde
posso provocar as pessoas, desafiando por completo o que
se espera da sobremesa.» Não escolhe preferidos entre os ingredientes, «visto que estamos sempre na ponta do iceberg
daquilo que os podemos utilizar,» explica. Apesar destas loucuras, admite: «Sou viciado em chocolate e o arroz doce da
minha mãe é o melhor do mundo.»
texto por Sara Bernardino
fotografia por Silvia Martinez
PA RQ
36
M a g a zi n e
Durante o curso de cozinha na Escola de Hotelaria de
Lisboa passou por vários restaurantes estrelados como o
ALEJANDRE DEL TORO em Valência (na altura com uma
PA RQ
estrela Michelin). «Foi aqui que ganhei aquela paixão pela
profissão, um momento decisivo para mim, decidi que este ia
ser o meu caminho e o nicho onde me iria inserir,» conta o
chef referindo-se à alta cozinha. Aprofundou a formação com
MARTIN BERASATEGUI no País Basco (três estrelas) e com
PACO TORREBLANCA, uma referência no mundo da pastelaria. Depois, novamente com MARTIN BERASATEGUI em
Tenerife, onde presenciou a segunda estrela do restaurante:
«A ressaca no dia a seguir é horrível.»
Mas porquê a pastelaria? «Tem muito método, muita ordem,
ao mesmo tempo tens uma possibilidade de ser criativo que
é imensa, tens uma vastidão de elementos que podes usar e
com os quais podes criar,» explica.
Neste momento podemos encontrá-lo “na loucura do LOCO”
como o próprio descreve, a magicar novas sobremesas: «Há
pessoas que adoram e há pessoas que detestam, acaba por ser
por um lado divertido ver até que ponto reagem bem ou mal
algo fora da caixa,» desafia.
37
M a g a zi n e
Cent ral
Fo od
Nuno Bergonse
Chefs
Cent ral
Misterium Cantina, Marisqueira Azul, La Puttana e Duplex
Uma espécie de Chef-Empresário
«Eu tenho estado a fugir ultimamente à alta gastronomia, já tive
o meu passado todo. No fundo eu aqui faço o que me apetece.»
Quem o diz é o chef NUNO BERGONSE, 28 anos, que a seu cargo tem uma série de restaurantes: MINISTERIUM CANTINA,
MARISQUEIRA AZUL, LA PUTTANA e DUPLEX. «Cada vez mais
vejo a perfeição na imperfeição,» afirma NUNO depois de 6 anos
no mundo da fine cuisine. «A gastronomia não é o preciosismo.»
«Depois da minha passagem pela alta gastronomia, estrelas
Michelin e por aí fora, decidi acalmar um pouco e revitalizar
aquele espaço,» diz referindo-se ao MINISTERIUM CANTINA
no Terreiro do Paço, onde criou um departamento de catering,
um conceito novo de restaurante e ainda conta com clube e
galeria. «Foi uma autêntica transformação estilo “Querido,
mudei o restaurante”.» A seguir, a MARISQUEIRA AZUL, um
espaço no Mercado Time Out, que sem fugir ao clássico, tenta ter uma imagem mais moderna. E como este chef não para
quieto abraçou logo a seguir outra oportunidade de negócio.
«Ficámos com este prédio e abrimos dois projetos quase ao
PA RQ
mesmo tempo, com uma diferença de 15 dias, o LA PUTTANA
(pizzaria) e o DUPLEX, um bar/restaurante no Cais do Sodré,
junto à rua cor-de-rosa. Há tempo para tudo, como eu costumo dizer, é uma questão de organização,» afirma.
Ao contrário do que se passa na alta cozinha, em que o resto é
tudo uma tropa que está tudo calado e trabalha 18 horas por
dia e ninguém pode falar, NUNO BERGONSE foge à norma.
«Há regras como é óbvio, [mas] tenho música dentro da cozinha. Não sou de todo agressivo, não mando um único grito durante um serviço. Não mando, sou contra,» apesar de aproveitar o que ficou de experiências passadas em restaurantes como
o ELEVEN, HOTEL OMM e o conhecido PEDRO E O LOBO
que criou com o ex-sócio DIOGO NORONHA em Lisboa.
Isso significa que a imagem do GORDON RAMSAY aos gritos é fiel à realidade? NUNO BERGONSE diz que não, até porque eles transmitem o que o povo quer, que é teatro basicamente. «O que as pessoas procuram é dramas, cortes e gritos.
Obviamente há uma tensão muito grande, há muita ganância,
muita hormona ali a ferver, mas não é a realidade, de todo.»
38
M a g a zi n e
Food
Manuel Lino
Chefs
Tabik
Pela Avenida
À nossa volta existem apontamentos de verde entre as tábuas de
madeira que enchem as paredes e ainda grandes reproduções
de Carvaggio e Velázquez. «Aqui, se calhar ao contrário da imagem que as pessoas têm, a nossa ideia é fazer um restaurante
de cozinha informal e descontraída,» explica MANUEL LINO. O
chef do TABIK quer fazer pratos saborosos e fáceis de entender,
mas com um toque criativo e que marque a diferença.
«Quando se rendeu ao mundo da cozinha ainda não era nada
do que é hoje, nem pouco mais ou menos, mesmo a nível a
de quantidade de chefs mediáticos, tudo era menor,» explica.
Entrou na área encorajado pela mãe e porque simplesmente
gostava de comer. Durante o curso de 3 anos fez vários estágios e foi aí que o fascínio surgiu. A escola é sempre um mundo irreal em comparação com o mundo lá fora e depois da
experiência no VILA VITA no Algarve voltou com uma perspetiva diferente e com mente mais aberta, «já só pensava nisso, já investia tempo e dinheiro a comprar livros e revistas»
diz o chef de 29 anos.
PA RQ
Passou pelo PRAGMA e pelo restaurante da QUINTA DE
CATRALVOS com o chef LUIS BAENA, mas sempre com os
olhos postos lá fora. Quando entrou para este último «já sabia
que o meu tempo aqui em Portugal tinha os dias contados,»
com um estágio planeado no MUGARIZ em Espanha, onde ficou cerca de 6 meses. Ao atravessar a fronteira, os horizontes
voltaram a alargar e daí “zarpou” para Barcelona, a sua casa
durante 5 anos. Passou pelo HOTEL MANDARIN ORIENTAL,
EL CELLER DE CAN ROCA e VIA VENETO. Tem assim um
currículo preenchido. Mas entretanto voltou para casa e participou em vários projetos, alguns a solo. No entanto explica
que tem ainda um objetivo: «ainda não consegui montar o
meu restaurante, o meu negócio.» Entretanto podemos encontrá-lo em plena Avenida da Liberdade num registo mais
descomplicado mas saboroso.
39
M a g a zi n e
Cent ral
Fo to
Mohamme d Alkouh
Mohammed Al k ouh
Cent ral
Foto
Mohamme d Alkouh
texto por Teresa Melo
Natural do Kuwait, o fotógrafo MOHAMMED ALKOUH escolheu
os campos de refugiados na Turquia e no Líbano como
cenários para provar o triunfo do amor em tempo de guerra.
Contudo, nem sempre estas histórias têm um final feliz.
A visão fotográfica de MOHAMMED transparece uma certa melancolia. Cada fotografia posiciona-se numa espécie de
limbo entre o passado e o presente e é preenchida por memórias que acompanham o percurso dúbio, corajoso e persistente de milhares de indivíduos forçados pela guerra a abandonar a sua vida e a construi-la de novo.
At the beginning I went there searching for couples who felt
in love in the Syrian refugee camps but unfortunately I came
across only heartbroken young men who lost the women
they love. Love was defeated by family values, social expectations, and economic motivations.
O processo de criação é singular. O fotógrafo elege o analógico e o rolo a preto e branco como matérias-primas do seu
trabalho, o qual, após a revelação, pinta manualmente cada
fotografia, transpondo os retractos para um lugar que paira
entre o real e o imaginário.
Four Hands Can’t Clap faz a analogia a um provérbio árabe
que diz que “uma mão sozinha não pode bater as palmas”. E
quatro conseguem?
A b d u l r a h m a n, B a r e l i a s Re f u g e e c a m p L e b a n o n
Four hands can’t clap
PA RQ
40
Captados em campos de refugiados, são os homens sírios os
protagonistas desta série. There are no women because each
one of them has lost the girl he loved. As expressões faciais
elevam a persistência e o cansaço extremo é hipnotizante.
Após algum tempo passado nestes locais, alcançar a intimidade dolorosa dos indivíduos parecia arriscada, mas acessível.
With my work I shoot the things I feel that it’s changing and
fading away. My biggest shock in life was growing up, everything around me started to change and I began to lose the
people I love which is something I didn’t recover from yet.
Here where I started to photograph them and everything
I wish not to lose framing them in this staged reality somewhere between past and present.
It wasn’t much of a choice more than what was available as
it’s not easy to have access to the camps if you’re not a press
or with an Organization. For my luck, a friend of mine was
doing a project in the camps of Turkey so I went with him. For
the camps of Lebanon I had to go with an Aid Organization
from Kuwait called “Layan” which was very helpful.
Mais do que documental, Four Hands Can’t Clap é um depoimento geracional, histórico e artístico. Um tributo a uma
época de mudança na Humanidade. A maior lição? That the
most important thing we need to survive is “hope”, and that
love alone is not enough.
MOHAMMED foca-se na perda, no medo, na energia, no desejo
humano pelo amor. Embora serenos, cada rosto tem uma fenda provocada pela guerra que parece não ter fim. Prevalecem
histórias incompletas, projetam-se momentos efémeros de
felicidade e de esperança, elevam-se reminiscências tocadas
pela presença constante de quem nunca deixaram de amar.
M a g a zi n e
PA RQ
O trabalho de MOHAMMED encontra-se no Sultan Gallery.
41
M a g a zi n e
Cent ral
Fo to
Mohamme d Alkouh
Cent ral
Foto
A b d u l ra h m a n & M o h a m m e d H o l d i n g H a n d s,
B a r e l i a s Re f u g e e c a m p L e b a n o n
PA RQ
42
M a g a zi n e
Mohamme d Alkouh
A r e f, Ad a na Re f u g e e c a m p Tu r key
PA RQ
43
M a g a zi n e
Cent ral
D esign
Paolo Capello
Cent ral
D esign
Paol o Capel l o
Paolo Capello
Paolo Capello é um designer italiano. Cria peças que
parecem desafiar as ideias feitas acerca dos objetos e
de como estes devem ser no nosso quotidiano. No seu
trabalho, procura contrariar a noção comum de que
tudo se precipita para uma inevitável miniaturização.
Segundo o próprio, uma peça de áudio pode ser outra coisa
qualquer. Resolvemos conversar um pouco com ele.
texto por Carla Carbone
Em muitos dos seus trabalhos encontramos o som sempre
presente. De que modo é importante a música na sua vida?
A música é um componente essencial na vida porque tem a capacidade de influenciar emoções e estados de espírito; em todos os seus géneros, canto gregoriano ou rock psicadélico, permite gerar
emoções. Eu gosto de pensar na música como medicina natural. Esta forma de expressão tem a capacidade de despertar o inconsciente.
Ao longo da história do design, os sistemas de som e o mobiliário foram sendo cada vez mais desenhados em separado. Por que razão os une de novo, compactando-os? Estava a
pensar na peça Caruso ou em Torototela.
Graças à miniaturização, a tecnologia vai-se integrando nos diferentes objetos, abrindo os horizontes a possíveis novos mundos para o design.
A criação do meu mobiliário musical é gerada através de uma análise profunda do mercado.
Existem muitos produtores de sistemas áudio que
tentam miniaturizar os seus produtos, fazendo
com que a música se torne cada vez mais invisível
e impossível de ser manipulada ou tocada. Eu tentei fazer o contrário, trazendo de volta à música a
sua dimensão física, de modo a que eu próprio me
tornasse parte integrante da mobília, como acontece com outros princípios da nossa vida.
Onde foi buscar as influências japonesas para fazer o papel de
parede e a tapeçaria?
Sempre fui fascinado pela cultura e arte japonesa por causa da abordagem discreta e silenciosa.
Quando fui convidado pela London Art para criar
PA RQ
44
M a g a zi n e
PA RQ
uma coleção de papel de parede, fiz um tributo à
ilustração japonesa, mas modificando-a e reinterpretando-a, sem lhe retirar a força. Assim, recriei
alguns desenhos utilizando um padrão complexo,
feito de linhas curvas. Processo que me fez demorar uma semana a fazer cada um.
Em que sentido o trabalho bidimensional é importante para
um designer de mobiliário? (Para um designer que faz coisas
tridimensionais, digamos assim)
Todos os projetos partem de um desenho feito
numa folha de papel. É a transposição imediata de
uma ideia. Para mim é impossível projetar usando somente um computador: a mão que desenha
é o mais importante imediatamente a seguir a ter
uma ideia boa para um produto.
O candeeiro suspenso Kiki tem uma forma peculiar? Como
é que aconteceu? Quais foram as referências que ajudaram a
criar essa forma?
Eu queria criar um candeeiro com uma forma
suave, um candeeiro que reproduzisse o calor do
barro cozido. Nesse sentido criei a forma subtil e
contorcida de Kiki, que me lembra a antiga tradição italiana de cerâmica, mas com a adição das
cores e combinações.
Quais foram as suas principais preocupações quando criou
Vitos? Foram os materiais, a forma, a ergonomia?
Vitos surgiu de um pedido comercial específico: um
assento simples para ser usado num local público.
O desenho de uma peça para a ser usada num espaço público pede uma atenção redobrada em todos os seus domínios: o material deve ser durável
45
M a g a zi n e
Cent ral
D esign
Paolo Capello
D esign
mas igualmente versátil de forma a criar as formas desejadas e simultaneamente deveria ser
fácil de manter e difícil de destruir, mesmo que
usado de forma “agressiva”. As formas e as ergonomias devem responder às exigências do público, e assim por diante.
Em relação a Vitos, a necessidade surgiu de encontrar algo adaptável a ambientes jovens, informais,
de classe média. Tive que conciliar diferentes aspetos que aparentemente parecem entrar em conflituo, mas só desta forma foi possível conseguir
um produto adaptável e de sucesso, a responder a
todos os diferentes requisitos.
Ser designer significa lidar com diferentes materiais e os seus
comportamentos imprevisíveis, quando se procura dar-lhes
forma. Pensa que é uma das tarefas mais difíceis de um designer? (A propósito do projeto Traco).
Se considerarmos que o gosto e o sentido das proporções podem ser encarados como capacidades
inatas, o conhecimento do comportamento dos
materiais, bem como a sua aparência só se conjugam pela experiência.
Quando desenhei o sofá Traco usei pele pela primeira vez, por isso, antes mesmo de começar a
desenhar, quis ficar em contacto com os artesãos
que iam produzir o meu sofá, apenas para compreender qual o potencial que me era oferecido
pelo material. Queria superar o caracter uso da
“pele”, como superfície, para recriar, com o volume do sofá, os efeitos dados pelas típicas linhas do
design 3D. Isto pedia um estudo muito profundo
sobre as propriedades da pele, cortes, e a forma
como a sua superfície poderia ser dobrada ou puxada. Só depois de muitas tentativas fomos capazes de encontrar o efeito desejado.
w w w.paolo capp ello.com
PA RQ
Cent ral
46
M a g a zi n e
PA RQ
Paolo Capello
Tilta apresenta uma estrutura muito bonita, subtil e peculiar.
Poderia explicar quais foram as escolhas para a sua forma?
Referências assim como dificuldades para a criar?
Antes de me sentar na mesa para desenhar Tilta,
antes mesmo de lhe desenhar uma forma ou linha, verti os meus olhos para o meu “Kindle”.
Perguntei a mim mesmo, “se os livros estão a
perder a sua fisicalidade, o que guardaremos nas
nossas bibliotecas no futuro? E depois? Fará ainda sentido desenhar estantes no futuro?”. Tilta
nasceu destas interrogações, como peça de mobiliário para abrigar objetos que um dia serão extintos, todos enclausurados numa pequena coisa
eletrónica. Por esse motivo decidi fazer uma peça
de mobiliário que pudesse existir e tivesse sentido
mesmo além da sua função: É uma biblioteca mas
também uma escultura doméstica, uma peça de
mobiliário com uma imagem forte, reconhecível e
icónica. Pode ser até uma estante que nem sequer
possa albergar um livro.
Tilta, ao mesmo tempo lembra-me um edifício. Desenhar estantes é um pouco como desenhar um edifício? Podemos fazer essa analogia?
Existem mais semelhanças do que diferenças no
que toca a desenhar edifícios e estantes: o equilíbrio dos elementos, as proporções entre linhas, o
cheio e o vazio, o modo como a luz interage com
as superfícies, a escolha de cores, são tudo elementos presentes no trabalho do designer, e também no trabalho do designer.
ERNESTO NATHAN ROGERS, um reputado designer italiano disse uma vez que a abordagem para desenhar uma colher é a mesma para desenhar uma
cadeira, um candeeiro e até uma cidade inteira.
47
M a g a zi n e
R
E
S
OC L
fotografia por Ana Luísa Silva
styling por Sérgio Simões
ass. styling por Morgana Andrade
make-up&hair por Luciano Fialho
FRANCISCO
polo FRED PERRY
modelos @ Just Models
Francisco Henriques
Ricardo Cotovio
RICARDO
camisola FRED PERRY
48
FRANCISCO
cap DC, casaco
VOLCOM, t-shirt CHEAP
MONDAY, calças NIKE
RICARDO
impermeável ADIDAS
RICARDO
top VOLCOM,
impermeável ADIDAS,
Calções PEPE JEANS
FRANCISCO
cap DC, t-shirt
CHEAP MONDAY, cinto
NEW LOOK, calções
PEPE JEANS, meias
CALZEDONIA, ténis NIKE
RICARDO
polo PEPE JEANS,
calças H&M by DAVID
BECKAM, chinelos
PEPE JEANS
52
FRANCISCO
casaco CARHARTT
RICARDO
camisola CALVIN KLEIN,
briefs e meias H&M,
ténis ADIDAS NMD
RICARDO
impermeável e
calções ADIDAS
FRANCISCO
sweater e calções
ADIDAS, t-shirt
CONVERSE
BEATRIZ
chapéu ISIDRO PAIVA
colete comprido
GONÇALO PEIXOTO
brinco em metal
CHEAP MONDAY
CARLA
chapéu ISIDRO PAIVA
body NIZZA
casaco MANGO
carteira em pele LOUIS VUITTON
LUCAS
chapéu ISIDRO PAIVA
camisa e casaco NAIR XAVIER
carteira monograma em
pele LOUIS VUITTON
56
COLOR
UNBLOCK
fotografia por António Medeiros
ass. fotografia por Sara Pinheiro
styling por Daniel Baptista
Ribeiro & Rita Cerqueira
ass. styling por Joana Borges
make-up por Inês Aguiar
hair por Cláudio Pacheco com
produtos L’Oreal Professionnel
modelos @ KaracterAgency
Beatriz Amaral
Carla Pereira
Lucas Ribeiro
57
LUCAS
polo em jersey LACOSTE
casaco SALSA
calças MANGO
BEATRIZ
camisa em seda
MALENE BIRGER
casaco MANGO
carteira LOUIS VUITTON
CARLA
calças com laço CHEAP MONDAY
brinco em metal H&M
vestido camiseiro CAROLINA HERRERA
LUCAS
fato MIGUEL VIEIRA
colar e anel com pedra COS
sapatos COS
BEATRIZ
Blusão bomber CHEAP MONDAY
Óculos em metal CHEAP MONDAY
61
CARLA
camisola sem mangas
e óculos de sol MALENE BIRGER
BEATRIZ
casaco comprido MANGO
LUCAS
Pólo em jersey LACOSTE
Casaco acolchoado SALSA
Parq
Here
&Ea t
Miss Jappa
Parq
Here
&D rink
Bubble Tea
BOBALICIOUS
Galeria Via Veneto, Avenida
João XXI, 72B, Lisboa
de segunda a sábado das 9h às 19h
telf 211 356 622
Bubble tea é um método inovador de preparação de chá e
chega agora a Lisboa. Este sucesso, que começou em Taiwan
nos anos 80 e se alastrou rapidamente a grande parte do
continente asiático, tornou-se finalmente conhecido nesta
última década na Europa. Londres e Berlim já não dispensam este chá com leite, servido bastante gelado num copo
com bolas de tapioca cozida, sorvido a partir de uma fat
straw, uma palhinha larga de plástico. Mas isto é apenas o
básico que a Bobalicious na Av. D. João XXI tem para oferecer. A partir de produtos originais importados da Ásia,
muito mais se pode juntar a essa mistura com leite ou concentrado de fruta: popping bobas (esferas de gelatina que libertam vários sabores quando são trincadas) ou então gell’s
(pequenos pedaços de gelatina). O importante é acrescentar texturas, sabores e cores a gosto. Segundo as regras da
Bobalacious, nas cinco etapas de um Bubble Tea, é possível
fazer mais de mil combinações.
texto por Francisco Vaz Fernandes
texto por Maria São Miguel
Mesmo a frente do jardim do Príncipe Real, em Lisboa, onde
era o antigo Orfeu Café, abriu um novo restaurante japonês.
Dirigido pela chef ANNA LINS e pelo seu marido, o sushiman
PAULO MORAIS, tornaram-se uma referência no que se refere
ao respeito pelas tradições culinárias nipónicas.
O projeto surge da vontade da Go Natural, grupo para o
qual ANNA LINS se tornou chef executiva no final do verão de
2015. Mais do que um tradicional sushi bar, o novo projeto
procura recriar o verdadeiro ambiente de um restaurante
urbano japonês, onde o sushi aparece entre um conjunto
de opções. A carta do Miss Jappa reflete essa tendência e
por isso, para além do sushi bar, outras quatro se oferecem.
Se a referencia a Old Timers nos leva para sugestões clássicas da cozinha japonesa, como a sopa misoshiru e as gozas, já as do capítulo Atarashi – New Timers, oferece-nos
uma visão mais contemporânea da cozinha japonesa. O ussuzukuri, uma espécie de carpaccio de peixe branco, é um
prato que se tornou bastante comum. Existem ainda pratos
quentes dos quais destacamos, os ramen que podem ser de
camarão, corvina, espinafres.
É seguramente um restaurante que procura ter uma ementa
simples, mas diferente do que se encontra no mercado e com
preços competitivos (10 a 12 euros). Poderão estar em vista
novos espaços Miss Jappa.
PA RQ
64
ferramentas
directório de arquitectos
Como encontrar
um arquitecto?
simulador de custo de obra
Quanto pode
custar uma obra?
plataforma de encomenda
MISS JAPPA
Praça do Príncipe Real, 5A, Lisboa
19h às 24h.
Sexta e sábado até à 1h.
Fecha segunda
Se vai fazer uma
obra, porque
não lançar um
concurso?
Nós ajudamos.
ORGANIZAÇÃO
PARCEIRO ESTRATÉGICO
CO-PRODUÇÃO
CONCURSOS TEMÁTICOS
concursos
habitar / sobreviver /
transformar / ocupar
Não basta
falar sobre a
importância
dos concursos.
Há que
promovê-los.
filmes
boas práticas: estórias que
ligaram clientes e arquitectos
A arquitectura
é feita de pessoas
e estórias.
Fomos à procura
delas.
exposição
e publicação
29 mar – 29 mai / Garagem Sul CCB e Ordem dos Arquitectos
Arquitectura
em Concurso:
Percurso crítico
pela modernidade
portuguesa
www.escolha—arquitectura.pt
CO-PRODUÇÃO
BOAS PRÁTICAS
CO-PRODUÇÃO
ARQUITECTURA EM CONCURSO
PATROCINADOR
MARCA ASSOCIADA
APOIO
APOIO À DIVULGAÇÃO
telf 211 379 763
M a g a zi n e
PA RQ
65
M a g a zi n e
Parq
Here
&Tr y
Spot Real
Primeira academia de Parkour
texto por Francisco Vaz Fernandes
Recriar os habituais obstáculos de uma malha urbana num
recinto fechado de 700 m2 foi o principal repto imposto por
ÂNGELO MORAIS (23), HILÁRIO FREIRE (31), RICARDO
JORGE (24) e NUNO SANTOS (23), quatro amigos, habituados aos desafios do Parkour. Propõem que a sua academia, a
Spot Real, seja um espaço para a prática do Parkour e sirva
como sala de treino para os mais experientes mas também de
escola para os iniciantes. Os espaços estão bem diferenciados,
dependendo do nível e a pensar nestes últimos uma parte da
sala é composta por obstáculos forrados, colchões de queda e
ainda um fosso de espuma. Todos os instrutores fizeram formação em Inglaterra, o que os prepara para a pedagogia da prática
pensada para várias faixas etárias a começar nos seis anos idade.
Há duas formas de pagamento para frequentar o Real Spot:
mensalidade de livre-trânsito a 34,95€, ou com entradas
diárias, que durante a semana custam 3,95€ e ao fim de semana custam 8,95€.
SPOT REAL
w w w.academiaparkourlisb oa.p t
Praça David Leandro da Silva, Nº 13, Marvila
PA RQ
66
M a g a zi n e