Cimentos de Ionômero de Vidro - Ortobrasil
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Cimentos de Ionômero de Vidro - Ortobrasil
Tópico Especial Materiais de Colagem e Cimentação em Ortodontia. Parte I - Cimentos de Ionômero de Vidro Orthodontic Bonding Agents - Part I - Glass Ionomer Cements Resumo Renata Corrêa Pascotto Os cimentos de ionômero de vidro vem sendo cada vez mais utilizados na colagem e cimentação de acessórios ortodônticos, em função de algumas propriedades altamente satisfatórias como: adesividade às estruturas dentárias, biocompatibilidade e efeito cariostático pela liberação contínua de íons flúor. Entretanto, o sucesso da técnica de fixação está diretamente relacionada ao proporcionamento e manipulação do material. Dessa forma, o objetivo desse tópico especial é orientar o profissional quanto às características dos cimentos de ionômero de vidro bem como os cuidados durante a técnica clínica de cimentação de bandas e colagem de braquetes, a fim de obter uma fixação durante a terapia ortodôntica. INTRODUÇÃO O tratamento ortodôntico com a utilização de dispositivos intrabucais fixos freqüentemente aumenta o risco à cárie do paciente, que em função da facilidade de retenção e da dificuldade de remoção da placa bacteriana, apresenta com freqüência lesões de mancha branca no esmalte ao redor dos acessórios após o término da terapia corretiva12,21,22. A incidência de desmineralização do esmalte após o uso de aparelho orto- Palavras-chave: Colagem ortodôntica. Cimentos de ionômero de vidro. dôntico fixo pode ocorrer em até 50% dos casos1,12. Embora o uso regular de bochecho com soluções fluoretadas possa reduzir essa porcentagem, porém esse procedimento requer a colaboração do paciente12. Tradicionalmente, os braquetes tem sido fixados com resina composta associada a sistemas adesivos, em função da elevada adesão ao esmalte. A introdução dos cimentos de ionômero de vidro modificados por resina, possibilitou a obtenção de valores de resistência adesiva adequados para uso clínico3,4, 24,29 , além da vantagem de não promover alterações na superfície dentária após a remoção dos braquetes17. Diversos trabalhos têm demonstrado que o cimento de ionômero de vidro é um material dinâmico, que além das vantagens de adesividade ao esmalte/dentina e biocompatibilidade, apresenta efeito cariostático por atuar como fonte contínua de liberação de flúor2,5,26,27 para a placa14, saliva13,15 e estruturas dentárias adjacentes, aumentando a resistência do esmalte às condições de desafio cariogênico2,8,9,18,26. O flúor liberado pelo material é capaz de inibir cárie no esmalte18,26,27 e dentina adjacentes8, além de remineralizar lesões incipientes9. Dessa forma, os cimentos de ionômero de vidro vem sendo cada vez mais Renata Corrêa Pascotto* * Professora Doutora em Dentística do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá e do CESUMAR, PR. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 6, p. 109-116, nov./dez. 2001 109 utilizados na cimentação de bandas e braquetes em função do efeito cariostático que apresentam nas áreas mais vulneráveis à ocorrência de lesões de mancha branca durante o tratamento ortodôntico. CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO Quando os cimentos de ionômero de vidro foram introduzidos na clínica, a dificuldade de manipulação e obtenção de resultados clínicos satisfatórios desencorajaram muitos profissionais que se aventuraram a utilizá-lo na clínica diária, principalmente em função da grande sensibilidade inicial à perda e ganho de líquidos (sinérese e embebição) e baixa resistência frente aos esforços mastigatórios diretos e mecânicos. Felizmente esses materiais vêm sofrendo inúmeras reformulações com a finalidade de melhorar suas características de manipulação e desempenho clínico. A incorporação de componentes resinosos além de melhorar significativamente a resistência do cimento, conferiu ao material uma menor sensibilidade à sinérese e embebição. REAÇÃO DE PRESA Nos ionômeros convencionais, quando o pó de partículas de vidro entra em contato com o líquido contendo os ácidos polialcenóicos, reage quimicamente iniciando uma reação de presa do tipo ácido-base, que por meio de um processo de geleificação culmina no endurecimento do cimento20. Os ionômeros modificados por resina podem apresentar HEMA, grupos metacrílicos e fotoiniciadores incorporados ao líquido, e neste caso o endurecimento do material ocorrerá não só em função da reação ácido-base, mas também devido a fotopolimerização dos componentes resinosos com uma unidade de luz visível halógena, através de um aparelho fotopolimerizador. Por outro lado, os cimentos ionoméricos modificados por resina e indicados para a cimentação de elementos protéticos 110 podem apresentar em sua composição além do monômero resinoso hidrófilo (HEMA) e grupos metacrílicos, catalisadores químicos, que permitem a total presa do material, mesmo sob estruturas metálicas, pois além da reação de presa convencional permitirão que o material endureça por uma reação química de polimerização do componente resinoso. CLASSIFICAÇÃO Os cimentos de ionômero de vidro podem ser classificados em três grupos: • cimentos convencionais • cimentos reforçados por metais (“cermet”) • cimentos modificados por resina. Outras categorias de materiais incluem as resinas compostas modificadas por poliácidos, também conhecidas como compômeros. Esses materiais não são cimentos de ionômero de vidro verdadeiros, já que não apresentam a reação de presa do tipo ácido-base, mas se comportam como resinas compostas que liberam flúor. Quanto à indicação, os cimentos de ionômero de vidro podem ser classificados em três grupos (classificação de Tay e Lynch, modificada)20 (Tab. 1): - Tipo I: ionômeros indicados para a cimentação de elementos protéticos e bandas ortodônticas. A principal característica desses materiais é a sua fluidez que ocorre em função das partículas de vidro apresentarem um tamanho reduzido. - Tipo II: cimentos de ionômero de vidro indicados para restaurações. - Tipo III: cimentos de ionômero de vidro indicados para forramento ou base e selamento de cicatrículas e fissuras. Esses materiais também tem sido utilizados em Ortodontia na colagem de braquetes. PROPRIEDADES DOS CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO Adesão às estruturas dentárias Os cimentos de ionômero de vidro apresentam a capacidade de adesão química à estrutura dentária de natureza iônica entre os grupos carboxílicos (COO-) e o cálcio da hidroxiapatita do esmalte e da dentina. A adesividade do material depende de vários fatores, entre eles da proporção pó-líquido, manipulação e inserção do material, que deve ser realizada enquanto o mesmo apresentar a superfície com brilho úmido, indicando a presença de radicais carboxílicos livres para a adesão. Desta forma, o período de tempo entre a manipulação e a inserção do material são cruciais para a adesão. A resistência adesiva máxima para os cimentos de ionômero de vidro convencionais só é alcançada após o processo de maturação do material. Segundo Silverman et al.29 (1995), muitos dos insucessos iniciais na adesão dos ionômeros convencionais usados na colagem de acessórios ortodônticos poderiam ser explicados pela inserção de fios antes que o material tivesse a chance de alcançar seu completo endurecimento e resistência máxima. Assim, quando da cimentação de bandas com ionômero convencional é aconselhável aguardar pelo menos 24 horas antes de iniciar a movimentação ortodôntica, evitando assim o deslocamento precoce das mesmas. A adesão pode ser aumentada quando da realização do condicionamento prévio da estrutura dentária com ácidos fracos, especialmente o ácido poliacrílico entre 10 e 25%, friccionado na estrutura dentária durante 10 a 20 segundos, seguido de lavagem e secagem breve da superfície. O uso de condicionadores e primers contendo HEMA previamente à aplicação dos ionômeros modificados por resina promove uma adesão interfacial muito semelhante à camada híbrida observada com o uso dos sistemas adesivos/resinas compostas pelo fato dos condicionadores infiltrarem-se e polimerizarem-se R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 6, p. 109-116, nov./dez. 2001 na dentina desmineralizada formando retenções micro-mecânicas. A fotopolimerização do agente condicionador é fundamental na força de união dos ionômeros modificados por resina à estrutura dentária. Resistência Pelo fato dos cimentos de ionômero de vidro convencionais apresentarem resistência adesiva ao esmalte inferior à das resinas compostas25, muitos profissionais preferem na clínica diária usar resinas compostas para a colagem de braquetes, principalmente na fase ativa do tratamento ortodôntico onde a necessidade de suportar os esforços de movimentação dentária exige valo- res de adesão mais elevados. Vale a pena ressaltar, que muitos dos insucessos iniciais na adesão com os ionômeros convencionais se deve ao fato do profissional iniciar a dinâmica de movimentação antes que o material tenha a chance de alcançar seu completo endurecimento e resistência máxima, que normalmente ocorre 24 horas após o início da sua manipulação29. A introdução dos ionômeros de vidro modificados por resina melhorou as propriedades físicas do material28. Trabalhos laboratoriais demonstraram que os ionômeros híbridos apresentam valores de resistência adesiva suficientes para suportar os esforços de movimentação dentá- ria4, 6, 17, 23, 24, 30. Clinicamente, Silverman et al.29 (1995) observaram um índice de sucesso de 96,8% de retenção de braquetes numa avaliação de 150 casos durante oito meses, após colagem de boca toda utilizando o cimento de ionômero híbrido Fuji Ortho LC (GC). Liberação de flúor A liberação de flúor dos cimentos de ionômero de vidro ocorre com maior intensidade nas primeiras 48 horas e permanece em concentrações menores por longos períodos de tempo10, 11. Esse fenômeno decorre da presa lenta do cimento, que desloca uma maior quantidade de elementos ionicamente ativos nas TABELA 1 Exemplos de cimentos de ionômero de vidro convencionais, modificados por resina e resina modificada por poliácido indicados. Material Fabricante Produto Cimento de ionômero de vidro Fuji I GC convencional – tipo I Ketac Cem ESPE Meron VOCO GlasIonomer I Shofu Vidrion C SSWhite Cimento de ionômero de vidro Fuji Plus GC modificado por resina – tipo I Fuji Ortho LC GC RelyEx Luting Cement 3M ProTec Cem Vivadent Advance Hybrid Ionomer Cement Dentsply Cimento de ionômero de vidro Fuji II GC convencional – tipo II GlasIonomer II Shofu Ketac Fil Plus ESPE Vidrion R SSWhite Cimento de ionômero de vidro Fuji II LC GC modificado por resina – tipo II Vitremer 3M Photac Fil ESPE Resina modificada por Compoglass Vivadent poliácido tipo II Dyract AP Dentsply Fredoom SDI F 2000 3M Cimento de ionômero de vidro GC Lining GC convencional – tipo III Ketac Bond ESPE Shofu Lining SHOFU Vidrion F SSWhite Cimento de ionômero de vidro Fuji Lining LC GC modificado por resina – tipo III Photac Bond Aplicap ESPE Vitrebond 3M Base Line Dentsply Resina modificada por poliácido – tipo I R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 6, p. 109-116, nov./dez. 2001 111 primeiras etapas de geleificação20. Dessa forma, à medida que os íons vão reagindo com a matriz, a liberação de flúor diminui. O flúor e outros íons liberados pelo cimento de ionômero de vidro (sódio, sílica) não são de importância estrutural para o material e, portanto a sua liberação não provoca nenhuma perda de resistência para o mesmo19. O flúor liberado pelo cimento de ionômero de vidro inicialmente irá aumentar a sua concentração no fluido circunjacente ao cimento, película adquirida, placa bacteriana e então se difundir para a saliva14. Pascotto23 (1999) observou que após a instalação do aparelho fixo pela técnica de colagem cruzada na mesma boca, utilizando o ionômero Fuji Ortho LC e a resina Concise Ortodôntico, houve um aumento significativo na concentração de flúor na placa adjacente ao cimento de ionômero de vidro com relação à resina composta até o final do período experimental (60 dias). Quarenta e oito horas após a colagem dos braquetes, a concentração de flúor aumentou em média, 562 vezes o valor inicial enquanto que ao redor da resina composta o aumento foi de 3,5 vezes. Trinta dias após a instalação do aparelho, o flúor observado ao redor da resina Concise retornou aos valores de referência, enquanto que ao redor do cimento de ionômero de vidro a concentração desse elemento apresentou-se 111 vezes mais elevada que os valores iniciais. A presença constante de flúor no meio bucal confere aos cimentos ionoméricos propriedades anticariogênicas, promovendo uma inversão no processo de desmineralização e favorecendo a remineralização do dente33. O flúor liberado pelo cimento de ionômero de vidro pode ser incorporado aos tecidos mineralizados do dente tornando-os mais resistentes aos ciclos de desmineralização2, 27, 23. Além disso, estudos laboratoriais tem demonstrado que o cimento de ionô112 mero de vidro tem a capacidade de remineralizar a estrutura dentária adjacente à restauração2,27. O flúor liberado pelo ionômero de vidro atua também na ecologia da microbiota bucal mesmo em situações de alto risco à cárie 2. Estudos clínicos demonstraram que o crescimento de estreptococos do “grupo mutans” é inibido na placa adjacente ao cimento de ionômero de vidro2, 23, 31, 32. Há registros de que sobre o cimento de ionômero de vidro existe uma quantidade menor de bactérias cariogênicas que sobre o amálgama31 ou sobre a resina composta32. Diversos trabalhos na literatura têm demonstrado que o cimento de ionômero de vidro apresenta a capacidade de reincorporação de flúor a partir de agentes fluoretados agindo como um reservatório intra-bucal e controlando a liberação de flúor nos locais de risco à cárie11,16,20,23. A reincorporação de flúor pelo cimento de ionômero de vidro tem demonstrado ser proporcional à quantidade de flúor liberada pelo material16 e à concentração da solução fluoretada aplicada topicamente20. Dos agentes fluoretados, o flúor fosfato acidulado a 1,23% aplicado sobre o cimento de ionômero de vidro proporciona os valores mais elevados de reincorporação e posterior liberação de flúor20,23, fato que está relacionado à solubilidade que esse agente promove, já que o gel acidulado causa dissolução dos cátions que formam a matriz do cimento, diminuindo a sua dureza superficial7. Cimentação de bandas ortodônticas Após a seleção e ajuste da banda de acordo com o tamanho e altura da coroa dentária, deve-se realizar a profilaxia com pedra-pomes/água em taça de borracha ou escova das superfícies de esmalte dos dentes a serem bandados, ou mesmo utilizando o jato de bicarbonato de sódio/água. Realizado o isolamento relativo da área com afastadores de bochecha e roletes de algodão, a cimentação de bandas ortodônticas com cimento de ionômero de vidro convencional deve seguir os passos descritos abaixo: - Realizar a limpeza do esmalte com ácido poliacrílico entre 15 e 25% durante 15 a 20 segundos, de forma ativa, ou seja, esfregando o ácido com uma bolinha de algodão ou pincel descartável (tipo microbrush). Se for utilizado um ácido mais concentrado, como por exemplo, o líquido do cimento de policarboxilato (Durelon, ESPE) que é uma solução de ácido poliacrílico a 40%, deve-se diminuir o tempo de aplicação para 10 segundos (Fig. 1). - Enxaguar bem, secar o excesso de umidade, deixando a superfície ligeiramente úmida a fim de melhorar a adesão. - Proporcionar o pó e o líquido sobre a placa de vidro ou papel impermeável de manipulação, seguindo as orientações do fabricante (Fig. 2 a 6). - Levar o cimento no interior da banda com uma espátula ou seringa de inserção do tipo Centrix, enquanto apresentar na superfície o aspecto de brilho úmido. - Levar a banda em posição, promovendo o seu completo assentamento (Fig. 7). - Remover os excessos do cimento com uma bolinha de algodão ou com uma sonda exploradora, e quando o cimento perder o brilho superficial, aplicar um agente de proteção nas margens da banda a fim de evitar a contaminação do material com a umidade nas primeiras 24 horas. Embora a vaselina tenha sido muito usada com essa finalidade, ela é facilmente removida durante a mastigação. Dessa forma, sugere-se a utilização de uma resina fluída (agente adesivo), verniz a base de resina poliestirênica ou esmalte (base) incolor para unhas, que proporcionarão uma proteção superficial mais duradoura e eficiente (Fig. 8). - Deve-se adiar o início da movimentação ortodôntica nas primeiras R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 6, p. 109-116, nov./dez. 2001 24 horas a fim de evitar o deslocamento da banda recém cimentada, em função da reação de presa lenta do cimento. Colagem de acessórios ortodônticos Quando o cimento de ionômero de vidro for selecionado para a cola- gem de braquetes ortodônticos é aconselhável a utilização dos cimentos modificados por resina (Fig. 9). A seqüência clínica deve seguir os FIGURA 1 – Condicionamento da superfície do esmalte com ácido poliacrílico a 40% (Durelon, ESPE) durante 10 segundos, de forma ativa. FIGURA 2 – Algumas marcas comerciais de cimentos de ionômero de vidro indicados para a cimentação de bandas ortodônticas: Vidrion C (S.S.White); GC Fuji I (GC); GlasIonomer Cement type I (Shofu) e Ketac Cem radiopaque (ESPE). FIGURA 3 – Após o proporcionamento correto do material sobre a placa de vidro seguindo as orientações do fabricante, o pó é dividido em duas partes, visando uma aglutinação adequada. FIGURA 4 – Primeira porção sendo aglutinada por 10-15 segundos. FIGURA 5 – Manipulação da segunda porção até o tempo máximo recomendado pelo fabricante, que varia de 20 segundos a 1 minuto. A massa deve apresentar-se homogênea e com aspecto brilhante. FIGURA 6 – Consistência do cimento indicado para a cimentação de bandas ortodônticas, permitindo a formação de um fio de 3-4 cm. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 6, p. 109-116, nov./dez. 2001 113 mesmos passos descritos nos itens 1 a 5 da cimentação de bandas com ionômero convencional (Fig. 10 a 12). Logo após a remoção dos excessos do cimento com sonda exploradora, deve-se realizar a fotopolime- rização de cada braquete durante 40 segundos com o aparelho de fotopolimerização girando ao redor do braquete (Fig. 13). Nos dentes anteriores, em função da menor espessura da coroa, pode-se iniciar a polimeri- zação pela face lingual, a fim de que a luz atravesse o dente e polimerize o cimento embaixo do braquete. Nesse caso, a movimentação ortodôntica pode ser iniciada de imediato, já que a fotopolimerização do FIGURA 7 – Vista oclusal da banda após o assentamento mostrando o extravasamento dos excessos do agente cimentante nas margens. FIGURA 8 – Logo após a perda do brilho superficial do cimento é feita a aplicação do agente protetor (esmalte incolor para unhas). FIGURA 9 – Cimentos de ionômero de vidro modificados com componente resinoso indicados para colagem em Ortodontia: Fuji Ortho LC (fotoativado) e Fuji Ortho (quimicamente ativado). FIGURA 10 – Ácido poliacrílico a 10% (GC Ortho Conditioner) indicado para o condicionamento da superfície do esmalte na técnica de colagem com condicionamento quando é requerida uma força de adesão máxima. FIGURA 11 – Aplicação do GC Ortho Conditioner durante 10-20 segundos na superfície vestibular dos pré-molares superiores. FIGURA 12 – Posicionamento do braquete na superfície vestibular do segundo pré-molar superior. 114 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 6, p. 109-116, nov./dez. 2001 FIGURA 13 – Aspecto da etapa de fotopolimerização do cimento (40 segundos girando a ponta do aparelho ao redor do acessório). – Seqüência clínica realizada pelo Prof. Helio Hisashi Terada, da área de Ortodontia da Universidade Estadual de Maringá, PR. componente resinoso confere resistência imediata ao material. Remoção do aparelho ortodôntico fixo A literatura tem demonstrado que uma das vantagens da utilização dos cimentos de ionômero de vidro está no momento da descolagem, já que esses materiais apresentam uma maior facilidade de remoção quando comparados aos agentes resino- sos, diminuindo consideravelmente o risco de danos à superfície do esmalte no momento da descolagem dos acessórios. Como o material é sensível ao ressecamento pode-se desidratá-lo com jatos de ar direcionados antes do deslocamento a fim de enfraquecê-lo. Em seguida, com um alicate apropriado, forçar o acessório a fim de imprimir uma força de cisalhamento ao cimento, e com o auxílio de uma cureta, remover o material residual da superfície. Se necessário, o polimento do esmalte pode ser realizado com discos abrasivos de papel (Sof-lex, 3M ou similar), borrachas para acabamento e polimento (sistema Enhance, Dentsply ou similar) seguidos da aplicação de disco de feltro embebido em pasta diamantada (Crystar Paste, Kota; Diamond Paste, Ultradent ou similar) em baixa rotação, a fim de devolver o brilho original do esmalte. Abstract The glass-ionomer cements have been used in orthodontic bonding because it´s beneficial properties: adhesion to dental structures, biocompatibility and cariostatic effect of continuous fluoride release. Although, the success of bonding technique is dependent of the power/liquid proportion and the material´s manipulation. The aim of this special topical is to orient the professionals about the characteristics of the glass-ionomers and the R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 6, p. 109-116, nov./dez. 2001 care during the clinical technique of brackets and bands bonding to obtain an effective fixation during orthodontic therapy. Key words: Orthodontic bonding. Glass ionomer cement. 115 REFERÊNCIAS 1 - ARTUN, J.; BROBAKKEN, B.O. Prevalence of various white spots after orthodontic treatment with multiband appliances. Eur J Orthod, London, v. 8, no. 4, p. 229-234, Nov. 1986. 2 - BENELLI, E. M. et al. In situ anticariogenic potential of glass ionomer cement. Caries Res, Basel, v. 27, no. 4 , p. 280-284, July/ Aug.1993. 3 - CACCIAFESTA, V. et al. Effects of saliva and water contamination on the enamel shear bond strength of a light-cured glass ionomer cement. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v.113, no. 4, p. 402-407, Apr. 1998. 4 - CAPELOZZA FILHO, L. et al. 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transformados em µg/cm² para evidenciar a quantidade de flúor liberada pela área do corpo de prova. A
liberação de flúor foi medida após 1h e no 1°, 3°, 7°,
14°, 21° e 28° dia.
No 28° dia, os corpo...