Anestesia em Revista jul-ago 2008.p65
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Anestesia em Revista jul-ago 2008.p65
Nesta Edição Editorial • Responsabilidade ________________________________________________ 4 Artigos Científicos • Como é obtido o BIS e outros parâmetros processados do eletroencefalograma ____________________________________________ 5 • Variação de pressão de pulso (∆PP) como guia de reposição volêmica. Uma evolução? ________________________ “A satisfação profissional do • anestesiologista no mundo globalizado” _______________________ 10 14 Novos Membros ________________________________________________ 15 • Congresso Brasileiro de Anestesiologia _________________________ Jornadas • Jornada e Curso superam as expectativas ______________________ • XVI JAEPE: seriedade, descontração e acolhimento ____________ Notícias • AMB _________________________________________________________ • Calendário Científico Oficial __________________________________ • Fórum Ética e Pesquisa discute principais 16 20 21 22 22 pontos da revisão da Declaração de Helsinki ___________________ 23 infecção por Micobactérias ____________________________________ • CAP reunida em São Paulo ____________________________________ • Comissão de Ensino e Treinamento Pontuação da Educação Continuada no Relatório ______________ • Homenagem ao Dr. Valdir Medrado ____________________________ 25 26 • Médico deve atuar para conter casos de Responsabilidade Social • Responsabilidade Social: o que é? ______________________________ Expediente Anestesia em revista é uma publicação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia Departamento de Anestesiologia da Associação Médica Brasileira Rua Professor Alfredo Gomes, 36 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22.251-080 - Tel.: (21) 2537-8100 - Fax: (21) 2537-8188 27 29 30 Conselho Editorial: Jurandir Coan Turazzi, Luiz Antônio Vane, Carlos Eduardo Lopes Nunes, Henri Braunstein, Nádia Maria da Conceição Duarte, José Mariano Soares de Moraes e Airton Bagatini Diretor Responsável: Airton Bagatini Foto da capa: 39ª Jornada do Brasil Central Programação Visual: Ito Oliveira Lopes - 12516-DRT/RJ - Wellington L. R. Lopes Equipe Editorial: José Bredariol Jr, Marcelo Marinho, Marcelo Sperle, Mercedes Azevedo e Rodrigo Matos Impressão e Acabamento: MasterGraph - Tiragem: 9.000 - Distribuição gratuita. IMPORTANTE: Cadastre seu e-mail na SBA Visite o site da SBA na Internet: www.sba.com.br - [email protected] EDITORIAL Responsabilidade “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.” Fernando Pessoa Dr. Airton Bagatini Diretor do Depto. Administrativo SBA 4 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 O tema Responsabilidade Social (RS) tornou-se ponto obrigatório na pauta de discussões de todas as empresas/sociedades que contribuem para o desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando com os seus sócios, suas famílias, com a comunidade local e com a sociedade em geral para melhorar a qualidade de vida social, econômica e ambiental. O nosso trabalho começou a se desenvolver com a criação do Centro de Artesanato dos Funcionários (CAF) da SBA, ação que tem proporcionado maior união entre os funcionários e um ambiente mais produtivo. A adoção da REPARTIR, instituição ligada ao hospital Jesus/RJ, que atende crianças carentes da região, foi conseqüência do trabalho anterior e, neste ano, a SBA iniciou um programa de divulgação da Operation Smile Inc. e da Operação Sorriso do Brasil, programas que tratam de crianças portadoras de lábio leporino e fenda palatina, trazendo grande retorno a estas instituições. Neste Anestesia em Revista, apresentamos também, uma reflexão sobre a satisfação profissional, sendo este, um importante indicador da qualidade de vida associada ao trabalho, que pode ser influenciada por diversos fatores, dentre eles; o relacionamento com colegas hierarquicamente superiores, seja em função específica, seja institucionalmente e o esforço e intensidade dedicados ao trabalho, especialmente quando correlacionado com perspectivas futuras. Atualmente, a intervenção dos diversos fatores sociais exige da nossa SBA uma nova postura, calcada em valores éticos que promovam o desenvolvimento sustentado da sociedade como um todo. A questão da responsabilidade social vai, portanto, além da postura legal da instituição, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração de valor para todos. No dia 16 de outubro estaremos comemorando o dia do Anestesiologista, não tenho a pretensão de ensinar aos colegas o que está ocorrendo com a medicina e a sociedade em geral, mas posso dizer o que ensinaria ao meu filho, se anestesista fosse: O mundo mudou. Hoje, não basta mais ter o conhecimento, temos que saber e querer aplicá-lo. Não o conhecimento da Anestesiologia, mas o da gestão, o da ética corporativa e o da Responsabilidade Social. ARTIGOS CIENTÍFICOS Como é obtido o BIS e outros parâmetros processados do eletroencefalograma Como é obtido? O BIS (índice bispectral) é um índice derivado empiricamente e que é dependente da medida da “coerência” entre os componentes do eletroencefalograma(EEG) quantitativo1. Captura do sinal No processo de cálculo do BIS, o primeiro passo é a aquisição do sinal do EEG que é levado a cabo por meio da aplicação de quatro eletrodos colocados na superfície cutânea os quais permitem uma condução elétrica apropriada com baixa impedância. A montagem utilizada é a bipolar unilateral com eletrodo explorador na posição FT9 ou FT10 (região fronto-temporal) e o eletrodo de referência na posição FPz(fronto-polar)2-(figura 1). Isto determina que o traçado do EEG obtido seja monocanal (esquerdo ou direito, segundo a posição do eletrodo fronto-temporal). Digitalização Após a aquisição e amplificação do sinal é realizada a Figura 1 digitalização do mesmo. O sinal analógico capturado é apresentado a intervalos regulares (freqüência expressa em Hz) de forma que as deflexões de cada onda estão definidas por uma sucessão de valores concretos positivos ou negativos dependentes do momento da coleta dos dados. A freqüência dos dados coletados é essencial para a obtenção de um sinal digitalizado seguro já que, segundo o teorema de Shannon 1,3 deve ser superior ao dobro da máxima freqüência do sinal analisado. As freqüências máximas do sinal do eletroencefalograma têm sido consideradas durante muito tempo, de 30 a 40Hz, portanto, uma freqüência de 70Hz seria mais real. Se a freqüência de amostras é pequena, existe um risco de converter, de forma errônea, uma onda analógica rápida em uma onda digitalizada lenta (fenômeno de aliasing)1. Reconhecimento e filtragem de artefatos Após a digitalização, o sinal é submetido a um processo de reconhecimento de artefatos4. Os artefatos produzidos por sinais que excederam o limite dinâmico do amplificador, como o uso do bisturi elétrico, podem ser identificados no epoch (divisões temporais finitas do registro, em que se realiza a análise: 2 segundos de duração no caso do BIS) e, então, rejeitados, já que os dados originais não podem ser reconstituídos. Outros artefatos podem ser eliminados do sinal contaminado e o Dr. Rogean Rodrigues Nunes sinal filtrado resultante ser utilizado para análise ulterior. Estes tipos de artefatos incluem os que apresentam freqüências superiores as do eletroencefalograma (por exemplo: corrente elétrica alternada). Outros artefatos com frequência dentro do limite das ondas do EEG, como o ECG e os produzidos por bombas rotativas (CEC) são eliminados já que apresentam uma regularidade. Outros contaminantes detectáveis são as interferências produzidas pelos estimuladores de nervos periféricos assim como as emitidas por estimuladores de potenciais evocados. Nos pacientes acordados ou com sedação superficial, os movimentos oculares criam uma atividade ondulatória lenta que pode ser reconhecida4. No caso particular do BIS, o EEG digitalizado é filtrado para excluir artefatos de alta e baixa freqüências e dividido em epochs de 2 segundos. Cada epoch é correlacionada com um modelo de eletrocardiograma(ECG) e caso sejam mostradas espículas de marca-passo ou sinais de ECG os mesmos serão eliminados e os dados perdidos serão estimados por interpolação. Os movimentos do globo ocular são detectados e as epochs contaminadas com este artefato são descartadas. Posteriormente a linha de base é analisada e eliminadas as voltajul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 5 gens contaminantes devido as baixas freqüências (por exemplo: ruídos de baixa freqüência dos eletrodos). Análise temporal e parâmetros derivados: taxa de supressão de surtos e índice QUAZI de supressão O sinal do EEG, após digitalização e filtragem de artefatos poderá ser tratado matematicamente. Entretanto, neste momento, as alterações na voltagem somente poderão ser avaliadas no domínio do tempo. Com estes parâmetros (voltagem e tempo), várias análises estatísticas podem ser realizadas, resultando em variáveis importantes, tais como: freqüência de borda espectral 50%, freqüência de borda espectral 95%, e muito mais (cálculo estatístico estrito). Para a análise estatística destes dados no domínio do tempo, é necessário conhecer que o EEG é um sinal não determinístico, ou seja, não é possível predizer exatamente seus valores futuros. Portanto, o EEG é um sinal estocástico e alguns pontos estatísticos não são previsíveis 5 (os valores futuros só podem ser previamente preditos em função de uma probabilidade de distribuição de amplitudes observadas no sinal). Tem-se utilizado vários parâmetros derivados da análise estatística temporal descritiva, como: potência elétrica do EEG6, potência total7, análise descrita por Hjorth8, envolvendo atividade, mobilidade e complexidade e freqüência de cruzamento (da linha isoelétrica de voltagem zero), e a análise aperiódica de Demetrescu9 derivada do parâmetro anterior. No cálculo do BIS não se utiliza qualquer parâmetro derivado da análise estatística temporal estrita, sendo, portanto, sua geração baseada, também, em duas medidas “ad hoc” das ondas do EEG: taxa de supressão de surtos e o índice de supressão QUAZI. 6 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 Taxa de supressão de surtos A supressão de surtos é definida como intervalos maiores que 0,5 segundos em que a voltagem do EEG encontra-se abaixo de ±0,5µV (figura 2). A taxa de supressão de surtos 10,11 é a fração da epoch (período de tempo de análise de 2 segundos) em que o EEG é isoelétrico (não excede ±0,5µV). Devido à natureza especialmente variável (não estacionária) da supressão de surtos, esta deve ser calculada em média durante um intervalo de, pelo menos, 30 epochs (60 segundos). Índice de supressão QUAZI O índice de supressão QUAZI foi projetado para descobrir a presença de supressão de surtos na presença de voltagem errante da linha base. QUAZI incorpora informação de ondas lentas (<1,0 Hz), derivadas do domínio de freqüência, para detectar a atividade de surtos superimpostos sobre estas ondas lentas, que iriam de certa forma contaminar o algoritmo original do BSR, excedendo os critérios de voltagem estabelecidos para definir o silêncio elétrico. Com este índice, podemos detectar certos períodos de supressão os quais não poderiam ser descobertos com os critérios estritos do silêncio elétrico (± 5µV) imposto pela definição da taxa de surto supressão. Janela, análise frequencial e parâmetros derivados: potência relativa β Antes de realizar a análise frequencial e para evitar erros na interpretação posterior das ondas, devido a rupturas artificiais no traçado contínuo nas epochs, cada epoch é analisada de acordo com a janela de Blackman, a qual reduz as distorções relacionadas a contaminação por artefatos frequenciais criados pelas transições abruptas nos extremos de cada epoch. Após digitalização do sinal e aplicado a função de janela de Blackman12 o mesmo pode ser tratado matematicamente através da análise de Fourier. Esta análise gera um espectro de freqüências que corresponde a um simples histograma de amplitudes no domínio da freqüência. A melhor comparação para entender a análise de Fourier é comparar o eletroencefalograma a uma luz branca que atravessa um prisma de cristal, criando um arco íris (o espectro). Cada cor da luz representa uma freqüência e a luminosidade das cores a amplitude em cada freqüência. No monitores clínicos, o eletroencefalograma é decomposto em seu espectro frequencial através da transformada rápida de Fourier (FFT) de Cooley e Tukey13. Este algoritmo permite um cálculo eficiente dos dados digitalizados e apresenta-se graficamente como um histograma de potência no domínio Figura 2 da freqüência, sendo descartado o espectro de fase. A análise quantitativa do sinal obtido por meio da FFT permite identificar alguns padrões genéricos que são denominadas bandas e cada uma delas é definida por uma faixa de freqüências: δ = 0,5-3,5 Hz, θ = 3,5-7,0 Hz, α = 7,0-13,0 Hz, β = 13,0-30,0 Hz e β2 = 30,0-50,0 Hz. Do espectro de potência vários parâmetros podem ser derivados: amplitude ou potência total, amplitude ou potência relativa de bandas, freqüência da potência de pico, freqüência de borda espectral 50%, freqüência de borda espectral 95% e quociente delta aumentado. Existem outros parâmetros que combinam a análise temporal com a frequencial, como a freqüência espectral limite compensada com surtos de supressão (BcSEF=(1BSR/100))1. Potência β relativa O parâmetro de análise frequencial que utiliza o BIS é a taxa relativa beta, a qual é definida como log(P 30-47Hz/P 11-20Hz), ou seja, o logaritmo do quociente entre as somas de energias espectrais (amplitude de onda expressa na forma de voltagem ao quadrado) das bandas de freqüências. Assim, temos uma banda de baixa freqüência (11-20Hz), que está incluída dentro de dois espectros clássicos: α e β e outra de alta freqüência, incluída dentro do espectro β2. Análise bispectral e parâmetros derivados: SynchFastSlow A análise bispectral incorpora informação sobre a fase (figura 3), relativa ao início da epoch considerada, das diferentes freqüências obtidas. O bispectro mede a correlação de fase das ondas obtidas pela análise de Fourier entre as diferentes freqüências. Em um modelo simplista, quanto maior for o grau de acoplamento de fase, me- nor será o número de neurônios “marca-passo”. A análise bispectral permite suprimir as fontes gausianas de ruído, aumentando a relação sinal/ruído, podendo identificar situações não lineares importantes no processo de geração do sinal. O bispectro é calculado multiplicando três valores espectrais complexos (cada valor espectral complexo inclui informação da freqüência, amplitude e fase), o valor espectral das freqüências primárias f 1 e f 2 pelo valor espectral da freqüência de modulação (f1+f2). Este produto é o ponto mais importante da análise bispectral: se em cada freqüência do tripé( f1, f2 e f1+f2) a amplitude espectral é grande (existe alguma onda sinusoidal para esta freqüência) e se os ângulos de fase para cada uma das três freqüências consideradas estão alinhadas, o produto final será grande (figura 4A). Ao contrário, se um dos componentes sinusoidais é pequeno ou está ausente ou se os ângulos de fase não estão alinhados, o produto será pequeno (figura 4B)14. O único conjunto de combinações de freqüências para o cálculo do bispectro é um espaço em cunha (triangular e sombreado na figura 4) de freqüência frente a freqüência. As possíveis combinações fora desta cunha triangular não são necessárias ao cálculo devido à simetria (B(f1,f2) = B(f2,f1)). Além disso, uma gama de possíveis freqüências de modulação ( f1+f2) está limitada a freqüências menores ou iguais à metade da freqüência de amostragem. O bispectro é expressado em microvolts ao cubo (µV3) já que se trata do produto de três ondas sinusoidais, cada uma com uma amplitude em microvolts. Um valor derivado do bispectro é a bicoerência, a qual varia numericamente de 0 a 1 proporcionalmente ao grau de acoplamento de fase na freqüência do tripé considerado. N Figura 3 Figura 4 SynchFastSlow O BIS utiliza como parâmetro derivado da análise bispectral a sincronização rápido/lenta, que é o logaritmo do quociente entre a soma de todos os picos de bispectro na banda de 0,5 a 47Hz e a soma do bispectro na banda de 40 a 47Hz. Análise ponderada de subparâmetros O número BIS é obtido da análise ponderada dos quatro subparâmetros que se tem analisado: taxa de supressão de surtos, supressão QUAZI, potência relativa beta e sincronização rápido/lenta, onde se aplica um modelo estatístico multivariado utilizando uma função não linear16. jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 7 (RMS), de acordo com a equação abaixo: A variável potência eletromiográfica é calculada como a soma de todas as potências RMS, no intervalo citado (70-110Hz), normalizado para 0,01µVRMS e expressado em decibel (dB). Por exemplo: Potência RMS(70-110Hz) = 1 µV; EMG = 20 * log(1/0.01) = 40 dB Figura 5 A particular utilização de vários subparâmetros na geração do BIS foi derivada empiricamente de uma base de dados, acumulados prospectivamente, de EEG e escalas de sedação em que se utilizou uma grande variedade de protocolos anestésicos. Cada um deste subparâmetros apresenta maior ou menor influência na geração do BIS(figura 5), a depender das variações na atividade elétrica captada pelo eletrodo explorador. Assim, temos: 1. Sincronização rápido/lentacorrelaciona-se melhor com as respostas durante uma sedação moderada ou anestesia superficial. Este parâmetro também se correlaciona bem com os estados de ativação do EEG( fase de Figura 6 8 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 excitação) e durante os níveis cirúrgicos de hipnose. 2. Potência beta relativa- este parâmetro é mais importante para o algoritmo de cálculo do BIS durante a sedação superficial. 3. Supressão de surtos e supressão QUAZI- detectam anestesia profunda. A partir das últimas versões do BIS desenvolveu-se uma escala a qual correlaciona o índice bispectral com o grau de sedação/hipnose (figura 6). Outras variáveis processadas 1. Eletromiografia – a avaliação da atividade eletromiográfica é feita em uma faixa de freqüência de 70 a 110Hz. Esta atividade eletromiográfica é matematicamente transformada em potência eletromiográfica através da utilização da raiz média quad r á t i c a O intervalo de visualização, mostrado em um gráfico de barra, está entre 30 e 55 dB. É um parâmetro importante, pois mensura a atividade elétrica no núcleo do nervo facial(região bulbo-pontina). 2. Matriz spectral de densidade (DAS) - corresponde à densidade de potência no domínio da freqüência, esta variando de 0 a 30Hz. O número que representa o limite da borda espectral, apresenta a freqüência abaixo da qual 95% da potência total do EEG se encontra (figura 7). A análise das mudanças nas densidades espectrais mostra variações na adequação anestésica mesmo que o BIS não varie. Percentuais elevados de densidade espectral próximos à borda(SEF 95%), indicam mudanças iminentes na adequação anestésica. 3. Suavização de tendências: BIS- As versões atuais apresentam 03 possibilidades de suavização de tendências, as quais são obtidas através das médias móveis simples17. Esta técnica consiste em calcular a média aritmética das r observações mais recentes, isto é: Figura 7 Assim, Mt é uma estimativa que não leva em conta as observações mais antigas, o que é razoável devido ao fato do parâmetro variar suavemente com o tempo. O nome média móvel é utilizado porque, a cada período, a observação é substituída pela mais recente, calculando-se uma média nova. 3. 30 segundos- proporciona uma tendência mais suave, com menor variabilidade e sensibilidade a artefatos. Possibilidades de suavização: 1. Rampill IJ - A primer for EEG signal processing in anesthesia. Anesthesiology, 1998; 89: 980-1002. 2. Johansen JW – Update on bispectral index monitoring. Best Practice & Research Clinical Anaesthesiology, 2006;20:81-99. 3. Shannon CE, Weaver W -The Mathematical Theor y of Communication. Urbana, University of Illinois Press, 1962. 1. 10 segundos- proporciona uma acrescida resposta a alterações de estado, tais como indução e despertar. 2. 15 segundos- intermediário. Visão global dos parâmetros derivados do EEG (figura 8). Bibliografia 4.Silva FL, Niedermeyer E- Electroencephalography, 4th Edition, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins,1999;781796. 5. McEwen J, Anderson GB- Modelling the stationarity and gaussianity of spontaneous electroencephalographic activity. IEEE Trans Biomed Eng, 1975; 22: 361-369. 6.Bickford RG. Automatic electroencephalographic control of general anesthesia. Electroencephalogr Clin Neurophysiol ,1950; 2: 93-96. 7. Arom KV, Cohen DE, Strobl FT- Effect of intraoperative intervention on neurologic outcome based on electroencephalographic monitoring during cardiopulmonary bypass. Ann Thorac Surg, 1989; 48: 476-483. 8.Hjor th B-EEG analysis based on time domain properties. Electroencephalogr Clin Neurophysiol, 1970; 29: 306-310. 9.Gregor y TK, Pettus DC- An electroencephalographic processing algorithm specifically intended for analysis of cerebral electrical activity. J Clin Monit, 1986; 2: 190-197. 10. Rampil IJ, Laster MJ-No correlation between quantitative electroencephalographic measurements and movement response to noxious stimuli during isoflurane anesthesia in rats. Anesthesiology, 1992; 77: 920-925. 11. Rampil IJ, Weiskopf RB, Brown JG, Eger et al- I653 and isoflurane produce similar dose-related changes in the electroencephalogram of pigs. Anesthesiology, 1986; 69: 298-302. 12. Diniz PSR,Da Silva EAB,Netto SLProcessamento Digital de Sinais,1ª Edição,São Paulo,Bookman,2002;196-255. 13.Cooley JW, Tukey JW- An algorithm for machine calculation of complex Fourier series. Math Computation, 1965; 19: 297-301. 14. Proakis JG, Rader CM, Ling F, Nikias CL- Signal analysis with higher order spectra, Advanced Digital Signal Pr ocessing, 1ª Edition, New York, Macmillan, 1992,550-89. 15. Rosow C, Manberg PJ- Bispectral index monitoring. Anesth Clin Nor th Am 1998; 2: 89-107. 16. Sigl JC, Chamoun NG. An introduction to bispectral analysis for the electroencephalogram. J Clin Monit, 1994; 10: 392-404. 17. Morettin PA,Toloi CMC-Análise de Séries Temporais,1ª Edição,São Paulo,Edgard Blücher LTDA,2004;87-108. DR. ROGEAN RODRIGUES NUNES Figura 8 Mestre e Doutor em Medicina Doutor em Cirurgia Mestre em Cirurgia Título Superior em Anestesia Graduando em Engenharia Eletrônica Chefe do Serviço de Anestesia do Hospital São Lucas-For taleza-Ceará Membro da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 9 Variação de pressão de ∆PP) como guia pulso (∆ de reposição volêmica. UMA EVOLUÇÃO? D entro da história da medicina, Adolf Kussmaul descreveu o sinal chamado “pulso paradoxal” na pericardite constritiva em que afirmava que “o pulso desaparecia durante a inspiração e retornava na expiração” apesar do existência de atividade cardíaca durante o ciclo respiratório. O que se presente mostrar neste texto é que em pacientes sob ventilação mecânica acontece justamente o contrário sendo esse fenômeno chamado de “variação da pressão sistólica” (SPV-abreviatura do inglês) ou “variação da pressão de pulso” (∆PP). Em 1978, Rick e Burke9 foram os primeiros que estabeleceram uma ligação entre o volume sanguíneo e o SPV. Desde 1987, Perel et al 10 determinou os fatores fisiológicos do SPV em animais e enfatizaram seu uso com o volume sanguíneo. Infelizmente essas observações ficaram fora do uso clínico durante um tempo. Para nos guiar na reposição volêmica podemos lançar mão da pressão venosa central e pressão de oclusão da artéria pulmonar. Nos últimos anos temos visto uma série de questionamentos dos riscos e benefícios da cateterização da artéria pulmonar11. Ainda mais, temos nos deparado com uma série de trabalhos12 que mostram a falta de sensibilidade de relacionar o tamanho das câmaras cardíacas com a capacidade do organismo em responder à reposição volêmica. A pressão venosa central se mostrou pobre em predizer o total de volume sanguíneo pois esta depende da complacência venosa, pressão pleural e pressão abdominal 13 : uma pergunta se faz sempre que nos deparamos com algum paciente grave: Podemos melhorar o débito cardíaco e melhorar a parte hemodinâmica de nosso paciente com um monitor em tempo real? Atualmente o anestesio- Figura 1: Nos itens 1,2 e 3 temos os fluxos na aorta, artéria pulmonar e na veia cava respectivamente. Em cada seta temos que a pressão positiva na inspiração diminui todos os fluxos. 10 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 logista pode calcular o ∆PP manualmente ou de forma automática em que temos o valor do ∆PP de forma contínua a exemplo do nosso habitual oxímetro 5 ou capnometria. Fatores fisiológicos respiratórios que influenciam a pressão arterial Na inspiração, o fluxo de sangue na veia cava inferior primeiro diminui seguido de um decréscimo de fluxo na artéria pulmonar e também na aorta. De acordo com a lei de Frank-Starling, a diminuição da pré-carga pela inspiração resulta num decréscimo do débito cardíaco direito com o conseqüente diminuição do volume sistólico esquerdo e do queda do débito cardíaco esquerdo. Explicação do gráfico da figura 2: nele há alteração que o ciclo respiratório produz na pressão arterial durante a ventilação mecânica. A pressão sistólica e a pressão de pulso (pressão sistólica menos a diastólica) são máximas na inspiração (SPmax = pressão sistólica máxima e PPmax = pressão de pulso máxima) e mínimas na expiração (SPmin = pressão sistólica mínima e PPmin = pressão de pulso mínima) alguns batimentos após a inspiração, ou seja, no período expiratório. O SPV14 é a diferença entre o SPmax e o SPmin. Nessa figura, vemos uma curva de ventilação ao meio de duas curvas de pressão arterial. Notar a nítida queda da pressão arterial após a expiração (endexpiratory pause = pausa respiratória no final da expiração). Observamos também a fórmula para se achar o ∆PP. Se determinarmos uma pressão de pulso de referência = SPref durante a pausa após a expiração temos o ∆up (que reflete o aumento pressórico na inspiração) e o ∆down (que reflete o decréscimo pressórico na expiração) Assim, em condições hipovolêmicas, a magnitude da variação do ciclo respiratório na pressão arterial é maior e o principal componente desta variação é o decréscimo que ocorre na expiração após um Figura 2 Figura 3 decréscimo no débito cardíaco direito. Ao contrário, na hipervolemia a magnitude da variação do ciclo respiratório na pressão arterial é menor e o principal componente dessa variação é o aumento inspiratório no débito cardíaco esquerdo. Há uma correlação entre o SPV e a pressão de oclusão na artéria pulmonar: quanto mais alta a SPV mais baixa a pressão de oclusão na artéria pulmonar.14 ∆ up+∆ ∆ down SPV=∆ Figura 3: Vemos a já tradicional curva de Frank-Starling nos dizendo que quanto mais aumentamos a pré-carga, mais há variação do débito cardíaco. Este processo é mais intenso quanto mais estamos à esquerda do gráfico. Na ordenada temos o débito cardíaco e na abscissa, a pré-carga. ∆P = variação de pressão e ∆SV = variação de pressão sistólica. Na curva superior temos um ventrículo normal e na curva abaixo temos um ventrículo com falha de contração16. Hipovolemia: PAOP<5mmHg PVC<5mmHg Taquicardia Vasoconstriçao periférica Débito urinário<0,5ml /Kg/h SPV>10mmHg No processo de decidir sobre expansão volêmica não é necessário saber o volume sanguíneo total, mas sim saber se a nossa reposição irá melhorar a parte hemodinâmica do paciente (o volume sanguíneo ótimo é difícil de se determinar num choque séptico ou no paciente anestesiado pois muitas vezes este está sob uso de drogas vasodilatadoras). Um fato interessante é o ∆PP com relação ao PEEP (pressão positiva ao final da expiração). A PEEP tem sido cada vez mais usada em salas cirúrgicas com os modernos aparelhos de anestesia. A PEEP ajuda o recrutamento alveolar e melhora a tão falada ventilação-perfusão. Ocorre uma pergunta: até que limites podemos aumentar o valor de nossa PEEP sem diminuir o retorno venoso e comprometer a hemodinâmica de nosso paciente? Com aplicação de PEEP ocorre diminuição do débito cardíaco com aumento do ∆PP. Além disso se tivermos um ∆PP alto antes da aplicação da PEEP, é provável que os efeitos deletérios hemodinâmicos sejam mais proeminentes após aplicarmos a PEEP. Os estudos feitos sobre o ∆PP por Michard e cols 3,8 foram feitos em pacientes em ventilação mecânica e completamente sedados e curarizados. Isso pode limitar o uso do ∆PP em UTI, mas não nas salas cirúrgicas. Normalmente temos o seguinte: No quadro abaixo temos que a PAOP = pressão de oclusão da artéria pulmonar; PVC = pressão venosa central e SPV = variação da pressão sistólica. Hipervolemia: PAOP>15mmHg PVC>20mmHg Edema pulmonar Crepitação na ausculta pulmonar Ritmo de galope na ausculta cardíaca Cardiomegalia SPV<10mmHg No valor de SPV <10mmHg o paciente está normovolêmico ou hipervolêmico e com SPV >10mmHg normalmente está ocorrendo hipovolemia ∆PP>13% sugere que após aplicarmos a PEEP podemos ter grandes alterações hemodinâmicas!!! jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 11 Considerações sobre a reposição volêmica no dia a dia do anestesiologista Na nossa prática anestésica diária nos deparamos com pacientes críticos hipovolêmicos que exigem decisões rápidas de melhorarmos suas condições hemodinâmicas. Nessas ocasiões podemos utilizar os seguintes parâmetros: pressão venosa central, pressão capilar pulmonar (já citados anteriormente) ou medir o volume diastólico final para melhor guiar nossa reposição volêmica1. O problema é que esses últimos se mostraram pobres em predizer a responsividade do organismo quando fornecemos uma précarga². Uma reposição inadequada de fluidos reduz o volume circulante central e dá uma inadequada perfusão em todos os órgãos do organismo.Um interessante trabalho diz que uma infusão comedida e parcimoniosa de fluidos é menos deletéria que uma infusão excessiva6. No outro extremo temos que a excessiva reposição de fluidos aumenta a pressão venosa e resulta numa perda de líquido do intravascular para o intersticial. Isso leva a um edema pulmonar e periférico também resultando numa perda de oxigenação tecidual podendo levar à grave hipoxemia sistêmica. No caso do sistema digestivo, o excesso de fluidos pode favorecer o edema local, aumentando o potencial de translocação bacteriana7,15 e desenvolvendo a síndrome de disfunção de múltiplos órgãos. Então na moderna medicina peri-operatória feita pelo anestesiologista, a reposição adequada de fluidos é tão importante quanto a correta administração de antibióticos para diminuirmos a infecção hospitalar. Quanto mais alto o valor do ∆PP antes da reposição volêmica, mais responsivo é o paciente na parte hemodinâmica quando damos fluidos. Um valor de 13 % de delta PP divide os pacientes que respondem4 e os que não respondem a fluidos (tem uma sensibilidade de 94% e especificidade de 96%). Esse valor de 13% não deve ser um número mágico que nos guie. SolusBiguenet et al 4 mostra que esse número deve variar entre 8% e 13% 12 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 quando o paciente está em volemia adequada. A importância de um método com alta especificidade e sensibilidade reside no fato que a otimização do débito cardíaco com adequada reposição volêmica está relacionada com menor morbidade, menor tempo de internação hospitalar e menos náuseas e vômitos no pós-operatório. Todos esses aspectos vão ao encontro a uma melhor qualidade que proporcionamos ao paciente como a ocorrência de uma alta hospitalar mais precoce. Figura 4: Vemos que a curva de pressão arterial se modifica de acordo com a escala e a velocidade. Daí a importância de quantificarmos essas mudanças pois fica difícil predizermos a reposição volêmica só com o aspecto gráfico. Na curva de cima temos uma escala grande e uma velocidade pequena ocorrendo o inverso na curva inferior. A reposição inadequeda de fluidos no intra-operatório é um estímulo inflamatório que pode lesar o endotélio capilar de forma semelhante com o que ocorre na septicemia, na lesão de isquemia-reperfusão celular bem como no uso de circulação extracorpórea. Vale lembrar que o excesso de infusão de soluções com NaCl a 0,9% pode levar à acidose hiperclorêmica que é clinicamente importante. Então são sugeridas as chamadas soluções balanceadas (Ringer lactato e/ou solução de Hartmann) quando são necessárias altas doses de cristalóides. Ainda assim, pode- Figura 4 mos considerar infusões de colóides para evitar grandes infusões de cristalóides. A literatura é sabidamente controversa sobre qual regime de infusão que temos que adotar (colóide e/ou cristalóide). O ∆PP se mostra ainda importante pois a forma tradicional de infusão de líquidos se baseia em estimar o que se está perdendo durante o procedimento cirúrgico mais um determinado volume por unidade de massa corpórea do paciente em um determinado tempo cirúrgico. Ocorre que nisto há falhas pois não se considera a infusão no pré-operatório, não há muita acurácia no que o anestesiologista acha o quanto está se perdendo e há muita variação individual na função do miocárdio e do tônus vascular. A intenção final do anestesiologista mais adequada seria uma terapia volêmica que mantivesse a perfusão e oxigenação tissular com um adequado volume intravascular. O mais interessante é que mesmo com pressão arterial em níveis adequados pode estar ocorrendo hipovolemia6. Podemos também monitorarmos diretamente o fluxo sanguíneo e lançar mão da ecocardiografia. Ocorre que as relações de volume intravascular, pressões nas câmaras cardíacas (inclusive as pressões diastólicas finais) e o tônus vascular são muito complexas e podem não ter correlação com uma volemia adequada. Para medirmos então mais diretamente o que está ocorrendo no intravascular temos a tonometria gás- O meu paciente precisa de uma melhora no débito cardíco ou no volume sistólico? B Sim A pressão arterial está sendo medida de forma fidedigna? Ou seja,sem artefatos, bolhas ou grandes comprimentos entre a artéria e o transdutor? B Sim O meu paciente está sedado e curarizado sem esforços respiratórios? B Sim O volume corrente está > 8mL/Kg? B Sim O ritmo cardíaco está regular? B Sim Como está o ∆PP? Se ∆PP<10% Se ∆PP>15% Não dar fluidos!!!! Considerar uso de inotrópicos e vasodilatadores!!!! Dar fluidos, diminuir o volume corrente ou diminuir a PEEP!!! trica, medidas de oxigênio transcutâneo e medidas de pH local. Todavia esses últimos não mostraram reduzir a morbi-mortalidade quando eles guiavam a reposição de fluidos. Em cirurgias maiores temos que nos guiar pela pressão arterial e pela pressão de pulso para reposição volêmica. Existem benefícios comprovados que a reposição volêmica é mais adequada quando está relacionada com um débito cardíaco adequado e este está bem relacionado ao ∆PP. No seguinte organograma podemos ver um algoritmo da importância do ∆PP como nosso guia em reposição volêmica na nossa prática clínica (valores sugeridos de ∆PP) mados. Dependendo da superfície corpórea fica difícil a monitorização desses pacientes dificultando o uso do oxímetro e cardioscópio. O ∆PP se mostra como uma ferramenta adicional nesses pacientes que sabidamente tem sua hemodinâmica comprometida pela grande perda volêmica. Além disso o uso do ∆PP pode ser útil em cirurgias bariátricas e gastrointestinais pois em algumas dessas últimas o cirurgião pode ter feito o preparo do cólon e não sabemos da condição volêmica quando nos deparamos com os mesmos na sala cirúrgica. B Conclusão: Temos então que a varição de pressão de pulso representa sim uma evolução para nos guiar na reposição volêmica. Geralmente os pacientes críticos já necessitam de uma monitorização contínua de pressão arterial através de uma cateterização de uma artéria periférica. Assim é possível medir o ∆PP e ter mais certeza de estarmos fazendo o melhor para o nosso paciente. No nosso serviço há uma unidade de tratamento de quei- B Referências bibliográficas: 1. Cannesson, Maxime M. D, Attof, Yassin M. D, Rosamel, Pascal M. D, Desebbe, Olivier M. D, Joseph , Pierre M. D, Metton, Bastien, Lehot, Jean Jacques: Respiratory variations in pulse oximetry plethsmografic waveform amplitude to predict fluid reponsiveness in the operating room. 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Ela pode ser influenciada por diversos fatores, dentre eles cabe ressaltar; o relacionamento com colegas hierarquicamente superiores, seja em função específica, seja institucionalmente e o esforço e intensidade dedicados ao trabalho, especialmente quando correlacionado com perspectivas futuras. Recentes estudos têm demonstrado haver estreita correlação entre satisfação profissional e satisfação do paciente3. Estudos que abordam tema de tamanha relevância, sempre foram motivos de inúmeros questionamentos, em parte devido à natureza pouco tangível que envolve o assunto. Até início da última década, o anestesiologista freqüentava quase que exclusivamente ambiente intra-hospitalar. Com a evolução dos cuidados intensivos, dos serviços de resgate, dos exames de natureza invasiva, além de novas e sofisticadas abordagens clínicas para tratamento da dor aguda e crônica, a presença do anestesiologista tornou-se necessária e imprescindível. A expansão da área de atuação, se por um lado abriu novas frentes de trabalho, por outro trouxe consigo novos pré-requisitos como o aumento do grau de exigência técnico-científica, além de novos indicadores laborais como, por exemplo, o estresse causado pela atividade em locais desprovidos de estrutura técnica adequada e/ou dotados de elevado risco profissional, além da incorporação de jornadas de trabalho cada vez maiores. 14 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 Adicionalmente, como se não bastasse, alguns anestesistas ainda encontram-se envolvidos com obrigações administrativas e atividades científicas voltadas ao ensino e pesquisa. O conflito e a sobreposição de obrigações levando à excessiva carga de trabalho são considerados importantes fatores de risco4. O resultado desta receita indigesta é a insatisfação profissional, o esmorecimento da esperança e, na imensa maioria dos anestesiologistas, sintomas associados ao estresse crônico4. Em ambientes onde coexiste estresse profissional e social, fatores inerentes à natureza humana acabam aflorando; trazendo animosidade para com o colega, resistência e incompatibilidade para com as regras de conduta. O resultado é um ambiente social hostil, sendo este um importante fator preditivo de tensão5. Anestesiologistas são obrigados, com alguma freqüência, a exercitar um elevado grau de autocontrole, seja por razões inerentes ao contexto clínico do paciente que se anestesia, seja por razões que extrapolam o âmbito técnico-científico, obrigando-o a lidar constantemente com mazelas fruto do tenso e frágil relacionamento com a equipe cirúrgica. Vivemos constantemente no limite e, por vezes, além dele. O paradoxo parece estar na necessidade do exercício extremo do autocontrole visando à obtenção de algum grau de satisfação profissional. Anestesiologistas australianos demonstraram, em estudo recente, que “um trabalho interessante” não parece ser suficiente quando o objetivo é a promoção da satisfação profissional. Elevados níveis de estresse profissional tem se tornado um pesadelo aos nossos colegas da Oceania. Ramires e cols. demonstraram que a saúde interpessoal e mental de um serviço torna-se extremamente vulnerável quando submetido a um ambiente de estresse contínuo, envolto em demandas pessoais e desgaste institucional. Tal fato se faz presente nas situações onde há necessidade de elevado desempenho, assim como elevado controle técnico e psicológico de seus membros, visando o cumprimento das necessidades impostas6. Os anestesiologistas europeus demonstraram que a baixa satisfação profissional encontra-se vinculada à baixa possibilidade de desenvolvimento de habilidades pessoais específicas, inadequada remuneração salarial, ausência de um sistema coerente de recompensas, além de um quadro administrativo incapaz de identificar os problemas estruturais do serviço7. Segundo Kruger e cols. a satisfação profissional é uma construção multidimensional, fruto do produto de uma avaliação global envolvendo o local onde se exerce a atividade fim e o contexto humano dos profissionais médicos envolvidos. Dentro deste cenário até mesmo variável como sexo masculino e feminino não parece representar um fator preponderante no equilíbrio que envolve a satisfação profissional, mesmo quando aplicada em situações de sobrecarga de trabalho7. O desenvolvimento e conquista da satisfação profissional envolve melhoria e planejamento das condições de trabalho e, particularmente, dos recursos oferecidos e disponibilizados. Cabe a citação8: - planejamento estrutural de médio e longo prazo; - metodologia de trabalho – mudanças constantes levam a repetidas adaptações. Velhos problemas ressuscitam antigas mazelas estruturais; problemas que se repetem, pedem novas abordagens e regras; - qualificação do local de trabalho; - possibilidade de escolha do tipo de trabalho, segundo afinidades e habilidades pessoais – o universalismo é vital no processo de formação, porém quando se pensa em desempenho e resultados não há mais lugares para generalistas. O especialista é vital no processo de qualificação e, naturalmente, satisfação profissional; - regularidade da intensidade e da qualificação do trabalho; - promoção de padrões de cooperação interpessoal. Em resumo; a satisfação profissional sofre fortes influências das condições de trabalho, o ambiente no qual o anestesiologista trabalha pro- Referências Bibliográficas 2. Warner TH. The ef fects of job satisfaction and organizational commitment on intent to leave among nurse anesthetists: a comparative study. Diss Abstr Int Sect A: Humanit Soc Sci 2001; 61: 49-66. 3. Neuwir th ZE. An essential understanding of physician-patient communication. Par t II. J Med Pract Manage 1999; 15: 68-72. 4. Kain ZN, Chan KM, Katz JD et al. Anesthesiologists and acute perioperative stress: a cohor t study. Anesth Analg 2002; 95: 177-83. 5. Grebner S. Stress at work. Well-being, blood pressure and cor tisol: two field studies. Doctoral Thesis, Depar tment of Psychology, University of Berne, Switzerland, 2001. 6. Ramirez AJ, Graham J, Richards MA, et al. Mental health of hospital consultants: the effects of stress and satisfaction at work. Lancet 1996: 347: 724-8. 7. Jenkins KJ, Wong D. A sur vey of professional satisfaction among Canadian anesthesiologist. Can J Anesth 2001; 48: 637-45. 8. Kinzl JF, Knotzer H, Traweger C et al. Influence of working conditions on job satisfaction in anaesthetists. BJA 2005; 94: 211-15. 1. Dormann C, Zapf D. Job satisfaction: a meta-analysis of stabilities. J Organ Behav 2001; 22: 483-504. Instituição Hospitalar: Sociedade Beneficente Santa Casa de Campo Grande – MS Bleise Felsky dos Anjos Bruno Cestari Neto Bruno Gonçalves Preza Bruno Luís de Castro Araújo Caio Marcelo Gonçalves de Carvalho Camila Machado de Souza Daniel Cosme Fernandes de Melo Daniel Cunha Bittencourt David Velasco França Edivar Wallace de Souza Eduardo Ferreira da Silva Biscarde Emerson Salim Nogueira Esther Alessandra Rocha Fábio Gonçalves Ferreira Fernando Cássio do Prado Silva Fernando Knapp Fernando Lima Coutinho Guilherme Augusto Novaes Domingos Harvey Salles Frazão de Assis Hee Sun Kim Jefferson Clivatti Joana Thompson Pereira de Souza José Hamilton Dalla-Porta Acosta Juan de la Cruz Llanos Chavarria Juliana Midori Kishi Juliano de Campos Magalhães Juliano Pinheiro de Almeida Leonardo Carvalho da Rocha Luciano Bispo Bourdokan Luciano Remus Pereira Manoella Carvalho Berrini da Fonseca Marcelo Lins da Cunha Marcos Eduardo Padoveze Mônica da Silva Campos Pessoa Paulo Eduardo Molinari Nardi Rafael de Paula Siqueira Fonseca Ricardo Cruz Nunes Rodrigo Galisteo Santin Roselene Lourenço de Oliveira Tânia Bouez Pinheiro da Silva Thaís Terada Kosmiskas Thiago Appoloni Moreira Thiago Gomes Maia Úrsula Bueno do Prado Guirro Vanderson Figueiredo Beghini da Silva Wagner Farias dos Santos duz importantes efeitos em seu nível de prazer e satisfação, devendo ser interessante e propício ao desenvolvimento de idéias, habilidades e potencialidades do anestesiologista. O objetivo deste artigo foi levantar uma questão de extrema relevância para o médico anestesiologista. Assim como o mundo, a anestesiologia e seus problemas se globalizaram. As peculiaridades ainda que regionais pedem iguais questionamentos. O anestesiologista com seus problemas daqui parece bem semelhante do anestesiologista de lá! A valorização do anestesiologista, a melhora do ambiente de trabalho, da qualidade de vida mental e o resgate da dignidade enquanto profissional médico e ser humano pedem urgência. KLEBER MACHARETH DE SOUZA NOVOS MEMBROS Aspirante-Adjunto Karina Dias Resende Leonardo Fernandes Batista Penna Pollyana Sousa Araújo Silvia Ataide da Silva Thais Martins Moraes Benjamim Adjunto Antonio Josevaldo Silva Lima Jaime Sanchez Jurado Aspirante Daniel Carvalho de Menezes Felipe Almada de Medeiros Silmara Magalhães de Carvalho Ativo Alexandre Chaves Mira Alexandre Sodre Backes Ana Carla Giosa Fujita André Covolan Anna Carolyne Saraiva Brito Augusto Rafael Barsella jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 15 CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA 18 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 19 20 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 N XVI JAEPE: seriedade, descontração e acolhimento o período de 11 a 13 de setembro, aconteceu a XVI JAEPE – Jornada de Anestesiologia do Estado de Pernambuco no Hotel Summerville, praia de Muro Alto, Pernambuco. Recebemos congressistas e convidados de todas as regiões do Brasil, mostrando que os limites físicos são um obstáculo cada vez menor para a dedicação ao ensino e ao estudo da Anestesiologia. A SAEPE resolveu mais uma vez realizar sua jornada num resort, a fim de que os anestesiologistas pudessem participar do evento sem abrir mão de estar junto a sua família além de aproveitar um final de sema- na diferente, usufruindo tudo de bom que o hotel proporciona aos seus hóspedes. Recebemos ainda a Diretoria da SBA, que realizou a sua reunião ordinária mensal no local, e aproximou ainda mais a nossa Sociedade dos associados presentes ao evento. O que provou mais uma vez, a acessibilidade que os sócios têm aos diretores e à SBA como um todo. O evento deu enfoque aos seguintes temas: anestesia para cirurgia plástica, anestesia para pediatria, anestesia para obstetrícia, avaliação préanestésica, uso do cateter central de inserção periférica, bloqueios anestésicos guiados por ultrassom, bios- segurança em anestesia, TIVA, situações críticas em anestesia, preparo anestésico e ensino da Anestesiologia. A XVI JAEPE teve em torno de 280 inscritos e contou com a participação das principais empresas e laboratórios ligados à especialidade. Na Solenidade de Abertura, a SAEPE homenageou os anestesiologistas Otávio Damázio Filho e Enis Donizetti Silva, outorgando-lhes o Título de Membro Honorário da SAEPE. e, sua secretária, Adriana Lima de Melquiades Melo com o Título de Membro Benemérito da SAEPE. Para encerrar a XVI JAEPE, a SAEPE promoveu uma festa com atrações locais, um delicioso Buffett e muita descontração. A alegria ficou por conta dos participantes, que brindaram o sucesso do evento. jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 21 Nota do Conselho Federal de Medicina NOTÍCIAS Eleições na AMB e suas Federadas Foram realizadas na quinta-feira, 28 de agosto, as eleições para referendar os dirigentes da AMB e de todas as Federadas para o triênio 2008/2011. A chapa “AMB para os médicos”, liderada pelo atual presidente da Associação Médica Brasileira, José Luiz Gomes do Amaral - anestesiologista, foi a única inscrita. A posse será no dia 24/10/2008. Parabéns Dr. José Luiz pela a reeleição. Fonte: Imprensa AMB CNA lança boletim informativo Com o intuito de estreitar o diálogo com os médicos de todo o Brasil, a Comissão Nacional de Acreditação (CNA) passará a divulgar boletins trimestrais com informações referentes ao cadastramento de eventos. A primeira edição traz o número total de eventos aprovados até agora e a importância do certificado de atualização profissional. Os boletins também estão disponíveis no site da CNA: www.cna-cap.org.br. Veja o primeiro número do informativo. Mais informações: (11) 3178-6824/ 6828 ou pelo e-mail [email protected]. Obituário NOME Fábio Bonini Castellana José Tadeu Vasconcelos Araújo Paula de Camargo Neves Sacco Valdir Cavalcanti Medrado MATR. 14918 02497 11276 00316 REGIONAL SAESP SPA SAESP SAEB CALENDÁRIO CIENTÍFICO OFICIAL 2008 NOVEMBRO 05 a 09 - 55º Congresso Brasileiro de Anestesiologia São Paulo - SP 2009 MARÇO 26 a 26 - XXXIII JONNA – Jornada Norte-Nordeste de Anestesiologia, V Jornada Norte-Nordeste de Dor e II Fórum de Cooperativismo Belém - PA ABRIL 18 a 20 - 44ª Jornada Sulbrasileira de Anestesiologia - JOSULBRA Florianópolis - SC 22 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 OUTUBRO 17 a 21 – Asa Annual Meeting New Orleans - Los Angeles - USA NOVEMBRO 14 a 18 - 56º Congresso Brasileiro de Anestesiologia Centro de Convenções da Bahia Salvador - BA 2010 OUTUBRO 16 a 20 – ASA Annual Meeting San Diego - California - USA NOVEMBRO 57º Congresso Brasileiro de Anestesiologia Gramado - RS Procedimentos médicos O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região (Brasília), tornou definitivamente sem efeito a Resolução 272/2002 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que permitia aos enfermeiros diagnosticar doenças, prescrever medicamentos e solicitar exames com autonomia no âmbito dos programas ou rotinas aprovadas em instituições de saúde. A decisão, válida para todo território nacional, foi transitada em julgado, ou seja, sem possibilidade de recurso, em atendimento ao mandado de segurança impetrado pelo Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers), em 2002. Cabe ao Cofen a tarefa de orientar formalmente os profissionais sujeitos à sua jurisdição para não praticarem quaisquer dos atos reservados aos profissionais médicos. A decisão torna nula a disposição da Portaria nº 648/2006 do Ministério da Saúde (MS), que previa essa atuação do enfermeiro. Da mesma forma, fica suspensa pelo TRF sua reedição (Por taria nº 1625/2007) por meio do Agravo de Instrumento nº 2007.01.00.000126-2-DF. Acordada no ano passado, a portaria estipulava que os enfermeiros poderiam efetuar os procedimentos, desde que adotassem os protocolos e outras normas técnicas estabelecidas pelo MS, gestores estaduais e municipais ou do Distrito Federal. O médico deveria acompanhar a execução, revisão ou criação de eventuais novos protocolos feitos pelo enfermeiro, participando nessa elaboração o Cofen, Conselho Federal de Medicina (CFM) e outros conselhos, quando necessário. Médicos e toda a população devem comunicar aos órgãos de saúde, Conselhos Regionais de Medicina ou Ministério Público quando o diagnóstico, prescrição ou solicitação de exame for realizado por profissionais da Enfermagem. Fonte: Conselho Federal de Medicina. Fórum Ética e Pesquisa discute principais pontos da revisão da Declaração de Helsinki R ealizado entre os dias 19 e 21 de agosto e promovido pela Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Mundial, o Fórum Ética e Pesquisa/ Revisão da Declaração de Helsinki foi aberto pelas principais autoridades brasileiras na área de ética médica e pesquisa clínica. Estavam presentes à cerimônia o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral; o presidente do CFM, Edson Andrade; o presidente da FENAM, Paulo Argollo; da APM, Jorge Machado Curi; da Ordem dos Médicos de Portugal, Pedro Nunes; do CIEE, Paulo Nathanael; o membro titular do CONEP, José Eduardo de Siqueira; a representante do Ministério da Saúde, Nise Yamaguchi; e o diretor de Assuntos Internacionais do Sindicato Médico do Uruguai, Alarico Rodríguez. O Fórum teve início com a apresentação de José Luiz Gomes do Amaral sobre a situação atual da Declaração de Helsinki, desde a sua aprovação, em 1964, passando por todas suas revisões. Amaral também comparou os textos de 2004 e 2008 da Declaração de Helsinki, que tratam do uso do placebo e o acesso a medicamentos finalizada a pesquisa clínica. “Os pontos que atualmente estão sendo debatidos pela WMA são a questão do placebo, acesso ao tratamento após a investigação e pesquisa em crianças. Os comentários e sugestões que nascerem de nossos debates aqui neste Fórum serão apresentados aos representantes da WMA”, explicou Amaral. Uso do placebo em situações em que há tratamento efetivo A primeira mesa de debates, “O uso do placebo em situações em que há tratamento efetivo”, foi coordenada pelo diretor científico da AMB, Giovanni Guido Cerri, e contou com as participações dos palestrantes Márcio Versiani, professor titular de Psiquiatria da UFRJ, e de Dirceu Greco, professor titular de Clínica Médica da UFMG. Em sua apresentação, Versiani ressaltou a necessidade de utilizar placebo em pesquisas psiquiátricas. “Neste caso, existe muito ruído no diagnóstico e não temos elementos para determinar um padrão de estudo. Por isso, o grupo controle é necessário para saber como vão responder os pacientes”, explicou. Em seguida, Greco enfatizou os direitos dos voluntários que participam de investigações clínicas e defendeu ainda a utilização do placebo apenas em situações que não há outro método efetivo. Para debater o assunto foram Edson Andrade (CFM); José Eduardo de Siqueira (Sociedade Brasileira de Bioética); Artur Beltrame Ribeiro (Unifesp) e Jorge Kalil (FMUSP). A Declaração de Helsinki e a pesquisa em crianças Os participantes do Fórum discutiram se a Declaração de Helsinki contempla todas as particularidades que envolvem a pesquisa com crianças. A mesa foi coordenada por Murillo Capella, cirurgião pediátrico e diretor de Relações Internacionais da AMB. jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 23 “Os pontos que temos de discutir são: o texto atual contempla as especificidades do tema? É necessário inserir outros aspectos ou redigir um documento exclusivo?”, questionou Capella. Participaram deste painel Gabriel Oselka (FMUSP), Elma Zoboli (FMUSP), Clóvis Francisco Constantino (CFM), Délio Kipper (PUCRS), Mário R. Hirschheimer (Sociedade Brasileira de Pediatria) e Jussara de Azambuja Loch (PUCRS). O presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, condensou e comparou o conteúdo da Declaração de Helsinki aos temas apresentados por todos os convidados desta mesa: proteção excludente; vulnerabilidade; se a pesquisa traz benefício direto à criança ou ao grupo que representa. Acesso ao tratamento pósinvestigação Coordenado pelo vice-presidente do CFM, Roberto D’Avila, o painel “Acesso ao tratamento pósinvestigação” finalizou as discussões do primeiro dia do Fórum Ética e Pesquisa/ Revisão da Declaração de Helsinki. “O documento deve continuar sendo visto como uma carta de princípios e não deve ser modificado de acordo com quaisquer interesses”, disse D’Avila. Participaram como palestrantes da mesa José Araújo Lima Filho (CONEP), com o relato sobre sua experiência como sujeito de pesquisa, e Freddy Eliaschewitz (Hospital Heliópolis-SP), que falou sobre as diferenças entre a utilização de medicamentos durante 24 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 a pesquisa e durante o tratamento efetivo. Foram convidados a debater estes temas Eduardo Krieger (FMUSP), que propôs equilíbrio entre os interesses do paciente e da indústria; Bruno Schlemper Júnior (CONEP), que elencou todas as resoluções que garantem o acesso ao tratamento ao final da pesquisa; e Jorge Samarra (Anvisa), que tratou da doação de drogas sem registro formal pela Agência. Associação Médica Mundial participa do Fórum Ética e Pesquisa No segundo dia do Fórum Ética e Pesquisa/ Revisão da Declaração de Helsinki, os participantes do evento puderam apresentar e debater com os representantes da WMA todos os pontos abordados no dia anterior. Compareceram ao encontro Eva Bagenholm, presidente do Conselho de Ética da WMA, e Otmar Kloiber, secretário-geral da WMA. A mesa, coordenada por José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB, foi composta ainda por, Alarico Rodríguez, secretário do Sindicato Médico do Uruguai, e por Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal. “Foi uma oportunidade excepcional, na qual pudemos sentir pessoalmente, de forma muito real, os anseios da classe médica brasileira. Vamos reunir todas as propostas num novo documento e apresentá-las à Assembléia da WMA”, disse Eva. “Foi importante perceber que a preocupação dos médicos bra- sileiros coaduna com a nossa, isto é, manter em nossas mãos a propriedade da Declaração de Helsinki”, acrescentou Kloiber. O presidente da AMB encerrou o Fórum agradecendo a participação dos mais de 400 inscritos. “Foram apresentadas propostas valiosas para consolidação deste trabalho que promete ser bastante longo. Enfim, foi uma riquíssima experiência e, acima de tudo, a realização de um sonho que era ter a participação da WMA aqui no Brasil”, finalizou Amaral. Reunião sobre revisão da Declaração de Helsinki Encerrados os trabalhos do Fórum Ética e Pesquisa/ Revisão da Declaração de Helsinki, na manhã do dia 20 de agosto, integrantes da WMA responsáveis por encaminhar a sexta revisão da Declaração de Helsinki estiveram reunidos na sede da Associação Paulista de Medicina, pela tarde. As atividades iniciaram-se com a apresentação de um panorama histórico sobre o documento, desde o ano em que foi implantado, em 1964. John Williams, diretor de ética da Associação Médica Mundial (WMA), explicou como e por que foram feitas as revisões, os assuntos tratados e a necessidade das notas de esclarecimento. “Nessa revisão atual não haverá modificações brutais ou alterações na estrutura. Apenas algumas mudanças no escopo, na terminologia e a integração das notas de esclarecimento ao texto da Declaração”, disse Williams. Atualmente, os seguintes temas são objetos de atenção da WMA: a Declaração deve ser um documento geral ou deve conter informações detalhadas sobre como estes princípios devem ser aplicados? O texto é voltado só para médicos ou para todos os pesquisadores? Como denominar o voluntário para a pesquisa, participantes humanos de pesquisa, objeto de pesquisa ou simplesmente humanos?. Na segunda parte da reunião, os participantes discutiram o parágrafo 29 e sua nota de esclarecimento, que tratam da questão do placebo. O encontro terminou na manhã do dia 21, com as discussões sobre o parágrafo 30 e sua nota de esclarecimento, que tratam do acesso aos métodos empregados terminada a pesquisa clínica, a participação de crianças em pesquisas e uso de dados não-identificados. A seguir, o grupo de trabalho formado por representantes do Brasil, Alemanha, Japão, África do Sul e Suécia ponderou todos os comentários apresentados. “É com profunda satisfação que recebemos em nosso país esta discussão. As opiniões podem parecer por vezes antagônicas, mas o tempo mostrará que estamos pelo mesmo objetivo”, disse José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB e participante do grupo de trabalho da WMA. Já a presidente do Conselho de Ética da WMA, Eva Bagenholm, encerrou os trabalhos agradecendo pela participação de todos. “Fizemos um bom trabalho aqui e nossas discussões serão apresentadas na assembléia geral de outubro, em Seul”. Médico deve atuar para conter casos de infecção por Micobactérias O s casos de contaminação pós-cirúrgicas por Micobactérias de Crescimento Rápido (MCRs) no país levaram à adoção de uma série de medidas por parte do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) nos últimos anos, visando conter as ocorrências. As ações estão sob coordenação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vem realizando investigações para chegar às causas, prevenir e interromper os casos. De 2003 até julho de 2008, foram notificados 2.032 casos suspeitos, distribuídos predominantemente em hospitais privados. O número de casos varia de acordo com a notificação de casos novos, que é dinâmico. Deste total, neste período, 1.937 casos foram confirmados. Há notificação de casos dos estados do Rio de Janeiro, Pará, Espírito Santo, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia, Pernambuco, Distrito Federal, Minas Gerais, Piauí, Mato Grosso do Sul, Bahia e Paraíba. Pode haver casos em outros estados que não foram notificados. Infecções por Micobactérias, na proporção como as encontradas no Brasil, não têm registro anteriores no país ou no mundo, configurando-se epidemiologicamente como uma doença emergente. A Anvisa detectou que a maior parte dessas infecções estão ligadas a falhas nos processos de limpeza e de esterilização de produtos médicos classificados como “produtos críticos”, definidos como artigos ou equipamentos utilizados em procedimentos invasivos com penetração de pele e mucosas adjacentes, tecidos subepteliais, e sistema vascular, incluindo também todos os artigos que estejam diretamente conectados com esses sistemas. Estes, de acordo com a Resolução RE nº 2.606/06 da Agência, devem ser esterilizados, e não apenas desinfetados, como vem ocorrendo na maioria dos serviços. Assim, a Gerência-Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) da Anvisa alerta aos médicos para que observem se os procedimentos de limpeza e esterilização dos produtos a serem utilizados nos procedimentos que irão realizar seguiram integralmente os protocolos de limpeza e esterilização, para a contenção dos casos de infecção. A Agência tem constatado que há falta de registro e validação de processos de limpeza, desinfecção e esterilização de instrumentais cirúrgicos pelas Centrais de Material e Esterilização (CMEs) nos serviços de saúde. Amostras biológicas colhidas em pessoas submetidas a procedimentos invasivos, em sua maioria do tipo videoscopias, particularmente nas efetuadas por videocirurgias, confirmaram a ocorrência de infecção pela espécie Mycobacterium massiliense. A Micobactéria encontra-se no solo e na água e a hipótese mais forte é a de que procedimentos incorretos de esterilização tenham possibilitado a permanência do microorganismo nos instrumentais médicos. Em função das investigações apontarem que a substância química Glutaraldeído a 2% está freqüentemente associada à ocorrência das infecções, a Agência, jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 25 como medida cautelar, está orientando os médicos a utilizarem aparelhos e artigos que sejam submetidos à esterilização com outros métodos disponíveis, de forma correta e completa, seja nos seus próprios consultórios, clínicas ou nos serviços de saúde onde atuam. As pinças de biópsia são consideradas artigos críticos e por esse motivo os profissionais devem exigir que elas sejam esterilizadas. Medidas adotadas – Entre as medidas adotadas pela Agência, em conjunto com o Ministério da Saúde, as vigilâncias estaduais e municipais, para prevenir e interromper os casos foram: divulgação de alertas e atualizações sobre a ocorrência de casos nos estados; publicação com orientações sobre as características da infecção, diagnóstico e tratamento para os profissionais de saúde; publicação de orientações aos serviços de saúde com relação às medidas para identificar, conter, interromper e prevenir infecções (Informes Técnicos 01, 02 e 03/2007, disponíveis no site da Anvisa - http:// www.anvisa.gov.br/ servicosaude/controle/ reniss.htm); determinação para que todo artigo crítico seja esterilizado e definição dos artigos médicos que não podem ser reprocessados, por meio das resoluções RDC nº 156, RE Nº 2.605 e RE Nº 2.606, de 11 de agosto de 2006; orientação às vigilâncias sanitárias dos estados para que reforcem as inspeções no serviços de saúde, com foco nas CME e nas salas de procedimentos, dentre outras. Medidas adicionais – A partir do segundo semestre de 2008, outras medidas foram adotadas pela Agência para controlar as infecções. Foram elas: apresentações nas assembléias dos conselhos nacionais de secretários estaduais e municipais de Saúde (Conass e 26 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 Conasems) sobre a situação da infecção por MCRs no País, visando sensibilizar os gestores para que reforcem as inspeções em serviços de saúde para prevenir e conter os surtos; reunião com coordenadores de Vigilância Sanitária dos estados para apresentação do diagnóstico atual da infecção reforçando a importância das inspeções; regulamentação do número de equipamentos necessários por serviço de saúde, em relação aos métodos de esterilização usados pelo serviço, considerando o tempo de esterilização para cada método e a média de procedimentos que o serviço realiza, nas 12 horas diurnas; reunião com as entidades de classe dos médicos e enfermeiros para sensibilizar as categorias sobre a necessidade do cumprimento das normas já estabelecidas e sobre a importância da notificação dos casos, dentre outras que constantes na Nota Técnica no site da Anvisa, www.anvisa.gov.br, no hotsite micobacteria. Por outro lado, é de fundamental importância que os médicos se conscientizem sobre a importância de notificarem os casos suspeitos, a fim de que possamos ter o conhecimento da real situação da infecção no País. As notificações podem ser enviadas para o endereço www.anvisa.gov.br/ hotsite/hotsite_micobacteria/ index.htm. CAP reunida em São Paulo A Comissão de Assuntos Políticos AMB/CFM reuniu-se na quinta-feira, 21 de agosto, na sede da AMB, em São Paulo. Durante a reunião foram discutidos projetos de lei referentes à regulamentação da medicina; escolas médicas, CBHPM, diplomas de médicos brasileiros formados em Cuba, ent re outros. Após avaliação dos sete projetos de lei que atualmente tramitam no Congresso, tendo como tema comum a avaliação do ensino médico superior, ficou definido que a Comissão os encaminhará, com solicitação de parecer dos departamentos de ensino médico, à AMB, CFM e Fenam. A Comissão também avaliou e apresentou parecer contrário ao PL 3276/08, que institui o plano de medicina natural e práticas complementares no SUS, por incluir práticas sem embasamento científico e por abrir a possibilidade de exercício por outros profissionais não qualificados. Manifestou-se contrário também ao PL 3398/ 08, que prevê a liberação de requisição do prontuário médico para autorização policial, judicial ou ao Ministério Público, quando de eventos com complicações clínicas ou cirúrgicas. EDUCAÇÃO CONTINUADA Comissão de Ensino e Treinamento Pontuação da Educação Continuada no Relatório A Comissão de Ensino e Treinamento (CET), conforme decisão da Plenária de 2006, pontua a freqüência dos médicos em especialização (ME) às diversas modalidades de educação continuada (EC) que constam do site da SBA. Nessa mesma Plenária foi decidido que o modo operacional da pontuação ficaria a cargo da CET. Foi então estabelecido que a freqüência maior ou igual a 70% dos ME em determinada atividade teórica equivale a 120 min na carga horária teórica. Foi feita classificação de cada atividade teórica de acordo com os programa dos pontos de ME, sendo que atividades que referemse a assuntos constantes do programa de mais de um ano de especialização, são considerados nos respectivos anos. Por exemplo: aula de APA em crianças- pode ser considerada no programa de ME1 no ponto de APA e no programa de ME3 no ponto de Anestesia Pediátrica. Assim, ela vale 120 min na carga horária de ME1 e 120 min da carga horária de ME3 (caso tenha havido freqüência maior ou igual a 70% dos ME dos anos respectivos). No ano de 2008, cinco Centros de Ensino e Treinamento que no Relatório do ano de 2007 – versão preliminar, não receberam pontuação no item “atividade teórica – carga horária”, conseguiram atingir às 240 h/14.400 min anuais por meio da freqüência dos seus ME a EC, e assim receberam a pontuação devida. A CET convida todos a utilizarem esta ferramenta tão importante no ensino da Anestesiologia brasileira. Como acessar: www.sba.com.br/educacao - selecionar no menu a opção: classificação das aulas. - Aulas Virtuais (Web-Educação) - Videoaulas para Médicos em Especialização - Agentes Inalatórios e Proteção de Órgãos (ME1) - Anestesia em pediatria: técnicas de anestesia geral e regional, agentes - Alergia e anestesia (ME3) anestésicos e sistemas de ventilação (ME3) - Anestesia Ambulatorial (ME3) - Anestesia Inalatória (ME1) - Anestesia Ambulatorial em Pediatria(ME3) - Anestesia para oftalmologia (ME3) - Anestesia em Obstetrícia (ME2) - Anestesia para transplante de fígado (ME3) - Anestesia geral para a paciente obstétrica (ME2) - Anestesia Venosa (ME1) - Anestesia para cirurgia bariátrica (ME2) - Anestésicos locais (ME1) - Associação de Anestesia Inalatória e Anestesia Venosa (ME1) - Avaliação pré-anestésico (ME1) - Biodisponibilidade, Bioequivalência e Farmacologia Comparada da - Bloqueios periféricos (ME2) Bupivacaína e Ropivacaína (ME1) - Farmacologia dos Anestésicos Inalatórios (ME1) - Bloqueio Epidural Torácico: Prós e Contras (ME1) - Farmacologia dos Anestésicos Venosos (ME1) - Colóides Versus Cristalóides no Perioperatório (ME2) - Farmacologia geral (ME1) - Condutas na via aérea difícil (ME1/ME3) - Monitorização da função cardiovascular (ME2) - Consciência transoperatória: da prevenção ao tratamento (ME1/ME2) - Parada cardíaca e reanimação no adulto (ME2) - Controle da Dor Pós-Operatória (ME3) - Farmacocinética e Farmacodinâmica dos Agentes Inalatórios (ME1) - Anestesia Inalatória - Hipotermia Intraoperatória: Diagnóstico e Tratamento (ME3) - Agentes Inalatórios e Proteção de Órgãos (ME1) - Isquemia miocárdica perioperatória: diagnóstico e tratamento (ME1/ME3) - Associação de Anestesia Inalatória e Anestesia Venosa (ME1) - Monitorização da Consciência Per-Operatória (ME1/ME2) - Farmacocinética e Farmacodinâmica dos Agentes Inalatórios (ME1) - Novas Perspectivas da Anestesia Inalatória (ME1) - Monitorização da Consciência Per-Operatória (ME1/ME2) - Óxido Nitroso (ME1) - Novas Perspectivas da Anestesia Inalatória (ME1) - Remifentanil (ME1) - Óxido Nitroso (ME1) - Rocurônio na prática clínica (ME1/ME2/ME3) - Trigger da Transfusão (ME2) - Ventilação Mecânica em Anestesia (ME3) jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 27 - Educação a Distância - Propofol I (ME1) - Adjuvantes e aditivos de fármacos introduzidos no neuroeixo (ME1) - Propofol II (ME1) - Alterações Fisiológicas na Gravidez (ME2) - Reanimação Cardiopulmonar em Situações Especiais: gestante, afogado e - Analgesia do Trabalho de Parto (1) (ME2) em vítimas de choque elétrico e raios (ME2) - Analgesia do Trabalho de Parto (2) (ME2) - Reanimação Cardiorrespiratória no Adulto - Suporte Avançado (ME2) - Anestesia Ambulatorial (ME3) - Reanimação Cardiorrespiratória no Adulto - Suporte Básico à Vida (ME2) - Anestesia Ambulatorial em Pediatria I (ME3) - Reanimação na Criança (ME2/ME3) - Anestesia Ambulatorial em Pediatria II (ME3) - Revascularização (ME3) - Anestesia Ambulatorial: conceito, organização e seleção de pacientes (ME3) - Sedação e analgesia em unidade de terapia intensiva - Parte I (ME3) - Anestesia Ambulatorial: Recuperação e Critérios de Alta I (ME3) - Sedação e analgesia em unidade de terapia intensiva - Parte II (ME3) - Anestesia Ambulatorial: Recuperação e Critérios de Alta II (ME3) - Síndrome de Down e anestesia (ME3) - Anestesia ambulatorial: seleção de drogas, técnicas e procedimentos (ME3) - Testes alérgicos prévios à anestesia: qual a indicação? (ME3) - Anestesia em cirurgia cardíaca infantil I (ME3) - Transmissão Neuromuscular - Anatomia, Fisiologia e Bloqueio (ME1) - Anestesia em cirurgia cardíaca infantil II (ME3) - Transporte de pacientes: intra-hospitalar e inter-hospitalar - parte I (ME3) - Anestesia Intravenosa: Técnicas e indicações (ME3) - Transporte de pacientes: intra-hospitalar e inter-hospitalar - parte II (ME3) - Anestesia para Cesariana (ME2) - Ventilação Monopulmonar em Crianças (ME3) - Anestesia para Cirurgia de Aneurisma de Aorta Abdominal (ME3) - Ventilação Pulmonar em Anestesia Pediátrica - Parte I (ME3) - Anestesia para Cirurgia Torácica (ME3) - Ventilação Pulmonar em Anestesia Pediátrica - Parte II (ME3) - Anestesia para Revascularização do Miocárdio (ME3) - Via Aérea Difícil - Parte I - Anatomia, Avaliação da via aérea e Ventilação - Anestesia Regional em Pediatria (ME1/ME3) - Anestesia Regional no Paciente Geriátrico I (ME1/ME3) - Anestesia Regional no Paciente Geriátrico II (ME1/ME3) - Anestésicos Locais (ME1) - Antiinflamatórios (ME3) - Atendimento pré-hospitalar ao politraumatizado I (ME2) com Mascara Facial (ME1/ME3) - Via Aérea Difícil - Parte II - Intubação traqueal, nasal e por fibroscopia (ME1/ME3) - Via Aérea Difícil - Parte III - Intubação retrógrada, Intubação com estilete luminoso, Guias para intubação traqueal e Laringoscópios especiais (ME1/ME3) - Atendimento pré-hospitalar ao politraumatizado II (ME2) - Via Aérea Difícil - Parte IV - Máscara Laríngea e Combitube (ME1/ME3) - Avaliação pré-anestésica (ME1) - Via Aérea Difícil - Parte V - Ventilação a jato transtraqueal e Acessos - Avaliação Pré-Anestésica em Crianças - Parte I (ME1/ME3) - Avaliação Pré-Anestésica em Crianças - Parte II (ME1/ME3) cirúrgicos a via aérea (ME1/ME3) - Via Aérea Difícil - Parte VI - Algoritmo VAD e Extubação na VAD (ME1/ME3)- - Choque (ME3) - Choque Hipovolêmico: Fisiopatologia e Manuseio Clínico I (ME3) - Dor (ME3) - Choque Hipovolêmico: Fisiopatologia e Manuseio Clínico II (ME3) - Avaliação da Dor - Complicações em Anestesia Loco-Regional (ME1/ME3) - Dor Miofascial - Conduta do Anestesiologista diante de quadro suspeito de Hipertermia Maligna - Dor na Criança (ME3) - Dor Neuropática - Diabetes: Controle Peroperatório (ME2) - Dor no Câncer - Módulo I - Disritmias Cardíacas em Anestesiologia I (ME3) - Dor no Câncer - Módulo II - Disritmias Cardíacas em Anestesiologia II (ME3) - Dor Pós-Operatória - Estratégias para a prevenção da isquemia miocárdica perioperatória - Parte I - Farmacologia da Dor (ME3) - Estratégias para a prevenção da isquemia miocárdica perioperatória - Parte II (ME3) - Fisiopatologia da Dor - Síndrome Complexa de Dor Regional - Síndrome do Membro Fantasma - Fisiopatologia da Dor (ME3) - Tratamento da Dor - Medicamentos Adjuvantes - Hidratação em Pediatria (ME2/ME3) - Tratamento da Dor - Opióides - Hipertermia Maligna (ME3) - Tratamento da Dor - Os Antiinflamatórios Não-Hormonais - Malformação congênita em pediatria I (ME3) - Uso de Opióides na Dor Crônica - Malformação congênita em pediatria II (ME3) - Monitorização Cardiovascular (ME2) - Monitorização da Função Neuromuscular (ME1/ME2) - Monitorização do Bloqueio Neuromuscular (ME1/ME2) - Anestesia Venosa - Anestesia venosa na cirurgia abdominal. Estudo da profundidade da anestesia (ME1) - Padronização de Condutas para o Bloqueio Regional (ME1) - Anestesia venosa na obesidade mórbida (ME1/ME2) - Peculiaridades da Fisiologia na Criança: Cardiovascular e Pulmonar (ME3) - Anestesia venosa nos transplantes (ME1/ME3) - Peculiaridades da Fisiologia na Criança: regulação térmica, cerebral e renal - Farmacocinética dos anestésicos para TIVA. Modelos de comparti- (ME3) 28 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 mentos e a influência para o Propofol (ME1) Homenagem ao Dr. Valdir Medrado Palácio Deputado Luís Eduardo Magalhães Assembléia Legislativa do Estado da Bahia Gabinete do Primeiro Secretário MOÇÃO nº 10.165/2008, de autoria do deputado estadual Heraldo Rocha - Sala das Sessões, 16 de agosto de 2008 O deputado que esta subscreve vem, na forma regimental, inserir na Ata dos trabalhos da Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, MOÇÃO DE PESAR pelo falecimento, aos 80 anos, do médico anestesiologista Dr. Valdir Cavalcanti Medrado, ocorrido em 15 de agosto do corrente ano. A sociedade baiana, especialmente aqueles que diariamente lidam com o universo da medicina, encontra-se enlutada. Faleceu no dia 15 de agosto deste ano, aos 80 anos, o médico anestesiologista Valdir Cavalcanti Medrado – um dos grandes beneméritos do Serviço de Anestesiologia do Hospital São Rafael (HSR), localizado na cidade de Salvador. Com relevantes serviços prestados à medicina da Bahia e do Brasil, ele dedicou vinte e quatro anos de sua vida coordenando o Centro de Ensino e Treinamento de Anestesiologia no HSR, desde a sua fundação. Nós, que lidamos na área médica, estamos bastantes emocionados pela lamentável perda de um dos mestres da anestesia brasileira. Doutor Valdir Medrado, ao longo de sua trajetória, também assumiu outros cargos, como o de coordenador do CET do Hospital das Clínicas, além de ter presidido a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (no ano de 1973) e a Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia. Nascido na cidade de Iaçu, no interior da Bahia, a 271 km de Salvador, Dr. Valdir Medrado se refugiava sempre em sua terra natal, pois a considerava um local de muita alegria onde desfrutava da companhia de amigos e familiares. Mesmo morando na capital baiana, Dr. Valdir Medrado não deixava de contribuir com seus conterrâneos. Em Iaçu, ele exercia gratuitamente a função de médico clínico, apesar da especialidade em Anestesiologia. Valdir Medrado deixa esposa, sete filhos, doze netos e uma legião de seguidores e admiradores. O doutor Valdir era uma pessoa que estava acima de todos nós. Foi sempre uma referência para ser seguida é um grande colaborador da Sociedade de Anestesiologia da Bahia, transformando-se num destemido batalhador pelas causas que envolvia sua especialidade profissional. A sua firmeza, a sua cultura, seu destemor, seu idealismo e dedicação à anestesiologia lhe fez merecedor de incontáveis elogios. De maneira brilhante, teve muito êxito nas atividades voltadas para este campo, possibilitando a tradição, de atenção aos menos favorecidos, conquistando de maneira indiscutível o respeito de toda comunidade médica. O trabalho desempenhado pelo doutor Valdir à frente da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia foi – pelos inúmeros benefícios alcançados – considerado como memorável. Opinião que avalizamos e corroboramos, haja vista que, por tudo que doutor Valdir fez por toda sua colaboração para manter a chama da vida sempre acesa, seu nome será sempre lembrado, e servirá de exemplo para cada gestão que seja iniciada, principalmente porque o seu idealismo será sempre tomado como inspiração. Portanto, diante dessa narrativa, é com tristeza, mas também com muito orgulho e satisfação que prestamos esse tributo à memória de tão ilustre e benemérito cidadão. Pela sua força, seu entusiasmo e sua capacidade profissional, indubitavelmente, Dr. Valdir permanecerá por muito tempo na memória daqueles que tiveram o prazer de compartilhar de tão nobre companhia. Por isso mesmo, requeremos à apreciação, por parte desta Casa, da presente Moção de Pesar para que se consolide essa justíssima homenagem ao nosso já saudoso amigo e colega de profissão, Dr. Valdir Cavalcanti Medrado, estendendo-se também aos seu familiares que, certamente, haverão de valorizar o seu digníssimo legado, bem como dar plena continuidade à bela lição de vida desse renomado baiano. Dê-se ciência da presente Moção à família enlutada, à direção do Hospital São Rafael (HSR), ao Ilmo. Presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (CREMEB), Dr. Jorge Raimundo de Cerqueira e Silva, à Associação Bahiana de Medicina (AMB), ao Sindicato dos Médicos da Bahia, à direção do Hospital das Clínicas, à Presidência da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, à Presidência da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia e à Cooperativa dos Médicos Anestesiologista da Bahia (Coopanest-BA). Sala das Sessões, 16 de agosto de 2008 HERALDO ROCHA Deputado Estadual jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 29 RESPONSABILIDADE SOCIAL Responsabilidade Social: o que é? A s mudanças no mundo empresarial, principalmente a humanização no ambiente corporativo, estimulam a incorporação de novas práticas, ainda voltadas para metas e resultados, porém sob um novo ponto de vista: a transformação social. A preocupação com os valores (competência, credibilidade, desenvolvimento, respeito, etc), o meio ambiente, a ética, a geração de emprego e renda e o desenvolvimento sustentável estão fazendo com que as empresas trabalhem de forma sistemática as questões sociais, em consonância com o planejamento e as estratégias adotadas de sustentabilidade dos negócios e da sociedade. As empresas, além de programas de gestão eficientes, devem produzir resultados socialmente relevantes, buscando o encontro entre investimento social, práticas sociais e comportamento ético responsável, elementos indispensáveis para o conceito de cidadania e, por conseguinte, de responsabilidade social. Responsabilidade Social nas empresas significa uma visão empreendedora mais preocupada com o entorno social em que a empresa está inserida, ou seja, sem deixar de se preocupar com a necessidade de geração de lucro, mas colocando-o não como um fim em si mesmo, mas sim como um meio para se atingir um desenvolvimento sustentável e com mais qualidade de vida. Muitas vezes, ela se apresenta cercada de uma certa ambigüidade, a ponto de Votan 1 ressaltar que a responsabilidade social significa algo, mas nem sempre a 30 - Anestesia em revista - jul/ago/set, 2008 mesma coisa para todos, já que “para alguns, ela representa a idéia de responsabilidade ou obrigação legal; para outros, significa comportamento responsável (...) Muitos, simplesmente, equiparam-na a uma contribuição caridosa; outros tomam-na pelo sentido de socialmente consciente.” Mas, a realidade inescapável nos é lembrada pelo saudoso Herbert de Souza – Betinho – que vislumbra a responsabilidade social como decorrente de um compromisso intrínseco às organizações, pois: “As empresas públicas ou privadas, queiram ou não, são agentes sociais no processo de desenvolvimento. A dimensão delas não se restringe apenas a uma determinada sociedade, cida- O que - não não não não não de, país mas no modo que se organizam e principalmente atuam, por meio de atividades essenciais”. O conjunto de informações e de indicadores dos investimentos e das ações realizadas pelas empresas no cumprimento de sua função social junto aos seus funcionários, ao governo e às comunidades com que interage, direta e indiretamente denomina-se: Balanço Social. Quando uma empresa utiliza este instrumento de divulgação, está contribuindo para reforçar a sua imagem institucional, sua marca e os produtos associados a ela, na medida em que apresenta não apenas mais um atributo de marketing, mas um demonstrativo da efetiva ação social desempenhada. Então, da mesma forma que sua empresa será responsabilizada pelos péssimos produtos que venha a produzir, seu insucesso em reduzir a pobreza ou a ineficiência em garantir sustentabilidade ambiental, também será responsabilidade sua. Pense nisto. Referências: 1) Efetividade Organizacional e Responsabilidade Social – FGV- Ricamar Maia; 2) Balanço Social – INEPAR 2000 – Herbert de Souza é Responsabilidade Social? são ações esporádicas é assistencialismo são somente doações é só sobrevivência deve ser desvinculada da estratégia empresarial Prêmio Dr. Alfredo Augusto Vieira Portella Maior nota obtida na prova nacional para Médicos em Especialização (ME) de primeiro ano realizada em dezembro de 2007 Premiada: Larissa de Oliveira Cortez Pereira CET S.A.INST.DR.JOSÉ FROTA - Responsável: Danielle Maia Holanda Dumaresq Prêmio Dr. Affonso Fortis Maior nota obtida na prova nacional para Médicos em Especialização (ME) de segundo ano realizada em dezembro de 2007 Premiada: Marcela Alves Lima Abrantes CET HOSP.G.DO INAMPS FORTALEZA - Responsável: Mary Neide Romero Premiado: Fernando Nardy Bellicieri CET DEP.ANEST.DA F.M.BOTUCATU - Responsável: Pedro Thadeu Galvão Vianna Prêmio Dr. José Luiz Gomes do Amaral Maior nota obtida na prova nacional para Médicos em Especialização (ME) de terceiro ano realizada em dezembro de 2007 Premiado: Fabrício Capello Brasil CET S.A.HOSP.DAS CLINICAS DA UFPR - Responsável: Sérgio Bernardo Tenório Premiado: Wilson Lincoln Muricy Filho CET STA.CASA MISER.DE SÃO PAULO - Responsável: Ligia Andrade da Silva Telles Mathias Prêmio Dr. Renato Ribeiro Melhor trabalho de conclusão de Curso de Especialização em 2007 Premiado/Autor: Alexandre Noleto Magalhães Título:.Uso da Manta Térmica na Prevenção da Hipotermia Intra-operatória CET STA.CASA MISER.DE SÃO PAULO - Responsável: Ligia Andrade da Silva Telles Mathias Prêmio Dr. Valdir Cavalcanti Medrado Conferido ao membro Ativo com 10 (dez) anos ou mais de término do Curso de Especialização em CET/SBA, que for aprovado nas provas para obtenção do TSA. Em 2007 Premiado: Roberto Yutaka Takano (23/04/1991) Premiado: Antonio Paulo Nogueira Costa (09/04/1997) Prêmio Dr. Zairo Eira Garcia Vieira Melhor Tema Livre inscrito no 55º CBA - 2008 Autor: em fase de análise pela Comissão Eexecutiva do 55º CBA Título do Trabalho: em fase de análise pela Comissão Eexecutiva do 55º CBA Prêmio Dr. Massami Katayama Maior conceituação de Centro de Ensino e Treinamento - referente à análise dos relatórios anuais situação 2007 (51,5) Premiado: CET STA.CASA MISER.DE S.PAULO 9144 - Resp. Ligia Andrade da Silva Telles Mathias Premiado: CET S.A.INST.DR.JOSÉ FROTA - Resp. Danielle Maia Holanda Dumaresq Prêmio Dr. Walter Silva Machado Centro de Ensino e Treinamento que obteve a maior projeção em conceituação 2006/2007 Premiado: CET S.A.STA. CASA MISER.MARÍLIA - Resp. Nelson Unzer dos Santos Filho Prêmio Dr. José Carlos Ferraro Maia Melhor Trabalho sobre Anestésicos Locais Premiados/Autores: Roberto Araújo Ruzi, Neuber Martins Fonseca, Beatriz Lemos da Silva Mandim, Raphael de Almeida Carvalho e Rodrigo Rodrigues Alves Título do Trabalho: Nova Técnica para Bloqueio do Nervo Tibial e Fibular Comum em Fossa Poplítea com Punção Única Utilizando o Estimulador Percutâneo de Nervos: Considerações Anatômicas e jul/ago/set, 2008 - Anestesia em revista - 31 Descrição Ultrassonográfica.