alexandra paiva araújo - Teses e Dissertações
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alexandra paiva araújo - Teses e Dissertações
ALEXANDRA PAIVA ARAÚJO A INFLUÊNCIA DE FATORES NUTRICIONAIS NA RESPOSTA AO TESTE DE MONTENEGRO, EM INDIVÍDUOS VACINADOS ANTI LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO OURO PRETO 2007 A663i Araújo, Alexandra Paiva. A influência de fatores nutricionais na resposta ao teste de Montenegro, em indivíduos vacinados anti leishmaniose tegumentar americana [manuscrito] / Alexandra Paiva Araújo. – 2007. xxiii, 125 f.: il., color; graf., tabs. Orientador: Prof. Dr. George Luiz Lins Machada Coelho. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas. Área de concentração: Imunobiologia de protozoários. 1. Leishmaniose - Teses. 2. Vacinas - Teses. 3. Elementos traços - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título. CDU: 616.993.161 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS A INFLUÊNCIA DE FATORES NUTRICIONAIS NA RESPOSTA AO TESTE DE MONTENEGRO, EM INDIVÍDUOS VACINADOS ANTI LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA ALUNA: ALEXANDRA PAIVA ARAÚJO ORIENTADOR: Prof. Dr. GEORGE LUIZ LINS MACHADO COELHO Dissertação apresentada no Programa de PósGraduação do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração: Imunobiologia de protozoários. Ouro Preto 2007 ii iii Aos meus pais e meus heróis, Stephenson e Leila, Ao lindo Arthur iv “Tudo quanto te vier à mão para fazer, Faze-o conforme as tuas forças. Porque na sepultura, para onde vais, Não há obra, nem indústria, Nem ciência e nem sabedoria alguma.” Eclesiastes 9. 10 v AGRADECIMENTOS vi A Deus, fonte inesgotável de amor e sabedoria. Ao Professor Doutor George Luiz Lins Machado Coelho, pela confiança em mim depositada, pela oportunidade a mim concedida de desenvolvimento e crescimento profissional, pelos ensinamentos, pela paciência, respeito e amizade desde a Iniciação Científica, pelo valioso incentivo e cuidado na orientação deste trabalho. Muitíssimo obrigada! À Doutora Olguita Geralda Ferreira Rocha, pelos ensinamentos e colaboração imprescindíveis ao desenvolvimento deste trabalho, pela confiança e paciência, pelo carinho e atenção. Ao Professor Doutor Wilson Mayrink, pela oportunidade a mim concedida de fazer parte de sua equipe, desenvolvendo este trabalho na região de Caratinga. Além de tudo, agradeço o enriquecimento intelectual e a confiança. Ao Sr. Jair Cecílio de Paula, do Centro de Tratamento de Leishmanioses - Caratinga, pela atenção e importantíssima colaboração nos trabalhos de campo realizados na região de Caratinga. À equipe da Unidade Descentralizada de Caratinga – Jane, Edna Cristina, Walter, José Lúcio e Rogério, pela ajuda preciosa nos trabalhos de campo. Aos funcionários do Laboratório de Traços Metálicos do CETEC, MG, pela atenção, apoio e ótima convivência durante meu treinamento e análises laboratoriais das amostras. Em especial ao Sr. Geraldo do Carmo, pela atenção e paciência nas análises realizadas no ICP OES e a Susan Joyce por dividir comigo as tensões do FIAS MHS. Ao Professor Roney pela disponibilização do LAPAC, para a realização dos hemogramas. Ao aluno de Iniciação Científica, Daniel, pela valiosa ajuda e bom trabalho desenvolvido. vii Ao Alekson, um grande companheiro de mestrado e amigo. Obrigada pelo auxílio nas coletas das amostras e realização dos hemogramas, pelas extensas horas de convívio no LEPI ou estudando Bioestatística, as Protozoologias, Imuno e Epidemiologia.... E a todos do LEPI pelo apoio constante, pela alegria, pelo bom trabalho em equipe, pelas risadas, pelo companheirismo e amizade. Em especial à Ana Paula (Apcc), Gabriela Lanna, Liliane, Paulinha, Josy e Cléia... grandes amigas... enfim, Deus coloca em nossa vida pessoas capazes de tornar os caminhos menos árduos e nos fazer sorrir em meio às dificuldades. Obrigada!!! Aos voluntários participantes deste ensaio clínico, residentes nas áreas de Córrego do Emboque, Fazenda Caetana e Patrocínio, região rural de Caratinga, MG, pela boa vontade na vacinação, realização do TM e coletas de sangue. Aos Professores do curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas pela valiosa contribuição na minha formação, em especial à Prof. Dra. Maria Terezinha Bahia; Prof. Dr. Luiz Carlos Crocco Afonso; Prof. Dra. Marta de Lana e ao Prof. Dr. Alexandre Barbosa Reis. À Cida, nossa querida secretária do NUPEB. À Universidade Federal de Ouro Preto, onde tive a oportunidade iniciar minha formação profissional desde a graduação em Farmácia e onde hoje completo mais uma etapa desta caminhada. Aos meus amados pais Stephenson e Leila, pelo amor, incentivo em todos os momentos, por me ensinarem o gosto pelas letras, pela confiança, por me acolherem nos momentos de desespero e por vibrarem comigo frente às conquistas. Obrigada por não medirem esforços para a realização deste nosso sonho. Ao meu irmão Arthur, pelo carinho, amizade, paciência, e acolhimento em BH durante as análises laboratóriais. Obrigada por estar ao meu lado incentivando sempre. viii Ao Olívio, meu amor, pela amizade, paciência, amor e pelo incentivo na etapa final deste trabalho. Obrigada por estar ao meu lado, trazendo um novo colorido à minha caminhada. A todos os amigos que estiveram ao meu lado, torcendo e apoiando. Muito obrigada! À Ouro Preto, um lugar mágico, pela oportunidade de viver o passado e o futuro no presente. Muitíssimo obrigada!!! ix ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Organograma do estudo para avaliação da influência dos elementos traço e estado nutricional na resposta induzida em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005.......................................................................................................................................43 Figura 2. Curva padrão de selênio para verificação da faixa de trabalho............................56 Figura 3. Curva padrão e curva da amostra acrescida de padrão para a verificação da seletividade, segundo o INMETRO......................................................................................58 Figura 4. Distribuição de freqüência dos valores do diâmetro do TM entre os vacinados com TM positivos 60 dias após vacinação (A) e do logarítmo dos valores do diâmetro do TM (B) nos mesmos indivíduos, Caratinga (MG), 2005......................................................63 Figura 5. Distribuição da concentração de cobre sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de cobre sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana, Caratinga (MG), 2005......................................................................65 Figura 6. Distribuição da concentração de ferro sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de ferro sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana, Caratinga (MG), 2005......................................................................65 Figura 7. Distribuição da concentração de selênio sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de selênio sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana , Caratinga (MG), 2005.....................................................................66 Figura 8. Distribuição da concentração de zinco sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de zinco sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana, Caratinga (MG), 2005......................................................................66 Figura 9. Relação entre o logarítmo da concentração de cobre sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005.................72 Figura 10. Relação entre o logarítmo da concentração de ferro sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005............72 Figura 11. Relação entre o logarítmo da concentração de zinco sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005............73 x Figura 12. Relação entre o logarítmo da concentração de selênio sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005............74 Figura 13. Relação entre o logarítmo do diâmetro do TM (mm) e os grupos (G0/I e GII) dos elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco), nos indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005...........................................................................................................75 xi ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Limites inferiores da normalidade para hemoglobina (g/dL), segundo idade e sexo.......................................................................................................................................46 Tabela 2. Grupos dos elementos traço categorizados por seus níveis séricos, para cobre, ferro, selênio e zinco de acordo com os valores de referência..............................................54 Tabela 3. Distribuição de variáveis para o cálculo da linearidade pelo teste F (Snedecor).............................................................................................................................57 Tabela 4. Recuperação do selênio ao longo da curva contendo amostra em concentrações conhecidas para avaliação da seletividade do método segundo o Guia Relacre...................58 Tabela 5. Distribuição das concentrações do branco da amostra para cálculo de LD e LQ.59 Tabela 6. Valores do padrão de selênio (10µg/L) para a avaliação da repetitividade..........60 Tabela 7. Valores do teste de recuperação para determinação de cobre sérico no ICP OES.......................................................................................................................................61 Tabela 8. Valores do teste de recuperação para determinação do ferro sérico no ICP OES.......................................................................................................................................62 Tabela 9. Valores do teste de recuperação para determinação do zinco sérico no ICP OES.......................................................................................................................................62 Tabela 10. Concentração sérica média e desvio padrão de cobre, ferro, selênio e zinco (µg/L) de acordo com gênero e idade, determinado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005...........................................................................................................67 Tabela 11. Distribuição da amostra por gênero (percentual), idade e IMC (média e desvio padrão) de acordo com os grupos GI e GII dos elementos traço, entre os indivíduos vacinados anti-LTA em Caratinga (MG), 2005....................................................................69 Tabela 12. Relação entre a contagem de hemácias e níveis de hemoglobina de acordo com os grupos G0/I e GII de cobre, ferro, selênio e zinco dos individuos vacinados anti-LTA em Caratinga (MG), 2005...........................................................................................................70 Tabela 13. Relação da contagem de leucócitos e do percentual de linfócitos e monócitos de acordo com os grupos GI e GII de cobre, ferro, selênio e zinco dos indivíduos vacinados anti-LTA em Caratinga (MG), 2005.....................................................................................71 xii ÍNDICE DE TABELAS DOS ANEXOS Tabela 14. Distribuição da concentração média e desvio padrão de cobre, ferro, selênio e zinco de acordo com o diâmetro do TM, determinado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga, MG.......................................................................................................................89 xiii SUMÁRIO Resumo..............................................................................................................................xviii Abstract................................................................................................................................xxi 1. Introdução………………...........…………………………………………………………1 2. Revisão bibliográfica………............…………………………………..............................4 2.1. Leishmaniose Tegumentar Americana e sua epidemiologia................................5 2.1.1. Espécies do gênero Leishmania, vetores e reservatórios....................6 2.2.Formas clínicas ....................................................................................................8 2.3.Imunidade............................................................................................................10 2.3.1. Aspectos nutricionais e resposta imune............................................13 2.3.1.1. Cobre.....................................................................................14 2.3.1.2. Ferro……….…………………………………...……...…...16 2.3.1.3. Selênio..................................................................................19 2.3.1.4. Zinco.....................................................................................22 2.4. Diagnóstico da LTA...........................................................................................24 2.4.1. Diagnóstico clínico e epidemiológico.................................................24 2.4.2. Diagnóstico parasitológico……......................................…...…...…..25 2.4.3. Diagnóstico imunológico…................................................................26 2.4.4. Diagnóstico molecular…....................................................................27 2.5.Tratamento..........................................................................................................28 2.6.Controle da LTA.................................................................................................30 2.7.Vacina anti-leishmaniose tegumentar americana................................................31 3. Justificativas....................................................................................................................37 4. Objetivos.........................................................................................................................39 5. Materiais e Métodos........................................................................................................41 5.1. Desenho e população do estudo.........................................................................42 5.2. Cálculo do tamanho da amostra.........................................................................43 5.3. Vacina................................................................................................................44 5.4. Teste de Montenegro..........................................................................................44 5.5. Coleta de dados antropométricos.......................................................................44 xiv 5.6. Coleta de amostras e mascaramento..................................................................45 5.7. Realização dos Hemogramas…...……....................................................……..45 5.8. Determinação dos teores séricos de cobre, ferro, selênio e zinco......................46 5.8.1. Reagentes utilizados............................................................................47 5.8.2. Equipamentos......................................................................................48 5.8.3. Preparo das amostras...........................................................................48 5.8.4. Determinação de selênio sérico por espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos acoplado ao sistema de injeção de fluxo..................................................................................................48 5.8.4.1. Princípio do método.............................................................48 5.8.4.2. Validação do método para determinação de selênio em soro humano utilizando espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos e sistema de injeção de fluxos..................................................................................49 5.8.4.3. Linearidade da faixa de trabalho..........................................49 5.8.4.4. Teste de Seletividade…………...………............................50 5.8.4.5. Limites de detecção e quantificação....................................50 5.8.4.6. Estimativa da exatidão e repetitividade...............................51 5.8.5. Determinação de cobre, ferro e zinco séricos por espectrometria de emissão por plasma indutivamente acoplado............................................................................................51 5.8.5.1. Princípio do método.............................................................51 5.8.5.2. Estimativa da exatidão do método.......................................52 5.9. Procedimento operacional..................................................................................52 5.10. Valores de referência para os níveis séricos de elementos traço.....................53 5.11. Processamento e análise de dados....................................................................53 6. Resultados.......................................................................................................................55 6.1. Validação da determinação de selênio em soro humano por espectrometria de absorção atômica por gerador de hidretos acoplado ao sistema de injeção de fluxos (FI-HGAAS).........................................................................................56 xv 6.1.1. Linearidade da faixa de trabalho.........................................................56 6.1.2. Seletividade e exatidão........................................................................57 6.1.3. Limite de detecção e limite de quantificação......................................59 6.1.4. Repetitividade.....................................................................................60 6.2. Estimativa da exatidão do método para a determinação de cobre, ferro e zinco séricos por espectrometria de emissão por plasma indutivamente acoplado..............................................................................................................60 6.3. Análise descritiva dos indivíduos em relação ao TM.........................................63 6.4. Análise descritiva dos níveis séricos dos elementos traço.................................64 6.5. Análise descritiva dos níveis séricos dos elementos traço por gênero, idade e IMC..................................................................................................................67 6.6. Relação da contagem de hemácias e os níveis séricos de hemoglobina com os níveis séricos dos elementos traço. .................................................................69 6.7. Relação da contagem de leucócitos e do percentual de linfócitos e monócitos com os níveis séricos de elementos traço.........................................................70 6.8. Relação entre o TM e os níveis séricos de cobre, ferro, selênio e zinco............71 7. Discussão...........................................................................................................................76 7.1. Limitações do estudo..........................................................................................83 8. Conclusões........................................................................................................................86 9. Anexos..............................................................................................................................88 10. Referências Bibliográficas..............................................................................................97 xvi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Ca Cálcio Cd Cádmio CMSP Células mononucleares do sangue periférico Cu Cobre DP Desvio padrão Fe Ferro FI-HGAAS Espectrometria de absorção atômica por gerador de hidretos acoplado ao sistema de injeção de fluxos ICP OES Espectrometria de emissão por plasma indutivamente acoplado IgG Imunoglobulina G IL Interleucina INF-γ Interferon gama LTA Leishamaniose tegumentar americana LV Leishmaniose visceral Mg Magnésio Ni Níquel NO Óxido nítrico Se Selênio TM Teste de Montenegro TNF-α Fator de necrose tumoral alfa TLR Toll like receptor Zn Zinco WHO World Health Organization xvii RESUMO xviii A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença crônica causada por espécies do gênero Leishmania e altamente prevalente em regiões tropicais e subtropicais do mundo. No Brasil, é considerada altamente endêmica, com uma incidência de 40.000 casos em 2002 (Desjeux, 2004). Uma vacina composta por promastigotas mortas de Leishmania (Leishmania) amazonensis foi desenvolvida por Mayrink e colaboradores e é, atualmente, uma das possibilidades que se tem para a prevenção da LTA. No entanto esta tem apresentado uma baixa imunogenicidade quando avaliada pelo Teste de Montenegro (TM), com aproximadamente 20 a 30% de não conversão do TM em indivíduos após vacinação. Vários fatores poderiam estar relacionados a esta baixa conversão do TM. Dentre estes, fatores nutricionais como os elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco) apresentam uma relação com a resposta imunológica, tanto pela necessidade destes para a proliferação e maturação das células do sistema imune, quanto da mudança de seus níveis séricos em processos inflamatórios e infecciosos. Diante destes dados e da não existência de estudos sobre a influência desses elementos traço na resposta imunológica humana induzida pela vacina anti-LTA, o objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre fatores nutricionais e a resposta ao TM em indivíduos vacinados anti-LTA. O estudo foi realizado em uma subamostra (n = 172) de um ensaio comunitário para avaliação da eficácia da vacina anti-LTA, na microrregião de Caratinga, Minas Gerais. Dois grupos foram selecionados para participarem deste ensaio experimental mascarado, a partir da resposta ao TM, definido por uma enduração maior ou igual a 5 mm, 48 horas após sua aplicação. Um grupo foi composto por indivíduos que apresentaram TM negativo (n = 97) e outro por indivíduos que apresentaram TM positivo (n = 75). De todos os participantes foram obtidos dados antropométricos e amostras sanguínea. A determinação dos níveis séricos de cobre, ferro e zinco foram realizadas por espectrometria de emissão por plasma indutivamente acoplado (ICP-OES) e o selênio por espectrometria de absorção atômica com gerador de hidretos acoplado ao sistema de injeção de fluxos (FI- HGAAS), as análises laboratoriais foram realizadas uma área limpa xix classe ISO 7 em capelas e módulos de fluxo laminar ISO 5, utilizando-se métodos validados. A partir dos dados laboratoriais os indivíduos foram divididos em grupos com níveis séricos baixos (G0), normais (GI) e elevados (GII) de cobre, ferro, selênio e zinco de acordo com seus valores de referência. Para fins de análise estatística o diâmetro do TM foi categorizado em negativo e o grupo do TM positivo foi subdividido em 5 a 8 mm; 8,1 a 9 mm; 9,1 a 12 mm e > 12,0 mm. O diâmetro do TM apresentou valores médios de 10,347 ± 4,64 mm (média ± DP) entre os indivíduos TM positivos. Os níveis séricos médios e o desvio padrão observados foram de 1.433,7 ± 665,7 µg/L para o cobre, 1.431,6 ± 791,5 µg/ L para o ferro, 88,6 ± 39,0 µg/ L para o selênio e 999,2 ± 366 µg/ L para o zinco. O log do diâmetro do TM foi significativamente maior (p=0,021) no GII (0,66 ± 0,53) para o selênio quando comparado ao GI (0,38 ± 0,51) e significativamente menor (p=0,033) para o GII do zinco (0,23 ± 0,43) em relação ao GI (0,48 ± 0,53). Já para o cobre e o ferro não foi observada diferença significativa do diâmetro do TM entre GI e GII. Quanto a avaliação dos níveis séricos dos elementos traços por quartis do diâmetro do TM somente o selênio apresentou uma relação significativa (p=0,019), com um aumento dos níveis séricos de selênio do terceiro ao quinto quartil. Níveis séricos elevados de zinco estão relacionados a uma baixa resposta a vacina anti-LTA, avaliada pelo Teste de Montenegro, ao contrário de cobre e ferro que não apresentaram associação com a resposta ao TM entre os indivíduos vacinados anti-LTA. Níveis séricos elevados de selênio estão associados a um maior diâmetro do TM, evidenciando uma melhor resposta imune celular induzida pela vacina anti-LTA. Este estudo indica a importância da suplementação com selênio em ensaios vacinais para a avaliação da imunogenicidade da vacina, avaliada pelo TM, além da necessidade de se ajustar análises de eficácia vacinal segundo os níveis séricos de selênio. xx ABSTRACT xxi American cutaneous leishmaniasis (ACL) is caused by several Leishmania species. It is more prevalent in tropical and subtropical regions of the world. This disease is highly endemic in Brazil, where it is considered an important health problem and where around 40,000 cases have been reported in 2002 alone (Desjeux, 2004). The development of a safe and effective vaccine still remains the most promising approach to prevent ACL (Desjeux, 1996; Kedzierski et al., 2006). Mayrink and collaborators developed and evaluated ACL vaccine candidates composed by killed promastigotes of Leishmania (Leishmania) amazonensis (Marzochi et al., 1998, De Luca et al., 2001; Mayrink et al., 2002; Armijos et al., 2004; Vélez et al., 2005). The main problem observed in the most recent studies using the vaccine was its low immunogenicity. Particularly, it was observed that after vaccination of volunteers, 30% of subjects showed no sign of protection when using the Montenegro skin test (MST) as immunological marker (i.e. their MST response was negative). Trace elements, such as copper, iron, selenium and zinc, can influence the innate and adaptive immunity; by modifying these immune cells activities (natural killer, macrophages, neutrophils and lymphocytes) and cytokines production (Erickson et al., 2000; Mocchegiani et al., 2000). Several studies have recently shown that the levels of these trace elements can change with the different clinical presentations of ACL and the others infectious process (Faryadi et al., 2003; Koçygit et al., 1998; Koçygit et al., 1999; Van Weyenbergh et al., 2004). But there are no data on the influence of the trace elements in the immune response induced by vaccination against ACL. Thus, the aim of this study presented here was to investigate the association of those trace elements and the immune response induced by vaccination against ACL, and whether this could explain the varying degree of responsiveness observed in some of the ACL vaccine trials. This experimental double-blind study was performed on a sub sample (n= 172) of the trial’s vaccinated subject group in Caratinga, Minas Gerais. Sixty days after vaccination, a new MST was applied to subjects. They were divided in two groups, in according with the MST response, those that had a negative (n=97) and positive (n=75) MST. The MST was positive when the induration’s diameter was > 5mm. In both groups’ anthropometrics measures and blood samples were obtained. xxii The trace elements were determinate by inductively coupled plasma atomic emission spectrometry (ICP-OES) (i.e. copper, iron and zinc) or by flux injection coupled hydride generation atomic absorption spectrometry (FIAS MHS) (i.e. selenium). All assays were performed in the metallic trace laboratory of CETEC, in two clean area ISO 7 and laminar airflow ISO 5 class cabinets using validated methods. The groups were composed by low (G0), normal (GI) and high (GII) serum levels of each trace element according to reference values. For statistical analysis purposes the subjects with a positive MST were classified into four groups, corresponding to the four quartiles of the observed diameter size distribution of positive MST respondents (i.e. 5 to 8 mm; 8.1 to 9 mm; 9.1 to 12 mm; > 12 mm). Among the subjects that had a positive MST response, the mean diameter was 10.35 ± 4.64 mm (mean ± SD). For all tested subjects the mean serum levels of copper, iron, selenium and zinc were 1433.7 ± 665.7 µg/L (mean ± SD; n = 171), 1431.6 ± 791.5 µg/ L (mean ± SD; n = 144), 88.6 ± 39.0 µg/L (mean ± SD; n = 157) and 999.2 ± 365.7 µg/L (mean ± SD; n = 171), respectively. The logarithm (log) MST diameter was significantly higher for subjects in GII (0.66 ± 0.53 mm) than G0/I (0.38 ± 0.51 mm) to selenium (p = 0.021). To zinc, the log MST diameter was significantly lower for subjects in GII (0.23 ± 0.43 mm) than in G0/I (0.48 ± 0.53 mm) (p = 0.033). No significant difference in log MST diameter was observed in copper and iron levels between GII and G0/I subject groups. The selenium levels also differed with the quartiles of the MST diameters of individuals testing positive (p = 0.019), with a tendency of increasing selenium serum levels associated with increasing MST diameter. Serum levels of zinc are associated to lower response induced by vaccine against ACL, available by MST. But the serum levels of selenium was associated an improvement of cellular response induced by vaccine against ACL. Future immunological and biochemical studies of vaccinated subjects that would be given selenium supplementation could improve our understanding about the relevance of this trace element for vaccine immunogenicity. Analyses will have to be adjusted for these levels, so that estimates of vaccine immunogenicity, evaluated by skin test, and protection can be rigorously estimated as well as compared between different studies. xxiii 1. Introdução 1 A Leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania, apresenta evolução crônica e manifestações clínicas multifacetadas o que a torna importante quanto à morbidade. Seu caráter zoonótico e sua ampla distribuição no Novo mundo, com grande diversidade ecoepidemiológica, dificulta a implementação de um conjunto de medidas comuns para seu controle, tornando-a um sério problema de saúde pública. Além disso, o tratamento com antimoniais e outros quimioterápicos apresenta vários efeitos colaterais, alto custo, longa duração, contraindicação a indivíduos com doenças cardíacas, renais e hepáticas, a idosos, gestantes e ainda estão sendo relatados casos de resistência à estas drogas. Diante disso, uma vacina segura, efetiva e barata seria a medida mais adequada para a prevenção da leishmaniose tegumentar humana, representando um avanço significativo em saúde pública. Salles Gomes (1939) e Pessoa & Pestana (1940) realizaram as primeiras avaliações de uma vacina anti-LTA utilizando extrato de promastigotas mortas como antígenos imunizantes. Posteriormente, Mayrink e colaboradores em uma série de ensaios demonstraram a segurança, imunogenicidade e eficácia, de aproximadamente 50%, de uma vacina anti-LTA, preparada com um pool de cinco cepas de promastigostas inativadas. Mas segundo recomendações da OMS, uma nova composição de vacina foi proposta a partir de uma única cepa (IFLA/BR/67/PH8) de Leishmania amazonensis, por ser a cepa que apresentava maior resposta proliferativa de células mononucleares do sangue periférico (CMSP), da produção de INF-γ e uma taxa de conversão em torno de 70 % do Teste de Montenegro (TM) nos indivíduos vacinados, além de apresentar fácil cultivo em meio de cultura. Vários fatores inerentes ao parasita (imunogenicidade, poder de evasão, virulência) e ao hospedeiro (marcadores genéticos, fatores nutricionais) podem influenciar no desenvolvimento de uma resposta imune nos indivíduos após infecção por Leishmania sp. Em modelos animais uma dicotomia Th1/Th2 foi estabelecida entre dois subsítios das células T CD4+. Enquanto a resposta do tipo 1 caracteriza-se pela produção de citocinas como INF-γ, IL-2, IL-12, capazes de ativar fagócitos levando à destruição do parasita, as células Th2 produzem citocinas como IL-4, IL-5 e IL-13 que tornam o hospedeiro mais susceptivel à progressão da doença. Além disso, um novo subtipo de células T CD4+ vem 2 sendo definido com Th3 diante da produção de citocinas regulatórias, sendo a principal a TGF-β (Mills, 2004). A proteção conferida pela vacina anti-LTA, testada em animais, está associada ao desenvolvimento da resposta protetora do tipo Th1, com aumento de proliferação CMSP e produção de INF-γ, além da diminuição de IL-4. Segundo Nascimento et al. (1990) essa resposta proliferativa CMSP apresenta uma correlação de 90% com a positividade do TM. Isto faz deste teste imunológico o mais utilizado para auxílio no diagnóstico e para a seleção de indivíduos aptos a receberem a vacina, além de marcador de imunogenicidade pós-vacinação devido sua facilidade operacional. Entre os fatores nutricionais, vários autores têm observado uma relação entre a resposta imune e elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco) (Behar et al., 1999; Koçyigit et al., 1999; Erickson et al., 2000; Mocchegiani et al., 2000). Estes elementos atuam participando de diversas etapas da proliferação e maturação de fagócitos, bem como na capacidade citotóxica dos mesmos e na indução da resposta imune do tipo Th1, a mesma induzida pela vacina, capaz de promover proteção ao hospedeiro. Uma vez que fatores nutricionais do indivíduo podem influenciar diretamente na formação de uma resposta imunológica em presença de estímulo, como promastigotas mortas de Leishmania amazonensis, no caso desta vacina, e na busca de se entender os 20 a 30% de não conversão do TM entre indivíduos vacinados, faz-se necessário e interessante avaliar o papel dos elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco) na resposta imune induzida pela vacina anti-LTA. 3 2. REVISÃO DA LITERATURA 4 2.1 Leishmaniose Tegumentar Americana e sua epidemiologia As Leishmanioses são doenças infecciosas, causada por protozoários do gênero Leishmania. Mais de 20 espécies de Leishmania capazes infectar o ser humano já foram descritas e outras espécies estão emergindo, especialmente em associação com HIV/AIDS (Desjeux, 1996). São prevalentes em quatro continentes, mais predominantes em regiões de clima quente e úmido, como áreas tropicais e subtropicais do mundo, sendo considerada endêmica em 88 países, dos quais 21 são do Novo Mundo e 66 do Velho Mundo. Destes países, 16 são desenvolvidos, 72 estão em desenvolvimento e 13 estão entre os menos desenvolvidos (Desjeux, 1996). A estimativa mundial da incidência anual das leishmanioses é de 1,5 – 2,0 milhões de novos casos, com uma população de risco estimada de aproximadamente 350 milhões de pessoas e uma prevalência de 12 milhões de casos. Dentre as leishmanioses, a leishmaniose tegumentar americana (LTA) apresenta uma ampla distribuição nas Américas, onde é considerada uma zoonose em expansão geográfica, ocorrendo em forma endêmico-epidêmica, podendo apresentar diferentes padrões de transmissão. Ela constitui um dos cinco principais problemas de saúde pública diante de sua magnitude e pouca vulnerabilidade às medidas de controle. No Brasil, sua incidência foi estimada em aproximadamente 60.000 casos novos em 2003, sendo caracterizada como altamente endêmica em muitas partes do país (Desjeux, 2004). Essa expansão geográfica se deve a vários fatores, dentre eles a colonização que levou ao aumento do desmatamento, da construção de rodovias, da atividade turística e militar e do avanço de projetos agroindustriais, que trouxeram pessoas não imunes para áreas endêmicas. Isto contribuiu para o aumento da transmissão da LTA, com mudança de comportamento do ciclo e transmissão da doença, passando do ambiente selvático ao peridomiciliar (Desjeux, 1996; Martins et al., 2004). A redução ou finalização de campanhas com aplicação de inseticidas para o controle da malária é outro fator que tem contribuído para o aumento da LTA e no caso da Leishmania (Viannia) guyanensis, onde se mantém o ciclo selvático, o crescimento urbano não planejado com proximidade da floresta leva a um aumento do risco de transmissão para os humanos (Desjeux, 1996; Desjeux, 2001). Além disso, o risco de co-infecção Leishmania/HIV vem aumentando como resultado da modificação dos padrões das duas doenças, aumentando a gravidade da LTA e da LV nos indivíduos co-infectados. 5 O gênero Leishmania compreende protozoários com um ciclo de vida digenético (heteroxênico), com parte de sua vida em hospedeiro vertebrado e parte em hospedeiro invertebrado (insetos vetores). Cerca de 30 espécies de insetos (vetores) já foram descritas como responsáveis pela transmissão das leishmanioses aos mamíferos, que ocorre durante o repasto sanguíneo das fêmeas infectadas de dípteros pertencentes ao gênero Lutzomya, no Novo Mundo. Quando um flebotomíneo se infecta através da ingestão de macrófagos contendo formas amastigotas (aflageladas), estas se diferenciam em formas promastigotas (flageladas), em meio extracelular na luz do trato digestivo do inseto, e se multiplicam por divisão binária, parte destas formas flageladas sofrem maturação gerando a forma metacíclica, infectante aos vertebrados (Desjeux, 1996; Gontijo & Carvalho, 2003). Dentre os hospedeiros vertebrados encontramos o homem, reservatórios domésticos (cão e eqüinos) e selváticos (marsupiais, pequenos roedores e desdentados), nos quais os parasitas são encontrados na forma amastigota, arredondada e imóvel, no interior de células do sistema monocítico fagocitário, obrigatoriamente. Por meio de divisão binária as amastigotas vão se multiplicando no vacúolo parasitóforo dos macrófagos, até que estas células sejam rompidas liberando novos parasitas que são fagocitados por novos macrófagos (Gontijo & Carvalho, 2003). 2.1.1 Espécies do gênero Leishmania, vetores e reservatórios Cerca de 20 espécies de Leishmania foram descritas até o ano de 1993, no Novo Mundo. De acordo com Lainson e Shaw (1987) o gênero Leishmania é subdividido em dois subgêneros: Leishmania e Viannia. No Novo Mundo já foram encontradas 11 espécies do subgênero Leishmania, mas apenas cinco foram observadas parasitando o homem. Parasitas do subgênero Viannia ocorrem apenas no Novo Mundo e das nove espécies já descritas, oito infectam o homem (Shaw, 1994). No Brasil, as espécies do gênero Leishmania que provocam LTA mais frequentemente, são Leishmania (V.) braziliensis, Leishmania (V.) guyanensis, com menor frequência de infecção existem Leishmania (V.) lainsoni, Leishmania (V.) naiffi e Leishmania (V.) shawi do subgênero Viannia e Leishmania (L.) amazonensis do subgênero Leishmania (Marzochi & Marzochi, 1994; Gontijo & Carvalho, 2003). 6 A L. (V.) braziliensis é a espécie mais prevalente no homem, podendo causar lesões cutâneas únicas ou múltiplas, além do acometimento mucoso. Apresenta uma ampla distribuição no Brasil, sendo encontrada em todas as zonas endêmicas do país, tanto em áreas de colonização antigas quanto recentes, sendo associada a ambientes rurais e peridomiciliares (Marzochi & Marzochi, 1994; Gontijo & Carvalho, 2003). Seus principais vetores são Psychodopigus wellcomei, altamente antropofílico (Marzochi & Marzochi, 1994), Lutzomyia whitmani, Lutzomyia wellcomei, Lutzomyia migonei e Lutzomyia intermedia (Lainson & Shaw, 1987; Marzochi & Marzochi, 1994; Domingos et al., 1998; Ferreira et al., 2001; Alexander et al., 2002; Dias et al., 2007). Sendo este último abundante em áreas endêmicas, como a região Sudeste do Brasil e é antropofílico com boa adaptação domiciliar e peridomiciliar (Aguiar et al., 1987; Rangel et al., 1990; São Tiago & Guida, 1990; Falqueto et al 1991; Marzochi & Marzochi, 1994; Domingos et al., 1998; Ferreira et al., 2001; Dias et al., 2007). Como reservatórios têm sido descrito o cão (Falqueto et al., 1991; Hermeto et al., 1994; Marzochi & Marzochi, 1994; Reithinger & Davies, 1999), equinos e mulas (Aguilar et al., 1987; Falqueto et al., 1987; Rosa et al., 1988) e roedores domésticos ou sinantrópicos (Vasconcelos et al., 1987), roedores (Akodon arviculoides e Proechimys dimidiatus) no vale do Rio Doce (Dias et al., 1977; Magalhães-Rocha et al., 1987) e em preguiças (Bradypus variegatus) (Pirmez et al., 1997). A L. (V.) guyanensis encontrada principalmente em áreas de florestas de terra firme, são conhecidas por causarem, sobretudo lesões cutâneas únicas ou múltiplas (resultados de várias picadas silmultâneas por vários flebótomos). O comprometimento mucoso é raro e a doença atinge principalmente jovens, do sexo masculino, em idade produtiva associados ao desflorestamento, penetração em áreas de matas virgens, crescimento urbano desordenado próximo a áreas de florestas e exercícios militares, principalmente na região norte do Brasil, compreendendo o estado do Amazonas (Gontijo & Carvalho, 2003; Guerra et al., 2006). O principal vetor é Lutzoymia umbratilis, acostumado a pousar durante o dia em trocos de árvores e atacar o homem em grande quantidade quando perturbado. Animais silvestres, como a preguiça (Choloepus didactylus), tamanduá (Tamandua tetradactyla), marsupiais (Didelphis marsupialis) e roedores (Proechimys guyanensis) já foram 7 identificados como hospedeiros naturais da L. (V.) guyanensis. (Lainson, 1985; Barret & Senra, 1989; Lainson & Shaw, 1998; Guerra et al., 2006). A L. (L.) amazonensis é responsável por formas cutâneas, mucosa (raramente) e difusa. É encontrada principalmente na região Amazônica, mas também já foi encontrada nos estados da Bahia (Bittencourt et al., 1989; Barral et al 1991), Minas Gerais (Mayrink et al., 1979), Paraná (Silveira et al., 1990), Santa Catarina (Steindel et al., 1997) e Mato Grosso (Lainson & Shaw, 1970). Seus principais vetores são Lutzomya flaviscutellata, Lutzomya reducta, Lutzomya olmeca, estes apresentam hábitos noturnos, vôo baixo e são pouco antropofílicos. E seus hospedeiros naturais são marsupiais e principalmente o roedor P. guyanensis, além de roedores do gênero Oryzomys que, às vezes, apresenta o parasita na pele sem lesões cutâneas (Lainson, 1985). 2.2 Formas clínicas Duas principais manifestações clínicas da leishmaniose tegumentar americana são encontradas no ser humano - leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa. Estas formas clínicas ocorrem na dependência da relação entre o parasita e o hospedeiro, a partir de fatores inerentes ao parasita (características genéticas e virulência) e ao hospedeiro (fatores nutricionais, estado imunológico, fatores genéticos), além de uma interação destes com o ambiente. A leishmaniose cutânea pode ser classificada como forma cutânea única ou múltipla, forma cutânea disseminada (lesões muito numerosas em várias partes do corpo) e forma cutânea difusa. A forma cutânea única é caracterizada pelo aparecimento de uma lesão circunscrita com borda elevada, contendo poucas amastigotas, fundo granuloso com ou sem exsudação, geralmente indolor, conhecida popularmente como “Úlcera de Bauru”. É a forma clínica mais comum (90%), de menor gravidade da LTA e apresenta-se em indivíduos com uma efetiva resposta imune celular. A presença mais comum é de lesão única (74%), mas segundo o número de picadas infectantes do vetor é possível o aparecimento de múltiplas lesões (26%) nas partes mais descobertas do corpo, como cabeça, pés, braços e pernas, predominando nas duas últimas (Oliveira-Neto et al., 1988). Observam-se também outros tipos de lesões como úlcero-crostosa, impetigóide, ectimatóide, úlcero-vegetante, verrucosa, tuberosa, linquenóide dentre outras. Nestas 8 formas clínicas é frequente, na fase inicial, o aparecimento de linfangite e/ou adenopatia satélite que poderia preceder as lesões de pele e no cordão linfático é possível sobressair nódulos eritematosos que por vezes também se ulceram (Marzochi, 1992; Barral et al., 1992; Barral et al., 1995). No Brasil, estas formas são causadas principalmente por L. (V.) braziliensis, L. (V.) guyanensis e L. (L.) amazonensis. (Weigle & Saraiva, 1996). Raramente por disseminação hematogênica ou linfática das amastigotas a doença pode evoluir para uma variante cutânea com pequenas ulcerações múltiplas disseminadas conhecidas como forma cutânea disseminada. Esta forma clínica se agrava em indivíduos portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e infectados com L. (V.) braziliensis. (Coura et al., 1987; Da-Cruz et al., 1992). A forma cutânea difusa está associada à infecção por L. (L.) amazonensis, é rara e as lesões podem se apresentar como eritematosas, múltiplas, sob a forma de pápulas, tubérculos, nódulos e infiltrações difusas, e, menos freqüentemente, sob a forma tumoral, não se ulceram e aparecem distante do sítio de inoculação se assemelhando a hanseníase virchowiana (Marzochi & Marzochi, 1994). Além disso, esta forma é resistente ao tratamento medicamentoso convencional, caracterizando uma forma grave da LTA. A forma mucosa é também uma condição de difícil tratamento e de prognóstico reservado quanto à possibilidade de cura. É caracterizada por uma progressiva destruição do tecido mucoso e submucoso, principalmente das cavidades nasal e bucal, seguidas da faringe e laringe, devido a uma exagerada reação de hipersensibilidade celular do tipo tardia, causando lesões desfigurantes, mutilação de face com grande sofrimento à vida. No Novo Mundo o principal agente etiológico é L. (V.) braziliensis, mas mais raramente a L. (V.) panamensis, L. (V.) guyanensis e L. (L.) amazonensis também levam ao desenvolvimento desta forma (Desjeux, 1996; Gontijo & Carvalho, 2003). A apresentação mucosa da LTA geralmente é secundária a forma cutânea, podendo surgir com a lesão cutânea ativa (apresentação mucocutânea) ou anos após sua cicatrização (Weigle & Saraiva, 1996; Gontijo & Carvalho, 2003). Quando o acometimento mucoso é distante da lesão na pele a apresentação mucocutânea é concomitante, e quando o comprometimento mucoso ocorre por extensão da lesão de pele situada próximo à mucosa é chamado de contíguo. 9 2.3 Imunidade A resposta imunológica do indivíduo é um fator determinante no resultado da infecção por Leishmania. Esta resposta pode ser dividida em resposta imune inata e resposta imune adaptativa, sendo esta mais específica contra o patógeno. O resultado clínico de uma infecção por Leishmania é variável e dependente da relação entre fatores do parasito e do hospedeiro, o que pode ser observado pela manifestação de mais de uma forma clínica causada pela mesma cepa de Leishmania (Rogers et al., 2002). Quando o indivíduo entra em contato com o parasita, macrófagos/monócitos e células dendríticas atuam fagocitando o parasita (formas promastigotas) e são as principais células apresentadoras de antígeno, capazes de induzir eficientemente a diferenciação e ativação de células T. Além disso, as células dendríticas são importantes na regulação da resposta efetora e na manutenção do mecanismo de memória. Estas células são capazes de distinguir diferentes tipos de patógenos e assim promover um sinal para as células T, via MHC II, a fim de iniciar uma resposta imune apropriada. Campos et al. (2001) sugere que o alvo de ativação das células dendríticas por protozoários, bem como para produtos bacterianos, seja pelo reconhecimento de moléculas do patógeno através de membros da família de receptores como toll-like receptor (TLR). Essa ativação concomitante a produção de IL-12 e outras citocinas aumentam a expressão de moléculas co-estimulatórias e de quimiocinas que promovem a migração de mais células dendríticas ao tecido periférico e aos órgãos linfóides (Scott & Hunter, 2002). A produção de IL-12 é crítica ao desenvolvimento de uma resposta imune protetora (tipo 1), sendo sua principal fonte as células dendríticas. No entanto, a infecção dos macrófagos por Leishmania prejudica o estímulo a produção de IL-12 por estas células, mas este mecanismo ainda é desconhecido (Carrera et al., 1996; Belkaid et al., 1998; Scott & Hunter, 2002). Outras citocinas como TNF-α e INF-α/β são produzidas pelas células dendríticas ativadas, e assim como IL-12 induzem a produção INF-γ pelas células NK e células T (Awasthi et al., 2004; Hamerman et al., 2005). O INF-γ é a principal citocina produzida por células NK, T CD4+, T CD8+ e T γ/δ de indivíduos infectados por Leishmania e é capaz de induzir a produção de óxido nítrico (NO) dentro dos macrófagos levando a destruição do parasita. No entanto, citocinas como 10 TNF-α, IL-6, IL-18 e IL-12 e INF-α/β (INF do tipo 1) atuam sinergicamente com o INF- γ no controle do parasita (Mattner et al., 1996; Rogers et al., 2002; Awasthi et al., 2004). Estudos em modelos experimentais demonstraram que o controle da infecção por Leishmania é dependente de células T, e que após a apresentação de antígeno a resistência do organismo ao parasito ocorre diante de uma ativação e diferenciação seletiva das células T CD4+ para o tipo 1. Esta resposta é caracterizada pela presença de citocinas, como INF-γ, IL-2, IL-12, IL-18, TNF-α, que induzem a ativação de macrófagos e aumentam a produção de óxido nítrico e intermediários reativos de oxigênio, no interior dos fagócitos, promovendo destruição de parasitas intracelulares (Afonso & Scott, 1993; Ribeiro-de-Jesus et al., 1998; Rogers et al 2002; Awasthi et al., 2004). Entretanto, quando há uma diferenciação das células T CD4+ para o tipo 2, em animais experimentais, com uma expressiva produção de citocinas como IL-4, IL-5 e IL-6, estas atuam inibindo a ativação de macrógagos e permitindo a multiplicação e desenvolvimento do parasita, além de promoverem produção de anticorpos específicos contra o mesmo tornando estes hospedeirso susceptíveis ao desenvolvimento da leishmaniose (Afonso & Scott, 1993; Riberio-de-Jesus et al., 1998; Rogers et al., 2002). Citocinas como IL-10, IL-13 e TGF-β atuam na imunomodulação da resposta imune, diminuindo a reposta tipo 1, sendo caracterizada por resposta tipo 3. O grupo celular Th3 é gerado a partir de células T imaturas (Th0) e produzem citocinas que inibem a produção de INF-γ, impedindo danos ao tecido e promovendo um equilíbrio entre as respostas tipos 1 e 2 (Rogers et al., 2002; Mills, 2004). Outro grupo de células que atuam na modulação da resposta imune são as células T reguladoras naturais (T CD4+CD25+) produzidas no timo e capazes de inibir a proliferação e produção de citocinas pelas células T CD4+ (Th1 e Th2), in vitro. O mecanismo de ação destas células ainda não está bem estabelecido, mas existem evidências de que um contato célula a célula é requerido com o envolvimento de uma molécula co-estimulatória de inibição (CTLA 4). No entanto, existem evidências da capacidade de produção de citocinas (IL-10 e TGF-β) por estas células, controlando a resposta imune excessiva ou mal direcionada, incluindo resposta contra patógenos e antígenos próprios (Maloy & Powrie, 2001; Shevack, 2002; Mills, 2004; Lima, 2006). 11 Ji et al. (2005) avaliando a quantidade de células reguladoras naturais na infecção por L. amazonensis, em camundongos, observaram um rápido acúmulo destas células no sítio de infecção correlacionadas com o aumento da expressão de TGF- β e IL-10, evidenciando o papel destas no controle da resposta tipo 1 e na progressão da doença. A presença de uma maior proporção de células T já foi observada em pacientes curados quando comparados com a proporção anterior à terapia (Da-Cruz et al., 1994). Nos processos efetores o subsítio de células T CD4+ é crucial para a resistência do indivíduo à infecção por Leishmania. Já as células T CD8+ têm sido encontradas participando dos eventos de memória imunológica, independente da presença do antígeno (Müller, 1992; Huber et al., 1998; Belkaid et al., 2002; Rhee et al., 2002) e isto pode ser uma alternativa para explicar a maior proporção da linhagem destas células entre indivíduos vacinados contra LTA (De Luca et al., 1999). A forma cutânea da LTA apresenta uma forte resposta imune mediada por células T, caracterizada por uma alta resposta linfoproliferativa e desenvolvimento de uma reação de hipersensibilidade tardia frente aos antígenos de Leishmania, além da produção de INF-γ (Ribeiro-de-Jesus et al., 1998). Entretanto, no início da infecção há uma menor produção de INF-γ e uma maior produção de IL-10, o que permite a sobrevivência e multiplicação do parasita (Almeida et al., 1995; Ribeiro-de-Jesus et al., 1998). Porém, 60 dias em média após o início da infecção uma forte produção de INF-γ nos infectados é observada, com predomínio de uma resposta tipo 1, em pacientes com forma cutânea da LTA (Ribeiro-deJesus et al, 1998). Na forma mucosa uma alta resposta tipo 1 com produção exacerbada de INF-γ e TNF-α estão associados à destruição tecidual, sendo assim responsáverl pela patogênese desta forma de LTA (Ribeiro-de-Jesus et al, 1998). Já na forma cutâneo-difusa ocorre uma anergia, onde há uma intensa multiplicação do parasita e uma dificuldade no tratamento, evidenciando a influência das células apresentadoras de antígeno, moléculas co-estimulatórias e o ambiente de citocinas presentes no organismo na diferenciação das células T (Convit et al., 1993). Muitos autores, estudando infecções experimentais em modelos animais, têm demonstrado que a imunidade celular exerce um papel importante na cura da LTA (Carvalho et al., 1985; Conceição- Silva et al., 1990; Rousseau et al., 2001; Scott & Hunter, 12 2002), estando diretamente relacionada a ativação de macrófagos, mediante a presença de citocinas (INF-γ e TNF-α), com a produção de óxido nítrico, que leva a destruição dos parasitas intracelulares (Ribeiro-de-Jesus et al, 1998). Já o agravamento da infecção, ocorre pelo bloqueio da atividade fagocitária pela ação de citocinas como IL-4 e IL-10 que atuam, permitindo a proliferação intracelular das amastigotas (Afonso & Scott, 1993; Launois et al., 1997; Ribeiro-de-Jesus et al, 1998; Kane & Mosser, 2001; Rogers et al., 2002). 2.3.1 Aspectos nutricionais e resposta imune O conhecimento da relação entre aspectos nutricionais e a resposta imunológica vêm sendo ampliada em diversos estudos e a desnutrição é um fator importante para a morbi-mortalidade de doenças infecciosas e sistêmicas. As primeiras evidências de desnutrição protéico-calórica e o desenvolvimento de LV foram descritas em camundongos (Actor, 1960). Harrison et al. (1986) observaram uma maior freqüência de LV em crianças com desnutrição protéico-calórica quando comparado as eutróficas. Cerf et al. (1987) observaram uma associação entre a desnutrição e a gravidade do calazar, onde crianças com desnutrição moderada a grave apresentavam um risco relativo de desenvolvimento da LV de 8,7 quando comparado a crianças como o estado nutricional normal. A relação entre a deficiência nutricional e a LTA tem sido pouco estudada. Perez et al.(1979) observaram que camundongos alimentados com dieta pobre em proteínas e vitaminas apresentaram uma maior suscetibilidade à infecção pela L. (L.) mexicana. Weigle et al. (1995) observaram uma maior incidência de leishmaniose cutânea localizada entre crianças equatorianas com anemia ferropriva ou com desnutrição protéico-calórica. Dentre os fatores nutricionais, os elementos traço têm sido fatores chave para designar uma melhor proteção em animais e humanos contra infecções, sendo os principais relacionados a esta proteção o cobre, ferro, selênio e zinco (Munoz et al., 1995; Percival, 1998; Brock & Mulero, 2000; Erickson et al., 2000; Fraker et al., 2000; Rink & Haase, 2007). Estes elementos traço apresentam uma relação importante no desenvolvimento da imunidade inata e adaptativa, atuando na produção, maturação e função de células dos mecanismos de defesa do organismo, como macrófagos, células “natural killer” (NK) e 13 neutrófilos, na imunidade inata e células B e T, na adaptativa. (Erickson et al., 2000; Ibs & Rink, 2003). Estas células requerem uma suplementação adequada de alguns elementos traço para expressão e preservação da estrutura e função de metaloproteínas, essenciais à produção de energia (como ferro nos citocromos a, b e c, NADH e succinato desidrogenase) e proteção das células contra espécies reativas de oxigênio altamente tóxicas (como cobre e zinco na superóxido desmutase, ferro na catalase e o selênio na glutationa peroxidase). Além disso, alguns elementos são componentes estruturais de enzimas requeridas na replicação de DNA e divisão celular e atuam na manutenção de inúmeras enzimas ligadas diretamente ao processo de defesa do organismo (Erickson et al., 2000; Linder, 2001; Rink & Haase, 2007). Características nutricionais do indivíduo, como níveis séricos de elementos traço, têm um papel relevante no desenvolvimento da resposta imunológica específica ao antígeno de Leishmania, apresentando diferentes perfis séricos nas diferentes formas clínicas da LTA (Faryadi & Mohebali, 2003; Kocygit et al., 1998; Machado-Coelho et al., 2005) e a resposta ao tratamento ou às vacinas (Kocygit et al., 1998). 2.3.1.1 Cobre O cobre é o 29º elemento da tabela periódica e é distribuído nos sistemas biológicos no estado cúprico (oxidação +2). Em indivíduo adulto saudável cerca de 50 a 120 mg de cobre são distribuídos pelo corpo, apresentando uma concentração sanguínea aproximada de 1000 µg/L. Em geral, ele se encontra no organismo complexado a proteínas, peptídeos, aminoácidos e outras substâncias orgânicas, sendo necessário às atividades estruturais e catalíticas das metaloenzimas que o contém (Linder et al., 2001; Alexandrova et al., 2003). O cobre é um cofator essencial de muitas enzimas que participam nos processos de óxidoredução, como citocromo c oxidase, superóxido desmutase, catecol oxidase, dopamina-bmonoxigenase entre outras. (Tainer et al., 1983; Palumbo et al., 1990; Yoshikawa et al., 1995). A absorção do cobre ocorre desde o estômago até o duodeno, uma vez que o ambiente ácido do estômago promove liberação do cobre dos complexos orgânicos naturais. Cerca de 70% desse elemento encontra-se ligado a ceruloplasmina, enzima capaz de ligar 6 a 7 átomos de cobre em 3 sítios quimicamente distintos (Linder et al., 2001). A 14 excreção de cobre endógeno ocorre através da bile no interior do trato gastrointestinal (Turnlund et al., 1998). Alguns defeitos metabólicos como Síndrome de Menkes e Doença de Wilson, gravidez e inflamação influenciam no metabolismo do cobre no organismo (Beshgetoor & Hambidge, 1998). A deficiência de cobre é freqüentemente resultado de uma dieta inadequada, síndromes de má absorção, condições que predispõe uma grande perda do elemento ou que aumentam a sua necessidade, como o crescimento rápido, prematuros com baixo peso e crianças que se alimentam frequentemente com leite enriquecido com altas concentrações de carboidratos refinados, pois a frutose e outros açúcares refinados levam a menor absorção do cobre (Turnlund et al., 1998). Já o aumento das concentrações séricas deste elemento é relatado em resposta ao estresse, inflamação e infecção, na Doença de Parkinson, Diabetes mellitus e em condições envolvendo obstrução do fluxo da bile (Milne, 1994; Beshgetoor & Hambidge, 1998). Em experimentos com animais deficientes de cobre foi observado um quadro de anemia e diminuição do timo e baço. Em humanos, a neutropenia, sinal clínico da deficiência deste elemento, associado a uma diminuição da capacidade do neutrófilo em produzir ânions superóxido e destruir microorganismos fagocitados foi relatada por alguns autores (Graham & Cordano, 1976; Williams et al., 1983; Kelley et al., 1995; Percival et al., 1998). Mudanças similares são encontradas nos macrófagos (Babu & Failla, 1990). Essa neutropenia se deve a uma menor produção de células pela medula óssea diante da morte das células progenitoras da linhagem de polimorfonucleados, diminuição do tempo de vida dos neutrófilos periféricos circulantes e uma alteração da distribuição de células sanguíneas para os tecidos e órgãos ou alteração nos padrões de maturação da população de leucócitos, como o aumento de mastócitos (Percival et al., 1995). Além disso, Higushi et al, (1991) detectou anticorpos anti-neutrófilos no soro de indivíduos deficientes de cobre, o que pode indicar um mecanismo de perda destas células. Durante a deficiência de cobre a resposta imune adquirida também é afetada, sendo observada a diminuição do timo e do baço, acompanhada de produção de anticorpos significativamente reduzida, em experimentos animais. Além de um aumento de IL-1 e diminuição da produção de IL-2 pelos linfócitos T, por inibição da transcrição do gene de 15 IL-2, alterando o padrão de citocinas da resposta imune. (Koller et al., 1987; Lukasewycz et al., 1990; Hopkins & Failla, 1997). Em um processo inflamatório uma alteração dos níveis séricos de cobre têm sido relatada por vários autores (Klassing et al., 1987; El- Khoyl et al., 1990; Mastousek et al., 1993; Beshgetoor & Hambidge, 1998; Kocyigit et al., 1998; Faryadi & Mohebali, 2003) e uma relação entre estas mudanças e o aumento da síntese de proteínas de fase aguda (como a ceruloplasmina) vem sendo bem estabelecida como parte de uma estratégia de defesa do organismo induzidas por substâncias, liberadas por macrófagos ativados, como IL-1, TNFα e IL-6 (Barber & Cousins, 1988; Klassing et al., 1988). A IL-1 por sua vez induz ao aumento de ceruloplasmina, importante na absorção do cobre, associado a seu aumento sérico durante processos inflamatórios e infecciosos (Klassing et al., 1987, 1988), como observado na leishmaniose cutânea causada por L. major (Faryadi & Mohebali, 2003; Kocyigit et al., 1998). Este aumento de cobre sérico também foi observado na LTA (formas cutânea e mucosa) e na leishmaniose visceral (LV) por Van Weyenbergh et al. (2004) ao avaliarem indivíduos com LTA e LV, no Brasil. Porém após tratamento convencional os níveis séricos de cobre voltaram a níveis semelhantes aos de indivíduos saudáveis (Kocyigit et al., 1998; Van Weyenbergh et al., 2004). 2.3.1.2 Ferro O ferro é o metal mais abundante no corpo humano, com uma concentração aproximada de 30 a 40 mg/Kg em um adulto saudável, variando em função da idade e do sexo (Bothwell et al., 1979). Cerca de 2/3 do ferro corporal está associada à hemoglobina nos eritrócitos, o restante permanece em estoque na forma de ferritina e hemossiderina e menos de 0,1% se encontra ligado a transferrina no plasma (Bricks et al., 1994). O fígado é o principal órgão de estoque de ferro, contendo cerca de 60% de ferritina, que é diariamente utilizada quando há necessidade de suprir demanda das células mediante uma ingestão insuficiente deste elemento. A deficiência de ferro é a causa mais freqüente de anemia em todo mundo, afetando cerca de 2 bilhões de pessoas. Embora seja um problema presente em todos os grupos etários, em países em desenvolvimento, os casos mais severos são encontrados entre os 16 lactentes, crianças e mulheres em idade fértil (Damsdaran et al., 1979; Dallman et al., 1986; Bricks, 1994; Handler et al., 2002). Os dados da literatura são conflitantes em relação à associação dos processos infecciosos com as deficiências nutricionais de ferro. A carência de ferro aumenta a susceptibilidade às infecções por prejudicar o sistema imunológico do hospedeiro. No entanto, o excesso de ferro no organismo promove a formação intracelular de radicais livres, gerando um dano oxidativo nas células (Cardier et al., 1995) e favorece o crescimento intracelular e multiplicação de patógenos, por reduzir a produção de citocinas importantes a ativação celular e inibir a ação de fagócitos, neste caso sua deficiência tem até um valor protetor contra infecções (Bricks et al., 1994, Mencacci et al., 1997). Como este elemento é essencial ao organismo e ao mesmo tempo apresenta uma toxicidade potencial às células, faz-se necessário um esquema regulatório sofisticado e complexo, a fim de suprir a demanda das células e impedir um acúmulo deletério. Um suprimento adequado de ferro é necessário para muitos processos biológicos, como reações de transferência de elétrons, regulação gênica, ligação e transporte de oxigênio, regulação do crescimento e diferenciação celular. Sua homeostase envolve a regulação de absorção, distribuição, estocagem em ferritina, incorporação em proteínas e regulação da liberação de ferro dos transportadores para outras células ou órgãos (Beard, 2001). O sistema imune requer o ferro para vários mecanismos de defesa, incluindo a produção de intermediários reativos de oxigênio (IRO) e óxido nítrico, melhorando a capacidade citotóxica dos fagócitos (Alford et al., 1991; Behar et al., 1999; CunninghamRundles et al., 2000; Collins et al., 2002). Além disso, ele está envolvido na regulação da produção de citocinas e no mecanismo de ação através de segundo mensageiro (Hershko et al., 1996). Sua deficiência leva a uma atrofia do timo, redução da reação de hipersensibilidade tardia (Omara et al., 1994), diminuição da atividade das células NK, baixa produção de IL-1, IL-2, INF-γ e TNF-α (Omara et al., 1994), diminuição no número de linfócitos T e de sua blastogênese e mitogênese (Sussman, 1974; Kuvibidila et al., 1999). Porém, não afeta a produção de neutrófilos, altera apenas sua atividade por reduzir a atividade da mieloperoxidase, uma enzima contendo ferro responsável pela produção de IRO levando morte intracelular de patógenos (Spear & Sherman, 1992; Beard, 2001). Estas 17 alterações são corrigidas com a reposição deste elemento (Spear & Sherman, 1992; Kuvibidila et al., 1999; Cunningham-Rundles et al., 2000;). Como a síntese de DNA requer uma enzima ferro dependente, ribonucleotídeo redutase, a multiplicação de células pode ser limitada diante da deficiência deste elemento. E o controle e diferenciação das células são influenciados pela biodisponibilidade do ferro e seu transporte para o interior das mesmas, via receptor de transferrina, sendo este um possível mecanismo que explica um dos efeitos da deficiência de ferro no sistema imune (Beard et al., 2001). Citocinas como IL-1, TNF-α e INF-γ influenciam o movimento do ferro no organismo, reduzindo seu pool intracelular disponível por diminuir o receptor de transferrina na superfície da célula, aumentando os estoques de ferritina e ativando os sistemas de síntese de óxido nítrico levando a um diminuição sérica do ferro e um aumento da resposta tipo 1 (Sussman et al., 1974; Murray et al., 1978; Damsdaran et al., 1979; Kochanowski & Sherman, 1985; Ike et al., 1992; Hallquist et al., 1992; Fishbane et al., 1999, Brock & Mulero, 2000). A imunidade humoral parece ser menos afetada pela deficiência de ferro que a imunidade celular. Em indivíduos com carência de ferro a produção de anticorpos em resposta a imunização, com vários antígenos, é preservada. (Hallquist et al., 1992; Spear & Sherman, 1992). Durante os processos inflamatórios e infecciosos, como na LTA, os níveis séricos de ferro encontram-se diminuídos quando comparados a um grupo de indivíduos saudáveis (Kocyigit et al., 1998; Faryadi & Mohebali, 2003). Como muitos patógenos (fungos, bactérias e protozoários) necessitam do ferro para replicação e desenvolvimento, proposto por alguns autores uma estratégia de defesa do organismo seria uma redistribuição deste elemento, tornando-o indisponível aos parasitas. Estas mudanças são induzidas por citocinas como IL-1, TNF-α e IL-6 liberadas dose-dependente por macrófagos ativados (Klassing et al., 1988; Brock & Mulero, 1994; Kocyigit et al., 1998). A lactoferrina é uma proteína ligada ao ferro por alta afinidade, liberada por neutrófilos, presente em fluidos do corpo como leite, saliva, lágrimas e soro, capaz de retirar o ferro da circulação e dos tecidos. Consequentemente, durante a infecção por microorganismos ela funciona como molécula de defesa seqüestrando o ferro circulante. 18 Este mecanismo foi evidenciado em pacientes com tuberculose (Schaible & Kaufmann, 2002), candidíase (Tanida et al., 2001; Ueta et al., 2001), cólera e infectados com algumas enterobactérias (Yamaushi et al., 1993; Walker & Walker, 2000), sugerindo um provável mecanismo para tornar o ferro indisponível à utilização de microorganismos invasores podendo explicar assim os casos de anemia em infecções crônicas. Em experimentos com camundongos, Bisti et al (2000) observou que o excesso de ferro também modula a infecção por L. major, resultando em uma menor multiplicação do parasita, com uma redução de IL-4, IL-6 e IL-10 e aumento de INF-γ e expressão de óxido nítrico sintetase (iNOS). O contrário foi observado em pacientes com excesso de ferro, medido pela saturação de transferrina, altos níveis de citocinas antiinflamatórias como IL-4, IL-6 e IL-10, além de um bloqueio na expressão de iNOS (Weiss, 1999), sugerindo que a susceptibilidade a infecções promovida pelo excesso dos níveis sérios deste elemento se deve, não somente a sua disponibilidade aos patógenos favorecendo seu crescimento, como também a uma alteração na imunidade inata e adquirida. Pedrosa et al., (1990a) avaliando os efeitos da suplementação e deficiência de ferro na evolução da Doença de Chagas em camundongos, observaram resultados discordantes em relação as cepas de Trypanosoma cruzi. A deficiência de ferro foi correlacionada a baixa parasitemia e baixa mortalidade de camundogos infectados com a cepa YuYu, mas apresentou-se maléfica quando camundongos eram infectados com a cepa CL e Y. Os autores sugerem que estas diferenças podem ser consideradas a variadas expressões intraespecíficas entre as cepas. Porém a suplementação de ferro foi correlacionada a alta parasitemia e mortalidade dos camundongos infectados pelas cepas Y, CL e YuYu. 2.3.1.3 Selênio O selênio é um elemento traço que a partir da década de 50 vem sendo reconhecido como essencial ao organismo humano com a avaliação de suas diversas funções. Cerca de mais de 30 selenoproteínas estão sendo identificadas, mas apenas 12 foram parcialmente ou completamente caracterizadas (Behne et al. 1997; Mckenzie et al. 1998). A primeira selenoenzima identificada foi a glutationa peroxidase, responsável pela degradação do peróxido de hidrogênio e neutralização dos radicais livres formados, sendo provavelmente a principal enzima na proteção contra danos oxidativos (Thomson et al., 1977). 19 O nível de selênio nos produtos agrícolas varia proporcionalmente ao teor do elemento no solo onde são cultivados e são refletidos nos níveis séricos deste elemento na população, como demonstrado em alguns estudos nas regiões da Finlândia, Nova Zelândia, costa leste dos EUA e China (Thomson et al., 1996; Burk et al., 1999). Um estudo ecológico desenvolvido em quatro províncias do Iran, com baixos níveis de selênio no solo, demonstrou a relação de maior ocorrência de câncer gástrico na província onde a população apresentou menores valores de selênio sérico entre a população, com uma correlação de 76% (Nouraie et al., 2004). Os alimentos contêm formas orgânicas de selênio como a selenometionina e a selenocisteína, mas muitos experimentos que utilizam suplementação têm usado formas inorgânicas como selenito, embora as orgânicas sejam melhor biodisponibilizadas no organismo. Entretanto o selenito reage rapidamente com a glutationa peroxidase presente nos eritrócitos para formar as selenoglutationas, ou seja, ativando a enzima que possui atividades anticarcinogênicas e induz a apoptose de células tumorais humanas (Mckenzie et al., 1998). Estudos realizados em Linxian, China, onde os níveis de selênio são baixos no solo e nos alimentos, observou-se uma correlação entre altos níveis de carcinomas no esôfago e no estômago em indivíduos com baixa concentração sérica deste elemento (Blot et al., 1985; Li et al., 1993), mas com o uso de suplementação de selênio foi observado uma redução do risco de um desenvolvimento destes tipos de cânceres (Mark et al., 2000). Com base em resultados de estudos animais e boas correlações encontradas em avaliações nas populações humanas, o selênio tem demonstrado exercer um efeito anticarcinogênico, através de alguns mecanismos (Fleming et al., 2001). Sua ação antioxidante é responsável pela redução dos danos no DNA pelos radicais livres e modulação de enzimas que atuam na degradação de xenobióticos envolvidos no metabolismo carcinogênico, reduzindo o impacto de substâncias carcinógenas exógenas provenientes da dieta e prevenindo a degeneração do tecido e a ocorrência de doenças cardiovasculares. A glutationa peroxidase inibe enzimas inflamatórias, como a óxido nítrico sintetase e a proteína C kinase, e atua na síntese de metabólitos do ácido araquidônico, na síntese de lipoxinas, prostaglandinas e leucotrienos, reduzindo os lipoperóxidos, cujo acúmulo 20 prejudica a síntese de prostaciclina e promove um aumento de tromboxana, que leva a uma maior agregação plaquetária nas doenças cardiovasculares (Mckenzie et al., 1998). Um grande avanço no entendimento do papel do selênio no organismo humano aconteceu com a descoberta de selenoenzimas responsáveis pela conversão periférica da tiroxina (T4) para sua forma ativa 3,3’,5-triiodotironina (T3), a iodotironina deiodinase, tipos I, II e III. Além disto, a glutationa peroxidase é altamente expressa nas células foliculares da tireóide. Estas selenoenzimas são capazes de modular muitos aspectos do metabolismo do hormônio da tireóide como iodinação da tireoglobulina na glândula tireóide, síntese periférica de T3 a partir de T4, degradação de T4, inativação de T3 e regulação da atividade da tireóide via eixo hipotálamo-pituitária (Hawkes & Keim, 2003). Imunologicamente a habilidade das selenoproteínas, junto com a vitamina E, em proteger o hospedeiro do estresse oxidativo, durante processos inflamatórios, é de vital importância, sendo uma das formas do hospedeiro para minimizar os danos celulares que a geração de radicais livres no interior de neutrófilos e macrófagos ativados pode causar. A regulação da expressão de receptor IL-2 de alta afinidade nas células T, proliferação e citotoxicidade destas células são algumas das funções do selênio no sistema imune, e como estas células são componentes chave na ativação de células B para síntese de anticorpos, isto pode explicar o efeito estimulatório deste elemento na produção de anticorpos (Roy et al., 1994; Mackenzie et al., 1998). E de fato uma diminuição da imunidade celular relativa à idade pode ser parcialmente revertida com suplementação de selênio aumentando a resposta para IL-2 (Roy et al., 1994). Experimentos com suplementação de selênio demonstram um aumento da atividade de células NK, macrófagos e células T citotóxicas, em camundongos e humanos (Mckenzie et al., 1998). Kocyigit et al. (1999) observou uma diminuição sérica de selênio associada a uma menor atividade da glutationa peroxidase em indivíduos com leishmaniose cutânea, na Turquia, quando comparados com indivíduos saudáveis residentes na mesma área. Com base nestes resultados, estes autores sugerem que assim como demonstrado para outros elementos (cobre, ferro e zinco) (Kocyigit et al., 1998; Faryadi & Mohebali, 2003; Van Weyenbergh et al., 2004) o organismo, como estratégia de defesa, produz citocinas que induzem uma redistribuição do elemento. Uma diminuição sérica do selênio e consequentemente da glutationa peroxidase leva a uma menor capacidade de neutralização 21 dos intermediários reativos do oxigênio, produzidos na degradação do peróxido de hidrogênio no interior dos fagócitos, durante o estresse oxidativo, aumentando o estresse oxidativo e levando a morte de parasitas intracelulares. Além disso, sua deficiência “in vitro” limita o crescimento de microorganismos como Salmonella typhimurium (Boyne et al., 1984), P. bergueii e L. monocytogenes (Murray et al., 1985). 2.3.1.4 Zinco O zinco é um elemento traço relevante ao funcionamento do organismo humano, uma vez que ele é cofator de mais de 300 enzimas, atuando como componente catalítico ou como constituinte estrutural, além de sua função antioxidante neutralizando os radicais livres (Coleman et al., 1992; Rink & Gabriel, 2000). Todd et al. (1934) foi o primeiro a apresentar a necessidade do zinco para o crescimento e desenvolvimento de camundongos. Aproximadamente 30 anos depois, Prasad et al. (1963) descreveu a síndrome da deficiência de zinco em crianças da Pérsia que praticavam geofagia e se caracterizava por anemia, hipogonadismo, hepatoesplenomegalia, alterações na pele e no crescimento e retardo mental. O total de zinco em um organismo humano saudável varia entre 2 a 4 g; este é predominantemente ligado a albumina (60%), α2-macroglobulina (30%) e transferrina (10%) (Scott & Bradwell, 1983). Sua biodisponibilidade é dependente da composição da dieta. Alimentos ricos em fitato e fosfatos quelam o zinco, diminuindo sua absorção, assim como dietas ricas em cátions bivalentes, como Cu, Mg, Cd, Ca, Ni e Fe. Durante períodos de gravidez, amamentação e crescimento há um maior requerimento deste elemento, uma vez que ele é necessário à proliferação das células (Ziegler et al., 1989) sendo fundamental ao desenvolvimento e manutenção dos sistemas com alta proliferação celular como a pele, sistema imune e reprodutor (Chandra et al., 1984; Rink & Gabriel, 2000). Fatores de interação com DNA e RNA, como fatores de transcrição e replicação, são zinco dependentes, e a estabilidade do RNAm é influenciada pelo zinco, por isso a hipozincemia influencia na diminuição da proliferação celular, alterando também as células do sistema imune (Maret et al., 1999; Taylor & Blackshear, 1995). Outro efeito do zinco é a regulação do processo de apoptose das células que é diminuído frente à presença deste elemento traço (Jiang et al., 1995). Vários mecanismos são sugeridos para esta inibição da 22 apoptose, dentre eles a inibição da caspase-3 pelo zinco, indução da síntese de DNA e antagonismo de cálcio inibindo a endonuclease Ca2+/Mg2+ (Maret et al., 1999; Rink & Gabriel, 2000). Na imunidade inata a quantidade dos neutrófilos, células NK e macrófagos encontram-se diminuídos na deficiência de zinco, bem como o recrutamento, a capacidade fagocítica e citotóxica destas células (Allen et al., 1983; Keen et al., 1990; Prasad et al., 2000). As células NK ainda requerem o zinco para interação entre p58, um receptor inibitório das células NK, e de moléculas do complexo de histocompatibilidade maior classe I (MHC I) nas células T alvo, resultando na inibição da atividade de morte pelas células NK (Rajagopalan et al., 1995). Aliado a esta alteração das funções das células NK e células T, a capacidade fagocítica de células mononucleares é reduzida na infecção por Trypanosoma cruzi, observado em indivíduos com estados deficientes de zinco (Wirth et al., 1989; Cook-Mills et al., 1990). As evidências iniciais relativas ao papel essencial do zinco na imunidade relacionavam-o ao desenvolvimento de células T, visto que sua deficiência leva a uma atrofia tímica, por ser cofator da timulina, hormônio secretado pelas células epiteliais do timo que induz a diferenciação de células T imaturas. Este elemento também modula secreção de citocinas por células mononucleares do sangue periférico e induz proliferação de células T CD8+ em combinação com IL-2 (Coto et al., 1992), anergia, redução da resposta linfoproliferativa a mitógenos. Estas mudanças são reversíveis após suplementação de zinco (Fraker et al., 1995; Mocchegiani et al., 1995). Na produção de citocinas este elemento traço está relacionado à manutenção do equilíbrio entre as células T “helper” (Th1 e Th2), induzindo a produção de IL -1, IL-6, TNF-α e INF-γ, além de aumentar a expressão de receptores de alta afinidade para IL-2 nas células mononucleares do sangue periférico (Salas & Kirchner, 1987; Rink & Gabriel, 2000). A utilização do zinco como adjuvante em vacinas, quando administrado em populações com deficiência deste elemento, com dose de suplementação padronizada rigorosamente é uma interessante aplicação do zinco, melhorando a resposta imune a vacinas (Fraker et al., 1986; Cakman et al., 1996). Entretanto, os resultados tem sido contraditórios, pois o excesso de zinco, in vitro e in vivo, inibe a função das células T e reduz a produção de INF- γ (Chandra et al., 1984). Em alguns estudos onde altas doses 23 (40.000µg/L) de suplemento de zinco foram administradas a pacientes foi observada uma diminuição das funções imunológicas, como por exemplo, a redução da reação de hipersensibilidade tardia (Chandra et al., 1984; Patterson et al., 1985; Provinciali et al., 1998; Reinhold et al., 1999; Rink & Gabriel, 2000). Este efeito inibitório do excesso de zinco tem se tornado uma nova ferramenta para o uso na terapia imunossupressora de baixa toxicidade, onde uma supressão seletiva das funções linfocitárias é desejável, como no tratamento da artrite reumatóide e transplante de órgãos (Rink & Gabriel, 2000). Os níveis séricos de zinco avaliados entre indivíduos com leishmaniose cutânea (LC) aguda e crônica, comparados aos de indivíduos saudáveis, estavam significativamente diminuídos (Faryadi & Mohebali, 2003). Resultados semelhantes foram encontrados por Van Weyenbergh et al., (2004) em um estudo realizado no Brasil, entre indivíduos com as formas cutânea e mucosa da LTA. Estes autores também observaram níveis deficientes deste elemento entre os indivíduos com LV. Entretanto, após três meses do tratamento com antimonial houve um retorno dos níveis séricos de zinco a níveis semelhantes aos do grupo controle. Semelhantemente a este estudo, Kocyigit et al. (1998) observaram uma hipozincemia entre os indivíduos infectados com L. major, que também era revertida após o tratamento convencional com antimonial. Vários autores sugerem que esta hipozincemia encontrada entre indivíduos infectados por Leishmania ou com qualquer outro processo inflamatório, seja resultado de uma redistribuição sérica do elemento no organismo, assim como no caso do cobre e ferro, induzido principalmente por citocinas como IL-1, IL-6 e glicocorticóides, ativando a síntese hepática de metalotioneína, sob controle da proteína kinase C. Este aumento da metalotioneína, capaz de se ligar ao zinco sérico retirando-o da circulação, é sugerido, por alguns autores, como mecanismo responsável pela hipozincemia observada durante processos infecciosos (Rofe et al., 1996; Mocchegiani et al., 1998). 2.4 Diagnóstico da LTA 2.4.1 Diagnóstico clínico e epidemiológico O diagnóstico clínico da forma cutânea da LTA é baseado nas características de lesões na pele, número, distribuição e sítio de localização destas lesões. Estas úlceras são 24 circunscritas com borda elevada, fundo granuloso com ou sem exsudação, geralmente indolores. Podem se apresentar na forma localizada (única ou múltipla) ou numerosas lesões em várias partes do corpo (forma disseminada) (Pearson & Souza, 1996; Gontijo & Carvalho, 2003). Em um exame clínico de forma cutânea crônica, a mucosa deve sempre ser avaliada bem como a história pregressa da lesão cutânea, uma vez que a forma mucosa geralmente é secundária a cutânea e pode aparecer meses ou anos após a resolução das lesões de pele. As áreas mais atingidas são as cavidades nasais, seguidas da faringe, laringe e cavidade oral. É possível observar no exame clínico das mucosas atingidas infiltração, ulceração, perfuração do septo nasal, e lesões ulcero destrutivas na mucosa oronasal (Gontijo & Carvalho, 2003). Na anamnese, devem ser considerados, ainda, os dados epidemiológicos, como a existência de casos de LTA na região, procedência de área endêmica (viagem de lazer ou trabalho, residência anterior), referência de cães ou eqüinos com lesões e residindo nas proximidades ou inserção em áreas florestais (Rodriguez et al., 1988; Gontijo & Carvalho, 2003). 2.4.2 Diagnóstico parasitológico O exame parasitológico consiste na utilização de exames diretos (escarificação, punção aspirativa e biópsia com impressão por aposição ou histopatologia) ou indiretos (cultivo e inoculação em animais de laboratório) que evidenciem a presença do parasita (Marzochi & Marzochi, 1994; Gontijo & Carvalho, 2003). Com o material obtido após escarificação, punção aspirativa ou biópsia é realizada impressão por aposição do fragmento obtido em lâmina de vidro, seguida de fixação do material em metanol e corado pelas técnicas de Giemsa ou Leishman. Após a avaliação no microscópio óptico a presença de amastigotas de Leishmania indica um resultado positivo. Este material obtido pode ser adicionado a meios de cultura para o isolamento do parasita (Melo, 1982) e através de técnicas moleculares é possível determinar a espécie do mesmo. Este material também pode ser inoculado em animais de laboratório, sendo este reservado à pesquisas, principalmente pelo tempo de resultado e pelos custos de manutenção do animal, sendo o hamster (Mesocricetus auratus) o animal de escolha (Gontijo & Carvalho, 2003). 25 Na histopatologia o material retirado por biópsia deve ser fixado em formol a 10%, e os parasitas, quando presentes, são encontrados em vacúolos intracitoplasmáticos dos macrófagos ou nos espaços intercelulares, geralmente isolados. O diagnóstico de certeza pela histopatologia somente é dado quando se identifica o parasita nos tecidos (Medeiros et al., 2002). 2.4.3 Diagnóstico imunológico O Teste de Montenegro (TM) é baseado na reação de hipersensibilidade tardia, onde há aplicação intradérmica do antígeno de Leishmania padronizado, na porção anterior do antebraço. A formação de uma enduração no local da aplicação após 48 a 72 indica produção de uma resposta celular contra o antígeno em questão (Melo et al., 1977; da Costa et al., 1996). O TM é um teste auxiliar no diagnóstico da LTA e possui uma sensibilidade variando de 86 a 100% e uma especificidade de aproximadamente 100% em área endêmica, o que a consagrou como uma das provas mais utilizadas na confimação da LTA ativa (Furtado, 1980; Guedes et al., 1990; Silveira et al., 1999). Um resultado positivo evidencia presença de LTA ou exposição prévia ao parasito com ou sem aquisição da doença, mantendo-se positivo mesmo após cicatrização de lesão cutânea tratada ou curada espontaneamente (Salman et al., 1999). Em caso de lesões mucosas a reação do TM é tão intensa que pode levar até a ulceração e necrose local. Já na forma cutâneo-difusa, leishmaniose visceral, pacientes imunodeprimidos ou indivíduos nos primeiros 30 dias após início da lesão cutânea o TM pode apresentar-se negativo (Melo et al., 1977; da Costa et al., 1996). A negatividade do TM tem sido utilizada como critério de inclusão de indivíduos em estudos de caracterização da resposta imune e avaliação da eficácia da imunização após utilização de vacinas contra leishmaniose (Antunes et al., 1986; Armijos et al., 1998; Marzochi et al., 1998; Mayrink et al., 1979; Nascimento et al., 1990), principalmente por possuir uma ótima correlação com a proliferação de células mononucleares do sangue periférico (Nascimento et al., 1990). Os testes de Imunofluorescência Indireta (IFI) e testes imunoenzimáticos (ELISA) avaliam a presença de anticorpos específicos ao antígeno de Leishmania no soro do indivíduo infectado. Estes testes não devem ser utilizados isoladamente para o diagnóstico 26 de LTA, no entanto é útil como critério adicional no diagnóstico quando há lesões extensas e múltiplas e em casos de lesões mucosas. Além do diagnóstico diferencial com outras doenças, especialmente quando não há demonstração do parasita. 2.4.4 Diagnóstico molecular A Polymerase chain reaction (PCR) vem sendo desenvolvida e utilizada desde a década de 90, A reação é baseada na detecção de DNA ou RNA de Leishmania em amostras clínicas humanas e de outros animais suspeitos de apresentarem infecção (Rodgers et al., 1990; Pirmez et al., 1999; Marques et al., 2001; Weigle et al., 2002). Mas sua utilização deve considerar o contexto clínico e epidemiológico da doença (Harris et al., 1998). Belli et al. (1998) ao comparar PCR com o exame parasitológico direto observaram 100% de sensibilidade e especificidade da técnica molecular. Pirmez et al. (1999) observaram uma positividade de 96.9% pela PCR em indivíduos com leishmaniose cutânea frente a uma positividade de 67,4% observada para exame parasitológico nos mesmos indivíduos. Marques et al. (2006) utilizando pacientes de uma área endêmica em Minas Gerais comparou a positividade dos cinco testes diagnósticos (exame parasitológico direto, TM, PCR, IFI e ELISA). Eles demonstraram que a positividade encontrada pela PCR foi maior que as do exame parasitológico e TM quando utilizados isoladamente Também demonstraram que pela PCR foi possível detectar pessoas infectadas que apresentaram exame parasitológico e TM negativos. As positividades dos testes sorológicos (IFI e ELISA) e da PCR foram semelhantes nos indivíduos avaliados. Assim a PCR apresenta-se como um método laboratórial alternativo para o diagnóstico da LTA, sendo muito útil particularmente nos casos onde o exame parasitológico e o TM não conseguem detectar a doença. Com a PCR é possível detectar o DNA ou RNA do parasita, em poucas semanas, antes mesmo de aparecerem alguns sintomas ou sinais clínicos (Weigle et al., 2002; Faber et al., 2003; Singh & Sivakimar, 2003; Lawn et al., 2004; Marques et al., 2006). Entretanto seu custo elevado e a necessidade laboratórios de alta complexidade ainda limitam a utilização deste teste em áreas endêmicas (Oliveira et al., 2003). 27 2.5 Tratamento Apesar do uso medicinal de compostos de antimônio já ser conhecido desde a Antigüidade, séculos antes da era cristã, para diversos fins terapêuticos, somente em 1912, Gaspar de Oliveira Vianna observou que o tártaro emético era eficaz na terapêutica da LTA (Vianna, 1912). Porém diante da intolerância, toxicidade e graves efeitos colaterais indesejáveis estes antimoniais trivalentes foram substituídos por antimoniais pentavalentes (Rath et al., 2003). Atualmente o arsenal terapêutico contra a LTA é restrito e possui severas limitações diante dos efeitos colaterais. Mas o tratamento convencional preconizado pela OMS se baseia na utilização de antimoniais pentavalentes, existentes sob duas formas: o antimonial N-metil glucamina e o stibogluconato de sódio, não sendo o último distribuído no Brasil (Gontijo & Carvalho, 2003). O Ministério da Saúde preconiza o antimonial pentavalente como droga de primeira escolha no tratamento da LTA, com variação de dose entre 10 a 20 mg Sb/Kg/dia via IM tanto para adulto ou criança por 20 dias consecutivos para as formas cutânea localizada, disseminada e difusa. Para a forma mucosa uma dose de 20 mg Sbv/Kg/dia via IM por 30 dias, com repetição do esquema terapeutico até completa cicatrização (Gontijo & Carvalho, 2003). Na ausência de resposta ao tratamento convencional a utilização de drogas de segunda escolha é recomendada (Gontijo & Carvalho, 2003). Os antimonais pentavalentes possuem mecanismo de ação ainda desconhecido e são contra-indicados a gestantes e indivíduos portadores de doenças crônicas (cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, Doença de Chagas) e nos casos de indivíduos com tuberculose, malária e alergias. Além disso apresentam vários efeitos colaterais graves (Berman, 1997) e resistência a estes tem sido reportada (Olliario & Bryceson, 1993). Em Caratinga, o tratamento com o antimonial pentavalente (N-metil glucamina) consiste em um esquema seriado, com administração de 1mL/5Kg de peso corporal, sem exceder a 10mL/dia, por 10 dias consecutivos. Após um intervalo de 10 dias, o tratamento é novamente repetido. O período de 10 dias de tratamento associado ao intervalo de 10 dias é denominado uma série do tratamento. Novas séries devem ser repetidas até completa cura clínica dos pacientes. Este esquema terapeutico seriado diminui os efeitos colaterais sendo vantajoso frente ao esquema preconizado pelo Ministério da Saúde (Mayrink et al., 2006). 28 As drogas de segunda escolha podem ser administradas quando não se obtém resposta ao tratamento com antimonial ou na impossibilidade de seu uso. A Anfotericina B, um antibiótico poliênico de reconhecida ação leishmanicida, deve ser administrada sob vigilância, em serviços especializados, com paciente hospitalizado. Esta possui alto custo, muitos efeitos colaterais e é contra indicada a gestantes, cardiopatas, nefropatas e hepatopatas (Machado-Pinto et al., 2002). A anfotericina B pode ser incorporada em lipossomas carregadores sendo absorvida pelo sistema reticuloendotelial onde o parasita da leishmania reside, e é assim pouco absorvido pelos rins, o maior órgão alvo para a toxicidade da anfotericina B, mas seu alto custo limita seu uso pelos pacientes (Rath et al., 2003; Amato et al., 2004). A Pentamidina é outro medicamento com o qual se tem bons resultados, com baixas doses, na infecção por L. (V.) guyanensis, embora tenha as mesmas contra-indicações da Anfotericina B e vários efeitos colaterais como hipoglicemia, hipotensão, alterações cardiológicas e nefrotoxicidade, o que inviabiliza o amplo tratamento de todos os indivíduos afetados pela LTA. Este fármaco também é eficaz para o tratamento e cicatrização das lesões na forma mucosa onde houve falha terapêutica com antimoniais, anfotericina B e cetoconazol (Amato, 1997). O efeito terapêutico de outros fármacos vêm sendo testados em indivíduos com LTA, como Miltefosina, um agente oral, utilizado no tratamento de câncer, que tem demonstrado eficácia semelhante aos antimoniais frente a L. panamensis, na Colômbia. Na Guatemala, este mesmo fármaco apresentou aproximadamente 50% de eficácia no tratamento de indivíduos infectados por L. braziliensis e L. mexicana. Embora superior ao placebo sua eficácia é muito inferior aos antimoniais (Soto & Berman, 2006). Uma importante ferramente terapêutica tem sido a utilização da imunoquimioterapia, uma associação da vacina anti-LTA com antimoniais pentavalentes. Machado-Pinto et al. (2002) em um estudo duplo cego controlado por placebo demonstraram 100% de cura no grupo que receber a associação de vacina anti-LTA e antimonais, com isso foi utilizada metada da dose usual de antimonial reduzindo os efeitos colaterais provocados pelo medicamento. Resultados concordantes foram encontrados por Mayrink et al. (2006) que aos avaliarem o efeito de vários esquemas terapêuticos, incluindo a imunoterapia e a imunoquimioterapia, observaram que a imunoquimioterapia 29 apresentou um índice de cura de 100% em relação ao tratamento padrão com 17,9% da redução do antimonial, redução do tempo de tratamento e dos efeitos colaterais, com resultados satisfatórios. 2.6 Controle da LTA A diversidade epidemiológica das diferentes formas da LTA dificulta seu controle, diante da impossibilidade da implantação de um conjunto de medidas de controle único e aplicável em qualquer região. Uma complexidade de diferentes manifestações da LTA em todo o mundo foi associada, e descrita em 11 entidades ecoepidemiológicas, durante um encontro do Comitê de Experts no Controle da Leishmaniose em 1990 (WHO Technical Report Series), os quais definiram métodos e estratégias de controle para cada entidade, sugerindo que uma forma comum a todos os locais endêmicos de reduzir a incidência desta doença seria integrar as atividades de controle específico a cada região e vigilância, nos níveis técnicos e econômicos, evitando que ferramentas usadas no controle da LTA que já existem sejam aplicadas incorretamente e inadequadamente avaliadas (Desjeux, 1996, 2004). Medidas antivetoriais, aplicadas na LV, não são aplicáveis na LTA, em regiões do Novo Mundo, principalmente na Amazônia, diante do caráter zoonótico da LTA, apresentando vetores silvestres. A utilização de detetização utilizando piretróides intradomiciliar e peridomiciliar é eficiente em algumas regiões mas se torna inviável devido ao seu alto custo, periodicidade e comportamento dos insetos vetores (Desjeux, 2004). Como os reservatórios também são em sua maioria silvestres, o controle destes também se torna inviável (Marzochi & Marzochi, 1994). Medidas de proteção indivídual como o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas e uso de repelentes aplicados sobre a pele, tem se mostrado útil onde a transmissão ocorre intradomicílio (Marzochi & Marzochi, 1994). Em focos silvestres de L. guyanensis, técnicas de mudanças ambientais como a criação de uma zona de 400 metros, livre de mata ao redor de vilas tem sido utilizada com algum sucesso (Desjeux et al., 1996). A educação da população com relação à saúde e a LTA pode contribuir para que a comunidade permaneça em constante vigilância alertando o sistema de saúde diante do aparecimento de casos, detecção e tratamento precoce dos casos e combate aos focos de 30 transmissão da doença (Marzochi & Marzochi, 1994; Moreira et al., 2002; Reis et al., 2006). Considerando a inviabilidade de medidas de controle para a LTA, principalmente frente a sua complexidade e seu caráter zoonótico, o desenvolvimento e utilização de vacinas seguras e eficazes para a imunização de indivíduos expostos, em áreas de alto risco de infecção de LTA, representa um grande avanço em saúde pública na prevenção desta doença (Marzochi & Marzochi, 1994; Kedzierski et al., 2006). 2.7 Vacina anti-leishmaniose tegumentar americana Os primeiros estudos de uma vacina anti-LTA, no Brasil, foram realizados no estado de São Paulo, por Salles Gomes (1939) ao inocular, por diferentes vias, promastigotas mortas de Leishmania em pacientes com LTA ativa. O autor observou regressão das lesões quando foi utilizada a via intravenosa. Os resultados levaram-no a especular que promastigotas mortas de Leishmania poderiam agir como uma vacina profilática efetiva contra as várias formas de LTA (Salles Gomes, 1939). Em 1940, Pessoa & Pestana explorando as potencialidades da vacinação com extratos de promastigotas mortas de Leishmania conduziu ensaios clínicos numa amostra de 1.127 indivíduos, em seis áreas endêmicas para LTA no estado de São Paulo. A um grupo de 527 indivíduos foi administrado a vacina e a outro grupo, composto por 600 indivíduos acompanhados ao longo do tempo sem vacinação. Os autores observaram uma diferença significativa entre a incidência de infecção nos vacinados (3,2 %) e não vacinados (18,0 %), com poucos casos de lesões no primeiro grupo (Pessoa et al., 1940; Pessoa, 1941). Entretanto, estes estudos foram abandonados, provavelmente devido ao declínio da incidência da LTA em antigas áreas endêmicas (Marzochi et al., 1998). Trinta anos depois, Mayrink e colaboradores, resgatando os ensaios de Salles Gomes e de Pessoa & Pestana, desenvolveram uma vacina anti-LTA, preparada com um pool de cinco cepas de Leishmania, isoladas em diferentes partes do Brasil. Os ensaios realizados na região de Caratinga (MG), em uma amostra de 674 vacinados e 974 placebos demonstraram uma taxa de 78,4 % de conversão do TM três meses após vacinação (Mayrink et al., 1979). 31 Em 1985, esta vacina pentavalente foi testada em Viana, no estado do Espirito Santo por Mayrink e cols., durante uma epidemia de LTA. Diferenças significativas foram observadas nos níveis de infecção entre os grupos de vacinados e não vacinados, com 87,6 % de conversão do TM após vacinação (Mayrink et al., 1985). Antunes et al. (1986) com o objetivo de avaliar a capacidade profilática desta vacina pentavalente anti-LTA em área endêmica, realizaram um estudo em Manaus, com militares ativos do Exército Brasileiro em treinamento na floresta Amazônica. Os autores observaram taxa de conversão do TM entre os indivíduos vacinados de 70% e uma redução anual dos níveis de incidência da LTA de 67,3% em 1981 e 85,7% em 1983 entre o grupo vacinado quando comparado com o grupo placebo. O maior nível de incidência da LTA entre o grupo vacinado de 1981, segundo os autores se deve a imunossupressão causada pela imunização contra febre amarela pouco tempo antes da vacinação anti-LTA. Nascimento et al. (1990) avaliando a indução de uma resposta imune por duas vacinas diferentes, denominadas Leishvacin 5 (composta por 5 cepas de Leishmania) e Leishvacin 6 (composta por seis cepas de Leishmania), observaram índices de estimulação de linfócitos significativamente superiores nos grupos vacinados quando comparados ao grupo placebo com uma correlação de 90% entre o índice de estimulação de linfócitos e o TM. Diante da capacidade imunogênica da vacina pentavalente anti-LTA demonstrada nos estudos acima, Mendonça et al. (1995) realizaram um ensaio objetivando caracterizar a produção de linfocinas e o fenótipo das células envolvidas na resposta imune induzida por esta vacina, em 43 indivíduos saudáveis, sem qualquer evidência prévia de infecção por Leishmania. Eles observaram 74% de conversão do TM entre os vacinados e uma resposta imune mediada por células T com certo grau de espécie específicidade, uma vez que não houve aumento da resposta linfoproliferativa frente aos antígenos de L. chagasi. Além disso, uma produção de INF-γ e ausência de IL-4, indicando que a resposta induzida pela vacina é potencialmente benéfica, foram encontradas aliado a um aumento da proporção de células T CD8+ antígeno-específica, sugerindo que estas células e IFN-γ participam do processo de proteção contra leishmaniose induzido por esta vacina. Apesar dos efeitos extraordinários obtidos com a vacina multicepas, únicos no mundo, algumas questões foram levantadas a respeito de sua composição e caracterização, 32 em duas reuniões realizadas em 1991. Estas foram patrocianadas pela Organização PanAmericana de Saúde e a UNDP/World Bank/WHO “Special Programe for Research and Training in Tropical Diseases (TDR)”, com o titulo de “Consulta técnica sobre o desenvolvimento de uma vacina no Brasil” em Washington, EUA, e a segunda realizada em Belo Horizonte, Brasil, organizado pelo TDR/WHO, antiga BIOBRAS e UFMG. Uma das questões discutidas foi o fato de não haver evidência de necessidade de uma vacina multicepas, pois a proteção não é espécie específica. Além disso, havia dificuldades na produção da vacina em grande escala, frente às diferenças nas características de crescimento de cada cepa. Estas questões associadas à presença, na composição da vacina, de cepas taxonomicamente não bem definidas poderiam causar problemas na padronização para uso geral, diante da dificuldade de identificação de antígenos responsáveis pelo efeito protetor na vacina polivalente, o que indicou a necessidade de avaliação de uma vacina monocepa (Marzochi et al., 1998; Mayrink et al., 2002). A fim de avaliar qual a melhor cepa constituinte da antiga vacina pentavalente antiLTA, de acordo com os parâmetros imunológicos, foram preparados extratos antigênicos de cada uma destas cinco cepas e testados em camundongos C57BL/10. Uma resposta imune celular protetora a cada antígeno testado foi observada seis meses após a infecção desafio com L. (L.) amazonensis, indicando que cada cepa testada apresentava um potencial imunogênico semelhante à resposta imune induzida pela vacina polivalente. No entanto, a vacina monovalente produzida com a cepa PH8 de L. (L.) amazonensis (IFLA/BR/67/PH8), induzia melhores níveis de INF-γ detectados no sobrenadante de células esplênicas dos animais vacinados, sugerindo que esta deveria ser eleita para ensaios clínicos humanos (Mayrink et al., 2002). A vacina produzida com L. (V.) braziliensis apesar de induzir uma melhor resposta estimulativa foi preterida em função da suspeita de que as lesões mucocutâneas sejam causadas por estímulos de auto-agressão por antígenos desta espécie. Outro motivo da escolha de L. amazonensis foi sua caracterização e seu fácil crescimento em meio de cultura (Marzochi et al., 1998; Mayrink et al., 2002). Um estudo de fase I, duplo cego, foi realizado por Marzochi et al. (1998), no Brasil, a fim de avaliar a presença de efeitos colaterais desta vacina anti-LTA monocepa aplicada em voluntários normais, num esquema de duas doses intramuscular (IM) de 1,5 mL desta vacina. Uma dor leve no local da aplicação foi observada, mas não se extendeu por mais de 33 24 horas, levando a conclusão de que esta vacina apresenta segurança para ser utilizada em populações humanas, aplicadas num esquema de duas doses IM de vacina não autoclavada na concentração de 1440 mg de nitrogênio por dose. A imunogenicidade da vacina tem sido avaliada principalmente pela conversão do TM, da proliferação de CMSP e da produção de INF-γ e IL-12, uma vez que a resposta imune induzida pela vacina tem sido caracterizada como uma resposta mediada por células, protetora do tipo Th1, com aumento da produção de INF-γ e IL-12 e ausência do aumento da produção IL-4 por células mononucleares dos vacinados. Um predominante aumento na proporção de células T CD8+ também vem sendo observado entre os vacinados, bem como em indivíduos curados, sugerindo que estas células têm uma função protetora na LTA (De Luca et al., 1999; De Luca et al., 2001). A utilização do TM como método de seleção de indivíduos aptos a receberem a vacina, bem como para a avaliação da imunogenicidade desta em ensaios vacinais é utilizada por vários autores (Mayrink et al., 1979, 1985, 1986; Antunes et al., 1986; Nascimento et al., 1990; Mendonça et al., 1995; Marzochi et al., 1998; De Luca et al., 1999), justificada pela correlação de 90% encontrada entre o TM positivo e índices de estimulação de linfócitos positivos (Nascimento et al., 1990). Por ser o TM um teste barato e aplicável em áreas endêmicas com facilidade e confiabilidade, este teste pode ser muito útil em ensaios vacinais. A estabilidade e capacidade imunogênica das preparações da vacina monocepa antiLTA foram avaliadas por De Luca et al. (1999) em um estudo onde eles observaram taxas de conversão do TM, 40 dias após vacinação, significativamente diferentes de 59% e 83% para a vacina autoclavada e não autoclavada, respectivamente. Esta vacina foi capaz de induzir uma resposta imune mediada por células T humanas contra Leishmania, uma maior resposta proliferativa de células mononucleares do sangue periférico (CMSP) e um aumento da produção de INF-γ e IL-2, com predominância do subsítio CD8+ entre o grupo dos vacinados, demonstrando-se imunogênica (De Luca et al., 1999). Porém, a vacina autoclavada não apresentou suas propriedades imunológicas e bioquímicas preservadas (De Luca et al., 1999). Ensaio semelhante foi realizado por Mayrink et al. (1999) onde todos os voluntários receberam duas doses (360 µg de nitrogênio por dose) em um intervalo de 21 dias de 34 vacina monocepa anti-LTA nas seguintes preparações: autoclavada, não autoclavada, liofilizada, autoclavada estocada por 12 meses, não autoclavada estocada por 12 meses e liofilizada estocada por 12 meses, com taxas de conversão do TM de 89,3 %, 89,3 %, 92,0 %, 26,7 %, 93,3 % e 80,0 %, respectivamente. Apenas o grupo que recebeu a vacina autoclavada estocada por 12 meses apresentou menores taxas de conversão do TM e menor produção de INF-γ. Evidenciando que os processos de liofilização e autoclavação não prejudicavam a imunogenicidade de produtos recentes. Porém, após 12 meses preparações autoclavadas estocadas a 4ºC apresentaram significante diminuição da imunogenicidade, avaliada pela baixa conversão do TM e produção de INF-γ. Ensaio mascarado controlado por placebo e randomizado, para a determinação da melhor concentração da vacina, foi realizado por De Luca et al. (2001). Voluntários foram divididos em grupos que receberam duas ou três doses de placebo ou 180, 360 ou 540 µg N por dose de vacina. O esquema de duas doses de 360µg N/dose foi preconizado para utilização em ensaios posteriores com esta vacina, pois foi capaz de induzir 100% de conversão do TM e produziu maiores níveis de INF-γ. Em um ensaio clínico realizado por Vélez et al. (2000), na Colômbia, a imunogenicidade da vacina monocepa anti-LTA associada ao adjuvante BCG foi avaliada pela conversão do TM, 60 dias após o término da vacinação. Sendo observado uma taxa de 86,4% de conversão do TM, após vacinação, no grupo que recebeu apenas a vacina e 67,9 % para o grupo que recebeu a associação de vacina com BCG, quando comparado aos 25,0 % placebo e 81,3 % do placebo associado ao BCG. Os grupos que receberam apenas vacina e placebo foram reavalidos um ano após a vacinação e apresentaram uma taxa de conversão do TM de 90,0% e 5,0 %, respectivamente. Um alto índice de linfoproliferação também foi observado no grupo vacinado por até um ano após a vacinação, o mesmo não se observou no grupo placebo. Esta vacina foi segura por não apresentar efeitos colaterais graves. Aliado a imunogenicidade observada neste estudo de fase I/II, a vacina passou a ser sugerida para estudo de fase III com avaliação da sua eficácia. Paralelamente ensaios de fase III foram realizados por Armijos et al. (2004), no Equador, e por Vélez et al. (2005), na Colômbia. No primeiro estudo uma população de 1995 indivíduos, dos quais 1.009 receberam vacina anti-LTA e 986 receberam placebo. A ausência de efeitos colaterais graves indicou segurança desta vacina. A conversão do TM 35 60 dias após a vacinação foi de 74,4 % no grupo dos vacinados e 14,7 % no grupo que recebeu placebo, confirmando sua imunogenicidade. Entretanto, não foi observada diferença significativa entre a taxa de incidência de LTA entre o grupo vacinado (2,0%) comparado ao grupo placebo (1,3%), durante 26 meses de acompanhamento. Os autores sugerem que o processo de autoclavação pode ter sido um dos responsáveis por essa baixa proteção (Armijos et al., 2004). No segundo estudo, realizado por Vélez et al. (2005) com 1.302 vacinados e 1.295 placebos foi observado uma conversão do TM, um ano após a vacinação, de 84,3% no grupo vacinados comparado a 16,8% no grupo placebo, indicando a imunogenicidade desta vacina. A incidência de LTA no grupo dos vacinados foi de 7,7% comparada ao grupo placebo que foi de 6,8%, durante um ano de acompanhamento. Os autores consideraram que esta vacina é segura e imunogênica. Mas infelizmente, estes autores não realizaram o TM 60 dias após vacinação como em outros estudos, sendo este realizado apenas um ano depois, apresentando uma falha no protocolo do ensaio e tornando-o não válido a comparação com demais estudos de fase III. Os autores concluem que sua proteção contra L. panamensis, parasita presente no local do estudo, foi muito baixa. Portanto, uma vacina ideal deve induzir a formação de uma resposta imune na maioria dos vacinados e conferir uma proteção duradoura contra o antígeno em questão. Muitos podem ser os fatores responsáveis pelos aproximados 30% de indivíduos vacinados que não convertem o TM. Dentre eles, fatores característicos dos indivíduos como fatores nutricionais que afetam diretamente o estado imunológico devem ser avaliados, uma vez que vários autores têm demosntrado uma relação entre a resposta imune e a os fatores nutricionais, principalmente elementos traço como cobre, ferro, selênio e zinco (Erickson et al., 2000; Faryadi & Mohebali, 2003; Kocyigit et al., 1998; Van Weyenbergh et al., 2004). 36 3. Justificativas 37 Diante do percentual significativo de indivíduos que não convertem o TM 60 dias após a vacinação contra LTA e da relação existente entre os elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco) e resposta imune (Koçyigit et al., 1999; Erickson et al., 2000; Mocchegiani et al., 2000; Arthur et al., 2002; Rink & Haase, 2007), este trabalho envolve o estudo da associação entre os fatores nutricionais e a resposta ao TM em indivíduos vacinados anti-LTA. A hipótese é que a carência de alguns elementos traço promove uma diminuição significativa da atividade imunológica, explicando assim o percentual de indivíduos que não respondem à vacina e com isso uma menor taxa de proteção esperada pela vacina. Uma vez que (i) a doença causa um estigma social por apresentar lesões desfigurantes ou deformidades, (ii) seu tratamento é caro, doloroso com muitos efeitos colaterais e contra indicado a certos grupos da população e (iii) o controle da transmissão da LTA é complexo diante do seu vasto perfil epidemiológico, a obtenção de uma vacina eficaz, com maior poder imunogênico, é de fundamental importância para a proteção da população exposta a leishmaniose, doença endêmica em muitas áreas do Brasil e que se encontra em franca expansão (Desjeux, 2004; Gontijo & Carvalho,2003). Vários fatores ligados ao parasita estão envolvidos no grau de imunogenicidade de uma vacina, tais como o tipo de cepa e a forma de apresentação. Também, fatores do hospedeiro, genéticos e nutricionais, atuam sobre a resposta imunológica à vacina. Na busca de uma vacina eficaz é fundamental a geração de conhecimentos, tanto sobre fatores ligados ao parasito quanto aos fatores inerentes ao hospedeiro. Não existem estudos sobre a associação de cobre, ferro, selênio e zinco com a resposta imune induzida pela vacina monocepa, utilizando Leishmania amazonensis. Os conhecimentos do possível papel destes elementos-traços sobre o padrão de resposta imune induzida pela vacina anti-LTA podem trazer novas perspectivas para o desenvolvimento de melhorias nas formulações da vacina, buscando uma maior efetividade na prevenção de indivíduos expostos. Estes estudos poderão indicar a necessidade de aplicação de medidas de prevenção primária visando uma melhoria do estado nutricional dos indivíduos de áreas endêmicas, de forma a estimular a resposta imunológica desta população. 38 4. Objetivo 39 4.1 Objetivo geral Avaliar a relação entre os fatores nutricionais e a resposta ao Teste de Montenegro em indivíduos submetidos à vacinação anti-leishmaniose tegumentar americana. 4.2 Objetivos específicos 1. Determinar a presença de associação entre os níveis séricos de elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco) e a resposta ao TM em indivíduos submetidos à vacinação anti-LTA. 1ª Hipótese: Indivíduos vacinados que apresentarem baixos níveis de cobre, ferro, selênio e zinco podem apresentar uma menor taxa de conversão ao TM do que indivíduos com níveis mais elevados destes elementos. 2. Avaliar a presença de associação entre antropometria e resposta ao teste de Montenegro (TM) em indivíduos submetidos à vacinação anti-LTA. 2ª Hipótese: Indivíduos com desnutrição protéica calórica apresentam menor probabilidade de converter o teste de Montenegro do que indivíduos eutróficos. 3. Padronizar o método analítico para a determinação de cobre, ferro e zinco por ICP OES e validar o método para a determinação de selênio por FI-HGAAS. 40 5. Materiais e Métodos 41 5.1 Desenho e população do estudo Um ensaio comunitário denominado “Estudo do impacto da vacina anti-LTA sobre a incidência da Leishmaniose Tegumentar Americana em Caratinga, Minas Gerais: Ensaio Comunitário” – (Projeto: FAPEMIG/ nº 0262), foi realizado na microrregião de Caratinga, Minas Gerais, área endêmica para LTA. Um total de 8.676 indivíduos com idade entre 5 a 65 anos, história negativa para LTA e que apresentaram TM negativo participaram deste estudo. Eles foram dividos em dois grupos: um que recebeu a vacina (n = 4.767) e outro que recebeu placebo (n = 3.909). Indivíduos foram excluídos quando apresentaram história prévia de leishmaniose (n = 583) ou TM positivo (n = 558), ou quando eram portadores de doenças crônicas sérias (doenças autoimunes, diabetes, doenças cardiovasculares) ou infecções, eram gestantes ou apresentaram uma temperatura corporal maior que 37,5ºC no momento da vacinação. Todos os voluntários receberam duas doses, intramuscular, de vacina anti-LTA ou placebo. O presente estudo consiste em um ensaio experimental, mascarado realizado com uma subamostra (n=172) selecionada aleatoriamente entre o grupo de vacinados do ensaio comunitário descrito acima, residentes nas localidades de Patrocínio, Fazenda Caetana e Córrego do Emboque da microrregião de Caratinga, Minas Gerais, Brasil. Após 60 dias da vacinação um novo TM foi realizado e de acordo com os resultados os participantes deste ensaio foram divididos em dois grupos: um composto pelos indivíduos TM negativos (n=97) e outros pelos TM positivos (n=75). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Ouro Preto (CEP/UFOP 2005/52) e todos os indivíduos selecionados e/ou seu responsável legal receberam informações sobre a importância deste estudo e destes foi obtida a assinatura do Consentimento livre e esclarecido. 42 “Estudo do impacto da vacina anti-LTA sobre a incidência da Leishmaniose Tegumentar Americana em Caratinga, MG: Ensaio Comunitário” Vacina (n = 4.767) Placebo (n = 3.909) Ensaio experimental (n = 172) TERMO DE CONSENTIMENTO TM positivo (n = 75) TM negativo (n = 97) PAREADO Estado nutricional (Antropometria) Elementos traço (Cu, Fe, Se e Zn) Figura 1. Organograma do estudo para avaliação da influência dos elementos traço e estado nutricional na resposta induzida em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005. 5.2 Cálculo do tamanho da amostra O tamanho mínimo da amostra para o estudo foi calculado no programa EPI INFO versão 3.3.2, baseado nas seguintes premissas: 1. Razão de 1/1 entre o grupo teste e o grupo controle; 2. Desvio padrão da concentração de zinco sérico no grupo controle igual a 191,9 mg/L (Faryadi et al., 1998); 3. Variação de 5% em torno da média da concentração de zinco sérico que é igual a 1.161,7 mg/L no grupo controle (Faryadi & Mohebali, 1998); 4. Diferença de 30% entre os grupos teste e controle. A amostra mínima necessária para detectar uma diferença de 50% foi de 90 indivíduos divididos em dois grupos. Grupo de casos: 45 indivíduos que não converteram o 43 TM 60 dias após a vacinação anti-LTA. Grupo controle: 45 indivíduos que converteram o TM, também 60 dias após vacinação anti-LTA. 5.3 Vacina A vacina utilizada neste ensaio foi composta por promastigotas mortas de L. (L.) amazonensis (IFLA/BR/67/PH8) conservadas em uma solução de tampão fosfato mertiolatada (100µg/mL de mertiolate) à temperatura de 2 a 8 ºC, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde e produzida de acordo com a metodologia descrita por Mayrink e colaboradores (1979). O esquema de vacinação consistiu em aplicação intramuscular de duas doses de 1 mL de vacina (360µg de nitrogênio total) com um intervalo de 21 dias entre as doses, utilizando seringas plásticas descartáveis de 1 mL. 5.4 Teste de Montenegro A reação de hipersensibilidade tardia (Teste de Montenegro) foi realizada mediante a aplicação de 0,1 mL de uma suspensão de promastigotas mortas de L. (L.) amazonensis (IFLA/BR/67/PH8) (40 µg.mL-1 nitrogênio total) diluídas em uma solução salina contendo timerosal (100 µg/mL), de acordo com a metodologia padrão (Mello et al., 1977; da Costa et al., 1996). Quarenta e oito horas após aplicação do TM foram medidos os diâmetros maior e menor da enduração no local da aplicação utilizando um paquímetro (da Costa et al., 1996; Salman et al.,1999). A seleção dos indivíduos aptos a receberem a vacina foi realizada pela apresentação de um TM negativo e a avaliação da resposta imune induzida pela vacina anti-LTA dos participantes deste ensaio foi realizada através do TM, aplicado 60 dias após a vacinação. 5.5 Coleta de dados antropométricos Os dados antropométricos (altura e peso) foram obtidos no momento da coleta de sangue, 48 horas após a aplicação do TM. A aferição da altura foi realizada utilizando o antropômetro de campo, com escala em centímetros (cm). O peso foi determinado utilizando a balança Tanita BF escala 542, com graduação de gordura corporal de 0,5% 44 (Tanita Corporation of America, Inc. Arlington Heights, IL, USA). Para a aferição o indivíduo permaneceu em pé e com bexiga vazia. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado dividindo o peso corporal (Kg) pelo quadrado da altura (m2). O IMC foi classificado de acordo com o critério da Organização Mundial de Saúde em baixo peso ( < 18.5 Kg/m2), eutróficos (18.5 – 24,9 Kg/m2), sobrepeso ( 25,0 – 29,9 Kg/m2)e obesos ( > 30,0 Kg/m2) para indivíduos acima de 18 anos (WHO, 1997). 5.6 Coleta de amostras e mascaramento Todas as amostras de sangue foram coletadas, 48 horas após a aplicação do TM, em sistema a vácuo. Para a determinação de cobre, ferro, selênio e zinco foram coletados cerca de 10 mL de sangue, em tubo sem anticoagulantes. As amostras foram centrifugadas a 3000 g/min durante 5 minutos, para separação do soro, que foi armazenado em microtubos de polietileno à temperatura de – 20 ºC, devidamente identificados. Para a realização dos hemogramas utilizou-se EDTA como anticoagulante. Foi necessário a utilização de luvas sem talco, tanto para a coleta quanto para o processamento das amostras, a fim de evitar contaminação das amostras com minerais. A codificação das amostras foi realizada, pelo coordenador do estudo, a partir de uma tabela de números aleatórios, logo após a coleta e estes códigos foram revelados somente após a realização das análises laboratoriais, a fim de se proceder às análises estatísticas. 5.7 Realização dos Hemogramas O hemograma completo foi realizado no Laboratório Piloto de Análises Clínicas da UFOP (LAPAC/UFOP), a partir do sangue coletado em sistema à vácuo, contendo EDTA como anticoagulante, em um contador automático de células ABX micros 60, que fornece contagem de hemácias, global de leucócitos, linfócitos e plaquetas, hematócrito, dosagem de hemoglobina e índices hemantimétricos. O esfregaço sanguíneo foi realizado em lâmina de vidro para a diferencial de leucócitos e avaliação das características das hemácias em microscopia óptica pelo analista clínico. 45 A presença de anemia carencial foi determinada pelos níveis de hemoglobina de acordo com Dallman & Simes. (1979) (Tabela 1). Tabela 1. Limites inferiores da normalidade para hemoglobina (g/dL), segundo idade e sexo. Idade (anos) Sexo Hemoglobina (g/dL) ≥ 0,5 – 5,0 11,0 5,1 – 9,0 11,5 9,1 – 12 12,0 12,1 – 14,0 14,1 – 18 > 18 Feminino 12,0 Masculino 12,5 Feminino 12,0 Masculino 13,0 Feminino 12,0 Masculino 13,5 Fonte: Dallman & Simes, 1979. 5.8. Determinação dos teores séricos de cobre, ferro, selênio e zinco Todos os ensaios para a determinação dos teores séricos de cobre, ferro, selênio e zinco, foram realizados no laboratório de Traços Metálicos da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – LTM/CETEC, composto de um sistema de controle de contaminação tipo “Sala Limpa” classe ISO – 7 a e de módulos de fluxo laminar classe ISO – 5 b. a Classe ISO-7:0,5µm( 352 000 partículas/m3),5µm (293 partículas/m3)(ISO14644:1999). b Classe ISO-5:0,5µm( 3 520 partículas/m3),5µm (29 partículas/m3)(ISO14644:1999). 46 Para utilização do laboratório LTM/CETEC foi necessário treinamento quanto aos procedimentos específicos para trabalhos em uma área limpa. Os métodos foram validados utilizando-se figuras de mérito para verificação do desempenho analítico, recomendadas por organismos oficiais a exemplo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO); A Focus for Analytical Chemistry in Europe (EURACHEM); Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal (RELACRE) e International Organization for Standardization (ISO). Para os ensaios de selênio foram feitas validações completas, uma vez que as metodologias estavam sendo implantadas no laboratório durante a execução do trabalho, partindo-se de métodos publicados na literatura, visto não terem sido encontradas indicações de métodos oficiais (Batarióvá et al., 2005). Para os ensaios de cobre, ferro e zinco já implantados no LTM/CETEC foram feitos, testes de acompanhamento do método dando continuidade à operação e avaliação das cartas de controle para médias, já implantadas no laboratório, análise de material de referência, em água e testes de recuperação da adição do padrão às amostras de soro. Os testes de recuperação foram efetuados visando certificar se não existia interferência de matriz e se não havia perda dos analitos durante o processo de preparo das amostras. 5.8.1 Reagentes utilizados Para a realização das análises químicas foram utilizados os seguintes reagentes: a) solução de referência de Se contendo 1 g/L (Titrisol - Merck); b) solução de referência certificada – OC 486692 ICP Multi Elemento Standard IV 1g/L (Merck); c) ácido nítrico p.a. 65% Merck; d) ácido clorídrico p.a. 37% Merck; e) peróxido de hidrogênio 37% Merck; f) água purificada tipo II com resistividade de aproximadamente 10 megaohms/cm obtida por osmose reversa; g) água ultrapura tipo 1 – obtida através do sistema de ultrapurificação Milli-Q da Millipore- resistividade 18,2 megaohms/cm, alimentado com água tipo II; 47 h) Nitrogênio - pureza mínima 99,99%; i) Argônio – pureza mínima 99,99%; j) Padrão de referência - NIST- SRM 1643c-Trace Metal in Water; 5.8.2 Equipamentos a) Espectrômetro de emissão ótica, com fonte de plasma indutivamente acoplado - ICP OES – Perkin Elmer© modelo Optima 3000 com tocha radial; b) Espectrômetro de absorção atômica Perkin Elmer© modelo Analyst 100 com Gerador de Hidretos MHS 20 e sistema de injeção de fluxo FIAS 400; c) Sistema de purificação de água por osmose reversa e sistema de ultrapurificação de água - Milli-Q da Millipore©; 5.8.3 Preparo das amostras A dois mililitros de soro, adicionou-se ácido nítrico 65% e peróxido de hidrogênio 37% v/v, aquecendo em chapa à temperatura de aproximadamente 90ºC, até que a solução se apresentasse límpida, evidenciando a destruição da matéria orgânica. Após a digestão e resfriamento a solução foi tratada com ácido clorídrico 37% visando a redução de todo selênio presente, para o estado de oxidação +4. Essa etapa foi realizada em banho-maria a temperatura de aproximadamente 60ºC. A solução final foi transferida quantitativamente para balão volumétrico de 10 mL e filtrada, procedendo-se aos ensaios de cobre, ferro, selênio e zinco utilizando-se métodos validados. 5.8.4 Determinação de selênio sérico por espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos acoplado ao sistema de injeção de fluxo 5.8.4.1 Princípio do método Elementos metálicos capazes de formar hidretos como o arsênio e selênio podem ser determinados por espectrômetria de absorção atômica com geracão de hidretos. A técnica consiste de reação do elemento com borohidreto de sódio, na qual a solução contendo o elemento a ser determinado é introduzida em uma célula de reação com 48 um agente redutor (NaBH4 0,1% em NaOH 0,025%), onde é formado o hidreto volátil do analito de interesse, conforme apresentado na equação: NaBH4 + 3 H2O + HCl Î H3BO3 + NaCl + 8H. E m+ + H.(excesso) Î EHn +H2 (excesso) Onde E: elemento de interesse (ex.: selênio, arsênio, etc) O hidreto formado é carreado, por um gás inerte (argônio ou nitrogênio) até uma célula de quartzo aquecida a 900ºC, onde ocorre a decomposição do hidreto com liberação de hidrogênio e de átomos do elemento de interesse, que absorvem luz de uma lâmpada do elemento sendo o sinal gerado medido pela quantidade de luz absorvida. No presente trabalho, foi utilizada uma lâmpada de selênio, cátodo oco, comprimento de onda 196,0 nm e 500 µL de solução da amostra. Inicialmente preparou-se uma curva de calibração de absorvância em função da concentração do analito, utilizando-se padrões de concentração conhecida e o teor de selênio contido na amostra foi calculado na curva de calibração. 5.8.4.2 Validação do método para determinação de selênio em soro humano utilizando espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos e sistema de injeção de fluxos As figuras de mérito utilizadas para validação do método foram: linearidade da faixa de trabalho, seletividade, determinação dos limites de detecção e quantificação, repetitividade e estimativa da exatidão, assumindo um nível de significância de 0,05. 5.8.4.3 Linearidade da faixa de trabalho A Linearidade definida pela habilidade de um método analítico em produzir resultados diretamente proporcionais às concentrações do analito nas amostras (INMETRO, 2003) foi realizada de acordo com a Norma ISO 8466-1 (1990). Esta foi adotada como base para o estabelecimento da faixa de trabalho para a determinação de selênio em soro humano e estabelece uma metodologia completa para o desenvolvimento experimental e a validação estatística do intervalo entre a menor e a maior concentração de calibração do método. No presente trabalho foi verificada a faixa de trabalho de 2 a 20 µg/L. Segundo recomendação da norma ISO 8466-1 (1990) foram preparadas soluções contendo selênio nas 49 concentrações de (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 20 µg/L) em ácido clorídrico 10% v/v, feita a leitura em, absorvância, de todas as soluções com número total de replicatas para o primeiro e último padrão igual a dez. A seguir procedeu-se a comparação das variâncias dos extremos da faixa de trabalho por meio do teste F (Snedecor). Segundo a norma aplicada, considera-se a faixa linear quando F calculado for menor que F tabelado. 5.8.4.4 Teste de Seletividade A determinação da seletividade de um método é importante para avaliar se os componentes da matriz de interesse interferem no desempenho da medição, ocasionando resultados errôneos. A Seletividade do método foi testada segundo o que recomenda o DOQ-CGCRE008(2003) do INMETRO, é um método mais robusto e avalia o paralelismo entre as curvas do padrão e da amostra acrescida de padrão. Duas séries de soluções foram preparadas, contendo selênio nas concentrações de 0; 4; 8; 10; 16 e 20 µg/L, sendo uma em HCl 10% e outra em amostra de soro humano digerido. As curvas não apresentaram paralelismo indicando que o método não se apresentou seletivo (INMETRO, 2003). No sentido de confirmar o teste, foi adotado, também o procedimento do Guia RELACRE 13 (2000) que recomenda adições de padrão às amostras, ao longo da faixa de trabalho, considerando o método seletivo se as recuperações obtidas situarem-se próximo de 100%. 5.8.4.5 Limites de detecção e quantificação O Limite de detecção (LD) corresponde a concentração mínima de uma substância medida com 95 ou 99 % de confiança de que a concentração do analito é maior que zero e, o Limite de quantificação (LQ), a menor concentração do analito que pode ser determinada com um nível aceitável de precisão e veracidade. Os LD e LQ foram calculados utilizando "0 + 3,143 s" (LD), onde s é desvio padrão, considerando a análise de sete ou mais amostras de brancos com adição, sendo LQ calculado como o valor médio da amostra-branco mais a concentração do analito correspondente a 5, 6 ou 10 desvio-padrão (onde a recuperação for aceitável). 50 5.8.4.6 Estimativa da exatidão e repetitividade A exatidão pode ser definida como a concordância entre o resultado de um ensaio e o valor de referência aceitável como verdadeiro e foi avaliada utilizando cálculos de recuperação em amostras adicionadas de padrões, devendo os valores situar entre 80 a 120% (Green, 1996). A recuperação do analito pode ser estimada pela análise de amostras adicionadas com quantidades conhecidas de padrão (10 µg/L) e é calculada segundo a equação de recuperação: Recuperação (%) = [(C1 - C2) / C3] x 100 Onde C1 é a concentração determinada na amostra adicionada, C2 é a concentração determinada na amostra não adicionada e C3 a concentração adicionada. A repetitividade consiste no grau de concordância entre os resultados de medidas sucessivas de um mesmo mensurado, realizado sob as mesmas condições de medição, e foi calculada pelo coeficiente de variação (CV) da análise de pelo menos 10 análises de um padrão de 10 µg/L (AOAC, 2002). 5.8.5 Determinação de cobre, ferro e zinco séricos por espectrometria de emissão por plasma indutivamente acoplado. 5.8.5.1 Princípio do método A Espectrometria de emissão atômica por plasma indutivamente acoplado é um método de quantificação de elementos presentes em uma solução, baseado na emissão atômica de elementos em comprimentos de onda característicos. Um fluxo de argônio ao passar por um tubo ou tocha de quartzo, cujo topo é envolvido por uma bobina de indução eletromagnética, é ionizado inicialmente por uma descarga de elétrons, formando o plasma que é utilizado como fonte de emissão atômica, e é mantido neste estado enquanto interage com as linhas de força do campo magnético. A amostra é aspirada para o nebulizador por um capilar por meio de uma bomba peristáltica, gerando o aerossol que é levado ao plasma por um tubo injetor localizado dentro da tocha, submetendo os constituintes atômicos à temperatura cerca de 6000 a 8000K. Isto leva uma redução significativa das interferências químicas, devido à completa 51 dissociação das moléculas. Essa amostra aerossol passa pelo centro do plasma, no sentido ascendente, descrevendo um trajeto cilíndrico em região de temperatura relativamente estável. Em um determinado trecho deste percurso onde há maior densidade de espécie radiante e menor background, situam-se as emissões atômicas de valor analítico que são lançadas na fenda de entrada do sistema óptico. 5.8.5.2 Estimativa da exatidão do método. Foi efetuada por meio do teste de recuperação da adição de padrões às amostras de soro. Este teste foi necessário para certificar se não havia interferência de matriz e se os analitos não seriam perdidos durante o processo de preparo das amostras. A preparação das amostras de soro humano foi realizada de acordo com o item 5.8.3 e para os testes de recuperação utilizou-se o padrão contendo cobre, ferro e zinco OC486692 ICP- Multi Element Standard IV 1 g/L, da marca Merck, rastreável ao NIST (National Institute Standard Technology), para a adição do padrão a solução original foi diluída para se obter 1000 µg/L. A faixa linear de trabalho utilizada foi até 500 µg/L e para a preparação da curva utilizou-se padrão ICP Multi elementos, contendo os elementos de interesse. As amostras foram ensaiadas, diluídas 5 vezes, e o cálculo da recuperação realizado de acordo com a fórmula: Recuperação (%) = [(C1 - C2) / C3] x 100 Onde, C1 é a concentração determinada na amostra adicionada, C2 é a concentração determinada na amostra não adicionada e C3 a concentração adicionada. O percentual de recuperação aceitável é de 80-120 % (Green, 1996). 5.9 Procedimento operacional As amostras codificadas foram retiradas do freezer e deixadas a temperatura ambiente até o total descongelamento, logo em seguida foram homogeneizadas e com uma pipeta volumétrica de dois mL transferidas para um béquer, previamente identificado, onde foi realizada a digestão da amostra, seguida da redução do selênio na presença de ácido 52 clorídrico. A solução foi transferida quantitativamente para balão de 10 mL e depois filtrada. A solução obtida foi utilizada para a determinação de selênio no FI-HGAAS, no mesmo dia da análise, e o restante da solução foi utilizado para a determinação de cobre, ferro e zinco realizado no ICP OES. Os resultados obtidos foram multiplicados pelo fator de diluição (Fd: 5). 5.10 Valores de referência para os níveis séricos de elementos traço Após análise laboratorial os resultados dos níveis séricos dos elementos traço foram classificados de acordo com a faixa aceitável obtida pelos valores de referência padronizados pela literatura científica, para cada elemento. Para o cobre a faixa aceitável varia de 800 à 1550 µg/L para indivíduos do sexo feminino e 700 à 1400 µg/L para o sexo masculino (Iyengar et al, 1988), para o ferro esta faixa varia de 600 à 1800 µg/L (Iyengar et al, 1988), já para o selênio a variação vai de 80 a 120 µg/L (Alfthan et al., 1996) e para o zinco de 700 à 1200 µg/L (Iyengar et al, 1988). 5.11 Processamento e análise de dados A partir de todas as informações coletados dos participantes deste estudo foram montados bancos de dados nos programas Microsoft Excel 2000® (Microsoft Corporation, Seattle, WA, USA) e SPSS versão 12.0, 2003 (SPSS, Chicago, IL, USA) nos quais foram realizadas as análises estatísticas. Para os testes performance do método foi estabelecida uma rotina no programa Microsoft Excel 2000® (Microsoft Corporation, Seattle, WA, USA), para o cálculo dos testes F (Snedecor) e teste t (Student), utilizando o nível de significância de 0,05. Os métodos estatísticos utilizados para descrever os dados foram média, desvio padrão e distribuição de freqüência. A homogeneidade de variância foi testada pelo teste de Levene. O diâmetro do TM foi categorizado em negativo e quartis da resposta positiva, constituindo cinco grupos (negativo; 5 a 8 mm; 8,1 a 9 mm; 9,1 a 12 mm; > 12 mm). 53 Os elementos traço foram categorizados em três grupos: níveis séricos baixos (G0), normais (GI) e elevados (GII) para cada elemento (Tabela 2). Tabela 2. Grupos dos elementos traço categorizados pelos níveis séricos, para cobre, ferro, selênio e zinco, de acordo com os valores de referência. Grupos de elementos traço (µg/L) G0 GI GII feminino < 800 800 - 1550 > 1550 Cobre masculino < 700 700 - 1400 > 1400 < 600 600 - 1200 > 1200 Ferro < 80 80 - 120 > 120 Selênio < 700 700 - 1200 > 1200 Zinco G0: níveis séricos inferiores aos valores de referências; GI: níveis Elementos traço séricos dentro da faixa aceitável de acordo com os valores de referência; GII: níveis séricos acima dos níveis aceitáveis pelos valores de referências. As diferenças entre as médias dos níveis séricos de cobre, ferro, selênio e zinco, segundo gênero, idade e diâmetro do TM foram testadas pela análise de variância simples, utilizando o teste POS-HOC para comparação intragrupos. As diferenças entre as médias de idade, IMC, hemácias, hemoglobina, leucócitos, linfócitos e monócitos observadas em cada categoria dos elementos traço (G0, GI, GII) foram comparadas pela ANOVA. As diferenças entre as proporções da distribuição do gênero segundo as categorias de elementos traço foram testadas pelo teste de Qui-quadrado (χ2), com diferença significativa quando p < 0,05. 54 6. RESULTADOS 55 6.1. Validação da determinação de selênio em soro humano por espectrometria de absorção atômica por gerador de hidretos acoplado ao sistema de injeção de fluxos (FI-HGAAS). 6.1.1. Linearidade da faixa de trabalho A figura 2 apresenta a relação entre a absorvância e as concentrações (µg/L) dos padrões de selênio variando de 2 a 20 µg/L, com um fator de correlação (R2) maior que 0,90. Absorvância 0,50 0,40 0,30 0,20 y = 0,0176x + 0,0305 0,10 R = 0,9637 2 0,00 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 Concentração (µg/L) Figura 2. Curva padrão de selênio para verificação da faixa de trabalho. Os resultados para o cálculo estatístico da faixa de trabalho estão descritos na tabela 3 onde a média e o desvio padrão foram obtidos a partir do resultado de dez leituras do menor (2 µg/L) e maior (20 µg/L) padrão da curva de selênio, que foram avaliadas pelo teste F (Snedecor). A faixa testada foi considerada linear até 20 µg/L, uma vez que o valor de F calculado (2,57) foi menor que o de F 9,9,0,01(5,35). 56 Tabela 3. Distribuição de variáveis para o cálculo da linearidade pelo Teste F (Snedecor). Cálculo da linearidade (Teste F) 2 µg/L 20 µg/L Média 0,06 0,35 Variância 0,0003 0,0001 Observações 10 10 gl 9 9 F 2,57 P(F<=f) uni-caudal 0,09 F crítico uni-caudal 3,18 F tabelado 5,35 6.1.2. Seletividade e exatidão Na figura 3 está apresentada a variação da absorvância em função da concentração do padrão e da amostra acrescida de padrão (µg/L). Não foi observado paralelismo entre as curvas, indicando poder existir uma interferência da matriz nos ensaios. A fim de se confirmar esta hipótese, foi realizado o teste de seletividade do método segundo recomenda o Guia Relacre, avaliando o percentual de recuperação ao longo da curva de calibração, como demonstrado na tabela 4, que apresenta o percentual de recuperação ao longo da curva contendo amostra, para concentrações adicionadas conhecidas, segundo a concentração da amostra e do adicionado. Entretanto o percentual de recuperação não ficou tão próximo de 100% em todos os pontos como recomendado, evidenciando o efeito de matriz e a não seletividade do método. Para minimizar este efeito de matriz uma curva de calibração contendo amostra foi adotada para curva padrão em todos os ensaios. 57 0,4 y = 0,0149x + 0,0653 R2 = 0,9927 Absorvância 0,3 0,2 y = 0,0176x + 0,0129 R2 = 0,9938 0,1 0 0 5 10 15 20 25 Concentração (µg/L) Abs do padrão Linear (Abs amostra+padrão) Abs amostra+padrão Linear (Abs do padrão) Figura 3. Curva padrão e curva da amostra acrescida de padrão para a verificação da seletividade, segundo o INMETRO. Tabela 4. Recuperação do selênio ao longo da curva contendo amostra em concentrações conhecidas para avaliação da seletividade do método segundo o Guia Relacre. Concentração Padrão Adicionado Recuperado (µg/L) Recuperação total (µg/L) (µg/L) (%) 1 2,88 0 2 4,72 2 1,83 91,73 3 6,43 4 3,55 88,65 4 8,61 6 5,73 95,54 5 12,02 10 9,14 91,37 6 16,13 14 13,24 94,60 7 18,00 16 15,12 94,48 8 20,63 20 17,75 88,73 Para a avaliação da exatidão em que o percentual de recuperação necessário deve estar situado entre 80 a 120% (Green, 1996) houve recuperação aceitável ao longo da curva 58 de calibração, apresentando um valor médio de 92% de recuperação e desvio padrão de 2,6 demonstrando a exatidão do método. 6.1.3. Limite de detecção e limite de quantificação O Limite de detecção (LD) do método encontrado foi aproximadamente 2 µg/L e o Limite de Quantificação (LQ) 7 µg/L, de acordo com o apresentado na tabela 5, onde estão apresentados os resultados, em concentração, de dez leituras do branco da amostra. A partir do qual foi possível obter a média e o desvio padrão, valores necessários ao cálculo do LD (0 + 3,143 x DP) e LQ [média + (5 x DP)], onde foi utilizado 5 desvios-padrão pois neste ponto obteve-se uma recuperação de aproximadamente 100%, concordante com o que recomenda o INMETRO. Tabela 5. Distribuição das concentrações do branco da amostra para cálculo de LD e LQ. Branco da Concentração amostra (µg/L) B1 2,52 B2 2,45 B3 3,58 B4 3,55 B5 3,70 B6 3,80 B7 4,03 B8 4,44 Média 3,51 DP 0,69 LD 2,18 LQ 6,97 DP: desvio padrão; LD: limite de detecção; LQ: limite de quantificação. 59 6.1.4. Repetitividade Na tabela 6 estão apresentados os dados obtidos para a leitura de dez replicatas de um padrão de concentração de 10 µg/L de selênio, utilizadas para o cálculo do CV de acordo com a equação: CV = desvio padrão/média x 100. O coeficiente de variação (CV) encontrado na avaliação da repetitividade foi de 0,56%, quando testado a partir de dez replicatas de padrões (10 µg/L), evidenciando uma baixa variação nas leituras, obtendo valores adequados de repetitividade, conforme o recomendado pela AOAC 2002, em que o CV máximo é de 30 % para faixa de concentração de µg/L. Tabela 6. Valores do padrão de selênio (10 µg/L) para a avaliação da repetitividade. Padrão (10µg/L) Concentração (µg/L) P10 10,82 P10 10,79 P10 10,82 P10 10,83 P10 10,76 P10 10,80 P10 10,76 P10 10,80 P10 10,95 P10 10,90 Média 10,82 Desvio padrão (DP) 0,06 Coeficiente de variação (CV) 0,56 6.2. Estimativa da exatidão do método para a determinação de cobre, ferro e zinco séricos por espectrometria de emissão por plasma indutivamente acoplado. A estimativa da exatidão deste método foi avaliada pelo teste de recuperação da adição de 1000 µg/L do padrão OC486692 ICP- Multi Element Standard IV 1 g/L, da 60 marca Merck, contendo os elementos de interesse, às amostras de soro, obtendo um percentual de recuperação aceitável na faixa de 80 -120% (Green, 1996). Os resultados do teste de recuperação para o cobre estão apresentados na tabela 7, onde 1000 µg/L de padrão multi elementos contendo cobre foi adicionado a amostra a partir do qual foram calculados os percentuais de recuperação. Estes percentuais observados variaram de 84,55% a 90,32%, se encontrando na faixa aceitável de recuperação. Tabela 7. Valores do teste de recuperação para determinação de cobre sérico no ICP OES. CONCENTRAÇÃO AMOSTRA Branco (média) Amostra (µg/L) RECUPERADO ADICIONADO RECUPERAÇÃO Am - Br Am X 5(Fd) (µg/L) (µg/L) (%) 62,65 239,68 177,03 885,15 AP1 412,60 349,96 1.749,79 864,63 1.000,00 86,46 AP2 419,04 356,40 1.781,98 896,82 1.000,00 89,68 AP3 408,78 346,13 1.730,66 845,50 1.000,00 84,55 AP4 420,31 357,66 1.788,31 903,16 1.000,00 90,32 AP5 412,37 349,73 1.748,63 863,48 1.000,00 86,35 (média) Am: Amostra; Br: Branco. Fd: Fator de diluição; Am-Br: valor da amostra diminuído do valor do branco; Am x 5 (Fd): valor da amostra multiplicado pelo fator de diluição (5); AP: amostra acrescida de padrão. A tabela 8 apresenta o teste de recuperação para o ferro onde 1000 µg/L de padrão multi elementos contendo ferro foi adicionado à amostra, a partir do qual foram calculados os percentuais de recuperação. Estes percentuais observados variaram de 83,66 % a 106,47%, se encontrando na faixa aceitável de recuperação. A tabela 9 apresenta o teste de recuperação para o zinco, onde 1000 µg/L de padrão multi elementos contendo zinco foi adicionado à amostra, a partir do qual foram calculados os percentuais de recuperação. Estes percentuais observados variaram de 83,57 % a 101,78%, se encontrando na faixa aceitável de recuperação. 61 Tabela 8. Valores do teste de recuperação para determinação do ferro sérico no ICP OES. CONCENTRAÇÃO AMOSTRA Branco (média) Amostra (µg/L) Am X Am - Br 5(Fd) RECUPERADO ADICIONADO RECUPERAÇÃO (µg/L) (µg/L) (%) 244,31 477,78 233,47 1.167,37 AP1 690,72 446,41 2.232,06 1.064,69 1.000,00 106,47 AP2 645,14 400,83 2.004,17 836,80 1.000,00 83,68 AP3 645,10 400,79 2.003,94 836,57 1.000,00 83,66 AP4 674,88 430,57 2.152,86 985,49 1.000,00 98,55 AP5 664,13 419,82 2.099,09 931,72 1.000,00 93,17 (média) Am: Amostra; Br: Branco. Fd: Fator de diluição; Am-Br: valor da amostra diminuído do valor do branco; Am X 5 (Fd): valor da amostra multiplicado pelo fator de diluíção(5). Tabela 9. Valores do teste de recuperação para determinação do zinco sérico no ICP OES. CONCENTRAÇÃO Am - Br 5(Fd) (µg/L) (µg/L) (%) 187,65 149,80 748,98 AP1 391,22 353,36 1.766,81 1.017,83 1.000,00 101,78 AP2 373,15 335,29 1.676,45 927,47 1.000,00 92,75 AP3 377,62 339,76 1.698,79 949,82 1.000,00 94,98 AP4 354,79 316,93 1.584,65 835,68 1.000,00 83,57 AP5 383,68 345,82 1.729,12 980,14 1.000,00 98,01 AMOSTRA Branco (média) Amostra (média) (µg/L) Am X RECUPERADO ADICIONADO RECUPERAÇÃO 37,86 Am: Amostra; Br: Branco. Fd: Fator de diluição; Am-Br: valor da amostra diminuído do valor do branco; Am x 5(Fd): valor da amostra multiplicado pelo fator de diluíção(5). 62 Na medida em que os valores da recuperação encontraram-se dentro da faixa de 80 a 120%, foi possível estimar a exatidão do teste, diante da evidência da não interferência da matriz nas determinações de cobre, ferro e zinco por espectrometria de emissão atômica indutivamente acoplada ao plasma, além de demonstrar não haver perda destes elementos durante o preparo da amostra. Diante disso, este método foi considerado útil na determinação desses elementos em amostra de soro humano. 6.3. Análise descritiva dos indivíduos em relação ao TM O diâmetro médio do TM nos 75 indivíduos TM positivos 60 dias após a vacinação foi 10,35 ± 4,64 mm (média ± DP), variando de 5,0 a 27,0 mm. Como a freqüência dos valores do diâmetro do TM representada na figura 4A apresentou uma distribuição assimétrica, estes foram transformados em seus respectivos logaritmos [log (X+1)], como representado na figura 4B. 25 20 Freqüência Frequência 20 15 10 A 5 0 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 10 5 0 B 0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 1,20 1,30 1,40 1,50 Diâmetro maior do TM Log do diâmetro do TM Figura 4. Distribuição de freqüência dos valores do diâmetro do TM entre os vacinados com TM positivos 60 dias após vacinação (A) e do logarítmo dos valores do diâmetro do TM (B) nos mesmos indivíduos, Caratinga (MG), 2005. 63 6.4. Análise descritiva dos níveis séricos dos elementos traço Os níveis séricos de cobre, avaliados em 171 indivíduos, apresentaram um valor médio de 1.433,7 ± 665,7 µg/L (média ± DP), variando entre 318,9 e 4.789,7 µg/L. Os níveis séricos de ferro, avaliados em 144 indivíduos, apresentaram um valor médio de 1.431,6 ± 791,5 µg/L (média ± DP), variando entre 339,5 a 4.811,3 µg/L. Os níveis séricos médios de selênio encontrados na avaliação de 157 indivíduos foram de 88,6 ± 39,0 µg/L (média ± DP), variando de 35,9 a 311,4 µg/L e o valor médio de zinco sérico observado em 171 indivíduos foi 999,2 ± 365,7 µg/L (média ± DP), variando de 584,7 a 4.267,9 µg/L. A amostra para determinação de selênio e ferro foi menor devido à quantidade insuficiente de sangue de alguns voluntários para as análises laboratoriais. Para normalizar a distribuição dos valores séricos dos elementos traço avaliados foi utilizada a transformação logarítmica [log (X+1)]. As figuras 5A, 6A, 7A e 8A apresentam a distribuição das concentrações séricas de cobre, ferro, selênio e zinco respectivamente, observados na amostra. Enquanto as figuras 5B, 6B, 7B e 8B apresentam distribuição normal após transformação logarítmica das concentrações séricas de cobre, ferro, selênio e zinco, respectivamente. 64 40 30 30 Frequência Frequência 40 20 20 10 10 B A 0 0,00 1000,0 2000,0 3000,0 4000,0 0 2,50 5000,0 2,75 3,00 3,25 3,50 3,75 Log da concentração de cobre sérico (µg/L) Concentração de cobre sérico (µg/L) Figura 5. Distribuição da concentração de cobre sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de cobre sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana, Caratinga (MG), 2005. 40 Frequência Frequência 30 20 10 30 20 10 A 0 0,0 1000,0 2000,0 3000,0 4000,0 5000,0 Concentração de ferro sérico (µg/L) B 0 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50 3,75 Log da concentração de ferro sérico (µg/L) Figura 6. Distribuição da concentração de ferro sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de ferro sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana, Caratinga (MG), 2005. 65 50 30 25 Frequência 30 20 y Frequência 40 10 20 15 10 5 B A 0 0,0 100,0 200,0 0 300,0 1,40 1,60 1,80 2,00 2,20 2,40 2,60 Log_da concentração de selênio sérico (µg/L) Figura 7. Distribuição da concentração de selênio sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de selênio sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana, Caratinga (MG), 2005. 100 40 Frequência Frequência 80 60 40 30 20 10 20 A 0 500,0 1500,0 2500,0 3500,0 4500,0 Concentração de zinco sérico (µg/L) B 0 2,80 3,00 3,20 3,40 3,60 3,80 Log da concentração de zinco sérico (µg/L) Figura 8. Distribuição da concentração de zinco sérico (A) e distribuição do logarítmo da concentração de zinco sérico (B) em µg/L, nos indivíduos vacinados anti-leishmaniose tegumentar americana, Caratinga (MG), 2005. 66 6.5. Análise descritiva dos níveis séricos dos elementos traço por gênero, idade e IMC A tabela 10 apresenta a distribuição dos valores séricos médios dos elementos traço avaliados por gênero e idade. Quanto ao gênero, apesar de não significativo, foram observados maiores níveis séricos de cobre (1.544,8 ± 676,7 µg/L), selênio (92,8 ± 46,5 µg/L) e zinco (999,4 ± 863,2 µg/L) entre indivíduos do sexo feminino. Ao contrário, o nível sérico médio de ferro que apresentou maior valor entre os indivíduos do sexo masculino (1.495,8 ± 863,2 µg/L) quando comparado aos indivíduos do sexo feminino (1.336,5 ± 667,2 µg/L). Também apesar de não significativo, quanto à idade, os maiores valores séricos médios de ferro (1.552,5 ± 911,3 µg/L), selênio (95,6 ± 44,7 µg/L) e zinco (1.033,8 ± 450,2 µg/L) foram observados na faixa etária de 21 a 59 anos. Diferença significativa foi observada apenas para o cobre, que apresentou maior valor sérico médio (1.757,9 ± 839,8 µg/L) na faixa etária de 5 a 10 anos de idade. Tabela 10. Concentração sérica média e desvio padrão de cobre, ferro, selênio e zinco (µg/L) de acordo com gênero e idade, determinado em indivíduos vacinados antiLTA, Caratinga (MG), 2005. Variável Cobre (µg/L) n Média DP Ferro (µg/L) n Média DP Selênio (µg/L) n Média DP Zinco (µg/L) n Média DP Gênero F M 65 1.544,8 676,7 58 1.336,5 667,2 59 106 1.365,6 652,7 86 1.495,8 863,2 98 92,8 85,9 46,5 65 33,8 106 999,4 998,9 283,5 409,4 Idade 1.757,9 a 1.425,2 b 1.351,5 b 1.280,1 b 5-10 11-20 21-59 60+ 30 34 98 9 839,8 24 1.178,4 517,1 26 727,2 28 1.332,8 559,5 33 578,2 84 1.552,0 911,3 89 348,5 8 1.273,5 635,0 9 74,2 81,5 95,6 86,5 21,8 30 963,7 183,8 31,9 35 938,6 227,8 44,7 97 1.033,8 450,2 26,5 9 979,1 178,3 Total 171 1.433,7 665,7 144 1.414,0 791,5 157 88,6 39,0 171 999,2 365,7 n: número de indivíduos avaliados; DP: desvio padrão; a: diferença significativa da faixa etária de 5 – 10 com as de 11 – 20 e 21 – 59 anos (P< 0,05); b: não há diferença significativa (P> 0,05) entre as faixas etárias. 67 A distribuição da amostra por gênero (percentual), idade (média ± DP) e IMC (média ± DP) de acordo com os grupos de elementos traço séricos está apresentada na tabela 11. Os grupos 0 e I (G0 e GI), classificados por níveis baixos e níveis dentro da faixa recomendada de referência para os elementos traço em soro humano, respectivamente, foram agrupados diante do pequeno número de indivíduos do grupo 0, formando o grupo G0/I. Quanto ao gênero, não foi observada diferença significativa do percentual de indivíduos do sexo masculino e feminino segundo o grupo de elementos traço. O percentual de indivíduos do sexo masculino foi maior em ambos os grupos (G0/I e GII) para cobre (65,7% e 56,1%), ferro (59,5% e 60,6%) e zinco (63,1% e 54,5%). A excessão do selênio que apresentou um percentual superior de indivíduos do sexo feminino no grupo GII, com excesso de selênio (54,5%). Também não foi observada diferença significativa em relação à idade. Para o grupo G0/I de cobre e zinco foram encontrados idades superiores ao grupo GII, no entanto para ferro e selênio uma idade ligeiramente maior foi encontrada entre os indivíduos com excesso destes elementos (GII). Quanto ao IMC, não foi observada diferença significativa nos seus valores médios entre os grupos G0/I e GII para todos os elementos traço avaliados, os quais foram muito semelhantes. 68 Tabela 11. Distribuição da amostra por gênero (percentual), idade e IMC (média e desvio padrão) de acordo com os grupos G0/I e GII dos elementos traço, entre os indivíduos vacinados anti-LTA em Caratinga (MG), 2005. Gênero (%) Feminino Masculino 36 (34.3) 69 (65.7) 29 (43.9) 37 (56.1) 0,135 Idade (anos) Média DP 30,5 17,3 26,8 17,4 0,176 IMC (Kg/m2) Média DP 21,8 4,2 21,2 5,3 0,451 111 33 45 (40,5) 66 (59,5) 13 (39,4) 20 (60,6) 0,536 29,4 17,5 31,5 18 0,550 21,8 4,7 21,2 4,5 0,563 SELÊNIO G0/I GII p 135 22 47 (34.8) 88 (65.2) 12 (54.5) 10 (45.5) 0,064 28,6 17,7 35,4 16 0,092 21,5 4,7 22,3 3,6 0,481 G0/I GII 149 22 55 (36.9) 94 (63.1) 10 (45.5) 12 (54.5) 0,293 29,4 17,6 27 16,2 0,541 21,6 4,7 20,7 4,6 0,384 Elementos traço (µg/L) COBRE G0/I GII p n 105 66 G0/I GII FERRO p ZINCO p n: número de individuos avaliados; DP: desvio padrão; G0/I: níveis séricos agrupados valores baixo a níveis aceitáveis de acordo com valores de referências; GII: níveis séricos elevados, acima dos níveis aceitáveis pelos valores de referências. De acordo com os valores de referência, 61,4 %, 77,1 %, 86,0 % e 87,1 % dos indivíduos avaliados se encontram no grupo G0/I e 38,6 %, 22,9 %, 14,0 % e 12,9 % apresentaram valores elevados (GII) para cobre, ferro, selênio e zinco, respectivamente. 6.6. Relação da contagem de hemácias e os níveis séricos de hemoglobina com os níveis séricos dos elementos traço. O valor médio da contagem de hemácias (106/mm3) e dos níveis séricos de hemoglobina para os indivíduos vacinados anti-LTA dos grupos G0/I e GII de cada elemento estão demonstrados na tabela 12. Uma maior quantidade de hemácias foi 69 observada em G0/I para cobre (5,03 ± 0,45), selênio (5,05 ± 0,50) e zinco (5,00 ± 0,52), mas para o ferro o maior número de hemácias observado foi em GII (5,14 ± 0,49), embora não tenha sido observada nenhuma diferença significativa entre estes valores. Os níveis séricos de hemoglobina, observados nos indivíduos avaliados, apresentaram valores significativamente maiores em G0/I de cobre (13,76 ± 1,64; p = 0,034) e selênio (13,71 ± 1,79; p = 0,013) quando comparados com GII de cobre (13,15 ± 2,01) e selênio (12,68 ± 1,37). Enquanto nenhuma diferença significativa foi observada para os níveis de hemoglobina entre G0/I e GII de ferro e zinco. Tabela 12. Relação entre a contagem de hemácias e níveis de hemoglobina de acordo com os grupos G0/I e GII de cobre, ferro, selênio e zinco dos individuos vacinados anti-LTA em Caratinga (MG), 2005. Elementos traço (µg/L) n Hemácias (106/mm3) Média DP 5,03 0,45 4,95 0,60 Hemoglobina (g/dL) Média DP 13,76 * 1,64 13,15 * 2,01 COBRE G0/I GII 105 66 FERRO G0/I GII 111 33 4,98 5,14 0,54 0,49 13,46 14,08 1,81 1,48 SELÊNIO G0/I GII 135 22 5,05 4,81 0,50 0,57 13,71 * 12,68 * 1,79 1,37 ZINCO G0/I GII 149 22 5,00 4,97 0,52 0,52 13,50 13,61 1,82 1,86 n: número de individuos avaliados; DP: desvio padrão; G0/I: níveis séricos agrupados valores baixo a níveis aceitáveis de acordo com valores de referências; GII: níveis séricos elevados, acima dos níveis aceitáveis pelos valores de referências; * Diferença significativa p ≤ 0,05. 6.7. Relação da contagem de leucócitos e do percentual de linfócitos e monócitos com os níveis séricos de elementos traço. A tabela 13 apresenta a contagem de leucócitos e o percentual de linfócitos e monócitos de acordo com os grupos G0/I e GII para cobre, ferro, selênio e zinco. 70 Na distribuição do número de leucócitos entre G0/I e GII para todos os elementos não foi observada diferença significativa, entretanto o percentual de linfócitos foi significativamente maior (p = 0,031) em GII apenas para o selênio (37,43 ± 9,77) quando comparado a G0/I (32,70 ± 9,16). O percentual de monócitos foi significativamente maior em G0/I para o cobre (7,79 ± 3,62; p = 0,013) e para o selênio (7,53 ± 3,41; p = 0,030), porém nenhuma diferença significativa foi observada entre G0/I e GII de ferro e zinco. Tabela 13: Relação da contagem de leucócitos e do percentual de linfócitos e monócitos de acordo com os grupos G0/I e GII de cobre, ferro, selênio e zinco dos indivíduos vacinados anti-LTA em Caratinga (MG), 2005. Leucócitos (106/mm3) Média DP G0/I 101 6,27 1,67 GII 65 6,62 2,68 Linfócitos (%) Média DP 33,29 8,45 33,61 10,75 G0/I 108 GII 32 6,46 6,28 2,27 1,83 33,51 32,58 9,30 9,50 7,43 6,71 3,34 1,97 SELÊNIO G0/I 131 GII 21 6,50 5,57 2,17 1,54 32,70 * 37,43 * 9,16 9,77 7,53 * 5,86 * 3,41 1,85 G0/I 143 GII 22 6,43 6,36 2,10 2,38 33,30 33,86 9,20 10,76 7,43 6,45 3,28 3,14 Elementos traço (µg/L) COBRE FERRO ZINCO n Monócitos (%) Média DP 7,79 * 3,62 6,50 * 2,48 n: número de individuos avaliados; DP: desvio padrão; G0/I: níveis séricos agrupados valores baixo a níveis aceitáveis de acordo com valores de referências; GII: níveis séricos elevados, acima dos níveis aceitáveis pelos valores de referências. * p ≤ 0,05 diferença estatisticamente significativa. 6.8. Relação entre o TM e os níveis séricos de cobre, ferro, selênio e zinco. As figuras 9, 10, 11 e 12 apresentam o logaritmo da concentração dos níveis séricos de cobre, ferro, zinco e selênio, respectivamente, de acordo com faixas do diâmetro do TM (0, 5-8, 8,1 - 9, 9,1 - 12, >12 mm). A concentração sérica média de cobre, ferro, selênio e zinco de acordo com as faixa do diâmetro do TM estão apresentadas na tabela 14 (em 71 anexo). Não houve diferença significativa entre os valores do logaritmo da concentração dos níveis séricos de cobre (Figura 9), ferro (Figura 10) e zinco (Figura 11) com as faixas Log da concentração sérica de cobre (µg/L) do diâmetro do TM. 3,5 3,4 3,3 3,2 3,1 3,0 2,9 2,8 2,7 2,6 0 5,0 - 8,0 8,1 - 9,0 9,1 - 12,0 > 12,0 Diâmetro do TM (mm) Figura 9. Relação entre o logarítmo da concentração de cobre sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005. Log da concentração sérica de ferro (µg/L) 3,4 3,2 3,0 2,8 2,6 2,4 0 5,0 - 8,0 8,1 - 9,0 9,1 - 12,0 > 12,0 Diâmetro do TM (mm) Figura 10 Relação entre o logarítmo da concentração de ferro sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005. 72 Log da concentração sérica de zinco (µg/L) 3,3 3,2 3,1 3,0 2,9 2,8 2,7 2,6 2,5 0 5,0 - 8,0 8,1 - 9,0 9,1 - 12,0 > 12,0 Diâmetro do TM (mm) Figura 11. Relação entre o logarítmo da concentração de zinco sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005. Na figura 12 está apresentado a média e o desvio padrão do logaritmo da concentração sérica de selênio segundo o diâmetro do TM. Foi observada uma diferença significativa (p < 0.05) entre o valor apresentado no grupo de diâmetro de 5-8 mm com os grupos de diâmetro igual a 0, 8,1 – 9 mm e 9,1 – 12 mm, apresentando um aumento progressivo do diâmetro do TM com um aumento dos níveis séricos de selênio, sendo esta tendência a partir do grupo de diâmetro do TM de 8,1 – 9 mm. Isto demonstra uma relação benéfica do selênio com a resposta imune, avaliada pelo TM, em indivíduos vacinados antiLTA. 73 Log da concentração sérica de selênio (µg/L) 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0 5,0 - 8,0 8,1 - 9,0 9,1 - 12,0 > 12,0 Diâmetro do TM (mm) Figura 12. Relação entre o logarítmo da concentração de selênio sérico (µg/L) e o diâmetro do TM (mm), avaliado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005. A figura 13 apresenta a relação entre o logarítmo do diâmetro médio do TM para cada elemento traço avaliado, levando em consideração os grupos G0/I e GII, onde para o selênio o diâmetro do TM foi significativamente (p = 0,021) maior em GII (0,66 ± 0,53 mm) em relação à G0/I (0,38 ± 0,51 mm), ou seja, indivíduos vacinados com excesso de selênio apresentaram um maior diâmetro do TM. No entanto, para o zinco em GII (0,23 ± 0,43 mm) foi observado um diâmetro médio do TM significativamente (p = 0,033) menor quando comparado a G0/I (0,48 ± 0,53 mm). Para o ferro foi observado um menor valor do diâmetro médio do TM em GII (0,35 ± 0,52 mm) quando comparado ao grupo G0/I (0,43 ± 0,52 mm), porém sem diferença significativa (p=0,441). Para o cobre, ao contrário, foi observado um aumento não significativo (p=0,127) do diâmetro médio do TM em GII (0,52 ± 0,54 mm) em relação à G0/I (0,40 ± 0,51 mm). 74 Log do diâmetro do TM (mm) 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Cu Fe Se * Elementos traço níveis séricos baixos a normais (G0/I) Zn * níveis séricos elevados (GII) Figura 13. Relação entre o logarítmo do diâmetro do TM (mm) e os grupos (G0/I e GII) dos elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco), nos indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga (MG), 2005. * p < 0,05 75 7. DISCUSSÃO 76 O ensaio vacinal foi realizado na região de Caratinga, área endêmica para LTA, onde o grupo de pesquisa do Dr. Wilson Mayrink vêm desenvolvendo trabalhos por mais de quarenta anos, o que permitiu a consolidação de uma vigilância epidemiológica sediada no “Ambulatório Dr. Paulo Araújo Magalhães”, centro de referência na região do Vale do Rio Doce para diagnóstico, tratamento e controle das leishmanioses. De acordo com Machado-Coelho et al. (1999) 1.712 novos casos de LTA foram relatados em Caratinga, no período de 1966 a 1996, com um nível médio de incidência de 48 casos por 100.000 habitantes e com um aumento da morbidade neste período. Estes autores também observaram uma variação cíclica, durante três décadas, na incidência anual da LTA na região de Caratinga, com um pico epidêmico em cada década. Segundo estes autores, estas alças epidêmicas se devem, principalmente, ao nascimento de uma coorte de indivíduos susceptíveis com consequente acúmulo destes, suficientes para o início de um novo surto epidêmico. Porém diante da diminuição dos susceptíveis há um declínio da epidemia, até que uma nova coorte de susceptíveis seja formada novamente. Associado a isto, o aumento da população de vetores no domicílio e peridomicílio, devido a baixas condições sanitárias e acúmulo de lixo, contribui para a criação de uma biocenose susceptível responsável pelos picos de incidência ocasionais de LTA. Com o início da avaliação de uma vacina anti-LTA por Mayrink et al. (1979) realizado nesta mesma área, inúmeros avanços no desenvolvimento desta vacina, confirmados a partir de ensaios de fase I, II e III, foram realizados em diferentes locais do Brasil e da América do Sul. Em estudo de fase I, Mazochi et al. (1998) observaram que a vacina é segura, na medida que não apresenta efeitos colaterais graves, que se restringem a apenas a dor local. Os ensaios de fase II realizados confirmaram a segurança e demonstraram uma capacidade imunogênica da vacina (Vélez et al., 2000; De Luca et al., 2001). Os ensaios de fase III realizados por Armijos et al. (2004) e Vélez et al. (2005) confirmaram novamente a segurança e imunogenicidade desta vacina. Estes estudos, no entanto, demonstraram baixa eficácia vacinal. Mas em todos os ensaios realizados fica definido que cerca de 30% dos indivíduos vacinados não convertem o TM após vacinação. Vários fatores podem estar relacionados a este percentual da população que não converte o TM, observado em diferentes ensaios 77 vacinais em diferentes localidades, dentre eles fatores inerentes ao parasita e outros ao hospedeiro. Existem fatores específicos do hospedeiro, como fatores genéticos e nutricionais que podem afetar a resposta humana contra LTA (Murray et al., 2005). Entre os fatores nutricionais, os elementos traço como cobre, ferro, selênio e zinco são componentes essenciais de muitas enzimas que tem funções importantes na resposta imune humana (Erickson et al., 2000; Mocchegiani et al., 2000; Rink & Gabriel, 2000). Até o momento não existem estudos publicados que investigaram a influência destes elementos traço na resposta imune induzida por uma vacina anti-leishmaniose. De acordo com a literatura um aumento de cobre sérico leva a um maior número de macrófagos e neutrófilos no sangue e suas atividades fagocíticas são melhoradas (Erickson et al., 2000; Percival, 1995). No entanto, a deficiência de cobre promove a diminuição da produção de IL-2, uma citocina envolvida na resposta imune do tipo Th1 (Hopkins & Failla, 1997). Além disso é observado neutropenia e redução da produção e atividade de células fagocíticas na deficiência deste elemento (Percival, 1998). Alguns estudos demonstraram que durante processos inflamatórios o organismo produz interleucina-1 (IL1) que está associada à síntese de proteínas de fase aguda, como ceruloplasmina, aumentando a captação e biodisponibilidade do cobre, sendo assim a responsável pelo aumento de cobre sérico (Klassing et al., 1987). Nossos resultados não demonstraram um aumento significativo do diâmetro do TM em função do aumento dos níveis séricos de cobre entre os vacinados. Entretanto, Faryadi & Mohebali (2003) observaram concentrações séricas de cobre significativamente maiores em indivíduos com leishmaniose aguda e crônica, quando comparado a indivíduos saudáveis. O mesmo foi observado por Koçygit et al. (1998), entretanto, neste estudo após o tratamento convencional os níveis sericos de cobre foram semelhante aos valores observados em indivíduos saudáveis. Em ambos os estudos, os autores sugerem uma associação deste aumento sérico de cobre durante a infecção ao aumento da ceruloplasmina induzida por IL-1. Van Weyenbergh et al. (2004) ao comparar diferentes formas clínicas da leishmaniose mostrou um aumento expressivo deste elemento na forma cutânea da LTA e na leishmaniose visceral. Na LV foi observada uma correlação positiva entre cobre 78 plasmático e anticorpos IgG anti-Leishmania. Esta resposta é caracterizada como não protetora, tipo Th2, sugerindo a interferência de cobre também na resposta humoral. Estes autores não consideraram o aumento de cobre como marcador de infecção, pois não foi observado aumento significativo na forma mucosa da LTA, caracterizada por alta produção de citocinas pró-inflamatórias como INF-γ e TNF-α. Em nosso estudo observamos uma relação significativa entre elevados níveis de cobre e um menor nível de hemoglobina. Isto pode ser explicado pela capacidade inibitória da absorção de ferro em meio a elevadas concentrações de cobre, observada por Arredondo et al. (2006) em experimentos in vitro. Estes autores sugerem que essa interação ocorre devido à competição da ligação na proteína transportadora DMT1, que participa do transporte de metais bivalentes (Fe, Cu, Zn, Mn e Pb). A DMT1 é a principal proteína transportadora de Fe2+ e participa ativamente no transporte de Cu+1 (Gunshin, 1997; Arrendondo, 2003). Um menor percentual de monócitos foi observado no grupo GII para o cobre (p < 0,05), onde os indivíduos apresentam elevados níveis séricos deste elemento. De acordo com Percival (1998) o cobre é essencial à produção e maturação de monócitos, porém seu excesso pode interferir na absorção de outros elementos importantes para produção desta linhagem de células, como zinco e ferro (Whittaker, 1998; Arredondo et al., 2006). A deficiência de zinco afeta primariamente as células T, resultando na diminuição destas e em um desequilíbrio de resposta das células T helper, promovendo predominância de uma resposta Th2 (Ibs & Rink, 2003; Rink and Haase, 2007). Essa deficiência leva também a diminuição da produção e maturação de monócitos, bem como de neutrófilos e células “natural killer” (NK), diminuindo também o estresse oxidativo no interior dos fagócitos, além da diminuição da produção de citocinas (IL-1, IL-6, IL-12, TNF-α e INF-γ) (Erickson et al., 2000; Mocchegiani et al., 2000; Ibs & Rink, 2003). Porém, durante a resposta inflamatória a produção de IL-1 induz a produção de IL-6 e glicocorticóides, substâncias capazes de ativar a síntese de metalotioneína no fígado e em outros tecidos, resultando em uma diminuição dos níveis de zinco sérico, explicando a hipozincemia em estados inflamatórios e infecciosos (Svenson et al., 1985; Klassing et al., 1987; Rofe et al., 1996; King et al., 2000). 79 Nossos resultados demonstraram uma baixa resposta ao TM entre os vacinados com altos níveis de zinco sérico. Estes resultados parecem concordar com outros estudos que observaram uma redução da reação de hipersensibilidade tardia associada a um excesso dos níveis séricos de zinco. Isto provavelmente é devido à supressão da atividade dos linfócitos e da diminuição de INF-γ, demonstrado em estudos in vitro (Chandra, 1984; Provinciali et al., 1998; Rink & Gabriel, 2000), reduzindo a resposta imune Th1 (Mendonça et al., 1995; Nascimento et al., 1990). É importante ressaltar que em nosso estudo, ao contrário do demonstrado por estes autores, nossos resultados não foram consistentes, pois comparando os níveis séricos de zinco com os quartis do diâmetro positivo do TM essa diferença não foi significativa. No trabalho de Faryadi & Mohebali (2003) uma hipozincemia associada a níveis séricos elevados de cobre foi observada entre os pacientes com LTA aguda e crônica. Resultado semelhante foi encontrado por Koçygit et al. (1998), na Turquia, e por Van Weyenbergh et al. (2004), no Brasil, antes do tratamento convencional com antimoniais. Entretanto, em ambos os estudos, após o tratamento da leishmaniose os níveis séricos de zinco e cobre se normalizaram, demonstrando uma correlação fundamental entre estes elementos e uma resposta inflamatória produzida pela infecção por Leishmania (Koçyigit et al., 1998; Van Weyenbergh et al., 2004). Uma possível explicação para a ausência de mudanças expressivas nos níveis séricos de cobre e zinco entre os vacinados é que a resposta imune, neste caso, foi induzida pelo contato com parasitas mortos. O estímulo produzido pela vacina é menos expressivo que o induzido pela presença de parasitas vivos no sítio de infecção, já que estes se replicam. Sendo, portanto este último estímulo contínuo e mais expressivo, refletindo em uma significativa modificação dos níveis séricos de cobre e zinco. Em relação ao ferro, a literatura tem indicado que a proliferação e ativação de linfócitos, neutrófilos e células NK requerem a presença de ferro, uma vez que este elemento é essencial para o funcionamento de enzimas como a ribonucleotídeo redutase, envolvida na síntese de DNA (Leberman et al., 1984; Brock & Mulero, 2000; Erickson et al., 2000). Além disso, já foi observada em indivíduos deficientes de ferro uma redução da reação de hipersensibilidade tardia e função de células T reduzidas (Brock, 1993). Entretanto, entre os indivíduos da amostra desse estudo, em Caratinga, o percentual de 80 indivíduos com baixos níveis de ferro foi pequeno. Portanto, não foi observada diferença significativa entre os níveis séricos de ferro e a resposta ao TM entre os indivíduos vacinados anti-LTA. Ao contrário dos resultados observados em Caratinga, entre os indivíduos vacinados, outros autores observaram um menor nível de ferro entre os indivíduos infectados por Leishmania, quando comparado aos controles (Koçyigit et al., 1998; Faryadi & Mohebali, 2003). Koçyigit et al. (1998) observaram que após tratamento os níveis de ferro sérico aumentaram, encontrando-se na faixa aceitável como normal pelos valores de referência. O mecanismo da diminuição dos níveis séricos de ferro sugerido foi devido à presença de citocinas pró-inflamatórias como IL-1 e TNF-α pela via de regulação da ferritina (Brock & Mulero, 2000) e pela liberação de apolactoferrina pelos granulócitos (Adamik & Wlaszczyk, 1996). Este sequestro do ferro durante estágios da infecção é importante para diminuir a biodisponibilidade deste elemento aos microorganismos impedindo seu crescimento e patogenicidade. Entretanto, essa diminuição é controlada pelo hospedeiro a fim de permitir o desenvolvimento de uma resposta imune adapatativa (Brock & Mulero, 2000). Este efeito da biodisponibilidade do ferro favorável ao patógeno foi avaliado por Laionde & Holbein. (1984) que observaram um aumento da mortalidade em camundongos infectados com Trypanosoma cruzi quando recebiam suplementação de ferro, mas uma depleção deste elemento se mostrava como fator protetor aos camundongos quanto ao desenvolvimento da infecção. Resultados semelhantes foram encontrados por Pedrosa et al. (1990b) ao avaliar os efeitos de depleção e suplementação de ferro, no curso da infecção em camundongos infectados com a cepa Y de T. cruzi. Ao contrário do cobre, zinco e ferro, os níveis séricos de selênio são significativamente maiores com o aumento do TM, resultados que se mantiveram consistentes mesmo após a inversão da análise. Observamos um aumento progressivo do diâmetro do TM com o aumento dos níveis séricos de selênio. Mas neste caso, foi observado apenas a partir do grupo de diâmetro do TM de 8,1 – 9 mm, demonstrando uma relação benéfica do selênio com a resposta imune. Estes resultados parecem confirmar estudos onde a suplementação de selênio, em animais experimentais, está associada ao aumento da produção e atividade de células NK, neutrofilos, macrófagos e células T 81 citotóxicas, produção de citocinas, aumento da resposta de hipersensibilidade tardia e resposta induzida por vacinas (Urban & Jarstrand, 1986; Kiremidjian-Schumacher & Roy, 1998; McKenzie et al., 1998; Erickson et al., 2000; Arthur et al., 2003). Este aumento da reação de hipersensibilidade tardia com aumento do selênio é concordante com os resultados observados neste estudo, uma vez que o TM é baseado neste tipo de reação. Nossos resultados apresentaram uma menor concentração de hemoglobina em GII para o selênio, onde os indivíduos apresentaram elevados níveis séricos deste elemento. Porém, como sua biodisponibilidade ainda não é totalmente elucidada, não sabemos se há alguma interação na absorção e biodisponinilidade de selênio e ferro. Interações entre elementos como cobre, ferro, zinco e outros elementos já são conhecidas (Pedrosa et al., 1993; Arredondo, 2006), por isso não se pode descartar a hipótese de uma interação entre ferro e selênio. Um menor percentual de monócitos foi observado em GII, ou seja, entre os indivíduos com excesso de selênio. Este resultado parece contraditório aos dados da literatura que relatam a necessidade deste elemento para a produção e maturação de monócitos, mas pouco se sabe sobre a toxicidade do mesmo e sua interferência na manutenção das células. Estudos em animais experimentais demonstraram que uma baixa ingestão de selênio e conseqüente deficiência deste elemento estão relacionadas ao desenvolvimento de várias doenças e geralmente é concomitante a deficiência de vitamina E. Esta associação da deficiência de selênio e vitamina E leva a hipótese de um processo antioxidante (Turner & Finch, 1991; Wichtel, 1998). O efeito antioxidante do selênio na resposta imune está relacionado à atividade da glutationa peroxidase (GSH-Px). Esta selenoenzima é importante na proteção celular, pois cataliza a oxidação da glutationa reduzida pelo peróxido de hidrogênio e outros hidroperóxidos, diminuindo assim o dano oxidativo a célula hospedeira (Ursini & Bindoli, 1987). A atividade diminuída da glutationa peroxidase leva a uma remoção incompleta de peróxido de hidrogênio das células, aumentando a morte de parasitas intracelulares (Haidaris & Bonventre, 1982; Koçyigit et al., 1999; Urban & Jarstrand, 1986). 82 Koçyigit et al. (1999) avaliaram os níveis séricos de selênio e de glutationa peroxidase em indivíduos com leishmaniose cutânea, os quais apresentaram menores níveis séricos de selênio correlacionados a uma diminuição significativa de glutationa peroxidase quando comparado a indivíduos saudáveis. Estes resultados sugerem que durante a infecção por Leishmania a diminuição de selênio promove uma baixa capacidade antioxidante da glutationa peroxidase, aumentando a citotoxidade dos fagócitos. Isto pode ser considerado uma estratégia de defesa do hospedeiro contra os patógenos invasores. Resultados semelhantes foram encontrados em pessoas infectadas por Leishmania donovani (Biwas et al., 1997). No entanto, apesar deste achado o mecanismo exato da redistribuição do selênio ainda é desconhecido. A essencialidade do selênio ao funcionamento eficiente do sistema imune em animais e humanos e sua bioquímica celular descrita como um sistema complexo, além da expressão de proteínas contendo selênio é relatado por vários autores (Turner & Finch, 1991; Wichtel, 1998; Lescure et al., 2002; Arthur et al., 2003). Este elemento é encontrado em quantidades variadas em solos de diferentes regiões do mundo, o que é refletido na sua concentração sérica em indivíduos que consomem alimentos produzidos localmente. Combs (2001) avaliando a expressão de selenoenzimas de acordo com a dieta observou que indivíduos que apresentam dieta pobre em selênio possuem uma menor expressão destas selenoenzimas. Diante disso, seria interessante uma avaliação dos níveis de selênio no solo da região de Caratinga, para correlacionar aos níveis séricos observados em nossa amostra. 7.1 Limitações do estudo Idealmente, a avaliação da resposta proliferativa de células mononucleares do sangue perifério (CMSP) e a determinação de citocinas séricas deveriam ser utilizadas para avaliação de vacinas candidatas. Entretanto devido aos recursos escassos e dificuldade destas avaliações nos campos de trabalho, isto se torna inviável para o desenvolvimento destes ensaios em grande escala. Diante da alta correlação do TM com a resposta proliferativa de CMSP e com os níveis séricos de INF-γ e IL-12 (Nascimento et al., 1990) além de ser um teste barato e de fácil realização, este método tem sido utilizado tanto na seleção de indivíduos aptos a receberem a vacina como sendo marcador imunogênico pós-vacinal (Mayrink et al., 1979; 83 Mayrink et al., 1985; Antunes et al., 1986; Nascimento et al., 1990; Mendonça et al., 1995; Armijos et al., 1998; Marzochi et al., 1998; De Luca et al., 1999; Vélez et al., 2000; Armijos et al., 2004). Alguns autores tem questionado a capacidade do TM em induzir um significativo aumento da proliferação de CMSP e produção de INF-γ in vitro e in vivo (José et al., 2001; De Luca et al., 2003), o que limitaria seu uso em ensaios vacinais. Entretanto, as diferenças na dose entre a vacina e o TM (40 µg de nitrogênio proteico por mL para o TM e 180, 360 ou 540 µg de nitrogênio proteico/mL para a vacina) e na via de administração (via intradérmica para o TM e intramuscular para a vacina) sugerem que uma única dose do TM não seja capaz de induzir positividade de um segundo TM por no mínimo 60 dias da primeira aplicação. José et al. (2001) avaliando o poder sensibilizante do TM em indivíduos sem contato prévio com Leishmania e residentes em área não endêmica, observaram semelhança entre a positividade do segundo TM aplicado 30 e 90 dias após o primeiro, entre os grupos placebo e o que recebeu o TM. Esses autores ao avaliarem os níveis séricos de INF-γ 30 e 360 dias após a primeira aplicação do TM observaram um alto nível desta citocina no 30º dia. No entanto, 360 dias após o primeiro TM esta citocina foi detectada em poucos indivíduos e com níveis muito baixos (José et al., 2001). Diante disso, acreditamos que o TM é capaz de sensibilizar indivíduos saudáveis, porém em menor intensidade e com uma sensibilização não duradoura, assim sua utilização como teste para seleção de indivíduos aptos a receberem vacina anti-LTA e na avaliação da imunogenicidade da mesma é aceitável. Um fator limitante deste estudo é a presença de subgrupos populacionais compostos por diferentes níveis séricos de elementos traço. Apesar de ser ideal uma avaliação prévia destes elementos à vacinação, os custos seriam proibitivos, uma vez que suas deficiências são pouco freqüentes. Em Caratinga observamos um percentual de deficiência de apenas 6,2% de cobre e zinco e 5,8 para ferro. Entretanto, para o selênio o percentual de indivíduos deficientes foi bem maior (49,5%). Outra limitação observada foi a variação da concentração de cobre em função da idade, com uma maior concentração sérica média deste elemento na faixa etária de 5 a 10 anos. Os níveis séricos de cobre podem ser correlacionados à concentração do mesmo no 84 solo e nos alimentos. Dentre estes alimentos, leites e derivados contém baixo teor de cobre e normalmente muito consumidos nesta faixa etária. No entanto, como as localidades deste estudo são áreas de cultivo de café, um consumo de leite é provavelmente menos freqüente para algumas famílias. Porém, quanto aos grupos G0/I e GII, estes foram homogêneos na medida em que não houve diferença significativa entre os níveis de elementos traço relacionados ao sexo, idade e IMC. 85 8. CONCLUSÕES 86 Os resultados obtidos neste trabalho nos permitem as seguintes conclusões: 1. Níveis séricos elevados de cobre e ferro não apresentaram associação com a resposta imune induzida pela vacina anti-LTA composta por L. amazonensis (IFLA/BR/67/PH8), avaliada pelo Teste de Montenegro. 2. A imunogenicidade da vacina anti-LTA composta por L. amazonensis (IFLA/BR/67/PH8), avaliada pelo Teste de Montenegro aumenta em função dos níveis séricos de selênio. 3. A imunogenicidade da vacina anti-LTA composta por L. amazonensis (IFLA/BR/67/PH8), avaliada pelo Teste de Montenegro é menor no grupo com excesso de zinco sérico. No entanto, estes resultados não são consistentes na medida em que estes não se repetem com a inversão da definição de dependência das variáveis. 4. Não foi encontrada relação entre a antropometria e a resposta imune induzida pela vacina anti-LTA, avaliada pelo Teste de Montenegro. 87 9. ANEXOS 88 Tabela 14. Distribuição da concentração média e desvio padrão de cobre, ferro, selênio e zinco de acordo com o diâmetro do TM, determinado em indivíduos vacinados anti-LTA, Caratinga, MG. Diâmetro do TM 0 5,0 – 8,0 8,1 – 9,0 9,1 – 12,0 > 12,0 Total p Cobre (µg/L) n Média DP 97 33 10 16 15 171 1.354,1 1.599,8 1.614,8 1.341,7 1.560,9 1.433,7 0,285 657,4 696,4 881,6 462,3 648,6 665,7 Ferro (µg/L) n Média DP 86 27 8 12 11 144 1.536,2 1.408,2 1.094,2 1.152,6 1.221,3 1.431,6 0,264 848,9 824,9 475,4 458,4 588,4 791,5 Selênio (µg/L) n Média DP Zinco (µg/L) n Média DP 83,6 a 111,1a 68,4 a 76,5a 103,3b 88,57 0,002* 97 1.009,0 323,1 33 938,6 151,1 10 1.237,0 1071 16 950,6 184,1 15 962,2 168,7 171 999,2 365,7 0,228 93 28 10 13 13 157 20,1 66,0 16,7 19,5 35,5 39,0 n: número de indivíduos avaliados; DP: desvio padrão; a: diferença significativa (p<0,05) do diâmetro 5,0 – 8,0 com os grupos de diâmetro 0; 8,1 – 9,0; 9,1 – 12,0. b: diferença significativa (p<0,05) do diâmetro 8,1 – 9,0 com o grupo de diâmetro > 12,0. 89 90 91 92 93 94 95 96 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97 Actor, P. 1960. Protein and vitamin intake and visceral leishmaniasis in the mouse. Exp Parasitol. 10: 1-20. 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