montar caminhão hydramaster
Transcrição
montar caminhão hydramaster
VidaBosch Outubro | Novembro | Dezembro de 2009 • nº 19 Nnononononono nononono Recicle a informação: passe esta revista adiante Mãos verdes à obra Edição especial destaca temas sustentáveis e mostra o que podemos fazer pelo planeta editorial Escolhas da vida A vida é feita de escolhas. Todos os dias temos a opção de escolher novos caminhos na busca de uma vida melhor. E foi pensando nessas escolhas que preparamos uma edição pra lá de especial da VidaBosch, em que o conteúdo inteiro foi permeado pelo tema “sustentabilidade”, resultando em muitas dicas “verdes” ao nosso querido leitor. Preservar o mundo para as futuras gerações é uma causa necessária, pois uma nova sociedade com novos desejos e aspirações está se formando, e esse é um desafio que deve ser assumido por todos. A VidaBosch, como grande ferramenta de comunicação que é, oficializa o seu papel de porta-voz da mensagem de “sustentabilidade” Bosch junto a seus stakeholders e destaca, a partir desta edição, o lançamento da versão on-line, uma forma ecologicamente correta de levar informação às pessoas. Com tecnologia de páginas digitais, você poderá ler as edições completas da VidaBosch na internet, além de navegar por conteúdo exclusivo. São vídeos, links, pesquisas e entrevistas que complementam a versão impressa, um canal que reforça o alcance da informação de forma mais econômica e menos poluente. É mais um passo da Bosch para usar a tecnologia em benefício da vida. Acesse www.vidabosch.com.br e navegue nessa novidade! Sumário 02 viagem | Conhecer a Amazônia sem retoques não é programa de índio 08 eu e meu carro | Carro básico combina com ambiente, mostra Marcos Frota 10 torque e potência | Diesel menos poluente brota nas plantações de cana 14 casa e conforto | Como economizar água sem entrar pelo cano 20 saudável e gostoso | Comida que você joga fora pode virar prato de primeira 26 tendências | Motor elétrico traz carros de volta para o futuro 30 grandes obras | União com ambientalistas dá novo gás a plataforma marítima 34 Brasil cresce | Cultivo de orgânicos dispara, regado por aumento no consumo 38 atitude cidadã | Educação ambiental é muito mais do que plantar sementes 42 aquilo deu nisso | A reciclagem se recria para reaproveitar novos tipos de lixo 46 áudio | Show “zero carbono” é música para os ouvidos do planeta 10 20 46 42 Destaques online | www.vidabosch.com.br eu e meu carro viagem Ellen Paula Site - Faça manutenção preventiva no seu carro e concorra a prêmios Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo depto. de Marketing Communication, Brand Management e Call Center (MKC). Dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: (011) 21261950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Gerente de Marketing: Ellen Paula • Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com. br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@primapagina. com.br • Projeto gráfico e diagramação: Buono Disegno (www.buonodisegno.com.br), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Gráfica Ideal • Revisão: Dayane Pal ([email protected]) • Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479) grandes obras Vídeo Carro flex sem tanquinho? Veja como isso é possível saudável e gostoso Site - Íons de Lítio: conheça mais sobre essa tecnologia Vídeo Descubra a versatilidade de uma ferramenta térmica a gás 2 | VidaBosch | viagem A natureza como ela é Andre Seale / Pulsar Imagens Reserva de Mamirauá, no meio da Floresta Amazônica, é um mundo à parte, em que | Por Rômulo Melo a fauna e a flora ditam as regras. O homem apenas se adapta – e aprecia 4 | VidaBosch | viagem viagem | VidaBosch | 5 Wener Rudhart/kino.com.br Luiz Cláudio Marigo A pousada flutuante, que fica presa às árvores e em trecho quase sem correnteza: toras sob a estrutura permitem que ela funcione mesmo nos períodos de cheia E m poucos lugares do Brasil a expressão “ecoturismo” faz tanto sentido como em Mamirauá, uma reserva de desenvolvimento sustentável no centro-norte do Amazonas. A estadia é no meio da Floresta Amazônica – a três horas de barco da cidade de Tefé, que fica a uma hora de avião (525 quilômetros) de Manaus. Os passeios e a hospedagem são planejados para causar o menor impacto ambiental possível. A reserva, de 1,1 milhão de hectares (quase o dobro da área do Distrito Federal), foi criada em 1999. Os moradores não foram retirados; receberam noções de preservação, ajudam a fiscalizar a floresta e podem lucrar com o produto das árvores e rios. Isso significa tanto explorar o turismo como eventualmente ter permissão para vender couro e carne de jacaré quando há superpopulação desse animal na reserva. A iniciativa foi reconhecida internacionalmente: a maior área protegida de várzea da Amazônia já ganhou diversos prêmios da ONU e, desde 2003, faz parte do Patrimônio Natural da Unesco, junto com outras reservas da região. Para o turista, isso significa ter a oportunidade de entrar em contato com a natureza como ela é – não há jardins com “paisagismo”, não há animais domesticados, não há trilhas pavimentadas. Mas há uma estrutura confortável, a pousada Uacari. Na entrada, o visitante até precisa assinar um termo legal que isenta a reserva e a pousada de quaisquer acidentes que possam ocorrer durante a estadia. Mas não se preocupe, com cuidados básicos de segurança ninguém vai cair na boca de nenhum jacaré. Pela manhã, por exemplo, os bichos que visitam o turista no café são Reserva de 1,1 milhão de hectares (quase o dobro da área do Distrito Federal) foi criada em 1999. Os moradores ajudam a fiscalizar a floresta e podem lucrar com ela só animais brincalhões, como araras ou pequenos macacos-de-cheiro, que vêm às janelas em busca de pedacinhos de fruta. De noite, ouve-se uma sinfonia de insetos, pássaros, macacos e peixes. Da janela, é possível ver ao longe alguns pontos brilhantes refletindo na água, como lanterninhas. São os olhos dos jacarés. A pousada flutua – fica sobre grandes toras – e é presa às árvores por cordas grossas. Conta com dez suítes simples, mas confortáveis e arejadas. Abriga somente 20 pessoas por vez. Cada suíte tem varanda, chuveiro com água quente e duas camas de casal. É cercada por telas para evitar os mosquitos (chamados na região de carapanãs) e coberta com palha para garantir o frescor. Todas as suítes têm vista para a floresta, já que o lodge é cercado por elas. Ao todo, são sete flutuantes; num deles, o central, é onde fica recepção, restaurante, bar, sala de TV, sala de apresentações e uma piscina telada de água do rio. Há também serviço de lavanderia. O sistema de flutuação é que garante que a pousada funcione mesmo no período de cheia dos rios, de dezembro a julho. E, não se preocupe, você não se sentirá dormindo em um navio sacolejante – a estrutura fica num canto sem correnteza forte, numa confluência dos rios Japurá e Solimões. O esquema é de pensão completa, com bebidas à parte. O cardápio valoriza pro- dutos e pratos típicos da Amazônia, com muito peixe fresco (pirarucu, tucunaré e tambaqui, por exemplo), frutas e sucos regionais (de cupuaçu, graviola, camu-camu, taperebá). O bar oferece vinhos nacionais e estrangeiros, caipirinhas, cerveja e refrigerantes. Há telefone no local, mas celular e internet não pegam. A pousada foi desenhada de modo a minimizar o impacto no meio ambiente, com instalação de tecnologias apropriadas, como coleta de água de chuva, energia solar para eletricidade e aquecimento da água e sistema de esgoto. Entre botos e macacos Pescar e caçar, na reserva, é algo só permitido aos moradores. Ao visitante, resta apreciar a fauna e a flora – os grandes fascínios de Mamirauá. Há mais de 300 es- pécies de peixes, cerca de 400 espécies de aves e 45 de mamíferos. Dentre estes, destaca-se o uacari, que deu nome à pousada, um macaco de cerca de 4 quilos, com pelo marrom esbranquiçado e cara vermelha, que se alimenta quase exclusivamente de sementes. Os uacaris – uma das dez espécies de símios da região – vivem em bandos de até 50 e andam muitos quilômetros por dia à procura de seus alimentos preferidos. Essas atrações podem ser vistas com o acompanhamento de guias locais. Nos passeios de canoa, muitas vezes os inofensivos botos cor-de-rosa acompanham o barco, mergulhando ao redor. Também é possível avistar os jacarés, que durante o dia ficam quase sempre tomando sol às margens do rio. Outra opção, paga à parte, é sair com os pesquisadores do projeto Boto Vermelho viagem viagem | VidaBosch | 7 Luiz Cláudio Marigo / Opção Brasil Imagens Convém levar calçados para caminhadas que possam molhar e andar de calça e camisa comprida O macaco uacari, que deu nome à pousada, é um dos 45 mamíferos que podem ser encontrados em passeios pela reserva Como chegar A partir de Manaus, é possível ir a Tefé de avião ou barco. De avião, há voos da TRIP todos os dias (menos terça), com duração de cerca de 50 minutos. De barco, há várias alternativas, que podem ser consultadas no porto de Manaus – há os comuns, em que a viagem leva 48 horas, até lanchas, em que o trajeto é feito em 13 horas. Em Tefé, a própria pousada busca os turistas (o traslado está incluído no pacote). O trajeto entre o porto de Tefé e a pousada é feito num barco simples, com capacidade para 20 pessoas; demora duas horas. COLÔMBIA RORAIMA B Reserva Mamirauá Parque Nacional do Jaú Reserva Amanã Manaus Tefé AMAZONAS Pacotes O tempo ideal de estadia é sete dias, mas há pacotes para períodos mais curtos. Informações sobre preços e detalhes sobre a reserva e a pousada podem ser obtidos em www.uakarilodge.com.br e www. mamiraua.org.br ACRE MATO GROSSO RONDÔNIA BOLÍVIA Ciência e artesanato A viagem inclui ainda algo de pesquisa ambiental. Em Mamirauá, pode-se conhecer o Sistema Automático de Monitoramento Aquático (Sima), que desde junho opera em uma plataforma flutuante no Lago Mamirauá. O sistema funciona via satélite e foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Coleta dados úteis a várias pesquisas em andamento, como a que estuda a distribuição do pirarucu nos lagos da reserva. Sensores colocados acima da linha d’água medem fenômenos como direção e intensidade de ventos, radiação solar e temperatura do ar. Já embaixo d´água, medem variáveis como turbidez e pH. Como teria de ser mesmo em uma reserva de desenvolvimento sustentável, o turismo em Mamirauá não se restringe a fauna e flora. A produção artesanal dos moradores da reserva – como leques, peneiras, chapéus, potes e cestas de palha e barro – pode ser comprada na própria pousada Uacari. Também é possível visitar as comunidades ribeirinhas da região. A população local é de cerca de 11 mil pessoas, distribuídas em 218 comunidades ou sítios, nos quais o Instituto Mamirauá desenvolve ações de educação ambiental, saúde, comunicação e moradia, entre outras iniciativas de organização e articulação comunitária. Nas visitas, pode-se verificar o dia a dia do homem amazônico – as dificuldades que enfrentam, a engenhosidade com que driblam alguns de seus problemas e o respeito que têm à floresta. A Bosch na sua vida VENEZUELA PERU para verificar como é feito o estudo desse primo amazonense do golfinho. Os passeios a pé, mais comuns na época da seca (de agosto a dezembro), podem ser feitos por sete trilhas, sempre com guias. É nesse momento que a atenção para a copa das árvores brinda os olhos com o pulo de macacos, bichos-preguiça e uma diversidade de pássaros e borboletas coloridas. As trilhas são planas e leves, mas convém levar calçados próprios para caminhadas (e que possam molhar, porque chove com frequência na região). Além disso, não esqueça o protetor solar e o repelente para os carapanãs. Como às vezes os mosquitos são insistentes, ande sempre de calça e camisa de manga comprida. Convém ainda levar boné ou chapéu, óculos de sol e, para eventualidades, medicamentos de uso pessoal. E nada de fazer barulho durante as caminhadas – algazarra, em Mamirauá, tem de ser exclusividade dos bichos. Uma rede de oficinas verdes Uma oficina mecânica que pretenda ser de excelência precisa se preocupar com gestão ambiental. É por isso que o Bosch Service incluiu um módulo sobre o tema em seu programa de melhoria contínua Bosch Service Excellence, que padroniza a qualidade do serviço e do atendimento prestado por sua rede em todos os países. O programa é formado por 11 módulos considerados chave para o sucesso, chamados de fatores. No Brasil, estreou em 2009, oferecendo treinamento presencial e virtual em atendimento ao cliente e gestão financeira, numa parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A Bosch recomenda que as oficinas participem para garantir melhoria contínua e diferenciar-se no mercado. Os treinamentos em gestão ambiental devem ser dados em 2010 ou em 2011. A capacitação será ministrada via internet, e eventualmente poderá ser complementada de outras maneiras (por meio de envio de informativos para as oficinas, por exemplo). O conteúdo vai incluir uma explicação sobre o que é gerenciamento ambiental, por que ele é importante e quais são as leis ambientais que as oficinas devem seguir. Arquivo Bosch 6 | VidaBosch | Num material distribuído às oficinas, a Bosch salienta que um Bosch Service deve ser “um precursor e exemplo em questão de proteção ao meio ambiente e comportamento ambiental”. Isso significa, por exemplo, usar equipamentos para reduzir impactos à natureza (como exaustor de gases de escapamento), enfatizar a prevenção, monitorar o desempenho ambiental da oficina e cumprir não só as obrigações previstas na legislação, mas também as diretrizes internacionais da Bosch. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Faça manutenção preventiva do seu carro e participe da promoção Prêmios a bordo! • Conheça a oficina itinerante Bosch Car Service eu e meu carro | Por Mariana Desidério Humberto de Castro 8 | VidaBosch | infância. “Desde que me entendo por gente, vejo em meu pai, minha mãe, meus irmãos mais velhos e meus tios a importância da preservação do meio ambiente, de uma atitude interna própria, até espiritualizada em relação a essa questão”, lembra. Esta preocupação aparece quando o assunto é carro. Dono de um econômico Volkswagen Fox com motor flex – que, além da gasolina, possibilita o uso de álcool, combustível com emissão menor de poluentes –, Frota acredita que cada vez menos os carros são valorizados pelo luxo. “Carro eu acho que tem que ser cada vez mais discreto, mais simples, sabe? Sou voltado para um carro totalmente prático, sem grande ostentação. Estamos num momento em que se deve buscar simplicidade em tudo, e o automóvel, hoje, perdeu um pouco esse sentido de posse, de sonho”, argumenta. Sobre o fato de ter optado por um flex, o ator diz que a escolha não exigiu grande reflexão. “Hoje em dia, esses carros básicos são todos flex. Não tem tanta dúvida. Isso já está incorporado no comportamento do povo brasileiro”, afirma. Em seu novo veículo, ele só usa o álcool como combustível e, por isso, deve lembrar de abastecer o tanquinho da gasolina da partida. O que nunca acontece. “Eu nunca lembro. Mas o frentista sempre lembra, viu?”, conta. Além de não se ligar muito no abastecimento do tanquinho, Frota também é desprendido em relação a conforto e a luxo. “A coisa mais importante num carro para mim hoje é a discrição. Conforto, sonorização, iluminação, espaço interno, essas coisas todas... eu realmente não estou nem um pouco preocupado com isso. Quero um carro seguro, limpo e discreto”, resume. Frota afirma que essa busca por simplicidade veio com a maturidade. O ator aprendeu a dirigir com o pai e, logo aos 18 anos, possuía um Fusca cujos detalhes, como cor, rodas, escapamento e acabamento, eram cuidados com carinho. “Na época eu pensava nisso, agora, não mais”, afirma o artista, que antes de estrear na TV chegou a ser motorista de táxi, office boy, porteiro de motel, caixa de banco, caixa de supermercado, vendedor de elevador e vendedor de Baú da Felicidade. Assim como a preocupação com questões socioambientais, a ligação de Marcos Frota com o circo vem de sua infância em Guaxupé (sul de Minas). “No interior, a presença do circo é sempre bem-vinda, e quando eu era menino, era fã. Hoje, o circo é o exercício da minha cidadania, é a maneira de retribuir tudo aquilo que recebi nestes anos de carreira”, conta o ator, que deu início à Unicirco em 1991. Hoje, seja no picadeiro, seja em frente às câmeras, não se esquece do que está à sua volta. “Procuro sempre manter a limpeza e a preservação do local onde está o circo, que é sempre um local de jardins, árvores e flores. Toda a atitude da minha equipe é no sentido de preservação daquilo e de conscientização do público sobre a importância do meio ambiente nas nossas vidas”, conta. E conclui: “Acho que, hoje, a gente não pode mais caminhar sem essa consciência ambiental. Se a coisa não se reverter, a gente está com o planeta completamente inviabilizado daqui a 30, 40, 50 anos, não é?” Discrição ao volante Participante de movimento ambiental, o ator Marcos Frota prefere carros básicos, menos agressivos à natureza N as telas, Marcos Magano Frota, 54, ficou famoso por interpretar personagens de novelas da Globo, como o cego Jatobá, em “América”, e Tonho da Lua, em “Mulheres de Areia”. A atuação de Frota, entretanto, vai além das telas. Consciente de seu papel como formador de opinião, ele se dedica a projetos sociais, como o evento “Somos Todos Brasileiros”, com foco na cidadania de pessoas com deficiência; a Universidade Livre do Circo (Unicirco), que criou em 1991; e o Movimento Humanos Direitos, voltado a ações socioambientais e à demarcação de terras indígenas. O ator procura estar presente nas reuniões do movimento. Para Frota, que entrou no Humanos Direitos entre 2005 e 2006, o artista tem um papel especial na defesa destes pontos. “A gente tem que emprestar um pouco a popularidade que a carreira nos oferece às questões sociais. O artista brasileiro, o ator, o músico, o atleta, é muito consciente dessa parcela de responsabilidade que lhe cabe”, afirma. Embora as aulas de Pedagogia da PUCSP (que o ator cursou até o terceiro ano) o tenham influenciado, a consciência ambiental faz parte de seu cotidiano desde a Tanquinho com os dias contados Como Marcos Frota, muitos motoristas que têm um carro flex acabam esquecendo-se de abastecer o tanquinho de gasolina da partida a frio. Sem um frentista atento para lembrar, essas pessoas podem demorar bem mais do que gostariam para sair da garagem nas manhãs de inverno. Isso começa a deixar de ser uma preocupação. Desenvolvido pela Bosch, o sistema Flex Start pré-aquece o álcool antes de ele ir para a combustão e acaba com a necessidade da injeção de gasolina no motor nos dias frios. Além de eliminar o incômodo de abastecer o tanquinho, aumenta a agilidade de resposta do carro e diminui a emissão de gases poluentes. O Flex Start já é encontrado no Polo E-Flex. O sistema funciona assim: quando o automóvel é ligado, são checadas a temperatura do ambiente e a do motor, e é calculada a energia que será necessária para esquentar o álcool. Então, aquecedores instalados na galeria de combustível elevam a temperatura do álcool, que chega à combustão já aquecido. A energia usada vem da bateria. A melhor pulverização do jato de combustível quente proporciona uma queima melhor e gera uma redução de até 40% na emissão de gases poluentes. Isso acontece porque cerca de 90% das emissões de um carro ocorrem nos primeiros 90 segundos depois de ligado, justamente quando o combustível ainda está frio. O desempenho do veículo também agra- Arquivo Bosch A Bosch na sua vida dece. Logo depois da partida, os carros abastecidos com álcool podem falhar nas primeiras aceleradas. Com o Flex Start, o carro responde à aceleração, sem engasgos. E o motorista consciente das questões ambientais sabe que, através da escolha do seu carro, está fazendo a sua parte. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Carro Flex sem tanquinho ? Assista a um vídeo sobre a tecnologia Flex Start • Quer saber mais sobre esta tecnologia? Acesse www.flexstart.com.br 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Manuel Alves Filho Shutterstock Argus Um diesel irmão da garapa Nova tecnologia permite obter, da cana-de-açúcar, produto semelhante ao extraído do petróleo, mas menos poluente A versatilidade da cana-de-açúcar está prestes a ser ampliada. Matériaprima usada na produção da cachaça, do açúcar, da garapa e do etanol, essa planta deve servir, em menos de dois anos, como fonte para a fabricação comercial de diesel. E não se trata de biodiesel, produto obtido a partir de plantas oleaginosas ou gordura animal. “É diesel mesmo, com as mesmas características do extraído do petróleo”, afirma o belga Roel Win Collier, diretor-geral da Amyris Biocombustíveis Ltda., empresa de origem norte-americana que, em escala piloto, começou em julho de 2009 a fazer o chamado diesel de cana em sua filial instalada em Campinas, interior de São Paulo. “Em abril de 2011, nossa expectativa é chegar a uma produção de 2 milhões de toneladas ao ano desse novo combustível”, adianta o executivo. O diesel extraído de cana-de-açúcar tem sido apresentado pela Amyris como um produto com potencial para ampliar a participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira e, quem sabe, mundial. A tecnologia capaz de extrair diesel de cana foi desenvolvida nos Estados Unidos por quatro cientistas ligados ao Departamento de Engenharia Química e Bioengenharia da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Dito de maneira simplificada, os pesquisadores descobriram como modificar geneticamente a levedura Saccharomyces cerevisiae e programá-la para gerar diesel em vez de etanol durante a etapa de fermentação do caldo de cana. O produto obtido por meio desse processo original tem as mesmas propriedades do petrodiesel, sustenta o também belga Karl Heinz Leimes, gerente de tecnologia de fermentação da Amyris. “Aliás, ele é ainda melhor do que o diesel fóssil, pois não contém enxofre, substância altamente poluente, e apresenta melhor combustão.” Ou seja, assim como o álcool, o novo combustível é menos poluente. Além disso, completa o técnico, testes realizados nos Estados Unidos teriam comprovado que o diesel extraído de cana-de-açúcar pode ser usado normalmente pelos motores a diesel convencionais, sem que eles tenham de ser submetidos a qualquer tipo de preparação ou adaptação e sem o uso de aditivo. Collier explica que a opção da empresa pela produção do diesel de cana deu-se por motivos estritamente comerciais. A Amyris aposta no combustível por prever um forte crescimento no consumo de diesel no Brasil. O executivo calcula que o novo produto de cana será competitivo se o preço do barril de petróleo se mantiver próximo de US$ 60. Mesmo tendo apostado no “diesel verde”, a Amyris não descarta desenvolver outros biocombustíveis a partir da cana. A empresa informa já deter conhecimento necessário para programar geneticamente micro-organismos que transformariam a prosaica garapa em gasolina e querosene de aviação. “Essa é uma possibilidade real, da qual poderemos lançar mão se houver demanda”, adianta Leimes. torque e potência fixar e serão produzidas em larga escala. Outras, porém, vão se perder no caminho ou tenderão a satisfazer pequenos nichos de mercado. Ou seja, essas novas tecnologias ainda precisarão amadurecer e mostrar suas eficiências, viabilidades econômicas, vantagens e desvantagens. Somente as melhores ficarão”, avalia Ennio Peres da Silva, professor do Instituto de Física da Unicamp e membro do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da mesma universidade. Jean Cesare Negri, coordenador de Energia da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, diz não conhecer em detalhes a tecnologia que transforma caldo de cana em diesel. Entretanto, com base nas informações até agora disponíveis, ele considera que a alternativa pode vir a ser promissora. “A produção de diesel de cana surge no momento em que o Estado de São Paulo está fazendo esforços para ampliar a participação das fontes renováveis na sua matriz energética. Nossa expectativa é que o percentual cresça dos Especialistas avaliam que o momento é propício para desenvolvimento de combustíveis a partir de fontes renováveis como a desenvolvida pela Amyris surgem num contexto altamente favorável. Atualmente, acrescenta Wahnfried, a pressão socioambiental em favor da redução do consumo de combustíveis derivados de petróleo é muito grande. “A sociedade em geral exige, cada vez mais, combustíveis menos poluentes e que tenham certa sustentabilidade na sua produção. Além disso, é bom lembrar que o diesel fóssil está na base da atividade de transporte de cargas e passageiros no Brasil. Qualquer oscilação no preço do petróleo acaba refletindo, por exemplo, no preço dos fretes, o que por sua vez interfere no valor final dos produtos. Encontrar uma alternativa viável ao petrodiesel é uma medida extremamente importante para o país.” Na visão do integrante da SAE-Brasil, um possível limitante para a produção de diesel a partir da cana-de-açúcar está na disponibilidade de matéria-prima. Embora o Brasil seja o maior produtor mundial da cultura (algo como 622 milhões de toneladas até o final de 2009), esta é destinada à atuais 53% para algo em torno de 60% até 2020, o que deverá se constituir em um caso único no mundo.” Para Christian Wahnfried, engenheiro mecânico da Bosch do Brasil e integrante do Fórum Diesel da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE-Brasil), o diesel de cana é uma tecnologia potencialmente promissora. Na opinião do especialista, toda iniciativa que tenha por meta reduzir a dependência brasileira dos combustíveis fósseis deve ser estimulada. “Representantes da Amyris visitaram a SAE-Brasil quando fizeram uma apresentação técnica do biocombustível. Nós ainda não testamos o produto, mas, pelo que nos foi informado, ele apresenta vantagens sobre o diesel fóssil, pois além de ser livre de enxofre tem melhor propriedade de combustão.” O engenheiro também considera que tecnologias Divulgação Em meados de agosto de 2009, a planta piloto da Amyris já estava em operação. A produção era de 300 litros de diesel de cana por operação. A expectativa, porém, era de que uma segunda planta, chamada de “demonstração”, com dimensões semiindustriais, começasse a funcionar em breve, gerando 5 mil litros por operação. Para além das dependências da Amyris, o disel extraído de cana-de-açúcar é visto com um pouco menos de empolgação. Por ser o resultado de uma tecnologia nova, técnicos e especialistas ligados à área de energia preferem conhecer mais detalhes sobre o método desenvolvido antes de opinar. Todos, porém, consideram interessante a busca contínua por combustíveis obtidos a partir de fontes renováveis. “O que estamos vendo é que muitos grupos econômicos e de pesquisas estão desenvolvendo várias tecnologias para a produção de biocombustíveis. O processo normal de desenvolvimento tecnológico vai conduzir a uma seleção. Algumas tecnologias se mostrarão vantajosas, vão se torque e potência | VidaBosch | 13 Empresários esperam produzir, até 2011, 2 milhões de toneladas por ano de diesel de cana fabricação de açúcar e álcool. “Seria mais um produto brigando pela mesma fonte. A escolha deve ficar entre dividir a produção atual ou aumentar a área plantada. A decisão certamente vai caber à sociedade.” Automóveis Mesmo ainda não sendo uma realidade comercial, o diesel de cana pode contribuir para a liberação da venda de carros de passeio movidos por motores a ciclo diesel no Brasil. Essa é a opinião de Rubens Avanzini, engenheiro da Bosch e coordenador da Comissão Técnica de Motores Diesel da SAE-Brasil. Segundo ele, a proibição, que já dura 33 anos, foi adotada acertadamente na época. “Ocorre que o cenário atual é totalmente diferente. Antes, o país importava petróleo e os motores, de maneira geral, eram muito poluentes, devido à ausência de leis de emissões e da tecnologia hoje disponível para motores e combustíveis. Atualmente, somos autossuficientes em produção de petróleo e os motores diesel são muito mais eficientes em relação à performance, dirigibilidade e emissões”, avalia. Conforme Avanzini, para os motores Otto (aqueles cuja combustão inicia-se por meio de uma centelha, diferentemente do ciclo diesel, em que a combustão começa de forma espontânea, por compressão da mistura de ar e combustível) houve possibilidade de investimento em desenvolvimento de tecnologia para usarem combustíveis renováveis, como o álcool. “Agora, devido a iniciativas como o diesel de cana e à realidade do biodiesel que está nos postos, o ciclo diesel teria a mesma oportunidade, com uma característica muito interessante que é a elevada eficiência. Não há mais razões técnicas que justifiquem a proibição do uso de motores diesel em carros de passeio no Brasil”, opina. As boas características do ciclo diesel já foram comprovadas na Europa, onde sua aplicação em automóveis é um sucesso. “Penso que, se a proibição permanecer em vigor, estaremos perdendo oportunidades em não explorar esse potencial”, reforça. A Bosch na sua vida Precisão contra a poluição Se o diesel de cana-de-açúcar promete reduzir as emissões melhorando o combustível, uma tecnologia hoje já disponível nos carros de passeio a diesel assegura que os motores produzam uma quantidade bem menor de gases poluentes. É isso o que faz o injetor CRI 2.2 da Bosch, que reduz, nos carros de passeio e em picapes, em até 90% a emissão de materiais particulados e em até 60% a de óxidos de nitrogênio, substâncias que podem causar problemas respiratórios. “Esta tecnologia capacita motores diesel a atender os níveis de emissões que entrarão em vigor a partir de 2012 e praticamente coloca as emissões de gases poluentes do diesel no mesmo patamar dos motores movidos a gasolina”, afirma Rubens Avanzini, gerente de desenvolvi- mento de produto da Bosch. No Brasil, o CRI 2.2 é usado em utilitários, como picapes e pequenos caminhões. Para conseguir esses resultados, o produto da Bosch tem como característica principal injetar pequenas quantidades de diesel na câmara de combustão do motor antes do início da queima principal, o que diminui consideravelmente a formação de gases poluentes. Uma unidade de controle eletrônico calcula as injeções com precisão. No final do processo, o sistema ainda pode efetuar mais uma injeção pequena antes de recomeçar o ciclo, o que ajuda a “limpar” os equipamentos de controle de fumaça, como o filtro de particulados e catalisadores. Além de reduzir a quantidade de gases resultantes de queimas malfeitas, o controle das condições de combustão feito Arquivo Bosch 12 | VidaBosch | pelo CRI 2.2 tem grande efeito sobre redução dos ruídos do motor e sobre o aproveitamento do combustível, o que gera mais economia. A Bosch oferece tecnologia diesel para motores mais limpos, econômicos e eficientes, dentro dos padrões de preocupação da empresa com o meio ambiente e a sociedade, que ainda incluem parâmetros de segurança. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Redução de emissão de poluentes? Veja como a tecnologia CRI 2.2 funciona 14 | VidaBosch | casa e conforto | Por Chantal Brissac Economia até a última gota Olga Miltsova Os brasileiros consomem quase o dobro da quantidade de água indicada pela ONU; aprenda a cortar o desperdício com mudanças no lar e nos hábitos 16 | VidaBosch | casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 17 Fotos Shutterstock Boumen & Japet Diminuição do desperdício requer mudança de hábito, como ensaboar a louça em água parada, instalar descarga com jatos diferentes para líquidos e sólidos e usar um copo ao escovar os dentes D urante décadas o mundo se preocupou pouco com o uso de água, o que, de acordo com especialistas, já começa a nos trazer problemas. “Os sinais de que a humanidade está exaurindo esse vital recurso natural estão mais que evidentes”, afirma Sergio Luiz Pereira, professor da USP que defendeu tese de livre-docência sobre automação e desenvolvimento sustentável. Engenheiro, Pereira diz que os cuidados com a água são um dos maiores desafios a serem enfrentados pela humanidade no século 21 e ressalta a necessidade de se aprimorar a forma como usamos esse bem. O primeiro passo para a mudança pode ser dado dentro de casa. Checar se há torneiras pingando, dificuldade na hora de acionar a descarga e se o chuveiro demora muito a esquentar a água pode gerar economia (leia no quadro na página 18). Identificados os problemas, quanto mais rápido o conserto, menor o prejuízo. Ao construir, é recomendável escolher equipamentos e materiais que atendem os requisitos de desempenho do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP- H). Isso pode evitar vazamentos futuros e vale para a escolha dos tubos de PVC, reservatórios, boias, metais sanitários, chuveiros e torneiras com arejadores, restritores, entre outros. Além de vazamentos, o desperdício pode vir de defeitos nos equipamentos. Uma válvula de descarga antiga ou mal regulada, tipo hidra, gasta de 10 a 15 litros de água por acionamento. “O ideal é substituir por um sistema mais moderno. As novas válvulas possibilitam programar o tempo da descarga e as bacias consomem apenas seis litros”, informa Adilson Lourenço Rocha, especialista do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Entre as novas alternativas, há modelos com duas opções de descarga, para dejetos líquidos e sólidos. Apesar de a caixa externa acoplada à privada ainda ser o dispositivo mais usado no país, nem sempre é o mais econômico, e o sistema da boia é frágil para o uso intenso: desregula facilmente, o que leva a mais acionamentos de água e a gastos. Já a caixa de descarga embutida na parede, uma das preferidas nos países europeus, tem muitas vantagens: não ocupa espaço, dispensa limpeza e, por ser instalada no alto, garante um melhor arraste dos dejetos. O banheiro é mesmo o maior vilão no gasto de água, segundo especialistas. Calcula-se que 27% do consumo doméstico são para cozinhar e beber; 25% para a higiene, 12% para a lavagem de roupa e 3% para outros empregos, como lavagem de carro, calçada e jardim. E a maior parte, 33%, é usada para a descarga de banheiro. Se a água descartada no banho e em outras Especialistas estimam que a descarga do banheiro seja responsável por até um terço do consumo de água doméstico lavagens (a chamada “água cinzenta”) pudesse ser aproveitada nos vasos sanitários, haveria uma economia de até um terço de toda água usada na casa. As águas de chuva são outra esperança na luta contra o desperdício. Apesar de serem consideradas ‘esgoto’ pela legislação brasileira, uma pesquisa na Universidade da Malásia mostrou que apenas os primeiros jatos de chuva carregam ácidos, microorganismos e outros poluentes da atmosfera. Depois de um tempo, elas adquirem características de água destilada e podem ser coletadas em reservatórios fechados. Ou até virar potáveis, se bem filtradas e cloradas. Mas nem sempre o processo natural de diluição e autodepuração é suficiente. “É possível usar a água de chuva ou reusar efluentes. Mas o maior desafio é a gestão desses projetos, que precisam ser analisados com muita cautela, para não virar um problema de saúde pública”, explica o engenheiro Humberto Oyamada, mestre em engenharia de sistemas prediais do Programa de Uso Racional da Água (Pura), desenvolvido pela companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) em parceria com a USP. Má distribuição Mesmo o Brasil sendo detentor de 12% de toda a água doce da Terra, todos os cuidados contra o desperdício são justificados. Primeiro, porque há má distribuição geográfica. “Enquanto no Norte temos uma disponibilidade per capita anual de mais de 20 mil m3, em Pernambuco, Paraíba e no Distrito Federal este valor não chega a 1.500 m3, e indica, segundo a ONU, uma situação crítica”, explica o professor de geografia e pesquisador Enildo Gouveia. De acordo com as Nações Unidas, cada pessoa precisa, em média, de 110 litros de água por dia para atender suas necessidades de consumo e higiene, mas no Brasil esse gasto quase duplica: são mais de 200 litros por pessoa. Isso faz com que grandes centros já comecem a enfrentar escassez. A disponibilidade hídrica na Grande São Paulo, por exemplo, é de 200 m3 por habitante ao ano, o que significa apenas 8% do recomendado pela ONU (2.500 m3). Por conta desse problema, foram lançados o Pura e o Programa Sabesp Soluções Ambientais, ambos direcionados ao consumo consciente da água e a mudanças culturais. Durante o lançamento dos programas, o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, fez um discurso categórico: “Nada que fizermos casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 19 Shutterstock Saiba se há vazamentos em casa terá efeito se a sociedade não se conscientizar sobre a questão ambiental”. Consciência Relógio de água (hidrômetro) Deixe os registros abertos, feche todas as torneiras, desligue os aparelhos que usam água e não use os sanitários. Anote o número ou marque a posição do ponteiro maior do hidrômetro. Depois de uma hora, verifique se houve alteração. Se isso aconteceu, há algum vazamento em sua casa. A conscientização passa não apenas por adequar a estrutura da casa para evitar desperdício, mas também por mudar hábitos. O Pura e a ONG Universidade da Água têm cartilhas com informações sobre pequenos ajustes que podem fazer uma grande diferença. As instruções vão além das dicas básicas, como fechar o chuveiro enquanto se ensaboa, fazer a barba com a torneira fechada e usar copo de água ao escovar os dentes. No banheiro, por exemplo, uma das sugestões é comprar ducha de vazão moderada – as duchas normalmente vão de 6 a 25 litros por minuto – quanto menor a vazão, menor o desperdício. A banheira, quando bem usada, também pode ajudar. Os modelos comuns têm, em média, de 150 a 200 litros. No seu limite máximo e sem troca de água, equivale a um banho de 15 a 20 minu- Canos alimentados diretamente pela rede Feche o registro na parede. Abra uma torneira alimentada diretamente pela rede da companhia de abastecimento (pode ser a do tanque) e espere a água parar de sair. Coloque um copo cheio de água na boca da torneira – se ela sugar a água do copo, há vazamento. Canos alimentados pela caixa d’água Feche todas as torneiras, desligue os aparelhos que usam água e não utilize os sanitários. Feche bem a torneira de boia da caixa. Marque, na caixa, o nível da água e verifique, após uma hora, se ele baixou. Em caso afirmativo, há vazamento na canalização ou nos sanitários. de retirar o excesso de resíduos com um papel absorvente, antes de colocar os utensílios na máquina. Nas partes externas da casa, também há espaço para reduzir o consumo. Lavar o carro com balde, ao invés de mangueira, reduz o gasto de 216 para 40 litros, em média. No jardim, prefira o regador ou um esguicho-revólver – são mais econômicos do que a mangueira. A rega deve ser feita pela manhã, no final da tarde ou à noite: é melhor para as plantas e reduz a evaporação. Com essas medidas pode-se chegar a uma economia de até 96 litros. Também há de se ter cuidado com a piscina. A de tamanho médio, a céu aberto, perde cerca de 3.785 litros de água por mês por causa da evaporação. Coloque uma cobertura de encerado ou material plástico, o que reduz a perda em 90%. Esses exemplos todos mostram que já existem soluções e tecnologias para evitar a escassez de água. Falta, agora, colocar de fato essas ações em prática. A Bosch na sua vida Banho ecologicamente correto Gira a torneira para um lado, gira a torneira para o outro, estica a ponta do pé, e, até acertar a temperatura da água, uma boa parte dela vai pelo ralo. Para evitar esse desperdício no banho e proporcionar mais conforto, a Bosch conta com dois aquecedores a gás que fazem a água chegar ao chuveiro na temperatura escolhida, não importa o quanto o misturador estiver aberto. Os modelos GWH 500 (foto ao lado) e GWH 720 deixam a água entre 37ºC e 70ºC, calculando o calor necessário para que a temperatura na ducha fique constante. Escolher e visualizar a temperatura é fácil — os aparelhos têm mostrador digital. Pode-se conseguir economia ainda maior se eles forem usados com duchas de vazão moderada (8 litros por minuto), consideradas ecologicamente corretas. Torneiras Quando as torneiras, mesmo fechadas, pingarem, troque o “courinho”. Gotejando, uma torneira chega a um desperdício de 1.380 litros por mês. Vaso Sanitário Jogue cinzas no fundo da privada. Se ficarem depositadas no fundo, o vaso está livre de vazamentos. Se houver movimentação, é sinal de vazamento na válvula ou na caixa de descarga. Reservatórios subterrâneos de edifícios Feche o registro de saída do reservatório e a torneira da boia. Marque no reservatório o nível da água. Se após uma hora ele baixar, há vazamento nas paredes do reservatório, nas tubulações de alimentação do reservatório superior ou na tubulação de limpeza. Fonte: Programa de Uso Racional da Água tos num chuveiro de vazão média. Usá-la com água pela metade ou pelo menos ¾ pode ser uma boa fonte de economia. Na cozinha, lavar a louça por cerca de 15 minutos, com a torneira meio aberta, corresponde a um gasto de 117 litros (casa) e 243 litros (apartamento, onde a pressão é maior). Ensaboar a louça numa cuba cheia até a metade e enxaguar depois pode poupar até 20 litros. Jogar óleo no ralo da pia também é prejudicial ao meio ambiente – um litro de óleo contamina cerca de 1 milhão de litros de água. A recomendação é que ele seja colocado em uma garrafa pet e levado a ONGs que o recolhem para reciclagem, como a Trevo (www.trevo.org) e o Instituto Triângulo (www.aitech.com. br/SiteTriangulo). As cartilhas ainda recomendam que as lavadoras de louça e de roupa só sejam usadas quando puderem ser totalmente preenchidas e com programas mais curtos, que economizam água. No caso das louças, é importante ter o cuidado O controle sobre o aquecimento também traz economia de gás na comparação com os modelos convencionais. Normalmente, os aquecedores esquentam além do necessário, com o objetivo de que a pessoa misture água quente e fria na ducha até chegar à temperatura ideal. Assim, usa-se mais gás do que seria preciso para obter o calor. Nos equipamentos da Bosch, o volume é calculado com precisão a fim de que não haja desperdício de energia. Os aquecedores GWH 500 e GWH 720, que contam com três anos de garantia, têm entre seus diferenciais a tecnologia de segurança. São ao todo quatro dispositivos, entre eles um sistema de exaustão forçada (espécie de ventoinha que expulsa gás para o meio externo, diminuindo o risco de acidentes), uma câmara de combustão que “blinda” o equipamento contra vazamentos e um limitador de temperatura. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br Lavar o carro com balde, em vez de mangueira, diminui em 80% o gasto com água • Economize água! Compre aquecedores Bosch e ainda participe da promoção 3 anos de garantia Arquivo Bosch 18 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Maria Eduarda Mattar Dina Magnat 20 | VidaBosch | Criatividade de sobra Além de evitar o desperdício, reaproveitar restos de alimentos pode ser nutritivo e resultar em pratos saborosos E m tempos de conscientização ambiental em alta, evitar desperdício nunca esteve tão na moda. E isso pode começar dentro de casa, fazendo o arroz com feijão - literalmente. Saber usar tudo que os alimentos têm a oferecer, incorporando às receitas talos, cascas, ramas e sementes, por exemplo, é o que se costuma chamar de aproveitamento integral dos alimentos. A ideia básica é não desperdiçar partes consideradas menos nobres, não só em função das altas taxas de nutrientes que trazem, mas também pelo sabor que podem adicionar aos pratos. Um relatório da ONU deste ano diz que mais da metade dos alimentos produzidos no mundo é perdida, desperdiçada ou descartada até chegar aos domicílios. Dados da FAO, braço da ONU sobre alimentação e agricultura, apontam que o Brasil desperdiça anualmente cerca de 70 mil toneladas de alimentos. Já a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem pesquisas indicando que a média de desperdício no Brasil está entre 30% e 40%. Na maioria das vezes, são partes de alimentos não utilizadas nas receitas, ou comidas que azedam ou estragam. Na equação do desperdício alto multiplicado por hábitos não sustentáveis, o resultado é negativo: alimentos menos nutritivos e dinheiro jogado no lixo. “Consideremos uma família que gaste R$ 500 por mês com alimentos: desperdiçando um terço, ela joga no lixo cerca de R$ 165. Se a família depositasse o dinheiro na poupança, apenas com os juros de 0,5% ao mês, significaria R$ 2.045, em um ano”, calcula Heloisa Torres de Mello, Gerente de Operações do Instituto Akatu. A organização milita pelo consumo consciente e, no início de 2009, lançou a campanha “Um terço de tudo que você compra vai para o lixo”, com foco justamente no desperdício de alimentos. Ruim para o bolso, pior para a saúde. Pesquisas e especialistas indicam que talos, cascas, ramas e sementes partes descartadas a priori por várias pessoas - em muitos Frutas muito maduras não precisam ser descartadas: podem virar geleia ou suco 22 | VidaBosch | saudável e gostoso saudável e gostoso | VidaBosch | 23 Shutterstock casos são mais nutritivos que a polpa ou raiz que acompanham. “A casca da abóbora tem 20% mais fibra que a polpa. A rama da cenoura tem 13 vezes mais cálcio que a raiz, além de ser também mais rica em ferro”, exemplifica a nutricionista Rosita Camargo Amaral. Os exemplos não param por aí: a casca de banana tem duas vezes mais potássio e duas vezes e meia mais vitamina C que a polpa. A da manga, com 30,3 mg de vitamina A, é mais rica neste quesito que a polpa, com 17,3 mg do nutriente. Bochkarev Photography a ‘elite’ dos alimentos e fazer panquecas. As cascas de melancias e melão podem ser raladas ou picadas e misturadas em saladas ou cozidos”, sugere. Informações de higiene e de armazenamento de alimentos também estão presentes nos treinamentos do Cozinha Brasil, como a dica de nunca deixar um alimento mais de 30 minutos fora da geladeira e a de só acondicioná-los em potes tampados, nunca em sacos. Colocando em prática Várias frutas têm mais nutrientes na casca do que na polpa da manga, colocá-la em saladas agridoces ou até mesmo fazer bolo com ela. Além dos carotenóides [substâncias antioxidantes, que combatem o envelhecimento], enriquecemos as receitas com fibras”, conta a nutricionista Silvia Honorato da Silva, coordenadora do programa Alimente-se Bem, desenvolvido pelo Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP). Criada em 2000, a partir de uma pesquisa que apontou má qualidade na alimenta- Para evitar o desperdício • Faça quatro compras por mês. Dessa forma, você sempre comprará os produtos perecíveis mais frescos, em menor quantidade e, portanto, com menos chance de estragar e ir para o lixo. • Não faça compras com fome. O consumidor faminto compra mais e desnecessariamente. • Não jogue fora as sobras. Aprenda a reciclá-las: do feijão, faça sopa; com arroz, cenouras cozidas, carne assada ou o que restou da bacalhoada, prepare deliciosos bolinhos. • O maior desperdício doméstico veri- ção dos industriários paulistas, a iniciativa compreende cursos gratuitos para quem quer aprender a aproveitar melhor os alimentos. Além de ensinar técnicas de aproveitamento, dá dicas de receitas. Já foram quase 24 mil cursos, formando mais de 569 mil pessoas, em 37 municípios de São Paulo. O sucesso inspirou um outro programa, o Cozinha Brasil (www.cozinhabrasil.org. br), do Sesi Nacional, que ministra cursos semelhantes e passa conceitos de saúde. Reaproveitar “Mostramos como é possível reduzir custo e mesmo assim ter maior aporte de vitaminas, minerais e fibras. Ensinamos não só a aproveitar melhor, mas como ter escolhas saudáveis”, explica a nutricionista Rosita, que é também a supervisora do Cozinha Brasil no Rio de Janeiro. Ela adianta algumas das dicas ensinadas nos cursos realizados em todo o país. “Os vegetais verdes escuros são ricos em ferro e cálcio. Pode-se bater no liquidificador com Essas dicas são ainda mais importantes quando o que está nos potes são sobras de alimentos já preparados ou legumes e frutas passando do ponto. Neste caso, o assunto tende mais para o reaproveitamento de alimentos do que para o aproveitamento integral. Há, no entanto, a mesma infinidade de dicas. “Alguns podem ser guardados por um período maior, mas é bom ter cuidado com o armazenamento e o modo de usálos na próxima preparação. Coisas cruas perdem muito da textura e do sensorial quando descongeladas”, afirma Silvia. Arroz que sobrou do dia anterior pode ser refogado de novo e virar risoto, arroz de forno ou bolinho. Seu companheiro habitual, o feijão, se traveste de tutu. Frutas maduras sempre podem deliciar em doces, geleias e sucos. Legumes e verduras viram suflês, sopas ou bolinhos. Pão dormido pode “despertar” como torrada, farinha de rosca ou rabanada. “A palavra-chave é criatividade”, resume a coordenadora do programa Alimente-se Bem. Se é assim para quem está em casa, imagine em restaurantes, onde se lida com grandes quantidades de comida. É o caso do carioca Universo Orgânico, da chef Tiana Rodrigues, que serve refeições da alimentação viva (prática que preconiza que as comidas só podem ser submetidas até determinadas temperaturas e devem, preferencialmente, ser consumidas cruas). Gerido com preocupações como sustentabilidade e reciclagem, o restaurante leva o aproveitamento integral a outro estágio. Tiana conta que nada se perde em sua cozinha, já que, quando um alimento está perto de estragar, é levado ao desidratador. É o caso de tomates muito maduros e ervas passando do ponto. Agrião, alface, espinafre e outras verduras viram sucos na lanchonete, já laureada com o prêmio “Melhor Suco” do guia Comer & Beber 2007 da revista Veja Rio. Quando não podem mais ser aproveitados, os alimentos são separados e doados aos fornecedores do restaurante, para fazer compostagem nas plantações. “Não temos nenhuma perda”, orgulha-se a chef, mostrando que combater o desperdício não precisa ser só uma moda. A Bosch na sua vida fica-se em frutas, legumes e verduras, ou seja, nos produtos típicos das compras semanais. Pensar no cardápio da semana antes de ir ao supermercado permite comprar apenas o necessário para aquelas refeições, evitando o desperdício. • Nas compras a granel (alimentos não embalados) não leve tão em conta a “limpeza” de legumes e das batatas. Muita limpeza reduz seu tempo de vida. Legume ou batata com um pouco de terra dura mais e pode ser lavado em casa. Fonte: Instituto Akatu Amilcar Packer A dúvida é como incorporar devidamente esses coadjuvantes. “O primeiro passo é ‘sair do automático’ e refletir sobre seus hábitos de consumo”, aconselha Heloisa. “O segundo é incorporar os novos hábitos ao cotidiano, não fazendo sacrifícios que não poderão ser mantidos”, completa. Cascas batidas rendem belos sucos e podem ser incorporadas em molhos. Talos são ótimas bases para caldos e sopas. Sementes secas e trituradas viram condimento. “Aipo desidratado e batido no liquidificador rende um ótimo sal, um dos melhores”, assegura a chef Tiana Rodrigues, do restaurante carioca Universo Orgânico. Ramas são cozidas em sopas ou usadas em acompanhamentos. Algumas vezes, os coadjuvantes são alçados ao papel principal. “Fazemos o suco só com a casca da manga. Pode-se fazer rolê de frango com a casca Cascas batidas rendem sucos e molhos; talos são ótimas bases para caldos ou sopas. Já sementes secas trituradas podem virar tempero Reciclagem não apenas nos alimentos Mesmo reaproveitando ingredientes, é possível dar a eles um acabamento de primeira. Gratinar, flambar e grelhar os alimentos ajuda a torná-los mais atraentes e saborosos. Para fazer isso sem precisar de um forno especial ou de malabarismos, a Dremel, empresa do grupo Bosch, fabrica o Versaflame, ferramenta térmica a gás que pode ser usada na confecção de receitas como crème brûlée, frutas flambadas ou salmão no maçarico. É útil ainda para dourar e derreter o queijo por cima da massa. O Versaflame aquece a uma temperatura de até 1.200oC, mais do que os equipamentos convencionais, que chegam a 800oC. Com isso, além de ser mais ágil, economiza gás, poupando o meio ambiente. Para dar um aspecto mais uniforme ao alimento, evitando que a chama entre em contato direto com ele, o maçarico também tem um prolongador — pequeno cano que leva apenas o ar quente à comida. Esse detalhe, somado ao design do aparelho, faz com que seja possível trazê-lo à mesa, para gratinar pouco antes de consumir o alimento. Todos os componentes da ferramenta são recicláveis. No descarte do equipamento (que tem a maior garantia do mercado, de dois anos), basta levá-lo a uma assistência técnica autorizada da Bosch – a companhia se encarrega de conduzir a reciclagem das peças. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Descubra as outras utilidades do Versaflame. Assista ao vídeo saudável e gostoso | Por Maria Eduarda Mattar Fotos Amilcar Packer 24 | VidaBosch | Crepe Suflê Recheio Ingredientes 2 xícaras de sobra de legumes ou proteínas (sobras de carne de ave, boi, porco ou peixe) 60 g de azeitonas verdes picadas Cheiro verde picado (a gosto) Pimenta biquinho picada (a gosto) 100 g de queijo meia cura ralado Recheio Ingredientes 2 xícaras de sobra de legumes ou proteínas (sobras de carne de ave, boi, porco ou peixe) 1 cebola roxa ½ pimentão vermelho, verde ou amarelo Tomilho (a gosto) 40 g de manteiga 40 g de farinha 400 ml de leite Noz moscada (a gosto) 5 gemas de ovo 6 claras de ovo 80 g de queijo gruyère Sal (a gosto) Massa Ingredientes 1 xícara de farinha de trigo ¼ de xícara de leite 1 ovo Sal (a gosto) Molho Ingredientes 30 g de manteiga 30 g de farinha de trigo 600 ml de leite Sal (a gosto) Noz moscada (a gosto) Reaproveitando até o talo Cascas, ossos e pedaços pouco usados de legumes podem virar ingredientes de pratos sofisticados nas aulas da chef e professora de Gastronomia Michele Bunemer E m suas aulas de culinária francesa, ensina aos estudantes que uma das coisas mais comuns na comida do país europeu é o uso de molhos. “E ramas de cenoura, talo de salsão e de outros vegetais são ótimas bases de caldos e molhos”, diz Michele Bunemer, chef e professora de Gastronomia do Centro Universitário Senac. Com 31 anos, quatro e meio deles ensinando, Michele já trabalhou em restaurantes, mas considera a atividade solitária. Prefere cozinhar para eventos - “jantares, almoço, coquetel, festa de aniversário” -, desenvolvendo cardápios ou dando aulas. “Gosto mais de trabalhar em grupo”, revela. Sente-se bem, portanto, com os alunos. Assim pode mostrar aos estudantes, por exemplo, que a casca do camarão não precisa ser jogada no lixo. “A gente torra e faz caldo ou sopa, que ficam mais saborosos do que se tivessem só o camarão”, afirma. Ensina também que osso de frango, boi ou peixe podem ser torrados ou dourados e levados ao caldo. “Cozinhamos horas, para extrair todo o sabor e nutrientes”, explica. Recém-transferida para o campus do Se nac em Águas de São Pedro (interior de São Paulo), referência na formação em Gastronomia, leciona cozinha francesa, planejamento de cardápio e cozinha europeia. Preocupada em usar ao máximo os alimentos, Michele tem especial gosto pelo uso das cascas na culinária. “Com a casca, a beterraba fica mais vermelha. A batata também fica com a cor melhor, além de reter melhor os nutrientes e não soltar tanta água”, ensina. Talos também podem ser aproveitados integralmente em receitas com carnes e frango, diz. Quando se depara com legumes já cozidos, os transforma em torta de liquidificador. Do arroz, faz risoto ou arroz cremoso. “Sempre lembrando de refogar novamente, para mudar o tempero e não ficar com gosto de ‘almoço de ontem.’” Natural de São Carlos, o interesse por panelas e fogões veio quando a mãe ganhou um concurso que sorteava um curso de cozinha para crianças. Michele, então com 10 anos, fez o curso e adorou. “Continuei gostando, até que larguei o curso de Direito no terceiro ano para fazer Gastronomia.” Modo de preparo Desfie ou pique a proteína em pequenos pedaços, pique também os legumes se for necessário. Misture as azeitonas verdes e a pimenta biquinho e reserve. Bata os ingredientes do crepe em um liquidificador, rapidamente. Reserve por cerca de 30 minutos. Em uma crepeira ou frigideira antiaderente, espalhe pequenas quantidades de massa e cozinhe em fogo baixo. Vire e doure do outro lado. Recheie cada crepe e reserve. Para o molho branco, leve a manteiga e a farinha de trigo ao fogo e espere até que a farinha esteja cozida. Em seguida, adicione o leite aos poucos, o sal e a noz moscada e cozinhe por cerca de 20 minutos em fogo brando. Disponha o molho sobre os crepes recheados, polvilhe o queijo ralado por cima e gratine com o auxilio de um maçarico. Rende seis porções. Modo de preparo Desfie ou pique a proteína em pedaços pequenos. Pique também os legumes, se for necessário. Refogue a cebola roxa em fogo baixo até que esteja completamente doce. Em seguida, refogue rapidamente o pimentão cortado em pedaços pequenos. Junte as sobras e o tomilho e refogue por alguns minutos. Reserve. Bata as claras em ponto de neve firme. Leve a manteiga e a farinha de trigo ao fogo e espere até que a farinha esteja cozida. Adicione o leite aos poucos – essa mistura dará um creme espesso. Misture bem o queijo, as gemas e o recheio. Adicione as claras, mexendo delicadamente de baixo para cima. Disponha o suflê em ramequins (refratários individuais) untados e enfarinhados. Asse em forno pré-aquecido a 180ºC. Rende seis porções. tendências | Por Fábio Brandt Bernd Jürgens 26 | VidaBosch | Futuro do pretérito Uma das principais apostas para reduzir a emissão de poluentes no futuro é um combustível muito usado nos primórdios da indústria automobilística: a eletricidade A julgar por algumas pesquisas de ponta da indústria automobilística, o combustível do futuro poderá ser o combustível do passado — a eletricidade. Mais ecológicos que os convencionais, os carros movidos a energia elétrica já podem ser comprados em alguns países, embora ainda sejam minoria no mercado. Nos primórdios do setor, era justamente o contrário: os veículos elétricos ou híbridos (que funcionam com eletricidade e outra fonte) faziam grande sucesso. O primeiro automóvel a gasolina foi feito em 1885 pelo alemão Karl Benz. Em 1900, o austríaco Ferdinand Porsche exibiu um veículo com quatro motores elétricos (cada um ligado a uma das rodas) abastecidos por baterias pesadas. No ano seguinte, apresentou outro modelo, que manteve os quatro motores, mas excluiu as baterias, usando um gerador a combustão para alimentá-las. Outros inventos semelhantes se sucederam, e os carros com motores elétricos abocanharam fatia importante do incipiente mercado. Havia espaço para essas inovações porque as empresas ainda não sabiam qual carro seria mais vantajoso, e o petróleo não era um combustível difundido, analisa Ricardo Bock, professor do curso de Engenharia Mecânica Automobilística da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial). “Hoje você vai à esquina e compra um derivado de petróleo, mas naquele tempo nem todos os países dispunham disso.” Com o tempo, o motor a gasolina tornou-se o mais produzido, porque tinha combustível mais viável e garantia o melhor rendimento. Se o desenvolvimento da indústria petrolífera ofuscou projetos automobilísticos alternativos, a crise do início dos anos 70 recolocou-os sob os holofotes da engenharia. “Mas, na época, tinha várias limitações, como custo, autonomia e tamanho dos veículos”, avalia Reinaldo Muratori, diretor da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE-Brasil). O impulso maior veio na década de 80, nos Estados Unidos, quando a Califórnia adotou uma legislação ambiental que obrigava montadoras a reduzir progressivamente as emissões. “Em certo momento, surge a ideia de desenvolver o híbrido. Apesar dos dois sistemas [elétrico e combustão], ele tinha autonomia e propulsão viáveis”, lembra o diretor da SAE. Começava, então, uma volta às primeiras décadas da indústria automobilística. O sistema, porém, guarda algumas diferen- ças em relação aos do início do século 20. O princípio é semelhante ao dos automóveis comuns. A diferença é que, quando o carro não precisa da potência do motor a combustão – em congestionamento ou baixa aceleração, por exemplo –, apenas o elétrico é acionado. Nesses momentos, a emissão de poluentes é zero. Caso precise de mais potência, como numa ultrapassagem, os dois motores trabalham juntos. Com o sucesso do sistema, diversos tipos de híbridos foram desenvolvidos. Eles se diferenciam, ressalta Muratori, na forma de ligar os motores ao câmbio. Há três tipos mais comuns: o híbrido-série tem apenas um motor conectado às rodas, o outro é auxiliar; se o motor elétrico é o principal, como acontece com mais frequência, o motor a combustão funciona como gerador de eletricidade para ele, explica Muratori. O híbrido-paralelo tem os dois motores ligados ao câmbio, e ambos movem o carro, alternadamente — mas aqui o motor elétrico é alimentado por baterias. Já o híbridomisto é semelhante ao paralelo, mas nele o motor a combustão pode, além de mover o veículo, gerar energia para o motor elétrico, como no híbrido-série. Primeiro híbrido moderno produzido em larga escala, o Toyota Prius, lançado em 1997, é um sedan com motor a combustão 1.8 que, aliado ao elétrico, roda cerca de 20,4 quilômetros com 1 litro de combustível na cidade e 21,7 na estrada. Para efeito de comparação: o Corolla 1.8, sedan da Toyota com combustível con- 28 | VidaBosch | tendências vencional, faz 11,1 km/l na cidade e 14,5 na estrada. Nos Estados Unidos, o Prius custa de US$ 22 mil a US$ 27.270 e o Corolla, de US$ 15.350 a US$ 18.860. O Prius já vendeu 2 milhões de unidades em 44 países. O número é suficiente para colocá-lo na liderança entre os híbridos, mas seu desempenho em dez anos representa uma magra fatia do mercado automotivo: em 2008, somente no Brasil foram vendidos cerca de 3,2 milhões de carros. No mesmo período, nos Estados Unidos, foram comercializadas 13,2 milhões de unidades — o pior ano desde 1992. Ainda mais incipiente é o mercado de carros puramente elétricos. Um marco nessa área é o EV1, produzido pela General Motors entre 1996 e 1999. Foi o primeiro elétrico moderno lançado por uma grande montadora — tratava-se de um automóvel esporte, para dois passageiros, que vendeu 1.100 de unidades. O EV1 também ganhou versões híbridas, e indicou tendências. Os dois principais protótipos desse tipo empregavam combustíveis diferentes: um deles funcionava com gasolina e gás natural veicular (GNV) e o outro, com diesel — combustível usado em híbridos de transporte de carga, de passageiros e de coleta de lixo que já rodam na Europa e nos EUA. O automóvel da GM teve ainda um modelo com célula de combustível, outra tendência. Trata-se de um componente que faz o oxigênio (capturado do ar) reagir com hidrogênio (que pode ser obtido tendências | VidaBosch | 29 Elétrico, que é 100% movido a eletricidade (não é um híbrido, portanto) e não emite poluentes. Por enquanto, foram fabricadas 21 unidades. O objetivo, segundo a montadora italiana, é produzir 50 veículos até o primeiro semestre de 2010. O motor é pouco potente (37,8 cv) e a velocidade máxima é bem inferior à dos modelos convencionais (100 km/h). Com carga completa, roda 120 quilômetros. Para ser recarregada, a bateria precisa ficar oito horas na tomada. Por enquanto, o modelo só está disponível para grandes empresas de eletricidade. Há pesquisas também com veículos pesados. A Volvo desenvolve um projeto de caminhão híbrido em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), em parceria com o ministério e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, colocou nas ruas da capital paulista, em agosto, um ônibus movido a célula de combustível. De qualquer modo, é certo que as condições brasileiras ajudam o setor — a energia elétrica é abundante e proveniente de fonte renovável. Os economistas Gustavo dos Santos e Rodrigo Medeiros chegam a ver no carro com motor elétrico uma “oportunidade única” para o país. Em artigo recente, eles argumentam que este é um bom momento para o Brasil criar uma empresa nacional. “A nova indústria automobilística ainda está para ser construída. Esta é a hora de entrar”, defendem. O motor elétrico do Pálio Weekend faz o carro rodar até 120 quilômetros sem recarregar Nos países em que os carros híbridos já são comercializados, eles contam com incentivo fiscal dos governos O que falta para veículos como esses serem lançados no Brasil? “O carro é o de menos”, afirma Bock, da FEI. A carga tributária brasileira dificulta a importação e a fabricação de híbridos ou elétricos por aqui, concordam Bock, Muratori e também Edson Orikassa, diretor de tecnologia da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) e gerente de certificação de produto da Toyota. O incentivo fiscal que a Toyota recebe do governo dos EUA e dos países europeus onde o Prius é vendido explica o desempenho comercial do produto, diz Orikassa. No Brasil, onde não há incentivos previstos, custaria cerca de R$ 100 mil, estima. Menos energia, mais leveza O desenvolvimento de carros parcialmente ou totalmente elétricos é uma tendência da indústria automobilística que sinaliza como será o veículo do futuro: aquele que economize combustível e não cause danos ao meio ambiente. Para auxiliar as montadoras nessa empreitada, a Bosch investe em novas iniciativas, como a que envolve um grupo de 400 engenheiros da Hybrid House – criada pela empresa em 2004 para produzir siste- mas de veículos híbridos e elétricos. São especialistas de diversas áreas (como softwares, segurança e conforto veicular e redução de emissão de poluentes) envolvidos no desenvolvimento de um sistema híbrido completo, que abrange do eixo de direção elétrica aos geradores para o motor, além das baterias de íons de lítio. A equipe, formada por engenheiros dos EUA, Europa, Japão e China, verá seu sistema disponível no catálogo de grandes monta- doras, pela primeira vez, no final de 2009, com a apresentação do Volkswagen Touareg e do Porsche Cayenne, dotados da Tecnologia Híbrida da Bosch. No Brasil, o conceito de carros sustentáveis chegou à Bosch de Campinas. Ali, a divisão Eletrical Drives prepara o sistema de limpadores de para-brisa do carro da água) para produzir energia elétrica e alimentar o motor do carro. E o Brasil? Para emplacarem, porém, os automóveis movidos a eletricidade precisam mais do que ser competitivos, diz Bock. “Depende da conjuntura política, da cultura local, da moda. O consumidor tem que ter se- gurança e vontade de comprar”, destaca. Além disso, as fábricas precisam adquirir ferramentas e treinar técnicos para lidar com o novo sistema. Outra particularidade brasileira, lembra Muratori, é a disseminação dos carros flex, alternativa eficiente e econômica aos carros convencionais. “Isso limita um pouco os híbridos.” O projeto brasileiro mais adiantado para automóveis nessa área é o Palio Weekend Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Pininfarina AE (autoelétrico), produzido pelo estúdio italiano de design Pininfarina – que projeta modelos de marcas como Ferrari, Maserati e Alfa Romeo. A diminuição do peso do limpador é o objetivo da Bosch no projeto, já que a leveza do material aumenta a autonomia do motor elétrico. Após participar do desen- volvimento dos limpadores para o Honda Fit, no Japão, e para o Renault Logan, na França, os brasileiros foram convidados a assumir o Pininfarina. Se aprovado, o projeto será produzido no Brasil e exportado para a Itália, tornando-se mais uma contribuição da Bosch em eficiência para o carro do futuro. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Conheça algumas tecnologias e componentes Bosch para carros do futuro grandes obras | Por Aline Buaes Cássio Vasconcellos/SambaPhoto 30 | VidaBosch | Unidos, preservaremos Parceria entre ambientalistas e Petrobras redefine o empreendimento que será responsável por 30% da produção brasileira de gás natural O Polo de Mexilhão, no litoral de São Paulo, tem importância suficiente para ganhar destaque na economia nacional — de lá sairá 30% da produção do gás natural do país, que abastecerá a região de maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, o Sudeste. Mas é em outra vertente, a ambiental, que o empreendimento já fez história. Pela primeira vez, organizações ambientalistas, grandes empresas e órgãos governamentais uniram-se formalmente para definir pontos essenciais do projeto. Considerado estratégico para o abastecimento brasileiro de gás, o polo é um dos cinco complexos de produção a serem implantados na Bacia de Santos, que se estende de Cabo Frio (RJ) até as proximidades de Florianópolis (SC). O projeto prevê a instalação de uma megaplataforma posicionada entre o campo de Mexilhão (localizado a 160 quilômetros da costa) e uma unidade de tratamento de gás a ser construída no município de Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo. O polo envolve a construção e a instalação da maior plataforma fixa de gás natural do Brasil, de 227 metros de altura, que já está em fase de testes e será instalada a 140 km da costa de Caraguatatuba. Envolve também a construção de um gasoduto de 146 quilômetros (que grandes obras ligará a plataforma até uma unidade de tratamento de gás), da própria Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba e, por fim, a implantação de um gasoduto de 96 quilômetros que levará o gás de Caraguatatuba para Taubaté (SP), onde se interligará à rede nacional. O investimento total é de US$ 3,5 bilhões. Com previsão de entrar em operação em maio de 2010, o Polo de Mexilhão vai receber também a produção de gás de outros dois campos, Uruguá e Tambaú (localizados 170 quilômetros a leste do campo de Mexilhão), e do projeto piloto de Tupi, localizado no Polo Pré-sal da Bacia de Santos. Desse modo, quando a unidade de Caraguatatuba estiver a todo vapor, vai processar até 18 milhões de m³ de gás natural por dia — o equivalente a cerca de 30% da produção diária atual do Brasil. Isso ajudará a reduzir a dependência externa nesse setor. O anúncio desse megaempreendimento, em meados de 2006, mobilizou os ambientalistas no Litoral Norte de São Paulo, região conhecida por sua forte vocação para o ecoturismo, recoberta em boa parte por Mata Atlântica e ecossistemas de restingas e manguezais e protegida por diversas unidades de conservação. A preocupação não era apenas com problemas como a interferência nas atividades da pesca artesanal, a modificação dos ecossistemas terrestres e marinhos, os impactos nas áreas do entorno dos parques estaduais da Serra do Mar, de Ilhabela e Ilha Anchieta, a desestabilização das encostas ou a poluição dos rios. É que o Polo de Mexilhão deve atrair outros grandes empreendimentos nos próximos anos, como a ampliação do porto de São Sebastião, um aeroporto e a instalação de uma penitenciária. “Foi diante desse cenário que surgiu a principal preocupação dos ambientalistas”, afirma o arquiteto e consultor ambiental Paulo André, presidente do Instituto Onda Verde, de Caraguatatuba. Ele destaca que o maior impacto trazido por obras de grande porte como estas é a possível migração de numerosa mãode-obra desqualificada para a região em busca de emprego, o que provoca maior número de desempregados e impactos grandes obras | VidaBosch | 33 AG. Petrobras/Divulgação Polo de Mexilhão, que deve receber investimentos de US$ 3,5 bilhões, inclui maior plataforma fixa de gás natural do Brasil, dois gasodutos e uma unidade de tratamento de gás, no Litoral Norte de São Paulo A parceria com ambientalistas fez com que a Petrobras modificasse os traçados dos gasodutos na obra EP MG Bacia do Espírito Santo SP RJ Caraguatatuba PR SC Plataforma de Mexilhão Bacia de Campos Bacia de Santos nas áreas de saúde e segurança e saneamento ambiental. Em julho de 2008, após meses de audiências públicas conturbadas, os ambientalistas, representados pelo colegiado Real Norte, decidiram firmar um convênio com a Petrobras para cooperação técnico-científica, mediado pela Universidade Católica de Santos. Foi então que nasceu essa parceria inédita no Brasil entre ambientalistas e grandes empresas, que chama a atenção pela organização, estabilidade e, principalmente, efetividade das suas ações. A parceria funciona por meio do Comitê de Promoção do Diálogo para a Sustentabi- lidade do Litoral Norte do Estado de São Paulo (Comdial), tem duração inicial de dois anos, orçamento de R$ 2,6 milhões financiado pela Petrobras e propõe um conjunto de estratégias para gestão, que inclui a participação das entidades nos projetos de construção e instalação da empresa na região. A iniciativa, que não faz parte das exigências do Ibama para conceder o licenciamento ambiental, também está centralizando as avaliações sobre outros projetos que possam trazer impacto à região. “Trocamos informações com a Petrobras e interferimos nos projetos e programas de mitigação ambiental das obras de construção do polo, com sugestões e propostas, além de articular uma parceria com a empresa”, afirma o presidente da RealNorte, Roberto Francine. A inovação desse aspecto do projeto do Polo de Mexilhão também é destacada pelo gerente-geral da Unidade de Negócios da Petrobras na Bacia de Santos, José Luiz Marcusso. “É uma ação completamente inovadora de gestão, pois agrega atividades empresariais, governamentais, ações de ONGs, e atividades de ensino e pesquisa.” Por meio das ações do convênio, os ambientalistas obtiveram algumas vitórias, como a modificação do traçado original do gasoduto que ligará a plataforma marítima à Unidade de Tratamento de Gás. Conforme explica Paulo André, do Instituto Onda Verde, o traçado original foi modificado no trecho de entrada no continente através da praia, a fim de evitar que o gasoduto atravessasse uma área de proteção ambiental e alterasse os cursos de água. Mas a grande conquista citada por André foi a modificação no traçado de outro gasoduto, o que liga Caraguatatuba a Taubaté. A forte influência dos ambientalis- tas no projeto levou às modificações que determinaram a construção de um túnel para a passagem dos dutos por baixo da Serra do Mar. A Petrobras vai implantar as mudanças, apesar de implicarem grandes investimentos em tecnologias alternativas e atrasos consideráveis no cronograma das obras. O convênio também prevê a participação dos ambientalistas no planejamento e na execução das medidas exigidas pelo Ibama na concessão da licença ambiental. Essas iniciativas incluem promoção de atividades de educação ambiental junto à comunidade e aos trabalhadores das obras, plantio de árvores no entorno da unidade produtora de gás, mitigação do impacto ambiental junto às comunidades que vivem da pesca artesanal em Ilhabela, além de outras ações visando o monitoramento e o controle da poluição e da erosão durante as obras na parte terrestre e marítima. A Bosch na sua vida Menos descarte, mais praticidade As obras do Polo de Mexilhão, tanto em terra quanto no mar, necessitam de grandes estruturas, onde o acesso dos operários nem sempre é simples. Uma ferramenta à bateria da Bosch, que tem entre suas características a portabilidade, está ajudando os trabalhadores a chegar com facilidade aos locais mais complicados. O Martelete GBH 36 V-LI (foto à dir., no alto), que tem a função de furar concreto, é usado na fixação de corrimãos de escada, de aparelhos elétricos e de guindastes para erguer outros aparelhos, processos essenciais para montar a estrutura necessária ao serviço. Sem a necessidade de cabos, o grande diferencial desse martelete é reunir, em uma ferramenta robusta (suporta queda de altura de 2 metros), a praticidade das baterias de íons de lítio. Esse tipo de bateria armazena muito mais energia que as convencionais, diz Rober- to Barros, consultor técnico da Bosch. Ela carrega em metade do tempo e tem autonomia e vida útil três vezes maiores do que a convencional, de níquel cádmio. Com maior vida útil, há menos descarte, o que faz a obra produzir, ao fim, menos lixo eletrônico. Outro equipamento da Bosch usado na obra traz o mesmo benefício ambiental. O motor de 1.400 watts da esmerilhadeira angular GWS 14-125 (foto à dir., abaixo), usada em Mexilhão para fazer acabamentos na estrutura metálica da obra, tem vida útil maior do que os convencionais. Além disso, a ferramenta traz mais segurança para os trabalhadores, com o mecanismo kickback stop. A função identifica quando há um travamento no disco e desliga a máquina imediatamente, impedindo que o disco se quebre. Isso evita que o operário se machuque e diminui o descarte desnecessário de lixo. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Íons de lítio: você sabe o que é isso? Arquivo Bosch 32 | VidaBosch | 34 | VidaBosch | brasil cresce | Por Dayanne Sousa Yalayama Ljupco Smokovski Crescimento vegetativo Frutas, verduras, grãos e sucos são os expoentes do mercado de orgânicos, que movimenta US$ 40 bilhões no mundo e cresce 7% ao ano Elena Moiseeva O que já foi coisa de poucos e insistentes defensores da ecologia se transformou num dos setores agrícolas economicamente mais promissores. Hoje, o mercado mundial de orgânicos movimenta US$ 40 bilhões e cresce cerca de 7% por ano, de acordo com o Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica, órgão internacional de pesquisas sobre o setor. No Brasil, os investimentos são recentes e o crescimento é ainda mais intenso: chega a 40% ao ano, segundo estimativa adotada pela associação de produtores orgânicos BrasilBio. Se há duas ou três décadas os orgânicos eram encontrados apenas em poucas feiras, hoje estão em lojas, no menu de restaurantes e nas prateleiras dos supermercados. Frutas, verduras, polpas, geleias e grãos são algumas das principais opções. Para ser orgânico, o cultivo do produto ou de seus ingredientes deve seguir uma série de regras ambientais. É preciso ter um selo ecológico, dado por uma empresa que faz vistorias nas plantações. Para obtê-lo, o agricultor não pode usar agrotóxicos, fertilizantes ou qualquer substância química danosa à saúde e ao meio ambiente, deve evitar fontes de energia não renovável, preservar o solo e preferir mão-de-obra humana a máquinas. Alimentos extraídos da floresta, como castanha e palmito, podem ser considerados orgânicos se forem retirados sem impacto ao ambiente. São esses cuidados que fazem um número cada vez maior de consumidores preferirem os orgânicos. Um levantamento do Ibope feito em mais de 100 cidades brasileiras em 2008 indicou que 50% dos entrevistados escolhem seus alimentos levando em conta “produtos que venham em embalagens recicláveis e que respeitem critérios ambientais e sociais”. Outra pesquisa anual da Natural Marketing Institute, nos Estados Unidos, aponta aumento de 12% ao ano no número de consumidores do tipo “devoto”, ou seja, com grande preocupação com o ambiente e com a saúde. “Dá para ver que está crescendo o interesse de grandes redes de supermercado pelo conceito de natural”, afirma Ming Liu, coordenador-executivo do projeto Organics Brasil, que dá consultoria a produtores. “Isso é reflexo de que os consumidores estão desejando mais esses produtos”, conclui. “Se antigamente tinha só meio metro [de prateleiras para orgânicos] num supermercado, hoje tem uns cinco”, diz o produtor Dionísio Santana, que cultiva frutas e vegetais orgânicos em Jarinú, São Paulo. “Hoje, tudo de orgânico que se planta é vendido; se um produtor planta uma couve, ele não deixa de vender”, conta. Num levantamento feito junto às maiores certificadoras de terras que atuam no país, o Organics Brasil calculou que são 1,77 milhão de hectares de áreas agrícolas destinadas aos orgânicos no país. Isso dá ao Brasil o terceiro lugar no ranking dos países com maior espaço para cultivo dos produtos, atrás apenas de Austrália e Argentina. 36 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 37 Baevskiy Dmitry Outro atrativo para as compras é o benefício à saúde. Há pesquisas que apontam que os orgânicos têm mais nutrientes que os alimentos convencionais, e outras apontam o contrário, mas a maior vantagem está na ausência de agrotóxicos. Estudo da Fundação Oswaldo Cruz feito em 2008 em cidades do Paraná mostrou que tanto agricultores como consumidores de verduras com muito agrotóxico estavam sujeitos a queda de fertilidade e problemas hormonais. O uso intenso desses produtos também é antiecológico, porque mata microorganismos que fertilizam a terra. Para Rogério Dias, coordenador de agroecologia do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os orgânicos passaram a ganhar destaque no momento em que discussões ecológicas entraram na pauta do mundo todo, durante os anos 90. No Brasil, o impacto veio com mais força nos últimos cinco anos, quando o crescimento das exportações foi acompanhado de aumento nas vendas nos supermercados do país. associação de produtores BrasilBio. Para ele, porém, é a partir de agora que as oportunidades vão surgir para os produtores. “Tudo é muito novo, todo o setor está aberto ao mercado, tanto na produção como na embalagem, no transporte, na logística...”. Há esforços para que as embalagens de orgânicos sejam, de preferência, biodegradáveis, e a nova lei determina que esses alimentos não podem ser guardados juntos com outros. Detalhes assim, afirma Ribeiro, devem estimular as empresas a desenvolverem novas tecnologias e impulsionar o setor. Os produtos mais exportados são a soja e o açúcar, que duram mais e que, mesmo nos cultivos tradicionais, já tinham conquistado o mercado externo. Mas, além disso, agricultores aproveitam o apelo exótico que algumas frutas típicas ganham no exterior. “Esses consumidores estrangeiros não querem só o produto, eles querem uma história”, destaca Ming Liu. Ele diz Para um produto receber o selo de orgânico, o agricultor não pode usar agrotóxicos, fertilizantes ou qualquer substância química danosa que têm grande apelo produtos como castanha e polpa de açaí. Já na cesta de compras do brasileiro, o tomate orgânico é o campeão, seguido pela cenoura e folhas como o alface, segundo os agricultores Dionísio Santana e Fernando Ataliba. Esses são alguns dos alimentos que mais recebem contaminação por agrotóxicos, de acordo com análises da Agência Nacional de Vigilância Sanitária: o tomate esteve à frente na lista no ano passado, hoje liderada pelo pimentão. Mesmo tendo conquistado as prateleiras dos supermercados recentemente, os orgânicos ainda são vendidos em apenas 27% dos estabelecimentos, segundo a Associação Brasileira de Supermercados. “Viver de agricultura orgânica só foi possível quando se começou a trabalhar com as grandes redes, mas o grosso da venda ainda está por vir, o supermercado só tem servido para dar mais visibilidade”, observa Fernando Ataliba, agricultor de Indaiatuba, São Paulo. Em média, o preço dos orgânicos é mais alto que o de produtos equivalentes, já que em geral são cultivados em menores quantidades, usando mais mão-de-obra e, mesmo no caso dos vegetais e frutas, quase sempre são vendidos embalados. O Ministério da Agricultura tem criado propagandas e cartilhas educativas apostando que, mesmo com o preço mais alto, as vendas dentro do país crescerão ainda mais quando o consumidor souber o que são os orgânicos e quais seus benefícios.“Temos a clareza de que o Brasil tem potencial para ser um grande consumidor de orgânicos”, diz Rogério Dias. A Bosch na sua vida No ano que vem, entra em vigor a primeira lei específica no Brasil sobre orgânicos. Haverá um selo único para todos os produtos do setor O grande impulso para o setor brasileiro, até agora, veio por meio das exportações. O Ministério do Desenvolvimento Agrário estima que 70% da produção orgânica no Brasil seja exportada. Só entre 2006 e 2007, o rendimento das exportações de orgânicos quase quadruplicou, saltando de R$ 4,8 milhões para R$ 11,9 milhões. Em 2008, com o início da crise econômica global, o saldo continuou crescendo, embora a taxas menores, e ficou em R$ 12,3 milhões. Governo e produtores esperam que o mercado interno ganhe mais maturidade nos próximos anos, já que em 2010 entra em vigor a primeira lei específica para o setor. Ao contrário de países como Alemanha, França e Estados Unidos – que têm regras para incentivar os orgânicos desde os anos 90 –, aqui os incentivos são recentes. A partir do ano que vem, haverá o primeiro selo único para que todos os produtos orgânicos brasileiros sejam mais facilmente identificados. Atualmente, cada empresa certificadora utiliza um selo diferente. “O Brasil está pelo menos uns 20 anos atrasado”, diz José Alexandre Ribeiro, da Na embalagem, menos é mais A transformação dos orgânicos em um grande mercado só foi possível com uma transformação na mentalidade dos consumidores. Hoje, eles estão mais alertas e exigentes sobre os impactos ambientais de tudo o que compram. Esse cuidado se reflete não apenas no conteúdo, mas também nas embalagens dos orgânicos, que, com tecnologia avançada, podem ser desenvolvidas reduzindo o lixo e economizando recursos naturais. É isso o que fazem as embaladoras da Bosch, ao evitar o desperdício de materiais empregados no invólucro, como o plástico. Com cortes precisos, máquinas como a Flowpack 203 e as da linha SVB, entre outras, economizam até 12% do material, diz Franklin Sousa, gerente de projetos da Divisão de Tecnologia de Embalagem da Bosch. “Para uma embalagem de 100 milímetros, outras máquinas gastam 125 milímetros de plástico, mas a máquina Bosch usa 110 milímetros”, exemplifica. “Esses 15 milímetros não vão para o meio ambiente, imagina isso para cada 100 produtos desses.” A economia é possível porque essas embaladoras têm sensores para detectar melhor o tamanho do produto, e um software coordena os movimentos da máquina de acordo com a medição. Outra forma de diminuir o lixo é a embalagem com zíper, que pode ser feita pelas máquinas da linha SVB. “O zíper possibilita a utilização desta embalagem por um longo período, evitando que os produtos sejam colocados em outros recipientes e esta embalagem seja jogada imediatamente no meio ambiente”, observa Sousa. Os equipamentos podem fazer pacotes de diferentes tipos, como os que servem para café e açúcar, alguns dos principais produtos orgânicos do Brasil. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Desperdício zero! Saiba por que a Bosch é líder mundial em tecnologia de embalagem Arquivo Bosch Correndo atrás 38 | VidaBosch | atitude cidadã | Por Isabel Malzoni Arquivo Bosch Estudantes aprendem sobre cultivo sustentável de alimentos no Laboratório de Vivência Verde e Educação Ambiental, em Campinas Lições verdes no quadro negro Brasil dá capacitação em educação ambiental para 23 mil professores da rede pública e vê número de cursos ligados à área mais do que triplicar Shutterstock Q uando foi criada a Política Nacional da Educação Ambiental, que completou uma década em abril de 2009, ecologia, para muitos, ainda era assunto só de ambientalista e aquecimento global, de pessimista. O cenário mudou, e especialistas comemoraram o aniversário do documento com a constatação de avanços na área. “A sociedade percebeu a urgência de cuidarmos do meio ambiente e repensarmos nosso modo de vida. Muito disso se deve à educação”, defende Declev Dib-Ferreira, educador ambiental e um dos responsáveis pela Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA). A entidade que Dib-Ferreira integra é um exemplo da evolução brasileira na área. Começou como um grupo que, para não deixar a articulação entre os profissionais de educação esfriar após a Conferência Rio-92 (reunião de líderes mundiais que estabeleceu parâmetros para políticas em relação ao meio ambiente), se organizou para fazer intercâmbio de experiências. Hoje, conta com 45 sub-redes estaduais. Um mecanismo complementar de troca de informações entre os professores, o Sistema Brasileiro de Educação Ambiental, mostra que esse tipo de comunicação cresceu. São mais de 16 mil professores ligados ao meio ambiente cadastrados na plataforma para troca de informações sobre a área. Desde a criação da política nacional para o setor, os projetos educacionais cresceram e amadureceram. De 1999 até 2007, o governo capacitou 23 mil professores na área ambiental por meio de cursos de especialização de 180 horas, ministrados em dez universidades federais. Em 2009, um novo programa, desta vez em formato de educação continuada à distância, pretende formar mais 12 mil professores. Não apenas os professores estão envolvidos com o tema. Em abril, a 3a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente reuniu em Goiás cerca de 700 alunos com idade entre 11 e 14 anos para discutir o fortalecimento da escola nas políticas de meio ambiente. O processo de discussão anterior ao encontro mobi- lizou 20 mil escolas. Depois do evento, o governo anunciou que pretende que o país sedie uma conferência internacional de jovens em 2010, nos mesmos moldes. “O Brasil é forte em movimento popular. Não temos só gente fazendo, mas sim pensando também. Hoje a população tem uma visão mais clara do que é educação ambiental, de que nosso papel é questionar o modo de vida que gasta indiscriminadamente os recursos do planeta, não apenas fazer gincanas para recolher latinhas como era antes”, afirma Dib-Ferreira. A parte do governo A Política de Educação Ambiental é coordenada pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação, tendo como diretrizes curriculares recursos hídricos, unidades de conservação, licenciamentos ambientais, saneamento e mudanças climáticas. Entre os principais projetos do Ministério do Meio Ambiente, responsável pela educação não formal, estão as Salas Verdes, espaços de informação, educação e ação socioambiental situados em 360 instituições de ensino. Já o Ministério da Educação conduz a qualificação de professores e estabelece ações estruturantes, como as Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida), 40 | VidaBosch | atitude cidadã que acompanham o ensino ambiental, e, junto com os alunos, tentam implantar nas escolas a Agenda 21 (diretrizes da ONU para viabilizar a sustentabilidade). Nas escolas públicas, a educação ambiental não entra como disciplina, mas como conhecimento a perpassar todas as matérias. Apesar da preocupação com o tema, pouco se sabe sobre os resultados do direcionamento dado às políticas de educação ambiental na última década. “Falta avaliar a política pública e talvez revê-la, debater o conceito do que é a educação relativa ao meio ambiente e atualizar outros”, afirma Renata Maranhão, gerente de projetos do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. Mesmo sem ter indicadores, afirma Renata, avalia-se dentro do governo que descentralizar as medidas educacionais e encorajá-las na sociedade foi uma posição acertada. Não é apenas o governo que se preocupa com a educação ambiental. Várias atitude cidadã | VidaBosch | 41 Arquivo Bosch Ampliação da educação ambiental, por iniciativas públicas ou privadas, baseia-se no entendimento de que é essencial agir no presente e localmente ONGs têm atividades relacionadas ao setor, algumas delas reunidas na Ecolista, um cadastro nacional de instituições da área mantido pelo Instituto de Estudos Ambientais Mater Natura. Uma delas é a Fundação Gaia que, em parceria com a inglesa Global Ecovillage Network (GEN), fez da cidade litorânea catarinense Garopaba a primeira “cidade em movimento” do Brasil. O conceito nasceu em Totnes, no sul da Inglaterra, em 2005, e consiste em buscar soluções para a substituição do petróleo como combustível e para as mudanças climáticas criando comunidades sustentáveis. Já há cerca de 100 cidades engajadas nesta procura de soluções. O projeto de educação ambiental catarinense já havia começado dez anos antes, com a atuação da ONG. Com a parceria da prefeitura e a colaboração dos desenvolvedores do conceito, já são realizados projetos ambientais em todas as escolas da cidade e iniciativas de fortalecimento da agricultura orgânica familiar. Além disso, foi criado um pátio de compostagem para gerar adubo à agricultura e incentiva-se a bioarquitetura, que minimiza desperdícios e reaproveita materiais construtivos. Com medidas ambientais por todos os lados, Garopaba consegue fortalecer seu exemplo frente à população, servindo de incentivo para que as ações sustentáveis do governo sejam incorporadas pelos habitantes. O papel das empresas As empresas acompanham o movimento do poder público e começam a também adotar políticas ecologicamente corretas. “A sociedade entende que agir localmente e no presente passou a ser uma necessidade de sobrevivência. Isso reflete diretamente em empresas que investem cada vez mais em produtos que preservem nosso planeta, desde que faça bem para o bolso”, afirma o professor Eduardo Mario Mendiondo, da Escola de Engenharia de São Carlos (USP). No Brasil, 227 empresas já assinaram o Pacto Global da ONU, que prevê, entre outras coisas, compromissos com a adoção de medidas preventivas em relação a danos à natureza. Essa mentalidade se reverteu no aumento da procura e da demanda por cursos superiores voltados ao meio ambiente. De acordo com o Censo da Educação Superior, o número de cursos de Engenharia Ambiental triplicou entre 2000 e 2007 (de 31 para 97) e a oferta de vagas quase dobrou (de 4.881 para 8.493). Nas vagas de cursos classificados como de “Proteção do Meio Ambiente” (o que inclui Gestão Ambiental, Meio Ambiente e Recursos Naturais), o número é ainda mais surpreendente. De apenas 42 vagas em dois cursos, em 2001, passou para 13.708 vagas, em 159 cursos. Esse crescimento, de acordo com Mendiondo, se deve a um aumento na demanda por profissionais capazes de gerenciar e otimizar as etapas de uma produção ambiental. Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Da esquerda para direita: projeto Trilhando o Futuro, Laboratório de Vivência Verde e Educação Ambiental, Cooperativa das Costureiras Fora da sala, dentro da natureza A Bosch estabeleceu, em nível mundial, uma série de princípios de responsabilidade ambiental que incluem desde verificações e visitas técnicas a empresas fornecedoras de matéria-prima até a preocupação com o descarte de seus produtos. As diretrizes estabelecem também que deve ser priorizado o uso racional dos recursos e que todos os colaboradores da companhia devem prezar pela segurança no trabalho e pela preservação ambiental. Os princípios desdobram-se em ações sociais, como as iniciativas de educação ambiental que o Instituto Robert Bosch desenvolve em comunidades próximas às unidades da empresa no Brasil. Um exemplo é o Laboratório de Vivência Verde e Educação Ambiental, que ensina cultivo de alimentos para alunos da Escola Estadual Professor Carlos Cristovam Zink, de Campinas. Situado no clube da Bosch, tem orquidário, minhocário, pomar orgânico e destina sua produção de hortaliças à merenda da escola. Os estudantes visitam o laboratório três vezes em um ano. Na primeira visita, conhecem as etapas do cultivo. Na segunda, plantam mudas e, na terceira, colhem. O projeto mostra aos alunos que uma horta pode ser feita em qualquer espaço. Entre os parceiros da iniciativa também está a Associação dos Funcionários da Robert Bosch. Ensinar a plantar também é o foco em Simões Filho (BA). O Instituto apoia a ONG Cidade da Criança em um projeto de horta hidropônica (em meio líquido). Por ano, 700 jovens de 7 a 24 anos participam da horta – que não usa agrotóxicos – e são instruídos sobre como cuidar dela. Colhem-se, por dia, até 700 pés de alface, usados no preparo das 600 refeições servidas pela ONG. da Vila Verde e Projeto Mundo que eu Quero Verde – iniciativas do Instituto Robert Bosch que ensinam noções sobre sustentabilidade Uma parte é vendida para a comunidade a preços baixos. Em vez de alfaces, crianças atendidas pelo Instituto Robert Bosch em Curitiba aprendem a plantar árvores e a cuidar de sua comunidade. Isso é importante para duas comunidades nos arredores do rio Barigui, região castigada por enchentes e poluição. No projeto Trilhando o Futuro, a companhia cede mudas para serem plantadas na estufa da escola infantil Nova Barigui e nas margens do rio por 130 crianças e seus familiares. Os alunos disseminam consciência ambiental entre os moradores da região e aprendem a fazer coleta seletiva. Já o projeto O Mundo que eu Quero Verde envolve 140 alunos da escola infantil Barigui na reciclagem do lixo coletado por eles. Na escola, o material é separado e colocado em coletores. Ainda em Curitiba, a Cooperativa das Costureiras da Vila Verde, fundada em 2001 com auxílio financeiro do Instituto, reúne 20 profissionais que confeccionam produtos ambientalmente corretos, como sacolas de algodão cru e embalagens de TNT – reutilizáveis e com vida útil maior. Hoje elas arcam com as próprias despesas, têm site (www.coopercostura.com.br) e são auxiliadas pelo Instituto para conseguir cursos de costura e cooperativismo. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Preocupação com o futuro: conheça os projetos apoiados pelo Instituto Robert Bosch • Conheça o novo site de Sustentabilidade Bosch: www.bosch.com.br/sustentabilidade aquilo deu nisso | Por Felipe Lessa Fotos Shutterstock 42 | VidaBosch | A reciclagem se recicla Reaproveitamento de materiais evolui e desenvolve novas técnicas para acompanhar mudanças de hábitos de consumo na sociedade R eaproveitar materiais não é propriamente uma novidade. Os japoneses reutilizam papel há mais de mil anos, os norte-americanos fundiam metais gastos para fabricar armas já na Guerra de Independência, e nossos avôs compravam vasilhames retornáveis. Mesmo assim, transformar produtos em matéria-prima para dar origem a novos objetos ainda é um processo pouco difundido em comparação aos resíduos que produzimos. Se reciclar papel e cobre são técnicas há muito tempo conhecidas, boa parte do que consumimos (plástico, isopor e componentes eletrônicos, por exemplo) carece de tecnologia ou de mudanças culturais para que tenha um bom reaproveitamento. A reciclagem em larga escala começou nos países desenvolvidos – sobretudo Estados Unidos e Europa Ocidental –, na década de 40, durante a 2ª Guerra Mundial. Com a indústria focada na produção de armas, os bens de consumo se tornaram mais caros e até escassos. Levando isso em conta, os governos começaram a estimular os cidadãos a reciclar para diminuir a pressão sobre a indústria e conter os elevados níveis de inflação daquela época. Isso, no entanto, não durou muito. A partir dos anos 50, o descarte e o consumo desenfreado se tornam mais frequentes, conta Emílio Eigenheer, professor da pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF). Afinal, não fazia sentido reutilizar o que havia sido comprado se a maior parte dos bens passou a ser produzida rapidamente e a preços mais baixos. Resultado: aterros abarrotados nas grandes cidades e o início dos debates públicos sobre o tema - principalmente nas nações ricas. Você se lembra do quanto de “quinquilharias” sua avó guardava? Pois a luta pela reciclagem hoje tenta retomar um pouco desse padrão de consumo. “Mudar os hábitos se tornou um dos principais paradigmas da reciclagem. Quanto mais consumimos, mais lixo”, afirma Eigenheer, que foi responsável pela implementação do primeiro sistema de coleta seletiva do Brasil. Nos anos 80, os movimentos sociais conseguiram colocar o meio ambiente em pauta com o relatório “Nosso Futuro Comum”, elaborado por um grupo de ambientalistas sob a coordenação da então premiê norueguesa, Gro Brundtland. Pela primeira vez usou-se “desenvolvimento sustentável” em um documento oficial. “A ideia era criar um meio termo entre as necessidades atuais e o compromisso de que as gerações futuras terão recursos naturais”, afirma André Vilhena, diretor da organização Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre). Nessa fase, além da reciclagem, foram introduzidas tarefas complementares: a redução do consumo e a reutilização. É a famosa tríade dos “erres”. Diferentemente dos EUA ou da Europa, o desenvolvimento da atividade no Brasil aconteceu pelas mãos dos catadores. “Os carroceiros e os catadores de papel que circulam pelos bairros são figuras antigas, e a reciclagem no Brasil deve muito aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 45 Somente 8,2% dos municípios brasileiros têm serviços de coleta seletiva Com a ajuda dos catadores, o Brasil é o país que mais recicla alumínio, chegando a 96,5% das latinhas a eles”, ressalta o presidente do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni. Nas reuniões entre moradores de rua para receber ajuda de entidades religiosas, no Glicério, região degradada da capital paulista, surgiu, em 1989, a ideia de criar a primeira cooperativa do gênero no Brasil, a Coopmare. Hoje são 80 catadores associados e 120 avulsos, que recolhem 200 toneladas por mês de material reciclável. A dependência dos catadores é fruto da falta de estrutura de coleta seletiva: apenas 8,2% dos municípios brasileiros contavam com o serviço em 2004, segun- do o IBGE. Mesmo assim, com a ajuda deles, o Brasil está entre os países que mais reciclam alguns materiais no mundo. Em 2007 foram reaproveitadas 96,5% das latas de alumínio, o que coloca o país na primeira posição do ranking da área. No caso do vidro, a porcentagem chegou a 47% no mesmo ano, contra 40% nos Estados Unidos. Quando se fala em resíduos orgânicos, entretanto, somente 1,5% vira adubo e fertilizante. “Quase não se ouve falar em compostagem. São raros os programas que mexem com isso. É uma lacuna”, lamenta Eigenheer. Resíduos high-tech A relação entre tecnologia e reciclagem é paradoxal. Se os avanços permitiram fabricar mais produtos – produzindo mais resíduos – , eles também tornaram possível a reciclagem de uma gama maior de materiais. O caso mais emblemático é o das embalagens longa-vida, que tinham reciclagem bastante limitada em função de sua composição: papel (75%), plástico (20%) e alumínio (5%). Extrair separadamente todos esses elementos com alto índice de aproveitamento era o grande desafio. Após sete anos de pesquisa, uma parceria entre Klabin, Tetra Pak , Alcoa e TSL Ambiental mudou esse quadro. Em uma fábrica em Piracicaba, no interior de São Paulo, a tecnologia de plasma – pioneira no mundo – permitiu a separação total entre plástico e alumínio. A mistura é submetida à aplicação de plasma dentro de reatores. Como resultado, o plástico se quebra em moléculas, transformando-se em parafina, que pode ser reaproveitada em diversos setores. Já o alumínio se funde em alta temperatura, pronto para ser empregado novamente em embalagens. A inovação já deu resultados: das 10 bilhões de caixas colocadas no mercado no ano passado, 26,6% foram recicladas, segundo a Tetra Pak. Outro material que começa a ser mais reaproveitado é o óleo de cozinha, geralmente jogado no ralo após o uso – o que polui rios e entope encanamentos. Foi desenvolvido um processo no qual um composto químico é misturado ao óleo, o que dá origem a matéria-prima para fabricar sabão, amaciante de couro, biodiesel e até ração para animais. Neste caso, uma mudança de comportamento e a mobilização popular para não despejar óleo e levá-lo aos postos de coleta são fundamentais, ressalta Fabrício França, diretor da ONG ambiental Instituto Triângulo, uma das entidades que fazem reciclagem do material. Mobilização, desta vez do governo, impulsionou a reciclagem de outro material de decomposição difícil: os pneus. Após um decreto de 2001 que prevê aplicar multa a quem descartar esse material nos lixões, começou a crescer o número de entidades para transformar pneus velhos em uma espécie de substituto do carvão que pode ser usada nos fornos das usinas siderúrgicas ou em brinquedos para crianças. Se a tecnologia resolve alguns problemas relacionados aos resíduos, outros continuam sendo criados. Usar lâmpada fluorescente economiza energia e é bom para o meio ambiente, certo? Sim, mas quando elas chegam ao descarte, é muito mais difícil de reciclar alguns de seus componentes (metais pesados e gases tóxicos que podem contaminar o meio ambiente). Nas lâmpadas incandescentes, que gastam mais energia, isso não acontece (são feitas apenas de vidro e metal). A expansão do acesso a eletrônicos traz problema semelhante: como descartá-los, já que uma parte é fabricada com materiais tóxicos. No Brasil a coleta é feita pelos próprios fabricantes ou por empresas especializadas. Esse tipo de material, porém, tem porcentagem baixa de reaproveitamento e as perspectivas não são animadoras para os próximos anos, diz Eigenheer. A Bosch na sua vida Reaproveitar antes mesmo do produto A evolução da consciência ambiental fez reciclagem ir além do reaproveitamento dos produtos finais. Sistemas pioneiros começam a reduzir o desperdício e a reaproveitar os resíduos nos processos industriais. Nesse sentido, a Bosch tem desde 2001 o Conceito Descarga Zero, que consiste em transformar subprodutos da indústria (como água imprópria para consumo ou óleo) em energia para as fábricas. “Se o resíduo for para um aterro, ele se torna um passivo, mas se o transformarmos em energia novamente, ele se tornará um ativo”, afirma Theóphilo Arruda, gerente de Engenharia de Meio Ambiente, Segurança do Trabalho e Segurança Empresarial da Robert Bosch América Latina. Desde 2001, a produção de subprodutos destinados a aterros foi reduzida em 85%. Hoje, 95% deles são reciclados. A meta é chegar ao reaproveitamento total até 2012. “O custo da água fornecida por um sistema público é até 10 vezes maior que o da água que tratamos. Com isso, há economia e redução dos impactos ambientais”, exemplifica Arruda. Para obter mais pureza nesse reaproveitamento, são usadas resinas de troca iônica, que mudam o pH da água, retirando acidez ou o caráter básico dela. Além disso, é usado o sistema de neutralização contínua, que permite o tratamento de esgoto em diversos níveis, com a identificação de eventuais falhas no processo. O Conceito Descarga Zero ainda inclui o reaproveitamento do calor na produção de ar comprimido, como é feito na fábrica de Curitiba, no Paraná. Para fabricar sistemas a diesel, é necessário refrigerar a água usada durante o processo, o que gera calor (retirado do líquido). Essa energia térmica é reutilizada no aquecimento da água usada em banheiros, duchas dos vestiários e sistemas de ar condicionado da empresa. São atitudes como essas que demonstram o compromisso da Bosch com a sustentabilidade. Arquivo Bosch ZQ Fotography 44 | VidaBosch | Nas fotos à esquerda, equipamentos para tratamento de água. À direita, sistema de neutralização contínua de esgotos (no alto) e processo de troca iônica (abaixo) Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Reduza, reutilize e recicle: saiba mais sobre o Conceito Descarga Zero 46 | VidaBosch | áudio | Por Fábio Brandt DW Photos Andrey.tiyk Som ambiente D iante do palco, uma massa ansiosa pela aparição dos astros. Canhões de luz são disparados do alto dos dez, vinte ou mais metros de altura da estrutura metálica montada para o show. Enquanto os músicos afinam os instrumentos, integrantes da produção sobem e descem andaimes, dirigem carrinhos e caminhões. Levam material de lá para cá, fazem ligações elétricas e consomem energia. Ao soarem os primeiros acordes, por mais ambientalmente correta que seja a canção, uma grande apresentação musical está, direta e indiretamente, lançando carbono na atmosfera. Essas emissões – como outras – contribuem com o aquecimento global, responsável pelo derretimento do gelo polar, pelo aumento no nível dos oceanos e por outras mudanças climáticas. Dióxido de carbono (CO2) e Metano (CH4) são alguns dos gases nocivos liberados durante shows. Como? Basta pensar no diesel e na gasolina que abastecem os geradores de energia usados nos palcos e nos automóveis que trouxeram boa parte do público. O impacto causado por esses grandes eventos não é de hoje. A novidade é que, com artistas adotando cada vez mais um discurso ambiental, os canhões de luz começam a se voltar para ideias que tentem minimizar esses efeitos. De 1.200 a 4.900 toneladas de carbono foram emitidas durante cada um dos shows do Live Earth, uma série de apresentações musicais em 2007 que teve o objetivo de alertar o mundo sobre os efeitos da crise climática. No melhor cenário, isso equivale ao carbono que 6 mil árvores plantadas na Mata Atlântica absorvem durante todo o ciclo de vida, de acordo com a consultoria Max Ambiental, que faz cálculos para projetos de compensação ambiental. No pior, seriam necessárias 24,5 mil árvores Organizadores de shows passam a calcular impacto ambiental dos eventos para compensá-los com o plantio de árvores, mas ações ainda podem ser aperfeiçoadas para absorver as emissões. O relatório do Live Earth afirma que de 300 a 400 toneladas de carbono vêm de atividades “dos membros da produção e dos contratantes” e 900 a 4.500 mil toneladas, dos músicos e do público. Os cálculos foram usados para minimizar os efeitos causados pela realização do festival. Os organizadores afirmam que as 19,7 mil toneladas de carbono emitidas pelo show foram compensadas com investimentos em projetos ambientais e que houve reciclagem de 81% dos resíduos produzidos durante os eventos. Na onda do Live Earth, outros festivais começaram a se preocupar em mitigar os danos que causam ao meio ambiente. O Rock in Rio Lisboa de 2008 anunciou o plantio de pelo menos 15 mil árvores para minimizar os impactos criados pelo show. Também em 2008, o Festival de Verão de Salvador teve sua primeira versão “carbon free”, qualificação assumida pelos promotores do evento após anunciarem o plantio de 1.074 árvores na área de preservação ambiental de Itacaré Serra Grande, no sul da Bahia. Para calcular o necessário para compensar, empresas especializadas em contabilizar a emissão de gases de efeito estufa seguem protocolos internacionais, como o ISO 14064 e o GHG Protocol, explica a consultora especializada em gestão ambiental Melissa Hirschheimer. A Ecopart, consultoria para a qual trabalha, classifica as emissões em três tipos: as diretas (feitas por geradores ou fontes de energia do realizador do show), as indiretas (pelo fornecedor de energia elétrica convencional) e as do transporte de materiais e do tratamento de resíduos sólidos (como a reciclagem de latinhas). Melissa explica que os protocolos oferecem apenas recomendações sobre como inventariar emissões e que cada empresa 48 | VidaBosch | áudio Conta para compensar danos ambientais pode incluir desde consumo de energia no show até as emissões geradas durante a fabricação dos instrumentos decide a forma de fazê-lo. Em um show, a conta pode incluir emissões geradas pelo consumo energético do evento e dos hotéis onde o público se hospeda até as provocadas pela produção dos instrumentos. Debate Mas até que ponto essas medidas são efetivas? “Tem gente que diz que é puro marketing, mas quero acreditar que se trata de uma consciência nova”, comenta o professor Paulo Roberto de Moraes, do curso de Ciências Biológicas com Ênfase em Meio Ambiente, da PUC de São Paulo. “Em princípio é benéfico. Mas virou moda, e a coisa ficou tão sem controle que dá impressão de que, se realmente fizessem o plantio, estaríamos cercados de árvores”, desconfia o economista José Eli da Veiga, professor da USP e especialista em desenvolvimento sustentável. Os dois ressaltam que falta fiscalização sobre a neutralização do carbono e explicam que ainda há muito a se aperfeiçoar na forma como isso é feito. Veiga frisa que não basta plantar mudas; elas devem ser do tipo certo e na quantidade correta para que o carbono seja realmente “sequestrado”. Além disso, precisa-se controlar o tempo que as árvores levam para crescer e quantas não crescem. Outro ponto, diz Moraes, é que, em alguns casos, a compensação é feita em âmbito global, mas não local. “A emissão é causada em um local, mas o plantio é feito em outro. Qual a efetividade?”, indaga, acrescentando que a comunidade acadêmica ainda não se debruçou sobre o assunto. Plantar árvores é benéfico para combater os danos ao meio ambiente causados pelos shows, mas o mais eficiente é a adoção de “mecanismos permanentes” para anular a emissão de carbono, ressalta Melissa. Ela indica a troca de combustíveis fósseis (caso do petróleo e do carvão) por renováveis (biodiesel, energia solar, eólica, etc.) como uma forma efetiva de fazer isso. Por conta da polêmica em torno dessas questões, os ingleses do grupo Artic Monkeys, por exemplo, recusaram o convite dos organizadores do Live Earth, argumentando que o gasto energético para iluminar seu palco seria suficiente para abastecer dez casas. A organização do evento tentou fazer os 150 artistas que se apresentaram seguirem mandamentos como “usar vídeoconferências em vez de viajar”, “usar plástico biodegradável e reciclável” e “encorajar o público a usar transporte coletivo”. No entanto, bandas como o Red Hot Chili Pepers não deixaram de ser criticadas por irem em avião privado de Paris a Londres para o Live Earth, enquanto o próprio festival incentivava “uso de voos comerciais”. “Mas isso tudo tem algo positivo”, pondera o professor da PUC. “As pessoas que vão ao evento ‘carbon free’ vão se perguntar o que é isso. É uma ideia em construção e quando se está nesse estágio há muitos erros e acertos”, conclui. Som para todos os gêneros Foram vários os locais que abrigaram os palcos do Live Earth. Em Londres, no estádio de Wembley, o público ouviu seus artistas favoritos pelo equipamento de som X-Line da Electro-Voice (EV), uma das marcas da linha de Comunicação recém-incorporada à Divisão de Sistemas de Segurança da Bosch. O X-Line (na foto à direita e abaixo) foi escolhido porque a grande diferença entre os gêneros musicais tocados pedia versatilidade – era preciso reproduzir da levada dançante da Madonna ao rock pesado do Metallica. Foi também importante para a escolha o fato de a divisão fabricar componentes seguindo as rígidas regras da RoHS WEEE – diretriz da União Europeia que proíbe a produção de equipamentos eletrônicos com substâncias perigosas à natureza (como mercúrio e chumbo) e faz com que as empresas se tornem responsáveis pela reciclagem dos aparelhos. As caixas de alta potência da linha X-Line preenchem shows de grande porte com a robustez de sons pesados e a inteligibilidade de vocais líricos simultaneamente. E o melhor: o ganho em eficiência da nova linha de amplificadores faz com que o desperdício de energia elétrica seja cortado pela metade, economizando recursos naturais e reduzindo custos. Para aliar a eficiência à versartilidade, a equipe de engenharia da Bosch se valeu de tecnologias como um filtro que elimina ressonâncias indesejadas e um design inovador para as caixas sonoras. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Economia de energia em shows sustentáveis • Veja mais detalhes sobre o equipamento de som X-Line Arquivo Bosch A Bosch na sua vida