“VOCÊ ENCONTROU O LOBISOMEM AÍ FORA?” MUNDOS
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“VOCÊ ENCONTROU O LOBISOMEM AÍ FORA?” MUNDOS
“VOCÊ ENCONTROU O LOBISOMEM AÍ FORA?” MUNDOS IMAGINADOS E MEMÓRIA NA INFÂNCIA. Andréa Borges de Medeiros – UFJF O texto que apresento faz parte da pesquisa que venho desenvolvendo no doutorado em torno das dinâmicas da Memória na infância. O campo empírico é uma escola municipal de periferia urbana onde os sujeitos-protagonistas são crianças na faixa etária de oito a dez anos. A análise proposta pretende abordar dois episódios correlatos, porém ocorridos em épocas diferentes, envolvendo crianças de uma turma do primeiro ano do ensino fundamental. O primeiro apresenta a história de uma menina que narrava a sua transformação em “Lobisomem”. O segundo refere-se aos processos de lembranças partilhadas pelas crianças um ano depois da experiência com aquela suposta “transformação”. Desse modo, a análise das elaborações das crianças e da comunicação de suas lembranças através de narrativas, abre espaço para uma abordagem sobre a Memória voltada para as estratégias criadas por elas para restituir o passado. É assim que Sâmara se faz presente e torna forte em mim a lembrança de sua imagem sentada num banco de madeira que ficava num longo corredor da escola. A distância eu podia vê-la cabisbaixa, olhando para os próprios pés, que, suspensos do chão, balançavam-se para frente e para trás. Interessou-me aquela imagem, não só pela estética que impunha, mas também porque a Sâmara estava quieta por demais, o que não condizia com a sua costumeira tagarelice e esperteza. Devagar me aproximei. Sentei ao seu lado. Perguntei o que estava acontecendo, e ela mais que depressa respondeu: “Estou aqui esperando passar o efeito da lua cheia. Foi a tia quem mandou”. “- Como assim?”. Perguntei. Ela então levantou a cabeça, fitou-me dentro dos olhos, e muito convicta, completou: É que eu estava na sala, aí peguei de novo o efeito da lua cheia e comecei a morder e a arranhar todos os meus colegas. Minhas unhas crescem quando é lua cheia e começam a arranhar. Não foi culpa minha, eu só estava virando lobisomem. A tia sabe disso, ela entende, me mandou ficar aqui do lado de fora até o efeito passar. Já está passando, eu já estou até conversando com você! Impactada com aquela narrativa eu disse para a Sâmara que informaria a professora sobre o fim daquele “efeito” inoportuno e perguntaria sobre a possibilidade de sua volta para a sala. Abri a porta devagar, as crianças estavam sentadas no chão, em círculo, e a professora conversava com elas. Parecia propor alguma atividade que 2 envolvia recortes de papéis coloridos e colagem. Vi que estava interrompendo e sem dizer uma só palavra busquei fechar a porta novamente, quando ouvi alguém dizer: “- Você encontrou com o Lobisomem aí fora?”. Foi o suficiente para eu decidir entrar e intervir. Com tranqüilidade relatei que havia encontrado a Sâmara e ouvido a sua história. O meu movimento era incerto porque me senti incomodada sobre o que eu deveria responder. Eu deveria dizer que havia encontrado um “Lobisomem”? Preferi contar que havia encontrado a Sâmara e que ela estava sentada no banco do corredor. Acrescentei que ela me informou que estava por ali esperando “o efeito da lua cheia passar” para depois voltar para a sala. As crianças ficaram agitadas com o meu relato. Foram logo dizendo que era assim que tinha que ser, ela deveria ficar de “fora” porque estava unhando as pessoas e estragando os trabalhos. Elas falavam, mas não estavam interessadas em me ouvir. Muitas saíram da sala e foram conversar com a colega. Eu e a professora nos entreolhamos, mas não interviemos. Algumas falavam ao mesmo tempo, outras rodearam a menina que ainda estava no banco. Ela então se levantou, adentrou a porta da sala, dirigiu-se ao seu lugar na roda e sentou-se no chão, enquanto as outras crianças faziam o mesmo. O círculo se formou novamente, irradiando uma cumplicidade jamais vista. Uma criança disse: “- Pronto, já passou. Ela não é mais Lobisomem!” Não dava para dizer muita coisa. Eu não encontrava as palavras. A atitude das crianças foi surpreendente. Elas não ignoraram o comportamento agressivo da colega, mas criaram com ela uma parceria em seu “devaneio”, construindo, desse modo, uma experiência coletiva. Foi então que a professora propôs uma conversa para depois do intervalo, o que de fato ocorreu. Entretanto, para a análise que eu pretendo empreender neste texto, importa a relação deste acontecimento com outro, ocorrido um ano depois e que envolveu aquele mesmo grupo de crianças. Trata-se da memória daquela experiência quando alguns artefatos foram parar nas mãos delas por ocasião de uma reorganização do arquivo de práticas da escola. Eu havia colocado sobre a mesa do refeitório alguns trabalhos. Organizava etiquetas para identificá-los colando-as por cima do papel pardo que os envolvia. Algumas crianças do segundo ano se aproximaram e se ofereceram para ajudar. Era intervalo de recreio e elas brincavam, passeavam em grupos por toda a escola, riam e falavam sem parar. O meu entusiasmo foi grande com aquela solicitação porque os estudos teóricos sobre o tema que propus para o doutoramento, relativo aos elos entre a 3 Infância e a Memória, estavam se construindo e eu pude enxergar, naquela iniciativa das crianças, uma oportunidade valiosa para reavaliar os pressupostos do meu projeto de tese e aprofundar a análise teórica. Tornou-se interessante pensar então no que poderia acontecer quando as crianças tivessem contatos mais freqüentes e menos direcionados com aqueles artefatos que compunham o arquivo da escola. Aproveitei aquela oportunidade e sugeri às crianças que separassem por turmas os materiais que estavam sobre a mesa. Elas deveriam ler as etiquetas para realizar a tarefa. Algumas folhas com desenhos se encontravam soltas, desvinculadas dos álbuns que elas já conheciam. Nelas havia alguns nomes. Numa delas estava escrito o nome “Sâmara” e um rasgo, bem no meio do desenho, quase separava a folha em duas partes. Atrás da folha, uma fita de cola transparente recompunha as duas partes. Lembro-me de ter colado aquela folha anteriormente, mas não sabia do que se tratava porque não havia nenhuma anotação que identificava aquela produção, a não ser o nome escrito a lápis no seu verso. Era a pista da autoria1. Muitas vezes encontrei os contextos de criação das produções através dela porque a partir dos nomes registrados eu conversava com as crianças e com seus professores e anotava nas etiquetas as informações. Naquele dia as crianças leram o nome escrito no verso do desenho que apresentava um jardim florido num dia de sol. Foi o bastante para uma delas dizer: “- Foi no dia que ela virou Lobisomem, olha aqui o rasgo no papel!”. Aquela observação me surpreendeu porque eu não havia relacionado aqueles desenhos ao acontecimento do “Lobisomem”. Outros, além de alguns cartazes tinham sido danificados, mas logo foram colados pela Sâmara com a ajuda da professora. Por isto a relação que as crianças estabeleceram com aquele desenho se tornou instigante. Eu estava certa de que quando em contato com os artefatos as crianças teriam enormes possibilidades de se lembrar dos conhecimentos e saberes disciplinares nele conservados, o que sequer foi possível observar. Eu não cogitava a possibilidade delas “derivarem”, ou seja, de produzirem sentidos inventando, imaginando a partir das 1 A concepção de que algo pode ser desvelado a partir de pistas tem fundamento nos estudos de Carlo Ginzburg ( 1987; 1989 ). Sob a designação de paradigma indiciário o autor estabelece um método que se assemelha a caça dos detalhes do cotidiano, deixados como marcas da passagem dos seres humanos pelos contextos históricos e sócio-culturais. Ele tenta usar como procedimento de pesquisa, ações semelhantes a dos caçadores que farejam, registram e interpretam as marcas deixadas pelos animais em perseguição. Indícios são interpretáveis e dependem sempre da maneira de olhar do pesquisador. É um tipo de análise que tem na semiótica o seu grande recurso como ciência dos signos. Em busca dos indícios, através das pistas, o pesquisador busca revelar os processos daquilo que se pretende conhecer, sem se preocupar em estabelecer relações causais. O paradigma indiciário é fundado no detalhe, no singular e essa postura metodológica incide na relação que o investigador estabelece com o campo e com os dados obtidos. Dessa forma o que se pretende é interpretar pormenores aparentemente insignificantes. 4 conexões que buscavam nos vestígios do tempo. Era um primeiro encontro com o encantamento pelos mundos imaginados.2 A expectativa inicial que eu tinha em relação a investigação sobre a Memória estava relacionada com uma espécie de confirmação sobre a validade das práticas realizadas naquela escola. As crianças que ali estavam eram espertas, inteligentes e o material era rico. Checar os saberes e observar como elas lidavam com o que se conservou nos objetos parecia tentador. Mas os diálogos e as narrativas que construíram sobre a folha rasgada que apresentava o desenho das flores cingiu a memória coletiva de subjetividades, trazendo para aquele contexto de profusão de lembranças, aprendizagens que evidenciaram outras lógicas de apropriação de saberes. A conexão que estabeleceram foi entre o gesto de rasgar durante a “transformação” e o efeito causado: a folha partida. Um gesto alimentado pelo “devaneio”, pela imagem fantástica do lobisomem. Para elas a fita de cola marcou a recomposição, o retorno da Sâmara a um convívio pacífico. Foi ela que possibilitou a lembrança fiada e tecida na imaginação do “reverso”, porque no anverso, na página estampada pelo desenho, só havia a marca da agressão que a folha havia sofrido. As aprendizagens partilhadas naquela experiência estavam ligadas a uma “memória cósmica”.3 Enquanto a folha passava de mão em mão, as narrativas eram partilhadas, e os pactos de memória se confirmavam. Histórias se desdobravam em outras que se diferenciavam na forma, mas não no conteúdo, ou seja, no protagonismo do “Lobisomem” e nos estragos que ele podia fazer. A folha era a senha para o acesso à 2 Quando Bachelard se propõe investigar a imaginação e a memória, faz uma análise sobre o devaneio como uma forma de traduzir a entrega de corpo e de alma à imagem que encanta. Este ser que se entrega se confunde com o sonhador que habita um mundo e com ele busca unidade. Unidades de mundo e unidades de devaneios convergem diante de todas as “aberturas” que o sonhador de mundos hesita, mas mesmo assim, avança por elas sem conhecer divisão alguma, porque ao percorrer imagens se depara com outras que se desdobram em processos de embelezamento mútuo. As crianças como os poetas entram neste mundo de imagens sem aspirar representá-lo, porém vivendo-o com todo o apetite para absorvê-lo. ( BACHELARD, 2001, p. 165-172 ). Apetites e mundos alimentam o sonhador que se farta das “substâncias do mundo, substância densa ou rara, quente ou doce, clara ou cheia de penumbra segundo o temperamento de sua imaginação” ( ibidem , 2001, p. 171 ). A apropriação da expressão mundos imaginados supõe, então, a abundância das imagens que configuram profundas contemplações e comunhões de devaneios. ( ibidem, 2001, p. 22-23 ). 3 A noção de “memória cósmica” foi apropriada a partir das construções de Bachelard, que propôs uma compreensão sobre ela como a memória de um pertencimento ao mundo, por isto, ela não requer qualquer fidelidade ao social, porque se cria na dimensão daquilo que cada sonhador vê “expandir-se em seu próprio ser”( BACHELARD, 2001, p. 112 ). A relação que busquei não se deu no sentido de negar a memória social nos pactos da memória daquele acontecimento. Procurei alguma inteligibilidade no uso deste conceito no intuito de evidenciar como as crianças deixam-se impregnar pelas suas próprias fábulas criados pelo seu universo imaginado. Falam como se soubessem que as coisas sempre estivessem lá, comandadas por um único “sol dominador”( ibidem, 2001, p. 112 ). A “memória cósmica não requer nenhuma exatidão, permite sempre o ilustrado, o mundo da primeira vez. 5 lembrança da monstruosidade. A fita de cola era a contra-senha que evidenciava a possibilidade de “cura”. Ambas eram exibidas como a “prova” de que uma transformação tinha ocorrido naquele espaço/tempo de escola. Foi então que a Sâmara se aproximou de nós. Não olhou para o desenho que estava nas mãos de seus colegas. Demonstrou o seu desinteresse para com ele e negou a sua autoria, mas interveio nas narrativas que as outras crianças partilhavam, interrompendo-as de maneira brusca. Disse que aquela história já tinha “passado”, que “foi muito antes” porque no “tempo de agora” ela não virava mais “Lobisomem”. Logo se pôs a chorar. Acolhi aquela menina e disse que as outras crianças só estavam se lembrando. Aos prantos ela se manifestou dizendo ainda que naquele dia do “Lobisomem” fazia muito frio. Acrescentou que estava com “raiva” e por isto unhava e estragava as coisas. Tratei então de retornar ao desenho. Peguei o papel e quando fiz um gesto para entregálo, ela o recusou e chorou mais ainda deixando-nos desconcertados. O desenho ficou de lado e as outras crianças a acariciavam. Procuravam acalmá-la dizendo que tudo já tinha “passado”, pois elas haviam perdoado o “Lobisomem”. Algumas afirmavam que a história do Lobisomem não era verdade. A Sâmara então completou. : “- Naquele dia era verdade, mas agora não é mais. Eu já cresci e já aprendi. Eu não posso rasgar.... eu tava com raiva...da minha mãe....ela tava namorando e o meu padrasto bate na Chuca ( a irmãzinha )...eu não gosto...........”4 Houve um desenrolar daquele acontecimento. Daquele choro compulsivo e da denúncia da agressão que ela e sua irmã sofriam. Um desenrolar que envolveu muitas pessoas, como a mãe da menina por exemplo. Ela esteve na escola e, quando conversamos, deixou claro que havia uma situação familiar conflituosa, proveniente do processo de separação do pai das meninas. Outras vezes nos encontramos e aos poucos fui percebendo que a família se recompunha. Nas festas da escola a mãe vinha com o namorado e as filhas, muito arrumadas e descontraídas, prontas para participar das danças e das brincadeiras. Em algumas reuniões a mesma situação se repetia: as meninas compareciam acompanhando o casal, pareciam felizes e bem cuidadas. Isto me fez crer que havia um novo contexto de aproximação entre o padrasto e as enteadas. 4 “Chuca” é o nome carinhoso pelo qual Sâmara se refere a sua irmã caçula, cujo nome é uma variação do seu próprio: Samara. 6 A imagem da Sâmara como uma irmã protetora, andando a espreita do que poderia acontecer à pequena Chuca sempre revelou, para mim, a cumplicidade que existia entre elas e o amor que nutriam uma pela outra. Mas o olhar de ambas, a mirar a câmera, quando numa festa junina uma fotografia lhes apreendeu a imagem, capturou o meu próprio olhar e o levou ao encontro do soma infantil que Giorgio Agamben ( 2008 ) situou como uma condição, um ambiente e um sentido que não abandona a humanidade. A infância vista sob esse paradigma está liberta de uma temporalidade contínua em direção a um futuro longínquo, porque a sua experiência é tramada nas descontinuidades e nas rupturas. Da mesma forma que a Sâmara, nós adultos somos passíveis de transformações, de deixar-nos tocar pelos mundos imaginados que atravessam as janelas do porvir. São essas janelas que nos indicam a nossa transitoriedade, porque através delas podemos ir e vir, construir e desconstruir, insistir e desistir. Assim também os desenhos se apresentaram para as crianças, como janelas indicando passagens para compor e decompor atravessando o vivido e abrindo outras possibilidades de interpretações. A folha rasgada e novamente colada, a autoria negada, o choro interrompendo a narrativa, fazem pensar que as crianças, na sua incompletude de infantes, não falam tudo, não pensam tudo e não sabem tudo ( KOHAN, 2005, p. 246 ). Essa perspectiva amplia a possibilidade para se pensar a categoria do aberto, tanto na vida quanto na pesquisa, porque da mesma forma que as crianças, nós adultos somos passíveis de incompletudes, e por isto podemos criar o novo, trilhar caminhos que não foram trilhados e pensar “ cada vez pela primeira vez”, pois “o mundo não é o que pensamos. ‘Nossa’ história está inacabada. A experiência está aberta. Nessa mesma medida somos seres de linguagem, de história, de experiência. E de infância”( ibidem, p. 247 ). A história de Sâmara foi tomada por mim como exemplar e mensageira de um caminho maior, proposto como investigação neste processo de doutoramento que tem, neste texto, o seu primeiro momento sistemático e formal de inflexão. A opção pelas crônicas está ligada a uma forma de escrever sobre o passado narrando a dinâmica das lembranças das crianças. Os mundos imaginados são parte dessas lembranças em profusão. É por isso que, muito mais que um continuum sentenciado linearmente numa seqüência de acontecimentos, a escrita do passado através de crônicas tem o propósito de inscrever os saltos e as interrupções, que, através 7 dos devaneios e/ou de outros modos de produzir sentidos, interferem na memória das crianças. As narrativas advindas do percurso desse modo de ver preservam em valor de igualdade os grandes e os pequenos acontecimentos. Levam “em conta a verdade de que nada do que um dia aconteceu pode ser perdido para a História” ( BENJAMIN, 1994, p. 223 ). Isso sugere um trabalho de garimpo que lavra o detalhe em busca das insignificâncias e da ausculta dos indícios deixados como marcas no cotidiano da escola. Nessa perspectiva, a crônica do lobisomem inserida no bojo da reflexão sobre as estratégias das crianças para produzir lembranças e comunicá-las constituindo memórias, funda um inacabamento , porque suscita outros contextos e outras histórias. Narrar sempre de novo a experiência partilhada é uma forma de ressignificar o passado no presente e apresentá-lo em sua novidade. Buscando isso consegui puxar outros fios de reflexão. Um deles foi o de que as crianças, quando em contato com algum artefato ou objeto de guarda, como foi o caso do desenho colado com fita de cola, criam contextos diferentes de interação e de comunicação de suas lembranças. Elas fazem isto narrando, mas a intensidade das reminiscências e a profusão das lembranças variam de acordo com o envolvimento e a participação delas na experiência coletiva. Outro fio de reflexão foi o de que a folha com o desenho colado funcionou como um dispositivo porque disparou as lembranças das crianças. Entretanto, ela provocou as lembranças para além do artefato que elas tinham em mãos e instigou outras composições que extrapolaram o contexto espaço/temporal da experiência na escola, ou seja, o contexto da criação do desenho. O motivo que originou o desenho não foi mencionado. Elas não se interessaram pela lembrança daquele momento de criação e nem mesmo pelas histórias sobre os outros desenhos que estavam sobre a mesa. Elas desfiaram as narrativas criando um mosaico entrecortado de histórias diferentes, porém semelhantes em seu tema, ou seja, o tema de uma metamorfose. O desenho identificado com o nome da Sâmara não foi produzido no dia em que ela criou a imagem do lobisomem. Ele não estava entre o conjunto dos trabalhos “estragados”. Foi produzido num período livre do cotidiano da escola. Essa prática era comum na escola, tinha o propósito de oportunizar diferentes interações e aprendizagens com materiais e objetos culturais diversos. 8 As crianças não precisam de autorização para criar. A professora daquele grupo acreditou neste suposto, acolheu o devaneio que foi partilhado e acabou criando um vínculo afetivo com a Sâmara como também com as outras crianças, porque respeitou as interpretações que elas faziam. A estratégia utilizada por ela quando partilhou a narrativa da Sâmara, abriu caminhos de interlocução e resolveu o problema, definindo limites e buscando soluções para os estragos causados. Os papéis rasgados deveriam ser colados, como foram de fato, e aquela ação de destruição e de agressão aos colegas não deveria prosseguir. Que a menina então esperasse o “efeito da lua cheia passar”, para se recuperar e voltar ao aconchego da sala de aula! A professora, a meu ver, não infantilizou o comportamento da criança, nem mesmo tratou aquilo como uma brincadeirinha sem importância. Ela se mostrou sensível ao devaneio da menina, mas quando propôs o seu afastamento apresentou-lhe uma saída para rever as suas ações e se redimir perante o grupo. Isso marcou as crianças porque influenciou as avaliações que elas faziam sobre as ações que podiam ou não ser aceitas no convívio social. Quando as crianças tomaram o desenho das flores como referência para as suas lembranças, criaram uma relação com a Memória que se constituiu pela palavra e pelos sentidos partilhados sobre aquele rasgo no meio da folha. A experiência espaço/temporal que as tocou se revelou nas suas narrativas e constitui-se em Memória, como uma “forma artesanal de comunicação”, porque implicou em “mergulhar a coisa”, o conteúdo do narrado, “ na vida do narrador, para em seguida, retirá-la dele”, o aprendizado, que no caso, foi o de respeitar as construções coletivas para poder participar do convívio social (BENJAMIN, 1994, p. 205 ). Aos poucos fui observando o que ocorria. O movimento das crianças nas ações que partilhavam produzia vestígios e efeitos visíveis. Elas apresentavam as suas impressões e o seu olhar impregnados das imagens-lembranças que no discurso narrativo se fortaleciam e se multiplicavam. Estavam ali, abertas àquela passagem e às marcas daquela experiência partilhada que se imprimiam cada vez mais nas suas narrativas “como a mão do oleiro na argila do vaso”( ibidem, p. 205 ). Pude observar também que havia por parte das crianças uma enorme solidariedade com o sofrimento da Sâmara no presente. Entretanto, mesmo se sentindo amparada e acolhida, outro sentimento lhe acometeu sob um novo aspecto da mesma forma que acomete os adultos. Trata-se dos ressentimentos A pesquisa então se abriu para mais esta dimensão da Memória. Dimensão inefável porque nos lança ao encontro 9 do que as crianças guardam “no mais íntimo de [seu] foro íntimo” ( BRESCIANI, Stella e NAXARA, Márcia, 2004, p. 9 ). Há ainda a perspectiva de uma lembrança sem data, mas ligada a uma estação. O frio, do qual a menina se lembrou, fazia parte de qual lembrança: aquela que a levava ao encontro da sua transformação ou a que trazia à tona a agressão do seu padrasto? Para Gastón Bachelard, é a estação que constitui a marca fundamental das lembranças. “Que sol e/ou que vento fazia nesse [naquele] dia memorável?” ( BACHELARD, 1988, p. 111 ). O frio derivou da imagem, engrandecendo-a. As imagens do Lobisomem e da lua cheia se misturaram com a sensação térmica, ou melhor, com a lembrança daquela sensação: a do frio que permitiu uma transição entre-tempos, entre Memória/Imaginação e Memória/Ressentimento. As imagens associaram-se então ao universo da sensação de inverno como uma estação total. Esse universo fez com que todas as imagens exprimissem o mesmo valor: o ressentimento por uma agressão sofrida. Isso pode se chocar com a afirmação de que “as estações da lembrança têm condão de embelezar”( ibidem, 1988, p. 112 ). Na infância nem todas as estações são primaveras e o frio, que poderia trazer a imagem do aconchego de um colo que aquece, pode se transformar na imagem da mão que bate prolongando o inverno. Contudo, as estações “podem enganar, cumprir-se mal, descaracterizar-se, imbricar-se” ( ibidem, 1988, 112 ). Isso coloca um desafio para a pesquisa: perceber os enganos das estações no signo da infância. Desafio que mistura nas cores da infância as múltiplas facetas da Memória, como também o seu lado sombrio, que vêm à tona nas brechas e nas subversões dos sentidos da linguagem. No caso de Sâmara e de suas lembranças, a meu ver, houve um avivar do devaneio. Ela poderia ter esquecido a história do lobisomem e jamais ter estabelecido alguma relação entre aquela experiência e a da agressão do padrasto, mas o contato com o desenho rasgado e colado com fita de cola, além da forma como as outras crianças narraram aquela experiência, tocou-a profundamente e possibilitou-lhe criar um novo modo de lembrar. Entretanto, estabeleceu-se um conflito entre as memórias: as suas, individuais, e as das outras crianças, coletivas, que se constituíram na experiência narrativa. No devaneio da monstruosidade daquele ser híbrido ela pôde explicar a sua agressividade, mas talvez não se lembrasse, ou propositalmente quisesse esquecer uma das conseqüências de seus atos: os estragos nos trabalhos de classe. Ela se incomodou com as abordagens das outras crianças sobre os feitos do Lobisomem, que mesmo 10 libertando-a de sua responsabilidade sobre os estragos e as agressões aos colegas, provocou-lhe emoção pelo passado presentificado. Foi então que a lembrança “ricocheteou o insondável” ( ibidem, 1988, 2004, p. 121 ), ou seja, perdeu-se na oportunidade de encontrar o seu fundo. Isso a fez se deparar, ainda criança, com uma infância que estava ali, entre um antes e um depois, “se constituindo por fragmentos no tempo passado, feixe mal feito de conhecimentos vagos” ( ibidem, 1988, p. 121 ). Não haveria um imediatamente, como um tempo de escape para outras explicações que a livrassem da culpa, porque na sua lembrança, o lobisomem de ontem, aquele que surgiu no passado, reagiu com raiva da mãe e do padrasto no tempo de agora, num passado presentificado, que fez também emergir o acontecido em sua casa. A raiva já havia se transformado em ressentimento, em lembrança de uma violência sofrida. Assim, quando ela se deparou com as narrativas dos colegas sobre o estrago que havia causado, mesmo vendo o desenho reconstruído, criou outra imagem, sem remetêla, no entanto, a nenhuma fábula, mas sim, ao seu cotidiano familiar. Negou a autoria do seu desenho, mas não pode negar os estragos que provocou porque a memória coletiva foi mais forte que a sua individual. Criou a imagem do agressor e sobre ela fez uma nova comunicação de sua experiência espaço/temporal, proporcionando-me, desta forma, enxergar o reencontro entre “universos de infância”, entre comunicações de experiências que se alteram e alternam conforme a intensidade do vivido, o que na perspectiva de Bachelard, é a própria cosmicidade. Essa compreensão que abarca a alma das crianças e dos poetas faz ressonar uma espécie de canto cósmico. Um canto que nas crianças se expande na capacidade de maravilhar-se, instaurando uma poética do cotidiano e da descoberta. Nos poetas a expansão se dá através do lapso da palavra, que “não se limita a exprimir idéias ou sensações, mas que tenta ter um futuro” ( ibidem, 1988, p. 3 ). Por esse viés, tanto os poetas quanto as crianças se tornam próximos porque vivem o porvir da linguagem. No porvir da linguagem, em termos de criação, a discussão sobre a Memória encontra vigor na suposição de que há uma composição entre imagens e devaneios. As imagens como criações da lembrança na força viva da experiência espaço/temporal, e os devaneios como oportunidades de transição entre as lembranças porque elaboram esteticamente as imagens, impregnam a Memória dos sentidos partilhados no cotidiano. Desse modo, um caminho que se delineia na continuidade desta reflexão sobre a constituição da Memória na infância avança não só em relação às imagens que as 11 crianças criam na composição das suas memórias, mas também na busca de compreensão da relação das imagens criadas com as lembranças do passado, inaugurando uma forma de trazer o inaudito através da retomada do passado. A narração é um dos caminhos para essa retomada, pois nela os sentidos são reconstruídos, o que não significa uma repetição do passado. A atitude narrativa é criadora e por isto sempre nova em relação ao passado. Muitas vezes, no contexto do cotidiano da escola, impomos às crianças nossas concepções e criações. Impomos também a elas nossa experiência. Romper com esse suposto indica outra postura em relação à infância e à pesquisa com crianças. Isto significa buscar compreender as condições que impulsionam as crianças a pintar “a sua própria aquarela da filosofia e do mundo”( KOHAN, 1999, p. 72 ). Condições que necessariamente estão imbricadas numa escuta que permite um olhar para as derivações que elas são capazes de fazer no pulsar da vida. Nesse sentido, Solange Jobim indica a necessidade de compreender o desejo que as crianças expressam nas palavras fora do tema, ou seja, aquelas que permitem a elas transitar fora do assunto em pauta, derivar ( SOUZA, 1994, p. 65 ). Tornou-se então importante compreender a habilidade de derivar, própria da criança, e o devaneio, não como uma rota de fuga, mas sim como um movimento para alçar vôo, “que ajuda-nos a habitar a felicidade do mundo” ( BACHELARD, 1988, p. 23 )5 Supor que as crianças podem pintar a sua própria aquarela é um desafio para aqueles que acreditam no encontro entre a filosofia e as crianças, percebendo que nesse encontro, o que se coloca “são questões à ‘normalidade’ ou ‘naturalidade’ da experiência humana” ( KOHAN, 1999, p. 62 ). A possibilidade de compreender a derivação que as crianças fazem favorece o encontro com a perspectiva de Walter Benjamin sobre a capacidade mimética, melhor dizendo, a capacidade de produzir semelhanças e apropriar-se dos significados das 5 Para Bachelar o devaneio é um fenômeno espiritual demasiadamente natural e importante para o processo psíquico humano. Pertence a ordem dos fenômenos oníricos e diz respeito tanto às crianças quanto aos adultos. É o devaneio que proporciona as idéias quiméricas, muitas vezes incoerentes, eventuais, ilógicas. Entretanto ele apresenta um paradoxo quando foca o devaneio como distensão psíquica, quando é vivido sem uma força ligante. Segundo ele é destituído de atenção e não raro o é também de memória, por isto segue uma inclinação que sempre desce, obscurecendo a consciência, perdendo-se no real. Entretanto, quando ele acrescenta o adjetivo “poético”, o devaneio tende a ascender porque passa a ser um fenômeno de composição de imagens e de ordenação do real criando um devir que se propaga na linguagem porque a faz crescer e se recriar. Os poetas escrevem os seus devaneios e com eles a imaginação tenta um futuro. As crianças absorvem as sutilezas das novidades e comunicam a alegria de maravilhar-se e de falar. Expressam, desta forma, a sua linguagem poética. “As crianças e os poetas criam “hipóteses de vida” que alargam as suas vidas dando-lhes confiança no universo” (BACHELAR, 1988, p. 3-11 ). 12 palavras produzindo sentidos outros. Esse processo ultrapassa o que poderia ser entendido como imitação, porque a criança ao reconhecer as semelhanças produz outras, criando um novo modo de sentir as coisas. Ela estabelece uma espécie de jogo e outras maneiras de produzir sentidos entram em cena. A criança se prende no detalhe, naquilo que o olhar do adulto deixou escapar. Por esse motivo a incompletude lhe pertence abrindo caminhos para um fazer sempre de novo. A experiência na infância apresentada dessa forma estabelece outra relação com o espaço e com o tempo porque parte do pressuposto de que a criança recolhe, no seu caminhar pelo mundo, imagens bem diferentes daquelas recolhidas pelo adulto. Ela olha as margens, os restos, os refugos, e este olhar instiga uma produção de sentidos próprios, pois as imagens que ela fixa pertencem ao inusitado, ao que olho traduz em encantamento. Para Walter Benjamin ( 1994 ) esse olhar marca o tempo de indefinição da infância porque anuncia outras formulações e outros reconhecimentos em torno da produção de semelhanças. Sob esse enfoque e considerando a situação de uma investigação, a criança deixa de ser o outro pesquisável, torna-se co-participante da produção do conhecimento, da episteme da pesquisa. A sua linguagem movimenta a investigação, deixando à mostra o seu “estilo filosófico” de atuar sobre o mundo circundante, e revela a infância como uma categoria histórica e cultural conforme as proposições de Walter Benjamin ( 1994, 1995 ), Jeanne Marie Gagnebin ( 2005, 2007 ) e Giorgio Agamben ( 2005 ). A concepção inspirada por esses autores valoriza a não soberania da criança sobre a linguagem. O suposto de que “a criança vê o que o adulto não vê mais” ( GAGNEBIN, 2005, p. 180 ) refere-se a outro campo de percepção e de análise. A noção do prefixo in, na palavra infância, pressupõe uma ausência originária de linguagem, de razão, algo antes do logos, mas que para aqueles autores está longe de ser uma limitação ou impedimento. É nessa experiência inefável da criança que a linguagem deixa de se apresentar como totalidade e verdade, o que faz da infância o signo sempre presente de que humanidade do homem não repousa somente sobre sua força e seu poder, mas também, de maneira mais secreta, mas tão essencial, sobre suas faltas e suas fraquezas, sobre esse vazio que nossas palavras, tais como fios num motivo de renda, não deveria encobrir, mas sim, muito mais, acolher e bordar. ( GAGNEBIN, 2005, p. 181 ) 13 Nesse sentido, quando um adulto se lembra de sua infância não há uma idealização, mas sim, a realização do possível esquecido ou recalcado. A experiência da infância, para o adulto que se lembra de sua meninice, é a experiência daquilo que poderia ter sido diferente, isto é, da releitura crítica da vida adulta no presente ( ibidem, p. 179 ). A criança, quando se lembra, transforma a lembrança em ação e pela sua inabilidade de linguagem, vista não como uma ingenuidade, inocência ou falta, mas como uma possibilidade de eclosão de algo novo, age como se atuassem no mundo pela primeira vez. Mas da mesma forma que os adultos, as crianças produzem recursos cognitivos para processar suas lembranças e o fazem criando imagens que as sustentam. Nesse percurso de apropriação acabam por lembrar-se de si. Os modos como fazem isto são diferenciados, originais e singulares. Num estudo recente publicado por Paul Ricoeur, há uma abordagem que merece destaque porque traz o problema das lembranças para a constituição de uma memória. Segundo este autor, a transição entre o “o quê” da lembrança, e o “quem” se lembra, passa por uma discussão que decorre da relação que a tradição filosófica estabeleceu entre a memória e o passado, ou seja, refere-se a um processo antigo de investigação da “face objetal da memória” que tem o enigma da imagem como arremesso. Desde Platão e Aristóteles o problema da presença da coisa ausente, “marcada pelo selo da anterioridade” atravessa muitas questões epistemológicas, como é o caso dos testemunhos e das representações sociais como explicação/compreensão para as abordagens que tomam como objeto de análise os acontecimentos ou as conjecturas que pontuam o passado histórico. ( RICOEUR, 2007, p. 17-19 ). Sobre essa discussão o autor se posiciona tendo como referência a fenomenologia da memória. Para ele, há deliberadamente uma análise voltada para o objeto da memória, que passa por uma série de estágios, envolvendo o esquecimento e a lembrança, até chegar a uma espécie de memória refletida, associada a uma memória de si. Isto significa que orientar a pesquisa com uma questão em torno do que as crianças se lembram passa, necessariamente, por uma análise que deverá buscar os modos de organização dessas lembranças e as estratégias das narrativas. Trata-se de uma análise que não poderá abster-se de observar os critérios e/ou recursos cognitivos para se chegar ao encontro do sujeito que lembra passando por uma experiência de linguagem de dupla significação, qual seja, a que transita na infância entre a dimensão do signo, das palavras no seu sentido dicionarizável, e da semântica, do discurso que se constrói 14 na cultura pelo viés dos sentidos ( AGAMBEN, 2005, p. 67-68 ).6A dimensão objetal que Ricoeur se refere está ligada então à superação da idéia de memória de um ego. O que é objetável, na memória do sujeito, não são as suas lembranças pessoais, mas os sentidos que perpassam as relações socialmente engendradas no cotidiano. Portanto, o objetável da Memória são os discursos traspassados pelo social. Sob o entrecruzamento dos conteúdos do passado individual e do passado coletivo, na Memória, é que se pode considerar a experiência no seu sentido estrito, ou seja, como algo que nos toca e transforma. Assim considerando, o projeto de rememoração traçado nesta pesquisa, impele as crianças a um esforço da Memória, que por meio das narrativas, ressignifica as suas experiências. A escrita deste passado acontece, então, como um registro do fortuito que escapa ao escoamento de um tempo visto como linear, e inaugura a força do insignificante e do fragmento para a construção de uma narrativa histórica. Compreender o passado e inscrevê-lo como Memória, neste contexto, é reconstruí-lo com histórias. 6 Giorgio Agamben reconhece uma cisão na linguagem e constrói um entendimento sobre a infância partindo de uma noção de experimentum linguae. Para ele a infância não é vista como um período do desenvolvimento humano, nem mesmo um fato, algo que possa se isolar num lugar cronológico, mas um estado ou possibilidade de recuperação da pura expressão, ou seja, da transformação de uma experiência sensível de significação que transforma a linguagem semiótica ( signos/língua ) em linguagem semântica ( sentidos/discurso ). Falando de outro modo, a infância se confunde então com uma experiência/invenção de linguagem. O experimentum linguae é então um espaço onde o homem, lançado na linguagem, se arrisca a inventar, o que, segundo ele, revela o mito da infância como “substância psíquica”. Isto porque não podemos alcançá-la sem ir de encontro à linguagem. “( AGAMBEN, 2005, p. 60 ). 15 Referências Bibliográficas AGAMBEN, Giorgio. Destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. BAC HELAR, Gastón. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 2001. BENJAMIN, Walter. .Walter Benjamin. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994. __________________.Walter Benjamin. Obras escolhidas II. Rua de mão única. São Paulo: Brasiliense, 1995. BRESCIANI, Stella e NAXARA, Márcia ( orgs ). Memória e (res) sentimento. Indagações sobre uma questão sensível. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2004. GAGNEBIN, Jeanne Marie. Sete aulas sobre linguagem, memória e história. Rio de Janeiro: Imago, 2005. _______________________. História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 2007. GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais. São Paulo, Companhia das Letras, 1989. ________________. O queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. KOHAN, Walter O. Infância. Entre Educação e Filosofia. Belo Horizonte; Autêntica, 2005. KOHAN, Walter Omar e KENNEDY, David. Filosofia e infância. Possibilidades de em encontro. Petrópolis, Vozes, 2000. RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2007. SOUZA, Solange Jobim e. Infância e Linguagem. Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. Campinas, SP: Papirus, 1994.
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