HIDRADENITE SUPURATIVA SEVERA – RELATO DE CASO E

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HIDRADENITE SUPURATIVA SEVERA – RELATO DE CASO E
HIDRADENITE SUPURATIVA SEVERA – RELATO DE CASO E REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
ELIAN, Adaucto Hissa. Docente do Curso de Graduação de Medicina.
MESQUITA, Lauro Mendes de Souza. Discente do Curso de Graduação de
Medicina.
Palavras chaves: Hidradenite Supurativa; Hidradenite Supurada; Acne inversa.
INTRODUÇÃO
A Hidradenite Supurada (HS), também conhecida como Acne Inversa¹, é uma doença
crônica, recorrente², debilitante³ que se apresenta com lesões dolorosas, profundas², que
drenam descargas purulentas4 em áreas ricas em glândulas sudoríparas apócrinas², sendo
mais comum nas axilas, região inguinal-crural, inframamária e anogenital. Acomete
cerca de 1% da população5e possui um enorme impacto na qualidade de vida do
paciente6. É uma doença relativamente fácil de ser diagnosticada devendo ser
estimulada sua identificação não só por dermatologistas, mas também por generalistas,
proctologistas, cirurgiões plásticos, gastroenterologistas e médicos de saúde da família7.
Apesar de não possuir estudos que ajudem a determinar quais são os fatores de risco que
incidem na população brasileira8 devemos sempre levar em conta fatores exógenos e
endógenos que influem sobre outras etnias8, 9. O diagnóstico da HS é clinico, mas pode
necessitar de exames complementares para ajudar na diferenciação, ou mesmo no
estabelecimento de outras comorbidades3, 4. O objetivo do tratamento é retirar o paciente
da crise, mantê-lo o maior tempo possível em período de acalmia lesional e impedir o
surgimento das cicatrizes através da prevenção da lesão primaria³.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
- Estudar a Hidradenite Supurativa a partir da observação de um caso internado
no HCTCO
OBJETIVOS ESPECIFICOS
- Relatar um caso grave de Hidradenite Supurativa acompanhada no HCTCO;
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- Rever os principais aspectos etiopatogênicos, clínicos e terapêuticos da Hidradenite
Supurativa;
- Investigar e relacionar a Hidradenite Supurativa à comorbidades.
METODOLOGIA
O método utilizado para a pesquisa foi um relato de caso de paciente do sexo feminino
internada no Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano, que concordou
em assinar o Termo Consentimento Livre Esclarecido, sendo orientada quanto à
importância da exposição à classe médica de sua doença; e a realização de uma revisão
bibliográfica nas plataformas de dados SciELO, PubMed, Cochrane Library, Biblioteca
virtual em saúde e MEDLINE visando comparar a metodologia clínica diagnóstica do
material pesquisado com o realizado no paciente.
ETIOPATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA
A Hidradenite Supurativa (HS) é uma afecção do folículo piloso terminal³, causada pela
obstrução do folículo, sendo sua patogenia mediada muito provavelmente pela ação de
citoqueratinas, podendo acometer por contiguidade às glândulas apócrinas10.
Apresentando-se clinicamente como uma doença debilitante, produtora de nódulos que
se fistulizam e se rompem causando uma inflamação perifolicular, e possibilitando a
infecção secundária e consequentemente deixando extensas cicatrizes³.
A incidência da HS sobre a população chega há 1%, sendo mais comum em mulheres
do que homens, 3,3 para um respectivamente5.
HS se comporta de diferentes formas nos homens e nas mulheres. Nestas as lesões são
mais frequentemente encontradas nas regiões inframamarias (22%) e virilhas (93%), já
nos homens as nádegas (40%) e região perianal (51%) são as áreas mais afetadas³.
A faixa etária de acometimento gira em torno dos 11 a 50 anos de idade sendo seu pico
médio aos 23 anos¹0
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As Lesões da HS se caracterizam pela presença de nódulos dolorosos, tendo seus bordos
margeados por uma reação inflamatória local9 que podem durar de semanas a meses¹¹.
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Tais nódulos se encontram inicialmente duros, e amolecem no decorrer da progressão da
doença. Por se tratar de uma doença recorrente, o processo de cronificação forma
cordões fistulares e placas fibrosas, cujos trajetos fistulosos drenam um material
purulento e fétido, podendo levar consigo sangue. Nas áreas afetadas encontramos9
frequentemente comedões¹¹, e o prurido é comum; sensação de calor e hiperidrose
também podem ser observadas. Com a evolução do processo inflamatório à dor se torna
mais evidente juntamente com a presença de eritema e descoloração cianótica9.
A HS por possuir um enorme impacto na qualidade de vida do paciente e podendo estar6
associada à depressão, síndrome metabólica, obesidade, doença de Crohn³, ¹²e outras
enfermidades, deve ser alvo de atenção diagnóstica tanto do especialista dermatologista,
quanto
dos
médicos
generalistas,
proctologistas,
cirurgiões
plásticos,
gastroenterologistas e médicos de famílias7. Contudo, apesar de ser uma doença crônica
e possuir uma clínica e um curso variável, seu diagnóstico é eminentemente clinico³.
TRATAMENTO
O objetivo do tratamento é prevenir o surgimento das lesões primárias e a resolução da
lesão o mais breve possível, evitando a gêneses de cicatrizes que cursam com a
formação de orifícios fistulosos e processos infecciosos secundários³. Os melhores
tratamentos conservadores, que conseguiram atingir nível 2 de evidência, utilizaram
clindamicina tópica solução a 1 %, clindamicina oral, rifampicina, e hormônios
antiandrogênicos como o acetato de ciproterona.. Outros fármacos como a isotretinoína
oral, e os retinóides sistêmicos, acitretina e etretinato, já foram muito utilizados, mas
existem pesquisas mostrando sua real eficácia. A terapia hormonal possui um resultado
melhor que o emprego de antibióticos; a ciproterona associada ao etinilestradiol
promoveu a resolução completa ou parcial em não mais que 18 meses de tratamento em
50% dos casos³.
RELATO DE CASO
M R M, mulher de 41 anos, negra, natural do estado do Rio de Janeiro, residente na
cidade de Teresópolis. Foi internada no dia 24/07/2015 no Hospital das Clínicas de
Teresópolis Constantino Ottaviano com queixa de “machucado no rosto”.
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Ao exame Físico
Paciente apresenta múltiplas lesões fistulizadas, não pruriginosa, indolores, com saída
de secreção purulenta, hemática, não fétida. Localizadas nas regiões inframamária
esquerda (fig.- 2), sacral, vaginal grande lábio esquerdo, axila direita (fig.-3) e esquerda,
e hemiface esquerda (fig.- 4).
DISCUSSÃO
A Hidradenite Supurativa é, em geral, sistematizada e estudada, nos Livros de
Dermatologia, no capítulo das Piodermites. Na realidade, a infecção piogênica,
predominantemente estafilocócica, está associada à obstrução e inflamação do ducto
folicular das glândulas sudoríparas apócrinas que se localizam em axilas e região
inguinocrural, podendo estar presentes em toda a extensão perineal, genitália externa,
aréola mamária e mais raramente na região inframamária e sulco intermamário.
O manejo terapêutico deve ser conduzido por um profissional habilitado e suficientemente capaz de compreender que cada paciente possui suas particularidades, que o
tratamento deve ser individualizado e pode, em algum momento, requerer desde um
procedimento cirúrgico, passando pelo uso de antibióticos; isotretinoína oral,
clindamicina oral, rifampicina e sulfas, sendo que mais recentemente há utilização dos
imunobiológicos inibidores da produção do Fator de Necrose Tumoral (em especial, nos
casos graves), além dos já citados antiandrogênicos e, evidentemente, os cuidados
assistenciais psicoterápicos e/ou psiquiátricos
Por fim, vale lembrar que, não obstante sua complexa etiopatogenia e seu tratamento
exigir experiência e habilidade em manejar diferentes e, algumas vezes, múltiplos
fármacos simultaneamente, a Hidroadenite Supurativa é uma patologia de
reconhecimento clínico fácil. Neste sentido, é essencial, além de, evidentemente, uma
anamnese bem conduzida, estimular o estudo da semiologia dermatológica; o
entendimento de que a topografia lesional faz parte da ectoscopia e pode ser de grande
auxílio no estabelecimento de um diagnóstico; e, em nosso caso, quanto mais precoce
seu reconhecimento, menores serão as chances de complicações idiossincrásicas da
doença.
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