verificação da eficácia de composto homeopático na
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verificação da eficácia de composto homeopático na
VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DE COMPOSTO HOMEOPÁTICO NA PREVALÊNCIA DA MASTITE CAPRINA Juliana Cristina Cardoso Citadella*, Helio Langoni, Patrícia Yoshida Faccioli - Campus de Botucatu – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Medicina Veterinária – *Bolsista FAPESP processo 2008/05584-2 Palavras chaves: mastite, caprina, homeopatia Keywords: mastitis, goat, homeopathy 1. INTRODUÇÃO A mastite em pequenos ruminantes é um problema grave, principalmente em cabras exploradas para a produção de leite tanto por aumentar os custos da produção quanto pelos riscos à saúde pública. Particularmente a forma subclínica, é de difícil interpretação, principalmente em regiões que não dispõem de equipamentos e pessoas especializadas, uma vez que a grande quantidade de células epiteliais e partículas anucleadas presentes no leite interferem significativamente nos testes de rotina utilizados para sua detecção. Vários estudos têm mostrado diferenças fisiológicas e microbiológicas entre a glândula mamária caprina e bovina, apontando que devem ser realizadas adaptações dos testes diagnósticos para caprinos (PERRIN, et al.,1997). Um dos grandes desafios no desenvolvimento de novas medidas terapêuticas para prevenção da mastite é a limitada disponibilidade de drogas para utilização em rebanhos leiteiros, sendo que a terapia convencional utiliza antimicrobianos para o seu controle. Porém devido ao alto custo do tratamento a sua utilização em algumas situações é limitante. Existe, portanto, a necessidade do desenvolvimento de novas formas de tratamento para o controle efetivo da doença (ERSKINE, 1998). Além disso, a preocupação crescente com a presença de resíduos de antibióticos no leite gera uma busca de práticas alternativas para a sua abordagem clássica (COSTA et al., 1998), e de tentativas de busca de novas opções de tratamento menos agressivos, principalmente nos animais de interesse zootécnico, para se evitar o efeito residual nos alimentos. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E OBJETIVOS 2.1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A homeopatia é uma possibilidade de tratamento, que se adequa, principalmente no caso das mastites. Os termos “Homeopatia” e “ Homeoterapia” vêm do grego de homeo (semelhante), patia (sofrer, padecer) e therapeia (curar). A homeopatia representa uma terapia específica de estímulo do organismo, na qual a escolha do medicamento é feita de acordo com os sintomas de cada caso específico (TIEFENTHALER, 1996). No tratamento de mastites deve-se buscar o medicamento que atende a exteriorização dos sintomas, fazendo abstração dos sinais locais pouco significativos. Quanto mais estreita for a similitude, mais alta será a diluição administrada. Nos casos agudos, o medicamento é prescrito com maior freqüência, com redução, quando se observa a melhora (HAYT & GENOUEL, 1998). BENITES (2005) observou que o tratamento de mastite clínica com medicamento homeopático necessita uma administração mais freqüente, ao se comparar com os casos de mastite subclínica. Os medicamentos homeopáticos não apresentam efeitos colaterais, não propiciam imunossupressão, não sobrecarregam com seus produtos de reabsorção, os órgãos secretores e também os órgãos de desintoxicação, e os sistemas do organismo. Além disso, são de baixo custo, sendo economicamente viáveis e benéficos por não apresentarem metabólitos nocivos aos animais ou ao ambiente. Também não há relatos de alergia, problemas de indução de resistência por não agredirem de forma direta o agente infeccioso e sim auxiliarem o organismo no combate à infecção. Não geram resíduos em produtos animais como o leite, sendo vantajoso do ponto de vista econômico para o produtor e para a saúde do consumidor (TIEFENTHALER, 1996). Com relação aos casos de mastite bovina subclínica, não foram observadas diferenças, quanto à contagem de células somáticas e alterações do resultado microbiológico, após o tratamento utilizando antibióticos e homeopatia. Entretanto, um aumento de 2,5 Kg de leite foi observado no 04107 grupo tratado pela homeopatia, demonstrando a possível redução do processo inflamatório (BENITES, 2005). 2.2. OBJETIVOS O presente trabalho teve como objetivo verificar a eficácia da utilização de composto homeopático em um rebanho caprino leiteiro, buscando reduzir a ocorrência de mastites para obtenção de leite de melhor qualidade. 3. METODOLOGIA Foram utilizadas 40 cabras de aptidão leiteira, de idades variáveis e diferentes números de parições e em fase semelhante de lactação, as quais foram divididas em dois grupos (controle G1 e tratado G-2), de forma aleatória, por funcionário da propriedade, durante o período de outubro de 2008 a janeiro de 2009. O composto utilizado continha Phytolacca decandra (CH12), Lachesis (CH12), Belladona (CH12), Phosphorus (CH30), Bryonia dióica (CH12), Conium maculatum (CH12), Apis mellifica (CH30), Mercurius solubilis (CH12), Pyrogenium (CH6). Os animais foram avaliados antes do tratamento por um período de quinze dias, com coleta semanal de amostra de leite para exame do California Mastitis Test (CMT), considerando-se positivas as reações +, contagem de células somáticas (CCS) e avaliação da produção leiteira do animal no dia da coleta, além do exame diário pela prova de Tamis realizado por funcionário da propriedade. O fornecimento do medicamento homeopático aos animais do Grupo-2 foi realizado durante dois meses e a obtenção de amostras de leite foi semanal, com exceção do exame do Tamis, que foi realizado diariamente, previamente a ordenha em ambos os grupos. Após o término do tratamento os animais foram avaliados da mesma forma com coletas quinzenais de leite perfazendo 2 coletas, para realização dos mesmos exames citados anteriormente, além da prova de tamis diária. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES As coletas 1 e 2 se referem à fase inicial do experimento, sem tratamento. Imediatamente após a 2ª coleta iniciou-se o tratamento, que foi suspenso após a 10ª coleta. A 11ª e 12ª coletas se referem ao período pós tratamento. Observou-se que na 8ª e 10ª coletas, ou seja, 6ª e 8ª semanas, respectivamente, após o início do tratamento, houve uma redução significativa na CCS do grupo tratado em relação ao grupo controle (Tabela 1), fato que pode indicar menor ocorrência de mastite. Por outro lado, ocorreu aumento na resposta celular com aumento de CCS/ml de leite nas duas últimas coletas (11ª e 12ª) coincidentes com o término do tratamento o que pode significar resposta imunológica com aumento do conteúdo celular no leite. Tabela 1. Mediana (percentil 25 – percentil 75) dos valores de CCS (x103/mL) para as diferentes coletas, nos animais dos grupos controle e tratado. Botucatu, 2009. Controle – G-1 Tratado – G-2 Coleta Mediana P25 P75 Mediana P25 P75 1 29.5a 9.8 73.3 25.5a 14.5 132.0 2 32.5a 5.0 92.5 11.0a 1.8 49.0 3 73.5a 22.5 216.0 85.0a 31.3 171.5 4 70.0a 19.0 257.0 68.5a 32.0 192.5 5 113.5a 36.5 266.8 100.5a 45.0 173.3 6 433.0a 176.3 1290.3 428.5a 115.8 870.5 Continuação... 04108 7 141.5 47.0 292.0 173.5 39.3 ...Continuação 273.3 8 34.0b 24.3 64.5 25.0a 18.5 54.8 9 132.5a 70.3 358.0 83.0a 41.0 212.8 10 185.5b 118.3 703.3 129.5a 43.5 359.0 11 506.5a 248.0 1097.8 542.0a 249.0 1115.8 12 284.0a 146.8 695.3 310.0a 83.3 828.5 a Estatística: a Valores de mediana seguidos de letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas pelo teste de Mann-Whitney, com α=0,05. A redução foi significativa também na 6ª coleta, quanto aos resultados do CMT, pois o grupo tratado revelou apenas 30% de tetos positivos, enquanto que o grupo controle apresentou 54,8% de positividade (Tabela 2). Na 12ª coleta essa diferença foi mais evidente, caindo para 25% a porcentagem de tetos positivos ao CMT, o que indica menor prevalência de mastite subclínica já que nas infecções intramamárias há uma maior resposta celular, que pode ser detectada pelo CMT. Tabela 2. Comparação da positividade (%) ao CMT entre os grupos controle e tratado de acordo com cada coleta. Botucatu, 2009 Controle Tratado Coleta χ2 P CMT (+) CMT (-) CMT (+) CMT (-) 1 38,1 61,9 50,0 50,0 0,75 0,3880 2 57,1 42,8 47,5 52,5 0,43 0,5139 3 52,4 47,6 42,5 57,5 0,45 0,5000 4 61,9 38,1 62,5 37,5 0,03 0,8632 5 50,0 50,0 30,0 70,0 2,63 0,1100 6 54,8 45,2 30,0 70,0 4,17 0,0400 7 45,2 54,8 32,5 67,5 0,91 0,3400 8 30,9 69,1 42,5 57,5 0,73 0,3900 9 30,9 69,1 42,5 57,5 0,73 0,3900 10 40,5 59,5 32,5 67,5 0,27 0,6000 11 38,1 61,9 25,0 75,0 1,07 0,3000 12 50,0 50,0 25,0 75,0 4,43 0,0352 Quanto à produção leiteira não observou-se influência do tratamento (Tabela 3). 04109 Tabela 3. Média ± desvio-padrão dos valores da produção de leite (L) dos grupos controle e tratado, segundo a coleta. Botucatu, 2009. Coleta Controle 1 1,19 ± 0,60 2 1,20 ± 0,52 3 1,22 ± 0,59 4 1,12 ± 0,61 5 1,24 ± 0,56 6 1,25 ± 0,72 7 1,08 ± 0,51 8 1,11 ± 0,56 9 1,10 ± 0,59 10 0,93 ± 0,60 11 0,75 ± 0,47 12 0,90 ± 0,46 Estatística: Valores de média seguidos de letras significativas pelo teste t de Student, com α=0,05. Tratado t P 1,00 ± 0,58 1,02 0,3121 1,11 ± 0,57 0,56 0,5789 1,03 ± 0,47 1,17 0,2499 1,05 ± 0,43 0,45 0,6591 1,05 ± 0,55 1,11 0,2447 1,01 ± 0,52 1,26 0,2202 0,98 ± 0,48 0,66 0,5157 0,93 ± 0,65 0,97 0,3353 0,94 ± 0,49 0,93 0,3561 0,82 ± 0,55 0,63 0,5350 0,57 ± 0,38 1,37 0,1797 0,71 ± 0,50 1,24 0,2222 minúsculas diferentes indicam diferenças 5. CONCLUSÃO Ocorreu diminuição de mastites subclínicas ao se avaliar pelo CMT e CCS/ml de leite em algumas semanas do experimento, no grupo submetido ao tratamento homeopático, bem como tendência de aumento de resposta celular (CCS/ml de leite) e do CMT após o término do tratamento. 6. REFERÊNCIAS BENITES, N.R. Comparação entre tratamento homeopático de mastite bovina clínica e subclínica. 2005. 116p. Tese (Livre docência) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, São Paulo. ERSKINE, R. J. Mastitis therapy: problem and solutions. In MEMÓRIAS DEL CONGRESSO PANAMERICANO DE CONTROL DE MASTITIS Y CALIDAD DE LA LECHE, 1., 1998, Mérida. Anais... Mérida, 1998. p.152-158. HAYT, J. F.; GENOUEL, G. Guia de prescrição em homeopátia veterinária. Ed. ANDREI Ltd., 1998. 168p. PERRIN, G. G.; MALLEREAU, M. P.; LENFANT, D.; BAUDRY, C. Relationships between California Mastitis Test (CMT) and somatic cell counts in dairy goats. Small Ruminant Research, v. 26, n. 1-2, p.167-170, 1997. TIEFENTHALER, A. Homeopatia para animais domésticos e de produção. Ed. ANDREI Ltd., 1996. 332p. TRIOLA, M.F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC. 9.ed. 682p, 2005. Agradecimentos: FAPESP pela concessão de bolsa de Iniciação Científica, aos alunos Daniel da Silva Penachio e Felipe Laurino pela colaboração na coleta das amostras, e ao Prof. Aristeu Vieira da Silva pela análise estatística de parte dos resultados. 04110