CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS SOBRE ARTRÓPODES
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CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS SOBRE ARTRÓPODES
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS SOBRE ARTRÓPODES: SEQUÊNCIA DE ENSINO COMO PROPOSTA PARA SUPERAÇÃO NO ENSINO MÉDIO Sheila Alves Pinheiro (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Bolsista PIBID) Bruna Lorena V. da Hora (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Bolsista PIBID) Evanoel Fernandes Nunes (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Bolsista PIBID) Thiago Laurentino Araújo (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Bolsista PIBID) Ivaneide Alves Soares da Costa (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN) RESUMO Este trabalho tem por objetivo identificar as concepções alternativas que os alunos de 2° série, do ensino médio, possuem sobre artrópodes, com ênfase na classe insecta. Foi elaborada e aplicada uma sequência de ensino para superação das concepções encontradas. Foi observado que os estudantes apresentavam algumas concepções alternativas e erros conceituais sobre insetos e que as concepções mais frequentes estav am relacionadas com as estruturas morfológicas presentes nesta classe. Identificou-se, também, que o termo “inseto” é utilizado para apontar animais nos quais os alunos não conseguem de forma sistemática relacioná-los. Foi possível inferir que desenvolver atividades diferenciadas contribuem no aprendizado significativo do aluno facilitando e estimulando-os ao estudo sobre o tema. Palavras – Chave: Concepções alternativas, Classe Insecta, Sequência de ensino. CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS SOBRE ARTRÓPODES: SEQUÊNCIA DE ENSINO COMO PROPOSTA PARA SUPERAÇÃO NO ENSINO MÉDIO INTRODUÇÃO O ensino de Ciências e Biologia é conhecido pelos estudantes do ensino básico, como uma ciência que expõe diversos conceitos de difícil aprendizagem. Essa característica, frequentemente, está atrelada ao nível de abstração e a motivação dos estudantes frente a alguns conteúdos (PINHEIRO, 2013). 6841 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 As dificuldades de aprendizagem (DA) podem surgir devido à presença de concepções alternativas (CA) na estrutura cognitiva dos alunos (GALAGOVSKY & MUÑOZ, 2002 e GONZALEZ, 1996). Estas são construções pessoais fruto das tentativas feitas pelos alunos, desde uma ideia precoce, através de informações do cotidiano para dar sentido ao mundo físico e social que os rodeiam (LUÍS, 2004), sendo consideradas bastante estáveis e resistentes a mudanças e que muitas vezes persistem apesar de muitos anos de ensino formal. (DRIVER, 1989). Dentre vários conteúdos, os artrópodes configuram grande dificuldade para ensinar e aprender. Considerando que este grupo apresenta uma grande diversidade de espécies e uma vasta variedade de formas e funções, isso traz à sala de aula uma quantidade de termos e conceitos que geram nos professores uma dificuldade em se trabalhar este conteúdo por não dispor de tempo suficiente para ensinar esse tema tão complexo (ARAÚJO – DE – ALMEIDA, 2007). Sendo assim, Oliveira (2005) corrobora com este estudo ao relatar, que tais dificuldades envolvendo falta de material didático e complexidade de conteúdos programáticos de zoologia presente na grade curricular, podem desmotivar alunos a estudar. Essa falta de estímulo e dificuldades de compreensão do assunto a ser estudado pode originar CA nos alunos. Assim, torna-se importante e necessário diagnosticar a CA, bem como desenvolver atividades didáticas com a intenção de superá-las, por parte do professor, evitando que essas continuem a se expressar nos níveis subsequentes de ensino. De acordo com Menino & Correia (2000) e Oliveira (2005), uma forma de superar esta dificuldade de ensino aprendizagem é incorporar no planejamento das atividades pedagógicas, atividades que estimulem os alunos a questionar e testar suas ideias de tal modo, que estas sejam desenvolvidas segundo o conhecimento científico ao invés de constituírem uma barreira para o aprendizado do alunado. Reconhecendo as dificuldades em se trabalhar alguns conceitos biológicos, especificamente o grupo artrópodes, é importante a apropriação de ferramentas que auxiliem na construção do conhecimento. Uma delas esta pautada na construção de uma sequencia didática, utilizando metodologias diversificadas que busquem identificar e solucionar as dificuldades envolvendo o ensino aprendizagem. Visando superar as dificuldades que os alunos enfrentam para compreender conceitos em torno do conteúdo de artrópodes, aplicou-se uma sequência didática com elementos motivadores e facilitadores da aprendizagem, partindo da identificação das concepções alternativas que os alunos possuem sobre artrópodes, com ênfase no estudo da classe insecta. METODOLOGIA 6842 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Este projeto de intervenção faz parte de ações desenvolvidas no âmbito do PIBID BIOLOGIA da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e escolheu como público alvo alunos da 2ª série do ensino médio de uma escola pública, localizada em Natal/RN. A delimitação do tema - artrópodes - foi definida a partir de demandas do planejamento do professor da turma e também supervisor do PIBID-BIOLOGIA. Foi organizada uma sequência de ensino composta por sete etapas, para concretizar a sondagem das concepções alternativas dos alunos: (i) aplicação de pré-teste; (ii) aula expositiva dialógica; (iii) uso de texto de divulgação científica – CTSA; (iv) visita a coleção entomológica – UFRN; (v) coleta e confecção de caixa entomológica; (vi) dinâmica de grupo e QUIZ de perguntas e respostas; (vii) aplicação de pós-teste. O pré-teste de sondagem dos conhecimentos prévios visa identificar a carga informacional que os alunos constroem em suas relações cotidianas, sobre o assunto Artrópodes. Em seguida, uma abordagem conceitual da classe insecta foi realizada através de uma aula expositiva dialógica, utilizando Aprendizagem Baseada em Problemas - ABP. Os conceitos gerais tratados nesta aula foram: morfologia, ecologia, a importância médica e importância social desses organismos. Neste momento foi utilizada, como organizador prévio, uma situação problema. Esta se baseia em um texto sobre uma propaganda enganosa, que trata escorpião, sapo e aranha como insetos. Para esta atividade, os alunos identificaram o erro e se posicionaram de forma a defender a propaganda como verdadeira ou falsa e argumentar sobre sua ideia. Com isso, foi-se introduzindo a fundamentação teórica, fazendo relações do conteúdo com as questões do pré-teste, para que o aluno perceba sua concepção errônea e a corrija. O uso de texto de divulgação científica foi explorado para introduzir a abordagem CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade - para contextualização e investigação sobre a classe Insecta. Os alunos discutiram em grupo e socializaram para a turma as temáticas abordadas nos textos (curiosidade, importância biológico-médica, entre outros). Esta atividade teve como meta estimular os alunos a conhecer melhor algumas espécies de insetos, superando o medo que os estudantes demonstram por esses animais. Ao final desta aula os alunos foram orientados para coleta e montagem de uma caixa insetária, uma vez que estes estavam apresentando resistência em tocar nestes organismos alegando nojo e medo. Em seguida, os discentes visitaram a coleção Entomológica da UFRN e conheceram um pouco mais sobre o que é uma coleção (organização, técnica de captura e informações básicas que deve conter na mesma), e qual a importância da diversidade de insetos para a sociedade e pesquisas cientificas. Os discentes também fizeram uma visita à “trilha do Sagui” 6843 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 situada na mesma instituição – UFRN – para conhecer técnicas de captura de insetos e melhor se familiarizar com estes organismos de modo prático. Finalmente, realizou-se a coleta de insetos no terreno da escola, para confecção da Caixa Entomológica. Logo depois, os alunos participaram da consolidação dos conceitos trabalhados, por meio de uma dinâmica com uso de placas contendo informação referente a alguns insetos, no qual, os alunos deveriam descobrir de qual bicho o texto falava e desenhar suas estruturas (asa, perna, pata e antena). Posteriormente, os alunos participaram de um QUIZ de perguntas e respostas similar ao jogo “show do milhão” na qual objetivava revisar o conteúdo. Após esta consolidação do conteúdo, foi aplicado um pós-teste para identificar o nível de aprendizagem dos conceitos pelos alunos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste ponto, pretende-se expor, de forma factual e empírica, os resultados qualitativos e quantitativos obtidos no âmbito de 2 etapas do estudo – pré-teste e pós-teste – da sequência de ensino. O questionário avaliativo – pré-teste – composto de 4 questões foi aplicado com 17 alunos da 2ª série do ensino médio. O pós-teste possui 5 questões aplicado a 13 alunos da 2ª série do ensino médio. A pergunta “Os insetos são animais muito presentes no nosso dia a dia, com base nos animais projetados marque aqueles que você considera um inseto?”, envolve a visualização de imagens, que corresponde a vários animais. Esta expressa o entendimento dos alunos sobre o assunto insetos, como mostra a tabela 1. Tabela 1: Reconhecimento de Insetos por meio de imagens Imagens Pré-teste Insetos Não insetos BARATA 100% 0% RATO 23% 76% COBRA 5% 94% # # BORBOLETA 47% 53% # FORMIGA 82% 17% MORCEGO 0% 100% # ABELHA 70% 29% # MOSCA 94% 6% SAPO 0% 100% 6844 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 41% 58% PIOLHO 29% 70% EMBOAR 41% 58% BESOURO 82% 17% MINHOCA 23% 76% ARANHA # # # PERCEVEJO 70% 29% # MOSQUITO 100% 0% # GAFANHOTO 58% 41% ESCORPIÃO 29% 70% LAGARTIXA 17% 82% Legenda: # insetos Através dos dados investigados nesta pergunta, percebe-se que os insetos “mosquito” e “barata” obtiveram o número máximo de marcações no pré e pós-teste. Isso deve-se ao fato de serem animais bastante corriqueiros nas áreas peridomiciliares dos alunos. Outros animais indicados erroneamente como insetos - aranha (classe aracnídeo), emboar (classe diplopoda) e escorpião (classe aracnídeo) apresentaram números significativos de marcações no pré-teste. Tal resultado revela que os alunos generalizam os representantes do filo Artrópoda como sendo insetos. Percebe-se então, que esses resultados estão de acordo com Tecla (1989), quando relata que os grandes números de variações também fazem com que muitos animais sejam confundidos com os insetos, o que acontece frequentemente com os animais citados acima. Contudo, Costa Neto (2002) e Silva (2004), afirmam que tais confusões geradas pelos alunos estão associadas a cultura de estereotipar qualquer animal que provoca sentimentos de nojo, nocividade ou que rasteja como sendo insetos. Entretanto, no pós-teste o número de animais marcados erroneamente como insetos foram significativamente reduzido. O que remete-nos a compreensão de uma mudança conceitual. Ao pergunta aos alunos “De acordo com as imagens que você viu escreva o nome dos insetos que você conhece?”, foi identificada uma heterogeneidade entre as respostas fornecidas, demonstrando a dificuldade que os alunos possuem em classificar os insetos (gráfico 1). Gráfico1: Animais conhecidos pelos alunos como insetos 6845 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Rato Lagartixa Aranhã Minhoca Pós-teste Gafanhoto Pré-teste Formiga Mosca Besouro Borboleta 0% 20% 40% 60% 80% 100% Ao realizar a seguinte pergunta: “Os Artrópodes estão muito presentes no nosso dia a dia. É muito fácil dar de cara com um, seja na escola, em casa ou até mesmo na rua. Mas afinal, o que você sabe sobre esses animais?” 100% dos alunos afirmaram que não sabiam quem eram os Artrópodes. Entretanto, no pós-teste os alunos demonstraram conhecimento a respeito deste filo respondendo a pergunta, marcando alguns representantes desse grupo (gráfico 2). Nesta questão, percebe-se que o termo científico Artrópode não é bem compreendido pelos alunos. De acordo com Santos e Téran (2009), as dificuldades de fazer relações são adquiridas na maioria das vezes pelo pouco conhecimento dos professores ou pela pouca importância atribuída ao conteúdo sobre táxons zoológicos, sistemática filogenética e sobre as temáticas contemporâneas emergentes sobre a zoologia. Tal fato contribui para a dificuldade de aprendizagem por parte dos alunos, construindo nestes as concepções alternativas que podem levar a erros conceituais (CARRASCOSA, 2005). Gráfico 2: Animais conhecidos pelos alunos como Artrópodes 6846 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Carapato Lagartixa Mosquito Cachorro Esponja do mar Cavalo Borboleta Caranguejo 0% 20% 40% 60% 80% 100% Segundo Sadava et al. (2008), os artrópodes formam o grupo mais diversificado dos animais, por isso, os quatro principais grupos – aracnídeos, crustáceos, miriápodes e hexápodes ou insecta – possuem interações filogenéticas próximas o que gera uma interpretação errônea da sua classificação por parte dos alunos. Fortalecendo esta ideia, Amorim (2002) e Guimarães (2005) dizem que os conhecimentos filogenéticos se constituem em um elemento norteador que deve ser obrigatoriamente considerado no processo de ensino aprendizagem, uma vez que, este é um conteúdo de difícil compreensão. Ao solicitar “Cite 3 estruturas morfológicas que são comuns entre os insetos?” os resultados evidenciaram algumas concepções alternativas (gráfico 3). Gráfico 3: Lista de estruturas morfológicas de Insetos citadas pelos alunos Comprimento Casco Cabeça Olhos Patas Antenas Asas 0% 20% 40% 60% 80% 100% 6847 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Esses dados sugerem que estruturas como patas, asas e antenas são as mais citadas pelos alunos, pois são componentes evidenciados de forma clara quando se observa uma imagem. De acordo com Neves et al. (2010), os aspectos anatômicos externos principais de um inseto são representados pelo corpo dividido em cabeça (composta de lábio, maxila e mandíbula), tórax e abdome e possuem três pares de patas, podendo ou não apresentar asas. Esta quando presente, pode possuir 1 ou 2 pares. Essa informação ressalta que os alunos apresentam em sua estrutura cognitiva somente estruturas como asas, antenas e patas não conhecendo outros detalhes que caracterize os insetos. Ainda observando os resultados do gráfico 3, é possível encontrar conceitos alternativos para determinadas estruturas como carapaça ou tegumento, o qual foi denominado pelo aluno como casco. Outra concepção alternativa refere-se ao corpo do inseto como sendo comprimento/tronco/corpo ao invés de tórax e abdome. Esses resultados corroboram com os dados obtidos através de desenhos confeccionados pelos alunos no pré e pós-teste (figura 1). Em cerca de 80% dos desenhos no pré-teste, os insetos não possuíam segmentação corpórea ou números de patas corretos. No pós-teste, apenas 38% dos erros mencionadas anteriormente apareceram nas respostas dos discentes. Figura 1: Representação dos insetos pelos alunos Neste momento, foram identificadas várias concepções alternativas como desenhos com morfologia que caracterizam outros grupos animais como se verifica nas figuras (A) e (B) do pré-teste. Além da associação de seguimentos cutâneos com pernas (figura B). A concepção de presença de nariz juntamente com a associação de patas com braços e de antena com patas são evidentes na figura C; A presença de várias patas (figura D) mostra que os 6848 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 alunos não conhecem uma das principais características do grupo Insecta, a qual é a presença de 3 pares de patas. Destacamos que a barata foi o inseto mais citado e desenhado nas respostas dos alunos, como mostra a figura 1. Em comparação com os desenhos do pós-teste foi identificado que os alunos forneceram mais informações aprendidas durante a sequência de atividades. É possível evidenciar na figura G, no qual o aluno representou a pata escansorial do piolho. Esse resultado é a prova da aprendizagem conceitual dos alunos, pois é possível perceber que estes compreenderam que o piolho possui patas diferenciadas, corpo dividido por seguimentos, sendo um deles, o abdômen e que, apesar do seu diminuto tamanho, os estudantes conseguiram armazenar em seu cognitivo uma “representação mental” deste inseto. Conforme Alves & Campos (2006), os desenhos são uma importante ferramenta na identificação das concepções prévias dos alunos, uma vez que estes ampliam sua imaginação e realizam conexões entre o pensamento e o tema em questão. Ao solicitar aos alunos “cite 3 importâncias ou benefícios ambientais apresentados pelos insetos?” 82% dos resultados revelam que os alunos desconhecem algum benefício. Somente 17% das respostas demonstraram percepções desse benefício como, por exemplo: “produção de mel e a limpeza do meio ambiente” (aluno A); “preserva a natureza gerando novas árvores” (aluno B). Já, os resultados obtidos no pós-teste revelam que os alunos estavam mais apropriados dos conhecimentos, gerando respostas novas e diferentes das fornecidas no pré-teste, como por exemplo: “As abelhas são importantes, pois produzem o mel para alimentação e produção de medicamentos. Esse animal ajuda na polinização” (Aluno C); “Eles nos ajudam a ter vários conhecimentos sobre diferentes áreas de mata” (Aluno D); “O ferrão da abelha produz medicamentos para as articulações” (Aluno E). Ao solicitar, “cite 3 malefícios causados pelos insetos?” foi analisado que 100% dos alunos responderam a esta pergunta fazendo menção a doenças, contaminação dos alimentos, destruição de plantações ou caracterizando estes a aspectos de nojo e sujo. Segundo Costa Neto e Pacheco (2004), tais atitudes praticadas pela população para com os animais estão relacionadas ao não conhecimento do ser vivo considerando-se somente a aparência e ao fato de trazer algum malefício. Esses resultados estão em consonância com os dados obtidos em Costa Neto (1999, 2000), quando alega que o alto percentual de citações negativas está relacionado com as sensações lançadas pelos alunos ao se depararem com esses animais. Isso se deve ao fato de boa parte desses artrópodes serem transmissores de doenças e pragas agrícolas (COSTA NETO & PACHECO, 2005). Esses resultados estão interligados com as informações fornecidas em outra questão “Cite 3 insetos que afeta a saúde humana negativamente mencionando exemplos desses 6849 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 malefícios?” somente 35% dos discentes responderam parcialmente correto a esta questão no pré-teste – como por exemplo: “mosquito causa a dengue” (Aluno F); “a abelha causa alergia e dores musculares” (Aluno G); “o barbeiro causa a doença de chagas” (Aluno H). Entretanto, alguns alunos responderam erroneamente ao inferir que escorpião, rato, cobra e aranha são insetos. Ao retomar esta pergunta no pós-teste 61% dos estudantes responderam parcialmente correto, como mostra as transcrições a seguir: “O barbeiro é o agente causador da doença de chagas” (Aluno I); “O piolho causa doenças no couro cabeludo” (Aluno J) e “As moscas e baratas são agentes patogênicos de doenças transmitidas por bactérias e verminoses” (Aluno L). Embora a resposta denote certa confusão na compreensão da definição do que seja causador e transmissor, podemos considerar certo conhecimento na relação causador, transmissor e doença, demonstrando fragilidades na expressão escrita. Somente 7% dos alunos mencionou leptospirose como sendo uma doença causada por insetos. Contudo, essa doença é causada por ratos que se encontram na classe dos mamíferos. Os resultados alcançados na execução desta sequência de ensino mostram uma gradativa aprendizagem dos conceitos por parte dos alunos, sendo facilmente visualizada nas falas e desenhos produzidos por eles. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos resultados obtidos neste trabalho é notório perceber que as concepções expostas pelos estudantes em relação à classe Insecta em sua grande maioria esta relacionada, crucialmente, aos elementos cotidianos e aos fatores emocionais que os categorizam como sendo animais nojentos, sujos e peçonhentos. Esta visão negativista que permeiam os insetos, pode levar o homem a praticar atitudes agressivas, tal como o desejo de abolir esses insetos sem conhecer a importância evolutiva e ecológica que eles possuem. Uma aprendizagem mais eficiente e modificadora de erros conceituais torna-se significantemente importante no estudo das concepções alternativas do alunado, as quais são imprescindíveis para uma melhor compreensão da biologia e conservação da biodiversidade dos insetos. A superação desses erros conceituais e atitudinais dos alunos são supridas através de ações de aprendizagem construída pelo professor. É necessário que o mesmo organize uma sequência de atividade norteadora do conhecimento cientifico que visa atingir competências nos estudantes que os auxiliam a estabelecer na sua estrutura cognitiva o conceito compreendido. A inserção de atividades significativas proporciona ao alunado conhecer e armazenar conhecimentos, que o possibilita a identificar a classe de um animal através de suas 6850 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 características retiradas do conteúdo científico e não pela elaboração de ideias corriqueira. A sequência de ensino contribuiu significativamente na superação das concepções alternativas e sentimentos negativos que os alunos possuíam sobre os insetos. Paulatinamente, em cada etapa desenvolvida foram identificadas mudanças e uma bastante significativa está presente na coleta e confecção da caixa entomológica. Os alunos demonstraram mais entusiasmo, satisfação, empenho e curiosidade ao retirar as dúvidas. Foi perceptível que o medo, nojo e repugnância foram abortados quando estes coletaram, manipularam e desenharam os insetos. Logo, percebe-se que atividades diversificadas contribuem para o ensino aprendizagem. REFERÊNCIA ALVES, G.; CAMPOS, L. L. “A borboleta é bonita e colorida”: o que alunos de séries iniciais do Ensino Fundamental conhecem sobre insetos. Atas do V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2006. AMORIM, D. S. Fundamentos de sitemática filogenética. 1ª edição. Ribeirão Preto/SP. Editora Holos, 2002. ARAÚJO DE ALMEIDA, E. Suportes didáticos e científicos na construção de conhecimentos sobre biodiversidade: ênfase aos conteúdos de zoologia. Experiências em Ensino de ciências (UFRGS), v.5, p. 135-145, 2007. CARRASCOSA, J. El problema de las concepciones alternativas en la actualidad (Parte I). 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