meio ambiente, saúde e cultura indígena: a colisão entre direitos
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meio ambiente, saúde e cultura indígena: a colisão entre direitos
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM EMPRESAS: O CASO DE UM POSTO DE COMBUSTÍVEL NA CIDADE DE SANTA MARIA-RS MORAES, Liliane Milani de1; GONZATTI, Simone Angela2; SILVA, Vanessa Machado da3; CONCEIÇÃO, Priscila Lopes da4; KIST, Anna Christine Ferreira5 Resumo O presente trabalho objetivou verificar se o plano de gerenciamento de resíduos sólidos é empregado em um posto de combustível na cidade de Santa Maria-RS. Para tanto, foi necessário a coleta de dados a partir da aplicação de entrevista, observação e pesquisa bibliográfica. Constatou-se os serviços prestados pela empresa, quais os resíduos que a mesma produz, como também, para onde os resíduos são descartados ou encaminhados. Por fim, pode-se verificar que a empresa atende as determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, assim como, constatou-se que o gerenciamento dos resíduos da empresa apresenta resultados satisfatórios e eficazes. Palavras-Chave: Resíduos sólidos. Aterro controlado. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Abstract This study aimed to verifies if the Plan for Solid Waste Management is apllied in a gas station in the city of Santa Maria – RS. It was necessary perform interviews, observe the routine of the company and make bibliographic researches to collect the necessary data, like the services provided, waste produced and discard method. Finally, it can be verified that the company accomplishes the guideline of the National Solid Waste Policy, as it was the company waste management presents satisfactory and effective results. Keywords: Solid waste. Landfill dumps. Plan for solid waste management. 1 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade (UFSM) – Campus Silveira Martins. E-mail: [email protected]. 2 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade (UFSM) – Campus Silveira Martins. E-mail: [email protected]. 3 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade (UFSM) – Campus Silveira Martins. E-mail: [email protected]. 4 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade (UFSM) – Campus Silveira Martins. E-mail: [email protected]. 5 Professora Mestre – UFSM – Orientadora. E-mail: [email protected]. Federal de Santa Maria Federal de Santa Maria Federal de Santa Maria Federal de Santa Maria Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1 Introdução A sociedade enfrenta diversos problemas ambientais causados pelo consumo desenfreado, que desencadeia um grande volume de resíduos, poluição atmosférica, dos solos e dos mananciais, entre outros. Uma das alternativas para reduzir essas problemáticas é a adoção de sistemas de gestão integrada e gerenciamento de resíduos sólidos nas empresas, pois, estas podem ser responsáveis em grande escala pela destinação inadequada de resíduos, afetando a região em que está instalada e gerando conseqüências globais. A gestão de resíduos deve ser difundida para diversos setores, independente do tipo de resíduo gerado pelos mesmos, e a empresa ou fábrica estão sujeitas a observância da lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, assim como resoluções estaduais e/ou municipais e seus respectivos órgãos. Visando essa necessidade, alguns postos revendedores de combustíveis vêem implantando essa prática em suas instalações, pois apesar de possuir em grande escala resíduos líquidos (efluentes), estes também são grandes geradores de resíduos sólidos e todos estes devem ser tratados e destinados de forma correta. As atividades exercidas pelos postos de combustíveis são regularizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) e, para quem desejar desenvolver esta atividade, deve sujeitar-se às normas que a mesma estabelece. Já o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, tem competência de legislar sobre esta atividade e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM, licencia e fiscaliza o cumprimento das normas estabelecidas. Por fim, cabe à prefeitura identificar se o local é adequado, permitindo o desenvolvimento da atividade em questão (LORENZETT, 2010). Os resíduos provenientes de postos de combustíveis podem levar a contaminação do solo e lençóis freáticos, através de vazamentos de combustíveis, da troca de óleo, como também comprometer a segurança e saúde dos funcionários do estabelecimento comercial (LIMA, 2010). Os impactos ambientais causados pelo desenvolvimento das atividades dos postos de combustíveis podem ser controlados ou até mesmo evitados, desde que, seja adotado um sistema de gestão ambiental adequado (LORENZETT, 2010). Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1 O presente estudo tem como objetivo geral verificar se o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos é empregado em um posto de combustível na cidade de Santa Maria-RS. Os objetivos específicos são: Identificar quais os resíduos gerados pela empresa e onde os mesmos são descartados ou encaminhados; Verificar se a empresa atende as determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos; Analisar se o gerenciamento de resíduos na empresa apresenta resultados satisfatórios e eficazes. Metodologia A abordagem deste estudo se deu através da pesquisa qualitativa, onde as técnicas de coleta de dados se deram a partir de aplicação de entrevista, observação e pesquisa bibliográfica. Sendo este trabalho de caráter descritivo caracterizado como estudo de caso. A entrevista foi realizada tendo como base um questionário de forma semiestruturada. A observação se deu a partir da modalidade de observação não participante, em que o observador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrarse a ela, permanecendo de fora. A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir de acesso a teses, dissertações e artigos científicos. O estudo ocorreu no mês de novembro de 2013. Resultados e discussão Os serviços prestados pela empresa são: abastecimento de veículos, troca de filtros e de óleo e, lavagem de veículos, em especial de caminhões. Possui um número de vinte e oito funcionários, sendo que um destes é o responsável pela destinação dos resíduos gerados, o qual possui cargo de Gestor Ambiental. Os resíduos gerados pela empresa são estopas, óleos, embalagens de lubrificantes, filtros, lodo (oriundo de lavagens veiculares), cascos de extintores, embalagens de aditivos para gasolina, embalagem de Arla 32, caixas de papelão, mistura de óleo diesel com gasolina (proveniente de abastecimento errado) e areias com serragem contaminadas por derramamentos de combustíveis, sendo este, de origem interna. As estopas são encaminhadas ao aterro controlado. Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1 A média mensal de óleo residual proveniente de troca de óleo dos veículos é de dez tonéis/mês (tonel com capacidade de duzentos litros). Este material é encaminhado à refinaria da Ipiranga, para isso a empresa paga o valor de R$ 1,00/litro. As embalagens de lubrificantes são encaminhadas a empresa que os revende, este procedimento é denominado de logística reversa. Em média são gerados dez tonéis por mês deste resíduo. Os filtros são encaminhados para uma empresa especializada, localizada na cidade de Passo Fundo – RS, onde é pago R$ 110,00/tonel, sendo que o posto de combustível gera cerca de três tonéis/mês deste resíduo (tonel com capacidade de duzentos litros). Em relação à lavagem dos veículos, nesta seção, são gerados resíduos diferentes entre si, que são lodo, óleo e graxa. No local em que é realizada a lavagem existe um sistema de drenagem oleosa, denominado como sistema de água e óleo – SAO, onde os efluentes (água, óleo e graxa) oriundos da lavagem são encaminhados para uma caixa coletora de resíduos, em obediência a NBR 14.605, conforme demonstra a Figura 1. Figura 1. Local de estocagem da mistura Fonte: Arquivo pessoal. Neste sistema, por decantação, o óleo e a graxa se depositam em um compartimento e a água é descartada junto à rede de drenagem. O lodo é encaminhado ao aterro controlado, sendo que são produzidos três contêineres de lodo no período de inverno e cerca de um Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1 contêiner e meio no verão. Esta redução se dá devido à diminuição das precipitações nesta época do ano. O óleo e a graxa que se depositam por decantação são recolhidos semanalmente por um caminhão e estes são reciclados nas fornecedoras, ou seja, neste caso é aplicada a logística reversa. Os cascos de extintores são encaminhados para as empresas que vendem o produto, através da já mencionada logística reversa, bem como as embalagens de aditivo de gasolina. Para as embalagens de Arla 32 não há obrigatoriedade de recolhimento, bem como não é exigido local específico para armazenagem. Também não é possível a sua reciclagem, sendo então estocadas na própria empresa. A Arla 32 é um reagente usado para reduzir quimicamente as emissões de óxidos de nitrogênio presentes nos gases de escape dos veículos a diesel. O ARLA 32 é uma solução a 32,5% de uréia de alta pureza em água desmineralizada. As caixas de papelão são reutilizadas em outras atividades do posto e somente são destinadas ao aterro controlado quando não podem ser reutilizadas. Quanto à mistura de óleo diesel e gasolina, esta é oriunda de um abastecimento veicular errado. Quando há ocorrências deste gênero, o material é retirado do automóvel, porém, isso se tornou um problema para a empresa, já que o procedimento de separação dos materiais é caro e inviável. Este se encontra estocado no local (Figura 2). Figura 2. Local de estocagem da mistura de óleo diesel e gasolina Fonte: Arquivo pessoal. Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1 Todos os recipientes utilizados para a estocagem dos materiais são devidamente identificados. Existem ainda na área de abastecimento do posto, recipientes contendo areia e serragem (Figura 3). Figura 3. Recipientes com material para absorção de resíduos. Fonte: Arquivo pessoal. Estes materiais são usados caso ocorra derramamento de combustível, pois possuem a capacidade de absorver os resíduos. Posteriormente, são encaminhados para o aterro controlado. A área utilizada para armazenar temporariamente os resíduos é coberta e possui contenção. Segundo o Gestor Ambiental da empresa, a mesma está adequada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a outras normas e legislações ambientais pertinentes ao segmento, como certificado comprovando o cadastro em atividade potencialmente poluidora junto ao IBAMA, conforme lei nº 10.165/00. Além disso, todo funcionário contratado pela empresa recebe treinamento referente à disposição correta dos materiais gerados. Não existem metas em reduzir a quantidade de resíduos produzidos, pois a empresa é uma fornecedora de serviços, então quanto mais serviços são prestados maiores são os volumes de resíduos gerados. No entanto, o que há são medidas mitigadoras para os impactos ambientais gerados. Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1 Conclusões Verificou-se que a empresa em estudo apresenta um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Identificaram-se os seguintes resíduos produzidos pela empresa: estopas, óleos, embalagens de lubrificantes, filtros, lodo (oriundo de lavagens veiculares), cascos de extintores, embalagens de aditivos para gasolina, embalagem de Arla 32, caixas de papelão, mistura de óleo diesel com gasolina (proveniente de abastecimento errado) e areias com serragens contaminadas por derramamentos de combustíveis, sendo este, de origem interna. As estopas, caixas de papelão (reutilizadas) e areia com serragem são encaminhadas ao aterro controlado. Os óleos residuais são encaminhados à refinaria Ipiranga (a empresa faz pagamento para a refinaria recolher o material). Óleos e graxas (de veículos que sofreram manutenção), embalagens de lubrificantes e de aditivos de combustíveis, bem como cascos de extintores são reenviados às empresas das quais foram adquiridos (Logística Reversa). Embalagens de filtros são encaminhadas a uma empresa especializada, localizada na cidade de Passo Fundo. Embalagens de Arla 32, bem como mistura de combustíveis (gasolina e óleo diesel) encontram-se estocados no local. Verificou-se que a empresa atende a Política Nacional de Resíduos Sólidos e outras obrigações legais. Pôde-se analisar que o plano de gerenciamento de resíduos sólidos empregado apresenta resultados satisfatórios e eficazes. Conclui-se que, o plano de gerenciamento de resíduos é uma ferramenta que se bem aplicada alcança resultados satisfatórios, influenciando diretamente no ambiente local e indiretamente no global, diminuindo níveis consideráveis de poluição visual, terrestre, aquática e atmosférica, contribuindo positivamente para a problemática socioambiental relacionada a questão dos resíduos urbanos. Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1 Referências bibliográficas ABNT - Norma Brasileira Registrada – NBR 14.605 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. ANP, Agência Nacional de Petróleo. Disponível em: <http://www.anp.gov.br>. Acesso em: 25 de Nov de 2013. BRASIL, Lei n. 12305, de 02 de agosto de 2010. Política Nacional de resíduos sólidos. Disponível em: < htpp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007 2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 25 de Nov de 2013. BRASIL, Lei n. 10165, de 27 de novembro de 2000. Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10165.htm>. Acesso em: 16 de junho de 2014. CONAMA. Resoluções: resolução n° 273 de 29 de novembro de 2000. [s.l.]: CONAMA, 2000. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res00/res27300.html>. Acesso em: 25 de Nov. 2013. LIMA, A. S.; CABRAL, A. E. B.; Diagnóstico para implantação de plano de gerenciamento de resíduos sólidos em um posto de combustível na cidade de Fortaleza – CE. 3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos, 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos, 2010. LORENZETT, D. B.; ROSSATO, M. V. A gestão de resíduos em postos de abastecimento de combustíveis. Revista Gestão Industrial, v. 6, n. 2. Ponta Grossa, PR, 2010. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/trabalhosPDF/721.pdf>. Acesso em: 30 de Nov. 2013. Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 2 n°1