momento oportuno para a aquisição da língua
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momento oportuno para a aquisição da língua
ENSINO DE INGLÊS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: MOMENTO OPORTUNO PARA A AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA 1 RESUMO O objetivo desta pesquisa foi demonstrar a importância de se oferecer o ensino da língua inglesa nas séries iniciais. Formulou-se a hipótese de que essa aprendizagem, durante a infância, ocorre de maneira fácil e rápida, pois se dá de forma descontraída. Com vistas a evidenciar a importância de se ensinar este idioma nas séries iniciais, analisou-se teorias, métodos de ensino/aprendizagem e relatos de pesquisas sobre a idade ideal de se adquirir uma língua. Esta é uma pesquisa qualitativa, cuja fundamentação teórica baseou-se em revisão bibliográfica realizada em livros e artigos da internet. Os resultados sugerem que este é um tema complexo, havendo divergências nos ponto de vista dos autores estudados, e que tanto o adulto quanto o jovem aprendem uma língua estrangeira; o que difere é o fato de que o adulto e o jovem quase sempre têm sotaque ao falar uma língua estrangeira, enquanto a criança que inicia o aprendizado de uma segunda língua na infância pode atingir a pronúncia de um nativo dessa segunda língua. Palavras-chave: Aprendizagem; Língua inglesa; Infância. ABSTRACT The purpose of this article was to demonstrate the importance of offering the teaching of English during the first grades. It was hypothesized that this learning is easier during childhood, because it happens spontaneously. Theories, methods of teaching/learning and results of researches on the ideal age to acquire a language were analyzed intending to evidence the importance of teaching this idiom during the first grades. This is a qualitative research, in which a bibliographic review in books, papers and was used. The results of this research suggest that this is a complex subject which leads to divergences among the authors’ point of view and, that both adult and young people learn a foreign language, the difference between them and the child is the fact that adult and young people most of the time have accent in a foreign language while, a child who starts learning a second language during her/his childhood may achieve a similar pronunciation as a native speaker. Key words: Learning: English language; Childhood. 1 Bolsista – PIBIC/UEMS: Nilva Martins Lopes. [email protected] Orientadora: Profa. MSc. Otília Aparecida Tupan Schoenherr. [email protected] Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul -Cidade Universitária de Dourados – Rodovia Dourados/Itaum Km 2 1. INTRODUÇÃO A sociedade brasileira reconhece o valor de se aprender uma língua estrangeira na escola pública ao garantir a presença da disciplina no currículo escolar. Almeida Filho (2002, p. 35) afirma que, nas décadas de 1960/70 houve grande movimentação em busca de método, técnica e recurso para ensinar idiomas. Já nos anos 1990, aumentou o interesse em descrever e interpretar como ensinar e aprender em salas de aula. Além do método, há várias correntes de pensamento sobre a idade ideal para o aprendizado de uma segunda língua. Aqueles que defendem a infância como momento ideal, acreditam que a medida em que o tempo passa, mais responsabilidades o aprendiz acumula, como a necessidade de reservar mais tempo para o estudo de outras disciplinas exigidas no currículo escolar, fato que ocorre a partir do sexto ano, quando o número de disciplinas aumenta. Para estes lingüistas, uma criança que começa a aprender uma língua estrangeira nas séries iniciais, quando estiver no sexto ano já deverá ter um bom conhecimento sobre essa língua, em oposição aos alunos que têm o primeiro contato com a língua estrangeira aos 11 anos e vêem essa língua como algo que não faz parte da vida deles e de que nunca precisarão. Parece, portanto, que essa aprendizagem durante a infância tende a ocorrer de maneira mais fácil, pois se dá de forma descontraída. A criança ainda não está condicionada a aprender através da forma ou normas gramaticais, não tem medo de arriscar e tem uma curiosidade nata, facilitando a aquisição. Isto não acontece com a mesma intensidade na puberdade, pois o adolescente tem medo/vergonha de se expor e errar. Parece, portanto, ser na infância, o momento ideal de se ofertar este ensino. Somando-se a esses fatores, a neurociência tem documentado várias pesquisas na área da linguagem que versam sobre a idade da aquisição da língua estrangeira (PENFIELD & ROBERTS, 1959, apud ELLIS, 1999, p. 107). Além da oferta deste ensino nas séries iniciais, é de fundamental importância que ele seja viabilizado com critérios seletivos, adotados pelo professor, fato que conduzirá a uma metodologia que contemple o propósito de quem aprende. Com vistas à implementação de ensino eficaz, é necessário conhecer teorias de aquisição de língua estrangeira, pois, adicionando a teoria, a prática, a criatividade e o conhecimento, o professor mais facilmente atingirá seu objetivo. 1.1. Objetivos 3 1.1.2 Objetivo geral Demonstrar a importância de se oferecer o ensino da língua inglesa nas séries iniciais do Ensino Fundamental. 1.1.3 Objetivos específicos 1- Analisar estudos sobre aprendizagem da língua estrangeira entre crianças. 2- Avaliar o papel da idade na aquisição da língua estrangeira. 1.2. Metodologia Os procedimentos metodológicos utilizados na realização desta pesquisa são descritos a seguir. A fundamentação teórica deste trabalho baseou-se em revisão de literatura realizada em livros, dissertações, artigos de jornais, artigos de periódicos. Neste processo, procurou-se levantar os resultados de estudos e as teorias de autoridades da área de ensino de língua estrangeira. Este estudo fundamenta-se em hipóteses de renomados autores em relação ao período/idade ideal para a aquisição de uma segunda língua e aborda alguns métodos considerados adequados para a aprendizagem/aquisição. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Fator idade na aquisição da língua estrangeira Há hipóteses sobre a idade ideal para o aprendizado de uma língua estrangeira e o enfoque deste capítulo é pesquisar qual o melhor momento para que essa aprendizagem seja viabilizada, apresentando idéias de estudiosos renomados sobre este assunto. Chomsky (1959, apud BEZERRA, 2009) afirma que as crianças possuem um mecanismo de aquisição de linguagem, e dessa forma são naturalmente programadas para descobrir as regras da língua, de forma que não passa pelo processo estímulo-respostareforço. 4 Enquanto Mac Namara (1972, apud KRASHEN 1982, p. 23) sugere que a criança não adquire primeiro a gramática para depois usá-la na compreensão; ela compreende primeiro e isto a ajuda na aquisição da linguagem. Fazendo link com a neurolingüística , Gréve e Passel (1975, p. 124-125) abordam a melhor idade para a aquisição de línguas estrangeiras e citam o neurólogo Wilder Penfield, o qual é totalmente favorável ao ensino de línguas estrangeiras na infância, fase, segundo ele, na qual a criança é perita em adquirir a fala; ela é capaz de aprender até três línguas tão facilmente quanto uma só, fato que se deve à plasticidade do cérebro. Alega ainda que, após esse período, o cérebro se torna progressivamente mais rígido, dificultando a aquisição de línguas. Penfield, comentando sobre este tema, nos diz: O momento para começar o que poderíamos chamar de um ensino geral das segundas línguas, de acordo com os imperativos da fisiologia cerebral, se situa entre 4 a 10 anos. A criança entra então na escola, e pode ainda aprender diretamente novas línguas sem interpor unidades lingüísticas da língua materna. (PENFIELD, apud GRÉVE E PASSEL, 1975, p. 125). Lenneberg (1967, apud KRASHEN, 1983, p. 72) propõe um período biologicamente adequado para a aprendizagem de línguas, denominado de “período crítico”, que iria do nascimento até a puberdade; depois dessa fase, o cérebro perderia a capacidade de transferir as funções de linguagem do hemisfério esquerdo para o hemisfério direito, ou seja, com a maturação, o armazenamento de novas informações lingüísticas se tornaria mais complicado. Ellis, (1999, p. 107) ao falar sobre a hipótese do período crítico, igualmente cita Penfield e Roberts, os quais, por sua vez, sugerem a existência de um período ideal para a aquisição da linguagem. Eles também argumentam que o cérebro, neste período, retém a plasticidade, mas, com a chegada da puberdade, esta característica começa a desaparecer. Sugerem que a lateralização das funções da língua no hemisfério esquerdo do cérebro ocorre na puberdade. Isto é, de acordo com eles, inicialmente, a capacidade neurológica de entender e produzir a língua envolve os dois hemisférios do cérebro, mas, lentamente, com o advento da puberdade, esta capacidade é concentrada, para a maioria das pessoas, em um único hemisfério, o esquerdo. Esta mudança biológica explica a crescente dificuldade enfrentada pelos adultos quando da aprendizagem da língua estrangeira. 5 (…) the optimum age for language acquisition falls within the first ten years of life. During this period the brain retains plasticity, but with the onset of puberty this plasticity begins to disappear. They suggested that this was the result of the lateralization of the language function in the left hemisphere of the brain. That is, the neurological capacity of understanding and producing language, which initially involves both hemisphere of the brain, is slowly concentrated in the left hemisphere for most people. The increased difficulty which older learners supposedly experience was seen as a direct result of this neurological change. (PENFIELD & ROBERTS, 1959, apud ELLIS, 1999, p. 107). Corroborando com esse pensamento, pode-se citar Cazacu (1979, p. 87), ao afirmar que certos autores concordam que as línguas estrangeiras devem ser ensinadas desde as primeiras séries escolares para que seja aproveitado o “período fértil de aquisição”. A autora acrescenta que “O ritmo acelerado pelo qual a criança aprende o léxico de uma língua (...) pode constituir um argumento para o mencionado aproveitamento do período de grande plasticidade no que concerne à assimilação de um código verbal.” Ela também ressalta que há “premissas psicológicas e fisiológicas na criança” que ajudam na aquisição de efeitos positivos através do ensino precoce, contribuindo para o bilingüismo nas crianças. França (2008, p. 4) cita crianças que vivem em ambientes multilíngües e que adquiriram proficiência nativa em mais de uma língua, exemplificando a família Castro Neves, do Rio de Janeiro. Ana Castro Neves: “Nosso filho João nasceu aqui no Brasil e aprendeu português como primeira língua. Quando ele tinha 4 anos, o Paulo, meu marido, ganhou uma bolsa para fazer o doutorado na França e a gente se mudou para Paris. João não falava uma palavra de francês, mas nós botamos ele na escola e depois de uns seis, sete meses ele começou a falar francês perfeito. Português com a gente em casa e francês na escola e na rua. Daí a Luisa, a nossa mais nova, nasceu lá na França. Até os dois anos ela praticamente só ficava comigo, então aprendeu português. Quando ela foi para escola ela aprendeu francês e não queria mais falar português. A gente falava português com ela e ela só respondia em francês. Com o irmão falava francês direto. Quando a gente voltou para o Brasil, ela tinha 5 anos e era monolíngüe. Só francês. O João continuava bilíngüe. Pensamos primeiro em botar a Luisa em escola Francesa no Rio, com medo de ela não se adaptar. Mas por causa do preço, acabamos botando em colégio brasileiro mesmo. Mas para nossa surpresa em três meses ela começou a falar português perfeito. Eu e o Paulo falamos francês bastante bem mas sempre com muita interferência do português apesar do nosso esforço de minorar esta interferência durante os seis anos que passamos na França.” (FRANÇA, 2008, p. 4). 6 Segundo Halliday (1974, p. 211-212), há crianças que aprendem duas ou mais línguas simultaneamente, se forem expostas a ela. Também para ele a língua materna é aprendida, sem haver uma instrução metódica, sendo completamente possível obter uma ou mais línguas secundárias da mesma forma. E acrescenta que, quanto mais cedo o aprendizado começar, melhor. Ainda para ele, o fato de grande parte das línguas estrangeiras serem ensinadas na escola secundária, não significa que esta seja a única maneira pela qual possam ou devam ser adquiridas. E nem da maneira que ocorre, por intermédio de instrução de natureza formal. Ele observa que: Uma vez admitido que a capacidade prática de uma língua pode ser separada, enquanto finalidade do ensino, de qualquer propósito cultural ou literário mais amplo, e que quanto mais jovem a criança mais facilmente adquire o domínio de idiomas estrangeiros, a inferência seguinte é evidente: a capacidade lingüística não somente é um objetivo possível na escola primária, mas realmente é mais apropriada aí do que na escola secundária. É possível ir além disso. Observa-se comumente que o sucesso na aprendizagem de idiomas estrangeiros entre as crianças de escola primária, dentro de amplos limites, não se relaciona com a “inteligência” do indivíduo. Parece haver uma capacidade inteiramente separada de comportamento lingüístico, que não se correlaciona estreitamente com o QI. (HALLIDAY, 1974, p. 297). Para Halliday (1974, p. 299), a criança que deixa a escola primária não saberia nada de gramática da língua estrangeira, mas saberia usar a língua em conversas diárias comuns entre as crianças de sua idade, e chegando na escola secundária já seriam capazes de atuar limitadamente em uma língua estrangeira, ficando como tarefa da escola secundária conservar esta capacidade prática e impedir que ela se evapore pela falta de exercício e de reforço. Outro dado importante, é que neste período o aparelho fonador da criança está em formação e se ela aprender os fonemas da língua estrangeira até os dez anos reconhecerá os sons deste idioma como se fossem de sua língua materna. Isto é, a maturidade do aparelho fonador se dá simultaneamente à aquisição da Língua estrangeira. Godoy, Gontow e Marcelino (2006, p. 18) afirmam que o adulto quase sempre tem sotaque ao falar uma língua estrangeira, ao passo que a criança, quando exposta à segunda língua, desde os anos iniciais, quase sempre tem a pronúncia como um native speaker. “It is a fact that adults learning a second language almost always have a ‘foreign accent’, while 7 children who have been exposed to a second language from an early age almost always attain native-like pronunciation....” Ellis (1999, p. 105) observa que estudos sobre a aquisição da segunda língua sugerem que a idade não altera a trajetória da aquisição, isto é, a idade em que a criança inicia contato com a segunda língua não altera a ordem em que ela adquire determinados morfemas. Da mesma forma, cita Dulay e Burt, que também desenvolveram pesquisa para investigar a ordem de aquisição com crianças, adotando o mesmo conjunto de morfemas gramaticais, e a ordem foi similar. Cazden et al.(1975, apud ELLIS, 1999, p. 105) observaram que crianças, adolescentes e aprendizes adultos chegaram ao mesmo estágio de aprendizagem. Desse modo, aprendizes parecem processar dados lingüísticos da mesma forma, independentemente da idade. Com relação à velocidade e sucesso na aquisição da segunda língua, Ellis (1999, p. 105) diz que estes fatores parecem ser fortemente influenciados pela idade do aprendiz, e que um estudo em que aprendizes crianças e adultos foram expostos à segunda língua pelo mesmo período, os mais velhos alcançaram melhor nível de proficiência. Já Snow e Hoefnagel-Höhle (1978, apud ELLIS, 1999, p. 105) mostraram que os adolescentes entre 12 e 15 anos aprendem mais rapidamente do que as crianças de 6 a 10 anos e mais do que os jovens acima de 15 anos. A crença de que as crianças são superiores não foi sustentada. Hatch (1983a, apud ELLIS, 1999, p.106) fala que, embora o número de anos de exposição à segunda língua conduza a maior sucesso, este será restrito à habilidade de comunicação em geral e não à precisão gramatical ou fonológica. Para ajudar na compreensão de todos os estudos citados, Ellis (1999, p. 106) sintetiza: a) a idade em que a criança inicia contato com a segunda língua não altera a ordem em que ela adquire determinados morfemas; b) a idade em que a criança começa aprender a segunda língua afeta a velocidade de aprendizagem – no que se refere à gramática e ao vocabulário, os aprendizes adolescentes são melhores que as crianças e os adultos, quando o tempo de exposição é mantido constante; c) ambos, número de anos de exposição e idade em que se começa o contato com a língua afetam o nível de sucesso – o número de anos de exposição contribui grandemente para a fluência comunicativa dos aprendizes em geral; e a idade em que se inicia o contato com a língua determina o nível de precisão conseguida, particularmente na pronúncia. Ellis (op. cit. p.106) hipotetisa que, embora crianças mais novas aprendam na mesma velocidade ou mais devagar que os aprendizes mais velhos, é mais provável que elas atinjam um nível mais próximo de pronúncia do falante nativo: “Where success of SLA is concerned, 8 the general finding is, not surprisingly, that the longer the exposure to the L2, the more native-like L2 proficiency becomes. (…) In other words, as far as success in pronunciation is concerned, younger learners do better.”2 Ellis conclui afirmando que: “Both number of years of exposure and starting age affect the level of success. The number of years’ exposure contributes greatly to the overall communicative fluency of the learners, but starting age determines the level of accuracy achieved, particularly in pronunciation” (1999, p. 105-106). Em Krashen (1982, p. 10), encontram-se alguns teóricos do ensino de segunda língua que têm como pressupostos que as crianças adquirem, ao passo que os adultos só podem aprender, e ainda que os adultos não serão sempre capazes de conseguir níveis de falantes nativos da língua-alvo. Krashen, Long e Scarcella (1979, apud KRASHEN, 1982, p. 43) revisaram a pesquisa empírica disponível sobre efeito da idade e aquisição de segunda língua e concluíram que todos os estudos publicados eram consistentes com as três generalizações: adultos avançam os primeiros estágios do desenvolvimento da segunda língua mais depressa do que crianças (em que o tempo e exposição são variáveis constantes); crianças mais velhas adquirem mais depressa do que as crianças mais novas, dado que tempo e exposição são variáveis constantes; aquisitores que iniciam exposição natural a segundas línguas durante a infância geralmente atingem níveis mais altos de proficiência nas segundas línguas do que os que iniciam esse processo já adultos. Conclui-se que as crianças são superiores aos adultos somente na longa jornada. Dulay e Burt (1974 e 1975, apud KRASHEN, 1982, p. 12) afirmam que crianças, ao adquirem o inglês como segunda língua, também apresentam uma “ordem natural” para morfemas gramaticais sem se importar com os da primeira língua. A ordem de aquisição da segunda língua na criança é diferente da ordem da primeira língua, mas há notáveis semelhanças. E Doman, fortalecendo a hipótese desta pesquisa, (apud BRITO, SILVA & MATOS, 2008, p. 3) esclarece que os pré-escolares têm vantagens sobre os adultos ao aprender um 2 Ellis concorda, portanto, que, em relação ao sucesso na aquisição de uma segunda língua, quanto mais tempo em contato com essa língua mais proficiente ficará e mais parecido como um nativo da língua o aprendiz se tornará. Em outras palavras, no que se refere à pronúncia, quanto mais jovem, melhores serão os resultados. E conclui dizendo que o número de anos de exposição e a idade em que se começa a estudar a segunda língua afetam o nível de sucesso. O número de anos de exposição contribui muito para a fluência na comunicação em geral e a idade em que se começa a aprender a segunda língua determina o nível de exatidão adquirido, particularmente na pronúncia. 9 segundo idioma, porque nesse período o cérebro infantil está aberto a todas as informações, as quais absorvem sem qualquer tipo de esforço consciente. Krashen, por sua vez, (1983, p. 32), ao dissertar sobre aprendizagem da língua estrangeira, observa que o insumo compreensível e o filtro afetivo são as variáveis causadoras da aquisição da língua estrangeira e não o fator idade, conforme afirmado por Lenneberg (1967, apud KRASHEN, 1983, p. 72). Ele destaca, portanto, a supremacia da abordagem, do método e das técnicas adotadas na sala de aula para este domínio. Lenneberg, ao contrário, afirma que a superioridade da criança, entre o nascimento e a puberdade, na aquisição da língua se deve à plasticidade do cérebro; e que, com a idade adulta, ocorre a perda desta plasticidade, fato responsável pela diferença entre a criança e o adulto na aquisição da língua. Assim, para Krashen, a aquisição se deve ao insumo compreensível a ao baixo filtro afetivo e, para Lenneberg, à plasticidade do cérebro presente na infância. Assim, é importante destacar que várias são as proposições de autores em relação ao melhor período de aquisição da língua e que estas pesquisas representam tentativas de se entender o processo enigmático do cérebro na aquisição da segunda língua. Há, no entanto, outros focos que nos direcionam para a eficácia da abordagem, do método adotado e das técnicas desenvolvidas. 2.2 O papel do método na aquisição da língua estrangeira A aprendizagem da língua estrangeira tem sido motivo de pesquisas variadas no decorrer dos últimos séculos. Lingüistas trabalharam para tentar encontrar uma forma mais eficaz desse processo acontecer. Paiva (2005, p.127-129) afirma que, de acordo com os registros da história do ensino de línguas, o primeiro método de ensino de língua estrangeira foi o da gramática e tradução, cujo início ocorreu na Prússia, no final do século 18; aborda também o método direto, que ocorreu no século 20, devido à necessidade do ensino das habilidades orais; acrescenta o método áudio-oral, ou áudio-lingual, surgido durante a segunda guerra mundial, em decorrência da necessidade de ensinar em pouco tempo línguas estrangeiras aos soldados americanos. Widdowson (1978, apud PAIVA, 2005, p. 134) diz que o ensino para a comunicação requer uma abordagem que integre as habilidades lingüísticas às comunicativas. Ellis (2003, apud PAIVA, 2005, p. 135) vê as tarefas como uma possibilidade de organização da aprendizagem, permitindo que os aprendizes desenvolvam a competência 10 comunicativa, fazendo uso da língua de forma fácil e efetiva, em situações similares às que eles encontrarão fora da sala de aula. Na tentativa de facilitar a compreensão deste processo, estudiosos fazem a distinção entre approach (abordagem), method (método) e technique (técnicas). Para Richards, Platt e Weber (1985, p.15-16), a abordagem envolve diferentes teorias, crenças sobre a natureza da linguagem e como a linguagem é aprendida; métodos, por sua vez, implicam diferentes formas de se ensinar a língua, e técnicas são as atividades diversas selecionadas pelo professor na sala de aula. Para Cazacu (1979, p. 99), todo método de ensino de línguas deve ter justificativa teórica, ser baseado “em argumentos lingüísticos, psicológicos ou psicolingüísticos, ou pedagógicos e pragmáticos”. Em Almeida Filho (2002, 36-37), percebe-se que ele é um adepto do método comunicativo e destaca que os métodos comunicativos têm foco no sentido, no significado e na integração entre os sujeitos na língua estrangeira, organizando as experiências de aprender em tarefa de real interesse e/ou necessidade do aluno. O autor menciona também que os métodos comunicativos podem incluir traços da oralidade e carga informativa ao mesmo tempo. Se o objetivo é criar condições favoráveis para a obtenção de um desempenho real numa nova língua, os procedimentos metodológicos precisam ser compreensíveis e comunicativos. Acrescenta que os materiais comunicativos incentivam o aluno a expressar o que ele deseja ou precisa, usando de técnicas interativas como trabalhos em pares ou em grupos. Cazacu (1979, p. 103-104) destaca que, através de experiências realizadas, chegou-se a conclusões precisas de que o agrupamento de palavras da mesma categoria (ex: primavera, verão, outono, inverno) ajuda o aluno a aprender mais facilmente, sendo justificado o uso de materiais de ensino que usem esse princípio. Outras experiências mostraram também que a percepção e a memorização de pares de palavras são facilitadas se as palavras já existirem no estoque do sujeito, em seqüências sintagmáticas. Essa autora fala sobre a importância do papel que as imagens visuais desempenham entre as crianças, no processo de aprendizagem. Para o professor poder fazer uso em sala de aula de materiais e procedimentos de fácil assimilação que possam ser compreendidos pelo aluno, Cazacu (1979, p. 113) afirma ser necessário que o professor saiba qual o conhecimento que o aluno já possui, a fim de que uma real aprendizagem aconteça. 11 Estabelecer de maneira objetiva e com toda a precisão possível o conhecimento lingüístico do “aluno” é constatação necessária não somente para a prática escolar, já que assim a valorizamos, mas, sobretudo, para permitir o estabelecimento dos progressos efetuados por pessoas diferentes, ou da eficiência de um método, etc. Uma vez que o ensino de línguas deve ser baseado sobre o principio psicolingüístico da adequacidade à situação do locutor, e, em conseqüência, sobre as distinções conforme os diferentes níveis etários, o método deverá ser, também, adaptado à idade do aluno, mesmo se os princípios básicos forem uniformes. (CAZACU, 1979, p. 115). Para Krashen (1982, p. 7), os melhores métodos são aqueles que fornecem “entrada compreensível”, com baixa situação de ansiedade, contendo mensagens que o aprendiz realmente quer ouvir. Esses métodos não forçam produções adiantadas na segunda língua, mas permitem que os aprendizes produzam quando eles estiverem “prontos”, reconhecendo que o progresso vem com o fornecimento de “insumo” comunicativo e compreensível e não à força e corrigindo. Ao analisar alguns métodos, Krashen (1982, p. 128-129) afirma que o método da gramática e tradução fornece pouco input compreensível, o foco é completamente na forma e não no significado. Evidencia que o método áudio-lingual fornece input compreensível, porém viola aspectos da hipótese do filtro afetivo, pois são esperadas produções imediatas e que estas sejam sem erros, provocando alta ansiedade, apesar de os diálogos feitos conterem material que podem ser usados para atrair mais input e controlar sua qualidade. Ele menciona que o foco do método código-cognitivo é na forma e não no significado, além de haver correções de erros e serem esperadas produções corretas, o que indica um alto nível do filtro afetivo; esse método pode fornecer grande quantidade de insumo compreensível, ou seja, aquisição, mas está longe de cumprir o potencial da sala de aula, pois a aprendizagem é muito enfatizada. Quanto ao método direto, o uso de correção e o foco gramatical podem causar alta ansiedade e conseqüentemente alto filtro afetivo; porém, com o constante uso da língua-alvo, esse método fornece uma grande quantidade de insumo compreensível. Com relação ao método da abordagem natural, as práticas em sala de aula são para fornecer insumos compreensíveis. Muitas fontes de ansiedade são reduzidas ou eliminadas, e os aprendizes não têm que produzir na língua estrangeira até que estejam prontos. O método da resposta física total, que consiste basicamente em obedecer a comandos dados pelo instrutor, pode ser eficaz por focar os aprendizes no insumo e mantê-los ativamente envolvidos, além de tornar as aulas interessantes. No que se refere ao método da suggestopedia, Krashen (1982, p. 128-129 ) 12 observa que vários procedimentos desse método são específicos para ajudar na compreensão do input; praticamente todas as características desse método objetivam o relaxamento do aprendiz, redução da ansiedade, remoção de bloqueio mental e construção da confiança. Com isso, constata-se que o propósito das salas de aula é produzir um ambiente prazeroso e afetuoso/cordial. O método adotado deve fornece inputs e bases para a comunicação na língua estrangeira e possibilitar baixo filtro afetivo, permitindo um sistema de aquisição subconsciente da linguagem. Ou seja, é necessário suprir os aprendizes com input compreensível para trazer sua competência na língua estrangeira. Como aponta Cazacu (1979, p. 88-89), os resultados positivos do ensino de língua estrangeira dependerão dos métodos utilizados e das medidas e precauções tomadas no curso do ensino. Para a aprendizagem de uma segunda língua, os processos de ensino têm que ser adaptados à idade da criança. Uma criança não pode ser obrigada a estudar regras abstratas e nem devem ser impostos conhecimentos lingüísticos muito avançados em relação aos que a criança possui, ou seja, o princípio educativo deve reforçar um desenvolvimento harmonioso, sem traumas afetivos, sem perturbações na formação do hábito, etc. Rivers (1964, p. 70-71), ao abordar a aprendizagem harmoniosa da mesma forma, assinala que o professor precisa estar atento às diferenças individuais da sala de aula, pois podem existir alunos que já detêm maior conhecimento da língua estrangeira e outros que sabem menos; além disso, no laboratório, os materiais precisam ser ajustados de acordo com o nível de aprendizagem de cada aluno, para que os que estão em um nível mais elevado não achem os exercícios muito fáceis e os que estão em um nível menos elevado não achem os exercícios muito difíceis. No que se refere ao ensino da língua estrangeira para a criança, Krashen (1982, p. 43) destaca a importância da abordagem, do método e das técnicas adotadas na sala de aula para este domínio, enfatizando que o insumo compreensível e o filtro afetivo são as variáveis causadoras da aquisição da língua estrangeira e não o fator idade, conforme afirmado por Lenneberg. Ainda com relação ao insumo compreensível, Almeida Filho (1993 apud CARDOSO, 2003, p. 24), observa que, para ele, os alunos precisam ter a oportunidade de interagir e verbalizar na nova língua, pois o insumo compreensível sozinho não é suficiente para que ocorra aquisição na segunda língua. Analisados esses autores, constata-se que professor precisa buscar o melhor método e usar técnicas que supram as necessidades de seus alunos, adaptando-os e modificando-os quando necessário. A atenção do aluno precisa ser despertada, as atividades serem criativas e 13 relacionadas com a realidade e idade dos aprendizes, oferecendo inputs compreensíveis, criando ambiente agradável para manter o filtro afetivo baixo. Deve-se focar mais na mensagem, na compreensão, em detrimento da exatidão gramatical tão praticada neste ambiente, independentemente da idade. 3. Discussão Neste capítulo, objetiva-se analisar as idéias de teóricos que dedicaram seus esforços para melhor entender o processo de aquisição da língua estrangeira com vistas a demonstrar a importância de se oferecer o ensino da língua inglesa nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Pode-se observar que há autores lingüistas, neurolingüistas, enfim, especialistas da área da aprendizagem e do ensino da língua estrangeira que destacam razões biológicas e psicológicas para que a aquisição da língua estrangeira ocorra mais facilmente nas séries iniciais, defendendo, portanto, que este ensino seja ofertado logo na infância; também encontram-se lingüistas que não concordam com esta afirmativa, alegando que este não é o único momento para que essa aquisição aconteça com sucesso. Estes são os defensores do método como responsável pela aquisição; eles alegam que a aquisição também ocorre com adultos. Entre os teóricos que concordam que, nas séries iniciais, ou seja, na infância, é o momento mais oportuno para que se ocorra aquisição, pode-se destacar Mac Namara (1972, apud KRASHEN 1982, p. 23). Para ele, a criança não adquire primeiro a gramática para depois usá-la na compreensão de algo, ela compreende primeiro, fato que facilita a aquisição. Cazacu (1979, p. 87) observa que a criança tem premissas psicológicas e fisiológicas que ajudam na aquisição, contribuindo, assim, para o bilingüismo na criança. Penfield (apud GRÉVE & PASSEL, 1975, p.124-125) aborda a lateralização das funções de linguagem. Para ele, até os 9 ou 12 anos a criança aprende facilmente até três línguas e depois dos 9 anos o cérebro se torna progressivamente mais rígido. Outro teórico favorável à aprendizagem na infância e que também fala da lateralização é Lenneberg (1967, apud KRASHEN, 1983, p. 72). Ele esclarece que o período crítico iria até a puberdade e depois dessa fase o cérebro perderia a capacidade de transferir funções de linguagem do hemisfério esquerdo para o 14 direito, dificultando, assim, o armazenamento de novas informações lingüísticas. Pode-se ainda citar Halliday (1974, p. 211-212), quando diz que crianças aprendem duas ou mais línguas ao mesmo tempo e sem instrução metódica, desde que sejam expostas a elas; acrescenta ainda que a capacidade lingüística é um objetivo possível e mais apropriado na escola primária e que, quanto mais cedo o aprendizado se iniciar, mais fácil será o domínio de idiomas estrangeiros. Doman (1990, apud BRITO, SILVA & MATOS, 2008, p. 1) também concorda com a superioridade da criança sobre o adulto para adquirir um segundo idioma ao dizer que o cérebro da criança absorve informações sem qualquer tipo de esforço consciente e está aberto a qualquer tipo de informação. No que se refere à proficiência, Krashen, Long e Scarcella (1979, apud KRASHEN, 1982, p. 43), ao revisarem pesquisas sobre o efeito da idade na aquisição da segunda língua, sugerem que as crianças são superiores aos adultos somente na longa jornada, e que, começando o aprendizado na infância, na maioria das vezes atingem níveis mais altos de proficiência do que os adultos. Ellis (1999, p. 105-106) e Godoy, Gontow, e Marcelino (2006, p. 18) concordam, afirmando que o adulto pode ter sotaque ao falar uma língua estrangeira e que a criança, caso seja exposta à segunda língua, desde os anos iniciais, quase sempre obterá uma pronúncia semelhante à de um falante nativo. Para Ellis (1999, p. 106), o número de anos de exposição à segunda língua contribui grandemente para a fluência comunicativa dos aprendizes em geral; e a idade em que se inicia o contato com a língua determina o nível de precisão conseguido, particularmente na pronúncia. Ele hipotetisa que, embora crianças mais novas aprendam na mesma velocidade ou mais devagar que os aprendizes mais velhos, é mais provável que elas atinjam um nível mais próximo de pronúncia do falante nativo. No entanto, de acordo com Krashen (1982, p. 10), são o insumo compreensível e o filtro afetivo os causadores da aquisição da língua estrangeira e não o fator idade. Para ele, o adulto pode aprender uma língua estrangeira da mesma forma que a criança, desde que haja condições ideais para isso. Logo, nesta visão, a forma de se apresentar a segunda língua é que determinará o sucesso, direcionando para especificidades do método adotado. Ele sentencia que o método deve fornecer entrada compreensível e não mexer com a ansiedade do aluno, além de conter mensagens que o estudante quer ouvir. Para ele, esses procedimentos não forçam produções antecipadas na 2ª língua, mas permitem que os estudantes produzam quando estiverem prontos, além de reconhecer que o progresso vem com o fornecimento de entrada comunicativa e compreensível e não à força e corrigindo. Para ele, o método deve ser 15 o menos gramaticalmente seqüenciado possível, e o aluno não deve ser o tempo todo corrigido quando cometer erros. Ainda discorrendo sobre métodos de ensino, destacam-se Widdowson e Almeida Filho, por serem favoráveis ao ensino comunicativo. Para Almeida Filho (2002, p. 36-37), no ensino comunicativo, as atividades são relacionadas com o real interesse do aluno, incluem oralidade e carga informativa ao mesmo tempo. Além disso, o autor destaca a necessidade dos procedimentos metodológicos serem compreensíveis e comunicativos. Cardoso (2003, p. 24) declara que há muitos adeptos do método comunicativo no Brasil, incluindo Almeida Filho. Ele, por sua vez (1993, apud CARDOSO, 2003, p. 24), declara que só o input compreensível não é suficiente na aquisição da segunda língua, pois os alunos precisam ter a oportunidade de interagir e verbalizar na nova língua. Widdowson (1978, apud PAIVA, 2005, p. 134) igualmente acredita ser necessário integrar as habilidades lingüísticas às comunicativas no ensino comunicativo. Cazacu (1979, p.113-115), por sua vez, defende que os métodos devem ser adequados à idade da criança, fazendo uso de materiais que chamem a atenção do aluno, expondo conhecimento lingüístico que o aluno esteja apto para adquirir, ou seja, o desenvolvimento da criança precisa ocorrer de forma harmoniosa. Rivers (1964, p. 70-71), por outro lado, diz que é necessário que o professor saiba observar os diferentes níveis de conhecimento da língua das crianças, para que não se exija muito das que sabem menos e que não fique maçante para aquelas que sabem mais. Há uma variedade de resultados de pesquisas que por vezes se encontram e que também se bifurcam, formando ramificações de raciocínio, na tentativa de melhor explicar e entender o processo de aquisição da segunda língua. Ao professor, caberá a grande responsabilidade de absorver e entender as diversas teorias e delas extrair o melhor. 4. Conclusão Ao iniciar este capítulo, destaca-se que esta pesquisa procurou demonstrar a importância de se oferecer o ensino da língua inglesa nas séries iniciais do Ensino Fundamental por entender-se que, com o advento da puberdade e da vida adulta, novas responsabilidades poderão interferir neste domínio. Hipotetisou-se que essa aprendizagem durante a infância ocorre de maneira mais fácil e rápida, pois se dá de forma descontraída. Enfatizou-se que a criança ainda não está condicionada a aprender através da forma ou normas gramaticais, não tem medo de arriscar e tem uma curiosidade nata, facilitando a aquisição. Observou-se que isto não acontece com a mesma intensidade na puberdade, pois o 16 adolescente tem medo/vergonha de se expor e errar. Mencionaram-se ainda pesquisas relacionadas com a neurociência que abordam a idade adequada para a aquisição da língua estrangeira. Parece, portanto, ser na infância, o momento ideal de se ofertar este ensino. Os resultados sugerem que este é um tema complexo e que há divergências nos ponto de vista dos autores estudados. Há consenso entre alguns autores de que este ensino deva ocorrer preferencialmente na infância e outros defendem que esta aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento. Krashen (1982) alega que o adulto aprende mais rápido que a criança; e a criança mais velha mais depressa do que a criança mais nova, desde que tempo e exposição sejam variáveis constantes; porém, ele afirma que, iniciando-se a exposição à segunda língua durante a infância, geralmente serão atingidos níveis mais altos de proficiência do que os que iniciam esse processo já adultos. Dessa forma, ele conclui que a criança é superior ao adulto somente na longa jornada. Outro autor que aborda a superioridade do adulto e do adolescente em relação à criança é Ellis (1999). Para ele, no que se refere à gramática e ao vocabulário o adulto e o jovem são melhores que a criança quando o tempo de exposição é mantido constante. Em relação à pronúncia, ele concorda que, quanto mais cedo se iniciar o contato com a segunda língua, melhores serão os resultados, podendo-se atingir uma pronúncia mais parecida com o de um nativo da língua. Da mesma forma, Godoy, Gontow e Marcelino (2006) afirmam que o adulto quase sempre tem sotaque ao falar uma língua estrangeira, ao passo que a criança, quando exposta à segunda língua desde os anos iniciais, quase sempre tem a pronúncia de um falante nativo. Penfield (apud GREVE & PASSEL, 1975), Penfield (1959, apud ELLIS, 1999), Roberts (1959, apud ELLIS, 1999), Cazacu (1979) e Lenneberg (1967, apud KRASHEN, 1983) são defensores de que o ensino da língua estrangeira deva ocorrer preferencialmente na infância, por considerarem que a criança encontra-se em um período biologicamente adequado para a aprendizagem de línguas e que, depois dessa fase, o cérebro perderia a capacidade de transferir as funções de linguagem do hemisfério esquerdo para o hemisfério direito; ou seja, com a maturação, o armazenamento de novas informações lingüísticas se tornaria mais complicado. Devido a esse aspecto da criança, teóricos como Greve e Passel (1975), Penfield (apud GREVE e PASSEL, 1975) e Halliday (1974) observam que ela pode aprender mais de uma língua estrangeira nessa fase de sua vida. Halliday (1974) concorda que este ensino deva ser viabilizado na infância por considerar que restaria para a escola secundária a tarefa de conservar esta capacidade prática e impedir que ela se evapore pela falta de exercício e de reforço. As idéias de Mac Namara (1972, apud KRASHEN, 1982) 17 confirmam a crença de que a criança ainda não está condicionada a aprender através da forma ou normas gramaticais, não tem medo de arriscar e tem uma curiosidade nata, facilitando a aquisição, quando afirma que ela não adquire primeiro a gramática, ou seja, primeiro ela compreende, o que a ajuda na aquisição da linguagem. Há também consenso entre alguns autores que defendem ser o método o diferencial causador da aquisição. Krashen (1982) afirma que insumo compreensível e filtro afetivo baixo são as variáveis causadoras da aquisição da língua estrangeira. Para ele, os melhores métodos devem manter o filtro afetivo do aluno baixo, além de oferecer insumos compreensíveis e ser o menos gramaticalmente sequenciados possível, não sendo propício também exigir produções por parte do aluno sem que ele realmente esteja pronto. Almeida Filho (2002) aborda o método comunicativo; acredita na eficácia de se trabalhar a oralidade e a carga informativa ao mesmo tempo. Ele lembra que os procedimentos metodológicos precisam ser compreensíveis e comunicativos e que os materiais comunicativos estimulam o aluno se expressar interativamente, como nos trabalhos em pares ou em grupos. Sobre esse método, Widdowson (1978, apud PAIVA, 2005) diz que a abordagem precisa integrar as habilidades lingüísticas às comunicativas. Cazacu (1979) e Rivers (1964) afirmam ser necessário saber o nível de conhecimento do aluno a fim de que uma real aprendizagem ocorra. Ainda Cazacu (1979) acrescenta que os materiais precisam ser adaptados à faixa etária dos aprendizes, ou seja, o professor deve sempre ter em mente um ensino harmonioso. Os resultados desta pesquisa sugerem que tanto o adulto como os jovens aprendem uma língua estrangeira tão bem como uma criança, tendo como diferença o fato de que o adulto e os jovens quase sempre têm sotaque ao falar uma língua estrangeira. Já a criança, iniciando o aprendizado de uma segunda língua na infância, pode alcançar a pronúncia de um nativo dessa segunda língua. Com isso, o embasamento teórico confirma as crenças iniciais quanto à superioridade da criança somente no que se refere à pronúncia e no que diz respeito à criança ter mais tempo para aperfeiçoar seus conhecimentos da língua, fato que não ocorre com o adulto. Destaca-se, neste momento da pesquisa, a importância de se proporcionar esta aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Com referência à idade ideal para a aprendizagem da língua estrangeira e ao método adequado a ser adotado, um não elimina a importância do outro; melhor dizendo, eles se completam. Por isso, o critério seletivo do professor no que se refere ao método é de suma importância. É imprescindível que este atenda às reais necessidades do aluno; seja um facilitador do processo aquisitivo, que possibilite ambiente harmonioso, que os procedimentos 18 conduzam à interação e à real compreensão; que não contemple somente aspectos gramaticais e que enfoque mais a informação com vistas à comunicação, para que o aluno se comunique, ainda que não seja gramaticalmente correto. 5. Agradecimentos Agradecemos à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS pela concessão de apoio financeiro para a realização desta pesquisa, à Ádani Lopes Brito e Adão Roberto Brito pelo apoio e compreensão. 6. Referências Almeida Filho, C. P. de. 2002. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. 3ª ed. Campinas, Pontes. 75p. Bezerra, I. C. R. M. Aquisição de segunda língua de uma perspectiva lingüística a uma perspectiva social. Disponível em: http://www.filologia.org.br/soletras/5e6/03.htm. (último acesso em 01/05/2009) Cardoso, R. de C. T. 2003. The communicative approach to foreign language teaching: a short introduction – managing theory and pratice in the classroom – a booklet for teacher development. Campinas, Pontes-Artelíngua. 63 p. Cazacu, T. S. 1979. Psicolingüística aplicada ao ensino de línguas. Tradução de Leonor Scliar Cabral. São Paulo, Pioneira. 284p. Ellis, R. 1999. Understanding Second Language Acquisition. Oxford, Oxford University Press. 327 p. França, A. I. Sobre a infalibilidade da faculdade da linguagem. Disponível em: <http://www.letrasufrj.br/clipsen/linguistica_1/texto1.doc.>. (último acesso em 10/06/2008) Godoy, S.; Gontow, C. & Marcelino, M. 2006. English pronunciation for Brazilians: the sounds of American English. São Paulo, Disal. 287p. Gréve, M. de & Passel, F. V. 1975. Lingüística e ensino de línguas estrangeiras. Tradução de Genieve Masuet. 2ª ed. São Paulo, Pioneira. 201p. Halliday, M. A. K. & Strevens, A. M. P. 1974. As ciências lingüísticas e o ensino de línguas. Tradução de Myriam Freire Morau. Petrópolis, Vozes. 349p. 19 Krashen, S. D. 1982. Principles and practice in Second language acquisition. Oxford, Pergamon Press Ltd. 201p. Krashen, S. D. 1983. Second language acquisition and second language learning. Oxford, Pergamon Press Ltd. 151p. Paiva, V. L. M. de O. E. 2005. Como se aprende uma língua estrangeira? In: Anastácio, E. B. de A., Figliolini, M. C. R. & Malheiros, M. R. T. L. (Orgs.). 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