aspectos preliminares sobre a biologia de morcegos
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aspectos preliminares sobre a biologia de morcegos
THIAGO ICHE DE CARVALHO ASPECTOS PRELIMINARES SOBRE A BIOLOGIA DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA) NO SÍTIO RESERVA NATURAL DO RIBEIRÃO GRANDE, MUNICÍPIO DE JUQUITIBA, SÃO PAULO. Guarulhos 2006 THIAGO ICHE DE CARVALHO ASPECTOS PRELIMINARES SOBRE A BIOLOGIA DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA) NO SÍTIO RESERVA NATURAL DO RIBEIRÃO GRANDE, MUNICÍPIO DE JUQUITIBA, SÃO PAULO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Guarulhos como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientadora: Msc. Maria Ester Chaves Guarulhos 2006 Iche de Carvalho, Thiago Aspectos Preliminares sobre a Biologia de Morcegos (Mammalia, Chiroptera) no Sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, Município de Juquitiba, São Paulo./Thiago Iche de Carvalho, Guarulhos, 2006. viii, 25p. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Guarulhos – Curso de Ciências Biológicas. Titulo em Inglês: Preliminary aspects about (Mammalia, Chiroptera) bats biology in Reserva Natural do Ribeirão Grande farm, Juquitiba city, São Paulo. Palavras chaves: 1. Chiroptera; 2. Diversidade; 3. Dieta; 4. Atividade noturna; 5. Reprodução. AGRADECIMENTOS Agradeço a minha orientadora MSc. Maria Ester Chaves, que sempre esteve disposta a orientar-me da melhor maneira, muito obrigado. Sou muito grato também ao corpo docente da Universidade Guarulhos, pelo profissionalismo apresentado ao longo dos anos. À Profa. Dra. Maria Judite Garcia pela utilização das dependências do Laboratório de Palinologia e Paleobotânica “Prof. Dr. Murilo Rodolfo de Lima”. À Profa. Dra. Mary Elizabeth Cerruti Bernardes-de-Oliveira pelo uso do estereomicroscópio do projeto FAPESP n° 2003/09407-4 “Estudo Paleoflorístico do Membro Crato, Formação Santana, Eocretáceo da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil”. Ao Prof. Armando Luis Serra pelo auxílio na identificação de Diptera. À Christiane Corrêa do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Instituto de Biologia da UFMS, (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), que ajudou na identificação das sementes. À minha família e aos meus amigos, tanto aqueles amigos que apareceram durante estes anos em que estive matriculado na Universidade de Guarulhos, como também, aqueles que sempre estiveram ao meu lado. Aos proprietários do sítio Reserva Natural do Ribeirão grande, Denizar Missawa e Rosana Serpico, agradeço-os pela oportunidade de eu estar desenvolvendo o respectivo trabalho. RESUMO Os morcegos estão classificados na Ordem Chiroptera e desempenham um importante papel na Mata Atlântica por conta de seus hábitos alimentares bem diversificados, tais como: néctar, pólen, frutos, insetos, pequenos vertebrados e sangue. Conhecidos como um dos grupos animais responsáveis pela polinização de flores, dispersão de sementes e controle da população de insetos, torna-se indispensável o conhecimento sobre a biologia dos morcegos. Este estudo teve como objetivos: a identificação e o conhecimento de aspectos da biologia dos quirópteros presentes no Sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, São Paulo. Redes de neblina foram usadas para captura dos morcegos. Os animais foram identificados, tiveram suas medidas morfométricas e dados biológicos tomados e então foram mantidos em sacos de pano para coleta de fezes. O material fecal foi encaminhado para o laboratório para triagem e identificação dos itens alimentares. Os morcegos capturados foram soltos ao final da coleta. Oito espécies de morcegos foram capturadas e identificadas como: Sturnira lilium, Artibeus fimbriatus, A. lituratus, A. obscurus cf., Carollia perpicillata, Pygoderma bilabiatum da Família Phyllostomidae e Myotis nigricans, Eptesicus brasiliensis da Família Verspetilionidae. A.fimbriatus foi a espécie mais comun registrada nesse estudo, num total de 13 indivíduos, seguido de Sturnira lilium com nove exemplares. O consumo de plantas das famílias Cecropiaceae e Piperaceae foi registrado para espécies de Sturnira lilium e Carollia perspicillata, respectivamente. A diversidade de espécies de morcegos capturadas neste estudo, seus aspectos reprodutivos e evidências quanto ao consumo de plantas endêmicas da Floresta Atlântica, mostram a importância da preservação da biodiversidade e dos ecossistemas brasileiros. ii ABSTRACT Bats are classified into Order Chiroptera and play an important role in Atlantic Forest due to their diverse feeding habits, such as nectar, polen, fruts, insects, small vertebrates and blood. They are known as one of the animal groups whose are responsable for flowers polinization, seed dispersion and insects controlers, it is essential the knowledge about bats biology. This study has had as objectives the identification and knowledge about biology aspects of chiropterans presents into Reserva Natural do Ribeirão Grande farm, Juquitiba city, São Paulo. Mist nets has been used to capture bats. The animals has been identified, has their morphometric measumerents and biological data taken and, then, they has been closed into bags to collect faeces. The fecal samples have been driven to laboratory for selection and identification of feeding itens. Captured bats were realesed at the end of collection. Eight bat species were captured and identified as: Sturnira lilium, Artibeus fimbriatus, A. lituratus, A. obscurus cf., Carollia perpicillata, Pygoderma bilabiatum Family Phyllostomidae and Myotis nigricans, Eptesicus brasiliensis Family Verspetilionidae. A. fimbriatus were the most common species registered in this study, with 13 individuals, followed by Sturnira lilium with nine specimens. The consume of Family Cecropiaceae and Piperaceae plants was registered to Sturnira lilium and Carollia perspicillata, respectivally. Bat species diversity captured in this study, their reprodutive aspects and evidences about consumption ofendemic Atlantic Forest plants, show the importance of biodiversity and brazilian ecossystems preservation. iii SUMÁRIO 1. Introdução.............................................................................................................. 01 1.1 Mata Atlântica.................................................................................................. 01 1.2 Ordem Chiroptera............................................................................................ 03 1.3 A importância dos Morcegos........................................................................... 05 2. Objetivos................................................................................................................ 07 3. Material e Métodos................................................................................................ 08 3.1. Área de estudo............................................................................................... 08 3.1.1. Atividade de Campo.................................................................................... 09 3.1.2. Análise de Dados......................................................................................... 12 4. Resultados e Discussão........................................................................................ 13 4.1. Capturas......................................................................................................... 13 4.1.1. Espécies Capturadas................................................................................... 13 4.1.2. Estado reprodutivo....................................................................................... 16 4.1.3. Hábito Alimentar.......................................................................................... 17 4.1.4. Horário de Atividade Noturna...................................................................... 20 5. Conclusões............................................................................................................ 22 6. Referências Bibliográficas..................................................................................... 23 iv LISTA DE FIGURAS Figura 1 Área atual ocupada pela Mata Atlântica (www.sosmataatlantica.org.br, 2006)............................................... Figura 2 01 Área aproximada da localização do sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP (www.renarg.org, 2006)................................................................................................ Figura 3 08 Artibeus fimbriatus marcado com tinta para ser identificado numa possível recaptura no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto:Chaves,M.E.).............................. 09 Figura 4 Artibeus lituratus em fase de gestação capturado np sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, SP. (Foto: Iche, T.)............................. Figura 5 10 Sturnira lilium capturado tendo suas medidas de antebraço tomadas no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto:Chaves,M.E.).............................................. Figura 6 11 Artibeus fimbriatus, Família Phyllostomidae, espécie de morcego frugívoro mais capturada no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto: Iche, T.)....................... Figura 7 13 Eptesicus brasiliensis, espécie de morcego insetívoro, família Verspetilionidae capturado no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto: Iche, T.)....................... 14 v Figura 8 Semente de Cecropiaceae encontrada na amostra fecal da espécie de morcego Sturnira lilium, no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP.................................. Figura 9 17 Semente de Piperaceae encontrada na amostra fecal da espécie de morcego Carollia perspicilata, no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. ................................ 17 Figura 10 Pygoderma bilabilatum, espécie de morcego frugívoro, família Pyllostomidae capturado no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto: Iche, T.)....................... 18 vi LISTA DE TABELAS Tabela Espécies de morcegos capturados no sítio Reserva Natural do 1 Ribeirão Grande, seus respectivos hábitos alimentares e ocorrência de captura...................................................................... 11 Espécies de morcegos capturados no sítio Reserva Natural do Tabela Ribeirão Grande, e suas respectivas fases 2 reprodutivas...................................................................................... 13 Ocorrência de captura da espécie de morcegos A. fimbriatus no sítio Reserva Natura do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, Tabela SP.................................................................................................... 16 3 Ocorrência de captura da espécie de morcegos A. lituratus no sítio Reserva Natura do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP..................................................................................................... 17 Tabela 4 Ocorrência de captura da espécie de morcegos Sturnira lilium no sítio Reserva Natura do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP..................................................................................................... 17 Tabela 5 vii 1. INTRODUÇÃO 1.1. Mata Atlântica A Floresta Atlântica é o segundo conjunto de matas de grande expressão na América do Sul, perdendo apenas para a Floresta Amazônica. Considerada uma das grandes prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o continente americano, sua cobertura florestal acha-se reduzida a cerca de 7,6% da área original, que perfazia uma extensão de aproximadamente 1.306.421 km2 (www.rbma.org.br, 2006). Localizada na serra do mar, distribui-se por mais de 17 estados brasileiros, estendendo-se por uma faixa relativamente paralela à costa brasileira, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. (Fig 1). Fig 1. Área atual ocupada pela Mata Atlântica (www.sosmataatlantica.org.br, 2006). Este ecossistema é composto de uma série de fitofisionomias bastante diversificadas, determinadas pela proximidade da costa, relevo, tipos de solo e regimes pluviométricos. Essas características foram responsáveis pela evolução de um rico complexo biótico de natureza florestal. No entanto, a fragmentação de 1 florestas modifica grandemente a sua diversidade e abundância, e as mudanças ocorrem mais rapidamente em fragmentos pequenos do que nos grandes (COSSON et al., 1999). A fragmentação cada vez maior de florestas tropicais tem resultado na perda de espécies animais e vegetais provando diversos efeitos sobre os ecossistemas naturais, como a redução do tamanho de diversas populações e o desaparecimento de espécies que requerem grandes áreas para sobreviver (BIERREGAARD et al., 1992). Apesar da devastação acentuada, a Floresta Atlântica ainda é abrigo para várias populações tradicionais e garantia de abastecimento de água para mais de 120 milhões de brasileiros. Seus remanescentes regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima, protegem escarpas e encostas das serras, além de preservar um patrimônio histórico e cultural imenso (www.mataatlantica.org.br, 2006). Uma das principais características da fauna que vive na Floresta Atlântica, assim como em outras florestas tropicais do mundo, é o fato de serem diversificadas e marcadas pela presença de muitas espécies endêmicas (www.sosmataatlantica. org.br, 2006). A preservação das espécies endêmicas da Floresta Atlântica é extremamente preocupante, face ao estado atual de devastação que se encontra. Mesmo as espécies endêmicas que ainda não possuem suas populações reduzidas a um número crítico, merecem atenção especial para sobreviver nas áreas mais prejudicadas da Floresta Atlântica e essas áreas são justamente as mais importantes do ponto de vista conservacionista. São elas os remanescentes das matas do sul da Bahia e do Espírito Santo, que abrigam os últimos exemplares de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção. Já na região Sudeste, onde se desenvolveram grades metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro em áreas outrora da Floresta Atlântica, ainda existem trechos relativamente grandes onde recentemente foram criadas áreas de proteção ambiental (www.ambiente brasil.com.br, 2006). Em virtude da sua riqueza biológica e níveis de ameaça, a Mata Atlântica, ao lado de outros 24 ecossistemas localizados em diferentes partes do planeta, foi indicada por especialistas, em um estudo coordenado pela Conservation International, como um dos hotspots mundiais, ou seja, uma das prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o mundo. As estimativas 2 indicam ainda que a Mata Atlântica abriga 261 espécies de mamíferos, entre os quais 73 são endêmicos (www.aliancamataatlantica.org.br, 2006). Em florestas tropicais, a dispersão de sementes e o recrutamento de algumas espécies dependem, em grande parte, de mamíferos e aves (MEDELLIN & GAONA, 1999). Os morcegos (Ordem Chiroptera) podem ser menos vulneráveis à fragmentação do que outros mamíferos devido a sua capacidade de dispersão (BARROS et al., 2006), podendo contribuir com o processo de regeneração das florestas. 1.2. Ordem CHIROPTERA A Ordem Chiroptera representa um quarto de toda a fauna de mamíferos do mundo, com cerca de mil espécies divididas em duas subordens: os Megachiroptera com uma única família Pteropodidae, e os Microchiroptera, que inclui todas as outras famílias (Bredt et al., 1996). De acordo com a compilação de dados realizada por REIS et al., (2006), atualmente são encontradas 164 espécies de quirópteros no Brasil, distribuídas por todo o território brasileiro. Os morcegos constituem uma das ordens mais características de mamíferos, pois são os únicos a apresentar estruturas especializadas que permitem voar. O nome Chiroptera provém do grego “cheir” (mão) e “pteryx” (asa) (POUGH et al., 2003) isso quer dizer que a asa de um morcego é uma mão modificada. Os dedos e ossos dos membros anteriores são alongados e sustentam uma membrana que se caracteriza por ser elástica, chamada patágio, que se liga aos membros posteriores e aos lados do corpo. Em relação aos dedos, somente o primeiro é reduzido e dotado de unha, ficando livre da membrana chamada propatágio ou membrana antebraquial. Em muitas espécies existe também, uma membrana entre os membros posteriores, que pode envolver total ou parcialmente a cauda, quando presente, essa membrana é chamada de uropatágio. (PERACCHI, et al., 2006). Os Chiroptera apresentam hábitos noturnos e a maior parte das espécies possui um sistema de ecolocalização elaborado, (BORDIGNON, 2005) emitindo sons de alta freqüência, inaudíveis ao homem, que ao esbarrar em algum objeto, retornam sob a forma de eco. 3 Os refúgios utilizados por morcegos são fendas em rochas, cavernas, minas, casca de árvores, cavidades no tronco e nos galhos das árvores, folhagem não modificada, folhagem por eles modificadas em tendas, cavidades em cupinzeiros e construções humanas. Nesses refúgios os morcegos podem formar grupos numerosos ou de poucos indivíduos e freqüentemente co-habitam com outras espécies, formando colônias (PERACCHI et al., 2006). Em relação aos padrões reprodutivos dos morcegos, variam de monoestria sazonal à poliestria. Muitas espécies de regiões tropicais apresentam monoestria, gerando apenas um filhote por ano, enquanto outras espécies apresentam duas e às vezes três gestações no período de um ano. Normalmente as fêmeas têm um único filhote em cada parição, mas fêmeas de alguns vespertilioníeos podem gerar de dois a cinco filhotes numa única gestação (PERACCHI et al., 2006). Freqüentemente os morcegos formam colônias-berçário, com muitas fêmeas dando à luz na mesma área. A gestação dura de 2 meses (em algumas espécies de morcegos frugívoros) a 7 meses (em morcegos hematófagos), variando conforme a espécie. (www.morcego livre.vet.br 2006). Morcegos são os mamíferos com a maior diversidade de hábitos alimentares. (www.morcegolivre.vet.br 2006). Sendo a família Phyllostomidae, endêmica do continente americano, o grupo de morcegos que destaca-se como o mais versátil na exploração de alimentos, podendo explorar frutos, néctar, pólen, folhas, insetos, vertebrados e sangue entre outros (PASSOS & GRACIOLLI, 2004). De acordo com a alimentação, podemos classificar os morcegos da seguinte maneira: onívoros - utilizam vários dos itens citados abaixo em suas dietas. frugívoros - comem os mais variados frutos, como mangas, bananas, amêndoas, figos, mamões, goiabas e principalmente frutos selvagens, como os gêneros Piper, Solanum, Cecropia (embaúba). nectarívoros/polinívoros - são morcegos que, como os beija-flores (aves) se alimentam do néctar e do pólen produzido por muitas flores, como o maracujá-de- 4 restinga e o ipê, entre outras. Às vezes, estes morcegos podem ser vistos bebendo água com açúcar colocada em bebedouros de pássaros. insetívoros - alimentam-se de insetos, incluindo mosquitos, besouros, gafanhotos e mariposas. carnívoros - caçam pequenos animais vertebrados, como ratos, pássaros, lagartos e até outros morcegos. piscívoros - comem pequenos peixes, como sardinhas e barrigudinhos. A ecologia alimentar de morcegos provê informações extremamente úteis para o entendimento dos mecanismos de partilha de recursos que regulam as relações tróficas, e que são responsáveis pela alta diversidade deste grupo nas regiões tropicais (HEITHAUS & FLEMING, 1975). 1.3. A importância dos morcegos Os morcegos são extremamente importantes nos ecossistemas florestais, atuando na polinização, na dispersão de sementes, no controle de populações de insetos e conseqüentemente na formação e manutenção destes ecossistemas (SAZIMA et al., 1982). Nos trópicos, a diversidade de espécies de morcegos frugívoros é maior e os ambientes suportam maior diversidade de espécies em uma unidade de área do que nas zonas temperadas (TAMSITT, 1967). Algumas espécies de vegetais apresentam a síndrome de Quiropterofilia, isto é, possuem características que atraem morcegos para a visita às flores. As características são a presença de flores com pétala de cor clara e que abrem somente à noite, odor forte, grande produção de néctar ou pólen, ramos expostos e porte da planta de médio a grande (ALTRINGHAM, 1996). Morcegos também são atraídos por plantas que quando os frutos estão maduros, apresentam odor desagradável e coloração esverdeada expostos nos 5 ramos e com muitas sementes pequenas – fenômeno conhecido na literatura como Quiropterocoria (UIEDA, 1985). Morcegos frugívoros apresentam características intimamente relacionadas às plantas quiropterocóricas. São elas: olfato acurado, com preferência por odor; tamanho relativamente grande; molares achatados, próprios para extrair o suco da polpa dos frutos; tudo digestivo simples e curto, constituindo uma pequena parte do peso corporal; geralmente cospem as sementes, mas também podem ingerí-las dependendo do tamanho e dispersá-las nas fezes; sonar pouco desenvolvido; e impossibilidade de visitas ao interior da folhagem (VAN DER PIJL, 1972). Estes animais percorrem grandes áreas pelo fato de conseguir se locomover com grande facilidade, assim disseminando um grande número de sementes em potenciais para a germinação (CHARLES & ATRAMENTOWICZ,1981). Estudos realizados com morcegos frugÍvoros mostram a importância de como esses agentes dispersores de sementes ajudam significativamente na regeneração das florestas (PASSO et al., 2003). O desenvolvimento desse trabalho visa identificar a dieta de morcegos, além de conhecer outros aspectos de sua biologia, na região do sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. 6 2. OBJETIVOS • Identificar as espécies de morcegos capturados no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP; • Conhecer aspectos da biologia desses morcegos; • Estudar a dieta dos morcegos capturados na Reserva; • Estimar o número de indivíduos de cada espécie capturada; • Registrar seus horários de atividade noturna. 7 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Área de estudo O estudo foi realizado no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, que está situado no município de Juquitiba, SP, à margem esquerda do Ribeirão Grande, 24º 00' 35.2 , WO 47º 02' 18,1 (Fig 2). Fig 2. Área aproximada da localização do sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP (www.renarg.org, 2006). A altitude varia de 680m à 700m, a temperatura média anual está entre 14º e 19ºC e a pluviosidade entre 1.250mm e 2.000mm (www.renarg.org, 2006). As capturas foram realizadas durante o mês de janeiro de 2006, durante o verão, num período de seis noites, divididas em duas fases de três noites, separadas por um intervalo de quatro dias. 8 3.1.1 Atividade de campo O procedimento adotado na captura dos morcegos em campo foi a utilização de quatro redes de neblina que mediam 6m de comprimento por 2m de altura, instaladas em relação aos pontos de maior acessibilidade ao vôo dos animais, como trilhas e saídas de trilhas, aproximadamente a 1m do solo, podendo chegar até 1,5m variando de acordo com o terreno. As redes permaneceram abertas das 18:30hs até 24:00hs. Foi colocado no chão sob as redes, uma faixa de encerado plástico que media aproximadamente 6m de comprimento por 30cm de largura, para coleta de frutos eventualmente derrubados pelos morcegos que caíssem na rede. Sacos de pano numerados foram utilizados para manter os animais capturados por no mínimo 20 minutos para a obtenção de amostras fecais, sendo soltos logo após o fim da captura. Cada amostra fecal foi devidamente separada em potes plásticos, numerada e mergulhada em álcool a 70% para a conservação. Os animais foram marcados com três diferentes cores para identificá-los individualmente no caso de recaptura (amarelo, vermelho e branco) de tinta para modelismo da marca TESTORS. As cores foram combinadas de diferentes formas para que fosse possível estimar a população numa possível recaptura. (Fig. 3). 9 Fig. 3. Artibeus fimbriatus marcado com tinta para ser identificado numa possível recaptura no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto: Chaves, M. E. 2006). Os animais capturados foram identificados em campo com o auxilio da chave de identificação de (VIZOTTO & TADDEI 1973). Os dados dos animais foram tomados quanto ao sexo; estágio de desenvolvimento, considerando-se adulto se havia ossificação total da 3º falange e jovem se não havia; estado reprodutivo, sendo machos classificados sexualmente ativos, caso os testículos estivessem na bolsa escrotal (TE) e inativos, caso os testículos estivessem em posição abdominal (TA) e as fêmeas consideradas grávidas (G) (Fig.4), caso fosse possível perceber o feto por apalpação e não grávidas (NG) quando não fosse possível tal percepção, lactantes (L), caso os mamilos liberassem leite quando comprimidos, não lactantes (NL), quando isso não ocorresse e pós lactantes (PL) quando os mamilos não apresentassem leite, porém estivessem destituídos de pêlos no seu entorno; comprimento de antebraço medido com o auxílio de um paquímetro (Fig 5); e massa corporal medida por meio de duas balanças do tipo pesola, uma de 100 gramas com escala de 1 em 1g para animais de porte maior e outra de 30 gramas com escala de 0,2g para animais de porte menor, ambas da marca AVINET. 10 Fig. 4. Artibeus liluratus em fase de gestação capturado no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande. (Foto: Iche, T. 2006). Fig. 5. Sturnira lilium capturado tendo suas medidas de antebraço tomadas no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto: Chaves, M.E. 2006) 11 3.1.2. Análise de dados As amostras fecais foram triadas com o auxílio de um estereomicroscópio óptico de 30x de aumento. As partes vegetais, como polpa e sementes foram separadas em frasco de vidro etiquetado e analisadas numa placa de Petri. Com exceção de um inseto inteiro, partes de insetos que estavam trituradas não foram possíveis de identificar. As sementes encontradas foram secas, fotografadas e identificadas até família. A bióloga Christiane Correa do Programa de PósGraduação em Ecologia, Instituto de Biologia da UFMS, auxiliou na identificação das sementes. Com o auxílio do Prof. Dr. Armando Luis Serra, o inseto foi analisado numa lâmina escavada em meio a glicerina 66% em estereomicroscópio. Os últimos segmentos foram extraídos para a visualização de suas espermatecas. A morfologia da asa, olhos e antenas também foram utilizadas na sua identificação até o nível de família. 12 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Capturas Dentre as seis noites de captura, quatro apresentaram a ocorrência de chuvas intensas intercaladas a chuvas fracas. A primeira noite de captura estava chuvosa e das quatro redes de neblina que foram armadas, apenas um indivíduo foi capturado em uma das redes, o mesmo ocorreu na quinta noite, quando também apenas um indivíduo foi capturado. A noite em que mais indivíduos foram capturados não estava chovendo, num total de 15 espécimes, no entanto, 11 indivíduos foram capturados durante a noite mais chuvosa. Chuvas intensas podem ter um efeito adverso na habilidade de vôo dos morcegos, interferindo no seu deslocamento (LABORDA & CARTWRIGHT, 1993), então estes devem aproveitar-se dos intervalos em que a chuva é mais fraca para irem em busca do alimento. 4.1.1. Espécies capturadas Foram capturadas oito espécies de morcegos: Artibeus fimbriatus (Gray, 1838) (Fig. 6), A. lituratus (Olfers, 1818), A. obscurus cf. (Schinz, 1821), Sturnira lilium (E. Geoffrov, 1810), Carollia perpicillata (Linnaeus, 1758), Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843), da Família Phyllostomidae, Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) (Fig. 7) e Myotis nigricans (Schinz, 1821), da Família Verspetilionidae, num total de 37 indivíduos. O morcego frugívoro, A. fimbriatus, foi a espécie mais capturada no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP, num total de 13 indivíduos (Tabela 1). 13 Fig. 6. Artibeus fimbriatus, Família Phyllostomidae, espécie de morcego frugívoro mais capturada no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto de Iche, T. 2006). Tabela 1. Espécies de morcegos capturadas no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, seus respectivos hábitos alimentares e ocorrência de captura no mês de Janeiro de 2006. Família Espécies Pyllostomidae Carollia perspicillata Frugívoro 2 Artibeus fimbriatus Frugívoro 13 A. lituratus Frugívoro 7 A. obscurus Frugívoro 1 Pygoderma bilabilatum Frugívoro 3 Sturnira lilium Frugívoro 3 Epitesicus brasilienses Insetívoro 1 Myots nigricans Insetívoro 1 2 hábitos alimentares 37 Vespertilionidae Total (2 famílias) 8 espécies Hábito alimentar Captura 14 Fig. 7. Eptesicus brasiliensis, espécie de morcego insetívoro, família Verspetilionidae capturado no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto de Iche, T. 2006). A abundância de morcegos frugívoros pode refletir também a seletividade do método de captura por rede de neblina, sendo que, espécies de morcegos insetívoros da família Vespertiolinidae e Molossidae podem evitar essas redes (ARITA, 1993). Segundo (PASSOS & GRACIOLLI, 2004), uma das muitas espécies de morcegos de grande abundância e muito comum em áreas do sul e sudeste do Brasil é A. lituratus. Entretanto, essa dominância já foi relatada em outros estudos de comunidades de morcegos no Brasil para a espécie Sturnira lilium (MARINHOFILHO, 1991). Em outras localidades Carollia perspicillata se apresenta como espécie dominante (BERNARD, 2002; PEDRO & PASSOS 1995). Talvez a quantidade de espécimes A. fimbriatus capturadas nesse estudo esteja relacionada com a predominância desta espécie na região do sitio Reserva Natural do Ribeirão Grande, em razão da disponibilidade de alimento ou por um fator geográfico, porém, um estudo para estimar a população desta espécie na região precisa ser realizado. 15 4.1.2. Estado reprodutivo O estado reprodutivo de cada espécie foi analisado resultando nos seguintes dados: Sturnira lilium foi a espécie de morcego capturada que mais apresentou fêmeas grávidas, num total de quatro exemplares grávidas não lactantes e duas não grávidas não lactantes, sendo sete fêmeas, três grávidas não lactantes, três não grávidas pós lactante e uma não grávida / não lactante. Para A. fimbriatus foram identificadas três fêmeas grávidas não lactantes, uma não grávida / não lactante e três não grávidas, pós lactante e seis machos em estado não reprodutivo testículo abdominal. Em A. lituratus identificou-se duas fêmeas grávidas não lactantes, uma grávida pós lactante, três não grávida / não lactante e um macho com testículo abdominal, confirmando estar fora da fase reprodutiva. Coletou-se dois machos com testículo abdominal de Carollia perspicilata, apenas uma fêmea grávidas não lactantes e dois machos com testículo abdominal de Pygoderma bilabilatum, e uma fêmea grávida não lactante de A. obscurus cf. Dentre as espécies de morcegos da família Vespertilionidae, foram encontrados uma fêmea grávida não lactante e um macho com testículo abdominal de Epitesicus brasilienses e uma fêmea , uma não grávida / não lactante de Myotis nigricans (Tabela 2). Tabela 2. Espécies de morcegos capturados no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, no mês de Janeiro de 2006 e suas respectivas fases reprodutivas. Fêmeas Espécies G/NL Machos NG/NL NG/PL G/PL TA TE Total Sturnira lilium 4 2 - - 3 - 9 A. fimbriatus 3 1 3 - 6 - 13 A. lituratus 2 3 - 1 1 - 7 A. obscurus cf. 1 - - - - 1 1 - - - 2 - 3 - - - 2 - 2 Pygoderma bilabilatum Carollia perspicillata Eptesicus brasilienses - - - - 1 - 1 Myotis nigricans - - 1 - - - 1 11 6 4 TOTAL 15 37 16 4.1.3. Hábito alimentar Ao todo foram obtidas 13 amostras fecais das seis espécies de morcegos frugívoros, das quais seis continham sementes e cinco somente restos de polpa não identificável, e duas amostras fecais provenientes de morcegos insetívoros, que não foram possíveis de identificar, pois a amostra estava muito triturada. A quantidade de morcegos frugívoros encontrados neste estudo reflete a importância do hábito alimentar nas comunidades de morcegos na Mata Atlântica, onde muitas espécies de plantas quiropterocóricas são capazes de manter uma comunidade diversificada de morcegos ao longo de todo o ano (PEDRO et al., 2001). A ocorrência na captura de morcegos do gênero Artibeus durante um dos meses mais quentes do ano esteja relacionado a sua principal fonte de alimento na região (frutos de Cecropiaceae), (FLEMING, 1986). Indicando que estas espécies de morcegos frugívoros poderiam habitar a área em busca de maior disponibilidade de alimento. A possibilidade de migração relacionada a disponibilidade de alimento, também foi comentada por (PEDRO & TADDEI, 2002) para Platyrrhinus lineatus. De acordo com (LORENZI, 1992) os frutos de Cecropia pachystachya amadurecem em junho, e os frutos de Cecropia hololeuca, amadurecem em julhonovembro. O amadurecimento de Cecropiacea na região estudada pode estar ocorrendo um ou dois meses mais tarde do que foi relatado por (LORENZI, 1992). Estudos mais detalhados precisam ser realizados quanto à época de amadurecimento de Cecropiacea naquela região. Além disso, a comunidade de morcegos frugívoros parece estar adaptada à partilha de recursos alimentares (FLEMING, 1986), pelo menos em relação às espécies de morcegos Sturnira lilium e Carollia perspicillata e as plantas de Cecropiaceae e Piperaceae. (www.geocities.com, 2006). As plantas consumidas pelos morcegos frugívoros neste estudo representavam duas famílias, sendo elas Cecropiaceae e Piperaceae. (Fig.8, 9, respectivamente). 17 Fig. 8. Semente de Cecropiaceae encontrada na amostra fecal da espécie de morcego Sturnira lilium, no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto de Iche, T. 2006). Fig. 9. Semente de Piperaceae encontrada na amostra fecal da espécie de morcego Carollia perspicilata, no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto de Iche, T. 2006) 18 Plantas destas famílias são abundantes no mosaico de ambientes que constituem a Mata Atlântica, mas principalmente em habitat mais abertos como bordas de mata, clareiras e ao longo de caminhos e trilhas, ambientes geralmente freqüentados por morcegos frugívoros (PASSOS, et al., 2003). Não se observou a presença de sementes nas fezes do morcego frugívoro Pygoderma bilabiatum. A princípio, isto poderia indicar que eles foram capturados antes de se alimentar, mas como exemplares desta espécie foram capturados entre 22hs55 e 00hs00, é de se esperar que os indivíduos nesse horário já tenham se alimentado. Assim, a ausência de sementes nas fezes dessa espécie pode indicar que os indivíduos tenham consumido polpa sem engolir as sementes (Fig. 10). Em uma das amostras fecais da espécie Sturnira lilium foi encontrado um inseto, identificado como pertencente à Família Cecidomyidae. No entanto, como não é de seu hábito alimentar comer insetos, talvez tenha sido ingerido no ato de comer o fruto ou mesmo durante o asseio corporal. Porém, já foi relatado por (MIKICH, 2002) que morcegos frugívoros fizeram consumo de insetos, mesmo que a quantidade ingerida tenha sido baixa. Fig. 10. Pygoderma bilabilatum, espécie de morcego frugívoro, família Pyllostomidae capturado no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. (Foto de Iche, T. 2006). 19 Em outra amostra fecal foram encontrados fragmentos da tinta utilizada na marcação dos morcegos. Isto leva a crer que a tinta usada para identificação numa possível recaptura, pode ter sido tirada pelo próprio animal, já que não foi feita nenhuma recaptura. 4.1.4. Horário de atividade noturna As tabelas 3, 4 e 5 demonstram o horário de atividade noturna das três espécies de morcegos com maior número de indivíduos capturados, 13 A. fimbriatus, sete de A. lituratus e nove de Sturnira lilium. Os resultados indicam que o gênero Artibeus pode ter o costume de se alimentar a partir das 21hs, pelo menos na Reserva Natural do Ribeirão Grande. Por dois momentos a ocorrência na captura dos animais foi mais intensa após às 21hs. Talvez a maioria dos animais desse gênero saia para se alimentar nesses horários, diferente da espécie Sturnira lilium, que apesar de apresentar uma ocorrência relativamente parecida, ainda foram capturados em horários anteriores. Estudos mais específicos na área precisam ser feitos. Tabela 3. Ocorrência de captura da espécie de morcegos Artibeus fimbriatus no sítio Reserva Natura do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. no mês de Janeiro de 2006. Intervalo (h) Número de Capturas 18:30 – 19:30 - 19:30 – 20:30 1 20:30 – 21:30 2 21:30 – 22:30 3 22:30 – 23:30 4 23:30 – 00:30 3 20 Tabela 4. Ocorrência de captura da espécie de morcegos Artibeus. lituratus no sítio Reserva Natura do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. no mês de Janeiro de 2006. Intervalo (h) Número de Capturas 18:30 – 19:30 - 19:30 – 20:30 - 20:30 – 21:30 1 21:30 – 22:30 - 22:30 – 23:30 4 23:30 – 00:30 2 Tabela 5. Ocorrência de captura da espécie de morcegos Sturnira lilium no sítio Reserva Natura do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. no mês de Janeiro de 2006. Intervalo (h) Número de Capturas 18:30 – 19:30 - 19:30 – 20:30 3 20:30 – 21:30 - 21:30 – 22:30 2 22:30 – 23:30 - 23:30 – 00:30 4 21 5. CONCLUSÕES • Os dados obtidos neste estudo, realizado no sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, destaca a quantidade de espécimes de morcegos frugívoros da Família Phyllostomidae, num total de 35 indivíduos de seis espécies diferentes; Artibeus fimbriatus (Gray, 1838), A. lituratus (Olfers, 1818), A. obscurus cf. (Schinz, 1821), Sturnira lilium (E. Geoffrov, 1810), Carollia perpicillata (Linnaeus, 1758), Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843), da Família Phyllostomidae, em seis noites de captura. • Através de dados obtidos quanto a morfométria e hábitos alimentares foi possível estudar os aspectos da biologia de morcegos. • Plantas das Famílias Cecropiaceae e Piperaceae são comumente consumidas por espécies de Artibeus, Sturnira e Carollia em diferentes regiões da Mata Atlântica, o que também foi verificado neste estudo. A ocorrência de ingestão de insetos por morcegos frugívoros também foi constatada, apesar de não ser de seu hábito alimentar, mas mesmo assim podendo ocorrer. • Não foi possível realizar uma estimativa com relação ao número de cada espécie capturada. • Concluiu-se que o gênero Artibeus apresenta atividades noturnas mais tardias que as de Sturnira lilium, na região do sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande, município de Juquitiba, SP. As chuvas que ocorreram durante as capturas, podem ter sido o fator que interferiu nas suas saídas noturnas na busca de alimento. Um estudo mais especifico na área do sítio Reserva Natural do Ribeirão Grande precisa ser realizado. 22 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTRINGHAM, J.D., Bats. Biology and behaviour, New Yor, Oxfor University, p. 262, 1996. ARITA, H, T., Rarity in neotropical bats: correlactions with phylogeny, diet, and body mass. Ecological Applications, 3(3): 506-517, 1993. AZEVEDO, A, A., LINARDI, M, P. Streblidae (Díptera) of Phyllostomid Bats from Minas Gerais, Brazil, Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 97(3): 421-422, April 2002. BARROS, R.S.M.; BISAGGIO, E.L. & BORGES. R.C. Morcegos(mamalia, chiroptera) em fragmentos florestais urbanos no município de Juiz de Fora, Minas Gerais, Sudeste do Brasil, Biota Neotropical, 6(1), 2006. BERNARD, E., Diet, activity and reproduction of bat espécies (Mammalia, Chiroptera) in Central Amazônia, Brasil. 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