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Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfetos1 Antônio Florentino de Lima Júnior2, Itamar Pereira de Oliveira3, Sérgio Renato Artiaga da Rosa4, Arthur Junior da Silva5, Murilo Mesquita de Morais5 Resumo: Com o aumento da população mundial é inevitável não pensar em consumo de alimentos. Juntamente com esse aumento demográfico deve ser lembrado no aumento na produção agrícola. O uso de tecnologias e a prevenção de perdas auxiliam na manutenção dos estoques de alimentos. Quando se fala em perda na produção de grão, que são alimentos base da população mundial como trigo, arroz, milho, soja, feijão e girassol, devem ser levados em conta além de fatores de campo fatores relacionados ao armazenamento. O armazém possui entre suas finalidades base, guardar o produto no período onde seu cultivo é inviabilizado, aumentar a qualidade do produto e outro fator como aquele que leva o grão ao armazém é a cotação de mercado. Durante a estadia do grão no armazém, seja ele armazenado em sacaria ou a granel, o produto sofre diversos danos biológicos, mecânicos e até mesmo dano químico. Em danos biológicos o mais comum é o dano causado por insetos, pois os mesmos além de danificarem o grão podem também prejudicar seus subprodutos, como farelos, tortas, farinhas e fubás. O ataque severo de pragas de grãos armazenados pode causar danos de até 78% do produto armazenado, pois aliado às pragas vem o aumento no teor de água dos grãos causando também a incidência de fungos. O controle excessivo pode causar dano químico, ou seja, a contaminação química do produto inviabilizando o mesmo ao consumidor final, além do risco de aplicação para o aplicador. O trabalho objetiva mostrar as principais formas e uso de controle das principais pragas de grãos armazenados. Palavras Chave: Fumigação. Insetos. Manejo integrado. Perda de alimentos. Control of stored grains plague: use and phosphide application Abstract: With the increase of the world-wide population many people are inevitable not to think about food consumption. Together with this demographic no agricultural production increase is remembered. The use of technologies and losses’ prevention helps in the food stocks’ maintenance. When many people speak in loss of grain production, which foods base of the world-wide population like wheat, rice, corn, soybean, bean and sunflower, a storage list of factors need to be made into account besides field factors. The warehouse has among much basic finalities to guard the product in the period when field cultivation is enviable, to increase the product quality and another important factor is that to take grain to warehouse and qualify the product in the list of market quotation. During the grain stay in the warehouse, be the product stored in sacks or in bulk, this product suffers several biological, mechanical damages and even chemical damage. In biological damages, the commonest thing is the damage caused by insects, besides to damage the proper grain they can damage also byproducts, like crumbs, pies, flours and corn meals. The severe attack of stored grain nuisances can cause damages of up to 78 % of the stored product, since when the increase allied to the nuisances caused by a increasing in grain water content result also in fungus incidence. The excessive control can cause chemical damage, in other words, the chemical product contamination makes similar damage to the final consumer, besides the application risk for the workmanship. The work aims to show the principal forms and control use of the principal nuisances of stored grains. Key words: Fumigation. Insects. Integrated handling. Loss of foods. 1 Revisão com finalidade acadêmica realizada na Faculdade Montes Belos (FMB) Professor e coordenador adjunto do Curso de Engenharia Agronômica da FMB 3 Professor orientador da Faculdade Montes Belos (FMB) 4 Coordenador do Curso de Engenharia Agronômica da FMB 5 Discentes do Curso de Engenharia Agronômica da FMB 2 Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 181 A. F. LIMA JÚNIOR et al. 1.0. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto da matéria prima, mas também de produtos Introdução industrializados. A produção brasileira de crescendo gradativamente, isso O crescimento demográfico grãos vem mundial é um dos principais fatores do crescimento se da da produção de alimentos, principalmente alimentos principalmente ao aumento das exportações não só base como arroz, feijão e milho. FIGURA 1 – Traça de produtos armazenados da ordem Lepidoptera. Fonte: CPT – Centro de Produções Técnicas, 2012. Com o aumento das últimas safras, a processo principalmente devido às más condições estocagem nacional ficou a desejar (Figura 1), não desses locais e a falta de capacitação dos acompanhou o crescimento da produção nacional, trabalhadores. Os grãos armazenados ainda sofrem com isso a economia fica em déficit principalmente problemas com teor de água acima do ideal, porque não se consegue segurar o produto para uma acarretando no surgimento de fungos e bactérias melhora do preço, coisa que países como Estados além Unidos conseguem fazer com sobra. armazenados (Figura 2). de problemas com pragas de grãos Além da deficiência de armazéns no Brasil, tem-se sofrido com problemas durante esse Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 182 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto Cryptolestes ferrugineus C. pusillus FIGURA 2 - Insetos que atacam diversos grãos armazenados. Fonte: Lorini (2005). Normalmente os graneleiros são estruturas Um dos controles mais utilizados para dotadas de equipamentos para receber, amostrar, pragas de grãos armazenados é denominado de coletar, secar, transportar e armazenar. Algumas fumigação que consiste no tratamento dessa massa unidades ainda mais completas conseguem: pré- de grãos através de um gás inseticida que processar e processar estes produtos. Dentro do normalmente é utilizado, o brometo de metila ou armazém um problema ainda hoje muito comum fosfeto de alumínio ou magnésio. As principais são os insetos (Figura 2), que podem estar alojados pragas de dano econômico são representadas pelos dentro dos armazéns ou ainda virem do campo. coleópteros como gorgulho, caruncho e besouros e Podem causar uma perda de ate 40 por cento dos pelos lepidópteros (Figura 3) representados pelas produtos armazenados tanto em armazéns a granel traças. como em sacaria. FIGURA 3 - Algumas espécies de pragas de grãos armazenados. Fonte: Santos (2012) Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 183 A. F. LIMA JÚNIOR et al. 2.0. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto Revisão de Literatura dosagens. Com o passar dos anos notou-se que as pragas começavam a apresentar dificuldades para a Os inseticidas utilizados ao longo dos anos sua eliminação. Iniciava-se o processo de apresentavam moléculas extremamente eficientes, “resistência” das pragas aos inseticidas (BAKKER, com resultados excelentes, inclusive em baixas 1993). FIGURA 4 - Parasitoide de ovo – larva, Chelonus insularis. Fonte: Ivan Cruz – CNPMS (2012). A presença da vespa Chelonus insularis foi parte de uma cadeia produtiva, como matéria-prima sempre verificada no Brasil. A ação de a fêmea para a indústria de alimentos, não mais devendo ser colocar seus ovos no interior dos ovos da praga, visto apenas como uma “comoditie”. Portanto, mas ao mesmo tempo permite a eclosão das dentro deste programa de controle de pragas de lagartas. No entanto, a lagarta parasitada não grãos armazenados tem - se que interagir todos os provoca danos significativos ao milho, pois ela aos conceitos de Manejo Integrado de Pragas, das Boas poucos vai sendo consumida internamente pela Práticas de Fabricação (BPF), Análise de Perigos e larva da vespa. Pontos Críticos de Controle (APPCC), entre outros, O controle ou Manejo Integrado de Pragas levando-os para as plantas de armazenamento e (Figura 4) se apresenta como um processo processamento de grãos, de modo que os benefícios coadjuvante, em que medidas auxiliares são serão visíveis, sejam no plano econômico, seja no inseridas no controle das pragas e, a utilização dos plano das perdas, propriamente ditas (BANKS & inseticidas passa a ser uma etapa interveniente neste ANNIS, 2001). processo, não mais fator essencial. Com efeito, para sustentar um programa de controle de pragas em grãos armazenados, assumir que os mesmos fazem Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 184 A. F. LIMA JÚNIOR et al. 3.0 3.1. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto Técnicas de Controle de Pragas em mortalidade dos insetos em todos os seus estágios Grãos Armazenados de desenvolvimento. Os inseticidas fumigantes por Fumigação apresentarem características de excelente expansibilidade e, em muitos casos, não deixarem Modernamente, os fumigantes são conceituados resíduos tóxicos, são uma eficiente solução para o como substâncias químicas que, a uma determinada controle das pragas. “A fumigação (Figura 5) é o temperatura e pressão, podem se apresentar no único método curativo de controle de pragas” estado gasoso e, se utilizado em concentrações (ANNIS, 1999). adequadas e exposição suficiente, provocam a FIGURA 5 - Grãos protegidos por plásticos sendo tratados por inseticidas fumegantes. Esta fumigação esta sendo realizada em grãos com produto de princípio ativo de fosfina. Fonte: E2 Serviços Ltda (2012), Leite e Nascimento (2012). No Brasil, em razão dos registros existentes, produtos, ainda assim, desde que aplicados por junto aos organismos competentes, apenas a Fosfina empresas credenciadas e com acompanhamento de (Figura 6), produto denominado de fosfito de Responsável Técnico, convenientemente treinado alumínio e fosfito de magnésio, então devidamente para autorizados para a fumigação em grãos e outros CALDERON, 1980). manipulação e uso (NAVARRO & Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 185 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto FIGURA 6 - Produto, dentre vários, usado para fumigação comercialmente denominado de Gastoxin, tendo como princípio ativo a fosfina. Fonte: BEQUISA (2012). Para um eficiente controle dos insetos que na forma gasosa expender-se-á por todo o espaço do atacam os grãos armazenados através do processo local ou o volume de produto a ser tratado. O de fumigação, independentemente do tipo de cálculo da dosagem é sempre em m³. A Fosfina ou fumigante, deve-se ter o controle de três fatores seja o fosfito de alumínio é usado na dosagem de básicos (Quadro 1) e de extrema importância como 2,0 g de Fosfina/m³. A vedação, por sua vez, é o dosagem, vedação e tempo de exposição. A principal fator a ser considerado na estratégia da dosagem, estabelecida pelo fabricante, deve sempre fumigação, uma vez que ela garantirá a dosagem levar em conta a cubagem do local ou produto a ser recomendada (BOND, 2000). fumigado, uma vez que o inseticida apresentando-se Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 186 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto QUADRO 1 - Característica da fosfina cuja variação de pastilha por volume de semente varia de acordo com o produto, geralmente aplica-se 2 pastilhas por cada m3. Fonte: Wikipedia (2012). É importante ressaltar que problemas como vedação, sem fumigação”. Não existe fumigação possíveis deficiências na vedação, a exemplo do uso mais ou menos. Aliás, a fumigação inadequada tem de lonas inadequadas, diferentes tipos de grãos, levado as pessoas afirmarem que o processo não efeitos de temperaturas, tipos de insetos, níveis de elimina as formas de ovo e pupa dos insetos, além infestações, em de estarem levando esses mesmos insetos a criarem interferências no resultado da fumigação, jamais mecanismos de defesa como a “resistência”. Por deverá ser compensado pelo aumento ou redução da outro lado, o tempo de exposição, essencial para dosagem determinada pelo fabricante. Para correção que o inseticida em sua forma gasosa, expanda-se destes problemas, em sua grande maioria das vezes no interior das “câmaras de expurgo”, atinja o sobre o ajuste do tempo de exposição. Embora, em interior dos grãos e seja aspirado pelos insetos, em outras ocasiões a fumigação não é recomendada, todos como em casos de temperaturas inadequadas e permanecendo a determinadas concentrações letais impossibilidade de vedação (BAILEY & BANKS, para que permita a mortalidade destes insetos. 1980). Portanto, é imprescindível o cumprimento do tempo etc, que venham constituir os estágios de desenvolvimento, Como foi referido anteriormente, problemas mínimo de exposição, sobretudo quando existirem de vedação nunca serão corrigidos, quer pelo condições que demandem maiores cuidados, a aumento da dosagem, quer pelo aumento do tempo exemplo de temperaturas inadequadas, tipos de de exposição. A regra é: “Sem possibilidades de insetos e níveis de infestações (BOND et al., 1999). Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 187 A. F. LIMA JÚNIOR et al. 3.2. Periodicidade da Fumigação Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto residual, garantindo a proteção dos grãos por períodos maiores (BROOKER et al., 1992). Considerado como um dos grandes atributos Cabe advertir que a aplicação de inseticidas da fumigação, a isenção de resíduos tóxicos nos protetores, como são conhecidos, devem obedecer a produtos fumigados, torna-se condição limitante critérios legais de registro, dosagem e períodos de para o controle das pragas em grãos armazenados carência, por longos períodos, tendo em vista que ao término diretamente sobre os grãos podem contaminá-los da operação estes produtos fumigados estão (CALDERON & NAVARRO, 1999). Algumas novamente suscetíveis às reinfestações. Neste caso, firmas é necessário, quando for possível, complementar a conhecidas e boas parceiras para informações de operação de fumigação através de pulverizações ou pesquisa e orientação como a BEQUISA – A atomizações de inseticidas na forma líquida, que Company of Degesch Group (Quadro 2 abaixo). uma vez comerciais que, são quando aplicados internacionalmente apresentem em sua formulação uma ação de efeito Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 188 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto QUADRO 2 - Produtos fumigados com uso registrado no Brasil. Fonte: BEQUISA (2012). Os períodos de reexpurgos variam com os indisponibilidade de tempo. Ressalta-se, entretanto, procedimentos de controle e medidas integradas a que a fumigação nessas estruturas permite um esse processo. Porém, experiências e práticas têm eficiente controle dos insetos e, em muitos casos, de demonstrado que em silos, armazéns graneleiros e roedores, além de não armazéns convencionais, as fumigações devem ser acidentais (CHRISTENSEN & repetidas a cada 120 dias, podendo haver casos em 1969). gerar contaminações KAUFMANN, que esse período se estende por prazos maiores, ou mesmo menores (CHAMP & DYTE, 1998). 3.3. Técnicas de Fumigação Indústrias de alimentos, moinhos, entre outros tipos de atividades, restringem ao máximo as Seja pelo uso da Fosfina, ou do Brometo de operações de fumigação, sobretudo pela razão da Metila liberado por países como EUA, as técnicas Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 189 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto de fumigação são muito similares, variando como para o fosfito de magnésio observar outras naturalmente a dosagem e o tempo de exposição. condições, tendo em vista as características Como regra geral pode-se indicar as seguintes diferentes do produto em relação ao fosfito de condições (Quadro 3) para ambos os inseticidas alumínio. QUADRO 3 - Tempo em horas de exposição à fumigação de acordo com a temperatura. Fonte: Rezende (2012). Inicialmente, realizar o diagnóstico do local cuidados adicionais também devem ser observados e do produto a ser fumigado, tendo em vista avaliar em silos metálicos, tendo em vista a vedação das as possibilidades de vedação, identificação e chapas que, em razão da movimentação mecânica quantificação das pragas presentes, bem como do material e ressecamento da massa de calafetação, determinar volume e a quantidade de fumigante a não permitem uma boa vedação. Esse mesmo autor ser utilizado. Definir a equipe de trabalho, distribuir recomenda que se deve iniciar a aplicação do EPIs – Equipamentos de Proteção Individual e as fumigante. respectivas responsabilidades e atribuições de cada convencionais, o produto será aplicado no perímetro um, a ser desempenhada durante o serviço. Iniciar o externo, considerando o maior número de pontos de trabalho com a colocação das lonas, previamente aplicação, tendo em vista facilitar sua expansão e checadas quanto à existência de furos e rasgos. A distribuição. Em silos e armazéns graneleiros, seguir procede-se a colocação das “cobras de areia”, aplicar 20% da dosagem total nos dutos de aeração tomando os cuidados necessários quanto à vedação e de descarga e, os 80% restantes, distribuir sobre a da câmara de expurgo (CUPERUS et al., 2001). massa de grãos (FARONI et al., 1995). Contudo, no caso de armazéns No caso de silos e armazéns graneleiros ter Terminado o serviço, conferir a vedação, cuidados especiais em todas as saídas de ar, como fixar “bandeira de sinalização”, especificando o dutos de aeração e de descarga, ventiladores e fumigante utilizado, data e hora do início e término exaustores, além de observar fendas e fissuras nas previsto da fumigação, nome do responsável técnico paredes e pisos das estruturas, adotando medidas de e telefones de emergência (diurno e noturno). correção (FARGO, 2009). Adiciona ainda que Passados dois a três dias do início do serviço é Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 190 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto interessante uma visita de avaliação para identificar retirada da lona, tomando cuidados para evitar possíveis pontos de vazamento de gás. Para esta acidentes, uma vez que a concentração está muito operação poderá ser utilizado papel de filtro elevada, retirando-se as cobras, remover a lona e o embebido em solução de nitrato de prata a 10% ou, produto utilizado (Figura 7). O processo de descarte equipamentos específicos para medição de gases desse produto deve seguir as recomendações (FIELDS & MUIR, 1996). expressas do fabricante (SINGH & FINNER, 2003). Conforme os mesmos autores, quando encerrado o tempo de exposição, proceder-se á a FIGURA 7 - Apresentação de uma pulverização realizada por um profissional com todos os implementos de proteção. Fonte: SESI, SESC... 3.4. Pulverização ou Atomização inseticida da fumigação contra possíveis reinfestações (DELL'ORTO & ARIAS, 1995). Diferentemente da fumigação, onde o O mercado oferece diferentes tipos de inseticida, na forma de gás alcança as pragas em inseticidas, inclusive alguns com ação desalojante, todos os locais, eliminando-as em todos os seus tendo em vista sua alta tensão de vapor. A escolha estágios de desenvolvimento, sem deixar resíduo desses tipos de inseticidas requer conhecimentos tóxico, os tratamentos com inseticidas líquidos, das limitações de cada grupo e molécula, seja em quando apresentarem efeitos residuais sobre as função da espécie de inseto a ser controlado, do tipo pragas, trazem o benefício de prolongarem a ação de material que será tratado e períodos de carência (DENMEAD & BAILEY, 2006). Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 191 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto A exemplo dos fumigantes reitera-se que a mesmo período de tempo. Desta forma, uma dosagem estabelecida pelo fabricante não deve ser pulverização ou atomização logo após a fumigação alterada. A aplicação dos inseticidas na forma em toda estrutura de armazenamento e de líquida pode ser feita mediante o sistema de processamento, além do produto fumigado. Durante pulverização ou da atomização. Essa última opção a aplicação observar cuidados maiores em fendas e se apresenta como mais eficiente, na medida em que trincas (Figura 8) existentes nas paredes e pisos, o alcance é maior, com menos desperdício de calda, local de abrigo para as pragas (DUNCAN et al., além de cobrir uma maior área de tratamento no 1972). FIGURA 8 - Fendas e escapamentos comuns que ocorrem nos implementos e nas peças de estruturas nos locais de fumigação. Fonte: Venenobier, 2012. Toda a estrutura de armazenamento e de marca é constituída de uma ficha que contem o pais processamento deve ser tratada. A periodicidade de origem, para o Brasil consta BR. O tipo de mínima destes tratamentos deve ser regulado a cada tratamento, hidrotérmico (HT) ou tratamento com 30 dias. Porém, a avaliação semanal determinará brometo de metila (MB), deve ser anexado ao corretamente a necessidade ou não de novas número de registro da empresa expedido pelo intervenções. Ministério Porém, vale ressaltar que os da Agricultura e Pecuária e praguicidas, segundo suas características químicas, Abastecimento (MAPA 196). Essa informação não apresentam instabilidades que anulam os efeitos deve ser redigida usando cores vermelha ou laranja inseticidas sobre as pragas (DYTE, 1991). mas deve ser em forma de carimbo bem explícita à Quando se trata de produto de exportação, as embalagens aceitas pelo International leitura para conhecimento rápido das autoridades Plant aduaneiras, bem visível e colocada o mesmo Protection Convention (IPPC) devem expor o tipo carimbo em dois lados do volume ou embalagem a de tratamento que a carga foi submetida com a ser despachada (ISPM, 2012). marca internacional aceita pelo Comitê Interino de Medidas Fitossanitárias, fiscalizada pela FAO. Esta Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 192 A. F. LIMA JÚNIOR et al. Controle de pragas de grãos armazenados: uso e aplicação de fosfeto FIGURA 9 – Carimbo utilizando para produtos de exportação tratados com produtos derivados da fosfina. Fonte: MAPA (196). 4.0. avaliação continua da qualidade do produto Considerações gerais armazenado. É notado a importância do processo de armazenamento de grãos, porém aliado ao mesmo 5.0. Referências bibliográficas vem as perdas excessivas causadas pelo ataque severo de pragas, ou pelo uso indiscriminado de produtos durante o processo de controle. Varias são as táticas de manejo para se evitar perdas durante o processo de armazenamento e a técnica mais utilizada é o processo de fumigação, que vem a ser ANNIS, P. C. Requirements for fumigations and controlled atmospheres as options for pest and quality control in stored grain. In: CHAMP, B. R.; HIGHLEY, E.; BANKS, H. J. (eds). Fumigation and controlled atmosphere storage of grain. Singapore: ACIAR, 1999. p. 20-8. o uso de produtos que através da liberação de um gás, que penetra na massa de grãos e por um determinado período de tempo consegue-se assegurar a população da praga, tanto formas BAILEY, S. W. & BANKS, H. J. 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Anais… Companhia Estadual de Silos e Armazéns, 1993. 522 p. de água no grão armazenado, qualidade do armazém utilizado. O uso de produtos como fosfeto de magnésio e fosfeto de alumínio é inevitável, porém para alcançar o sucesso no tratamento dos BANKS, H. J. e ANNIS, P. C. Conversion of existing grain storage structures for modified atmosphere use. In: SHEJBAL, J. (ed.). Controlled atmosphere storage of grains. Amsterdam: Elsevier, 2001. p. 461-474. grãos basta tomar seus devidos cuidados, como vedação da massa de grãos, período de carência e Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 193 A. F. LIMA JÚNIOR et al. BOND, E. J. Current scope and usage of fumigation and controlled atmospheres for pest control in stored products. In: CHAMP, B. R.: HIGHLEY, E.; BANKS, H. J. (eds). Fumigation and controlled atmosphere storage of grain. Singapore: ACIAR, 2000. p. 29-37. BOND, E. J.; ROBINSON, J. R.; BUCKLANT, C. T. The toxic action of phosphine. 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