HistóRia? - Grupo LET
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HistóRia? - Grupo LET
News A revista do Grupo LET Recursos Humanos N0 43 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | Ano 8 | www.grupolet.com CAPACITAÇÃO Uma 2ª chance para elas Veja como os cursos do Senac-RJ oferecem empregabibilidade para detentas — Pág. 14 POR DENTRO DO RH Segmento COSMÉTICO investe no networking para crescer – Pág.6 CAPA “RH vai subir no bonde da História?” Marina Quental (Raízen), Adriana Hasselmann (Light), Leyla Nascimento (ABRH-Nacional) e Luiz Augusto Costa Leite (Change), da esquerda para a direita, debatem, no Restaurante Zozô Rio, as perspectivas do RH para 2014 – Pág. 10 Entrevista Entrevista Especial Editorial Foto: Zuh Ribeiro / Army Agency Papo com o leitor “2014 – O ano encomendado para fazermos a História” Caros leitores, A respeito de nossa matéria de capa, pensamos que o RH em 2014 tem todas as chances de ter um “senhor papel”. Primeiro porque indiscutivelmente falta mão de obra no mercado. O RH vai ter que “cavar”. Basta citar o exemplo do Carnaval que tem uma gestão mais profissional a cada ano. Teremos também a Copa do Mundo, algo muito difícil de se fazer. As passeatas que se colocam contra o evento deveriam estar a favor. Porque estaremos em um quadro favorável mundialmente. 2014 trará um aprendizado muito grande a todos nós. Nós do Grupo LET, neste sentido, estamos prestando serviço a uma empresa do exterior que vai atuar na Copa do Mundo. Estaremos montando uma equipe de profissionais brasileiros que irão atuar junto à FIFA. Uma oportunidade única que vai gerar um legado. Sobre a maturidade do RH, no entanto, não estamos completamente prontos. RH vai amadurecer no empurrão, porque não terá muitas opções de fazer o que precisa ser feito. Temos quase que certeza de que as empresas brasileiras crescerão se forem inteligentes. Claro, há desafios mundiais. Há os desafios de nossa economia. Não estamos com uma gestão primorosa. Os índices econômicos estão iguais aos de oito anos atrás. Não melhoramos. Mas nós de RH temos tentado mostrar que muita coisa precisa ser melhorada, como as escolas, por exemplo. Em 2013 tínhamos a vontade de montar uma escola de capacitação, mas não nos foi possível. Ainda. Não há incentivo fiscal nenhum. E o Brasil perde com isso. A China, por exemplo, está fazendo um trabalho fantástico. Eles investem intensamente em escolaridade. Já o Brasil, está perdendo um pouco esta oportunidade. Não estamos sabendo investir. Entregar as Relações Trabalhistas, a Educação, a Justiça na mão de especialistas seria uma necessidade. Não temos nada contra partido político nenhum, mas as pastas deveriam estar com quem entende disso. Aqui no Rio fizemos esse dever de casa quando o Beltrame assumiu a Secretaria de Segurança. Evoluímos da água para o vinho! No que diz respeito à relação do RH com o topo da empresa, nossos convidados ao Restaurante Zozô Rio foram muito felizes em dizer que há empresas onde já se atingiu um patamar de excelência. Ou seja: o CEO já delega ao RH ações de caráter estratégico. Mas ainda há empresas que atuam no modelo antigo. Isto depende muito do nicho de mercado. Mas em todos os nichos os CEOs terão que ceder. Desafios à parte, podemos em 2014 dar um salto qualitativo grande. É difícil? Sim, muito! Mas na América Latina somos o país melhor posicionado para este salto. Temos um imenso potencial humano, mas precisamos trabalhar, nós de RH, se preciso for, três vezes mais do que fizemos nos anos anteriores. Valeu a pena esperar a primeira NEWSLET desse novo ano! Nossos cumprimentos e que você, leitor, seja muito feliz em 2014! Boa leitura! 2 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | Joaquim Lauria e Kryssiam Lauria Diretor Executivo e Diretor Adjunto do Grupo LET Recursos Humanos Nonono O Grupo Let Recursos Humanos parabeniza o Rio de Janeiro pela conquista do título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco! Expediente Grupo LET Recursos Humanos Membro Oficial Matriz – Rio de Janeiro (RJ) - Barra Centro Empresarial Barra Shopping Av. das Américas 4.200, Bloco 09, salas 302-A, 309-A – Rio de Janeiro – RJ – tel.: (21) 3416-9190 CEP – 22640-102 Site: http://www.grupolet.com Escritório LET – Rio de Janeiro (RJ) Centro – Avenida Rio Branco 120, grupo 607, sala 14, Centro, Rio de Janeiro (RJ), CEP: 20040-001 tel.: (21) 2252-0780 / (21) 2252-0510. Escritório LET – São Paulo (SP) Rua 7 de Abril, 127, Conj.42, Centro – São Paulo – SP – CEP:01043-000 – Tel: (11) 2227-0898 ou (11) 5506-4299. Escritório Juiz de Fora (MG) Rua Halfeld 414, sala 1207, Centro Juiz de Fora (MG) – Brasil - CEP: 36010-900 Tel: (32) 3211-5025 Escritório Belo Horizonte (MG) Rua São Paulo 900, Salas 806 e 807, Centro, Belo Horizonte - CEP: 30170-131 Tel.: (31) 3213-2301 Diretor Executivo: Joaquim Lauria Diretor Adjunto: Kryssiam Lauria Revista Publicação bimestral Janeiro / Fevereiro 2014 Ano 8 – Nº 43 Tiragem 2.000 exemplares Jornalista responsável (redação e edição): Alexandre Peconick (Comunicação Grupo LET) Mtb 17.889 / e-mail para [email protected] Diagramação e Arte: Murilo Lins ([email protected]) Foto da Capa: Alexandre Peconick Oportunidades: Cadastre seu currículo diretamente em nossas vagas clicando www.grupolet. com/vagas/candidato e boa sorte! Grupo LET nas redes sociais: Acesse nossas páginas no Facebook e no LinkedIn Impressão: Walprint Gráfica e Editora Ltda. Endereço: Rua Frei Jaboatão 295, Bonsucesso – Rio de Janeiro – RJ E-mail: [email protected] Tel: (21) 2209-1717 PARCERIA TOTAL Da esquerda para a direita, Marcio Soares, Iriano Alves, Elisabeth Matheus, Joaquim Duarte e Marcos Knibel Elisabeth Matheus Gerente de RH da Hiperbárica Hospitalar Foto: Alexandre Peconick “O valor do SORRISO como base para o trabalho de cuidar de gente (funcionários e clientes)” B rasiliense, radicada no Rio de Janeiro, 30 anos, ela ingressou na Hiperbárica Hospitalar há quase oito anos como recepcionista. A intenção de um dia atuar em RH foi ampliada quando entrou em contato com um ambiente de extrema tranquilidade, sem a pressão típica de outras instituições da área da Saúde. Inspirada pelo trabalho, Elisabeth Matheus cursou Gestão de Pessoas e em 2009 foi convidada pela direção a assumir o cargo de Gerente de RH. Um dos sócios, Marcos Knibel, reconhece que o ato de investir em Elisabeth que, em 2009, não tinha nenhuma experiência em RH, foi uma ousadia. “Faz parte da nossa filosofia fazer com que as pessoas cresçam dentro da própria empresa. Percebe- mos na recepcionista Beth um talento e paixão para assumir uma posição em RH”, destaca. Fundada há 15 anos pelos médicos e sócios Joaquim Duarte, Marcos Knibel, Iriano Alves e Marcio Soares, a Hiperbárica Hospitalar realiza o tratamento da oxigenoterapia hiperbárica que consiste na inalação de oxigênio a 100% em câmaras. Este procedimento reduz a necessidade de cirurgias mutiladoras, além de reduzir o período de internação e o emprego de antibióticos. Hoje a empresa conta com 60 funcionários em quatro unidades, Glória e Vicente de Carvalho, no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ) e Nilópolis (RJ). O case da Hiperbárica Hospitalar foi um dos vencedores de uma das categorias do Prêmio Ser Humano ABRH-RJ 2013. NEWSLET – De onde vem o seu prazer em lidar com gente? Elisabeth – Sempre gostei de lidar com pessoas e desde criança tinha prazer em tomar a iniciativa e agir com uma líder. Meu pai é militar e sempre transmitiu a importância de ter disciplina. Acredito que liderança também é algo passado de pai para filho. NEWSLET – Como foi o seu contato com os sócios da empresa no sentido de decidir “precisamos criar um projeto de RH”? Elisabeth – Já existia o setor que era liderado por outras pessoas. Até que eu recebi um convite em 2009 para assumir o comando de RH pela minha formação, credibilidade e confiança que os sócios tinham em mim. | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 3 Elisabeth – Fidelizar os clientes internos. Eu era recepcionista e já tinha um tipo de relacionamento com os colegas de trabalho. Mas em uma posição de liderança você precisa se destacar. E como fazer isto com pessoas que já privam de sua intimidade?! Este foi o primeiro foco. Consegui mostrar que exerceria o papel de líder, mas que continuaria a ser amiga deles. Deu certo. NEWSLET – É complexo conseguir profissionais para atuar em câmaras hiperbáricas? Elisabeth – Muito! Já que a OHB é um método de tratamento ainda pouco difundido em nosso Estado, temos que contratar pelo talento comportamental e treiná-los aqui. A minha maior dificuldade nas entrevistas não é técnica, mas sim identificar pessoas com um comportamento ideal de “cuidadoras de gente”. NEWSLET – Qual foi a primeira ação para lidar com este desafio? Elisabeth – A primeira foi a de ouvir os funcionários. Chamei os 50 (hoje são 60), um a um; identifiquei as dificuldades, as ideias e as propostas. Era preciso conhecê-los como profissionais. Porque até então os conhecia apenas como colegas de trabalho. Ao ouvilos, criamos alguns benefícios que podem parecer pequenos ao universo geral de RH, mas que fizeram enorme diferença para eles. Um exemplo: a dispensa programada. O funcionário pontual e que cumpre com suas metas recebe horas para utilizar em ações tais como estar com a família, ir ao médico ou fazer uma viagem. “Chamei os 50 funcionários, um a um; identifiquei as dificuldades, as ideias e as propostas. Era preciso conhecêlos não apenas como colegas, mas como profissionais” urgentes do nosso dia a dia. Além disso, damos suporte aos nossos funcionários em seus problemas pessoais, sejam financeiros, emocionais, sociais ou familiares. Nós abraçamos mesmo as questões. Já encaminhamos profissionais para tratamentos com psicólogos obtendo amplo sucesso na resolução de seus problemas. NEWSLET – Além de melhorar ambiente de trabalho as práticas de RH potencializam os resultados financeiros da empresa? Resposta de Marcos Knibel (sócio) – RH não é só para fazer festa. Mas esta festa precisa dar resultados financeiros. Todas as nossas práticas de RH, somadas, fazem hoje que nós sejamos, no Brasil, a empresa de OHB que faz o maior número de sessões anuais (em média 28 mil). Cada sessão demora duas horas. São 17 sessões diárias. Em cada sessão tratamos uma média de 10 pessoas. NEWSLET – E claro que vocês não param por aí... NEWSLET – Fale sobre a criação de ações lúdicas para envolver os pacientes... Como elas acontecem? Elisabeth – Não. Temos também o “Hiper Papo”, uma conversa mensal na qual fazemos uma pausa no trabalho a fim de refletir sobre as questões mais Elisabeth – Toda ação do RH, para dar certo, precisa que os funcionários absorvam a ideia e a realizem não por pressão, mas porque é natural. Dessa 4 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | forma, um grande número de ações promovidas para os pacientes são idealizadas pelos funcionários, que têm, no RH, um importante ponto de apoio. Uma enfermeira nossa trouxe, por exemplo, a ideia do torneio de can can. Houve baile de carnaval, que este ano já está sendo organizado pelos enfermeiros também. O RH organiza, dá a estrutura, dissemina e ajuda a motivar as pessoas para que esses eventos tenham sucesso. Os eventos unem pacientes e funcionários. Mais: geram, nos pacientes, a redução da ansiedade com o tratamento; aumenta neles o desejo de querer voltar à Hiperbárica. As ações lúdicas amenizam sensações de desconforto e sofrimento que poderiam ser geradas pelo tratamento. NEWSLET – De que forma os resultados obtidos com as primeiras ações deram força ao aprimoramento das práticas de RH? Elisabeth – O sucesso dos primeiros eventos lúdicos nos motivou a trabalhar com uma agenda de eventos que incluem as inovações. Os pacientes dão sugestões o tempo todo. E eles se encontram fora daqui também. Criaram uma família Hiperbárica. Tanto é verdade que, mesmo quando recebem alta, eles voltam para rever os funcionários e trazem presentes. NEWSLET – E a peculiaridade do como tratar o paciente na recepção...? Elisabeth – Denominamos esta prática como o “Hiper Sorriso”. As recepcionistas estão à disposição para que o paciente possa desabafar. Ela é treinada para cumprir a função dela e para dar a máxima atenção àquelas pessoas que estão ali na recepção. O RH as prepara para que sejam “um pouco psicólogas”. Os nossos pacientes são também recebidos pela enfermeirachefe e pelos médicos. Antes de entrar na câmara cada paciente já está esclarecido sobre tudo o que vai acontecer. Transparência faz muita diferença no trabalho da área de Saúde. “Ler é muuuito bom” “Como Dizer? A arte de Dar e Receber FEEDBACK”, de Eliana Pita, Qualitymark Editora Segundo a etimologia da palavra “Comunicar”, precisamos saber conviver uns com os outros. Para que isto aconteça sem problema nada melhor do que nos acostumarmos a “dar retorno” e “entender o retorno” que as pessoas nos dão. Nesse sentido, esta obra é um belo “café da manhã” antes de mais um dia de trabalho. Foto: Divulgação NEWSLET – Qual foi o primeiro desafio de seu trabalho em RH na Hiperbárica? Novo Dicas NEWSLET Cultura “Leve o CORAÇÃO para o TRABALHO”, de Alessandra Assad – Qualitymark Editora Alessandra nos inspira em, seu livro a encontrar uma luz no fim do túnel. Ela nos conta neste bate-pronto, porque mesmo diante de obstáculos não devemos perder a esperança em encontrar propósito e significado para nossas vidas. De bate-pronto com o autor ...até por isto, fazemos aqui três perguntinhas a Alessandra (autora) que muita gente gostaria de ver respondidas. E ela responde... Por que está difícil para muita gente encontrar propósito e significado no trabalho? A.A. - Porque são poucas as empresas que oferecem trabalho significativo. Enquanto as pessoas não encontrarem um propósito para o seu trabalho, nunca vai haver alinhamento entre os sonhos de cada um e os resultados que as empresas querem e precisam. As pessoas buscam entender que a automotivação de cada um tem tudo a ver com as variáveis talento, recursos, vontade, prazer, ambiente e reconhecimento. E é a soma de todas elas que leva o indivíduo a entender a sua missão de vida. As empresas do futuro, para serem competitivas, vão precisar oferecer ao indivíduo a resposta para as perguntas: que diferença esta empresa faz para a minha vida? Para a comunidade em que vivemos? Que legado vamos deixar para o mundo? Descobrir a diferença entre paixão pelo trabalho e amor pelo trabalho requer sofrimento? A.A. - Sim, porque envolve uma decisão emocional. É como fazer o que gosta e gostar do que faz. Quando você gosta do que faz você pode chegar a ser muito bom. Mas a longo prazo vai “operar no piloto automático” porque vai faltar algo precioso: o tesão de fazer aquilo tudo. Já quando você faz o que gosta, a dose de amor é tão grande e única que você sente que poderia fazer aquilo para o resto de sua vida. E as chances de chegar à excelência são muito maiores. Não há dúvida no amor. Na paixão, depois de um tempo, você passa a questionar quase tudo. E dói quando você descobre esta diferença, porque muitas vezes parece tarde para começar tudo de novo ou mudar de profissão para fazer aquilo que ama. Há pessoas que passam toda uma vida sem esta descoberta, ou porque não se importam, ou porque são frustradas, ou porque nunca descobriram o que realmente amam fazer. De que forma trabalhar com o coração é atalho para a inovação? A.A. - A inovação relaciona-se à capacidade das pessoas de se arriscarem, aprenderem novas habilidades e apresentarem novas ideias. A falta de amor acelera a zona de conforto dos indivíduos, que passam a não se importar com tudo o que foi executado. Começam a pensar no salário e nos benefícios e deixam de lado a diferença que eles podem fazer para o mundo por meio do seu trabalho. Quem coloca amor na execução vai pensar muito mais em como fazer para manter essa chama acesa por mais tempo, vai criar, errar, chorar e sorrir mais. Da “Sétima Arte”...para os RHs M yrna Brandão, jornalista especializada em Cinema e autora do livro “O Cinema na Gestão de Pessoas”, nos sugere nesta edição a reflexão sobre o filme “A Rede Social (The Social Network – 2010)”, de David Fincher. Segundo a jornalista, o filme aborda os bastidores da criação do Facebook e seu impressionante e vertiginoso crescimento. Mas não versae somente sobre a famosa rede e nem mesmo apenas sobre a Internet. O Facebook é pano de fundo para contar uma história que envolve muitos outros aspectos presentes no cotidiano do mundo corporativo e das nossas vidas. Para refletir: A jornalista Myrna Brandão Foto: Alexandre Peconick Entrevista Especial A tecnologia da comunicação através de redes sociais levou a uma reformulação do modo como pessoas vivem e se relacionam em sociedade, o que alterou também fundamentalmente os interesses corporativos. As mídias sociais criaram excelentes oportunidades para especialistas em marketing e comunicação de utilizar a ferramenta para ações de atração, retenção de clientes, reconhecimento de marca e outras. A utilização das redes possibilita redução do investimento em pesquisa e em estruturas físicas, definição do foco e minimização de barreiras geográficas e culturais. | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 5 Por dentro do RH Alexandre Peconick Da esquerda para a direita Renata Machado, Assistente de RH e Rita Valoura, Gerente de RH da Vizcaya Imagens dos colaboradores da Niely Cosméticos na fábrica em Nova Iguaçu (RJ) RH no Segmento Cosmético e NIELY COSMÉTICOS) Ansiedades, necessidades, práticas... O s desafios deles têm semelhança no que diz respeito a envolver pessoas no trabalho, sejam elas talentosas ou não, jovens ou não. Líderes de RHs do segmento Cosmético lidam diariamente com a questão de “como estimular pessoas a ter prazer em atuar em uma empresa onde realizam tarefas absolutamente rotineiras”. Além de dar asas à formação de um Grupo de RH, que decolou no final do segundo semestre do último ano (o CORH - Cosméticos RH), o Grupo LET, por meio desta publicação, inicia uma série de reportagens abrindo espaço aos anseios, necessidades e as práticas que vem sendo desenvolvidas por estas empresas. Nesta edição, outra similaridade: Amariles Bevilaqua, Gerente de RH da Niely Cosméticos e Rita Valoura, Gerente de RH da Vizcaya, têm nestas empresas suas estreias no segmento Cosmético; ambas movidas pelo desafio de criar uma nova área. 6 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | Segundo Amariles, a Niely tinha apenas um recrutamento e seleção e um departamento pessoal formalizados. A visão generalista desenvolvida em passagens pelo Hospital São Vicente de Paulo e a Unimed contribuiu para o convite. De imediato, implementou na Niely a ação de ouvir as pessoas que estavam faltando ao trabalho. Com elas, nada de coerção ou punição. “A intenção foi a de mostrarmos a todos que estávamos abrindo o nosso coração, fazendo-os perceber o RH como amigo deles e não como fiscalizador”, esclarece. Parece prática simples, mas ouvir 1800 pessoas, muitas delas atuando em linhas de produção, não é tão fácil. Cerca de 600 estão na fábrica, em Nova Iguaçu (RJ) e os demais nas três outras unidades da empresa que produz shampoos, condicionadores, desodorantes, óleos, tinturas (Cor&Ton) e silicones para cabelos. Mesmo com pouco tempo “de casa”, Amariles e a sua equipe de RH (14 colaboradores) já começam a colher os Foto: Divulgação (1ª PARTE – VIZCAYA Amariles Bevilaqua, Gerente de RH da Niely Cosméticos frutos desse trabalho. Foram instalados aparelhos climatizadores na fábrica, além de uma área para descanso com aparelho de TV. Mais: o café de manhã e o lanche tiveram seus menus aprimorados com mais frutas da estação, frios e pães. Mas só mudanças de ordem física, segundo a Gerente de RH da Niely, não são suficientes. Há apenas dois meses está sendo desenvolvido um trabalho de preparação dos gestores das áreas para que eles possam sensibilizar os colaboradores a participar e influir mais nas mudanças. “Com esses gestores fizemos um mapeamento identificando tudo o que eles sentiam falta em termos de treinamento; comunicação e espírito de equipe foram os problemas mais levantados”, revela Amariles. Para fomentar o espírito de equipe uma estratégia que acaba de ser colocada em prática é a das sessões de cinema. A primeira foi com a equipe da área de manutenção. Todos adoraram a oportunidade de parar para refletir em uma ação fora da rotina e que os transporta a outra realidade. “Estamos ainda esclarecendo que o RH não é aquele que detém as respostas, mas o que pode dar asas às soluções sugeridas por todos; e que o RH não trabalha para as pessoas, mas com as pessoas”, define Amariles. Criar uma nova cultura foi também um desafio estimulante para Rita Valoura desde quando ingressou na Vizcaya há quase 15 anos. À época não havia RH e o seu dever de casa começou por estabelecer uma estrutura gerencial, plano de cargos e salários e encarreiramento. “O presidente Odilon Diniz, que vinha da Shell com uma visão empreendedora, me deu autonomia para criar novas estruturas e lidar com novos desafios; isto me motivou muito a estar aqui até hoje”, admite Rita. Ela, que tinha vivido desafio semelhante à frente do Free Shopp (depois Brasif), vem consolidando a sua capacidade em lidar com novidades. Em um dado momento houve, por exemplo, a necessidade de comprovar junto à área Comercial o quanto RH poderia ajudá-los a atuar com mais eficácia. “Comecei a inserir a parte comportamental nas convenções de vendas para alcançarmos os nossos objetivos. Deu certo!”, lembra a Gerente de RH da Vizcaya. Vendedores envolvidos com os produtos é uma premissa para a organização cujo negócio atende pela distribuição da marca Vizcaya e de outras importadas como Mont Blanc e Versace. O RH, com estrutura enxuta (três colaboradores), cuida de 150 colaboradores e outros cerca de 400 entre terceirizados e prestadores de serviço. Segundo Rita o principal foco do RH, além de criar ações diferentes o tempo todo para envolveras pessoas é o de saber até onde essas pessoas querem chegar e ajudá-las a entender o que a empresar quer e pode fazer por elas. Neste mês de fevereiro está sendo implementada uma avaliação de desempenho por competências. Ainda em 2013 foi realizado um ensaio dessa ferramenta em um dos departamentos e o resultado, segundo Rita, contribuiu para a conclusão de que a avaliação não ajudaria apenas os colaboradores mas, de forma visceral, as lideranças de cada área. “O melhor ponto de todo o resultado passa pelo amadurecimento do líder de área; ele visualiza claramente o quanto o impacto de suas ações, se forem boas, pode melhorar a sua relação com os colaboradores”, destaca Rita. Para o sucesso do negócio é vital o casamento de expectativas. “Não adianta pagar um curso a um colaborador se isto não atender à sua necessidade”, exemplifica. Fotos: Divulgação Por dentro do RH Outro ponto chave para o RH na Vizcaya nesta boa relação com as áreas é o trabalho em conjunto com o Marketing para que as pessoas sejam conscientizadas do valor que é ser o representante de uma marca. “Os sócios da empresa querem desenvolver pessoas com o espírito empreendedor, que se sintam um pouco donas do negócio; por isto cultivamos isso”, acentua Rita. Com o apoio do Grupo LET, Niely, Vizcaya e outras organizações do segmento cosmético já sentiram em três reuniões realizadas que, ao unir forças, ampliam suas possibilidades de fazer diferente e agradar tanto ao público interno (colaboradores) quanto ao externo (consumidores). “Unidos temos tudo para deslanchar e desenvolver referenciais para a área; toda vez que vou às reuniões fico feliz pela motivação que vejo em minha equipe”, celebra Amariles da Niely. “É um momento inédito pelo qual lutei nos 15 anos que estou nesta empresa, precisamos perder de vez o medo de trocar e melhorar o nível da conversa”, sintetiza Rita da Vizcaya. Os mercados, de RH e de cosméticos, agradecem. Na operação de uma empilhadeira ou na festa de confraternização, os colaboradores da Vizcaya demonstram envolvimento com o ambiente de trabalho | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 7 Mercado Fotos: Site Sxc.hu Alexandre Peconick Saúde Foto: Site Sxc.hu Pequenos negócios proliferam em todos os mercados Cezar Kirszenblatt: mais de 20 anos de grandes serviços ao micro e pequeno empresário Competitividade É foco para as MICRO e PEQUENAS empresas E las representam, no Rio e no Brasil, de 96% a 98% do mercado, variando segundo critérios de faturamento e número de empregados. No estado do Rio existem 443 mil micro e pequenas empresas (MPEs), de acordo com o SEBRAE-RJ. Elas movimentam boa fatia da nossa economia e também são fortemente impactadas pelas políticas econômicas. Com a volatilidade do mercado prevista para 2014, o termo “Competitividade” vem caindo cada vez mais no jargão desses empresários. “A primeira coisa que se deve buscar como empresa é a sobrevivência, observando aquele ciclo crítico de dois a cinco anos de existência de empresa; depois o foco é na sustentabilidade e para isto, é preciso ser competitivo”, enfatiza Cezar Kirszenblatt, Gerente de Conhecimento e Competitividade do SEBRAE-RJ. O tema é tão importante que sua gerência traçou um cenário até 2030, com planejamento estratégico até 2022. visite o concorrente e saiba fazer a leitura correta daquilo que qualquer notícia possa impactar na sua atividade fim”, orienta. 2 – PLANEJAMENTO – Desenhe, descreva e organize o quanto de esforço, em quanto tempo e de que forma uma determinada meta deverá ser atingida. 3 – BUSCA PELA INOVAÇÃO – Isto não significa alta tecnologia ou custo elevado. Faça diferente o seu atendimento, o jeito de preparar e de entregar um produto. 4 – BOA SELEÇÃO DA EQUIPE – Atenção para a escolha daqueles que irão atuar em seu negócio. Em uma empresa com cinco, nove ou 15 empresários, a técnica e o comportamento deles terá muito mais influência no resultado final. 5 – FORMAR AS PARCERIAS IDEAIS – Os parceiros devem agregar valor. Terceirizados entram aqui. O parceiro deve somar, deve trazer algo que eu realmente preciso. Isto é importantíssimo para Mas o que significa essa palavra bonita: “COMPETITIVIDADE?”. Segundo Kirszenblatt, é muito mais do que chegar à frente. Fique atento a cinco dicas básicas do que é necessário para ser competitivo: 1 – MONITORAMENTO – Tomar conhecimento das coisas, acompanhar as tendências. “Internet não é tudo”, diz o Gerente do SEBRAE-RJ. “Saia de casa, Há o critério de faturamento. Até R$ 360 mil por ano, micro empresa; até R$ 3,6 milhões, pequena empresa. Já o MEI, o Microempreendedor Individual, vai até R$ 60 mil. Pelo número de funcionários, temos uma divisão: micro empresa (indústria – até 19 funcionários / comércio – até 9) e pequena empresa (indústria – até 499 funcionários/ comercio – até 299). 8 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | MPEs - Como são classificadas? ajudar a alavancar a competitividade em um pequeno negócio. Para prover Competividade às empresas o SEBRAE-RJ oferece cursos gratuitos, consultoria (gerencial ou tecnológica) e um manancial de informações necessárias àqueles que já montaram o seu negócio a respeito dos mercados que ele precisa atingir. Entre os 69 cursos ativos há desde Gestão Financeira, Marketing e Planejamento Estratégico, até Comércio Internacional, Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade, entre outros. “O pequeno empresário deve investir na gestão do seu conhecimento para estar cada vez mais apto a conversar com os seus clientes cujas solicitações podem ser as mais distintas possíveis”, argumenta Kirszenblatt. Gerenciar um negócio, entendendo as dinâmicas financeiras e fiscais é outro desafio para quem monta um pequeno negócio. O SEBRAE-RJ ajuda o micro e pequeno empresário a casar seus objetivos com os do mercado, por meio de consultorias gratuitas. Em 2013 cerca de 70 mil MPEs buscaram orientação no SEBRAE-RJ e mais de 160 mil empresas foram atendidas. As informações sobre MPEs e cursos podem ser obtidos no número do SEBRAE-RJ (0800 570 0800) ou pelo site www.sebraerj.com.br. O mercado atual é o da mobilidade. Trabalha-se de onde for possível. Assim, executivos (as) saem de casa com laptops, netbooks, carregadores, tablets e uma infinidade de itens na mochila. Contudo, carregar mochilas nas costas, em um longo prazo, traz danos irreversíveis à coluna. “Altera a postura, pode causar dores musculares e até desvio da coluna vertebral”, diz o Dr. Maurício Lebre Colombo, ortopedista do Hospi- Dois ALERTAS Para quem leva “o escritório nas costas” tal do Servidor Estadual, em São Paulo (SP). Além disso, as pessoas podem ter dificuldade de permanecer por longos períodos sentadas ou em pé. Dores recorrentes na coluna e não tratadas adequadamente podem irradiar para o tórax e a cabeça. Mais: gerar ansiedade e distúrbios psicológicos mais sérios. Segundo o Dr., a carga nunca pode ser superior a 15% do peso do executivo e o transporte deve durar curtos períodos de tempo. “Não é para ficar o dia todo com a mochila nas costas. Se for necessário, um modelo de rodinhas é mais adequado”, sugere. Um bom caminho para reduzir o excesso de peso é, se possível, adotar modelos de laptops mais leves, em torno de 9 polegadas e, claro, os tablets e celulares. Eles, fora do escritório, fazem perfeitamente o papel do computador convencional, com e-mails, acesso à internet e demais apli- cativos. “As pessoas tendem a carregar pesos excessivos e desnecessários e, por incrível que pareça, são poucos os que percebem isso e, de fato, tentam corrigir”, aponta o Dr. Outras dicas: • Escolha uma mochila que não exceda a largura do seu tronco e não ultrapasse a linha do seu umbigo. • A mochila deve ser carregada junto ao corpo, com alças que a fixem no abdômen e aos ombros. • O peso dentro da mochila deve ser distribuído de maneira equilibrada (pode ser feito com facilidade em mochilas que têm diversos compartimentos). Para quem se expõe ao calor excessivo Vivemos uma época na qual a sensação térmica ultrapassa, com frequência, os 40 graus. Neste panorama, danos sérios atingem o organismo, como fadiga térmica, insolação, desidratação e, para quem não se cuida de jeito nenhum, até a morte. Segundo especialistas, para tentar manter a temperatura estável, o corpo transpira e perde muito líquido, além de minerais como potássio e sódio. Por isso, a ingestão de ao menos dois litros de água por dia é fundamental. Beba mesmo quando não estiver com sede. Mas os sucos naturais de fruta, bem como a água de coco também ajudam a repor as perdas. Além de hidratar, a água transporta nutrientes entre as células, melhora a circulação sanguínea e evita a celulite. A desidratação pode também ocasionar desmaios, intoxicações, prisão de ventre e, nos casos mais graves, infecção urinária, cálculo renal e parada cardíaca. A insolação é o dano mais sério do calor excessivo, pois pode comprometer as funções dos órgãos vitais. As vítimas podem ser identificadas pelos sintomas aparentes da pele: seca, quente e avermelhada. Se não identificada de imediato, a insolação pode levar à morte. E atenção - dermatologistas asseguram: as pessoas de pele clara devem ter cuidado redobrado, pois elas nunca se bronzeiam, apenas queimam a pele. Outras dicas: • Evite bebidas que contenham cafeína, álcool e muito açúcar que aumentam a desidratação. • Use bloqueador solar, bonés e chapéus para minimizar os efeitos dos raios solares e tome banhos frescos. • Use roupas leves, largas e claras. •Se estiver na rua, visite prédios com ar-condicionado para aliviar a fadiga térmica. •Reaplique o bloqueador a cada três horas se estiver na rua e a cada duas se estiver na praia ou piscina. | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 9 Especial | Debate | Momento de RH Especial | Debate | Momento de RH Foto: Alexandre Peconick o Brasil está precisando são profissionais qualificados, e em grande quantidade. E, nesse ambiente, os líderes têm a responsabilidade de serem desenvolvedores e geradores de resultados. A cada dia os profissionais estão sendo mais desafiados a um aprendizado. Não temos condições de traçar um perfil desse líder, pois ele está tendo que lidar com situações muito novas e com todas as gerações juntas no ambiente de trabalho. Adriana Hasselmann Leyla Nascimento Marina Quental Luiz Augusto Costa Leite Perspectivas 2014 “RH vai subir no bonde da história?” D epois de passar a segunda metade do século passado agregando o viés comportamental à rotina operacional e a primeira década deste século investindo no aprimoramento de sua relação com o topo das decisões, RH parece assumir (ou pretende-se que assuma) em 2014 um papel de “parte” e não mais apenas “parceiro” do negócio. Será? Que papel é esse? Convidados por NEWSLET, Leyla Nascimento, Presidente da ABRH10 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | Nacional; Luiz Augusto Costa Leite, do Comitê Temático do CONARH e Diretor da Change Consultoria; Marina Quental, Diretora de RH Downstream da Raízen Combustíveis e Adriana Hasselmann, Gerente de Gestão de Talentos e Desempenho da Light aceitaram o desafio refletir e propor o que será o RH em uma economia com os desafios que se anunciam para 2014. Esse “time de talentos do RH carioca” se reuniu para um almoço e debate no Restaurante Zozô Rio (ver matéria na contracapa). Uma informação impactante ressaltada por Luiz Augusto ao final do encontro: no Rio de Janeiro temos R$ 200 bilhões de investimentos nos neste e nos próximos anos; que vão gerar 300 mil empregos, 280 mil são operacionais, 60 mil de nível técnico e 15 mil de nível gerencial. Que cuidados o RH deve atender tal demanda? Segundo ele, “focar na produtividade humana e não apenas na produtividade do trabalho”, ou seja, não apenas no lucro pelo lucro. Em pauta? Eles, vocês, todos nós. NEWSLET – O Brasil precisaria em 2014 chegar à maturidade de sua economia. Para que isto aconteça qual deve ser o conceito de atuação de um líder em RH em relação às pessoas e ao topo da organização? Leyla – Não acredito na maturidade da nossa economia em 2014. Os números e as decisões do governo nos dizem que será um ano de incertezas. No que diz à Liderança, considero muito difícil ser um líder hoje. O que Adriana – Sofremos no mercado a questão de não termos a oferta desejável. Assim, depois de recrutar, algumas vezes temos que preparar as pessoas para podermos admiti-las. Manter as pessoas talentosas é desafiante. Quem oferece um pouquinho mais já as atrai. Muitas não estão comprometidas com o que estão fazendo. Reter continuará sendo desafio em 2014. Com a escassez de pessoas preparadas para assumir a Gestão de Pessoas algumas empresas acabam valorizando mais o conhecimento técnico em detrimento ao comportamental. Mas as empresas têm um alto custo para que RH mantenha o equilíbrio entre a oferta e a demanda de mão de obra qualificada, uma vez que para cargos de chefia é necessário o mínimo de aptidão e conhecimento comportamental. Luiz Augusto – Estamos herdando em 2014 uma economia com indicadores ruins. Somos pouco produtivos em relação ao trabalho e à mão de obra. Em 2013 o nosso nível de emprego caiu em mais de 18% com relação a 2012, o que significa o fechamento de 1,1 milhões de vagas em postos de trabalho. O papel de RH em 2014 é preparar as pessoas para viver em um ambiente de maior contenção, passando informações realistas e não as envolvendo em aventuras. Marina – Não vou chamar esse momento de crise, mas saímos daquela “luminosidade” de três, quatro anos atrás, onde o Brasil era a bola da vez, para um momento em que as empre- sas precisam ganhar competitividade. E para isto acontecer temos que trazer inovação. RH deve em 2014 fomentar uma cultura a partir do topo da organização na qual os funcionários se sintam capazes de empreender. E para gerar cultura de inovação, a organização deve dar claros sinais de que há abertura para ouvir pessoas de todos os níveis hierárquicos, não apenas os que fazem parte da diretoria. Soluções para o negócios surgem de decisões compartilhadas. Há empresas que não dão muito esse espaço. Justamente no momento de revés econômico, aquele que for capaz de ousar e se posicionar melhor vai ter uma vantagem competitiva. NEWSLET – E como o empresário deve enxergar o papel da área de RH? Luiz Augusto – Há líderes mais conservadores que não dão importância à RH e há os desafiadores que dirigem empreendimentos cuja participação do RH se requer mais contributiva. Nesse sentido, condeno a expressão “Business Partners” como muitos se referem ao RH. Não somos “Business Partner”, mas “Business Parts”. Se eu não achar que sou parte do negócio terei dificuldade em interpretar quais são os objetivos do presidente e seus acionistas. Parceiros são unidades diferentes que se unem entorno de um objetivo. Enquanto o RH não se sentir “parte do negócio” a relação com a liderança será insuficiente. Adriana – Se o RH não estiver junto ao negócio, entendendo o planejamento estratégico da empresa, onde a empresa quer chegar, e desenvolvendo ações alinhadas a esse planejamento, ele morrerá. Irá ser rotina. E o RH não é rotina. Leyla – RH hoje é pauta da organização. A ABRH-Nacional, por exemplo, realiza um Fórum de Presidentes todos os anos. Em 2013 foram 114 das maiores organizações do Brasil. Ouvindo-os falar sobre o RH fiquei impressionada com a necessidade deles | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 11 Especial | Debate | Momento de RH Especial | Debate | Momento de RH radigma vamos continuar os mesmos daqui a 10 anos. NEWSLET – 2014 está sendo decisivo para a afirmação de uma classe emergente cada vez consumidora e exigente. Como RH pode “saciar” este consumidor? “OUSADIA” “CORAGEM” “PROPÓSITO” “TRAZER E FAZER DE FORA PARA DENTRO” “SOMOS CIÊNCIA?” em valorizar o papel do RH. E Eles falam como RH. Alguns até dizem: “Eu sou o RH da minha empresa!” Marina – Presidentes não precisam ter o nosso conteúdo e sequer nossos jargões, mas devem acreditar que pessoas são fundamentais para transformar uma organização. Luiz Augusto – Uma palavra forte em nossos grupos de discussões temáticas tem sido CORAGEM. O RH é um jogador no time da empresa como tantos outros. O problema é que nós temos receio de propor ideias novas ou até mesmo influenciar não só o CEO. RH precisa influenciar os pares; a diretoria e os gerentes. Por uma deformação de crescimento nosso, o RH tem uma grande dificuldade em “fazer o jogo do poder”. Política não é uma coisa ruim. Se não houver troca de influência continuaremos parados nas velhas discussões. Adriana – Tenho dúvidas se a média liderança “enxerga” o RH como 12 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | deveria. Por isto o RH precisa, antes de tudo, ser estratégico na forma de relacionar-se com as pessoas e saber negociar muito bem com todas as áreas da empresa e com a alta liderança. Marina – Entendo este argumento. Mas um RH que tem a sabedoria e capacidade de influência junto aos pares cria esse ambiente que se dissemina pela organização. Há situações, que se repetem em todas as gerências, para as quais o apoio do RH é imprescindível. E não podemos depender apenas de uma cabeça no RH com capacidade de influenciar. RH deve treinar outras pessoas. Luiz Augusto – Mas se RH continuar apenas como “o pregador missionário”, isto não nos levará a nada. RH deve construir uma segunda pele, adotando como um de seus pilares o foco no tema Educação. Cada pessoa da organização tem que ter um perfil educacional com metas definidas. Se não tivermos essa radical mudança de pa- Luiz Augusto – O último livro do Dave Ulrich, “HR - From Outside In” (“RH De Fora para Dentro”) coloca uma nova perspectiva de RH no sentido de buscar fora das organizações as informações e inspirações para o seu trabalho. Temos que pensar que, do lado de fora, em quem está interessado, em quem beneficia e em quem influencia a organização. E, a partir desse consumidor, tentar fazer a “viagem de volta”. Está na hora do RH absorver esses movimentos de rua e entender como trazer isto para dentro da organização. Marina – Essa fronteira do que “está dentro” ou do que “está fora” é cada vez mais tênue porque o funcionário também é um consumidor que forma opinião junto aos grupos dos quais participa. E amanhã esse funcionário pode ser fornecedor. As pessoas têm uma dinâmica intensa. Já se faz uma conexão forte em alguns RHs do “funcionário como construtor ou como um embaixador de uma marca”. E se ele se desliga da empresa, seja por qualquer razão, continuará carregando “a experiência daquela marca” para a sua vida. Leyla – O RH caminha e caminhará cada vez mais lado a lado com a Comunicação porque as pessoas trabalham esta imagem. Refletindo o que disse a Marina, hoje uma entrevista de desligamento é tão importante quanto o processo de recrutamento e seleção. A intenção é a de que, em sua saída, o funcionário leve uma boa imagem daquela empresa da qual ele ainda continuará como formador de opinião. NEWSLET – RH também deve se envolver mais com instituições acadêmicas? Leyla – Sim. Eu nunca vi as empresas tão dentro das universidades como estão atualmente. Adriana – Como temos pouca gente qualificada, devemos chegar primeiro às universidades. É uma corrida mesmo. Mas, por outro lado, eu não vejo os jovens tão dedicados à questão de estudar e entender o que é o RH ou mesmo o mercado de trabalho. Esse envolvimento não existia, mas ainda estamos bem distante do que é necessário e isto exige mudança de atitude das pessoas! Luiz Augusto – Os cursos de graduação tecnológica em Recursos Humanos que existem são os mais procurados no mercado. Segundo pesquisa da ABRH-Nacional, há hoje mais de um milhão de pessoas que atuam como RH no Brasil. Precisamos entender porque as pessoas escolhem a carreira de RH. Há desde as que sentem vocação até as que acham que vão ter emprego mais fácil. Leyla – Mas os cursos tecnológicos estão no viés equivocado. São generalistas demais. Precisam se aprofundar mais em certos temas. A ABRH-Nacional quer abraçar esta questão: precisamos urgentemente da criação de um curso de graduação em Recursos Humanos! Leyla – Hoje com essa “clientela” difícil de atrair e fidelizar, que são os alunos, a universidade também precisa dar ao aluno um contato maior com o mercado. E ela começou “a sair do seu muro” e a interagir com o empresário. NEWSLET – O que vocês pensam sobre a nova teoria que considera Recursos Humanos como “uma ciência” com todas as conotações e contornos que uma ciência possa ter? Leyla – Peter Cheese, Presidente do CIPID (Associação Londrina de RH), mostra que diante de todas as mudanças que ocorreram na economia e sociedade, o RH de fazer a transição de área profissional para uma ciência que contemple um aprofundamento que nos ajude a trabalhar a adequação do ser humano às mudanças que vem acontecendo em uma velocidade muito grande. Nós somos gigantes e ousados como profissionais de RH porque estamos mexendo com um grupo de pessoas que sofre um impacto tão grande que nem mesmo temos a dimensão do que é, seja nas pressões de trabalho, familiares, de direção de vida. Há um contexto que se desenha entorno das pessoas que o RH não percebe porque nos falta essa visão de vermos nossa área como uma ciência. Marina – Essa relação entre empresa e universidade mudou muito ao longo dos últimos anos. Há algum tempo íamos às universidades “vender” a nossa ideia e buscar mão de obra. Hoje os alunos querem entender o que aquela empresa vai fazer por eles. Deve haver um propósito. E a troca entre empresa e universidade é muito importante para que os produtos das empresas possam agregar mais valor à sociedade. Adriana – Sempre o RH foi ciência porque avaliamos como as pessoas se comportam em uma organização, dentro de uma cultura, as reações. De alguma forma, estamos estudando como aquele organismo funciona. De alguma forma isto é ciência. Adriana – Eles querem entender o que aquela empresa está planejando para os próximos anos e se eles, alunos, poderão estar envolvidos ou não nesses planos. Se não sentirem que podem ser envolvidos, não adianta empresa nenhuma ir lá. NEWSLET – No dia a dia com tantos processos, metas, prazos e pressões, dá tempo de dar uma parada, refletir, e olhar RH como ciência? Leyla – Será que não estamos pegando apenas um pedacinho, uma fatia, de cada um deles?! Adriana – Você tem que olhar. Porque todas as ações que vamos fazer terão profundas consequências, que devem ser avaliadas por diversos ângulos. Como as pessoas dentro da empresa, com determinada cultura e valores, irão reagir e ser impactadas em relação ao que está sendo proposto?! Isto requer estudo. Marina – RH é uma ciência complexa porque lida com relações humanas em um ambiente em transformação. Todos os componentes estão afetados. Há muita complexidade em alinhar pessoas com histórias de vida tão distintas aos valores de uma organização. Além disso, o que é sucesso para a minha empresa hoje pode não ser daqui a cinco anos ou menos. De que fontes a gente bebe, esta é a questão... Devemos construir o que é RH com visão de profissionais oriundos de várias áreas, Administração Psicologia, Engenharia... Comunicação e Marketing, por exemplo, traz profissionais fantásticos porque eles têm a visão sobre como conectar a marca com as pessoas. NEWSLET – É possível associar ciência à competitividade? Leyla – Claro que sim! Encarar RH como ciência nos dá um olhar mais aprofundado, podendo obter resultar resultados melhores, com pesquisas, teorias, especialistas. Precisamos juntar isto tudo e obter uma sistematização mundial, de forma objetiva, de fácil entendimento a todos os profissionais de RH. A partir do momento em que nos conhecermos melhor, as respostas aos desafios se tornarão mais fáceis. Luiz Augusto – Do ponto de vista da ciência, há uma questão em que RH precisa se afirmar: a da autonomia. Toda ciência tem uma postura que leva o profissional a dizer “isto eu não faço porque os fatos, pesquisas e experiências provam o contrário”; “isto não faço porque não está no meu nível de conhecimento”. Por outro lado há um respeito à autonomia profissional de RH. Autonomia é ciência. | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 13 Capacitação de detentas para o mercado Fotos: Alexandre Peconick Capacitação de detentas para o mercado Foto: Alexandre Peconick Do alto abaixo, da esquerda para a direita: Sueli, Ana Paula, Tatiana e Fabiana desenvolvem a criatividade no curso de Bijouteria Elas merecem uma 2ª chance... P or caminhos tortuosos que as levaram ao sistema prisional, mulheres acreditavam que esta situação poderia ser o fim da linha. Não era. Encontraram, por meio de cursos de capacitação profissional dentro dos presídios, uma porta aberta para a reconstrução; uma segunda chance de viver dignamente na sociedade, a mesma 14 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | que, em muitos casos, lhe negara esse direito. O Senac-RJ, em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária do estado do Rio de Janeiro (Seap), está oferecendo desde outubro de 2012 diversos cursos gratuitos em 11 unidades prisionais entre as quais o Presídio Nelson Hungria (exclusivo às mulheres), uma das 26 unidades prisionais do Com- O curso de Cabeleireiro devolveu a autoestima e vai contribuir para a empregabilidade futura de Sueli (à esquerda) e Cristiane (á direita) plexo de Bangu, onde esteve a nossa reportagem para dividir com nossos leitores histórias marcantes. Em 2013 já foram formados 800 detentos em cursos para garçom, estoquista, auxiliar administrativo, cabeleireiro, entre outros. Até o final de 2014 a expectativa é a de que o número chegue a 1500 em função da expansão do Projeto Liberdade Qua- lificada e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Com conteúdo e formato de excelência, seis docentes são responsáveis pelas 10 turmas que estão ativas, cada uma delas, com 25 alunos, totalizando 250 detentos, entre mulheres e homens, desde maio do ano passado. A primeira história que impressiona é a de Sueli da Conceição Marques, 44 anos, mãe solteira. Ela admite que antes de vir para o presídio sua única perspectiva era a do crime, dentro do tráfico de drogas, onde conseguia dinheiro para sustentar suas filhas. Na sociedade diz só ter encontrado pessoas que a colocavam no mal caminho. “A chance de ser alguém ganhei aqui; aprendi até a escolher as companhias e a mudar o vocabulário”, conta. O primeiro curso, de Cabeleireira, no entanto, foi, como ela reconhece, “apenas para sair da cela”. Um corte ali, uma escova acolá, uma orientação profissional entre o corte e a escova, porém, e ela foi se redescobrindo. Aos poucos percebia o quanto uma atividade profissional mudaria o seu horizonte de vida. “Hoje em dia em todos os cabelos que eu ponho a mão, o faço com amor e prazer. Isto foi uma conquista que o curso me deu. Antes de vir para cá não conseguia ter esse sentimento”, revela Sueli. Cabeleireira certificada pelo Senac-RJ, com diploma e tudo, Sueli mostrou na reportagem que já sabe fazer tudo o que os profissionais dos melhores salões de beleza fazem. Até auxiliar do professor ela já foi. A vida que tinha antes do presídio? Ela garante que ficou no passado. “Sei que para ganhar dinheiro temos que suar e que isto é digno”, avalia ela que pegou mesmo tanto gosto por aprender que também está fazendo o curso de Bijouteria. Por este motivo até já recusou ir para o regime semiaberto, direito que teria por já ter cumprido dois terços de sua pena. ”Neguei porque prefiro ficar aqui dentro trabalhando e me preparando melhor; lá fora eu não teria nada disso”, considera”. Com um sorriso tímido ela conta que já enviou o diploma para as filhas que dizem ter orgulho da transformação que a mãe delas alcançou. “Quando estiver lá fora quero trabalhar muito e aprender mais; afinal a oportunidade só bateu na minha porta uma vez e eu a abracei com força”, conclui. Cumprindo pena de sete anos de reclusão, Ana Paula da Silva Buenaga, 34 anos, solteira diz que jamais imaginou ser possível fazer um curso profissionalizante na prisão. “O tempo que a gente perde aqui dentro do Sistema não temos como recuperar, mas acho que vou sair daqui preparada para recomeçar do zero graças ao que aprendo nos cursos”, diz. Desde agosto 2012, quando entrou no Presídio, Ana Paula já fez os cursos de garçom e cabeleireira e atualmente está aprendendo a confeccionar bijouteria. Mas também se diz interessada nos de pizzaiolo e cabeleireiro. Assim que sair “do Sistema” ela pretende assumir uma oportunidade como garçonete. “Ser garçonete não é só segurar uma bandeja e sair servindo; aprendo que temos que ter um comportamento legal, simpático e carismático”, explica. Medo de preconceito? Com sinceridade no olhar, ela assegura não ter. “Quando você passa pelo sistema, acho que nenhuma barreira lá fora é maior do que isto aqui. Reeducamos a nossa mente para nos vermos de outra forma”, argumenta. Reeducar-se e superar grandes obstáculos. Esta tem sido há um ano e nove meses a rotina de Cristiane Dias de Oliveira, de 39 anos, mãe de quatro filhos e já avó de um neto. Antes de ser presa, ela era sócia de um salão de beleza na Rocinha. Indignada com sua situação atual, conta ter sido vítima de uma de suas clientes, responsável por esquema de prostituição em Copacabana. “Estou aqui sem saber de nada; fui esquecida na geladeira”, dispara. O início da reclusão foi de depressão total, à base de medicamentos. Sentia-se como se a vida houvesse desmoronado. “O curso de Cabeleireiro foi a melhor coisa que me aconteceu, pois me devolveu a vontade de querer viver e de querer fazer sempre melhor do que eu já fazia antes”, afirma Cristiane. Depois de conversar com a assistente social, ela venceu uma resistência e decidiu aproveitar, como ela mesma diz, cada segundo das oportunidades. “Quando vieram as folhinhas para inscrições nos cursos eu peguei todas; já conclui o de pizzaiolo e o de cabelereiro; foi muito gratificante tirar fotos e mostrar para a minha mãe”, conta. | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 15 Capacitação de detentaspara o mercado O professor Rogério Demétrio, do Senac-RJ, posa com suas dedicadas alunas do Presídio Nelson Hungria Os cursos também mexeram muito com a autoestima de Cristiane que atualmente não se considera mais uma injustiçada. “Eu não era para estar aqui; mas, por outro lado, o que eu não teria condições de fazer lá fora em termos de cursos estou realizando aqui dentro. É muito difícil você ter essa oportunidade e eu estou mostrando que mereço”, avalia. Com firmeza nas palavras que pronuncia e veemência no olhar, ela está confiante: considera que pode ser competente em qualquer empresa “lá fora” que lhe oferecer uma chance de reconstruir sua vida. Com otimismo, ela fecha os olhos e conta como imagina o dia em que finalmente reconquistará a liberdade: “para mostrar que também me tornei grande 16 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | pizzaiolo; quero fazer uma festa de pizza para os meus filhos”. Outra detenta que assegura ter plena consciência de estar turbinando o seu currículo é a mineira Tatiana de Assis Rabetin, 29 anos, e mãe solteira de dois filhos. Há três anos exatos no sistema prisional, ela afirma aguardar audiência para saber em quanto tempo poderá sair. Enquanto isso não acontece, ela já descobriu que tem talento para trabalhar em escritório ao fazer o curso de Auxiliar de Escritório. “Uma coisa legal daqui que aprendemos é como nos expressar em uma entrevista de trabalho e nos comportar na sociedade. O professor sempre nos diz que somos capazes de melhorar e que somos as melho- Foto: Alexandre Peconick “Se não dermos oportunidades a elas estaremos jogando contra nós mesmos”, diz Ana Paula Nunes, Gerente de Responsabilidade Social do Senac-RJ Foto: Divulgação Senac-RJ Capacitação de detentaspara o mercado res alunas porque nos entregamos nos cursos. Sabemos que podemos crescer muito mais do que imaginávamos”, considera Tatiana. A experiência de vida que ela teve a colocou em contato com pessoas sempre pessimistas, de mal com a vida. “Isto me fazia pensar que não era capaz”, lembra. Por meio do curso de Bijouteria, no entanto, ela sentiu que seu potencial criativo estava despertando. “Descobri que poderia criar coisas muito interessantes, colocando amor e carinho no que faço”, admira-se. Ter o Senac-RJ ligado ao seu nome, como acredita a carioca Fabiana Barcellos de Sousa facilitará a sua reintegração à sociedade. Antes de entrar “no Sistema”, ela atuava como repositora em um mercado, mas não se considerava profissional. “Aqui fiz o curso de Estoquista que me deixou mais preparada e confiante”, diz. Assim como suas colegas, Fabiana não parou por aí e já tratou de incluir mais cursos em seu currículo que já está em casa com as filhas. “A minha filha mais nova, Fabíola, de 10 anos, sabe que estou fazendo os cursos e me escreve dizendo que está estudando muito lá fora para um dia se profissionalizar também”, emociona-se. O trabalho da Secretaria de Administração Penitenciária do estado do Rio de Janeiro (Seap) em parceria com o Senac-RJ vem gerando muitos frutos, mas estes devem ser colhidos pela sociedade. É preciso, segundo Ana Paula Nunes, Gerente de Responsabilidade Social do Senac-RJ, vencer o preconceito. “Essas pessoas vão sair de lá (presídios) e se não dermos oportunidades a elas, estaremos jogando contra nós mesmos. O que o empresariado tem que entender é que o fim da violência depende deles também. Cada um tem a sua parcela. Estamos empenhados para que estas pessoas consigam estar mais bem preparadas, mas cabe ao empresariado abrir os olhos para isto”, alerta Ana Paula que atua neste segmento desde 2005 e chegou ao Senac-RJ em 2009 com a missão de Aula do curso de Pizzaiolo desenhar um grande trabalho de Responsabilidade Social. Jornalista pós graduada em Marketing, Ana Paula considera que para atuar nesta área “ter a intenção de fazer o bem” é muito pouco; é vital gostar do ser humano. Consciente de que o papel do Senac-RJ é apenas uma parte do processo ela faz um apelo aos RHs: “Cabe agora ao pessoal de RH das empresas abrir não apenas o seu coração, mas as sua mente. Coração, neste caso, é muito pouco. É preciso abrir a mente para entender um pouco mais este trabalho”, ressalta. Todo o trabalho de montagem dos cursos, segundo ela, seguiu um planejamento de excelência. Durante um ano, entre 2011 e 2012, foram mantidas conversações, visitados os espaços, avaliado o perfil da massa carcerária e mapeadas as posições do mercado em que essas pessoas teriam mais chances de serem admitidas, bem como o tipo de empresário disposto a oferecer oportunidades. Com relação aos alunos que devem fazer os cursos, a Seap observa os detentos e detentas que têm um bom comportamento. E a excelência incluiu também os melhores docentes. Rogério Demétrio que ministra aulas do curso para Cabeleireiro no Presídio Nelson Hungria está no Senac-RJ há 20 anos e mesmo assim confessa que, de início, ficou um pouco temeroso em entrar no Liberdade Qualificada. A empolgação das alunas, contudo, o contagiou por completo. “Quando chego para dar aulas, elas estão nas celas aguardando ansiosas com a blusa do Senac-RJ, apostila, o kit (secador, uma chapinha, um conjunto de escova e um conjunto de tesouras). Elas se envolvem ao perceber que conquistam elementos novos para se preocuparem mais consigo mesmas”, revela o professor. Mesmo já tendo participado de outros projetos de Responsabilidade Social do Senac-RJ, Rogério define esta experiência do Liberdade Qualificada como “única em termos de transformação de vidas”. “Tenho dois grupos de alunas e já sinto grandes mudanças; digo a elas que não quero saber o delito que cometeram. Estou aqui para mostrar a elas que existe uma coisa muito valiosa que é a nossa vida. E este é um trabalho de reconstrução de vidas”, sintetiza. Consciência do papel transformador do professor é vital, mas não suficiente. Selecionados “a dedo”, os Foto: Alexandre Peconick docentes devem entender a questão da segurança, sendo capazes, ao mesmo tempo, de se relacionar com as regras e com os alunos. Mais: precisa ter o “talento do acolhimento” e alto grau de sociabilidade. Pergunta comum: mas o que acontece com as alunas que completam os cursos e ganham certificados? Ana Paula Nunes informa que, embora não seja o papel do Senac-RJ fazer encaminhamento ao mercado, existe o chamado Click Oportunidades, um banco de talentos online do Senac-RJ do qual qualquer aluno já certificado por algum curso passa a fazer parte. “É muito importante destacar que qualquer um de nós, infelizmente, podemos um dia estar lá (sistema prisional) porque ninguém está impossibilitado de cometer um erro na vida. Mas o erro não pode acabar com a sua vida. Acreditamos que o ser humano precisa ter condições de reconstruir o seu destino”, reforça a Gerente de Responsabilidade Social do Senac-RJ. O trabalho do Senac-RJ, assim como o de todos os profissionais de Recursos Humanos passa pela preocupação da construção de grandes seres humanos. NEWSLET fez sua parte. | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 17 Nonono Seguranca Notas Acon Coluna Saúde e Segurança no Trabalho Foto: Reprodução Internet Foto: Site Sxc.hu Notas - Acontecimentos Nonono POR AGORA... De Alexandre Peconick “Obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais: UNIFICADO vai ficar mais fácil” *Vanessa de Paula A ideia de unificar o preenchimento de formulários obrigatórios que todos os anos precisamos entregar ao Governo Federal vai facilitar e muito também o trabalho daqueles profissionais que atuam com Saúde e Segurança no Trabalho. O eSocial traz como proposta atender aos vários órgãos do governo por meio de uma única fonte de informações. Vai ser uma baita economia de tempo ter que colocar todos aqueles dados uma única vez! E já está disponível online a todos nós uma espécie de treinamento para acertar quando tudo estiver valendo de fato – a partir de junho de 2014: o manual de utilização dessa nova ferramenta pelo endereço http://www.esocial.gov.br/doc/MOSversao1_1minuta.pdf. São orientações básicas que permitem ao empregador o cumprimento de algumas de suas obrigações de forma facilitada e bem intuitiva. O projeto eSocial é uma união dos órgãos e entidades do governo federal: Caixa Econômica Federal, Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Ministério da Previdência – MPS, Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. O Ministério do Planeja- 18 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | mento também participa do projeto, promovendo assessoria aos demais entes reunião dos diversos interesses de cada órgão e gerenciando a condução do projeto. No que diz respeito à área de Segurança no Trabalho, por exemplo, as empresas deverão informar o último ASO (Atestado de Saúde Ocupacional) emitido para o trabalhador (nome e CRM do profissional médico que atestou). E, a partir da entrada no eSocial, deverão registrar todo ASO que vier a ser emitido, para os empregados admitidos na vigência do projeto. Cada trabalhador terá as atividades que desempenha enviadas ao eSocial com a finalidade de cumprir o exigido no Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). O trabalhador que atuar em ambiente ou cargo exposto a agentes nocivos à sua saúde, deverá ter os riscos informados. Serão enviados inclusive os riscos ergonômicos e mecânicos, citados com seus respectivos códigos. A monitoração biológica dos trabalhadores que atuam com substâncias químicas também deverá ser enviada ao eSocial, junto com a informação do médico do trabalho que realiza o monitoramento. Com relação às condições diferenciadas dos trabalhadores, a infor- mação deve ser registrada com as seguintes numerações, podendo o trabalhador se enquadrar em mais de uma das condições: 01 – Insalubridade; 02 – Periculosidade; 03 – Fator de Risco; 04 – Membro do SESMT; 05 – Designado da CIPA; 06 – Trabalhador treinado para utilização de material de primeiros socorros; 07 – Autorizado a trabalhar em instalações elétricas; 08 – Autorizado a operar e intervir em máquinas e 09 – Responsável Técnico pela Segurança em Espaço Confinado. Para os equipamentos de proteção coletivo ou individual, o eSocial também requer esta informação de cada trabalhador, sua aplicação no ambiente de trabalho e o fornecimento ao empregado para reduzir o efeito dos riscos nocivos à saúde. Unindo a intensidade e a técnica de medição dos riscos, deverão constar as medidas de proteção aplicadas: EPC, EPI com o número do CA-Certificado de Aprovação. *Vanessa de Paula, é a Técnica de Segurança no Trabalho do Grupo LET Recursos Humanos e que nomeou o Grupo de CORH – Cosméticos Recursos Humanos. O evento contou com novos integrantes para o grupo fomentado pelo Comercial do Grupo LET Recursos Humanos. Grupo CORH debate “Remuneração” em seu 2º encontro O consumo no Brasil deve evoluir de R$ 2,2 trilhões em 2013 para R$ 3,5 trilhões até 2020, tendo o segmento Cosmético um up grade de 8,4%, segundo dados de pesquisa da Mercer Consultoria. A informação foi divulgada por Nelson Bravo, Consultor Sênior da Mercer em palestra na Vizcaya durante o 2º Encontro do Segmento de RH Cosmético, realizado dia 10 de dezembro Gestão de Talentos: o ponto crítico A gestão de talentos é considerada o ponto mais crítico por altos executivos em suas organizações. A conclusão vem de uma pesquisa inédita realizada pelo Boston Consulting Group ao final de 2013 que ouviu 1051 líderes de todos os continentes. A reportagem foi publicada no jornal Valor Econômico. No Brasil, cuja participação contou com 94 líderes, o desnível é mais acentuado porque além da baixa oferta de mão de obra envolve, sobretudo, o despreparo dos profissionais em prepará-la. Consultores Organizacionais terão curso no Rio O Instituto Brasileiro de Consultores de Organização (IBCO) dará início ao seu Núcleo Rio com o Curso de Desenvolvimento de Consultores Organizacionais e Gestão que acontece no Rio Business Center (no Centro) em cinco sábados, de 15 de março a 10 de maio. O curso destina-se a profissionais que já atuam em consultoria e àqueles que querem ter uma segunda carreira e tenha muito conhecimento em uma determinada área do conhecimento humano. Mais informações e inscrições em www.ibco.org.br <http:// www.ibco.org.br> ou pelo e-mail [email protected] . e-mails para esta seção [email protected] Política da Qualidade GRUPO LET 2014 começa com muito trabalho. Investindo sempre na melhora contínua de seu atendimento aos clientes, o Grupo LET reforça seu compromisso com todos, publicando nesta seção a nossa Política da Qualidade, abaixo: O Grupo LET Recursos Humanos se compromete a oferecer serviços com alto padrão de qualidade, visando aumentar a satisfação de nossos clientes, melhorando continuamente nossos processos de forma a garantir: • O atendimento aos requisitos do cliente • A eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade • A Perpetuação da LET no Mercado Na próxima edição publicaremos matéria mostrando um comparativo da evolução da satisfação dos clientes em relação ao atendimento do Grupo LET Profissional LET melhora continuamente sua percepção acerca da necessidade do cliente | 2014 | Janeiro / Fevereiro | 19 Foto: Raphael Medeiros Nonono Foto: Alexandre Peconick Carolina Serpa e Marilia Vieira (da esquerda para a direita): focadas no passo a passo da satisfação de seus clientes O requintado espaço do longe tendo ao fundo o morro do Pão de Açúcar Restaurante Zozô Rio Espaço e estilo certos para todos os gostos de EVENTOS CORPORATIVOS E O espaço localizado no piso superior do Zozô Rio também é muito usado para eventos de empresas 20 | Janeiro / Fevereiro | 2014 | Foto: Selmy Yassuda moldurado pelo belíssimo bondinho do Pão de Açúcar um espaço requintado e versátil, com cozinha de padrão internacional, se mostra cada vez mais ideal aos eventos corporativos: o Restaurante Zozô Rio. Há dois ambientes rústicos, inspirados pelo jeito de ser e receber do carioca, que podem ser utilizados em conjunto ou em separado (para eventos simultâneos). Segundo Carolina Serpa, Gerente de Marketing e Comercial, a casa pode receber, com conforte e qualidade, até 600 pessoas em eventos que vão desde um café da manhã, treinamentos, dinâmicas de grupo, palestras e festas de empresas com os mais diversos temas. Uma curiosidade do Zozô Rio é a Parede do Sincretismo, uma instalação colorida no interior do longe que traz 92 santos de todas as religiões, desde a igreja Católica, até candomblé e umbanda. Foi idealizada e confeccionada pelo conceituado cenógrafo José Possi Neto, irmão da cantora Zizi Possi. Organizações que buscam um quê de surpresa podem passar por aqui. Em evento do Zozô Rio nem o céu é o limite. “Gosto de conhecer o cliente e entender suas necessidades; dependendo do tipo de público da empresa e do foco do evento, tudo é adaptável, desde a culinária, passando pela decoração até a musica e a infraestrutura; para a qual também contamos com os nossos parceiros”, informa Carolina. Músicos como Lulu Santos e Paula Toller já se apresentaram no Zozô Rio que está no local, ao lado da entrada do bondinho, há seis anos. “Também podemos fazer intermediação para que uma empresa contrate músicos para o seu evento”, diz Marília Vieira, Produtora Executiva do Zozô Rio, que também é atriz. Ela diz que aqui é o ambiente ideal para empresas que desejam oferecer “um clima mágico” aos seus funcionários, clientes e parceiros. E os eventos tem trazido tanto retorno que a agenda da casa está sempre cheia. Recomenda-se entrar em contato com mais de um mês de antecedência para agendar qualquer tipo de evento. O segredo que dá suporte ao mais exigente padrão de qualidade está no subsolo do Zozô Rio: uma detalhada divisão de espaços gastronômicos, como uma padaria que fabrica pães de todos os tipos, açougue, setor de saladas, entre outros. Inovar e satisfazer gente o tempo todo são ingredientes que não faltam à mesa desta casa situada em ponto nobre deste Patrimônio Histórico da Humanidade: o Rio de Janeiro. SERVIÇO: Restaurante Zozô Rio Av. Pasteur 520, Urca, Rio de Janeiro (RJ) tel: (21)2542-9665 Para eventos – reservas pelos e-mails: [email protected] e [email protected] Horários de Funcionamento: Restaurante: de terça a domingo, não abre às segundas. Almoço (somente buffet): de terça a domingo, de 12h às 16h. Recomenda-se reserva para grupos de mais de seis pessoas. Jantar (apenas à La Carte): sextas e sábados, de 20h30 à 00h. Recomenda-se fazer reserva.
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