o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)
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o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO) Orlei Rofino de Oliveira Orientador: Prof. Dr. Jorge MadeiraNogueira Brasília-DF 2010 ii ORLEI ROFINO DE OLIVEIRA A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO) Dissertação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade de Brasília como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira Brasília-DF 2010 iii ORLEI ROFINO DE OLIVEIRA A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO) FOLHA DE APROVAÇÃO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia – Departamento de Economia da Universidade de Brasília como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente. Comissão Examinadora formada pelos professores: ____________________________________________ Dr. Jorge Madeira Nogueira Departamento de Economia – UnB ____________________________________________ Dra. Denise Imbroisi Departamento de Economia – UnB ____________________________________________ Dr. Pedro Henrique Zuchi da Conceição CEEMA – UnB Brasília, 25 de janeiro de 2010. iv ORLEI ROFINO DE OLIVEIRA A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO) BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira Departamento de Economia – UnB Profª.Drª. Denise Imbroisi Departamento de Economia – UnB Prof. Dr. Pedro Henrique Zuchi da Conceição CEEMA – UnB Brasília, 25 de janeiro de 2010. v Oliveira, OrleiRofino de A RELAÇÃO ENTRE A POBREZ URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa(GO) / Orlei Rofino de Oliveira. – Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação, 2010. 109 p. il Dissertação de Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente. Nogueira, Jorge Madeira. Orientador 1. Pobreza Urbana.2. Meio Ambiente.3. Assentamentos Subnormais.4. Degradação Ambiental.5. Políticas Públicas. 6. Lagoa dos Santos. 7. Programa Habitar Brasil/BID. CDU ___________ vi A Deus pelas oportunidades e pela força de sempre. A minha mãe, Júlia, pelo amor e por me ensinar que a educação é a melhor herança para um filho. A minha filha, Júlia Helena, pelo carinho e compreensão. vii AGRADECIMENTOS A Deus por iluminar o nosso caminho, ajudando-nos a vencer todos os obstáculos. A minha filha Júlia Helena, a Danielle, a minha mãeDona Júlia e a minha família, cujo amor, amizade e compreensão muito me animaram nas horas mais difíceis. Aos mestres por compartilharem os seus conhecimentos, colocando em nossas mãos ferramentas com as quais abriremos novos horizontes, rumo à satisfação de nossos ideais profissionais e humanos. Ao Professor Jorge Madeira Nogueira, pelos ensinamentos, orientação e conselhos durante o curso e a realização deste trabalho. Aos colegas do curso por ajudarem na superação das dificuldades e pela agradável convivência. Aos alunos e professores (Frederico, Luciana Pott e Valter Lopes) dos Cursos de Geografia, Gestão Pública e Pós em Gestão Ambiental da UEG pela participação nas pesquisas de campo. A Flávia, Shirley e Ana Paula do Centro de Usos Múltiplos, a Miriam Badin da Tendência Consultoria e Assessoria Social e a Pedro Ivo, Coordenador da UEM do HBB na Lagoa dos Santos (atual Prefeito de Formosa), pela atenção, pelas entrevistas e pelos materiais cedidos que muito contribuíram para a realização deste trabalho. Aos moradores do Bairro Lagoa dos Santos pela paciência e atenção em todos os momentos que a eles recorremos. Aos membros da banca examinadora pela atenção e disponibilidade em participar desse momento tão importante, de crescimento profissional, pessoal e intelectual. A todos aqueles que, sem ser mencionados, no silêncio, contribuíram direta ou indiretamente para a realização do presente trabalho. viii “As chances de os pobres das sociedades pósindustriais vencerem a miséria sem a ajuda do governo é a mesma que uma pessoa tem de erguer-se do chão puxando-se pelos cadarços do sapato”. Hebert Gans ix RESUMO Este trabalho faz uma abordagem sobre a relação entre a pobreza urbana e o meio ambiente, com o intuito de compreender de que forma a pobreza urbana afeta o meio ambiente e de que maneira a degradação ambiental resultante dessa pode contribuir para ampliar ainda mais a pobreza urbana. Por essa razão, escolhemos como área de pesquisa o Bairro Lagoa dos Santos no Município de Formosa (GO), já que a mesma apresenta as condições ideais para retratarmos tal problemática, pois ela se enquadra na categoria de assentamentos subnormais e foi contemplada pelo Programa Habitar Brasil/BID (HBB) através do Subprograma de Assentamentos Subnormais (UAS). A pesquisa foi realizada em duas etapas, a primeira em 2002, onde aplicamos um questionário com a finalidade de diagnosticar a situação do bairro antes da implantação do Subprograma de Assentamentos Subnormais. A segunda em 2006, nessa, além da aplicação do questionário para avaliar a situação do bairro após a implantação do subprograma, realizamos entrevistas com o coordenador da Unidade Executora Municipal (UEM) Pedro Ivode Campos Faria e com a coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária (TPC), Flávia Tourinho. Recorremostambémà literatura especializada buscando consolidar a relação existente entre pobreza urbana e a degradação ambiental; caracterizamos a Lagoa dos Santos, as condições socioambientais dos moradores, a percepção desses quanto aos problemas do bairro e o que fazer para solucioná-los; justificamos a implantação do Programa Habitar Brasil/BID, apresentamos as linhas gerais do mesmo e analisamos seus resultados na área de infra-estrutura e no trabalho de participação comunitária; fizemos ainda uma análise da situação do bairro e dos moradores após a implantação do programa e qual a percepção deles sobre as mudanças ocorridas; e, por último, apresentamos os resultados do HBBno que diz respeito ao combate à pobreza urbana e a contenção da degradação ambiental resultante dela na Lagoa dos Santos.Ao final do trabalho constatamos que a pobreza afeta diretamente o meio ambiente e o meio ambiente agredido implica em ampliação da pobreza nessas áreas. Percebemos também que, a revitalização do meio ambiente local ao seu estágio original não foi possível,mas, que através da implantação do programa garantiu-seo acesso da comunidade aos mais diversos direitos sociais constitucionalmente assegurados (habitação, saúde, segurança, educação e lazer), houve melhorias na qualidade de vida dos moradores e melhorias na qualidade ambientaldo bairro. Palavras-chave: Pobreza Urbana; Meio Ambiente; Assentamentos Subnormais; Degradação Ambiental; Políticas Públicas; Lagoa dos Santos; Programa Habitar Brasil/BID. x ABSTRACT This work is an approach to the relationship between urban poverty and the environment, in order to understand how urban poverty affects the environment and how environmental degradation resulting from this can contribute to further expand the urban poor. For this reason we have chosen the area of research a district called Lagoa dos Santos in the municipality of Formosa, (Goias/Brazil), since it presents the ideal conditions to portray this issue because it falls into the category of substandard settlements and was covered by the Programa Habitar Brasil/BID (HBB) by Subprogram Substandard Settlements (UAS - on Portuguese). The survey was conducted in two stages, first in 2002, which applied a questionnaire in order to diagnose the situation of the district before the implementation of Subprogram Substandard Settlements. The second in 2006, that, besides the application of questionnaires to evaluate the situation in the neighborhood after the implementation of the subprogram, we conducted interviews with the coordinator of the Municipal Executive Unit (UEM – on Portuguese) Pedro Ivo Campos Faria and the coordinator of the Working Community Participation (TPC - on Portuguese), Flavia Tourinho. Also appealed to the literature seeking to establish the relationship between urban poverty and environmental degradation; characterized the Lagoa dos Santos, the social and environmental conditions of the inhabitants, as to the perception of neighborhood problems and how to solve them, justify the implementation of the Programa Habitar Brasil/BID, we present the outline of it and analyze its results in the area of infrastructure and the work of community participation; has made an analysis of the situation of the district and residents after implementation of the program and what their perception of the changes, and, finally, we present the results of Programa Habitar Brasil/BID with regard to combating urban poverty and curbing environmental degradation resulting from it in the Lagoa dos Santos. At the end of the study found that poverty directly affects the environment and the environment assaulted implies expansion of poverty in these areas. We also realize that the revitalization of the local environment to its original stage was not possible, but that through the implementation of the program are guaranteed to the community access to the most diverse social rights, constitutionally guaranteed (housing, health, safety, education and leisure), there were improvements in quality of life of residents and improvements in environmental quality of the neighborhood. Keywords: Urban Poverty, Environment, substandard settlements, environmental degradation; Public Policy; Lagoa dos Santos, Programa Habitar Brasil/BID. xi LISTA DE SIGLAS APM Área de Proteção de Mananciais APP Áreas de Preservação Permanente BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Mundial BNH Banco Nacional de Habitação CEF Caixa Econômica Federal CELG Companhia Energética de Goiás CEM Centro de Especialidades Médicas CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e Caribe CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CUM Centro de Usos Múltiplos DI Subprograma de Desenvolvimento Institucional EN Escritórios de Negócios ER Entidades Representativas dos Beneficiários ESA Educação Sanitária e Ambiental FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas GER Geração de Trabalho e Renda HBB Programa Habitar Brasil/BID IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INSS Instituto Nacional do Seguro Social IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano MOC Mobilização e Organização Comunitária OMS Organização Mundial de Saúde xii ONU Organização das Nações Unidas PEA População Economicamente Ativa PEP Poverty-EnvironmentPartnership PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PMF Prefeitura Municipal de Formosa PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente SANEAGO Saneamento de Goiás S/A SFH Sistema Financeiro de Habitação TPC Trabalho de Participação Comunitária UAS Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais UCP Unidade de Coordenação doPrograma UEE Unidade Executora Estadual UEG Universidade Estadual de Goiás UEM Unidade Executora Municipal WRI World ResourcesInstitute xiii LISTA DE TABELAS Tabela 2.1. População Total e Distribuição por Sexos................................. 28 Tabela 2.2. Número de Famílias por Residências........................................ 34 Tabela 2.3. Tipo de Uso das Residências.................................................... 35 Tabela 2.4. Número de Cômodos por Residência........................................ 35 Tabela 2.5. Existência de Banheiro no Domicílio.......................................... 36 Tabela 2.6. Tipos de Paredes....................................................................... 36 Tabela 2.7. Tipos de Coberturas................................................................... 37 Tabela 2.8 Tipos de Pisos............................................................................ 37 Tabela 2.9. Origem da Água Consumida...................................................... 38 Tabela 2.10. Origem da Energia Elétrica........................................................ 38 Tabela 2.11. Destino dos Resíduos Sólidos................................................... 39 Tabela 2.12. Destino dos Resíduos Líquidos................................................. 39 Tabela 2.13. Renda Familiar em Salários Mínimos........................................ 40 Tabela 2.14. Nível de Escolaridade da População Adulta.............................. 41 Tabela 2.15. Nível de Escolaridade dos Chefes de Família........................... 42 Tabela 2.16. Tipos de Melhorias para o Domicílio.......................................... 45 Tabela 2.17. Prioridades de Investimento....................................................... 46 Tabela 2.18. Tipos de Melhorias para o Bairro............................................... 47 Tabela 2.19. Projetos Apoiados pela Comunidade......................................... 48 Tabela 3.1. Recursos Destinados ao HBB em 2006..................................... 53 Tabela 4.1. Estrutura Sexual dos Entrevistados........................................... 61 Tabela 4.2. Estrutura Etária dos Entrevistados............................................. 62 Tabela 4.3. Tempo de Residência no Bairro................................................. 62 Tabela 4.4. Profissão dos Entrevistados....................................................... 63 Tabela 4.5. Responsável pelo Sustento da Família...................................... 64 xiv Tabela 4.6. Nível de Escolaridade do Chefe da Família............................... 64 Tabela 4.7. Situação do(s) Chefe(s) de Família no Mercado de Trabalho... 65 Tabela 4.8 Renda Familiar em Salários Mínimos........................................ 65 Tabela 4.9. Famílias que Recebem Benefícios............................................. 66 Tabela 4.10. Tipo de Benefício Recebido....................................................... 66 Tabela 4.11. Imóveis com Telefone................................................................ 67 Tabela 4.12. Imóveis com Escritura................................................................ 67 Tabela 4.13. Número de Cômodos por Residência........................................ 68 Tabela 4.14. Número de Residentes por Domicílio......................................... 68 Tabela 4.15. Existência de Banheiro no Domicílio.......................................... 69 Tabela 4.16. Origem da Água Utilizada no Consumo Diário........................... 69 Tabela 4.17. Origem da Energia Elétrica........................................................ 70 Tabela 4.18. Destino dos Resíduos Sólidos................................................... 70 Tabela 4.19. Situação da Coleta do Lixo........................................................ 71 Tabela 4.20. Destino dos Resíduos Líquidos.................................................. 71 Tabela 4.21. Residia no Bairro Antes da Implantação do Programa.............. 72 Tabela 4.22. Lembrança das Obras Realizadas no Bairro............................. 73 Obras Mais Importantes para a Melhoria da sua Qualidade de Vida............................................................................................ 74 Tabela 4.24. Tipo de Benefício Direto Recebido............................................. 75 Tabela 4.25. Mudanças Mais Importantes na Sua Casa................................ 76 Tabela 4.26. Melhorou a Saúde da Família?.................................................. 77 Tabela 4.27. Principais Problemas/Dificuldades Existentes no Bairro............ 79 Tabela 4.28. O Que Poderia Ser Feito Para Solucionar Essas Dificuldades? 80 Tabela 4.29. Considera o Meio Ambiente Importante?................................... 81 Tabela 4.30. Melhorias Ambientais Mais Importantes.................................... 82 Tabela 4.31. Sabe da Existência do Trabalho Realizado no CUM?............... 82 Tabela 4.23. xv Tabela 4.32. O Que Acha do Trabalho Realizado no CUM?.......................... 83 Tem Conhecimento das Atividades Sobre o Meio Ambiente Realizadas pelo CUM?............................................................... 84 Tabela 4.34. Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) Dessas Atividades Ambientais?.............................................................. 85 Tabela 4.35. Tem Conhecimento dos Cursos de Capacitação Profissional Realizados no CUM?................................................................. 86 Tabela 4.36. Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) dos Cursos de Capacitação Profissional Realizados no CUM?........................ 87 Tabela 4.33. Tabela 4.37. Influi na Melhoria de Sua Renda ou da Família?....................... Tabela 4.38. Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer realizadas pelo CUM?................................................................ Você ou alguém de sua família participa ou participou de Tabela 4.39. alguma(s) atividade(s) cultural(is) e de lazer realizada(s) no CUM?......................................................................................... Tabela 5.1. Cursos de Capacitação Profissional Desejados Pelos Moradores.................................................................................. 87 88 89 97 xvi LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto 01 Centro de Especialidades Médicas Inaugurado em........................... 121 Foto 02 16° Comando Regional da Polícia Militar em Novembro de 2006..... 121 Foto 03 Quadra Poliesportiva Coberta em Novembro de 2006...................... Foto 04 2006Centro de Usos Múltiplos Inaugurado em 2004......................... 122 Foto 05 Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006.... 123 Foto 06 Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006.... 123 Foto 07 Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006.... 124 Foto 08 Espelho D’Água da Lagoa dos Santos em Novembro de 2006......... 124 Foto 09 Professores e Alunos do Curso de Geo da UEG Rumo à Lagoa...... 125 Foto 10 Grupo Chega ao CUM para dar início ao Trabalho de Campo.......... 125 Foto 11 Reunião no CUM antes de Iniciarmos a Aplicação do questionário.. 126 Foto 12 Aplicação do Questionário................................................................ 126 Foto 13 Aplicação do Questionário................................................................ 127 Foto 14 Aplicação do Questionário................................................................ 127 Foto 15 Aplicação do Questionário................................................................ 128 Foto 16 Aplicação do Questionário................................................................ 128 Foto 17 Aplicação do Questionário................................................................ 129 Foto 18 Aplicação do Questionário................................................................ 129 Foto 19 Aplicação do Questionário................................................................ 130 Foto 20 Aplicação do Questionário................................................................ 130 Foto 21 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 133 Foto 22 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 133 Foto 23 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 134 Foto 24 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 134 Foto 25 Desvio das Águas da Lagoa dos Santos........................................... 135 Foto 26 Desvio das Águas da Lagoa dos Santos........................................... 135 Foto 27 Dreno Construído PMF e Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas... 136 Foto 28 Dreno Construído PMF e Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas... 136 Foto 29 Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas da Lagoa....................... 136 Foto 30 Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas da Lagoa....................... 136 Foto 31 Lagoa dos Santos em 1997............................................................... 137 122 xvii Foto 32 Lagoa dos Santos em 2002............................................................... 137 Foto 33 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Chuvas............................ 138 Foto 34 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Chuvas............................ 138 Foto 35 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca................................ 139 Foto 36 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca................................ 139 Foto 37 Início das Obras do HBB/UAS em 2004............................................ 140 Foto 38 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 140 Foto 39 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 141 Foto 40 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 141 Foto 41 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 142 Foto 42 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 142 Foto 43 Vista área do Bairro Lagoa dos Santos............................................. 143 Foto 44 Vista área do Bairro Lagoa dos Santos............................................. 143 Foto 45 Senhora Cristina Paixão Beneficiada com uma NUH........................ 144 Foto 46 Senhora Cristina Paixão Beneficiada com uma NUH........................ 144 Foto 47 Senhor Eduardo de AraújoBeneficiado com uma NUH.................... 144 Foto 48 Senhor Eduardo de AraújoBeneficiado com uma NUH.................... 144 Foto 49 Senhor José de LimaBeneficiado com uma NUH............................. 144 Foto 50 Senhor José de LimaBeneficiado com uma NUH............................. 144 Foto 51 Senhor José BonifácioBeneficiado com uma NUH........................... 145 Foto 52 Senhor José BonifácioBeneficiado com uma NUH........................... 145 Foto 53 Residência da Sra. Valdete Gomes Beneficiada com CM................. 146 Foto 54 Residência da Sra. Valdete Gomes Beneficiada com CM................. 146 Foto 55 Residência da Sra. Carmem Beneficiada com CM............................ 146 Foto 56 Residência da Sra. Carmem Beneficiada com CM............................ 146 Foto 57 Residência da Sra. Teresa dos Santos Beneficiada com CM........... 146 Foto 58 Residência da Sra. Teresa dos Santos Beneficiada com CM........... 146 Foto 59 Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005.. 147 Foto 60 Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005.. 147 Foto 61 Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005.. 147 Foto 62 Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004 147 Foto 63 Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004 147 Foto 64 Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004 147 Foto 65 Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006............. 147 xviii Foto 66 Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006............. 147 Foto 67 Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006............. 147 Foto 68 Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006........................... 147 Foto 69 Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006........................... 147 Foto 70 Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006........................... 147 Foto 71 Aula de Futebol de Salão (02/06)...................................................... 148 Foto 72 Oficina de Teatro (09/05)................................................................... 148 Foto 73 Aula de Reforço Escolar (11/06)........................................................ 148 Foto 74 Curso de Artesanato (06/04).............................................................. 148 Foto 75 Curso de Artesanato (06/04).............................................................. 148 Foto 76 Curso de Cabeleireiro (05/05)............................................................ 148 Foto 77 Curso de Salgados (03/06)................................................................ Foto 78 Curso de Doces e Confeitaria (05/07)................................................ 149 Foto 79 Curso de Inclusão Digital (05/06)....................................................... 149 Foto 80 Curso de Informática (2007).............................................................. 149 Foto 81 Mutirão da Limpeza (04/06)............................................................... 149 Foto 82 Grupo Ambiental “Amigos do Meio Ambiente” (03/06)...................... 149 149 xix SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1 1. POBREZA URBANA E MEIO AMBIENTE: um marco conceitual..................... 8 1.1. Conceito......................................................................................................... 8 1.2. Crescimento demográfico, urbanização e meio ambiente............................. 14 1.3. Pobreza urbana: causa e consequência da degradação ambiental.............. 19 2. LAGOA DOS SANTOS: antes da implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS)........................................ 28 2.1. Identificação da área...................................................................................... 28 2.2. Meio físico...................................................................................................... 29 2.3. Histórico da ocupação da Lagoa dos Santos................................................. 31 2.4. Caracterização e condições dos domicílios................................................... 35 2.5. Perfil socioeconômico dos moradores........................................................... 40 2.6. Diagnóstico sócioambiental............................................................................ 43 2.7. Percepção e soluções quanto aos problemas do bairro................................ 44 3. PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DA LAGOA DOS SANTOS – PROGRAMA HABITAR BRASIL/BID – SUBPROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS SUBNORMAIS (UAS).................................................... 49 3.1. Programa Habitar Brasil/BID: características gerais...................................... 51 3.2. Infraestrutura.................................................................................................. 56 3.3. Trabalho de participação comunitária............................................................. 57 3.3.1. Mobilização e organização comunitária ............................................... 57 3.3.2. Educação sanitária e ambiental............................................................ 58 3.3.3. Geração de trabalho e renda................................................................. 59 4. LAGOA DOS SANTOS: pós-implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais......................................................................... 61 4.1. Perfil socioeconômico dos moradores........................................................... 61 4.2. Caracterização e condição das habitações..................................................... 67 4.3. Percepção dos moradores quanto às mudanças ocorridas após a implantação do Programa da Lagoa dos Santos............................................ 5. PRINCIPAIS RESULTADOS DO PROGRAMA HABITAR BRASIL/BID – 72 xx SUBPROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS SUBNORMAIS...................................................................................................... 90 5.1. Infraetrutura..................................................................................................... 90 5.2. Trabalho de Participação Comunitária............................................................ 94 5.3. Melhorias Sanitárias e Ambientais.................................................................. 97 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 99 REFERÊNCIAS........................................................................................................... 105 APÊNDICES A. Modelo de Questionário aplicado em 2002...................................................... 111 B. Modelo de Questionário aplicado em 2006...................................................... 115 C. Roteiro da Entrevista com Pedro Ivo de Campos Faria................................... 119 D. Roteiro da Entrevista com Flávia Tourinho...................................................... 120 E. Principais Obras Realizadas pelo HBB/UAS................................................. ... 121 F. Aplicação dos Questionários em Novembro de 2006...................................... 125 ANEXOS A. Mapa de Localização da Lagoa dos Santos..................................................... 132 B. Fotos da Lagoa dos Santos antes e depois da implantação do HBBUAS....... 133 C. Famílias Beneficiadas com as Novas Unidades Habitacionais........................ 144 D. Famílias Beneficiadas com o Cheque Moradia................................................ 146 E. Realização das Obras de Infraestrutura........................................................... 147 F. Trabalho de Participação Comunitária............................................................. 148 1 INTRODUÇÃO O fenômeno da subnormalidade habitacional encontra-se presente em todo o território nacional, principalmente no meio urbano, com destaque para os maiores centros urbanos do país. A questão da habitação e de acesso ao solo urbano é, sem dúvida, um grande problema nas cidades brasileiras. Os assentamentos subnormais não decorrem de um simples desequilíbrio entre a carente oferta de imóveis e uma vasta população consumidora, mas sim, de um quadro complexo de problemas sociais, econômicos e políticos, onde a questão distributiva da renda e da terra assume posição central (BALASSIANO, 1993). A cidade de Formosa não é um grande centro urbano brasileiro. Longe disso, é um município que de acordo com o IBGE (Censo 2010) conta com 100.084 (cem mil e oitenta e quatro) habitantes, sendo 92.035 (noventa e dois mil e trinta e cinco) habitantes na zona urbana e 8.049 (oito mil e quarenta e nove) habitantes na zona rural. Entretanto, grande parte dos problemas ambientais urbanos resultantes da pobreza, que afetam as principais cidades brasileiras, atinge também a cidade 1. O histórico da ocupação urbana é marcado pela especulação imobiliária. A ocupação urbana cartorial é maior do que a real, com parcelamentos registrados e não ocupados, apresentado alguns vazios urbanos. Outra característica é a inexistência de um planejamento urbano global para a cidade, pois os loteamentos foram projetados sem levar em consideração a estrutura dos parcelamentos vizinhos e os parâmetros urbanísticos mínimos utilizados em outras áreas. Cabe destacar, ainda, a diversidade de tipologias de ocupação urbana existentes, relacionadas com os momentos históricos da ocorrência dos diferentes loteamentos. Basicamente, podem ser consideradas as tipologias históricas, com lotes de formas irregulares e tamanhos generosos que são representadas pelo setor central e trechos do núcleo inicial; as tipologias intermediárias ou de transição, com lotes de formato mais regular e alongado e, finalmente, as tipologias de parcelamentos recentes, com lotes retangulares menores e quadras extremamente parecidas (FARIA, 2001). 1 O percentual de população urbana da cidade é altíssimo, 88,10% da população absoluta vive no meio urbano, índice superior ao da própria urbanização brasileira. 2 O reflexo imediato desse crescimento anômalo é o significativo número de moradias que se situam em assentamentos subnormais 2. A rápida e desordenada urbanização da cidade, aliada à especulação imobiliária, excluiu as famílias de baixa renda, impossibilitando-as de adquirir lotes para a construção de suas moradias, estimulando-as a ocupação de terrenos de propriedade da Prefeitura Municipal, da União e até de terceiros. É importante ressaltar que, no contexto geral da subnormalidade habitacional, além da insuficiência da renda mensal familiar, também devem ser considerados como fatos geradores daquele, as imperfeições da infraestrutura institucional e administrativa que influenciam negativamente no funcionamento do setor. A habitação condigna está relacionada, por outro lado, com a questão da acessibilidade ao mercado de trabalho e aos equipamentos públicos comunitários de educação, saúde e lazer, dentre outros, com a questão de infraestrutura urbana, especialmente o abastecimento de água, de energia elétrica, o esgotamento sanitário e a drenagem pluvial e, ainda, com a questão das condições físicas e espaciais da habitação. No que diz respeito às condições inadequadas das habitações, cabe ressaltar que as dimensões dos cômodos são geralmente exíguas, a iluminação e ventilação são deficientes, as instalações sanitárias são precárias e, finalmente, a estrutura física das moradias, em muitos casos, não oferece a segurança necessária às famílias. A existência de mais de uma família por domicílio em Formosa não é um fator preponderante, porém, foi constatado em alguns assentamentos, o que agrava o quadro acima descrito. Segundo Faria (2001), nos últimos 20 anos, Formosa foi alvo das seguintes invasões, localizadas dentro do perímetro urbano: a) Lagoa dos Santos – pertencente à Prefeitura Municipal; b) Bosque II – pertencente à União, localizada no terreno do Aeroporto de Formosa; 2 Assentamento habitacional irregular – favela, mocambo, palafita e assemelhados, localizado em terreno de propriedade alheia, pública ou particular, ocupado de forma desordenada e densa, carente de serviços públicos essenciais, inclusive em área de risco ou legalmente protegida (Programa Habitar Brasil BID, 2001). 3 c) Rifaina – pertencente à Prefeitura, localizada ao longo da Avenida Rifaina e o Aeroporto; d) Barroquinha – pertencente à Prefeitura, localizada no extremo norte da cidade, próximo à rodovia que liga Formosa ao Salto do Itiquira; e) Loteamento Imperatriz – de propriedade da Diocese de Formosa, localizado na região sul da cidade; f) Loteamento Vila Beneditina – também de propriedade da Diocese, localizado na região sul de Formosa; g) Jardim Oliveira – pertencente à Prefeitura Municipal, localizado na região oeste do município. Além dos fatos expostos anteriormente, outro fator que contribuiu para agravar ainda mais o problema habitacional no Município foi o rápido crescimento demográfico da cidade nas últimas cinco décadas. Segundo dados do IBGE (2000), a população formosense apresentou ao longo dos últimos cinqüenta anos variações substanciais. Na década de 50, as taxas de crescimento da população giravam em torno de 11% ao ano. Nas décadas seguintes, continuou havendo aumento substancial, porém as taxas de crescimento populacional começaram a declinar. Entre 1970 e 1980, por exemplo, a população passou de 28.874 (vinte e oito mil oitocentos e setenta e quatro) para 43.296 (quarenta e três mil duzentos e noventa e seis) habitantes, representando um taxa média anual de 4,13%. De acordo com o Censo de 1991, a população de Formosa era de 60.142 (sessenta mil cento e quarenta e dois) habitantes e a taxa de crescimento demográfico de 3,47%. Já a contagem de populacional de 1996 registrou uma população de 68.704 (sessenta e oito mil setecentos e quatro) habitantes, correspondendo a uma taxa de crescimento natural de 2,55% ao ano no período 91/96. Em 2000, segundo o Censo, a população total era de 78.651 (setenta e oito mil seiscentos e cinqüenta e um) habitantes e a taxa média geométrica de crescimento anual (1991/2000) era de 3,05%. Esse incremento demográfico é bastante significativo se levarmos em consideração a taxa de crescimento do país que girava em torno de 1,64%. De acordo com as Estimativas das Populações Residentes em 01 de julho de 2006, segundo os municípios, Formosa tinha 92.331 (noventa e dois mil trezentos e trinta e um) 4 habitantes (IBGE, 2006). Em 2010, o município chegava a 100.084 (cem mil e oitenta e quatro) habitantes (CENSO, 2010). Esse rápido crescimento demográfico foi acompanhado por uma acelerada urbanização, que supera o índice do Estado de Goiás e do próprio Brasil, como dito anteriormente. O índice de urbanização passou de 18% na década de 50 para cerca 87% no final da década de 90. Dos 62.982 habitantes identificados pelo Censo de 1991, 78,85% viviam na cidade. Em 1996, de acordo com a Contagem Populacional do IBGE, o percentual de população urbana era de 87,21%. No Censo de 2000 a população urbana do município atingia 88,10%. O Censo de 2010 revelou um índice ainda maior, ou seja, 91,96% da população formosense habita a área urbana do Município. Outro problema que não pode ser relegado a um plano secundário, até porque com certeza é o fator determinante da subnormalidade habitacional no município, é a pobreza, representada aqui pela precária condição de existência de parte significativa dos habitantes do município. Na cidade de Formosa, a maior parte da renda gerada é concentrada em uma faixa populacional muito pequena. Já a renda da maior parte das famílias da cidade encontra-se em faixas de rendimentos muito baixos. O somatório dos percentuais correspondentes às faixas de até um salário mínimo, de 1 a 3 salários mínimos, de 3 a 5 salários mínimos e sem rendimentos foi de 88,15%, conforme dados do IBGE (1991). Incapacitados de participar do mercado imobiliário formal, parte desse contingente populacional excluído acaba por ocupar áreas impróprias para a construção de suas casas, criando dessa forma os assentamentos subnormais. É visível a responsabilidade do poder público na ocupação dessas áreas. Numa avaliação sumária da participação institucional do Município na gestão do desenvolvimento urbano e habitacional, chega-se à conclusão que, ao longo dos anos, este foi omisso quanto à ocupação e uso do solo e, que a legislação vigente precisa ser atualizada e complementada, a fim de se buscar solucionar tal questão. Faz se necessário também a criação e implementação de políticas públicas municipais que possibilitem o combate à pobreza e a degradação ambiental, já que ambas caminham juntas. Em todo o mundo subdesenvolvido vivem mais de 1 bilhão de pessoas em situação de pobreza absoluta, a urbanização tem-se acelerado nesses países, 5 resultando assim, em graves impactos sobre o meio ambiente. Esses impactos são geralmente provocados pelas péssimas condições de vida dessas populações e, pelas pressões que as mesmas exercem sobre algumas áreas já bastante precárias do ponto de vista ambiental. As condições fisicamente precárias, típicas das favelas do Terceiro Mundo, agravam seriamente a vulnerabilidade dos pobres urbanos a um vasto conjunto de problemas de saneamento ambiental, notadamente, doenças transmitidas pela água, desastres naturais, especialmente, inundações e deslizamento de encostas, dentre outros. Segundo Leonard (1992) nessas “reservas de pobreza” geográficas, é sumamente urgente a necessidade de conciliar as estratégias antipobreza e de proteção ambiental. A interação entre pobreza e degradação ambiental deflagra um espiral ascendente de deterioração ecológica, ameaçando assim, a segurança física, o bem-estar econômico e a saúde de muitas pessoas. Foi nesse contexto que resolvemos realizar este trabalho. O objetivo é fazer uma abordagem sobre a relação entre a pobreza urbana e o meio ambiente, com o intuito de compreender de que forma a pobreza urbana afeta o meio ambiente e de que maneira a degradação ambiental resultante dessa pode contribuir para ampliar ainda mais a pobreza urbana. O presente estudo visa também: a) Caracterizar as condições sócio-ambientais dos pobres urbanos que ocupam a Lagoa dos Santos no município de Formosa, identificando de que forma a pobreza urbana afeta o meio ambiente local; b) Mostrar que a degradação ambiental é, também, um fator que contribui para aumentar ainda mais a pobreza no bairro; c) Analisar o Programa Habitar Brasil/BID (HBB) que têm contribuído para a contenção da degradação ambiental resultante da pobreza em várias cidades brasileiras e que foi implantado no Bairro Lagoa dos Santos em Formosa (GO). d) Conhecer a percepção dos moradores a respeito do HBB e avaliar os resultados da implantação dessa política pública no bairro. Partimos do pressuposto de que a pobreza urbana é uma das causadoras da degradação ambiental, ao mesmo tempo em que também é gerada por ela. Assim, entendemos que para solucionar esses dois problemas o caminho seriam políticas 6 públicas que ao mesmo tempo em que busquem a contenção da degradação ambiental associada à pobreza, também visem ao combate desta. É por essa razão que escolhemos o Bairro Lagoa dos Santos, uma típica área frágil (lagoa) que foi invadida e loteada, transformando-se então, num dos mais graves problemas ambientais associados à pobreza do município de Formosa, e também, por essa ser a área escolhida pela Prefeitura Municipal para a implantação do HBB. A proposta metodológica para o desenvolvimento desse estudo foi construída a partir de cinco eixos temáticos. Inicialmente realizamos uma revisão da literatura sobre o tema, em livros, publicações científicas, jornais, revistas, internet, etc. objetivando construir uma abordagem teórico-conceitual consistente, sobre a relação entre a pobreza urbana e o meio ambiente. Em um segundo momento, foi feito um estudo aprofundado sobre o Programa Habitar Brasil/BID e sobre Diagnóstico de Intervenção e Proposta Intervenção Fase I, de autoria da RCA Engenharia e Desenvolvimento, realizado em outubro de 2001, buscando um maior entendimento a respeito do programa de revitalização da Lagoa dos Santos, que viria a ser colocado em prática a partir de 2004. Depois realizamos uma pesquisa domiciliar (aplicamos 251 questionários), em março de 2002, em parceria com a Prefeitura Municipal e a Universidade Estadual de Goiás – Unidade Universitária de Formosa, para conhecermos a situação do bairro e dos moradores antes da implantação do programa, qual a percepção deles sobre os problemas do local e o que deveria ser feito para tentar solucioná-los. Em novembro de 2006, realizamos uma nova pesquisa (foram aplicados 138 questionários) para sabermos como ficou o local e qual a percepção dos moradores sobre as mudanças ocorridas após a implantação do HBB. Por último, realizamos também duas entrevistas, uma com o Engenheiro Civil Pedro Ivo de Campos Faria (Ex-secretário de Obras e Urbanismo do Município e atual Prefeito da cidade), que na época era o coordenador do Programa HBB na Lagoa dos Santos, e com Flávia Tourinho, que naquele momento coordenava o trabalho de participação comunitária. As entrevistas visavam sanar algumas dúvidas que permaneceram depois das pesquisas realizadas com os moradores do local, além é claro, de valer-se da experiência deles com relação ao HBB e a sua implantação no bairro, e obter informações técnicas para que os dados coletados tivessem a consistência que o estudo requeria. 7 O presente trabalho está dividido em cinco capítulos, além da introdução e das considerações finais. O capítulo um apresenta uma abordagem teóricaconceitual sobre a pobreza urbana e o meio ambiente, além de conceituar pobreza, aborda a relação entre o crescimento demográfico, a urbanização e o meio ambiente e demonstra a correlação positiva existente entre a pobreza e a degradação ambiental. O capítulo dois caracteriza a área de estudo, faz um breve histórico sobre a ocupação da Lagoa dos Santos e também um diagnóstico sócio-ambiental do bairro, apresenta o perfil sócio-econômico dos moradores e a percepção destes sobre o local antes da implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais. O terceiro justifica a implantação do Programa de Revitalização da Lagoa (Programa Habitar Brasil/BID – Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais) e apresenta as linhas gerais do mesmo. O capítulo quatro mostra a situação do bairro e dos moradores depois da implantação do programa, retrata a percepção desses sobre as mudanças ocorridas e a influência dessas em seu dia-a-dia. O quinto apresenta os principais resultados do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais na área de infraestrutura e no trabalho de participação comunitária desenvolvido no bairro. As considerações finais retratam as percepções do autor sobre a relação entre a pobreza urbana e o meio ambiente e a necessidade da implantação de políticas públicas que possam combater a pobreza, para que assim seja possível mitigar a degradação ambiental associada a ela e vice-versa. Analisa também os resultados do programa e a sua eficácia quanto ao combate à pobreza urbana e a contenção da degradação ambiental resultante dessa na Lagoa dos Santos. 8 1. POBREZA URBANA E MEIO AMBIENTE: um marco conceitual 1.1. Conceito É indiscutível a dimensão que o conceito “pobreza” passou a assumir desde o início dos anos 1990, sobretudo em função de sua ampla utilização, tanto em relatórios de organismos internacionais quanto em documentos de formulação e avaliação de políticas públicas, principalmente de países seguidores das recomendações dessas agências (UGÁ, 2004). A definição desse conceito torna-se importante nos estudos de pobreza por permitir uma visão mais clara e analítica do objeto de estudo. Ao compreender a complexidade do fenômeno, seus diferentes conceitos e formas de abordagem, torna-se possível conceber políticas públicas que busquem trazer soluções eficazes para o problema (CRESPO e GUROVITZ, 2002). Existem muitas dificuldades para se definir o que realmente seja pobreza, em função das mudanças sofridas, ao longo do tempo, nos indicadores que a caracteriza, tais como expectativa de vida, renda per capita, etc. A conceituação de pobreza é algo extremamente complexo. Pode ser feita levando em conta algum “juízo de valor”, em termos relativos ou absolutos. Pode ser estudada apenas do ponto de vista econômico ou incorporando aspectos não-econômicos à análise, sendo contextualizada de forma dependente ou não da estrutura sócio-política da sociedade (CRESPO; GUROVITZ, 2002, p.3). Tratá-la, levando em consideração algum “juízo de valor”, é ter uma visão subjetiva do ser humano, no que diz respeito ao que deve ser um grau suficiente de satisfação de suas necessidades essenciais ou a respeito do que deve ser considerado como um nível de privação suportável. É não levar em consideração uma situação social concreta, objetivamente identificável, caracterizada pela falta de recursos. Assim, tal enfoque não esconde sua fragilidade, embora seja bastante óbvio que mesmo uma conceituação objetiva da pobreza não se furta à presença de algum juízo de valor. De um modo geral, a pobreza é definida como a falta do que é necessário para o bem-estar material – especialmente alimentos, moradia, terra e outros ativos. 9 Em outras palavras, a pobreza é a falta de recursos múltiplos que leva à fome e à privação física (NARAYAN, 2000). Magnoli e Araújo (1997) a conceituam como sendo a condição na qual os indivíduos estão incapacitados de suprir as necessidades mínimas3 indispensáveis para o seu desenvolvimento normal, tanto como ser biológico4 quanto como integrante de uma determinada sociedade. Abranches (1985) diz que pobreza é a destituição, marginalidade e desproteção. Destituição dos meios de sobrevivência física; marginalização no usufruto dos benefícios do progresso e no acesso às oportunidades de emprego e renda; desproteção por falta de amparo público adequado e inoperância dos direitos básicos da cidadania, que incluem garantias à subsistência e ao bem-estar5. Outra dificuldade para se definir tal conceito está nas diferenças de critérios adotados pelos diversos países, nos de clima quente, por exemplo, a falta de água encanada para as residências não indica pobreza absoluta, já para os países frios, é sinônimo de pobreza (Magnoli e Araújo, 1998 a). Segundo os mesmos autores, na moderna economia de mercado, o indivíduo é considerado pobre se a renda que recebe é muito pequena, tornando-o incapaz até mesmo de adquirir alimentos e roupas indispensáveis para a sua sobrevivência normal. Entretanto, como dito anteriormente, as necessidades mínimas sociais ultrapassam o quadro da mera alimentação e vestuário e incluem itens indispensáveis ligados à saúde, habitação, transportes, água potável, saneamento, etc. De acordo com Magnoli e Araújo (1997) a quantificação dos custos de satisfação desse conjunto de necessidades permite estabelecer a chamada linha de pobreza. Os indivíduos cuja renda se situa abaixo dessa linha encontram-se em condições de pobreza. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), que atualmente utiliza duas “linhas de pobreza”, são consideradas pobres aquelas pessoas que têm renda anual inferior a 370 dólares e extremamente pobre aqueles cuja renda anual é inferior a 275 dólares. No mundo subdesenvolvido, de cada três 3 Entendem-se necessidades como alimentação, moradia, vestuário e serviços essenciais: água potável, saneamento, transporte público, serviços médicos e escolas (CRESPO; GUROVITZ, 2002, p.4). 4 “O enfoque biológico define a linha de pobreza a partir dos requisitos nutricionais mínimos da dieta alimentar, definindo o valor aproximado para a renda a ser gasta para o atendimento desses requisitos” (CRESPO; GUROVITZ, 2002, p.4). 5 Estado de perfeita satisfação física ou moral (Ferreira, 2001). 10 habitantes um está abaixo da “linha de pobreza”. Isto representa mais de um bilhão de pessoas, sendo que desses, 630 milhões ganham menos de 275 dólares por ano. Equivalem a quase um quinto da população dos países pobres do mundo, são os pobres dos pobres6. Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a definição de pobreza é ligada às normas de consumo da sociedade, e outras condições consideradas mínimas necessárias para uma participação decente na sociedade. Em sociedades pobres, o nível de consumo mínimo usado para calcular a linha de pobreza é freqüentemente baseado em estimativas de necessidades nutricionais mínimas, enquanto em outros países esse índice é ligado a hábitos sociais. Desse modo, a linha de pobreza varia consideravelmente de uma sociedade a outra, tendendo a ser mais alta, quanto maior for o nível geral de bem-estar material. (PNUD, 2004, p.2). Porém, a pobreza tem muitas dimensões que vão além do consumo. Outros fatores importantes incluem as doenças, o analfabetismo, a falta de acesso a serviços básicos, a insegurança, o isolamento físico ou social, e a vulnerabilidade à violência. Nesse sentido, é claramente difícil medir a pobreza de modo a captar sua natureza multidimensional. Por essa razão, é que, nos últimos anos, houve uma evolução das concepções de pobreza para além da carência de renda, na direção de conceitos mais abrangentes tais como: desigualdade, exclusão social e vulnerabilidade (MELO, 2005). Até a bem pouco tempo, a pobreza era entendida em termos de rendimento ou de falta deste. Ser pobre significava que não se dispunha de meios econômicos para pagar uma dieta alimentar ou uma habitação adequada. Mas a pobreza não consiste apenas em rendimentos ou numa ração calórica insuficientes. Tem também haver com a falta de oportunidades e de escolhas que são, de modo geral, consideradas essenciais para ter uma existência longa, saudável e criativa e gozar de um nível de vida razoável, de liberdade, de dignidade, de autoestima e do respeito dos outros (UNRIC, 2006, p.1). 6 Pela PNAD 2001, havia no Brasil cerca de 25 milhões de pessoas vivendo com uma renda familiar mensal per capita de cerca de 40 reais ou menos (menos de um dólar por dia), e outras 16 milhões vivendo com até 60 reais mensais (cerca de um dólar por dia). No total, cerca de 55 milhões vivem com meio salário mínimo mensal ou menos (SCHWARTZMAN, 2004). 11 A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) também entende a pobreza como um fenômeno multidimensional, que associa subconsumo, desnutrição, condições precárias de vida, baixa escolaridade, inserção instável no mercado de trabalho e pouca participação política e social. A pobreza é o resultado de um processo social e econômico de exclusão social, cultural e política (MELO, 2005). Salama e Destremau (1999) afirmam que a pobreza é ao mesmo tempo, um fato e um sentimento. Com esta afirmação querem alertar que reduzir a pobreza aos seus aspectos monetários ou à percepção de exclusão da cidadania, ou seja, considerar um ou outro aspecto é uma forma reducionista de analisar o problema. Isto é, medir pobreza sublinhando a falta de recursos que mulheres e homens têm para atender suas necessidades básicas e quais são as implicações desta mensuração; quaisquer dos métodos usados apresentam problemas para o desenho das políticas públicas, porque a taxa de participação dos pobres na sociedade é profundamente afetada pela escolha dos parâmetros de mensuração. No relatório de 2000-2001 do Banco Mundial, a pobreza é vista de um modo um pouco diferente do de 19907. Enquanto o relatório de 1990 avaliava a pobreza pela variável “renda”, priorizando o seu lado monetário, esse a considerou como um fenômeno multifacetado, decorrente de múltiplas privações produzidas por processos econômicos, políticos e sociais que se relacionam entre si. Assim, além da forma monetária de pobreza, ela é considerada como ausência de capacidades, acompanhada da vulnerabilidade do indivíduo e de sua exposição ao risco. Merino (2003) também atesta que a pobreza não se limita à sua dimensão econômica, para ele o pobre é um “insignificante”, alguém sem peso social, invisível na maioria das vezes. É insignificante por carências de recursos (dimensão econômica), pela cor da pele (racial), por ser mulher (gênero), por falar uma língua e ter costumes que os dominantes consideram inferiores (cultural). “À pobreza é preciso acrescentar o saque do meio ambiente provocado por um consumo desenfreado e que nos leva à autodestruição”. 7 Segundo o Relatório do Banco Mundial de 1990, a definição de pobreza consistia na “incapacidade do indivíduo de atingir um padrão de vida mínimo”. Por padrão de vida mínimo entendia-se a capacidade que o indivíduo tinha de consumir o necessário para adquirir um padrão mínimo de nutrição e de outras necessidades básicas e, ainda, uma quantia que permitisse a ele participar da vida cotidiana da sociedade. Pobres, então, eram os indivíduos incapazes de atingir tal patamar de inserção social, em razão da renda que possuía (UGÁ, 2004). 12 UGÁ (2004, p.59 apud SEN, 2000, p. 110) argumenta que a quest ão da pobreza deve ser encarada pela idéia de privação de capacidades básicas de realizar (ou seja, de cada um alcançar os seus objetivos de vida) e não como uma carência de determinadas necessidades, mostrando que: (1) a pobreza pode ser sensatamente identificada em termos de privação de capacidades; a abordagem concentra-se em privações que são intrinsecamente importantes (em contraste com a renda baixa, que é importante apenas instrumentalmente); (2) existem outras influências sobre a privação de capacidades – e, portanto, sobre a pobreza real – além do baixo nível de renda (a renda não é o único instrumento de geração de capacidades) e (3) a relação entre baixa renda e baixa capacidade é variável entre comunidades e até mesmo entre famílias e indivíduos (o impacto da renda sobre as capacidades é contingente e condicional). Sen (2000) introduz variáveis mais amplas, chamando a atenção para o fato de que as pessoas podem sofrer privações em diversas esferas da vida. Ser pobre não implica somente privação material. As privações sofridas determinarão o posicionamento dos cidadãos nas outras esferas. Assim, a pobreza pode ser definida como uma privação das capacidades básicas de um indivíduo e não apenas como uma renda inferior a um patamar pré-estabelecido. Essa definição não despreza o fato de a pobreza também ser caracterizada como uma renda inferior a um patamar pré-estabelecido, pois uma renda baixa pode ser a priori a razão da privação de capacidades de uma pessoa. Bucknall et. al. (2006) também argumentam que a “definição geral de pobreza vai além da renda ou do consumo do indivíduo ou da família para abranger a desigualdade, a saúde, a educação, a segurança, a atribuição de poder e a discriminação”. Uma maneira de entendermos melhor essa argumentação é através da figura 1, que demonstra como a oportunidade, a segurança e a atribuição de poder estão relacionadas com as várias dimensões da pobreza. A figura mostra também os determinantes ambientais típicos da pobreza. 13 Figura 1 – Representação esquemática das dimensões e dos determinantes da Pobreza Elementos de Bem-estar Dimensões da Pobreza Exemplos de Determinantes Ambientais Fonte: Bucknall et. al. (2006) A pobreza é um fenômeno complexo, multidimensional, no qual o indivíduo não possui o mínimo necessário para atingir o bem-estar material. Mas ela não se limita somente a esse tipo de bem-estar, está associada também a falta de voz, poder e independência dos pobres que os sujeita à exploração; à propensão à doença; à falta de infra-estrutura básica, à falta de ativos físicos, humanos, sociais e ambientais e à maior vulnerabilidade e exposição ao risco (CRESPO e GUROVITZ, 2002). Segundo Sen (2000), é importante ter em mente que a redução da pobreza de renda não pode ser o único objetivo de políticas de combate à pobreza. É perigoso ver a pobreza segundo a perspectiva limitada da privação de renda e a partir daí justificar investimentos em educação, serviços de saúde, etc., com o argumento de que são bons meios para reduzi-la. Isso seria confundir os fins com os 14 meios. A pobreza deve ser entendida como a privação da vida que as pessoas realmente podem levar e das liberdades que elas realmente têm. Schwartzman (2004) afirma que não há solução de curto prazo para os problemas da pobreza. Para que ela seja vencida, é necessário vontade política e compromisso com os valores da igualdade social e dos direitos humanos; uma política econômica adequada, que gere recursos; um setor público eficiente, competente responsável no uso dos recursos que recebe da sociedade; e políticas específicas na área da educação, da saúde, do trabalho, da proteção à infância, e do combate à discriminação social, dentre outras. 1.2. Crescimento demográfico, urbanização e meio ambiente Na maioria dos países subdesenvolvidos as taxas de crescimento demográfico são elevadas. Esse acelerado crescimento demográfico implica em acentuada expansão na demanda de alimentos, combustíveis e outros serviços, o que resulta em acentuada pressão sobre o meio ambiente. Implica também na aglomeração de segmentos mais pobres da população em espaços limitados, com igualmente forte comprometimento do meio ambiente (MUELLER, 2000). No Brasil, nos últimos anos vem sendo observado um declínio da taxa de crescimento demográfico. Entretanto, o aumento anual da população urbana ainda é muito elevado, da ordem de 2,3 milhões de pessoas. Isso acrescenta pressão cada vez maior sobre a demanda habitacional, sobre os serviços de infraestrutura urbana e sobre a qualidade de vida nas cidades, especialmente nas mais populosas, onde se concentra a maior parte desse crescimento. O Brasil é um País cada vez mais urbano. A maior parte das nossas cidades cresceu em número e tamanho de uma maneira avassaladora nas últimas décadas. Com efeito, a taxa de urbanização brasileira evoluiu de 30,5% em 1970 para 81,2% em 2000, com, atualmente, 29,9% dos brasileiros vivendo em regiões metropolitanas. Pelas projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), a população urbana aumenta em cerca de 1 milhão de pessoas por semana. Em 2015, a humanidade será predominantemente urbana e pobre, 46% viverão em aglomerados 15 urbanos dos países em desenvolvimento e 13% nas cidades dos países desenvolvidos. É, sem dúvida, um número significativo de novos habitantes urbanos nos países pobres (BARBIERI, 2006). Campbell (1992) afirma que a urbanização 8 é talvez a mais espetacular transformação social que ocorre no Terceiro Mundo desde a Segunda Guerra Mundial e, a despeito de décadas de rápido crescimento das cidades, do ponto de vista demográfico esse processo apenas começou. Essa urbanização acelerada propicia o surgimento de enormes aglomerações urbanas nesses países. Acontece que essas crescentes concentrações de população em países de baixa capacidade de investimento em infraestrutura social acabam provocando grandes impactos ambientais9. A infraestrutura urbana nesses países não é suficiente para atender a todos os seus habitantes. Os esgotos surgem a céu aberto, o lixo dessas cidades é depositado nos chamados lixões ou acaba sendo incinerado, agravando a poluição atmosférica. Parte desses dejetos pode ainda ser carregada para os bueiros de galerias subterrâneas, que acabam se entupindo e não conseguem dar vazão à água da chuva. Por causa disso e do assoreamento dos córregos surge o problema das grandes enchentes. Essas provocam perdas irreparáveis aos pobres urbanos (inúmeros tipos de doenças veiculadas pela água, perda dos móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, morte de familiares, perda do habitat, etc.). Com base nos dados da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991), dá para se ter uma idéia da situação ambiental dramática das cidades dos países subdesenvolvidos. Das 3.119 vilas e cidades da índia, 209 têm esgotos parciais e somente 8 têm uma rede completa de esgotos. Grande parte da água consumida não recebe nenhum tipo de tratamento; a ingestão 8 A urbanização resulta fundamentalmente da transferência de pessoas do meio rural (campo) para o meio urbano (cidade). Assim, a idéia de urbanização está intimamente associada à concentração de muitas pessoas em um espaço restrito (a cidade) e na substituição das atividades primárias (agropecuária) por atividades secundárias (indústrias) e terciárias (serviços). Entretanto, por se tratar de um processo, costuma-se conceituar urbanização como sendo "o aumento da população urbana em relação à população rural", e nesse sentido só ocorre urbanização quando o percentual de aumento da população urbana é superior ao da população rural. 9 Metade da humanidade se concentrará em cidades e munic ípios em 2007. Em 2030, esse número crescerá para perto de dois terços. Cerca de 2 bilhões dessas pessoas viverão em assentamentos irregulares e em favelas, configurando-se, assim, na parte da população urbana que, geralmente, sofre com a falta de água potável, saneamento e outros serviços essenciais (Relatório das Nações Unidas, 2006). 16 de água contaminada provoca um grande número de doenças endêmicas (diarreia, disenteria, hepatite e tifo), principalmente na população infantil (Magnoli e Araújo, 1998 b). Água, esgoto e saneamento, portanto, são os fatores básicos para evitar que agentes patogênicos se alojem em hospedeiros humanos (CAMPBELL, 1992). Na China, a mortalidade por câncer no pulmão nas cidades é quatro a sete vezes mais alta do que no país como um todo. Os antiquados fornos e caldeiras utilizadas nas indústrias chinesas são responsáveis pela elevada mortalidade urbana do país. Na Malásia, o vale do Klang (onde fica a capital, Kuala Lumpur), densamente urbanizado, tem índices de poluição duas a três vezes maiores do que o das principais cidades americanas, e a bacia do Klang está totalmente contaminada por esgotos e emissões industriais e agrícolas (CMMAD, 1991). O modelo urbanístico brasileiro, inspirado em padrões do chamado primeiro mundo e comprometido apenas com a "cidade oficial", perdeu as rédeas da exclusão representada pela gigantesca ocupação ilegal do solo urbano. Na "cidade oculta", o que temos, realmente, é uma máquina de produzir favelas, moradias fora da lei e cidades sem conhecimento técnico, sem financiamento público ou privado. É aí que se dá o embate entre a preservação do meio ambiente e o crescimento urbano (MEIRELES, 2000). A situação ambiental das nossas cidades é agravada pelo fato de o processo de urbanização ser extremamente rápido e desigual. Essa situação de caos urbano é ampliada ainda mais pelas próprias condições de pobreza das populações urbanas desses países, levando as populações de baixa renda a ocupar áreas periféricas e impróprias para se construírem moradias. Essas construções geralmente se localizam nos terrenos mais baratos na periferia da cidade, em geral, desprovidas de qualquer infraestrutura, ou então em áreas ecologicamente frágeis (como mananciais de água, encostas e estuários, terrenos pantanosos, áreas alagadiças, beira de rios, embaixo de viadutos e pontes, depósitos de lixo e alagadiços, etc.), geralmente invadidas 10. Para quem não tem como obter um pedaço de terra, esses lugares tornam-se a única solução para o seu problema de moradia. Silva (2007, p. 13,14), corrobora com essa argumentação: 10 Santos (1989), Balassiano (1993) e Smith e Lee (1997) trazem uma análise mais detalhada desses ambientes. 17 Várias são as soluções utilizadas por parte da população que não tem acesso à propriedade de terras. Em função de encontrarem-se à margem de programas oficiais e de legalidade, acabam por contribuir com o aumento da favelização e a incorporação de glebas nas periferias parceladas clandestinamente, que são alternativas de loteamentos populares, vendidos ou ocupados, com ausência de infraestrutura. Geralmente estão localizados em zonas de legislação restritiva à ocupação, e de pouco interesse de mercado e muitas vezes, possuem inúmeros problemas de ordem ambiental. Surgem aí as favelas, invasões ou ocupações irregulares. Segundo a mesma autora, vários desses assentamentos localizam-se em áreas insalubres, onde o uso e a ocupação inadequada da área pode resultar em danos à saúde do indivíduo, levar à perda da vida, bem como à destruição do meio ambiente. Essas áreas são denominadas áreas de risco. "As duas cidades - a oficial e a oculta - estão separadas por uma tênue linha divisória pronta a se romper a qualquer momento pela pressão social que ronda os dois territórios". O processo de urbanização caótico, sem preservação da rede hídrica, das áreas verdes, pequenos pulmões da cidade, sem dar atenção à questão da drenagem e macrodrenagem urbanas, está aumentando a impermeabilização do solo urbano. Outra conseqüência drástica desse desenvolvimento urbano é a disseminação de epidemias que voltaram à moda - dengue, meningite e febre amarela - e de outras moléstias como a leptospirose, devido às enchentes que transportam para o interior das favelas material contaminado pela urina dos ratos e esgotos (MEIRELES, 2000). A título de exemplo, podemos destacar os dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômica (FIPE), indicando que a falta de moradia nos centros urbanos do Brasil chega a 1 milhão e 300 mil casas. São essas pessoas que, sem ter onde morar, não respeita as áreas de proteção ambiental e constroem suas casas em lugares sem condições mínimas de segurança, sem condições sanitárias adequadas, água ou esgoto, trazendo prejuízos enormes para a própria saúde e para o meio ambiente. (BARBIERI, 2006). Nesses assentamentos subumanos uma característica comum é a ausência de preocupação com os efeitos dos impactos no meio ambiente urbano, dada à natureza não planejada e essencialmente desordenada dessa forma de ocupação. A situação ambiental dessas áreas é grave, além dos riscos inerentes às condições de seus sítios e da precariedade da maioria das habitações, inexiste esgoto sanitário e a rede de abastecimento de água é geralmente precária. A dificuldade de acesso e a 18 não oficialização das ruas internas, como logradouros públicos, deixam os moradores sem o recolhimento do lixo, o que vem a prejudicar, ainda mais a situação da higiene local e o quadro social já degradado (BALASSIANO, 1993). O custo de despoluição de uma cidade é muito elevado, o que dificulta a ação do poder público, principalmente nos países pobres. Por essa razão, mesmo nas grandes cidades dos países ricos, os problemas de degradação ainda não foram totalmente resolvidos, mas houve melhoras significativas das condições ambientais nas últimas décadas. Nos países pobres, a situação é ainda pior, os minguados orçamentos para as obras de saneamento básico para as grandes cidades, estão muito aquém das necessidades da população (MAGNOLI e ARAÚJO, 1998 b). Além disso, ironicamente, enquanto os meios de divulgação de massa e os grupos ambientalistas internacionais focalizam, cada vez mais, a atenção do mundo na destruição das florestas úmidas nos países em desenvolvimento, eles desviam a assistência internacional ao desenvolvimento de um problema importante. A falta de saneamento nas residências, que afeta milhões de pessoas pobres, não tendo sido em geral alvo de campanhas e ação educacional no meio ambiente desses países. O suprimento de água e o saneamento nunca passaram de mais de 6% dos empréstimos anuais do Banco Mundial – BIRD, número esse que inclui projetos rurais e urbanos. Se os custos ambientais e benefícios de investimentos em melhoramento ambiental são avaliados à luz de sua importância para os pobres, os melhoramentos no saneamento urbano figuram entre as mais eficazes de toda e qualquer política pública de curto prazo (CAMPBELL, 1992). É de certa forma irônico imaginar que os problemas imediatos, no nível da unidade familiar, da qualidade do ar dentro de casa e do saneamento, sejam freqüentemente ignorados ou recebam tratamento superficial por parte de grupos ambientalistas, agências internacionais, governos e mesmo de grupos nacionais preocupados com o meio ambiente. Não que os problemas globais, como a destruição das florestas tropicais, o aquecimento global e outros, não sejam importantes, já que as ações de tais entidades podem ocorrer, simultaneamente, nas duas frentes. 19 1.3. Pobreza urbana: causa e conseqüência da degradação ambiental A degradação ambiental e a pobreza entram em conflito nas áreas urbanas. Como resultado da escassez absoluta de terra apropriada ou de altos aluguéis das terras “beneficiadas”, grande contingente dos mais pobres da população urbana se aglomera em cidades improvisadas, na periferia urbana. Essas áreas urbanas periféricas caracterizam-se freqüentemente por condições ecológicas naturais ou artificiais perigosas (LEONARD, 1992). Nessas áreas, existe uma grande quantidade de pobres, espremidos em moradias inadequadas, situadas geralmente em terrenos ilegais ou semi-ilegais, tais como áreas de encostas, áreas sujeitas a enchentes ou localizações com elevados índices de poluição. Os domicílios são geralmente precários, pequenos e habitados por muitas pessoas; além disso, não apresentam isolamento contra ruídos e variações de temperatura, são vulneráveis à sujeira e aos ratos e insetos e têm acesso limitado a serviços básicos. Frequentemente, a água utilizada pelos moradores é de baixa qualidade e de difícil acesso, a coleta de lixo ocorre raramente e o esgotamento sanitário é deficiente. Além do mais, a elevada concentração de população propicia o contágio de doenças, que é facilitado pelos baixos níveis de resistência causados por desnutrição e por estados de saúde precários. Por último, os habitantes das aglomerações de baixa renda localizadas próximas a rodovias movimentadas e a zonas industriais enfrentam níveis especialmente elevados de poluição atmosférica (MUELLER, 2000). Segundo Mueller (2000), as aglomerações urbanas de baixa renda são frágeis do ponto de vista ambiental, e a concentração de população contribui para sua degradação. Essas tendem a ser perigosas e em certas ocasiões ocorrem desastres e tragédias. Sendo ilegais, ou estando em desacordo com o zoneamento urbano, os assentamentos pobres apresentam déficits consideráveis de serviços básicos necessários a uma vida saudável e adequada. Sua infraestrutura urbana é precária, faltam ruas pavimentadas, áreas verdes e sistemas de drenagem, e muitas vezes os assentamentos são alagados e infestados com lixo, tornando-se criadouros de ratos, insetos e outros transmissores de doenças. 20 O ambiente físico e social inadequado das populações urbanas de baixa renda é propício a acidentes domésticos e de rua, à alienação, ao estresse e à instabilidade social. São elevados o desemprego e o subemprego, assim como os índices de criminalidade. Esses assentamentos tendem a registrar problemas de hábitos inadequados de higiene. Isso acontece onde é elevada a concentração de migrantes recém-chegados da zona rural, portadores de doenças, muitas delas infecciosas e com deficiências educacionais. A ausência de condições mínimas de higiene e a contaminação do lençol freático pelas fossas residenciais, que geralmente levam os coliformes fecais até os poços (cisternas de onde uma parte considerável dos moradores retira a água para o consumo domiciliar), o lixo doméstico que se acumula próximo das casas e a falta de condições sanitárias criam condições propícias para a disseminação de doenças, algumas tipicamente rurais11. A deterioração das condições desses assentamentos decorre do baixo volume de investimentos no setor habitacional, imputável às restrições relativas a recursos com que os países subdesenvolvidos se deparam em todas as áreas. Em média, apenas 5,6 por cento do orçamento recente do governo foram dedicados à habitação, lazer, seguridade social e bem-estar social12. Os recursos provenientes de organismos internacionais de apoio e financiamento são igualmente baixos. Apenas 1% (um por cento) do total de gastos do sistema das Nações Unidas de 1988, financiados por meio de subvenções foi dedicado aos assentamentos humanos (Agenda 21, 1995). A degradação ambiental, de forma geral, tem um enorme impacto sobre os mais pobres, porque são eles os mais dependentes de recursos naturais. A ausência de saneamento básico é um exemplo dessa realidade, pois, além de provocar a poluição do meio ambiente, se traduz em altos índices de mortalidade infantil, de doenças como a diarréia, a malária, etc., reduzindo a capacidade do homem de ter um dia produtivo de trabalho 13. A má condição da água é fator chave para problemas de subsistência e saúde 11 Para obter maiores detalhes a respeito dessas doenças típicas das periferias urbanas veja Gianini (1997) e Smith e Lee (1997). 12 Segundo a Agenda 21 não há cifras globais para os gastos internos nem para o apoio oficial ao desenvolvimento no que diz respeito a esses assentamentos humanos. 13 Segundo o Relatório das Nações Unidas de 2006, cerca de 2,4 bilhões de pessoas no mundo não têm condições básicas de saneamento. 21 globais. Doenças disseminadas por meio da água, com origem reconhecida em condições de saúde ambiental precárias, são responsáveis por centenas de milhares de mortes por ano entre os pobres do Terceiro Mundo, e uma proporção crescente dos que correm riscos são moradores de cidades (BUCKNALL et. al., 2006). Enfermidades relacionadas à diarréia e a malária mataram cerca de 3,1 milhões de pessoas em 2002. Noventa por cento dessas mortes foram de crianças com menos de cinco anos de idade (Relatório das Nações Unidas, 2006)14. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a qualquer momento, 1,5 milhão de pessoas estarão infetadas por vermes parasitas provenientes de excremento humano e lixo sólido. Mais de 3 bilhões de pessoas não dispõem dos meios adequados para lidar de maneira correta com esses resíduos (BUCKNALL et. al., 2006)15. A degradação ambiental se torna então sinônimo de pobreza urbana. O problema da pobreza impõe-se, portanto, nas questões ambientais, dadas as proporções que tem alcançado, sobretudo em países do Terceiro Mundo (DAVIDOVICH, 1993). Pobreza e meio ambiente engalfinham-se, num duelo sem tréguas nas periferias desses países. Áreas ecologicamente frágeis como várzeas, alagados, fundos de vales sujeitos as constantes enchentes, beiras de córregos e vizinhanças insalubres de aterros, lixões e estradas tornaram-se o principal cenário desse embate. Daí, a necessidade de promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos, que tem por objetivo promover a melhoria desses e das condições de vida e de trabalho de seus habitantes (ALMEIDA, et. al., 1999)16. Para a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento CMMAD (1987), em nível global, o desenvolvimento sustentável17 requer que se cumpram, simultaneamente, as seguintes condições básicas: 14 Aproximadamente 1,6 milhão de vidas poderiam ser salvas anualmente com o fornecimento de água potável, saneamento básico e higiene. 15 De acordo com os mesmos autores, o acesso aos serviços de água e saneamento básico está associado a uma redução média de 22% na incidência da diarréia e de 65% na mortalidade atribuída à diarréia. Já as melhorias no destino dado ao excremento e na lavagem das mãos podem reduzir a mortalidade de crianças menores de cinco anos em 60%, a incidência de esquistossomose em 77%, o vermes intestinais em 29% e o tracoma entre 27 e 50. 16 Promover o desenvolvimento sustentável é importante para a economia local e para a melhoria das condições de vida das populações mais pobres (AZEVEDO, 2004 apud GÓES et. al., 2004). 17 Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades (M ELLO, 1996). “É a busca do Equilíbrio entre a necessidade de desenvolvimento do país e a necessidade de garantir um 22 a) Melhoria, ou pelo menos manutenção do bem-estar dos atuais habitantes dos países e regiões industrializadas; b) Vigoroso combate à pobreza 18, com acentuada redução nas disparidades de renda e riqueza entre os países do norte industrializado, e os do sul, subdesenvolvido; c) E, a garantia da manutenção das oportunidades de prosperar das gerações futuras. Mueller (2000) deixa claro que a questão ambiental está intimamente ligada a esses três elementos da sustentabilidade e, vai além, mostrando que a redução da pobreza compõe um desses elementos. Leonard (1992) relata que os dois desafi os cruciais colocados como prioridades na agenda de desenvolvimento da década de 90 foram: a redução da pobreza e a proteção ao meio ambiente. Mesmo aceitando a idéia de que o alívio da pobreza e a proteção do meio ambiente são fundamentais para o crescimento econômico em longo prazo, economistas especializados em desenvolvimento acreditam que medidas adotadas para aliviar um problema exacerbarão inevitavelmente o outro. Dizem freqüentemente, por exemplo, que só depois de aumentarem suas rendas é que os indivíduos pobres poderão pensar em reduzir a erosão do solo e tratar de outros problemas ambientais de longo prazo 19 (LEONARD, 1992). Para Gonçalves (2001), essa ideia é falsa, já que nem sempre é necessária a destruição do meio ambiente para desenvolver a economia. O meio ambiente é um dos principais bens a ser tutelado 20, assim não parece lógico nem verdadeiro que o desenvolvimento de qualquer país ou região deva passar pela degradação ambiental. meio ambiente saudável para todos” (RAMOS, 2004 apud GÓES et. al., 2004). Essa visão mais abrangente coloca em discussão como utilizar os recursos naturais de forma a promover o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo provocando o menor impacto possível no meio ambiente e preservando os ecossistemas para que as gerações futuras possam continuar usufruindo deles. 18 A pobreza não é apenas um mal em si mesma, para haver desenvolvimento sustentável é preciso atender às necessidades básicas de todos e dar a todos a oportunidade de realizar suas aspirações de uma vida melhor. Um mundo onde a pobreza é endêmica estará sempre sujeito as catástrofes, ecológicas ou de outra natureza (CMMAD, 1987). 19 Gandhi, por exemplo, afirma que: “povos e países pobres são obrigados a fazer um troca explícita, a de aceitar a degradação ambiental a longo prazo a fim de atender suas necessidades imediatas de alimento e habitação” (Gonçalves, 2001). 20 A tutela aqui deve ser entendida como a garantia da qualidade do próprio meio ambiente, e a sadia qualidade de vida, que é a saúde, o bem-estar e a segurança da população. 23 Segundo ele, é assegurando a qualidade do meio ambiente que se poderá, em seguida, assegurar-se a verdadeira qualidade de vida, esta sim a principal indicadora do desenvolvimento de qualquer nação. A qualidade de vida depende do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Se o homem o degrada, não é possível que ele viva com qualidade. Mas não adianta simplesmente investir na conservação da natureza sem resolver o problema da pobreza, pois do combate a esta depende a sobrevivência daquela. É inegável que a pobreza tem contribuído, de maneira significativa, para a deterioração da qualidade do meio ambiente, mas não podemos atribuir a ela toda a sorte de desastres e danos caudados ao meio. Um dos fatores que contribuíram para o aumento do número de pobres, principalmente nos países em desenvolvimento, é a globalização da economia e os seus efeitos adversos sobre esses países. Por essa razão, esses, na luta pela sobrevivência, são obrigados a se deslocarem para novas áreas, visando extrair da natureza o mínimo necessário para o seu sustento, ou em busca de um novo local para servir de moradia. É evidente que desta ação, consequentemente, serão retirados recursos naturais, colocando em risco a existência das próximas gerações que inevitavelmente irão precisar da terra e dos recursos naturais (GONÇALVES, 2001). Vale destacar ainda que a pobreza força as pessoas a se deslocarem das áreas rurais para o meio urbano, espaços esses muitas vezes já saturados e desprovidos do mínimo necessário para a sobrevivência das mesmas, acarretando ainda riscos para o meio ambiente em razão da contaminação dos recursos ambientais. Entretanto, a luta para combater a pobreza necessita que o meio ambiente se encontre em um estado sadio e suas potencialidades sejam exploradas de maneira adequada, respeitando a vocação da terra e os recursos que ela oferece. Nesse sentido, é notório que não é possível combater a pobreza de maneira eficaz, se, ao mesmo tempo, não se combater a degradação ambiental. Da mesma forma, não existe a possibilidade de se ter êxito na defesa do meio ambiente, sem que haja uma redução efetiva da pobreza. Pois quanto maior a pobreza, maior a pressão sobre o meio ambiente e quanto mais degradado o ambiente, menor a possibilidade de combate à pobreza, já que não haverá terras propícias para a 24 produção alimentar e nem recursos naturais para serem utilizados21. Portanto, esses dois desafios devem ser tratados conjuntamente, sob o risco de não se conseguir êxito se a solução for outro caminho que não leve em consideração a interdependência existente entre esses dois fatores. Sobre o primeiro desafio da agenda de desenvolvimento para a década de 90, ou seja, a redução da pobreza, o Relatório do Banco Mundial de 1992, registrou a ocorrência de consideráveis progressos na redução da pobreza nos últimos 25 anos. Entretanto, tal evolução não nos permite ser otimistas. Esses ganhos não podem ser generalizados. Na verdade, o progresso se concentrou num pequeno número de países – os países mais bem sucedidos na promoção do desenvolvimento (dentre os quais se inclui o Brasil); e dentro de cada país, o desenvolvimento atingiu principalmente certas regiões, deixando outras nitidamente para trás. Com relação ao segundo desafio, ou seja, a proteção ao meio ambiente, pelo menos nas áreas onde a degradação ambiental é resultante da pobreza, as perspectivas não são das melhores, já que as projeções de redução da pobreza feitas pelo Banco Mundial, para os períodos 1990/2030, não são nada otimistas. Tudo indica que, em partes significativas do globo terrestre, continuarão ocorrendo problemas de degradação ambiental associados à pobreza. Portanto, o momento atual exige que a sociedade esteja mais motivada e mobilizada para assumir um caráter mais propositivo, para poder questionar de forma concreta a falta de iniciativa dos governos para implementar políticas pautadas pelo binômio sustentabilidade e desenvolvimento, num contexto de crescentes dificuldades para promover a inclusão social (Jacobi, 1999). Somente assim, poderemos tentar conciliar a redução da pobreza com a proteção ao meio ambiente, principalmente nas áreas urbanas do Terceiro Mundo, onde tais medidas assumem um caráter de urgência. Nesse sentido, fica evidente que a pobreza causa degradação ambiental e a degradação ambiental colabora para aumentar ainda mais a pobreza urbana, pois ao mesmo tempo em que os moradores das áreas de vulnerabilidade ambiental degradam o meio ambiente eles acabam sendo vítimas de sua própria agressão, é 21 Não podemos esquecer os outros problemas que um meio ambiente degradado gera aos pobres urbanos: enchentes, desmoronamento de encostas, etc. que causam prejuízos irreversíveis aos mesmos. 25 só lembrarmos das enchentes, com alagamentos de casas e perda de móveis, roupas, sapatos, enfim de quase todos os seus pertences materiais e dos desmoronamentos, onde muitos perdem suas residências, entes queridos, etc. Vale então retomar o discurso de Leonard (1992), demonstrando que nessas “reservas de pobreza” geográficas, é sumamente urgente a necessidade de conciliar as estratégias antipobreza e de proteção ambiental. A interação entre pobreza e degradação ambiental deflagra um espiral ascendente de deterioração ecológica, ameaçando a segurança física, o bem-estar econômico e a saúde de muitas pessoas. Predomina na literatura existente sobre a relação entre pobreza e meio ambiente a ideia de que os pobres tendem a ser os mais prejudicados pela degradação ambiental. Isso é explicado essencialmente pela sua maior dependência do uso direto dos recursos naturais e de certos serviços ambientais. A degradação ambiental prejudica esse uso, e os pobres não dispõem de renda para substituí-lo nos mercados. Por outro lado, esta dependência os torna potenciais aliados da conservação e da preservação ambiental. Entretanto, as políticas ambientais têm sido incapazes de aproveitar esse potencial. Ao contrário, as restrições não compensadas acabam por agravar a pobreza e por transformá-los de potenciais aliados em inimigos da defesa do meio ambiente (NOVAES, 2006). Para Bucknall et. al. (2006), os pobres tendem a ser os mais prejudicados também em casos de desastres naturais. Eles tendem a afetar a pobreza a curto e a longo prazo. Exacerbam a privação econômica a curto prazo; podem comprometer o bem-estar de uma família a longo prazo quando a sobrevivência exige a venda de bens, como aqueles que a família pretendia usar para custear a educação dos filhos. Forçam as suas vítimas a abandonar as suas casas à procura de melhores condições de vida em outros locais. Os desastres ambientais têm significado prejuízo certo para as populações mais pobres. É evidente que parcelas da classe média também são vítimas de eventos como incêndios florestais, enchentes e deslizamentos em cidades, derramamentos de petróleo e derivados, vazamento de substâncias tóxicas. Entretanto, são os pobres que pagam o maior preço, tanto na perda de propriedades como de vidas em incêndios, deslizamentos de terras, alagamentos, destruição dos manguezais etc. 26 Bucknall et. al. (2006) vão além, ao afirmarem que as condições ambientais produzem diversos efeitos sobre a saúde, o trabalho e a segurança dos pobres. Da mesma forma, as atividades ambientais oferecem meios eficazes de atribuir poder aos pobres. A atribuição de poder ocorre de duas formas: em primeiro lugar, as pessoas podem usar seus conhecimentos sobre os recursos ambientais para se organizar e lutar, e, em segundo lugar, a participação das comunidades locais na tomada de decisões sobre questões ambientais pode ajudá-las a manter suas ocupações, obter acesso eqüitativo a recursos e utilizá-los de forma sustentável. Afirmam, ainda, que intervenções ambientais que beneficiem os pobres também acarretam benefícios ao meio ambiente. Água mais limpa, ar mais puro e melhor, saneamento, não só reduzirão a quantidade de doenças que afetam esses indivíduos como também produzirão um ambiente menos poluído. A melhoria das condições ambientais, portanto, pode ajudar na redução da pobreza. Oviedo (2006) também argumenta que “a introdução de práticas sustentáveis de uso dos recursos naturais traz benefícios ambientais, sociais e econômicos, além de aumentar a autoestima da população e sua capacidade para o processo de gestão participativa. E a primeira a se beneficiar é a população local". O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) enfatiza a importância de dar uma face humana à discussão sobre as questões ambientais: habilitar as pessoas para que elas se tornem agentes ativos do desenvolvimento justo e sustentável, estimulando o seu comprometimento e a iniciativa de países em busca de um futuro próspero e saudável. Proteger o meio ambiente, sim, mas cuidando essencialmente do ser humano. Dessa forma, a redução da fome e da pobreza, assim como o melhoramento da saúde, da educação e das oportunidades para os seres humanos – sobretudo mulheres e crianças – também contribuiria para reduzir a carga que pesa sobre eles (GÓES et. al., 2004). A Associação Americana para a Pobreza e Meio Ambiente (PEP - PovertyEnvironment Partnership) lançou um estudo demonstrando que o bom gerenciamento de políticas ambientais pode ser um fator essencial para diminuir a pobreza onde ela existe. De acordo com o estudo ficou claro que investir em meio ambiente traz retorno em vários setores, não só na redução da pobreza, como também no melhoramento da segurança alimentar, da saúde, na redução do 27 trabalho infantil, na agricultura e nas perdas de recursos naturais (CARACCIOLO, 2005). Vale ressaltar que a prevenção, a mitigação e a remediação da degradação ambiental são obrigações do poder público. Segundo a Agenda Habitat (1997) apud Silva et. al. (2007, p. 14), “cabe ao Estado à promoção de programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico da população”. “Esta obrigação está presente também no texto da Constituição Brasileira de 1988 no artigo 23, inciso IX”. “Nesse contexto, surge o Programa Habitar Brasil BID, um convênio entre o Governo Federal (Ministério das Cidades), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Municípios”. (SILVA et. al., 2007. P, 14) O Programa Habitar Brasil/BID destina recursos para o fortalecimento institucional dos municípios e para a execução de obras e serviços de infraestrutura urbana e de ações de intervenção social e ambiental, por meio, respectivamente, do Subprograma de Desenvolvimento Institucional (DI) e do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS). (SILVA et. al., 2007. P, 15) De acordo com os mesmos autores Formosa pleiteou e foi contemplada com o Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS) em 2002. Pelo UAS é possível “desenvolver obras e serviços para regularização e urbanização de assentamentos precários, complementados com ações voltadas para o desenvolvimento comunitário da população residente e a regularização fundiária. Atende famílias de baixa renda, predominantemente na faixa de até 3 salários mínimos, que residam em assentamentos precários – favelas, mocambos, palafitas, entre outras - localizados em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e capitais de estados”. (SILVA et. al., 2007. P, 15) A partir daí, o Subprograma de Assentamentos Subnormais começou a ser implantado na Lagoa dos Santos, considerada pela Prefeitura a principal área a ser objeto de intervenção e de desenvolvimento dessa política pública no Município de Formosa. Tal política visava a amenizar os impactos ambientais e a recuperação parcial das áreas degradadas e objetivava ainda a promoção e a regularização fundiária, a organização e a mobilização social, oferecendo à comunidade melhores condições de vida e saúde. A sua implementação ocorreu de 2002 a 2007. 28 2. LAGOA DOS SANTOS: antes da implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS) 2.1. Identificação da área A Lagoa dos Santos está situada na cidade de Formosa-GO, localizada a noroeste da sede da Prefeitura Municipal, entre os bairros de Vila Santos, Pampulha de Brasília e Setor Ferroviário. A cidade de Formosa, maior município da microrregião do Planalto Central, com 5.827,1 km², situa-se a 79 km da capital federal, Brasília, e a 280 km da capital do estado de Goiás, Goiânia. Têm como limites os municípios de Água Fria de Goiás, São João da Aliança, Flores de Goiás e Vila Boa ao norte, Cabeceiras e Buritis ao leste, Cabeceira Grande ao Sul e Planaltina de Goiás e o Distrito Federal a oeste (Faria, 2001). Possui altitude média de 916 metros e posição geográfica determinada pela latitude de 15º 32’ 24” sul, e longitude de 47º 20’ 08” oeste (PRADO et. al., 2000). A área da Lagoa dos Santos é de aproximadamente 140.000 m². É circundada pela Rua 02, Avenida Pedro Monteiro Guimarães, Rua 09 e Rua 12, fechando assim a poligonal no sentido horário (FARIA, 2001). De acordo com dados referentes à pesquisa que realizamos no mês de março de 2002, é ocupada por cerca de 317 famílias, perfazendo um total de 1.263 (mil e duzentos e sessenta e três) habitantes. Desse total, 251 casas constituem a área ocupada pelos invasores, nas quais a pesquisa foi realizada por interessar diretamente ao nosso estudo. A área invadida possui 1.019 (mil e dezenove) habitantes, desses, 495 são homens e 524 são mulheres, conforme pode ser observado na tabela 2.1. Tabela 2.1 – População Total e Distribuição por Sexos População Total e Estrutura Sexual Sexo Número de Pessoas % Feminino 524 51,4% Masculino 495 48,6% Total 1019 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). 29 É constituída por lotes que não mantém certa uniformidade em suas dimensões, distribuídos em quadras pouco regulares. Conta com rede de distribuição de água da SANEAGO (Saneamento de Goiás S/A), atendendo a aproximadamente 78,1% da população 22 e com energia elétrica fornecida pela CELG (Companhia Energética de Goiás) que atende a 87,6% das habitações 23, inclusive conta com iluminação pública em todas as ruas. Não existe, porém, rede de captação de águas pluviais, sarjetas, bocas-de-lobo e meio fio, nem tampouco rede de esgotamento sanitário. O serviço de coleta de lixo é feito por recolhimento, realizado pela prefeitura municipal, duas vezes por semana, não atendendo a todos os moradores. Somente as ruas do entorno possuem pavimentação asfáltica. Não existe sistema de transporte coletivo atendendo a área em questão. Possui uma creche que atende 120 crianças, além de uma casa de repouso que abriga 16 idosos (construídos antes da invasão da lagoa, com o intuito de atender moradores de outros bairros). 2.2. Meio físico Formosa é geograficamente beneficiada pela abundância de água. O município situa-se na região das Águas Emendadas, divisor de águas das nascentes dos rios que correm para a Amazônia, para o Nordeste e para a Bacia do Rio da Prata. Dentro do perímetro urbano, a cidade conta com várias nascentes e as lagoas do Abreu (popular lagoinha), Mata da Bica e dos Santos. A situação desses mananciais é preocupante, pois além do lixo que acaba tendo muitos desses ambientes como destino, há também os esgotos clandestinos que são lançados nos mesmos. Existe ainda a Lagoa Feia, que até há pouco tempo não fazia parte da área urbana do município, mas que agora passa também a ser ameaçada pela expansão urbana, além dos processos citados anteriormente. 22 Esse percentual sobe para 87,1%, já que cerca de 9% dos moradores do bairro utilizam água da rede cedida pelos seus vizinhos. 23 Da mesma forma que o abastecimento de água, o percentual de moradias com energia elétrica aumenta, chegando a atingir 95%, já que 7,6% da população obtêm energia clandestinamente ou puxando da residência ao lado. 30 As três lagoas fazem parte naturalmente das nascentes do Rio Preto, que por sua vez é afluente do Rio São Francisco. Formosa tem o privilégio de ter nascentes de águas formadoras da Bacia do Amazonas. O curso de águas que nasce na Lagoa do Abreu (Lagoinha), corta a cidade através galerias subterrâneas e chega até a Lagoa dos Santos, antes desaguava na Lagoa Feia. A prefeitura, na gestão 94/97, construiu um canal, desviando o curso de água para a fazenda Brocotó, chegando ao Rio Bandeirinha, afluente do Amazonas (NEGRÃO, 2000). No verão, período de chuvas abundantes, a Lagoa dos Santos atingia vários metros de profundidade, sua largura e comprimento também variavam de acordo com a época do ano. No entanto, as suas águas nunca secavam totalmente, conforme as fotos 21, 22, 23 e 24, datadas do mês de agosto de 1980, mês no qual a precipitação pluviométrica era quase inexistente no município de Formosa. Suas águas eram tão limpas que as pessoas a tomavam sem nenhum tratamento ou filtração. A fauna e a flora diversificadas eram a imagem da sua orla. A caça e a pesca um dos passatempos mais comuns da época. Existia grande variedade de peixes, entre os quais se destacavam a traíra e o bagre. Os animais que viviam em função desse habitat natural eram: os jacarés, as pacas, os caititus, dentre outros (SOUZA et. al., 1997). A Lagoa dos Santos era um local de referência para o lazer dos moradores de Formosa. Havia vários campos de futebol de terra batida nas suas proximidades, que não podiam ser utilizados na época das cheias, pois a água da lagoa subia e os mesmos ficavam submersos. Porém, na cidade não existia uma rede de esgotos e a lagoa acabava servindo também para esse fim, além disso, os moradores ribeirinhos jogavam em suas margens todo tipo de resíduos. Nos períodos chuvosos o volume de suas águas aumentava bastante se escoando em direção ao nordeste, mais precisamente para o córrego denominado de Zé Fagomes, afluente da Lagoa Feia. Se ainda hoje existisse a Lagoa dos Santos, suas águas atingiram as ruas Visconde de Porto Seguro e Valeriano de Castro. A geomorfologia da cidade de Formosa apresenta-se ondulada e está localizada no patamar hipsométrico dos 900 m. A região oeste da cidade, onde está inserida a área da lagoa, encontra-se numa encosta que sobe o córrego Beira Rio (cotas entre 900m e 935 m) no sentido oeste da periferia, atingindo cotas perto dos 1.000 m em pontos distantes do centro. A Lagoa dos Santos representa um dos 31 pontos mais baixos da cidade, 900 m, e faz uma transição para um trecho a noroeste da cidade, marcado geomorfologicamente pela presença de uma marcante borda de ruptura, caracterizada por uma área extremamente recortada e com encostas íngremes. Essa borda de ruptura, bastante marcante, que se aproxima muito da cidade no seu limite noroeste continua existindo de forma um pouco menos acentuada e com pequeno afastamento ao norte, a oeste e a sudeste desta, constituindo-se em forte barreira para a expansão horizontal da cidade. Está situada em área com declividade de no máximo 3%, estando circundada por áreas com declividade variando de 3% a 10% (FARIA, 2001). O clima é o tropical continental, semiúmido e relativamente ameno, com precipitação anual variando entre 1.500 mm a 1.600 mm. A temperatura varia entre 12° C a mínima e 27º C a máxima, com média térmica de 19° C. O período chuvoso se estende de outubro a março, seu maior índice ocorre em janeiro. O período de seca vai de maio a setembro com índice pluviométrico mínimo no mês de junho. A vegetação existente no município é típica do cerrado, onde se apresenta sob diversas fisionomias, seguindo uma graduação que vai do tipo arbóreo ao herbáceo arbustivo. Predominam os tipos arbustivos, mas é marcante a presença dos arbóreos relativamente baixos, bastante espaçados. As árvores são tortuosas e acham-se disseminadas em meio a arbustos e vegetação de pequeno porte, constituída em geral por gramíneas. Nas proximidades da Lagoa dos Santos, as formações vegetais são muito escassas, porém, ainda se pode observar, no centro da mesma, durante o período de seca, vegetações típicas de meios aquáticos. 2.3. Histórico de ocupação da Lagoa dos Santos Segundo Faria (2001), a Lagoa dos Santos era um recanto silvestre de indiscutível beleza. Do ponto de vista hidrológico, era responsável pelo processo de regularização das grandes vazões afluentes durante o período chuvoso. Situada no fundo de uma micro-bacia hidrográfica isolada, ela acumulava águas que se precipitavam durante as chuvas e escoavam superficialmente, controlando seu fluxo por um sangradouro natural que permitia formar o Córrego do Registro, afluente do Córrego do Abreu e um dos formadores da Lagoa Feia. Como essa bacia tinha uma 32 boa cobertura vegetal e solos bem estruturados, havia também uma boa recarga dos aqüíferos que durante o período seco, afloravam lentamente no fundo da Lagoa, preservando seu nível mínimo. A cidade de Formosa crescia em direção à lagoa, e este crescimento acelerado não respeitou o leito por onde a mesma escoava suas águas. Com o crescimento, as partes mais altas da bacia foram sendo desmatadas e ocupadas. As edificações iam surgindo e os solos cada vez mais se compactavam. As taxas de infiltração se reduziam e o nível d’água na Lagoa foi diminuindo. À medida que a ocupação foi crescendo, as inundações se tornaram cada vez mais comuns, até que ficasse definido o limite entre a ocupação segura e as áreas inundáveis e de risco a fixação de moradias. Por volta da metade dos anos 80, um período de muitas chuvas castigou a cidade de Formosa, conseqüentemente as águas da lagoa começaram a subir até invadir as casas “ribeirinhas”, até então inatingíveis. A Prefeitura Municipal de Formosa achou por bem tomar alguma decisão acerca do problema existente. A solução foi a criação de um dreno com a finalidade de diminuir o volume de águas da lagoa (Fotos 25, 26 e 27). O problema foi “solucionado”, porém, passado o período de chuvas a Prefeitura não fechou o dreno, conseqüentemente, a vasão de água foi maior do que as reposições feitas pelas nascentes, já bastante castigadas pela poluição (SOUZA et. al., 1997). Durante o período das secas, o local pouco deixou transparecer a existência da lagoa, e foi justamente num período de secas que ocorreram as primeiras invasões. Posteriormente, com o crescimento da invasão, a Prefeitura seguindo os apelos dos invasores, dado o alagamento e o estado de calamidade enfrentado pelos mesmos durante as chuvas, tentou amenizar o problema aumentando o canal para cerca de 2 metros de profundidade por 2,30 metros de largura. Este canal mostrou a falta de experiência e planejamento por parte dos técnicos da Prefeitura, que sem nenhum estudo de impacto ambiental realizaram um crime contra o meio ambiente. Para completar o erro, o dreno realizado pela Prefeitura tomou a direção norte, colocando a Lagoa dos Santos como afluente do Rio Bandeirinha, pertencente à Bacia Amazônica, por sua vez, como dito anteriormente, a Lagoa dos Santos era afluente da Lagoa Feia pertencente à Bacia do São Francisco, sendo, portanto, o curso natural das águas em direção ao nordeste. 33 A situação se complicava cada vez mais, pois, no início dos anos 90, um grupo de invasores, com o amparo da justiça, ocupou o leito da lagoa. O então Prefeito José Saad manda aterrar a área como intuito de proteger a população local dos rigores da natureza. Porém, tais providências que visavam minimizar o sofrimento daquelas famílias, tomaram rumos inesperados, atraindo mais invasores e ampliando ainda mais o problema, já que os mesmos ocuparam a área mais crítica da lagoa. De nada adiantou os apelos do Prefeito que pedia exaustivamente para que se retirassem do local, alegando que a área era imprópria para a instalação de moradias, era uma área de risco. Dessa forma, cansado de insistir e desmotivado por estar em fins de mandato José Saad se desliga do problema deixando toda a carga para o seu sucessor, Jair Gomes de Paiva. Os problemas resultantes das inúmeras enchentes que inundavam as casas não passam despercebidos na gestão do novo prefeito. Em contrapartida, surgem os apelos e súplicas, os órgãos assistenciais locais se manifestam agindo e cobrando providências imediatas da prefeitura. Entretanto, as autoridades pouco fizeram por aquelas famílias. No ano de 1991, o então prefeito Jair Gomes de Paiva, preocupado com a situação daquelas pessoas que insistiam em permanecer habitando um local que oferecia altos riscos às suas vidas, requereu um mandato de segurança solicitando ao judiciário uma ordem de desocupação do terreno. O requerimento foi julgado e aceito, sendo despachado pelo juiz da Comarca de Formosa. Rapidamente foi acionada a Polícia Militar, ordenada a cumprir o referido mandato. Porém, houve resistência dos invasores, que liderados por Anísio Freitas e Enedina solicitam os serviços do advogado e político Ivan Ornelas, que prontamente aceita e interfere no caso, dando novo rumo às negociações (PRADO et al., 2000). De imediato, ele passa a incentivar a permanência das famílias no local. Logo encaminha ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás um mandato de segurança pedindo a derrubada do veredicto. Posteriormente, o mesmo tribunal, na pessoa do Desembargador Jamil Pereira Macedo, julga e concebe liminar favorável a permanência das famílias no terreno da antiga lagoa. Dessa forma, derruba o mandato de segurança que a Prefeitura de Formosa tinha obtido junto ao judiciário, autorizando a desocupação da área (SOUZA et. al., 1997). 34 A maneira pela qual foi procedida a invasão da Lagoa dos Santos chocou a todos os formosenses. Aquele canal, marco inicial da invasão, representa um crime contra a natureza e contra a própria sociedade. Os moradores se entristecem ao recordar a perda de um ponto de lazer e turismo de infinita beleza. A invasão ocupou a maior parte da área que antes era tomada pelo espelho d’água da Lagoa (Fotos 31 a 36). Ressalte-se que a orla da lagoa é ocupada por habitações regularizadas, escrituradas, e que a invasão está localizada nas cotas mais baixas do sítio da bacia, as quais são totalmente inundadas na época chuvosa (outubro a março), expulsando a maioria dos habitantes das moradias ali construídas em situação ilegal. Devido a essas inundações, o sítio constitui-se em área de risco. São 1019 habitantes ocupando 251 moradias, correspondendo a uma densidade populacional de 4,05 hab/moradia (no Bairro como um todo a densidade populacional média é de 3,98 hab/moradia), com área média construída igual a 35 m², sendo que existem 22 moradias com mais de uma família (Tabela 2.2). Atualmente não se registram novas invasões na área, tendo em vista que a Prefeitura Municipal está diariamente fiscalizando o local para inibir a ação de novos invasores e propiciar a estabilização da área (FARIA, 2001). Tabela 2.2 – Número de Famílias por Residências Número de Famílias por Residência Unifamiliar 229 91,2% Cohabitada 2 famílias 19 7,6% Cohabitada 3 famílias 2 0,8% Cohabitada 4 famílias 1 0,4% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). 35 2.4. Caracterização e condições dos domicílios O Bairro Lagoa dos Santos possui 317 casas, sendo que a área invadida é composta por 251 edificações e as demais (66) encontram-se em lotes regularizados e escriturados (Faria, 2001). O tipo de uso das edificações é distribuído entre residência e comércio, sendo que 94,8% correspondem ao primeiro tipo de utilização e 5,2% são de uso misto - residência e comércio (Tabela 2.3). Tabela 2.3 – Tipo de Uso das Residências Tipo de Uso das Residências Residencial 238 94,8% Residencial/Comercial 13 5,2% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). No tocante à área construída, cerca de 12% das edificações possuem entre 9 m² e 25 m² , 60% entre 30 m² e 40 m², 20% entre 41 m² e 60 m² e 8% entre 61 m² e 100 m². A exceção é um prédio residencial de 2 (dois) andares com área construída de 280 m². A quantidade de cômodos varia de 1 (um) a 5 ou mais (cinco ou mais), tendo em vista que a área construída varia de 9 m² a 100 m² (Tabela 2.4). Tabela 2.4 – Número de Cômodos por Residência Número de cômodos por Residência 1 Cômodo 15 6,0% 2 Cômodos 28 11,2% 3 Cômodos 38 15,1% 4 Cômodos 54 21,5% 5 ou mais Cômodos 116 46,2% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). 36 Com relação à existência de banheiro, ele existe em 82% das residências. Em 65,3% dos domicílios ele é interno, em 16,7% é externo e em 18% não existem banheiros. Nesses casos, os moradores utilizam o banheiro do vizinho ou dos parentes que residem no bairro (Tabela 2.5). Tabela 2.5 – Existência de Banheiro no Domicílio Número de Residências com Banheiro Banheiro Interno 164 65,3% Banheiro Externo 42 16,7% Não Possui 45 18,0% Total 251 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). De um modo geral, as edificações foram construídas empregando-se o concreto ciclópico para as fundações, tijolos cerâmicos de seis furos para paredes e muros e, em alguns casos colunas de sustentação e vigamento em concreto armado (Tabela 2.6). Tabela 2.6 – Tipos de Paredes Tipos de Paredes Alvenaria 248 98,8% Madeira 2 0,8% Outros 1 0,4% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). Em 66,5% das coberturas foram empregadas estruturas de madeira e telha de cimento amianto, 1,6% é coberta com laje, 0,4% com plástico/lona e, as demais 31,5% são cobertas com telhas de barro (Tabela 2.7). 37 Tabela 2.7 – Tipos de Coberturas Tipos de Coberturas Amianto/Zinco 167 66,5% Telha de Barro 79 31,5% Laje 4 1,6% Plástico/ Lona 1 0,4% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). A pavimentação do piso é feita com concreto pobre ou liso (71,3%), ladrilho cerâmico (15,5%), terra batida (10,8%), outros (2,4%) conforme a tabela 2.8. Tabela 2.8 – Tipos de Pisos Tipos de Pisos Cimentado 179 71,3% Cerâmica/Madeira 39 15,5% Terra Batida 27 10,8% Outros 6 2,4% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). O revestimento interno e externo é feito com argamassa de areia e cimento ou areia e cal hidratada. Não mais que 30% das moradias possuem suas paredes revestidas com argamassa. As demais moradias, que equivalem à cerca de 70% do total não possuem revestimento interno ou externo, permanecendo apenas na alvenaria. A maioria das casas não possuem forro ou laje e os pontos de luz são distribuídos um para cada cômodo, sempre com tubulação aparente. 38 Com relação ao módulo hidráulico, apesar de 78,1% das casas possuírem água encanada há deficiências, necessitando, portanto, de se completar suas instalações hidráulicas (Tabela 2.9). Tabela 2.9 – Origem da Água Consumida Origem da Água Consumida Rede Pública 196 78,1% Cisterna 33 13,1% Cedida 22 8,8% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). Quanto aos serviços de energia elétrica, 87,6% dos moradores contam com ligações regularizadas atendidas pela CELG, 7,6% utilizam energia clandestina através de gambiarras e 4,8% não possuem energia elétrica em suas residências (Tabela 2.10). Tabela 2.10 – Origem da Energia Elétrica Origem da Energia Elétrica Rede pública (CELG) 220 87,6% Puxada / Gambiarra 19 7,6% Não possui 12 4,8% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). Na maioria dos domicílios, 62,5%, o lixo é coletado pela Prefeitura Municipal, apesar de os moradores reclamarem muito quanto ao intervalo da coleta, que ocorre somente duas vezes por semana. Em 31,5% os moradores afirmaram queimar o lixo produzido diariamente. Em 5,6% dos domicílios o lixo é lançado a céu aberto, 39 normalmente, em lotes baldios. Apenas 0,4%, o que corresponde a um domicílio, enterra os resíduos produzidos na residência (Tabela 2.11). Tabela 2.11 – Destino dos Resíduos Sólidos Destino dos Resíduos Sólidos Coletado 157 62,5% Queimado 79 31,5% Céu Aberto 14 5,6% Enterrado 1 0,4% Total 251 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). Os despejos dos vasos sanitários e águas provenientes de chuveiros, lavatórios, pias de cozinha e tanques de lavar roupas são canalizados para fossas sépticas (80,5%). Em muitos casos são lançados a céu aberto (19,5%), já que o bairro não possui rede de esgoto (tabela 2.12). Tabela 2.12 – Destino dos Resíduos Líquidos Destino dos Resíduos Líquidos Fossa Séptica 202 80,5% Não tem 34 13,5% Céu Aberto 15 6,0% Rede Pública 0 0,0% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). 40 2.5. Perfil sócio-econômico dos moradores Conforme dados coletados nos trabalhos de pesquisa realizados em março de 2002, foi constatado que a renda das famílias que residem na Lagoa dos Santos é muito baixa. Em linhas gerais e, considerando o universo de 251 famílias visitadas, esse perfil se expressa em termos percentuais da seguinte forma: 45,8% das famílias vivem com até um salário mínimo, 33,1% das famílias entre um e dois salários mínimos, 10% das famílias entre dois e três salários, 5,2% de três a quatro salários, 2,4% entre quatro e cinco e apenas 3,6% com mais de cinco salários mínimos, conforme mostra a tabela 2.13. Tabela 2.13 – Renda Familiar em Salários Mínimos Renda Familiar em Salários Mínimos Salário Número de Pessoas % Até 1 115 45,8% Mais de 1 até 2 83 33,1% Mais de 2 até 3 25 10,0% Mais de 3 até 4 13 5,2% Mais de 4 até 5 6 2,4% Mais de 5 9 3,6% Total 251 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). Para Faria (2001), as causas geradoras desse limitado rendimento familiar são a seguintes: Baixo nível de escolaridade da PEA 24, 24 A população economicamente ativa, ou simplesmente população ativa, compreende o potencial de mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada, assim definidas: população ocupada - aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias). População Desocupada - aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva (consultando pessoas, jornais, etc.) (IBGE, 2010). 41 Baixo índice de profissionalização; Elevado contingente de mulheres como chefe de família; Carência de oferta de emprego na cidade. Segundo o mesmo autor, é oportuno acrescentar que 60% da população masculina economicamente ativa não têm emprego fixo. A maioria tem alguma iniciação profissional na área de construção civil (pedreiro, ladrilheiro, armador, serralheiro eletricista, bombeiro, encanador etc.), trabalham como diarista e/ou sob regime de subempreitada, num regime descontinuado, uma vez que, terminada uma obra, ficam aguardando surgir outra, onde possam pleitear trabalho. O comprometimento médio mensal com o pagamento de taxas, encargos, impostos, moradia e transporte varia entre 10% e 15% do rendimento familiar, já que quem mora na área invadida paga apenas a taxa de consumo de energia elétrica e água encanada (quando dispõe desses benefícios). Para os moradores que pagam aluguel, o encargo médio verificado nesse segmento foi de R$ 60,00 (sessenta reais). O grau de escolaridade também é muito baixo. O percentual de pessoas que não sabem ler ou escrever atinge 31% da população adulta. Apenas 14,6% da população chega ao ensino médio. Quanto ao ensino superior, o percentual é ainda pior, são apenas 1,6% da população cursando uma instituição destinada a tal finalidade (tabela 2.14). Tabela 2.14 – Nível de Escolaridade da População Adulta Nível de Escolaridade da População Adulta Ensino Fundamental 271 52,8% Não Sabem Ler e Escrever 159 31,0% Ensino Médio 75 14,6% Ensino Superior 8 1,6% Total 513 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). 42 Com relação aos chefes de família, a situação não é diferente, 24,3% não sabem ler e escrever, 66,5% tem o ensino fundamental, 8,4% o ensino médio e apenas 0,8% o ensino superior (Tabela 2.15). Tabela 2.15 – Nível de Escolaridade dos Chefes de Família Nível de Escolaridade dos Chefes de Família Ensino Fundamental 167 66,5% Não Sabem Ler e Escrever 61 24,3% Ensino Médio 21 8,4% Ensino Superior 2 0,8% Total 251 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). No que diz respeito à qualificação profissional dos moradores, o contingente não ultrapassa 10% da população, resumindo-se a motoristas, auxiliares de enfermagem, cabeleireiros, manicuras e pedreiros. Os dados acima revelam uma população de baixo poder aquisitivo, é possível que a alimentação seja deficiente e, consequentemente, haja pouca resistência orgânica. Esse estado crítico reduz a capacidade imunológica dessas pessoas, expondo-as a gripes, resfriados, infecções intestinais, verminoses, hepatite, doenças ósseas etc. Essa situação se complica ainda mais, já que os moradores da Lagoa dos Santos não dispõem de um posto de saúde ou hospital no bairro, apresentando então carência de assistência médico-hospitalar. De fato, os habitantes da lagoa não dispõem de um ambiente adequado à moradia, pois também não existe escola, comércio local, rede de esgoto, linhas telefônicas, etc. para todos e muito menos posto policial, deixando o bairro vulnerável a ações criminosas, dentre as quais se destaca o tráfico de drogas. 43 2.6. Diagnóstico sócio-ambiental A situação sanitária é grave. Na época da seca são as águas servidas que circulam livremente pela superfície e na época das chuvas, os alagados que se constituem formam um ambiente propício ao desenvolvimento de agentes propagadores de doenças endêmicas (Fotos 31 a 36). Durante o período chuvoso o volume de águas da Lagoa dos Santos aumenta SIGNIFICATIVAMENTE. Esse índice de aumento deve-se ao fato de, como já destacado, ter existido nesse local uma lagoa. Ao destruírem uma parte da natureza e dar início à construção de casas onde existia apenas água, os moradores acabaram provocando um desequilíbrio naquele ecossistema e consequentemente o problema das enchentes. Outro fato que propicia a ocorrência dessas é o volume de água que vem das áreas mais altas e se acumulam na lagoa. Além disso, existe na área um lençol freático que a partir do momento que começa a chover aflora suas águas contribuindo ainda mais para aumentar o volume das enchentes. Apenas dois dias de chuvas intensas é o suficiente para inundar toda a área. O nível de água durante as chuvas sobe de 30 cm a 1 m, com isso as casas ficam alagadas e o desespero se espalha entre as famílias que não tem para onde ir (Fotos 33 e 34). A proliferação de doenças é facilitada pelas águas empoçadas, mesmo na época da seca, e também pelo dreno exposto, sujeito à contaminação tanto pelos detritos que são jogados pelos moradores, como pela diversidade de roedores e bactérias que se aglomeram em seu percurso (Fotos 32, 35 e 36). As principais doenças detectadas pelos agentes de saúde são doenças de pele e verminoses. As crianças são contaminadas ao entrarem em contato com a água empoçada ou ao pescarem no dreno criado pela prefeitura, já os adultos devido à proximidade que a água estagnada fica de suas casas e ao mau cheiro propiciado pelo apodrecimento da mesma. A falta de esgotamento sanitário cria outro problema sério, a construção de fossas, que além de contaminarem o lençol freático (muito próximo à superfície, em algumas áreas ele chega a aflorar), fonte de abastecimento de água de 13,1% da população local (parte da população consome água proveniente de cisternas), ainda ficam abertas servindo de convite à proliferação de inúmeros insetos e roedores, 44 sem falar no odor insuportável que se espalha por todos os lados. A poluição das águas superficiais se dá pelos esgotos a céu aberto ou tubulações clandestinas que de diversas maneiras chegam até o local. Como dito anteriormente, algumas doenças são causadas por veiculação hídrica, que poderiam ser evitadas se a área contasse com os serviços de saneamento básico. O lixo é outro grande problema para a área em questão, pois a população que aí reside é, geralmente, de baixa instrução, não dando a atenção devida para a questão. Dessa forma, o lixo é despejado nos quintais ou em recipientes inadequados para a coleta. A coleta efetuada pelos órgãos competentes é também irregular, contribuindo ainda mais para o aumento da sujeira. As poças d’água são também comuns, acentuando ainda mais o estado caótico do local. Originalmente, a lagoa permanecia o ano todo com um espelho d’água perene, aumentando o volume na época chuvosa e diminuindo na época seca. Na década de 80, como dito anteriormente, foi aberta uma vala no centro da lagoa, no sentido sudeste/noroeste até as terras da fazenda Brocotó, por onde passaram a escoar as águas, dando origem a um processo erosivo que hoje alcança grandes proporções (Fotos 25, 26, 28, 29 e 30). Do ponto de vista ambiental, verifica-se ai uma profunda impactação, decorrente da ocupação desordenada da área pelo homem, com sérios reflexos tanto para os ocupantes, no que tange à qualidade de vida e à saúde pública, quanto para o próprio ecossistema local, totalmente degradado e exposto a todo tipo de poluição. Nesse sentido, é evidente a necessidade de urbanização do assentamento, com a instalação de aparelhos públicos de infraestrutura que permitam transferir à comunidade as condições mínimas de higiene, saúde, educação, lazer e segurança, como ações emergenciais de melhoria da qualidade de vida. 2.7. Percepção e soluções quanto aos problemas do bairro Nesta parte do trabalho analisamos a percepção e as soluções propostas pelos moradores em torno das dificuldades que enfrentam no dia a dia em vários 45 setores. Assim, eles foram questionados sobre alguns dos problemas diários e quais as melhorias deveriam ocorrer no bairro. A pesquisa foi realizada em março de 2002. Quando questionados sobre que tipos de melhorias gostariam que ocorressem em seu domicílio, 37,5% disseram desejar que os mesmos passassem por uma reforma, 29,1% gostariam que fosse construída a rede de esgoto no bairro, para onde destinariam seus resíduos líquidos, 19,5% optaram pela construção de um novo imóvel, que os permitisse ter condições mais dignas de moradia, 9,2% que as suas cisternas e a água cedida pelos vizinhos fossem substituídas pela água proveniente da rede pública, 4,4% optaram por outros tipos de melhoria, que vai desde a aquisição de um móvel novo até eletrodomésticos melhores, e apenas um morador afirmou que gostaria de ter energia elétrica em sua residência (tabela 2.16). Tabela 2.16 – Tipos de Melhorias para o Domicílio Tipos de Melhorias para o Domicílio Reforma do Imóvel 94 37,5% Rede de Esgoto 73 29,1% Construção de Imóvel 49 19,5% Água Encanada 23 9,2% Energia Elétrica 1 0,4% Outro 11 4,4% Total 251 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). No que diz respeito às áreas sobre as quais acham que os investimentos públicos são prioridade e que a comunidade necessita que haja melhoras, 39,4% apontaram a saúde como a principal, 27,9% responderam que a geração de renda, 15,5% acredita que é a educação, 5,2% optaram pela cultura, 4,8% por mais segurança, 3,2% acham que deve se investir mais no esporte, 2% no lazer da comunidade e 2% em outras áreas (Tabela 2.17). 46 Tabela 2.17 – Prioridades de Investimento Áreas Prioritárias para se Investir Saúde 99 39,4% Geração de Renda 70 27,9% Educação 39 15,5% Cultura 13 5,2% Segurança 12 4,8% Esporte 8 3,2% Lazer 5 2,0% Outros 5 2,0% Total 251 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). No tocante às melhorias que deveriam ocorrer no bairro, 37,1% responderam que desejavam que no bairro existisse um posto de saúde, pois o hospital municipal fica a quilômetros de distância e a maioria dos moradores tem dificuldades para chegar até o local, pois não existe sistema de transporte público que os atenda, 24,7% gostariam que fosse construída a rede de esgoto, para resolver o problema dos resíduos líquidos gerados em suas residências, 12,7% destacaram que a prioridade seria a construção de um posto policial, dado o alto índice de vi olência que assola a comunidade, 7,6% optaram pela pavimentação asfáltica, por causa da poeira e da lama, 5,2% pela construção de uma escola de ensino fundamental, já que as crianças têm que se deslocar para outros bairros para poderem ir à escola, 4,8% pela limpeza do bairro, considerado muito sujo, propiciando o alastramento de insetos, roedores e doenças, que atingem principalmente as crianças, 2,8% pela iluminação pública, pois não existe e dificulta o deslocamento dos moradores à noite, além de contribuir para o aumento da criminalidade, 2% pela construção de uma escola de ensino médio, 0,4% pelo plantio de árvores, 0,4% por uma área destinada exclusivamente ao comércio, 0,4% pelo aterro de seu lote, para evitar o problema das enchentes e 0,4% outros tipos de melhoria (Tabela 2.18). 47 Tabela 2.18 – Tipos de Melhorias para o Bairro Tipos de Melhorias para o Bairro Posto de Saúde 93 37,1% Rede de Esgoto 62 24,7% Posto Policial 32 12,7% Pavimentação Asfáltica 19 7,6% Escola de Ensino Fundamental 13 5,2% Limpeza do Bairro 12 4,8% Iluminação Pública 7 2,8% Escola de Ensino Médio 5 2,0% Coleta do Lixo 4 1,6% Plantio de Árvores 1 0,4% Área para Comércio 1 0,4% Aterro do Lote 1 0,4% Galeria de Águas Pluviais 0 0,0% Outros 1 0,4% Total 251 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). Com relação aos projetos que a comunidade gostaria que fossem colocados em prática e que teriam o apoio comunitário, 27,5% responderam que as campanhas de limpeza do bairro, 25,1% um projeto que viesse a melhorar o atendimento à saúde da comunidade, 14,7% a criação de cursos de capacitação profissional, 14,7% a implantação de uma horta comunitária, 5,2% ajudariam na fiscalização para impedir novas invasões, 4% apoiariam a construção de uma quadra poliesportiva, algo que contribuiria para a retirada das crianças e jovens das ruas, 1,2% disse que a realização de eventos culturais conta com seu apoio, 0,8% participaria de campanhas de arborização do bairro e 6,8% disseram que gostariam que existisse um projeto para a construção de uma escola no bairro (Tabela 2.19). 48 Tabela 2.19 – Projetos Apoiados pela Comunidade Projetos Apoiados pela Comunidade Campanhas de Limpeza Urbana 69 27,5% Melhoria do Atendimento à Saúde 63 25,1% Implantação da Horta Comunitária 37 14,7% Criação de Cursos Profissionalizantes 37 14,7% Fiscalização Contra Novas Invasões 13 5,2% Construção de Quadra Poliesportiva 10 4,0% Realização de Eventos Culturais 3 1,2% Campanhas de Arborização 2 0,8% Outro(s) 17 6,8% Total 251 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2002). 49 3. PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DA LAGOA DOS SANTOS – PROGRAMA HABITAR BRASIL/BID – SUBPROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS SUBNORMAIS (UAS) No contexto atual de reestruturação produtiva, associada à intensificação de uso de tecnologia e redução da mão-de-obra, principalmente a menos qualificada, não é totalmente trivial estabelecer mecanismos que propiciem a geração de emprego e renda e que resultem em redução da pobreza absoluta (ROCHA, 1997). No caso da pobreza, envolvendo grandes contingentes populacionais em um contexto de complexidade produtiva crescente e elevada desigualdade de renda, iniciativas voltadas para a redução da pobreza absoluta se classificam em duas categorias básicas: aquelas diretamente vinculadas à melhoria de renda via inserção no mercado de trabalho; e as de cunho social, cuja finalidade é dar suporte à população pobre, visando melhorar sua condição de vida presente e reduzindo a incidência de pobreza no futuro 25. As iniciativas ligadas à política social stricto sensu devem objetivar, com base na caracterização dos pobres e nos principais determinantes da pobreza, o apoio aos grupos sociais mais vulneráveis, amenizando as situações de carência crítica. Garantia de acesso a serviços de qualidade na área de educação, saúde e promoção social têm importância fundamental para a melhoria das condições de vida no presente e no futuro. Ações sociais voltadas para os jovens em áreas de concentração de pobreza absoluta, combinando promoção comunitária e capacitação para o trabalho, devem visar à redução da marginalidade, da incidência de maternidade precoce e à promoção da inserção social. Em última instância, o objetivo da ação social no combate à pobreza é operar na área de ineficiência dos mecanismos de mercado de trabalho, viabilizando a redução paulatina da pobreza absoluta e das desigualdades (ROCHA, 1997, p.15). O acesso a terra, um dos maiores desafios do campo brasileiro, também constitui um grave problema nas cidades do nosso país, que sofrem com uma espécie de "bomba socioecológica", fruto da falta de planejamento. O modelo urbanístico brasileiro, inspirado em padrões do chamado primeiro mundo e comprometido apenas com a “cidade oficial”, perdeu as rédeas da exclusão representada pela gigantesca ocupação ilegal do solo urbano. Na “cidade oculta”, o que temos, realmente, é uma máquina de produzir favelas, moradias fora da lei e cidades sem conhecimento técnico, sem financiamento público ou privado. É aí que 25 A política pública analisada em nosso trabalho vai ao encontro com essa última categoria de iniciativa do poder público visando à redução da pobreza. 50 se dá o embate entre a preservação do meio ambiente e o crescimento urbano. Toda a legislação que pretende ordenar o uso e ocupação do solo é aplicada à cidade legal, visível, à cidade do mercado. Mas não se aplica à outra parte, justamente a que mais cresce (MEIRELES, 2000). Entre 1995 e 1999, foram construídas no Brasil 4,4 milhões de moradias, das quais apenas 700 mil, aproximadamente, dentro do mercado formal. Isso significa que mais de três milhões de domicílios foram construídos em terras invadidas ou em áreas inadequadas. Essa situação já se verificava no passado. Na década de 80, a maior taxa de ocupação do solo em São Paulo foi registrada em Áreas de Proteção de Mananciais (APMs). Esse nó é difícil de desatar, principalmente pela má gestão do uso do solo e ausência de uma política habitacional. Maricato (2000) explica que a aplicação dos vultosos investimentos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) do extinto Banco Nacional da Habitação (BNH), ao longo de 22 anos, a partir de 1964 até a sua extinção, não só impediu a quebra dessa dinâmica de ocupação ilegal de terras urbanas, como, ao contrário, aprofundou a dualidade entre mercado e exclusão. "Contribuiu, decisivamente, para consolidar o mercado de relações capitalistas restrito a uma parcela da população". Além de ficar de fora do mercado imobiliário formal, e, portanto, dos cadastros oficiais dos governos municipais, estaduais ou federais, a cidade oculta não cabe ainda, de modo rigoroso, nos levantamentos elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse sentido, é que a ocupação territorial e sua gestão ambiental adequada sempre foi um dos principais desafios do Poder Público quando investido do papel de regulador do uso e ocupação do solo. A população urbana aumenta continuamente no mundo. Segundo o Relatório do World Resources Institute (WRI) sobre o meio ambiente urbano (W.R.I. 96/97) na próxima década metade da população mundial, aproximadamente 3,3 bilhões de pessoas, estará vivendo nas cidades e em 2025 dois terços da população do mundo será urbana. Alia-se a isto o crescimento da faixa de exclusão social e a reduzida capacidade de investimento do Estado, o que faz com que um percentual cada vez maior de pobres viva em condições precárias nas cidades. Como resultado, tem-se um agravamento crescente dos problemas ambientais urbanos, notadamente aqueles relativos à poluição e degradação do território (JATOBÁ, 2000). 51 Em Formosa, estes problemas são agravados em função da forte urbanização de seu espaço físico – 91,96% da população é urbana. As principais vulnerabilidades ambientais do território são: a poluição dos recursos hídricos e a ocupação desordenada dos solos urbanos. Assim, as questões ambientais mais relevantes estão diretamente relacionadas à forma da ocupação territorial e à carência de uma infraestrutura adequada. A expansão acelerada da área urbana nos últimos dez anos tem demandado elevados investimentos públicos para atenuar os problemas urbanos e ambientais. Os instrumentos de gestão urbana e ambiental praticados, por sua vez, não têm sido eficazes no controle da qualidade ambiental das novas ocupações. Por outro lado, quando se considera a baixa efetividade dos instrumentos de gestão utilizados na avaliação e monitoramento de impactos ambientais nos parcelamentos urbanos, verifica-se que têm agravado os passivos ambientais gerados pelas ocupações populacionais. Manifesta-se, portanto, a necessidade de reavaliar a aplicação destes instrumentos e, em alguns casos, propor novos modelos de gestão ambiental de territórios, visando à manutenção da sua sustentabilidade. É nesse contexto, que no Bairro Lagoa dos Santos, a Prefeitura Municipal em parceria com o Ministério das Cidades e com a Caixa Econômica Federal (CEF) criou o Projeto de Revitalização da Lagoa dos Santos e o colocou em prática por meio do Programa Habitar Brasil/BID, que busca solucionar os problemas ambientais urbanos resultantes da pobreza, a partir de iniciativas voltadas para a redução da mesma. 3.1. Programa Habitar Brasil/BID: características gerais O Programa Habitar Brasil/BID (HBB) foi criado pelo Governo Federal com o objetivo de: Contribuir para elevar a qualidade de vida das famílias de baixa renda, predominantemente na faixa de até 3 salários mínimos, que residam em aglomerados subnormais – favelas, mocambos, palafitas e cortiços, entre outras - localizados em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e capitais de estados e fortalecer as condições administrativas e institucionais 52 dos municípios para dotá-los de maior capacidade de atuação no controle e recuperação desses núcleos e na adoção de medidas para evitar novas ocorrências (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.2). Ele destina recursos para que os municípios possam se fortalecer institucionalmente, executarem obras e serviços de infraestrutura urbana, além de ações de intervenção social e ambiental, por meio do Subprograma de Desenvolvimento Institucional (DI) e do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS). O Subprograma de Desenvolvimento Institucional se destina: a criação, ampliação ou modernização da capacidade institucional dos municípios para atuar na melhoria das condições habitacionais das famílias de baixa renda, por meio da criação ou aperfeiçoamento de instrumentos urbanísticos, institucionais e ambientais que permitam a regularização dos assentamentos subnormais, e da capacitação técnica das equipes da prefeitura que atuam no setor. Visa, ainda, propiciar condições para a ampliação da oferta de habitações de baixo custo e implantar estratégias de controle e desestimulo a ocupação irregular de áreas (CEF, 2006). Já o Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais objetiva: a elaboração, desenvolvimento e implantação de projetos integrados de urbanização de assentamentos subnormais, que compreendam a regularização fundiária/dominial e a execução de obras e serviços de infraestrutura urbana e de ações de recuperação ambiental nessas áreas, assegurando a efetiva mobilização e participação da comunidade em todas as etapas de sua implementação (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.5). O HBB é realizado com os recursos previstos no Contrato de Empréstimo 1126 OC/BR, firmado entre a União Federal e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Tem como órgão gestor o Ministério das Cidades, sendo a CAIXA o agente financeiro, técnico e operacional e responsável pela implementação do programa e como órgão executor, no caso da Lagoa dos Santos, a Prefeitura Municipal de Formosa, por meio da Secretaria de Obras e Urbanismo que é a Unidade Executora Municipal (UEM). Foi destinado para aplicação no programa, no ano de 2006, um total de US$ 417.000.00 (quatrocentos e dezessete milhões de dólares), dos quais US$ 53 390.000.000,00 (trezentos e noventa milhões de dólares) são operados pela CAIXA da seguinte forma (Tabela 3.1): Tabela 3.1 – Recursos Destinados ao HBB em 2006 Recursos Destinados ao HBB (2006) Recursos Valores em Milhões de Dólares % UAS 332 85,1% DI - Municípios 58 14,9% Total 390 100,0% Fonte: CEF com adaptações (2006). Além dos investimentos da União e do BID é exigida uma contrapartida local que varia entre 5% a 20%, de acordo com o Regulamento Operacional do Programa. Os projetos que apresentarem serviços acima dos limites fixados nos itens econômico financeiros do Regulamento Operacional do Programa, desde que aprovados pela CAIXA em sua análise, poderão ser executados sob a forma de contrapartida adicional obrigatória (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.7). O órgão gestor, o Ministério das Cidades, é o encarregado pela União para exercer a representação e intermediação com o BID. A Unidade de Coordenação do Programa (UCP), subordinada à Diretoria de Assentamentos Precários da Secretaria Nacional de Habitação tem competência efetiva para implementar, controlar e avaliar o HBB, e compõe-se de Técnicos Especialistas responsáveis pela coordenação e acompanhamento do Programa junto à CAIXA. Ao órgão gestor cabe: a) estabelecer critérios e procedimentos operacionais necessários à execução do Subprograma; b) acompanhar e avaliar as ações desenvolvidas para a implementação do Subprograma, bem como os resultados na aplicação dos recursos; c) avaliar e aperfeiçoar os parâmetros operacionais do Subprograma; d) realizar reuniões, treinamentos e seminários técnicos, com vistas à divulgação do Subprograma e capacitação dos agentes envolvidos; 54 e) realizar visitas técnicas às áreas de intervenção, antes, durante e depois da sua execução; f) estabelecer as diretrizes gerais para a elaboração do plano de acompanhamento, avaliação e monitoramento do Subprograma; g) disponibilizar informação sobre outros programas e projetos do poder público para promover a sua integração aos projetos do Subprograma; h) declarar a aprovação final dos projetos apresentados, autorizar suas contratações e realizar os desembolsos de recursos (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.5). A Caixa Econômica Federal foi contratada pela União como agente financeiro e prestador de serviços no âmbito do Programa HBB, responsável pela análise, aprovação e acompanhamento dos projetos. Seus Escritórios de Negócios (EN) são as unidades que detêm a competência para representá-la institucionalmente perante os municípios e demais entidades localizadas na sua área de jurisdição. O Subprograma de Assentamentos Subnormais prevê investimentos em terreno, regularização fundiária, indenização de benfeitorias aos proprietários, remanejamento e/ou reassentamento de famílias, projetos e estudos preliminares, alojamento provisório, infraestrutura (abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais, sistema viário, iluminação pública, ligações intradomiciliares de energia elétrica, coleta de resíduos sólidos, contenção e estabilização de encostas e/ou de áreas, recuperação de áreas degradadas, obras especiais, serviços privatizados), provisão de serviços sociais básicos, unidade habitacional básica, cesta básica de materiais de construção, módulo hidráulico, recuperação habitacional, melhoria habitacional, administração e gerenciamento e trabalho de participação comunitária. Os pré-requisitos para que uma área conte com os investimentos do UAS são os seguintes: a) Assentamento Subnormal definido na hierarquização apresentada pelo Município; b) Área ocupada há mais de cinco anos, contendo no mínimo 60% (sessenta por cento) das famílias com renda até 03 (três) salários mínimos, ou; 55 c) Área de risco ou legalmente protegida. O Bairro Lagoa dos Santos atende a todos os pré-requisitos descritos acima. Foi um dos bairros escolhidos pela Prefeitura Municipal de Formosa para a implantação do programa por ter sido considerado um dos principais assentamentos subnormais do município. A área foi invadida no início da década de 90, se constituía em uma área de alto risco e mais de 88% dos moradores possuía, em 2002, menos de três salários mínimos. A única solução para resolver os problemas do local era a implantação de um projeto integrado de urbanização, compreendendo não apenas a regularização fundiária – tanto da área onde estavam assentadas as famílias, quanto da área utilizada para remanejamento – mas também a instalação de infraestrutura urbana (abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, abertura de sistema viário, iluminação pública e domiciliar etc.), de serviços sociais (centro comunitário, áreas de lazer, paisagismo etc.), recuperação ambiental, além de melhorias nas próprias unidades habitacionais. Assim, em 2002, a Prefeitura Municipal firmou convênio com o Ministério das cidades para implantar o HBB no Bairro Lagoa dos Santos, com ações integradas de habitação, infraestrutura urbana e apoio ao desenvolvimento comunitário, por meio do UAS (INFORMATIVO DO CENTRO DE USOS MÚLTIPLOS, 2006). Foi estabelecido para a execução do projeto, o valor total de R$ 11.579.112, 65 (onze milhões, quinhentos e setenta e nove mil, cento e doze reais e sessenta e cinco centavos) – valor no exercício 2002, mediante repasse de recursos financeiros, do Orçamento Geral da União, no valor de R$ 6.571.062,45 (seis milhões, quinhentos e setenta e um mil, sessenta e dois reais e quarenta e cinco centavos) – valor no exercício 2002, a contrapartida do Governo Estadual no valor de R$ 2.504.025,10 (dois milhões, quinhentos e quatro mil, vinte e cinco reais e dez centavos) e do Município no valor de R$ 2.504.025,10 (dois milhões, quinhentos e quatro mil, vinte e cinco reais e dez centavos) – valor no exercício 2002. O contrato entre a Prefeitura de Formosa e a empresa vencedora da licitação foi firmado no final de 2003, com início das obras previsto para o ano seguinte e previsão de término no ano de 2006. 56 3.2. Infraestrutura A proposta de intervenção, elaborada a partir do diagnóstico integrado realizado pela RCA Engenharia e Desenvolvimento, em outubro de 2001, propunha inicialmente, o remanejamento de 48 (quarenta e oito) famílias que habitavam as áreas inundáveis e sem as mínimas condições de habitabilidade, para lotes vagos, existentes na própria área, de propriedade da Prefeitura Municipal, onde seriam construídas as novas unidades habitacionais condizentes com o UAS. Mais tarde, com a revisão do projeto de engenharia que se mostrou ineficaz para solucionar o problema das enchentes, a necessidade de ampliação da área destinada à construção do espelho d’ água da lagoa e o aumento das verbas destinadas ao projeto, que no início era de R$ 1.700.000 (um milhão e setecentos mil reais), depois passou para R$ 5.000.000 (cinco milhões de reais), até chegar aos atuais R$ 11.579.112, 65 (onze milhões, quinhentos e setenta e nove mil, cento e doze reais e sessenta e cinco centavos)26, o total de famílias a ser remanejadas, passou para 52 (cinqüenta e duas). As habitações seriam construídas pelo regime de empreitada, não havendo nenhum custo para os beneficiários finais 27. Já aquelas famílias que moravam em áreas onde não havia necessidade de remoção de suas residências, seriam beneficiadas com ações de melhoria habitacional e de infraestrutura de acordo com as necessidades individuais e coletivas. No tocante à regularização fundiária, a Prefeitura cederia os lotes aos moradores em caráter de concessão de direito real de uso, de acordo com o que se recomenda no Estatuto da Cidade (FARIA, 2006). As ações de infraestrutura em nível comunitário previam a construção da rede de drenagem de águas pluviais, para solucionar o problema das enchentes, comuns no bairro na época das chuvas. A construção e pavimentação do sistema viário, inexistente no local. A definição de endereços, com nomes de ruas e número nas residências, visando resgatar a cidadania e a dignidade dos moradores. A revitalização da Lagoa, propriamente dita, por meio da recomposição de sua bacia 26 Vale ressaltar, que parte desse valor foi investida no Bairro Abreu, pois faz parte do programa a urbanização da Lagoinha do Abreu, que é fundamental para a revitalização da Lagoa dos Santos. 27 O HBB recomenda que: “o remanejamento/reassentamento de uma população não pode ser considerado isoladamente, apenas como um projeto de obras, vez que afeta não somente a vida das famílias envolvidas e a área objeto de intervenção, mas também todo o entorno social e urbanístico”. (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.33). 57 hidrográfica e da vegetação ribeirinha, além da construção de cortina de contenção com vertedouro para captação das águas afluentes excedentes 28. A construção de uma praça com equipamentos de lazer e esportes para a comunidade. A urbanização da Lagoa e da praça, com a construção de passeios iluminados, quiosques etc. que além de fornecerem maior conforto aos moradores, serviriam para inibir novas invasões. O ajardinamento e arborização do setor, através do plantio de mudas frutíferas e decorativas, e do plantio de grama nos passeios e praças. E a recuperação de áreas degradadas. À Prefeitura e ao governo do estado caberia investir na construção da rede coletora de esgotos, a galeria de águas pluviais e o reforço e ampliação do abastecimento de água, de distribuição de energia elétrica e iluminação pública. Estava prevista também a construção de uma escola de ensino fundamental e ampliação da creche localizada no bairro. 3.3. Trabalho de participação comunitária O Trabalho de Participação Comunitária (TPC) é outro trabalho importante a ser desenvolvido no âmbito do programa, através de ações voltadas à Mobilização e Organização Comunitária (MOC) a Educação Sanitária e Ambiental (ESA) e a Geração de Trabalho e Renda (GTR) (MANUAL DO HBBUAS, 2002). 3.3.1. Mobilização e organização comunitária Seus objetivos são: a) fomentar a manifestação dos beneficiários acerca do empreendimento em todo o seu processo (definição, implantação e pós-ocupação), a fim de adequá-lo às necessidades e disponibilidades dos grupos sociais atendidos; 28 “Para a construção do espelho d’ água está prevista uma área aproximada de 22.000 metros quadrados, porém, se forem considerados os espaços ocupados por passeios, pista de rolamento e saia de aterro, essa área atinge 30.000 metros quadrados” (RCA, 2001, p.59). 58 b) incentivar a mobilização da comunidade, potencializando a participação e a organização dos beneficiários finais; c) transferir conhecimentos e habilidades sobre administração e gestão comunitária, visando ao adequado emprego de recursos na resolução de eventuais conflitos sociais e/ou institucionais suscitados durante a implantação do projeto e na pós-ocupação; d) estimular a defesa dos espaços reorganizados, no tocante ao uso e à ocupação do solo, inibindo iniciativas de invasão e garantindo a manutenção da qualidade de vida conquistada. A importância de se desenvolver a participação comunitária é fundamental para o programa, pois ele tem um tempo hábil de início e conclusão, a partir daí, os moradores é que se responsabilizarão pelo local, portanto, eles devem estar preparados e organizados para enfrentar esta nova etapa. Por isso que é necessário o apoio para a formação e/ou consolidação das organizações de base, capacitação das lideranças e/ou grupos representativos e o estímulo aos processos de mobilização comunitária e à promoção de atitudes e condutas sociais vinculadas à melhoria da qualidade de vida. 3.3.2. Educação sanitária e ambiental Os objetivos da ESA são: a) incentivar a criação de novos hábitos e atitudes frente à apropriação, utilização e manutenção dos benefícios implantados, especialmente quanto ao uso correto das instalações sanitárias; b) fomentar a participação ativa das comunidades na recuperação, conservação, manejo e defesa do meio ambiente. Para que as atividades de educação sanitária e ambiental possam ser desenvolvidas é necessário ser colocado em prática, junto com as entidades e profissionais especializados, considerando as recomendações contidas no processo de Licenciamento Ambiental, incluindo as conclusões e recomendações dos estudos ambientais, de acordo com a Resolução Conama n.º 237/97, e também as 59 características da área e da comunidade, o atendimento aos moradores, aos trabalhadores do programa e às instituições envolvidas com a comunidade (MANUAL DO HBBUAS, 2002). É indispensável também se desenvolver campanhas educativas que esclareçam e valorizem a infraestrutura implantada como colaboradora na redução de doenças (especialmente as de veiculação hídrica) e na melhoria dos níveis de saúde da população; divulguem os programas ambientais do governo, nos níveis federal, estadual e municipal que possam auxiliar a comunidade alvo do projeto; preparem a comunidade para a correta utilização das melhorias habitacionais, especialmente no que diz respeito às unidades sanitárias e à rede de esgoto; demonstrem as responsabilidades dos beneficiários na correta utilização e preservação dos serviços implantados, tanto os individuais como os coletivos; reduzam o desperdício de água e energia elétrica, contribuindo para a melhoria do orçamento familiar; estimulem a criação de centro de capacitação e de documentação ambiental e de educação sanitária; estimulem a formação de ONG‘s ambientalistas que sedimente a consciência e canalizem em caráter permanente ações próprias e reivindicações. 3.3.3. Geração de trabalho e renda A GTR tem como objetivo incentivar ações adequadas à realidade sócioeconômica dos beneficiários, que favoreçam a geração de trabalho e renda, promovendo a melhoria econômico-financeira da comunidade e sua consequente fixação na área. Nesse sentido, é essencial que se contemplem, no Trabalho de Participação Comunitária, ações destinadas ao apoio à capacitação profissional e geração de trabalho e renda, planejadas de acordo com a realidade sócioeconômica dos beneficiários, e com o objetivo de favorecer a melhoria econômicofinanceira da comunidade e sua conseqüente fixação na área. Para a implementação dessa modalidade de intervenção recomenda-se: a) utilizar-se dos resultados do diagnóstico integrado da área e da população, e; 60 b) estabelecer parcerias com entidades e profissionais especializados nas ações propostas 61 4. LAGOA DOS SANTOS: pós-implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais Para avaliar o nível de satisfação dos moradores do Bairro Lagoa dos Santos, após a implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais, realizamos uma pesquisa no dia 11 de novembro de 2006. Para agilizar o trabalho de aplicação da mesma, contamos com o apoio de professores e alunos dos cursos de geografia e gestão ambiental da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária de Formosa. A unidade de análise adotada é a família domiciliar. A pesquisa foi centrada em questionário aplicado aos moradores do bairro, principalmente, para os chefes de família, quando acessíveis (Apêndice F). A escolha foi realizada em virtude das características da pesquisa, que prioriza o conhecimento e a memória das pessoas residentes no bairro antes e depois da implantação do Programa de Revitalização da Lagoa dos Santos. A amostra é constituída por 55% dos domicílios do bairro, não foi possível abranger todos como na pesquisa anterior, por várias razões, dentre as quais destacamos: ausência de residentes no domicílio durante realização da pesquisa, moradores que não quiseram ou não puderam responder o questionário, temor de algumas pessoas quanto ao uso da pesquisa (apesar de deixarmos claras as nossas intenções quanto à mesma), moradores que foram remanejados para um novo setor habitacional de Formosa (Nova Formosa), dentre outros. 4.1. Perfil sócio-econômico dos moradores Dos 138 (cento e trinta e oito) entrevistados, 92 (noventa e dois) ou 66,7% eram mulheres e 46 (quarenta e seis) ou 33,3% homens (Tabela 4.1). Tabela 4.1 – Estrutura Sexual dos Entrevistados Estrutura Sexual dos Entrevistados Sexo Número de Pessoas % Feminino 92 66,7% Masculino 46 33,3% Total 138 100,0% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 62 Com relação à idade dos entrevistados, 26,1% têm entre 20 e 29 anos, 25,4% entre 30 e 39 anos, 17,4% entre 40 e 49 anos, 11,6% entre 50 e 59 anos, 8,7% entre 10 e 19, 8,7% entre 60 a 69 anos, 1,4% 70 a 79 anos e 0,7% mais de 80 anos (Tabela 4.2). Tabela 4.2 – Estrutura Etária dos Entrevistados Estrutura Etária dos Entrevistados Faixa etária Número de Pessoas % 10 a 19 12 8,7% 20 a 29 36 26,1% 30 a 39 35 25,4% 40 a 49 24 17,4% 50 a 59 16 11,6% 60 a 69 12 8,7% 70 a 79 2 1,4% 80 ou mais 1 0,7% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Quanto ao tempo de residência no local, 58,7% dos moradores afirmaram residir no bairro há mais de 11 anos, 22,46% entre 5 e 10 anos e 18,84% menos de 5 anos (Tabela 4.3). Tabela 4.3 – Tempo de Residência no Bairro Tempo que Reside na Lagoa dos Santos Menos de 5 anos 26 18,84% De 5 a 10 anos 31 22,46% Mais de 11 anos 81 58,70% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 63 Quanto à profissão, 29% são donas de casa, 13% empregadas domésticas, 5,8% estudantes, 5,1% aposentados/pensionistas, 5,1% pedreiros, 4,3% autônomos, 4,3% servidores públicos, 4,3% lavradores, 2,9% comerciantes, 2,2% auxiliar de enfermagem, 2,2% auxiliar de serviços gerais, 2,2% cabeleireiros, 2,2% mecânicos, 2,2% operadores de máquinas, 1,4% motorista, 1,4% vendedor, 1,4% vigilante, 8,7% outras profissões (agente de saúde, artista plástica, costureira, fretador, secretária, etc.) e 2,2% não declararam a profissão (Tabela 4.4). Tabela 4.4 – Profissão dos Entrevistados Profissão do Entrevistado Profissão Número de Pessoas % Do Lar 40 29,0% Empregada Doméstica 18 13,0% Estudante 8 5,8% Aposentado/Pensionista 7 5,1% Pedreiro 7 5,1% Autônomo(a) 6 4,3% Lavrador 6 4,3% Servidor Público 6 4,3% Comerciante 4 2,9% Auxiliar de Enfermagem 3 2,2% Auxiliar de Serviços Gerais 3 2,2% Cabeleireiro(a) 3 2,2% Mecânico 3 2,2% Operador de Máquinas 3 2,2% Não Declarou 3 2,2% Motorista 2 1,4% Vendedor 2 1,4% Vigilante 2 1,4% Outra 12 8,7% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 64 O principal responsável pelo sustento da família é o pai em 44,2% das residências, as mães aparecem como chefes de família em 29,7% dos domicílios, em 17,4% das casas ambos sustentam suas famílias, e em 8,7% são os avós, filhos, tios e irmãos (Tabela 4.5). Tabela 4.5 – Responsável pelo Sustento da Família Responsável pelo Sustento da Família Pai 61 44,2% Mãe 41 29,7% Ambos 24 17,4% Outro 12 8,7% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Em relação à escolaridade do(s) chefe(s) de família, 83% possuem o ensino fundamental incompleto, 12,3% não sabem ler e nem escrever, 9,4% tem o ensino médio, 8% o ensino fundamental completo, 4,3% o ensino médio incompleto, 3,6% ensino superior incompleto e apenas 2,2% o ensino superior completo (Tabela 4.6). Tabela 4.6 – Nível de Escolaridade do Chefe da Família Nível de Escolaridade do Chefe da Família Nível Número de Pessoas % Fundamental Incompleto 83 60,1% Não Sabe Ler e Escrever 17 12,3% Ensino Médio Completo 13 9,4% Fundamental Completo 11 8,0% Ensino Médio Incompleto 6 4,3% Ensino Superior Incompleto 5 3,6% Ensino Superior Completo 3 2,2% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 65 A situação do(s) chefe(s) de família no mercado de trabalho é a seguinte: 30,4% são autônomos, 27,5% são assalariados, 18,8% estão desempregados, 12,3% trabalham informalmente, 10,9% são aposentados/pensionistas (Tabela 4.7). Tabela 4.7 – Situação do(s) Chefe(s) de Família no Mercado de Trabalho Situação do(s) Chefe(s) de Família no Mercado de Trabalho Autônomo 42 30,4% Assalariado 38 27,5% Desempregado 26 18,8% Trabalha Informalmente 17 12,3% Aposentado/Pensionista 15 10,9% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). A renda familiar reflete o grau de escolaridade e a situação do(s) chefe(s) de família no mercado de trabalho. Tendo como parâmetro o salário mínimo, 57,2% das famílias vivem com até 1 salário mínimo, 32,6% com mais de 1 até 2 salários, 5,8% mais de 2 até 3, 2,2% mais de 3 até 4, 2,2% mais de 4 até 5 (Tabela 4.8). Tabela 4.8 – Renda Familiar em Salários Mínimos Renda Familiar em Salários Mínimos Salário Número de Pessoas % Até 1 79 57,2% Mais de 1 até 2 45 32,6% Mais de 2 até 3 8 5,8% Mais de 3 até 4 3 2,2% Mais de 4 até 5 3 2,2% Mais de 5 0 0,0% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 66 Para uma parte significativa das famílias, a renda apresentada anteriormente é complementada ou provém exclusivamente de algum tipo de benefício do governo, seja ele, municipal, estadual (Renda Cidadã e Salário Escola) ou federal (Bolsa Família e PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Isso é facilmente constatado pelos números, já que 42% das famílias disseram receber algum tipo de ajuda do governo e 58% afirmaram não receber nenhuma ajuda mensal do mesmo (Tabela 4.9). Tabela 4.9 – Famílias que Recebem Benefícios Famílias que Recebem Benefícios Não 80 58,0 Sim 58 42,0 Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). As famílias que confirmaram receber algum tipo de assistência do governo, quando inquiridas sobre qual(ais) benefício(s) recebiam, responderam da seguinte forma: 45,2% disseram receber o Bolsa Família, 30,6% a Renda Cidadã, 16,1% o Salário Escola, 3,2% aposentadoria, 1,6% PETI e 3,2% outros, como por exemplo, Bolsa Universitária e Pensão do INSS (Tabela 4.10). Tabela 4.10 – Tipo de Benefício Recebido Tipo de Benefício Recebido Bolsa Família 28 45,2% Renda Cidadã 19 30,6% Salário Escola 10 16,1% Aposentadoria 2 3,2% PETI 1 1,6% Outros 2 3,2% Total 62 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 67 Apesar da maioria das famílias viverem com uma renda considerada muito baixa, o gasto médio mensal com o pagamento de taxas, encargos, impostos e transporte não é considerado muito elevado, varia entre 10% e 15% do rendimento familiar, já que a maior parte dos moradores tem despesas apenas com o consumo de energia elétrica e água encanada. Apenas 17,9% dos moradores possuem telefone em casa (Tabela 4.11). Tabela 4.11 – Imóveis com Telefone Possui Telefone em Casa Não 170 82,1% Sim 37 17,9% Total 207 100% Fonte: Recadastramento do Programa Habitar Brasil/BID (2004). De um modo geral, os moradores não pagam Imposto Territorial Predial Urbano (IPTU), taxa de iluminação pública ou tarifa de esgoto, pois ainda não foi feita a regularização fundiária da maioria dos imóveis, apenas 14% dos moradores afirmaram ter o seu imóvel regularizado e possuir escritura do mesmo (Tabela 4.12). A taxa de iluminação pública depende do valor médio mensal da conta de luz e a rede de esgoto ainda não está em funcionamento. Tabela 4.12 – Imóveis com Escritura Possui Escritura do Imóvel Não 178 86,0% Sim 29 14,0% Total 207 100% Fonte: Recadastramento do Programa Habitar Brasil/BID (2004). 5.2. Características e condições das habitações Os imóveis são utilizados predominantemente como residências, menos de 5% têm uso misto (comercial ou outro). A grande maioria dos domicílios possuem 68 mais de 5 cômodos (71,7%), 12,3% dos domicílios possuem 4 cômodos, 9,4% possuem 3 cômodos, 5,8% possuem 2 cômodos e, somente 1 domicílio possui apenas 1 cômodo (Tabela 4.13). Quase todas as casas são ocupadas por uma única família, a exceção foi uma residência que possuía duas famílias dividindo o mesmo teto. Todas as casas são de alvenaria, não existindo mais casas de madeira ou qualquer outro tipo de material. A cobertura é de amianto ou telhas de barro, não há nenhuma casa coberta com lona ou plástico. Tabela 4.13 – Número de Cômodos por Residência Número de Cômodos por Residência 1 Cômodo 1 0,7% 2 Cômodos 8 5,8% 3 Cômodos 13 9,4% 4 Cômodos 17 12,3% 5 Cômodos 99 71,7% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Com relação ao número de residentes por domicílio em 52,9% das casas vivem mais de 4 pessoas, em 18,12% das residências 3 pessoas, em 15,94% são 4 moradores, em 8,7% vivem 2 pessoas e em 4,35% apenas 1 pessoa (Tabela 4.14). Tabela 4.14 – Número de Residentes por Domicílio Número de Residentes por Domicílio 1 pessoa 6 4,35% 2 pessoas 12 8,70% 3 pessoas 25 18,12% 4 pessoas 22 15,94% Mais de 4 pessoas 73 52,90% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 69 A maioria dos domicílios tem banheiro, ou seja, ele existe em 97,8% das residências. A presença de banheiro dentro do domicílio ocorre em 87,7% das moradias, fora dela em 10,1% e 2,2% das casas não possuem banheiro. Questionados sobre o que fazem nessas condições, uma moradora respondeu que utiliza o banheiro da vizinha e a outra o banheiro da casa da mãe, que também reside no bairro (Tabela 4.15). Tabela 4.15 – Existência de Banheiro no Domicílio Número de Residências com Banhe iro Banheiro Interno 121 87,7 Banheiro Externo 14 10,1 Não Possui 3 2,2 Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). A principal fonte de água utilizada diariamente para o consumo residencial é a rede pública, com 95,7%, apenas 4,3% dos moradores não têm acesso à rede, desses, 3,6% utilizam cisternas e 0,7% utiliza água da casa do vizinho (Tabela 4.16). A empresa responsável pelo abastecimento de água no município é a SANEAGO (Saneamento de Goiás S/A). Tabela 4.16 – Origem da Água Utilizada no Consumo Diário Origem da Água Utilizada no Consumo Diário Rede Pública (SANEAGO) 132 95,7% Cisterna 5 3,6% Outro 1 0,7% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). A energia elétrica, proveniente da rede pública, está presente em 97,8% dos domicílios, apenas 2,2% dos moradores não possuem energia em suas residências. Esse índice de moradias com energia elétrica é considerado elevado em 70 assentamentos subnormais (Tabela 4.17). A CELG (Companhia Energética de Goiás) é quem fornece energia elétrica para a cidade. Tabela 4.17 – Origem da Energia Elétrica Origem da Energia Elétrica Rede Pública (CELG) 135 97,8% Não Possui 3 2,2% Puxada/Gambiarra 0 0,0% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Com relação à destinação final dos resíduos sólidos produzidos diariamente, 100% dos moradores afirmam que se dá via coleta, realizada pela prefeitura municipal três vezes por semana, as terças, quintas e sábados (Tabela 4.18). A maioria dos usuários está satisfeita com o serviço, para 81,9% a coleta melhorou, 15,9% atestam que ficou igual e apenas 2,2% dizem que piorou. Alguns moradores afirmaram que antes o lixo nem era coletado, e para outros a única reclamação quanto ao serviço é quanto à regularidade da coleta, que deveria ser maior, já que o lixo se acumula muito até o dia da mesma (tabela 4.19). De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, responsável pela disposição final do lixo, os resíduos sólidos coletados no bairro e em todo o município vão para o aterro sanitário municipal. Tabela 4.18 – Destino dos Resíduos Sólidos Destino dos Resíduos Sólidos Coletado 138 100% Enterrado 0 0,0% Queimado 0 0,0% Céu Aberto 0 0,0% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 71 Tabela 4.19 – Situação da Coleta do Lixo Situação da Coleta do Lixo Melhorou 113 81,9% Ficou Igual 22 15,9% Piorou 3 2,2% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Quanto ao destino dos resíduos líquidos, foi verificado que em 86,2% das residências as fossas sépticas são o seu destino final, em 2,2% das moradias são lançados a céu aberto. Mas um fato curioso nos chamou a atenção, 11,6% dos entrevistados disseram que o destino dos seus resíduos é a rede pública, o problema é que ela não está em funcionamento ainda, apesar de existir de fato no bairro. Segundo informações que obtivemos junto à Prefeitura Municipal a rede de esgoto ainda não está funcionando porque a estação elevatória está sendo concluída. Informações obtidas posteriormente em conversa com moradores nos esclareceram a confusão por parte de algumas pessoas que acabaram interpretando a pergunta de forma errada, fato que faz elevar para 97,8% o total de residências que tem com destino dos seus resíduos as fossa sépticas (Tabela 4.20). Tabela 4.20 – Destino dos Resíduos Líquidos Destino dos Resíduos Líquidos Fossa Séptica 119 86,2% Rede Pública 16 11,6% Céu Aberto 3 2,2% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Apesar de não termos incluído no questionário uma questão específica para abordar a questão do serviço de limpeza urbana, constatamos, através do Relatório Semestral da Prefeitura que, esse serviço é de responsabilidade da Secretaria 72 Municipal de Iluminação, Parques e Jardins, Limpeza e Vias Públicas e no bairro, o serviço é realizado três vezes por semana, geralmente às segundas, quartas e sextas, nos períodos matutino e vespertino. Ele fica a cargo de 1 (um) fiscal e 5 (cinco) garis. Percebe-se que os moradores preservam o bairro limpo, facilitando o trabalho dos funcionários municipais. De acordo com a nossa observação não foi verificada presença de entulhos e lixo em frente às residências ou nas ruas (RELATÓRIO SEMESTRAL, 2007 apud SILVA, 2007). 4.3. Percepção dos moradores quanto às mudanças ocorridas no Bairro após a implantação do Programa de Revitalização Para conhecermos a percepção dos moradores quanto às mudanças ocorridas no Bairro após a implantação do Programa de Revitalização da Lagoa dos Santos, iniciamos a segunda etapa do questionário perguntando aos moradores se residiam no local antes do programa ter sido implantado. 88,4% afirmaram residir no bairro antes da implantação do programa e 11,6% afirmaram que não (Tabela 4.21). Diante desse quadro, resolvemos excluir de algumas perguntas as pessoas que não moravam no bairro anteriormente, pois não teriam condições de comparar o antes e o depois, já que não conheciam as condições do ambiente. Tabela 4.21 – Residia no Bairro Antes da Implantação do Programa Residia no Bairro Antes da Implantação do Programa Sim 122 88,4% Não 16 11,6% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). A partir dessa informação, perguntamos aos moradores quais foram as obras realizadas no bairro de acordo com a sua lembrança, após a implantação do programa de revitalização da Lagoa. Para isso, fizemos uma relação das obras construídas no bairro e também deixamos aberta a questão para que pudessem citar 73 outras obras que não fossem somente aquelas que já havíamos relacionado. Os entrevistadores foram treinados para que não induzisse os entrevistados a nenhuma das alternativas pré-estabelecidas. Estabelecemos também um sistema de pontuação crescente e um sistema de peso decrescente para cada alternativa de acordo com a ordem que era citada pelos entrevistados, assim pudemos ter uma proporcionalidade entre as respostas que obtivemos. Ao final, obtivemos os seguintes resultados: em primeiro lugar foi citado o posto de saúde por 17,61% dos entrevistados, em segundo veio a pavimentação asfáltica citada por 14,89% das pessoas, em terceiro o posto policial com 13,14%, em quarto a revitalização da Lagoa com 12,35%, em quinto a construção das casas novas com 8,45%, em sexto a rede de esgoto com 8,15%, em sétimo a galeria de águas pluviais com 7,71%, em oitavo a construção da quadra poliesportiva com 7,37%, em nono o Centro de usos múltiplos com 5,61%, em décimo a ampliação da iluminação pública e 1,23% lembraram-se de outras obras, como por exemplo, a disponibilidade de água encanada (Tabela 4.22). Tabela 4.22 – Lembrança das Obras Realizadas no Bairro Lembrança das Obras Realizadas no Bairro Posto de Saúde 977 17,61% Pavimentação Asfáltica 826 14,89% Posto Policial 729 13,14% Revitalização da Lagoa 685 12,35% Construção das Casas Novas 469 8,45% Rede de Esgoto 452 8,15% Galeria de Águas Pluviais 428 7,71% Quadra Poliesportiva 409 7,37% Centro de Usos Múltiplos 311 5,61% Ampliação da Iluminação Pública 194 3,50% Outro(s) 68 1,23% Total 5548 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 74 Em seguida foi solicitado aos moradores que indicassem as três obras que eles consideravam mais importantes para a melhoria da sua qualidade de vida e porque eles achavam que eram importantes, aqui também foi adotado o sistema de pesos. 27,2% afirmaram ser o posto de saúde, 16,32% disseram ser a pavimentação asfáltica, 15,93% o posto policial, 15,03% a revitalização da Lagoa, 12,31% a construção da galeria de águas pluviais, 4,02% a rede de esgoto, 2,46% a construção da quadra poliesportiva, 2,46% o centro de usos múltiplos, 2,33% a construção das novas casas, 1,42% a ampliação da iluminação pública e 0,52% outras (Tabela 4.23) (Fotos 37 a 44). Tabela 4.23 – Obras Mais Importantes para a Melhoria da sua Qualidade de Vida Obras Mais Importantes para a Melhoria da sua Qualidade de Vida Posto de Saúde 210 27,20% Pavimentação Asfáltica 126 16,32% Posto Policial 123 15,93% Revitalização da Lagoa 116 15,03% Galeria de Águas Pluviais 95 12,31% Rede de Esgoto 31 4,02% Quadra Poliesportiva 19 2,46% Centro de Usos Múltiplos 19 2,46% Construção das Casas Novas 18 2,33% Ampliação da Iluminação Pública 11 1,42% Outro(s) 4 0,52% Total 772 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). O programa previa, além da construção de novas unidades habitacionais para remanejar as famílias que moravam nas áreas de risco, a liberação do cheque moradia para aquelas famílias que, mesmo não morando nessas áreas, tivesse imóveis em condições precárias de habitação, nesses casos, o cheque seria 75 utilizado para a reforma e/ou ampliação do imóvel. Por essa razão, resolvemos perguntar às famílias com qual tipo de benefício direto teriam sido contempladas. 44,2% disseram ter recebido o cheque moradia, 18,8% ganharam uma casa nova, pois residiam nas áreas de risco e 37% afirmaram não ter recebido nenhum dos dois tipos de benefício (Tabela 4.24). Tabela 4.24 – Tipo de Benefício Direto Recebido Tipo de Benefício Direto Recebido Cheque Moradia 61 44,2% Nenhum 51 37,0% Casa Nova 26 18,8% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Questionados sobre o porquê de não terem sido incluídos em nenhum dos dois programas, algumas pessoas responderam que por enrola do governo, outras disseram não terem se cadastrado ou se inscreveram mais ainda não haviam sido contempladas, estavam aguardando para realizar a reforma do imóvel, algumas afirmaram que tinham boas residências e, portanto, não havia necessidade do benefício. Houve pessoas que não soube responder o porquê de não terem recebido nada ainda. Há moradores que residem há pouco tempo no bairro, por isso, acreditam não estarem inseridos no mesmo, outros afirmam que a casa possui apenas uma ou duas pessoas não necessitando de alterações, houve também quem alegasse indisponibilidade de vagas. Dos moradores contemplados com algum dos dois tipos de benefícios, as mudanças que consideraram mais importantes para o conforto familiar são: o tamanho da casa, para 22,85% dos beneficiados, a reforma do imóvel, para 20,64% dos moradores, a localização do mesmo, para 14,93%, a existência de banheiro, para 12,8%, a reforma do telhado, para 10,89%, a disponibilidade de água encanada, para 8,45%, ter energia elétrica em casa, para 4,87% e outras mudanças, para 4,57% das pessoas (Tabela 4.25). 76 Tabela 4.25 – Mudanças Mais Importantes na Sua Casa Mudanças Mais Importantes na Sua Casa Tamanho da Casa 300 22,85% Reforma do Imóvel 271 20,64% Localização do Imóvel 196 14,93% Existência de Banheiro 168 12,80% Reforma do Telhado 143 10,89% Água Encanada 111 8,45% Energia Elétrica 64 4,87% Outra(as) 60 4,57% Total 1313 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Quando perguntamos aos moradores sobre o que melhorou nas suas vidas e de suas famílias obtivemos as seguintes respostas: diminuíram o número de doenças no bairro, principalmente, aquelas veiculadas através da água, como a dengue; diminuiu o índice de doenças entre as crianças; antes do programa havia muitos ratos, mosquitos, esgoto a céu aberto, houve uma melhora significativa nesse quadro; praticamente não existem mais os alagamentos, que nos obrigava a deslocarmos das nossas casas na época das chuvas; não precisamos mais nos preocupar com as enchentes que invadiam nossas casas e destruíam nossos móveis nos trazendo prejuízos constantes; o bairro ficou mais seguro, com menores índices de violência, melhorou a saúde das pessoas por causa da implantação do posto de saúde, temos mais opções de lazer, etc.; a coleta de lixo melhorou, o local está mais limpo, diminui o mau cheiro proveniente da água suja que corria pelo bairro ou se acumulava no mesmo; o asfalto foi importante, pois além de trazer mais conforto aos moradores contribuiu para diminuir a poeira e a lama; a revitalização da lagoa trouxe mais qualidade de vida, bem-estar e deu dignidade aos moradores, hoje o bairro é visto com outros olhos; agora dispomos de serviços básicos como segurança, saúde, água encanada, energia elétrica e coleta do lixo; os cursos profissionalizantes oferecidos no Centro de Usos Múltiplos ajudam a melhorar a renda das pessoas; o acesso à escola melhorou muito; a construção do galpão e do 77 parquinho facilitou o acesso ao lazer; o bairro ficou muito bonito após a implantação do projeto e hoje possui infraestrutura adequada. Quanto às mudanças na saúde da família, principalmente, na saúde dos filhos, depois da implantação do programa, 78,3% dos entrevistados afirmaram terem ocorrido melhoras, dentre as quais, a construção do posto de saúde, devido à facilidade de marcação de consultas e de acompanhamento médico, a construção da galeria de águas pluviais, pois acabou com as inundações que traziam várias doenças, as crianças pararam de brincar na lama e na água contaminada que se acumulava no bairro, a pavimentação asfáltica das ruas que contribui para dizimar as doenças provocadas pela poeira e pela lama, melhoria das condições higiênicosanitárias do local em razão das campanhas de limpeza do bairro e das obras realizadas, muitas doenças foram erradicadas ou minimizadas, como por exemplo, a gripe, a diarréia, a dengue, a bronquite, as micoses, etc., as pessoas estão se sentindo mais felizes e menos estressadas com as mudanças realizadas no bairro. Mas, para 21,7% das pessoas, não houve mudança alguma, alegam que as coisas continuam como antes, que moram há pouco tempo no bairro e não tem como comparar a situação anterior com a atual, mora em uma região mais alta onde não havia alagamento, nunca usou o posto de saúde pra saber como é o atendimento, que a família sempre teve boas condições de saúde, que os filhos são adultos, que a situação piorou (Tabela 4.26). Tabela 4.26 – Melhorou a Saúde da Família? Melhorou a Saúde da Família? Sim 108 78,3% Não 30 21,7% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Sobre os problemas/dificuldades existentes no bairro, a falta de segurança atrelada à violência e ao aumento da criminalidade foi considerada a principal para 45,74% dos moradores, alguns moradores confirmaram que no dia anterior havia morrido um indivíduo e que os tiroteios são comuns no bairro, em seguida vem o 78 tráfico e o consumo de drogas, para 8,97% das pessoas, depois o alagamento que ainda ocorre em algumas ruas, para 7,4%, o desemprego é outro problema sério, para 5,78% dos entrevistados, a falta de escolas, para 5,32%, o atendimento no posto de saúde, para 3,8%, a falta de limpeza do bairro, também para 3,8% das pessoas, a falta de médicos no posto de saúde, foi lembrada por 2,28% dos inquiridos, a falta de calçadas e meio fios, para 2,13%, a precariedade na iluminação pública, para 1,98%, a rede de esgotos que não está em funcionamento, para 1,67%, a existência de lotes baldios, para 1,52%, a irregularidade na coleta do lixo, para 1,37%, a falta de opções de lazer, para 1,22%, as ruas que ainda não foram pavimentadas, para 1,06% e outros problemas, como por exemplo, a falta de assistência da prefeitura, o perigo de afogamentos no lago que não é cercado, a lama que se acumula em algumas áreas quando chove, o preço da água e da energia elétrica provenientes da rede pública, o vandalismo, a falta de projetos para a terceira idade, etc., para 5,93% das pessoas (Tabela 4.27). 79 Tabela 4.27 – Principais Problemas/Dificuldades Existentes no Bairro Principais Problemas/Dificuldades Existentes no Bairro Segurança/Violência 301 45,74% Tráfico e Consumo de Drogas 59 8,97% Alagamento de Algumas Ruas 49 7,45% Desemprego 38 5,78% Falta de Escolas no Bairro 35 5,32% Atendimento no Posto de Saúde 25 3,80% Limpeza do Bairro 25 3,80% Falta de Médicos no Posto 15 2,28% Falta de Calçadas e Meio Fios 14 2,13% Iluminação Pública 13 1,98% Rede de Esgoto que não Funciona 11 1,67% Lotes Baldios 10 1,52% Coleta do Lixo 9 1,37% Opções de Lazer 8 1,22% Ruas sem Pavimentação 7 1,06% Outra(as) 39 5,93% Total 658 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Pedimos então aos moradores que citassem as três coisas que eles achavam que poderiam ser feitas paras solucionar esses problemas/dificuldades. Obtivemos as seguintes respostas: 48,98% acham que deveria aumentar o policiamento nas ruas, que o posto funcionasse de verdade e tivesse pelo menos um policial à disposição dos moradores, pois nem sempre há, que o atendimento da policia, quando solicitada fosse mais rápido e eficiente, 12,7% deveriam existir projetos para a geração de emprego e renda, 6,35% que deve se investir mais em educação e construir uma escola no bairro, 3,4% que deve melhorar o atendimento no posto de saúde, 3,4% que os problemas de alagamento de algumas ruas devem ser resolvidos de forma definitiva, 3,4% acham que o bairro precisa de maior atenção 80 por parte da Prefeitura, 3,17% que deve melhorar a limpeza do bairro, 2,72% que o número de médicos no posto de saúde tem que aumentar, 2,49% que a rede de esgoto tem que funcionar, 1,81% que os lotes baldios devem ser limpos pela prefeitura, 1,59% que a iluminação pública deve melhorar, 1,59% que a coleta do lixo deve ocorrer com mais freqüência, 1,59% acha que é necessário construir calçadas e meio fios, já que a prefeitura prometeu aos moradores, 1,59% asfaltar as rua que ainda não foram pavimentadas, 1,36% acham que tem que haver mais investimentos no social e 3,85% outro(s), acham que o cheque moradia deve ser dado a todos que precisam, que deve diminuir a discriminação no bairro, a prefeitura deve cercar o lago e abrir uma nova rua, ter dentista e vacinação no posto de saúde, etc. (Tabela 4.28). Tabela 4.28 – O Que Poderia Ser Feito Para Solucionar Essas Dificuldades? O Que Poderia Ser Feito Para Solucionar Essas Dificuldades? Mais Policiais nas Ruas e no Posto Policial 216 48,98% Geração de Empregos 56 12,70% Investir em Educação/Escola no Bairro 28 6,35% Melhorar o Atendimento no Posto de Saúde 15 3,40% Resolver o Problema dos Alagamentos 15 3,40% Maior Atenção por Parte da Prefeitura 15 3,40% Melhorar a Limpeza do Bairro 14 3,17% Aumentar o Número de Médicos no Posto 12 2,72% Colocar para Funcionar a Rede de Esgoto 11 2,49% Limpar os Lotes Baldios 8 1,81% Melhorar a Iluminação Pública 7 1,59% Coletar o Lixo com Mais Freqüência 7 1,59% Construir Calçadas e Meio Fios 7 1,59% Asfaltar as Ruas que Ainda Não Foram 7 1,59% Investir no Social 6 1,36% Outra(as) 17 3,85% Total 441 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 81 Foi perguntado aos moradores se consideravam o meio ambiente importante para o seu bem-estar e para o de suas famílias. 97,8% argumentaram considerá-lo importante. E quando questionados sobre como ele afeta o seu bem-estar e de sua família, responderam que: um ambiente adequado melhora a qualidade de vida e a saúde da família, caso contrário, poderiam proliferar vários tipos de doenças; um ambiente limpo diminui o mau cheiro, melhora a qualidade da água e diminui as doenças; desequilibrado o meio fazia com que as casas se inundassem; as árvores melhoram a qualidade do ar; a coleta do lixo melhora a qualidade de vida; tratamento de esgoto faz bem para a saúde, etc. 1,4% pensa diferente, para eles o meio ambiente não é importante, pois não melhora em nada a vida das pessoas e 0,7% não souberam responder à questão (Tabela 4.29). Tabela 4.29 – Considera o Meio Ambiente Importante? Considera o Meio Ambiente Importante ? Sim 135 97,8% Não 2 1,4% Não Sabe 1 0,7% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Quando inquiridos sobre quais as melhorias ambientais realizadas no bairro, após a implantação do Programa Habitar Brasil/BID, consideravam mais importantes, 24,28% dos moradores responderam que a revitalização da Lagoa foi sem dúvida a mais importante realização do programa, pois melhorou e muito a qualidade de vida de quem mora no setor, 16,99% consideram a pavimentação asfáltica, pois mitigou o problema da poeira e da lama, 13,52% afirmaram que foi a coleta do lixo, que fez melhorar consideravelmente a limpeza do bairro, 13,19% a construção da galeria de águas pluviais, que basicamente acabou com o problema das enchentes, 11,83% a rede de esgoto, por causa da melhoria das condições higiênico-sanitárias que trará ao bairro, 7,89% a ampliação da iluminação pública, além de aumentar o bem-estar das pessoas, ainda contribui para diminuir a violência e a criminalidade no local, 7,66% a urbanização do bairro, que contribuiu para 82 melhorar a qualidade de vida e dar dignidade aos moradores, 4,64% outras melhorias, dentre as quais, a disponibilidade de água encanada, a construção do posto de saúde, a construção das novas casas e as palestras de conscientização oferecidas no Centro de Usos Múltiplos (Tabela 4.30). Tabela 4.30 – Melhorias Ambientais Mais Importantes Melhorias Ambientais Mais Importantes Revitalização da Lagoa 659 24,28% Pavimentação Asfáltica 461 16,99% Coleta do Lixo 367 13,52% Galeria de Águas Pluviais 358 13,19% Rede de Esgoto 321 11,83% Ampliação da Iluminação Pública 214 7,89% Urbanização do Bairro 208 7,66% Outra(as) 126 4,64% Total 2714 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). No bairro existe um Centro de Usos Múltiplos, construído para abrigar as atividades voltadas para a Mobilização e Organização Comunitária (MOC), Educação Sanitária e Ambiental (ESA) e Geração de Trabalho e Renda (GTR). O trabalho no centro teve início em agosto de 2004, a partir daí, várias atividades que perpassam os eixos do MOC, ESA e GER vem sendo desenvolvidas, conforme citado no capítulo 4. Questionados sobre a existência do trabalho realizado no Centro de Usos Múltiplos, 81,9% dos entrevistados disseram ter conhecimento e 18,1% afirmaram que não sabiam (Tabela 4.31). Tabela 4.31 – Sabe da Existência do Trabalho Realizado no CUM? Sabe da Existência do Trabalho Realizado no CUM? Sim 113 81,9% Não 25 18,1% Total 138 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 83 Como nem todas as pessoas entrevistadas tinham conhecimento sobre o trabalho desenvolvido no Centro de Usos Múltiplos, resolvemos excluir os que não sabiam das questões seguintes, pois acreditamos que esses indivíduos não teriam condições de opinar sobre o trabalho realizado no mesmo. Assim, 32,74% afirmaram que o trabalho executado pelo CUM é ótimo, 58,41% acha que é bom, para 4,42% é regular, 1,77% acha ruim e 2,65% não souberam responder (Tabela 4.32). Tabela 4.32 – O Que Acha do Trabalho Realizado no CUM? O Que Acha do Trabalho Realizado no C.U.M.? Bom 66 58,41% Ótimo 37 32,74% Regular 5 4,42% Ruim 2 1,77% Não soube responder 3 2,65% Total 113 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). As razões para os que acham bom e ótimo são as mais variadas: os filhos estão aprendendo muitas coisas, oportunidade de melhora de vida com as atividades promovidas, ocupação e incentivo à comunidade, a equipe é prestativa e educada, oferece cursos que ocupam os jovens, educa e faz a comunidade evoluir, aumentou a renda da família, tira as crianças da rua, tira as crianças e os jovens da marginalidade, é uma forma de integração social, as crianças estão sendo acompanhadas em seu desenvolvimento, disponibiliza vários cursos de capacitação profissional para a comunidade, diversão para as crianças, por causa do trabalho social, em razão projetos de emprego e culturais, as crianças tem para onde ir além de apreenderem muito, ensina as crianças a se desenvolverem na área educativa, as reuniões para conscientização são fundamentais, é a única coisa que funciona de verdade no bairro, as pessoas são calmas para ensinar, dá qualidade de vida aos jovens, porque tem muita gente que não teria condições de pagar pelos cursos oferecidos, melhoria da renda familiar, competência das professoras e da equipe técnica, educa as pessoas que ali freqüentam, tem beneficiado os moradores, 84 chance no mercado de trabalho, pela maneira com que as meninas conduzem o projeto, são muito educadas e tratam muito bem a comunidade, o resultado tem sido bastante positivo, facilidade de atendimento e bom relacionamento. Os que acham regular, disseram que faltam pesquisas para saber o que a comunidade quer, a equipe é mau educada, os cursos deveriam ser gratuitos e mais pontuais, falta recursos para melhorar o trabalho das meninas, além de faltar divulgação. Para os que acham ruim, a explicação é a de que a equipe não consegue passar segurança no trabalho, além de ser mau divulgado e administrado. Sobre as atividades relacionadas ao meio ambiente realizadas pelo Centro de Usos Múltiplos, 46,9% afirmou ter conhecimento, citaram a horta comunitária, o plantio de mudas, as palestras relacionadas ao tema e as de conscientização, as oficinas de reciclagem, os mutirões para a limpeza do bairro, os passeios ecológicos, o trabalho sobre uso racional da água e da energia, o trabalho desenvolvido com as crianças para a conservação do lago, das ruas, do meio ambiente e do patrimônio público em geral e o trabalho do grupo ambiental do bairro. 53,1% disseram que desconhecem essas atividades, alegaram, falta de tempo ou interesse, que não costumam freqüentar o local, que falta informação e divulgação, que não tem como participar ou que não fica muito em casa, que trabalha fora, que não faz questão de participar (Tabela 4.33). Tabela 4.33 – Tem Conhecimento das Atividades Sobre o Meio Ambiente Realizadas pelo CUM? Tem Conhecimento das Atividades Sobre o Meio Ambiente Realizadas pelo CUM? Não 60 53,10% Sim 53 46,90% Total 113 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Partimos então do mesmo pressuposto da alternativa anterior e fizemos a pergunta seguinte apenas àquelas pessoas que conhecem as atividades sobre o meio ambiente realizadas no Centro de Usos Múltiplos. Nesse quesito, 90,6% dos 85 que têm conhecimento asseguram que ele ou alguém da família participou dessas atividades, disseram ter participado de várias atividades e terem gostado muito e que sempre participam; que foi muito bem organizado; da orientação quanto ao destino correto do lixo, muito bom; o filho participou de algumas atividades e achou ótimo pela conscientização com relação à questão ambiental; da atividade sobre paisagismo e da horta comunitária, gostou muito e agora está fazendo em sua residência; das palestras de conscientização, muito boas; das reuniões no galpão, muito boas; dos mutirões realizados na praça, muito bons; dos mutirões de limpeza do bairro, ótimos, pois valoriza o bairro; participaram de um minicurso da Emater, acharam ótimo. Apenas 9,4% afirmaram que nunca participaram de nenhuma atividade, os motivos foram: trabalha e não tem tempo; não freqüenta o local; não teve conhecimento; não há divulgação; não se interessou; não quis participar; não há informação; não tiveram incentivos; os filhos são menores; crianças pequenas, pai trabalha fora e mãe ocupada; nunca foram convidados; problemas de saúde (Tabela 4.34). Tabela 4.34 – Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) Dessas Atividades Ambientais? Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) Dessas Atividades Ambientais? Sim 48 90,6 Não 5 9,4 Total 53 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Com relação aos cursos de capacitação profissional oferecidos no Centro de Usos Múltiplos, 87,6% afirmaram ter conhecimento sobre os cursos de artesanato, salgados, cabeleireiro, informática, manicura, crochê, culinária, pintura, padaria e eletricista. 12,4% disseram que não conhecem, pois não freqüentam o local; não tem tempo e não há divulgação; desconhecem a existência dos cursos; trabalham fora; não tiveram interesse; nunca ouviram falar (Tabela 4.35). 86 Tabela 4.35 – Tem Conhecimento dos Cursos de Capacitação Profissional Realizados no CUM? Tem Conhecimento dos Cursos de Capacitação Profissional Realizados no CUM? Sim 99 87,6% Não 14 12,4% Total 113 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Dos que tem conhecimento sobre os cursos de capacitação profissional que o Centro de Usos Múltiplos oferece 52,5% asseguraram que ele ou alguém da família tenha participado. Com relação à quais cursos e o que estão achando, as respostas foram: minha filha participa do curso de computação e está gostando muito; muito bom, mas poderia ter cursos à noite por causa das pessoas que trabalham durante o dia; artesanato, bastante satisfeita; salgados, muito bom; cabeleireiro, fundamental para a profissionalização; informática gosta muito; a nora está no curso de computação, gosta muito; manicura, muito bom; culinária, muito bom; artesanato e salgados, são ótimos; os filhos estão fazendo o curso de informática gostam muito, dão a vida pelo curso; pintura, de boa qualidade, a filha e a mulher estão adorando; melhorou a renda da família, são muito bons; irmão e sobrinho estão fazendo curso, muito bom; culinária, ótimo; artesanato, muito bom; computação deixou a desejar; a esposa já fez o curso de culinária, de produção de sabonetes e de bolsas e achou muito bom; a esposa fez o curso de salgados e cabeleireira, achou importante porque apreendeu uma nova profissão; curso de pintura achou bom, mas parou por falta de tempo; salgados, adorou; salgados, muito bom, ajudou bastante na renda da família. 47,5% afirmam que não, alegaram: desinteresse; falta de oportunidade e tempo; falta de informação; não ter conhecimento; falta de vagas; há preferência por alguns; pouco incentivo; trabalhar fora; cobrança de R$ 10,00; falta dinheiro enquanto os computadores estão desocupados; não quis fazer; não foram convidados; não precisam, mas é importante para os outros moradores; por problemas de saúde; oferta de emprego no mercado de trabalho (Tabela 4.36). 87 Tabela 4.36 – Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) dos Cursos de Capacitação Profissional Realizados no CUM? Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) dos Cursos de Capacitação Profissional Realizados no CUM? Sim 52 52,5% Não 47 47,5% Total 99 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Para os que os que participaram dos cursos de capacitação profissional, 51,1% garantem que contribuiu para melhorar a sua renda ou a da família, pois a partir do curso passaram a trabalhar com a atividade que aprenderam. Alguns depoimentos: fiz o curso de cabeleireira e estou atuando na área, me ajudou bastante; através das encomendas de salgados que recebo; estou exercitando a profissão de cabeleireiro; sim, através da cooperativa de salgadeiras; passei a vender salgados; consegui trabalho na área; faço salgados para entregas; a partir do curso montei uma mercearia; o curso de cabeleireiro foi fundamental para a minha profissionalização. 48,9% responderam que ainda não teve nenhuma influência sobre os seus rendimentos, os motivos alegados foram os seguintes: ainda não está exercitando a nova profissão; pela concorrência, fiz o curso de salgados e tem muita gente aqui no bairro fazendo salgados por encomenda ou pra vender na rua; não conseguiu emprego na área; não foi colocado em prática ainda, mas tem boas perspectivas para o futuro; está começando a atuar na área, ainda não houve retorno financeiro (Tabela 4.37). Tabela 4.37 – Influi na Melhoria de Sua Renda ou da Família? Influi na Melhoria de Sua Renda ou da Família ? Sim 23 51,1% Não 22 48,9% Total 45 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 88 Questionados sobre as atividades culturais e de lazer realizadas no Centro de Usos Múltiplos, 75,2% responderam que tem conhecimento sobre essas atividades, 24,8% disseram que desconhecem tais atividades. As atividades mais citadas, pela ordem foram: capoeira, judô, futebol, peças teatrais, gincanas, apresentações culturais, danças, festa junina, seções de cinema, futsal, eventos nos dias comemorativos, eventos culturais, festa das crianças, comemoração de datas festivas, pintura e reforço escolar. Os que responderam não alegaram, principalmente, falta de informação ou de divulgação, não freqüentar o local, não ficar em casa ou não terem sido convidados (Tabela 4.38). Tabela 4.38 – Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer realizadas pelo CUM? Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer realizadas pelo CUM? Sim 85 75,2% Não 28 24,8% Total 113 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). Das pessoas que afirmaram ter conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer desenvolvidas no Centro de Usos Múltiplos, 67,1% afirmou que ela ou alguém da família já participou dessas atividades, 32,9% responderam que ainda não haviam participado. As aulas de capoeira aparecem em primeiro lugar e quem participa ou tem alguém da família participando gosta muito, em seguida vêm às aulas de judô, muito elogiadas pelos entrevistados, depois vêm às festas que também tem uma boa aceitação por parte das pessoas, as gincanas, as atividades esportivas realizadas na quadra e as apresentações teatrais e culturais também tem a aprovação dos moradores. Quem nunca participou dessas atividades, argumenta que: falta divulgação, não freqüenta o local, não tem tempo, não foram convidados, não tem crianças em casa, os filhos são muito pequenos, não tem interesse, por 89 motivos religiosos, não há vagas, espera por vaga na capoeira, ou, até mesmo, por falta de curiosidade (Tabela 4.39). Tabela 4.39 – Você ou alguém de sua família participa ou participou de alguma(s) atividade(s) cultural(is) e de lazer realizada(s) no CUM? Você ou alguém de sua família participa ou participou de alguma(s) atividade(s) cultural(is) e de lazer realizada(s) no CUM? Sim 57 67,1% Não 28 32,9% Total 85 100% Fonte: Pesquisa do Autor (2006). 90 5. PRINCIPAIS RESULTADOS DO PROGRAMA HABITAR BRASIL BID – SUBPROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS SUBNORMAIS Na Lagoa dos Santos a aplicação do Programa Habitar Brasil/BID, por meio do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais, trouxe resultados bastante satisfatórios, tanto do ponto de vista da melhoria das condições de infraestrutura e dotação de equipamentos urbanos, como no trabalho de participação comunitária e até mesmo na melhoria da qualidade ambiental. 5.1. Infraestrutura No que diz respeito à infraestrutura e aos equipamentos urbanos destacamos as obras destinadas a resolver o problema das inundações, a construção e a reforma das casas, das vias de acesso pavimentadas, do posto de saúde (atual Centro de Especialidades Médicas - CEM), do 16° Comando Regional da Polícia Militar, do Centro de Usos Múltiplos, da quadra poliesportiva coberta, da implantação do sistema de transportes coletivo, da biblioteca comunitária, da ampliação da rede de iluminação pública, do abastecimento de água, da rede de energia elétrica etc. De acordo com o Informativo do Centro de Usos Múltiplos (2006), ao realizar o diagnóstico da área de intervenção foram identificadas 52 (cinquenta e duas) famílias que residiam na área de risco (espelho d’ água da lagoa), sendo castigadas pelas enchentes nos períodos chuvosos. Para resolver o problema dessas famílias e ampliar a área destinada ao espelho d’ água, prevista no novo projeto de engenharia, foram construídas 52 (cinquenta e duas) unidades habitacionais, no próprio local, para onde essas famílias foram remanejadas (Anexo C). A proposta inicial de intervenção e o manual do HBB previa que as novas unidades habitacionais tivessem uma área construída de 30,00m² (trinta metros quadrados), com 4 (quatro) cômodos, sala, cozinha, quarto e banheiro, ao preço de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais). Mas, na prática, elas foram construídas com 42,89m² (quarenta e dois metros e oitenta e nove centímetros quadrados), com 91 5 (cinco) cômodos, sala, cozinha, dois quartos e banheiro, ao preço unitário de R$ 10.800,00, incluindo-se o valor do terreno (de acordo com o Termo de Adesão para Remanejamento). Vale destacar, que esse acréscimo no tamanho das unidades habitacionais e no número de cômodos só foi possível graças à contrapartida do Governo Estadual, através do Cheque Moradia. Além da construção das 52 unidades habitacionais, aquelas famílias que não tinham condições de concluir ou reformar seus imóveis receberam o Cheque Moradia, convênio entre o Município e o Governo do Estado com objetivo de viabilizar a construção ou reforma de moradias populares. Aproximadamente 44% das residências foram concluídas ou reformadas com o Cheque Moradia, melhorando consideravelmente a sua infraestrutura (Anexo D). A Prefeitura Municipal de Formosa assumiu a responsabilidade pelo do processo de regularização fundiária dos domicílios na antiga área de risco. Entretanto, como prevê as regulamentações do HBB 29, foi necessário que a Prefeitura tomasse as medidas legais cabíveis para evitar problemas futuros e assegurar os direitos dos assentados. Assim, foi criado um termo de adesão para que as famílias que concordassem com a implantação do Projeto Integrado Lagoa dos Santos e com o remanejamento para uma nova área aderissem ao programa. Algumas famílias, cerca de 30 (trinta), preferiram não continuar no local, por não acreditarem que as propostas apresentadas pela Prefeitura fossem se concretizar de fato. Assim, assinaram o termo de remanejamento e foram transferidas para um novo bairro, o Nova Formosa, pois esse já era uma realidade, enquanto que, a nova Lagoa dos Santos, parecia um sonho distante. Hoje, muitos desses moradores, que não hesitaram em trocar o certo pelo duvidoso, se arrependeram devido às condições de infraestrutura e aos equipamentos urbanos existentes no bairro. Foram construídas também, galerias de águas pluviais visando solucionar de vez o problema das enchentes que aterrorizavam os moradores do local (Fotos 59, 60 e 61). Realizou-se a pavimentação asfáltica do bairro (Fotos 65, 66 e 67), minimizando o problema da poeira e da lama que se acumulava na época chuvosa e 29 “É indispensável que as famílias a serem remanejadas e/ou reassentadas participem de todo o processo de elaboração e aprovação da proposta e que expressem sua concordância formal através do Termo de Adesão Compromissos e obrigações” (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.34). 92 construída a rede de esgoto, desejo dos moradores de acordo com a pesquisa realizada em março de 2002 e que trará um destino adequado aos resíduos líquidos produzidos em suas residências (Fotos 62, 63 e 64). A iluminação pública do bairro também foi melhorada (Fotos 66 e 67). O sistema de abastecimento de água e energia elétrica provenientes da rede pública atende a basicamente todos os moradores. Com relação ao abastecimento de água, de acordo com a pesquisa realizada em 2002, 78,1% dos moradores eram atendidos com esse serviço, já na pesquisa de 2006 esse índice chegou a 95,7% das residências. O serviço de energia elétrica atendia em 2002 a 87,6% das famílias do bairro, em 2006 esse número alcançou 97,8% das moradias do bairro. O que mostra uma evolução significativa na oferta desses serviços, que são essenciais para a melhoria da qualidade de vida da população. Observa-se que tanto o serviço de coleta dos resíduos sólidos quanto o de limpeza urbana estão atendendo a população do bairro adequadamente. Verifica-se também que os moradores estão mais preocupados em manter seus lotes limpos, respeitando os horários de coleta do lixo. E também, não foram verificados depósitos lixo a céu aberto no local. Construiu-se um Posto de saúde (Foto 01), para atender as necessidades dos moradores, já que na pesquisa feita em 2002 eles apontavam que a saúde era uma das suas prioridades e desejavam que fosse construído um posto de saúde no local, pois tinham que deslocar alguns quilômetros até chegar ao hospital municipal e ainda não contava com um sistema de transportes adequado para tal. É importante ressaltar, que durante a pesquisa realizada em 2002, para levantar as principais demandas dos moradores do bairro, no que se refere a equipamentos comunitários, o Posto de Saúde foi o mais votado contando com 37,1% dos votos. E na pesquisa de 2006 foi apontado por 27,2%, em primeiro lugar, entre as três obras que eles consideravam mais importantes para a melhoria da sua qualidade de vida. O posto policial, outra exigência dos moradores, também foi colocado em prática, pois na mesma pesquisa, aparecia como uma das prioridades de investimento apontadas pela comunidade, em razão, da falta de segurança e do elevado índice de violência e criminalidade no setor. Nesse sentido, a construção do 93 16° Comando Regional da Polícia Militar contribuiu de maneira significativa para a diminuição da violência e do tráfico de drogas no bairro. Pois, mesmo não tendo conseguido resolver definitivamente tal problemática, coibiu a maior parte das ações criminosas no local, fazendo com que a população se sinta mais segura (Foto 02). A abertura de ruas e ampliação da rede de iluminação pública também contribuiu para a diminuição da violência e do tráfico, além de ter facilitado o acesso da polícia na região, agilizando as suas ações. Outra obra importante é a quadra poliesportiva coberta, pois contribuiu para a prática de atividades esportivas, no âmbito de uma comunidade carente, que não dispunha de um espaço adequado para a realização de tais atividades. Ela é utilizada diariamente pela população. É frequentada por crianças, adolescentes e adultos do bairro Lagoa dos Santos e entorno (Foto 03). A escola de ensino fundamental não foi construída e a ampliação da creche localizada no bairro, também não se concretizou. O motivo alegado no caso da escola, pelas autoridades competentes, foi que a construção de uma escola no bairro elevaria o preço final do programa de intervenção, além de não haver necessidade real para a construção da mesma, pois nas proximidades, a cerca de 500m (quinhentos metros) do local, existem pelo menos três escolas que tem condições de atender muito bem os moradores do bairro, são duas escolas municipais: Escola Municipal Gabriela Amado e Escola Municipal Padre Dino e uma estadual, a Escola Estadual Mauro Alves Guimarães. A verba que seria destinada à escola foi utilizada para melhorar a infraestrutura e os equipamentos urbanos do local. Com relação à ampliação da creche, o argumento é o de que era uma instituição privada, portanto, não haveria como destinar dinheiro público em benefício da mesma. O serviço de transporte coletivo foi implantado em junho de 2006. A Viação Cidade Formosa, responsável pelo transporte no bairro, disponibiliza um microônibus que percorre a cada 30 minutos as principais ruas do bairro. Antes da intervenção, segundo dados de 2002 do Projeto de Participação Comunitária, o transporte coletivo passava a 500 metros do setor. Com a melhoria no acesso ao transporte público no bairro, os moradores passaram a ter melhor acessibilidade a escolas de ensino médio, universidade e faculdades, hospital municipal, rodoviária, etc. 94 A conclusão do Centro de Usos Múltiplos, em agosto de 2004, foi outro passo importante para a melhoria da qualidade de vida da comunidade, já que várias atividades passaram a ser desenvolvidas ali, se tornando, desde então, a referência no trabalho social desenvolvido no bairro (Foto 04). Através dele, a população teve e tem acesso a várias ações realizadas dentro dos eixos de Mobilização e Organização Comunitária, Educação Sanitária e Ambiental e Geração de Trabalho e Renda. O bairro foi beneficiado também com a pavimentação asfáltica, que eliminou a poeira e a lama e facilitou a circulação pelas suas vias e com a ampliação da iluminação pública, que além de aumentar o bem-estar das pessoas, contribuiu para diminuir a violência e a criminalidade no local, para melhorar a qualidade de vida e dar dignidade aos moradores (Fotos 65, 66 e 67). Mas as obras principais, e talvez as mais importantes do programa visando o fim dos alagamentos e das enchentes, a melhoria da qualidade de vida da população e também a melhoria ambiental, foram à revitalização da lagoa e urbanização e paisagismo do bairro (Fotos 05, 06, 07, 08, 68, 69 e 70). Essas obras, muitas vezes deixaram de ser citadas pelos moradores durante as pesquisas e até mesmo de serem apontadas como prioridades para solucionar os problemas de alagamentos e condições precárias de habitabilidade na qual viviam, mas sem as quais jamais desfrutariam da atual qualidade de vida, conforto, cidadania e dignidade que eles mesmos apontaram na última pesquisa. 5.2. Trabalho de Participação Comunitária A construção do Centro de Usos Múltiplos facilitou o desenvolvimento das atividades sociais, culturais e ambientais, previstas no trabalho de participação comunitária. Previsto no projeto urbanístico e arquitetônico, o Centro de Usos Múltiplos é utilizado como equipamento comunitário pelos moradores do bairro. Ele era coordenado pelo Engenheiro Civil Pedro Ivo Campos Faria (Coordenador da Unidade Executora Municipal), que contava com o apoio da Assistente Social Flavia Tourinho (Coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária), de Shirley Silva 95 (Assistente Social) e de Ana Paula Spíndola (Psicóloga) (INFORMATIVO do CENTRO DE USOS MÚLTIPLOS, 2006). O trabalho de participação comunitária começou a ser desenvolvido em agosto de 2004 e hoje são executadas diversas atividades que perpassam os eixos do MOC, ESA e GER. A seguir listamos as principais atividades desenvolvidas no/pelo Centro de Usos Múltiplos ao longo desse período: a) Aulas de reforço pedagógico (Foto 73); b) Comissão de Jovens; c) Comissão de acompanhamento de obras; d) Curso de artes plásticas; e) Jornal Comunidade em Ação; f) Oficina de teatro para o desenvolvimento social (Foto 72); g) Aulas de capoeira; h) Criação da biblioteca do Centro de Usos Múltiplos; i) Futebol de salão (Foto 71); j) Aulas de judô; k) Campanha do lixo; l) Mutirão da limpeza (Foto 81); m) Grupo ambiental “Amigos do Meio Ambiente” (Foto 82) n) Campanha sobre o uso sustentável da água e energia; o) Formação da horta modelo para orientar os moradores na implantação de hortas em suas residências; p) Educação sexual para adolescentes; q) Seções de cinema; r) Palestras; s) Gincanas; t) Festas comemorativas e de confraternização; 96 u) Curso de inclusão digital (Foto 79); v) Curso de cabeleireiro (Foto 76); w) Curso de artesanato (Fotos 74 e 75); x) Curso de salgados, doces e confeitaria (Fotos 77 e 78); y) Criação da cooperativa de salgadeiras etc. Vale destacar que as atividades realizadas, além de contar com o apoio da comunidade e de outras instituições, não foram e nem são criadas à revelia, já que a comunidade ajuda a decidir muitas das atividades que gostaria que fossem colocadas em prática no/pelo CUM. Exemplo disso, é que nas pesquisas realizadas a partir de 2002, várias sugestões da comunidade foram aceitas, dentre as quais podemos citar: as campanhas de limpeza do bairro sugeridas por 27,5% dos entrevistados em 2002, a criação de cursos de capacitação profissional também sugestão de 14,7% das pessoas nessa mesma pesquisa, a implantação de uma horta comunitária, citada por 14,7% dos moradores, a construção de uma quadra poliesportiva, desejo de 4% dos inquiridos, que acreditavam contribuir para a retirada das crianças e jovens das ruas, a realização de eventos culturais que contava com apoio de 1,2% dos entrevistados, etc. Até mesmo, os cursos de capacitação profissional colocados em prática no Centro de Usos Múltiplos tiveram o aval da comunidade. Em 2004, foi realizado um recadastramento dos moradores pela equipe técnica da Prefeitura Municipal, responsável pela área social do Programa Habitar Brasil/BID. O questionário foi respondido por quase todos os moradores, pois se tratava de um programa de recadastramento que traria benefícios para a comunidade. Nesse questionário, foram dadas aos moradores algumas sugestões de cursos de capacitação profissional e qual deles gostariam que fossem implantados no Centro de Usos Múltiplos. A grande maioria dos inquiridos, ou seja, 43,5% optaram pelo curso de salgados, 20,8% pelo de padaria, 16,4% pelo de mecânica de automóveis, 10,6% oficina de bicicletas e 10% pelo de marcenaria (Tabela 5.1). A ideia era ver a possibilidade de colocar em prática o curso de maior aceitação e, assim, capacitar os moradores visando criar ou aumentar suas fontes de renda. Vale ressaltar que, em razão dessa pesquisa, foi oferecido para a comunidade e realizado no Centro de Usos Múltiplos o curso de salgados. Depois do curso, foi implantada no próprio 97 Centro de Usos Múltiplos uma cooperativa de salgadeiras, denominada Recanto do Sabor, criada para atender aos trabalhadores que não encontraram emprego após a realização do curso, além de contribuir para a melhoria da renda das cooperadas. Tabela 5.1 – Cursos de Capacitação Profissional Desejados Pelos Moradores Cursos de Capacitação Profissional Desejados Pelos Moradores Salgados 90 43,5% Padaria 43 20,8% Mecânica de Automóveis 34 16,4% Oficina de Bicicleta 22 10,6% Marcenaria 10 4,8% Outro(s) 8 3,9% Total 207 100% Fonte: Recadastramento do Programa Habitar Brasil/BID (2004). 5.3. Melhorias sanitárias e ambientais O programa foi fundamental para urbanizar o bairro e melhorar as condições sanitárias e ambientais por meio de obras como a construção das galerias de águas pluviais, que basicamente decretaram o fim das enchentes e dos alagamentos, algo que assustava os moradores durante o período das chuvas (Fotos 59, 60 e 61). Foi construída a rede de esgoto pondo fim à necessidade das fossas sépticas e dos esgotos que escoavam livremente pelas ruas do bairro (Fotos 62, 63 e 64). A coleta do lixo foi regularizada, sendo que ele é coletado três vezes por semana, evitando os lixões a céu aberto, comuns no local antes do projeto de intervenção. Esses lixões, juntamente com águas servidas que circulavam pelas ruas eram locais de proliferação de vetores de vários tipos de doenças. Nesse sentido, podemos afirmar que, atualmente, os moradores desfrutam de melhores condições de higiene e de saúde. Houve também investimento em paisagismo, sendo plantadas várias espécies de árvores típicas da região e também gramíneas e outras espécies arbustivas e 98 herbáceas na orla da lagoa e em vários pontos do bairro, visando à permeabilidade do solo e a absorção das águas da chuva, pois com pavimentação das vias, construção de calçadas e concretamento em partes do bairro houve diminuição da permeabilidade do solo. Do ponto de vista ambiental, após a implantação do Programa Habitar Brasil/BID, por meio do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais, várias medidas foram tomadas visando a revitalização da Lagoa dos Santos. Dentre essas melhorias, destacamos a criação de um espelho d’água na área da antiga lagoa, visando à manutenção do curso natural das nascentes originárias do local e até mesmo advindas de outros, como é o caso das nascentes da Lagoinha do Abreu, que juntamente com a Lagoa dos Santos abastecem a Lagoa Feia, afluente da Bacia do São Francisco. É visível que o espelho d’água atual não tem as mesmas dimensões do espelho de água original, mas, de acordo com os técnicos responsáveis pelo programa é suficiente para a manutenção do aporte hídrico dessas nascentes. Vale ressaltar ainda que, por mais que um dos principais objetivos do programa fosse à revitalização da lagoa, ela jamais voltará ao seu estado original, anterior a invasão, conforme fotos da década de 80 (Fotos 21, 22, 23 e 24). Mas, não podemos deixar de destacar a importância dele para a manutenção das nascentes que estavam sendo destruídas pela ocupação desordenada da área, a sua contribuição para mitigar os impactos ambientais provenientes dessa ocupação e também para a melhoria das condições sanitárias e ambientais dos moradores do bairro. 99 CONSIDERAÇÕES FINAIS O problema da Lagoa dos Santos retrata uma triste realidade em nosso país, ou seja, o da falta de moradia, que afeta milhões de brasileiros. Estudo realizado pela Fundação João Pinheiro, denominado: Déficit Habitacional no Brasil, mostra que a escassez de moradias no país atinge 4 milhões de famílias no meio urbano e 1,6 milhão no meio rural. Aproximadamente 55% desse contingente situam-se no grupo de famílias com rendimentos de até 02 salários mínimos e quase 30% na faixa de rendimento de 02 a 05 salários mínimos. Esse fato demonstra que 3,4 milhões de moradias, que representam 85% do déficit total, são demandadas por famílias com renda mensal de até 05 salários mínimos (MANUAL DO HBB UAS, 2002). Diante dessa dificuldade de se obter moradias pessoas desesperadas se apropria de áreas inadequadas para tal finalidade, colocando em risco a sua integridade física e a de sua família e também o seu patrimônio. Frequentemente os meios de comunicação divulgam casos de famílias inteiras que perderam tudo que tinham ou morreram soterradas ou afogadas em áreas de risco. Mesmo esses exemplos, não são capazes de intimidar essas pessoas, que arriscam suas vidas e o seu patrimônio habitando áreas impróprias, onde a natureza, por força maior, não permite tais ocupações. Além dos riscos inerentes às condições de seus sítios e da precariedade da maioria das habitações, a situação ambiental dos assentamentos subnormais apresenta ainda como problemas graves, as condições precárias no sistema de coleta de lixo, abastecimento de água, energia elétrica, disposição final dos resíduos sólidos e líquidos, do sistema de transportes, além da escassez de equipamentos urbanos, do desemprego, etc. Assim, urbanizar esses assentamentos é uma das soluções recomendáveis, isto é, integrar tais áreas, social, econômica e politicamente, adaptando-as às necessidades do meio natural. O caso particular da Lagoa dos Santos é mais uma evidência de que ao agredir a natureza o homem agride a si próprio, pois as consequências dessa degradação acabam se revertendo contra ele mesmo. Como exemplos, podemos destacar as enchentes nos centros urbanos, os desmoronamentos de encostas, etc. que trazem grandes prejuízos materiais, financeiros e até mesmo a morte de muitos 100 moradores. Nesse sentido, parece claro que o encaminhamento da solução da questão dos assentamentos subnormais passa, necessariamente, por um quadro abrangente de uma política social e de geração de emprego e renda que contemple os processos que respondem pela estruturação do espaço e que ressalte a consciência crítica com relação à questão ambiental. Se não é possível resolver o problema da pobreza em curto prazo, é necessário buscar alternativas que possam minimizá-la e que ao mesmo tempo possam contribuir par mitigar a degradação ambiental associada à pobreza urbana. Está claro, que uma das únicas maneiras de dar condições dignas de vida aos pobres urbanos que habitam os assentamentos subnormais é através da melhoria desses espaços e de um trabalho social que vise elevar sua qualidade de vida. É nesse contexto, que se enquadra o Programa Habitar Brasil/BID que procura contribuir para que as famílias de baixa renda, residentes em assentamentos subnormais, tenham melhores condições de subsistência, além de dar maior capacidade aos municípios para atuarem no controle e recuperação desses locais, e tenham condições de criar mecanismos para evitar o surgimento de novos assentamentos com o mesmo perfil. Na Lagoa dos Santos, a aplicação do HBB trouxe resultados bastante satisfatórios, tanto do ponto de vista da melhoria das condições de infraestrutura e dotação de equipamentos urbanos, como no trabalho de participação comunitária e até mesmo na melhoria da qualidade ambiental. Quando comparamos os dados da pesquisa de 2006 com os da de 2002 concluímos que houve avanços nos aspectos relacionados à moradia e à inserção urbana no bairro. Houve redução do déficit habitacional, redução das situações de inadequação habitacional, aumento da cobertura na maioria dos serviços de infraestrutura. Os aspectos de mobilidade urbana também foram melhorados com a abertura de ruas, pavimentação asfáltica e construção de calçadas. Antes da implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais, as invasões e o aumento populacional tornaram as vias de acesso restritas, contribuindo para a abertura de muitas ruas de forma irregular. Algumas ruas eram verdadeiros brejos e não havia pavimentação asfáltica ou serviço de iluminação pública. O programa trouxe melhorias, pois atualmente, 100% das vias 101 do bairro são pavimentadas (o que facilitou o acesso ao bairro e a vários serviços, como por exemplo, a coleta regular do lixo) e dispõem de iluminação pública. Com a construção do Centro de Especialidades Médicas, o acesso aos serviços de saúde melhorou. Antes dele a população tinha que se deslocar do bairro em busca desse de atendimento. O programa contribui ainda com ações socioeducativas de educação sanitária. A maioria dos moradores do bairro se diz satisfeita com o atendimento realizado pelo centro. O trabalho de participação comunitária, outra vertente importante do Programa Habitar Brasil/BID, desenvolveu-se de maneira satisfatória na Lagoa dos Santos. Houve melhoria sensível nos níveis de participação e mobilização da comunidade. Mais da metade da população participa das atividades realizadas no Centro de Usos Múltiplos e a maioria dos moradores aprova o trabalho daquela equipe. De acordo com os moradores, o trabalho desenvolvido no centro para criar a comissões representativas, contribuiu para o aumento da participação comunitária e também para aumentar o interesse dos moradores pela busca de melhorias para o bairro. A relação positiva entre a equipe social, as lideranças e a comunidade, facilitou as discussões acerca das atividades a serem desenvolvidas e para a implantação do Projeto Social. O engajamento da Associação de Moradores no processo de revitalização do bairro e na melhoria das condições de vida da população motivou todas as faixas etárias que atualmente participam de ações na condição de agentes ativos. As melhorias fortaleceram não somente a liderança local como também a de outros bairros da cidade. O comprometimento da associação com os lagoenses facilita na busca de parcerias para a implantação de novos projetos que atendam as necessidades da população local, como a capacitação dos moradores para trabalharem na reciclagem dos resíduos sólidos, a oferta de cursos profissionalizantes, além de promover atividades culturais e ampliar as opções de lazer da mesma. Esse trabalho de participação ativa da comunidade é e esta sendo fundamental para garantir a sustentabilidade e o sucesso do programa. No que diz respeito à geração de trabalho e renda, um dos aspectos mais relevantes do programa, foram realizados vários cursos de capacitação profissional no Centro de Usos Múltiplos, dentre os quais podemos destacar os cursos de salgados, artesanato, cabeleireiro, manicura, produção de sabonetes, confecção de 102 bolsas, culinária, pintura e informática (com a implantação Telecentro por meio da parceira entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a Prefeitura Municipal). O programa proporcionou também melhorias na inserção no mundo do trabalho, pois além dos cursos de capacitação profissional, foi criada uma feira livre para que os moradores pudessem vender seus produtos. Auxiliou ainda as participantes do curso de salgados a criarem a cooperativa de salgadeiras Recanto do Sabor. Entretanto, apesar de alguns avanços nessa área, estes ainda não foram suficientes para aumentar a renda da maioria da comunidade. No tocante à questão da melhoria da qualidade ambiental, visto que a mesma constitui fator determinante para se alcançar melhoria na qualidade de vida das pessoas de uma determinada localidade, ocorreu uma série de ações visando à melhoria da qualidade ambiental do local. Podemos destacar a revitalização da lagoa e o fim das enchentes, a implantação da rede de coleta de resíduos líquidos, a coleta regular dos resíduos sólidos produzidos pelos moradores, a urbanização e a arborização do bairro, o paisagismo da orla da lagoa e o serviço de monitoramento da qualidade da água da mesma, o serviço de limpeza urbana, dentre outros. A construção dos equipamentos públicos, como playgrounds e praças, serviu para evitar a ocorrência de novas ocupações irregulares no bairro. Os moradores e a Prefeitura estão atentos a qualquer movimentação desse tipo inibindo tentativas de invasão. Os lagoenses contribuem efetivamente para a preservação do local, participando de palestras, mutirões de limpeza, grupos de meio ambiente, etc. Essas ações são desenvolvidas no programa HBBUAS dentro dos eixos de Mobilização e Organização Comunitária e Educação Sanitária e Ambiental. Vale ressaltar a importância desse trabalho, visto que, as únicas Áreas de Preservação Permanente (APP), de acordo com a Prefeitura, é a lagoa e sua orla, pois são áreas de nascentes. Mas, é preciso ressaltar que o Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais implantado na Lagoa dos Santos apresentou também alguns reveses, que foram apontados pela população como prioridades para ações imediatas do poder público, como por exemplo, a questão da segurança, que mesmo com a construção do posto policial e da visível melhora, ainda deixa a desejar, pois persistem, em menor escala, os problemas com o tráfico de drogas e a 103 violência; a falta de escolas no próprio bairro; o alagamento de algumas ruas; o desemprego; problemas com rachaduras em algumas casas; dentre outros. Nas entrevistas com o coordenador da Unidade Executora Municipal, Pedro Ivo de Campos Faria e com a coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária, Flávia Tourinho, esses problemas foram levantado e eles demonstraram preocupação com os mesmos e afirmaram que haverá um grande empenho por parte da Prefeitura Municipal de Formosa, na busca de alternativas que venham solucionar ou pelo menos mitigar tais problemas. Quanto à eficácia do Programa em diminuir a pobreza e melhorar as condições ambientais entendemos que ele conseguiu alcançar seus objetivos. Ao analisar o projeto pós-implantação, observamos que os resultados apresentados pela comunidade beneficiada correspondem aos plenos objetivos do programa pretendidos pelo HBB, que visa promover mecanismos para favorecer o associativismo, os cuidados com os espaços públicos e os bens comuns, bem como a criação de um ambiente social, onde as pessoas, em conjunto, possam enfrentar os problemas e aproveitar as oportunidades, ao invés de se tornarem beneficiários passivos e permanentes de ofertas de recursos que vêm de cima para baixo. Observou-se também que o programa não se preocupou somente com a habitação em si, mas também com a qualidade de vida de seus moradores, ao oferecer cursos de capacitação profissional e atividades relacionadas à preservação e a conservação do meio ambiente. De acordo com os coordenadores do programa, após a conclusão dos trabalhos, os moradores caminharão por conta própria. Mesmo assim, a Prefeitura manterá equipes no bairro pra acompanhar e auxiliar os moradores, com o intuito de garantir que os benefícios oriundos do HBB possam permanecer. Ao final do trabalho, constatamos que a pobreza afeta diretamente o meio ambiente e o meio ambiente degradado implica em ampliação da pobreza nessas áreas já bastante precárias. Percebemos também que, a revitalização do meio ambiente local ao seu estágio original não foi possível, mas, que através da implantação do programa garantiu-se o acesso da comunidade aos mais diversos direitos sociais constitucionalmente assegurados (habitação, saúde, segurança, educação e lazer), houve melhorias na qualidade de vida dos moradores e melhorias na qualidade ambiental do bairro. 104 Analisando os resultados obtidos através das pesquisas e entrevistas realizadas no bairro em 2002 e 2006 e a opinião dos moradores quanto às mudanças ocorridas no bairro nesse período, eles se tornam ainda mais significativos. Nesse contexto, conclui-se que através de programas como o Habitar Brasil/BID é possível mudar a situação de assentamentos subnormais como a Lagoa dos Santos existentes em outras partes do país, dando condições dignas de vida aos seus moradores e melhorando as condições ambientais desses locais. 105 REFERÊNCIAS ABRANCHES, S. Os Despossuídos, Crescimento e Pobreza no País do Milagre. Rio de Janeiro: Atlas, 1985. ALMEIDA, J. R.; MORAES, F. E.; SOUZA, J. M. e MALHEIROS, T. M. Planejamento Ambiental: Caminho para Participação Popular e Gestão Ambiental para o Nosso Futuro Comum: Uma Necessidade um Desafio. 2ª ed. Rio de Janeiro: Thex Editora, 1999. cap. 2, p. 79-120. BALASSIANO, H. M. M. As Favelas e o Comprometimento Ambiental: In: MESQUITA, O. U.; SILVA (org.), S. T. Geografia e Questão Ambiental. Rio de Janeiro: FIBGE, 1993. p. 42-48. BELLIA, V. Introdução à Economia do Meio Ambiente. 1ª ed. Brasília: IBAMA, 1996. cap. 2, p. 47-52. 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Somos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e estamos realizando uma pesquisa sobre a situação dos moradores do bairro Lagoa dos, gostaríamos, por gentileza, de contar com sua colaboração. Todas as respostas serão mantidas em segredo, sendo usadas somente para fins de estudos da UEG e UnB (Dissertação de Mestrado). Entrevistador: __________________________________ ______ Data: ___/___/___ Horário: _____ Parte I: Dados quantitativos sobre o e ntrevistado e o local 1. Nome (opcional): ________________________ 2. Sexo M ( 4. Idade: a. ( ) 0 a 9 anos b. ( ) 10 a 19 anos c. ( ) 20 a 29 anos d. ( ) 30 a 39 anos e. ( ) 40 a 49 anos f. ( ) 50 a 59 anos g. ( ) 60 a 69 anos h. ( ) 70 a 79 anos i. ( ) 80 a 89 anos j. ( ) 90 ou mais 5. Nível de Escolaridade do chefe da família: a. ( ) Não sabe ler e escrever b. ( ) Ensino Fundamental c. ( ) Ensino Médio d. ( ) Ensino Superior 6. Nível de Escolaridade da população adulta: a. ( ) Não sabe ler e escrever b. ( ) Ensino Fundamental c. ( ) Ensino Médio d. ( ) Ensino Superior 7. Quem é o responsável pelo sustento da família? a. ( ) pai b. ( ) mãe c. ( ) ambos d. ( ) outro. Qual _______________________ )F( ) 3. Profissão: ___________ 112 8. Situação do chefe da família no mercado de trabalho: a. ( ) assalariado b. ( ) autônomo c. ( ) trabalha informalmente d. ( ) aposentado/pensionista e. ( ) desempregado 9. Renda Familiar: a. ( ) Até 1 Salário Mínimo b. ( ) Mais de 1 até 2 Salários Mínimos c. ( ) Mais de 2 até 3 Salários Mínimos d. ( ) Mais de 3 até 4 Salários Mínimos e. ( ) Mais de 4 até 5 Salários Mínimos f. ( ) Mais de 5 Salários Mínimos 10. Tempo que reside na Lagoa dos Santos: a. ( ) menos de 5 anos b. ( ) de 5 a 10 anos c. ( ) de 11 a 20 anos d. ( ) mais de 20 anos 11. Números de residentes: a. ( b. ( c. ( d. ( e. ( ) 1 pessoa ) 2 pessoas ) 3 pessoas ) 4 pessoas ) Mais de 4 pessoas 12. Número de famílias por residência: a. ( ) Unifamiliar b. ( ) Cohabitada 2 famílias c. ( ) Cohabitada 3 famílias d. ( ) Cohabitada 4 famílias 13. Tipo de uso da residência: a. ( b. ( c. ( d. ( ) Residencial ) Residencial/comercial ) Residencial/religioso ) Outros 14. Número de cômodos residência: a. ( b. ( c. ( d. ( e. ( ) 1 cômodo ) 2 cômodoc ) 3 cômodos ) 4 cômodos ) 5 cômodos ou mais 15. Existência de banheiro no domicílio: a. ( ) Banheiro interno b. ( ) Banheiro externo c. ( ) Não possui 113 16. Tipos de paredes: a. ( ) Alvenaria b. ( ) Madeira c. ( ) Plástico/Lona d. ( ) Adobe e. ( ) Outros 17. Tipos de coberturas: a. ( ) Laje b. ( ) Telha de barro c. ( ) Amianto/Zinco d. ( ) Plástico/Lona e. ( ) Outros 18. Tipos de Pisos: a. ( ) Terra batida b. ( ) Cimentado c. ( ) Cerâmica/Maderia d. ( ) Outros 19. Qual a origem da água utilizada para o consumo diário? a. ( ) rede pública b. ( ) cisterna c. ( ) Outro. Qual? _________________________________ 20. Qual a origem da energia elétrica que vocês utilizam? a. ( b. ( c. ( d. ( ) rede pública (CELG) ) puxada/gambiarra ) Não possui ) Outro. Qual? _________________________________ 21. Que destino é dado aos resíduos líquidos (esgoto) produzido? a. ( b. ( c. ( d. ( ) rede pública ) fossa séptica ) lançado a céu aberto ) Outro. Qual? _________________________________ 22. Que destino é dado ao lixo (resíduos sólidos)? a. ( b. ( c. ( d. ( e. ( ) Coletado pela Prefeitura ) Enterrado ) Queimado ) Lançado a céu aberto ) Outro. Qual? _________________________________ 23. Tipos de Melhorias para o Domicílio: a. ( b. ( c. ( d. ( e. ( f. ( ) Construção de imóvel ) Reforma do imóvel ) Rede de esgoto ) Energia elétrica ) Água encanada ) Outra. Qual? _________________________________ 114 24. Prioridades de investimento: a. ( ) Cultura b. ( ) Segurança c. ( ) Educação d. ( ) Esporte e. ( ) Geração de Renda f. ( ) Lazer g. ( ) Saúde h ( ) Outras. Quais? _________________________________ 25. Prioridades de investimento: a. ( ) Cultura b. ( ) Segurança c. ( ) Educação d. ( ) Esporte e. ( ) Geração de Renda f. ( ) Lazer g. ( ) Saúde h ( ) Outras. Quais? _________________________________ 26. Tipos de melhorias para o bairro: a. ( ) Posto de saúde b. ( ) Escola de ensino fundamental c. ( ) Escola de ensino médio d. ( ) Rede de esgoto e. ( ) Pavimentação asfáltica f. ( ) Plantio de árvores g. ( ) Coleta de lixo h. ( ) Iluminação pública i. ( ) Posto policial j. ( ) Área de comércio k. ( ) Limpeza do bairro l. ( ) Aterramento do lote m. ( ) Galeria de águas pluviais n. ( ) Outras. Quais? _________________________________ 27. Projetos apoiados pela comunidade: a. ( ) Implantação da horta comunitária b. ( ) Campanhas de arborização c. ( ) Campanhas de limpeza urbana d. ( ) Fiscalização contra novas invasões e. ( ) Construção de quadra poliesportiva f. ( ) Realização de eventos culturais g. ( ) Criação de cursos profissionalizantes h. ( ) Melhoria do atendimento à saúde i. ( ) Outros. Quais? _________________________________ 115 APÊNDICE B – Modelo de Questionário aplicado em 2006 Questionário Nº.:_______ UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE QUESTIONÁRIO 2: SITUAÇÃO DOS MORADORES E DA LAGOA DOS SANTOS APÓS A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA HABITAR BRASIL BID Apresentação Bom dia! Somos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e estamos realizando uma pesquisa sobre a situação dos moradores do bairro após a implantação do programa de revitalização da Lagoa dos Santos realizado pela Prefeitura Municipal, gostaríamos, por gentileza, de contar com sua colaboração. Fizemos uma pesquisa em 2002 aqui na lagoa, antes da implantação do programa, estamos aqui novamente para colher informações a respeito da situação atual do bairro. Todas as respostas serão mantidas em sigilo, sendo usadas somente para fins de estudos da UEG e UnB (Dissertação de Mestrado). Entrevistador: _________________________________________________ Data: ___/___/___ Horário: ____ Parte I: Dados quantitativos e qualitativos sobre o entrevistado e o local Nome: ___________________________________________________________________________________ Rua: ___________________________________________________________________________ Nº: ______ 1. Sexo M ( ) F ( ) 2. Profissão: ____________________________________________________________ 3. Idade: a. ( ) 0 a 9 anos b. ( ) 10 a 19 anos c. ( ) 20 a 29 anos d. ( ) 30 a 39 anos e. ( ) 40 a 49 anos f. ( ) 50 a 59 anos g. ( ) 60 a 69 anos h. ( ) 70 a 79 anos i. ( ) 80 ou mais 4. Nível de Escolaridade do chefe da família: a. ( ) Fundamental Incompleto b. ( ) Fundamental Completo c. ( ) Ensino Médio Incompleto d. ( ) Ensino Médio Completo e. ( ) Ensino Superior f. ( ) Nenhum 5. Quem é o responsável pelo sustento da família? a. ( ) pai b. ( ) mãe c. ( ) ambos d. ( ) outro. Qual _________________________________ 6. Situação do(s) chefe(s) da família no mercado de trabalho: a. ( ) assalariado b. ( ) autônomo c. ( ) trabalha informalmente d. ( ) aposentado/pensionista e. ( ) desempregado 7. Renda Familiar: a. ( ) Até 1 Salário Mínimo b. ( ) Mais de 1 até 2 Salários Mínimos c. ( ) Mais de 2 até 3 Salários Mínimos d. ( ) Mais de 3 até 4 Salários Mínimos e. ( ) Mais de 4 até 5 Salários Mínimos f. ( ) Mais de 5 Salários Mínimos 116 8. Recebe algum tipo de benefício mensal do estado ou da prefeitura? a. ( ) Sim b. ( ) Não 9. Se sim, qual o benefício? a. ( ) Bolsa Família b. ( ) Renda Cidadã c. ( ) PETI d. ( ) Vale-gás e. ( ) Outro(s). Qual(is)? __________________________________________________________________ 10. Tempo que reside na Lagoa dos Santos: a. ( ) menos de 5 anos b. ( ) de 5 a 10 anos c. ( ) mais de 11 anos 11. Quantos cômodos existem na residência? a. ( ) 1 cômodo b. ( ) 2 cômodos c. ( ) 3 cômodos d. ( ) 4 cômodos e. ( ) 5 cômodos f. ( ) Mais de 5 cômodos 12. Números de residentes no domicílio: a. ( ) 1 pessoa b. ( ) 2 pessoas c. ( ) 3 pessoas d. ( ) 4 pessoas e. ( ) Mais de 4 pessoas 13. Existe banheiro no domicílio? a. ( ) Sim, banheiro interno b. ( ) Sim, banheiro externo c. ( ) Não 14. Qual a origem da água utilizada para o consumo diário? a. ( ) Rede pública b. ( ) Cisterna c. ( ) Outro. Qual e por quê? _______________________________________________________________ 15. Qual a origem da energia elétrica que vocês utilizam? a. ( ) Rede pública (CELG) b. ( ) puxada/gambiarra c. ( ) Não possui d. ( ) Outro. Qual e por quê? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 16 Que destino é dado ao esgoto produzido em sua residência? a. ( ) Rede pública b. ( ) Fossa séptica c. ( ) Lançado a céu aberto d. ( ) Outro. Qual e por quê? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 17. Que destino é dado ao lixo produzido em sua residência? a. ( ) Coletado pela Prefeitura b. ( ) Enterrado c. ( ) Queimado d. ( ) Lançado a céu aberto e. ( ) Outro. Qual? ________________________________________________________________________ 18. Em sua opinião, a coleta do lixo (caso o lixo seja coletado pela Prefeitura): a. ( ) Melhorou b. ( ) Ficou igual c, ( ) Piorou. Por que? ____________________________________________________________________ 117 Parte II: Percepção dos moradores sobre as mudanças ocorridas após a implantação do Programa de Revitalização 19. Você vivia no bairro antes da implantação do Programa de Revitalização da lagoa realizado pela Prefeitura? a. ( ) Sim b. ( ) Não 20. Se sim, na sua lembrança, quais foram às obras realizadas no bairro pela Prefeitura? (Marque com um número de acordo com a ordem citada pelo entrevistado) ( ) Construção das novas casas ( ) Pavimentação asfáltica ( ) Ampliação da iluminação pública ( ) Rede de esgoto ( ) Galeria de águas pluviais ( ) Posto de Saúde ( ) Posto policial ( ) Quadra poliesportiva coberta ( ) Revitalização da Lagoa ( ) Centro de Usos Múltiplos ( ) Outro(s). Qual(is)? __________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ 21. Entre as obras realizadas no bairro, indique as três mais importantes para a melhoria de sua qualidade de vida? 1° _________________________________ Por quê?___________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 2° _________________________________ Por quê?____________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 3° _________________________________ Por quê?____________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 22. Você poderia dizer o quê melhorou na sua vida e de sua família depois do Programa de Revitalização da lagoa realizado pela Prefeitura? _______________________________________________________________________________________ 23. Com qual tipo de benefício direto a sua família foi contemplada? a. ( ) Casa nova b. ( ) Cheque moradia c. ( ) Não foi contemplada. Por que não? _____________________________________________________ 24. (Somente para quem recebeu algum tipo de benefício direto). Em termos de mudança na sua casa, quais as que você considera mais importantes para o conforto de sua família? (Marque com um número de acordo com a ordem citada pelo entrevistado) ( ) Tamanho da casa ( ) Localização do imóvel ( ) Existência de banheiro ( ) Água encanada ( ) Energia elétrica ( ) Reforma do imóvel ( ) Reforma do telhado ( ) Outra(s). Qual(is)? ____________________________________________________________________ 25. Você percebeu mudanças na saúde de sua família, principalmente, na saúde dos seus filhos, depois da implantação do Programa? a. ( ) Sim. Quais? ______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 26. Quais as principais dificuldades/problemas que ainda existem aqui na Lagoa dos Santos? 1° _____________________________________________________________________________________ 2° _____________________________________________________________________________________ 3° ______________________________________________________________________________________ 4° ______________________________________________________________________________________ 118 5° ______________________________________________________________________________________ 27. Cite três coisas que você acha que poderia ser feitas para solucionar essas dificuldades/problemas? 1° _____________________________________________________________________________________ 2º _____________________________________________________________________________________ 3º ____________________________________________________________________________________ 28. Das melhorias ambientais realizadas no bairro após a implantação do Programa, quais as que você considera mais importantes? (Marque com um número de acordo com a ordem citada pelo entrevistado) ( ) Revitalização da Lagoa ( ) Coleta do lixo ( ) Rede de esgoto ( ) Galeria de águas pluviais ( ) Pavimentação asfáltica ( ) Ampliação da iluminação pública ( ) Urbanização do bairro ( ) Outra(s). Qual(is)? ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 29. Você considera a qualidade do meio ambiente importante para o seu bem-estar e de sua família? a. ( ) Sim. Como o meio ambiente afeta o seu bem-estar e de sua família? __________________________ _______________________________________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 30. Sabe da existência do trabalho realizado no Centro de Usos Múltiplos (galpão, pelas meninas da Prefeitura)? a. ( ) Sim. b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 31. Se sim, o que acha do trabalho realizado no Centro de Usos Múltiplos? a. ( ) Ótimo. Por que? _____________________________________________________________________ b. ( ) Bom. Por que? ______________________________________________________________________ c. ( ) Regular. Por que? ___________________________________________________________________ d. ( ) Ruim. Por que? _____________________________________________________________________ e. ( ) Não sabe. Por que? ___________________________________________________________________ 32. Tem conhecimento sobre as atividades relacionadas ao meio ambiente realizadas no bairro pelo Centro de Usos Múltiplos? a. ( ) Sim. Qual(is)? ______________________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? ___________________________________________________________________ 33. Se sim, você ou alguém de sua família participa ou participou de alguma(s) atividade(s) ambiental(is) desenvolvida(s)? a. ( ) Sim. Qual(is) e o que acha(ou)? _________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 34. Tem conhecimento dos cursos de capacitação profissional realizados no Centro de Usos Múltiplos? a. ( ) Sim. Qual(is) ______________________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 35. Se sim, você ou alguém de sua família realizou ou realiza algum desses cursos de capacitação profissional? a. ( ) Sim. Qual e o que achou ou está achando do mesmo? ______________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 36. Se sim, ele influi na melhoria de sua renda ou da família? a. ( ) Sim. Como? ______________________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 37. Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer realizadas pelo Centro de Usos Múltiplos? a. ( ) Sim. Qual(is)? _____________________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 38. Se sim, você ou alguém de sua família participa ou participou de alguma(s) atividade(s) cultural(is) e de lazer realizada(s)? a. ( ) Sim. Qual(is) e o que acha(ou)? ________________________________________________________ b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________ 119 APÊNDICE C – Roteiro da Entrevista com Pedro Ivo de Campos Faria Coordenador Da Unidade Executora Municipal 01. Por que a Lagoa dos Santos foi o local escolhido para a implantação do Programa Habitar Brasil/BID em Formosa? 02. As obras e os projetos sociais e ambientais realizados no bairro tiveram como base a pesquisa (questionário) aplicada aos moradores no ano de 2002, pela Prefeitura em parceria com a UEG? 03. Quando foi assinado o convênio entre a Prefeitura e o Ministério das Cidades para a implantação do HBB na Lagoa dos Santos? 04. Qual foi o valor total do investimento no programa por parte do Governo Federal, por parte Governo Estadual e da Prefeitura? 05. Quais obras não contaram com recursos do programa e tiveram que ser construídas pelo governo estadual e/ou municipal? 06. Houve processo de licitação para a escolha da empresa que construiria as obras? Quando ocorreu? Qual foi a empresa vencedora? Quando as obras foram iniciadas? Ainda existem obras a serem concluídas ou implementadas? 07. A RCA Engenharia, no Diagnóstico Integrado e Proposta de Intervenção Fase I de 2001, previa o remanejamento de 48 famílias da área de risco para os lotes vagos de propriedade da Prefeitura existentes no próprio local, mas na prática foram construídas 52 novas casas, além disso alguns moradores foram transferidos para o Bairro Nova Formosa. Isso procede? Se sim, qual a explicação para tal? 08. De acordo com o mesmo documento e com o HBB o tamanho das residências a serem construídas seria de 30,00 m², ao preço unitário de R$ 7.500,00 (valores da época). Mas na prática elas foram construídas com 42,89m², ao preço unitário de R$ 10.800,00 (de acordo com o Termo de Adesão para Remanejamento). O que contribuiu para a ampliação das residências? Houve contrapartida da Prefeitura ou do Governo Estadual? 09. Estava prevista também a construção de uma escola de ensino fundamental e ampliação da creche localizada no bairro. Essas obras foram realizadas? Se não, por que não? 10. O programa tem um prazo de início e término, a partir do qual os moradores terão que caminhar por conta própria. Para quando está previsto o final do trabalho de intervenção? Depois dele vocês pretendem manter alguma equipe técnica ou social no bairro pra acompanhar e auxiliar os moradores? 120 APÊNDICE D – Roteiro da Entrevista com Flávia Tourinho Assistente Social/Coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária 01. Quando começou a atuar como coordenadora do trabalho de participação comunitária? 02. Seria possível fazer um breve resumo das principais atividades desenvolvidas durante esse período? 03. Quais foram os cursos de capacitação profissional realizados no Centro de Usos Múltiplos? 04. Como é a participação dos moradores nas atividades realizadas no/pelo Centro de Usos Múltiplos? 05. Ao que atribui o fato de algumas pessoas não conhecerem o trabalho realizado por vocês? E as que conhecem (a maioria dos entrevistados) avaliarem positivamente? 06. Por que acha que a maior parte dos entrevistados desconhece as atividades relacionadas ao meio ambiente realizadas por vocês? Essas atividades têm deixado a desejar? O curioso é que o índice de participação dos que tem conhecimento é bastante elevado. Ao que atribui essa elevada participação? 07. Quanto aos resultados colhidos até o momento, qual a sua avaliação? Os objetivos foram alcançados? 08. Quais atividades estão previstas para o próximo ano? Por que e como foram escolhidas? 09. Para quando está previsto o encerramento do trabalho de participação comunitária, de acordo com o contrato firmado com o HBB? 121 APÊNDICE E – Principais Obras Realizadas pelo HBB/UAS Foto 01: Centro de Especialidades Médicas Inaugurado em 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 02: 16° Comando Regional da Polícia Militar em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006) 122 Foto 03: Quadra Poliesportiva Coberta em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 04: Centro de Usos Múltiplos Inaugurado em 2004 Fonte: Arquivo do Autor (2006) 123 Foto 05: Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 06: Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006) 124 Foto 07: Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 08: Espelho D’Água da Lagoa dos Santos em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006) 125 APÊNDICE F – Aplicação dos Questionários em Novembro de 2006 Foto 09: Professores e Alunos do Curso de Geografia da UEG Rumo à Lagoa Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 10: O Grupo Chega ao CUM para dar início ao Trabalho de Campo Fonte: Arquivo do Autor (2006) 126 Foto 11: Reunião no CUM antes de Iniciarmos a Aplicação do questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 12: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) 127 Foto 13: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 14: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) 128 Foto 15: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 16: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) 129 Foto 17: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 18: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) 130 Foto 19: Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) Foto 20: Grupo Reunido Após a Aplicação do Questionário Fonte: Arquivo do Autor (2006) 131 ANEXOS 132 133 ANEXO B - Fotos da Lagoa dos Santos antes e depois da implantação do HBBUAS Foto 21: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980 Fonte: Sousa et. al. (1997) Foto 22: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980 Fonte: Sousa et. al. (1997) 134 Foto 23: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980 Fonte: Sousa et. al. (1997) Foto 24: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980 Fonte: Sousa et. al. (1997) 135 Foto 25: Desvio das Águas da Lagoa dos Santos Fonte: Sousa et. al. (1997) Foto 26: Desvio das Águas da Lagoa dos Santos Fonte: Sousa et. al. (1997) 136 Fotos 27 e 28: Dreno Construído Pela Prefeitura e Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas Fonte: Sousa et. al. (1997) Fotos 29 e 30: Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas da Lagoa Fonte: Sousa et. al. (1997) 137 Foto 31: Lagoa dos Santos em 1997 Fonte: Sousa et. al. (1997) Foto 32: Lagoa dos Santos em 2002 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2007) 138 Foto 33: Lagoa dos Santos em 2002 – Período de Chuvas Fonte: Silva et. al. (2007) Foto 34: Lagoa dos Santos em 2002 – Período de Chuvas Fonte: Silva et. al. (2007) 139 Foto 35: Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2007) Foto 36: Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2007) 140 Foto 37: Início das Obras do HBB/UAS em 2004 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Foto 38: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 141 Foto 39: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Foto 40: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 142 Foto 41: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Foto 42: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 143 Foto 43: Vista área do Bairro Lagoa dos Santos Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Foto 44: Vista área do Bairro Lagoa dos Santos Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 144 ANEXO C - Famílias Beneficiadas com as Novas Unidades Habitacionais Antes Depois Fotos 45 e 46: Senhora Cristina Paixão Beneficiada com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Antes Depois Fotos 47 e 48: Senhor Eduardo de Araújo Beneficiado com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Antes Depois Fotos 49 e 50: Senhor José de Lima Beneficiado com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 145 Antes Depois Fotos 51 e 52: Senhor José Bonifácio Beneficiado com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 146 ANEXO D - Famílias Beneficiadas com o Cheque Moradia Antes Depois Fotos 53 e 54: Residência da Sra. Valdete Gomes - Benefício: 01 Quarto e Reforma do Banheiro Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Antes Depois Fotos 55 e 56: Residência da Senhora Carmem - Benefício: Telhado, Reboco, Reforma do Banheiro Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Antes Depois Fotos 57 e 58: Residência da Senhora Teresa dos Santos - Benefício: Reforma do Telhado Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 147 ANEXO E – Realização das Obras de Infraestrutura Fotos 59, 60 e 61: Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Fotos 62, 63 e 64: Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Fotos 65, 66 e 67: Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) Fotos 68, 69 e 70: Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006) 148 ANEXO F – Trabalho de Participação Comunitária Fotos 71 e 72: Aula de Futebol de Salão (02/06) e Oficina de Teatro (09/05) Fonte: Silva et. al. (2007) Fotos 73 e 74: Aula de Reforço Escolar (11/06) e Curso de Artesanato (06/04) Fonte: Silva et. al. (2007) Fotos 75 e 76: Curso de Artesanato (06/04) e Curso de Cabeleireiro (05/05) Fonte: Silva et. al. (2007) 149 Fotos 77 e 78: Curso de Salgados (03/06) e Curso de Doces e Confeitaria (05/07) Fonte: Silva et. al. (2007) Fotos 79 e 80: Curso de Inclusão Digital (05/06) e Curso de Informática (2007) Fonte: Silva et. al. (2007) Fotos 81 e 82: Mutirão da Limpeza (04/06) e Grupo Ambiental “Amigos do Meio Ambiente” (03/06) Fonte: Silva et. al. (2007)